EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CNT
ANO XVI NÚMERO 188 ABRIL 2011
T R A N S P O R T E
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Ação pela cidadania Sest Senat atinge marca histórica de atendimentos em 2010 e fortalece sua missão de melhorar a vida do trabalhador em transporte
LEIA ENTREVISTA COM O PESQUISADOR PAULO ROBERTO LEITE
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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REPORTAGEM DE CAPA
TRANSPORTE ATUAL
O Sest Senat atingiu a marca de 7 milhões de atendimentos realizados em 2010 nas áreas de qualificação profissional, saúde, esporte, lazer e cultura; desde sua criação, em 1993, mais de 100 milhões de pessoas já foram atendidas pela entidade Página 22
ANO XVI | NÚMERO 188 | ABRIL 2011
ENTREVISTA
Logística reversa é abordada por Paulo Roberto Leite PÁGINA
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DIA DA MULHER • Unidades do Sest Senat de todo o país comemoram o mês da mulher com atividades voltadas ao público feminino
CAPA JÚLIO FERNANDES/CNT
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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
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TECNOLOGIA
Empresas aéreas investem em voos no interior do país
Ferrovia usa mais recursos nas operações
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EDITORA RESPONSÁVEL
Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
AVIAÇÃO REGIONAL
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ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
SEGURANÇA
SUPERPESADO
Cadeirinha e cinto precisam ser usados
Segmento de grandes cargas cresce no país
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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RODOMOÇAS • Empresa de transporte resgata a profissão dos comissários de bordo para oferecer mais conforto aos clientes dos ônibus rodoviários PÁGINA
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SUSTENTABILIDADE
FACULDADE
CNT cria Conselho Ambiental do Transporte
Logística oferece amplo mercado de trabalho
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cnt.org.br
SEST SENAT EM FOTOS
E MAIS
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Despoluir
66 BANCO DE TALENTOS
AQUAVIÁRIO
Seções Alexandre Garcia
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Humor
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Mais Transporte
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Boletins
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Debate
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Opinião
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Cartas
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Congresso no Rio discute os desafios do modal PÁGINA
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Aproximar empregadores e profissionais e oferecer a oportunidade de colocação no mercado. Essa é a função do Banco de Talentos, um serviço desenvolvido especialmente pelo Sest Senat para dinamizar o setor de transporte. Acesse: sestsenat.org.br/Paginas/Ban co-de-talentos.aspx
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“O transporte aéreo foi popularizado, barateado pela concorrência e o aperto nos custos. Os aeroportos não deram conta e se deterioraram” ALEXANDRE GARCIA
Aeroporto sem teto rasília (Alô) – O governo tem jurado de pés juntos que nossos aeroportos estarão aptos a dar conta da demanda em 2014, no movimento da Copa. País de dimensões continentais, fomos vítimas de burrice estratégica de vários governos, quando as ferrovias foram abandonadas. Oito milhões e meio de quilômetros quadrados e praticamente sem ferrovias para passageiros e apenas um renascer necessário para carga, ainda se arrastando por vias estranguladas. Como as distâncias são de milhares de quilômetros e não temos trens, muito menos trens de alta velocidade, a saída foi popularizar o transporte aéreo, que barateou pela concorrência e o aperto nos custos das empresas aéreas. Mas os aeroportos não deram conta e se deterioraram. Uma avaliação preconceituosa compara aeroportos com rodoviárias, embora haja estações de ônibus mais confortáveis e organizadas do que os terminais aéreos. Há pouco começaram a despencar tetos de aeroportos, como aconteceu em Várzea Grande/Cuiabá e São Luís. Um passageiro ficou ferido em Mato Grosso e uma funcionária foi atingida no Maranhão. São sinais de alerta. No Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro, obras acrescentaram um terminal de embarque, mas a entidade que cuida do patrimônio histórico e arquitetônico do Rio exigiu que fosse feito em acrílico, supostamente para não tirar a visão do prédio antigo. Resultado: ninguém entende o que se diz nos alto-falantes, com informações preciosas
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sobre horários e portões de embarque. O som reverbera nas curvas do acrílico e mistura letras, palavras e sílabas – é uma máquina de criptofonar. Uma dica: nos banheiros, o som não é misturado. Outra dica: vá de chapéu se o embarque for de dia. O teto de acrílico não impede nem filtra a luz solar. No Brasil, quando algum setor está carente, cria-se um factóide, ou seja, uma secretaria ou um ministério para cuidar dele. Como se o Ministério da Pesca fosse contribuir para aumentar os cardumes, ou o Ministério do Esporte fosse nos tornar campeões na África do Sul. Pois com o crescimento de 115% da demanda entre 2002 e 2010, o governo resolveu criar o Ministério do Transporte Aéreo. É uma rima, mas será a solução? Vai aumentar a capacidade de carga? Pelo menos há a possibilidade de privatizar os aeroportos. O que dói é que precisa a motivação futebolística para melhorar os aeroportos. Como se o torcedor estrangeiro fosse pagar mais taxa de embarque que o passageiro tupiniquim. Sei que a demanda aperta, mas as companhias aéreas também terão que fazer a sua parte. Não dá para deixar tripulações anos sem a reciclagem que é obrigatória a cada seis meses. Não dá para sobrecarregar pilotos que acabam rendendo-se ao sono e ao cansaço em voos da madrugada para serem acordados e surpreendidos quando o avião já está prestes a pousar. Quem duvida que leia “Na Cabine de Comando”, do comandante Márcio Branco. O leitor vai descobrir que lá em cima o teto também está precário.
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“A logística reversa se ocupa do equacionamento do retorno de não consumidos, passando pela coleta, por diversas regiões e sele c ENTREVISTA
PAULO ROBERTO LEITE
Ganho econômico e POR
gregar valor econômico, ambiental e de melhoria da imagem da empresa são algumas vantagens que podem ser proporcionadas pela logística reversa. Basicamente, esse conceito pode ser aplicado no retorno de produtos ao longo da cadeia produtiva. Tanto no caso de devoluções de clientes por algum defeito ou outro motivo (logística reversa pós-venda), como em relação aos produtos que chegam ao final de sua vida útil (logística reversa pós-consumo). Com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, no ano passado, tornase mais necessário que as empresas e a sociedade em geral conheçam sobre o assunto para que os planos de ações sejam de fato colocados em prática. No mês de março, o CLRB (Conselho de Logística Reversa
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CYNTHIA CASTRO
do Brasil) promoveu em São Paulo o II Fórum Internacional e Expo de Logística Reversa, que reuniu representantes brasileiros e internacionais. A seguir, leia a entrevista com o presidente do CLRB, o professor e pesquisador da Universidade Mackenzie, Paulo Roberto Leite. Engenheiro e mestre em administração de empresas, ele é autor do livro “Logística Reversa – Meio Ambiente e Competitividade”, lançado em 2003 e atualizado em 2009.
diversas regiões, selecionando esses produtos e levando a áreas de destino adequadas, seja para reaproveitamento, reciclagem ou remanufatura. Ou mesmo dando a destinação final. Essa ideia não é só ambiental, mas pode agregar valor econômico ao produto, valor de prestação de serviço, melhor imagem empresarial. Uma empresa tem várias possibilidades de agregar valor ao produto que retorna. Não é só valor econômico, mas de imagem.
Muitas pessoas ainda não estão familiarizadas com o termo logística reversa. Como o senhor explicaria? A logística reversa basicamente se ocupa do equacionamento do retorno de produtos que foram ou não consumidos. É o equacionamento desse retorno, passando pela coleta, por
Ao falarmos do retorno de produtos que não foram consumidos, estamos falando, por exemplo, de devoluções do comércio? Por exemplo, compra pela Internet. Entre 5% a 10% do que é vendido pela Internet volta. Uma média de 5% a 6% do que está no varejo não foi consumi-
do e volta também, podendo ser até mais. Produtos que estão fora de moda, que não giraram ou têm pequenos defeitos, os que não foram consumidos. É o retorno ao longo da cadeia, que envolve fabricante, varejista. Ainda dentro desses produtos que não foram consumidos e estão inseridos na logística reversa, temos aqueles que estão na garantia e precisam de assistência técnica. Eles retornam, e é necessária toda uma logística reversa por trás disso para poder satisfazer uma prestação de serviço com o cliente, para fidelizá-lo, mantê-lo contente e poder até suscitar novas compras daquela marca. Isso é o que chamamos de logística reversa de pós-venda. E temos também a logística reversa de pós-consumo? A logística reversa de pós-
ARQUIVO PESSOAL
e produtos que foram ou e cionando esses produtos”
ambiental consumo trata daqueles produtos que já foram usados, que estão no final da vida útil ou que o próprio utilizador não vê mais interesse em tê-lo funcionando. Um telefone celular antigo que não foi trocado. Não necessariamente o aparelho deixou de funcionar, mas mercadologicamente o telefone acabou para o consumidor. Deveria retornar, mas não volta. Na realidade, não voltam nem 2% dos celulares que vão para o mercado. A mesma coisa para computadores que não são mais usados. Há estimativas de que retorna uma quantidade ínfima. Tem crescido assustadoramente o número desses equipamentos que param de ser utilizados. Certamente, eles vão ficando por aí. Não se sabe onde, mas serão descartados em algum lugar. Quando é um objeto
pequeno fica dentro de casa, quando é grande – como uma geladeira, uma televisão – ninguém sabe o que fazer com ele. De que forma a logística reversa se apresenta como uma oportunidade de ganhos? Ganhos econômicos, por exemplo. Retornando um aparelho – um produto durável ou não –, você aproveita componentes ou a matéria-prima e reutiliza, por meio da reciclagem ou remanufatura. Essa reutilização certamente economiza custos com matérias-primas virgens. O telefone celular é um exemplo péssimo porque tem plástico e muito pouco de outros produtos. O reaproveitamento é mínimo. Mas podemos citar a bateria de automóvel. Ela retorna e é toda reaproveitada. Volta para o mercado
novamente como bateria de automóvel. Basicamente, 100% são reaproveitáveis, e 90% das baterias de automóvel do Brasil são baterias que foram reaproveitadas. A lata de alumínio é a mesma coisa e outros produtos que estão sendo recuperados. O óleo lubrificante retorna como óleo lubrificante. Vidro, metais.
tica reversa bem montada, com assistência técnica bem localizada e sistemas velozes de resposta, o cliente vai ficar contente. Ele vai pensar: “essa empresa me deu satisfação e vou continuar comprando dela”. É uma forma de fidelizar clientes, de prestação de serviço que garante a imagem da marca.
Quais exemplos dos outros ganhos da logística reversa o senhor citaria? No caso do ganho de prestação de serviços, você manda um computador para ser consertado. Se em vez de um mês, levar cinco dias, com uma logís-
E ainda tem a agregação ambiental no caso do pósconsumo? Algumas vezes, a gente vê as empresas tentando buscar algum produto que não retorna naturalmente. Não fazer isso poderá riscar sua reputação,
sua marca. Eventualmente, componentes de seus produtos poderão não ser bem utilizados e as empresas se protegem. Mas tudo isso acontece ainda de forma embrionária. Você não vê proativamente um número grande de empresas trabalharem nesse sentido, pela questão ambiental, porque o custo individual de uma empresa é muito grande. Ela não vai querer sozinha trazer todos os celulares, por exemplo. O retorno disso é muito baixo e custa caro. Em alguns raros casos, há proatividade ecológica. Por causa da ISO 14000, por exemplo, a empresa não quer ter passivos ambientais e tenta realizar isso sozinha. E nos casos em que não há o retorno natural, torna-se mais importante haver legislação que obrigue? Todos os produtos que não retornam de forma natural, com vantagens econômicas para a empresa, requerem um fator modificador. Quando não vêm naturalmente, tem de ter legislações. O fator legislativo vai mudar significativamente a condição de mercado. Pneu, por exemplo, era inservível até haver legislação no Brasil. Era um produto que ninguém queria e todo mundo jogava fora. Hoje, depois da legislação que
obriga a cadeia industrial a cuidar do retorno de pneus, e deu tecnologicamente uma condição para que isso se efetivasse, o pneu usado passou a ser um bem de valor. Mas quando o produto não tem valor agregado econômico suficiente para garantir o seu reaproveitamento e rentabilidade em todas as fases, desde a coleta até o reaproveitamento, precisa subsidiar para trazer o produto de volta. Uma parcela do reaproveitamento vai ser utilizada como amenização dos custos totais da empresa, mas normalmente não vão pagar esses custos totais. Porque se o fizessem, eles retornariam naturalmente. O senhor saberia dizer algumas quantidades de produtos produzidas no Brasil que podem ser reaproveitadas, por meio da logística reversa? Garrafa pet é um produto bem utilizado e retorna com certa porcentagem no Brasil – 30%, 40%, 50%. Os plásticos, de forma geral, retornam pouco – 15%. Mas isso não elimina o problema causado nas enchentes, nos entupimentos, com as garrafas pet que a gente vê nos rios. Hoje se produz mais de 20 bilhões de garrafas pet por ano no Brasil. São 15 bilhões de tetra pak por ano. E 14 ou 15 bilhões
LEGISLAÇÃO Cadeia produtiva deve se o
“Uma empresa tem várias possibilidades de agregar valor ao produto que retorna. Não é só valor econômico, mas de imagem”
de latas de alumínio. Mas a lata volta sozinha porque tem alto valor agregado. Quando a empresa tem uma vantagem econômica interessante, ela vai buscar e melhora o nível de retorno. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada no ano passado, trata principalmente da logística reversa pós-consumo. O que ela vai mudar? Ela dá a todos os produtos a direção de que, se não há o retorno de forma natural, é necessário que a cadeia produtiva se organize para proporcionar esse retorno e destinação correta. O que se entende por destinação correta é obedecer a certa hierarquia – até econômica – de reaprovei-
CAÇULA DE PNEUS/DIVULGAÇÃO
“Pneu, por exemplo, era inservível até haver legislação no Brasil”
e organizar sobre retorno de produtos
tamento desses produtos. Isso distinguindo entre resíduos sólidos e rejeitos. Rejeito seria aquilo que iria para aterro sanitário. E resíduos seriam tratados em diversas etapas e com possíveis reaproveitamentos, até serem transformados em rejeitos que irão para aterros sanitários.
vamente organizados porque já havia legislação. Entram agora, como novidade, as lâmpadas fluorescentes de mercúrio e os eletroeletrônicos, que se constituem um grande bloco de lixo eletrônico, que está crescendo assustadoramente no mundo todo e no Brasil. Se lembrar que em 1994 não tínhamos telefone celular, E nessa proposta entram e hoje temos uma produção de todos os produtos? 80 milhões por ano no Brasil. A ideia da diretriz da política são todos. Mas, na realidaÉ uma legislação positiva? de, como uma política nova, ela Extremamente inteligente, a elege meia dúzia – alguns que meu ver. Faz com que empresas, já estão relativamente organi- setores, cadeia produtiva prozados e outros não – para que ponham um plano para fazer realmente se organizem. Os tudo isso. Se a legislação coloprodutos são pneus, óleos casse o plano, poderia não ser lubrificantes, as pilhas e bate- exequível e entraria nas leis rias, embalagens vazias de que não pegam. O Ministério do agrotóxicos. Esses estão relati- Meio Ambiente está solicitando
que as cadeias produtivas apresentem os seus planos de logística reversa. E há comitês executivo e orientador, formados por diversos ministérios, que poderão dar consultorias e autorizar acordos setoriais sobre como esse processo vai acontecer. Se não houver plano, por parte da cadeia produtiva, o governo vai propor um plano setorial de logística reversa. Esse plano vai se transformar depois em um acordo setorial. Em março, o CLRB realizou o 2º Fórum Internacional e Expo de Logística Reversa. Qual balanço o senhor faz? Foi muito positivo, com a participação de integrantes interessantes, como o convidado do Ministério do Meio Ambiente, que nos colocou de forma bem clara a Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre vários outros participantes. O fórum foi complementado com a exposição. Empresas que estão no mercado, os prestadores de serviço estavam presentes. Também tivemos um número de cases maior que o fórum anterior. E separamos as áreas de pós-venda e pós-consumo porque os interesses dos participantes se dividem dessa forma. Alguns eram mais ligados a parte comercial, do pósvenda, e outros, à sustentabilidade, no pós-consumo.
O senhor citaria alguns cases interessantes? Os Correios, por exemplo, apresentaram a logística reversa de pós-venda. Tivemos também a Philips, o Grupo Pão de Açúcar e outros cases interessantes, como o de uma empresa da área de prestação de serviço, a Chame o Gênio. Ela atua com empresas de eletrônicos, prestando serviço para ajudar clientes que não entendem manuais, por exemplo. E assim tenta evitar a logística reversa pós-venda desnecessária. Muitos produtos que o consumidor devolve achando que estão com defeitos, na realidade, não estão. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) levou sua visão sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos e vimos também a visão governamental. Como foi a participação da Proeurope – entidade de coordenação dos programas de gestão de resíduos sólidos de mais de 30 países da Europa e o Canadá? Ela deu uma visão ampla desse mercado, das dificuldades dos planos de gestão de resíduos sólidos implementados, mostrou os países que estão mais avançados. Conhecer esses modelos é muito importante. Percebemos que há várias alternativas e muitas podem ser utilizadas nos diversos planos setoriais que serão estabelecidos no Brasil. l
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MAIS TRANSPORTE
CPTM/DIVULGAÇÃO
Equipamento versátil A Tracbraz lançou a pá-carregadeira LG959. O equipamento é indicado para diversos segmentos, como cerâmica e mineração, na categoria para cinco toneladas de carga nominal. Ela tem
baixo consumo de combustível, transmissão semiautomática, com quatro marchas à frente e três a ré. O sistema de freio garante fácil operação e simples manutenção. TRACBRAS/DIVULGAÇÃO
FROTA AMPLIADA Novos trens recebidos pela CPTM
Novos trens
FACILIDADE Produto indicado para vários segmentos
A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) recebeu do governo paulista cinco novos trens, no dia 24 de março. Na mesma data, também foi apresentada a conclusão das obras de modernização da Estação Carapicuíba, na Linha 8-Diamante (Júlio Prestes-Itapevi), que atende mais de 420 mil usuários por dia. Os novos trens da CPTM são equipados com ar-condicionado,
câmeras de vigilância, sistema de informação audiovisual (monitores de vídeo e displays) e itens de acessibilidade. A Estação Carapicuíba ganhou elevadores, escadas rolantes, bilheterias com vidros blindados, ampliação do mezanino, novos pisos, bicicletário para 144 vagas, displays digitais, entre outros equipamentos. Mais de 30 mil usuários utilizam o local diariamente.
Secretaria para aviação
Anac integra organização
A presidente Dilma Rousseff assinou, no dia 18 de março, medida provisória que cria a SAC (Secretaria de Aviação Civil). Com status de ministério, o órgão vai coordenar a reestruturação dos aeroportos brasileiros e garantir a infraestrutura necessária ao país na Copa-2014. Uma das metas do
A Anac é a mais nova integrante da FSF (Flight Safety Foundation), organização internacional de segurança na aviação que conta com mais de 1.200 membros, em cerca de 150 países. A integração permitirá à Anac participar dos debates internacionais promovidos pela FSF sobre a
SAC é de que seja adotado o modelo de concessão para administração privada dos terminais, processo que ocorrerá de forma gradativa para não ferir suscetibilidades. Com a criação da nova pasta, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a Infraero passarão a ser subordinadas à SAC.
melhoria contínua da segurança aérea, bem como das discussões acerca da prevenção de acidentes, com outras autoridades de aviação, empresas, fabricantes de aeronaves e organizações governamentais responsáveis pela investigação dos acidentes aéreos.
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MEIO AMBIENTE
SP realiza levantamento Protótipo de vagão A AmstedMaxion anunciou em março o início da produção de um protótipo do vagão “Double Stack”, nova referência no transporte de contêineres. De acordo com a empresa, a viabilidade do projeto se ampara na tendência de crescimento do transporte de contêineres no Brasil e na necessidade do mercado ferroviário em produtos com essa característica. Os "Double Stacks" permitem que os contêineres sejam carregados um
sobre o outro, gerando o dobro da capacidade transportada pela ferrovia, oferecendo vantagem operacional considerável em relação aos outros modais. O projeto foi desenvolvido para transportar contêineres para ambas as bitolas ferroviárias brasileiras. De acordo com a empresa, dois protótipos de 1,60 m estarão disponíveis para início dos testes ainda no primeiro semestre de 2011. DIVULGAÇÃO
PRODUÇÃO Vagão atenderá crescimento da demanda
nstituído pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo), o Proclima (Programa Estadual de Mudanças Climáticas) trabalha no levantamento de dados para elaboração de inventários sobre a poluição no Estado de São Paulo. Um deles, o Inventário Estadual de Gases de Efeito Estufa, levou mais de três anos para ser consolidado. “O documento se baseia em uma metodologia específica, concedida pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) para a elaboração de inventários nacionais, com adaptações para adequá-lo às condições e à realidade de São Paulo”, afirma Josilene Ferrer, coordenadora do Proclima. De acordo com ela, a política estadual de mudanças climáticas determina que a divulgação dos dados seja feita, obrigatoriamente, a par-
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tir de 2005. “Esse é o ano de referência para o trabalho, mas realizamos levantamentos anuais de 1990 a 2008, totalizando 19 inventários.” O Proclima divulgou os resultados referentes a 2005. Naquele ano, o setor de transportes foi responsável por 49% das emissões de gases do efeito estufa, seguido pelo setor industrial, com 26% de emissões. “A série longa de tempo fornece um mapa de comportamento das emissões em São Paulo. Os dados mostram que as emissões foram subindo ao longo dos anos”, diz Josilene. Segundo a coordenadora, a compilação completa dos dados referentes aos levantamentos anuais de 1990 a 2008 serão divulgados no dia 20 de abril. “As políticas para que os índices de emissão dos gases de efeito estufa caiam serão elaboradas a partir dessa divulgação”, confirma.
FH 440 é mais vendido
Financiamento estagnado
O caminhão Volvo FH 440 6x2 Tractor foi o caminhão pesado mais vendido no Brasil pelo segundo ano consecutivo, segundo ranking da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Em 2010, a Volvo comercializou 6.526 unidades
Levantamento divulgado pela Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) aponta que o saldo total das carteiras de financiamento para aquisição de veículos executados por pessoas físicas em fevereiro ficou estagnado nos mesmos R$ 188,6
do modelo, número bem superior às 3.935 unidades vendidas no mercado doméstico no ano anterior. O primeiro lugar no ranking rendeu ao FH 440 6x2 o Prêmio Lótus 2011, na categoria veículos pesados, como “Caminhão pesado do ano”.
bilhões referentes a dezembro de 2010. A pesquisa mostra que, apesar da elevação do saldo do CDC (Crédito Direto ao Consumidor), de R$ 140,3 bilhões, em dezembro, para R$ 146,8 bilhões no último mês, o leasing apresentou queda de R$ 48,3 bilhões para R$ 41,8 bilhões.
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MAIS TRANSPORTE CESAR BRUSTOLIN/SMCS
Rousseff Autores fazem um paralelo entre a vida da presidente brasileira Dilma Rousseff e a de seu meio-irmão búlgaro Luben-Kamen Russev. De: Jamil Chade e Momchil Indjov, Ed. Virgiliae, 214 págs., R$ 39,90
Ligeirão Azul invade as ruas de Curitiba
WikiLeaks: A Guerra de Julian Assange contra os Segredos de Estado Livro examina a cultura da Internet que tornou possível a revelação de informações sigilosas. De: David Leigh e Luke Harding, Ed. Verus, 328 págs., R$ 34,90
Ônibus possui capacidade para 250 passageiros. Produzido pela Volvo do Brasil com carroceria da Neobus, tem 28 metros de extensão e vai operar com biocombustível a base de soja. Veículo ampliará em 45% a oferta de lugares no sistema da linha Direta Expressa da cidade e deve estar em operação em maio.
Nova divisão da Iveco A Iveco anunciou que passará a ter uma nova divisão de veículos. Chamada de Iveco Veículos de Defesa, a unidade vai cuidar da produção do blindado VBTP-MR – Guarani, desenvolvido em conjunto com o Exército Brasileiro, que
já encomendou 2.044 unidades. O início da produção está previsto para o segundo semestre de 2012. A fábrica será construída dentro do complexo industrial da montadora, em Sete Lagoas (MG). De acordo
com a empresa, além do blindado, a nova unidade de negócios vai trabalhar na adaptação especial de caminhões Iveco para o uso militar, como já faz na Europa. Os investimentos são da ordem de R$ 75 milhões.
Como os Mercados Quebram: A Lógica das Catástrofes Econômicas Teorias procuram mostrar os modelos econômicos e a criação de riqueza. Autores tentam decifrar quando isso se transforma em caos e o mundo quebra. De: John Cassidy, Ed. Intrínseca, 392 págs., 39,90
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FETRANSUL
Fórum inova no formato das discussões ra para ser uma mistura de discussão dos problemas do setor e espaço para mea culpa. E foi. Reunidos durante dois dias em Bento Gonçalves (RS) para o 5º Fórum Empresarial de Transporte e Logística do Rio Grande do Sul, lideranças e empresários participaram de julgamento simulado, com o caminhão, o empresário e o governo no banco dos réus. Organizado pela Fetransul (Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas do Rio Grande do Sul), o encontro anual chegou à quinta edição com um formato diferente das tradicionais palestras e debates conduzidos por um mediador. A pauta foi definida em conjunto por lideranças da federação e dos sindicatos filiados, com a intenção de aprofundar o debate sobre os problemas e provocar reflexão. Com 17 atores – entre juízes, promotores, advogados de defesa, réus e jurados – em um tribunal montado no palco do evento, transportadores e convidados discutiram as deficiências da infra-
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estrutura rodoviária no Brasil, a carga tributária, entre outros assuntos. Mas também fizeram autocrítica. “Nós fizemos uma reunião em formato de júri justamente para termos a oportunidade de ouvir a outra parte” afirmou o presidente da Fetransul, Paulo Caleffi. O dirigente destacou a aplicação de um dos pilares do Direito, o princípio do contraditório, na formulação do debate. A Confederação Nacional do Transporte foi representada no fórum pela coordenação do Programa Ambiental do Transporte, o Despoluir. O programa foi lançado em 2007. Uma das ações importantes é a mobilização da CNT juntamente com o governo e com o setor produtivo para formatar um programa de renovação de frota que seja viável no Brasil. O país tem uma frota antiga de caminhões, 85% dos quais nas mãos de caminhoneiros autônomos, que têm dificuldades de acesso ao crédito para a troca do veículo. Participaram também do encontro Eder Dal’Lago, presi-
dente da Fecam (Federação dos Caminhoneiros Autônomos dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), o advogado Luiz Ernesto Raimundi, representante da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Santa Catarina), o ex-ministro dos Transportes e ex-presidente do Geipot
(Empresa Brasileira de Planejamento em Transportes), consultor Cloraldino Severo, profissionais dos meio jurídico e acadêmico como o presidente da subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Bento Gonçalves, Felipe Possamai, e o advogado e vice-reitor da UCS (Universidade de Caxias do Sul), Miguel Ângelo Santin. KÁTIA MAIA
DEBATE Evento aconteceu em Bento Gonçalves (RS)
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TOYOTA/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE Ampliação da capacidade A demanda crescente de Brasília e região levou a Ramos Transportes a investir em outro terminal no Distrito Federal. Com 3.036 metros quadrados, o número de caminhões atendidos simultaneamente cresceu para 22 veículos, um aumento de 70% se comparado ao terminal anterior. De acordo com a empresa, o novo
endereço é um facilitador para os veículos que chegam das mais diversas regiões do país, por se encontrar às margens da BR-475, fora do centro da cidade. A unidade tem 60% da sua movimentação direcionada para o segmento de e-commerce (transações via Internet). O investimento foi da ordem de R$ 6 milhões. RAMOS/DIVULGAÇÃO
DEMANDA Transportadora investe no Distrito Federal
MARCA Toyota alcança feito com modelos híbridos
Três milhões de híbridos As vendas acumuladas de veículos híbridos da Toyota superaram 3 milhões de unidades em todo o mundo, até o final de fevereiro. Em agosto de 1997, a Toyota Motor Corporation desenvolveu no Japão a tecnologia "Coaster Hybrid EV" e, em dezembro do mesmo ano, lançou o Prius, primeiro veículo híbrido do mundo produzido em larga escala. As vendas do modelo começaram em 2000, na América do
Norte e na Europa. Em 2003, veio a segunda geração do Prius, com a expansão do sistema híbrido da Toyota para outros modelos da marca, como minivans e sedãs. O Prius de terceira geração chegou ao mercado em maio de 2009. A Toyota vende atualmente 16 modelos em 80 países. A meta, até o final de 2012, é lançar dez novos modelos.
Prêmio Fetram
Licitação para ferrovias
As empresas mineiras que desejam participar da segunda edição do Prêmio Fetram de Qualidade do Ar têm até 29 de abril para se inscrever no concurso promovido pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais. Podem
O governo federal publicou, no dia 1º de abril, o edital de licitação para contratar as empresas que vão elaborar estudos de viabilidade dos novos ramais da Ferroeste e da Ferrovia Norte-Sul. Um dos ramais ligará o município de Panorama (MS), no trecho Maracaju, a
participar do prêmio as companhias de transporte de passageiros filiadas à Fetram e/ou aos sindicatos que compõem a federação e que participam do Projeto I: Redução das Emissões de Poluentes pelos Veículos do Despoluir.
Paranaguá (PR) com 1,11 mil km de trilhos. O segundo, de 1,62 mil km, ligará, na Ferrovia Norte-Sul, a cidade de Panorama (SP) ao Porto do Rio Grande (RS). De acordo com a Valec, que realizará a contratação, a abertura das propostas está prevista para o dia 25 de maio, em Brasília (DF).
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CAMINHÕES
Ford apresenta linha Cargo 2012 com cabine-leito Ford lançou no dia 22 de março a nova linha de caminhões Cargo 2012, em Caucaia (CE), que começa a ser vendida a partir de maio deste ano. Ao todo, são 11 modelos, sendo cinco com a opção de cabine-leito. “Lançamos a nova linha Cargo como parte dos investimentos de R$ 670 milhões que estamos realizando até 2013 na operação caminhões. E mais uma vez estamos fazendo história e mostrando a capacidade técnica dos engenheiros e designers da América do Sul em criar caminhões de padrão global", afirma o presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos de Oliveira. Com caminhões na faixa de 13 a 31 toneladas de peso bruto total e com capacidade máxima de tração de até 63 toneladas, o novo Ford Cargo é um projeto global que foi desenvolvido nos estúdios de design e centro de engenharia de Camaçari (BA) e de São Bernardo do Campo e Tatuí (SP), com suporte das unidades dos Estados Unidos e Europa. A cama, para os modelos com leito, tem 1,90 m por 60 cm, é uma das maiores da categoria e traz embaixo um amplo compartimento para malas. O motor Cummins a diesel é o mesmo da versão anterior, com injeção eletrônica e duto único. As opções são de
A
quatro ou seis cilindros, dependendo do modelo. “Esse é o maior lançamento da nossa história, mais de 50 protótipos rodaram toda a América Latina e as pesquisas e clínicas com frotistas e autônomos nos dão a certeza de que oferecemos um dos melhores produtos da categoria”, afirma Oswaldo Jardim, diretor de operações de caminhões da Ford para a América do Sul. O conforto dos novos caminhões da linha Cargo é uma das apostas da montadora para conquistar mais espaço no mercado nacional. A sus-
pensão da cabine, composta por quatro conjuntos de amortecedores, isola as oscilações da pista e traz um padrão superior de bem-estar para os ocupantes. De acordo com o chefe de Design da Ford América do Sul, João Marcos Ramos, "a criatividade de nossos designers partiu de um conceito de desenhar uma cabine totalmente nova, entendendo as necessidades dos frotistas e motoristas autônomos. Sabemos que eles desejam um caminhão prático, funcional e com o valor agregado do design”, afirma.
O novo Cargo também vem equipado com vidros elétricos de série e a opção de travas e espelhos elétricos. Traz ainda luzes de leitura individuais, acendedor de cigarro, tomadas de 12 V e 24 V, ponto de ar comprimido para limpeza da cabine, preparação para instalação de som e diversos porta-objetos. “Nossas pesquisas mostraram que os clientes ficaram satisfeitos com a nova linha, pois oferecemos tudo que eles precisam: design, qualidade, desempenho, funcionalidade, versatilidade e serviços”, enfatiza Oswaldo Jardim. (Katiane Ribeiro) FORD/DIVULGAÇÃO
LANÇAMENTO Nova linha de caminhões Cargo começa a ser vendida em maio
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ABRIL 2011
MAIS TRANSPORTE FERROVIAS
Tecnologias são apresentadas em encontro adensamento de veículos nas ruas das grandes cidades brasileiras reduz de forma drástica as velocidades de deslocamento e a qualidade de vida da população. Por isso, pensar em soluções para o transporte de massa é uma necessidade urgente para evitar que os já tão frequentes problemas de trânsito no país se agravem ainda mais. Foi com esse intuito que o Ministério dos Transportes, por meio da Secretaria de Política Nacional de Transporte e do Departamento de Relações Institucionais, realizou, no final de março, em Brasília, a segunda rodada de palestras técnicas voltadas para o transporte de passageiros sobre trilhos. Durante o encontro, foram apresentadas as principais tecnologias usadas nos sistemas ferroviários de transporte de passageiros de velocidades moderadas desenvolvidos em diversos países. Estiveram presentes no evento representantes das empresas Alstom (França), Siemens (Alemanha), Bombardier (Canadá), CAF (Espanha), Talgo (Espanha), Hitachi (Japão) e Hyundai Rotem
O
(Coreia do Sul). Foram apresentadas tecnologias de VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), trens elétricos e movidos a diesel, trens pendulares, além de outros utilizados no transporte ferroviário de passageiros intermunicipais, com velocidades de até 200 km/h. O evento faz parte das ações do projeto Trens Regionais, desenvolvido pelo ministério e vinculadas ao Plano de Revitalização de Ferrovias, em que se inclui o Programa de Resgate do Transporte Ferroviário de Passageiros no
país. Na primeira palestra, realizada em fevereiro, foram discutidos os sistemas de VLTs já implantados no Brasil. O ciclo de palestras tem como objetivo divulgar tecnologias empregadas em material rodante, destinado ao transporte de passageiros, de empresas ferroviárias, de modo a ampliar a base de conhecimentos sobre o tema. Para Rodrigo Vilaça, diretorexecutivo da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), esse tipo de dis-
cussão é importante para incentivar a implantação de novos projetos no Brasil. De acordo com Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), todos os sistemas de transporte de passageiros sobre trilhos existentes atualmente são aplicáveis nas cidades brasileiras desde que exista vontade política, sejam feitos os estudos de avaliação econômica-financeira e os projetos de revitalização das vias. (Livia Cerezoli) CAF/DIVULGAÇÃO
MODELOS Evento em Brasília apresentou tecnologias usadas no sistema ferroviário
COMEMORAÇÃO
Setcom completa 30 anos epresentando empresas que trabalham no setor de transporte em uma área que abrange cerca de 70 municípios no Estado de Santa Catarina, o Setcom (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Oeste e Meio Oeste Catarinense) completou, no último dia 1º de abril, 30 anos de atuação. A comemoração aconteceu na cidade de Concórdia, onde fica a sede da entidade, e contou com a presença de autoridades locais, associados e parceiros do setor. Durante o evento, também foram empossados os membros da nova diretoria para o mandato 2011-2014. O sindicato é hoje presidido por Paulo César Simioni, que foi reeleito para o cargo. A compra conjunta e parcerias comerciais com valores reduzidos na aquisição de equipamentos e insumos do transporte, assessoria jurídica gratuita, registro no
R
Seminário discute transporte O desafio de melhorar a mobilidade urbana de veículos e cargas no país será o tema central do 2º Seminário Sistemas Inteligentes de Transporte – Tecnologia para Mobilidade Urbana, nos dias 24 e 25 de maio,
no Centro de Convenções RB1 (RJ). O evento tem apoio do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, além de diversas entidades do setor. HIDRONAVE PROJETO NAVI/DIVULGAÇÃO
cadastro da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), planos de saúde e elaboração de planilhas de frete estão entre os serviços oferecidos pela entidade. Além da sede em Concórdia, o sindicato mantém três delegacias sindicais nas cidades de Iporãd’Oeste, Maravilha e Dionísio Cerqueira para atender de forma mais eficiente seus associados. Tanto na matriz, como nas três delegacias sindicais existe um posto de atendimento do Sest Senat que oferece atendimento aos trabalhadores do setor de transporte nas áreas médica, odontológica e de qualificação profissional. O Setcom também participa do Despoluir – Programa Ambiental da CNT. Uma unidade móvel percorre a região de abrangência da entidade realizando a medição dos gases poluentes emitidos pelos veículos.
Gestão de frotas públicas HIDRONAVE Primeira expedição oficial foi em 2 de abril
Hidronave em Noronha Produzida pelo Projeto NAVI - Natureza Viva, a hidronave Navi realizou sua primeira expedição oficial em Fernando de Noronha (PE), no dia 2 de abril. Possui tecnologia russa e é movida a biodiesel.
O barco realizará expedições pelo arquipélago, oferecendo às pessoas uma visão do mundo submarino bem aproximada e sem distorções, devido à enorme lente do equipamento.
A Guberman desenvolveu uma versão do Frota SaaS, software para gestão de frotas baseado no modelo de computação em nuvem (cloud computing), para a gestão de frotas no setor público. A ferramenta, até então, atendia apenas a iniciativa privada. A tecnologia tem os mesmos benefícios dos tradicionais aplicativos de gestão de frotas, como gerenciamento de combustível, manutenção,
licenciamento, sinistros, multas, pneus, estoque e faturamento, a um custo mais acessível, com média de R$ 10 por veículo. Uma série de customizações e funcionalidades próprias para frotas públicas foram implementadas, como o gerenciamento das solicitações de veículos que ficam à disposição dos servidores públicos e a gestão de contratos de manutenção e de locação de veículos, entre outros.
REPORTAGEM DE CAPA
Transform
SEST SENAT SÃO VICENTE/DIVULGAÇÃO
Sest Senat atinge a marca de 100 milhões de atendimentos nas áreas de saúde, capacitação profissional, esporte, lazer e cultura
ação social
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POR
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LIVIA CEREZOLI
umprindo a sua missão de desenvolver e disseminar a cultura do transporte, promovendo a melhoria da qualidade de vida e do desempenho profissional do trabalhador, o Sest Senat alcançou em 2010 a marca de 7 milhões de atendimentos anuais em todas as suas áreas de atuação. Nas 137 unidades localizadas nas cinco regiões do país, 6 milhões de pessoas foram atendidas nos programas voltados para a promoção social que envolvem as áreas de saúde, esporte, lazer e cultura. Os cursos de qualificação e capacitação tiveram a participação de mais de 1 milhão de profissionais do setor de transporte. “Os números de 2010 consolidam a atuação do Sest Senat como uma instituição consciente de sua responsabilidade pela eficiência e eficácia dos serviços de transporte a serem prestados à sociedade”, afirma o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade (PR-MG). Desde a sua criação, em 1993, foram realizados, aproximadamente, 100 milhões de atendimentos. Na área da educação profissional, foram capacitados
C
CLÍNICA MÉDICA Sest Senat oferece atendimento aos trabalhadores do tr
396.567 alunos nos cursos presenciais e registradas 54.727 matrículas no programa de Educação a Distância durante todo o ano de 2010. Os mais de 200 cursos oferecidos pelo Sest Senat atendem às necessidades do mercado, que exige cada vez mais profissionais qualificados para atuarem nas diversas funções envolvidas na atividade transportadora tanto de cargas como de passageiros.
“O Sest Senat acredita que a educação profissional prepara os indivíduos para enfrentar as consequências das mudanças tecnológicas e organizacionais, assim como o processo de flexibilização verificado no mundo do trabalho”, afirma Clésio Andrade. Para o desenvolvimento dos cursos presenciais, a entidade mantém parcerias com governos federal, estaduais e municipais e empresas privadas. Exemplo disso é o trabalho
desenvolvido com a MercedesBenz, que possibilitou, em 2010, a formação de 2.318 motoristas de caminhão nos cursos de Condução Segura e Econômica e Excelência Profissional para Motoristas de Cargas. O projeto é desenvolvido desde 2008 nas unidades dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Outra parceria importante foi estabelecida com a Abiquim (Associação Brasileira da
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SEST SENAT CURITIBA/DIVULGAÇÃO
CICLO DE PALESTRAS
Sest Senat oferece programa de conscientização
o transporte em todas as unidades do país
Em 2010, o Sest Senat atendeu
7 mi de pessoas
Para levar mais conhecimento aos profissionais do transporte e à sociedade em geral sobre a importância de questões sociais, como a cidadania e a qualificação profissional e, ainda, dos cuidados com a saúde, o Sest Senat também desenvolve, anualmente, o Ciclo de Palestras. Em 2010, mais de 280 mil pessoas participaram do programa que trabalhou oito temas diferentes – quatro relacionados às questões profissionais e quatro relacionados à saúde e à qualidade de vida. Criado há cinco anos, o Ciclo oferece palestras presenciais, ministradas por especialistas nos temas, com a utilização de recursos audiovisuais – cartilhas, vídeos e slides. O tempo de duração de cada encontro é de aproximadamente duas horas e conta, também, com a apresentação do vídeo educativo/ilustrativo
Indústria Química) para o treinamento do Sassmaq (Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade). O programa apresenta métodos específicos para o transporte rodoviário de produtos químicos a granel. O Sest Senat também desenvolve com a Abiquim o projeto Olho Vivo nas Estradas, que visa reduzir o número de acidentes envolvendo veículos que transportam produtos químicos.
de aproximadamente 20 minutos, contendo entrevistas e depoimentos de especialistas em cada tema. Na área da saúde e qualidade de vida, os temas trabalhados no ano passado foram: Cuidados com a Saúde Mental, Saúde da Mulher, Saúde do Homem e Viva a Melhor Idade. Na área profissional, os assuntos foram: Cálculo de Frete, Cidadania no Transporte de Passageiros, Manutenção Básica de Veículos Pesados e Primeiros Socorros e Prevenção e Combate a Incêndios. Destinado aos trabalhadores do setor de transporte, por sua necessidade de capacitação profissional, seus dependentes e a comunidade em geral que queira inteirar-se com novas informações sobre questões sociais e de educação, tem
Merece destaque também o projeto Soldado-Cidadão do Ministério da Defesa, que visa qualificar e inserir jovens soldados no mercado de trabalho, após o término do prazo legal de prestação do serviço militar. Em 2010, foram oferecidos os cursos de auxiliar administrativo, informática, operador de empilhadeira, funilaria e pintura nas unidades de Cariacica (ES), Teresina, Santarém (PA), Cuiabá, Fortaleza, Aracajú, João
como finalidade dar continuidade à capacitação das pessoas em atividades correlatas ao setor de transportes, preparando-as para um mercado competitivo, consequentemente conferindolhes maior empregabilidade. Com o Ciclo de Palestras, o Sest Senat espera levar informações sobre prevenção de doenças e outros temas relacionados a questões sociais, promovendo dessa forma uma melhora na qualidade de vida, além da contribuição no resgate da cidadania, não só no setor de transporte, mas em toda a sociedade. Em 2011, o programa vai abordar assuntos como adolescência, ergonomia, saúde bucal, gestão do estresse, relacionamento interpessoal, meio ambiente, legislação para transporte de cargas e financiamento de caminhões.
Pessoa, Ponta Grossa (PR), entre outras. Pensando na formação de jovens profissionais, o Sest Senat também participa do programa Jovem Aprendiz, uma ação do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego. O curso, que no ano passado contou com 6.232 jovens matriculados, foi desenvolvido priorizando a conscientização da
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ATUAÇÃO DO SEST SENAT Veja números de atendimentos e matrículas Programa de promoção social • Evolução nos últimos anos 30.000
28.378.481
25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0
3.963.311
5.302.844
4.298.840
3.830.149 2005 2006
6.043.117
4.940.220 2007
2008
2009
• Atendimento em 2010 Área Medicina Odontologia Palestras de educação para saúde Esporte, lazer e cultura
2010
Total
Atendimentos 275.743 806.283 830.844 4.130.247
Programas de capacitação profissional • Evolução no últimos anos 6.000
4.968.301
5.000
FISIOTERAPIA Especialidade começou a ser ofere c
4.000 3.000 2.000 1.000
737.699
0 2005
878.761
771.439 662.924 2006
1.085.468
832.009 2007
2008
• Participantes em 2010 Área Cursos presenciais Educação de jovens e adultos Educação a distância Campanhas de trânsito, palestras e seminários Palestras de educação profissional
2009
2010
Total
Atendimentos 396.567 5.171 54.727 533.174 95.829
* Para saber mais sobre os serviços oferecidos, acesse www.sestsenat.org.br ou ligue 0800 728 2891. Fonte: Sest Senat
Foram abertos
43 consultórios odontológicos em 2010
cidadania e da profissionalização, enfocando o desenvolvimento e a capacitação na área administrativa. As parcerias também visam atender às necessidades de determinadas regiões do país. Cursos específicos são oferecidos para suprir a carência de mão de obra qualificada em algumas áreas. A unidade do Sest Senat de Belo Horizonte, por exemplo, oferece, desde 2005, o curso técnico em manutenção de aeronaves. O curso integra o projeto do
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SEST SENAT RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO
MOBILIZAÇÕES
Mais de 250 mil participaram das campanhas
re cida nas unidades no ano passado
Polo Aeronáutico do governo de Minas e, atualmente, tem 240 alunos matriculados. Desde o início do curso, 550 alunos já foram formados. Para este primeiro semestre de 2011, todas as vagas disponíveis já estão preenchidas por estudantes que integram o PEP (Programa de Ensino Profissionalizante) do Estado. No Espírito Santo, o Procat (Programa de Capacitação dos Trabalhadores do Transporte) tem como objetivo melhorar de forma contínua o serviço pres-
Assuntos importantes como a preservação ambiental, a saúde do caminhoneiro e o enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes também fizeram parte dos trabalhos desenvolvidos pelo Sest Senat em 2010. Durante todo o ano, mais de 250 mil pessoas participaram de três grandes campanhas com o objetivo principal de contribuir para o desenvolvimento de ações de sensibilização e orientação de toda a sociedade, principalmente empresas e trabalhadores do setor de transporte. A mobilização nacional Sest Senat pelo Meio Ambiente contou com a participação de aproximadamente 76 mil pessoas em todas as atividades desenvolvidas. Foram palestras, distribuição de material educativo, implantação de sistema de coleta seletiva nas unidades, produção de um curta-
tado pelas empresas de transporte de passageiros do Estado e permitir que os profissionais se mantenham no mercado de trabalho. Desenvolvido em parceria com a Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo), o projeto capacitou no ano passado 4.500 profissionais. As aulas foram ministradas nas unidades do Sest Senat de Cariacica, Cachoeiro do Itapemirim, Colatina, São Mateus e Viana e no Sindicato dos Motoristas em Vitória.
metragem e orientações sobre o consumo correto de energia elétrica, além do plano Esca (Programa de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes), desenvolvido pela entidade desde 2004, ganhou novos parceiros no ano passado. Depois de trabalhar diretamente com os caminhoneiros, o Sest Senat contou com o apoio dos frentistas de postos de combustíveis localizados nas estradas brasileiras. Eles foram treinados para orientar os motoristas sobre o problema da exploração sexual. A cada abordagem, os frentistas entregaram um material informativo produzido pela instituição. Ao todo, 204 mil caminhoneiros receberam a cartilha que trazia orientações sobre o tema – conceitos, formas de denunciar –, além de dicas sobre o dia a dia dos caminhonei-
A educação a distância é mais uma opção oferecida pelo Sest Senat. A entidade oferece o programa de cursos on-line para o aperfeiçoamento profissional e cursos técnicos para formação de nível médio. Cinco novos conteúdos online passaram a ser oferecidos em 2010: Gestão de Pessoas, Gestão de Marketing, Português, Formação de Tutores em Educação a Distância – todos com tutoria – e Noções de Meio Ambiente – autoinstrucional. Para este ano,
ros, passatempos, curiosidades sobre o universo das estradas e ainda um breve relato sobre a história do caminhão. Como já é tradição no Sest Senat, a saúde do caminhoneiro também recebeu atenção especial em 2010. Os Comandos de Saúde nas Rodovias, realizados em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, prestaram atendimento a mais de 6.000 motoristas de caminhão. Durante a ação, foram realizados exames de índice de massa corpórea, circunferência abdominal e cervical, pressão arterial, percentual de gordura, frequência cardíaca, saturação de oxigênio, acuidade auditiva e visual, distúrbios do sono, glicemia, triglicerídeos e colesterol. Os caminhoneiros que apresentaram problemas foram encaminhados para acompanhamento médico.
Programa ambiental atingiu
76 mil participantes
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DESEMPENHO
Unidades são premiadas Anualmente, o Sest Senat premia as unidades que apresentaram os melhores resultados na área social e de qualificação profissional. Em 2010, as seis unidades que alcançaram os primeiros lugares em cada uma das categorias registraram índices de gestão e produção que variam de 88% a 94%. Na área da promoção social, entre as unidades A – aquelas que possuem terreno com área total acima de 30 mil metros quadrados e desenvolvem ações de saúde, lazer e desenvolvimento profissional – o destaque ficou para Cuiabá (MT), seguida pelas unidades do Rio de Janeiro (RJ) e de Belo Horizonte (MG). Entre as unidades B – aquelas que possuem terreno com área total entre 20 mil metros quadrados e 30 mil metros quadrados e desenvolvem ações de saúde, lazer e desenvolvimento profissional – o melhor desempenho operacional foi conquistado pela
unidade de Feira de Santana (BA). Em segundo lugar ficou a unidade de Aracaju, e em terceiro, Barra Mansa (RJ). Também foram premiadas as três melhores unidades D (aquelas instaladas em postos de gasolina nas principais rodovias brasileiras com área total construída entre 235 e 275 m2). O primeiro lugar ficou com Concórdia (SC), seguida de Eunápolis (BA), e Blumenau (SC). Os melhores resultados na área da qualificação profissional foram alcançados pelas unidades A do Rio de Janeiro, Cariacica (ES) e Belo Horizonte. As unidades B premiadas foram São Gonçalo (RJ), Macapá e Petrolina (PE). Fechando a premiação dos melhores resultados em 2010, estão as unidades do Sest Senat D de Maringá (PR), Picos (PI) e São Mateus (ES). Os representantes das unidades premiadas receberam troféu e certificado pelo desempenho alcançado em 2010.
TREINAMENTO Sest Senat desenvolve parcerias p
O curso de manutenção de aeronave já formou
550 alunos
o Sest Senat prepara o lançamento de quatro novos cursos: Espanhol, Inglês, Gestão de Projetos e DST/Aids: da Prevenção ao Tratamento. Os cursos técnicos são voltados para as áreas de logística e de transporte rodoviário de passageiros, possuem cargas horárias de 180 horas e são ministrados 75% a distância e 25% de forma presencial. Em 2010, nove turmas foram inicia-
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ROGÉRIO FRANCO
DESEMPENHO EM 2010 Conheça as unidades com os melhores resultados
Área de promoção social • Unidades A Posição 1º lugar 2º lugar 3º lugar
Cidade Cuiabá (MT) Rio de Janeiro (RJ) Belo Horizonte (MG)
• Unidades B Posição 1º lugar 2º lugar 3º lugar
Cidade Feira de Santana (BA) Aracaju (SE) Barra Mansa (RJ)
• Unidades D Posição 1º lugar 2º lugar 3º lugar
Cidade Concórdia (SC) Eunápolis (BA) Blumenau (SC)
Área de qualificação profissional • Unidades A Posição 1º lugar 2º lugar 3º lugar
Cidade Rio de Janeiro (RJ) Cariacica (ES) Belo Horizonte (MG)
• Unidades B Posição 1º lugar 2º lugar 3º lugar
Cidade São Gonçalo (RJ) Macapá (AP) Petrolina (PE)
• Unidades D Posição 1º lugar 2º lugar 3º lugar
Cidade Maringá (PR) Picos (PI) São Mateus (ES) Fonte: Sest Senat
as para oferecer cursos específicos, como o da unidade de Belo Horizonte
das, com um total de 351 alunos matriculados. Na área da promoção social, o Sest Senat teve em 2010 um crescimento acima do registrado no ano anterior. Foram atendidas 700 mil (14%) pessoas a mais do que em 2009. Neste ano, o número de atendimentos foi 7% maior do que em 2008. Se comparado ao ano de 2005, a participação nas atividades nas áreas de saúde,
esporte, lazer e cultura aumentou mais de 50%. Foram 275.743 atendimentos na área médica, 806.283 na área odontológica, 830.844 pessoas assistidas na educação para a saúde e 4.130.247 pessoas nas grandes ações de esporte, lazer e cultura no ano passado. Entre os atendimentos médicos realizados em 2010, as especialidades que mais se
Ações de esporte, cultura e lazer atenderam
4,1 mi de pessoas
destacaram foram clínica geral, com 32% de participação, seguida da oftalmologia, com 25%. As especialidades de fisioterapia e psicologia, que iniciaram suas atividades em 2010, também apresentaram números significativos, com 20.708 e 6.047 consultas realizadas, respectivamente Os atendimentos odontológicos apresentaram crescimento de 11%, com a abertura
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PRIORIDADE
Atendimentos de saúde ampliados As ações voltadas para a saúde do trabalhador em transporte são prioritárias para o Sest Senat e, por isso, os atendimentos médicos oferecidos pelas unidades foram ampliados em 2010. Os trabalhadores em transporte, que já podiam ser atendidos por clínicos gerais, oftalmologistas e cardiologistas, desde o ano passado também podem usufruir dos atendimentos nas especialidades de psicologia e fisioterapia. Os atendimentos nas duas áreas foram incluídos na oferta de serviços do Sest Senat depois de avaliadas as necessidades dos caminhoneiros. Segundo o fisioterapeuta da unidade de Pelotas (RS), Andrigo Gomes da Costa, por passarem muito tempo sentados, motoristas de uma forma geral reclamam de dores na coluna, e a fisioterapia é fundamental para evitar lesões graves. “Nosso foco principal é a prevenção de doenças. Trabalhamos com muitos exercícios e os resultados
têm sido bastante positivos”, afirma ele. Os tratamentos psicológicos auxiliam os motoristas a enfrentar as longas jornadas de trabalho, a exposição a riscos, as privações do sono e a distância da família. Os atendimentos são realizados em sessões individuais de 50 minutos, uma vez por semana. “Em um primeiro atendimento é feito uma entrevista preliminar, quando é realizado um acolhimento e um levantamento das demandas. A partir disso, é definido o número de encontros e as demais questões relacionadas ao processo”, explica o psicólogo da unidade de Teófilo Otoni (MG), Carlos Renato Faria. Segundo ele, os trabalhadores do transporte apresentam demandas variadas como depressão, transtornos de ansiedade ou fobias. Além dos trabalhadores em transporte e seus dependentes, os atendimentos de saúde do Sest Senat estão voltados para a comunidade em geral.
ESPORTE Unidades mantêm infraestrutura p
Cursos capacitaram
1 demi
profissionais
de 43 novos consultórios em oito unidades. Do total de atendimentos, 79% foram oferecidos a trabalhadores em transporte. Além dos procedimentos de limpeza, curativos e procedimentos de emergência, as unidades oferecem atendimentos nas áreas de dentística, endodontia, periodontia, odontopediatria, ortodontia e prótese. Na área de educação para a
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SEST SENAT BRASÍLIA/DIVULGAÇÃIO
ROGÉRIO FRANCO
a para a prática de diversas modalidades
saúde, o número de pessoas atendidas no ano passado também foi superior ao de 2009. Mais de 1,9 milhão de atendimentos foram realizados durante as ações individuais – orientações durante as consultas médicas – e coletivas – campanhas, palestras e seminários sobre diversos temas – priorizando a prevenção de doenças. Para o Sest Senat, as ativi-
EDUCAÇÃO Jovens são preparados para entrar no mercado de trabalho
dades físicas e culturais também são importantes componentes para o desenvolvimento de valores humanos, como os sociais, morais e éticos. Por isso, as unidades mantêm em suas estruturas locais apropriados para a prática de esportes e o desenvolvimento de ações de lazer e cultura, como campos de futebol, quadras poliesportivas, parques aquáticos, ginásio de espor-
tes, parques infantis, salão de jogos e churrasqueiras. No ano passado, mais de 4 milhões de pessoas, incluindo os trabalhadores em transportes, seus dependentes e a comunidade em geral, usufruíram dessas dependências. As escolas de esporte do Sest Senat, que oferecem atividades formativas e recreativas, atenderam 210.633 crianças e adolescentes. O objetivo
dessa ação é oferecer, além da prática físico-desportiva, o convívio com o esporte, desenvolvendo o espírito de equipe, a formação e o desenvolvimento como ser humano. Entre as diversas atividades oferecidas, as mais procuradas são futebol de campo, futebol de salão, natação, hidroginástica, ginástica aeróbica e localizada, capoeira, artes marciais, basquetebol, voleibol e handebol. l
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MÊS DA MULHER
Sest Senat faz a festa Unidades realizaram atividades voltadas para o público feminino em todo o país POR
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celebração do Mês da Mulher movimentou as unidades do Sest Senat em março. Em todas as regiões do país foram realizadas diversas atividades com o objetivo de estimular o debate, conscientizar, qualificar e oferecer qualidade de vida a quem se faz cada vez mais presente e atuante no setor de transporte. Segundo dados de empresas transportadoras, a presença da mulher nesse mercado, com idades entre 38 a 53 anos, cresceu 11% nos últimos anos. Esta é a quinta edição do projeto que conta com a participação do público feminino do setor de transporte e da comunidade em geral. Desde 2007, aproximadamente 200 mil mulheres já participaram do evento. Durante todo o mês foram realizadas palestras sobre planejamento familiar e direitos trabalhistas das
A
mulheres, atividades de lazer e cultura, como oficinas de arte, culinária, maquiagem, artesanato e apresentações musicais e atividades esportivas (aulas de dança, aeróbica e hidroginástica). Em Guarapuava (PR), por exemplo, uma surpresa nas abordagens policiais realizadas na BR-277. Mais de 300 motoristas que passaram pelo local foram homenageadas com flores. Oficina de artesanato, palestras e limpeza de pele fizeram parte da programação de Londrina (PR). Em Governador Valadares (MG), as mulheres receberam orientações sobre a Lei Maria da Penha e ainda participaram de atividades esportivas. A unidade do Sest Senat de Santa Rosa (RS) ofereceu às mulheres da comunidade em geral um curso de mecânica básica de automóvel. Veja atividades realizadas em algumas unidades. l
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FOTOS SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
GOVERNADOR VALADARES (MG)
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SANTA ROSA (RS)
POUSO ALEGRE (MG)
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FOZ DO IGUAÇU (PR)
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GUARAPUAVA (PR)
CAMPO GRANDE (MS) SEST SENAT/GOIÂNIA/DIVULGAÇÃO
LONDRINA (PR) GOIÂNIA (GO)
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AVIAÇÃO
POR
LETÍCIA SIMÕES
constante aumento de voos regionais no país fez com que as companhias aéreas ampliassem seu foco e investissem nas operações em cidades do interior. Com o aumento da demanda, aparecem obras de melhorias para que os terminais tenham condições de absorver o crescimento. Apostole Lázaro Chryssafidis, presidente da Abetar (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional), afirma que a aviação regional esta em franco desenvolvimento. “Esse aumento é reflexo do trabalho que as empresas vêm implementando ao longo dos anos. Houve investimentos em renovação e expansão de frota, qualificação da equipe, mecanismos de gestão que proporcionam aumento de competitividade e preparação para atuar em
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um mercado extremamente competitivo.” O dirigente confirma que as companhias têm investido no setor. “Com o esgotamento dos grandes aeroportos e o crescimento da renda da população do interior, todo o setor está de olho nos aeroportos das cidades consideradas médias”, diz. O Aeroporto Governador José Richa, em Londrina (PR), é prova de que o mercado da aviação regular no interior do Brasil registra crescimento. Em 2010 foram operados 6.098 voos regulares, frente aos 4.947 do ano anterior, o que representa um aumento de 23,26%. Marcus Vinícius Rezende Pio, superintendente do terminal, afirma que os números demonstram, sobretudo, o bom momento da economia brasileira. Em relação ao número de passageiros, o terminal paranaense registrou crescimento de 27,80% no período entre
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FOCO A
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LUCAS LACAZ RUIZ/FUTURA PRESS
Impulsionadas pelo crescimento econômico, cidades de médio porte são novo alvo das companhias aéreas
do para o interior
O Aumento do poder aquisitivo da população está fazendo com que empresas aéreas direcionam voos para as cidades consideradas de porte médio
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“Todo o setor está de olho nos a APOSTOLE LÁZARO CHRYSSAFIDIS, PRESIDENTE DA ABETAR
INFRAESTRUTURA
Projetos devem contemplar acessos Assim como as dependências dos aeroportos, o entorno dos terminais também precisa de cuidados para que o acesso seja facilitado e garanta operação e atendimento adequados. Obras na área do aeroporto Governador José Richa, em Londrina (PR), foram realizadas recentemente. “O entorno foi transferido para a União. Foram executadas algumas melhorias, como ampliação e adequação da pista de táxi, duplicação da avenida Santos Dumont, que dá acesso ao terminal, além do recapeamento de todas as vias de transbordo”, afirma Marcus Vinícius Pio, superintendente do local. Respício do Espírito Santo Júnior, presidente do Cepta (Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo), considera a proteção dos sítios aeroportuários vitais para a segurança das operações aéreas. “Não há como pensar em operações regulares seguras e eficientes, mesmo para aeronaves de pequeno porte, se todo o
entorno do aeroporto não apresentar um leque de equipamentos adequados, como boa infraestrutura no acesso.” Para ele, as melhorias no entorno dos terminais devem sempre levar em conta os moradores da região. “A população que reside próxima aos terminais não deve ser excluída dos projetos. Estratégias bem elaboradas não demandam muito investimento, em se tratando de aeroportos de pequeno porte”, afirma. Os projetos de melhoria do Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo), que administra 30 aeroportos do interior paulista, são restritos às áreas patrimoniais dos aeroportos, como pistas, edificações e infraestrutura. O departamento afirma que intervenções no entorno são de responsabilidade dos municípios. A Infraero, por sua vez, destaca que obras de acesso e no entorno dos terminais administrados pela empresa, geralmente, ficam a cargo do Estado onde o aeroporto está instalado.
CRESCIMENTO O Aeroporto Governador J
“A população que reside próxima aos terminais não deve ser excluída dos projetos” RESPÍCIO DO ESPÍRITO S. JÚNIOR, DO CEPTA
2010 e 2009. “No primeiro bimestre deste ano foi verificado um crescimento de 26,44%, em relação ao mesmo período de 2010”, destaca Pio. De acordo com ele, o aeroporto passou por melhorias, visando o melhor atendimento, devido ao aumento de passageiros e usuários. “Os antigos monitores dos sistemas operacionais de informação de voos foram substituídos
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s aeroportos das cidades consideradas médias” GILBERTO ABELHA/GAZETA DO POVO/FUTURA PRESS
r José Richa, em Londrina (PR), teve um aumento de 23,26% na movimentação em 2010 em relação ao ano anterior
por equipamentos de LCD. A esteira de bagagens foi modernizada e foi instalado um novo sistema de monitoramento de segurança por câmeras.” Ainda este mês, deverão ser iniciadas adequações da área frontal, que preveem adaptações para acessibilidade, instalação de nova cobertura de toda a área de embarque e desembarque de passageiros, nova instalação para
alocação dos caixas eletrônicos e alargamento da calçada. Respício do Espírito Santo Júnior, presidente do Cepta (Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo), afirma que apesar das melhorias em alguns terminais, muitos ainda não têm condições de receber adequadamente voos de aeronaves acima de 40 assentos.
Londrina teve alta de
23,26% no total de voos em 2010
Uma das empresas que tem investido nesse mercado é a Azul Linhas Aéreas. A empresa, por meio de sua assessoria, afirma que todas as localidades do interior onde atua oferecem boas condições de infraestrutura, uma vez que, para a liberação da operação, os terminais passam pela avaliação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). No interior paulista, 30 aeroportos são administrados pelo Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo). Os terminais de maior movimento, de acordo com a entidade, são os de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Presidente Prudente e Bauru. “Houve crescimento considerável de novos voos para alguns terminais, especialmente em relação aos aeroportos que possuem voos comerciais como Araçatuba e Marília”, afirma o departamento, por meio de sua assessoria. Levantamento do Daesp abaliza que, em fevereiro, o total de voos regulares nos aeroportos administrados pelo departamento foi de 147.744. No mesmo período do ano passado, o número registrado foi 87.951. Segundo a entidade, o
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crescimento da movimentação nos terminais do interior de São Paulo está relacionado ao aumento da oferta de voos para locais que, até pouco tempo, não eram tradicionalmente atendidos pelas companhias aéreas. O Daesp destaca também os preços acessíveis das tarifas, praticados pelas empresas. Para Júnior, do Cepta, o agronegócio e a presença de empresas de médio porte no interior do país contribuíram para o cenário positivo da aviação regional. “Houve uma descentralização da produção em relação às grandes cidades, ou seja, a economia, de certo modo, foi interiorizada.” O “atrativo” para que as companhias aéreas apostem nesse nicho de mercado, aponta ele, é a ausência de aviação regular em certas cidades. “Alguns terminais do interior só operavam táxis aéreos, frotas corporativas e aviação privada.” Ele ressalta que as empresas aéreas regionais devem estudar os mercados detalhadamente e adequarem a demanda com o tipo de aeronave a ser utilizada na rota.
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INVESTIMENTO Webjet afirma q
A Azul opera em
10 cidades do interior do país
Chryssafidis, da Abetar, destaca que as empresas de rotas regionais estão acostumadas a operar para esse segmento e têm equipe e aeronaves preparadas para o trabalho. “A demanda por transporte aéreo apresenta uma tendência de crescimento exponencial, e várias cidades já são atendidas pelas companhias”, diz. A Azul confirma ter plano de expansão para chegar a 50
cidades até o final deste ano. Grande parte delas, no interior do país. A companhia voa, atualmente, para 33 destinos. Desses, dez são cidades do interior. Segundo a assessoria da Azul, a companhia aguarda liberação dos órgãos competentes para operar em Araçatuba e Presidente Prudente, no interior paulista. A empresa afirma que a operação regional é vantajosa,
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DIVULGAÇÃO
a que adquiriu três novas aeronaves do modelo Boeing 737-300 para atender a demanda por sua operação regional
pois o crescimento da demanda pelo transporte aéreo cresceu e as cidades do interior têm poucas ou quase nenhuma opção de voo. A Webjet Linhas Aéreas opera, desde dezembro passado, em quatro cidades do interior: Foz do Iguaçu (PR), Navegantes (SC), Ribeirão Preto (SP) e Porto Seguro (BA). “Até o final do ano, serão incluídos pelo menos outros quatro destinos na malha
operada, sendo três deles no interior”, diz Julio Perotti, vice-presidente de operações da empresa. Ele afirma que a companhia trabalha com tarifas acessíveis, buscando criar demanda em locais onde não há voos regulares. “A empresa também busca operar nas cidades onde o atendimento prestado é insuficiente ou não atenda as necessidades dos novos passageiros.”
“No interior tem-se cidades ricas e com forte demanda represada” JULIO PEROTTI, VICE-PRSIDENTE DA WEBJET
Perotti acredita que a aviação regional tende a expandir ainda mais. “No interior de todos os Estados brasileiros tem-se cidades muito prósperas, ricas, com economia forte e com uma grande demanda represada. Esses municípios estão ávidos pela oportunidade em ter seus acessos facilitados por um transporte aéreo de qualidade e de preços baixos.” O dirigente diz que os custos da operação no interior são menores, se comparados com os gastos de Guarulhos (SP) e Santos Dumont (RJ), por exemplo. A maior demanda da Webjet no interior está na cidade paulista de Ribeirão Preto. Por lá, a empresa opera oito voos diários e diretos ligando a cidade a outros oito municípios. Para os voos regionais, a companhia adquiriu três novas aeronaves do modelo Boeing 737300, configuradas para 148 passageiros. “Por consequência dessas operações, a empresa aumentou o quadro de pilotos e comissários e de pessoal para trabalho em solo, em cada uma das cidades”, afirma Perotti. l
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FERROVIAS
Tecnologia contra acidentes Concessionárias usam modernos recursos tecnológicos para o controle das operações POR LETICIA
transporte ferroviário, um dos modais mais antigos do Brasil, conta com recursos tecnológicos de última geração para o controle das operações. Cada concessionária possui uma estrutura dedicada a afiançar a segurança de todo o processo. Painéis de posicionamento, informações em tempo real entre a central e o maquinista e fiscais que atuam na malha são alguns dos recursos que garantem o êxito da atividade e o baixo índice de acidentes nas ferrovias brasileiras.
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SIMÕES
Os sistemas de segurança empregados pelas concessionárias são semelhantes. Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), os chamados CCOs (Centros de Controle Operacional) das companhias têm como principais funções o licenciamento de trechos para circulação, o gerenciamento da circulação dos trens e o monitoramento e acionamento de emergências. De acordo com a agência, as ferrovias no Brasil utilizam atualmente três sistemas: de posicionamento por meio de GPS, a comunicação
entre o CCO e os maquinistas, realizada via satélite, o controle de tráfego centralizado e o controle automático de trens. Para efetivar toda a operação, cada companhia é obrigada a seguir o ROF (Regulamento de Operação Ferroviária), instrumento que reúne todas as regras e normas utilizadas na atividade. Dependendo da especificidade das operações ferroviárias, itens distintos são acrescidos por cada concessionária ao ROF. A ANTT ressalta que rotineiramente o regulamento é fiscalizado
pela autarquia. O documento de cada companhia deve conter todos os cuidados e regras de segurança executados. A FCA (Ferrovia CentroAtlântica), concessionária controlada pela Vale, mantém seu CCO em Belo Horizonte (MG). Boa parte dos controladores é oriunda da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.). A estrutura é composta por vários terminais e cada um deles fica responsável por uma área da operação. Por meio dos painéis, com tecnologia via satélite, é
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FCA/DIVULGAÇÃO
“Toda a estrutura foi montada na busca pela prevenção de sinistros” ARTHUR RANGEL LAUREANO, ENGENHEIRO DA FTC
possível visualizar o posicionamento dos trens, a condição da ferrovia e as respectivas referências, em tempo real. Além das informações on-line, a FCA tem uma equipe para elaborar prognósticos com até seis horas de antecedência para cada composição. O gerente de segurança operacional Wellington Amaral afirma que a companhia, desde a desestatização em meados de 1996, utiliza equipamentos com tecnologia de ponta para o controle dos trens. Para ele, apesar dos avanços empregados na
operação que permitem que a empresa se cerque dos prováveis acidentes, o preparo dos colaboradores é primordial para a segurança. “São, aproximadamente, 6.000 colaboradores entre diretos e terceirizados para garantir toda a execução. Somente na malha, são 3.700 funcionários.” Os maquinistas da FCA têm cursos de capacitação habitualmente. Dentro do trem, eles operam um computador de bordo em que enviam para o CCO as informações do percurso. As mensagens, denominadas macro, são
informações padrão, para que o condutor otimize seu tempo e não se descuide da operação. Segundo a FCA, o CCO já teve de controlar, simultaneamente, 300 trens. A malha concedida à companhia é de 7.080 km. Os recursos empregados pela FCA para a segurança são diversos. Existem alertas e alarmes para 99,9% das possíveis falhas mecânicas do trem. Sinais para perda de contato entre a central e a locomotiva, para identificar danificações nos vagões e paradas imediatas acionadas pelo CCO para qualquer eventualidade ocorrida são alguns deles. A companhia trabalha ainda com informativos de “quase acidente”. “Tudo que se passa durante a operação é registrado. Com o que é descrito no relatório, tem-se condições de prevenir e mudar o que for necessário para evitar imprevistos”, afirma Amaral. Outro recurso empregado pela FCA é a medição de clima. De acordo com o gerente de segurança, o informativo das condições do tempo é fornecido quatro vezes ao dia, em uma resolução de dez (para cada 10 km). Na FTC (Ferrovia Tereza Cristina), que opera a malha catarinense, o setor de segurança está dividido em três áreas: segurança do trabalho, que cuida da segurança dos colaboradores,
“INCONTROLÁVEL”
Acidente ferroviário ganha as telas Em maio de 2001, um trem de carga da companhia norteamericana CSX Transportation avançou pela malha oeste de Ohio, sem maquinista a bordo. A locomotiva desgovernada possuía 47 carros. Alguns deles transportavam fenol fundido, substância altamente tóxica quando inalada, ingerida ou em contato com a pele, usada em tintas e pigmentos. O trem da CSX foi interrompido com sucesso por um trabalhador da estrada de ferro. Ele saltou para a locomotiva em movimento e puxou seu freio para que os 47 vagões fossem retardados por outra composição, em uma manobra de acoplamento. A fantástica história inspirou o thriller “Incontrolável”, lançado no Brasil pela Fox Filmes, em janeiro deste ano. Um erro humano foi a causa do descarrilamento do trem da CSX. Um maquinista da companhia saiu da cabine, com a locomotiva em movimento, para fazer um desvio
“Sistema ou equipamento que aumente a proteção tem preferência no planejamento anual” CÉSAR LEANDRO PRATO, GERENTE DA ALL
na via, mas aplicou o freio independente de maneira equivocada e não havia conectado os freios a ar. O freio independente permite que a frenagem da locomotiva seja efetuada de maneira autônoma a dos freios dos vagões. Sua finalidade é manter o trem parado enquanto o sistema geral está sendo recarregado. A locomotiva de Ohio, ao contrário do que deveria acontecer, ganhou velocidade e avançou rumo à cidade de Kenton. Não há informações sobre a velocidade atingida pelo trem da CSX. No filme do diretor Tony Scott, a locomotiva atingiu 120 km/h e seguia, a todo vapor, na direção da cidade de Stanton, Pennsylvania. A película tem ritmo alucinante e, concomitante ao avanço do trem, mostra as ações do departamento de segurança da companhia ferroviária para tentar conter a locomotiva. Como feito no caso real de Ohio, a iniciativa dos trabalhadores da
segurança operacional, que atenta para toda a operação, e segurança patrimonial, responsável pelo patrimônio e pelas faixas de domínio e de segurança da linha férrea. “Ao todo, são 32 colaboradores no setor de segurança”, afirma Arthur Rangel Laureano, engenheiro da divisão de transportes e responsável pela inspeção da linha, dos trens e das composições da FTC. Segundo ele, os investimentos em segurança incluem recuperação e manutenção de locomotivas, vagões, via permanente e sinalização, sistemas informati-
malha (os maquinistas vividos por Denzel Washington e Chris Pine, respectivamente), é que, por fim, contém a composição. O acidente com o trem norte-americano, na opinião dos responsáveis pelo controle ferroviário das concessionárias que operam no Brasil, tem possibilidades mínimas de acontecer. Para Wellington Amaral, gerente de segurança operacional da FCA, os sistemas empregados pelas companhias dos Estados Unidos são altamente desenvolvidos, tanto quanto os brasileiros. “Chega a ser inacreditável que algo assim tenha ocorrido, já que toda a composição conta com sistemas de frenagem para o caso de qualquer eventualidade”, afirma. Segundo Arthur Rangel Laureano, da FTC, hoje não teria como acontecer acidentes do tipo no Brasil.“Todas as companhias têm um sistema de proteção muito desenvolvido para evitar anormalidades com essa gravidade.”
zados para o gerenciamento das operações ferroviárias, novas ferramentas e equipamentos para locomotivas e vagões. “Toda a estrutura foi montada na busca pela prevenção de sinistros ou mesmo para agir com maior rapidez e segurança no atendimento a ocorrências”, diz. A empresa dispõe de um moderno Sistema de Gerenciamento Ferroviário que apresenta todo o trajeto das composições que transitam na malha. O recurso permite maior controle em toda a operação, com auxílio de um sistema de
FILME Cena de “Incontrolável”, q
rastreamento via satélite que possibilita a operação remota da composição, parando-a em caso de emergência. Das dez locomotivas da frota, cinco delas estão equipadas com computadores de bordo. “Com o instrumento é possível registrar os eventos, a medição do consumo de combustível e o monitoramento de outras variáveis, como a aplicação de freios e o acionamento de sirenes”, diz Laureano. De acordo com o engenheiro, o acompanhamento de toda a operação é realizado por meio de um programa chamado Siof (Sistema
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FOX FILM CORPORATION/DIVULGAÇÃO
”, que retrata descarrilamento ocorrido em 2001, em trem da companhia norte-americana CSX Transportation
de Ocorrências Ferroviárias). “Trata-se de um programa prático, destinado à identificação das ocorrências ferroviárias e suas causas. Ele agiliza a tomada de providências e de novas medidas de segurança e de prevenção.” A concessionária também investe na reciclagem dos funcionários. Os trens da ALL (América Latina Logística) são monitorados em tempo integral por GPS. “Caso o maquinista desrespeite os limites de velocidade ou da licença, entra em operação a ‘cerca eletrônica’, que atua diretamente no freio, para o trem, e
avisa o centro de controle para que as devidas providências sejam tomadas”, afirma César Leandro Prato, gerente de tecnologia da concessionária. Segundo ele, a ALL mantém um Comitê de Segurança multidisciplinar que realiza reuniões semanais. Um membro da área de tecnologia está sempre presente. “O setor de tecnologia possui critérios para a destinação de seus investimentos. A segurança é o que tem a maior importância. Com isso, todo equipamento ou sistema que aumente o nível de proteção
tem preferência na montagem do planejamento anual de gastos.” A exemplo da ALL, a FCA também possui um fórum com a mesma finalidade, denominado Comissão de Prevenção e Investigação de Acidentes. Na ALL, 120 pessoas discutem semanalmente assuntos relacionados à segurança, tais como indicadores, riscos, resultados de auditorias e planos para bloquear acidentes. São 230 pessoas na área de tecnologia, sendo 130 em campo e cem no corporativo. Além do computador de bordo, a companhia possui em
sua estrutura de segurança equipamentos de alerta para o maquinista, como o EOT (End of Train), acionado caso ocorra alguma falha na integridade do trem, detectores de descarrilamento, de rolamento aquecido, que avisam ao maquinista se a temperatura dos rolamentos está superior ao padrão, e de queda de barreira, instalados em trechos com risco de deslizamento de terra. “Ainda este ano, serão instalados detectores de enchentes nos trechos com risco de alagamento e detectores de defeito de rolamento por som”, afirma Prato. Os alertas e detectores de prováveis falhas são idênticos nos diversos sistemas empregados por cada concessionária. Entre eles, há um que detecta problemas com o maquinista. Ele é denominado “homem morto”. Caso o condutor não responda às chamadas do CCO ou não se comunique com o centro em determinado intervalo de tempo, o sistema do trem solta um alarme e o freio é acionado. As companhias, inclusive, utilizam-se dos processos umas das outras quando necessário. “Se operamos na malha de uma outra empresa, é preciso que seja utilizado os procedimentos daquela instituição”, diz Amaral, da FCA. “Com todo o aparato voltado para a segurança, a FCA reduziu, desde 2000 até hoje, 60% dos acidentes”, afirma. l
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TRÂNSITO
Itens de segurança Saiba o que diz a lei sobre a utilização de cadeirinhas e do cinto nos automóveis POR LETICIA SIMÕES
obrigatoriedade do uso de cadeirinhas para o transporte de crianças de 1 a 7 anos, iniciada em setembro passado, é válida somente para carros de passeio particulares. Veículos escolares e táxis não foram inseridos na lei que determina a utilização do acessório. Contudo, o Contran (Conselho Nacional de
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Trânsito) estuda a possibilidade de estendê-la também para o transporte escolar. Entidades e profissionais da categoria veem a iniciativa com reservas. Os táxis, por sua vez, estão dispensados do uso obrigatório da peça. Em relação ao cinto de segurança no banco traseiro, o panorama mostra que o cidadão ainda não se conscientizou total-
mente de sua importância. Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), os táxis foram excluídos da obrigatoriedade da cadeirinha por se tratar de uma categoria específica. De acordo com a assessoria de comunicação, a entidade segue um entendimento internacional de não incluir esse tipo de veículo na norma.
Carlos Alberto de Abreu é taxista em Belo Horizonte há 29 anos. Ele concorda com a exceção em relação ao acessório. “Trata-se de um perfil de transporte diferenciado, em que a rotatividade de passageiros é intensa durante todo o dia. Imagine ter de instalar a cadeirinha e ter de retirá-la sempre que não houver crianças durante a corrida.”
MARCO A. GONÇALVES/FUTURA PRESS
Os modelos de cadeirinha variam de acordo com a idade da criança. Conforme a resolução nº 277 do Contran, crianças de até 1 ano devem ser transportadas no equipamento denominado conversível ou bebê conforto, entre 1 e 4 anos, em cadeirinhas e de 4 a 7,5 anos, em assentos de elevação. Para Abreu, as diferenciações por faixa etária tam-
bém justificam a exclusão da categoria. “Cada taxista teria de adquirir três tipos e carregá-las diariamente. É realmente impossível aplicar essa lei para os táxis.” José Fioravanti, presidente da Fetacesp (Federação dos Taxistas Autônomos do Estado de São Paulo) e vice-presidente da seção de transportadores autônomos, de pessoas e
de bens da CNT, acredita que a determinação dos organismos internacionais que regulamentam as normas de trânsito foi sensata ao excluir a categoria da obrigatoriedade do uso de cadeirinhas. “A prática da atividade é dinâmica. Não há possibilidade de encostar o veículo para embarcar o passageiro, descer e instalar a peça adequada à idade da criança que
será transportada, em meio ao trânsito. Isso sem falar que, geralmente, as corridas são rápidas.” Em relação ao cinto de segurança no banco traseiro, Fioravanti defende maior fiscalização e campanhas de conscientização. “Faz parte da cultura do brasileiro considerar que o cinto de segurança é um incômodo. Só vai mudar
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NO EXTERIOR
Modelos a serem seguidos Bons exemplos de campanhas preventivas foram apresentados durante o 3° Seminário de Educação e Segurança no Trânsito do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Realizado em novembro passado, o encontro também debateu os perigos causados pela não utilização dos acessórios de retenção no banco traseiro, bem como as consequências pelo mau uso dos itens. O evento contou com a participação de dirigentes europeus, que mostraram experiências de seus respectivos países. Uma delas, apresentada pelo diretor de Estudos e Pesquisas da “Prévention Routière” (Associação da Prevenção Viária da França), Christophe Ramond, indicou que as ações preventivas devem usar a linguagem adequada para convencer o público para o qual são direcionadas. Ramond falou sobre uma campanha de educação no trânsito realizada entre 2007 e 2010 na França, que ensinava pais e filhos as maneiras corretas de utili-
zação dos equipamentos de retenção. Ele enfatizou a importância dos itens no transporte infantil. Fiona Seymor, diretora de marketing do Ministério dos Transportes da Inglaterra, trouxe um histórico sobre o cinto de segurança naquele país. De acordo com ela, as campanhas de conscientização de segurança no trânsito surgiram na Inglaterra em 1971. As ações preventivas, mostrou a diretora, contribuíram para que a utilização do cinto de segurança no banco traseiro aumentasse em 40%, entre os anos de 1982 a 1990. A partir de 1991, a legislação inglesa tornou o uso do cinto de segurança traseiro obrigatório. Desde então, o índice de utilização atingiu 90%. As campanhas contribuem para que 70% da população inglesa utilize permanentemente o acessório. Fiona destacou ainda que as ações preventivas devem oferecer à população toda a gama de informações. Dessa maneira, é possível avaliar os riscos que o trânsito oferece, bem como os meios para evitá-los.
CONTRÁRIOS Instituições ligadas ao transporte escolar deba te
quando a fiscalização for mais intensificada e as campanhas atingirem a população de maneira significativa.” O Ministério das Cidades, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que a autarquia tem buscado conscientizar a população por meio de campanhas educativas de trânsito. O objetivo é promover uma mudança de comportamento, fazendo com que o cinto de segurança e os dispositivos de retenção sejam realmente utilizados pelos ocu-
pantes dos veículos. Para a pasta, será possível reduzir as mortes e lesões graves nos acidentes de trânsito somente a partir da plena ciência do quão importante e preventivo são esses acessórios. Para Maria do Bonfim Pereira de Santana, presidente do Sinpetaxi (Sindicato dos Permissionários de Táxis e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal), a medida em relação a não obrigatoriedade das cadeirinhas para a categoria é legítima. “A rotatividade
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JÚLIO FERNANDES
a teram uso de cadeirinhas com o Contran
“A cadeirinha não altera a segurança das crianças, já que não há excesso de velocidade” MÁRIO LUIZ TAVARES, TRANSPORTADOR ESCOLAR
NORMA Táxis estão desobrigados do uso de cadeirinhas para crianças
de passageiros é muito grande. O táxi se diferencia de outros tipos de transporte.” No que diz respeito ao uso do cinto de segurança no banco traseiro, ela afirma que os taxistas do Distrito Federal, de modo geral, solicitam aos passageiros que o utilizem. “Sempre há aqueles que não usam, muitos têm resistência.” Proprietários de veículos escolares e entidades ligadas ao setor estão receosos com a probabilidade de a exigência das cadeirinhas ser estendida
ao serviço. Luiz Guarçoni tem uma frota de escolares e preside o Sinterj (Sindicato das Empresas de Transporte Escolar e afins do Estado do Rio de Janeiro). Ele afirma que algumas instituições se reuniram com o Contran para debater o assunto. Segundo Guarçoni, os representantes ratificaram a dificuldade de movimentação das cadeirinhas para o transporte escolar. “São muitas as variáveis para a utilização. Escolares transportam crian-
ças de faixas etárias diferentes, que embarcam em dois turnos. Além disso, são modelos distintos para cada idade.” Ele ressalta as complicações de instalação da peça em vans, veículo mais comum no transporte escolar. “Em assentos com cintos de segurança de três pontos a cadeirinha fica agarrada. No transporte escolar eles são horizontais. É difícil conseguir esse tipo de adaptação.” Muitos condutores do transporte escolar preferem trafe-
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LEGISLAÇÃO
Cinto traseiro é obrigatório O uso do cinto de segurança no banco traseiro é ignorado por muitos brasileiros. Mas, assim como o dispositivo de retenção dianteiro, o cinto de trás é de uso obrigatório. O CTB (Código de Trânsito Brasileiro), em vigor desde 1998, determina a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança para condutor e passageiros em todas as vias do território nacional. O procedimento de fiscalização é feito por entidades de trânsito em âmbito estadual, municipal e rodoviário. Conforme previsto no artigo nº 65 do CTB, deixar de usar o cinto de segurança é considerada infração grave, com perda de cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,69. Como medida administrativa, o órgão fiscalizador pode determinar a retenção do veículo até a colocação do cinto pelo infrator. André Horta, analista de segurança viária do Cesvi Brasil, afirma que o cinto de segurança possui a mesma importância, tanto para condutor e passageiro da frente quanto para os passageiros do banco de trás. “Os riscos são grandes para quem não usa o acessório. Um passageiro sem o cinto no banco de trás, em uma batida ou freada brusca, será lançado contra o banco da frente. Seu peso fará romper o cinto
dianteiro, pelo excesso de carga. Com o rompimento do cinto, a lesão da pessoa da frente é agravada.” Maria do Bonfim Pereira de Santana, presidente do Sinpetaxi (Sindicato dos Permissionários de Táxis e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal), diz que intensificar campanhas de conscientização é o caminho para evitar que passageiros viagem sem o cinto de segurança. “Sozinhos, os taxistas não vão conseguir”, afirma. O Ministério das Cidades, por meio de sua assessoria, destaca que, em 2010, duas campanhas foram realizadas com foco na importância do cinto traseiro. “Debater a importância do uso do cinto de segurança e da cadeirinha possibilita que os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito promovam com a população em geral a conscientização sobre a necessidade de uso dos referidos equipamentos”, declara o ministério, em nota. A fiscalização, segundo o ministério, é fundamental no processo de mudança de comportamento. “É preciso trabalhar pela utilização do cinto de segurança e dos dispositivos de retenção adequados às condições da criança. É um compromisso a ser assumido por todos os profissionais da área”, afirma a pasta.
LEI O Código de Trânsito Brasileiro, em vigor desde 1998, d
gar com crianças acima de 7 anos, por entenderem que a partir dessa idade elas absorvem melhor as orientações de segurança. Elenir Natividade Oliveira é proprietária de veículo escolar há 14 anos. Caso o uso das cadeirinhas se torne obrigatório, a condutora deixará de transportar crianças dentro da faixa etária da resolução. “O acessório ocupa mais de uma vaga e instalar a cadeirinha para poucos não justifica o investimento.” A van de Elenir tem capacidade para 16 lugares.
Esse ponto de vista é recorrente entre a categoria. O proprietário de veículo escolar Wilson Rubens Ferreira transporta, atualmente, dez crianças com idade entre 5 e 7 anos. “A criança vai usar um tipo em um ano e, no seguinte, terei de trocar, em virtude da idade. A alternativa que vejo é pedir que os pais cedam a cadeirinha que possuem. Do contrário, terei de negar novos contratos.” Uma cadeirinha custa, em média, R$ 300, dependendo do tipo direcionado a cada faixa
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STOCKPHOTO
SAIBA MAIS Veja o que diz a lei sobre o transporte de crianças Como as crianças devem ser transportadas • Até 1 ano: conversível ou bebê conforto • Entre 1 e 4 anos: cadeirinhas • De 4 a 7,5 anos: assentos de elevação Sanções para quem transportar crianças fora das normas de segurança • Infração: gravíssima (sete pontos na CNH) • Multa: R$ 191,54 • Medida administrativa: retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada.
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“Os riscos são grandes para quem não usa o cinto de segurança” ANDRÉ HORTA, ANALISTA DO CESVI BRASIL
etária. Há modelos de bebê conforto que chegam a R$ 700. O proprietário de escolar Mário Luiz Soares Tavares acredita que a peça não funciona nessa categoria de transporte com a mesma eficiência de segurança dos carros particulares. “Além de tomar muito espaço, ela não altera a segurança das crianças transportadas, já que não há excesso de velocidade.” A lei determina que os veículos escolares trafeguem com velocidade máxima de 60 km por hora.
Tavares segue a opinião dos colegas e diz que se a lei entrar em vigor não transportará crianças na faixa etária das cadeirinhas. O Contran afirma que não há prazo para a conclusão dos estudos referentes à obrigatoriedade da peça no transporte escolar. O Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e Segurança Viária) está desenvolvendo uma pesquisa sobre os efeitos do uso de cadeirinhas para essa categoria de transporte. De acordo com André Horta, analista de segurança viária da
entidade, o estudo deverá ser divulgado em meados de abril. Ele ratifica que o tipo de cinto disponível nas vans escolares dificulta a instalação do acessório. “Dependendo do tipo de veículo, o dispositivo é incompatível. Nos carros de passeio, a adaptação é mais simples, já que os cintos para o encaixe da cadeirinha devem ter três pontos.” Para Horta, a principal função das cadeirinhas é evitar que haja o capotamento da criança para fora do veículo, em caso de batida ou frenagem brusca. l
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CARGAS SUPERPESADAS
Década virtuosa
Obras de infraestrutura capitaneadas pelo PAC 2 e eventos esportivos garantem cenário positivo para o segmento POR LETICIA
Brasil vive um momento de grande expectativa de investimentos, devido às obras previstas para a realização da Copa-14 e das Olimpíadas-16 e, principalmente, às intervenções de infraestrutura contempladas pela continuação do PAC
O
SIMÕES
(Programa de Aceleração do Crescimento). O segmento de cargas superpesadas é um dos setores que vislumbra crescimento para os próximos anos, devido aos projetos. O grupo Irga atua no setor de cargas superpesadas há mais de 70 anos. Lupércio Neto, presidente da empresa,
acredita que os eventos esportivos não vão interferir de maneira significativa nesse nicho de transporte. “Não há volume expressivo de carga superpesada a ser transportada para os eventos. As obras que trazem serviço para o setor são de hidrelétricas, de siderurgia e de mine-
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MEGATRANZ/DIVULGAÇÃ
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ração.” A Irga transporta turbinas, geradores, transformadores e motores para todo o Brasil, sobretudo, para a região Sudeste, onde estão concentradas grandes fábricas e refinarias de petróleo. Neto acredita que o grande impulso para as empresas do transporte de cargas superpesadas acontecerá por causa da construção de usinas eólicas nas regiões Nordeste e Sul. “Esses investimentos serão responsáveis por um cenário positivo nos próximos cinco anos. Além deles, a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, entre outras, vão assegurar estabilidade para o setor.” Gilson Garófalo, vice-presidente da OEB (Ordem dos Economistas do Brasil), corrobora com o ponto de vista do mandatário do Grupo Irga. “Não acredito no crescimento imediato para o setor porque as obras não são exclusivamente para a demanda de cargas superpesadas. Além disso, os entraves são muitos e os atrasos nas obras da Copa já são uma realidade.” João Batista Pinheiro Dominici, vice-presidenteexecutivo do Sindipesa (Sindicato Nacional das
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IMPULSO Obras de reforma, ampliação e construção d
“A projeção é que esse ritmo de crescimento se mantenha por mais dez anos” ANTÔNIO CARLOS DA SILVEIRA, NEXTRANS
Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais), acredita que os impactos dos investimentos previstos para a Copa e para a Olimpíada serão pequenos para o setor. “A construção e a reforma de estádios demanda mais equipamentos como guindastes, por exemplo. Já as obras de infraestrutura, como aeroportos e transporte público, a meu ver, vão demorar muito para serem executadas.”
Segundo Dominici, do Sindipesa, a expectativa de crescimento do setor para os próximos anos está amparada no transporte de rotores (máquinas rotativas, como turbinas e compressores), transformadores e equipamentos para as instalações de refinarias que estão em construção no interior paulista e no Rio de Janeiro. A Megatranz movimenta cargas superpesadas destinadas à implantação de refina-
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VÌTOR SILVA/CPDOC JB/FUTURA PRESS
o de estádios, como o Maracanã, para a Copa do Mundo de 2014 estimulam o crescimento do setor de superpesados
“Com as intervenções previstas, o setor poderá atingir quase o total de sua capacidade” ANTÔNIO LUIZ LEITE, ASLOG
rias, polos petroquímicos, setor elétrico, mineração e papel e celulose, entre outros. Henrique Zuppardo, presidente da empresa, considera que o grande investimento em infraestrutura registrado em todo o país é que tem mantido o mercado aquecido. “A expectativa da Megatranz é atingir 40% de crescimento este ano”, diz. Zuppardo acredita que os eventos esportivos, bem como a segunda etapa do PAC,
podem contribuir com o crescimento do setor. De acordo com ele, o segmento de cargas superpesadas já é afetado pelos investimentos previstos. “Cargas destinadas aos setores de petróleo e gás e ao setor petroquímico deverão ter aumento considerável nos próximos anos.” O dirigente ressalta que a empresa vem investindo em novos equipamentos para atender ao aumento da demanda. “Carretas modula-
res hidráulicas e equipamentos para içamento e verticalização de peças com peso unitário para 2.000 toneladas serão adquiridos para lidar com o crescimento estimado.” Há dez anos no mercado, a Nextrans transporta cargas industriais para todo o Brasil e se prepara para, a partir de 2012, levá-las também para os países do Cone Sul (Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile). O diretor Antônio Carlos da Silveira destaca que o atual cenário é muito positivo para o setor. “Vários novos projetos e investimentos em infraestrutura estão sendo realizados por todo o Brasil. A demanda tem aumentado a cada ano e a projeção é que esse ritmo de crescimento se mantenha por mais dez anos.” A empresa estima um crescimento de 30% em vendas em 2011. “A Nextrans estima um crescimento muito significativo em função também da elevação da participação de mercado que a empresa tem registrado.” Para o diretor, as cargas ligadas a hidrelétricas, energia, construção civil e petróleo terão maior demanda nos próximos períodos. “A empresa tem mantido uma
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EFEITOS
Indústria também comemora O aquecimento no transporte de cargas superpesadas reflete de forma positiva na indústria automobilística. Em 2010, o setor registrou alta de 43,5% nas vendas, grande parte devido às demandas de caminhões, segundo números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). No total, foram vendidas 157,6 mil unidades de caminhões entre semileves (com peso bruto total entre 3,5 e 6 toneladas), leves (peso bruto total entre 6 e 10 toneladas), médios (peso bruto total entre 10 e 15 toneladas), semipesados (peso bruto total igual ou maior a 15 toneladas, capacidade de tração igual ou menor a 45 toneladas e peso bruto combinado menor que 40 toneladas) e pesados (peso bruto total igual ou maior a 15 toneladas, capacidade de tração maior que 45 toneladas e peso bruto combinado igual ou maior a 40 toneladas).
O número de unidades vendidas no ano passado é o segundo maior recorde da história. O primeiro foi registrado em 2008, quando foram vendidos 122,3 mil caminhões. Entre os pesados, o crescimento em 2010 foi de 63,7%. O índice dos semipesados atingiu 43,7%. E as expectativas para 2011 continuam positivas. No primeiro bimestre do ano, a venda de caminhões já registrou alta de 41,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O segmento de pesados cresceu 33,4% e o de semipesados, 60%. Porém, de acordo com a Anfavea, mesmo com a tendência de crescimento para os próximos anos, os índices de alta devem ser menores do que os registrados em 2010. A associação estima um crescimento anual de até 5% nas vendas totais de veículos no país.
DIVERSIDADE A Megatranz espera crescer 40% este ano; a
“A reforma e a construção de estádios são uma grande oportunidade para esse tipo de carga” RICARDO TEIXEIRA, FGV MANAGEMENT
postura de investimento constante em novos equipamentos, tecnologia e pessoas”, afirma. Newton Gibson, presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga) e vicepresidente da CNT, afirma que as empresas do transporte superpesado estimaram um crescimento de 40% em 2010, frente aos 30% do setor logístico em geral. “Esse crescimento está ligado ao investimento das empresas em equipamentos modernos. As descobertas de áreas do pré-sal,
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o; a empresa atua com cargas superpesadas destinadas à implantação de refinarias, polos petroquímicos, entre outros
bem como as construções de estaleiros e refinarias por todo o país, são o foco dessas instituições”, diz. Gibson destaca que o momento é tão positivo que empresas estrangeiras estão se instalando no Brasil visando a competitividade e o lucro com os novos setores estruturais. “Para 2011, ainda não há dados concretos, mas, como o aquecimento da economia brasileira e os investimentos em infraestrutura vêm sendo impulsionados desde o fim da crise, há dois anos, acredita-se que o trans-
porte de cargas superpesadas terá grandes demandas. As empresas já estão aportando milhões em tecnologia.” Doutor em administração de empresas e mestre em sistemas de gestão, Ricardo Teixeira, professor de estratégia dos cursos de pós-graduação da FGV Management, diz, por sua vez, que tanto as obras do PAC quanto às destinadas à Copa e às Olimpíadas vão demandar investimentos elevados para o segmento de cargas superpesadas. “A construção e a reforma de
“As obras que trazem serviço para o setor são de siderurgia e de mineração” LUPÉRCIO NETO, PRESIDENTE DO GRUPO IRGA
estádios como o da Fonte Nova, em Salvador, e o Maracanã, no Rio de Janeiro, são uma grande oportunidade para elevar a movimentação desse tipo de carga. Além disso, haverá adequações estruturais no Brasil inteiro.” Na opinião de Teixeira, os três projetos (PAC 2, Copa e Olimpíadas) serão responsáveis por um crescimento considerável para o segmento nos próximos três anos. “O transporte de cargas superpesadas deve esperar por um aquecimento do mercado, principalmente, entre 2012 e 2013, quando as obras deverão ser aceleradas. Para as empresas que estão instaladas e planejaram o aumento de demanda, será um período excelente.” Antônio Luiz Leite, membro da Aslog (Associação Brasileira de Logística), alega que os atrasos obrigarão as empresas a trabalharem com um cronograma mais curto, mas que o ciclo das obras está prestes a ganhar força. “Hoje, as empresas de cargas superpesadas encontram-se em um patamar normal de trabalho. Com as intervenções previstas, o setor poderá atingir quase a totalidade de sua capacidade.” l
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PASSAGEIROS
Empresa resgata a profissão dos comissários de bordo e oferece mais conforto aos passageiros
POR LIVIA CEREZOLI
oa noite, meu nome é Laíssa Lacerda e vou acompanhá-los até Brasília. Estou aqui para ajudar no que for necessário e tornar a viagem de vocês mais agradável.” É assim que os passageiros são recebidos no ônibus que se prepara para percorrer os 1.150 km que ligam o Rio de Janeiro a Brasília. A viagem de 17 horas é anunciada pela comissária de bordo. A profissão, que estava esquecida desde a década de 70, volta agora com uma nova roupagem, mas com a mesma função: oferecer mais qualidade e conforto aos passageiros que optam pela viagem de ônibus. A iniciativa é da empresa Util (União Transporte Interestadual de Luxo), que faz parte do Grupo Guanabara e atua em cidades dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Com uma frota de mais de 190 ônibus, a companhia transporta 125 mil passageiros por mês. O serviço está sendo oferecido desde janeiro deste ano. Segundo Jason de Mello, gerente comercial da empresa, o conceito da nova oferta é relembrar as famosas rodomoças, serviço praticamente extinto no país, dando um toque turístico na prestação do serviço e aproveitando as paisagens que só a viagem rodoviária oferece aos passageiros. Além de ajudar na acomodação das malas, servir água e café como cortesia, as comissárias apresentam o motorista e os equipamentos do ônibus, como janelas de emergência e os cintos de segurança, fornecem instruções sobre o tempo de viagem, as paradas e ainda os serviços que podem ser adquiridos durante todo o trajeto. “Oferecemos aluguel de kits com cobertor e travesseiro, alimentação e DVD portátil com alguns filmes para os passageiros que queiram se distrair”, explica Mello.
“B
JAQUELINE PEIXOTO, COMISSÁRIA DE BORDO
JÚLIO FERNANDES/CNT
Qualidade a bordo
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NOVIDADES
Oferta de serviços é extensa Outras empresas do setor de transporte rodoviário de passageiros também têm investido em “mimos” aos seus clientes. São serviços de Internet sem fio a bordo, compra de passagens via web e salas VIPs em terminais rodoviários de várias cidades do país. A Auto Viação 1001 oferece salas de espera especiais aos passageiros que aguardam o momento do embarque nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e Campo dos Goytacazes (RJ), em São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). O local possui ambiente climatizado com ar-condicionado, máquina de café, água, televisores, entre outros mimos aos passageiros. Além disso, desde o ano passado, foram implantadas as chamadas salas Net nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os espaços são equipados com máquinas de auto-atendimento para que os passageiros retirem as suas passagens compradas pela Internet, sem que precisem enfrentar filas nas bilheterias. Os espaços são divididos com as empresas do Grupo JCA, como a Cometa,
Catarinense, Macaense e Expresso do Sul. “Nosso objetivo é sempre oferecer mais conforto aos nossos clientes. Trabalhamos para superar as expectativas deles”, afirma Daniel Oliveira, gerente-comercial da empresa. Na Viação Planalto, além do serviço de Internet oferecido na sala VIP que a empresa mantém na rodoviária de Porto Alegre, os passageiros podem se conectar à rede sem fio dentro dos ônibus. Na frota da empresa, 86 veículos têm Internet a bordo. O serviço é oferecido nas linhas interestaduais Santa Maria (RS)-Palmas (TO) e Santa Maria (RS)-Barreiras (BA) e nas linhas intermunicipais que saem de Porto Alegre com destino a outras cidades do Rio Grande do Sul, como Alegrete, Itaqui, Quarai, Rio Grande, Rosário do Sul, Santiago, São Borja, São Francisco de Assis, Santa Maria e Uruguaiana. A novidade faz parte do serviço executivo, que também oferece em cada um dos ônibus dez lugares com poltrona ampla reclinável, descansa pés, travesseiro, manta, água mineral, ponto de energia para celular e notebook.
CONFORTO Empresa oferece serviços especiais e
“Nosso objetivo é sempre oferecer mais conforto aos nossos clientes. Trabalhamos para superar as expectativas deles” DANIEL OLIVEIRA, GERENTE-COMERCIAL DA 1001
O serviço é oferecido nas viagens que saem do Rio de Janeiro com destino a Brasília às terças, quartas e quintas-feiras, às 20h30, e no sentido contrário às quintas e sextas-feiras e também aos sábados, com partidas no mesmo horário. Segundo o gerente da Util, o trabalho será avaliado por seis meses e, assim que saírem os resultados, novos profissionais poderão atuar em outras linhas oferecidas pela empresa. Na equipe da companhia, estão oito profissionais – três homens e cinco mulheres. Todos foram treinados durante duas semanas com uma equipe de guias de turismo. Durante o curso preparatório, os comissários recebem informações sobre o
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AUTO VIAÇÃO 1001/DIVULGAÇÃO
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VIAÇÃO PLANALTO/DIVULGAÇÃO
s em sala de espera para embarque
trajeto que será percorrido e formas de atendimento aos passageiros. Eles também realizam pelo menos uma viagem de treinamento para depois iniciarem o trabalho de forma definitiva. “Procuramos por profissionais que tenham envolvimento com a área do turismo porque eles têm o papel de tornar a viagem dos nossos passageiros mais agradável”, afirma Mello. E a iniciativa é aprovada por quem utiliza o serviço. Depois de conhecer o Rio de Janeiro, a passageira Maria Dantas de Menezes Costa aguardava em Brasília para seguir viagem até o Maranhão. Ela ficou satisfeita com o atendimento oferecido. “É uma viagem muito longa e a rodomoça ajuda a gente a se distrair. Ela foi muito
CONEXÃO Serviço de Internet a bordo propicia mais comodidade aos passageiros
gentil e me ajudou com as malas, que são muitas.” A comissária Laíssa se diz recompensada ao perceber a satisfação dos passageiros. “Eles são muito importantes para nós e nosso papel é deixar isso bem claro. É muito interessante perceber como eles se sentem felizes quando são bem tratados”, afirma ela. Mas o trabalho das comissárias vai ainda mais além. Elas prestam diversas informações turísticas e culturais das cidades por onde o ônibus passa. Durante a viagem Rio-Brasília, os passageiros descobrem, por exemplo, que Paracatu, cidade no noroeste de Minas, tem como vegetação típica o cerrado e que Juiz de Fora, também em Minas, possui
“Os passageiros são importantes para nós. É muito interessante perceber como eles se sentem felizes quando são bem tratados” LAÍSSA LACERDA, COMISSÁRIA DE BORDO DA UTIL
um dos maiores festivais de música clássica do mundo. Ficam sabendo ainda que a rodovia BR040, que liga o Rio até Brasília, foi a primeira asfaltada no país. Jaqueline Peixoto é mais uma das rodomoças da empresa. Na chegada do ônibus a Brasília, depois de se despedir dos passageiros, ela organizava cobertores e travesseiros que foram usados durante a viagem. A comissária afirma que a nova profissão permite experiências interessantes. “Cada viagem é diferente. Sempre existem passageiros que estão passando por aquela estrada pela primeira vez e gostam de receber as informações. Outros até completam a nossa explicação. É uma troca de conhecimentos.” l
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MEIO AMBIENTE
Objetivos ampliados CNT cria o Conselho Ambiental do Transporte para ampliar promoção de ações sustentáveis POR
AERTON GUIMARÃES
sucesso que o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte – alcançou com o setor transportador brasileiro propiciou a criação de um grupo que pretende expandir os trabalhos realizados pela CNT na área ambiental. O Conselho Ambiental do Transporte, criado em dezembro a partir de um ato do presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade (PR-MG), realizou sua primeira reunião no dia 16 de março na sede da Confederação, em Brasília. O grupo é formado por representantes de entidades de todos os modais (rodoviário, aquaviário, ferroviário e aéreo) e promete acompanhar de perto todas as questões que envolvem o meio ambiente e as atividades de
O
transporte no país e, com isso, atuar ainda mais na construção de políticas de gestão ambiental. “Acho que o conselho surge em um momento muito oportuno porque vamos ouvir, estar abertos para as demandas. Não é um conselho político, é um conselho consultivo e, com ele, vamos ter condições para abrir mais espaço para desenvolver melhor esse trabalho com a CNT”, ressaltou o presidente do conselho e vice-presidente da CNT, Newton Gibson. O encontro serviu para estabelecer a forma de funcionamento do conselho, o calendário de reuniões e para compartilhar as atividades ligadas às ações ambientais promovidas por todas as entidades. Na próxima reunião do grupo, marcada para a segunda quinzena de junho, haverá a discussão sobre os resultados de uma pes-
DIRETORIA Newton Gibson, presidente do conselho
quisa que será feita com todos os conselheiros com o objetivo de identificar as demandas de todos os setores em relação às questões ambientais, bem como a elaboração do plano de trabalho. O surgimento do conselho está diretamente relacionado às necessidades da CNT em expandir suas ações visando a preservação do meio ambiente. A preocupação com o tema conquista cada vez mais espaço no setor, após a criação do Despoluir em 2007. “O programa se fortaleceu ao longo dos últimos anos e hoje nós percebemos que existe a necessidade de um novo salto, o que vai depender do que será debatido nesse conselho”, explicou o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Outro fator que demonstra a importância dada ao assunto pela entidade é a participação
da Confederação no grupo de conselheiros do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), responsável por formular políticas e normas reguladoras voltadas para a gestão e controle ambiental. O conselho é formado por 13 pessoas. Os encontros ocorrerão trimestralmente para compartilhar experiências e debater assuntos que necessitem de avaliação. A proposta é atuar como um órgão auxiliar de assessoramento, acompanhar a formulação das políticas e normas ambientais com reflexos sobre as atividades do setor, especialmente em órgãos colegiados do poder público e em instituições técnicas e agências reguladoras, além de fomentar a gestão ambiental e o intercâmbio de experiências ambientais positivas no âmbito das empresas e transportadores. l
EDUCAÇÃO
POR LIVIA CEREZOLI
aquecimento da economia nacional nos últimos anos fez crescer o consumo de produtos e serviços no país de forma significativa. Para se adequar a essa nova realidade, empresas de diversos setores tiveram que repensar suas formas de atuação. Mais produtos circulando significa aumento de produção, de estoque e dos sistemas de distribuição. E é nesse cenário que um profissional ganha destaque: o responsável pela logística. A função, que antes era exercida por pessoas sem formação específica, agora exige conhecimentos técnicos aprofundados. Dentro de uma empresa, é o profissional de logística quem administra a compra e entrada de materiais, o planejamento de produção, o armazenamento, o transporte e a distribuição dos produtos, monitorando as operações e gerenciando informações. Ele também se relaciona com as áreas de gestão financeira e
O
Diversida
Faculdade de Tecnologia do Transporte oferecerá curso v de pessoas das empresas. Para atender essa nova demanda, a Faculdade de Tecnologia do Transporte, instituição ligada à CNT, oferecerá o curso de graduação Tecnólogo em Logística, com duração de
dois anos. As inscrições para o processo seletivo devem ser abertas ainda neste primeiro semestre. A previsão de início das aulas é para agosto. Com a oferta do curso, a faculdade espera formar pro-
fissionais capazes de atuar como gestores de transporte e logística, suprimento e distribuição de mercadorias com visão estratégica integrada aos negócios da empresa, focados em resultados.
DROGARIA ROSÁRIO/DIVULGAÇÃO
de de atuação
o voltado ao profissional em logística para atender demanda do mercado Atualmente, a logística se faz necessária em vários segmentos econômicos – do setor agrícola ao varejo, passando pela indústria e organizações ligadas ao setor atacadista, até os serviços de entrega porta a porta.
Ter a área de logística bem estruturada é fundamental para a redução dos custos e o aumento da competitividade. Já não basta apenas ter um bom produto e um bom preço. É preciso ter disponibilidade e
oferecer rapidez e eficiência na entrega. “Grande parte do sucesso das empresas de varejo está na logística. A gente vive da compra e venda, por isso precisa saber gerenciar estoque
e entregas”, afirma Diogo Silveira, diretor-comercial e de logística da Rosário Distrital, uma rede de drogarias que atende em todo o Distrito Federal e em algumas cidades de Goiás.
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O PROFISSIONAL DE LOGÍSTICA Conheça algumas possibilidades de trabalho Campos de atuação profissional • Órgãos gestores e regulamentadores de transporte • Empresas de transporte, armazenamento e distribuição de cargas • Empresas de operações portuárias e aeroportuárias • Terminais aduaneiros, alfandegários e de integração intermodal ou multimodal e terminais industriais e multimodais • Armazéns e centros de distribuição • Empresas que trabalham com sistemas de informações geográficas aplicadas ao gerenciamento de frotas e mercadorias • Operadores logísticos • Indústrias em geral • Agronegócio • Hipermercados • Redes de comércio varejista • Atividades de logística reversa Fonte: Faculdade de Tecnologia do Transporte
GRUPO ARGOS Armazenagem e
“Grande parte do sucesso das empresas de varejo está na logística” DIOGO SILVEIRA, DIRETOR DA ROSÁRIO DISTRITAL
Com um centro de distribuição e 88 lojas, a empresa desenvolveu sistemas próprios de gestão de estoque que permitem o abastecimento de todas as filiais diariamente. “O gerenciamento da nossa logística é fundamental para atender bem nossos clientes. Não podemos permitir que faltem produtos nas lojas”, explica Silveira.
Ele coordena uma equipe de 105 funcionários que trabalha no centro de distribuição da rede de drogarias por onde passam, mensalmente, 1,9 milhão de unidades (entre entradas e saídas) dos produtos comercializados pela empresa. O responsável pela logística da rede de drogarias conta que o trabalho no centro de
distribuição está dividido em recebimento, armazenamento, reposição, separação, conferência e expedição de produtos, além das equipes que trabalham na área de limpeza e administração. Mas o trabalho de logística da empresa é ainda mais complexo. “Temos o serviço de delivery (serviço de entrega a domicílio) que está sendo
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GRUPO ARGUS/DIVULGAÇÃO
m e distribuição de produtos integram as atividades logísticas da empresa, com sede na cidade de São Paulo
“A área de logística é ampla. Além do transporte, há outros processos ” MANOEL SOUSA JÚNIOR, PRESIDENTE DA ARGOS
reestruturado. Antes eram 11 polos de entrega e, a partir deste mês, vamos começar a centralizar em apenas um local para oferecer mais agilidade aos nossos clientes”, explica o diretor. De acordo com ele, em breve, novas vagas deverão ser abertas na empresa e o profissional preparado tem sua colocação garantida.
“A área de logística é muito ampla. Na ponta está o transporte e a entrega ao consumidor final, mas existem outros processos dentro dessa cadeia, como a gestão de pedidos e até mesmo o fornecimento de serviços”, afirma Manoel Sousa Lima Júnior, presidente do Grupo Argos, empresa que atua há 27 anos no setor.
Para ele, trabalhar com logística é trabalhar com sistemas lógicos, é dar suporte para que as empresas das demais atividades econômicas tenham sucesso em seus negócios. O Grupo Argos presta serviços de importação, exportação, transporte rodoviário e aéreo, além da armazenagem de produtos químicos e eletroeletrônicos. Lima Júnior acredita que a formação específica na área é necessária para atender uma demanda do mercado de trabalho. Segundo ele, as empresas buscam cada vez mais especialistas para integrar seus quadros de funcionários e o ideal é que nos próximos anos existam especializações dentro da área de logística. O profissional de logística pode atuar em órgãos gestores e regulamentadores do setor de transporte, em empresas de transporte, manuseio e distribuição de cargas, terminais aduaneiros, alfandegários e de integração intermodal ou multimodal. O mercado também possibilita o trabalho em empresas que utilizem conhecimentos de logística, como grandes atacadistas e redes de hipermercados, em armazéns e centros de distribuição e ainda em empresas que trabalham com sistemas de informações geográficas aplicadas ao gerenciamento de frotas e mercadorias. l
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MARITIME SUMMIT
Aquaviário em debate Congresso no Rio de Janeiro discute os principais desafios do setor e destaca importância das hidrovias POR
s principais desafios do transporte aquaviário foram discutidos durante um congresso na cidade do Rio de Janeiro no final do mês de março, que reuniu representantes do setor, o Maritime Summit 2011. O novo cenário político e as consequências para o desenvolvimento do setor portuário, licenciamento ambiental, segurança nas operações, competitividade e tecnologia offshore foram alguns temas abordados. Promovido este ano pela Viex (Visão e Inteligência Executiva), o
O
CYNTHIA CASTRO
congresso tem sua segunda edição programada para 2012. O sóciodiretor da empresa, Edson Fávero, destaca que o setor aquaviário tem se desenvolvido mais nos últimos anos, e é importante discutir as questões de interesse. “Temos observado um aumento dos terminais portuários, e ainda é necessário acabar com gargalos existentes no Brasil para que haja um incentivo para as exportações e importações”, considera Fávero. Para se ter uma ideia do crescimento do setor, em janeiro deste ano, o Porto de Santos movimentou
6,317 milhões de toneladas de carga, superando em 3,7% o montante do mesmo período de 2010. Conforme informações da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), há uma tendência de crescimento em 2011. Na avaliação do vice-presidente da CNT, Meton Soares, um dos principais desafios do transporte aquaviário no Brasil é haver um maior investimento no potencial hidroviário. “O país precisa investir muito nas hidrovias. A cabotagem e os portos também precisam de incentivos maiores”, diz Soares.
No Brasil, a rede hidrográfica é formada por aproximadamente 44 mil quilômetros de rios, mas apenas 13 mil são utilizados economicamente. O percentual de participação do setor aquaviário na matriz de transporte brasileira é de 13%. Esse índice inclui hidrovias e cabotagem – navegação na costa marítima brasileira. Um dos palestrantes do Maritime Summit foi o diretorpresidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), Wilen Manteli, que falou sobre política e regulação dos portos. Manteli destaca também a importância de se investir na melhoria dos acessos aquaviários e terrestres. “Além das hidrovias e da cabotagem, precisam ser priorizadas as ações de melhoria do transporte terrestre e ferroviário.” Assim como Meton Soares, o diretor-presidente da ABTP faz questão de ressaltar que um dos principais desafios do Brasil nessa área é mesmo o maior investimento nas hidrovias. Ele destacou que há uma concentração da produção agrícola brasileira no centro do país e que é fundamental que haja hidrovias de qualidade para escoar todos os produtos com maior eficiência e menor custo. “Países como Alemanha, Estados Unidos e Holanda investem fortemente no uso de
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RESTRITO Apenas 13 mil km da rede hidrográfica brasileira são usados economicamente
hidrovias. Isso aumenta a competitividade”, diz Manteli, ao lembrar ainda que as hidrovias consomem menos combustível e agridem menos o ambiente, além de oferecerem mais segurança do que as rodovias. O diretor-presidente da ABTP também destaca a importância de o governo federal continuar investindo em ações com o objetivo de reduzir a burocracia nos portos, o que acaba aumentando os custos das importações e exportações. No governo Lula, a SEP (Secretaria de Portos) começou a implantar em
alguns portos o projeto Porto sem Papel, e a expectativa de Manteli é que as ações continuem e sejam intensificadas. Com uma costa de 8,5 mil quilômetros navegáveis, o Brasil possui um setor portuário que movimenta anualmente cerca de 700 milhões de toneladas das mais diversas mercadorias e responde por mais de 90% das exportações. Conforme informações da SEP, o sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos, entre marítimos e fluviais.
Desse total, 18 são delegados, concedidos ou têm a operação autorizada à administração por parte dos governos estaduais e municipais. Há ainda 42 terminais de uso privativo e três complexos portuários que operam sob concessão à iniciativa privada. Os portos fluviais e lacustres são de competência do Ministério dos Transportes. Frota Os cenários nacional e internacional de construção naval e os critérios para a
obtenção de financiamento no Brasil também foram discutidos durante o encontro no Rio de Janeiro. O Brasil passa por um momento de retomada do desenvolvimento da indústria naval, e o desenvolvimento de tecnologia e mão de obra especializada são alguns desafios a serem enfrentados. O palestrante Osvaldo Agripino de Castro, advogado e professor do doutorado em direito da Univali (Universidade do Vale do Itajaí-SC), considera que é necessário capacitar pessoal, em todos os níveis, para atuar na engenharia naval. Na opinião de Castro, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deveria ser menos rigoroso na liberação dos financiamentos para a construção de embarcações. O professor da Univali participou de um painel sobre análise das políticas públicas na infraestrutura marítima e portuária e de outro painel sobre os processos que melhoram a eficácia dos transportes marítimo e portuário. Ele vai lançar neste ano o livro “Direito Marítimo, Regulação e Desenvolvimento”, pela editora Fórum. l
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IDET
Transporte de cargas em ritmo moderado Taxa de crescimento do transporte de cargas é estável em 2011
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já cresceu no acumulado do ano 7,23%. Projeções de aumento na produção industrial, extrativista e agronegócio sugerem aumento na demanda por transporte e conseqüente expansão do Setor ao longo de 2011. O transporte coletivo urbano de passageiros apresentou comportamento diverso dos outros anos (2007-2010) nos dois primeiros meses de 2011. Contrário à regra, o transporte coletivo apresentou pequeno aumento (2%) no número de passageiros transportados já em fevereiro, recuperando-se da queda de demanda percebida, tradicionalmente, entre dezembro e janeiro (férias escolares). Cabe destacar que o mês de fevereiro apresentou mais dias úteis que o normal já que o carnaval este ano caiu em março. Em sentido contrário se encontra o transporte rodoviário interestadual de passageiros. Passado o período de férias, as
viagens interestaduais se tornam menos freqüentes e mais curtas. Em comparação ao primeiro mês do ano, o volume de passageiros transportados diminuiu cerca de 18%. Já em comparação ao mesmo período do ano anterior, evidencia-se aumento de 6,7% na demanda atendida. Em janeiro, o modal aquaviário apresentou 1% de aumento em suas movimentações mensais. Este resultado positivo foi garantido pela movimentação dos estados do Sul e Sudeste, já que Norte e Nordeste fecharam o mês em queda. O Porto de Santos novamente merece destaque, com movimentação recorde para o mês de janeiro. O segmento ferroviário de cargas, caracterizado pelo transporte de grandes tonelagens, apresentou em janeiro de 2011 variação negativa de 7% quando comparado ao mês imediatamente anterior. Entretanto, quando relacionado a janeiro de 2010 houve incre-
mento de cerca de 9% de movimentação. Houve recorde mensal no segmento, tendo sido transportado 39,23 milhões de TU e produzidos 21,95 bilhões de TKU. O modal aéreo de passageiros apresentou em fevereiro queda na movimentação mensal em relação a janeiro. A movimentação doméstica, responsável por 89% da movimentação total, teve queda de cerca de 14% no mês. Já o transporte de passageiros internacional apresentou queda de 22,9% no mês, embora a variação em relação a fevereiro de 2010 tenha sido de 12,64%. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transportes do Brasil. l
8
atividade de transporte apresentou crescimento moderado nos dois primeiros meses de 2011. Porém, quando comparado ao desempenho do setor no mesmo período de 2010, percebe-se recuperação expressiva para os modais rodoviário, ferroviário e aquaviário (carga e passageiros). O transporte rodoviário de carga industrial por terceiros apresentou redução de 2,71% em fevereiro, quando comparado com o mês anterior. Já o transporte de outras cargas revelou um acréscimo de 3,2% em relação ao mês de janeiro do presente ano, impulsionado pelo crescimento da safra agrícola. Dada esta configuração, o transporte rodoviário de cargas manteve-se estável, com uma variação de 0,49% no período. No setor rodoviário de cargas, quando comparado ao mesmo período dos anos anteriores, percebe-se um considerável aumento de volume transportado. O modal
Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br
CNT TRANSPORTE ATUAL
73
ABRIL 2011
ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Rodoviário de Cargas - Total
Transporte Rodoviário de Cargas Industriais por Terceiros
110
65 60
s
100 95
s
s
s
s
s
s
s
s
s
s
s
90
Milhões de toneladas
Milhões de Toneladas
105
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set 2009
out
nov
2010
dez
jan
fev
mai
jun
s
jul
ago
s
s
mar
abr
set
out
2009
nov
2010
s
Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros s
s
1.000 950
s
s
s
s
s
s
s
s
s s
850
Milhões de Passageiros
8.00
s
dez 2011
8.500
1.050 Milhões de Passageiros
s
s
s
2008
1.100
7.500
s
7.00
s
6.500
s
6.00
s
s
s
mar
abr
mai
s
s
ago
set
s
s
s
5.500
800
5.00 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul 2008
ago
set
2009
out
nov
2010
jan
dez
s 40.00
s
s
jan
fev
s
s
mar
abr
s
s
s
s s
s
30.00 25.00 mai
jun
jul 2008
ago 2009
set
out 2010
jul
2009
out
nov
2010
dez 2011
Transporte Aquaviário de Cargas
nov
dez 2011
Milhões de Toneladas
s
jun 2008
50.00 45.00
fev
2011
Transporte Ferroviário de Cargas Milhões de Toneladas
s
s
2011
Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
35.00
45
s
35 jan
2008
900
s s
40
85 80
55 50
80.00 75.00 70.00 65.00 60.00 55.00 50.00 45.00 40.00 35.00 30.00
s s
s
jan
fev
mar
s
s
mai
jun
s
abr
2008
s
s
jul
ago
2009
s
set
s
s
out
nov
2010
s
dez
2011
Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
74
CNT TRANSPORTE ATUAL
ABRIL 2011
FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas
BOLETIM ESTATÍSTICO
JANEIRO - 2011
RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
29.637 28.465 11 12
NÃO PAVIMENTADA
62.351 17.012 106.548 26.827 212.738
TOTAL
13.844 76.195 6.013 23.025 113.451 219.999 1.234.918 1.261.745 1.368.226 1.580.964
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
14.621 1.195
2.060.002 379.721 732.616 570.798 13.976 40.000 25.120 105.000
11.738 8.066 1.674 6.987 28.465
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
92.814 2.919 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.289 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
33 33 2.498
173 AERONAVES - UNIDADES A jato Turbo Hélice Pistão Total
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos
122 37
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso
139
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
44.000 29.000 13.000 1.148
873 1.783 9.513 12.505
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
ABRIL 2011
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE* Investimentos em Transporte da União Dados Atualizados Fevereiro/2011
20
Investimentos em Transporte da União por Modal 2011 (R$ bilhões) 0,16 (5%)
0,14 (4%)
18,00
0,70 (21%)
R$ bilhões
15 2,32 (69%)
10 5
3,33
3,33 0,00
0
Autorizado Valores Pagos Valor Pago do Exercício Restos a Pagar Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior
CIDE
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês Fevereiro/2011 Arrecadação no ano (2011) Investimentos em transportes pagos (2011) CIDE não utilizada em transportes (2011) Total Acumulado CIDE (desde 2002)
674,0 1.401,0 0,0 1.401,0 65.750,0
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
70 65,8
60 50
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
Outros
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - FEVEREIRO/2011 2010 PIB (% cresc a.a.) Selic (% a.a.) IPCA (%) Balança Comercial Reservas Internacionais Câmbio (R$/US$)
acumulado em 2011
últimos 12 meses
Expectativa para 2011
-
-
7,50(1) 10,75 5,91 16,88
1,63(3) 1,62(4)
5,99(3) 21,68(4)
4,30 12,50 5,64 13,00
288,58(5)
307,52(5)
-
-
11,75(2)
1,66(6)
1,75
1,68
Observações:
40
1 - Taxa de Crescimento do PIB para o 4º Semestre 2010 e acumulada em 12 meses
30
2 - Taxa Selic conforme Copom 02/03/2011
27,8
3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até Fevereiro/2011
20
4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até Fevereiro/2011 5 - Posição Dezembro/2010 e Fevereiro/2011 em US$ Bilhões
10 0
6 - Câmbio de fim de período Fevereiro/2011, média entre compra e venda
2 200
3 200
4 200
Arrecadação Acumulada
5 200
6 200
7 200
8 200
9 200
0 201
1 201
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (Fevereiro/2011), IBGE e Focus - Relatório de Mercado (25/02/11), Banco Central do Brasil
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes
8
R$ bilhões
0,03 (1%)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES (PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
76
CNT TRANSPORTE ATUAL
ABRIL 2011
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 136,15 114,62 47,78 48,45 25,43 1.574,56
SETOR
Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS NÚMEROS DE AFERIÇÕES
388.129
TOTAL
JANEIRO
FEVEREIRO
10.040
13.936
412.105
89,65%
87,36%
87,18%
CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
MODAL
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
Aprovação no período 87,10%
(%) 76,30 8,60 7,30 3,12 3,10 1,60 100
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
2011
2007 A 2010
PARTICIPAÇÃO
(%) 90,46 5,65 3,88 100
PARTICIPAÇÃO
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos
CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30
VEÍCULO
21 70 6.370 7.903
Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total
PARTICIPAÇÃO
(%) 44 39 10 7 100
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL* Japão EUA Europa
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
(grandes centros urbanos)
Diesel interior
MILHÕES DE
PARTICIPAÇÃO
50 ppm de S
Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total
500 ppm de S
CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3) TIPO
1.800 ppm de S
(substituição de 19% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
2006 2007
2008
2009
2010
Diesel 39,01 Gasolina 24,01 Etanol 6,19
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - FEVEREIRO 2011 2,2% 1,5%
41,56 24,32 9,37
44,76 25,17 13,29
44,29 25,40 16,47
49,23 29,84 15,07
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br 16,0%
Trimestre Anterior
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - FEVEREIRO 2011
Trimestre Atual
21,1
20
% NC
3,54 2,50 1,10
8
45,4% 3,3%
Teor de Biodiesel 31,6% Outros 2,2%
15
10,4
7,4
10 5 0
2011
31,6%
Pt. Fulgor 16,0% Enxofre 3,3%
25
(%) 96,6 2 1,4 100
(JANEIRO)
* Em partes por milhão de S - ppm de S
Corante 1,5% Aspecto 45,4%
m3 32,71 0,69 0,48 33,88
MODAL
Frotas cativas de ônibus urbanos das regiões metropolitanas da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro. Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades de Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife. Diesel metropolitano
Brasil
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S
0,0
1,9
AC 0,0 0,0
AL 1,9 3,5
AM 21,1 14,6
3,3
0,0
1,3
1,6
0,0
AP 0,0 0,0
BA 1,3 1,2
CE 1,6 1,0
DF 0,0 0,0
ES 3,3 2,4
0,0
GO 0,0 1,2
1,9
MA 1,9 3,0
1,3
MG 10,4 11,5
MS 1,3 1,8
MT 7,4 7,6
1,6
3,9
PA 1,6 1,8
PB 3,9 3,5
3,4 3,2
PE 3,2 2,3
0,0
PI 0,0 0,0
3,3
PR 3,3 2,8
2,8
RJ 3,4 4,5
RN 2,8 1,4
3,8 0,0
RO 0,0 0,0
RR 3,8 6,8
1,5
1,0
RS 1,5 1,2
SC 1,0 0,8
3,3
SE 3,3 2,0
2,6
SP 2,6 2,6
3,5 0,0
TO 0,0 0,0
Brasil 3,5 3,4
“Algumas áreas serão polos de atração de investimentos, como infraestrutura de transporte, petroquímica, logística e turismo” DEBATE
Por que o Brasil tem atraído tanto investimento estrangeiro?
Demanda por investimentos cresce nos próximos anos THAÍS MARZOLA ZARA
em sido forte a entrada de investimento estrangeiro direto – nos primeiros dois meses do ano foram US$ 10,7 bilhões, enquanto no mesmo período de 2010 a entrada havia sido de menos de US$ 3,5 bilhões. É bem verdade que parte disso pode resultar de uma migração de investimentos em renda fixa, pois esses passaram a ser tributados via IOF no final de 2010. Então, especula-se que parte dos recursos que vinham para comprar títulos de renda fixa, por exemplo, estão entrando indiretamente, passando agora pelo caixa das empresas, carimbado como investimento estrangeiro. Mas essa é só uma especulação e a mensuração disso não é trivial, de forma que a questão levantada por esses maciços investimentos – a respeito de se é mesmo esse um bom momento para investir no Brasil – não fica invalidada. No momento em que um investidor estrangeiro decide o destino dos seus recur-
T
THAÍS MARZOLA ZARA Economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, mestre em Teoria Econômica pela USP (Universidade de São Paulo)
sos, pesam contra o país as velhas e conhecidas questões estruturais. A falta de infraestrutura, a mão de obra pouco qualificada e extremamente taxada – os recolhimentos sobre a folha de salário dobram o custo de qualquer contratação – e a elevada carga tributária são apenas algumas das questões que elevam o custo de se investir no Brasil. Por outro lado, estamos falando de um país que, sem sombra de dúvida, evoluiu muito desde a implantação do Plano Real. A importância das instituições tem sido crescentemente reconhecida e a política macroeconômica assumiu tons de maior previsibilidade, com a estabilidade da inflação, o controle fiscal e um regime de câmbio flutuante. Também a favor do Brasil está a grande disponibilidade de recursos naturais, especialmente as opções de fontes de energia. Há um vasto potencial hídrico de geração de eletricidade e o país é um dos mais avançados do mundo no uso de bio-
combustíveis, com o etanol de cana-de-açúcar utilizado em larga escala – sem mencionar a joia da coroa, que é o recém-descoberto petróleo do pré-sal. Somando as carências estruturais e as novas oportunidades (Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal), a demanda por investimentos deve crescer nos próximos anos. Algumas áreas serão claros polos de atração de investimentos, como infraestrutura (aeroportuária, rodoviária, energética, de telecomunicações, entre outras), petroquímica, logística e turismo. E não há porque essa demanda não ser atendida, haja vista as vantagens comparativas do país já citadas. Em suma, se a ideia é que esses eventos esportivos sejam um marco definitivo para o Brasil assumir sua condição de país do presente, uma grande captação de poupança externa será necessária. A via natural de entrada é o investimento estrangeiro direto, que deverá ter fortes superávits nos próximos anos.
“Com o dinamismo do mercado consumidor brasileiro, os ingressos de IDE no Brasil já atingem 4,3% dos fluxos globais contra 1,3% de 2006”
? É um bom momento para se investir no país?
Aumento e distribuição de renda atraem investimento LUIS AFONSO LIMA
s fluxos globais de IDE (Investimento Direto Estrangeiro) de 2010, de US$ 1,122 trilhão, seguiram praticamente estagnados frente a 2009. Esse resultado mal ultrapassa a metade, 54%, do fluxo global de IDE obtido no ano de 2007, pico da série. Sem dúvida, isso demonstra o efeito da crise econômica e financeira internacional não somente sobre as intenções, mas também sobre a capacidade de investir das empresas transnacionais. Mas esse desempenho dos fluxos globais de IDE não vem sendo uniforme entre as diferentes regiões e economias. As diferentes velocidades de recuperação dos fluxos de IDE por região implicam em mudanças nas participações das economias como receptoras de IDE. Países em desenvolvimento e em transição receberam, juntos, 53,1% dos fluxos globais de IDE. Significa que pela primeira vez os países desenvolvidos receberam menos da metade, 46,9%, dos fluxos globais de IDE. Trata-se de um reflexo das diferenças de dinamismo econômico, o principal fator de atração do investimento direto estrangeiro entre esses grupos de economias.
O
A economia brasileira não representa exceção nesse contexto de desconcentração dos fluxos de IDE em prol dos emergentes. Os influxos de IDE atingiram US$ 55,7 bilhões até fevereiro de 2011 no período acumulado de 12 meses. Se mantido esse volume, os ingressos de IDE no Brasil deverão bater novo recorde em 2011. Além da desconcentração dos fluxos de IDE por destino em prol de economias em desenvolvimento, quais outros fatores que contribuem para esse aumento de ingressos no Brasil? A combinação de aumento e distribuição de renda vem contribuindo para o destaque de mercado consumidor brasileiro. Desde 2003, a massa real de salários aumentou em 49,8%. Isso, combinado com programas sociais, permitiu que 29 milhões de brasileiros passassem das classes D e E para a classe C. Esta passou de 36% para 50% da população brasileira total desde 2003. Com isso, o mercado consumidor brasileiro logrou passar da oitava para a sétima posição entre os anos de 2007 e de 2010. Nos setores de veículos e de telefonia móvel o nosso mercado consumidor já se encontra na quarta posição. No caso de TI, temos o
terceiro maior mercado consumidor. Temos também destaque em exportações: somos os maiores exportadores de soja, carne, frango, couros, café, cana-de-açúcar, sucos e mineral de ferro. Esse destaque do mercado consumidor brasileiro deverá se acentuar ainda mais. De acordo com o IBGE, entre 2011 e 2014, a classe C deverá ganhar mais 18 milhões de brasileiros, egressos das classes D e E, população equivalente à do Chile. Há também a perspectiva de investimentos de US$ 34,1 bilhões até o ano de 2016 para fazer frente aos eventos de Copa do Mundo e Olimpíadas. Com isso, o mercado consumidor brasileiro deverá sair da atual sétima para a quinta posição até 2030. Com esse dinamismo, os ingressos de IDE no Brasil já atingem 4,3% dos fluxos globais, frente à participação de apenas 1,3% em 2006. Esses ingressos lograram financiar 102% do déficit em transações correntes registrado no ano passado. Além disso, constituem 12,5% do volume de Formação Bruta de Capital Fixo. Em resumo, trata-se de uma contribuição nada irrelevante à sustentabilidade do crescimento econômico de longo prazo do país.
LUIS AFONSO LIMA Presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica). Economista-chefe do Grupo Telefônica no Brasil
CNT TRANSPORTE ATUAL
ABRIL 2011
81
“A dimensão humana das transformações pessoais que vem operando é a maior prova do sucesso do Sest Senat”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Abrangência social Confederação Nacional do Transporte tem sua atuação bem definida em três áreas distintas. Na área social, por meio do Sest Senat, atua com ações voltadas para a qualidade de vida e a capacitação profissional do trabalhador em transporte. Na institucional, a meta é manter os temas de interesse da atividade transportadora na agenda nacional dos grandes debates. Na empresarial, foi criada a Escola do Transporte para levar novos conhecimentos e modernas técnicas de gerenciamento para as empresas do setor e, assim, fortalecer a capacidade empreendedora no transporte. Os resultados na área institucional e empresarial mostram a importância e o vigor econômico da atividade transportadora, um setor que responde por 15% do PIB brasileiro, gera mais de 3 milhões de empregos diretos, em 70 mil empresas e ainda 1,9 milhão de caminhoneiros autônomos e taxistas. Porém, a atuação social, com o Serviço Social do Transporte e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte, assume importância capital pela revolução que vem provocando na vida de milhões de pessoas, permitindo a inclusão e ascensão social e econômica. No ano passado, o Sest Senat alcançou a histórica marca de 100 milhões de atendimento desde sua criação em 1993. São mais de 100 milhões de ações, incluindo tratamento odontológico e médico em diversas especialidades, cursos de qualificação e capacitação profissional, com utilização de modernos recursos pedagógicos, inclusive simuladores, atividades de esporte, lazer e culturais. Além das ações diretas para a saúde, com atendimento médico e
A
odontológico em suas atuais 137 unidades instaladas em todo o Brasil, o Sest Senat atua também na prevenção de doenças, por meio de palestras, programas específicos e campanhas educativas de saúde bucal, prevenção ao câncer de mama, DST/Aids, diabetes, alcoolismo, entre outros males. Mesmo com o peso estatístico dos números dos serviços prestados, a dimensão humana das transformações pessoais que vem operando é a maior prova do sucesso do Sest Senat. Em seus cursos, além do aprimoramento profissional dos trabalhadores em transporte, destina parte das vagas para pessoas da própria comunidade, em situação de risco social. Muitas delas têm nos cursos da entidade a porta de entrada no mercado de trabalho e de perspectiva de aumento e de recebimento formal de renda. Milhões de pessoas que já receberam os benefícios do Sest Senat estão construindo um novo futuro para si, para seus familiares e para o nosso país. O Sest Senat representa uma substancial colaboração do setor transportador brasileiro para o fortalecimento da economia e para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores em transporte e da população menos assistida pelos programas públicos, sendo um dos importantes agentes de inclusão social em nosso país. Diante das ações que os últimos governos vêm realizando para oferecer novas perspectivas de vida para a população menos assistida, o Sest Senat soma seus esforços, colocando à disposição todo o seu conhecimento e instalações por um transporte eficiente e comprometido socialmente com um Brasil mais próspero e justo.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa
ABRIL 2011
Victorino Aldo Saccol José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br
VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque Fernando Ferreira Becker Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante Eclésio da Silva
AGRADECIMENTO
AMEAÇA DAS AVES
É com grande satisfação que agradecemos o envio da edição nº 186 da revista CNT Transporte Atual à Universidade Federal do Acre. Ao longo da sua existência como instituição de ensino superior, a universidade sempre esteve preocupada com a disseminação do conhecimento e responsabilidade social. Não há dúvida que o material recebido será de grande importância. Apresentamos nossos cumprimentos, extensivos à equipe de produção, pela excelência do trabalho.
Viajo bastante de avião a trabalho e já muitos pássaros próximos aos aeroportos. Realmente, o problema precisa ser solucionado para evitar grandes acidentes. A reportagem da revista CNT Transporte Atual deixa isso bem claro. Que nossas autoridades estejam atentas.
Profª. Drª. Olinda Batista Assmar – reitora Rio Branco - AC MULHERES Parabéns à revista CNT Transporte Atual pelo reconhecimento ao trabalho das mulheres. Cada vez mais ocupamos nosso lugar no mercado de trabalho, mas infelizmente ainda convivemos com diferenças salariais. Acredito que reportagens como essa mostram como é grande nosso potencial e nossa capacidade produtiva. Que mais mulheres conquistem seu espaço. Sandra Regina Moreira Pouso Alegre - MG
Daniel Gonçalves Curitiba - PR ENTREVISTA A entrevista com o professor Jacques Marcovitch na edição nº 187 da revista CNT Transporte Atual é uma verdadeira aula de sabedoria para os brasileiros que almejam ter o próprio negócio para poder gerar riqueza, empregos e, desta forma, contribuir para o desenvolvimento do país. O conhecimento do passado é que faz o presente e gera o futuro. Jonas Pereira São Paulo - SP
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes