EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CNT
ANO XVI NÚMERO 187 MARÇO 2011
T R A N S P O R T E
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Mulheres no transporte Empresas de todos os modais empregam cada vez mais funcionários do sexo feminino
Solange Emmendorfer, motorista carreteira
LEIA ENTREVISTA COM O PROFESSOR JACQUES MARCOVITCH
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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REPORTAGEM DE CAPA
TRANSPORTE ATUAL
As mulheres conquistam cada vez mais espaço no setor de transporte, em funções operacionais ou gerenciais; no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a CNT Transporte Atual mostra exemplos em todo país Página 22
ANO XVI | NÚMERO 187 | MARÇO 2011
EMISSÕES VEICULARES
ENTREVISTA
Jacques Marcovitch Índice de poluição aborda pioneiros e deve ser exposto empreendedores em documento PÁGINA
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TRANSPORTE URBANO • Projetos de lei CAPA MARCELO MIROTTI/BRASPRESS/DIVULGAÇÃO
apresentados no Senado neste ano têm como objetivo melhorar o transporte nas cidades brasileiras PÁGINA
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
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Campanha alerta caminhoneiros para segurança
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atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares
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EDUCAÇÃO
Faculdade tem cursos na área de transporte
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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TAXISTA NOTA 10 • Escola do Transporte, CNT, Sest Senat e Sebrae assinam convênio para desenvolver projeto que vai qualificar 80 mil profissionais para a Copa de 2014 PÁGINA
BONS RESULTADOS
INDÚSTRIA NAVAL
Setor ferroviário faz balanço de 2010 e propõe metas
Oportunidade de trabalho para todos os níveis
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AMEAÇA NO CÉU
Seções Alexandre Garcia Humor Mais Transporte Despoluir Logística reversa Sest Senat Boletins Debate Opinião Cartas
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Aves próximas a aeroportos interferem na segurança aérea PÁGINA
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COPA DE FUTEBOL SOCIETY Entre abril e agosto, 55 unidades em todo país participarão da competição. Cerca de 5.000 atletas devem disputar mais de 400 partidas do campeonato.
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“Em um hotel em Berlim, meu amigo entendeu que cultura de civilidade, trazida de casa, é que torna a vida mais segura” ALEXANDRE GARCIA
A Copa e o trânsito rasília (Alô) – Na edição passada mostrei nossas contradições de país do futebol que só fala em investimentos em função da Copa de 2014 e esquece os seus nativos. Engraçado que em 1950 sediamos uma Copa do Mundo e deu tudo certo (menos a derrota para o Uruguai) e não houve a mobilização que vemos hoje. Tínhamos menos estádios, e mais acanhados, menos estradas, algumas ferrovias e pouco transporte aéreo. As cidades que receberam os jogos – Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo – deram conta do trânsito e do fluxo para os estádios. O Maracanã lotado naquele tempo significava 200 mil torcedores e só teve problema no jogo final, quando ficou inundado de lágrimas causadas por Ghiggia, e teve meia hora de paralisia antes de começar a esvaziar-se. Hoje temos que torcer para que as lágrimas não venham do céu, porque ruas inundadas vão impedir o acesso aos estádios. Que, aliás, estão com obras devagar, quase parando, em geral. Além do que as autoridades da Fifa estão temerosas, sim, com a bagunça que é nosso trânsito urbano. Claro que não estão sequer nos comparando com a Alemanha, que sediou a penúltima Copa, mas com a África do Sul, onde tudo acabou bem para sul-africanos, organizadores, e para os espanhóis, vencedores.
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Mas será que a Fifa saiu dos mapas e relatórios e avaliou os motoristas brasileiros? Por exemplo, aquele senhor pacato, chefe de família, trabalhador, que quando senta diante do volante vira lobisomem e sai a atropelar bicicletas, como aconteceu em Porto Alegre? Será que a Fifa sabe que nossas estradas não são autobahnen, mas nossos motoristas apertam no acelerador como se estivessem na Alemanha? Será que a Fifa sabe que nossas estradas são feitas com uma camadinha de asfalto que logo se esburaca e se derrete com a chuva e nada têm a ver com as duradouras pistas de concreto da África do Sul? Estamos perdendo esse jogo. Um sinal do despreparo dos motoristas em geral é que não sabem sequer para que servem as luzes do veículo que dirigem. Nossa cultura de desdém à lei é coisa de incivilizado – temos que reconhecer isso. E é burrice desprezarmos a lei, porque a opção é morrer ou viver em perigo. Depois da Copa da Alemanha, um amigo me contou, surpreso, que olhara pela janela do hotel às três da manhã para a avenida deserta em Berlim e vira um adolescente com mochila nas costas, esperando o sinal abrir para ele. Não vinha carro algum. Meu amigo entendeu o que é cultura de civilidade, trazida de casa, que torna a vida mais fácil e mais segura.
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"O empreendedorismo, que de um lado eleva para uma vida signi exige suor e lágrimas, recuos momentâneos, renúncias e expo
ENTREVISTA
JACQUES MARCOVITCH
Realização de POR
enacidade. Essa deve ser a característica principal de um empreendedor, segundo Jacques Marcovitch, autor da trilogia “Pioneiros e Empreendedores: A Saga do Desenvolvimento no Brasil” (Edusp/Saraiva 2003, 2005 e 2007). A obra reúne as estratégias de desenvolvimento utilizadas por 24 empresários que atuaram no Brasil nos dois últimos séculos. Segundo Marcovitch, os empreendedores estudados alcançaram um ideal de emancipação, enfrentaram adversidades para a realização de sonhos. O conteúdo dos livros foi transformado em uma exposição de mesmo nome, apresentada no segundo semestre de 2010, no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, e que nos próximos meses deve seguir para a região Nordeste em local ainda a
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LIVIA CEREZOLI
ser definido. Por enquanto, é possível fazer um tour virtual pelo www.pioneiroseempreendedores.com.br. Professor da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) e do IRI (Instituto de Relações Internacionais) da USP (Universidade de São Paulo), da qual foi reitor por quatro anos (1997-2001), Marcovitch também escreveu, entre outras obras, “Para Mudar o Futuro” (Edusp/Saraiva, 2006) e “A Gestão da Amazônia” (Edusp, 2011). Nesta entrevista para a revista CNT Transporte Atual, ele revela as estratégias para seguir o caminho do empreendedorismo no Brasil. Confira os principais trechos. Qual foi a motivação do senhor para perfilar esses empreendedores brasileiros? A pedra de toque foi um ensaio de Antonio Candido sobre
livros fundamentais para a compreensão do Brasil. Esse ensaio reforçou a motivação latente desde o princípio de minhas atividades docentes de investigar o pioneirismo empresarial no seu contexto histórico de forma simultaneamente analítica e biográfica. Foi então estruturado um projeto que culminou com a publicação da trilogia. Sempre observei que na academia e fora dela, a bibliografia sobre o pioneirismo empresarial exigia um levantamento mais amplo sobre os protagonistas que promoveram rupturas significativas no cenário econômico e tecnológico do Brasil. Há livros de grande importância conceitual sobre o tema e outros, igualmente meritórios, focando apenas um personagem. A minha intenção foi a de desenhar um projeto mais abrangente sobre as estratégias, as rupturas e suas consequências.
Quais as características dos pioneiros empreendedores reunidos nos livros e apresentados na exposição? Os pioneiros empreendedores estudados alcançaram um ideal de emancipação, enfrentaram adversidades, realizaram sonhos. Conquistaram, por assim dizer, uma segunda vida, não por serem hoje nomes de ruas, avenidas, praças e viadutos, mas porque prolongaram sua existência como fontes de aprendizagem e inspiração. Eles confirmam que o enfrentamento de adversidades forja a perseverança. Competência visionária, sensibilidade estratégica, atitude positiva diante dos desafios, clareza de pensamento, boa capacidade de comunicação, valorização das experiências vividas, multiplicidade de engajamentos e laços familiares fortes – eis alguns dos traços comuns encontrados nesses personagens.
ARQUIVO PESSOAL
ficativa, do outro sição aos riscos”
sonhos Existe uma regra para ser empreendedor? Em síntese, não há regra para o empreendedorismo, mas recomendações que variam de acordo com o contexto e as circunstâncias históricas. Ninguém pode esperar que as facilidades cheguem na mesma hora que surge aquela boa ideia para um negócio. Até porque, muitos dos pioneiros estão à frente do seu tempo. O empreendedorismo, que de um lado eleva para uma vida significativa, do outro exige suor e lágrimas, recuos momentâneos, renúncias e exposição aos riscos. Para usar uma só palavra, tenacidade. Os pioneiros e empreendedores estudados revelaram, durante a ascensão empresarial, uma grande abertura de espírito. Foram expostos desde jovens a adversidades e choques culturais. Os contratempos decorriam muitas vezes de fases turbulentas
que marcaram sua infância ou adolescência, em momentos de tensões históricas, quando não de dificuldades e até de penúria na vida pessoal. Alguns, na condição de imigrantes e longe de suas culturas de origem, enfrentaram a barreira de outros hábitos, valores e regras sociais. Desenvolveram, em consequência, uma sensibilidade aguçada e capacidade incomum para a absorção de novas informações. Suas mentes são radares que captam, em frequência permanente, conteúdos que vêm de todos os lados. Eles guardam os conhecimentos adquiridos nos alvéolos de um favo interior, para utilizálos no momento apropriado na estruturação de prioridades ou nos embates de cada negócio. Nestes, eles revelam uma paixão redobrada e engajam-se emocionalmente na defesa de suas ideias.
Com o avanço da tecnologia, é mais fácil ser empreendedor atualmente? Que tipo de legado os pioneiros deixaram para a geração atual? O empreendedor atual não passa um dia sem ouvir novos desafios da modernidade. Se ainda vale muito a intuição que guiou os pioneiros, agora, o empreendedorismo é algo que também se aprende na escola e obedece a parâmetros exteriores. Entre estes, as novas rupturas tecnológicas, o fragor da competitividade e o eterno fluxo e refluxo das crises. Não eram fáceis os caminhos para os antigos empresários do Brasil. Em sentido estri-
to, ruas de terra ou pedregosas, mares temíveis, epidemias terríveis, pragas devastadoras, estradas de poeira, cavalos, bondes puxados a burro, trens ronceiros, navios à vela, raros aviões. Em outro sentido, tinham eles de vencer as trilhas tortuosas da política, o crédito escasso e o quase inalcançável apoio aos seus esforços. Hoje, apesar dos obstáculos naturais em todos os projetos de vida, novos empreendedores têm maior facilidade em sua corrida para o êxito, desde viagens mais rápidas até o acesso mais ágil ao conhecimento, à tecnologia e ao financiamento. O legado dos pioneiros está nos elementos biográ-
ficos recolhidos na pesquisa. Estes revelam o que cada um deles demonstrou, em suas “guerras” particulares: flexibilidade para mudar de estratégia, extraordinária disposição para o trabalho, engajamento em variadas iniciativas, presença marcante em projetos sociais ou de cunho filantrópico e uma singular habilidade para tratar e conviver com a incerteza. Como o senhor avalia a postura assumida pelos atuais empresários brasileiros? A gestão de negócios em todo o mundo, e também no Brasil, dispõe hoje de múltiplas formas de aperfeiçoamento, a começar pela formação de quadros nas universidades. Em nosso país, no setor de alimentos, nos transportes, na construção civil, prosperam empresários com larga visão de futuro e outros presos em demasia ao cumprimento de rotinas. Os empresários brasileiros que lideram com suas iniciativas a conquista de novas fronteiras e a globalização detêm o mesmo olhar projetado para o futuro que tiveram os pioneiros estudados. É importante sublinhar que, igualmente nos tempos dos pioneiros retratados, tivemos homens de negócios que careciam de competência. Neste ponto, como aliás em quase tudo, não se deve jamais fazer exercícios de nostalgia.
Existe incentivo no país para o empreendedorismo? Sim. Tomemos como referência o caso das incubadoras de empresas, que vêm crescendo a uma taxa de 30% ao ano. Dispomos no Brasil de dezenas de parques tecnológicos em operação ou em fase de projetos. O Sebrae também realiza um bom trabalho voltado para o segmento dos empreendimentos médios, pequenos e micros. Entretanto, a ciência no Brasil avançou mais que a inovação tecnológica e falta na grande maioria das empresas a cultura de inovação promotora da competitividade. De que maneira a alta carga tributária e o excesso de burocracia existentes no país desestimulam o empreendedorismo? A carga tributária é notoriamente excessiva no Brasil e uma reforma se impõe com o objetivo de simplificar o atual sistema de impostos e aliviar as empresas de encargos abusivos. O governo Dilma manifestou recentemente a bem-vinda intenção de promover administrativamente uma desoneração seletiva de contribuições previdenciárias para alguns setores em maiores dificuldades. É um passo que merece aplausos, mas há muito que caminhar nesse terreno. Sobre a burocracia na máquina pública, é sabido que se trata de um gargalo para a sua efi-
RESPONSABILIDADE Setores como o automotivo estão engaja
“Em nosso país, no setor de alimentos, transportes, na construção civil, prosperam empresários com larga visão de futuro”
ciência. Sua cultura, muitas vezes pautada pelo poder, inibe a lógica de resultados que impregna a cultura empresarial. A remoção desse obstáculo constitui precondição essencial para que as políticas governamentais evoluam em ritmo correspondente às expectativas da sociedade. Para ilustrar com um só exemplo o quanto isso trava o empreendedorismo, basta dizer que a abertura de um novo negócio chegou a demorar 150 dias no Brasil. E a lei agilizadora, hoje em vigor, somente saiu depois de quase um ano de tramitação no Congresso Nacional. Faltam otimismo e ousadia para o brasileiro? Com uma população brasileira que em 11 décadas passou de 17 milhões para 200 milhões de habitantes há muitos motivos para o
MERCEDES BENZ/DIVULGAÇÃO
“O atual empreendedor não passa um dia sem ouvir os novos desafios da modernidade” dos na adoção de tecnologias limpas
otimismo e a ousadia. O perigo, no entanto, mora nos excessos. Não se pode dizer que o brasileiro ou qualquer outro empreendedor do mundo seja, por natureza, pessimista ou tímido. Estamos diante de uma questão que transcende a origem do indivíduo e se torna extremamente variável no complexo universo da condição humana. O senhor foi reitor da USP por quatro anos. Pela sua experiência, acredita que seja possível formar empreendedores? As universidades brasileiras estão preparadas para isso? Na Universidade de São Paulo, escolas profissionalizantes como a Politécnica, a Esalq, a FEA contam entre os seus ex-alunos inúmeros empreendedores de grande projeção. O papel da universidade é mais amplo. Trata-se de formar
agentes de mudanças com sólida formação profissional e do melhor nível possível. A revolução digital exige das universidades brasileiras uma profunda transformação para responder à nova taxonomia do conhecimento humano e às novas demandas da sociedade. Isso inclui, evidentemente, gestores de empresas e futuros homens de negócios. O perfil de empreendedor é forjado dentro de si mesmo enfrentando o labirinto da vida, às vezes com o apoio externo, inclusive da academia. Como unir empreendedorismo e preservação ambiental? Este pode ser o caminho para o desenvolvimento de iniciativas pioneiras? Sim, deve ser, e está sendo. No Brasil, projetos de expansão da capacidade produtiva incor-
poraram inovações tecnológicas que contribuem significativamente para a redução de gases de efeito estufa. O acesso a financiamentos de longo prazo, combinados a recursos previstos no MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), favorece a consolidação de competências institucionais e humanas, podendo tornar o país competitivo na geração e transferência de tecnologias limpas. Há uma nova geração de empresas que promove o desenvolvimento sustentável. Alguns setores têm revelado pioneirismo e competência empreendedora, como o automotivo, alcooleiro, minerador, siderúrgico e de saneamento, este com referência aos aterros sanitários. Em todas as áreas engajadas na adoção de tecnologias limpas, além dos incentivos à pesquisa e desenvolvimento, é necessário o acesso a financiamentos de médio e longo prazo, cujo retorno esteja compatível com a maturação dos projetos. Na trilogia estão empreendedores das regiões Sudeste, Sul, Norte e Nordeste. Qual o critério utilizado para essa divisão? Quais as principais diferenças entre os empreendedores de cada região? O critério geral foi investigar em profundidade os cenários econômicos, políticos e demográficos
existentes no Brasil a partir do século 19 e identificar 24 protagonistas que se distinguiram em seus negócios, passando à história como atores da saga do desenvolvimento em nosso país. Não tivemos a preocupação de esgotar o elenco, até porque, três livros não bastariam para todos os pioneiros avaliados. Um processo de escolha foi buscar, preliminarmente, a representatividade regional. Por que a região CentroOeste não é citada? O Centro-Oeste não entrou porque, em todo o século 19 e durante mais da metade do século 20, a sua performance nos campos da indústria e do comércio ficaram em segundo plano em face da atividade pecuária. Somente agora, no século 21, há sinais de uma bemvinda diversificação dos negócios naquela área do Brasil. É possível identificar uma região, Estado ou cidade no Brasil propícios ao empreendedorismo? O empreendedorismo pode florescer em qualquer região do país. O talento para isso não se limita por fronteiras geográficas. Alguns Estados, mais do que outros, oferecem condições de maior apoio tecnológico e creditício, mas esse é um processo em constante mutação na permanente construção do Brasil. l
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Espionagem no ar
MAIS TRANSPORTE Intermodal 2011 A Intermodal South America 2011 será realizada entre os dias 5 e 7 de abril, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Considerado um dos eventos de negócios de maior destaque do setor de logística, transporte de carga e de comércio internacional das Américas, a 17ª edição traz aos participantes cases internacionais e terá cobertura em tempo real para as mídias
sociais. O evento tem participação confirmada de 550 empresas expositoras de 18 países, com a expectativa de receber 43 mil profissionais visitantes. A área de exposição foi ampliada e ocupará 35 mil metros quadrados, divididos em cinco pavilhões, além da área externa do Transamerica, que será usada para apresentação de equipamentos.
A AeroViroment, empresa norte-americana que desenvolve equipamentos aeronáuticos para o Pentágono, desenvolveu um protótipo de 16 centímetros, que carrega uma câmera com capacidade de espionar posições inimigas durante conflitos militares. Guiado por controle remoto, o “avião-espião” tem o formato de um beija-flor,
pesa 19 gramas e voa a uma velocidade de até 17 quilômetros por hora. O Nano Hummingbird (Nano Colibri) é movido à bateria e utiliza apenas as asas como meio de propulsão. O protótipo custou, aproximadamente, US$ 4 milhões (em torno de R$ 6,6 milhões) e levou cinco anos para ser desenvolvido. AEROVIRONMENT/DIVULGAÇÃO
Feira Aeroportuária O aeroporto de Congonhas receberá de 26 a 28 de abril a primeira edição da feira Airport Infra Expo 2011. O evento é voltado para a cadeia de produtos e serviços destinados à operação aeroportuária. Em paralelo, haverá o 1º Seminário Internacional de Infraestrutura Aeroportuária da América Latina. A organização afirma que mais
de cem empresas brasileiras e internacionais, de 11 países, ligadas aos segmentos de controle de tráfego aéreo, comunicação, navegação, meteorologia, construção, design, operações, meio ambiente, segurança, tecnologia da informação, entre outros, estarão presentes. A estimativa de público é de 8.000 pessoas durante os três dias.
ESPIONAGEM Avião-espião pesa apenas 19 gramas
Agenda ambiental
New Edge na rede
A Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base) e o Ministério do Meio Ambiente firmaram, em fevereiro, um termo de cooperação técnica com o objetivo de elaborar e implementar uma agenda com assuntos
A Ford criou uma página na rede social Facebook para divulgação do New Edge 2011. Segundo a montadora, mais de 10 mil fãs adicionaram a conta em dois meses. Devido ao sucesso, a Ford criou mais uma novidade. O endereço disponibiliza, desde fevereiro,
importantes para o desenvolvimento da infraestrutura com sustentabilidade ambiental. O acordo foi assinado pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pelo presidente da Abdib, Paulo Godoy.
o aplicativo "Entre Amigos", que mostra as tecnologias inovadoras do veículo de forma divertida e interativa. A página traz ainda outras informações sobre a tecnologia, a segurança e o design do New Ford Edge.
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SUSTENTABILIDADE
Empresas mantêm ações para reduzir impacto ambiental s números preliminares de uma pesquisa realizada pelo Instituto Ilos revelam como as grandes empresas brasileiras estão agindo para reduzir o impacto de seus negócios no meio ambiente. A maioria delas, 72%, já apresenta iniciativas que buscam minimizar os efeitos ambientais das atividades no setor de logística. Foram ouvidas 109 empresas, de 14 áreas de atuação, entre as mil de maior faturamento do país. Entre as ações mais frequentes realizadas pelas empresas para reduzir os impactos ambientais estão a otimização da carga e das rotas – 92% das empresas entrevistadas já realizam esse tipo de ação. A redução do tempo ocioso do caminhão já é uma prática de 89% delas, assim como a renovação de frota, já realizada por 59%. O levantamento também aponta que 52% dos entrevistados já utilizam combustíveis menos poluentes. Na pesquisa do Instituto Ilos, a JSL e a Unilever são citadas como bons exemplos de empresas que adaptaram seus veículos para realizar o transporte de cargas de uma forma mais eficiente. Divisórias internas permitem que um único caminhão transporte, dentro dos padrões legais, vários tipos de produtos. A prática reduziu o número de veículos circulando o que, conse-
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quentemente, proporcionou um menor consumo de combustível e dos índices de emissões provenientes do transporte de cargas. A pesquisa também mostrou que 58% das empresas brasileiras já buscam transportar suas cargas por modais menos poluentes, como ferrovias e hidrovias, mas ainda enfrentam dificuldades para isso. Os principais problemas apresentados ainda são a falta de infraestrutura, a pouca capilaridade, a baixa frequência de saídas e a menor confiabilidade desses modais em relação ao transporte rodoviário. Mesmo assim, existem bons exemplos de substituição do modal, como é o caso da empresa de cosméticos Natura. Para abastecer seu centro de distribuição de Jaboatão dos Guararapes (PE), a empresa substituiu parte de suas viagens de caminhão pela cabotagem. Os resultados finais do estudo seriam apresentados no 2º Fórum Global de Sustentabilidade no Suply Chain, durante o 3º Future.Log, promovido pelo Instituto Ilos, nos dias 11 e 12 abril, no centro de eventos Fecomercio, em São Paulo. Na programação estão palestras com executivos e acadêmicos de organizações internacionais que são referência no setor de logística. (Livia Cerezoli)
INICIATIVAS SUSTENTÁVEIS Ações realizadas pelas empresas (%) Ação Já realizou Pretende realizar Não pretende realizar Otimizar a cubagem dos veículos 92 6 3 Otimizar as rotas 92 6 3 Reduzir tempo ocioso dos caminhões 89 7 5 Contratar transportadora com iniciativas ambientais 67 21 11 Renovar a frota 59 31 0 Adaptar parte mecânica dos caminhões 58 30 12 Estudos para utilização de modais mais eficientes 58 15 27 Utilizar combustível menos poluente 52 27 21 Migrar para caminhões mais aerodinâmicos 43 40 17 Transporte colaborativo com outras empresas 42 40 18 Fonte: Instituto Ilos
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EXEMPLO Caminhão adaptado para o transporte de cargas
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MAIS TRANSPORTE RENAULT/DIVULGAÇÃO
Churchill Autor elucida as várias fases da carreira de Churchill, explicando como o político inglês se converteu em uma voz poderosa diante dos sombrios anos do século 20. De: Paul Johnson, Ed. Nova Fronteira, 140 págs., R$ 34,90
Carro-conceito A Renault lançou em fevereiro o crossover Captur, veículo com dimensões amplas, desenho robusto e motor diesel biturbo de baixa cilindrada. Possui alta performance e baixas emissões de CO2. O teto rígido pode ser retirado, passando de coupê para conversível, ou de veículo urbano para um fora de estrada.
3096 Dias Natascha Kampusch foi sequestrada a caminho da escola em 2 de março de 1998, aos 10 anos, e ficou em um cativeiro durante 3.096 dias. Agora, pela primeira vez, ela fala sobre esse período. De: Natascha Kampusch, Ed. Verus, 225 págs., R$ 23,90
Qualificação profissional A AmstedMaxion oferece a seus funcionários, desde fevereiro, o curso de capacitação técnica e profissional denominado MBRail (Master Business Rail). O curso foi desenvolvido pelo Cepefer (Centro de Estudos e Pesquisas Ferroviárias) e será certificado por meio da
Universidade Positivo. De acordo com a AmstedMaxion, os alunos foram selecionados pela empresa seguindo critérios como formação profissional, área de atuação e desempenho profissional. Com duração de 18 meses e carga horária de 472 horas, o MBRail tem grade curricular desenvolvida
especificamente para atender às necessidades da AmstedMaxion. O curso é reconhecido pelas concessionárias de transporte ferroviário de cargas e de passageiros do Brasil por seu padrão de excelência na formação e capacitação de profissionais.
Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida Autora busca dar voz às mães que não puderam vivenciar a plena maternidade na China por terem dado à luz bebês do sexo feminino. De: Xinran, Ed. Companhia das Letras, 272 págs., R$ 42
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Programa educacional Novas travas A Concept, marca da PST Electronics, lançou kits de travas elétricas com a promessa de atender às necessidades do consumidor, com custo reduzido. Segundo a empresa, as novas travas são universais e adaptadas a veículos de duas e quatro portas. O kit do equipamento vem com um sistema que possibilita o controle simultâneo das travas
por meio do acionamento do pino da porta do motorista, ou do passageiro dianteiro. Com isso, o usuário pode abrir e fechar as portas com o controle remoto do alarme. As travas têm um ano de garantia e preços sugeridos de R$ 130 (para veículos de quatro portas) e R$ 95 (para os de duas portas), com a instalação inclusa. CONCEPT/PST ELECTRONICS/DIVULGAÇÃO
SEGURANÇA Trava pode ser acionada por controle remoto
Frota ampliada A empresa certificadora Bureau Veritas vai ampliar sua frota de ônibus utilizados como salas de aula, que rodam por todo o país. Com a chegada de mais nove UMTs (Unidades Móveis de Treinamento), a empresa contará com uma frota total de 17 veículos. As UMTs atendem ao programa “De
Olho no Combustível”, desenvolvido pela BR Distribuidora para capacitação e treinamento de seus frentistas e gerentes. Os ônibus são equipados com projetores, telões, um laptop conectado à Internet e ar-condicionado e têm capacidade para 16 alunos por turma.
NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) lançou, em fevereiro, em Brasília (DF), o Programa Gestão e Liderança em Transportes Urbanos. O destaque é o curso de especialização no formato de MBA Executivo em Gestão de Negócios com foco em transporte. Ele foi planejado visando alcançar diferentes regiões do Brasil. Por isso, a metodologia escolhida foi a de ensino a distância, com aulas via Internet. “Esse é um curso único porque é um MBA com uma interação de estudo de caso específico para o transporte urbano. E ele tem dois objetivos: primeiro, desenvolver profissionais voltados para o próprio negócio e estimular a competição e, num segundo momento, formar novas lideranças empresariais de representação de sua categoria, seja na NTU ou em sindicatos locais”, explicou o presidente da NTU, Otávio Cunha. O curso é direcionado a empresários e executivos do setor que buscam aprimorar os conhecimentos na área para melhor gerenciar o sistema de transporte urbano brasileiro. Para discutir a importância da educação no setor transportador, o professor e especialista em educação Eugênio Mussak foi convidado para mediar um talk show no lançamento do
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programa. Participaram do evento o diretor-geral da unidade de passageiros do Grupo Águia Branca e presidente da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), Renan Chieppe, e o economista e especialista em educação, além de articulista da revista “Veja”, Cláudio de Moura Castro. O programa da NTU foi criado a partir da parceria com o Ibmec, a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), a UCT (Universidade Corporativa do Transporte) e a Mercedes-Benz. As salas de aula serão montadas nas federações, sindicatos e associações locais. Com duração de dois anos, o curso será dividido em dois módulos. No primeiro, os cerca de 200 alunos serão selecionados a partir da indicação de empresas de transporte e avaliação curricular para realização do MBA executivo. No segundo módulo, 40 vagas serão destinadas àqueles que tiverem o melhor desempenho no primeiro ano. Para outras informações, acesse o site da NTU (www.ntu.org.br) e para se inscrever no processo seletivo, acesse o site do Ibmec (www.ibmec.br). (Aerton Guimarães)
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GOLDEN CARGO/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE Solução logística A Shell iniciou em fevereiro um novo modelo de distribuição de combustível. O projeto desenvolvido pela empresa AQCES permite que a operação seja feita com ajuda de recursos tecnológicos de última geração, controle total do processo e número menor de equipamentos rodoviários com maior capacidade de transporte. A AQCES criou um modelo de carreta customizado e de alto desempenho, com uso de apenas
sete equipamentos. O veículo ganhou um eixo a mais. No lugar dos três eixos do cavalo mecânico foram colocados quatro, sendo dois direcionais. A nova carreta, tracionada por um cavalo Iveco Stralis 41T, transporta 45 metros cúbicos. De acordo com a Shell, isso representa um ganho de volume de 28,57% em comparação com a de 35 metros cúbicos, e de 50% em relação à de 30 metros cúbicos. EGOM/DIVULGAÇÃO
EFICIÊNCIA Capacidade de carga maior reduz custos
SOCIAL Objetos são criados a partir de palets doados
Iniciativa sustentável A Golden Cargo, empresa especializada no gerenciamento e operação da cadeia logística de mercadorias especiais, dará continuidade à parceria firmada em novembro passado com a Cooperativa Unindo Forças, com sede em Barueri (SP). Pelo acordo, a Golden Cargo doará à cooperativa, aproximadamente, 500 palets descartáveis por mês. A entidade desenvolve, desde 2006, trabalhos de marcenaria. Os palets doados serão transformados em móveis,
objetos e artesanatos em madeira. Os produtos são criados e fabricados pelos cooperados, que contam com o apoio dos alunos de design da USP (Universidade de São Paulo). A empresa promoveu uma exposição para a venda dos móveis e objetos produzidos com os palets descartados em um evento interno, chamado Feira Sustentabilidade, realizado em fevereiro. A parceria prosseguirá durante todo o ano.
Acordo logístico
Transporte de soja
A ALL e a Eldorado Brasil firmaram, em fevereiro, contrato para atender a logística de saída da fábrica de celulose de Três Lagoas (MS), com previsão de entrar em operação em 2012. Segundo a ALL, essa será a maior fábrica de celulose do mundo em uma única linha de produção.
A Ferroeste S.A. opera, desde fevereiro, seu primeiro contrato para o transporte de soja da safra 2010/11. O negócio foi firmado com a Cargill. A soja, embarcada no Terminal de Cascavel (PR), tem como destino o Porto de Paranaguá. O contrato fechado na modalidade spot (destinada a operações rápidas e de embarque
O contrato prevê a movimentação de 800 mil toneladas por ano, com investimentos de cerca de R$ 300 milhões em material rodante, melhoria de via, além da construção de terminais de transbordo em Aparecida do Taboado (MS) e Santos (SP). O acordo tem duração de 15 anos.
imediato) visa movimentar, inicialmente, 15 mil toneladas de soja. De acordo com a Ferroeste, a empresa tem potencial para movimentar nessa malha um volume de grãos estimado em até 150 mil toneladas até novembro. A concessionária prevê que 30 mil toneladas sejam transportadas durante o mês de março.
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FERROVIAS
Transporte de passageiros ganha novo espaço epois de ser abandonado há mais de 40 anos, o transporte ferroviário de passageiros ganha novas oportunidades no Brasil. A proximidade da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, colocam em discussão projetos que vão além dos metrôs já existentes. A criação de linhas de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) foi o assunto principal de uma palestra técnica realizada no início de fevereiro pelo Ministério dos Transportes, por meio da Secretaria de Política Nacional de Transporte e do Departamento de Relações Institucionais, em Brasília. O evento, que faz parte das ações desenvolvidas pelo ministério vinculadas ao Plano de Revitalização das Ferrovias, reuniu representantes do setor para debater o assunto e apresentar as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas e aplicadas em projetos pelo interior do país. Neste mês de março está programada uma palestra técnica sobre os trens de alta velocidade. Hoje, o único VLT em operação no Brasil circula entre Juazeiro do Norte e o Crato, no Ceará. Chamado de Metrô do Cariri (nome popular), o projeto está em operação há
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sete meses. Diariamente, cerca de 1.500 pessoas são transportadas nos dois veículos que percorrem os 13,6 km de extensão dos trilhos. Segundo Márcio Florenzano, diretor-comercial da Bom Sinal, a fabricante do VLT, além do Cariri, outros seis projetos estão em andamento no país. Os trens devem ser instalados em Fortaleza e Sobral (CE), Recife (PE), Maceió e Arapiraca (AL) e Macaé (RJ). O VLT da Bom Sinal é movido a diesel, tem prazo mínimo para implantação de três anos e um custo médio que pode variar de R$ 3 milhões a
R$ 15 milhões por quilômetro, incluindo os valores gastos com os veículos, a instalação de trilhos e os processos de desapropriação. “Mesmo que o custo inicial seja elevado, o VLT apresenta vantagens devido à sua vida útil elevada que chega a 30 anos”, explica Florenzano. Para Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), projetos como esses que estão sendo desenvolvidos são de extrema importância para o reconhecimento da indústria brasileira, que tem criativi-
dade para produzir e adaptar os equipamentos. “Na Europa, a maioria dos VLTs é elétrica e, aqui, eles foram adaptados para rodarem a diesel. Isso é muito válido.” Esse tipo de veículo tem características semelhantes às de um metrô, mas opera em velocidades menores com menos passageiros. Enquanto uma linha de metrô carrega, em média, 60 mil passageiros por hora/sentido, um VLT, normalmente formado por dois vagões, transporta cerca de 30 mil. (Livia Cerezoli) METROFOR/DIVULGAÇÃO
CARIRI VLT transporta 1.500 pessoas por dia entre Juazeiro do Norte e o Crato
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Salto alto no co Mulheres ganham espaรงo no setor de transporte, desempenhando diferentes fun
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“A pessoa já nasce com um dom. Eu nasci com o dom de dirigir veículos maiores” BERNADETE BRAGA, MOTORISTA DE ÔNIBUS
CONQUISTA
POR
las tiveram coragem e assumiram funções que ainda são predominantemente executadas por homens. Driblando preconceitos e agregando a delicadeza e o cuidado feminino, têm contribuído para a maior eficiência do setor de transporte. Cada vez mais, as mulheres assumem o comando de caminhões, trens, ônibus, táxis e aeronaves. E se tornam presença constante em outros setores das empresas de diferentes modais, desempenhando desde trabalhos administrativos a operacionais, inclusive cargos de gerência. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a CNT Transporte Atual mostra alguns exemplos bem-sucedidos em diferentes regiões do Brasil. E se engana quem pensa que elas deixaram de lado a vaidade feminina. Solange Emmendorfer Beraldes, 46, faz questão de estar sempre com o cabelo arrumado, unhas feitas e levemente maquiada ao entrar na boleia do caminhão Mercedes-Benz 1933. Natural de Santa Catarina e moradora da cidade de São Paulo há 30 anos, Solange vai e volta da capital paulista a Campinas diariamente. Ela trabalha na Braspress e transporta cargas secas – vestuário, sapatos, eletrodomésticos. Motorista carreteira, como se autodefine, Solange tem orgulho de sua profissão.
E
mando ções operacionais e gerenciais
CYNTHIA CASTRO
“Para mim, a cabine do caminhão é como uma sala de cinema. O para-brisa é a minha tela. Por ele, visualizo o meu caminho, como se fosse um filme. Encaro o caminhão dessa forma. Estou em uma sala de cinema, vendo as novidades que passam na minha frente”, diz. Solange é casada, mãe de três filhas e já tem uma neta. Com o apoio e admiração da família, a motorista carreteira diz nunca ter sido vítima de preconceito nem dentro nem fora de casa. Ela considera que, muitas vezes, “depende da postura, da forma como a profissional se apresenta para as outras pessoas”. Se sente medo na estrada? Solange diz que não. Os caminhões de hoje oferecem tecnologia, e a Braspress disponibiliza toda a assistência necessária, garante. Ela conta que já viajou para rotas mais distantes, como Florianópolis (SC), mas sempre lidou tranquilamente com o trabalho. “Se acontecer algum problema, o procedimento é ligar para a empresa.” Ao contar como chegou à Braspress, há cerca de oito anos, Solange lembra ter achado interessante um anúncio informando sobre a contratação de mulheres com carteira de habilitação D. Se candidatou, foi aprovada e passou por um treinamento. Começou atuando no transporte urbano, mas logo veio o interesse pela carreta. “Fui tomando gosto e hoje amo de paixão o que faço.” Aidê Rosa de Lima, mineira de Uberaba e moradora de Brasília,
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BRASPRESS/DIVULGAÇÃO
“A cabine do caminhão é como uma sala de cinema. O para-brisa é a minha tela. Por ele, visualizo o meu caminho, como se fosse um filme”
SOLANGE EMMENDORFER BERALDES, MOTORISTA CARRETEIRA
conta com orgulho que foi uma das primeiras taxistas a trabalhar na capital do país, há 20 anos. Atualmente, o Distrito Federal tem cerca de 250 mulheres à frente de um táxi. E no comando de seu veículo, Aidê diz que faz o possível para atender bem todos os clientes. “Os passageiros são sempre muito tranquilos e até gostam de ver uma mulher na direção. Tenho uma neta que me admira muito, diz que sou corajosa e tenho espírito jovem porque sigo uma profissão diferente para as mulheres”, diz Aidê.
Vaidosa, a taxista prefere não revelar a idade. E, assim como Solange, considera importante a mulher se cuidar e buscar ser feminina, mesmo executando um trabalho onde há uma predominância de homens. “Gosto de me arrumar e busco estar sempre bem com minha saúde. Se não estou no táxi, faço caminhada, musculação.” Mas, ao mesmo tempo em que recebe o apoio dos passageiros, Aidê diz que ainda encontra resistência de alguns colegas do sexo oposto. “As mulheres estão crescendo e passando a dominar várias
áreas. Muitos homens não aceitam isso, mas têm que passar a aceitar. Temos até presidente mulher.” E se o Brasil tem em 2011 sua primeira presidente mulher, no setor de transporte, elas ainda estão buscando romper barreiras. Bernadete Pereira Braga, 43, motorista de ônibus de Brasília, conta que sente o preconceito em relação ao seu trabalho. “O Brasil é um país machista, e muitos homens não aceitam que a mulher trabalhe como motorista de ônibus. A gente sempre ouve comentários, de colegas e passageiros, dizendo
que não somos capazes de dirigir tão bem como eles”, comenta Bernadete. Mas a motorista reconhece que o preconceito não é sentido por todos os homens. Mãe de três filhos, Bernadete lembra que o exmarido, caminhoneiro, foi o grande incentivador para que ela seguisse uma profissão no setor de transporte. “A pessoa já nasce com um dom para alguma coisa. Eu nasci com o dom de dirigir veículos maiores. Meu ex-marido sempre dizia que eu devia seguir essa profissão porque sei dirigir
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HISTÓRIA
Paixão de infância pelo caminhão Conversar com a baiana Cleide Maria Soares Barros Cruz, 49, sobre a sua profissão é ouvir uma declaração de amor pelo transporte rodoviário e pelo caminhão. Sempre entusiasmada, ela adora contar detalhes de sua trajetória. Nascida em uma família de muitos caminhoneiros, Cleide sabia desde cedo qual a área que lhe daria prazer em atuar. Aos 9 anos, acompanhava o pai, hoje já falecido, quando ele conferia o funcionamento dos equipamentos de seu caminhão. Toda vez que ele voltava do trabalho e ia checar o freio do veículo, pegava um pedaço
de papelão e ia para debaixo do caminhão, lembra Cleide, que estava sempre do lado dele. “Eu tinha meu papelãozinho também e entrava debaixo do veículo junto com meu pai. É um sentimento inexplicável, está no sangue. Sempre me fez bem estar perto desta vida da estrada. E sempre tive uma admiração pelo meu pai, que era uma pessoa forte, fantástica.” Formada em letras, Cleide trabalhou por vários anos como caminhoneira, rodando principalmente no Nordeste. A atividade na estrada, conhecendo lugares e pessoas novas, fazia com
que ela se apaixonasse cada vez mais pela profissão. Mas as viagens a deixavam fora de casa, longe do filho de 8 anos. Cleide se viu obrigada a fazer uma escolha. “Fiquei dividida entre dois amores, o amor à estrada e o amor ao meu filho. Por isso, decidi parar.” Mas como ela mesmo descreve, não era possível ficar completamente distante do transporte rodoviário. Em 2001, começou a trabalhar na unidade do Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) de Conceição do Jacuípe, na Bahia,
exercendo a função de gerente. “O cheiro do caminhão – do óleo, do pneu – me dá forças. Não dá para explicar. Só consegue entender quem sente.” O Sest Senat permitiu que Cleide continuasse atuando no transporte rodoviário. Conviver com os caminhoneiros, ouvir as histórias e poder ajudá-los a se desenvolver mais na profissão é um lado fundamental do trabalho que executa atualmente. “Se eu não estivesse no Sest Senat, iria para um posto de combustível ou para qualquer lugar que me deixasse perto do caminhão.”
ARQUIVO PESSOAL
“O cheiro do caminhão do óleo, do pneu - me dá forças. Não dá para explicar. Só consegue entender quem sente” CLEIDE BARROS, EX-CAMINHONEIRA E GERENTE DO SEST SENAT
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HABILIDADES
Zelo feminino é diferencial no trabalho Apostar no feminino e conseguir destaque no mercado do transporte. Foi essa a opção da empresa Braspress, com sede em São Paulo e 102 filiais no Brasil. Há 13 anos, a transportadora adotou a postura de contratar mulheres para dirigir caminhões, realizando um programa específico de treinamento. O interesse das mulheres foi aumentando, e hoje a empresa tem 757 motoristas de caminhão, sendo 264 mulheres e 493 homens. Ao somar todas as áreas – administrativas e operacionais -, 54% do quadro de funcionários é composto por mulheres. “Podemos chamar a Braspress de uma empresa
feminina. Elas estão presentes em todas as áreas”, comenta o gerente de recursos humanos, Milton Braga. O cuidado, a concentração e a receptividade são características positivas apontadas por ele. “As mulheres têm um jeito especial de pensar e agir. Mesmo se estiverem estressadas, são atenciosas, sabem tratar o cliente”, comenta. De qualquer forma, Braga faz questão de ressaltar que “competência não tem sexo” e que, com esse slogan, a empresa está aberta a homens e mulheres que desempenhem o trabalho de forma eficiente. A diretora de administração e finanças da Viação
Águia Branca, Isabela Chieppe, considera que nos últimos anos tem aumentado o interesse das mulheres pelo setor de transporte. Mas ela também faz questão de destacar que o importante é gostar do que faz, prepararse e manter-se atualizado, independentemente de ser homem ou mulher. “Historicamente nosso setor tem maior participação masculina. Penso que a mulher ganha espaço no mercado a partir do momento em que busca ter competência para isso, em que desenvolve suas habilidades. E acho que a mulher tem conquistado espaço em todos os setores, inclusive no transporte.”
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“A mulher ganha espaço no mercado a partir do momento em que busca ter competência para isso, em que desenvolve suas habilidades” ISABELA CHIEPPE, VIAÇÃO ÁGUIA BRANCA
muito bem.” Aos 36 anos, Bernadete começou a trabalhar como trocadora e depois mudou de função. No mar e no ar As mulheres têm se mostrado atuantes no transporte, inclusive em funções inusitadas. Desde o ano passado, a carioca Michele Silva de Andrade, 28, começou a atuar como prático, na cidade do Rio de Janeiro. Ela já trabalhava como oficial de náutica e resolveu tentar o concurso na área de praticagem. Para quem não é familiarizado com o termo, prático é aquele profissional que atua em áreas como
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“Os passageiros são sempre muito tranquilos e até gostam de ver uma mulher na direção”
AIDÊ ROSA DE LIMA, TAXISTA
portos ou rios e assessora os comandantes dos navios que chegam, durante as manobras. A atividade requer um conhecimento minucioso de características como profundidades, marés, correntes, ventos, normas de navegação. E também é preciso ter uma enorme habilidade física. O trabalho começa de fato quando Michele entra na lancha de praticagem, em direção ao navio que chega ao Rio. Na embarcação, precisa escalar uma escada quebra-peito (de corda e madeira), no casco do navio, que pode ter até 9 m de altura. Depois, ela se dirige ao passadi-
ço, local onde fica o comandante, para assessorá-lo na manobra. Michele adora o que faz e busca cada vez mais se tornar habilidosa. Além de técnica e força física, o trabalho exige jogo de cintura, principalmente para as mulheres. No Brasil, são quase 500 práticos, apenas sete do sexo feminino (seis atuando e uma no período de treinamento). Não é fácil conquistar aprovação e reconhecimento. Embora os colegas do meio aceitem a atuação de uma mulher na praticagem, Michele conta que enfrenta resistências, na maioria das vezes de comandantes de navios estrangei-
ros, especialmente dos orientais. “Trabalhamos com navios de vários países e sabemos que em algumas culturas a mulher é colocada em um plano de submissão. Procuro entender. Há questões culturais.” Quando a manobra é iniciada, alguns comandantes deixam transparecer certa desconfiança. Mas, à medida que o trabalho é executado, eles se sentem seguros. De qualquer forma, Michele se lembra de um episódio desagradável, quando ainda fazia o treinamento para se tornar prático. Ela chegou a um navio acompanhada de um prático veterano, que informou ao comandante grego
sobre o treinamento. “O comandante disse que, se eu iria ser prático, ele deixaria de ser comandante. E ainda arrancou a platina do ombro, aquela divisória que fala da graduação, e jogou no chão.” O segredo para não se abalar é investir cada vez mais na habilidade e na competência profissional. “Tento usar a resistência de uma pessoa ou outra como um trampolim para obter sucesso e mostrar que sou capaz.” No comando de um turboélice ATR, a piloto (ou comandante) Luciana Carpena, 43, sente-se segura com a responsabilidade de transportar os passageiros para diferentes destinos. Funcionária da Trip Linhas Aéreas, ela despertou o gosto pela aviação na adolescência, aos 17 anos, quando voou com um tio em um jato particular. Há 14 anos trabalhando como piloto de linha aérea, Luciana se sente hoje muito confortável em atuar nessa profissão. No início da carreira, no Rio Grande do Sul, sua terra natal, ela conta que enfrentou um “certo estranhamento” de alguns colegas do sexo oposto. Mas agora, depois de tantos anos de profissão e morando em São Paulo, não percebe mais o preconceito. “Na Trip, outras comandantes mulheres e copilotos são respeitadas e estimadas pelo grupo.” Sobre a sensação dos passageiros ao descobrirem que há
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NOVIDADE
Trabalho que atrai jovens mulheres A ComJovem (Comissão de Jovens Empresários e Executivos), voltada para o setor de transporte, tem atualmente mais de 600 participantes – 19,8% mulheres. Esse percentual tem aumentado nos últimos anos, mostrando o maior interesse do público feminino em atuar à frente de empresas de transporte. Na percepção da vice-coordenadora nacional da comissão, Roberta Fiorot, as mulheres estão mesmo mais atuantes no
setor, em todos os níveis. Na ComJovem, os integrantes têm entre 18 e 35 anos. O objetivo é integrar e capacitar jovens empresários e executivos, despertando-os para futuras lideranças no setor de transporte de cargas e logística. “As mulheres estão atuando e mudando o perfil de muitas empresas.” Conseguir consolidar sua carreira no setor de transporte e chegar a ocupar um cargo de chefia foi um grande desafio para Elisabeth Tiago, 27. Em 2003, ela
começou a trabalhar na concessionária ALL (América Latina Logística). Hoje é supervisora da oficina de locomotivas. Para Elisabeth, é gratificante perceber que o trabalho é reconhecido. Ela faz questão de destacar que, mesmo atuando em um setor dominado por homens, busca não perder sua feminilidade. E conta que a família sempre se orgulhou e incentivou o trabalho dela. “Também acho importante que a mulher invista sempre no seu crescimento profissional.” ARQUIVO PESSOAL
“As mulheres estão atuando e mudando o perfil de muitas empresas” ROBERTA FIOROT, VICE-COORDENADORA NACIONAL DA COMJOVEM
ALL/DIVULGAÇÃO
“Também acho importante que a mulher invista sempre no seu crescimento profissional” ELISABETH TIAGO, SUPERVISORA DE OFICINA DE LOCOMOTIVAS
uma mulher no comando da aeronave, ela percebe um misto de admiração e curiosidade. Segundo Luciana, alguns passageiros ficam surpresos sim. Mas ela sente que é uma surpresa pelo lado positivo. “Nunca passei por situações de alguém querer desembarcar pelo fato de eu ser mulher.” Uma dica que Luciana dá para as mulheres que desejam seguir nessa ou em outra carreira é para que sejam sempre seguras em relação à tarefa proposta. “O principal ao desempenhar qualquer trabalho é, em primeiro lugar, acreditar em você. A partir daí, você vai buscar o que precisa
DIFERENÇA
Média salarial ainda é mais baixa
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“Na frente da aeronave, sempre estarão dois profissionais competentes, independentemente de ser homem ou mulher”
Enquanto a participação feminina aumenta no setor de transporte, a média salarial das mulheres continua abaixo dos valores recebidos pelos homens. É o que aponta um levantamento realizado pelo Ministério do Trabalho. De qualquer forma, todas as mulheres entrevistadas pela CNT Transporte Atual e todos os representantes de empresas disseram que na realidade vivida por eles não há distinção de salários por sexo. Pelos números do Ministério do Trabalho, no caso de motoristas de caminhão, a média salarial de homens é de R$ 1.240 e a de mulheres, R$ 1.013. Motoristas de ônibus urbanos homens recebem em torno de R$ 1.429 e mulheres, R$ 1.229. Entre taxistas, os valores médios são R$ 884 para homens e R$ 678 para mulheres. Esses dados estão incluídos na Rais (Relação Anual de
Informações Sociais) de 2009. De acordo com o Ministério do Trabalho, essa média salarial foi feita com base na declaração de empresas de transporte de todo o Brasil sobre os salários de seus empregados. Entretanto, não estão incluídas no levantamento informações sobre autônomos e profissionais terceirizados. A Rais de 2010 ainda não foi finalizada. Apesar de ser evidente a maior participação feminina no setor de transporte, nas estatísticas do Ministério do Trabalho, elas ainda não representam nem 1% das funções operacionais, como motoristas de ônibus, táxi, caminhão e trólebus do país. De qualquer forma, o próprio ministério reconhece que os números da Rais não retratam exatamente a realidade porque não incluem os trabalhos sem carteira assinada.
LUCIANA CARPENA, PILOTO
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“Tento usar a resistência de uma pessoa ou outra como um trampolim para obter sucesso e mostrar que sou capaz” MICHELE SILVA DE ANDRADE, PRÁTICO
com garra e força. Na área de aviação, assim como em outras, é importante se sentir segura em relação ao que faz”, recomenda a comandante da Trip. E ao ser questionada sobre o que diria para alguém que, porventura, possa sentir receio de voar com uma mulher, ela é enfática. “Experimente. Você não vai notar diferença nenhuma. Não existe qualquer concessão para a mulher. A proficiência técnica a ser atingida é igual para todos. Na frente da aeronave, sempre estarão dois profissionais competentes, independentemente de ser homem ou mulher”, afirma a comandante. l
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EMISSÕES VEICULARES
Direito de escolher Projeto de lei obriga exposição no CRLV de poluentes emitidos por veículos POR
o Brasil, a queima de combustíveis do transporte (incluindo os veículos de passeio) ocupa o segundo lugar no ranking de emissores de dióxido de carbono (CO2), responsável por 8,6% do lançamento desse gás na atmosfera. Em primeiro lugar (76,3%) está a mudança do uso do solo, com os desmatamentos e queimadas. Para tentar reduzir a poluição e despertar uma maior consciência em consumidores e fabricantes, o senador Clésio Andrade (PR-MG), também presidente da CNT e do
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CONTROLE Na hora de comprar
CYNTHIA CASTRO
Sest Senat, apresentou no Senado o projeto de lei nº 38/2011, em fevereiro. A proposta altera a lei nº 8.723/1993, que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores, entre outras providências. Pela proposta de Clésio Andrade, passa a ser obrigatória a divulgação no CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo) e na nota fiscal, a quantidade de emissão dos gases poluentes e de dióxido de carbono emitidos pelo veículo. Os fabricantes e os órgãos de licen-
ciamento passarão a ser obrigados a especificar esses valores, caso a lei seja sancionada. Ao justificar a apresentação do projeto de lei, Clésio Andrade ressalta a necessidade da adoção de medidas que levem à diminuição das emissões pelos veículos, tanto leves como pesados. Na avaliação do senador, também presidente da CNT, uma das melhores formas de alcançar esse objetivo é contar com a participação e com a escolha consciente do consumidor – principal interessado na melhoria da qualidade do ar que respi-
ra e também interessado em reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa. De acordo com Clésio Andrade, para que o consumo consciente seja possível, é preciso o desenvolvimento e a utilização de instrumentos que informem ao consumidor a eficiência energética do motor utilizado e a concentração de substâncias poluentes nas emissões do veículo. “Quando o consumidor for adquirir um veículo novo, ele vai ficar atento e poderá escolher comprar um modelo que
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OSLAIM BRITO/FUTURA PRESS
o veículo, consumidor poderá escolher o que polui menos, conforme projeto de lei em tramitação no Senado
seja menos poluente. Para a indústria automobilística, a medida também será um incentivo. Assim, os fabricantes poderão se preocupar cada vez mais em produzir veículos mais eficientes e com menos poluição lançada na atmosfera”, considera Clésio Andrade. Na avaliação do senador e presidente da CNT, o registro dos gases poluentes no CRLV e na nota fiscal, proposto pelo projeto de lei, vai gerar uma série de consequências positivas, como o estímulo à discussão pela sociedade sobre a
aquisição de veículos que poluam menos. Clésio Andrade afirma que a experiência mundial demonstra que a implantação de políticas sustentáveis traz benefícios ambientais, econômicos e sociais. “O desenvolvimento de tecnologias mais limpas, incentivado por esse projeto de lei, levará também à fabricação de veículos mais econômicos”, diz o senador, na justificativa do projeto apresentado no Senado. No dia 17 de fevereiro, o projeto de lei nº 38 estava na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do
Consumidor e Fiscalização e Controle, aguardando o recebimento de emendas. Despoluir Também com o objetivo de reduzir a poluição emitida pelos veículos, a CNT lançou há quase quatro anos o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte. Todas as ações incluídas nesse programa têm o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, outros trabalhadores em transporte e a sociedade na constru-
ção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. Um dos projetos de destaque dentro do Despoluir é o de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos. Por meio da aferição veicular de caminhões e ônibus, a CNT espera reduzir a emissão de poluentes no setor de transporte, visando a melhoria da qualidade do ar e o uso racional de combustíveis. Além de aferir os veículos, os técnicos do Despoluir informam sobre o recebimento do combustível, drenagem dos tanques, rotina padrão de abastecimento e sinalização na área de abastecimento. Os motoristas são orientados sobre meio ambiente e condução econômica. E os mecânicos, sobre uso racional de combustível, entre outros cuidados. O veículo que estiver dentro dos padrões de emissão de poluentes recebe o selo Despoluir. “Na CNT, já temos o Despoluir, que se preocupa com a redução da poluição no setor de transporte. E agora, com esse projeto de lei apresentado no Senado, queremos despertar a consciência na sociedade sobre o tipo de veículo dirigido e qual o índice de poluição emitida na atmosfera”, diz Clésio Andrade. l
TRANSPORTE URBANO
POR LIVIA CEREZOLI
lém do desenvolvimento de novas tecnologias de equipamentos, a eficiência do transporte urbano nas cidades brasileiras está diretamente ligada aos sistemas de operação do setor, que incluem as tarifas pagas pelos usuários e os horários de oferta das linhas. Diante dessa realidade, projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional têm como objetivo adequar a legislação que rege esse tipo de serviço às novidades que já fazem parte da atividade e, assim, oferecer mais qualidade de vida à população. Dois desses textos foram apresentados recentemente pelo senador Clésio Andrade (PR-MG), que preside a Confederação Nacional do Transporte e o Sest Senat. Em análise na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, o PL nº 39/2011 busca reduzir os valores das tarifas de transporte público urbano e metropolitano de passageiros, por meio de mudança na Lei de Contribuição da Seguridade Social. A proposta prevê uma diminuição média de 5% nas tarifas cobradas pelo serviço em todo o país. De acordo com a proposição, a contribuição, feita pelos contratantes em benefício dos funcionários, seria mantida, mas passaria a estar vinculada ao faturamento da
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Para melhora Projetos de lei apresentados no Senado têm como empresa. Com a mudança, a alíquota de contribuição seria de 2,5% da receita bruta, destinada à seguridade social, acrescida de 0,1% referente ao SAT (Seguro de Acidente de Trabalho). Pelas regras atuais, as empresas que operam o sistema de transporte urbano de passageiros contribuem com 23% das remunerações pagas, equivalentes à seguridade social (20%) e ao SAT (3%). Na justificativa do projeto
apresentada pelo senador Clésio Andrade, a alteração beneficiará a população do país, pois permite um aumento na mobilidade urbana por meio da inclusão social de famílias de baixa renda e a recuperação da demanda nos serviços de transporte público, gerando mais postos de trabalhos. A mudança proposta pelo senador é similar à vigente no setor agrário há 10 anos, proporcionada pela lei nº 10.256/2001.
“O agronegócio foi beneficiado, no passado, com semelhante alteração na legislação, o que, em conjugação com outros fatores, contribuiu para o sucesso que esse importante setor da economia representa atualmente”, complementa o parlamentar no documento. Descanso A segunda proposição apresentada pelo senador à Mesa
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r a eficiência objetivo aperfeiçoar os sistemas de transporte público Diretora do Senado Federal pretende modernizar e adaptar as leis trabalhistas à realidade do transporte público urbano e metropolitano. O PL nº 43/2011 estabelece o fracionamento dos intervalos de descanso para condutores, cobradores e empregados de empresas de ônibus e metrô. A proposta define que a pausa deve ser dada ao final de cada viagem sem prejuízo na remuneração.
Atualmente, pelas regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o tempo de descanso para períodos de trabalhos contínuos, com duração superior a seis horas, é de, no mínimo, uma hora ininterrupta. Na justificativa da proposição apresentada pelo parlamentar, é preciso adequar as leis às características de cada setor e, assim, garantir uma melhor oferta do serviço.
Segundo o texto, a generalidade da norma estabelecida pela CLT se mostrou inadequada com o passar dos anos. “O transporte rodoviário urbano e metropolitano é uma atividade relativamente nova, mais nova que a própria CLT, e que, por razões óbvias, não acompanhou as mudanças de hábitos dos profissionais ocorridas nos últimos tempos”, assegura o senador
Clésio Andrade no texto apresentado a Casa. Uma das principais controvérsias da legislação que está em vigor é que a forma como o tempo de descanso é concedido aos trabalhadores não se adapta aos horários de forte concentração e deslocamento no transporte público nos horários de pico, compreendidos entre as 6h e as 9h e entre as 17h e as 20h. “Hoje em dia, principalmente nos grandes centros urbanos, o sistema viário apresenta grandes problemas de congestionamentos e a atividade de transporte é desenvolvida na via pública, sob as condições imprevisíveis do tráfego, impossibilitando o cumprimento da legislação vigente sobre o intervalo interjornada”, diz o texto. A flexibilização dos descansos já é prevista, pela própria CLT, em outros setores, como equipagem de trens e estações, indústria petroquímica e exploração de petróleo. Para que não haja prejuízos aos interesses dos trabalhadores, o texto determina que o fracionamento do período de descanso deva estar condicionado a acordo ou convenção coletiva de trabalho estabelecida entre os funcionários e seus empregadores. (Com Marina Severino) l
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ANEL RODOVIÁRIO DE BELO HORIZONTE
Por mais segurança Campanha da CNT e do Sest Senat, em parceria com a PRF e o Dnit, conscientiza caminhoneiros POR CYNTHIA
esde o início de fevereiro, caminhoneiros estão sendo orientados a redobrarem a atenção ao dirigirem na via considerada a mais perigosa da capital de Minas Gerais. No dia 8 do último mês, foi lançada a campanha “CNT e Sest Senat pela Segurança no Anel Rodoviário de Belo Horizonte”. Os motoristas de caminhão que passam por postos de combustível da região do Anel e pelas empresas de transporte recebem orientações para dirigirem pela pista da direita e
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para não ultrapassarem 60 km/h no Anel Rodoviário. Também foram montadas blitze educativas no KM 550 da BR-040 (sentido Rio de Janeiro/Belo Horizonte), entre os postos Chefão e Mutuca – a poucos quilômetros da entrada do Anel. A campanha foi lançada em parceria com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Além das abordagens aos caminhoneiros, foram instalados outdoors de alerta às margens da BR-040 e na entrada do
Anel. A ideia é chamar a atenção para o fato de o Anel ser uma via urbana, que recebe milhares de veículos diariamente e registra um alto índice de acidentes graves, com mortes, envolvendo caminhões. Por isso, é necessário redobrar os cuidados. Os condutores têm recebido kits com instruções de como contribuir para um trânsito mais seguro. Folder educativo, adesivo e camisa alertam para a segurança. Na camisa e nos adesivos, foi estampada a seguinte frase: “Eu cuido da
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segurança do Anel Rodoviário de BH. E você?” Até o dia 21 de fevereiro, 6.000 caminhoneiros tinham sido parados nas blitze educativas e 10 mil kits distribuídos – nas abordagens na BR-040, nos postos e empresas. Na avaliação do presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade (PR-MG), os objetivos da campanha foram atendidos até então. “O alerta principal é para que os caminhoneiros dirijam pela pista da direita e não ultrapassem a velocidade de 60 km/h ao trafegarem no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. É preciso ficar atento”, diz Clésio Andrade. Durante os dias de blitze, foi feita uma pesquisa, 4,5 km à frente do ponto de parada na BR-040. Ficou constatado que 95% dos caminhoneiros abordados passaram a dirigir pela direita e a 60 km/h. Essa pesquisa foi realizada na entrada do Anel Rodoviário. No final do mês de fevereiro, a CNT e o Sest Senat intensificaram o trabalho de conscientização dos motoristas que trafegam no Anel, com abordagens nas empresas e nos postos de combustível da região. A Polícia Rodoviária Federal precisou concentrar os esforços nas ações
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INFORMAÇÃO
Caminhoneiros aprovam conscientização Os caminhoneiros abordados na BR-040 durante a campanha “CNT e Sest Senat pela Segurança no Anel Rodoviário de Belo Horizonte” aprovaram a mobilização da CNT e do Sest Senat em parceria com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). “Acreditamos no poder da informação. Tem mesmo que orientar os motoristas a reduzirem a velocidade”, disse a caminhoneira Maria do Carmo, uma das primei-
ras abordadas na primeira blitz do dia 8 de fevereiro. Roberto Vieira e Carlos Eugênio, que viajavam para o Vale do Aço, comentaram que os outdoors no trecho da BR-040 próximo do Anel e as blitze ajudam os motoristas de caminhão a se conscientizarem mais sobre a importância de não dirigir em alta velocidade no Anel e também de trafegar pela pista da direita. “As placas estão aí, alertando, mostrando a velocidade indicada. Mas muita gente abusa. Por isso, é
preciso continuar investindo em ações de conscientização”, considera Carlos Eugênio. Edgar de Souza, que passa constantemente no Anel Rodoviário, também fez questão de afirmar que os motoristas de caminhão esperam que “todas as medidas que estão sendo tomadas ajudem a levar mais segurança para a via e que o motorista esteja mesmo mais consciente de seu papel para contribuir para um trânsito mais tranquilo.” CUIDADO Outdoors às
pela segurança das rodovias durante o Carnaval. Movimento O Anel Rodoviário de Belo Horizonte recebe um tráfego intenso de caminhões e de outros veículos que estão em viagem e passam pela capital de Minas Gerais. Também trafegam pela via milhares de veículos de passeio que se deslocam entre os bairros de Belo Horizonte e entre algumas cidades da região metropolitana. É intensa ainda a travessia de pedestres ao longo dos 26,5 km do Anel.
Durante o lançamento da campanha, em 8 de fevereiro, o senador Clésio Andrade ressaltou que o caminhoneiro que dirige pela BR-040 (sentido Rio de Janeiro/Belo Horizonte) precisa saber que, ao chegar ao Anel, ele estará entrando em uma avenida urbana. “Ele precisa ter toda cautela, redobrar a atenção.” Também estiveram presentes na BR-040, durante o lançamento, o superintendente do Dnit em Minas Gerais, Sebastião Donizete de Souza; o superintendente da PRF no Estado, ins-
petor Waltair Vasconcelos; o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, entre outras autoridades. O inspetor da PRF comentou que a proposta das ações é mostrar para o caminhoneiro que o Anel é uma via extremamente perigosa e que se ele reduzir a velocidade na descida terá total controle do veículo. “Se os cuidados forem tomados, dificilmente veremos outros acidentes graves como o ocorrido no final de janeiro”, disse Vasconcelos. No dia 28 de janeiro deste
“Caminhoneiros precisam trafegar pela direita e não ultrapassar 60 km/h” SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DO SEST SENAT
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RAIO X Veja alguns dados gerais sobre o Anel Rodoviário de Belo Horizonte Extensão • 26,5 km, entre os bairros Olhos d’Água e Jardim Vitória Características • É composto pelas rodovias BR-040, BR-381 e BR-262 • São 44 bairros ao longo do Anel, com 27 trevos, entroncamentos e viadutos de acesso e 22 passarelas Fluxo • Diariamente passam em média 120 mil veículos • 73,5% automóveis, 17% caminhões, 5,8% motocicletas e 3,7% outros veículos Acidentes • Em 2010, foram registrados 3.055 acidentes, com 1.271 pessoas feridas e 39 mortes • Foram 6.427 veículos envolvidos em acidentes no ano passado. Desse total, 21,5% eram caminhões e 56,2%, automóveis • Em 2011, até o início de fevereiro, 9 pessoas morreram em acidentes. O mais grave, em 28 de janeiro, com 5 mortes Fonte: Polícia Militar Rodoviária
margens da BR-040 e na entrada do Anel Rodoviário alertam caminhoneiros
ano, um acidente causou cinco mortes no Anel Rodoviário, no trecho considerado o mais perigoso: a descida que passa pelos bairros Olhos d’Água e Betânia, logo depois que os veículos saem da BR-040. O motorista de uma carreta bitrem perdeu o controle da direção e mais de dez veículos se envolveram no acidente. Conforme informações da Polícia Militar Rodoviária, que fiscaliza o Anel, em 2010 foram registrados 3.055 acidentes, com 1.271 feridos e 39 mortos. Foram 6.427 veículos envolvidos
nos acidentes. Desse total, 21,5% eram caminhões e a maioria (56,2%) automóveis. Depois do acidente de 28 de janeiro, algumas medidas foram tomadas em diferentes esferas de governo. Foi criado o Comitê Gestor do Anel Rodoviário de Belo Horizonte, com participantes do Dnit, da prefeitura e da Polícia Militar Rodoviária. Uma das definições foi que, desde o dia 21 de fevereiro, veículos que transportam cargas especiais (aquelas que necessitam de escolta) só podem transitar pelo Anel no período das 23h às 5h.
O Dnit também está instalando equipamentos redutores de velocidade ao longo da via. Antes do acidente de 28 de janeiro, havia oito equipamentos em toda a extensão do Anel (26,5 km) – um no trecho mais perigoso, entre os bairros Olhos d´Água e Betânia. Até o final de março, 18 equipamentos devem estar funcionando ao longo do Anel, sendo seis no trecho mais perigoso. Um sétimo redutor de velocidade também será colocado na BR-356, logo na entrada do Anel, para
tentar evitar acidentes nesse trecho de descida. Também ficou estabelecido que o limite de velocidade será reduzido para 60 km/h para veículos de carga (caminhões e ônibus) em toda a extensão do Anel. A medida estava prevista para começar a vigorar em março. Os limites para veículos menores continuam sendo de 80 k/h e 70 km/h, dependendo do trecho. Árvores às margens da pista foram retiradas para melhorar a visibilidade perto dos bairros Betânia e Olhos d´Água. (Com Livia Cerezoli) l
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NOVO PORTAL
De cara nova Na Internet, CNT, Sest Senat e Escola do Transporte apresentam conteúdo mais acessível, novo layout e participação efetiva nas mídias sociais POR
ma nova maneira de organizar a informação, aliada a conteúdo de qualidade e visual arrojado. Essa é a tônica do novo portal da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e dos novos sites do Sest Senat e da Escola do Transporte. Inaugurados no último dia 18 de fevereiro, os três projetos trazem informações reorganizadas para que o internauta não tenha dificuldades em encontrar o conteúdo desejado. Por isso, as novas
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ÉRICA ABE
páginas seguem padrões web internacionais, priorizando conceitos como acessibilidade, navegabilidade, compartilhamento da informação, interatividade, confiabilidade e organização da informação, recomendados pelo Consórcio Internacional World Wide Web (W3C). Os menus de navegação, por exemplo, foram reordenados e os produtos e serviços, reclassificados. Além disso, na página da CNT, os programas como Despoluir, Prêmio CNT de Jornalismo e Esca
(Programa de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes) foram agrupados na seção Especiais. O presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade (PR/MG), explica a mudança. “Escolhemos fazer esse investimento para tornar a informação mais acessível para o transportador”, afirma. Segundo ele, a proposta é aproximar a CNT do seu público-alvo. “Queremos ouvir o que as pessoas têm a dizer, dar voz ativa ao internauta para, até
mesmo, orientar as ações da CNT de acordo com as demandas da sociedade”, sugere. Novo visual À primeira vista, a modificação que mais chama atenção é o layout. O projeto gráfico escolhido valoriza fotos dos quatro modais que compõem a estrutura da CNT: aéreo, aquaviário, ferroviário e rodoviário. A cada atualização de página, uma imagem de um modal diferente preenche o fundo da tela, possibilitando ao internauta apreender e compreender a composição da CNT. No caso do Sest Senat, foram escolhidas imagens que retratassem os serviços oferecidos pela instituição: educação, saúde e esporte e lazer. Outra modificação trazida pela nova proposta gráfico-visual é a opção das cores azul para a CNT, laranja para o Sest Senat e verde para a Escola do Transporte. Em cada um dos sites, películas em tons próximos aos das cores escolhidas delimitam menus, barras de navegação e rodapés. Mídias sociais A busca pela interatividade é outra novidade do portal. A decisão de inserir-se, definitivamente, no contexto digital, fez com que a CNT ampliasse sua participação
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nas mídias sociais. Agora, todas as novidades da CNT, do Sest Senat e da Escola do Transporte podem ser acompanhadas também pelo microblog Twitter e pelo site de relacionamento Facebook. Os links estão disponíveis nas laterais das páginas da CNT, do Sest Senat e da Escola do Transporte. (Veja serviço no final da matéria). Já no canal de vídeo mais popular da rede, o YouTube, o internauta encontra vídeos insti-
tucionais e coberturas jornalísticas sobre os principais acontecimentos do setor de transporte. Para completar, os álbuns no Flickr (ferramenta para publicação e compartilhamento de fotos) da CNT e do Sest Senat reúnem fotos, em diferentes tamanhos, dos eventos de cada instituição. Em termos de tecnologia aliada à rede social, um dos diferenciais do portal é a utilização dos mashups, que são partes de outros sites incorporadas às
novas páginas eletrônicas. Entre as vantagens estão a possibilidade de criar sites mais atraentes, construídos de maneira mais rápida e com baixo custo. Tanto na página da CNT quanto na do Sest Senat, foram utilizados os mashups do YouTube para a visualização dos vídeos e do Flickr para as fotos. Em particular, o Sest Senat traz, ainda, os mapas de localização do GoogleMaps, utilizados para facilitar a indicação dos endereços
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das unidades distribuídas por todo o país. Ferramentas inovadoras Outra inovação está na apresentação da revista CNT Transporte Atual na Internet. Com mais de 15 anos de história, a publicação referência do setor de transporte agora tem um novo formato digital. Por meio do Issuu (ferramenta para publicação de material impresso em formato digital), o leitor pode acessar as
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páginas com mais qualidade e versatilidade, como se tivesse com a revista em mãos. Além da visualização, a nova ferramenta permite o download (em PDF) da edição atual e das anteriores, desde 2003. Sest Senat Seguindo a mesma linha editorial do portal da CNT, o site do Sest Senat conta com visual moderno e um novo conceito de arquitetura da informação. Os conteúdos institucionais foram reordenados e atualizados. A seção de notícias foi refeita e agora as novidades do Giro pelas Unidades podem ser acessadas
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tanto na capa quanto na página de cada unidade. As Notícias Nacionais também ganharam uma seção especial e as fotos passaram a ser publicadas no álbum virtual Flickr exclusivo do Sest Senat. Já os vídeos, institucionais e noticiosos, podem ser encontrados no canal da CNT no YouTube. Outra área de destaque no novo site é a de Cursos – presenciais e on-line. Com turmas constantemente abertas em todo o país, a seção educacional do Sest Senat é um dos carros-chefes na procura dos internautas. Além do mais, ganharam posição privilegiada os serviços de acesso rápi-
do como E-compras, Contribuição Legal, Calendário de Eventos das Unidades e Banco de Talentos. Escola do Transporte Aproximar o internauta da formação profissional especializada em transporte e logística. Esse foi o objetivo da reformulação do site da Escola do Transporte. Por meio da nova página, o internauta também pode conhecer as instalações da Biblioteca do Transporte e consultar o acervo, formado por livros, periódicos, CDs, DVDs, mapas, fotos, entre outros. É possível, também, acompanhar as novidades e eventos promovidos pela Escola do
Transporte, como pesquisas, estudos e convênios de capacitação. Agência de Notícias Uma das grandes novidades do portal no quesito gestão do conteúdo é a criação da Agência CNT de Notícias. Com produção própria de matérias em texto, áudio e vídeo, o novo canal destaca diariamente os principais assuntos do setor de transporte no país. A cobertura on-line é feita sistematicamente nos Poderes Executivo e Legislativo, nas associações ligadas à CNT e demais entidades relacionadas ao setor de transporte. As matérias são classificadas em editorias inspi-
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radas nos modais e também em temas recorrentes ao setor, como Meio Ambiente, Eventos e Educação. Completam a parte noticiosa galerias de fotos, entrevistas, clippings e novos sistemas de busca. Outro diferencial da Agência é a integração com as redes sociais. Logo na página principal, o usuário encontra um widget (aplicativo) da rede social mais famosa do momento, o Facebook. Por meio desse assessório, criado para facilitar a navegação entre dois sites, o internauta pode “curtir” a página da Agência na rede social e visualizar os amigos que também gostaram da novidade. Além disso,
dois botões especialmente colocados no início de cada matéria tornam possível compartilhar os textos com amigos no Facebook e com os seguidores no Twitter. Acessos crescentes Em pouco tempo, o novo portal da CNT e os novos sites do Sest Senat e da Escola do Transporte já ampliaram a popularidade das respectivas instituições na rede. No mês de lançamento, as páginas eletrônicas atuais receberam 63% mais de visitas, se comparado com os índices de fevereiro de 2010. Com isso, o portal recém-apresentado ao público alcançou a marca de 21,3 mil visitas no segundo mês deste ano. l
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SERVIÇO www.cnt.org.br www.sestsenat.org.br www.escoladotransporte.org.br
Nas mídias sociais: Twitter: http://twitter.com/agenciacnt Facebook: http://www.facebook.com/cntbrasil Youtube: http://www.youtube.com/transportecnt Issu: http://www.issuu.com/transporteatual Flickr: http://www.flickr.com/photos/agenciacnt e http://www.flickr.com/photos/sestsenat
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EDUCAÇÃO
Ensino de excelência Faculdade de Tecnologia do Transporte oferece cursos de graduação e extensão nas áreas de logística, transporte terrestre, gestão e meio ambiente POR
ontribuir para o crescimento do setor de transportes no Brasil, oferecendo formação profissional de qualidade. É com esse objetivo que a Faculdade de Tecnologia do Transporte inicia suas atividades neste primeiro semestre de 2011. Diante da tendência consolidada da exigência de conhecimentos e habilidades específicas para o efetivo aprimoramento da gestão das empresas e projetos nas áreas de logística e transportes, o credenciamento da instituição vem como resposta às demandas das empresas ligadas ao setor e à sociedade. Ligada à CNT, a instituição oferece cursos de graduação tecno-
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lógicos e de extensão para promover a formação de pessoas que já atuam na logística e no setor de transporte e outras que queiram ingressar nessas atividades, tomando como perspectiva formadora a ideia de educação como processo crescente de conquista e construção de conhecimentos. A faculdade foi credenciada pelo MEC (Ministério da Educação) em dezembro do ano passado, de acordo com a portaria nº 1.384. Depois de analisar a documentação e avaliar a infraestrutura física e de pessoal, o ministério encaminhou o parecer ao Conselho Nacional de Educação que autorizou o funcionamento da faculdade por unani-
midade. A autorização era aguardada desde 2007. A missão da faculdade é preparar pessoas para atuarem no setor de transporte com eficiência, visão crítica e comprometimento com resultados, utilizando conhecimentos e tecnologias que apoiem a superação dos constantes desafios impostos pelo mercado. A aproximação da instituição com as lideranças e empresários do setor de transporte, por meio da CNT, é ponto positivo para o desenvolvimento do método pedagógico que será aplicado. O mesmo está baseado na cooperação com o mundo do trabalho, analisando e prevendo as necessidades da sociedade e
em particular do setor de transporte, desenvolvendo em conjunto com as empresas os processos de aprendizagem que integram a teoria e a formação para o trabalho, assim como as habilidades empresariais e o senso de iniciativa. Localizada no prédio da CNT, em Brasília, a faculdade conta com uma moderna infraestrutura de apoio ao ensino e à aprendizagem, corpo docente composto por doutores, mestres e especialistas, salas de aula com acesso à Internet banda larga, projetor multimídia, laboratório de informática, auditório com sistema de áudio e vídeo e biblioteca com acervo específico sobre o setor. A Faculdade do Transporte entra no
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FACULDADE DE TECNOLOGIA DO TRANSPORTE Oferta de cursos CURSOS DE GRADUÇÃO Tecnólogo em Logística Duração: 2 anos Modalidade: presencial Tecnólogo em Transporte Terrestre Duração: 2 anos Modalidade: presencial CURSOS DE EXTENSÃO Gestão Ambiental Carga horária: 45h/aula Modalidade: a distância Atualização para Responsável Técnico em Empresas de Transporte de Cargas Carga horária: 45h/aula Modalidade: a distância Gestão de Projetos Carga horária: 60h/aula Modalidade: presencial Fonte: Faculdade de Tecnologia do Transporte
cenário acadêmico como um centro de excelência e referência para o setor. As inscrições para o processo seletivo devem ser abertas ainda neste semestre. O início das aulas está previsto para agosto. Cursos Inicialmente serão oferecidos dois cursos de graduação – Tecnólogo em Logística e Tecnólogo em Transporte Terrestre, ambos com dois anos de duração – e três de extensão – Gestão Ambiental e Atualização para Responsável Técnico em Empresas de Transporte de Cargas a distância e Gestão de Projetos, presencial. Para os próximos anos, a meta da
faculdade é ampliar a oferta de cursos e de programas no ensino superior, conforme as demandas e necessidades do setor. O funcionamento do curso Tecnólogo em Logística foi autorizado pela portaria nº 256 da Secretaria de Educação Profissional Tecnológica do MEC, em dezembro de 2010. A proposta do curso é formar profissionais capazes de atuar como gestores de transporte e logística, suprimento e distribuição de mercadorias com visão estratégica integrada aos negócios da empresa, focados em resultados. O tecnólogo em logística pode atuar em órgãos gestores e regulamentadores de transporte, empresas de transporte, manu-
seio e distribuição de cargas, operações portuárias, terminais aduaneiros, alfandegários, de integração intermodal ou multimodal, empresas que utilizem conhecimentos de logística e empresas que trabalhem com sistemas de informações geográficas aplicadas ao gerenciamento de frotas e mercadorias. O curso de graduação Tecnólogo em Transporte Terrestre tem como objetivo formar profissionais capacitados para atuar em atividades de planejamento, de operação e de gestão de serviços de transporte e do sistema de trânsito no modal rodoviário e atender a demandas específicas de mobilidade e acessibilidade urbanas. A
portaria nº 101, da Secretaria de Educação Profissional Tecnológica, editada em janeiro deste ano, autoriza o funcionamento do mesmo. Na área da extensão, a oferta de cursos é destinada a profissionais técnicos e gestores de empresas. O curso de Gestão Ambiental tem duração de 45 horas/aula e será ministrado a distância. A proposta é preparar os profissionais já atuantes na área de transporte para implementar e manter um programa de gestão ambiental em empresas do setor. Também com duração de 45 horas/aula e oferecido na modalidade a distância, a Faculdade de Tecnologia do Transporte oferece o curso de Atualização para Responsável Técnico em Empresas de Transporte de Cargas preparando o profissional para desempenhar as funções específicas dessa área dentro das empresas de transporte rodoviário de cargas. Na modalidade presencial, o curso de Gestão de Projetos, com carga horária de 60 horas/aula, prepara os profissionais para conhecer os principais elementos que envolvem a elaboração e o gerenciamento de projetos. O curso é voltado para profissionais que trabalham na área de planejamento, execução e controle de projetos na área de transportes e que desejam aprimorar suas técnicas e procedimentos. l
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s taxistas têm importante papel na proposta do país de receber bem os milhares de turistas que devem movimentar o Brasil durante a realização da Copa do Mundo de 2014. São eles que darão as boas-vindas e deixarão a primeira impressão das cidades que receberão os jogos. Por isso, qualificar esses profissionais é tão importante. Taxistas preparados para o exercício da profissão oferecem um melhor atendimento aos clientes e têm melhores níveis de lucratividade e rentabilidade. Foi pensando nisso que a Escola do Transporte, a CNT, o Sest Senat e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) assinaram convênio para o desenvolvimento do projeto Taxista Nota 10. O programa, com lançamento para o público marcado para o final deste semestre, tem como objetivo principal aprimorar os conhecimentos de gestão de negócios e aumentar a qualidade dos serviços prestados pelos taxistas, sejam eles empreendedores individuais, autônomos ou membros de cooperativas. Em três anos, a meta é qualifi-
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Taxista Nota 10 Escola do Transporte, CNT, Sest Senat e Sebrae vão qualificar 80 mil profissionais para a Copa POR LIVIA
car 80 mil taxistas que atuam, principalmente, nas 12 cidades que receberão os jogos da Copa – Manaus, Cuiabá, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Natal e Fortaleza –, nos municípios considerados porta de entrada do turismo internacional no país, em locais de alta atratividade turística e em cidades fronteiriças. Mas o programa também está aberto a profissionais de outros municípios. Segundo as entidades envolvidas no programa, a expectativa é que o taxista esteja mais preparado para gerenciar seu próprio
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negócio e se torne um autêntico cartão de visitas das cidades brasileiras não só durante a Copa, mas em todas as ocasiões que o Brasil recebe turistas. Entre os principais assuntos a serem abordados no programa educacional estão a gestão de negócios, pontos turísticos, formas de hospitalidade, guia pessoal e roteirização de passeios, qualidade na prestação dos serviços, direção preventiva e econômica e curso básico de línguas estrangeiras (inglês e espanhol). Segundo Andréia Calderan, gestora do projeto pelo Sebrae, a parceria com a Escola do
Transporte, a CNT e o Sest Senat permite chegar até um público que ainda não havia sido atingido pela entidade. “O taxista, além de ser um trabalhador do setor de transportes, é um empreendedor. Ele cuida do próprio negócio e precisa ter conhecimentos na área de gestão. Por isso, acreditamos na importância desse programa”, afirma ela. O projeto Taxista Nota 10 está dividido em duas etapas que incluem cursos a distância de idiomas e aprendizado na área de gestão por meio de conteúdo distribuído em formato de jornal impresso.
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FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
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TAXISTA NOTA 10 Saiba mais sobre o programa CURSOS OFERECIDOS 1 Línguas estrangeiras (inglês e espanhol) 2 Gestão de negócios para taxistas 2.1 Temas abordados • Comunicação • Mercado de táxi • Postura profissional no gerenciamento de seu negócio • Legislação e documentação do transporte • Respeito às normas de saúde, meio ambiente e segurança • Desenvoltura e preparo para atendimento aos clientes • Cooperativismo e associativismo • Empreendedorismo • Planejamento dos negócios • Negociação e fechamento de contratos • Custos e gerenciamento da frota • Qualidade na prestação de serviços de transporte COMO PARTICIPAR As inscrições podem ser feitas pessoalmente ou por telefone em uma das unidades do Sest Senat participantes do programa ou em uma das centrais de atendimento do Sebrae. Fontes: Escola do Transporte e Sebrae
PROGRAMA Gestão de negócios é um dos temas que serão abordados
“O modelo dos dois cursos foi pensado para atender às necessidades desses profissionais. Os taxistas trabalham muito e não teriam tempo de frequentar uma sala de aula. Então, levaremos o conteúdo até eles ”, explica Andréia. No programa de ensino a distância estão incluídos cursos de inglês e espanhol, com 120 horas/aula cada. O conteúdo será transmitido ao aluno com a utilização de CDs de áudio e leituras complementares em apostilas que o taxista pode utilizar em seus momentos de folga ou quando aguarda clientes nos pontos, dentro do próprio carro. O programa educacional de gestão está baseado na distribuição de material informativo em formato de jornal impresso. Dentro do conteúdo disponibiliza-
do estarão assuntos relacionados aos diversos temas que fazem parte do cotidiano do taxista. O material também apresentará jogos e outras atividades de passatempo como meio de fixação do conteúdo aprendido, espaço destinado ao humor e dicas de turismo. O jornal terá periodicidade mensal com a circulação de 15 edições. Os conteúdos serão republicados em um segundo ciclo do programa, quando novos profissionais poderão participar. Todas as edições terão uma parte destacável para que o taxista possa, ao final das 15 publicações, fazer a troca do material pelo adesivo de participação no programa. O mesmo pode ser fixado no táxi, identificando o profissional como um Taxista Nota 10. Para Edgar Ferreira de Sousa, presidente da Fencavir (Federação
Nacional dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros) e vice-presidente da seção de transportadores autônomos, de pessoas e de bens da CNT, o projeto da Escola do Transporte vem em boa hora. “Como taxista, defendo muito a qualificação profissional. É só por meio dela que teremos como oferecer mais qualidade nos serviços que prestamos à comunidade e até mesmo garantir benefícios para o nosso negócio”, afirma ele. Para participar do projeto e receber o material – CD e caderno do aluno para o curso de idiomas e jornal para o curso de gestão – será preciso se cadastrar pessoalmente ou por telefone em uma das unidades do Sest Senat participantes do programa ou em uma das centrais de atendimento do Sebrae. l
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RETOMADA
Gerenciamento de resíduos Técnicos fazem visita ao aeroporto e à rodoviária de Brasília POR
SUELI MONTENEGRO
ntegrantes do grupo de trabalho que discute uma revisão da regulamentação para o gerenciamento de resíduos em portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários no país participaram em fevereiro de visitas técnicas ao Aeroporto Internacional JK e ao Terminal Rodoviário Interestadual de Brasília. As visitas, coordenadas pela CNT, marcaram a retomada das atividades do grupo, que debate, desde o ano passado, a proposta de adequação da resolução nº 5 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), às diretrizes da PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos). “A atual resolução organiza e gerencia resíduos de forma interessante, mas há necessidade de
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atualizá-la de acordo com o PNRS”, afirmou o coordenador do grupo, Eric Fischer. Na opinião do coordenador, o conhecimento das diferentes formas de gerenciamento adotadas nesse tipo de instalação é necessário para a compreensão e a discussão de questões centrais relacionadas à destinação do lixo. “Vai ter muita gente entrando no país por causa da Copa de 2014 e é necessário ter uma boa gestão de resíduos”, lembrou. Além de Fischer, participaram da visita o relator do grupo de trabalho e representante da CNT, Eduardo Vieira, técnicos do Ibama e dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente e representantes da Infraero. No aeroporto de Brasília, o grupo técnico visitou a chamada zona primária, que compreende
toda a movimentação de cargas e de pessoas, desde as áreas restritas para embarque e desembarque até os locais onde há movimentação dos rejeitos das aeronaves. Responsável por acompanhar o grupo pelas dependências do aeroporto, o superintendente do terminal, Antônio Sales, informou que a cada mês são incinerados 5.000 quilos de resíduos sujeitos à contaminação. Outra parte do lixo gerado nessas áreas é recolhida pelo SLU (Serviço de Limpeza Urbana), enquanto os rejeitos resultantes da descarga de banheiro das aeronaves são escoados pelo sistema de esgoto. No novo terminal rodoviário de Brasília, o grupo conheceu parte das instalações por onde passam diariamente cerca de 400 ônibus e em torno de 3.500 passageiros
provenientes de todo o país. Administrado pela concessionária Socicam, o terminal recebe apenas resíduos gerados por passageiros e acompanhantes nas áreas comuns, já que a limpeza e a manutenção dos ônibus são feitas pelas próprias empresas em suas respectivas garagens. Marcelo Siqueira, gerente da rodoviária, afirma que a coleta é feita duas vezes ao dia pelo SLU e não há separação entre lixo reciclável e resíduos orgânicos pela ausência de coleta seletiva. Siqueira não soube informar a quantidade gerada de material no terminal diariamente. Em dezembro do ano passado, segundo o administrador, a média diária de passageiros foi de 11 mil pessoas, o equivalente a mais que o triplo da movimentação em dias normais. l
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SUSTENTABILIDADE
Soluções ambientais Fórum internacional, em São Paulo, vai debater a aplicação da logística reversa POR
epresentantes de empresas brasileiras de todos os ramos terão uma oportunidade durante o mês de março de conhecer mais sobre as ações que envolvem um conceito que está em pauta hoje no mundo e, especialmente, no Brasil: a logística reversa. Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no segundo semestre do ano passado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os empresários de todos os ramos precisam colocar em prática ações que permitam a restituição dos resíduos sólidos para reaproveitamento ou para
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NOVAS NORMAS
CYNTHIA CASTRO
outra destinação ambientalmente adequada. No dia 24 de março, em São Paulo, cases nacionais e de outros países sobre o assunto serão expostos durante o 2º Fórum Internacional e Expo de Logística Reversa, realizado pelo CLRB (Conselho de Logística Reversa do Brasil). Além das palestras, haverá também, no Centro Empresarial de São Paulo, uma exposição em que as soluções de logística reversa para diferentes setores serão apresentadas. Quem quiser participar deve buscar informações no site www.clrb.com.br/forum. Neste ano, o conteúdo voltado
para a sustentabilidade ambiental será ampliado, conforme os organizadores do evento. Um dos palestrantes mais esperados é Luis Martins, presidente da ProEurope – entidade de coordenação dos programas de gestão de resíduos sólidos de 32 países da Europa. O presidente do CLRB, professor e engenheiro Paulo Roberto Leite, destaca que esse palestrante abordará, por exemplo, a gestão de resíduos como embalagens e eletroeletrônicos. “O presidente da ProEurope vai trazer um pouco do modelo deles, falar de como se organizam. Isso é importante porque o modelo desses países pode ser equivalen-
te às ações de um Estado brasileiro, devido às dimensões continentais”, comenta Leite. O presidente do CLRB é autor do livro “Logística Reversa – Meio Ambiente e Competitividade”, da Prentice Hall Brasil. O livro foi editado em 2003 e atualizado em 2009. Também deverá estar presente no fórum internacional algum representante do Ministério do Meio Ambiente, que explicará aos participantes toda a regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O decreto nº 7.404, de dezembro do ano passado, regulamenta a lei nº 12.305 (de 2 de
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2º Fórum Internacional e Expo de Logística Reversa Quando: 24 de março Onde: Centro Empresarial de São Paulo (av. Maria Coelho Aguiar, 215, Jardim São Luís) Informações: ww.clrb.com.br/forum Temas e palestrantes previstos* • Soluções de logística reversa – Cases dos Correios, do Grupo TPC, da Exata Logística, T Gestiona, Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias • Palestras internacionais • Luis Martins, presidente do ProEurope, entidade de coordenação dos programas de gestão de resíduos sólidos de 32 países da Europa • Professor Dale Rogers, autor do livro “Going Backwards – Reverse Logistics Trends and Pratices” e chairman do Reverse Logistics Executive Council * Programação sujeita a alterações Fonte: CLRB
Empresas precisam se preocupar com a restituição dos resíduos sólidos
agosto), que institui a política, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, entre outras providências. Pela definição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, “logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada”. Conforme a legislação, os sistemas de logística reversa serão implementados e operacionalizados por meio de acordos setoriais, regulamentos expedidos pelo poder público e termos de compromisso. Esses acordos setoriais, segundo a regulamentação, “são atos de natureza contratual, firmados entre o poder público e os fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, visando a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto”. O presidente do CLRB destaca que todos os setores precisam então se preocupar em colocar
em prática as ações que envolvem logística reversa. Ele comenta que a legislação responsabiliza quem faz, distribui, comercializa e quem usa, no sentido de dar uma destinação correta – seja o reaproveitamento, a reciclagem ou mesmo outra destinação ambientalmente adequada. No setor de transporte, por exemplo, haverá um impacto grande devido ao aumento da demanda de produtos a serem transportados em todo o país. “Desde muito tempo, temos falado que as oportunidades de negócios estão se abrindo e se abrirão para todos os prestadores de serviço. O volume a ser transportado, dos
mais diferentes tipos de produtos, vai aumentar muito.” De acordo com Leite, o fórum a ser realizado em 24 de março será dividido em pós-venda e pós-consumo. Ele explica que pós-venda é a área da logística reversa referente ao retorno de produtos que não foram consumidos, como devoluções de vendas da Internet e varejo, assistência técnica. Já a área de pós-consumo se refere a produtos que chegaram ao seu final de vida útil, como embalagens, eletrodomésticos, baterias e pilhas, entre tantos outros. E é essa área de pós-consumo que está diretamente inserida na legislação federal. “Em relação a alguns produtos, há um retorno natural para que haja o reaproveitamento de alguma forma, devido ao interesse econômico. Mas há categorias de produtos que não retornam depois de sua vida útil, e esta é uma grande preocupação.” O presidente do CLRB diz ainda que a exposição realizada dentro do fórum oferecerá diversas oportunidades para a troca de informações entre empresas que já atuam na prática de logística reversa e outras que estejam programando ações que envolvam esse conceito. Serão 22 estandes. “O movimento de logística reversa é crescente e dinâmico. As empresas precisam se atualizar, especialmente agora, com a Política Nacional de Resíduos Sólidos.“ l
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FERROVIAS
No trilho certo Setor ferroviário comemora os bons resultados de 2010 e traça novas metas de investimentos POR
om recorde alcançado no volume de movimentação de cargas por meio de ferrovias desde quando a malha nacional foi concedida à iniciativa privada, em 1996, o setor ferroviário segue um ritmo de crescimento além do registrado no país. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) teve alta de 47,8% entre 1997 e 2010, a movimentação de cargas, no mesmo período, registrou elevação de 86%. Em 13 anos, o
C
LIVIA CEREZOLI
volume passou de 253,3 milhões de toneladas para 471,1 milhões. Os números que constam no Balanço do Transporte Ferroviário de Cargas 2010 divulgado pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), em fevereiro, em Brasília, revelam que o setor segue no trilho certo, contribuindo para um transporte mais seguro, mais eficiente e menos poluente. Segundo a ANTF, o aumento na movimentação de cargas foi impulsionado, princi-
palmente pelo transporte de produtos siderúrgicos e commodities agrícolas, como soja, milho e arroz. Outros itens que também contribuíram para a alta na movimentação foram os petroquímicos e os materiais de construção. Em 2010, os investimentos realizados pela iniciativa privada também registraram alta de 19,45% em relação ao ano anterior. Foram R$ 2,98 bilhões, contra R$ 2,62 bilhões, em 2009. Para 2011, a previsão de investimentos é
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TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS Investimentos na malha existente (R$ bilhões) Governo federal Iniciativa privada 30 25 20 15 10 5 2010
0,162 0,113 0,045 0,056 0,058 0,056 0,035 0,008 0,044 0,072 0,140 0,225 0,123
TOTAL
2009
2008
2007
2005
2006
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1997
1998
0
-*
1,14
0,412 0,386 0,538 0,617 0,766 0,668 1,089 1,958 3,114 2,221 2,597 4,173 2,499 2,985 24,03
Movimentação de cargas (milhões de toneladas) 500 450
471,1
450,5 404,2 445,2
400
368,4
350 288,1
300 256,0
253,3 250
395,5
386,0
315,8 336,4 291,6
259,3
200 150 100 50 2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
0
* Não divulgado pelo governo federal Fonte: ANTF
de R$ 3 bilhões. O total investido pelas empresas durante todo o período de concessão já soma R$ 24 bilhões, contra R$ 1,4 bilhão investido pela União. De acordo com Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF, 80% dos investimentos das concessionárias foram aplicados em infraestrutura, 15% em material rodante e 5% em tecnologia e sinalização. Todo esse crescimento no transporte de cargas pelas ferrovias também refletiu em bons resultados para a indústria ferroviária. O faturamento das empresas cresceu 48% em relação a 2009, alcançando R$ 3,1 bilhões, segundo a Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária). Os valores são decorrentes da produção de 3.261 vagões, 430 carros de passageiros e 68 locomotivas. Para 2011, a entidade mantém o otimismo. Está prevista a colocação no mercado de mais 5.000 vagões, 450 carros e cem locomotivas, o que deve gerar um faturamento de R$ 3,8 bilhões. E aquecimento na indústria ferroviária significa melhorias na qualidade e eficiência da frota do país. Números da ANTF mostram que em 20 anos – de 1990 a 2010 – a idade média dos
RENOVAÇÃO Números da ANTF mostram
vagões passou de 42 para 25 anos. Até 2020, a previsão é que a idade média não ultrapasse os 18 anos. Além disso, segundo Vilaça, diretor-executivo da entidade, as locomotivas atuais são dotadas de tecnologias que permitem realizar a operação de forma mais eficiente. Os equipamentos possuem computador de bordo, rastreadores via satélite, sistema de comunicação via GPS e alarmes de alerta. Desde a concessão das
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que de 1990 a 2010 a idade média dos vagões passou de 42 para 25 anos. A previsão é que não ultrapasse 18 anos em 2020
linhas à iniciativa privada, a quantidade de locomotivas passou de 1.154, em 1997, para 3.130, em 2010. O número de vagões também mais que dobrou. Antes eram 43.816 em operação e, no ano passado, foram 99.531. Para os próximos nove anos (até 2020), a ANTF projeta a compra de mais 2.000 locomotivas e 40 mil vagões. Porém, mesmo diante dos ganhos de desempenho do sistema ferroviário, ainda é necessário superar alguns
Em 13 anos, o volume transportado foi de
471 mi de toneladas
desafios para dar continuidade ao desenvolvimento do setor. Para Vilaça, uma das metas a ser alcançada é o aumento da participação do modal ferroviário na matriz do transporte brasileiro. Atualmente, 25% das cargas são transportas pelas estradas de ferro. As rodovias transportam, aproximadamente, 60%. E, para isso, é necessário investir em melhorias e ampliação da malha existente. “Precisaríamos de pelo
menos 52 mil quilômetros de ferrovias para atender a demanda do país atualmente, e só temos 28.228 km.” Algumas obras de expansão da malha estão em andamento e, pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), está prevista a construção de mais 11 mil quilômetros até 2023. O investimento estimado pelo governo federal é de R$ 25 bilhões. Além disso, há pontos crônicos de estrangulamento na infraestrutura da malha que refletem em problemas a serem equacionados. São pelo menos 12.500 passagens de nível (cruzamento de uma ou mais linhas com uma rodovia principal ou secundária no mesmo nível) em estado crítico, acesso deficitário aos portos e invasões das faixas de domínio que obrigam as composições a reduzirem as velocidades para até 5 km/h, segundo a ANTF. “Muita coisa foi feita nos últimos anos pelo transporte ferroviário, tanto pela iniciativa privada como pelo governo federal, mas, agora, os avanços precisam ser mais significativos para que seja possível agregar ainda mais competitividade ao nosso setor”, afirma Vilaça. l
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INDÚSTRIA NAVAL
Oportunidade de trabalho Setor precisa de mão de obra qualificada tanto para funções operacionais como para cargos de nível superior POR
setor naval está precisando de mão de obra qualificada e promete continuar oferecendo diversas oportunidades de trabalho nos próximos anos para profissionais que atuem desde os níveis mais operacionais, na produção, até funções que exigem curso técnico ou superior. Com o aumento das explorações de petróleo nas águas brasileiras e o incentivo à construção de estaleiros e
O
CYNTHIA CASTRO
navios, cresce a demanda por esses profissionais. Atualmente, há pelo menos 269 empreendimentos em andamento em 37 estaleiros, sendo 19 plataformas de produção de petróleo. Novos contratos que já foram anunciados ou estão em processo de assinatura irão somar mais 39 navios do programa EBN (Empresa Brasileira de Navegação), 30 sondas de perfuração, 30 navios de apoio marítimo, entre outros.
Os números fazem parte do sumário executivo de janeiro de 2011, divulgado pelo Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore). Os representantes da construção naval no Brasil destacam que o país “aparece novamente nas estatísticas internacionais”. Entretanto, o Sinaval reconhece que a participação ainda é modesta, ao considerar os 7.500 navios em construção no mundo. “O
Brasil se destaca na construção de petroleiros, na construção de plataformas de petróleo e de navios de apoio marítimo”, informa o sumário executivo do Sinaval. Treze novos estaleiros em implantação vão aumentar o total de estaleiros de médio e grande porte para 50. O engenheiro Luiz Felipe Assis, chefe do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da UFRJ (Universidade Federal do Rio
FOTOS AGÊNCIA PETROBRAS DE NOTÍCIAS/DIVULGAÇÃO
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CONSTRUÇÃO NAVAL E EMPREGOS (2010) Região Sudeste Sul Nordeste Norte Total
Obras 181 44 23 21 269
Emprego 26.768 7.458 12.231 9.655 56.112
Empregos 25.987 10.581 9.244 5.500 1.958 2.842
Participação (%) 46,31 18,86 16,47 9,8 3,49 5,07
EMPREGOS POR ESTADOS Estado Rio de Janeiro Pernambuco Amazonas Rio Grande do Sul Santa Catarina Outros
Fonte: Sinaval
de Janeiro), destaca que há uma grande demanda concentrada na indústria naval e ainda não houve tempo de se formar toda essa mão de obra. “Durante muito tempo, essa atividade (na indústria naval) esteve esvaziada no Brasil e ainda vai demorar um pouco para formar mais pessoas”, diz o engenheiro. Além dos funcionários de nível de produção, que podem ser treinados mais rapidamente, o mercado precisa
muito de profissionais com melhor formação e técnica, como engenheiros ou tecnólogos. O chefe do departamento da UFRJ cita que a indústria está aberta para engenheiros que não sejam necessariamente navais. Entretanto, eles precisam ter conhecimento da área. “Se o país quiser projetar a construção naval no futuro, com estaleiros maiores, tem que visar o treinamento mais qualificado de mão de obra,
com níveis de formação e capacitação maiores”, diz o engenheiro Luiz Felipe Assis. Ele considera que o Brasil precisa ter um centro de treinamento de mão de obra naval, voltado para nível técnico. Em nível superior, a UFRJ e a USP (Universidade de São Paulo) são referências. Por ano, formam-se em média 50 alunos de engenharia naval em cada universidade. “Há dez anos, a UFRJ formava 20 engenheiros dessa área. Não
havia interesse. Hoje, os salários aumentaram e as oportunidades também”, afirma Assis. Também há cursos superiores em outras universidades, tanto de engenharia naval como de tecnólogo. A Transpetro (Petrobras Transporte S.A.), principal empresa de logística e transporte de combustíveis do Brasil, afirmou por meio de sua assessoria de comunicação que o setor naval brasileiro vive um momento de aque-
SETOR AQUAVIÁRIO Veja alguns cursos oferecidos pelo Sest Senat. As turmas são formadas conforme a demanda: Atendimento em Agências Marítimas de Cargas Público-alvo Profissionais do transporte aquaviário que trabalham em agências marítimas de cargas e no agenciamento de cargas nos portos Carga horária 30 horas/aula Alguns objetivos • Entender os principais conceitos de transporte relativos às atividades das agências marítimas • Conhecer o conceito de Incoterms e identificar alguns mais usados no transporte marítimo internacional • Conhecer o fluxo das atividades dos navios na escala ou estadia em cada porto • Conhecer as principais taxas gerenciadas pelas agências marítimas na representação do armador • Entender a composição dos termos de frete e as regras da contratação do transporte marítimo Introdução ao Shipping Público-alvo Profissionais do transporte aquaviário que trabalham com a movimentação de cargas e com a negociação dos contratos de afretamento e profissionais que atuam na movimentação de cargas em portos Carga horária 20 horas/aula Alguns objetivos • Conhecer as principais dimensões, aspectos construtivos e nomenclaturas de um navio • Conhecer as principais inspeções exigidas dos navios • Conhecer a classificação das cargas com foco no transporte marítimo • Entender as funções dos terminais e conhecer mais detalhadamente a operação • Conhecer a organização e o modelo brasileiro de gestão portuária
• Conhecer os principais tipos de afretamento marítimo, com vantagens e desvantagens • Conhecer os principais tipos de serviço de transporte marítimo e sua adequação ao afretamento • Conhecer a estrutura de custos operacionais de um navio para entender os detalhes da negociação do seu aluguel • Conhecer os principais elementos de um contrato de afretamento (Carta Partida) Conectividade do Setor Aquaviário com os Demais Modais Público-alvo Profissionais do transporte aquaviário, rodoviário ou ferroviário que trabalham com a movimentação de cargas e com a intermodalidade, envolvendo o transporte aquaviário ou que atuem na movimentação de cargas em portos Carga horária 30 horas/aula Alguns objetivos • Apresentar os modos utilizados no transporte de cargas e conhecer a intermodalidade • Apresentar o transporte marítimo de importação e exportação • Conceituar o transporte de cabotagem • Conceituar a conectividade no transporte aquaviário • Apresentar a infraestrutura do sistema portuário brasileiro e apresentar o papel da logística no transporte
INVESTIMENTO Expansão da frota Gestão de Contêineres Público-alvo Profissionais do transporte aquaviário, rodoviário ou ferroviário que trabalham com a movimentação de cargas em contêineres e com a intermodalidade envolvendo diversos modos de transporte
Afretamento Marítimo Público-alvo Profissionais do transporte aquaviário que trabalham com a movimentação de cargas e com a negociação dos contratos de afretamento e profissionais que atuam na movimentação de cargas em portos Carga horária 15 horas/aula Alguns objetivos • Conhecer os principais atores da contratação do transporte marítimo e sua relação com a propriedade do navio
Carga horária 28 horas/aula Alguns objetivos • Conhecer as principais utilidades dos contêineres • Apresentar a gestão de contêineres e suas atividades • Identificar os materiais para acomodação e amarração de cargas • Apresentar as tecnologias utilizadas nas operações logísticas Fonte: Sest Senat
cimento, sobretudo devido ao Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro). “O cenário brasileiro é de aumento da exploração e produção de petróleo offshore, com o desenvolvimento dos campos no pré-sal, o que demandará mais navios, sondas, plataformas e barcos de apoio. Com isso, pode-se afirmar que o mercado de trabalho para os marítimos vive um cenário de pleno emprego, seja em nível básico, técnico ou superior”, afirmam os representantes da Transpetro.
IMPLANTAÇÃO
Unidade vai gerar mais de 10 mil empregos No final de fevereiro, a UCN (Unidade de Construção Naval), da OSX, obteve a licença prévia de instalação, aprovada pela Comissão Estadual de Controle Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro. A UCN deve ser um dos maiores estaleiros das Américas e estará localizada no complexo industrial do superporto do Açu, no Distrito Industrial de São João da Barra. A expectativa é que durante a fase de implantação sejam gerados 3.500 empregos diretos e outros 10 mil durante a operação do estaleiro. Isso sem incluir os serviços de terceiros, entre outros trabalhos. O gerente-executivo da Unidade de Construção Naval, José Jorge Araújo, considera que serão pelo menos mais 10 mil empregos indiretos. “Esses projetos são estruturantes, modificam a cultura da região onde estão instalados. Os reflexos não são
somente para atender a mão de obra que irá trabalhar no estaleiro”, diz. A unidade deve começar a ser construída neste ano. O foco será a construção, montagem e integração de unidades, como plataformas de produção fixas e flutuantes e sondas de perfuração, com ênfase em eficiência operacional e tecnologia de ponta. Para formar grande parte da mão de obra, a equipe da UCN vai contar com o treinamento e capacitação profissional do ITN (Instituto Tecnológico Naval), que está sendo desenvolvido pela OSX. Pelo menos 7.800 técnicos devem ser formados até 2013. O funcionamento do instituto será em parceria com instituições de ensino reconhecidas no Brasil e no exterior. Além de gerar mão de obra qualificada para o setor, o instituto também pretende promover projetos e pesquisas com foco na melhoria e
na automatização de processos operacionais nessa área. A OSX Construção Naval tem como sócia (10% de participação) a sul-coreana Hyundai Heavy Industries. Conforme informações da empresa, pelo acordo estratégico, a Hyundai vai transferir tecnologia e know-how que permitirão à OSX atingir níveis de produtividade muito altos. “Nossa sócia emprega 47 mil na Coreia, na construção naval. Aqui no Brasil, mão de obra é um dos grandes gargalos. Mas não podemos ficar assentados, esperando que alguém resolva. Vamos então buscar parcerias com diversas instituições de ensino, com entidades de classe, para buscar soluções para capacitar o maior contingente possível num menor tempo possível”, afirma o gerenteexecutivo da Unidade de Construção Naval.
da Transpetro aquece indústria naval
Criado em 2004, o Promef revitalizou a indústria naval do país com a encomenda a estaleiros brasileiros de 49 navios que serão entregues até 2015. Atualmente, 41 já foram licitados, com investimento de R$ 9,6 bilhões. Desse total, de acordo com a Transpetro, 11 serão construídos no Estado do Rio de Janeiro e 30 em Pernambuco. Os últimos oito navios estão em fase de licitação. Ainda conforme informações da empresa, para atender à crescente necessidade de mão de obra, a Transpetro tem tido
iniciativas voltadas para a melhoria da formação, em conjunto com a Marinha, sindicatos de marítimos e armadores nacionais. Atualmente, a Transpetro possui 2.232 marítimos e prevê a contratação de aproximadamente mais 1.700 até 2013, por meio de concurso. Empregos Nos estaleiros espalhados no Sul, Sudeste, Nordeste e Norte do Brasil, foram gerados 56.112 empregos diretos em 2010, conforme balanço do Sinaval. O Rio de Janeiro é o Estado que mais gera empregos, com 25.987 (46,31%)
contabilizados. Entretanto, Pernambuco produz mais. A explicação, conforme o Sinaval, é que a produção do Rio de Janeiro é realizada por diversos estaleiros e inclui navios de apoio marítimo, navios porta-contêineres e plataformas de produção. A produção em Pernambuco é realizada no EAS (Estaleiro Atlântico Sul), que constrói petroleiros e o casco da plataforma P-55. De acordo com dados do Sinaval, quatro estaleiros do país surgem em posição de destaque em relação à tonelagem de construção. O EAS, no complexo
industrial portuário de Suape (PE), lidera com 3 milhões de TPB em construção (22 navios e o casco da P-55). TPB é a tonelada de porte bruto, unidade que mede a capacidade de transporte de carga de uma embarcação. O Eisa (Estaleiro Ilha S.A.), no Rio de Janeiro, tem 1,2 milhão de TPB em construção (26 navios). O Ecovix (Engevix Construções Oceânicas), em Rio Grande (RS), tem 1,1 milhão (oito cascos de navios plataformas tipo FPSO), e o estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis (RJ), tem 250 mil TPB estimadas em produção (cinco plataformas). l
AVIAÇÃO
Ameaça no céu
ISTOCKPHOTO
Presença de aves nas imediações dos aeroportos coloca em risco a segurança de voo. Em 2010, 936 colisões foram registradas no país
POR
LIVIA CEREZOLI
crescimento desordenado dos centros urbanos pode trazer muito mais problemas do que a falta de transporte, saúde e educação. A precariedade no sistema de saneamento nas cidades brasileiras também pode afetar diretamente a segurança aérea. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2009, 37,9% dos domicílios urbanos brasileiros não eram atendidos por coleta de lixo direta, rede de abastecimento de água e rede coletora de esgoto. Sem a coleta de resíduos adequada, amplia-se o número de depósitos de lixo irregulares nas imediações dos aeroportos, lugares atrativos para aves que buscam comida e podem se chocar com aeronaves, causando graves acidentes. No ano passado, das 964 colisões com animais registradas em aeroportos brasileiros pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da Aeronáutica, 936 foram com aves. Outras 28 aconteceram com animais de espécies variadas que também invadem as pistas. A maioria dos casos (869 colisões) aconteceu com aeronaves da aviação civil. Para tentar minimizar esse problema, o Cenipa, por meio do Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), iniciou um levantamento dos focos de atração de aves em aproximadamente 40 aeroportos do país. Segundo o coronel-aviador Luiz Cláudio Magalhães Bastos, vice-chefe do centro, serão avaliados os locais com o maior volume de tráfego e de ocorrência de colisões. Os dados serão posteriormente
O
CENIPA/DIVULGAÇÃO
VÍTIMA Aviação militar também sofre acidentes causados por aves dos lixões
repassados à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que deverá pedir a extinção desses locais com os órgãos responsáveis, como prefeituras ou governos estaduais, e até mesmo restringir a operação em determinados aeroportos. “Nosso levantamento será frequente. As informações precisam sempre ser atualizadas porque os depósitos de lixo podem voltar a existir. Além disso, precisamos orientar os envolvidos da importância de se relatar ao Cenipa a ocorrência de incidentes. Só assim teremos como controlar as áreas”, afirma o coronel. Estimativas mundiais mostram que apenas 20% dos casos de colisão entre aeronaves e aves são relatadas aos órgãos de investigação.
Porém, antes mesmo do levantamento do Cenipa ser concluído, medidas já estão sendo colocadas em prática em algumas cidades. Em janeiro deste ano, a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro fechou três lixões irregulares que atraíam aves para o Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão. No local foram registradas, em 2010, 51 colisões com animais. Entre os depósitos de lixo fechados, um funcionava dentro de um terreno da Aeronáutica, outro em um terreno da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) e o terceiro se localizava dentro da comunidade carente de Vila Joaniza. De acordo com José Maurício
“Precisamos orientar os envolvidos da importância de se relatar ao Cenipa a ocorrência de incidentes” LUIZ CLÁUDIO MAGALHÃES BASTOS, VICE-CHEFE DO CENIPA
SOLUÇÃO Infraero usa
Padrone, coordenador de combate aos crimes ambientais da Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro, depois de ser retirado todo o material, os locais onde funcionavam os lixões em áreas da Aeronáutica e da Infraero foram cercados e murados para impedir novas invasões. Na Vila Joaniza, além de construir um campo de futebol para a comunidade na área do lixão, a secretaria exigiu que a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) passasse a realizar a coleta de lixo regular no bairro. “O serviço não era oferecido há anos. Agora, aumentaram o número de garis e caminhões recolhem o lixo diariamente”, conta Padrone. Segundo o coordenador,
INFRAERO PAMPULHA/DIVULGAÇÃO
VEJA NÚMERO DE COLISÕES EM 2010 OCORRÊNCIA DE CASOS 1000
936
800 600 400
205
155
200
28
0
Colisões com aves
Colisões com outros animais
Quase colisão
Avistamento
COLISÕES MENSAIS 140 119 120
103
100 92
91
80
78
80
67 70
70
60
68
68 58
40 20 0 jan fev mar abr mai jun
jul Ago set out nov dez
COLISÕES POR AEROPORTOS 60 51 52 53 54
50 41 43
40 30 20
10 11 11 12
17
21
25
10 0 Natal Boa Vista Cuiabá Goiânia Joinville Fortaleza Recife Belém Campo Grande Navegantes Guarulhos Salvador Curitiba Congonhas Galeão Porto Alegre Brasília Campinas COLISÕES POR FASE DE VOO 250 300
239
200 143
150
108 100
79
112 50
80 Revisão de pista
Inspeção de trânsito
Corrida após pouso
0 Aproximação final
de atração de pássaros, em uma área de 20 km para aeroportos que operam por instrumento e 13 km para os demais.” O texto da resolução cita como exemplo desses locais matadouros, curtumes, vazadouros de lixo e culturas agrícolas que atraem as espécies animais. De acordo com Bastos, do Cenipa, o problema da presença de aves em aeroportos é antigo e existe no mundo todo. O primeiro acidente com vítima fatal aconteceu em 1912, nos Estados Unidos. No Brasil nunca houve vítimas fatais, mas há relatos de pilotos que perderam a visão. Um caso atual que ganhou reconhecimento mundial foi o do piloto de uma aeronave da US Airways com 155 pessoas a bordo, ocorrido em janeiro de
Decolagem
outra medida que está sendo tomada é a antecipação do fechamento do aterro sanitário no bairro Jardim Gramacho. “Isso estava previsto para acontecer só em 2014 devido ao esgotamento da área, mas vamos adiantar esse processo e até o final deste ano o aterro vai ser fechado. Mesmo que fique mais distante do aeroporto e não cause grandes transtornos, queremos evitar problemas com esse local também.” O lixo deve ser encaminhado para os aterros existentes em Seropédica e Nova Iguaçu. Desde 1995, uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) determina que não é “permitida a implantação de atividades de natureza perigosa, entendidas como foco
35 29 30 30 31
Pouso
falcões para evitar a presença de pequenas aves no aeroporto da Pampulha
“Muitas empresas acabam não acionando as COMANDANTE RONALDO JENKINS, DIRETOR TÉCNICO DO SNEA
PREJUÍZO
Empresas gastam até US$ 8 mi Além de colocar em risco a segurança da aviação civil, a presença de aves em áreas próximas aos aeroportos causa grandes prejuízos para o orçamento anual das empresas aéreas. Levantamento do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) mostra que, em 2009, os gastos diretos com reparos em aeronaves devido às colisões chegaram a US$ 2 milhões. Porém, esse valor pode se aproximar dos US$ 8 milhões, uma vez que estudos da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo, da sigla em inglês) estimam que o custo total chega a ser quatro vezes
2009. Depois de urubus se chocarem com as turbinas da aeronave, ele fez um pouso de emergência nas águas geladas do rio Hudson, em Manhattan, Nova York. Ninguém se feriu. O urubu está entre as dez aves mais comuns em casos de colisão com aeronaves. A espécie vive próxima a lixões em busca de comida e representa um dos maiores perigos para a viação por ser grande e voar alto. “Uma ave dessas pode pesar até 4 kg. Quando ela se choca com uma aeronave a 400 km/h, o impacto é
maior do que o custo direto. Nessa soma, incluem-se gastos com deslocamento de equipamentos para reparação, acomodação de passageiros em caso de voo interrompido e possível cancelamento de decolagens sequenciais. Desse total, US$ 4 milhões foram cobertos pelos seguros. A grande diferença de valor se deve às franquias que geralmente custam R$ 250 mil, segundo o diretor técnico do Snea, comandante Ronaldo Jenkins. “Muitas empresas acabam não acionando as seguradoras quando o incidente é de pequena proporção. Elas pagam o valor por conta própria.”
equivalente a 12 toneladas e o estrago pode ser grande”, afirma Carlos Camacho, secretário de Segurança de Voo do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas). Ele, que também é piloto, já passou por uma situação complicada devido a uma colisão. O incidente aconteceu em 1986, quando Camacho pousava um Boeing-767 no aeroporto de Salvador. Dois pássaros se chocaram com a asa da aeronave. O piloto precisou manobrar o avião de forma brusca, mas nada mais
FOTO PREMIADA A imagem intitulada “Perigo no Ar”, do fotógrafo categoria fotografia do Prêmio CNT de Jornalismo 2009. A foto
O Cenipa registrou no ano passado
964 colisões com animais em aeroportos brasileiros
grave aconteceu. “Mesmo assim, o risco de um acidente era grande, porque o tempo para você agir é muito pequeno. Precisamos fazer manobras evasivas e isso causa apreensão.” Números do Cenipa mostram que a maior parte das colisões ocorre na decolagem, um dos momentos mais sensíveis do voo, em que a aeronave necessita de muita potência e velocidade. Em 2010, foram 239 casos. Outros momentos críticos são o pouso, com 143 ocorrências, a aproximação
seguradoras quando o incidente é de pequena proporção” DOMINGOS RODRIGUES PEIXOTO/JORNAL O GLOBO
Domingos Rodrigues Peixoto, publicada no jornal “O Globo”, retrata a ameaça dos pássaros à aviação brasileira. O trabalho foi vencedor na grafia mostra um avião sobrevoando o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, cercado de biguás, uma espécie de ave aquática
final, com 112, e a inspeção de trânsito na pista, com 108 casos registrados. Além dos lixões irregulares, as aves são atraídas para os sítios aeroportuários por outros motivos, como o gramado ou a existência de água em áreas próximas. Nesse cenário estão espécies como o quero-quero, o carcará, a coruja, o pombo, o gavião, a andorinha, o bacurau, o morcego e a gaivota. Foi isso que aconteceu no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Como o sítio
aeroportuário está ao lado de uma lagoa, muitos queroqueros frequentam a pista de pouso. Para evitar acidentes com aeronaves, a solução encontrada pela superintendência da Infraero no local foi investir no manejo dessas aves. Desde 2007, quatro falcões de coleira e um gavião de penacho auxiliam na retirada das espécies do sítio aeroportuário. Em quase quatro anos, o número de colisões anuais reduziu de 20, em 2007, para 15, em 2010. No mesmo período, o volume de
Das colisões registradas em 2010,
239 ocorreram durante a decolagem
tráfego no aeroporto cresceu 26,5%. “O nosso trabalho foi experimental, mas já alcançamos bons resultados e daremos seguimento ao programa. Todas as aves retiradas do aeroporto são levadas para reservas ambientais”, explica Silvério Gonçalves, superintendente do aeroporto da Pampulha. O manejo dos pássaros é realizado em parceria com a empresa Biocev Serviços de Meio Ambiente com autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). l
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MARÇO 2011
SEST SENAT
Garantia de emprego Formandos do Programa Estadual de Qualificação Profissional recebem diploma e carteira assinada POR
Sest Senat realizou, em fevereiro, a formatura da primeira turma de alunos que participaram de um projeto piloto do PEQ (Programa Estadual de Qualificação Profissional), que visa, além de qualificar os profissionais, recolocá-los no mercado de trabalho. O programa é uma iniciativa da Sert (Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo) em parceria com 22 unidades do Sest Senat em todo o Estado.
O
LIVIA CEREZOLI
A cerimônia de formatura do curso de Capacitação para Condutores de Transporte de Cargas aconteceu na unidade de São Vicente (SP). Além da capacitação e do diploma, os alunos conquistaram uma vaga de emprego. Dos 94 motoristas de caminhão formados pelo programa, 91 foram indicados para trabalharem em 16 empresas. Desse total, 44 já receberam a carteira de trabalho com um contrato assinado e outros 47 estão participando de proces-
sos seletivos para preenchimento das vagas. O curso, com carga horária de 350 horas, abordou conteúdos de matemática, português, história, geografia, artes, saúde e segurança do trabalho, no módulo básico, e tecnologia embarcada, qualidade do transporte, carga geral e postura profissional, no módulo específico. A parceria do Sest Senat com a Sert, iniciada no ano passado, tem como objetivo incentivar a qualificação dos profissionais que atuam no transporte rodo-
viário de cargas, promovendo o desenvolvimento do setor. Também fazem parte do programa os cursos de logística básica e operação de carga com habilitação em operador de empilhadeira, ambos com 230 horas/aula. Desde o início, 5.460 alunos já foram qualificados pelas unidades do Sest Senat participantes do projeto no Estado de São Paulo. “A novidade dessa turma que formamos em fevereiro é que, agora, conseguimos, além de entregar o diploma aos alunos,
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FOTOS JOSÉ LUIZ LOPES BORGES/SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
DIPLOMADOS Formatura dos alunos da primeira turma do curso de Capacitação para Condutores de Transporte de Cargas, em São Vicente (SP)
colocá-los diretamente no mercado de trabalho”, explica Sérgio Pereira, diretor da unidade do Sest Senat de São Vicente. De acordo com ele, durante a capacitação dos profissionais, foi desenvolvido um trabalho com o sindicato patronal e as empresas do setor para a recolocação deles no mercado de trabalho. “Nesse contato inicial, descobrimos que o setor tinha uma carência de pelo menos 200 motoristas na região. Depois disso, iniciamos um trabalho de identificação do perfil
do aluno e das empresas interessadas na contratação.” Leandro de Oliveira Silva é um dos alunos contratados logo após a conclusão do curso. Aos 28 anos, ele comemora o emprego em uma transportadora de Santos. “O curso foi muito mais do que eu esperava, e sair com a carteira de trabalho assinada é ótimo.” Silva conta que, durante o curso, além de ter uma visão geral do transporte, aprendeu sobre segurança na hora de conduzir o veículo e como se portar na nova função
dentro da empresa e nos momentos de entrega da carga. Para Juan Carlos Dans Sanchez, coordenador do PEQ, a participação do Sest Senat na formação desses profissionais foi importante para os bons resultados do programa que, desde 2008, quando foi criado pelo governo do Estado de São Paulo, ainda não tinha desenvolvido trabalhos nas áreas de transporte e logística. “Nossa proposta é ampliar ainda mais essa parceria com o Sest Senat em 2011. Devemos aumentar o
número de vagas nos cursos já existentes e criar novas opções de acordo com a demanda do mercado.” O PEQ é voltado, prioritariamente, para quem está desempregado, tem entre 30 e 59 anos e não concluiu o ensino fundamental. Em pouco mais de dois anos, mais de 124 mil alunos já foram formados nas diversas áreas de atuação. Desse total, segundo Sanchez, 54% conseguiram emprego com carteira assinada três meses após a conclusão do
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SAIBA MAIS SOBRE O PEQ Cursos oferecidos no Sest Senat • Capacitação para Condutores de Transporte de Cargas 350 horas/aula. O projeto piloto para contratação dos alunos aconteceu em São Vicente e uma nova turma foi aberta na unidade ABC – Santo André • Logística Básica 230 horas/aula • Operação de Carga com Habilitação em Operador de Empilhadeira 230 horas/aula Como participar Inscrição pelo site do Emprega São Paulo (www.empregasaopaulo.sp.gov.br) Inscrição nos PATs (Postos de Atendimento ao Trabalhador) munido de RG, CPF e carteira de trabalho Unidades do Sest Senat onde os cursos são oferecidos ABC – Santo André / Araçatuba / Araraquara / Bauru / Campinas / Cubatão / Guarulhos / Jacareí / Limeira / Marília / Piracicaba / Presidente Prudente / Registro / Ribeirão Preto / Rio Claro / São José do Rio Preto / São Paulo Fernão Dias / São Paulo - Vila Jaguara / São Paulo - Parque Novo Mundo / São Vicente / Sorocaba / Taubaté Empresas participantes do projeto piloto de contratação Álamo Logística e Transporte Intermodal Ltda. Cortês Transportadora Ltda. Transportes Estrela Ltda. Transporte e Comércio Fassina Ltda. Grupo Libra Nassau Transportes e Serviços Ltda. Omnitrans Logística e Transportes Ltda. Probo Transportes Ltda. Santos Brasil Sistema Transportes S/A Super Trans Transportes e Serviços Ltda. Tecsider Transportes e Serviços Ltda. Transjofer Transportes Ltda. S. Magalhães S.A. Transportadora Capela Ltda. Portrans Transportes e Logística Ltda. Fonte: Sest Senat São Vicente, PEQ
EMPREGO Parte dos alunos saiu do curso com carteira assinada
curso. O programa também oferece uma bolsa-auxílio de R$ 210 para os alunos que não recebam outros benefícios, como o seguro-desemprego. Uma nova etapa do programa teve início em 28 de fevereiro. Mais 38 novas turmas dos três cursos oferecidos pelo Sest Senat foram abertas em todo o Estado de São Paulo. Até maio, outros 1.140 alunos deverão ser formados. “A proposta do programa é beneficiar, ao mesmo tempo, o mercado de trabalho, com a oferta de mão de obra qualificada, e o trabalhador, com as oportunidades de emprego”, afirma Sanchez. Segundo ele, os conteúdos dos cursos foram
definidos de acordo com os segmentos com maior demanda e atendem cidadãos que estão no auge da capacidade produtiva, têm grandes responsabilidades familiares e menos chance de voltarem para a escola. Os interessados em participar do programa podem fazer a inscrição pelo site do Emprega São Paulo (www.empregasaopaulo.sp.gov.br) ou comparecer a um PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) munidos de RG, CPF e carteira de trabalho. Para quem não possui acesso à Internet, as unidades do Acessa SP, Telecentros e Poupatempo de todo o Estado disponibilizam o serviço de forma gratuita. l
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IDET
Transporte de cargas em alta 2011 começa com forte crescimento em relação aos últimos três anos LUCAS LACAZ RUIZ/FUTURA PRESS
O
VOLUME Transporte em 2011 é 4,82% maior que dezembro de 2010
do de 4,59% comparado a dezembro de 2010. Já em relação a janeiro de 2010, o modal transportou 17,8 milhões de toneladas a mais, apresentando um crescimento significativo de 18,6%. Com o fechamento do ano, o modal ferroviário de cargas registrou recorde histórico de 496,91 milhões de TU e 278,83 bilhões de TKU. Os valores
apresentam aumento de 3,65% e 3,83% respectivamente, superiores ao recorde ocorrido no ano de 2008. O setor aquaviário de cargas apresentou em dezembro de 2010 um aumento de 3,08% na movimentação mensal. O número absoluto de passageiros transportados no coletivo urbano em janeiro de 2011 totalizou 927,5 milhões
de pessoas, mas registrou queda de 8,10% em comparação ao mês de dezembro de 2010, justificada pelo período de férias. O transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, em comparação a dezembro de 2010, apresentou um acréscimo de 3,11% para janeiro de 2011. O mesmo ocorreu com o transporte aeroviário de passageiros que, motivado principalmente pelo período de férias, teve aumento de 2,01%. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transporte no Brasil. l
8
impacto gerado pelas oscilações econômicas, principalmente nos últimos anos, tem afetado o transporte de cargas e passageiros. Como exemplo disso observou-se a crise de 2009, cujos efeitos incidiram, também, nas atividades ligadas ao setor produtivo. Entretanto, os primeiros números de 2011 apresentam uma reação positiva em relação aos três últimos anos. Ao que tudo indica, este ano promete manter a ascensão identificada, considerando que o transporte rodoviário de cargas apresentou um acréscimo no volume total transportado de 4,82% em relação a dezembro de 2010. No caso do transporte de cargas por terceiros, os números registrados revelam um aumento no total transporta-
Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br
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ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Rodoviário de Cargas - Total
Transporte Rodoviário de Cargas Industriais por Terceiros
115
60
105
55
Milhões de toneladas
Milhões de Toneladas
110
100 95 90
50
45
85 80
40 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
2008
set
2009
out
nov
2010
jan
dez
abr
mai
jun
jul
ago
2008
set 2009
out
nov
2010
dez 2011
Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros
1100
9
Milhões de Passageiros
Milhões de Passageiros
mar
2011
Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
1000
900
800
8
7
6
5 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
2008
set 2009
out
nov
2010
jan
dez
fev
mar
abr
mai
jun
2011
jul 2008
ago
set 2009
out
nov
2010
dez 2011
Transporte Aquaviário de Cargas
Transporte Ferroviário de Cargas
85
45
40
Milhões de Toneladas
Milhões de Toneladas
fev
35
30
65
45
25
25 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
2008
set
out
2009
nov
dez
2010
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
2008
out
2009
nov
dez
2010
Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
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FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas
BOLETIM ESTATÍSTICO
JANEIRO - 2011
RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
29.637 28.465 11 12
NÃO PAVIMENTADA
62.351 17.012 106.548 26.827 212.738
TOTAL
13.844 76.195 6.013 23.025 113.451 219.999 1.234.918 1.261.745 1.368.226 1.580.964
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas 14.621 Administrada por operadoras estaduais 1.195 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
2.060.002 379.721 732.616 570.798 13.976 40.000 25.120 105.000
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
11.738 8.066 1.674 6.987 28.465
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
92.814 2.919 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.289 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
33 33 2.498
173 AERONAVES - UNIDADES A jato Turbo Hélice Pistão Total
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total
122 37
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
139
44.000 29.000 13.000 1.148
873 1.783 9.513 12.505
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
CNT TRANSPORTE ATUAL
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BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0
CIDE
17,1
1,7
2010
0,0
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
R$ bilhões
727,0 727,0 0,0 727,0 65.076,0
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JANEIRO/2011
Autorizado Total pago Investimento liquidado Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
80 70 60 50 40 30 20 10 0 2 200
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês Janeiro/2011 Arrecadação no ano (2011) Investimentos em transportes pagos (2011) CIDE não utilizada em transportes (2011) Total Acumulado CIDE (desde 2002)
65,1
27,6
3 200
4 200
Arrecadação Acumulada
5 200
6 200
7 200
8 200
9 200
0 201
1 201
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
PIB (% cresc a.a.) 7,50 Selic (% a.a.) 11,25 IPCA (%) 5,91 (4) Balança Comercial 16,88 Reservas 288,58(5) Internacionais Câmbio (R$/US$) 1,70
acumulado em 2011
últimos 12 meses
Expectativa para 2011
-
-
-
-
12,50 5,32 -
297,90(5)
-
-
11,75
1,67(6)
1,75
Observações: 1 - Taxa de crescimento do PIB para o 4º Semestre 2010 e acumulada em 12 meses 2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 02/03/2011 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até Janeiro/2011 4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até Janeiro/2011 5 - Posição dezembro/2010 e Janeiro/2011 em US$ Bilhões 6 - Câmbio de fim de período Janeiro/2011, média entre compra e venda Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (Janeiro/2011), IBGE e Focus - Relatório de Mercado 28/01/11), Banco Central do Brasil.
8
R$ bilhões
Orçamento de Investimentos Ministério dos Transportes (Janeiro/2011)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES (PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
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EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 136,15 114,62 47,78 48,45 25,43 1.574,56
SETOR
Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
PARTICIPAÇÃO
(%) 76,30 8,60 7,30 3,12 3,10 1,60 100
NÚMEROS DE AFERIÇÕES EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE 2011
2007 A 2010
TOTAL
388.129
-
9.952
398.081
-
89,79%
87,17%
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
Aprovação no período 87,10%
CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
MODAL
JANEIRO
(%) 90,46 5,65 3,88 100
PARTICIPAÇÃO
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos
CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30
VEÍCULO
21 70 6.248 7.542
Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total
PARTICIPAÇÃO
(%) 44 39 10 7 100
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL* Japão EUA Europa
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
(grandes centros urbanos)
Diesel interior
MILHÕES DE
PARTICIPAÇÃO
50 ppm de S
Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total
500 ppm de S
CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3) TIPO
1.800 ppm de S
(substituição de 19% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S) * Em partes por milhão de S - ppm de S
2,3% 1,6%
(%) 96,6 2 1,4 100
2006
2007
2008
2009
2010
39,01 24,01 6,19
41,56 24,32 9,37
44,76 25,17 13,29
44,29 25,40 16,47
49,23 29,84 15,07
Diesel Gasolina Etanol
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - JANEIRO 2011 Corante 1,6% Aspecto 50,7%
m3 32,71 0,69 0,48 33,88
MODAL
Frotas cativas de ônibus urbanos das regiões metropolitanas da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro. Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades de Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife. Diesel metropolitano
Brasil
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S
Pt. Fulgor 10,9% Enxofre 2,0%
8
32,6%
50,7% 2,0%
Teor de Biodiesel 32,6% Outros 2,3%
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br 10,9%
Trimestre Anterior
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - JANEIRO 2011
Trimestre Atual
14,6
15
% NC
11,5 10 7,6 5
3,5 1,2
0
0,0
0,0
AC 0,0 0,0
1,0
AL 3,5 5,4
AM 14,6 15,4
AP 0,0 0,0
BA 1,2 1,4
CE 1,0 0,9
2,4 0,0
DF 0,0 0,0
ES 2,4 1,8
6,8 3,5
3,0 1,2
GO 1,2 1,4
1,8
MA 3,0 3,1
MG 11,5 9,4
MS 1,8 3,8
MT 7,6 4,9
PA 1,8 3,4
4,5
2,3
1,8
0,0
PB 3,5 2,1
PE 2,3 2,3
PI 0,0 0,6
2,8
2,0
1,4
1,2
0,0
PR 2,8 3,5
RJ 4,5 5,4
RN 1,4 1,9
RO 0,0 0,0
3,4
2,6
0,8 0,0
RR 6,8 4,8
RS 1,2 1,0
SC 0,8 1,1
SE 2,0 2,7
SP 2,6 2,3
TO 0,0 0,0
Brasil 3,4 3,2
“Uma moeda saudável permite a máxima expansão da criatividade e é fundamental para o desenvolvimento pacífico e harmônico de um povo” DEBATE
Como o BC deve conduzir os juros básicos da economia com
A difícil tarefa de dar o remédio certo JOSÉ RICARDO DA COSTA E SILVA
decisão sobre taxa básica de juros afeta toda a população de um país. Aumento de juros reduz quantidade de moeda, reduzindo ritmo de crescimento e a inflação. Redução de juros aumenta a quantidade de moeda, estimulando o crescimento e aumentando a inflação. Por isso, está sujeita à crítica e comentário de toda a sociedade. Antes da existência da moeda, cada ser humano tinha que dividir seu dia em várias atividades vitais para sua sobrevivência, como cuidar da plantação, criar vacas, cuidar do plantio do algodão. Especialização exigia trocas de mercadorias e era ineficiente: um boi por tantos metros de tecido? O aprofundamento do conhecimento foi viabilizado pela moeda. O professor ensina, não planta nem cria gado, seu sustento é garantido pela remuneração de seu trabalho em moeda e com ela adquire os produtos necessários à sua existência. Menos moeda que o necessário provoca baixo crescimento econômico e social. Mais moeda que o necessário gera
A
JOSÉ RICARDO DA COSTA E SILVA Doutor e mestre em economia pela Washington University/Saint Louis, mestre em assuntos internacionais pela Columbia University/City of New York e professor do Ibmec/DF
inflação e ela adoece, podendo falecer, gerando pobreza, desemprego e até guerras. Uma moeda saudável permite a máxima expansão da criatividade humana e é fundamental para o desenvolvimento pacífico e harmônico de um povo. Até o início do século passado usava-se a quantidade de ouro como parâmetro. Também se utilizou a quantidade de divisas externas para guiar a criação de moeda. O acúmulo de conhecimento teórico e prático levou o mundo a administrar a quantidade de moeda na economia de acordo com o sistema de metas para a inflação. Nele, o objetivo é permitir a economia crescer de acordo com os recursos produtivos existentes. A quantidade certa de moeda ninguém sabe, mas se for criada a mais que o necessário, gera inflação, se for a menos, gera desemprego e deflação. O nível de inflação acima ou abaixo da meta indica que a moeda está enferma, com suas graves consequências. O remédio recomendado é a variação nas taxas de juros., agravando a doença. Dois fatores vêm contribuin-
do para o aumento da inflação no Brasil desde 2007: aumento em preços de alimentos e de matéria-prima a nível internacional e aumento acelerado do ritmo de crescimento da economia brasileira. Em 2010, o aumento da inflação recebeu uma mãozinha da natureza, cujos problemas climáticos pressionaram mais os preços dos alimentos, e outra do governo, que aumentou seus gastos forçando um nível de crescimento mais elevado. Eu convido você leitor a refletir alguns instantes: se lhe fosse dado a responsabilidade de cuidar da saúde da moeda e, assim, do poder de compra do trabalhador brasileiro e você observasse um aumento preocupante da inflação, qual remédio você adotaria? Recomendaria repouso à economia, aumentando a taxa básica de juros temporariamente, ou mandaria o resfriado às favas e reduziria os juros, estimulando crescimento mais forte no curto prazo, mas com agravamento da enfermidade e piora nas relações econômicas e sociais de seu país? O que você faria?
“A política monetária é mais arte do que ciência. Decisões tomadas nesse campo estão sujeitas a uma dose considerável de incerteza”
a alta da inflação?
Aumento da Selic é a medida mais indicada JOSÉ LUIS OREIRO
ecentemente, temos observado uma elevação preocupante dos índices inflacionários no Brasil. O IPCA acumulado nos últimos 12 meses passou de 4,59% em janeiro de 2010 para 5,99% em janeiro de 2011. A taxa de inflação não só se encontra acima da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional – igual a 4,5% a.a. – como também perigosamente próxima do teto da banda de variação (6,5% a.a). As expectativas de mercado para o IPCA em 2011 também são bastante pessimistas. Como o Banco Central deve conduzir a política monetária nesse cenário de aceleração inflacionária? A resposta depende de dois fatores, a saber: (i) a natureza das pressões inflacionárias recentes; (ii) o prazo no qual se deseja fazer a convergência dos atuais índices inflacionários para com a meta de inflação. Até recentemente, o ministro da Fazenda afirmava que as pressões inflacionárias recentes eram resultado de “choques de oferta” originados da elevação dos preços das commodities nos mercados internacionais, elevação essa resultante, em larga medida, de movimentos especulativos viabi-
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lizados pela política monetária expansionista adotada pelo Federal Reserve. No entanto, uma análise mais cuidadosa dos dados de inflação nos mostra a existência de indiscutíveis pressões do lado da demanda agregada. De fato, os preços dos serviços acumulam alta de cerca de 7% nos últimos 12 meses, e o núcleo do IPCA por médias aparadas e suavização (que desconta os itens que apresentaram elevações mais significativas dentro do índice) apresentou alta de 0,54% em janeiro de 2011, o que significa uma inflação anualizada de 6,14%. Esses números mostram a existência de pressões inflacionárias vindas do lado da demanda. Nesse contexto, a elevação da taxa básica de juros, a Selic, é a medida mais indicada – embora não necessariamente a única – para enfrentar o problema. Isso posto, qual deve ser o aumento da Selic para alinhar a inflação com a meta de 4,5% a.a? Isso depende do prazo no qual a autoridade monetária deseja fazer esse ajuste. Dados os índices de inflação prevalecentes atualmente e a inércia inflacionária ainda existente na economia brasileira, fazer a inflação conver-
gir para a meta de 4,5% a.a. em 2011 é praticamente impossível. Isso porque tal ajuste exigiria uma elevação colossal da taxa Selic, o que mergulharia o Brasil num fortíssimo quadro recessivo, com forte aumento do desemprego e queda do nível de renda. Uma alternativa mais viável do ponto de vista social é realizar a convergência até o final do ano de 2012. Essa alternativa permitiria ao Banco Central diluir o aumento da taxa Selic num número maior de reuniões do Copom, de tal forma a suavizar a trajetória de elevação da taxa de juros. A estratégia de suavização do aumento dos juros é preferível a estratégia de aumentos bruscos da Selic à medida que a primeira proporciona mais tempo para o BC obter mais informações e avaliar o quadro inflacionário vigente, diminuindo a incerteza na condução da política monetária. A política monetária é mais arte do que ciência, isso significa que as decisões tomadas nesse campo estão sujeitas a uma dose considerável de incerteza. O bom senso indica que quando não se sabe exatamente o que se está fazendo, então é melhor fazer devagar.
JOSÉ LUIS OREIRO Doutor em Economia (IE/UFRJ), professor do Departamento de Economia da UnB (Universidade de Brasília), pesquisador nível I do CNPq e diretor de Relações Institucionais da Associação Keynesiana Brasileira
CNT TRANSPORTE ATUAL
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“As mulheres estão acrescentando à eficiência no meio transportador o cuidado e a delicadeza”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Nas mãos das mulheres ssim como em outros segmentos importantes da sociedade, o setor transportador está passando por uma importante transformação cultural, com o gênero feminino ocupando espaços, até então, exclusivos dos homens. A exclusividade era, naturalmente, demarcada pelos valores patriarcais históricos da sociedade. Porém, não deixa de ser alentador observar mudanças significativas no mundo corporativo e em outras áreas, com a maior presença feminina trazendo esperanças de uma convivência menos violenta, menos competitiva, mais delicada, mais tolerante, qualidades mais facilmente identificáveis na personalidade delas. Há menos preconceito e resistência à atuação da mulher. A desistência de um passageiro de um voo ao saber que no comando da aeronave estaria uma mulher já é quase coisa do passado. Também não se registra mais a rescisão de qualquer contrato de frete rodoviário ao saber que o transporte seria conduzido por uma caminhoneira. As mulheres no exercício profissional na atividade transportadora têm se mostrado muito mais cuidadosas, atenciosas e concentradas. Assim como nas demais atividades, elas ainda são mais cobradas e precisam apresentar mais resultados. Contudo, gradativamente, vêm conquistando seus espaços e a confiança das empresas, o que explica algumas delas já contarem em seus quadros com mais trabalhadoras do que trabalhadores.
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Embora nos registros oficiais do Ministério do Trabalho ainda se observem diferenças salariais entre os gêneros, nas empresas transportadoras com organização funcional mais elaborada não há salários diferenciados, para um ou outro, exercendo a mesma função. A conquista desse espaço profissional é mérito exclusivo das mulheres que ousaram realizar sonhos, superar limites, buscar a realização pessoal, muitas vezes contra adversidades e dramas que ainda se impunham pela força ou por valores culturais arcaicos, como o chamado terceiro turno de trabalho. E aí estão mulheres na orientação de navios, em portos e canais, exercendo a praticagem, mulheres no comando de aviões, trens, caminhões, motoristas de ônibus, taxistas, mecânicas de autos, além de atuarem nas áreas comerciais e administrativas. Os transportadores estão percebendo o movimento feminino no setor. Se no início houve alguma desconfiança, hoje elas são bem-vindas. As pioneiras, superando preconceitos, mostraram aos homens uma nova maneira de trabalhar. As mulheres estão acrescentando à eficiência no meio transportador o cuidado e a delicadeza. Neste mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, no ano em que tomou posse a primeira mulher na presidência do Brasil, os transportadores rendem a elas sua homenagem e o reconhecimento que a atuação feminina está trazendo mais felicidade e eficiência ao transporte brasileiro.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa
MARÇO 2011
Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br
VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva Moacir da Silva
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez
Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes Claudomiro Picanço Carvalho Filho George Alberto Takahashi
DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro
Marcos Machado Soares José Eduardo Lopes Fernando Ferreira Becker Luiz Ivan Janau Barbosa Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva
RODOANEL Parabéns pelas matérias, que são muito boas e abrangentes. Entretanto, deixo aqui o meu desejo de ler uma matéria sobre o nosso "Rodoanel", que está sendo construído no entorno da capital de São Paulo. Essa obra já está superada, dado ao seu alto movimento. Ela demorou muito para sair do papel e, após a construção dos trechos Oeste, Sul e parte do Leste, aberto recentemente, já passa por sérias dificuldades no que diz respeito ao escoamento de veículos no trecho JacúPêssego, que, pela lentidão ficou um prato cheio para os assaltantes. Em janeiro, os marginais tiveram a audácia de promover um arrastão nas imediações do Jardim Santo André. No trecho liberado dessa via não vemos viaturas de polícia circulando e há uma grande quantidade de moradias que estão em locais invadidos, servindo de abrigo para marginais. Esperamos que, por meio de vocês, chegue ao conhecimento do nosso governador e haja uma providência imediata para que os usuários possam desfrutar de algo que todos colaboraram para ser construído. Nós também trabalhamos com transportes e estamos incluídos no meio de todos os usuários, portanto, temos o direito de
comentar algo porque sentimos os problemas e já passamos algumas vezes por esses inconvenientes que são os assaltos. Orides Sanches São Paulo - SP ROBERTO DAMATTA A entrevista com o antropólogo Roberto DaMatta é excelente, e o livro “Fé em Deus e pé na tábua” não será menos (excelente). Quem não obedece regras não sabe nada sobre viver num regime democrático. Viver em democracia implica em obedecer a regras. E o brasileiro, de modo geral, não respeita nem obedece, inclusive, placas de trânsito, sejam elas de regulamentação, advertência ou ainda de indicação. Mas convenhamos que algumas placas são extremamente inoportunas. Alguns limites de velocidade são ridículos e se constituem num convite à desobediência. Edison Moraes Maitino Bauru - SP
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