EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CNT
ANO XVI NÚMERO 181 SETEMBRO 2010
T R A N S P O R T E
A T U A L
O legado de Lula Presidente concede entrevista exclusiva e fala sobre a importância do transporte e da logística para o desenvolvimento do país
LEIA SOBRE O SEMINÁRIO DE RECICLAGEM E RENOVAÇÃO DE FROTA NA CNT
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CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2010
ENTREVISTA EXCLUSIVA Faltando quatro meses para concluir o segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço dos investimentos em transporte nesses oito anos e afirma que vai continuar andando pelo país quando deixar o governo Página 8
CNT TRANSPORTE ATUAL
ANO XVI | NÚMERO 181 | SETEMBRO 2010
ÔNIBUS ESPECIAIS
THE ECONOMIST
Veículos adaptados oferecem serviços diferenciados
Editor Leo Abruzzese dá palestra na CNT
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DESPOLUIR • Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota reúne palestrantes do México, Argentina e Espanha
CAPA JOSÉ CRUZ/ABR/DIVULGAÇÃO
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LATINPORTS
MOBILIDADE URBANA
Seminário defende planejamento estratégico
Sistemas de ônibus BRT são discutidos em seminário
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MERCADO OFFSHORE
Macaé se destaca no transporte para plataformas
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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4º BRASIL NOS TRILHOS • Encontro em Brasília debate o futuro do setor ferroviário. Expansão e integração da malha e eliminação de gargalos são importantes desafios PÁGINA
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TAXI POINT
Feira para taxistas expõe novidades para melhorar os serviços PÁGINA
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BRASIL NOS TRILHOS
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Oftalmologistas alertam para os cuidados com a visão
Alexandre Garcia
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Humor
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Boletins
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EXPLORAÇÃO SEXUAL
Debate
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Opinião
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Cartas
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Frentistas participam de campanha do Sest Senat
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NOVOS CURSOS SEST SENAT São três cursos on-line de gestão (resultados, marketing e pessoas) e um para formação de tutores em educação a distância. As primeiras turmas já começaram. Fique atento ao início das próximas.
Escola do Transporte • Conferências • Cursos • Estudos e pesquisas
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“Ferrovias têm de vir integradas aos outros meios: rodoviário, hidroviário, aéreo e tudo isso com um bom sistema de portos, armazéns, dutos, terminais” ALEXANDRE GARCIA
Voltando aos trilhos
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rasília (Alô) – Tenho dito e repetido que num país das dimensões do Brasil a ausência de ferrovias é o maior atestado de burrice estratégica dos governos. Num mundo em que o trem-bala existe há quase 50 anos, ainda estamos discutindo o nosso trem de alta velocidade – os que temos são todos de baixa velocidade, devagar-quase-parando, quando se aproximam de um porto da importância do de Santos, por exemplo. Pois agora há uma esperança. Estão licitando um trecho de mil quilômetros do litoral sul da Bahia à divisa com Tocantins, para se ligar à Ferrovia Norte-Sul, que se arrasta há décadas. E outro trecho no sul de Goiás a oeste de São Paulo, formando uma malha que servirá para transporte das riquezas desse pujante interiorzão brasileiro. Os transportadores rodoviários sabem muito bem o que é transportar cargas a milhares de quilômetros por rodovias que não merecem esse nome. Pode ser que depois do transporte de cargas venha o transporte de passageiros. Além disso, ferrovias têm de vir integradas aos outros meios: rodoviário, hidroviário, aéreo e tudo isso com um bom sistema de portos, armazéns, dutos, terminais. Vai ser necessário muito dinheiro público e privado para isso. Mas sem isso o Brasil continuará como doente do aparelho locomotor. E aí as rodas do PIB ficarão patinando. Parece insanidade, mas os investimentos em infraestrutura, ao longo dos últimos 30 anos, vêm caindo em relação ao Produto Interno Bruto. Países com a extensão do Brasil, como Rússia e Estados Unidos, transportam a maior
parte da carga sobre trilhos. A mais de 500 km de distância, a solução é o trem. Cada vagão graneleiro, por exemplo, tira das rodovias quase quatro carretas de 28 toneladas. E já que falamos em granéis, a soja brasileira é a mais competitiva do mundo. Alta produtividade. Até a porteira da fazenda. Depois...ah, depois o país não oferece meios para que ele próprio ganhe divisas. Há excesso de burocracia, de instâncias reguladoras que atrapalham o aproveitamento de todos os meios de transporte e o tal de Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte ainda não mostrou serviço. Não adianta blá-blá-blá. Nisso, ninguém mais acredita. O Brasil de hoje quer a prática, não o discurso. As normas do operador de transporte intermodal estão defasadas, a burocracia fiscal interestadual é um atraso. Aliás, o atraso é tanto que ainda não se regulou como seria necessário o uso de contêineres – que aqui chegaram faz quase 40 anos. E será que estamos esperando que os chineses construam aqui terminais intermodais ou vamos estimular com medidas fiscais que tenhamos os nossos? Para quem não sabe, as concessionárias de ferrovias estão dando tudo para crescer. Já existem quase 100 mil vagões de carga e quase 3.000 locomotivas. Para este ano, esperam transportar 500 milhões de toneladas e mais de 300 mil contêineres, por enquanto em menos de 30 mil quilômetros de ferrovias. Há esperança de recuperar o atraso. Há esperança de substituir a burrice estratégica pela sensatez. Há esperança de o Brasil voltar aos trilhos.
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“Tenho certeza de que meu trabalho terá sequência, porque o Brasil acelerado, com o pé no acelerador, o que só conseguiremos com investi
ENTREVISTA EXCLUSIVA
PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
‘Vou botar o pé na ESPECIAL PARA A CNT TRANSPORTE ATUAL
quatro meses de deixar o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um balanço dos investimentos em transporte nesses oito anos. Na avaliação do presidente, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) permitiu avanços na infraestrutura logística, mas o Brasil “necessitará de muito mais investimentos em infraestrutura de transportes para que possa manter a trajetória de desenvolvimento”. Ao final do mandato, Lula disse que vai voltar a andar pelo país e comparar o Brasil de hoje com o que viu antes da presidência. Leia a entrevista concedida à equipe da CNT Transporte Atual.
A
Como o senhor sabe, a infraestrutura sofreu um abandono nos 20 anos que antecederam o seu governo. No seu mandato, houve um
resgate de investimento no setor de transporte. Na sua avaliação, o que o seu sucessor vai fazer para dar sequência neste setor? Quando assumimos o governo, em 2003, o orçamento do Ministério dos Transportes era de R$ 3 bilhões por ano e vou entregar o governo a quem me suceder com o ministério contando com um orçamento, em 2010, de quase R$ 16 bilhões. Mesmo durante a crise econômica que afetou o mundo inteiro em 2008/2009, mantivemos os níveis de investimento em infraestrutura. E a continuidade das obras foi uma importante medida anticíclica para que o país pudesse manter sua trajetória de crescimento. Destaco também que, somente por meio do Eixo Logística do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), temos 1.539 ações monitoradas,
com investimentos previstos da ordem de R$ 132 bilhões. Apesar de tudo que fizemos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias, o Brasil ainda necessitará de muito mais investimentos em infraestrutura de transportes para que possa manter a trajetória de desenvolvimento. Foi com esse objetivo que lançamos o PAC 2. Desta forma, estou garantindo ao próximo presidente da República um conjunto de projetos para que ele possa discutir com a sociedade brasileira a partir do primeiro dia de mandato e, se quiser, já iniciar as obras prioritárias. O PAC 2 prevê para o setor, no período 2011-2014, investimentos de R$ 104 bilhões em todos os modais de transportes. Tenho a certeza de que esse trabalho terá sequência, porque o Brasil precisa seguir crescendo em ritmo acelerado, com o pé no acelera-
dor, o que só vamos conseguir com investimentos pesados na infraestrutura do país. Em sua opinião, o que é prioridade no setor de transportes no Brasil? Diante da situação em que nosso país estava em 2003, já que atravessou duas décadas com baixíssimos níveis de investimento em infraestrutura, é difícil estabelecer uma única prioridade no setor de transportes. Inicialmente, nosso governo resgatou o processo de planejamento estratégico setorial em transportes, estabelecendo a necessidade de um maior equilíbrio na matriz modal brasileira, proposta consolidada no PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes). Estas diretrizes orientaram a realização de grandes investimentos, nos
ANTONIO CRUZ/ABR/DIVULGAÇÃO
precisa seguir crescendo em ritmo mentos pesados na infraestrutura”
estrada’ diversos modais de transporte. O PAC e o PAC 2 refletem bem isto. Estamos realizando investimentos que proporcionarão a elevação da participação dos modais ferroviário e aquaviário na matriz de transportes. O que deverá reduzir significativamente o custo do escoamento da produção. Também ampliaremos os investimentos em manutenção, conservação, construção e duplicação de rodovias, com o intuito de aumentar a capilaridade da rede de transportes e consolidar uma malha multimodal. E será imprescindível contar com portos e aeroportos eficientes, que atendam às necessidades de transporte de cargas e passageiros, que vêm crescendo a taxas elevadas a cada ano. O senhor acompanha de perto as obras do PAC, com
reuniões periódicas com os ministros de áreas específicas. Na sua avaliação, onde o PAC transporte mais avançou e onde ainda precisa de mais esforços? Sim, eu faço reuniões no mínimo uma vez por mês com os ministros das áreas relacionadas com o PAC e suas equipes para avaliar o andamento e cobrar resultados de cada uma das obras. Em relação à infraestrutura logística, o PAC avançou em vários setores. Em relação ao rodoviário, já foram concluídas obras de duplicação e pavimentação que somam 2.049 km de extensão. As obras de duplicação em andamento totalizam 1.926 km, com destaque para o trecho da BR-101 Nordeste, de Natal (RN) a Palmares (PE), e que será estendido para Alagoas e Sergipe; para a BR-101 Sul, de Palhoça (SC) a Osório
(RS); e para o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro. As obras de construção e pavimentação em andamento somam atualmente 2.989 km e a malha com contratos de manutenção chega a 53.585 km. Nós precisamos criar mecanismos que melhorem as atividades prévias à execução das obras. O tempo que se passa entre a apresentação da proposta de uma obra e sua concretização, em alguns casos, chegou a ser de até cinco anos. Isto não pode acontecer num país que vem crescendo como o Brasil. Em relação ao setor ferroviário, nós já concluímos 356 km da Ferrovia Norte-Sul, entre Aguiarnópolis (TO) e Guaraí (TO), e estamos com obras em execução nos 1.003 km entre Guaraí e
Anápolis (GO), que serão concluídas até o final deste ano. No PAC 2, a Norte-Sul será estendida até Estrela D’Oeste (SP), conectando-se à malha ferroviária paulista e, portanto, ao porto de Santos. Outro projeto é a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste, que vai ligar Vilhena (RO) a Uruaçu (GO), onde fará o entroncamento com a Norte-Sul. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste, com 1.526 km de extensão, ligará Figueirópolis (TO) a Ilhéus (BA). A Ferrovia Transnordestina, que terá 2.278 km de extensão, também está com obras em execução em trechos que somam 1.373 km. Não fossem as chuvas deste ano, 550 km da Transnordestina, no trecho Cabo (PE) – Porto Real do
Colégio (AL), já estariam em operação. Essas ferrovias serão como grandes espinhas dorsais, às quais serão ligados ramais ferroviários secundários e rodovias. O senhor considera que houve avanços na integração dos meios de transportes, a exemplo das hidrovias e ferrovias? Entre os objetivos do PAC Transportes está o de fortalecer as economias locais pela criação de novas rotas de transporte ou aperfeiçoamento das existentes pela redução do frete, que é propiciada pela integração de diferentes modais. Isto se concretizou, por exemplo, com a construção da Ferrovia NorteSul – Estrada de Ferro Carajás e Hidrovia do Tocantins, ligando mercados do Centro-Oeste ao Norte do país e vice-versa; ou por meio da construção do Rodoanel Sul-SP e das obras no porto de Santos (SP). Com a conclusão de toda a Ferrovia NorteSul e com a Transnordestina, diversas possibilidades de integração modal estarão disponíveis aos usuários. A implementação do PND (Programa Nacional de Dragagem) também está dando nova capacidade aos portos brasileiros e favorecendo a integração rodoviária e ferroviária nos portos.
O governo empreendeu um conjunto de obras nas ferrovias, em um setor que estava praticamente sucateado. O que ainda é necessário para que as ferrovias ocupem papel significativo no transporte de cargas? Quando assumi o governo, o Brasil praticamente não tinha investimento público no modal ferroviário. É claro, porém, que um país com as dimensões do Brasil não poderia prescindir de uma malha ferroviária abrangente e que pudesse integrar o país. Acredito firmemente que a expansão ferroviária trará uma mudança na fisionomia da logística do país, pois permitirá o escoamento da produção em direção aos grandes portos brasileiros para exportação e também aos centros de consumo e de processamento interno. No meu governo, com apoio do setor privado, retomamos a construção e prolongamento da Norte-Sul, iniciamos a Nova Transnordestina, licitaremos a Ferrovia Oeste-Leste, na Bahia, e estamos discutindo com a sociedade um novo marco regulatório para o setor, criando um ambiente mais competitivo. Nestes oito anos já são mais de 3.000 km de ferrovias concluídas ou em andamento. Além disso, o PAC 2 prevê investimentos de mais R$
ORÇAMENTO Recursos do Ministério dos Transportes saltaram de
“Será imprescindível contar com portos e aeroportos eficientes, que atendam às necessidades de transporte de cargas e passageiros”
46 bilhões na expansão ferroviária brasileira, ampliando a malha ferroviária em mais 4.600 km, incluindo o Trem de Alta Velocidade Rio-São PauloCampinas e importantes trechos, como a ampliação da Ferrovia Norte-Sul até o porto do Rio Grande e a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste. Para que as ferrovias venham a ter um papel mais significativo no transporte de cargas é preciso melhorar a relação de competitividade com os outros meios de transporte, especialmente o rodoviário. Para isso, é fundamental que façam a ligação dos centros produtores aos consumidores e polos exportadores, além de organizar a integração com os outros sistemas.
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R$ 3 bilhões para R$ 16 bilhões ao ano
A Ferrovia Norte-Sul foi lançada no governo Sarney sob o descrédito nacional. O que levou o senhor a acreditar na viabilidade dessa estrada de ferro? Antes de ser presidente, fiz muitos discursos contra a Ferrovia Norte-Sul. Dizia que a Ferrovia Norte-Sul era uma ferrovia que ligava nada a coisa nenhuma. Somente depois que eu comecei a andar o Brasil, depois de conhecer a profundidade das diferenças do país, conhecer a profundidade das desigualdades regionais deste país é que eu me dei conta de quanto estava equivocado. Decidi, logo no início do governo, retomar a Ferrovia NorteSul, porque ela é extremamente importante para o processo de
“O dado concreto é que as pessoas tiveram aumento de renda e passaram a andar mais de avião” integração da riqueza deste país, para o processo de escoamento da produção da nossa riqueza e, sobretudo, ela é extremamente importante para desenvolver o Norte, o Nordeste e, sobretudo, o Centro-Oeste. Antes, os investimentos em infraestrutura de transportes eram feitos apenas onde havia riquezas, o que resultava em concentração cada vez maior, em poucos lugares, de poder econômico e também de pessoas e de problemas. Lugares menos desenvolvidos ficavam abandonados e a tendência era ficarem cada vez mais atrasados. Nós decidimos investir em ferrovias em lugares não tão fortes exatamente para que pudessem ter uma chance de se desenvolver e assim haver mais
equilíbrio e menos desigualdades regionais e sociais. Está prevista para dezembro a realização do leilão de concessão para o Trem de Alta Velocidade, o chamado trem-bala. Alguns líderes da oposição consideram esta uma obra muito cara e que o dinheiro investido poderia ser aplicado em outros projetos. Por que razão o governo do senhor se esforça para dar início a esse projeto? Antes de ir direto à resposta, é bom deixar claro que a ideia do TAV (Trem de Alta Velocidade), assim como boa parte dos projetos estruturantes que estamos tocando em todo o país, não é nova. Muitos falaram, alguns tentaram tirar do papel, mas somente agora é que se levou a sério esse projeto. O BNDES coordenou todo o processo de estudo, que durou mais de dois anos. Portanto, não foi algo que tiramos da cartola. Era algo que já vinha sendo discutido no país havia bastante tempo e foi alvo de um estudo longo e cuidadoso realizado por especialistas estrangeiros e brasileiros. Agora, quando dizem que poderíamos investir em outros projetos, esquecem que já estamos investindo R$
15 bilhões em ferrovias entre 2007 e 2011, que anunciamos R$ 18 bilhões para transporte urbano no PAC 2, e esquecem que demos apoio a projetos dos Estados para melhorar a mobilidade da população. É errada a idéia de que os projetos são concorrentes. Além do mais, o projeto é privado, e apenas R$ 3,4 bilhões serão pagos com recursos públicos. Mas a questão não é essa. O que temos que entender é que o país está preparado para esse projeto. Estamos vivendo um momento especial, em que o país quer se desenvolver cada vez mais, quer superar seus principais gargalos em infraestrutura e, principalmente, quer dominar a tecnologia para produzir os trens e conduzir projetos futuros. Nós temos que contar com esse modal ligando as principais cidades do país. O eixo Rio-São PauloCampinas concentra 36 milhões de habitantes e 45% do PIB do país. Mas não podemos parar por aí. Por isso, colocamos no PAC 2 os recursos para contratar os estudos da extensão dessa malha até Belo Horizonte e outra até Curitiba. Enfim, se queremos caminhar em direção ao futuro, não podemos pensar pequeno.
O que o seu governo fez ou ainda gostaria de fazer para revitalizar os portos brasileiros? Considerando a importância dos portos dentro da cadeia logística – por eles, passam 95% do fluxo do comércio exterior – nós decidimos, em 2007, criar a Secretaria de Portos, vinculada diretamente à Presidência. Objetivo: aumentar a eficiência do sistema. Em decorrência, vieram instrumentos legais, como a lei que instituiu o PND (Programa Nacional de Dragagem) e o decreto que dispôs sobre políticas e diretrizes para o desenvolvimento e fomento do setor. Pelo PAC, nós destinamos aos portos, de 2007 a 2010, R$ 3,6 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão para o PND, que foi elaborado para as obras de dragagem de aprofundamento nos 18 principais portos do país. Em três deles – Recife (PE), Rio Grande (RS) e Angra dos Reis (RJ) – os trabalhos já estão concluídos. Estão em execução as obras de outros oito portos e os demais estão em fase de licitação ou aguardando a mobilização das dragas. Já concluímos as obras de melhoria da infraestrutura portuária no porto de Vila do Conde (PA), a repotencialização do sistema de atracação de navios do Terminal Salineiro
de Areia Branca (RN), a construção de mais dois berços no porto de Itaqui (MA), a construção de parte do acesso rodoferroviário ao porto de Suape (PE), a recuperação do porto de Itajaí (SC), a construção do cais de contêineres de Maceió (AL), e, com maior destaque, o prolongamento dos molhes do porto de Rio Grande (RS), que viabilizará a atracação de navios de última geração, além de estarmos licitando a construção de novo berço neste porto para a operação de contêineres. São diversas obras concluídas em todo o país e outras em execução, a exemplo das que são destinadas à melhoria em Imbituba (SC) e Maceió (AL). O que eu gostaria de fazer é concluir todas as obras em andamento e deixar para o futuro um Planejamento Nacional de Logística Portuária (PNLP). Para a elaboração deste planejamento estratégico, com projeções para 5, 10 e 30 anos, nós contratamos a Universidade Federal de Santa Catarina como consultoria especializada. Vamos ter uma luz que nos guiará pelo curto, médio e longo prazos. Pelo PAC 2, já estamos destinando R$ 5,2 bilhões para o setor, sendo R$ 740 milhões para o PAC Copa e R$ 500 milhões para a inteligência logística.
MISSÃO “Foi para isso que eu lutei a vida inteira,
“A expansão ferroviária trará uma mudança na logística do país, pois permitirá o escoamento da produção em direção aos portos para exportação”
O movimento nos aeroportos do país tem crescido cerca de 20% ao ano. Como atender essa demanda? Nós vamos continuar ampliando a infraestrutura, como já estamos fazendo desde 2003. O crescimento médio, na verdade, é de 10% ao ano, o que já é uma expansão fabulosa. E a gente tem que ver isso como uma coisa boa, não como uma coisa ruim. O dado concreto é que as pessoas tiveram aumento de renda e passaram a andar mais de avião. Foi para isso que eu lutei a vida inteira, para melhorar a renda do trabalhador e criar um mercado interno robusto. Algumas pessoas só enxergam as obras onde houve algum problema e se esquecem que, desde 2003, fizemos obras
FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/DIVULGAÇÃO
para melhorar a renda do trabalhador”
em Recife (2004), Congonhas (2004/2007), Viracopos (2005), no Santos Dumont (2007), em Brasília (2003), em Joinville (2004), em Uberlândia (2005), em Maceió (2005), em Uberaba (2008), em Navegantes (2004) e em João Pessoa (2007). Houve também outras obras importantes, como a segunda pista de Brasília (2005), o terminal de cargas de Fortaleza (2008), o terceiro terminal de cargas de Manaus (2004), o acesso viário de Salvador (2008), as reformas das alas B e C do terminal de passageiros 1 do Galeão (2010), dentre outras. Só em 2009 a Infraero concluiu dois terminais de passageiros: de Cruzeiro do Sul, no Acre, e de Boa Vista, em Roraima, e implantou um módulo operacional em Florianópolis.
“Estamos vivendo um momento especial, em que o país quer se desenvolver cada vez mais” Nós nunca ficamos parados e nem vamos ficar. A Infraero vai investir R$ 5,15 bilhões – constantes do PAC – entre 2011 e 2014 em aeroportos relacionados com a Copa-2014. Nesse tempo, nós vamos aumentar a capacidade de Viracopos, de 3,5 milhões de passageiros/ano para 11 milhões, e em Guarulhos a capacidade subirá de 20,5 milhões de passageiros/ano para 35 milhões. Enquanto as obras definitivas dos terminais não forem concluídas, o aumento da demanda será atendido com os módulos operacionais, como fizemos em Florianópolis, com boa aceitação dos passageiros. Até o começo do ano que vem, Guarulhos já vai ter um módulo operacional em funcionamento.
Além desse aumento, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 vão provocar um movimento ainda maior nos aeroportos. O senhor acredita que em cerca de três anos será possível revitalizar os aeroportos, poupando o país de passar uma vergonha mundial? Com as obras que estão programadas, nós vamos atender à demanda crescente de passageiros e com isso naturalmente nós atenderemos à demanda extra criada pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas. Veja, o que a Copa vai fazer é antecipar em um ano a demanda que haveria normalmente em meados de 2015. Então, com Copa ou sem Copa, a gente teria que ter a infraestrutura para atender os passageiros brasileiros. E com as novas normas de licitação para obras que estamos implantando, as coisas vão acontecer no tempo devido. Ao terminar o seu mandato, o senhor pensa em fazer uma nova caravana rodoviária como já fez no passado? Quando terminar o meu mandato, vou botar o pé na estrada e continuar andando por esse país. De 1991 a 1994, eu percorri 91 mil km com as caravanas da
cidadania, conhecendo nossos vários brasis, suas diferenças regionais, sociais, a diversidade cultural, o trabalho e a economia dos lugares mais distantes e esquecidos. Atravessei este país, do Oiapoque ao Chuí, de barco, de trem, de carro e de ônibus. Até hoje, eu agradeço por ter perdido a eleição de 1989. Foi depois da derrota que eu lancei as caravanas e foi graças a elas que eu tive este curso de pós-graduação sobre o Brasil e sobre a nossa gente. Nas caravanas, íamos conversando com pessoas do povo, olho no olho, captando o que ia em sua alma, conhecendo seu sofrimento, recebendo informações e pauta de reivindicações, sempre acompanhados de especialistas, como os professores José Graziano e Aziz Abi-Saber. Foi uma coisa tão sensacional que eu fiquei abismado com a minha pretensão de ter disputado a Presidência antes das caravanas. No final, eu pensei comigo: agora, sim, estou preparado para ser presidente da República. Ao final do mandato, quero voltar a andar por aí. Quero comparar o país que eu vi com o que estou deixando, saber o que progrediu de fato e, sobretudo, conhecer tudo o que falta fazer para o nosso povo ser ainda mais feliz. l
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TAP LINHAS AÉREA/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE Novos cabeçotes A Auto Linea, empresa do Grupo Hübner, marca sua entrada no mercado de peças de reposição com o lançamento da linha de cabeçotes exclusiva para motores Maxion e Mercedes-Benz. De acordo com a empresa, serão utilizados equipamentos com tecnologia de ponta na
usinagem e inspeção dos cabeçotes. O novo produto está disponível para motores dos utilitários Sprinter MB, Ford Ranger, S-10 Blaser, Discovery, Defender, Range Rover, Vito 108-16 V, 110-16 V e 112-16 V. A distribuição será realizada por representantes de autopeças em todo o Brasil.
Simulador A Iveco disponibilizou para seus clientes uma nova ferramenta em seu website. A montadora instalou um simulador virtual que permite ao internauta montar um caminhão da linha Tector. A ferramenta possibilita a escolha do implemento, da cor da cabine, estampar o logotipo da empresa no conjunto e compartilhar o modelo personalizado em
NOVIDADE Tap terá revista de bordo para iPad
redes sociais. O Iveco Tector é um caminhão do segmento semipesado – de 16 a 26 toneladas de PBT (Peso Bruto Total) –, podendo chegar a 1.500 versões possíveis pela combinação entre os tipos de cabine, transmissão, entre-eixos e capacidade de carga, entre outros itens. O caminhão está disponível no mercado nas versões 4x2, 6x2 e o novo 6x4.
Nova versão no ar A Tap Linhas Aéreas lançou a versão de sua revista de bordo para iPad. Desde agosto, os passageiros da companhia portuguesa podem conferir, durante o voo, as páginas da UP em versão específica para o aparelho. Segundo a companhia, a versão para iPad
é desenhada pelo mesmo atelier responsável pela revista impressa. A UP tem edição bilíngue. De acordo com a Tap, ela é vista mensalmente por mais de 1 milhão de leitores e a sua página na Internet recebe centenas de visitantes por dia.
Conferência sobre logística Rastreamento em debate A Aslog (Associação Brasileira de Logística) realiza nos dias 19 e 20 de outubro a 14ª edição da Conferência Nacional de Logística. O evento acontecerá no Caesar Business Faria Lima, na capital paulista. A conferência, segundo a Aslog, serve como ponto de encontro dos profissionais de logística e de seus
associados, propiciando a criação de uma rede de trabalho qualificada. “O valor da logística para a empresa e economia brasileira” é o tema geral dessa edição. As sessões temáticas serão divididas em três: Integração de processos e organizações; Tecnologia aplicada e Desafios brasileiros.
A Gristec (Associação de Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento), com outros parceiros, realiza nos dias 21 e 22 de setembro a terceira edição do Seminário de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento. O evento acontece no Centro de Eventos
Panamby, em São Paulo. Palestras e debates sobre o atual cenário do mercado de rastreamento e monitoramento, bem como as necessidades, expectativas e tendências do setor serão debatidas nessa edição. As inscrições podem ser feitas pelo endereço eletrônico seminario@mundogeo.com.
CAPACITAÇÃO
Parceria entre Sest Senat e Grupo Libra forma 20 motoristas elecionar e treinar 50 motoristas para o Grupo Libra. Essa foi a proposta que a empresa fez ao Sest Senat de São Vicente (SP), visando suprir a falta de mão de obra qualificada na região. E no dia 2 de agosto, após treinamento no curso avançado do Programa de Formação Especializada em Transporte – Itinerário Formativo em Transporte de Passageiros e de Cargas, a empresa contratou 20 profissionais. Os primeiros de duas turmas de treinamentos for-
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madas pelo Sest Senat, após parceria firmada com a empresa. O interesse do Grupo Libra veio após conhecer os serviços e treinamentos oferecidos pelo Sest Senat às empresas do setor de transporte. Desenvolvido há dois anos, o programa conta com quatro itinerários formativos: transporte de passageiros, transporte de cargas, transporte de produtos perigosos e taxistas. São ministrados em quatro módulos: básico, intermediário, especialização e gestão.
Após a conclusão de cada módulo, o aluno recebe o certificado com selo de qualificação. Para atender à demanda do Grupo Libra, o Sest Senat reuniu os itinerários formativos em transportes de passageiros e de cargas em um só curso, com 206 horas/aula, que foram ministradas de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. No novo projeto, além de treinar motoristas, o Sest Senat passou também a trabalhar no processo de seleção e de encaminhamento à empre-
sa. Para isso, o curso foi dividido em duas etapas. Na primeira fase, foram capacitados 20 motoristas. Na segunda, os 30 já selecionados estão em processo de avaliação psicológica para iniciar os treinamentos na unidade de São Vicente. No dia 28 de julho, o Sest Senat e o Grupo Libra realizaram a festa de formatura, na qual os alunos foram contemplados com o Certificado do Sest Senat Selo Ouro e com a carteira profissional assinada pelo Grupo Libra. (Andrea Pinho) IRANDY RIBAS
QUALIFICAÇÃO Formatura dos motoristas do grupo Libra capacitados pelo Sest Senat de São Vicente (SP)
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MAIS TRANSPORTE CSA/DIVULGAÇÃO
Brasil: Uma História – Cinco Séculos de um País em Construção Publicado inicialmente em forma de fascículos colecionáveis em jornais, chegou às livrarias em 2001. Esta edição foi revista, ampliada e rediagramada. De: Eduardo Bueno, Ed. Leya, 480 págs., R$ 69,90
Uma Breve História Do Brasil Os autores narram quais eram os hábitos dos povos que fizeram do passado o nosso presente. Abordam as estruturas política, econômica e social e sua evolução no tempo. De: Mary Del Priore e Renato Venâncio, Ed. Planeta, 320 págs., R$ 36,90
Certificação de portos O CSA (Centro de Simulação Aquaviária) trabalha na certificação dos portos de Vitória e de Ponta da Madeira, em Itaqui (MA), para que seus terminais possam receber os navios da classe ValeMax, que são considerados os maiores graneleiros do mundo. O trabalho deverá ser concluído até janeiro de 2011.
Energia alternativa A montadora Kasinski anunciou a criação de uma nova empresa voltada ao desenvolvimento e fabricação de produtos movidos a energia alternativa. A CRZ-E (CR Zongshen E Power) terá uma unidade fabril no Rio de Janeiro destinada à fabricação de
bicicletas, scooteres e motocicletas elétricas. A construção deverá ter início ainda em 2010, e a sua inauguração e produção estão previstas para o primeiro semestre de 2011. A cidade onde será instalada a nova empresa ainda não foi definida. O
investimento inicial é de R$ 20 milhões. A CRZ-E deverá gerar 150 empregos diretos, além de proporcionar o desenvolvimento de novas indústrias na região, responsáveis por abastecer a unidade fabril com peças e serviços.
Convém Sonhar Reúne as crônicas, publicadas ao longo da carreira da jornalista. Retrata uma parte da história do país, com os acontecimentos que marcaram a sociedade, a política e a economia. De: Miriam Leitão, Ed. Record, 504 págs., R$ 51,90
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ÁGUIA BRANCA
Estudantes são premiados rês redações foram as grandes vencedoras da quarta edição do concurso Águia Branca dá asas à sua imaginação, promovido pelo Grupo Águia Branca, de Cariacica, no Espírito Santo, que atua há 64 anos no ramo de transporte e logística. As adolescentes Bruna Natália Silva Rocha, Julyanna da Cruz Lazarino e Lara David Pereira, todas com 13 anos, se destacaram entre os 237 inscritos e receberam cada uma como prêmio um netbook. Este ano, o concurso trabalhou o tema “Que águia você quer ser”. A premiação aconteceu nas escolas participantes, no dia 20 de agosto. O concurso é parte do programa de visitas ao Centro de Memória do Grupo Águia Branca e atende estudantes de 7ª e 8ª séries de 11 escolas públicas e privadas de Cariacica. Inaugurado há quatro anos,
T
o centro conta com um acervo de mais de 10 mil documentos catalogados, além de painéis, vídeos, fotos, maquetes e um modelo de ônibus da década de 50. O espaço conquistou, em 2008, o primeiro lugar na categoria Responsabilidade Histórica e Empresarial do Prêmio Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial). Segundo o grupo, o principal objetivo do programa é contribuir para a formação cultural dos participantes, por meio da disseminação da história do transporte capixaba. Neste ano, 799 alunos participaram da visita, entre os meses de maio a junho. Desde sua criação, o programa já atendeu 5.299 adolescentes. Para saber mais sobre o Centro de Memória do Grupo Água Branca, acesse www.memoriaaguiabranca.com.br.
Mitsubishi na Fórmula 1 Pelo segundo ano consecutivo, a Mitsubishi cederá os veículos que serão usados pela organização do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1. Segundo a montadora, mais de 50 automóveis serão disponibilizados. Entre os modelos estão as picapes L200 Outdoor e L200 Savana, a Pajero Dakar e o crossover Outlander. "A escolha da montadora foi feita com base
em dois fatores: linha de produtos ampla e diversificada, que permite a aplicação de um modelo para cada tarefa específica durante a prova no autódromo, e a qualidade e resistência dos veículos da marca", explica Claudia Ito, responsável pela International Promotions, empresa organizadora da prova. O GP Brasil acontece no dia 7 de novembro. SÉRGIO CHVAICER/MITSUBISHI/DIVULGAÇÃO
REPETECO Mitsubishi cederá veículos para o GP Brasil
Nova ferramenta Os passageiros do transporte público e privado contam com um novo serviço que garante mais conforto e qualidade ao serviço. Desenvolvido pela Novakoasin, empresa brasileira de equipamentos e sistemas, a solução "Bem-na-hora" vai proporcionar ao usuário das linhas de ônibus
informação precisa, em tempo real, sobre a chegada do ônibus no ponto de parada de seu interesse. Um painel eletrônico instalado no ponto de parada permite que o usuário visualize o tempo exato da chegada do ônibus, informação também disponível na Internet e no celular.
Provas na FAB A FAB (Força Aérea Brasileira) realiza, entre os dias 16 e 23 de setembro, inscrições para o exame de admissão ao Estágio de Adaptação de Oficiais Temporários. Foram abertas 160 vagas para 23 profissões. Serão três etapas, em 16 cidades. Para participar, o candidato não deve completar 43 anos até o dia 31 de dezembro de 2011. O estágio tem duração
de 13 semanas e será realizado no Ciaar (Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica), em Belo Horizonte. Segundo a FAB, concluindo o aprendizado com aproveitamento, o estagiário será nomeado segundo-tenente, sendo designado para servir na organização militar da localidade escolhida no ato da inscrição. A taxa é de R$ 100. O edital está disponível no site da FAB.
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MAIS TRANSPORTE VOLVO/DIVULGAÇÃO
Lançamento em duas rodas
LANÇAMENTO Ônibus da Volvo voltado para o turismo
Chassi para o turismo A Volvo Bus Latin America lançou em agosto o B12R 8x2. O novo veículo é destinado, principalmente, ao segmento rodoviário de ônibus de turismo. O B12R 8x2 tem motor de 12 litros e 420 CV de potência, com oito pontos de apoio e dois de tração. Os dois primeiros eixos são direcionais, o que, facilita a dirigibilidade e manobrabilidade do ônibus. O chassi sai de fábrica
com uma série de atributos como computador de bordo para diagnóstico de falhas; freio motor potente e caixa de câmbio inteligente; amortecedores de dupla ação; barras estabilizadoras e de reação; e regulagem de nível para manobras. O novo chassi está equipado com as funções levantamento e rebaixamento total da suspensão.
Nova parceria Desde agosto, a Confederação Nacional do Transporte conta com a participação da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários) no seu quadro de entidades afiliadas. A associação é a mais nova integrante da Fenavega (Federação Nacional das Empresas
A Kawasaki apresentou seu novo modelo para o mercado brasileiro. A Z1000, lançada em agosto, tem visual arrojado e vem equipada com motor de 1.043 CC, de 16 válvulas. Ele é refrigerado à água, proporcionando maior entrega de potência e um torque mais forte. O quadro tubular é fabricado em alumínio, similar ao conceito do modelo Ninja ZX-10R.
A Kawasaki Z1000 possui sistema Cool Air, que leva o ar de dutos de ambos os lados do tanque de combustível para a caixa de ar, minimizando a perda de desempenho devido à admissão de ar quente. Outros atrativos são a suspensão localizada longe do escapamento; opcional de fábrica com freios ABS; painel de instrumentos totalmente digital e rodas de liga leve.
Setor se destaca em pesquisa O IBGE divulgou em agosto os resultados da PAS 2008 (Pesquisa Anual de Serviços). O transporte dutoviário foi destaque em produtividade. Segundo a pesquisa, cada pessoa ocupada no segmento agregou R$ 485 mil à produção do setor, ao passo que a média geral foi de R$ 40,8 mil. A modalidade apresentou o maior salário médio mensal, 18,7
salários mínimos. O transporte metroferroviário teve a maior média de pessoal ocupado por empresa, 1.218, segundo a pesquisa. Em seguida estão os segmentos dutoviário (912), aéreo (183), aquaviário (48), rodoviário de passageiros (26) e rodoviário de cargas (10). O levantamento da PAS refere-se aos vários ramos de atividades dos serviços empresariais não financeiros.
Porto Seco recebe o Despoluir de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), uma das representantes do setor aquaviário na CNT. A parceria tem como propósito colaborar com a defesa comum dos interesses do setor empresarial de transporte, discutindo as questões relacionadas à atividade portuária.
Entre os dias 24 e 26 de agosto, o Despoluir (Programa Ambiental do Transporte) realizou ação no Porto Seco de Uruguaiana (RS), o maior em volume de cargas transportadas por via terrestre do país. Nesse período, 62 caminhões
tiveram seus níveis de emissão de CO2 verificados pela unidade móvel do programa. A ação foi coordenada pela Fetransul (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado do Rio Grande do Sul) com o apoio do Sest Senat de Uruguaiana.
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Rastreador kA OnixSat lançou o primeiro rastreador náutico do mercado focado em embarcações de serviços. Chamado OnixNáutico Services, o equipamento atende embarcações como dragas, empurradores, barcos de cabotagem, entre outros. O objetivo, segundo a empresa, está focado no aperfeiçoamento logístico, além de permitir a realização de operações de transporte por meio do controle de RPM (rotações por minuto), do tempo de viagem e da rota percorrida, tudo acompanhado pela Internet em tempo real. Esse equipamento é o primeiro rastreador com comunicação híbrida (via satélite e celular) específica para o setor náutico.
Aniversário O Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado do Rio Grande do Sul), presidido pelo empresário José Carlos Silvano, celebrou seus 51 anos em agosto. Para marcar a data, o sindicato realizou um evento festivo em sua sede. Estiveram presentes associados, autoridades e entidades representativas do setor de transporte. O evento homenageou as empresas que completam, este ano, 10, 20, 30 e 50 anos de filiação ao Setcergs.
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FETRANSPORTES
Prêmio QualiAR 2010 é entregue a 70 empresas o dia 19 de agosto, 70 empresas do setor de transporte de cargas e de passageiros e do segmento industrial receberam o Prêmio Fetransportes de Qualidade do AR 2010 – QualiAR Espírito Santo. Organizada pela Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo), a premiação aconteceu no auditório do Sest Senat de Cariacica. As empresas premiadas receberam a aprovação do Despoluir (Programa Ambiental do Transporte) nas aferições de veículos e equipamentos a diesel, no período de julho de 2009 a junho de 2010. Durante um ano, elas passaram por quatro aferições e tiveram aprovação de 100% em pelo menos 90% da frota aferida. Na solenidade, o presidente da Fetransportes, Luiz Wagner Chieppe, anunciou a proposta de parceria entre o Conselho Regional do Sest Senat e a Mercedes-Benz. Com a parceria, o Sest Senat será contemplado com um cavalo mecânico para ser utilizado nos cursos condução econômica e excelência profissional para motoristas de transporte de cargas. Por meio
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da parceria, que já acontece em outros Estados, as cinco unidades poderão realizar os treinamentos do Projeto de Especialização do Motorista no Espírito Santo. Durante o discurso, Chieppe citou as novas tecnologias como responsáveis pela redução de gases poluentes no Estado. ”As
novas tecnologias, aliadas à consciência ambiental, são as grandes responsáveis por essa diminuição. E nós, do setor de transportes e logística, por meio do Despoluir, temos uma parcela fundamental nessa realidade”. O Prêmio QualiAR foi instituído pela Fetransportes em 2003. (Andrea Pinho) TAKE 1/DIVUGAÇÃO
SOLENIDADE Luiz Wagner Chieppe durante a premiação
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CIDADANIA
Além de passageiros Ônibus adaptados oferecem serviços e cumprem papel essencial para o desenvolvimento do cidadão POR LIVIA
les transportam muito mais do que passageiros. Os bancos deram lugar a salas de informática, a consultórios médicos e a prestação de serviço. Em várias partes do Brasil, ônibus são adaptados para oferecer serviços à comunidade que vão desde a inclusão digital até a prevenção de doenças como câncer de mama, de próstata e de colo de útero. Alguns veículos são adquiridos exclusivamente para esse tipo de atividade. Outros, bem mais antigos, deixaram de ser sucata para exercer papel fundamental no
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CEREZOLI
desenvolvimento da cidadania no país, como é o caso do Expresso Digital, uma iniciativa do Instituto Ecocidadania Juriti, que atua no Nordeste brasileiro. A carcaça antiga de um ônibus de modelo norte-americano foi transformada em um grande laboratório de informática. Durante quatro meses, 35 voluntários trabalharam no projeto de recuperação do veículo. Hoje, o Expresso Digital circula pelas comunidades de Juazeiro do Norte, no Ceará, cidade distante a 600 km de Fortaleza, proporcionando o acesso à Internet a crianças, adolescentes e adultos. A compra e a
reforma da sucata do ônibus foram custeadas pelo prêmio Novos Brasis do Instituto Oi Futuro. O veículo conta com oito computadores e uma sala de reciclagem de material de informática na parte interna. Do lado de fora, de baixo de um toldo, dez netbooks formam o chamado “telecentrinho” para as crianças. Além disso, uma estrutura para exibição de vídeos também proporciona à comunidade o acesso ao cinema nacional. “Nosso principal objetivo é sensibilizar as pessoas sobre políticas públicas de inclusão digital, mostrando que o cidadão pode se
IEJ/DIVULGAÇÃO
ANTES Carcaça antiga adquirida pela ONG Juriti para a criação do Expresso Digital foi recuperada por 35 voluntários IEJ/DIVULGAÇÃO
DEPOIS O ônibus conta com oito computadores, sala de reciclagem de informática e espaço para exibição de vídeo
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VARIEDADES
Ônibus para todos os gostos As adaptações feitas nos ônibus podem variar de acordo com a necessidade e o gosto do cliente. As encarroçadoras (empresas responsáveis pela fabricação da carroceria desses veículos) afirmam que é possível adaptar desde o comprimento, a largura e a quantidade de portas até a tecnologia utilizada. Em 2009, a Marcopolo começou a produzir os primeiros ônibus desenvolvidos especialmente para serem utilizados no transporte de ministros de países do Oriente Médio. Para facilitar e permitir a realização de reuniões durante os deslocamentos foram instaladas 20 poltronas em couro nas laterais do veículo, em formato
de salão, uma de frente para a outra. O modelo é equipado com televisão, aparelho de DVD e cozinha completa, com geladeira, pia, micro-ondas e armários. A encarroçadora também já produziu veículos para a peregrinação a Meca e a Medina, na Arábia Saudita. Para seguir a tradição religiosa de que não deve existir nada entre a cabeça dos peregrinos e Alá (Deus em árabe), o ônibus foi desenvolvido com um sistema de teto removível. Segundo a assessoria de imprensa da Caio Induscar, a empresa já projetou ônibus com sistema de áudio e vídeo completo, além de blindagem e poltronas especiais. Um dos modelos mais
recentes desenvolvidos pela empresa foi o ônibus rodoviário totalmente adaptado para portadores de necessidades especiais. O veículo, adquirido pelo Senadis (Secretaría Nacional de Discapacid – uma secretaria para cuidar dos portadores de necessidades especiais), no Panamá, tem 14 poltronas, 12 lugares para cadeirantes e dois elevadores de acesso, com toldos rebatíveis externos para facilitar a entrada e oferecer maior comodidade aos passageiros. Também conta com um sanitário especial e é equipado com apoio para as mãos e alarme de emergência, caso o usuário tenha alguma dificuldade em sair do local. SOFISTICAÇÃO Ônibus
HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS/DIVULGAÇÃO
SOLUÇÃO Ônibus do Hospital de Câncer de Barretos
apropriar da tecnologia também para cobrar seus direitos”, diz a socióloga Cristina Diogo, coordenadora geral do instituto. No Expresso Digital, é possível ler e enviar e-mails, conversar no Orkut e no MSN, aprender a digitar, fazer pesquisas, estudar e registrar boletins de ocorrência via Internet. O ônibus funciona de segunda a sextafeira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Quatro educadores sociais são os responsáveis pelo monitoramento das atividades. Cada pessoa tem direito a 30 minutos de acesso ao computador. Aos sábados e domingos, o Expresso
funciona das 14h às 18h, com monitores voluntários. Em 2009, foram mais de 34 mil usuários atendidos. A cada 15 dias, o ônibus segue sua rota e estaciona em um novo local, para que outros moradores usem a tecnologia. O projeto também realiza videoconferências nos bairros onde visita para aproximar a comunidade do poder público e encontrar soluções para os problemas de segurança, saneamento básico e educação. O Instituto de Ecocidadania Juriti foi criado em 1998, com o objetivo de orientar a população da cidade sobre a destinação correta
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MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO
projetado para transportar xeiques no Oriente Médio oferece conforto e acabamento de primeira linha
do lixo. A primeira atividade foi a criação do Circo Escola de Ecocidadania, em 2001. “Sempre trabalhamos com a educação ambiental e nosso ônibus não poderia ser diferente. A ideia de aproveitar uma carcaça de veículo completa nossa missão”, afirma Cristina. Em dias de celebrações religiosas, na terra onde morreu padre Cícero, o Expresso alia fé e tecnologia. Durante as romarias que acontecem nos meses de fevereiro, março, julho, setembro e novembro, a cidade recebe cerca de 2 milhões de visitantes que também podem ter acesso ao ônibus. De acordo com Cristina, o
veículo fica estacionado em locais de grande concentração de romeiros. “Além dos tradicionais serviços de acesso a Internet, passamos a oferecer também o altar virtual de padre Cícero. Os fiéis podem reverenciar o padre na tela do computador e deixar mensagens. Temos um projeto para reunir esses depoimentos em um livro”, conta ela. No interior de São Paulo, a iniciativa de adaptar ônibus para prestar serviços à comunidade vem do Hospital de Câncer de Barretos, um dos centros de referência do país no tratamento desse tipo de doença.
“O ônibus é essencial para chegar a alguns lugares de difícil acesso” RAPHAEL LUIZ HAIKEL JUNIOR, MÉDICO
O primeiro veículo começou a circular em 2001, realizando exames de prevenção do câncer de colo de útero, de próstata e de pele. Cerca de 250 cidades dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul receberam a unidade móvel. Em 2003, um novo ônibus passou a oferecer exames de mamografia e papanicolau em 19 cidades da região de Barretos. Os dois veículos foram comprados com as carrocerias vazias e nelas foram montadas as salas de atendimento. Segundo o médico do departamento de prevenção, Raphael Luiz Haikel Junior, a meta do hospital sempre foi prestar atendimento público com qualidade de clínica particular e, por isso, o contato com a comunidade é tão importante. Com a ampliação dos atendimentos, em 2004, um dos ônibus foi substituído por uma carreta e o serviço passou a ser oferecido também nos Estados de Rondônia, Mato Grosso e Bahia. Atualmente, cinco carretas percorrem essas regiões oferecendo exames de papanicolau, mamografia e próstata. “A carreta oferece mais espaço interno, por isso optamos por ela. No entanto, o ônibus é essencial para chegar a alguns lugares de difícil aces-
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PROXIMIDADE Real Auto Ônibus cria unidade móvel para atender funcionários que trabalham fora da sede
PROJETOS SOCIAIS EM ÔNIBUS EXPRESSO DIGITAL Onde funciona: Juazeiro do Norte (CE) Serviços que oferece: Uso da Internet em oito computadores, oficina de recuperação de computadores, telecentrinho com dez netbooks e sala de exibição de vídeo RH MÓVEL Onde funciona: Rio de Janeiro (RJ) Serviços que oferece: Atendimento aos funcionários da empresa e desenvolvimento de ações sociais HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS Onde funciona: O ônibus atende 19 cidades na região de Barretos (SP) e as carretas percorrem os Estados de SP, MG, BA, GO, MS, MT e RO Serviços que oferece: Exames de prevenção do câncer de mama, colo de útero, próstata e de pele Fontes: ONG Juriti, Real Auto Ônibus e Hospital de Câncer de Barretos
so”, afirma Haikel Júnior. Até o final de 2009, foram realizados mais de 160 mil procedimentos de prevenção. De acordo com ele, o hospital mantém projetos para ampliar o atendimento nas unidades móveis. Em outubro, uma das carretas deve começar a utilizar um mamógrafo digital. “Nossa intenção é utilizar esse equipamento em todas as outras unidades, mas ainda dependemos de testes porque eles são sensíveis e as condições precárias de algumas estradas podem estragar o equipamento.” Empresas privadas também mantêm iniciativas parecidas. A Real Auto Ônibus, do Rio de
Janeiro, transformou um de seus veículos em uma unidade móvel de atendimento de recursos humanos. O RH Móvel, como é chamado, oferece atendimento aos funcionários da empresa que não conseguem ir até a sede. “Pelo menos 80% do nosso quadro de 2.700 funcionários está em operação na rua. Sabemos da dificuldade deles em ir até a nossa sede. Foi a partir daí que surgiu a ideia do RH Móvel”, conta Adailton Sena, diretor de Recursos Humanos da Real. Fundada em 1953, a Real Auto Ônibus tem uma frota de 462 veículos. Na carroceria, no lugar dos tradicionais bancos, foram colocadas mesas dobráveis e cadeiras para o atendimento ao público. A unidade móvel visita semanalmente os terminais de ônibus urbanos Alvorada e Padre Henrique Otte – Rodoviária. Por dia, são realizados entre 50 e 70 atendimentos, entre 8h e 16h. Segundo Sena, o RH Móvel também é utilizado para desenvolver ações sociais na empresa. “Assistência social, atendimento jurídico, orientação psicológica, treinamentos diversos e ações de qualidade de vida são outros serviços oferecidos pela nossa equipe.” l
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DESPOLUIR
Desafios do Brasil
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CNT promove seminário internacional sobre renovação de frota e reciclagem de veículos em Brasília; Espanha, México e Argentina mostram iniciativas de sucesso
e exemplos de fora
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JÚLIO FERNANDES/CNT
MOBILIZAÇÃO Seminário reuniu transportadores, setores público e privado e representantes internacionais
POR
CYNTHIA CASTRO
uase a metade (45%) da frota de caminhões do Brasil – cerca de 600 mil veículos – tem mais de 20 anos de uso e 270 mil (20%) mais de 30 anos. Esses veículos causam problemas ambientais, econômicos e sociais. Com tecnologia defasada, consomem mais combustível e emitem mais poluentes. Contribuem para aumentar os acidentes nas estradas e os congestionamentos nas áreas urbanas. E ainda geram impactos desfavoráveis na eficiência das ope-
Q
Há
1,3 mi de caminhões no país
rações logísticas e nos custos do transporte. A necessidade de substituição dessa frota antiga e da destinação ambientalmente correta para a sucata e outros componentes é um problema que exige solução urgente no Brasil. Para isso, é imprescindível o engajamento de órgãos públicos e das empresas privadas. No dia 12 de agosto, a CNT realizou em Brasília o “Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota”, para debater os desafios brasileiros para se viabilizar a renovação. Participaram todos os envolvidos
no assunto, como representantes do setor transportador, de órgãos governamentais de meio ambiente e trânsito, das seguradoras, fabricantes de veículos e indústria de aço. Uma comissão foi criada para dar continuidade às discussões. A CNT defende a implantação de um programa no Brasil que permita a renovação da frota de caminhões e o sucateamento. Há estimativas de que os veículos novos, com tecnologia desenvolvida, cheguem a emitir entre 80% e 90% menos poluentes do que aqueles fabricados até 1993. E 53% dos caminhões que circulam hoje no Brasil foram produzidos
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SAIBA MAIS SOBRE O RENOVAR A troca do veículo • Deve ocorrer com melhoria do acesso ao crédito, principalmente para os autônomos • Oferecimento pelo governo de um bônus pelo caminhão velho • Bônus utilizado na compra de um caminhão mais novo • O plano deve estar alinhado com a inspeção técnica veicular obrigatória e com a Política Nacional de Resíduos Sólidos O veículo usado • Deve ter mais de 30 anos (hoje são 270 mil) • Ter registro no RNTRC e Denatran • Ter sido utilizado em atividades de transporte nos últimos 12 meses • Ter condições de circular e não possuir ônus ou encargos Reciclagem • O governo terá que organizar e monitorar centros de recepção e de reciclagem • Devem ser estabelecidas regras que controlem o processo de desmontagem • Utilizar processo ambientalmente adequado • Garantir que a sucata seja aproveitada Fonte: CNT
”A CNT está atuando para exigir leis para a destinação correta da sucata” NEWTON GIBSON, VICE-PRESIDENTE DA CNT
antes desse ano. “Os veículos estão ficando cada vez mais velhos e é preciso haver a renovação. A CNT está atuando para exigir leis e programas para a destinação correta da sucata e de outros componentes”, diz o vicepresidente da confederação, Newton Gibson. O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, destaca que hoje não existe a preocupação nos ferros-velhos do Brasil em se dar a disposição ambientalmente correta para os componentes dos veículos que terminaram sua vida útil. “Isso gera contaminação do solo, da água e o desperdício de
INICIATIVA
CNT propõe renovação Do total de caminhões com mais de 30 anos no Brasil, 88% pertencem aos autônomos, que têm dificuldades em adquirir um veículo novo, principalmente devido às limitações que enfrentam no acesso ao crédito. Os autônomos respondem por 62% do total da frota de 1,3 milhão de caminhões no Brasil. Para tentar viabilizar ações que resolvam o problema e sensibilizar o governo para essa necessidade, a CNT desenvolveu o RenovAR – Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões, apresentado no ano passado ao governo federal. Esse plano foi elaborado no âmbito do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, executado pela CNT desde 2007. A melhoria do acesso ao crédito e a retirada de circulação dos veículos antigos, com a destinação correta da sucata e de outros
materiais, são metas do RenovAR. “A ideia inicial é dirigir o projeto aos caminhoneiros autônomos, onde está o problema crítico”, diz o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. O plano é embasado em uma oferta, pelo governo, de um bônus para substituição dos veículos, assim como acontece no México, e melhorias de acesso ao crédito. “As ações têm de estar alinhadas com a inspeção técnica veicular e também com a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, afirma o diretorexecutivo. A CNT fez uma projeção sobre o tempo de renovação da frota. A proposta é escalonar a retirada por faixa etária. Para que a idade efetiva comece a cair, se começarmos a retirar anualmente de circulação 50 mil caminhões com mais de 30 anos, seriam necessários 13 anos para zerar essa frota de três décadas.
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CONVERGÊNCIA
Participantes dizem que discussão é oportuna Durante o Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota, representantes do setor de transporte e outros participantes destacaram a importância de se discutir o tema no momento em que o Brasil acaba de aprovar a Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Todos os setores da economia terão de discutir onde colocar os seus resíduos. É extremamente oportuno realizar um seminário como esse, mostrando as experiências internacionais”, avalia o presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT e da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo), Flávio Benatti. A diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Branca Bastos, também reforçou a impor-
tância da discussão nesse momento e afirmou que a Política Nacional de Resíduos Sólidos “traz uma nova concepção de responsabilidade em relação aos resíduos.” Para José Hélio Fernandes, diretor da CNT e presidente da Fenatac (Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas), renovar a frota significa também “trazer o setor para a modernidade”. E o presidente da seção de Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens da CNT e da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, destacou que o Brasil precisa de um programa como este urgentemente. “O autônomo é quem transporta o país nas costas. Temos uma frota com mais de 20 anos. É uma frota com tecnologia totalmente mecânica, que polui muito mais”, afirma.
Ele destacou que a renovação vai valorizar o profissional. “O autônomo precisa ser reconhecido no país como cidadão, o que não acontece.” O presidente da Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros), José Araújo, também ressaltou a importância da realização de um seminário internacional, com foco na implantação de um programa de renovação de frota no Brasil. “Não conseguimos comprar caminhões novos devido a todos esses gargalos que precisam ser resolvidos.” Luiz Wagner Chieppe, diretor da CNT e presidente da Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo), afirmou que os atores envolvidos na renovação da frota estão todos na mesa de discussão. “Vai precisar agora é de vontade política”, declarou Chieppe.
BENEFÍCIO
um material que pode ser utilizado novamente na indústria.” Durante o seminário internacional, três experiências de sucesso, na Europa e nas Américas, foram divulgadas. México, Espanha e Argentina mostraram algumas medidas que vêm sendo aplicadas nesses países, tanto pela iniciativa privada como pelo poder público. Conheça a seguir um pouco dessas experiências. MÉXICO Em 2003, o governo mexicano começou a viabilizar um programa de sucateamento da frota de caminhões e ônibus, por meio da publicação de um decreto. Desde
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JÚLIO FERNANDES/CNT
Miguel Elizalde, do México, onde incentivo fiscal é a base do programa local
Do total da frota brasileira,
45% tem mais de 20 anos
2004, 12 mil veículos já foram sucateados, sendo mais da metade acima de 25 anos de uso. O programa foi constituído com foco em três aspectos principais: segurança, competitividade e sustentabilidade. “O veículo mais novo é menos propenso a acidentes e polui menos o ambiente. Os mais antigos consomem mais combustível e têm mais gastos com manutenção. Com uma frota eficiente, também são reduzidos os custos de operação”, diz o diretor-geral de Transporte Rodoviário da Subsecretaria de Transporte do México, Miguel Elizalde. Ao falar sobre o aumento da
FERRO-VELHO Tratamento inadequado gera risco ambiental
segurança, Elizalde citou uma pesquisa feita nas rodovias federais do México em 2007. O levantamento apontou que 51% dos acidentes foram causados por veículos com mais de dez anos de uso. “Pode haver outras causas, mas sabemos que os antigos se envolvem em mais ocorrências.” A ação do governo, por meio de um trabalho articulado entre a Subsecretaria de Transporte e a Secretaria da Fazenda, é o pilar do programa mexicano, conforme o diretor-geral de Transporte Rodoviário. Segundo ele, “os estímulos fiscais são a parte fundamental”. Quando o transportador dese-
ja trocar o seu veículo antigo, consegue um desconto de até 15% na aquisição de um novo, desde que deixe o antigo em algum centro de reciclagem autorizado. O centro de reciclagem emite um certificado reconhecido pela Secretaria da Fazenda. Esses 15% não podem ultrapassar US$ 12,8 mil, que é o teto pago no programa de renovação. Ou seja, o desconto é de 15% até, no máximo, o valor de US$ 12,8 mil. Para conseguir os benefícios do programa, o caminhão antigo precisa preencher alguns requisitos, como estar em uso nos últimos 12 meses. Segundo Elizalde, “o governo está presente em cada
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IDADE
São 16 milhões de veículos com mais de 15 anos Nove anos é a idade média da frota de automóveis no Brasil, segundo informações apresentadas pelo Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária), durante o Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota. Ao somar os carros de passeio, caminhões e ônibus, são 16 milhões de veículos no país com mais de 15 anos de uso. Segundo José Aurélio Ramalho, diretor-executivo de operações do Cesvi Brasil, esses veículos precisam sair de circulação. “É impossível conseguir armazenar tudo. Eles têm de ter a destinação correta.” Na avaliação de Ramalho, a estruturação de centros de reciclagem no Brasil é o alicerce necessário para a implantação efetiva de um plano de inspeção técnica veicular e de um projeto de renovação de frota. “Hoje, já não tem onde colocar os carros que são retirados de circulação por causa da fiscalização e existe muita matéria-prima acumulada nos pátios do governo. Os centros de recicla-
gem são fundamentais”, diz Ramalho. A necessidade de um programa de renovação de frota e sucateamento deve estar alinhada com a implementação da inspeção técnica veicular no país, conforme reconheceu o diretorgeral do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), Alfredo Peres. Ele lembrou que existe um projeto de lei na Câmara tratando do assunto e disse que há discussões no ambiente interno do governo para a possível elaboração de resoluções que contemplem essa inspeção técnica. O vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Marco Saltini, também destacou a importância de o Brasil implantar um programa de inspeção técnica veicular, que fiscalize os veículos que não trafegam nas condições adequadas. Segundo ele, a indústria automobilística já tem trabalhado para tornar os veículos recicláveis, utilizando materiais que favoreçam essa prática. Saltini afirmou que um problema no Brasil é
a valorização que os veículos antigos ainda têm. “Um caminhão na Europa, com dez anos de uso, vale no mercado 10% do valor de um caminhão novo do mesmo modelo. No México, vale 26%. No Brasil, 50% a 60%.” O seminário internacional promovido na CNT contou ainda com a participação de integrantes da Gerdau no Brasil e do IABr (Instituto Aço Brasil). A gerente de meio ambiente do IABr, Lucila Caselato, disse que o aço representa mais de 50% do peso de um automóvel e que programas de incentivo à renovação de frotas e reciclagem de veículos propiciarão aumento da oferta de sucata ao setor siderúrgico. Em 2009, a Gerdau reaproveitou 16 milhões de toneladas de aço, parte dela proveniente de carros reciclados. “Um carro de 800 kg fornece 500 kg de aço para a reciclagem, sem perder suas características físicas e químicas. É o único produto que responde à reciclagem dessa forma”, disse o diretor da empresa, Heitor Bergamini.
LEGISLAÇÃO Ignácio Pérez,
parte do programa” e cuida das autorizações, verificações e expedições de documentos. Atualmente, a Subsecretaria de Transporte está trabalhando para atualizar o programa. O diretor-geral considera que há a necessidade de aumentar o estímulo, para que mais transportadores, principalmente autônomos, possam participar. Entretanto, ele ressalta que “os governos de todo o mundo têm um orçamento definido”. Elizalde explica que, muitas vezes, pode haver um veículo propenso a ser sucateado, mas o preço de revenda desse veículo antigo acaba sendo maior do que
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OS PROBLEMAS DA FROTA VELHA • Possui tecnologias obsoletas • Apresenta defeitos mecânicos proporcionalmente à idade • Necessita de maior manutenção • Apresenta problemas que afetam a segurança • Consome mais combustível e insumos • Compromete o desempenho das movimentações • Emite mais poluentes atmosféricos
da Espanha, diz que na Europa os veículos velhos devem ser despoluídos
o valor correspondente aos 15% de um novo. “Assim, muitas pessoas preferem revendê-lo a sucatear. Há uma competição com o preço de revenda, que pode ser maior que o estímulo.” No México, em torno de 57% da matriz de transporte está ligada ao tráfego de caminhões, 31% ao marítimo e 12% ao ferroviário. O transporte aéreo não chega a 1%. Segundo o diretor-geral de transporte, há 125 mil caminhões com idade média de 25 anos. ESPANHA Na Espanha, o Cesvimap (Centro de Experimentación y Seguridad Vial Mapfre) recicla
Na Espanha, há em operação
955 centros de reciclagem de veículos
Fonte: CNT
por ano cerca de 3.000 automóveis. São veículos que tiveram perda total na companhia de seguros Mapfre. Em torno de 57% das peças são vendidas para o mercado nacional espanhol, especialmente para oficinas de reparo credenciadas. O restante é comercializado com outros países da Europa, Oriente Médio e Norte da África. O gerente do Cesvimap, Ignácio Juarez Pérez, explica que não há incentivos governamentais para a reciclagem de veículos. Mas na União Europeia há uma legislação, desde 2002, que obriga que todos os veículos sejam despoluídos antes de virarem sucata. “Não há
uma especificação de anos. Mas quando o veículo chega ao final de sua vida útil, ele deve ser tratado. Esse final acontece quando está muito velho e não tem mais condições de trafegar ou quando ocorre um acidente e é impossível haver reparo.” De acordo com Pérez, o governo faz o controle das instalações dos centros de reciclagem para que esses estabelecimentos cumpram o que está previsto na legislação. E os centros também precisam informar ao governo sobre os veículos que serão reciclados, antes que ocorra a retirada de peças e de outros componentes. Quando o veículo chega ao centro de reciclagem, comenta, é feita primeiramente a descontaminação. Ou seja, a retirada de todos os produtos, como óleos e baterias, considerados poluentes, para que tenham a destinação correta. Segundo Pérez, a União Europeia pretende chegar, nos próximos anos, a reciclar 95% em relação ao peso do veículo. “Mas acredito que pode ser ainda mais. Até a espuma dos assentos pode ser reciclada.” Atualmente, há 955 centros de reciclagem de veículos na Espanha. O Cesvimap, na cidade de Ávila, só recicla automóveis que tiveram perda total em acidentes, mas outros estabelecimentos do país recebem veículos antigos que não se envolveram em nenhuma ocorrência. Pérez estima que mais de
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PROPOSTA DE RECICLAGEM PARA O BRASIL Principais geradores de veículos para reciclagem: veículos acidentados, retirados de circulação por fiscalização, reprovados em inspeção técnica veicular Tratamento* O veículo deve ter o tratamento adequado, seguindo as seguintes etapas: • Remoção e tratamento dos fluidos (óleo, líquido de arrefecimento etc) • Desmontagem • Armazenamento das peças que serão reutilizadas • Reciclagem ou envio para recicladores • Reutilização das peças que estiverem em perfeitas condições * Todo posto de recolhimento/tratamento deverá ser devidamente autorizado Benefícios esperados Economia • Movimentação do mercado de consumo formal por meio da venda de peças reutilizáveis • Aumento de empregos na cadeia de reciclagem, já que a tendência é que novas empresas de reciclagem se estabeleçam para atender à demanda gerada • Diminuição dos gastos com saúde pública e com acidentes de trânsito • Redução de custos operacionais (combustível e manutenção) • Aumento na qualidade do serviço de transporte • Dinamização da logística nacional Trânsito • Menos poluição do ar, carros mais seguros, veículos mais novos e usados revisados em circulação • Menos veículos parados nas vias por falta de manutenção • Redução dos congestionamentos e melhoria na mobilidade urbana • Redução do número de acidentes envolvendo veículos sem manutenção Saúde • Mitigação da dengue e outras doenças em locais de concentração de veículos em pátios • Não contaminação do solo próximo a represas, mananciais e lençóis freáticos • Melhor qualidade do ar nos grandes centros Ambiente • Redução drástica das emissões veiculares • Redução da poluição ambiental por meio da remoção de destinação correta dos componentes considerados perigosos, como a bateria e fluidos • Redução do consumo de combustível • Respeito às leis ambientais já aprovadas no Congresso e Conama Social • Diminuição dos furtos e roubos de veículos • Esses delitos, na maioria das vezes, acontecem para alimentar o comércio ilegal de peças
Fonte: Cesvi Brasil/CNT
REAPROVEITAMENTO Centro de reci
600 mil veículos sejam reciclados anualmente na Espanha. Além de contribuir para o meio ambiente e para a segurança, o gerente do Cesvimap faz questão de ressaltar que a reciclagem de veículos é um negócio lucrativo e positivo para o marketing da companhia de seguros. Segundo ele, no plano estratégico de implantação do centro espanhol, havia a previsão de que o ponto de equilíbrio entre as despesas e receitas seria atingido no mês 60, após cinco anos. Mas isso ocorreu no 25º mês. O representante da Espanha afirma que, se o Brasil quiser implantar iniciativas como a do país dele, são necessárias duas
Autônomos possuem
85% dos caminhões com mais de 20 anos
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clagem de veículos do Cesvi Argentina
medidas que considera importantíssimas: “primeiro, é preciso ter uma legislação que obrigue a reciclagem. E, paralelamente, tem de ser feito um grande acordo entre todos os setores envolvidos.” ARGENTINA Na vizinha Argentina, a reciclagem de veículos está ligada também a uma tentativa de se reduzir os furtos, roubos e a consequente venda das peças. Em 2003, o Congresso argentino aprovou a chamada “Lei de Autopeças”, que estabelece um regime legal para pessoas físicas e jurídicas que vivem do negócio. Essa lei também determina como devem proceder as empresas de seguro para
SEGURANÇA Fabián Pons, da Argentina, onde programa também tenta coibir furto de veículos
dar baixa nos carros com perda total, entre outras questões. “Um dos objetivos na criação dessa legislação foi que ficassem documentadas 34 peças, que recebem um selo do governo. Assim, a polícia pode fazer o controle dessas peças e coibir os furtos e roubos de veículos”, diz o gerente-geral do Cesvi Argentina, Fabián Pons. Conforme Pons, a legislação foi proposta também para reduzir os elevados custos das peças de reposição e pela falta de existência de rastreabilidade das peças. Fabricantes, companhias de seguros, autopeças – todos participaram do processo de implantação de um sistema de reciclagem de veículos.
Caminhões dos autônomos têm em média
23 anos de uso
Em 2004, foi construído o centro de reciclagem do Cesvi, em Pilar (província de Buenos Aires), que recicla por ano cerca 2.500 veículos, a maioria automóveis. Nos últimos cinco anos, foram 10 mil carros processados. Segundo Pons, não há qualquer incentivo fiscal, como ocorre no México. Os veículos com perda total de dez empresas de seguro são enviados ao centro de reciclagem. De acordo com diretor-geral do Cesvi Argentina, de 2007 até hoje, houve redução de 18,3% no índice de furtos e roubos de carros em Buenos Aires. l Com Kátia Maia
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CICLO DE CONFERÊNCIAS
Modelo brasileiro Leo Abruzzese, diretor da “The Economist”, diz que o país é exemplo para nações da Europa POR ÉRICA ABE
ma análise do Brasil no contexto global e perspectivas do futuro. Esses foram os temas desenvolvidos pelo jornalista e diretor editorial da revista inglesa “The Economist”, Leo Abruzzese, no 2º Ciclo de Conferências da Escola do Transporte/CNT. Durante a palestra, realizada no dia 19 de agosto na sede da CNT, em Brasília, Abruzzese elogiou o desempenho econômico do Brasil nos últimos dez anos e colocou o país como modelo a ser seguido por nações europeias, como Itália, Portugal, Grécia, Espanha e Irlanda. “Para sair da
U
crise e começar a crescer, esses países precisam fazer o que o Brasil fez nos últimos anos”, disse. Segundo ele, mesmo que muitos deles façam parte da União Europeia e tenham o euro como moeda comum, isso não os torna igualmente estáveis do ponto de vista econômico. Segundo Abruzzese, esses países não têm a mesma solidez de nações como a Alemanha, por exemplo, que também integra o bloco econômico. “Esses países gastaram o que não podiam nos últimos dez anos e a Alemanha, que era quem podia gastar, não gastou. Por isso, ela
PREVISÃO Leo Abruzzese acredita
está em boa forma hoje e os outros não”, afirmou. “E por isso esses países deveriam estar atentos ao modelo brasileiro.” Baseado nas análises realizadas pela unidade de inteligência econômica da “The Economist”, Abruzzese acredita que o bom desempenho brasileiro na última década foi influenciado, também, pelo cenário econômico mundial. “Foi 50% de boa política e 50% de sorte”, afirmou. Ainda assim, ele reconhece que entre as principais razões do bom desempenho brasileiro estão o balanceamento da economia entre o con-
sumo interno e externo e o conservadorismo dos bancos nacionais em comparação com os estrangeiros, principalmente em relação aos investimentos. “Isso fez com que os bancos brasileiros não precisassem receber ajuda do governo.” Durante a palestra, o conferencista reconheceu, também, que a crise econômica mundial de 2008, iniciada com a falência do banco norte-americano Lehman Brothers, foi uma das mais sérias dos últimos tempos. Segundo ele, o ano de 2009 foi o pior para a economia mundial desde 1929,
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pais desafios brasileiros está na necessidade de se adaptar ao novo cenário mundial, em que os países que estão em crise terão baixas taxas de consumo. Ele acredita que para garantir o crescimento da economia global, o Brasil terá que aumentar seus níveis de consumo interno. “O Brasil precisa pensar estrategicamente, com os olhos na Ásia e nos países emergentes para manter essa perspectiva de crescimento”, disse Abruzzese, afirmando que estreitar relações com a China foi uma das melhores ações do governo brasileiro. “Não sei se isso foi planejado, mas é estrategicamente muito importante.” que ainda vai levar tempo para os EUA recuperarem os empregos perdidos
quando a quebra da Bolsa de Nova York deu início à Grande Depressão norte-americana. Ele argumenta que entre 2007 e 2009 cerca de 8 milhões de pessoas ficaram desempregadas nos Estados Unidos. “Apesar da melhoria das condições, ainda vai levar muito tempo para esses empregos serem gerados novamente. Este ano e o próximo serão anos de crescimento muito modesto nos EUA e na Europa”, disse Abruzzese, ressaltando que em geral um país leva oito ou nove trimestres para retomar a economia ao patamar de antes da
crise, mas que dessa vez a estimativa para essa reação é de 12 ou 13 trimestres. Perspectivas Para 2010, Abruzzese acredita que a taxa de crescimento da economia brasileira será de 8%. Apesar da projeção otimista, ele acredita que para o próximo ano esse desempenho será menor, de 4,5% a 5%. “Mas é melhor crescer a 5% por mais tempo, do que apresentar um pico de crescimento e depois apresentar crescimento negativo.” Segundo ele, um dos princi-
Contexto mundial Segundo Abruzzese, esse é um período importante na história mundial, uma vez que após mais de um século os países desenvolvidos estão perdendo força. “Os emergentes têm um futuro muito melhor nos próximos oito ou dez anos.” Para ele, a Europa e os Estados Unidos não vão crescer muito rapidamente nos próximos cinco ou dez anos, o que dará espaço para os países em desenvolvimento. “Os EUA e a Europa precisam começar a pagar suas dívidas, porque senão daqui a cinco ou seis anos teremos uma nova recessão e dessa vez o Brasil não passará ileso.”
Para ele, enquanto esses países desenvolvidos tentam se recuperar da recessão, países como China e Índia passaram por poucas dificuldades para se salvar da crise. “Vocês vão ver que há uma mudança no quadro global em relação à importância da China e da Índia, principalmente.” Na previsão do jornalista, apesar de atualmente apresentar grandes índices de crescimento, a China não dará continuidade a essa realidade no futuro, pois sua economia está muito baseada nas exportações – que estão em baixa – e pela alta interferência do governo na economia. “Os banqueiros chineses estão emprestando dinheiro, a pedido do governo, para empresas que não vão conseguir pagar”, disse o jornalista. “Daqui a quatro ou cinco anos, isso pode ter um efeito ruim sobre o país inteiro.” Segundo ele, é preciso também dar mais atenção ao que vem acontecendo na Índia, que vem crescendo a passos largos. “A Índia e a China são frequentemente citadas juntas, mas são muito diferentes”, disse Abruzzese, considerando que, enquanto a população da China é considerada “velha” devido às políticas de controle de natalidade adotadas pelo governo, na Índia, a média de idade é de 24 anos. “A Índia é um país muito importante e geralmente não damos essa importância a ela.” l
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AQUAVIÁRIO
Experiências partilhadas Sucesso de parcerias público-privadas na gestão dos portos latino-americanos foi debatido na CNT POR
esmo com a reforma portuária realizada com sucesso nos países da América Latina e Caribe, há 20 nos, a infraestrutura para atender à demanda de movimentação de cargas ainda é insuficiente. A conclusão faz parte da Declaração de Brasília, documento formulado durante o 1º Seminário Portuário Público-Privado LatinoAmericano, realizado em agosto, na sede da CNT, em Brasília. O evento, organizado pela Latinports (Associação LatinoAmericana de Portos e Terminais) em parceria com a CNT, a SEP (Secretaria de Portos) e a Antaq (Agência
M
PARTICIPAÇÃO
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Nacional de Transportes Aquaviários), teve como principal objetivo promover o debate multilateral, evidenciando as experiências nos diversos países da América Latina. Segundo o documento, os portos precisam de planejamentos estratégicos nas áreas de infraestrutura e gestão, participação efetiva da iniciativa privada e ampliação dos cargos técnicos. A declaração afirma que é preciso existir continuidade nos cargos independente do governo. “Esperamos que o conhecimento adquirido resulte no aprimoramento da relação público-privada e, dessa forma,
possamos incrementar a competitividade regional no comércio exterior”, disse Richard Klien, presidente do comitê executivo da Latinports, durante o evento. Foram apresentados os sistemas de gestão portuária em países como Chile, Costa Rica, Equador, Peru e Panamá. O Brasil é o único país da região onde todos os portos têm gestão pública, mas a operação é 100% privada. Realidade que começa a mudar com a construção do novo porto de Manaus. A proposta da SEP é estabelecer parcerias com a iniciativa privada para a gestão portuária do novo empreendimento. Até o
dia 18 de outubro, a secretaria recebe propostas de projetos. Devem ser investidos cerca de R$ 250 milhões no novo porto que terá como prioridade a movimentação de contêineres, podendo ainda transportar granéis sólidos e líquidos. A concessão terá validade de 25 anos, renovável por mais 25. No Chile, o fim do monopólio do governo na administração portuária, a partir de 1981, garantiu uma redução de 50% nos custos de embarque de madeira nos primeiros cinco anos. Segundo Rodolfo Garcia, vicepresidente da Câmara Marítima do Chile, nos anos seguintes, os rendimentos triplicaram, foi pos-
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Ministro Pedro Brito (2º da esq. para dir.) durante a abertura do 1º Seminário Portuário Público-Privado Latino-Americano, realizado em agosto, na sede da CNT
DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA Principais conclusões do seminário DESENVOLVIMENTO PORTUÁRIO • Após quase 20 anos do sucesso da reforma portuária na América Latina, os portos de hoje perderam força e não estão recebendo a devida atenção • Para que eles consigam atender à demanda crescente, é preciso um planejamento efetivo para os próximos 15 ou 20 anos • O setor público deve especializar-se e trabalhar com técnicos e não com cargos políticos. É preciso que haja continuidade nos cargos independente do governo INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE • Os países precisam estar preparados
para enfrentar o crescimento e investir em infraestrutura • O governo deve trabalhar para atrair investimentos privados, indispensáveis para o desenvolvimento do país MULTIMODALIDADE E LOGÍSTICA • A utilização do transporte ferroviário e hidroviário ainda é muito pequena, mesmo • O desafio portuário é logístico e deve ser fortalecido pela multimodalidade. Para isso, é necessária a criação de um plano nacional de logística e transporte em todos os países
PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA • O desconhecimento do conceito de parcerias público-privadas é preocupante • Os países precisam estabelecer parcerias consistentes com empresas privadas para promover o desenvolvimento. O governo deve ser o sócio estratégico das empresas • É preciso integrar o setor privado e o planejamento estratégico dos investimentos em infraestrutura de transporte a médio e longo prazo, executar o que se planeja, garantindo a segurança contratual e jurídica dos investimentos privados a longo prazo Fonte: Latinports
sível aumentar a movimentação de cargas transportadas e reduzir o número de acidentes. Com uma nova Constituição publicada em 2008, o governo do Equador ainda estuda os mecanismos para adequar a concessão da prestação de serviços públicos à iniciativa privada. De acordo com o representante dos portos privados concessionados do Equador, Melchor Martinez, as permissões e concessões no país só agora estão sendo realizadas. “A nova constituição nos permitiu estabelecer essas parcerias. Ainda estamos nos adaptando à nova lei”, afirmou ele. Para Ricardo Sánchez, chefe
ECLUSAS
Sistema permite integração A necessidade de expandir o comércio internacional e reduzir as fronteiras econômicas entre os países levou à construção de uma das obras mais importantes do início do século 20. Um canal de 82 km de extensão ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, no Panamá, na América Central. Considerado o mais moderno do mundo, o sistema marítimo panamenho foi mais uma experiência positiva apresentada durante o 1º Seminário Portuário, realizado na sede da CNT, em agosto. A embaixadora do Panamá no Brasil, Gabriela Garcia Carranza, falou sobre o projeto, hoje responsável por 20% do PIB do país. A travessia do Canal do Panamá é feita por um sistema de três eclusas capazes de elevar os navios vindos do Atlântico até o nível do lago Gatún – 26 metros acima do nível do mar – e baixá-los
novamente para seguirem a rota pelo Pacífico. O projeto foi inaugurado em 1914 e hoje é uma instituição estatal, autônoma do governo. O Panamá tem uma localização geográfica privilegiada para o comércio mundial. Cerca de 5% do que é movimentado no planeta passa pela região. Ao todo, o canal faz a ligação de 144 rotas marítimas e recebe por ano 14 mil navios. Em 2008, 192 milhões de toneladas foram transportadas pelo canal. Os principais produtos transportados são grãos, petróleo e derivados. Segundo a embaixadora, duas novas eclusas – uma no Atlântico e outra no Pacífico devem ser construídas para ampliar a capacidade da travessia. “Temos a zona franca mais importante do hemisfério ocidental que já opera quase na sua capacidade, por isso a necessidade de expansão do sistema.” GIGANTE Em 2008, 192 milhões de toneladas foram
de infraestrutura e portos da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), órgão integrante da ONU (Organização das Nações Unidas), independente do tipo de gestão praticada, os países da América Latina precisam investir em infraestrutura portuária para atender à demanda crescente de cargas na região. Durante sua participação no seminário, Sánchez apresentou números de um levantamento da Cepal mostrando que a circulação de cargas por meio de contêineres no mundo é mais que o dobro do PIB (Produto
Interno Bruto) dos países. “Existe uma necessidade urgente de expansão da capacidade portuária a cada quatro anos. Esse é o grande desafio do setor”, afirmou ele. Durante a abertura do evento, o ministro-chefe da SEP, Pedro Brito, ressaltou o planejamento estratégico para os 12 principais portos brasileiros (sete nacionais e cinco regionais) que está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina e o porto de Roterdã, na Holanda. Os considerados de importân-
cia nacional são Santos (SP), Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Itaqui (PA) e Suape (PB). Os cinco regionais são Vila do Conde (PA), Santarém (PA), Pecém (CE), Aratu (BA) e Itajaí (SC). Até março de 2011, devem ser investidos R$ 30 milhões para a elaboração de um plano diretor para cada um dos sítios portuários. “São portos que, pelo tamanho e importância econômica, precisam de previsões de longo prazo e uma política ordenada de investimentos federais. O mapeamento vai permitir identificar as necessi-
dades específicas de cada um desses portos e traçar projetos de melhorias para os próximos 15 anos”, disse o ministro. Brito também destacou a implantação do projeto Porto Sem Papel, que pretende reduzir em 55% o tempo médio de desembaraço de cargas nos próximos dois anos. Projetos pilotos estão sendo implantados em Santos, Rio de Janeiro e Vitória. De acordo com o ministro, a previsão inicial é reduzir de 5,4 dias para 2,5 dias o tempo médio de espera dos navios. Em Cingapura e na Alemanha, o tempo médio é de apenas um dia.
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EMBAIXADA DO PANAMÁ/DIVULGAÇÃO
REUNIÃO
Pauta de reivindicações As principais preocupações de representantes do setor aquaviário foram apresentadas ao ministro-chefe da SEP, Pedro Brito, em reunião realizada na sede da CNT, em Brasília, em 17 de agosto. Entre os tópicos listados no documento entregue pelo presidente da Seção de Transporte Aquaviário da CNT e presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), Glen Gordon Findlay, estão as obras de dragagem, a representação nos CAPs (Conselhos de Autoridade Portuária) e a retomada do Prohage (Programa de Harmonização das Atividades dos Agentes de Autoridade nos Portos). Esse foi o terceiro encontro entre empresários do
setor e o governo federal realizado desde o ano passado. Durante a reunião, o ministro afirmou que o governo federal está preparando dois decretos que devem alterar a rotina dos portos brasileiros. O primeiro deles trata dos processos ambientais para obras portuárias e da análise dos relatórios de impacto ambiental e autoriza o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) a expedir as licenças de instalação e operação, quando for o caso. O segundo institui um comitê para discutir a contratação de práticos. Segundo Brito, o documento deve ser editado em 60 dias. O grupo deve contar com a participação de representantes da
Casa Civil, SEP, Ministério da Fazenda, Marinha, setor privado, armadores e práticos. “O grande objetivo é discutir a política de praticagem e, quando for o caso, a questão de preços”, resumiu o ministro, referindo-se à reclamação dos armadores de que os gastos com a contratação desses profissionais representam cerca de 50% dos custos portuários. Para Meton Soares, vicepresidente da CNT e presidente da Fenavega, o saldo da reunião é positivo. “Nossos encontros com o ministro são sempre altamente produtivos. Temos a possibilidade de esclarecer problemas e há franqueza no que é colocado dos dois lados.” (Érica Abe)
transportadas pelo Canal do Panamá
“Ocupamos hoje a 41ª posição em relação à infraestrutura portuária no último relatório divulgado pelo Banco Mundial, em 2009. Se não fosse a demora da liberação dos navios, poderíamos chegar a 32ª posição”, afirmou o ministro. O levantamento foi feito com 150 países. Em 2008, o Brasil ocupava o 67º lugar. Para Meton Soares, vicepresidente da CNT, mesmo com os investimentos previstos para o setor, ainda é visível a defasagem entre os portos brasileiros quando comparados com outros portos na
Europa, Ásia e América do Norte. “A tecnologia avança de forma muito rápida e precisamos acompanhar. Acredito que o primeiro passo para nossa evolução já foi dado. Depois de 20 anos sem investimentos sérios no setor, agora podemos planejar o futuro.” Soares, que também é diretor-presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), acredita que, além dos problemas internos dos portos, como a carência de infraestrutura, é
preciso resolver a falta de acesso adequado a eles e ainda questões como o estrangulamento desses locais pelas cidades. Além dos portos, a utilização das hidrovias também foi tema de discussão durante o evento em Brasília. Fernando Fialho, diretor-geral da Antaq, destacou a necessidade de ampliar a extensão de vias fluviais navegáveis no país para reduzir o custo do transporte e a emissão de poluentes. “A disponibilidade de hidrovias no Brasil pode chegar a 29 mil km, mas apenas 13 mil são navegáveis hoje. O
transporte hidroviário é responsável por apenas 0,4% das emissões de CO2 do setor, enquanto o rodoviário responde por 90%”, afirmou ele. Fialho apresentou propostas para ampliar a matriz hidroviária nacional. Entre as principais estão a criação da CBNI (Companhia Brasileira de Navegação Interior), a implementação de uma lei prevendo o uso múltiplo das águas e a necessidade de assegurar no Orçamento Geral da União recursos para a elaboração de todo o pacote de projetos de hidrovias no país. l
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TRANSPORTE PÚBLICO
Produto para exportação Evento discutiu os benefícios da implantação de sistemas de ônibus de trânsito rápido no Brasil POR
om tecnologia desenvolvida no Brasil há mais de 30 anos, o sistema BRT (Ônibus de Trânsito Rápido, da sigla em inglês), uma espécie de metrô de superfície operado por ônibus, faz mais sucesso lá fora. Enquanto 83 cidades no mundo já implantaram o sistema, aqui no Brasil apenas duas – Curitiba e Goiânia – oferecem o serviço ainda de forma deficitária. Um projeto da NTU (Associação Nacional das
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OPÇÕES Otávio
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Empresas de Transportes Urbanos) propõe a ampliação dos recursos para a implantação do BRT nas 47 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes. O assunto foi apresentado pelo presidente da associação e da Seção de Transporte de Passageiros da CNT, Otávio Vieira da Cunha, durante o Seminário Nacional NTU 2010, promovido pela NTU, em agosto, em Brasília. Com o tema Transporte de Qualidade para uma Vida Melhor, o evento reuniu
representantes do setor e especialistas em modalidade urbana. O BRT é um sistema de transporte coletivo de alto desempenho e qualidade que utiliza veículos sobre pneus (articulados ou biarticulados) e opera em corredores exclusivos, com pagamento antecipado das passagens em estações. Em projetos de apenas uma faixa exclusiva, é possível transportar até dez vezes mais pessoas por hora do que em veículos de passeio. Além disso, conta com um sistema de infor-
mação em tempo real para os usuários, com horários das viagens fora e dentro dos ônibus, além de controle sobre os semáforos, que aumenta a velocidade operacional e reduz atrasos. Idealizado pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner e projetado em Curitiba em 1974, o sistema já foi exportado para Colômbia, México, Chile, Reino Unido, China e Estados Unidos, entre outros. Na capital paranaense, o sistema está sendo ampliado e dotado de comunicação com o usuário.
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FOTOS NTU/DIVULGAÇÃO
Vieira da Cunha, presidente da NTU, apresenta aos participantes do seminário as alternativas de transporte público para as grandes cidades
Para o presidente da NTU, a falta de políticas específicas voltadas para o transporte público durante anos e os recursos escassos dos municípios brasileiros foram fatores de impedimento para a consolidação do BRT no país. “Mesmo que seja mais barato que o metrô, o sistema requer uma série de investimentos, muitas vezes fora do alcance das cidades. Por isso é necessário definir prioridades e investir”, disse Cunha durante o seminário.
Estudos indicam que o BRT apresenta custo e tempo de implantação menores do que outros sistemas de transporte público como o VLT (veículo leve sobre trilhos) e o metrô. Segundo Wagner Colombini, diretor da Logit Engenharia Consultiva, cada quilômetro do sistema custa aproximadamente US$ 5 milhões e tem tempo médio de implantação de 2,5 anos. Para a mesma extensão de VLT, o custo é de US$ 25 milhões e para o metrô, US$ 100 milhões. O tempo de implantação
desses sistemas é de 5 e 9 anos, respectivamente. “O BRT tem custo superior ao sistema de ônibus convencional que estamos acostumados, mas é infinitamente mais barato e mais eficiente do que o metrô. Além disso, ele pode garantir efeitos positivos na melhoria da qualidade de vida da população, que transita melhor e de forma mais rápida e percebe uma cidade melhor estruturada, organizada e moderna”, afirmou ele, que também estava presente no evento.
Colombini destacou ainda alguns aspectos importantes a serem observados antes da implantação do BRT em qualquer cidade. O primeiro deles é mapear o funcionamento do sistema atual e identificar a demanda para, num projeto futuro, dimensionar corretamente a frota, por meio de infraestrutura adequada, além de fazer a análise de custos. É preciso também considerar a quem caberá o controle operacional, agir sobre o espaço urbano para
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COMPROMETIMENTO
Setor pede melhoria no transporte público Em reunião paralela ao Seminário Nacional NTU 2010, representantes de associações do transporte urbano e do Fórum Nacional dos Secretários de Transporte discutiram as proposições de um manifesto pedindo comprometimento com a melhoria do transporte público no país e com a redução de acidentes. Segundo o presidente da ANTP (Associação Nacional do Transporte Público), Ailton Brasiliense, as tarifas pagas hoje no transporte urbano brasileiro são altas e a estrutura das cidades dificulta o
deslocamento das pessoas mais pobres que moram em locais mais distantes e que precisam tomar até quatro conduções ao dia para se deslocar de casa até o trabalho. Além disso, segundo ele, é preciso trabalhar para reduzir em quase 100% o índice de acidentes. O documento recebeu contribuições dos secretários de transportes de todo o país. Uma versão final estava prevista para ser entregue no mês de setembro aos partidos com candidatos aos cargos de presidente, governador, sena-
TRANSPORTE URBANO Comparativo entre os sistemas CUSTO (R$ milhões por km de implantação) BRT 5 VLT 25 Metrô TEMPO DE OBRAS (anos por km de implantação) BRT 2,5 VLT 5 Metrô
100
9 Fonte: Logit Consultoria
dor e deputados federal e estadual. Na mesma reunião, a NTU propôs a criação de um grupo de trabalho para incentivar a implantação do sistema BRT em todo o país. Além da associação, o grupo contaria com a participação da Frente Nacional de Prefeitos, do Fórum de Secretários e da ANTP. “Nossa proposta é reunir todos os interesses, públicos e privados, em torno de uma única causa: a melhoria do nosso sistema de transporte”, afirmou Otávio Vieira da Cunha, presidente da NTU.
melhorá-lo, criar terminais de integração bem desenhados e incorporar tecnologias como bilhetagem eletrônica e centro de controle operacional. “Precisamos pensar em todo o projeto, das linhas, às estações e às garagens. Estas últimas devem ser localizadas próximas dos corredores para evitarmos prejuízos em viagens vazias. As estações precisam ser bem estruturadas e oferecer conforto aos passageiros. Eles precisam se sentir bem”, ressaltou o consultor, que foi responsável pela instalação do siste-
ma em Johanesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul, para a Copa de 2010. Aqui no Brasil, segundo o Ministério das Cidades, dos 47 projetos de mobilidade incluídos no chamado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Copa, 20 estão voltados para corredores exclusivos de ônibus de trânsito rápido. O BRT vai ser implantado em nove das 12 cidades-sede que receberão o Mundial. Apenas Manaus, Natal e Brasília não terão o sistema. No total, os investimentos do
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NTU/DIVULGAÇÃO
SAIBA MAIS SOBRE O BRT VIAS EXCLUSIVAS • Devem ser de concreto, por ter durabilidade maior e para diferenciar de outras faixas • Devem permitir movimentação rápida com a menor interferência possível • Podem ser simples ou duplas, dependendo da demanda ESTAÇÕES E TERMINAIS • Devem reforçar a identidade visual do sistema com padronização de formas, materiais e cores • Precisam ser confortáveis, seguras e de fácil acesso • Devem respeitar um espaçamento mínino para não reduzir o tempo de operação VEÍCULOS • Devem oferecer conforto e segurança ao usuário • As portas devem ser largas e o piso nivelado com o das plataformas de embarque • Precisam atender às necessidades especiais dos usuários PLANO OPERACIONAL E TARIFÁRIO • As tarifas devem ser integradas com outros sistemas de transporte • A bilhetagem eletrônica pode reduzir o tempo de embarque SISTEMA DE INFORMAÇÃO E CONTROLE • Usuários devem ter acesso a horários e rotas nas estações e nos veículos • É importante que o sistema mantenha um controle sobre os semáforos para aumentar a velocidade operacional e reduzir atrasos Fonte: NTU
ACESSIBILIDADE TransMilênio de Bogotá transporta 186 mil pessoas por hora
governo federal em infraestrutura somam R$ 33 bilhões, dos quais R$ 5,7 bilhões serão destinados às obras de reforma e construção dos estádios, R$ 11,7 bilhões à mobilidade urbana (com contrapartidas de Estados e municípios) e R$ 5,5 bilhões aplicados em portos e aeroportos. De acordo com Luiz Carlos Bueno de Lima, secretário de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, R$ 7,5 bilhões serão investidos diretamente pelo governo federal. Entre os representantes do
setor, é consenso a necessidade de fazer desses projetos uma vitrine em termos de sistema de transporte de qualidade. “Pregamos a priorização do transporte público há mais de dez anos. Porém, nunca conseguimos que esse fosse um projeto definitivo, bancado pelo poder público. Agora, com a proximidade da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016, podemos vislumbrar essa oportunidade”, afirmou Cunha, da NTU. No seminário promovido pela NTU, também foram apresenta-
dos os resultados positivos do TransMilênio, o sistema BRT mais desenvolvido do mundo. Com tecnologia brasileira, ele foi implantado em Bogotá, na Colômbia, em 2000. Atualmente, a demanda diária de 1,535 milhão de passageiros é atendida por 1.240 ônibus articulados e dez biarticulados que percorrem os 84 km de corredores exclusivos em operação. Além disso, são 107 estações, banheiros públicos, estacionamento para bicicletas e um centro de controle. Segundo Arturo Fernando
Rojas Rojas, gestor governamental do BRT na capital colombiana, a última fase de implantação do sistema prevê mais 32 km de corredores exclusivos. “No futuro, também devem ser criadas novas rotas para atender toda a cidade. Pretendemos ainda diversificar a frota para garantir mais qualidade do serviço e implantar um sistema de informação em todo o projeto”, disse ele durante a apresentação no evento. Bogotá tem hoje 7 milhões de habitantes e é um dos 50 maiores mercados consumidores do mundo. l
AVIAÇÃO POR LETICIA SIMÕES
início da exploração e da produção petrolífera da Bacia de Campos, região que se estende do Espírito Santo, nas imediações da capital Vitória, até Arraial do Cabo, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, impulsionou a economia do município de Macaé (RJ), onde a Petrobras mantém uma unidade de operação. Com a chegada da companhia, ao final da década de 70, a cidade assumiu um papel significativo no que se refere à aviação offshore (transporte aéreo para plataformas marítimas) brasileira. Hoje, 99% dos voos operados pelo Aeroporto de Macaé estão ligados a esse segmento aéreo. A Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, informa que a Bacia de Campos é responsável pela produção de, aproximadamente, 82% do petróleo produzido no Brasil. Atualmente, a empresa conta com mais de 60 mil colaboradores atuando em suas unidades de exploração nessa área, que abrange 13 municípios. Ainda de acordo com a assessoria, grande parte dos funcionários que trabalha em regime offshore (confinados na plataforma marítima) na Bacia de Campos reside nos municípios integrantes da área de abrangência das unidades de operação da empresa.
O
Ilha de pro Impulsionada pela exploração de petróleo na Bacia O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Macaé, Aristóteles Cliton da Silva Santos, afirma que o fluxo de helicópteros que atuam no segmento offshore sempre foi predominante. “Praticamente todo o movimento aéreo do município está ligado à atividade petrolífera. A economia de Macaé mudou drasticamente em virtude da chegada da Petrobras. Antes, as atividades
econômicas eram voltadas para agropecuária e pesca e, de forma menos expressiva, para o turismo. A cidade configura-se como a principal base das atividades da Petrobras na Bacia de Campos.” Os royalties recebidos pelo município em 2009, em virtude da exploração petrolífera, ultrapassaram R$ 345 milhões. Segundo estimativa do IBGE, em 1º de julho de 2009 a população de Macaé era
de 194.313. O PIB per capita do município é de R$ 120.602. Atualmente, segundo o secretário, seis empresas do segmento offshore estão instaladas em Macaé. Ao todo, operam no aeroporto local outras cinco companhias do setor. De acordo com levantamento da Infraero, em 2009, o total de pousos e decolagens do Aeroporto de Macaé foi de 57.410. Até julho deste ano, o
AEROPORTO DE MACAÉ (SBME)/DIVULGAÇÃO
speridade de Campos, Macaé se destaca no mercado offshore terminal operou mais de 36.634 pousos e decolagens, sendo 34.213 helicópteros. Grande parte dos voos foi contratada pela Petrobras. O Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, onde também predomina o tráfego de helicópteros e de aviões de pequeno porte, registrou um total de 69.824 pousos e decolagens domésticos, entre janeiro e julho deste ano, conforme o mesmo levantamento.
A assessoria da Infraero confirma que o Aeroporto de Macaé concentra o maior movimento de helicópteros do Brasil. O terminal é o 15º do país em movimentação de aeronaves. Uma das empresas responsável pela grande movimentação offshore de Macaé é a Líder Táxi Aéreo. De acordo com Geraldo Strambi, diretor da unidade de operações de helicópteros da empresa, a
Petrobras contrata os serviços há mais de 38 anos. Strambi afirma que o início das operações offshore da empresa no município se deu em consequência do crescimento do mercado de extração de petróleo na região. A Líder possui uma frota de 53 helicópteros. A Omni Táxi Aéreo também atua no transporte offshore de Macaé. A empresa está na cidade desde 2001, quando iniciou
suas atividades no segmento. No município, está instalada uma de suas filiais – um hangar de 1.800 metros quadrados onde, segundo a assessoria de imprensa da companhia, está localizada a principal base para manutenção das aeronaves e a maior base de operações da empresa. A Omni conta com uma frota de 30 helicópteros, dez deles em operação em Macaé. As aeronaves são responsáveis pela média de 30 a 50 pousos e decolagens diários. A inauguração do Aeroporto de Macaé se deu poucos anos depois da instalação da Petrobras na Bacia de Campos. Havia no local um aeroclube que iniciou a movimentação de helicópteros para o transporte de passageiros que se deslocavam para as plataformas marítimas. O terminal foi inaugurado em dezembro de 1981. “A motivação em implantar um aeroporto em Macaé se deu por ser o município o ponto de melhor logística para a Petrobras na Bacia de Campos, permitindo a intermodalidade dos transportes aéreo e marítimo”, afirma Hélio Batista dos Santos Filho, superintendente do Aeroporto de Macaé. A cidade possui um porto operado pela multinacional. Filho ratifica que o aeroporto é o mais movimentado do
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ÁREA DE INFLUÊNCIA São 13 os municípios do Estado do Rio na região do petróleo
ABRANGÊNCIA
Economias estimuladas
EMPRESAS QUE OPERAM EM MACAÉ: Aeróleo; Atlas; BHS; Castleair; Emar; Helibarra; Helivia; Líder; Omni; Senior Team. Movimento de passageiros por empresas em 2010
Av. geral
Team
Senior
Omni
Lider
Helvia
Helibarra
Emar
Castleair
BHS
Atlas
70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0
Aeroleo
Movimento de passageiros por TPS em 2010
dez
out
nov
set
ago
jul
jun
mai
Petrobras Infraero
abr
30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0
mar
são social de jovens em situação de risco por meio da qualificação profissional. A empresa também desenvolve o Programa Petrobras Mosaico, que atua com comunidades de pesca artesanal, em ações de regularização de documentos e de capacitação profissional que geram trabalho e renda. A contratação de bens e serviços feitos pela multinacional é estabelecido com empresas instaladas nos municípios onde estão suas unidades de operação, o que, de acordo com a assessoria, contribui também para o desenvolvimento econômico das cidades vizinhas. A previsão de exploração da Bacia de Campos foi estimada para, aproximadamente, 30 anos. Contudo, após a descoberta da camada pré-sal pela Petrobras, a possibilidade de a economia gerada pelo petróleo ser estendida por muitas décadas é concreta. A camada présal encontrada pela multinacional está localizada entre os Estados de Santa Catarina e Espírito Santo, onde existem grandes volumes de óleo leve, um petróleo de alta qualidade e maior valor de mercado.
fev
Os 13 municípios localizados na região de exploração e operação petrolífera da Bacia de Campos viram seu cotidiano mudar intensamente. Com a chegada da Petrobras a essas cidades, as atividades econômicas se voltaram inteiramente para a “economia do petróleo”, por meio da prestação de serviços em vários setores. A produção comercial de petróleo na Bacia de Campos teve início em agosto de 1977, com a entrada em operação do poço 3-EN-1-RJS, com vazão de 10 mil barris por dia, no campo de Enchova. Hoje, a região é responsável por 82% do petróleo produzido no Brasil. Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, além do movimento financeiro e do desenvolvimento do mercado regional estimulado pela atuação da empresa na Bacia de Campos, assim como a geração de empregos diretos e indiretos, a companhia está engajada em outras frentes ligadas à comunidade, por meio de projetos socioambientais e culturais. Em Macaé, a Petrobras mantém o Programa Jovem Aprendiz, que promove a inclu-
jan
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Fonte: Secrataria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Macaé
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LÍDER AVIAÇÃO/DIVULGAÇÃO
DEMANDA Indústria do petróleo movimenta o setor de offshore no interior do Rio
país, se consideradas as operações de asa rotativa (helicópteros). “Os voos offshore sobressaem e representam quase que a totalidade da operacionalidade do terminal. A movimentação dos voos executivos também está ligada à indústria do petróleo na região. Estes são classificados como voos de negócios do petróleo.” A estrutura do aeroporto, de acordo com ele, é voltada para o atendimento offshore, tamanha a movimentação do segmento no local. “O terminal contempla uma pista de pouso e decolagem de 1.200 metros por 30 metros e um pátio com capacidade de estacionamento para 50 helicópteros.” A estrutura atual do Aeroporto de Macaé conta também com torre de controle, sistema radar, terminal de passageiros, sala de
informações aeronáuticas, serviços de salvamento, de combate a incêndio e bancário. A principal obra do aeroporto, visando melhorias no atendimento offshore, ocorreu em 2003, com a ampliação do pátio de aeronaves. A intervenção propiciou a operação simultânea de 38 helicópteros e seis aviões de médio porte. “Outros investimentos foram realizados, como a troca do radar, aumentando a capacidade de cobertura e proteção aos aeronavegantes, e a recém-entrada em operação de um equipamento denominado DVOR-ME, que possibilita maior confiabilidade nos indicativos de localização das aeronaves”, diz o dirigente. Filho afirma que novas obras estão previstas. “O gigantismo da indústria do petróleo estimula a necessidade de ampliação.
Estão previstos investimentos em infraestrutura de navegação aérea, ampliação do pátio de aeronaves e um novo terminal de passageiros.” Os projetos estão em fase de planejamento. Segundo o superintendente, um novo equipamento de navegação aérea será testado no Aeroporto de Macaé. “O projeto piloto será realizado no terminal em função da complexidade das operações na Bacia de Campos e à disponibilidade da navegação aérea da Infraero na área.” O Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), organização subordinada ao Ministério da Defesa, é a entidade responsável pelo projeto em implantação no Aeroporto de Macaé. O novo equipamento é denominado Automatic Dependent Surveillance-Broadcast ou
Vigilância Dependente Automática de Transmissão (ADS-B, na sigla em inglês). O ADS-B é uma técnica de vigilância cooperativa para controle de tráfego aéreo com aplicativos relacionados, como rede de satélites, antenas transmissoras (estações terrenas) e aviônica (eletrônica) das aeronaves. Segundo informações do Decea, o dispositivo será o substituto, viável e de menor custo, do radar convencional. Segundo a organização, a região da Bacia Petrolífera de Campos é propícia para os testes pilotos por concentrar uma operação preponderante de helicópteros com performances semelhantes, sob o controle de um único órgão de tráfego aéreo, o APP-ME (Controle de Aproximação de Macaé), operado pela Infraero. l
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TAXI POINT
De olho na Copa Feira para taxistas mostrou novidades que podem ser usadas no setor para melhorar o atendimento aos passageiros e a segurança POR
Feira gerou
R$ 12 mi em negócios diretos
valorização e a profissionalização do taxista brasileiro foram dois focos importantes da 3ª edição da Taxi Point (Feira Brasileira dos Fornecedores para o Setor de Táxi), realizada em São Paulo, nos dias 20 e 21 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes. De olho nos grandes eventos mundiais programados para o Brasil – a Copa de 2014 e a Olimpíada em 2016 –, a feira expôs novidades do setor e discutiu temas impor-
A
CYNTHIA CASTRO
tantes para que esses profissionais estejam bem preparados nos próximos anos. As novidades expostas nos estandes e também presentes nas diversas palestras do evento incluem produtos de alta tecnologia, veículos mais adequados para o serviço de táxi e cuidados que os taxistas precisam ter com o carro. Até mesmo as atitudes necessárias para uma boa saúde e a melhor forma de dirigir para se ter economia de combustível e de outros componentes
do veículo foram temas tratados durante a feira. “Queremos mostrar ao taxista que ele é capaz de fazer um trabalho excelente, queremos passar conhecimento. Muitos receberam orientações e já começaram a fazer curso de inglês, assim poderão receber melhor os turistas que estiverem no Brasil durante esses eventos esportivos”, disse o diretor da Taxi Point, José Marcos Mantovan, também colaborador do Grupo Cipa, que organizou a feira.
OSIRES BERNARDINO
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NOVOS SERVIÇOS
Novidades para maior conforto Nos estandes montados no Centro de Exposições Imigrantes, os taxistas puderam conhecer muitos serviços curiosos, que melhoram a qualidade do atendimento aos passageiros e também o dia a dia de trabalho desses profissionais. Em um dos estandes, estava exposta uma espécie de minigeladeira, que permite maior conforto durante as corridas. “O taxista pode guardar suco, água ou sanduíche natural. É uma geladeira bem compacta, que atende tanto a necessidade do motorista que passa às vezes 12 horas ao volante como também serve para atender melhor o cliente”, diz o diretor da Taxi Point, José Marcos Mantovan. Até mesmo uma entidade ligada à proteção animal e do meio ambiente participou da feira. O diretor do evento explica: muitos passageiros pedem para o taxista transportar animais, principalmente cães, para algum pet shop ou outro lugar. E em algumas situações, o animal vai sozinho com o taxista, sem o dono. Segundo Mantovan, foram expostos alguns equipamentos, como gaiolas ou mesmo uma espécie de cadeirinha onde o ani-
mal é colocado com um colete, que podem ser usados para garantir mais segurança durante o transporte. Os taxistas tiveram acesso gratuito a diversos serviços concentrados em um mesmo lugar. Empresas de seguros fizeram cotações e também realizaram cristalizações de vidro ou mesmo inspeção veicular. Outra novidade exposta na feira foram os veículos adaptados para atender passageiros com alguma deficiência física. De acordo com Mantovan, na cidade de São Paulo há 70 táxis adaptados para receber pessoas que usam cadeira de rodas. Há um espaço vazio, geralmente no banco de trás, para que a pessoa possa entrar assentada na cadeira de rodas. Diversas inovações tecnológicas também puderam ser conhecidas pelos participantes, como os mais modernos aparelhos de GPS. O sistema de posicionamento global, via satélite, fornece os mapas de uma cidade, facilitando a localização dos lugares solicitados pelos passageiros. “O taxista precisa estar cada vez mais atualizado com a tecnologia disponível para o trabalho dele.”
VALORIZAÇÃO Feira também tem como objeti
Geralmente, quando um turista chega a uma cidade desconhecida, o taxista representa o primeiro contato de fato com esse lugar novo. E é na conversa dentro do táxi, no caminho entre o aeroporto ou rodoviária e o hotel que o turista costuma receber as primeiras dicas sobre a cidade que vai conhecer, conforme lembra o vice-presidente da CNT na Seção de Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens, José Fioravanti. “É muito importante que o taxista amplie os seus conhe-
cimentos, e a Taxi Point foi fundamental para oferecer a ele uma série de possibilidades. Os cursos vão além da questão da direção. O taxista precisa saber tratar o passageiro bem, conversar”, diz Fioravanti, que também é presidente da Fetacesp (Federação dos Taxistas Autônomos do Estado de São Paulo). O estande da federação foi um dos mais visitados da Táxi Point. Os serviços do Sest Senat puderam ser conhecidos no estande. E os participantes que se interessaram
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Em debate Veja alguns temas das palestras da 3ª Taxi Point • Como fazer higienização veicular • Manutenção dos filtros de cabine do ar-condicionado • Como fazer do táxi um veículo de propaganda e como conseguir lucros extras • Táxi adaptado para pessoas com deficiência • Como usufruir dos serviços do Sest Senat • Como fazer uma direção econômica no trânsito • Como funciona o maior portal de informações na Internet sobre serviços de táxi em São Paulo • A importância do taxista para o turista da cidade • Ações que o taxista deve adotar para ter um trabalho diferenciado vo a maior profissionalização do setor
“É muito importante que o taxista amplie os seus conhecimentos” JOSÉ FIORAVANTI, VICE-PRESIDENTE DA CNT
fizeram alguns testes gratuitos na hora, de diabetes e pressão. A procura foi tão grande que foram formadas filas enormes. Na avaliação do diretor da Taxi Point, esse estande foi “muito positivo” para que os taxistas pudessem se aproximar do Sest Senat e conhecer melhor os serviços disponíveis nas unidades espalhadas por todo o Brasil. “Eles ficaram deslumbrados com a estrutura que o Sest Senat oferece, com a possibilidade de fazer cursos e se qualificar. Muitos taxistas precisam
conhecer mais essa entidade que favorece tanto a categoria”, afirmou Mantovan. Os visitantes da 3ª edição da feira puderam assistir gratuitamente às palestras ministradas por representantes do segmento. Diversos temas mostraram as novidades de fornecedores e serviços do setor de táxi. Uma delas, destacada pelo diretor da feira, ensinou aos profissionais qual é a forma correta de dirigir para conseguir reduzir os custos. “Eles tiveram uma palestra muito interessante sobre
direção econômica. Uma grande preocupação no setor é como gastar menos combustível, menos pneu, menos freio. Os taxistas puderam ter dicas sobre tudo isso”, comentou Mantovan. A Taxi Point também permitiu a geração de negócios. Conforme estimativa dos organizadores, o evento gerou R$ 12 milhões em negócios diretos e cerca de R$ 50 milhões a serem realizados no médio prazo. Os profissionais do setor puderam conhecer novas tecnologias para facilitar o trabalho e a prestação de serviço. Também foram expostos, pelas montadoras, novos modelos de veículos voltados para a operação de táxis. Mais de 3.000 taxistas passaram pela feira durante os dois dias de realização. O número vem crescendo ano a ano. Em 2008, foram cerca de 1.500 participantes e no ano passado, mais de 2.000. “O interesse tem aumentado. Mas ainda é como se fosse uma fruta verde. Temos que amadurecer mais. Os taxistas estão se acostumando com a realização de eventos como esse, voltados para a categoria deles. E estão aprendendo o quanto isso pode ser benéfico”, disse o diretor da Taxi Point. l
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SEMINÁRIO
futuro do setor ferroviário no Brasil e o que precisa ser priorizado pelo próximo presidente ou presidenta da República foram discutidos durante o 4º Brasil nos Trilhos, realizado em Brasília no dia 11 de agosto. Um documento de 28 páginas, chamado Carta aos Presidenciáveis, foi elaborado para ser entregue aos candidatos à Presidência e aos governos dos Estados. Nesse documento, está o perfil geral do setor, sua importância, demandas, principais gargalos e projetos importantes. O presidente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Marcelo Spinelli, destacou que os desafios estão compreendidos em quatro pontos principais: expansão da malha, integração, modernização e melhoria da competitividade. “Nosso objetivo é que haja uma agenda prática que possa ser trabalhada neste ou no próximo governo.” Atualmente, a malha ferroviária nacional tem cerca de 28 mil quilômetros. A eliminação de gargalos e a criação de mecanismos para garantir a segurança nas
O
O futuro das ferrovias Encontro debateu prioridades do transporte ferroviário para impulsionar a economia do país POR CYNTHIA
passagens de nível são alguns pontos primordiais, conforme Spinelli. No Brasil, há mais de 12 mil cruzamentos de ferrovias com ruas e rodovias e pelo menos 2.659 são considerados críticos. O presidente da ANTF destacou que a ferrovia precisa de portos com infraestrutura adequada e de melhorias nos acessos às áreas portuárias, bem como a capacidade dos portos. Esses e outros gargalos geram uma série de consequências que prejudicam o transporte ferroviário. Entre elas, o aumento dos custos do transporte para toda a cadeia logísti-
CASTRO
ca nacional, a menor competitividade dos produtos brasileiros no exterior e o aumento dos acidentes. Os gargalos contribuem também para a redução da velocidade média das composições. No Brasil, é de 25 km/h e nas áreas críticas chega a 5 km/h. Outro problema que precisa ser solucionado no país é a diferença de bitola na malha ferroviária. Bitola é a distância entre os dois trilhos que compõem a via. Dos 28 mil km de ferrovia no Brasil, cerca de 23 mil km são de bitola estreita, mais antiga e menos competitiva. A minoria, conforme informações da ANTF, é de
bitola larga, que permite maior velocidade comercial. Durante o 4º Brasil nos Trilhos, tanto a ANTF como outros órgãos e empresas que participaram do encontro fizeram questão de ressaltar os benefícios para o modal ferroviário a partir das concessões. Depois de várias décadas de operação estatizada, o governo passou para a iniciativa privada, por meio de concessões entre 1996 e 1998, a malha ferroviária brasileira para o transporte de carga. Desde 1957, essa malha havia reduzido 11 mil quilômetros até as concessões. Atualmente, em seus principais trechos, a malha
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AGENDA O presidente da ANTF, Marcelo Spinelli, destacou os desafios principais do setor
ferroviária já opera com padrões tecnológicos semelhantes aos das melhores ferrovias do mundo. Mas em muitos trechos, devido às condições anteriores à época de concessão, a malha é tecnicamente defasada. O diretor-executivo da ANTF, Rodrigo Vilaça, destacou os investimentos feitos pelo setor privado. Foram R$ 33 bilhões desde o início das concessões, sendo R$ 22 bilhões na malha em si e R$ 11 bilhões em impostos. Por ano, as concessionárias investem R$ 500 milhões nas ferrovias, referentes ao arrendamento. “Esse valor vai para os
cofres públicos. Um caminho seria usar esse dinheiro na aplicação de melhorias da própria malha”, diz o presidente da ANTF, Marcelo Spinelli. De acordo com Vilaça, há uma expectativa de que em 2015 o Brasil chegue a ter 35 mil quilômetros de ferrovia e em 2020, 40 mil quilômetros. “O ponto fundamental a ser dito a todos os candidatos à Presidência da República é que deve ser mantida a continuidade desse planejamento. Essas obras precisam ser executadas de maneira acelerada.” A entrega do documento da ANTF, chamado Carta aos
Presidenciáveis, começou a ser feita durante o 4º Brasil nos Trilhos. A primeira a receber foi Dilma Rousseff (PT). Ela falou sobre os projetos do governo Lula para as ferrovias brasileiras e se comprometeu em continuar investindo no setor, caso seja eleita. Os outros candidatos não compareceram ao evento. Intermodalidade O investimento na intermodalidade também deve ser priorizado nas ações do próximo governo para que o Brasil possa crescer economicamente, ressaltou o diretor-executivo da ANTF. Conforme a Carta
aos Presidenciáveis, “o Brasil depende de um transporte intermodal eficiente para a integração econômica de seu território de dimensões continentais”. Com a integração dos vários meios de transporte – ferroviário, aquaviário e rodoviário –, é possível um melhor aproveitamento dos investimentos em infraestrutura, melhoria da eficiência, produtividade, segurança, agilidade e qualidade dos serviços de transporte. A intermodalidade contribui ainda para a redução do custo Brasil, com o aumento das exportações e maior competitividade
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RAIO X DO SETOR FERROVIÁRIO O papel das ferrovias • Os sistemas ferroviário e aquaviário são os mais eficientes e econômicos para transportar grandes volumes de cargas em longas distâncias • O transporte sobre trilhos é o mais usado para escoamento da produção de minério e da agroindústria • A opção pelas hidrovias, devido ao traçado natural, depende de sistemas de integração com outros modais para ter maior alcance e eficiência • As rodovias têm custo-benefício mais compensador em distâncias curtas, especialmente quando envolvem cargas de alto valor agregado Medidas para aumentar eficiência e reduzir custos • Maior investimento em infraestrutura logística • Ampliação e recuperação da malha existente, incluindo a interligação de diversos trechos • Melhor integração entre os meios de transporte (intermodalidade) OBSTÁCULOS Veja alguns gargalos físicos e operacionais que precisam ser resolvidos Cerca de 80% da malha ferroviária brasileira tem mais de um século • Nos principais trechos, a malha já opera com padrões tecnológicos semelhantes aos das melhores ferrovias do mundo, a partir dos investimentos pelas concessionárias • Em muitos trechos, devido às condições anteriores à concessão, a malha é tecnicamente defasada A existência de diferentes bitolas dificulta a interligação das ferrovias • A maioria dos 28 mil quilômetros de ferrovia é de bitola estreita, mais antiga e menos competitiva • Somente cerca de 5.000 quilômetros são de bitola larga, que permite maior velocidade comercial Faltam terminais intermodais e precisa melhorar a infraestrutura de portos • Há ausência de retroárea suficiente nos portos
• A armazenagem é precária ou insuficiente • Os mecanismos de embarque são lentos e ineficientes Passagens de nível e invasões de faixa de domínio comprometem segurança • Há excesso de cruzamentos das ferrovias com ruas e rodovias. São mais de 12 mil passagens de nível, sendo 2.659 críticas • Há muitas construções irregulares ao longo da faixa de domínio das ferrovias Consequências desses gargalos • Maiores custos do transporte para toda a cadeia logística nacional • Dificuldade de acesso ferroviário aos portos e limite de capacidade de escoamento da produção brasileira, tanto para o mercado interno como para o externo • Menor competitividade dos produtos brasileiros no exterior • Menos exportações • Diminuição da velocidade média das composições. No Brasil, é de 25 km/h (uma das mais baixas do mundo) e chega a 5 km/h em áreas críticas Aumento do número de acidentes graves e fatais Utilização do modal ferroviário (%) Rússia Canadá Austrália EUA China Brasil
81 46 43 43 37 25
A malha ferroviária operada pela iniciativa privada tem 28.476 km O processo de desestatização ocorreu de 1996 a 1999 A expectativa é chegar a 35.000 km em 2015 e 40.000 km em 2020 Fonte: ANTF (Carta aos Presidenciáveis)
DESENVOLVIMENTO
para os produtos brasileiros, conforme cita o documento. Competitividade Quem é usuário das ferrovias brasileiras sabe muito bem a importância de se investir no setor, principalmente com foco na intermodalidade. O grupo Caramuru, que atua no ramo de agronegócios, é um grande usuário das ferrovias e hidrovias, entre os Estados de Goiás e São Paulo.
PROPOSTAS
CNT apresenta plano para ferrovias ARQUIVO CNT
Durante o 4º Brasil nos Trilhos, o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, apresentou a Pesquisa CNT de Ferrovias 2009. O trabalho dimensiona de forma precisa os principais desafios do setor e quantifica o crescimento nos últimos anos. Alguns resultados apontados, após o período de desestatização, são ganhos de desempenho operacional, aumento da produtividade, redução de custos de produção e menos acidentes. “Desde as concessões, houve um aumento de investimento muito grande pela iniciativa privada”, ressaltou Bruno Batista, ao destacar que a produção ferroviária cresceu cerca de 95% entre 1997 e 2008. A metodologia foi composta por dois tipos de avaliação: a identificação do desempenho operacional dos 13 principais corredores do país e o nível de satisfação dos clientes, que responderam um questionário de 30 perguntas. Segundo Bruno Batista, uma informação importante obtida no levantamento foi que a maior parte dos clientes passou a uti-
lizar os serviços ferroviários nesses corredores nos últimos 11 anos, ou seja, após as concessões. “Muitos produtos que antes eram transportados por rodovia, por falta de ferrovia, começaram a migrar gradualmente para esse modal.” A pesquisa também teve como objetivo a verificação dos principais entraves para o maior desenvolvimento do sistema ferroviário brasileiro. O questionário com os usuários apontou que o cumprimento de prazos é ainda uma crítica comum. E resolver esse problema é fundamental para que o embarcador tenha mais confiança e migre para o modal ferroviário, conforme o diretor-executivo da CNT. “Em oito dos 13 corredores analisados, a maior parte dos clientes transporta mais de 61% da produção somente por ferrovia”, disse Bruno Batista. Esse índice, segundo ele, demonstra a boa expectativa que o setor embarcador tem em relação aos serviços ferroviários e é um elemento importante para o planejamento futuro das concessionárias e do governo.
A Pesquisa CNT de Ferrovias 2009 apontou soluções para os principais gargalos de infraestrutura que comprometem as operações. Mesmo diante dos ganhos operacionais, ainda é necessário superar uma série de fatores, como invasões de faixas de domínio, passagens de nível críticas e gargalos logísticos, principalmente em áreas de acesso aos portos. O fortalecimento da parceria entre o setor privado e órgãos como a Secretaria Especial de Portos e Ministério das Cidades é o exemplo de uma das medidas a serem tomadas. Ao final da apresentação sobre a pesquisa, o diretorexecutivo da CNT afirmou que, para consolidar o crescimento do setor e conseguir aumentar a participação na matriz de transporte de 25% para 35% (em até 15 anos), conforme prevê o governo federal, é necessário um aumento no investimento público no sistema ferroviário do país.
Expansão da malha é desafio do setor
“Se fala muito no Brasil de rodovia, ferrovia ou hidrovia. Mas não tem um modal que funciona sozinho. Tem que haver integração”, diz o diretor de logística do Grupo Caramuru, Antonio Ballan, que participou do evento em Brasília. De acordo com Ballan, a Caramuru exporta por ano cerca de 1,3 milhão de toneladas de soja, em grão e farelo. Desse total, entre 80% e 85% chegam aos portos pela inte-
gração de ferrovias com hidrovias. “Isso significa maior competitividade. Trabalhamos com commodity e a diferença nesse ramo está na logística. Esse é o nosso diferencial”, afirma Ballan. Segundo ele, o próximo presidente da República deve dar prioridade para que mais ferrovias funcionem de fato no Brasil. O diretor de logística da
Caramuru cita a necessidade de manutenção adequada da malha atual e a sua expansão, e também a resolução para os principais gargalos. “É preciso dar mais velocidade em alguns trechos de ferrovias. Muitas passam dentro das cidades e o transporte acaba demorando mais. Ainda há muito que se fazer, mas é importante reconhecer que depois das concessões a situação melhorou muito”, avalia.
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou durante o encontro em Brasília que “o Brasil está redesenhando e modernizando sua malha ferroviária” e que o país está estruturando um sistema de alta capacidade para o transporte de carga. O ministro apresentou números do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes), que propõe a ampliação da matriz de transporte ferroviário no Brasil de 25% para 35% até 2025. l
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SEGURANÇA
Cuide de sua visão Manter a capacidade visual plena do motorista contribui para evitar acidentes no trânsito POR
s cuidados com a visão para garantir uma direção segura são primordiais para os motoristas, sejam profissionais ou não. Oftalmologistas afirmam que iniciativas como visitas periódicas a um especialista podem garantir uma visão plena no trânsito, mas a atenção a alguns aspectos do carro também pode contribuir para uma boa visibilidade. Um dos pontos que chama a atenção de oftalmologistas está
O
PREVENÇÃO O exame
LETICIA SIMÕES
ligado ao fato de que grande parte dos motoristas somente procura o especialista em casos esporádicos – para a obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), para a renovação do documento ou quando sentem que a visão está prejudicada. O correto, de acordo com o oftalmologista Morizot Leite Filho, membro do conselho consultivo da SBO (Sociedade Brasileira de Oftalmologia), é uma visita anual. “É importante ressaltar que, no caso de ocor-
rências de miopia, astigmatismo e outras doenças oculares, a ida ao oftalmologista dependerá da situação do paciente. Geralmente, a consulta no período de um ano a um ano e meio é a recomendada.” De acordo com o médico, o exame realizado durante o processo para a obtenção da CNH e para a renovação da carteira não é suficiente para detectar doenças oculares. “Muitos motoristas acreditam que esse exame é completo.
Ele apenas aponta se o cidadão está capacitado a dirigir ou não. Sua finalidade não é detectar doenças da visão.” Filho enfatiza que é importante observar a ocorrência de doenças oculares na família. “O glaucoma (pressão ocular elevada), por exemplo, não apresenta sintomas aparentes. Por isso, a consulta é essencial.” Ele diz que as visitas ao oftalmologista devem ser iniciadas ainda na infância, assim que se começa a frequentar a escola. “Isso
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ROGÉRIO FRANCO/SEST SENAT BH/DIVULGAÇÃO
oftalmológico deve ser feito com frequencia de pelo menos uma vez por ano, aconselham os especialistas
se aplica a quem não possui antecedentes e sintomas de doenças da visão.” A falta de sintomas é apontada pelo oftalmologista como uma das principais causas para justificar a ausência dos motoristas nos consultórios. “A medicina preventiva não faz parte da cultura do brasileiro”, diz. Ele aponta o glaucoma como uma das doenças oculares de maior incidência. “O glaucoma provoca a perda do campo de visão, permitindo apenas a visibilida-
de frontal. No caso do motorista que apresenta essa doença, para focar no retrovisor, ele tem de mexer a cabeça, já que não conseguirá vê-lo com a visão periférica. Por isso, é imprescindível que o exame seja feito anualmente, pois o glaucoma provoca a perda da visão aos poucos.” Um fator comum, que prejudica a visibilidade do motorista, é o ressecamento do globo ocular. Segundo Filho, o ressecamento pode ser provocado pelo
“A medicina preventiva não faz parte da cultura do brasileiro” MORIZOT LEITE FILHO, OFTALMOLOGISTA
ar-condicionado muito intenso e por longas viagens. “Os olhos secos produzem ardência. Com isso, o motorista tende a esfregá-los e acaba tirando a mão do volante. Muitos fazem uso de colírio sem a devida prescrição, o que não é recomendável. É preciso ter uma orientação médica”, afirma. Segundo o engenheiro automobilístico Ricardo Bock, professor do curso de Engenharia Mecânica Automobilística do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), manter o ar-condicionado do veículo em condições de uso é fundamental. “Vivemos em um país cujas mudanças bruscas de temperatura são constantes. Em dias de chuva, por exemplo, o ar quente ajuda a desembaçar o parabrisa por dentro. Um a dois minutos são suficientes para dar a evaporação necessária no interior do carro.” A oftalmologista Rita Cristina Moura, doutora em medicina do tráfego e diretora científica da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), afirma que, à noite, os cuidados com a visão devem ser redobrados. “No período noturno, há dimi-
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SAIBA MAIS Cuidados com os olhos • Faça acompanhamento anual com o oftalmologista (em caso de não haver doenças oculares) para detectar se há incidências como algum tipo de grau, catarata, glaucoma ou necessidade do uso de óculos e de lentes corretivas • Use colírios devidamente prescritos pelo oftalmologista para evitar o ressecamento dos olhos • Use óculos escuros durante o dia • Use o quebra-sol para diminuir a intensidade direta da luz solar Cuidados com os veículos • Mantenha o ar-condicionado constantemente em condição de uso • Deixe os vidros limpos para garantir melhor visibilidade • Limpe os vidros somente com ar quente (para desembaçar), pano seco ou papel toalha para evitar que fiquem engordurados • Troque do limpador de para-brisas no período de 6 a 7 meses • Cheque constantemente os pneus e o óleo • Regule os faróis
À NOITE Diminuição dos contrastes entre os objetos, redução da noção de profundidade
“Durante o dia, o uso de óculos escuros ajuda bastante” RITA CRISTINA MOURA, DIRETORA CIENTÍFICA DA ABRAMET
nuição dos contrastes entre os objetos e diminuição da noção de profundidade. Outro fator que prejudica a direção no período é o ofuscamento da visão, em virtude dos faróis altos. Existe também o cansaço depois da jornada de trabalho durante o dia, o que pode piorar a visibilidade, causando o ressecamento do olho.” Para Bock, vidros limpos conferem maior segurança para o período noturno. “Mesmo que o
cidadão não goste de lavar o carro, é preciso manter os vidros limpos e desengordurados, principalmente por causa de chuvas e da visibilidade à noite. Isso está diretamente combinado com o estado dos limpadores de para-brisa, que são perecíveis e, em geral, duram de seis a sete meses.” Esfregar jornal ou a mão, segundo o engenheiro, engordura ainda mais os vidros. O recomendável é usar pano seco
ou papel toalha. Porém, de acordo com ele, o método mais eficiente é o uso do ar quente. Segundo Rita, as consultas periódicas são a melhor prevenção para as doenças oculares. “Por meio das visitas regulares ao oftalmologista, é possível detectar se há incidências como algum tipo de grau, catarata, glaucoma ou a necessidade do uso de óculos e de lentes corretivas.” Algumas atitudes, conforme
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LUIZ GUARNIERI/FUTURA PRESS
DIRETRIZES
Contran define normas de visibilidade Ver e ser visto no trânsito é primordial para a segurança viária. Para garantir melhor visibilidade, tanto durante o dia quanto no período noturno, o Contran estabeleceu diretrizes. Uma das resoluções diz respeito à fixação de faixas reflexivas para os veículos do transporte de carga. A resolução nº 128, de 2001, estabelece que os veículos de transporte de carga com peso bruto total superior a 4 toneladas, fabricados a partir de 30 de abril de 2001, somente poderão ser comercializados quando possuírem o dispositivo de segurança afixado . O objetivo da resolução é prover melhores condições de visibilidade diurna e noturna desses veículos. O documento levou em conta estudos que indicam que veículos de carga são geralmen-
te vistos muito tarde ou não vistos pelos motoristas. A responsabilidade da fixação é do fabricante. Segundo a resolução, os veículos somente podem ser registrados e/ou licenciados se tiverem o dispositivo aplicado de acordo com as especificações estabelecidas. Conforme a resolução do Contran, as faixas refletivas devem ser afixadas nas laterais e na traseira do veículo (ao longo da borda inferior), nas cores vermelha e branca. Já para o transporte coletivo de passageiros, o Contran estabeleceu a resolução nº 316, de 2009, que estabelece a utilização de dispositivo refletivo em veículos M2 (micro-ônibus) e M3 (ônibus), de fabricação nacional e estrangeira. O documento determina que os veículos fabricados a par-
tir de janeiro de 2010 somente poderão ser comercializados quando possuírem o dispositivo refletivo. A oftalmologista Rita Cristina Moura, diretora científica da Abramet, confirma que a afixação das faixas refletivas contribui muito para a visibilidade de quem está no trânsito. “Esse dispositivo é primordial para a identificação visual dos veículos, pois o motorista pode detectá-lo a uma distância maior.” Para o supervisor de segurança viária do Cesvi Brasil, José Antônio Oka, as faixas proporcionam um reflexo otimizado, o que colabora para a questão de ver e ser visto no trânsito. “O dispositivo tem uma propriedade de retornar o máximo de luz na mesma direção e isso facilita a sua visibilidade.”
e os faróis altos atrapalham a visão
a médica, podem evitar incidentes ao volante. “Durante o dia, o uso de óculos escuros ajuda bastante. A utilização do quebra-sol, para evitar o ofuscamento em virtude da luz solar, também é muito válida. O uso de colírios lubrificantes, prescritos pelo oftalmologista, evita o ressecamento dos olhos.” Tão importante quanto a saúde dos olhos, a boa manutenção dos veículos é imprescindível para uma dirigibilidade
eficiente. O professor Bock ressalta que alguns cuidados, considerados irrelevantes por muitos motoristas, podem significar uma visibilidade melhor no tráfego. “Respeitar a faixa de pedestres, que é colocada naquela posição justamente para que o motorista possa enxergar o semáforo, em uma posição que favorece a visualização do sinal, é uma dica importante. Não raro, os veículos param sobre a faixa e os
motoristas acabam posicionando a cabeça quase em cima do para-brisa.” A ida ao mecânico, assim como as visitas ao oftalmologista, está ligada à cultura da necessidade, e não em função da prevenção, de acordo com Bock. “É preciso que os motoristas, mesmo que não entendam de mecânica, cultivem hábitos como o de checar os pneus e verificar a necessidade de troca de óleo.” Outro cuidado impor-
tante com o veículo é a regulagem dos faróis. “Há muitos carros que circulam com a intensidade da luz fraca, por causa da sujeira interna do farol. Ele deteriora como qualquer outra peça, por isso, a regulagem não pode ser deixada de lado”, diz o engenheiro. A visibilidade do motorista também pode ser obstruída pelo excesso de adesivos, segundo Bock. A resolução nº 254 do Contran (Conselho
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SEST SENAT
Unidades oferecem atendimento Visando à qualidade de vida e a redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, o Sest Senat oferece aos trabalhadores em transporte, transportadores autônomos, seus dependentes e à comunidade em geral atendimentos de saúde em diversas especialidades. A oftalmologia é uma delas. Depois de uma consulta inicial, o trabalhador passa a ser acompanhado por médicos e especialistas. Um diferencial do serviço médico do Sest Senat é o tratamento sem interrupção. O atendimento pode ser iniciado em uma cidade e finalizado em outra. Isso facilita o tratamento para os trabalhadores em transporte, principalmente os
motoristas que passam grande parte do tempo viajando. Hoje, o Sest Senat já conta com 136 sedes em todas as regiões do país. Além da oftalmologia, as unidades também oferecem atendimentos de clínica geral, cardiologia, pediatria, ginecologia, medicina do trabalho, fisioterapia e psicologia, além de tratamento odontológico. Para a marcação de consultas, os trabalhadores devem procurar a unidade mais perto de sua residência. Os atendimentos que necessitam de uma investigação mais apurada são encaminhados às clínicas e laboratórios conveniados. Outras informações pelo site www.sestsenat.org.br ou pelo telefone 0800 728 2891. CIDADANIA Além do atendimento nas unidades, o Sest
“A direção é atividade multitarefa e 90% das informações vêm da visão” JOSÉ ANTÔNIO OKA, SUPERVISOR DE SEGURANÇA VIÁRIA DO CESVI BRASIL
Nacional de Trânsito), de 2007, que se refere aos critérios para aplicação de inscrições, pictogramas e películas nas áreas envidraçadas dos veículos, estabelece que a transmissão luminosa dos vidros não pode ser inferior a 75% para os vidros incolores dos para-brisas e 70% para os para-brisas coloridos e demais vidros indispensáveis à dirigibilidade do veículo. O centro de estudos auto-
motivos Cesvi Brasil realiza pesquisas dirigidas à visibilidade no trânsito. Uma delas, denominada “Ver e Ser Visto”, teve o objetivo de apontar as condições em que pedestres, motos e carros são mais bem visualizados à noite, em locais de iluminação deficiente. Segundo José Antônio Oka, supervisor de segurança viária do Cesvi Brasil, os resultados da pesquisa mostram que o uso do farol baixo no perío-
do noturno é imprescindível tanto para ver como para ser visto, que o pisca-alerta aceso faz toda a diferença para ver e ser visto à noite e que o uso do colete retrorrefletivo, devidamente normatizado, é recomendável para o motorista ou passageiro que deixa o carro para tomar qualquer providência, para que sejam vistos a uma distância mais segura. De acordo com dados da PRF (Polícia
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DISAS/DPRF/DIVULGAÇÃO
MANUELA CAVADAS/A TARDE/FUTURA PRESS
Senat também ofecere orientações sobre a visão em campanhas sociais
Rodoviária Federal), durante o ano de 2009, foram registrados 49.013 acidentes nas rodovias federais durante a noite. O número corresponde a 30,9% do total de acidentes daquele ano. Oka afirma que todos os cuidados para garantir a visibilidade devem ser tomados. “A direção é uma atividade multitarefa e 90% das informações vêm da visão. O que puder ser feito para enxergar
e ser enxergado é benéfico a todos que estão no tráfego.” A PRF realiza, em parceria com o Sest Senat, o Comandos de Saúde. A campanha educativa tem o objetivo de reforçar, com caminhoneiros e outros trabalhadores do transporte, a necessidade de se manter a saúde em dia para evitar acidentes de trânsito nas rodovias. A ação trabalha com quatro datas nacionais. Na oportunidade, motoristas
EXIGÊNCIA Capacete com adesivos refletivos e selo do Inmetro
profissionais são abordados e convidados a realizar gratuitamente diversos exames médicos, além de orientações de saúde. Entre os exames, segundo a PRF, estão os oftalmológicos. Lejandre Bezerra de Menezes Monteiro, chefe da Divisão de Saúde e Assistência Social da PRF, afirma que um dos maiores problemas do profissional do transporte é a alta carga de trabalho, o que acaba afastando-os
dos consultórios e dos cuidados com o veículo. “Muitos não têm plano de saúde e não conseguem tempo para uma espera a consultas no serviço público. Outra situação bem comum tem a ver com a manutenção dos veículos. Há motoristas que preferem não ter de fazer os reparos e só vão ao mecânico quando algo mais grave acontece. É preciso mudar essa cultura e intensificar programas de prevenção”, diz Monteiro. l
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SEST SENAT
Por uma nova história Ações do Programa de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes ganham novos parceiros e são ampliadas POR
epois de ter os caminhoneiros como aliados no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes, a campanha do Sest Senat para combater esse tipo de crime ganhou um novo reforço em 2010. Agora, os frentistas dos postos de combustíveis passam a ser parceiros nesse trabalho. Em todas as cidades onde existe uma unidade do Sest Senat – no total já são 136 em todas as regiões do país –, pelo menos um posto foi convidado a participar do trabalho. Cada um desses estabelecimentos indicou entre quatro e oito frentistas para atuarem de forma voluntária na campanha.
D
LIVIA CEREZOLI
Com o slogan “Caminhoneiro, ajude-nos a colorir esta história”, o programa, lançado em 2009, tem como objetivo fortalecer as ações sociais da instituição e enfrentar uma das mais graves formas de violação aos direitos humanos. O Sest Senat, desde 2004, já desenvolve ações relacionadas ao tema. Segundo Cláudia Moreno, coordenadora de promoção social e desenvolvimento profissional do Sest Senat, assim como aconteceu com os caminhoneiros em 2009, os frentistas foram treinados para prestar esclarecimento sobre o tema aos motoristas que passarem pelos postos. “A abordagem
PARCERIA Frentista
deve acontecer numa conversa informal. O caminhoneiro é o grande disseminador da nossa campanha e por isso precisamos orientá-lo sobre o tema”, afirma. A expectativa é que aproximadamente 1.100 frentistas passem a atuar no enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes. No momento da abordagem, os caminhoneiros vão receber uma edição informativa do Sest Senat com orientações sobre o tema, considerado crime no Brasil, mecanismos de denúncia, além de dicas para evitar problemas na coluna durante uma longa viagem, passatempos, curiosidades sobre o uni-
verso das estradas e ainda um breve relato sobre a história do caminhão no mundo. Ao todo, serão distribuídos 330 mil exemplares nas estradas do Brasil. Os postos serão identificados com um painel onde os caminhoneiros que aderirem à campanha poderão deixar registrada simbolicamente a sua assinatura. A escolha das estradas brasileiras como palco para a divulgação da campanha está relacionada ao alto índice de exploração sexual registrado nos últimos anos nesses locais. Levantamento da Polícia Rodoviária Federal, realizado em 2007 em parceria com a OIT
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JÚLIO FERNANDES/CNT
do Posto de Serviços Líder, de Brasília, entrega cartilha com orientações sobre o combate à exploração sexual de criancas e adolescentes
(Organização Internacional do Trabalho), identificou 1.819 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nos 61.873 km de estradas federais brasileiras. São boates, postos de combustíveis, motéis, casas noturnas, pontos de fiscalização, entre outros, onde ocorre ou pode ocorrer a exploração sexual. Minas Gerais, o Estado com a maior malha viária do país, ocupa a primeira posição no ranking, com 290 pontos vulneráveis. Na sequência estão Rio Grande do Sul, com 217 pontos identificados, e Mato Grosso do Sul, com 143. Pelo mapeamento, o Amapá não apresenta nenhum
ponto vulnerável e o Sergipe é o Estado com o menor índice. Apenas dois pontos foram identificados na BR-101 que corta a região, nos quilômetros 77 e 150. No ano passado, a abordagem era realizada pelos próprios caminhoneiros que continuam ativos na campanha. Em quatro meses de trabalho, eles orientaram 32 mil pessoas. “Estou muito entusiasmado com a campanha deste ano. Em 2009, o trabalho foi tão bom que resolvi continuar. Fico indignado quando ouço casos de exploração sexual. Sei que não vou resolver tudo sozinho, por isso, o compromisso dos colegas é tão importante”, afirma Claudemir de
Oliveira Diniz, caminhoneiro há cinco anos e voluntário do projeto do Sest Senat. Para este ano, além do material informativo, os ATSs (Agentes de Transformação Social), como são conhecidos, receberam um equipamento de DVD portátil para exibição do filme “Mudança de Rumo”. O curta-metragem foi produzido em 2009 pelo Sest Senat para chamar a atenção dos caminhoneiros para o problema da exploração sexual contra crianças e adolescentes. O filme conta a história de Ademar – vivido pelo ator Murilo Grossi –, um caminhoneiro sem família que mantém relações sexuais
com adolescentes, mas acaba mudando sua postura depois de viver uma situação, de certa forma, constrangedora. Rodado em Luziânia (GO), o curta tem duração de dez minutos e direção de Santiago Dellape. O filme já foi exibido para mais de 160 mil pessoas que participaram dos cursos de capacitação oferecidos pelas unidades do Sest Senat, de setembro do ano passado a julho deste ano. Logo após a apresentação do vídeo, alunos e instrutores debatem o assunto. O tema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes ganhou destaque em 1990 com a criação do Eca (Estatuto da Criança e do
MAPA DA EXPLORAÇÃO LOCAL Região Norte Amapá Amazonas Pará Rondônia/Acre Roraima Tocantins
PONTOS VULNERÁVEIS* 227 0 8 131 20 10 28
Região Nordeste Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe
405 6 37 72 52 50 26 25 135 2
Região Centro-Oeste Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul
310 39 64 64 143
Região Sudeste Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo
476 32 290 56 98
Região Sul Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul
401 106 78 217
TOTAL
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
1.819
* Incluem postos de combustíveis, boates, restaurantes, bares, motéis, postos fiscais entre outros Fonte: Polícia Rodoviária Federal
TREINAMENTO Sest Senat capacita parceiros da campanha
Adolescente). Porém, foi só a partir de 2000, com a inclusão do artigo 244-A no documento, que a prática da exploração sexual infanto-juvenil passou a ser considerada crime, com pena de quatro a dez anos de reclusão e multa. Pelo artigo, também “incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
criança ou adolescente às práticas referidas”. Para ampliar o conhecimento sobre o tema, o Sest Senat também desenvolveu um curso online com os principais conceitos sobre o tema. O conteúdo já foi acessado por 16.194 pessoas. A inscrição gratuita pode ser feita pelo endereço eletrônico do programa (www.sestsenat.org.br/esca) ou nas unidades. O curso tem
duração de 12 horas. E os trabalhos não param por aí. Até o final deste ano devem ser publicados os resultados de uma pesquisa realizada com os caminhoneiros para identificar as melhores formas de abordagem. “Queremos com isso aprimorar nosso trabalho e fazer com que ele cumpra o seu objetivo”, afirma Cláudia. Também já está sendo produzi-
da uma publicação com todos os resultados positivos de seis anos de atuação do Sest Senat na campanha de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes. O material vai trazer dados e imagens de todas as ações já desenvolvidas pelo programa. Como projeto futuro, o Sest Senat ainda planeja trabalhar com os taxistas para ampliar ainda mais a atuação da campanha. l
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IDET
Cresce o transporte de passageiros Mês dedicado às férias escolares apresenta preferências dos brasileiros por viagens mais longas
N
neste mês de julho. É interessante observar, no entanto, que no longo prazo o setor apresenta um comportamento crescente. No acumulado dos últimos 12 meses, houve um crescimento de 1,6% em relação ao intervalo de 12 meses anterior. Apesar de ser um mês de baixa, devido às férias escolares, a movimentação por transporte coletivo urbano no mês de julho teve um aumento de 1,5% em relação ao mês anterior. Com isto, a movimentação no mês foi 1,8% e 0,7% maior que o mesmo mês para os anos de 2009 e 2008, respectivamente. Mantendo seu comportamento sazonal, o transporte rodoviário intermunicipal cresceu 4,7% entre junho e julho de 2010. Comparando o bimestre junho-julho de 2010 com o mesmo período em 2009 e 2008, observa-se que o setor tem movimentado mais passa-
geiros, com totais 11,3% e 15,6% maiores, respectivamente. Depois de um período de cinco meses estável, o transporte rodoviário interestadual de passageiros cresceu 19,3% no total de passageiros movimentados. Observando a taxa de crescimento entre junho e julho de anos anteriores, 17,6% em 2009 e 20,4% em 2008, confirmase que há uma preferência pelas viagens de longa distância nesta época. O transporte ferroviário de carga apresentou estabilidade entre maio e junho do corrente, aumentando apenas 0,2% no total movimentado. Deste modo, não voltou a ultrapassar o total movimentado em 2008, ficando 0,6% abaixo do volume movimentado naquele ano. Apesar disso, as taxas de crescimento negativas do começo do ano foram revertidas e desde março o setor cresce em
movimentação. Mantendo-se estável, no mês de junho caiu 0,3% o volume transportado pelo aquaviário de cargas. Apesar disso, o setor encontrase em plena atividade, movimentando 50,1% e 31,4% toneladas a mais que os respectivos meses de 2009 e 2008. Com a divulgação dos dados do setor aéreo em junho, podese observar que o total de passageiros transportados cresceu 17,3% em relação de junho para julho, impulsionado pelo mês de férias escolares. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transporte no Brasil. l
8
o modal rodoviário de cargas observou-se elevação de 1,5% no total transportado no mês de julho. O bimestre de junho e julho deste ano foi 6,5% e 3,7% maior que os respectivos bimestres de 2009 e 2008. O total transportado nestes sete meses já supera o total transportado no mesmo período do ano passado em 4,9%. Em julho, o transporte rodoviário de cargas industriais por terceiros aumentou 3,2% no volume movimentado. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o modal transportou 7,4% a mais de carga. A recuperação do crescimento do setor sugere uma retomada no padrão de comportamento sazonal para os próximos meses. O transporte rodoviário de cargas agrícolas e de outras cargas continua estável, caindo apenas 0,1% em movimentação
Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br
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ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Rodoviário de Cargas Industriais por Terceiros
Transporte Rodoviário de Cargas - Total
55
105 Milhões de toneladas
Milhões de Toneladas
110
100 95 90
50
45
85 40
80 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
2008
out
nov
2009
jan
dez
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
2008
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Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros
out
nov
2009
dez 2010
Transporte Rodoviário Intermunicipal de Passageiros
8
63
Milhões de Passageiros
Milhões de Passageiros
60 7
6
57 54 51 48
5
45 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set 2008
out
nov
2009
jan
dez
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set 2008
2010
out
nov
2009
dez 2010
Transporte Aquaviário de Cargas
Transporte Ferroviário de Cargas 50
75
45
65 Milhões de Toneladas
Milhões de Toneladas
fev
40 35 30
55 45 35
25
25
20 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
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set
out
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nov
dez
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jan
fev
mar
abr
mai
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jul
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set
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out
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nov
dez
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Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
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FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM* Total Nacional* Total Concedida* Concessionárias Malhas concedidas
29.817 28.314 11 12
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
NÃO PAVIMENTADA
61.920 17.197 111.375 27.342 217.834
TOTAL
13.775 75.695 6.224 23.421 111.474 222.849 1.236.128 1.263.470 1.367.601 1.585.435
Malha rodoviária concessionada Adminstrada por concessionárias privadas* Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADES Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
15.809 14.745 1.064
2.016.493 363.717 674.451 584.083 13.907 40.000 25.120 105.000
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
9.863 1.674 7.304 9.473 28.314
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
87.150 2.624 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.273 2.611
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
33 33 2.498
AERONAVES - UNIDADES A jato Turbo Hélice Pistão Total
820 1.700 9.354 11.874
173
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM Companhia Vale do Rio Doce/FCA MRS Logística S.A. ALL do Brasil S.A. Outras Total
42 40
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
141
44.000 29.000 13.000 1.148
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
SETEMBRO 2010
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES* Investimentos da União por Modal acumulados no ano até julho/2010 (R$ 2.309,0 milhões) - Liquidados (em milhões)
R$ bilhões
Orçamento de Investimentos Ministério dos Transportes (Julho/2010)
20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0
16,4 R$ 1.790,6 (77,6%)
R$ 433,2 (18,8%)
R$ 63,8 (2,8%)
6,0 R$ 21,3 (0,9%)
2,3 Rodoviário
Aquaviário
Ferroviário
Outros
Autorizado Total pago Investimento liquidado Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JULHO/2010 CIDE
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês Julho/2010 Arrecadação no ano (2010) Investimentos em transportes pagos (2010) CIDE não utilizada em transportes (2010) Total Acumulado CIDE (desde 2002)
682 4.312,0 1.813,6 2.498,4 60.923,0
Valores Pagos (CIDE) Não Utilizado
70 60 50 40 30 20 10 0 2 200
PIB (% cresc a.a.) -0,2 Selic (% a.a.) 8,75 IPCA (%) 4,31 Balança Comercial(4) 25,3 Reservas 239,64(5) Internacionais Câmbio (R$/US$) 1,74
acumulado em 2010 8,95(1)
últimos 12 meses
Expectativa para 2010
10,83(1)
7,12 11,00 5,19 15,00
(2)
10,25 3,10(3) 9,24(4)
4,60(3) 17,7(4)
259,73(5)
1,80(6)
1,83
Observações: 1 - Taxa de Crescimento do PIB para o 1º Trimestre 2010 e acumulada em 12 meses até Agosto/2010
60,9
2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 21/07/2010 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até Agosto/2010 4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até Agosto/2010 5 - Posição dezembro/2009 e Agosto/2010 em US$ Bilhões
24,9
6 - Câmbio de fim de período Agosto/2010, média entre compra e venda.
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados ( julho/2010), IBGE e
3 200
4 200
Arrecadação Acumulada
5 200
6 200
7 200
8 200
9 200
0 201
Focus - Relatório de Mercado (02/07/10), Banco Central do Brasil.
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
8
R$ bilhões
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
2009
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 280 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA BRASIL - 2008)
76
CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2010
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 136,15 114,62 47,78 48,45 25,43 1.574,56
SETOR
Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
PARTICIPAÇÃO
(%) 76,30 8,60 7,30 3,12 3,10 1,60 100
NÚMEROS DE AFERIÇÕES EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
2007 A 2009
2010 ATÉ JUNHO
228.866
TOTAL
78.925
12.720
320.511
Aprovação no período 85,63% 89,28%
87,55%
86,61%
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
(%) 90,46 5,65 3,88 100
PARTICIPAÇÃO
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos
Japão EUA Europa
Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total
m3 32,71 0,69 0,48 33,88
MODAL
MILHÕES DE
Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total
500 ppm de S
PARTICIPAÇÃO
1.800 ppm de S
2006
2007
2008
2009
Diesel 39,01 Gasolina 24,01 Álcool 6,19
41,56 24,32 9,37
44,76 25,17 13,29
44,29 25,40 16,47
TIPO
(substituição de 11% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
2010 (ATÉ JUNHO) 23,35 14,55 6,64
* Em partes por milhão de S - ppm de S
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - JULHO 2010 6,o%
(%) 96,6 2 1,4 100
CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)
(grandes centros urbanos)
Corante 3,0% Aspecto 37,3%
(%) 44 39 10 7 100
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
50 ppm de S
Diesel interior
PARTICIPAÇÃO
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano
CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30
VEÍCULO
21 69 5.349 6.106
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*
Brasil
CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
MODAL
JULHO
3,0%
25,0%
8
37,3%
Pt. Fulgor 21,6% Enxofre 7,1%
7,1%
Teor de Biodiesel 25,0% Outros 6,0%
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
21,6%
Trimestre Anterior
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - JULHO 2010
Trimestre Atual
13,1
21 14,4
18
5,8
3,6
Brasil
1,3
SE
TO
2,2
SC
3,4
2,8
RS
1,0
RO
RR 0
1,2
RN
1,4
PR
RJ
1,1
PI
1,4
PB
3,3
3,6
PA
PE
4,6 1,5
MS
MG
MA
MT
5,9
2,9
GO
1,0
3,8 0
DF
ES
2,3
CE
AP
AM
0
1,2
4,4
AL
3 0
BA
4,7
9 6
SP
12
AC
% NC
15
“Para uma cidade ter boa mobilidade, deve haver integração completa entre os sistemas (trens, ônibus, metrôs, bicicletas, carros e pedestres” DEBATE
O que precisa ser feito para transformar o Brasil em modelo
Sistema eficiente requer um bom planejamento LILIAN DE OLIVEIRA
om o fim da Copa do Mundo Fifa-2010, a atenção fica com a próxima sede: o Brasil. Além da Copa-2014, teremos as Olimpíadas-2016 e isso traz grande responsabilidade para que o país não seja malvisto futuramente, pelo contrário, que seja respeitado, trazendo novas parcerias e podendo ser considerado modelo em inúmeros setores. Isso não é diferente com a mobilidade urbana. No entanto, se queremos ser referência em mobilidade, devemos nos perguntar o que, de fato, é ser considerado modelo. Para uma cidade ter boa mobilidade, deve haver integração completa e facilitada entre vários sistemas (trens, ônibus, metrôs, bicicletas, automóveis, pedestres e, quando possível, transporte pelas águas e aéreo). O desenvolvimento de um sistema complexo e eficiente desse tipo requer um bom planejamento e um bom projeto. Para a conclusão dos mesmos, levaríamos, no mínimo, um ano para elaborar concursos públicos que tragam novas ideias para trechos complexos, para ter algo inovador para o
C
LILIAN DE OLIVEIRA Arquiteta e urbanista, escreve o blog Arquibancada para o site www.copa2014.org.br
mundo, mas tendo como base estudos já realizados. Posteriormente viriam as obras. Todo o processo deve envolver profissionais qualificados, mesmo que de fora do país – para tentar executar tudo nos próximos quatro anos. Independente do porte da cidade-sede, pode ser considerado igual o nível evolutivo do transporte no Brasil. Enquanto em umas cidades o transporte ainda está num estágio primário, em outras o desenvolvimento foi tão rápido que hoje é caótica a situação. Além de deixar clara a definição de ‘modelo’, é preciso desenvolver um transporte nacional, ao mesmo tempo em que é resolvido o problema em cada cidade. No caso do Brasil, esse sistema é completamente debilitado, já que depende somente de rodovias e do sistema aéreo. O Brasil é um país que herdou e se espelhou no sistema norte-americano de transporte, onde predomina o rodoviarismo – o mais caro, menos saudável e menos eficiente dos sistemas. Seria essa a chance do Brasil, finalmente, colocar em prática um plano
ferroviário. No entanto, é utópico dizer que essa seria uma atitude que ficaria pronta para o evento esportivo de 2014 e, até mesmo, de 2016. De qualquer forma, grande parte da preocupação que o governo deve ter é, desde já, incentivar o uso racional do automóvel com conscientizações. Ao mesmo tempo deve ser melhorado e facilitado o transporte público e dificultado o uso do automóvel até o ponto em que o uso coletivo estiver realmente inserido no cotidiano brasileiro. Já que o plano nacional é impossível de ser concretizado em quatro anos – já que não temos nada em transportes como trens de alta e/ou baixa velocidade – o ideal de um país evoluído nesse âmbito vai por água abaixo. Por isso, é extremamente importante que possamos encarar que, se não há tempo para ser um país modelo, que tenhamos, então, modelos regionais, estaduais e/ou municipais. Em qualquer escala, um sucesso em mobilidade pode ser referência mundial. Portanto, podemos dizer que temos tempo hábil – basta dedicação e investimento.
“Até 2014, dificilmente o Brasil se tornará um modelo de mobilidade urbana, mas é preciso dotar as sedes de sistemas BRT bem planejados”
de mobilidade urbana até a Copa-2014?
Rara oportunidade para atualizar a infraestrutura WAGNER COLOMBINI
assada a Copa do Mundo da África do Sul, sua população reconhece que as melhorias no sistema de transporte são o principal legado deixado no país por esse que é o maior evento do futebol mundial. Com menos de quatro anos para a Copa-2014 e menos de três anos para o início da Copa das Confederações, o Brasil tem uma rara oportunidade para atualizar a infraestrutura de mobilidade urbana nacional, que há décadas deixa a desejar nas maiores cidades brasileiras. Embora a experiência mundial mostre que é possível realizar grandes obras em prazos curtos, no Brasil será um desafio dotar cada uma das cidades-sede da Copa de uma infraestrutura mínima necessária à mobilidade urbana para o bom andamento dos jogos da Copa. Com um montante de recursos de R$ 11,48 bilhões do PAC distribuídos entre 47 projetos do PAC da Mobilidade Urbana, assinado em janeiro de 2010, o Ministério das Cidades priorizou obras de transporte público que pudessem ser concluídas antes da Copa. Projetos finalizados e licenças ambientais liberadas são pré-
P
requisitos para ter acesso aos recursos, mas o desafio vai além. Já se falou que, para ter resultados melhores que os obtidos nos preparativos para o PanAmericano do Rio, em 2007, a primeira contratação para as obras de infraestrutura da Copa deveria ser uma boa empresa de auditoria que acompanhasse os trabalhos desde o início na preparação dos editais de concorrência. Outro aspecto importante para cumprir os prazos é a complexidade construtiva da obra. Linhas de metrô tomam mais tempo que os sistemas BRT (Ônibus de Trânsito Rápido, da sigla em inglês), que operam em corredores expressos de ônibus articulados em pistas exclusivas. Por isso, há dezenas de BRTs previstos, enquanto são propostas poucas extensões ou novas linhas de metrô ou de sistemas de veículos leves sobre trilhos, os VLTs. Além da maior rapidez na implantação, os BRTs são aproximadamente 20 vezes mais baratos que os sistemas metroviários e custam perto de dez vezes menos que os VLTs. Podendo ser construídos em avenidas com caixa viária de 30 metros de largura, esses sistemas – que são
uma invenção brasileira hoje presente em muitas metrópoles espalhadas pelo mundo – dependem de arranjos institucionais que dividem as responsabilidades em sua construção e operação entre o poder público e a iniciativa privada para se tornarem economicamente viáveis. E como a Copa-2014 une esforços de forma exemplar, tais arranjos não terão grandes dificuldades. Na urgência em que serão implantadas as melhorias na mobilidade urbana para a Copa, é preocupante a questão da qualidade. É esse o calcanhar de Aquiles dos sistemas BRT. Eles são uma ótima solução em termos de custo, capacidade de transporte e rapidez na implantação, mas sua qualidade tem uma grande dependência dos cuidados técnicos no planejamento, projeto, em sua implantação e operação. Até 2014, dificilmente o Brasil se tornará um modelo em termos de mobilidade urbana, mas é preciso aproveitar a oportunidade para dotar as 12 sedes da Copa de sistemas BRT bem planejados e com todos os detalhes técnicos necessários para que permaneçam como um exemplo a ser reproduzido no restante do país.
WAGNER COLOMBINI Presidente da Logit Consultoria. Foi responsável pela implantação do sistema BRT em cidades da África do Sul para a Copa-2010
CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2010
81
“É de se louvar os esforços do governo atual, que tem colocado os investimentos em infraestrutura em destaque em sua gestão”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
A contribuição do transporte
A
,pesar das conhecidas limitações da infraestrutura de transporte em nosso país, os transportadores nunca deixaram de acreditar na capacidade de superação dos brasileiros e estiveram sempre prontos para contribuir com sugestões, projetos e ações. Os resultados econômicos e sociais alcançados nos últimos anos tiveram nossa contribuição, fato que muito nos orgulha e coloca o setor em situação de destaque neste momento de consolidação da retomada da atividade produtiva. Além da política econômica bem-sucedida adotada pelo atual governo, o mérito deve ser dado também à competência e à criatividade dos profissionais transportadores, cujas vocações e determinações desconhecem o impossível para realizar a missão de conduzir as riquezas da nação. Contudo, poderíamos fazer mais e melhor. Um transporte forte e ativo, altamente especializado, que utilize novos conhecimentos, modernas tecnologias, fonte perene de soluções que contribuam sensivelmente para a sustentabilidade da economia, somente pode ser realizado em sua plenitude onde há disponibilidade de infraestrutura, como nos países mais desenvolvidos. A carência em nosso país de uma melhor infraestrutura que assegure melhores condições para o transporte da produção industrial e agrícola tornou-se crônica nos governos passados, com décadas sem investimentos. A situação, com a precariedade da infraestrutura e
as pesadas cargas tributárias, elevou o chamado custo Brasil, afetando sobremaneira o crescimento do país. Nesse contexto, é de se louvar os esforços do governo atual, que tem tido a sensibilidade de colocar os investimentos em infraestrutura em destaque em sua gestão. No segundo governo do presidente Lula, até agosto de 2010, foram investidos R$ 27,7 bilhões em infraestrutura de transporte, enquanto no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso os investimentos ficaram em R$ 4 bilhões. Hoje, com a retomada dos investimentos em infraestrutura de transporte, a economia mostra sinais de crescimento forte e sustentável. A atividade transportadora está correspondendo com uma atuação de qualidade na proporção da necessidade. O setor já contrata mais de 3 milhões de trabalhadores e movimenta 15% do PIB nacional. A atividade transportadora atua no limite da oferta de infraestrutura. No momento atual, a sustentabilidade do crescimento esbarra nos limites da disponibilidade de terminais aeroportuários, de carga e passageiro, da qualidade das rodovias e na capacidade dos portos. Os eventos esportivos que se programam para 2014 (Copa do Mundo de futebol) e 2016 (Olimpíada) deixarão uma herança bendita que podem efetivamente tornar o Brasil mais competitivo frente aos demais países. Não há dúvida, o Brasil pode crescer muito com a melhora do transporte de cargas e de passageiros. Os transportadores estão prontos para ampliar sua contribuição, mas o momento é agora.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa VICE-PRESIDENTES DA CNT
SETEMBRO 2010
Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Abrão Abdo Izacc Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br
TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira
MATÉRIA DE CAPA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
Gostaria de parabenizar a jornalista Livia Cerezoli pela matéria da edição de agosto da revista, que trata das perdas no transporte. Ela conseguiu captar a idéia do material que lhe enviei e enriqueceu-o com os dados adicionais. Pedro Antonio Semprebom Londrina/PR
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay Hernani Goulart Fortuna TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez
Paulo Sergio de Mello Cotta
DIRETORIA
Ronaldo Mattos de Oliveira Lima
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
José Eduardo Lopes
João Victor Recife/PE LIVROS Gostei dos livros indicados no Mais Transporte da revista de agosto.
FERROVIAS Gostei da matéria "Nova viagem, velho caminho" da edição de agosto. Com certeza a viagem até Paranapiacaba vai proporcionar bons momentos. Mas é uma pena que vários fatores contribuíram para que o cronograma das obras fosse interrompido. O retorno do trem a Paranapiacaba será um presente para todos os brasileiros.
Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes
volume de resíduo que deixa em cada viagem. Meio quilo de resíduos por passageiro é uma quantidade enorme e que deve ser evitada. Fiquei impressionado com os dados publicados na matéria.
Marcelo Teixeira São Paulo/SP
Saulo Pedras Contagem/MG RETIFICAÇÃO Na matéria "Solução à Vista", publicada na edição 178, as opiniões emitidas por Regina Cecere Vianna, doutora e professora em Direito Internacional e Direito do Mar da Furg-RS, são divididas com Rodrigo Souza Corradi, Mestre em Relações Internacionais, autores do artigo Água de Lastro: Problema Ambiental de Direito.
Marcelino José Lobato Nascimento
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker Pedro Henrique Garcia de Jesus Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva
RESÍDUOS CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
A revista CNT Transporte Atual está de parabéns pela reportagem "Destinação correta". O passageiro realmente não pensa no
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes