EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CNT
ANO XVII NÚMERO 191 JULHO 2011
T R A N S P O R T E
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DESPOLUIR PROGRAMA AMBIENTAL DO TRANSPORTE
Há quatro anos contribuindo para a redução da emissão de poluentes e a melhoria do meio ambiente
LEIA ENTREVISTA COM A MINISTRA IZABELLA TEIXEIRA
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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REPORTAGEM DE CAPA
TRANSPORTE ATUAL
O Despoluir – Programa Ambiental do Transporte – completa quatro anos, consolidado como uma iniciativa sustentável do setor; no projeto de redução de poluentes, já foram feitas 480 mil aferições em todo o país Página 44
ANO XVII | NÚMERO 191 | JULHO 2011
ENTREVISTA
A ministra do Meio Ambiente fala de ações conjuntas PÁGINA
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DESPOLUIR PROGRAMA AMBIENTAL DO TRANSPORTE
AMYR KLINK • Navegador fala sobre liderança em palestra na CNT; ele já foi quase 40 vezes à Antártica e contou detalhes de suas experiências
CAPA DUKE
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MOBILIDADE
VIA DUTRA
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
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Rodovia que liga Cidades investem Rio e São Paulo para melhorar a completa 60 anos acessibilidade PÁGINA
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EDITORA RESPONSÁVEL
Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
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ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares
AVIAÇÃO
AQUAVIÁRIO
Pesquisa vai contribuir para conforto em voo
Pedidos são feitos à SEP durante reunião na CNT
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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18º PRÊMIO CNT DE JORNALISMO
TECNOLOGIA EM DISCUSSÃO • Encontro de Ferrovias será realizado em Vitória (ES), em agosto, e irá discutir as evoluções tecnológicas no sistema ferroviário PÁGINA
ABTC
SEGURANÇA
Inscrição aberta para congresso em Minas
Fórum discute como reduzir os acidentes
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Alexandre Garcia
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Humor
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Mais Transporte
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Boletins
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Debate
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Opinião
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Cartas
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Unidades passam orientações sobre o trânsito PÁGINA
E MAIS Projeto Despoluir
Já estão abertas as inscrições para a 18ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo. Em um site especial, é possível acessar o regulamento, inscrever-se e conhecer os vencedores das diferentes categorias dos anos anteriores. São R$ 90 mil em prêmios.
• Conheça o programa • Acompanhe as notícias sobre meio ambiente
EVENTOS
• Conferências, palestras e seminários • Cursos de Aperfeiçoamento • Estudos e pesquisas • Biblioteca do Transporte
Canal de Notícias • Textos, álbuns de fotos, boletins de rádio e matérias em vídeo sobre o setor de transporte no Brasil e no mundo.
Escola do Transporte
SEST SENAT
Seções
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Confira a cobertura completa em textos, áudios e vídeo da 13ª Transpo-Sul – Feira e Congresso de Transporte e Logística. O evento é um dos maiores do setor no país. Se informe também sobre os principais seminários, congressos e feiras que serão realizados.
Sest Senat • Educação, Saúde, Lazer e Cultura • Enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes
REDES SOCIAIS Acompanhe as notícias publicadas pela Agência CNT de Notícias via Twitter (twitter.com/agenciacnt) e Facebook (facebook.com/cntbrasil).
O portal disponibiliza todas as edições da revista CNT Transporte Atual
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“Não vamos ter eficiência se não tivermos todas as formas de transporte. Precisa voltar o trem, navios de cabotagem e fluviais e bons aeroportos” ALEXANDRE GARCIA
Vai demorar rasília (Alô) – A rodovia Rio-Petrópolis, a União e Indústria, foi a primeira a ser construída. Em 1861. O Brasil tinha preferência pelo trem. Carga e passageiros. E navio. Nos anos 40, construiu-se a Via Dutra, entre Rio e São Paulo. Enquanto isso, nos Estados Unidos, em 1926, já se unia Chicago e a Califórnia com a Rota 66, com 3.775 quilômetros. Foi muito devagar nosso sistema rodoviário. “Governar é construir estradas”, dizia o presidente Washington Luiz, na campanha de 1920. Juscelino realmente impulsionou estradas, para poder atrair a indústria automobilística. Hoje temos só 140 mil quilômetros de rodovias pavimentadas e as melhores estradas são as com pedágio. Não vamos ter eficiência se não tivermos todas as formas de transporte. Precisa voltar o trem – inclusive para passageiros – e precisa haver navios de cabotagem e fluviais. Quanto aos aviões, é preciso haver aeroportos, num país de dimensões continentais. Nosso serviço de aeroporto é péssimo e custa de taxa de embarque o dobro do de Nova Iorque. É a mais cara das Américas. O Ministério da Saúde estima em 38 mil o número de mortos por ano no trânsito. Há quem calcule, como o professor Mauri Panitz, da PUC-RS, que sejam 80 mil, pois não há registro de muita gente e há quem tenha morrido até 90 dias após o acidente. Assim,
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são 350 veículos por morto. Nos Estados Unidos, são 5.300 veículos por morto, e na Suécia, 6.900. Os Estados mais perigosos são Tocantins e Mato Grosso. Depois vêm Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina. São Paulo tem as rodovias mais seguras do país. O governo aplica pouco na conservação de estradas. Muitas estradas não têm acostamento, animais andam pela rodovia e muitos veículos estão totalmente inseguros por velhice e por antiguidade, até na capital do país. E há os motoristas que estão embriagados. E há os que se recusam a soprar no bafômetro. Muitos são políticos e jogadores de futebol. Não consigo entender que alguém possa se livrar do bafômetro, com base no argumento de que não pode produzir prova contra si. Nos países civilizados, o direito social tem mais força do que o individual. Ninguém pode expor os outros à sua própria bebedeira. Tampouco pode expor os outros à alta velocidade. Em nossas estradas, há pouca fiscalização. É por isso que morremos no asfalto ou ficamos com sequelas o resto da vida. Quanto a nossos pobres carros, só 4% têm airbag e só 15% têm ABS – instrumentos de segurança há 30 anos no mundo civilizado, que protegem os que estão dentro do automóvel. Nossas vidas não têm proteção e o nosso cérebro é muito frágil.
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“É muito interessante observar que o setor privado cria proce complementares às iniciativas governamentais, para o combate às ENTREVISTA
IZABELLA TEIXEIRA
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o mês em que se comemora os quatro anos do Despoluir (Programa Ambiental do Transporte), desenvolvido pela CNT e pelo Sest Senat, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou à revista CNT Transporte Atual a importância de ações de grande alcance, com o objetivo de reduzir as emissões de poluentes. Na opinião de Izabella, os programas governamentais e os da iniciativa privada se complementam na busca do desenvolvimento sustentável. A ministra falou também sobre a logística reversa, incluída na Política Nacional de Resíduos Sólidos; abordou a Política Nacional sobre Mudança do Clima, que neste ano vai debater ações do transporte; e citou algumas medidas do meio ambiente em relação aos grandes
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CYNTHIA CASTRO
eventos esportivos programados para o Brasil nos próximos anos. Leia a seguir. A senhora considera que o Despoluir tem contribuído para as ações da gestão ambiental? É muito interessante observar que o setor privado cria processos próprios, complementares às iniciativas governamentais, para o combate às emissões de poluentes. É muito importante o papel da CNT nessa articulação, pois hoje sabemos que os veículos que utilizam óleo diesel são 10% da frota brasileira, mas emitem 50% dos poluentes atmosféricos. Dessa maneira, todas as ações que tenham grande alcance são importantes, como o Despoluir ou o Selo Verde, na forma que é executado no Estado do Rio de Janeiro, integrado com programas do governo estadual.
O que a senhora recomendaria para uma maior contribuição do programa? O programa deveria intensificar sua ação sobre a frota que circula nas cidades, sobre os veículos de intenso uso urbano, como ônibus e caminhões de entrega, pois é aí que se concentram os maiores problemas relacionados à poluição atmosférica. Por todo o Brasil, vemos o mesmo quadro, com fumaça preta sendo expelida diretamente nas ruas principais de nossas cidades. O Despoluir avançando sobre essa frota estará indo ao encontro dos programas de inspeção e manutenção que muitos Estados irão iniciar no ano que vem. Qual é o peso dessa mobilização do setor empresarial para incentivar a redução das
emissões de gases de efeito estufa e de outros poluentes? O MMA entende que iniciativas voluntárias de monitoramento como o Despoluir, em conjugação com os programas governamentais, como o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), complementam-se na questão do controle da poluição atmosférica por poluentes locais e da redução das emissões de gases de efeito estufa. Esse tipo de iniciativa, somada à implantação dos Programas de Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso pelos Estados, em atendimento à Resolução Conama nº 418/2009, propiciará a redução significativa desses gases. Neste ano, será concluído o detalhamento dos planos setoriais conforme a PNMC (Política Nacional sobre Mudança do
ssos próprios, emissões de poluentes”
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/DIVULGAÇÃO
juntas Clima). Entre eles, o Plano Setorial do Transporte. De que forma o setor pode colaborar? A PNMC estabelece a elaboração de planos setoriais de mitigação à mudança do clima que orientem para uma economia de baixo carbono e, consequentemente, de menor emissão de gases de efeito estufa, GEE. Na Conferência do Clima, em Copenhague em 2009, o país assumiu o compromisso nacional voluntário de reduzir suas emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020. O plano setorial de transportes auxiliará a alcançar essa meta, já que o setor é responsável por 28,9% das emissões de GEE do setor de energia, conforme 2º Inventário Nacional de Emissões Antrópicas por Fontes e Absorção por Sumidouros de Gases de Efeito Estufa. O setor de transporte
tem uma grande importância na redução de emissões de GEE. Como a senhora definiria um escopo ideal para esse plano, especialmente sobre mobilidade urbana, infraestrutura, maior participação dos modais ferroviário e aquaviário, combustíveis e tecnologias? No âmbito do governo, já foi iniciada a articulação com os Ministérios dos Transportes e das Cidades. O Ministério dos Transportes considera como instrumentos balizadores do escopo do plano setorial o Plano Nacional de Logística de Transportes e o Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, prevendo-se ainda para este semestre a finalização do inventário para o modal ferroviário. Esses instrumentos serão a base para a defini-
ção de metas para o setor e para a análise das mudanças necessárias nos modais de transporte presentes até então. Nesse plano, será importante prever o aumento no uso de biocombustíveis no transporte público urbano rodoviário e uma maior interligação entre os modais ferroviário, rodoviário e hidroviário, reduzindo-se a dependência pelo modal rodoviário. Outro ponto é viabilizar o acesso da sociedade a modais de transporte público que substituam os de uso individual. Por fim, a promoção de eficiência energética nos veículos leves, médios e pesados também traria grandes benefícios. A CNT defende a implantação de um programa que permi-
ta a renovação da frota de caminhões e o sucateamento dos materiais. Como a senhora enxerga essa iniciativa? O debate sobre renovação de frota dentro do governo federal ainda é inicial. O Inventário Nacional de Emissões Rodoviárias, que lançamos este ano, nos traz muita informação no que diz respeito à frota brasileira, sua intensidade de uso e expectativas de sucateamento. São informações necessárias a um debate técnico. Temos de ter clareza de qual seria a frota alvo de um programa como esse. Se seriam veículos pesados muito antigos, que emitem muito, mas têm vida útil curta. Ou se seriam veículos com dez, 15 anos, que
ainda vão circular por muitos anos e são relativamente novos, tendo sido fabricados nas primeiras fases do Proconve. Portanto, com níveis de emissão muito superiores aos atuais. De toda forma, é um debate que queremos amadurecer, principalmente no que diz respeito à reciclagem de materiais e às oportunidades que traz a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Proconve é considerado por muitos uma das mais bem sucedidas ações do Conama. A que a senhora atribui? O Proconve completa em 2011 um ciclo de 25 anos de sucesso, apresentando resultados excepcionais em termos de diminuição de poluentes. Não há dúvidas de que é um dos principais programas ambientais desse país, com resultados extremamente positivos e comprovados tecnicamente. O seu sucesso se deve, sem dúvida, à persistência em buscar sempre os limites de emissão mais rigorosos e sempre trabalhando no limite da melhor tecnologia disponível. Nosso grande esforço tem sido tomar todas as medidas necessárias para a implantação da fase P7 (para veículos pesados), que se inicia em 1º de janeiro de 2012. Com essa fase, o Brasil estará se igualando às normas dos países mais avançados, com padrões de emissões
extremamente rigorosos e com a utilização de um diesel muito mais limpo, que chegará a 10 ppm de enxofre já em janeiro de 2013. Na sequência, entrarão em vigor as fases L6 (para veículos leves) e M4 (para motocicletas e similares), também com limites de emissão mais rigorosos. Vamos avançar também sobre as máquinas agrícolas e rodoviárias, que já foram incorporadas ao Proconve, com início previsto para 2015. Os governos estaduais estão elaborando seus PCPVs (Planos de Controle de Poluição Veicular). Como eles irão contribuir para a redução da poluição? Os PCPVs são de grande importância para o equacionamento da questão da poluição atmosférica. Os Estados irão diagnosticar a situação da qualidade do ar e irão traçar medidas para a solução dos problemas encontrados. O prazo para a entrega dos PCPVs aos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente termina em 30 de junho. Temos grande expectativa de que todos cumpram as determinações do Conama e tenham seus planos prontos. Sabemos que, em decorrência dos planos, teremos, a partir do ano que vem, Programas de Inspeção e Manutenção Veicular em diversas cidades, o que será muito bom para a melhoria do
TRANSPORTE PÚBLICO Sistema de BRT (Bus Rapid Transit) de Curitiba
“Todas as ações que tenham grande alcance são importantes, como o Despoluir ou o Selo Verde, no Rio de Janeiro”
meio ambiente urbano e para a saúde da população. Para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da logística reversa, serão feitos inicialmente acordos com cinco setores. A senhora determinou que dois estejam prontos em 2011? Em fevereiro, foi empossado o Comitê Orientador para Implantação de Sistemas de Logística Reversa. Além do Ministério do Meio Ambiente, o comitê é composto pelos ministros da Saúde; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e da Fazenda. O GTA (Grupo Técnico de Assessoramento) criou cinco
NTU/DIVULGAÇÃO
se tornou referência mundialmente
grupos técnicos temáticos que discutem a logística reversa de cinco cadeias identificadas inicialmente como prioritárias. São elas: descarte de medicamentos, embalagens em geral, embalagens de óleos lubrificantes e seus resíduos, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, e eletroeletrônicos. Esses grupos têm por finalidade elaborar propostas de modelagem da logística reversa e subsídios do edital de chamamento para o acordo setorial. Há previsão do lançamento dos editais de chamamento para novembro. Mas acredita-se que os editais para as cadeias de lâmpadas fluorescentes e embalagens de óleo sejam divulgados antes, pelo fato de haver estudos desenvolvidos
“É importante viabilizar o acesso da sociedade a modais de transporte público que substituam os de uso individual” antes da aprovação da lei e porque essas duas cadeias já eram muito discutidas no âmbito do Conama, por terem potencial poluidor elevado. A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 poderão ser uma vitrine para o Brasil mostrar suas ações na área ambiental? Serão oportunidades de fortalecer a política ambiental, dar visibilidade e impulsionar as ações do Ministério do Meio Ambiente, bem como de seus parceiros em prol da sustentabilidade ambiental e da promoção da inclusão social. O MMA tem participado da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade, coordenada
pelo Ministério dos Esportes, e do Comitê Gestor da Copa 2014. Em abril de 2010, o MMA firmou um termo de cooperação técnica com o Ministério do Esporte e vem contribuindo para a definição e implementação de uma estratégia de sustentabilidade para a Copa 2014. Quais os projetos em desenvolvimento? No âmbito da Câmara Temática de Meio Ambiente e Sustentabilidade, o MMA é responsável por coordenar três dos cinco núcleos temáticos de projetos: Mudanças Climáticas, Parques da Copa e Resíduos e Reciclagem. Em Mudanças Climáticas, os esforços são no sentido de chegar a um consenso sobre os marcos metodológicos a serem adotados para a realização de inventários de gases de efeito estufa, com o objetivo de quantificar a contribuição das atividades de preparação da Copa 2014 e trabalharmos estratégias de mitigação. No núcleo Parques da Copa, o MMA, os Ministérios do Esporte e do Turismo articulam para que 65 unidades de conservação sejam incluídas no projeto de promoção da visitação durante a Copa. Deverão ser aprimoradas a infraestrutura e a logística de acesso. As unidades de conservação que serão incluídas no projeto serão alvo de publicidade voltada à visi-
tação na Copa. No núcleo de Resíduos e Reciclagem, o MMA atua na viabilização de projetos de manejo de resíduos sólidos urbanos, fazendo a articulação entre os agentes financeiros e os Estados e municípios-sede. Considerando a Política Nacional de Resíduos Sólidos, tais eventos esportivos figuram como catalisadores dos esforços de implementação, de ações de inclusão socioambiental como, por exemplo, a dos catadores nos projetos de manejo dos resíduos sólidos. Em que termos a senhora definiria uma parceria com o setor de transporte? Mais de 50% da população do país vive nas grandes cidades. Essas pessoas dependem da qualidade do ar para levarem uma vida saudável. Nesse sentido, o transporte de passageiros e de carga é estratégico para o desenvolvimento do país com qualidade ambiental. Milhares de toneladas de poluentes vêm dos motores a diesel. O desafio é promover o crescimento com o menor impacto possível para o meio ambiente. O ministério está aberto ao diálogo com todos os setores. A base para as parcerias é essa disposição para conversar e encontrar soluções conjuntas, que visem o bem-estar da população e o crescimento com responsabilidade ambiental. l
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Movimat 2011 Entre os dias 2 e 5 de agosto acontece a 26ª edição da Movimat (Movimentação, Armazenagem, Embalagem de Materiais, Tecnologia da Informação e Serviços), feira de intralogística. O evento será realizado no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, em São Paulo (SP). A feira contará com mais de 200 expositores que vão mostrar as mais importantes novidades no setor de logística interna. Além da exposição, a Movimat terá três seminários. No
dia 3, será apresentado o “Intralogística”, um treinamento completo com conceitos e técnicas; no dia seguinte, haverá o “Logismat”, que abordará a logística na prática, com apresentação de casos de sucesso de empresas de referência internacional. No dia 5, o seminário “Melhores Práticas em Serviços Logísticos” apresentará estudos de casos de empresas. A organização espera reunir, aproximadamente, 30 mil visitantes. ANDRÉ PERA/DIVULGAÇÃO
Abertas as inscrições té o dia 5 de setembro, jornalistas de todo o país podem enviar os seus trabalhos para a 18ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo e concorrer a uma premiação que totaliza R$ 90 mil. A seleção é feita por uma comissão de profissionais reconhecidos entre a imprensa e preza pela autonomia no julgamento dos trabalhos concorrentes. Podem se inscrever trabalhos jornalísticos que ressaltem o papel do setor de transporte no desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país nas categorias jornal impresso, fotografia, televisão, rádio, Internet e meio ambiente. O melhor trabalho em cada uma delas receberá
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um prêmio de R$ 10 mil e o grande vencedor, R$ 30 mil. Para serem inscritos, os trabalhos deverão ter sido veiculados na imprensa no período de 14 de setembro de 2010 a 5 de setembro de 2011. O material pode ser enviado pela Internet ou pelo correio. A ficha de inscrição e o regulamento estão disponíveis no site http://premiocnt.cnt.org.br. Criado em 1994, o Prêmio CNT de Jornalismo tem como objetivo estimular a produção de reportagens sobre a realidade do transporte brasileiro. Mais de 2.000 reportagens já concorreram nas 17 edições anteriores. Mais informações pelo telefone 0800 7282891 ou imprensa@cnt.org.br.
LOGÍSTICA Feira será realizada de 2 a 5 de agosto
Fórum e Salão Abla
Seminário Nacional NTU 2011
A Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) realiza o 10º Fórum e Salão da Indústria do Aluguel de Automóveis, nos dias 9 e 10 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP). O evento apresenta os principais modelos de automóveis
A evolução da mobilidade urbana será o tema principal desta edição do Seminário Nacional da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). O evento será realizado nos dias 25 e 26 de agosto no Transamérica Expo Center, na capital paulista. Os participantes terão a oportunidade de fazer avaliações acerca dos
lançados nos últimos meses e outras novidades dedicadas ao mercado de locação, incluindo produtos e serviços. A inscrição para as palestras, painéis e atividades do fórum, além do acesso ao salão, deve ser feita no site da entidade: www.abla.com.br.
projetos de BRT (Bus Rapid Transit) e traçar os rumos ideais para o sucesso dos sistemas a serem implantados em algumas capitais do país. Parcerias público-privadas e consórcios empresariais do setor também estarão na pauta do debate. Durante o seminário, a NTU concederá a “Medalha do Mérito do Transporte”.
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FETCEMG
Renovação de frota
Entrega do Prêmio Melhor Ar
A Transportes Mann, com sede em Joinville (SC), adquiriu 53 novos caminhões Iveco Stralis Eurotronic. As primeiras unidades foram entregues em junho e operam no transporte de cargas fracionadas. A empresa mantém um programa de renovação constante de sua frota, que possui idade média de 1,8 ano. Os demais
elo segundo ano, a Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), presidida por Vander Francisco Costa, promoveu a entrega do Prêmio Melhor Ar às empresas do transporte de cargas participantes do Projeto de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos da CNT. Concorrem ao prêmio as transportadoras filiadas aos sindicatos que compõem a federação. A entrega dos troféus foi realizada no dia 9 de junho, em Belo Horizonte. Todas as empresas tiveram suas emissões aferidas pela equipe do Programa Despoluir, instituído pela CNT. O Prêmio Melhor Ar, além de promover a cultura para a melhoria da qualidade atmosférica, estimula o uso racional do combustível.
caminhões a serem entregues pela montadora vão operar o transporte de cargas entre Joinville e os Estados da região Nordeste do Brasil. Segundo a Mann, todos os veículos são equipados com carretas baú e irão percorrer a mesma rota, completando cada um, aproximadamente, 12.500 quilômetros por mês. IVECO/DIVULGAÇÃO
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Nesta edição, sagraram-se vencedoras as empresas Repelub Revendedora de Petróleo e Lubrificantes S.A.; Transexcedente Ltda.; Transrefer Transportes e Logística Ltda. e Transrios Ltda. Além da premiação, os mais de 120 convidados puderam participar do Ciclo de Palestras, que tratou de diversos temas pertinentes ao setor, como o uso do biocombustível e do biodiesel para a qualidade do ar, proferido pela pedagoga Ana Cristina Noce Fraga; e a palestra “Fase P-7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e os seus Impactos no Setor de Transporte”, apresentada pelo então gerente de projetos especiais da CNT, Vinícius Ladeira.
RENOVAÇÃO Transportes Mann adquire 53 novos caminhões SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
Secretário visita unidade No dia 22 de junho, a unidade do Sest Senat de Cabo de Santo Agostinho recebeu a visita do secretário de Trabalho de Pernambuco, Antônio Carlos Maranhão. Ele foi recebido pelo vice-presidente da CNT e presidente do Conselho Regional do Sest Senat no
Nordeste III, Newton Gibson. Durante a visita, o secretário de Trabalho conheceu os serviços oferecidos na unidade. Participaram do encontro os dirigentes das unidades de Recife e Cabo de Santo Agostinho, Conceição Menezes e Dinis Cavalcanti.
CORTESIA Antônio Carlos Maranhão foi recebido por Newton Gibson
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MAIS TRANSPORTE FORD/DIVULGAÇÃO
Mais do que boas intenções Autores relatam casos reais e investigam diversas iniciativas e programas de erradicação da pobreza em todo o mundo, passando por México, Gana, Índia, Peru e Brasil. De: Dean Karlan e Jacob Appel, Ed. Campus, 264 págs., R$ 69,90
Startup Brasil Empresários de sucesso contam como enfrentaram os maiores desafios de suas trajetórias e como transformaram suas empresas em negócios bem-sucedidos. De: Marina Vidigal e Pedro Mello, Ed. Agir, 288 págs., R$ 44,90
Veículo conceito A Ford mostrou em junho, no Salão Internacional do Automóvel de Buenos Aires (Argentina), o Ford Iosis Max Concept. O conceito é um exemplo de aplicação de tecnologias recentes, desenvolvidas para reduzir o consumo de combustível e as emissões de CO2, mas sem comprometer a performance do automóvel.
Crescimento nos portos O Boletim Portuário do 1º Trimestre de 2011, produzido pela Gerência de Estudos e Desempenho Portuário da Superintendência de Portos da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), aponta que os portos e terminais brasileiros movimentaram 200,6 milhões
de toneladas no período, o que representa crescimento de 7,7% em relação aos três primeiros meses do ano passado. Nesse intervalo, os portos registraram alta de 9,7% frente aos 6,6% dos Tups (Terminais de Uso Privativo). Os Tups são responsáveis por dois terços
da movimentação total de cargas no Brasil. A maior participação deles em relação aos portos se explica em função da movimentação das cargas de maior densidade, como minério de ferro, combustíveis, óleos minerais e outros derivados de petróleo.
De onde vêm as boas ideias Autor procura comprovar que um ambiente conectado, em que intuições circulam livremente, é mais propício para o surgimento de grandes invenções. De: Steven Johnson, Ed. Zahar, 260 págs., R$ 36
JULIO FERNANDES/CNT
AVALIAÇÃO Pesquisadores iniciam a coleta de dados
FRENLOG
15ª Pesquisa CNT de Rodovias Luta por investimentos s gargalos do setor transportador brasileiro estiveram em debate no Congresso Nacional. No dia 29 de junho foi reinstalada a Frenlog (Frente Parlamentar Mista de Logística dos Transportes e Armazenagem), composta por 204 deputados federais e 20 senadores. Lançada em 2009, a Frente tem como objetivo discutir proposições legislativas que visem mudanças e melhorias na qualidade da infraestrutura brasileira. O colegiado também cobra, fiscaliza e apoia projetos do Executivo na área. “A proposta é ser uma facilitadora para realizar as ações no setor de transporte”, garantiu o presidente da Frenlog, deputado Homero Pereira (PR-MT).
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Para o senador Clésio Andrade (PR-MG), presidente da CNT e do Sest Senat, que é o vice-presidente da Frenlog, mesmo com o aumento dos investimentos nos últimos anos, os números ainda são insuficientes para a necessidade do Brasil. “Não se desenvolve um país sem investir no transporte. Se temos R$ 20 bilhões para o setor, vamos usar R$ 5 bilhões para o custeio de PPPs (Parcerias Público-Privadas). Acho que grande parte dos problemas do transporte será resolvida por meio delas”, argumentou, defendendo a ação para construir estradas, aeroportos, modernizar portos e viabilizar hidrovias no país. (Aerton Guimarães) JÚLIO FERNANDES/CNT
VERBA Senador Clésio Andrade defende mais investimentos
A 15ª Pesquisa CNT de Rodovias começou a ser realizada no final do mês de junho. No dia 27, 17 equipes de pesquisadores saíram a campo, partindo de 12 capitais. Eles irão percorrer rodovias federais e estaduais por todo o Brasil. O levantamento é realizado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) e pelo Sest Senat (Serviço Social do Transporte/Serviço Nacional de Aprendizagem do
Transporte). Mais uma vez, 100% da malha rodoviária federal pavimentada será pesquisada e as principais rodovias estaduais. Também estão incluídas no estudo as rodovias concessionadas. A expectativa desta edição é que sejam avaliadas as condições de aproximadamente 92 mil quilômetros. Em 2010, foram 90.945 km e na primeira edição, em 1995, 15.710 km. ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
AUTORIZAÇÃO Resolução permite a movimentação de contêineres
Itapoá é alfandegado O Porto de Itapoá (SC), inaugurado em 22 de dezembro do ano passado, foi declarado alfandegado pela Receita Federal no dia 14 de junho. A resolução é válida para a movimentação e a armazenagem de mercadorias em contêineres, sejam elas próprias ou de terceiros, provenientes e destinadas ao comércio internacional. O terminal também foi autorizado a operar pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e habilitado ao tráfego marítimo internacional.
Itapoá ficará sob a jurisdição da Alfândega da Receita Federal do Brasil no Porto de São Francisco do Sul (SC). A autarquia poderá estabelecer regras, condições e exigências, bem como rotinas operacionais que se fizerem necessárias ao controle fiscal. A primeira operação foi realizada no dia 16 de junho. O navio Cap San Lorenzo, do armador Aliança Navegação e Logística, atracou no porto com 1.300 contêineres de carga geral, dos quais, 295 foram descarregados em Itapoá.
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TECNOLOGIA
Aeronave do futuro
MAIS TRANSPORTE Comemoração no ar Para comemorar seus dez anos de fundação, a Gol Linhas Aéreas colocou em operação um Boeing 737-800 Next Generation que recebeu um trabalho de pintura e adesivagem especial. Em substituição ao padrão branco na fuselagem, a aeronave foi pintada de laranja e carrega o aviãozinho utilizado na nova campanha institucional da companhia, além
da marca “GOL 10 anos”. O processo de pintura do Boeing teve duração de seis dias e foi realizado no Centro de Manutenção de Aeronaves da Gol, em Confins (Minas Gerais). Os adesivos foram aplicados em seguida, após a secagem completa da tinta. O avião, de matrícula PR-GTF, realizará voos por toda a malha da companhia. GOL LINHAS AÉREAS/DIVULGAÇÃO
10 ANOS Aeronave pintada em comemoração à data
Airbus apresentou em Londres uma projeção que mostra a perspectiva da companhia para as aeronaves do ano de 2050. No conceito de cabine da Airbus, os aviões do futuro terão zonas personalizadas que substituem as classes de cabines tradicionais, oferecendo níveis de experiência customizados. De acordo com a fabricante, em 2050, os passageiros poderão, durante a viagem, participar de uma conferência interativa; divertir-se em um jogo virtual de golfe e recarregar-se em um “assento revitalizante”, que se adapta à forma do corpo, enquanto veem o planeta espalhado sob seus pés. A estrutura biônica da aeronave projetada é otimizada para fornecer força quando necessário. Uma membrana inteligente na parede da cabine controla a temperatura do ar e pode ficar transparente para oferecer vistas panorâmicas abertas aos passageiros. Segundo Charles Champion, vice-presidente de Engenharia
A
da Airbus, as pesquisas da companhia mostraram que os passageiros do futuro vão desejar uma experiência de viagem única. “A Cabine Conceito da Airbus foi projetada pensando nisso, e mostra que a viagem pode ser uma experiência de descoberta. Seja qual for a experiência de voo escolhida, o passageiro de 2050 sairá da cabine conceito sentindo-se revitalizado e enriquecido.” De acordo com a Airbus, a cabine conceito será 100% reciclável, com materiais autolimpantes feitos a partir de fibras de plantas sustentáveis. As fibras reduzem perdas e custos de manutenção, além de reter o calor do corpo do passageiro para fornecer energia a recursos na cabine. Ainda segundo a companhia, tais tecnologias já estão em desenvolvimento e, enquanto ainda não podem ser vistas da mesma maneira que na projeção, algumas delas podem vir a fazer parte de futuros programas de aeronaves da Airbus. AIRBUS/DIVULGAÇÃO
Navalshore As últimas novidades em produtos e serviços para construção e reparo naval estarão reunidas na Navalshore 2011. O evento será realizado de 3 a 5 de agosto, no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro (RJ). Para esta edição, estão reservados 11 mil metros quadrados para a
exposição de mais de 300 empresas nacionais e internacionais ligadas ao setor. A Navalshore 2011 terá ainda um programa de conferência exclusivo, com a presença de especialistas para fomentar a troca de experiências e a difusão das melhores práticas.
PROJEÇÃO Avião do futuro se adaptará à forma do corpo
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FETRAM
Prêmio Qualidade do Ar Brasil vai fabricar ônibus híbrido A fábrica brasileira da Volvo, com sede em Curitiba (PR), vai produzir chassis de ônibus híbridos, movidos a eletricidade e a diesel. O produto escolhido é um chassi padrão, na configuração 4x2 eixos. A produção do ônibus articulado híbrido ainda não tem data para ser iniciada. Segundo a montadora, o híbrido fabricado no Brasil terá uma tecnologia chamada “Híbrida em Paralelo”.
Ela foi projetada para um ônibus com dois motores, um a diesel e outro elétrico, que funcionam em paralelo ou de forma independente. O motor elétrico é utilizado para arrancar o ônibus e acelerá-lo até uma velocidade de aproximadamente 20 quilômetros por hora. O motor diesel entra em funcionamento em velocidades mais altas. VOLVO/DIVULGAÇÃO
Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais) realizou no dia 2 de junho a solenidade de entrega da segunda edição do Prêmio Fetram de Qualidade do Ar. O evento contou com a presença de diversos empresários do setor de transporte de passageiros de Minas Gerais, diretores do Sest Senat, além de representantes das empresas vencedoras. Todas as empresas tiveram suas emissões monitoradas durante o período de avaliação do prêmio. As vencedoras se destacaram por sua preocupação com a melhoria da qualidade do ar, resultando em excelentes desempenhos no Programa Despoluir, da CNT. Este ano, foram premiadas as empresas Auto Omnibus Floramar Ltda., Auto Omnibus Nova Suíssa Ltda., Urca Auto Ônibus Ltda., Viação Fênix Ltda., Viação Paraense Ltda.,
A
Viação Getúlio Vargas Ltda., Viação Sidon Ltda., da região metropolitana de Belo Horizonte, e quatro empresas do interior do Estado: Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas Ltda., Univale Transportes Ltda., Viação Princesa do Sul Ltda. e Viação Três Corações Ltda. O presidente da Fetram, Waldemar Araújo, ressaltou o fato de o Despoluir contar com dois novos veículos para aferição das frotas do transporte de passageiros no Estado. “Com cinco unidades móveis atuando na aferição dos veículos em Minas, poderemos atender muito mais empresas e disseminar ainda mais a cultura da sustentabilidade.” A solenidade contou ainda com a palestra “Cuidados no transporte, armazenamento e uso do Biodiesel B5”, proferida pelo coordenador de Projetos Especiais da CNT, Eduardo Espíndola Vieira.
PRODUÇÃO Ônibus com motor híbrido será feito no país GERVÁSIO BAPTISTA-ABR
Novo ministro dos transportes Em julho, Paulo Sérgio Passos foi efetivado, pela presidente Dilma Rousseff, como ministro dos Transportes. Ele ocupava a pasta interinamente desde a saída de Alfredo Nascimento. Passos é economista e natural de Muritiba (BA). Iniciou a carreira na Administração Pública em 1973, como assessor
e coordenador de acompanhamento e avaliação de programação do Ministério dos Transportes, onde, ao longo de 35 anos, assumiu cargos como secretário-executivo, secretário de Gestão dos Programas de Transportes e secretário de Programação Financeira e Orçamento.
Foi ministro dos Transportes de abril de 2006 a março de 2007 e de março a dezembro de 2010. Ele colaborou com outros ministérios. No Planejamento, foi secretário de Orçamento Federal Adjunto. No então Ministério do Bem-Estar Social, foi secretário de Administração Geral.
PAULO SÉRGIO PASSOS
ESCOLA DO TRANSPORTE
POR CYNTHIA CASTRO
epois de quase 40 expedições à Antártica, o navegador Amyr Klink destacou, na sede da CNT em Brasília, como é importante o profissional ser empreendedor. Ao responder uma pergunta sobre a dica que daria aos empresários do transporte, Klink afirmou que “empreender é uma paixão”. E quando a pessoa empreende no que gosta, vai sempre enfrentar os problemas e fazer o melhor. “É interessante fazer alguma coisa acontecer, empreender. Dá trabalho, exige responsabilidade o tempo todo, mas é especial.” Klink proferiu uma palestra para mais de 450 pessoas no III Ciclo de Conferências, promovido pela CNT, Escola do Transporte e Sest Senat. Estavam presentes representantes do setor de transporte, de órgãos governamentais, estudantes e a população em geral – pessoas interessadas nas histórias do navegador. Ele falou sobre gestão no trabalho desenvolvido por ele, sobre o desafio de administrar projetos e sobre a dificuldade na formação de mão de obra. Há 25 anos, Amyr Klink está à frente de expedições à Antártica, algumas delas sozinho no coman-
D
DESAFIO Há 25 anos, Amyr Klink realiza expedições à Antártica; em algumas
Paixão por Amyr Klink relata experiências no mar e fala de lide do de seu barco. Neste ano, já foram três viagens ao continente gelado e ele completará, ainda em 2011, a 40ª expedição, quando o verão chegar. Durante a palestra, Klink afirmou que o interesse pela Antártica está ligado ao fato de se conseguir chegar a uma região de tão difícil acesso. “Adoro a complexidade. O desafio de resolver pequenas peças de um projeto e, de repente, encaixar todas elas”, afirmou. Segundo Klink, primei-
ro veio a paixão pela história da Antártica. Depois, o desejo de conhecer. “Eu vou para lá, primeiro porque eu gosto. Me encantei com o assunto em uma época em que não havia meios regulares para ir.” Ao longo desses anos, o navegador foi aprimorando técnicas de construção de embarcações apropriadas para enfrentar as condições mais adversas, encontradas no trajeto, como ondas altíssimas, extensos blocos de
gelo, ventanias fortes, dificuldade de abastecimento. O tema abordado por Amyr Klink na sede da CNT foi liderança e superação de desafios. Nesse contexto, ele descreveu as dificuldades enfrentadas nas viagens, desde a preparação até a execução, em áreas com condições climáticas tão difíceis. “Grande parte da Antártica não é cartografada. Construímos então uma logística voltada para enfrentar os problemas”, disse
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FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
delas, ele foi sozinho em seu veleiro
CONFERÊNCIA Mais de 450 pessoas estiveram na CNT
empreender rança, durante palestra na sede da CNT em Brasília Klink. A maior parte dos barcos utilizados nessas viagens foi construída por ele em parceria com a Equipe Thierry Stump. “As pessoas tendem a olhar para a execução do que eu faço. A diferença em relação a quem opera na Antártica há muitos anos é que eu não vou para lá em embarcações que a gente adquiriu e trabalha a bordo. A gente vai em projetos que a gente desempenhou e implementou desde o início, que a gente participou de toda
a solução logística. Desde os projetos dos veículos, dos sistemas, equipamentos, materiais até a operação final”, disse Klink. O navegador destacou também que há líderes natos que precisam ser descobertos e ressaltou a importância da capacidade de se comunicar. Durante a palestra na CNT, Amyr Klink citou o problema da falta de mão de obra, enfrentado na área de construção de embarcações, e afirmou que essa é uma questão a ser solucionada
no Brasil, inclusive em outras áreas. “Estamos vivendo um ciclo econômico positivo e temos que resolver esse problema. Está faltando brasileiro, com capacitação, para acompanhar o nosso crescimento.” Amyr Klink também contou detalhes de duas famosas viagens. Na travessia do Atlântico Sul, em um barco a remo, em 1984, ele saiu da Namíbia (na África) e chegou à Bahia, depois de “Cem dias entre céu e mar” – título de
um de seus livros. Falou também sobre a viagem de mais de um ano à Antártica, relatada no livro “Paratii – Entre dois polos”. O veleiro de Klink, o Paratii, ficou imobilizado no gelo, durante todo o inverno. Depois, ele ainda viajou para o Ártico. “Eu tinha o desejo de ser dono do tempo. Queria essa experiência”. Amyr Klink tem 55 anos, é casado e pai de três meninas – Marininha, de 11 anos, e as gêmeas Tamara e Laura, de 14. Natural de São Paulo, ele é filho de pai libanês e mãe sueca. Começou a frequentar a região de Paraty (RJ) com a família quando tinha 2 anos, e foi essa cidade histórica do litoral brasileiro que o inspirou a viajar pelo mundo. Ele vive em Paraty, em uma casa onde só é possível chegar de barco, como faz questão de ressaltar. “Sempre aprendi muito de logística em Paraty. A cidade teve um plano criativo, com soluções tecnológicas ousadas para sua época”, disse o navegador, ao comentar sobre a característica típica de Paraty, que tem algumas ruas alagadas quando sobe a maré. “Esse era um método de fazer a limpeza de algumas ruas. Uma solução criativa no Brasil-colônia.” (Com Kátia Maia)
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EXPEDIÇÕES
“Temos um país que nasceu de viagem” m entrevista à CNT Transporte Atual, Amyr Klink falou sobre a dificuldade no transporte até a Antártica, sobre a chegada dos portugueses ao Brasil e comentou quais as perguntas sempre costuma responder. O navegador lembrou também do envolvimento das filhas, com idades entre 11 e 14 anos, nas expedições ao continente gelado. Leia a seguir.
E
Na Antártica, o transporte se mostra de várias formas, bem inusitadas em relação a situações convencionais? Não é o transporte de lá, mas o transporte até lá. O transporte até lá enfrenta as condições mais difíceis que existem no globo. São distâncias grandes, tem problema de abastecimento, tem mar ruim. No litoral brasileiro não tem mar ruim. Temos mar difícil no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas lá tem mar ruim, tem ondulação acima de 15 metros de altura. E, para completar a beleza toda dessa história, você tem gelo. Tem trânsito de gelo, trânsito muito grande de objetos, às vezes do tamanho de países. Já vimos várias
vezes placas de gelo acima de 50 km de extensão. Elas não são cartografadas porque são mutantes. Então, são problemas dinâmicos que vão mudando a cada dia. O transportador é, por natureza, um viajante. O que você passaria de importante para o caminhoneiro, que não está no mar, mas está sempre na estrada? Tenho uma afinidade grande com o caminhoneiro. Quando comecei a desenhar o primeiro barco, a construir, pensei que não queria um barco que somente fosse à Antártica. Queria um barco que fosse como um caminhão, que tivesse maior capacidade de carga, maior autonomia. Aprendi a fazer barco com designer diferenciado e ousado, mas que ao mesmo tempo tem um aspecto forte, até brusco, resistente. Temos feito projetos que têm essas características de desempenho, de confiabilidade. E com estética diferente. Os barcos, às vezes, parecem militares, caminhões de carga pesada, tanques de guerra. Mas são mesmo. Hoje eu tenho autonomia para ir
para qualquer lugar do mundo. Tenho então identificação grande com o cara que está na estrada. No seu site, você diz que é preciso viajar por conta própria para entender o que é seu, sentir a distância. Como é isso na sua experiência? Não conheço ninguém que não goste de viajar. Sempre gostei de viajar e de conhecer culturas diferentes. A gente tem um país que nasceu de viagem. O Brasil é uma escala do projeto das Índias dos portugueses. Nunca aconteceu o descobrimento do Brasil. Em 1500, ninguém descobriu o Brasil. Em 1500, eles oficializaram uma escala em um lugar que já se conhecia. O interessante é que os portugueses descobriram uma rota navegável para as Índias, que obrigatoriamente passava pelo Brasil, por causa das estradas oceânicas, por causa do contorno dos sistemas anticiclônicos, que foi o grande mérito deles. Eles inventaram um veículo mais interessante, uma espécie de caminhão oceânico, que tinha grande autonomia. E eles construíram um novo
conhecimento, que é o cálculo da posição no mar pela passagem meridiana do Sol. Os portugueses construíram um método de cálculo de posição muito interessante, georreferenciado. Inauguraram talvez a ciência mais importante ligada ao transporte, que é o georreferenciamento, que o Brasil ainda está bem atrasado. Quando fiz as primeiras viagens, comecei a entender mais a nossa história, de maneira diferente. A sequência de ocupação da África estava ligada ao transporte, e eles descobriram que o caminho para as Índias tinha que passar pelo lado certo. O Oceano Atlântico é um rodamoinho que vira. Tem um lado que sobe e um lado que desce. Não pode navegar na contramão. Sua vida sempre desperta a curiosidade das pessoas. Qual é a pergunta recorrente? O que sempre querem saber de você? Há perguntas interessantes e outras chatas. Por exemplo, “Como é a solidão no mar?”. Não tem solidão. Você está trabalhando o tempo todo. É como chegar para o caminhoneiro e per-
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AKPE/MARINA BANDEIRA KLINK/DIVULGAÇÃO
EXPERIÊNCIA Neste ano, Amyr Klink fará sua 40ª viagem à Antártica
guntar: “Como você se sente na boleia sem ninguém?”. Ele está cheio de coisas para fazer, para administrar – onde vai parar, a carga que ele tem, velocidade, qual é a rota, prazo para chegar, hora para dormir. Num barco, eu não posso dormir mais do que 40 minutos ou 50 minutos (quando está sozinho). Essa é uma pergunta engraçada, da solidão. Outra é “E se chover no mar?”. Tudo que a gente quer é que chova. A coisa mais deliciosa que existe é a chuva. O duro no mar são as ondas, as tempestades fortes, os ventos contrários. Mas isso faz parte do dia a dia.
Você tem três filhas (duas gêmeas de 14 anos e uma caçula de 11). Elas também estão envolvidas em algumas expedições? Há cinco anos, as meninas desceram para a Antártica e adoraram a primeira viagem. Depois, adoraram a segunda, a terceira. E, na quinta viagem, foram obrigadas pela escola a fazerem um trabalho. Sem querer, esse trabalho se transformou em 50 palestras neste ano. Um dia, em uma das palestrinhas, apareceu uma editora e perguntou se elas queriam fazer um livro. Daí, elas fizeram o livro “Férias na Antártica”, no ano passado, e
esse livro surpreendeu todo mundo. Entrou em adoção no Brasil. Hoje, elas têm convites no Brasil todo para fazer palestrinha. O problema é que elas são muito novas. E estão quase no meu encalço. Neste ano, acho que elas têm 32 palestras agendadas. É muito interessante ver as meninas falando com conhecimento de causa muito maior do que um cara que é pesquisador lá há dez anos. E elas falam sobre o quê? Sobre assuntos absolutamente atuais. Falam sobre o dia a dia, as dificuldades, os procedimentos. E, principalmente,
sobre o problema climático que estamos vivendo hoje. Elas já viajaram em navios de luxo, em navios vagabundos, viajaram várias vezes nos meus barcos, em botes infláveis, em barcos de resgate. Então, apesar da pouca idade, elas têm uma visão, eu diria até muito mais refinada que a minha, sobre aquecimento global, mudanças climáticas, convivências, culturas diferentes, isolamento intelectual do Brasil. O fato de que ninguém fala língua diferente aqui. Todo mundo quer falar a língua chamada português. Você não acha ninguém que fala inglês, alemão, francês. Então, elas sentiram essas dificuldades todas e sentiram o quanto os barcos brasileiros são respeitados hoje na Antártica. A maioria deles foi a gente que fez. Acho que elas conhecem hoje mais do que eu, com quase 40 viagens para lá. Você disse que tem medo do mar? Eu tenho, claro. Por isso navego direito. Eu nado mal (risos). Estou brincando. Nado grandes distâncias, se for preciso. Mas não adianta saber nadar na Antártica. Lá não é um lugar para nadar. O mar requer um respeito muito grande. l
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HISTÓRIA
A sexagenária Via Dutra Rodovia que liga as duas maiores cidades do país mantém sua importância para o transporte de cargas e passageiros POR LIVIA CEREZOLI
otoristas que percorrem hoje os 402 km da rodovia Presidente Dutra, principal ligação entre as duas maiores cidades do país – Rio de Janeiro e São Paulo – em apenas seis horas, talvez desconheçam que a viagem já teve duração de 36 dias e meio. Foi em 1908 a primeira vez que o trajeto foi percorrido em um carro. O automobilista francês, Conde Lesdain, demorou 876 horas para atravessar os então 700 quilômetros que separavam as duas cidades a bordo de um veículo da marca Brasier, de 16 cavalos.
M
Hoje, aos 60 anos, a Via Dutra, como é popularmente conhecida, conserva seu título de uma das mais importantes estradas brasileiras não só por ligar as duas metrópoles nacionais, mas por atravessar uma das regiões mais ricas do país, o Vale do Paraíba. O traçado da rodovia passa por 36 cidades, começando no Trevo das Margaridas, no Rio de Janeiro, e terminando no acesso à Marginal Tietê, em São Paulo. A estrada é parte da BR-116, que liga as cidades de Jaguarão (RS) e Fortaleza (CE). Um caminho marcado por belas paisagens, acidentes envolvendo personali-
dades e polêmicas quanto ao traçado da via. Quando foi inaugurada, em 19 de janeiro de 1951, pelo então presidente da República, o general Eurico Gaspar Dutra (que dá nome à estrada), a rodovia ainda não estava totalmente terminada. Faltava a pavimentação de 60 quilômetros no Estado de São Paulo, entre as cidades de Guaratinguetá e Caçapava, e de seis quilômetros em um pequeno trecho situado nas proximidades de Guarulhos. Mesmo assim, já era possível trafegar entre a então capital federal (Rio de Janeiro) e o polo industrial de São Paulo
nas maiores médias de velocidade da história. Naquela época, a chamada BR-2 contava com pistas simples, operando em mão dupla. Em apenas dois segmentos havia pistas separadas para os dois sentidos de tráfego: nos 46 quilômetros compreendidos entre a avenida Brasil e a garganta de Viúva Graça (hoje, Seropédica), no Rio de Janeiro, e nos 10 quilômetros localizados entre São Paulo e Guarulhos. No total, 1,3 bilhão de cruzeiros foram investidos na construção. Uma quantia altíssima para os padrões da época. “Foi uma obra estratégica para o desenvolvimento da economia nacional. O governo federal argumentava que o desbravamento do Brasil dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência e que a modernização da ligação Rio-São Paulo era fundamental para o desenvolvimento nacional”, afirma José Herzen Salgado Alves, diretor de Unidade da CCR Nova Dutra, concessionária que detém a operação da via desde 1996. De acordo com ele, a rodovia foi construída com as mais modernas técnicas de engenharia da época e com equipamentos especialmente importados para isso. Dessa forma, foi possí-
CCR NOVA DUTRA/DIVULGAÇÃO
VIA DUTRA NO RIO DE JANEIRO
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A LIGAÇÃO RIO-SÃO PAULO Veja como o tempo de viagem foi reduzido ao longo dos anos
TRAGÉDIAS
História é marcada por acidentes A condição precária da rodovia Presidente Dutra até a década de 80 era considerada um dos principais fatores para o alto índice de acidentes registrados no local. Segundo a CCR Nova Dutra, concessionária que administra a via desde 1996, dados daquela época revelam que cerca de 50 pessoas morriam por mês em acidentes. O principal deles foi o que matou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 1976. Em 22 de agosto daquele ano, o carro em que viajava o ex-presidente chocou-se de frente com uma carreta após ter sido acidentalmente fechado por um ônibus que vinha na mesma pista em alta velocidade. Anos antes, em 1952, um acidente já havia vitimado o cantor Francisco Alves, conhecido como o “Rei da Voz”, na mesma rodovia. Ele morreu carbonizado depois que seu automóvel colidiu com um caminhão que,
imprudentemente, entrou na contramão. Atualmente, mesmo registrando um grande volume de ocorrências – em 2010, segundo a CCR Nova Dutra, foram 835 ao dia – o número de mortes apresenta redução. Durante todo o ano passado, foram 228 contra 520 registradas em 1996. E, além dos acidentes envolvendo automóveis, casos de deslizamento de terra também permeiam a história da sexagenária rodovia. O mais grave foi o ocorrido na serra das Araras, em 1967, quando aproximadamente 1.700 pessoas morreram, mas somente 300 corpos foram encontrados. Para evitar casos como esse, a CCR Nova Dutra mantém, desde o início da concessão, um trabalho de contenção das encostas, principalmente, nas regiões de serra. Ao todo, já foram construídos 353 pontos de contenção em toda a rodovia.
1908 - Na primeira viagem de carro realizada no Brasil, o conde francês Lesdain gastou 876 horas para percorrer a distância entre Rio e São Paulo por estradas de boiadeiros a bordo de um Brasier 1925 - A Bandeira Automobilística da Associação de Estradas de Rodagem demorou 144 horas para seguir de São Paulo ao Rio já em estradas de melhor qualidade 1928 - Após a inauguração da antiga Rio-São Paulo, os tempos de viagem foram sensivelmente reduzidos para 10 horas 1948 - Apesar da modernização dos veículos, a deterioração da estrada e o aumento no transporte rodoviário de cargas aumentaram o tempo de viagem para 12 horas 1951 - Em pistas adequadas para o fluxo e a qualidade dos veículos da época, era possível desenvolver uma velocidade média de 70 km/h e percorrer toda a Via Dutra em 6 horas 2011 – Tempo de viagem é mantido em 6 horas Fonte: CCR Nova Dutra
vel reduzir a distância entre as duas capitais em 111 quilômetros, comparando-se o novo caminho com o traçado da velha rodovia, a Rio-São Paulo de 1928. Entre os trechos mais complexos durante a construção, Alves destaca os seis quilômetros que cruzam a Várzea do Paraíba, com terreno instável e de transposição considerada quase impossível nos anos 40, e a garganta de Viúva Graça, um trecho rochoso ao pé da serra
das Araras que precisava ser transposto dentro do projeto de encurtar distâncias. Ainda hoje, os volumes de materiais utilizados na construção da rodovia causam espanto. Foram 35 empreiteiras envolvidas no trabalho, milhares de trabalhadores e toneladas dos mais diversos materiais. Ao todo, foram movimentados 15 milhões de metros cúbicos de terra e usados 1,3 milhão de sacos de cimento,
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RODOVIA PRESIDENTE DUTRA A Via Dutra tem 402 km de extensão e passa por 36 cidades, em dois Estados. Ela se inicia no Trevo das Margaridas, no Rio de Janeiro (RJ), e termina no acesso à Marginal Tietê, em São Paulo (SP).
Fonte: CCR Nova Dutra
8.000 toneladas de asfalto e 20 mil toneladas de alcatrão. Mas, mesmo que o projeto tenha sido inovador, há quem discorde do modelo do traçado da rodovia. O consultor em transportes e membro do IE (Instituto de Engenharia), Luiz Célio Botura, reconhece que a estrada foi fundamental para o desenvolvimento econômico do país, mas afirma que ela não soube estruturar a região no aspecto territorial. “Não foi feito
um controle eficiente, e as cidades que margeiam a via cresceram de forma desordenada.” Exemplo disso é a cidade de Aparecida (SP), onde está localizado o Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida. De um lado da pista fica a cidade e do outro o santuário, local de peregrinação de 9 milhões de pessoas anualmente. As duas áreas são ligadas por uma passarela sobre a estrada que permite a travessia de pedestres.
“Sem a rodovia, o eixo Rio-São Paulo não teria se desenvolvido” GEORGES SIMON LIGOT, CHEFE DE COZINHA
De acordo com ele, a rodovia também apresenta falhas no seu traçado, como a falta de vias laterais para o tráfego regional e curvas muito acentuadas na descida da serra das Araras. “Na Via Dutra, é muito maior o número de pequenas viagens, com até 10 km, do que viagens longas, acima de 50 km”, afirma. Botura defende uma modificação no traçado igualmente ao existente na rodovia dos Imigrantes (eixo de ligação
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INAUGURAÇÃO Presidente Eurico Gaspar Dutra corta a faixa
entre a capital São Paulo e o litoral). Segundo o consultor, a construção de túneis e viadutos permite que as curvas sejam menos acentuadas e, assim, o número de acidentes seja reduzido. “Se quisermos preservar vidas, precisamos atuar de forma preventiva com investimentos em soluções tecnicamente eficientes.” A CCR Nova Dutra afirma que a serra das Araras vai ganhar nova pista para substituir a atual descida, que tem traçado de 1928. Os projetos estão em discussão com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). A concessionária também ressalta que já foram construídos mais de 36 quilôme-
VIAGEM Tempo foi reduzido para seis horas
“O governo argumentava que desbravar o Brasil dependia de caminhos que pudessem ser abertos com rapidez e eficiência” JOSÉ HERZEN ALVES, CCR NOVA DUTRA
tros de vias marginais e outras obras de ampliação estão sendo realizadas. Segundo Alves, diretor da concessionária, em 16 anos de administração privada, já foram injetados mais de R$ 8 bilhões em obras de melhoria da via. “Quando assumimos a rodovia, havia muitos problemas estruturais, dada a idade da estrada e os problemas de manutenção enfrentados pelos administradores públicos. Assim, depois que realizamos as obras iniciais e os melhoramentos, a Dutra ganhou fluidez e segurança de tráfego”, destaca ele. Restaurante Mas as histórias que envolvem a Via Dutra ultrapassam as
OBRA Um dos primeiros trechos
questões estruturais. Pessoas que acreditaram no novo empreendimento mantêm até hoje seus negócios funcionando às margens da rodovia. É o caso, por exemplo, do chefe de cozinha francês Georges Simon Ligot, de 89 anos. Desde 1955 ele está à frente do O Paturi Restaurante e Hotel que oferece no cardápio clássicos da culinária francesa elaborados em um típico fogão a lenha brasileiro. “A princípio, a ideia era apenas construir um restaurante para oferecer aos viajantes uma boa comida. Mas como os nossos clientes sempre pediam um lugar para descansar, em 1964 surgiu o hotel”, conta o proprietário.
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FOTOS DO LIVRO "VIA DUTRA 50 ANOS - 4 SÉCULOS EM 5 HORAS”
asfaltados da Via Dutra
CONSTRUÇÃO Operários trabalham na pavimentação da rodovia
FESTA População participa da inauguração ARQUIVO POSTO SAKAMOTO
APOIO Posto Sakamoto é ponto de parada de viajantes desde 1952
Ligot guarda na memória a visita de grandes personalidades, todas registradas no chamado “Livro de Ouro” do estabelecimento, e reconhece a importância da Via Dutra. “Muita gente passou por aqui. Políticos, jornalistas, atrizes, atores, maestros consagrados. Acho que, sem a rodovia, o Vale do Paraíba e o eixo Rio-São Paulo não teriam se desenvolvido.” Ponto de parada de centenas de caminhoneiros diariamente, o posto Sakamoto mantém duas unidades na rodovia, no km 210,5, no Estado de São Paulo. A primeira delas foi aberta em 1952 para atender um pedido do governo federal. A segunda foi
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A RODOVIA EM NÚMEROS Inauguração
1951
Concessão
1996
Extensão
402 km. Parte da BR-116 que liga Jaguarão (RS) a Fortaleza (CE)
Região envolvida
36 cidades (entre elas as duas maiores do país, São Paulo e Rio de Janeiro)
População
23 milhões de habitantes
Fluxo de viagens
870 mil ao dia nos dois sentidos
Acessos
1.657
Trevos
40
Viadutos
214
Pontes
168
Passarelas
77
Praças de pedágio
7 (5 em São Paulo e 2 no
ASSISTÊNCIA Motoristas podem frequentar cursos
Rio de Janeiro) NÚMEROS DO S.O.S. USUÁRIO (dados de 2010) Ocorrências/dia
835
Socorro médico e resgate/dia
101
Ocorrências de guinchamento/dia
171
MORTES EM ACIDENTES 1996
520
2000
259
2006
230
2010
228 Fonte: CCR Nova Dutra
inaugurada oito anos depois, com a duplicação da estrada. “Na época, meu avô não gostou muito da divisão da propriedade (a estrada cortava a fazenda da família). Mas acabou cedendo. Hoje, quando avaliamos o progresso trazido para a região, temos certeza que a decisão foi acertada”, conta Cláudio Satio Sakamoto, proprietário dos postos que atendem, por dia, aproximadamente 3.000 clientes, entre abastecimentos, alimentação e estacionamento. Desse total, 60% são caminhoneiros. Os outros são motoristas de carros de passeio em viagem pela região. Convivendo com a rotina diária da movimentação dos postos, Sakamoto guarda recorda-
SEST SENAT
Unidades oferecem O Sest Senat também está presente na Via Dutra. As cinco unidades – duas no Rio de Janeiro e três em São Paulo – localizadas ao longo dos 402 km da rodovia servem de apoio aos motoristas durante as suas viagens e oferecem atendimentos nas áreas de saúde e qualificação profissional, além de lazer e esporte. Saindo do Rio, em direção à capital paulista, a primeira unidade fica no KM 276 da rodovia,
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SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
UNIDADES DO SEST SENAT Veja as localidades na Via Dutra NO RIO DE JANEIRO Posto Flumidiesel KM 276 - Vila Ursulino, Barra Mansa Telefone: (24) 3323-7971 Posto Embaixador KM 299 - Parque Embaixador, Resende Telefone: (24) 3355-7333 EM SÃO PAULO Taubaté Avenida Isauro Moreira, 125, Itaim, Taubaté (500 metros da Via Dutra) Telefone: (12) 3411-4400 Jacareí Av. Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, 3.201, Rio Abaixo, Jacareí (100 metros da Via Dutra) Telefone: (12) 3953-4454 Posto Sakamoto 2 Km 210,5 - Bonsucesso, Guarulhos Telefone: (11) 2431-1347 Fonte: Sest Senat
de capacitação profissional nas cinco unidades do Sest Senat na Via Dutra
atendimento nas proximidades da rodovia em Barra Mansa (RJ), no posto Flumidiesel. Logo em seguida, em Resende (RJ), fica a unidade do Sest Senat do posto Embaixador. As duas oferecem atendimentos médicos e odontológicos, além de cursos de capacitação em diversas áreas do transporte. Já no Estado de São Paulo, a unidade de Taubaté está localizada a, aproximadamente, 500 metros da rodovia, e a de Jacareí, a 100 metros. Em
ambas, os caminhoneiros também podem usufruir de áreas de lazer, participar de atividades esportivas e culturais. “Estamos localizados bem perto de várias indústrias e, enquanto os motoristas aguardam o carregamento das cargas, utilizam o serviço da nossa unidade”, conta Blaird Pinho Cardoso, diretor do Sest Senat de Jacareí. Já próximo à capital São Paulo, a unidade localizada no
KM 210,5 no posto Sakamoto 2, é mais uma opção aos caminhoneiros. Em média, 450 pessoas são atendidas na unidade por mês. “Como estamos dentro do posto, onde existe uma área de estacionamento bastante ampla e segura, os motoristas aproveitam as suas paradas para realizar os cursos e os tratamentos odontológicos”, conta o gerente da unidade, José Valdecir Capelli.
ções de fatos marcantes. “Eu ainda era criança e morávamos na área do posto. Lembro quando acordamos de madrugada com um caminhão de leite que havia tombado. O barranco estava todo branco”, conta ele. Além de acidentes, alguns clientes do posto também são bem marcantes. O proprietário se lembra de um cearense que visitava o local a cada 15 dias sempre vestido de terno branco e chapéu Panamá, dirigindo um caminhão GMC Marítimo. “O barulho do caminhão era bem característico e ele ainda buzinava anunciando a sua chegada. Era para o mesmo frentista de sempre se colocar a postos para atendê-lo.” l
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PASSAGEIROS
acessibilidade no transporte coletivo de passageiros em todo o Brasil ainda é uma realidade a ser alcançada por diversas cidades. Muitos municípios, porém, vêm investindo na renovação da frota e colocam à disposição da população veículos adaptados com piso baixo e elevadores, oferecendo aos portadores de mobilidade reduzida um serviço adequado. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, tem 100% de sua frota acessível e continua a executar ações para facilitar a mobilidade. Já algumas capitais, como Porto Alegre (RS) e Campo Grande (MS), trabalham para que a frota de ônibus urbanos seja totalmente adaptada. No Brasil, 24,6 milhões de pessoas (14,5% da população total) apresentam algum tipo de incapacidade ou deficiência, incluindo dificuldades de locomoção ou deficiência física, segundo dados do Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse é o último levantamento feito pela entidade sobre esse público, segundo o instituto. A acessibilidade veicular é uma norma prevista no artigo 16 da lei federal n° 10.098 de 2000. Da pro-
A
Mobilidade e autonomia Municípios brasileiros têm investido para melhorar a acessibilidade no transporte coletivo POR
mulgação da lei até meados de 2004, entidades e empresas ligadas ao transporte de passageiros discutiram padrões e referências para seu cumprimento. Otávio Cunha, presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), afirma que, somente após o debate, ficou deliberado que os veículos que entrassem em circulação até outubro de 2008 sofreriam adaptações que não afetariam a estrutura da carroceria. “A instalação de bancos reclináveis para facilitar o assento com o apoio do braço, por exemplo, foi uma das soluções”, diz.
LETICIA SIMÕES
De acordo com o dirigente, os veículos em circulação àquela época não tinham estrutura para receber elevadores. Por esse motivo, o processo de acessibilidade nos ônibus coletivos vem avançando aos poucos. Uberlândia iniciou a renovação completa de sua frota em 2009. O Executivo municipal abriu concorrência pública para o transporte coletivo da cidade. Uma das exigências era que todos os veículos que compusessem as linhas fossem adaptados com elevador e piso baixo. Cem por cento da frota de 395 veículos é adaptada. A idade média dos ônibus é uma das
mais baixas do país, com 1,6 ano. Divonei Gonçalves, secretário municipal de Trânsito e Transportes de Uberlândia, diz que o sucesso do sistema está amparado na amplitude das ações, que levou em conta, também, a adaptação do mobiliário urbano. “A reformulação identificou pontos na cidade onde eram necessários ajustar a via para o pedestre e para o cadeirante. O município investiu em travessias elevadas, no mesmo nível da calçada. O projeto será ampliado este ano com a adequação de outros locais, próximos a escolas, hospitais e dos corredores de ôni-
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SECRETARIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
TRANSPORTE INTERESTADUAL
Proposta para ampliação da acessibilidade Enquanto as cidades já possuem regras e prazos definidos para a acessibilidade no transporte coletivo, o transporte interestadual e internacional de passageiros ainda aguarda por parâmetros para que os veículos do setor possam se adaptar e oferecer melhores condições aos portadores de mobilidade reduzida. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) formalizou uma audiência pública para discutir o tema. A autarquia elaborou uma proposta de resolução que estabelece procedimentos a serem observados pelas empresas transportadoras, para assegurar condições de acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. De acordo com a agência, a medida visa o cumprimento das leis nº 10.048 e nº 10.098, ambas de 2000. A primeira trata do atendimento geral às
pessoas portadoras de deficiência, enquanto a segunda estabelece normas e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. O prazo para que a sociedade civil enviasse suas contribuições encerrou no dia 16 de junho. A ANTT vai analisar todas as opiniões e pedidos de esclarecimentos. O passo seguinte será a elaboração de relatório técnico, com a resposta para cada questão levantada pela sociedade. Em seguida, serão feitas as alterações necessárias na proposta da resolução, consolidando-a para aprovação com a diretoria da entidade e posterior publicação. O superintendente da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), José Luiz Santolin, afirma que, apesar de não haver uma resolução específica, as empresas já vêm se adaptando. “Desde 2008, os ônibus
saem de fábrica com os padrões de normatização. As empresas têm se adequado como podem para transportar o passageiro com mobilidade reduzida. Existe sinalização sonora e adesiva, espaços reservados, entre outros aspectos.” A Abrati estima que dentro de 12 anos a frota circulante do transporte interestadual e internacional de passageiros esteja 100% adaptada, de acordo com os parâmetros da resolução que será ratificada pela ANTT. Santolin espera que as adequações a serem propostas não interfiram de modo significativo no projeto construtivo do veículo, para que não haja necessidade de grandes investimentos por parte das empresas. “O setor vai se adequar, mas não basta apenas o ônibus ser acessível. Os terminais também precisam estar adaptados”, afirma o dirigente.
“O município DIVONEI GONÇALVES, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE
RESPONSABILIDADE Todas as
bus”. Todas as estações de ônibus de Uberlândia têm entrada exclusiva para cadeirantes. A assistente social da Aparu (Associação dos Paraplégicos de Uberlândia), Denise Maria Resende Faria, ressalta que o transporte coletivo da cidade garante o direito de ir e vir ao portador de mobilidade reduzida. “A acessibilidade é muito importante para a cidadania do portador. Ele tem independência e autonomia para circular pelo município”, afirma. Em sua opinião, o cenário vem alcançando avanços em todo o Brasil. “Poder público e população
têm visto a questão com maior sensibilidade. Mas não basta investir em acessibilidade apenas nos ônibus, a cidade também tem de se adequar”, destaca. Belo Horizonte (MG) possui 74% de sua frota adaptada com piso baixo e elevador. Desde janeiro deste ano, a BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte), entidade responsável pelo serviço na capital mineira, determinou que todos os veículos do transporte coletivo que entrarem em circulação estejam dotados de elevador. A cidade possui uma frota total
de 2.832 ônibus, com idade média de cinco anos. Helbert Lima, gerente de coordenação e gestão da informação da BHTrans, diz que, até 2014, 100% da frota estará acessível. Ele afirma que há três anos a empresa registrava muitas reclamações por parte dos usuários dos elevadores. A maioria delas relatava o não acionamento do equipamento e o desrespeito do condutor ao não parar o veículo para o transporte do portador. A realidade atual é bem diferente. “Quando o usuário reclama e identifica o veículo, a concessionária responsável é autuada. A
BHTrans investe em treinamentos objetivos para sensibilizar os operadores do transporte coletivo sobre as particularidades do serviço. Quando se conhece as dificuldades, atende-se melhor o usuário”, afirma Lima. Segundo ele, a fiscalização para que os elevadores recebam a devida manutenção é feita rotineiramente. O cadeirante Antônio Carlos de Brito, associado da AMP (Associação Mineira de Paraplégicos), utiliza o transporte coletivo de Belo Horizonte diariamente. Ele se diz satisfeito com o serviço. “Não tenho nada a recla-
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investiu em travessias elevadas, no mesmo nível da calçada” UBERLÂNDIA
SETTRAN/DIVULGAÇÃO
estações de ônibus de Uberlândia têm entrada exclusiva para cadeirantes
mar. A situação melhorou muito de três anos pra cá. Os cobradores que operam o elevador são atenciosos e bem treinados. É raro encontrar algum veículo que não tenha manutenção.” Waldemar Araújo, presidente do Conselho Regional do Sest Senat e da Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais), afirma que Belo Horizonte, assim como outras capitais, está em um processo progressivo para a acessibilidade do transporte público. “A maneira gradual como a adaptação do
transporte vem sendo feita vai garantir mais qualidade ao serviço. Todas as linhas da cidade possuem ônibus adaptados, e o empresário abraçou totalmente a questão, treinando e capacitando os operadores.” Em Campo Grande, foram necessários 14 anos para que a frota atingisse 80% de acessibilidade. A adaptação dos veículos se deu por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) estabelecido entre a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e as três empresas do transporte coletivo que operavam o serviço à
ARQUIVO BHTRANS
ABRANGÊNCIA Belo Horizonte possui 74% da frota adaptada
época. Atualmente, cinco concessionárias atuam na cidade. Hoje, a capital sul-mato-grossense tem 428 ônibus adaptados em circulação. “Até o final do segundo semestre deste ano, a cidade deve atingir 90% de veículos com elevador. A previsão é que toda a frota esteja acessível em 2013”, afirma Rudel Trindade Júnior, diretor da Agetran. A idade média da frota é de 4,8 anos. “Foram investidos, aproximadamente, R$ 1,15 milhão na adaptação dos 428 veículos acessíveis”, diz Júnior. A Agetran estima que, aproxi-
madamente, 1.200 viagens diárias sejam feitas por cadeirantes na cidade. Os veículos com elevador possuem dois lugares reservados ao portador de mobilidade reduzida. A manutenção dos equipamentos é de responsabilidade das concessionárias. “A legislação municipal exige duas vistorias ordinárias por ano, além do laudo técnico de oficina credenciada pelo Inmetro-MS, comprovando todos os itens de acessibilidade”, ressalta o secretário. Em Paulínia (SP), a 119 km da capital paulista, a frota começou a ser adaptada em 2009, com
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“A reformulação foi uma iniciativa da NELSON ALVES ARANHA NETO, SECRETÁRIO DE TRANSPORTES DE PAULÍNIA
ARQUIVO PESSOAL
OPINIÃO
Desafio da sociedade moderna CLARISSA BELEZA
“A Convenção da ONU (Organização das Nações Unidas) que trata dos direitos da pessoa com deficiência é o instrumento mais importante construído para dar cidadania a essa parcela populacional, que por um longo período viveu em situação de invisibilidade nas políticas públicas. Construir uma cultura de acessibilidade é um dos desafios da sociedade moderna. O acesso aos bens e serviços empodera e garante a todas as pessoas melhor qualidade de vida e, ainda, significativos avanços no ponto de vista social. Quando o assunto qualidade nos transportes é posto como tema principal de análises sob o foco das cidades, dois conceitos têm destaque: mobilidade e acessibilidade; quer enfocando o cidadão ou o veícu-
lo. Mas sempre cabe destacar que o veículo é encarregado de realizar o transporte dos cidadãos, seja ele coletivo ou individual. No dilema da qualidade dos transportes enfocando o cidadão e o veículo, devese garantir a resolução da dicotomia que existe dentro das cidades, oferecer condições para os cidadãos realizarem deslocamentos individuas de forma segura e dar condições para que o trânsito urbano seja o mais acessível possível e tenha boas condições de mobilidade. A Faders (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e Pessoas Portadoras de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul), em sua função de articular e desenvolver políticas públicas para pes-
soas com deficiência e pessoas com altas habilidades no Rio Grande do Sul, tem a percepção da necessidade de ampliar esse debate em todo o Estado. Ressignificar o passe livre, inclusive criando condições para sua unificação
em todo o país é um dos desafios atuais de todas as entidades que defendem os direitos das pessoas com mobilidade reduzida.” Diretora Faders
técnica
da
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prefeitura com a empresa que presta o serviço de transporte”
SECRETARIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
oito veículos. Hoje, a cidade possui 80% de acessibilidade, em uma frota de 50 veículos. “A reformulação foi uma iniciativa da prefeitura com a empresa que presta o serviço de transporte”, afirma Nelson Alves Aranha Neto, secretário municipal de Transportes. Segundo o secretário, 8.000 portadores de mobilidade reduzida (10% da população) utilizam o transporte coletivo de Paulínia. Toda a manutenção da frota é realizada pela concessionária. “A prefeitura faz diariamente a fiscalização, tanto referente à manutenção quanto ao cumprimento da tabela de horários”, diz Neto. A previsão é que, até o final deste ano, toda a frota de Paulínia esteja acessível ao portador de mobilidade reduzida. Porto Alegre iniciou a adaptação da frota em 1996. Atualmente, dos 1.650 ônibus coletivos em circulação, 540 são adaptados. Paulo César dos Santos Brum, secretário da Seacis (Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social), afirma que cada linha possui, ao menos, um veículo com elevador e lugares reservados ao portador de mobilidade reduzida. A expectativa da Seacis é que,
CIDADANIA A frota de Paulínia (SP) começou a ser adaptada em 2009
até 2014, 100% da frota porto-alegrense esteja adaptada. Brum acredita que a postura do poder concedente e da população em geral tem contribuído para que avanços na mobilidade do portador de deficiência sejam alcançados. “Há uma consciência assumida pela sociedade, e os administradores estão conscientes. Hoje, os ônibus que entram em circulação não saem da fábrica sem as adaptações.” Todos os terminais da capital gaúcha estão adequados para o acesso dos portadores de mobilidade reduzida. “Atualmente tramita na Câmara Municipal um proje-
to do Executivo que trata do plano diretor de acessibilidade de Porto Alegre. Ele prevê rotas e paradas acessíveis, adequação e normatização do mobiliário urbano, entre outros quesitos de mobilidade”, diz o secretário. A previsão é que o projeto passe por votação ainda neste semestre. Cláudio Silva, presidente da Faders (Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiências e Pessoas Portadoras de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul), afirma que Porto Alegre tem avançado muito
na adaptação dos ônibus do transporte coletivo. “Mas ainda é preciso pensar na articulação do sistema viário, pois a região metropolitana é muito dinâmica e as cidades muito próximas.” Ele acredita que a Copa do Mundo-2014 e as Olimpíadas-2016 podem contribuir para o avanço das cidades no que diz respeito à acessibilidade. “Os eventos vão atrair investimentos.” Cunha, da NTU, confirma que até o final deste ano 30 mil novos ônibus adaptados devem chegar às principais cidades brasileiras. l
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AVIAÇÃO
Conforto como diferencial Pesquisa desenvolvida pela Embraer com três universidades se propõe a melhorar a viagem dos passageiros POR LETICIA
conforto durante o voo é um desejo antigo de passageiros e profissionais do modal aeroviário. Muito já se discutiu sobre o tema e algumas fabricantes como Boeing e Airbus apostaram em superaviões para proporcionar, entre outros itens, como tecnologia e alta capacidade, muita comodidade aos clientes e à tripulação. No Brasil, uma pesquisa iniciada pela Embraer em 2008 trata exclusivamente dos aspectos para criar aeronaves mais confortáveis
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SIMÕES
aos passageiros. O trabalho, primeiro do gênero no hemisfério sul, é desenvolvido em parceria com três universidades nacionais. A intenção é que os resultados obtidos possam ser aplicados para melhorias nas aeronaves em operação, como também nos novos modelos a serem produzidos. A Embraer escolheu instituições de ensino que já executaram parcerias com a empresa para desenvolver a pesquisa intitulada “Conforto e desing da cabine”. Estão envolvidas no
estudo a USP (Universidade de São Paulo), com os departamentos de Engenharia Mecânica e de Engenharia de Produção, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), com seu departamento de Engenharia de Produção, e a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), por meio do departamento de Engenharia Mecânica. “O projeto está dividido em pacotes de trabalho e são analisados aspectos como ergonomia, pressão de cabine, conforto térmico, ruído e vibrações.
Cada um deles tem um objetivo específico para gerar ferramentas que proporcionem conforto. Ao final do estudo, as tecnologias obtidas em cada pacote serão integradas”, explica o responsável técnico do programa, André Gasparotti, gerente de desenvolvimento tecnológico da Embraer. A pesquisa envolve mais de 50 profissionais, entre engenheiros da empresa, pesquisadores e alunos de pós-graduação das universidades. De acordo com Gasparotti, o
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FOTOS EMBRAER/DIVULGAÇÃO
PIONEIRISMO Coordenador Jurandir Itizo Yanagiahara (esq.) e parte da equipe que desenvolve a pesquisa
foco da pesquisa é entender como cada componente do voo é percebido pelo passageiro e, assim, chegar a um resultado que gere o maior grau de comodidade possível dentro da aeronave. “O estudo envolve ainda psiquiatras, já que uma das frentes propõe o monitoramento fisiológico do passageiro, como frequência cardíaca, sudorese e pressão arterial. Dessa maneira é possível avaliar as reações e como ele percebe o ambiente.” Para esse monitoramento, os pesquisadores selecionaram um
grupo de 540 voluntários que se cadastraram pela Internet. Eles realizaram viagens em voos comerciais em 11 modelos de aeronaves diferentes, pelas principais rotas nacionais. O grupo de estudos da UFSCar, coordenado pelo engenheiro mecânico e professor do departamento de Engenharia de Produção, Nilton Menegon, é responsável pelas pesquisas em ergonomia. Os pesquisadores aplicaram, durante as viagens feitas com os voluntários, dois questionários. Um deles no
saguão de 36 aeroportos brasileiros e respondido por 377 passageiros. O segundo, no interior das aeronaves e respondido por 291 passageiros em 40 trechos de voo. Nas listas de perguntas foi utilizada uma escala de dificuldade de 0 a 10. “O mesmo critério valeu para importância e desconforto”, diz Menegon. As respostas obtidas a partir da aplicação dos questionários no saguão dos aeroportos revelam que as atividades de embarque, acomodação e saída da aerona-
ve têm maior importância para os passageiros. Já nas questões relativas ao ciclo de voo, os questionários mostraram que os passageiros dão importância a atividades como o modo de alimentar-se, repousar e dormir, utilização de seus próprios dispositivos eletrônicos, leitura de jornais e revistas, informações sobre conexões e voos, acesso à Internet e controle e escolha de filmes, programas de televisão e canais de música. A perda de bagagem, o atraso ou o cancelamento no embarque, além do overbooking (volume de venda de passagens maior que o número de assentos disponíveis no voo), foram apontados como os itens de maior destaque no quesito desconforto. “Quando questionados acerca do desconforto no interior da cabine, itens como espaço disponível para as pernas, espaço pessoal, largura do assento, apoios para os pés, pescoço e cabeça, lombar e apoio individualizado para os braços, além do grau de inclinação da poltrona e o ato de entrar e sair dela, se destacaram das demais variáveis”, afirma Menegon. O professor conclui que a grande queixa das pessoas está relacionada ao “living space” – o espaço que o passa-
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SELO
Anac certifica poltronas que oferecem mais espaço A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) realizou entre 2006 e 2009, a pesquisa “Projeto Conhecer”, com o objetivo de fazer medições em aeronaves das duas maiores empresas aéreas brasileiras. Atualmente, essas companhias respondem por 86% do transporte aéreo nacional. Além desse levantamento, a agência coletou dados de 5.305 homens, entre 15 e 87 anos de idade, nos 20 principais aeroportos do país, abordando-os sobre o conforto das poltronas. O estudo demonstrou que 17 dos 22 modelos de assentos avaliados nessas empresas atendem a 95% dos passageiros. A menor distância entre as poltronas é de 73,6 centímetros. Entre os passageiros pesquisados, a estatura média é de 1,73 metros e apenas 8% têm acima de 65 centímetros de
comprimento entre a região glútea e o joelho. Em relação à largura do encosto do assento, o padrão utilizado pelas companhias brasileiras é de 45 centímetros, enquanto 70% dos passageiros pesquisados têm medidas maiores de largura entre os
ombros. De acordo com a autarquia, tanto a informação da distância das poltronas quanto a largura do assento receberam o Selo Dimensional Anac, que desde 2009 identifica as aeronaves das companhias aéreas brasileiras que oferecem mais espaço aos passageiros.
PROJETO CONHECER Estudo realizado pela Anac entre 2006 e 2009 avaliou o conforto dos assentos das duas maiores empresas aéreas brasileiras Universo pesquisado: 5.305 homens, entre 15 e 87 anos de idade Local: nos 20 principais aeroportos do país Menor distância entre as poltronas: 73,6 cm Estatura média dos passageiros pesquisados: 1,73 m Largura padrão do encosto do assento: 45 cm Resultado: 17 dos 22 modelos de assentos avaliados atendem a 95% dos passageiros Fonte: Anac
EQUIPAMENTO
geiro tem para agir no interior da aeronave. “É preciso criar novos conceitos para mitigar as questões de falta de espaço ou ampliar, sem consumir volume da aeronave.” Filmagens durante os voos também foram feitas para avaliar o comportamento do passageiro. De acordo com o engenheiro, tais observações ainda estão sendo analisadas. A partir deste mês, o foco do grupo encarregado pelas pesquisas ergonômicas será a análise sobre a distância entre
os assentos e o entretenimento durante a viagem. “Serão realizadas diferentes combinações entre os dois itens e o quanto eles interferem na percepção dos passageiros.” Essa fase deverá ser concluída em setembro. O engenheiro mecânico Jurandir ItizoYanagihara, professor titular do departamento de Engenharia Mecânica da USP, é o coordenador geral da pesquisa. Ele afirma que o conforto passou a ser uma prioridade nos projetos de aeronaves comer-
ciais e, por esse motivo, considera o estudo proposto pela Embraer bastante pertinente. Ele diz que, no início da aviação comercial, a principal preocupação no desenvolvimento de uma aeronave era garantir a segurança. “Em função disso, os primeiros aviões eram bastante desconfortáveis. Depois, o foco passou a ser a economicidade e somente nos últimos dez anos o atributo do conforto passou a ser reconhecido como um importante diferencial no mercado da aviação civil”, afirma.
Segundo Yanagihara, essa nova leitura explica os investimentos em comodidade realizados pelas grandes fabricantes de aeronaves em seus projetos. O engenheiro confirma que o estudo da Embraer já produziu diversos resultados técnicos importantes e inéditos, mas ratifica que a publicidade dos dados só será feita depois da conclusão do trabalho, prevista para meados de 2012. Segundo ele, as informações de caráter científico serão divulgadas em revistas especializadas e em congressos.
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EXPERIÊNCIA DE VOO Itens causadores de desconforto em viagens Extra voo • Perda de bagagem • Atraso • Cancelamento • Overbooking Ciclo do voo • Pouco espaço para agir dentro da aeronave • Espaço insuficiente para as pernas e para os apoios de pés, pescoço, cabeça e lombar • Largura pequena do assento Fonte: UFSCar
Simulador instalado na USP é idêntico aos jatos das séries 170 e 190 da Embraer
Os resultados práticos serão apropriados pela Embraer. O engenheiro adianta que um simulador de voo, cujo interior é idêntico aos jatos das séries 170 e 190 da Embraer, foi construído para dar sequência à pesquisa. O equipamento, instalado na USP, tem capacidade para 30 passageiros. “Todas as condições de um voo real serão recriadas, como ambiente térmico, ruído, vibração e pressão. Além disso, o simulador contará também com uma sala de embarque que vai ajudar na
ambientação dos passageiros antes dos testes”, diz. As avaliações no equipamento começam ainda este mês. “Outras pesquisas relacionadas ao micro-clima térmico e também à utilização de realidade virtual para estudo de aspectos psico-fisiológicos já estão em andamento”, ressalta. Ele destaca que poucas experiências similares foram executadas mundo afora. “O conforto em uma aeronave é um problema multidisciplinar bastante complexo. A expectativa da
equipe é que os resultados da pesquisa tenham um impacto significativo no ciclo de projetos dos aviões Embraer.” A equipe da UFSC foi responsável pela elaboração do mockup (maquete em tamanho natural), também instalado na USP, que vai integrar todas as tecnologias desenvolvidas durante a pesquisa no estudo final dos levantamentos. O engenheiro mecânico e aeronáutico Samir Nagi Yousri Gerges, que lidera o grupo catarinense, afirma que os próximos passos serão
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empregar os resultados obtidos nos testes que serão realizados nos equipamentos, além de concluir os estudos para fornecer resultados mais precisos. “A pesquisa de conforto tem o objetivo de gerar inovação tecnológica para a Embraer. Com os resultados, a empresa pode se manter à frente dos concorrentes e criar recursos super qualificados para futuros projetos”, afirma. Gasparotti, da Embraer, explica que a fase final do projeto será iniciada com as experiências no simulador, onde será possível aplicar os resultados já obtidos e desenvolver outras ferramentas para assegurar maior conforto aos passageiros. Foram investidos na pesquisa “Conforto de cabines”, aproximadamente, R$ 8 milhões. A Embraer contou com o financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para o estudo, com um aporte de R$ 3,2 milhões. Para o coordenador da pesquisa, Jurandir Yanagihara, o estudo vai além de seu principal objetivo. “Esse processo é muito recompensador para todos, pois o conhecimento produzido e a mão de obra formada contribuem para o aumento da competitividade da indústria brasileira.” l
Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT e pelo Sest Senat, pela CNT e Sest Senat, consolida-se como iniciativa sustentรกvel do setor
Quatro anos de
JÚLIO FERNANDES/CNT
DESPOLUIR
POR CYNTHIA CASTRO
Despoluir – Programa Ambiental do Transporte - completa quatro anos neste mês de julho, consolidado como uma ação eficiente pelo desenvolvimento sustentável. Desde 2007, a CNT e o Sest Senat têm desenvolvido uma série de projetos com os objetivos de melhorar o desempenho ambiental do setor transportador e transformar os trabalhadores em multiplicadores da educação ambiental. No primeiro grupo de ações implementadas, há três projetos principais: Redução da Emissão de Poluentes por Caminhões e Ônibus, Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo Setor Transportador e Aprimoramento da Gestão Ambiental das Empresas de Transporte. No segundo grupo, estão os projetos Trabalhadores em Transporte Amigos do Meio Ambiente, as premiações ambientais para reportagens jornalísticas e estudos acadêmicos e ainda a divulgação de assuntos relevantes sobre o tema na revista CNT Transporte Atual e no site www.cntdespoluir.org.br. Um dos resultados mais expressi-
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DEPOIMENTOS
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Qualquer iniciativa nesse sentido, de chamar atenção para um problema, é bem-vinda. É sempre positivo promover o esclarecimento, a conscientização
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SUZANA KAHN, PROFESSORA DA COPPE
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O Despoluir é fantástico. No Rio, é reconhecido pelos órgãos ambientais para a emissão do selo verde. É um programa que está expandindo
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EDUARDO REBUZZI, PRESIDENTE DA FETRANSCARGA
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O setor está se mobilizando em atividades de gestor do gerenciamento de resíduos que gera. Todas as ações têm sido muito educativas
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ZILDA MARIA FARIA VELOSO, GERENTE DE RESÍDUOS PERIGOSOS DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
DEBATE
Participação em políticas públicas Além de mobilizar os trabalhadores do transporte, o Despoluir tem uma participação ativa na formulação de políticas públicas ligadas a transporte e meio ambiente. Neste ano, por exemplo, a equipe do programa está trabalhando com os ministérios dos Transportes e do Meio Ambiente no detalhamento do plano setorial do transporte, que integra a PNMC (Política Nacional sobre Mudança do Clima). O Despoluir tem uma atuação importante no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Atualmente, participa de duas câmaras técnicas: a de Controle e Qualidade Ambiental e a de Saúde, Saneamento Ambiental e Gestão de Resíduos. Entre os temas discutidos, estão gestão de material de dragagem, máquinas agrícolas e rodoviárias, gerenciamento de resíduos sólidos de portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários. O programa também está inserido nas discussões do Proconve
(Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e do Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Similares). Nos últimos anos, a CNT, por meio do Despoluir, participou da formulação de resoluções importantes, como a nº 418/2009 (que abrange os programas de inspeção e manutenção de veículos em uso) e a das fases P7 e P6 do Proconve. Essas fases preveem a redução das emissões, com a introdução de novas tecnologias nos veículos pesados e leves que saem de fábrica. Discussões, em parceria com os órgãos governamentais, têm sido realizadas também na sede da confederação, como os PCPVs (Planos de Controle de Poluição Veicular) e a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos). A CNT faz parte do grupo de trabalho que discute o descarte de embalagem de óleo lubrificante, no âmbito da PNRS.
AFERIÇÃO Já foram aferidos 480
vos do Despoluir pode ser constatado nos números do projeto de redução de emissões. Já foram feitas mais de 480 mil aferições de caminhões e ônibus, com a participação de 15 mil transportadores. São mais de 7.000 empresas envolvidas, milhares de caminhoneiros autônomos atendidos e 21 federações participantes.
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GRUPOS DE PROJETOS DO DESPOLUIR TRANSPORTE Objetivo: Melhorar o desempenho ambiental do setor Projeto 1: Redução de Emissão de Poluentes pelos Veículos • Promover a redução de poluentes atmosféricos emitidos pelos veículos, contribuindo com a sociedade para a melhoria da qualidade do ar e o uso racional de combustíveis Projeto 2: Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo Setor Transportador • Reduzir a emissão de poluentes por meio da utilização de biocombustíveis, hidrogênio, energia elétrica, entre outros combustíveis ambientalmente adequados Projeto 3: Aprimoramento da Gestão Ambiental nas Empresas de Transporte • Promover a gestão ambiental como parte integrante da estratégia das empresas de transporte e incentivar iniciativas voluntárias de certificação, regulação e capacitação na área de gestão ambiental CIDADANIA PARA O MEIO AMBIENTE Objetivo: Transformar os agentes do setor em multiplicadores da educação ambiental para toda a sociedade
mil caminhões e ônibus; proposta traz benefícios ambientais e econômicos
Com o uso do equipamento opacímetro, é feita a aferição veicular e medido o nível de fumaça emitido por esses veículos. Aqueles que estão emitindo dentro dos limites permitidos pela legislação recebem um selo do Despoluir. Além de contribuir para a redução da emissão de poluentes, melhorando a questão ambiental, a iniciati-
va também incentiva a redução de custos para os transportadores e autônomos. Se o veículo estiver bem regulado, emitirá menos fumaça e gastará menos combustível. “Esse programa é extremamente importante e demonstra a preocupação do transportador com a questão ambiental, além de gerar economia de combustível. Nesses
Projeto 1: Trabalhadores em Transporte Amigos do Meio Ambiente • Transformar o caminhoneiro, o taxista e o trabalhador em transporte em disseminadores de boas práticas ambientais, envolvendo-os na luta pela conservação do meio ambiente Projeto 2: Site do Despoluir e revista CNT • Subsidiar o setor e a sociedade com a divulgação de informações para o desenvolvimento de programas e projetos ambientais • Sensibilizar para os problemas ambientais e estruturar canais de acesso às informações ambientais Projeto 3: Prêmios ambientais • No Prêmio CNT de Jornalismo, anual, há a categoria Meio Ambiente • Também há a categoria Meio Ambiente no Prêmio CNT de Produção Acadêmica
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ALGUMAS AÇÕES E PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR Em 2012, está prevista para entrar em vigor a fase P7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) para veículos pesados. O Despoluir elaborou a publicação A Fase P7 do Proconve e o impacto no Setor de Transporte com o objetivo de disseminar informações importantes, apresentando as novas tecnologias e as implicações da P7 em relação aos veículos, combustíveis e ganhos ambientais.
Foi realizada a Sondagem Ambiental do Transporte para conhecer as ações ambientais desenvolvidas pelas empresas de transporte rodoviário. A pesquisa pode subsidiar a estruturação de projetos e ações estratégicas voltadas ao atendimento das necessidades e expectativas das empresas e da sociedade em relação à contribuição do setor para a melhoria do meio ambiente.
quatro anos, estamos aumentando a adesão dos transportadores brasileiros e contribuindo para a mudança de mentalidade, mais voltada para o desenvolvimento sustentável”, afirma o senador Clésio Andrade, presidente da CNT e do Sest Senat. Segundo Clésio Andrade, a intenção é capacitar melhor as empresas, treinar os técnicos e elevar o número de informações para que os transporta-
dores se adequem e consigam atender às demandas ambientais. A capacitação e a educação ambiental são prioridades do Despoluir. Um dos projetos é o Trabalhadores em Transporte Amigos do Meio Ambiente. São realizados cursos e palestras com o objetivo de transformar o caminhoneiro, o taxista e outros trabalhadores em transporte em disseminadores de boas práticas
O Brasil tem uma frota de veículos, especialmente a de caminhões, com idade avançada, o que gera problemas ambientais, econômicos e sociais. Foi realizado na CNT o Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota: as experiências internacionais e os desafios brasileiros. Após o evento, foi elaborado esse documento com as diretrizes levantadas.
No Relatório de Pesquisa A Adição do Biodiesel e a Qualidade do Diesel no Brasil, a CNT e o Sest Senat, por meio do Despoluir, demonstram o acompanhamento da evolução e da qualidade do diesel brasileiro. Especialmente quanto ao teor do enxofre e à obrigatoriedade da adição de biodiesel no diesel comum de origem fóssil.
ambientais. Os profissionais aprendem a agir como vigilantes do meio ambiente, informando sobre queimadas, denunciando crimes ambientais, entre outras ações. “O programa busca o engajamento das empresas, dos caminhoneiros autônomos, dos taxistas, trabalhadores em transporte em geral e da sociedade na conservação do meio ambiente”, diz Clésio Andrade.
Nesses quatro anos de funcionamento, o Despoluir inseriu o setor de transporte na pauta ambiental sob uma nova ótica e consolidou a atuação da CNT como líder nessa área. O reconhecimento sobre a relevância do trabalho extrapola o setor privado e chega até mesmo aos órgãos governamentais. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou à CNT Transporte
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DEPOIMENTOS
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Sou fã incondicional do Despoluir. O programa é uma das iniciativas mais importantes da CNT e tem contribuído para a imagem do setor em relação ao meio ambiente CARLOS KNITTEL,
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O conteúdo do Caderno Oficina Nacional Transporte e Mudanças Climáticas é resultado do esforço de 89 representantes de 56 organizações relacionadas com o setor de transporte, reunidos na oficina realizada na sede da CNT, em Brasília.
PRESIDENTE DA FETRABASE
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O Despoluir aproximou a CNT, por meio do Sest Senat e da federação, do empresário. Isso é extremamente positivo
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CARTILHAS Foram elaboradas para serem utilizadas nas ações de conscientização ambiental dos caminhoneiros, trabalhadores em transporte em geral, passageiros e toda a sociedade.
No documento Mudança Climática e o Transporte Brasileiro rumo à COP 15, o setor apresentou sua contribuição para a atuação da delegação brasileira na Conferência das Partes das Nações Unidas para Mudança do Clima, a COP 15, em Copenhague. O documento contém questões relevantes sobre transporte e mudança do clima.
VICTORINO ALDO SACCOL, PRESIDENTE DA FETERGS
Além dos projetos operacionais, voltados diretamente para a redução da emissão de poluentes, a CNT tem participado, por meio do Despoluir, das principais discussões nacionais que envolvem o setor. A confederação participa tanto da elaboração de políticas públicas (leia na página 46), como leva aos representantes do setor informações sobre os assuntos de interesse. No último mês de junho, foi
realizado na sede da confederação, em Brasília, o Seminário sobre Logística Reversa e o Setor de Transporte. As informações mais relevantes sobre a recém-aprovada Política Nacional de Resíduos Sólidos e suas implicações foram debatidas no seminário. Na ocasião, o presidente do CLRB (Conselho de Logística Reversa do Brasil), Paulo Roberto Leite, destacou a importância de o setor de transporte estar buscando
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O Despoluir mostra que o setor sabe de suas responsabilidades e responde com ações práticas para reduzir as emissões. No Espírito Santo, as empresas que recebem nível ótimo são premiadas
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Atual que “iniciativas voluntárias de monitoramento, como o Despoluir, em conjugação com os programas governamentais, como o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), complementam-se na questão do controle da poluição atmosférica por poluentes locais e da redução das emissões de gases de efeito estufa” (leia entrevista na página 8).
LUIZ WAGNER CHIEPPE, PRESIDENTE DA FETRANSPORTES
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DEPOIMENTOS
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AÇÃO
O empresário está incorporando o Despoluir no seu trabalho. E os motoristas de ônibus e caminhão também estão mais conscientes
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WALDEMAR ARAÚJO, PRESIDENTE DA FETRAM
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Temos a preocupação de estimular o empresário de transporte a preocupar-se com o problema do meio ambiente
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NEWTON GIBSON, VICE-PRESIDENTE DA CNT E PRESIDENTE DA FETRACAN
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O Despoluir é um programa ligado à atualidade. Tem tido repercussão fantástica no Nordeste, inserindo o setor na questão ambiental
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EUDO LARANJEIRAS, PRESIDENTE DA FETRONOR
Investimento em gestão ambiental O Despoluir está intensificando as medidas para mostrar aos transportadores que gestão ambiental é fundamental para se manter e se destacar no mercado. Há várias iniciativas para ajudá-los a implantar ações. Serão elaborados materiais informativos, banco de dados, como também será oferecido apoio técnico às empresas que buscam implementar a gestão e sempre se adequar às normas ambientais. Está em desenvolvimento um manual de Orientações de Conservação e Reúso da Água para o Setor de Transporte Rodoviário. O objetivo é disseminar a importância da implementação de um plano de conservação e reúso do recurso hídrico, mostrando seus benefícios ambientais e econômicos.
O Despoluir acompanha a evolução e a qualidade do diesel brasileiro. A adoção de 5% de biodiesel no diesel (B5) começou a vigorar em 2010. O B5 é mais suscetível à contaminação e, para apresentar os cuidados, está sendo desenvolvido um manual técnico sobre os procedimentos necessários para que a qualidade do combustível seja mantida. Essas e outras ações são estruturadas a partir do resultado da Sondagem Ambiental do Transporte. A pesquisa identificou ações ambientais desenvolvidas pelas empresas de transporte rodoviário. O Despoluir também desenvolveu a pesquisa “A Adição do Biodiesel e a Qualidade do Diesel no Brasil”. COMBUSTÍVEL LIMPO
esclarecer o tema nesse período de implantação das primeiras medidas necessárias. A gerente de resíduos perigosos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Maria Faria Veloso, também afirmou que é visível a melhoria na conscientização dos profissionais do transporte a partir das ações do programa ambiental da CNT e do Sest Senat. “Eu acompanho o trabalho do Despoluir desde que foi lançado e acho que é uma tarefa proativa importante. Agora, o setor está se mobilizando em
atividades de gestor do gerenciamento de resíduos que gera. E todas as ações têm sido muito educativas.” Outras discussões importantes promovidas na sede da CNT em Brasília, no âmbito do Despoluir, foram o Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota: as Experiências Internacionais e os Desafios Brasileiros, em 2010; e a Oficina Nacional Transporte e Mudanças Climáticas, em 2009. Na oficina, foi elaborado um documento com as sugestões
do setor sobre o que precisa ser feito para reduzir o processo de mudança do clima. Esse documento foi entregue ao governo federal como uma contribuição à delegação brasileira que participou da Conferência das Partes das Nações Unidas para Mudança do Clima, a COP 15, em Copenhague, no final de 2009 No seminário internacional, representantes da Espanha, México e Argentina mostraram o que tem sido feito nesses países pela renovação de frota de caminhões
INCENTIVO JÚLIO FERNANDES/CNT
Sest Senat fortalece programa As ações do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte – ganham ainda mais força com a participação das unidades do Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte). No Rio Grande do Sul, o Despoluir tem expandido suas atividades. Atualmente, há três unidades de aferição (com veículo, opacímetro, entre outros equipamentos) em Porto Alegre e Carazinho, no noroeste do Estado. “Por meio do Sest Senat, temos mais facilidade de chegar ao público-alvo – empresas, motoristas de caminhão e ônibus, autônomos, taxistas”, diz o diretor da unidade de Porto Alegre e coordenador do Despoluir no Rio Grande do Sul, pelo setor de cargas, Carlos Becker Berwanger. De acordo com Becker, as aferições são realizadas nas
unidades do Sest Senat ou nas empresas parceiras. Ele destaca que tem percebido uma maior preocupação dos empresários e também dos motoristas autônomos em manter os veículos regulados, emitindo menos poluentes e gastando menos combustível. A Transportes Spolier, localizada na região metropolitana de Porto Alegre, é uma das empresas parceiras do Despoluir. A cada mês, são aferidos entre 18 e 22 veículos, conforme informa o encarregado de qualidade e segurança da empresa, Sérgio Osório Diniz. Em alguns meses, chegam a ser aferidos até mais de 30 veículos. “Essa ação do Despoluir é muito importante, pois o teste de opacidade é imprescindível. Primeiro pelo aspecto do meio ambiente, da saúde. Isso é indiscutível. E também pelo aspecto econômico”, diz Diniz.
Despoluir realizou pesquisa sobre adição do biodiesel e qualidade do diesel no Brasil
e reciclagem dos materiais. Foram cerca de 170 participantes. Os objetivos foram conhecer as experiências internacionais bem-sucedidas em reciclagem de veículos, identificar desafios brasileiros e fortalecer a discussão do tema no Brasil. O vice-presidente da CNT, Newton Gibson, ressalta a importância das ações do programa instituído há quatro anos. “Temos a preocupação de estimular o empresário de transporte a preocupar-se com o problema do meio
ambiente. As aferições promovidas pelo Despoluir são fundamentais dentro desse propósito. Mas o programa tem desenvolvido outras ações muito importantes.” Comunicação Outros mecanismos de divulgação das ações e informações relacionadas a transporte e meio ambiente são a revista CNT Transporte Atual e o site do programa, www.cntdespoluir.org.br. Diariamente, o site é atualizado com reportagens e outras informações relevantes sobre o tema.
A revista publica mensalmente assuntos de meio ambiente. No Prêmio CNT de Jornalismo, que todos os anos oferece R$ 90 mil para as melhores reportagens sobre transporte, há a categoria Meio Ambiente. Na última edição, em 2010, venceu uma matéria veiculada na Internet, que abordava os benefícios do uso da bicicleta. No Prêmio CNT de Produção Acadêmica, também anual, há uma categoria para trabalhos científicos sobre transporte e meio ambiente. A professora da Coppe (Coordenação dos Programas
de Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Suzana Kahn, destacou a importância de se pensar em soluções de transporte e meio ambiente. Ao comentar sobre o Despoluir, Suzana diz que é sempre positivo promover o esclarecimento, a conscientização. “Qualquer iniciativa nesse sentido, de chamar atenção para um problema, é bem-vinda”, afirma Suzana, que foi secretária de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente. l
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AQUAVIÁRIO
POR
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nvestimento nas obras de dragagem, necessidade de maior participação nos CAPs (Conselhos de Autoridade Portuária) e redução de gargalos burocráticos e de acesso foram algumas reivindicações feitas ao secretário-executivo da SEP (Secretaria de Portos), Mario Lima, no mês de junho. Ele se reuniu com representantes do modal aquaviário, na sede da CNT, em Brasília. No encontro, foram repassados pedidos que já tinham sido feitos ao ex-ministro Pedro Brito e levadas novas reivindicações. O secretário-executivo se comprometeu em avaliar as questões do setor, e uma segunda reunião ficou agendada para o início de agosto. “O desenvolvimento portuário nacional se fará dentro do perfeito entendimento entre os agentes de navegação, armadores, autoridades portuárias envolvidas. A
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CNT é ente agregador dessas entidades. E, naturalmente, com diálogo junto ao governo federal e a Secretaria de Portos, teremos um grande resultado”, avaliou o secretário-executivo. O vice-presidente da CNT, Meton Soares, afirmou que há um problema sério ocorrendo dentro dos CAPs e disse que é necessária maior participação de sindicatos de diferentes partes do Brasil nos conselhos. “O CAP define as posições políticas, administrativas, de trabalho. É fundamental que todas as pessoas assentadas ali sejam pessoas certas, que tenham conhecimento e vivência do problema em cada porto, em cada local”, afirmou Meton Soares. Também presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), Meton Soares afirmou que é preciso haver integração maior entre os
Reivindi
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Em reunião na CNT, representantes do setor entregam ao secretário-executivo da SEP documento com pontos essenciais que requerem atenção
cações em pauta
“O secretário-executivo se interessou pelos pro METON SOARES, VICE-PRESIDENTE DA CNT
DESBUROCRATIZAÇÃO
Mais prazo para o Porto sem Papel Os agentes de navegação pediram à SEP (Secretaria de Portos) um prazo um pouco maior para a implementação do projeto Porto sem Papel, que prevê a desburocratização das operações portuárias, inicialmente em Santos, com a substituição do papel por sistemas informatizados de troca de informações. Uma portaria publicada no Diário Oficial da União em junho estabeleceu para 1º de agosto a data limite para que o sistema esteja funcionando plenamente. A Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima) está pedindo que esse prazo seja estendido para três meses, a partir da publicação da portaria. “É um prazo justo. Não é folgado demais, mas é razoável para os dois lados para que sejam feitos todos os ajustes necessários”, disse o presidente da Fenamar, Glen Gordon Findlay, também presidente da seção de transporte aquaviário da CNT. De acordo com Findlay, a Fenamar participa do desenvolvimento do Porto sem Papel, que deverá trazer benefícios para os portos brasileiros. Mas o presidente da federação destaca que a partir do momento em que o projeto é implementado, é neces-
sário um tempo maior para que o papel seja abandonado e o sistema informatizado passe a funcionar com eficiência. O projeto prevê o uso de um sistema de informação concentrador de dados portuários, para as autorizações de atracação, operação e desatracação no porto organizado. A proposta é promover a integração dos intervenientes do processo portuário. A partir de um portal de informações, funcionará uma janela única portuária, integrando em um único banco de dados as informações de interesse dos agentes de navegação e dos diversos órgãos públicos que operacionalizam e gerenciam as estadias de embarcações nos portos marítimos brasileiros. Os principais órgãos são a autoridade portuária, Receita Federal, Polícia Federal, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Ministério da Agricultura e Marinha do Brasil. Atualmente, o que ocorre é que quando a embarcação chega a um porto é necessário passar informações separadamente para cada um desses órgãos (e outros), sendo que muitas informações são repetidas. Há também o uso excessivo de papel nessas operações.
PNLP Plano Nacional de Logística Portuária pretende analisar o desempenho
Reunião na CNT abordou pelo menos
10 temas de importância
organismos para que sejam congregados os interesses de todos os sindicatos do Brasil. Durante a reunião, o setor defendeu uma maior participação de todas as entidades de classe nos CAPs. O secretário-executivo da SEP reconheceu que quanto mais representativo for o conselho, mais sucesso terá o porto. De acordo com o secretário, alguns sistemas precisam ser revistos. “Assumo o compro-
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blemas. A reunião foi excelente e acho que vamos ter sucesso” CEARÁPORTOS/DIVULGAÇÃO
PORTO DE SUAPE/DIVULGAÇÃO
do setor e traçar panoramas a curto, médio e longo prazos
misso de verificar esse assunto. Vamos criar uma comissão interna para resolver esses problemas.” Entre as reivindicações apresentadas pelas entidades do aquaviário ao secretário-executivo, está também a maior celeridade na implementação da dragagem nos portos, permitindo assim a melhoria dos acessos aquaviários. “O programa (de dragagem) está iniciado, mas ainda há preocupações.
Vitória, por exemplo, teve o edital de licitação cancelado. No porto de Cabedelo também há problemas”, disse o presidente da seção de transporte aquaviário da CNT, Glen Gordon Findlay, também presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima). Findlay destacou que os portos brasileiros precisam vencer os gargalos burocráticos que impedem o maior
DESAFIOS Portos precisam vencer gargalos burocráticos e de acesso
“O programa (de dragagem) está iniciado, mas ainda há preocupações” GLEN GORDON FINDLAY, PRESIDENTE DA FENAMAR
crescimento das atividades. Ele citou uma visita ao porto de Cingapura. “Perguntamos quanto tempo a carga de importação fica no porto após a descarga e nos informaram que são, no máximo, dois dias. No Brasil, a média ainda é dez ou até 12 dias.” A importância de se viabilizar alterações no sistema de praticagem foi outro ponto destacado durante a reunião das entidades do setor aquaviário
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PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES Confira o que esteve na pauta da reunião entre a SEP e setor aquaviário Dragagem: manutenção e aprofundamento • Algumas obras foram iniciadas e estão em adiantado estado de conclusão (como Itajaí, Santos, Recife) • Preocupação com portos como o de Vitória, Cabedelo, Rio Grande e Maceió CAP: participação dos agentes marítimos e outros representantes do setor • Fenamar reivindica assento • Existe uma experiência de sucesso, como convidado, no porto de Fortaleza, e há expectativa de ver o mesmo ocorrendo nos demais portos • Revisão imediata da norma que trata do CAP, de forma que todas as entidades de classe, mesmo que por representação da Fenavega ou da CNT, possam ser representadas Autoridades portuárias: atuação nos gargalos locais • Há gargalos como sobrecarga nos acessos terrestres e ferroviários dos portos de Santos e Itajaí; no porto de Vitória, há necessidade de investimento em guindastes Porto sem Papel: situação e expectativas • Maior participação da Fenamar • Extensão da data de início do uso obrigatório de todos os sistemas Gargalos burocráticos • Prohage (Programa de Harmonização das Atividades dos Agentes de Autoridade nos Portos) pode ajudar Greves nos portos • Cadastramento, pelas autoridades, de empresas e profissionais aptos a atuarem na prestação de serviços, em casos de greve • Que os órgãos de governo que atuam nos portos sejam considerados como atividades essenciais, com restrições à possibilidade de greve Praticagem • Necessidade de um projeto em discussão na Secretaria de Portos sobre a atuação dos práticos • Há críticas sobre os custos PNLP • De que forma o agente marítimo pode participar mais do Plano Nacional de Logística Portuária? ETC (Estação de Tratamento de Cargas) • Adequação de legislação para que a ETC possa se estabelecer dentro ou fora do porto organizado, independentemente da propriedade do terreno, bastando comprovação de posse ou de contrato de aluguel • Trabalho em conjunto da Secretaria de Portos com a Antaq, visando alterar áreas de portos organizados pelo Brasil Fontes: Fenamar e Fenavega
PARCERIA Para resolver os
com o secretário-executivo da SEP. Um representante do Centronave (Centro Nacional de Navegação), José Di Bella, afirmou que 53% dos custos de alguns armadores são em relação à praticagem. “Nos portos de Santos e do Rio de Janeiro, são R$ 52 mil por manobra em navios de cruzeiro. Em Barcelona (na Espanha), por exemplo, são
2.800 euros”, disse Di Bella. Prático é o profissional que auxilia o comandante do navio nas manobras de entrada e saída nos portos. Todos os navios, de cruzeiro ou de carga, precisam da atuação do prático. PNLP Os representantes do setor aquaviário também reivindica-
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PORTO DE ITAQUI/DIVULGAÇÃO
problemas portuários, secretário-executivo da SEP considera importante trabalho em conjunto com a CNT
“A capacidade de capilaridade (da CNT) no setor é fundamental” MARIO LIMA, SECRETÁRIO-EXECUTIVO DA SEP
ram com o secretário-executivo da SEP que o setor continue colaborando com a elaboração do PNLP (Plano Nacional de Logística Portuária). Segundo Glen Gordon Findlay, na primeira fase do projeto, dos levantamentos, o setor teve uma participação. E a Fenamar gostaria de continuar contribuindo nos próximos estágios, de implementação.
Durante a reunião, o secretário-executivo da SEP disse que pretende ouvir o setor de transporte em relação ao plano. “A CNT é um órgão empresarial dos mais importantes do país. Congrega toda a área de transporte – rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial. A sua capacidade de capilaridade no setor é fundamental nesse processo. Nenhuma estrutura governa-
mental terá seu efeito se não tiver o ajuste com o meio empresarial.” O PNLP pretende analisar o desempenho atual do setor e traçar um panorama a curto, médio e longo prazos. No lançamento da proposta, no governo federal anterior, a intenção era garantir que projetos, análises e prognósticos possam servir de base para futuros investimentos – todos desenvolvidos sob a ótica da melhor técnica de planejamento. Para o desenvolvimento do projeto, foi feita uma parceria com a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), com o porto de Roterdã (na Holanda) e diversos consultores também participam. De acordo com o secretário-executivo, o PNLP é a iniciativa mais importante na direção da modernização do sistema portuário. “O resultado disso, que conta com o diagnóstico da situação dos portos, será um redirecionamento do crescimento. Dará instruções de como avançar na questão desses portos, na direção da atualização, expansão, quais os investimentos públicos necessários.” l
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FERROVIÁRIO
m dos eventos de maior destaque do modal ferroviário brasileiro chega à sua terceira edição este ano. Organizado pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), o Encontro de Ferrovias 2011 será realizado em Vitória (ES), entre os dias 10 e 12 de agosto. Nesta edição, as principais discussões serão em torno do tema “Inovações Tecnológicas do Sistema Ferroviário de Carga no Brasil de 2010 a 2011”. A assessora de suprimentos da ANTF, Kleane Pessoa, diz que a ideia do encontro surgiu da necessidade de apresentar casos de sucesso desenvolvidos ou implantados nas ferrovias brasileiras, permitindo a todo o setor o acesso aos projetos. A iniciativa partiu das próprias concessionárias. “Dessa maneira, o modal tem a possibilidade de disseminar melhores práticas. O evento é a grande oportunidade para a troca de experiências, conhecimentos, ideias e sugestões entre as operadoras, o meio acadêmico e a indústria ferroviária.” A expectativa, segundo Kleane, é consolidar os traba-
U
Tecnologia em discussão Encontro de Ferrovias será realizado em agosto e debaterá as inovações do setor POR LETÍCIA
lhos que serão apresentados. A compilação pode servir de modelo para que as ações sejam aplicadas nas operações do sistema. A organização estima que mais de 700 participantes estejam presentes nesta edição do encontro. As concessionárias têm liberdade para eleger a equipe e o tipo de apresentação que levarão ao encontro. A MRS Logística pretende apresentar trabalhos de várias áreas da empresa. “A presença maciça das concessionárias, com seus respectivos presidentes, que muitas vezes apresentam projetos, oferece respaldo ao evento”, diz José
SIMÕES
Geraldo Ferreira, consultor ferroviário da operadora. Na opinião de Ferreira, o encontro traz a confirmação de que as ações desenvolvidas dentro de uma determinada concessionária podem dar certo em outras. “O principal objetivo do evento é essa troca, que estimula novos desafios para todo o modal.” Segundo ele, a MRS investe constantemente em tecnologia. “A empresa implantou um novo sistema de sinalização e introduziu novos computadores de bordo para garantir melhor controle da operação.” O consultor destaca que,
antes de empregar recursos em melhorias tecnológicas, a concessionária busca aperfeiçoar os processos atuais com inovações na própria gestão operacional. Para o presidente da Ferroeste, Maurício Querino Theodoro, o Brasil está em busca de modernizar seu sistema ferroviário. “O país vive a tentativa de recuperar o tempo perdido com a falta de investimentos no modal. Por isso, as concessionárias têm de se adaptar às novas tecnologias.” Para Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria
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PRESENÇA Encontro realizado em 2010; este ano a estimativa é superar 700 participantes
Ferroviária), a indústria nacional tem oferecido as melhores tecnologias ao setor. “As locomotivas fabricadas no Brasil têm alta potência e são idênticas às usadas em outros países. As empresas brasileiras não devem nada à indústria externa em termos tecnológicos”, diz. Hoje, são fabricadas no Brasil, locomotivas de até 4.400 HP de potência. De acordo com Abate, o setor tem evoluído tecnologicamente e o Encontro de Ferrovias permite que toda a cadeia conheça os projetos em desenvolvimento.
O evento também vai focar nas discussões acerca da sustentabilidade e da logística. Theodoro, da Ferroeste, afirma que todas as ferrovias devem ancorar seus projetos em ações ambientalmente sustentáveis. “O modal ferroviário tem a preocupação de manter em equilíbrio a relação com o meio ambiente, sem causar grandes impactos. Aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais têm de estar interligados para assegurar o êxito de toda a operação.” O dirigente vê com otimismo o atual momento do modal. Atualmente, a
Ferroeste se empenha em um projeto de expansão de suas linhas. “O estudo de viabilidade de um ramal ligando Cascavel (PR) a Guaíra (PR) e a Maracaju, no Mato Grosso do Sul, está sendo analisado pela Valec. O projeto contempla ainda o ramal entre Guarapuava (PR) e o Porto de Paranaguá”, afirma. De acordo com Theodoro, a intervenção vai modernizar o trecho, além de eliminar um gargalo histórico da região. “A partir da expansão, o transporte de commodities para os terminais paranaenses vai se tornar mais eficiente.” Abate, da Abifer, garante que
a indústria ferroviária está pronta para atender o aumento da demanda e afirma que a tendência é de que o crescimento do setor prossiga. “A capacidade de produção, por ano, é de 12 mil vagões; 150 locomotivas e 900 carros de passageiros. A indústria investiu R$ 1,1 bilhão em modernização e ampliação das fábricas existentes e na aplicação de tecnologia. O montante também foi aplicado na instalação de novos parques industriais.” De acordo com ele, o setor de cargas ferroviárias possui hoje mais que o dobro da medição de tonelagem que tinha antes das concessões. “Naquele período, o volume era de 253 milhões de toneladas transportadas. Em 2010, esse número chegou a 471 milhões de toneladas.” A expectativa da Abifer é de que, este ano, 530 milhões de toneladas de cargas sejam transportadas pelo modal ferroviário. l
SERVIÇO 3º Encontro de Ferrovias ANTF De 10 a 12 de agosto Valer Centro de Excelência em Logística, Vitória (ES) Informações: (61) 3226-5434
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CONGRESSO ABTC
Promovendo a integração O 12º Congresso Nacional Intermodal dos Transportadores de Cargas será em Belo Horizonte, em agosto POR
ções de sustentabilidade e transporte e aspectos importantes sobre o gerenciamento de empresas, logística e integração de modais são assuntos que estarão na pauta de discussão do 12º Congresso Nacional Intermodal dos Transportadores de Cargas. Representantes do setor, de diferentes regiões do Brasil, irão se reunir em Belo Horizonte, entre os dias 3 e 5 de agosto. As inscrições
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PAUTA Evento
CYNTHIA CASTRO
são gratuitas e podem ser feitas pelo site da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga): www.abtc.org.br. O presidente da associação, Newton Gibson, também vice-presidente da CNT, destaca que o Estado de Minas Gerais é muito importante para o desenvolvimento do transporte no país. Portanto, ele considera que discutir os temas relevantes do
setor em Belo Horizonte trará resultados positivos. “O Estado tem uma grande participação no transporte e precisamos valorizar isso. Minas é um Estado promissor, com grande desenvolvimento”, diz Gibson. No ano passado, o congresso foi realizado em Natal, no Rio Grande Norte. O evento acontece anualmente e tem como foco a promoção da intermodalidade. De acordo com o presidente da ABTC, a pro-
posta é mostrar a importância da logística e também da integração de todos os modais. “Procuramos destacar sempre a intermodalidade. Por isso, convidamos todos os segmentos de transporte a participarem, queremos agregar os modais”, afirma o presidente da ABTC. O doutor em planejamento de transportes e logística, Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral, fará uma palestra
PROGRAMA-SE Veja o que está previsto para o 12º Congresso Nacional Intermodal dos Transportadores de Cargas*
CÉLIO FREIRE/DIVULGAÇÃO
Quarta-feira (3 de agosto) 14h - Abertura da secretaria e credenciamento 18h - Abertura do congresso 18h30 - Entrega do Troféu "O Transportador" 19h - Abertura da Feira Automotiva e coquetel Quinta-feira (4 de agosto) 10h – Palestra: “A atuação do Brasil frente à crise econômica mundial: capacidade do país de enfrentar seus gargalos, aproveitar seu potencial e o papel do setor de transporte na construção do futuro” Palestrante: George Vidor, comentarista econômico da GloboNews 11h30 – Palestra Bradesco Cartões: “Uma solução inovadora de pagamento e gestão para o mercado de transportes de carga” Palestrante: Adriana Alves, gerente nacional de negócios/transporte & logística 12h - Almoço 14h – Painel: Transporte e Meio Ambiente 1º tempo: “Otimização da gestão pela implementação de boas práticas ao meio ambiente e a importância da incorporação da sustentabilidade nas empresas” Palestrante: Marilei Menezes, coordenadora de projetos especiais da CNT 2º tempo: “Logística reversa: desenvolvimento sustentável e políticas ambientais” Palestrante: Ailton Ricardo Fogos, chefe do Departamento de Encomendas dos Correios 15h30 - Coffee break 16h – Palestra: “Estratégia em tempos de crise” Palestrante: César Souza, presidente da Empreenda Consultoria e autor dos best sellers “Você é do tamanho de seus sonhos” e “Você é o líder da sua vida” 17h30 - Visita à Feira Automotiva Sexta-feira (5 de agosto) 9h30 – Palestra: “A logística como elemento de crescimento, competitividade e produtividade no século XXI” Palestrante: professor Paulo Resende, doutor em planejamento de transportes e logística, professor da Fundação Dom Cabral 10h30: Coffee break 11h – Palestra: “Velocidade das mudanças: o novo perfil da liderança” Palestrante: Carlos Alberto Júlio, professor da ESPM, FGV e FIA/USP e empresário 12h – Encerramento * A programação está sujeita a alterações Fonte: ABTC
no ano passado em Natal (RN); edição de 2011 discutirá a sustentabilidade
com o tema “A logística como elemento de crescimento, competitividade e produtividade no século 21”. O empresário e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Carlos Alberto Júlio, falará sobre “Velocidade das mudanças: o novo perfil da liderança”. Neste ano, o congresso da ABTC também terá uma forte abordagem sobre a temática meio ambiente e sustentabilidade. O
chefe do Departamento de Encomendas dos Correios, Ailton Ricardo Fogos, vai abordar o tema “Logística reversa: desenvolvimento sustentável e políticas ambientais”. No ano passado, foi aprovada no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A nova legislação determina a aplicação da logística reversa nas cadeias produtivas. Os produtos e resíduos precisam retornar após o consu-
mo, seja para reaproveitamento, reciclagem ou destinação ambientalmente adequada. “É muito importante que o transporte esteja atento às ações ambientais. Na CNT, desenvolvemos o Despoluir (Programa Ambiental do Transporte), que tem tido resultados bem positivos”, afirma Gibson. Um dos painéis de discussão do congresso abordará “Otimização da gestão pela implementação de boas práticas ao
meio ambiente e a importância da incorporação da sustentabilidade nas empresas”. Paralelamente às palestras, o encontro da ABTC terá uma exposição, a Feira Automotiva. Nela, poderão ser visitados estandes de empresas de produtos e serviços para o setor de transporte. Estarão lá representantes de importantes fabricantes de caminhões, implementos e distribuidores de combustíveis. l
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TRÂNSITO
Experiências de sucesso Especialistas apresentam soluções para reduzir o índice de fatalidades nos acidentes de trânsito POR LIVIA
omo reduzir o número de mortes no trânsito dentro e fora dos centros urbanos? Que tipo de ações devem ser realizadas para que os motoristas dirijam cada vez mais de forma consciente? As respostas para essas questões foram apresentadas durante o Fórum Volvo – OHL de Segurança no Trânsito 2011, realizado em Brasília, em junho. O evento, que contou com a participação de especialistas em trânsito de países como Austrália e Espanha, que conseguiram melhorar a qualidade de seus sistemas de transporte, teve como objetivo principal apresentar ações viáveis à realidade brasileira. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), os acidentes de trânsito são a nona causa de mortes no mundo.
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CEREZOLI
Anualmente, 1,3 milhão de pessoas morrem e de 20 milhões a 50 milhões ficam feridas. Estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas) e da OMS revelam que, se nada for feito para frear o ritmo das fatalidades, em dez anos, as mortes podem chegar a 2,4 milhões ao ano. Por aqui, a situação também é bastante alarmante. O Brasil ocupa o quinto lugar entre os recordistas em mortes no trânsito, atrás da Índia, China, Estados Unidos e Rússia, segundo o Informe Mundial sobre a Situação de Segurança no Trânsito, publicado em 2009, pela OMS. Os dados mais recentes do Sistema de Informação de Mortalidade, do Ministério da Saúde, mostram que, em 2008, foram registradas 38.273 mortes no trânsito brasileiro. O número de
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FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
vítimas não fatais chegou a 619.831. Entre os acidentes que mais matam estão os atropelamentos, os envolvendo motocicletas e as colisões frontais, contra objetos (árvores, postes) e em cruzamentos. “O que vem acontecendo no sistema viário do país é uma tragédia. Os carros aqui são iguais ao restante do mundo, mas os óbitos não”, afirma Eric Howard, consultor em segurança no trânsito do Banco Mundial e criador do conceito de abordagem sistêmica de segurança no trânsito (método de integração de várias instâncias nas questões relacionadas à segurança rodoviária), durante apresentação no fórum. De acordo com ele, é necessário construir uma cultura da obediência nos usuários do trânsito, sejam eles pedestres ou motoristas. E, para isso, precisa ser criado um sistema de gestão de segurança. Howard participou da implantação do programa Chegue Vivo, desenvolvido pelo governo da Austrália e responsável por reduzir em 20% as fatalidades causadas por acidentes de trânsito entre 2002 e 2007 no país. O consultor defende a redução das velocidades em todas as rodovias e vias urbanas. Segundo ele, para cada quilômetro por hora a mais que um veículo se locomove, aumentam-se entre 4% e 5% as chances de ocorrer um acidente fatal. “Há alguns anos, a velocidade em algumas vias da Austrália pas-
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“Os carros aqui ERIC HOWARD, CONSULTOR DO BANCO MUNDIAL
OBJETIVOS
Mundo tem metas a cumprir até 2020 As discussões do fórum promovido pela Volvo e pela OHL também estiveram pautadas pela Década Mundial de Ações pela Segurança no Trânsito, lançada oficialmente em 11 de maio deste ano, pela ONU (Organização das Nações Unidas). O programa estabelece o prazo de dez anos – de 2011 a 2020 – para os 192 países que assinaram o documento se comprometam a reduzir em até 50% as mortes causadas por acidentes de trânsito. Até o momento, 113 países definiram suas ações. Na lista estão a melhoria na infraestrutura rodoviária, maior rigor na legislação e ações de proteção aos chamados grupos vulneráveis – pedestres, ciclistas e motociclistas. No Brasil, os projetos
ainda estão sendo definidos. Uma reunião do Comitê Nacional de Mobilização pela Saúde, Segurança e Paz no Trânsito, sob coordenação do Denatran, estava marcada para este mês para traçar as metas. O lançamento oficial da campanha deve acontecer apenas em setembro deste ano, quando acontece a Semana Nacional de Trânsito. “Estamos em fase de detalhamento das ações. No ano passado, aprovamos um plano preliminar que agora deve ser colocado em prática. Precisamos do envolvimento de todas as esferas do poder público e, mais do que isso, da sociedade de uma forma geral”, afirma Orlando Moreira da Silva, diretor do Denatran. O programa está basea-
do em cinco pilares principais: gestão nacional da segurança no trânsito, infraestrutura viária adequada, segurança dos veículos, comportamento e segurança dos usuários e atendimento ao trauma, assistência pré-hospitalar, hospitalar e à reabilitação. Segundo ele, uma das principais ações será a criação de um observatório que reunirá informações e dados nacionais de todas as ocorrências de trânsito. Atualmente, a coleta de dados sobre acidentes é realizada por diversos setores, como Polícia Rodoviária Federal, Detrans e Polícia Civil, o que, reconhece Silva, faz com que haja falhas até para registrar as mortes que acontecem nos hospitais, dias depois dos acidentes. FISCALIZAÇÃO Pere Navarro
sou de 56 km/h para 60 km/h. Isso ocasionou a morte de mais 3.000 pessoas por ano. Foi a partir daí que percebemos que alguma coisa precisava ser modificada.” Estimativas do Banco Mundial, apresentadas por Howard, mostram que, se 30% das nossas rodovias tivessem a velocidade alterada de 100 km/h para 90 km/h, a cada ano, 1.700 vidas humanas seriam poupadas. A redução da velocidade, principalmente em vias urbanas onde circulam muitos pedestres, também é defendida pelo diretor-geral
da DGT (Direção Geral de Tráfego) da Espanha, Pere Navarro Olivella. No país, o limite máximo em áreas residenciais passou para 30 km/h. “A essa velocidade é possível salvar todas as vítimas de atropelamentos. Se o veículo estiver a 50 km/h, conseguimos salvar metade das vítimas, mas, se for acima de 70 km/h, é praticamente impossível”, explica ele. Olivella é defensor dos radares. Para ele, esse tipo de equipamento é a única solução para reduzir a violência no trânsito, mas é preciso que a sociedade esteja consciente
ACIDENTES FATAIS Veja os casos que mais matam • Atropelamento de pedestres • Envolvendo motocicletas • Colisões frontais • Colisões contra objetos (árvores, postes) • Colisões em cruzamentos Fonte: Eric Howard, consultor do Banco Mundial
disso. De acordo com o diretor, o governo espanhol ouviu a própria população para identificar os melhores lugares para os 800 novos radares que foram instalados no país recentemente. O resultado positivo dessa iniciativa é comprovado em números. A redução da velocidade e mais uma série de mudanças estruturais no sistema de trânsito espanhol possibilitaram uma queda de 57% no número de mortes no país entre 2004 e 2010. As ações foram implantadas em resposta à iniciativa da União
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são iguais ao restante do mundo, mas os óbitos não”
TRÂNSITO BRASILEIRO Números de 2008 ACIDENTES OCORRIDOS Ocorrências totais
428.970
Veículos envolvidos
597.786
Vítimas fatais Vítimas não fatais
38.273 619.831
ENVOLVIMENTO DE VEÍCULOS Automóveis
246.712
Motocicletas
200.449
Caminhões
54.463
Bicicletas
32.496 Fonte: Denatran
Olivella defende redução drástica no limite de velocidade nas estradas
Europeia de frear a acidentalidade nos países que fazem parte do grupo econômico. “Quando estabeleceram a meta de reduzir em 50% as mortes no trânsito em dez anos, falamos que seria algo utópico. Mas trabalhamos muito e conseguimos ir além disso”, conta Olivella. Entre os principais programas desenvolvidos na Espanha, também merecem destaque o de fiscalização dos níveis de alcoolemia no sangue, a exigência do uso do capacete para motociclistas e o sistema de pontuação na carteira de habilitação dos motoristas. “A
habilitação é um crédito que a sociedade lhe dá. Concedemos um total de 12 pontos. A cada erro, eles vão sendo descontados e, quando perde todos, o motorista tem o direito de dirigir retido por seis meses e é obrigado a passar por um curso de reciclagem.” Para o presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito, David Duarte, não é difícil implantar as medidas adotadas pela Austrália e pela Espanha no Brasil. “Muitas coisas já estão previstas em lei por aqui”, afirma. Assim como aconteceu nos dois
países, ele acredita que a participação da sociedade tem papel fundamental, mas as iniciativas devem ser do poder público. “O governo é o indutor das ações. É papel do Estado legislar, gerenciar e fiscalizar o trânsito”, reforça ele, que também é professor da Faculdade de Medicina da UnB (Universidade de Brasília). Duarte acredita que a redução da velocidade deve ser uma das principais ações a ser colocada em prática no Brasil. De acordo com ele, se programas eficientes forem desenvolvidos, em cinco anos, é
possível reduzir em até 50% a fatalidade no trânsito brasileiro. Mesmo reconhecendo a eficácia da fiscalização eletrônica para controlar as velocidades, o diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), Orlando Moreira da Silva, acredita que é preciso ir além e investir em abordagens nas estradas brasileiras. “Com o passar dos anos, percebemos uma redução na abordagem dos nossos motoristas. A fiscalização eletrônica resolve o problema do excesso de velocidade, mas não evita fraudes em documentos e não verifica as condições do carro e do motorista.” O projeto de lei nº 5.525/2009, de autoria do deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), prevê, por ano, a abordagem para fiscalização preventiva de, no mínimo, 30% da frota total de veículos automotores, em cada Estado e no Distrito Federal. O projeto está sob análise na CVT (Comissão de Viação e Transporte) da Câmara dos Deputados. Silva, do Denatran, também acredita que, além de fiscalizar a velocidade e desenvolver campanhas educativas que preparem os jovens motoristas, é preciso mais rigor na aplicação da legislação existente e uma punição imediata no caso de erros. “Temos um dos melhores Códigos de Trânsito do mundo. O que falta é seguirmos o que consta nele.” l
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SEMINÁRIO
Discutindo soluções Setor apresenta contribuições para a regulamentação da profissão de motorista e pede urgência no combate ao roubo de cargas POR LIVIA
ois dos maiores problemas que podem impedir a continuidade do desenvolvimento da movimentação de cargas no Brasil – os frequentes roubos de cargas e a regulamentação da profissão de motorista – estiveram presentes durante as discussões do Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, realizado em junho, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Esta é a 11ª edição do evento realizado pela CVT (Comissão de Viação e Transportes) da Câmara, em parceria com a NTC&Logística (Associação Nacional do
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DEBATE Senador
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Transporte de Cargas e Logística) e a Fenatac (Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas), com o apoio institucional da CNT (Confederação Nacional do Transporte). Mais uma vez, empresários do setor cobraram do poder público a regulamentação da lei complementar nº 121/2006, a chamada Lei Negromonte, que criou o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos de Cargas, e destacaram a importância da criação de leis mais duras para combater a receptação dos produtos roubados.
Durante a abertura do seminário, o senador Clésio Andrade (PRMG), presidente da CNT e do Sest Senat, ressaltou a necessidade de melhorias na infraestrutura e na fiscalização rodoviária para combater os delitos. Segundo ele, embora os investimentos no setor tenham alcançado a faixa dos R$ 20 bilhões ao ano, ainda é preciso mais. “Nos outros países do Bric (grupo formado, além do Brasil, por Rússia, Índia e China), os investimentos ultrapassam os R$ 100 bilhões anuais. Precisamos cuidar desse setor, que responde por 60% da movimentação de cargas no país.”
Mesmo que os dados da NTC&Logística mostrem queda de 6% no número de ocorrências de roubo de cargas nas estradas brasileiras, a situação ainda é preocupante. No ano passado, foram registrados 12,7 mil roubos e furtos, contra 13,5 mil em 2009. Os valores subtraídos também foram menores, passou de R$ 900 milhões, em 2009, para R$ 850 milhões no ano passado. Caio Bortone Ramos, delegado da diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, reconhece que a fiscalização precisa ser mais eficiente e que as penalidades para o receptador
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Clésio Andrade ressaltou a necessidade de melhorias na infraestrutura
ainda são brandas. “É preciso penalizar e apreender toda a mercadoria do estabelecimento envolvido no esquema. Além disso, deve-se cancelar o alvará de funcionamento do mesmo e impor restrições com as fazendas Estadual e Federal”, afirma Ramos. Ele também defende a implantação de um sistema de fiscalização por meio de equipamentos que registrem as placas dos veículos em áreas de fronteiras, além de um melhor aparelhamento do policiamento nacional e da criação de um banco de dados oficiais sobre os crimes cometidos. “Hoje, é difícil ter uma
fonte confiável sobre o número de roubos de cargas devido à deficiência no trabalho das polícias. Precisa existir uma interligação entre todas as delegacias.” De acordo com o delegado, a Polícia Federal só atua em casos com indícios de atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação. Desde 2009, as 13 operações realizadas resultaram na prisão de 345 pessoas envolvidas em crimes de roubo e furto de cargas. Para Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística, além da fiscalização mais ostensiva, é preciso implantar medidas mais
duras no combate ao desmanche de veículos, outro crime relacionado ao furto de veículos. “A venda de peças no mercado de reposição é uma atividade altamente rentável em razão do alto custo das mesmas e manutenção”, reforçou ele, que também preside a seção de transporte de cargas da CNT. Por ano, aproximadamente 1.400 veículos são desmanchados no Brasil, segundo o coronel Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da NTC&Logística. Ele defende a aprovação de uma legislação relativa à regulamentação do serviço de desmontagem de veículos. “A atividade ilegal impacta de forma direta na economia do país.” Jornada de trabalho A regulamentação do trabalho dos motoristas de cargas também foi discutida durante o seminário. O assessor jurídico da NTC&Logística, Marco Aurélio Ribeiro, apresentou proposta elaborada pelos transportadores, com apoio da CNT, sobre as definições da jornada de trabalho que devem constar na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Atualmente, outros 30 projetos – 27 na Câmara e três no Senado – relacionados ao assunto tramitam no Congresso Nacional. “É importante que essas regras
estejam definidas dentro de algo maior, como a lei trabalhista, e que respeitem as peculiaridades do setor”, afirma ele. Pelo projeto, os motoristas não poderão dirigir o veículo por mais de quatro horas ininterruptas, ficando obrigados a observar intervalo mínimo de descanso de 30 minutos a cada período e um intervalo mínimo de uma hora para refeição. A proposta também prevê a instalação de pontos de parada nas rodovias a cada 200 quilômetros. “Para as estradas privatizadas, defendemos que nos novos contratos de concessão conste essa obrigatoriedade, e nos já existentes, que eles sejam implantados em um ano. Para as estradas não concedidas, acreditamos que seja necessário alterar a lei nº 11.079/2004 e criar PPPs (Parcerias Público-Privadas)”, explica ele. Representando os trabalhadores, o assessor jurídico da CNTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres), Adilson Boaretto, reforçou a necessidade da regulamentação da profissão e elogiou a iniciativa dos empresários em apresentar tal proposta. “Há 30 anos trabalhamos para que a atividade seja regularizada e não vemos outro caminho senão a criação dessas regras.” l
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Educação no trânsito Unidades desenvolvem programas de orientação sobre as regras a serem seguidas por motoristas e pedestres POR
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er pessoas conscientes sobre os cuidados necessários no trânsito é um dos primeiros passos para se evitar acidentes futuros. Em todo o Brasil, as unidades do Sest Senat mantêm programas educativos sobre o assunto e em duas delas, eles são voltados especialmente para crianças e adolescentes. As chamadas Transitolândias, são cidades mirins, com ruas, praças e semáforos, destinadas a educar e preparar as crianças em idade escolar para a rotina diária no trânsito enquanto pedestres, passageiros e ciclistas. Durante os treinamentos são
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abordados temas como a importância de usar o cinto de segurança, o respeito às sinalizações e às leis de trânsito, o uso da cadeirinha e a utilização da faixa de pedestre. No Sest Senat Florianópolis (SC), o projeto, desenvolvido em parceria com a Guarda Municipal, teve início em 2009 e desde então, mais de 1.600 crianças e adolescentes, entre 4 e 14 anos, de 22 escolas, participaram das atividades. Segundo a diretora da unidade, Patrícia Costa Ferreira, durante as visitas, os participantes assistem a um teatro de bonecos e têm aulas teóricas e
ENSINO
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Na unidade de Florianópolis, o projeto teve início em 2009 e é desenvolvido em parceria com a Guarda Municipal
práticas de educação no trânsito. “O projeto é interativo e permite que as crianças recebam as instruções em forma de brincadeira”, conta ela. Pelo trabalho desenvolvido no ano passado, o projeto recebeu o prêmio “Entidade Amiga do Trânsito”, concedido pela Prefeitura Municipal de Florianópolis. Para Maria de Lourdes Gomes, coordenadora pedagógica do CEB (Centro Educacional Barreiros), uma das escolas que integram o projeto, os bons resultados do trabalho são presenciados dentro e fora da sala de aula. “É importante ver como as crianças ficam envolvidas e levam o que aprenderam para os pais.” Aos 10 anos, Thiago da Cruz, aluno do CEB, já sabe a responsabilidade que tem como pedestre. “Minha mãe achava que a gente podia atravessar a rua com o semáforo vermelho quando não estava vindo carro. Mas é perigoso. Eu aprendi nas aulas teóricas no Sest Senat que só podemos atravessar a rua se o semáforo de pedestres estiver verde e em locais onde não existe semáforo, devemos atravessar a rua sempre na faixa”, explica ele. Em Cariacica (ES), a cidade da Transitolândia foi decorada nas paredes da unidade do Sest Senat e por meio de jogos, são
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ABRANGÊNCIA Mais de 5.000 pessoas já participaram do Programa Vida em Jogo na unidade de Cariacica
passadas as principais orientações sobre as regras de trânsito. Segundo Hélzio Soncini da Silva, coordenador do Senat, mais de 5.000 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos, já passaram pelo Vida em Jogo, como é conhecido o projeto na unidade. “No treinamento são apresentados os diversos papéis desempenhados pelos atores que participam do trânsito (pedestres, motoristas, motociclistas e ciclistas). Procuramos mostrar aos participantes como eles têm responsabilidade sobre as suas ações”, explica Silva. Para o desenvolvimento do projeto, o Sest Senat de Cariacica mantém parceria
com o Conpet (Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural), a Petrobras e a Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo). Segundo a assessora técnica do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), Rita de Cássia Ferreira da Cunha, a educação para o trânsito requer ações comprometidas com informações, mas, sobretudo, com valores ligados à ética e à cidadania. Desde 2009, o Departamento desenvolve material educativo para ser utilizado em escolas de todo o país. “Queremos criar uma linguagem nacional sobre
o assunto trânsito. É preciso ensinar as regras e apresentar os riscos se elas forem descumpridas”, ressalta. De acordo com ela, os programas de educação no trânsito desenvolvidos no Brasil devem estar divididos em três fases, respeitando a divisão de idades entre crianças, adolescentes e adultos. Na fase inicial, crianças da pré-escola e do ensino fundamental aprendem sobre os seus papéis enquanto pedestre, passageiro ou ciclista. Com os adolescentes também devem ser trabalhadas as mesmas responsabilidades, além de apresentar a fragilidade do corpo e como ele pode ser
atingido em acidentes. O papel do motorista é de responsabilidade das auto-escolas. Interessados em participar dos treinamentos no Sest Senat podem entrar em contato com as unidades nos telefones abaixo. l
INFORMAÇÕES E AGENDAMENTO DE VISITAS Sest Senat Florianópolis (SC) (48) 3281-6200 Sest Senat Cariacica (ES) (27) 2123-3450
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IDET
Movimentação de carga permanece estável Mês de maio registra alta inferior a 1%, influenciado pelas medidas anti-inflacionárias
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A tonelagem de outros produtos apresentou variação de –0,8% na movimentação mensal. Comparado a maio de 2010, há variação de 3,6% no volume de outras cargas transportadas. Em termos de safra agrícola, a expectativa é de safra recorde, o que se traduz em aumento do volume de grãos transportados ao longo de 2011. O mês de maio é, tipicamente, de alta no volume de passageiros transportados no modo coletivo urbano. Este fato é devido ao maior número de dias úteis do período, foram 22 dias em 2011. Todas as regiões apresentaram alta no número de passageiros deslocados e somaram, juntas, 1 bilhão de pessoas transportadas. Este volume revela variação positiva de 7,15% em relação a abril de 2011. O segmento rodoviário interestadual de passageiros apresentou, em maio de 2011, acréscimo de 1,6% no número de passa-
geiros transportados em relação a abril. Comparado a maio de 2010, o transporte interestadual de passageiros apresentou variação positiva de 8,73%. A movimentação portuária revelou, em abril, aumento de 1,7% na movimentação mensal de cargas. No mês, apenas as regiões Sudeste e Sul apresentaram variação positiva. Porém, o novo recorde do Porto de Santos e o acréscimo da movimentação nos portos do sul compensaram a queda das outras regiões. Desta forma, foram transportadas 71 milhões de toneladas de bens pelos portos brasileiros, 8,5% acima do movimentado em abril de 2010. Para o mês de abril, o modal ferroviário de cargas transportou 41,5 milhões de TU e produziu 23,9 bilhões de TKU. Os resultados são, respectivamente, 4,8% e 6,0% superiores ao observado em março de 2011. Quando feita a comparação em
relação a abril de 2010, os resultados são 6,4% e 10,4% superiores, respectivamente. O modal aeroviário de passageiros apresentou, em maio, queda de 1,91% em relação a abril de 2011. O transporte doméstico, dados de embarque, responsável por 89,15% da movimentação de passageiros, apresentou queda de 1,7% em maio. Já a movimentação internacional teve queda mais expressiva, 3,2%, indicando preferência por trechos nacionais em relação aos internacionais em maio. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transportes no Brasil. l
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pós a movimentação de carga rodoviária apresentar queda de 4,4% na tonelagem em abril, maio fecha o mês com menos de 1% de alta. O fato indica estabilidade na movimentação de bens no país e a permanência dos efeitos das medidas anti-inflacionárias adotadas pelo governo federal. O modal rodoviário de cargas apresentou variação de apenas 0,8% no mês de maio, em relação a abril. No acumulado do ano, o segmento mostra crescimento de 4,6% em relação a 2010. O transporte de bens industriais por terceiros apresentou aumento de 2,7% no total de toneladas mensais transportadas em maio. Quando comparado ao desempenho do segmento no ano de 2010, percebe-se queda de 1,8% na variação dos últimos 12 meses e aumento no acumulado anual (primeiros cinco meses do ano).
Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br
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ESTATÍSTICA DA MOVIMENTAÇÃO DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Rodoviário de Cargas - Total
Transporte Rodoviário de Cargas Industriais por Terceiros
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100 95
s
s
s
s
s
s
s
s
s
s
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Milhões de toneladas
Milhões de Toneladas
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Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros
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8.500
s
s
s s
1.000 950
s
s
s
s
s
s
s
s s
850
Milhões de Passageiros
8.00
1.050 Milhões de Passageiros
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Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
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7.00
s
6.500
s
6.00
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5.500
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s
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30
Milhões de Toneladas
s
s
s
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dez 2011
Transporte Aquaviário de Cargas 80 75
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50 45
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Transporte Ferroviário de Cargas Milhões de Toneladas
s
s s
s
35
80
35
s
s
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s
50
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Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
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FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas
BOLETIM ESTATÍSTICO
MAIO - 2011
RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
29.637 28.465 11 12
NÃO PAVIMENTADA
TOTAL
13.462 5.551 113.451 1.234.918 1.367.382
76.496 22.865 219.999 1.261.745 1.581.105
63.034 17.314 106.548 26.827 213.723
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
15.114 1.195
2.126.341 426.919 808.076 629.769 13.976 40.000 25.120 105.000
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
11.738 8.066 1.674 6.987 28.465
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
92.814 2.919 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.289 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
32 35 2.498
173 AERONAVES - UNIDADES A jato Turbo Hélice Pistão Total
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total
122 37
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
139
44.000 29.000 13.000 1.148
873 1.783 9.513 12.505
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
CNT TRANSPORTE ATUAL
75
JULHO 2011
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
R$ bilhões
Investimentos em Transporte da União Dados Atualizados Junho/2011
20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0
Investimentos em Transporte da União por Modal (Total Pago Acumulado - até junho/2011) (R$ 5,72 bilhões) 0,49 ( 8,5%)
17,74
0,31 ( 5,4%) 0,06 (1,1%)
4,86 (85,0%)
5,72
5,00
0,004 (0,1%)
0,72
Autorizado Valor Pago do Exercício Total Pago Restos a Pagar Pagos Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
CIDE
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês Maio/2011 Arrecadação no ano (2011) Investimentos em transportes pagos (2011) CIDE não utilizada em transportes (2011) Total Acumulado CIDE (desde 2002)
796,0 3.744,0 274,0 3.470,0 68.093,0
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
80 68,1
70
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
Outros
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JUNHO/2011
PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial4 Reservas Internacionais5 Câmbio (R$/US$)6
2010
acumulado em 2011
últimos 12 meses
Expectativa para 2011
7,50 10,75 5,91 16,88
3,67
-
4,00 12,50 6,18 20,00
12,50 3,71 8,56
288,58
6,55 23,17 335,20
1,75
1,62
1,60
60 Observações:
50
2 - Taxa Selic conforme Copom 08/06/2011
28,8
3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até junho/2011 4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até junho/2011
20
5 - Posição dezembro/2010 e Junho/2011 em US$ Bilhões
10 0
6 - Câmbio de fim de período junho/2011, média entre compra e venda
2 200
3 200
4 200
Arrecadação Acumulada
5 200
6 200
7 200
8 200
9 200
0 201
1 201
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (junho/2011), IBGE e Focus - Relatório de Mercado 17/06/11), Banco Central do Brasil
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
8
R$ bilhões
1 - Taxa de Crescimento do PIB 2011 e acumulada em 12 meses.
40 30
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES (PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
76
CNT TRANSPORTE ATUAL
JULHO 2011
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 47,78 48,45 1.574,56
SETOR
Mudança no uso da terra Industrial * Transporte Outros setores Geração de energia Total
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
(%) 76,30 8,90 8,60 3,12 3,10 100,00
PARTICIPAÇÃO
* Inclui processos industriais e uso de energia
NÚMEROS DE AFERIÇÕES EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE 2011
2007 A 2010
TOTAL
ATÉ ABRIL
MAIO
56.420
17.455
466.380
88,12%
88,62%
87,24%
392.505
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
Aprovação no período 87,05%
CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
MODAL
(%) 90,46 5,65 3,88 100
PARTICIPAÇÃO
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos
CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30
VEÍCULO
21 70 6.946 8.228
Caminhões Veículos leves Comerciais leves – Diesel Ônibus Total
(%) 44,00 39,00 10,00 7,00 100
PARTICIPAÇÃO
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL* Japão EUA Europa
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
(grandes centros urbanos)
Diesel interior
PARTICIPAÇÃO
50 ppm de S
500 ppm de S
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)* TIPO
2006 2007
2008
2009
2010
2011 (ATÉ ABRIL)
* Em partes por milhão de S - ppm de S
Diesel 39,01 Gasolina 24,01 Etanol 6,19
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - MAIO 2011 0,0
(%) 96,60 2,00 1,40 100
MILHÕES DE
Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total
1.800 ppm de S
(substituição de 19% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
2,7% 15,3%
Corante 2,7% Aspecto 15,3%
m3 32,71 0,69 0,48 33,88
MODAL
Frotas cativas de ônibus urbanos das regiões metropolitanas da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro. Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades de Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife. Diesel metropolitano
Brasil
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S
41,56 24,32 9,37
44,76 25,17 13,29
44,29 25,40 16,47
49,23 29,84 15,07
15,71 11,21 3,44
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)
8
47,7%
Pt. Fulgor 32,4% Enxofre 1,8% 32,4%
Teor de Biodiesel 47,7% Outros 0,0%
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
1,8%
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - MAIO 2011
Trimestre Anterior Trimestre Atual
20
% NC
15 11,4
11,1
10 1,9
5 0
0,0
AC 0,0 0,0
AL 1,9 2,7
AM 11,4 18,8
0,0
0,5
AP 0,0 0,0
BA 0,5 1,0
1,3
0,0
0,0
CE 1,3 1,5
2,6
2,8
DF 0,0 0,0
ES 2,8 4,0
GO 0,0 0,0
0,6
2,7
2,7
2,4
3,6 2,1 0,2
0,8
MA 0,6 1,0
MG 2,6 5,1
MS 2,7 2,0
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
MT 2,7 5,2
PA 0,8 1,5
0,9
3,2
PB 2,4 3,6
PE 2,1 2,2
PI 0,2 0,2
0,6
0,0
PR 0,9 2,0
RJ 3,6 3,7
RN 3,2 4,9
RO 0,0 0,0
RR 11,1 8,0
RS 0,6 1,2
0,7
SC 0,7 0,9
0,7
1,8
1,7 0,0
SE 0,7 2,0
SP 1,7 2,4
TO 0,0 0,0
Brasil 1,8 2,7
“A presidente Dilma Rousseff tomou a sensata decisão de transformar o etanol em combustível estratégico” DEBATE
O que a crise do etanol (e aumento dos preços dos combustí
Um bom planejamento para o setor faz toda a diferença PAULO MIRANDA SOARES
disparada do etanol surpreendeu a todos no primeiro semestre deste ano, gerando protestos dos consumidores e acusações de cartéis contra os postos de combustíveis. Uma crise que, além dos transtornos trazidos para consumidores e postos (sem falar nos impactos inflacionários), prejudicou a imagem do etanol não só entre os consumidores internos, mas especialmente nos mercados internacionais. Afinal, como convencer os exigentes compradores do “mundo desenvolvido” de que a produção brasileira é suficiente para abastecer seus mercados, após a crise que se sucedeu por aqui? Todos esses percalços, no entanto, poderiam ter sido evitados, ou pelo menos minimizados, se houvesse um verdadeiro planejamento do setor. É verdade que a forte expansão da frota automotiva nacional torna difícil estabelecer projeções com exatidão para o mercado brasileiro. No entanto, os sinais de que as vendas de veículos seguiam com fôlego, aliados à alta contínua dos preços do etanol nas usinas desde junho de 2010 (ou seja, em plena safra) e à falta de novos
A
PAULO MIRANDA SOARES Presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes)
investimentos no setor sucroalcooleiro, deveriam ter sido suficientes para acender a luz vermelha no governo. Esperava-se que, diante dos maiores preços do etanol, o consumidor migrasse para a gasolina, o que não aconteceu. E quando o governo decidiu agir, não restavam mais muitas opções além de recorrer à importação do etanol de milho norte-americano, aquele mesmo taxado de menos competitivo e eficiente por autoridades e produtores nacionais. Talvez quem melhor compreendeu a dimensão dessa crise foi a presidente Dilma Rousseff, que tomou a sensata decisão de transformar o etanol em combustível estratégico, transferindo para a ANP a supervisão e fiscalização da produção dessa commodity, até então tratada como produto agrícola. Entramos agora na fase de discussão sobre como se dará esse controle do setor pela agência. Não esperamos posturas intervencionistas, mas sim que a ANP tenha o importante papel de monitorar o mercado, compilando as informações sobre produção e estoques e confrontandoas com as estimativas de deman-
da. De forma que, caso algum desequilíbrio apareça no radar, possam ser adotadas as medidas necessárias antecipadamente. Tudo de forma transparente, causando o menor estresse possível ao mercado. Importante lembrar que, em nenhum momento, durante a crise, faltou combustível para os consumidores, embora casos de desabastecimentos pontuais em alguns postos tenham sido relatados. Claramente tivemos uma crise de preço, não de abastecimento. O que em nada diminui a gravidade do que aconteceu nos primeiros meses do ano. Para esta safra, a produção de etanol já está dada e a perspectiva é que fique aquém da expansão prevista para a frota nacional. Segundo os produtores, incrementos significativos na oferta de etanol só devem ocorrer quando novas unidades entrarem em funcionamento. E, caso a decisão de aumentar a produção seja tomada hoje, os resultados só chegarão ao mercado em 2015. Em outras palavras, a crise pode voltar a bater a porta, e desta vez bem antes, já em dezembro ou janeiro.
“É urgente uma estratégia de aumento da produção e dos investimentos para atender à crescente demanda”
veis) ensina ao Brasil?
A necessidade de se consolidar para crescer FERNANDO SARTI
recente e explosiva alta do preço do etanol foi provocada, sobretudo, pela estagnação da produção, que deixou de acompanhar a expansão da demanda doméstica pelo produto. Esse descompasso tenderá a ser reforçado pela crescente demanda por combustíveis renováveis pelos países avançados e emergentes e, em menor medida, pela maior demanda e rentabilidade do açúcar no mercado internacional. Nesse sentido, é urgente uma estratégia de aumento da produção e dos investimentos. O setor de etanol entrou num círculo vicioso. Menores investimentos promovem um descompasso entre capacidade de produção e demanda, gerando uma indesejada volatilidade dos preços e exacerbando os riscos e incertezas que, por sua vez, inibem novos investimentos. Assim, o dinamismo da demanda por etanol não tem sido acompanhado, na mesma intensidade, do incremento do investimento em capacidade produtiva, em inovação, em infraestrutura e em logística, seja na área agrícola, seja na área industrial. A se manter
A
esse quadro, corre-se o risco da perda relativa de competitividade construída ao longo dos últimos 30 anos. O reduzido nível de investimento tem sido atribuído pelos produtores às expectativas negativas de rentabilidade, fruto, de um lado, da política de preço administrado da gasolina (praticamente estagnado desde 2005) e, de outro, aos crescentes custos financeiros, de produção e de estocagem. Os produtores alegam ainda que, no período anterior, quando as condições de rentabilidade foram mais favoráveis, o setor de etanol cresceu em média mais de 10% a.a., acumulando investimentos de mais de US$ 20 bilhões na segunda metade da década passada. A crise recente nos ensina que o setor de etanol deverá enfrentar duas transformações importantes. A primeira diz respeito a uma maior regulação. Um setor estratégico como o de produção de etanol, que tem impactos significativos sobre a competitividade sistêmica da economia e imbricações entre as áreas energéticas e alimentar, não pode ser coordenado pelas livres forças de mercado, sob o risco de
proporcionar outras crises de oferta e de preços como a recente. A MP nº 532 da ANP, que reconhece o etanol como combustível, embora muitos avanços ainda se façam necessários. A segunda e mais importante transformação será um intenso processo de consolidação no setor de etanol, que deverá ser aprofundada pela própria dinâmica concorrencial, embora a política pública tenha também um papel decisivo nesse processo. Atualmente, o setor apresenta uma estrutura de mercado excessivamente pulverizada e uma governança empresarial predominantemente familiar e de capital fechado. O maior grupo do setor tem uma participação de mercado inferior a 10% e os dez maiores grupos uma participação inferior a 25%. Além disso, o setor apresenta um grau de internacionalização comercial muito reduzido. Na ausência dessas transformações, o país perderá uma excelente janela de oportunidade para a consolidação e internacionalização de um dinâmico e competitivo modelo de negócios, gerador de emprego, renda e divisas.
FERNANDO SARTI Economista, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia, ambos da Unicamp
CNT TRANSPORTE ATUAL
JULHO 2011
81
“Nossas expectativas foram superadas. O Despoluir é referência quando o assunto é sustentabilidade”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Meio ambiente como prioridade á quatro anos, a Confederação Nacional do Transporte lançou um projeto ousado e revolucionário, o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte. A sua origem estava na preocupação dos transportadores em intensificar as ações voltadas para a conservação do meio ambiente, visto que, desde 1996, o tema fazia parte da pauta da CNT. Os resultados alcançados desde então fortaleceram a ideia de ampliação da nossa atuação e nos mostraram a necessidade de agregar outros segmentos da sociedade na luta contra a poluição local e global. Desde o início, vimos que o Despoluir teria que criar uma consciência ambiental, primeiramente, com o nosso público interno – os transportadores, caminhoneiros, taxistas e os trabalhadores em empresas de transporte. E sabíamos que por meio desses agentes poderíamos nos tornar multiplicadores dessa nova filosofia que, acreditamos, é fundamental para o planeta. Todas as nossas expectativas foram superadas. O Despoluir é hoje uma referência nacional quando o assunto é sustentabilidade. Somos convidados a falar sobre o programa em todo o país e a mostrar os benefícios que essa iniciativa do setor de transporte tem trazido ao Brasil. Nossas ações não se resumem apenas à diminuição das emissões de poluentes na atmosfera. O Despoluir ajuda na disseminação da ideia de que uma sociedade com responsabilidade ambiental é o grande legado que podemos deixar para as gerações futuras. Hoje, o Despoluir, na parte de aferição de veículos, contabiliza mais de 7.000 empresas de transporte e milhares de caminhoneiros autônomos atendidos, 21 federações participantes e 70 unidades de atendimento, trabalhando na redução das emissões de poluentes
H
pelos veículos, já próximos de atingir a marca de 500 mil aferições em todo o território nacional. Outro projeto importante do Despoluir é o Trabalhadores em Transporte Amigos do Meio Ambiente, com cursos e palestras para conscientizar o caminhoneiro, o taxista e outros trabalhadores em transporte, transformando-os em agentes disseminadores de uma boa cultura ambiental. Os profissionais passam a atuar como vigilantes do meio ambiente, informando sobre queimadas, denunciando crimes ambientais, entre outras ações. Os números do programa não seriam alcançados sem o apoio incondicional do Sest (Serviço Social do Transporte) e do Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), que são partes integrantes dessa mudança de atitude do setor. Suas unidades em todas as regiões brasileiras participam ativamente da capacitação de profissionais com a mentalidade voltada para o século 21, ou seja, comprometidos com as ações sustentáveis. Após esses quatro anos de atividades, temos a certeza de que os transportadores brasileiros se tornaram exemplo de atuação efetiva em defesa do meio ambiente. O Despoluir é um programa consolidado, que mudou a relação do transporte com o desenvolvimento sustentável, fazendo com que o setor mostrasse sua preocupação com o tema. Os resultados obtidos devem ser festejados, mas é importante saber que ainda há muito por fazer. Sabemos que estamos cumprindo com nosso compromisso de educar, mobilizar e intensificar as boas práticas ambientais e criar condições para uma vida mais saudável para todos.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa
JULHO 2011
Victorino Aldo Saccol José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br
VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Eduardo Lopes Fernando Ferreira Becker Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante Eclésio da Silva
FOTOGRAFIAS
CÂMBIO ELETRÔNICO
Bela escolha das imagens que estão na edição nº 189 da revista CNT Transporte Atual. A foto de capa mostrando o trânsito de Brasília, a foto do aeroporto, também da capital federal, e a foto do porto de Itaqui, no Maranhão, têm muita qualidade. Todas elas tornaram a leitura do material ainda mais agradável.
Foi muito bom saber pela revista CNT Transporte Atual sobre a produção de câmbios eletrônicos no Brasil a partir de 2012. Esse equipamento facilita o nosso trabalho e evita o desgaste físico durante as viagens. Esperamos que com a fabricação nacional ele seja mais acessível.
Célio Teixeira da Cunha Vinhedo/SP
Carlos Rezende Teixeira Londrina/PR
CAMINHÕES BALANÇAS Gosto muito do setor de transporte de cargas. Gostaria de pedir uma reportagem sobre caminhões antigos. Sou apaixonada por caminhões de todos os tamanhos e marcas. Gostaria também de ler sobre os furgões de grande porte. Como é o dia a dia de trabalho com esses furgões? Adoraria ler também sobre os caminhões guinchos e guindastes. Onde posso fazer cursos para comandar um desses veículos? Finalmente, gostaria de uma reportagem sobre os caminhões que carregam entulhos. Como é o sistema de trabalho desses caminhoneiros. Gosto muito do setor e gostaria de trabalhar com isso.
Esperamos mesmo que o governo federal instale postos de pesagem nas nossas estradas. Controlar o peso da carga faz bem para as rodovias, para o caminhão, para o transportador e para a economia de forma geral. Além disso, viajar com carga em excesso também pode provocar acidentes. Paula Soares Peixoto São Luís/MA
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br
Aparecida Donizete Bernardes Consolação/MG
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