EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CNT
ANO XVIII NÚMERO 204 SETEMBRO 2012
T R A N S P O R T E
A T U A L
Uma vida melhor Programa Despoluir da CNT e do Sest Senat completa cinco anos de ações de apoio à sustentabilidade no setor de transporte LEIA ENTREVISTA COM O MÉDICO E GERENTE DA OPAS LUIZ AUGUSTO GALVÃO
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REPORTAGEM DE CAPA Despoluir - Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT e pelo Sest Senat, completa cinco anos de atuação e de contribuição efetiva na conscientização de empresas a adotarem práticas ambientalmente sustentáveis Página 18
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ANO XVIII | NÚMERO 204 | SETEMBRO 2012
ENTREVISTA
Luiz Augusto Galvão aponta prioridades para o transporte PÁGINA
CAPA Rômulo Serpa/Agência Full Time
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PLANO SETORIAL • Medidas necessárias para reduzir as emissões no setor de transporte foram debatidas na CNT, em Brasília PÁGINA
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
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Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
RODOVIÁRIO
FERROVIA
Compartilhamento de frota ajuda a reduzir os custos
Entidade trabalha no registro da memória ferroviária
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Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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AVIAÇÃO
Pesquisas indicam forte demanda por novos aviões PÁGINA
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SIMULADOR CNT DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS
COMPETIÇÃO PESADA • Provas de arrancadas de caminhões, realizadas no Sul do país há mais de duas décadas, e a Fórmula Truck ganham novos adeptos a cada ano PÁGINA
AQUAVIÁRIO
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GUINDASTE
Iniciativa privada deve Empresas do setor participar de novos reclamam de atuação projetos portuários estrangeira PÁGINA
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SUPERAÇÃO
Seções Alexandre Garcia Duke Mais Transporte Infraestrutura Boletins Debate Opinião Cartas
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Especialistas ajudam motoristas a dirigir sem medo PÁGINA
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SEST SENAT
Unidades em todo o país comemoram o Dia do Motorista PÁGINA
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A CNT lançou um Simulador de Financiamento de Veículos. Inédito no país, o sistema permite que os transportadores autônomos e empresas de transporte de cargas simulem a compra de novos veículos e renovem suas frotas. O diferencial está na possibilidade de o usuário comparar, ao mesmo tempo, as condições de financiamento que diferentes agentes oferecem – prazo para pagamento, juros e valor da entrada, por exemplo. Não perca tempo e faça economia. Acesse: http://extranet.sestsenat.org.br/sfvi/
PESQUISA CNT DE OPINIÃO A CNT divulgou o resultado de mais uma Pesquisa CNT de Opinião, que aborda temas como intenções de voto para as eleições de 2014 e uma avaliação do governo Dilma Rousseff. Os entrevistados também responderam a
questionamentos sobre saúde, educação, emprego, itens de consumo, expectativas sobre os rumos da economia e reformas prioritárias que devem ser feitas pelo governo. Confira: http://www.cnt.org.br/paginas/ Agencia_Noticia.aspx?n=8447
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“Volta e meia caminhões detidos na fronteira têm mostrado o quanto é difícil trabalhar com racionalidade na nossa América Latina” ALEXANDRE GARCIA
Nas estradas do Mercosul rasília (Alô) - Em 1973, como repórter do “Jornal do Brasil”, eu cobria Argentina e Uruguai. Em Montevidéu, ia buscar notícias na sede da Alalc (Associação LatinoAmericana de Livre Comércio), o embrião do Mercosul. Já se passaram 39 anos, e a ideia ainda não vingou. Nesse tempo, os europeus criaram uma zona sem fronteiras e com moeda única. E nós continuamos patinando na estrada mal pavimentada da política. Os presidentes Sarney e Alfonsín criaram grandes esperanças de que Brasil e Argentina deixariam de lado suas históricas desavenças e seriam o eixo de uma zona de livre comércio. Pois volta e meia caminhões detidos na fronteira têm mostrado o quanto é difícil trabalhar com racionalidade na nossa América Latina. O Chile, que não é membro pleno de nenhum plano de integração regional, optou por acordos bilaterais que garantem privilégios para seus produtos e não está patinando em nada em sua economia liberal e aberta. No entanto, para chegar ao Chile, os produtos brasileiros transportados por terra têm que passar pela Argentina. Como a Argentina integra o Mercosul, o pressuposto é que problemas internos – políticos e econômicos – do vizinho não deveriam atrapalhar o comércio do sócio brasileiro. Mesmo porque o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, foi firmado entre Estados, e não entre governos. Governos não deveriam atrapalhar.
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Além de ter firmado acordos de livre comércio com Estados Unidos, União Europeia, Japão, Índia e China, o Chile tem acordos com o Mercosul e países do continente. Mas, por fatalidade geográfica, entre o Brasil e o Chile está a Argentina. Entre compradores argentinos e vendedores brasileiros, há barreiras tão mutantes quanto a meteorologia. Com o Mercosul sendo transformado em órgão político-ideológico, pela retirada do Paraguai sem Lugo e o ingresso da Venezuela de Chávez, isso se agrava e o grande sonho do desenvolvimento conjunto do Cone Sul pode virar pesadelo. Portanto, é hora de se apelar para a racionalidade. A Argentina é nosso principal parceiro comercial e afunda numa crise econômica, com raízes na política. Manter o comércio entre os dois países, com fronteiras e estradas abertas, é remédio para a crise, não o agravamento dela. Isso depende do governo argentino e também da agilidade da legislação e dos órgãos do governo brasileiro, que emperram ou liberam o comércio exterior. Quanto mais bem estiverem pavimentadas essas estradas governamentais, mais os dois povos sairão ganhando. Afinal, trata-se de um intercâmbio de US$ 40 bilhões por ano. O sonho do Mercosul ainda espera ser concretizado. Quem produz e comercia nos dois países espera isso. Quem liga uns e outros pelo transporte dos bens certamente sonha com isso.
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“Há três temas principais no transporte que têm relação com a contaminação atmosférica e o que se refere ao transporte ENTREVISTA
LUIZ AUGUSTO GALVÃO - GERENTE DA OPAS (ORGANIZAÇÃO
Saúde e o tran POR
transporte precisa ser visto também sob a ótica da saúde. Acidentes de veículos e emissões de poluentes interferem diretamente nessa questão. O assunto faz parte do trabalho desenvolvido pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) – escritório regional da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a região das Américas. Em entrevista à CNT Transporte Atual, o gerente da área de desenvolvimento sustentável e saúde ambiental da Opas, Luiz Augusto Galvão, destaca a necessidade de haver investimento em medidas para aumentar a segurança nas vias e poluir menos. Somente no Brasil, as mortes de ocupantes de motocicletas aumentaram mais de 300% na última década. Os acidentes de trânsito matam 140 mil por ano nas Américas, e a poluição
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CYNTHIA CASTRO
também contribui para doenças e óbitos. Na entrevista a seguir, Luiz Galvão reconhece a importância de ações, como o programa Despoluir, fala sobre a Década de Segurança Viária da ONU, Rio+20, entre outros temas que envolvem transporte e saúde. Ele traz números relevantes, e a coleta de dados teve a contribuição da assessora regional de segurança viária da Opas para América Latina e Caribe, Eugênia Rodrigues. Galvão é médico com mestrado em epidemiologia. Paulista, ele está há 21 anos na Opas - há 18 no escritório regional, localizado em Washington, nos Estados Unidos. Como relacionar transporte sustentável, saúde e redução de acidentes? A sustentabilidade está associada a uma série de fatores in-
terligados, relacionados à economia, ao ambiente e à sociedade. E quando falamos em um transporte sustentável, pensamos naquele que sirva mais ao ambiente, à economia e à sociedade. O transporte coletivo, por exemplo, reduz as emissões, o número de quilômetros rodados, a chance de situações inseguras que podem resultar em problemas para a saúde. Também é economicamente mais acessível às populações mais pobres. Os sistemas integrados usam infraestruturas viárias que consideram a segurança dos usuários sem proteção (os que usam as modalidades não motorizadas). Isso é importante, dada a tendência para um aumento no uso do transporte público, que tem sido observada nas Américas.
Tem aumentado o uso de transporte público? Em 2000, quase 1,5 bilhão de passageiros passaram pelos sistemas de transporte urbano no Canadá - um aumento de 4,2% em relação ao ano anterior. Nos Estados Unidos, houve uma tendência à maior utilização do transporte público. Na América Latina e no Caribe, 33% da população utiliza transporte público e 44% utilizam meios não motorizados como modalidade principal de locomoção. No Brasil, 43% dos moradores de Porto Alegre usam transporte público. Em Curitiba, o percentual sobe para 70%. Em Lima, no Peru, é de 80%, assim como em Bogotá, na Colômbia. Qual seria um bom exemplo de cidade que implantou infraestrutura que favorece o
MARIANA GIL/EMBARQ BRASIL/DIVULGAÇÃO
saúde pública: a segurança, de substâncias perigosas” PAN-AMERICANA DA SAÚDE)
sporte transporte sustentável e contribui para reduzir acidentes e poluição? Muitas cidades latino-americanas estão desenvolvendo ou integrando sistemas de transporte rápido por ônibus (os BRTs), que transportam grande volume de usuários por redes e malhas viárias bem planejadas. Na Cidade do México, o sistema de BRT de Metrobús transporta, em média, 250 mil passageiros por dia útil. O sistema Q-Metrobús de Quito, no Equador, transporta cerca de 440 mil passageiros todos os dias, enquanto o maior volume de passageiros (1,2 milhão) é transportado diariamente pelo TransMilênio de Bogotá. Trata-se de uma grande oportunidade de saúde pública ao exercer um impacto sobre as populações.
A ONU estabeleceu a Década de Ação pela Segurança Viária, de 2011 a 2020. O que esperar dos países? Esse tipo de iniciativa é muito relevante como promoção do tema e para chamar a atenção dos governos, da sociedade e do setor privado sobre a necessidade de tomar ações rápidas e efetivas. Espera-se que ao estabelecer objetivos comuns, como os pilares de ação, seja possível criar sinergia e economia de escala na implantação de soluções. Notamos um aumento na solicitação de informações e de cooperação, mas é difícil fazer uma avaliação. Acreditamos que em 2015 e 2016 teremos informações para esse tipo de avaliação. Estamos no segundo ano. O senhor tem percebido medi-
das efetivas para a redução de acidentes? Nesses últimos 12 meses, muitos países tomaram iniciativas que contribuíram para salvar vidas. Desenvolveram planos nacionais na Austrália, Canadá, Egito, México, Panamá, Filipinas. Foram introduzidas novas leis no Chile, China, França, Honduras, Nova Zelândia. Houve maior investimento na aplicação da legislação - no Brasil, Camboja, Federação Russa. A Lei Seca, no Rio de Janeiro, é um exemplo disso. Também lançaram campanhas de mídia de massa na Índia, Turquia e Vietnã. E melhoraram o atendimento ao trauma maior, em Gana e Moçambique. Em
nível global, uma série de ações tem ocorrido. Em abril, uma nova resolução da Assembleia Geral da ONU sobre a segurança no trânsito foi aprovada, chamando os países a implementar atividades de segurança viária. A Rio+20 serviu como uma oportunidade para destacar as ligações entre segurança no trânsito e a vasta agenda de transporte e mobilidade. A Segunda Semana Mundial de Segurança Viária sobre o tema da "segurança dos pedestres", a ser comemorada no segundo trimestre de 2013, será mais um evento marcante. Na Rio+20, houve crítica pelo fato de o transporte ter sido
deixado de lado nas discussões oficiais. O que esperar agora, independentemente do resultado da conferência? Como um dos temas centrais da conferência era energia, existia muita expectativa que o transporte fosse intensamente debatido. Assim como a indústria de transformação, esse é um dos setores que mais fazem consumo intensivo de energia e muitas vezes de forma ineficiente e ao custo de recursos naturais não renováveis. De qualquer forma, houve debates interessantes. Esse fato não deve deter nenhum governo de estabelecer suas prioridades e fazer os investimentos para atender as necessidades de transporte de pessoas e cargas de forma sustentável, efetiva e saudável. Ao se falar de acidentes e mortos, qual a particularidade das Américas? Em 2007, a taxa de mortalidade por traumatismos provocados por eventos de trânsito foi de 18,8 por 100 mil habitantes no mundo e de 15,8 por 100 mil habitantes na região das Américas, com variações entre os países que vão de 4,3 a 21,8 por 100 mil habitantes. Na região, em média, 80% das vítimas são do sexo masculino. Os acidentes de trânsito causam anualmente cerca de 140 mil mortes nas Américas, e o número estimado de feridos é superior a 5 milhões. Em 11 países, a taxa de mortalidade
por lesões resultantes de acidentes de trânsito é superior à média da região (Brasil, Bolívia, Guiana, Ilhas Virgens Britânicas, México, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lúcia, Suriname e Venezuela). Nos Estados Unidos e Canadá, cujas taxas são de 13,9 por 100 mil habitantes e 8,8 por 100 mil habitantes, respectivamente, houve queda considerável nos últimos 30 anos, enquanto que na América do Sul apenas a Colômbia registrou redução na taxa de mortalidade nos últimos dez anos. Dois países do Caribe – Bahamas e Jamaica – têm registrado tendências similares. Trinta e nove por cento das pessoas que morrem nas Américas por causa de traumatismos provocados por eventos de trânsito são usuários vulneráveis (pedestres, ciclistas ou motociclistas), enquanto que 47% são ocupantes de veículos automotores, sobretudo na sub-região da América do Norte. Há países onde a porcentagem de mortes de pedestres é superior a 50%, entre eles, El Salvador (63%) e Peru (78%). Os acidentes sobrecarregam serviços de saúde. O senhor citaria números? Em 2005, nos Estados Unidos, os custos relacionados com as lesões resultantes de eventos de trânsito foram superiores a US$ 99 bilhões. No Brasil, no mesmo ano, outro estudo verificou que os custos relacionados às lesões
BRT Estação tubo do sistema de ônibus de
“A cidade ideal é aquela em que todo tipo de mobilidade pode coexistir de forma eficiente e segura”
causadas por acidentes viários foram de US$ 10 bilhões ao ano. Em Belize, um estudo com dados de 2007 estimou um custo econômico total de US$ 11 milhões. Oitenta por cento da população da região das Américas vive em áreas urbanas. Esse fenômeno de urbanização ocorreu de forma rápida e desordenada, resultando em grandes desafios para o planejamento urbano e segurança viária. As motocicletas representam grande preocupação? O uso de motocicletas como meio de transporte e de trabalho tem sido um problema que vem crescendo de forma surpreendente nas Américas. Recente-
NTU/DIVULGAÇÃO
“Toda iniciativa para despoluir é importante para a saúde pública” Curitiba, que é modelo para vários países
mente, fizemos uma busca sistemática da literatura científica sobre as medidas efetivas para diminuir a mortalidade e as lesões nesse grupo. Estamos preparando uma publicação conjunta com parceiros da região que deve sair brevemente. No Brasil, na última década, a mortalidade dos ocupantes de motocicleta tem aumentado dramaticamente em mais de 300%, passando a taxa de mortalidade de 1,5 por 100 mil em 2000 para 4,7 por 100 mil em 2008. O grupo de 20 a 29 anos continua a ser o mais afetado, com uma taxa de 10,76 por 100 mil em 2008.
em relação ao transporte sustentável? O Brasil é considerado como um exemplo em termos de vários aspectos relacionados ao transporte e ao uso de combustíveis alternativos à gasolina. Casos como o de Curitiba têm servido de exemplo internacionalmente. Ainda assim, há muito o que melhorar. A deficiência em ter sistemas efetivos de transporte tem dado origem a fenômenos como o aumento de motos, que é uma das consequências da falta de políticas que garantam transporte público seguro e sustentável.
Como o senhor avalia o esO que é necessário para tágio que o Brasil se encontra que as tecnologias sustentá-
veis sejam mais comuns no Brasil, como o veículo elétrico ou a hidrogênio? Acredito que é uma combinação entre regulamentação, facilidades de transferência tecnológica e criação de mercados de consumo. Os países que hoje têm frotas importantes de veículos híbridos e elétricos receberam grandes incentivos governamentais para estabelecer o mercado adequado no transporte individual e no transporte público. Recentemente, o Estado de São Paulo recomendou que os ciclistas não trafeguem nas ruas da capital devido ao alto índice de acidentes. O pedido reflete o despreparo na construção de uma infraestrutura adequada para o transporte sustentável? Sim. É preciso avançar para garantir uma infraestrutura adequada para permitir que os ciclistas trafeguem com segurança. A cidade ideal é aquela em que todo tipo de mobilidade pode coexistir de forma eficiente e segura. Para isso, é necessário que se estabeleça um tipo de custo associado ao tipo de transporte e seu benefício social. Por exemplo, andar, que faz muito bem à saúde, deveria ser um ato garantido com excelentes calçadas. Em alguns países, onde já se considera um luxo ir de veículo particular ao centro das grandes cidades, cobram-se tarifas e es-
tacionamento bem caros. É importante notar que nessas cidades o transporte público é muito eficiente e acessível. O programa Despoluir, da CNT, está completando cinco anos. De que forma pode aumentar sua contribuição? É importante saber que o setor de transporte está buscando fazer a sua parte para reduzir as emissões. Toda iniciativa para despoluir é importante sob o ponto de vista da saúde pública. Mas são necessárias diversas ações nos mais diferentes setores da sociedade. É algo complexo, com muitas variáveis. O governo precisa facilitar e fazer investimentos. A população pode abrir mão de usar o carro todos os dias. Há três temas principais no transporte que têm relação com a saúde pública. O primeiro é o da segurança, e o transporte coletivo é um facilitador. O segundo é a contaminação atmosférica. É fundamental reduzir as emissões, e o transporte coletivo de qualidade pode ser uma grande solução. E o terceiro é que há uma diferença entre o transporte de substâncias perigosas e o de carga perigosa. Uma substância perigosa não precisa ser uma carga perigosa, desde que sejam tomados os cuidados. E sobre o programa Despoluir, acho que poderia ser feita uma parceria com alguma universidade, por exemplo, para o acompanhamento dos seus resultados. l
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MAIS TRANSPORTE
NETMARINHA/DIVULGAÇÃ
Salão do Automóvel 2012 O tradicional Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, evento que ocorre a cada dois anos, desde 1960, será realizado de 24 de outubro a 4 de novembro, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista. A exposição é a oportunidade que os aficionados por carros têm para conhecer as grandes tendências do setor e o que há de mais moderno no mundo dos automóveis. Segundo dados da SPTuris (Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo),
foram movimentados R$ 360 milhões na edição anterior. O público já pode comprar os ingressos, antecipadamente, por meio do hotsite http://www.ingressorapido.com.br /salaodoautomovel. Os preços variam de R$ 40 (inteira), para os dias úteis, a R$ 150, para o Kit Fã, que dá direito a dois ingressos, duas camisetas oficiais e ao catálogo do salão. Na última edição, 750 mil pessoas visitaram a exposição.
LOGÍSTICA Feira chega à 5ª edição
REEDCOMUNICA/DIVULGAÇÃO
Sul Trade Summit
SUCESSO Edição 2010 recebeu 750 mil pessoas
O sucesso adquirido nas quatro edições da feira Itajaí Trade Summit, aliado à expansão do setor logístico internacional, fez com que o evento ampliasse seu foco, transformando-o no Sul Trade Summit. Realizada pela NetMarinha, a quinta edição acontece nos dias 20 e 21 de setembro, no Centreventos
Itajaí, em Santa Catarina. Em 2011, a feira recebeu mais de 9.000 visitantes. A expectativa para este ano é que o número se mantenha, reunindo participantes da região Sul do Brasil, de São Paulo e do Mercosul. Paralelo à feira, serão promovidos fóruns e palestras com especialistas no setor de logística. DSW/DIVULGAÇÃO
Centrais multimídia para carros A DSW Automotive lançou as primeiras centrais multimídia com Internet integrada no mercado automotivo brasileiro. Instalada no painel do veículo, a central permite ao motorista e ao carona acessar e-mails, ler as últimas notícias e comunicar-se pelas redes sociais. As versões
podem ser instaladas em 110 modelos de automóveis nacionais e importados. As centrais tem preço médio de R$ 3.000. O equipamento conta com tela de LCD. Mas se o condutor for flagrado usando o equipamento enquanto o carro estiver em movimento, pode ser multado.
RESTRIÇÃO Motorista só deve usar com o carro parado
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RENAULT/DIVULGAÇÃO
Rede de serviços para reparo rápido A Renault do Brasil lançou uma rede de serviços de reparo rápido para os clientes da marca. Chamada “Renault Minuto”, as lojas oferecem peças originais e garantia de fábrica
por preços acessíveis. De acordo com a montadora, as oficinas vão contar com estrutura enxuta e ágil, com foco no pós-venda para oferecer uma opção prática, econômica e sem burocracia
aos proprietários de veículos que precisam de serviços de pequena e média complexidade. Trocas de óleo, filtros, baterias, correias, reparos em freios, suspensão, escapamento,
conjunto de iluminação e sistema de ignição; além de balanceamento e alinhamento, estão entre os serviços disponíveis. Os profissionais da rede são treinados pela fabricante.
TROLLER/DIVULGAÇÃO
Off-road policial A Troller apresentou o modelo T4 na versão policial. O veículo já está em operação em diversas frotas oficiais brasileiras, como a da Polícia Rodoviária Federal, da Aeronáutica, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros do Ceará e da Guarda Ambiental de São Bernardo do Campo (SP). A nova versão é destinada a atividades de patrulhamento que exigem resistência e necessidade de
enfrentar terrenos de difícil acesso, com uso também em vias pavimentadas. O veículo tem capacidade para rodar em até 800 milímetros de profundidade na água, com snorkel de série. Sua carroceria fabricada em compósito é resistente a impactos e imune à corrosão. O carro tem bancos de vinil e drenos no assoalho que possibilitam a lavagem interna.
PATRULHAMENTO Modelo está em operação no Brasil
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MAIS TRANSPORTE FIAT/DIVULGAÇÃO
Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes A obra oferece um panorama da sustentabilidade das cidades, abordando mobilidade e segurança. De: Carlos L. de Souza e Juliana di Cesare M. Awad, Ed. Bookman, 278 págs., R$ 89
Café expresso equipa modelo da Fiat
Aviões – História e Curiosidades das Aeronaves Comerciais Acompanha a evolução dos aviões por meio das histórias de 38 aeronaves comerciais. De: Vinícius Casagrande, Ed. Europa, 160 págs., R$ 69,90
Cinco anos depois da apresentação do Fiat 500, foi lançado na Europa o 500L. A versão quatro portas tem maior espaço interno. Um dos itens de série que chamam a atenção é uma máquina de café expresso, fabricada exclusivamente pela Lavazza. A Fiat não informa quando o 500L será comercializado no Brasil.
NISSAN/DIVULGAÇÃO
Nissan cresce 163%
VENDA March se destaca
A Nissan do Brasil comercializou 13.275 unidades no mês de junho. O volume é 163% maior que o obtido no mesmo período de 2011. Esse resultado representou uma participação de mercado de 3,9% para a Nissan. Quatro modelos da marca atingiram volume recorde de vendas. O March
vendeu 5.121 unidades, enquanto o Versa teve 2.741 veículos emplacados. O Tiida Hatch ficou com 1.355 unidades comercializadas e o X-Gear, 430. A participação de mercado da marca foi maior em São Paulo, com 6,7%, seguida por Recife (6,3%); Curitiba (5,9%) e Rio de Janeiro (5%).
Logística Reversa e Sustentabilidade O objetivo é apresentar a logística reversa, alinhando o seu conteúdo à sustentabilidade e ao controle de resíduos De: André Luiz Pereira e outros, Ed. Cengage Learning, 208 págs., R$ 31,90
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TOM BRAGA/BHTRANS/DIVULGAÇÃO
BH testa ônibus articulados A BHTrans, empresa responsável pelo trânsito de Belo Horizonte, fez testes com três ônibus articulados da Marcopolo para avaliar os veículos mais adequados
para operar o futuro sistema BRT. BH terá 200 ônibus articulados e 41 estações para embarque e desembarque nos principais corredores da cidade.
DIVULGAÇÃO
Logistique 2012 A terceira edição da Logistique (Feira Internacional de Logística, Transporte e Comércio Exterior) será realizada de 23 a 26 de outubro no Parque de Exposições Tancredo de Almeida Neves, em Chapecó (SC). O evento, promovido pela Fetrancesc (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Santa Catarina) e pelo Sitran (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas da Região
de Chapecó), contará com 180 expositores. O público da feira terá acesso às novidades dos setores de logística e transporte; da intralogística, como sistemas de fluxo de materiais, veículos industriais, equipamentos de elevação; de serviços de apoio (software e hardware, controle e automação) e do comércio exterior (agentes de carga, consultoria, câmaras de comércio, despachantes aduaneiros e portos).
PROCURA Evento deste ano terá 180 expositores
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MAIS TRANSPORTE HAMBURG SÜD/DIVULGAÇÃO
Meta para redução de emissões A Hamburg Süd anunciou que vai reduzir em 26% as reduções de CO2 de seus porta-contêineres próprios e afretados, até 2020. A
empresa pretende alcançar essa meta com uma série de medidas. Entre elas, destacam-se o investimento
na eficiência energética dos navios, com o aumento do tamanho médio das embarcações; afretamento de acordo
com medidas de eficiência energética, e a implantação de um sistema de informações ambientais.
ALBERTO MACHADO/PORTO ITAPOÁ/DIVULGAÇÃO
Projeto de Itapoá leva prêmio O Porto Itapoá recebeu o prêmio “Nossa Empresa Apoia a Aprendizagem”, realizado pela Fundação Roberto Marinho em parceria com o Instituto Gerar. A premiação é um reconhecimento dado às empresas que promovem a inserção de jovens no mercado do trabalho. O terminal desenvolve o projeto desde fevereiro. São 20 jovens, com idade entre 16 e 18
anos. Os alunos estão distribuídos em vários departamentos, entre operações, manutenção e administrativo. Eles participam de um rodízio de setores para que todos adquiram uma visão global da empresa. De acordo com o porto, após a conclusão do curso, o aprendiz pode ser contratado, por prazo indeterminado, conforme a disponibilidade de vagas.
RECONHECIMENTO Programa insere jovens no mercado
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TECNOLOGIA
BH testa veículo com GNV
Revisão com preço fixo A Ford investiu em uma ação inédita para o mercado de vans: a “Revisão Preço Fixo” para a linha Transit. O objetivo é reforçar a economia operacional da linha de comerciais Transit. Os clientes contam com um pacote de revisões programado, de preços e kits
pré-definidos. Entre as vantagens da ação, está a possibilidade de o proprietário saber com antecedência os valores de cada revisão, podendo planejar melhor os custos. Os detalhes podem ser conferidos no site www.fordcaminhoes.com.br. FORD/DIVULGAÇÃO
INÉDITA Ação oferece benefícios para o consumidor
elo Horizonte vem realizando testes com um veículo leve para o transporte de cargas movido a gás natural, produzido pela Iveco. O projeto piloto é uma parceria entre a montadora, a BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte), a Gasmig (Companhia de Gás de Minas Gerais), o Setcemg (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais) e a Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais). O objetivo é diminuir as emissões de gases poluentes e de material particulado na atmosfera, contribuindo para a melhora da qualidade de vida nos grandes centros urbanos. O modelo promete reduzir em 25% a emissão de gás carbônico, em 96% a de material particulado e em
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80% a emissão de óxido de nitrogênio. O veículo, que está sendo utilizado pela Patrus Transportes, faz parte do projeto LOG/BH, que trata da logística urbana da cidade. Uma das premissas é a melhoria da mobilidade e da qualidade do trânsito na capital mineira, principalmente no que diz respeito às entregas urbanas. A Fetcemg, por meio do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT em parceria com as federações de transporte de cargas e passageiros de todo o país desde 2007, vai ficar responsável pela realização das aferições e medir os níveis de emissão de poluentes. A Escola de Engenharia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a PUC-Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais) também vão participar dos estudos. FETCEMG/DIVULGAÇÃO
Acordo para o biodiesel A Petrobras Biocombustível e o governo do Estado do Rio Grande do Norte assinaram protocolo de intenções para adaptar a usina experimental de biodiesel, instalada no município de Guamaré, para a produção comercial. A multinacional divulgou que os investimentos serão da ordem de R$ 5,1 milhões.
A unidade vai atingir capacidade para produzir 20 milhões de litros de biodiesel já no primeiro semestre de 2013. O acordo contempla ainda o incremento da participação de agricultores familiares na cadeia do biodiesel, com geração de até 2.430 postos de trabalhos rurais.
SUSTENTABILIDADE Veículo movido a gás natural
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DESPOLUIR – 5 ANOS
Gestão
ambiental e economia
Programa da CNT e do Sest Senat conscientiza empresas e contribui para a redução de emissões e de custos POR
nserir práticas sustentáveis no dia a dia das empresas de transporte traz, além de ganhos para o meio ambiente, redução de custos. É isso que mostra a experiência de algumas organizações do setor que participam do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte. Nesse último
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mês de julho, o programa, desenvolvido pela CNT e pelo Sest Senat, completou cinco anos. O trabalho tem contribuído efetivamente com a aplicação de medidas que favorecem a redução de emissões e tem disseminado entre as empresas de transporte a importância da gestão ambiental, com foco
também na economia de combustível e de outros insumos. “O Despoluir nos ‘contaminou’ de forma muito positiva. Despertou o nosso interesse pelas práticas ambientais, que são hoje rotina em nossa empresa. As boas ações disseminadas pelo Despoluir são utilizadas na empresa”, diz a ge-
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O Despoluir mostrou a preocupação do setor com a responsabilidade ambiental. O projeto para reduzir a emissão de poluentes sensibilizou o empresário sobre a importância de manter o caminhão regulado para poluir menos e gastar menos combustível. Também é importante o incentivo à renovação de frota
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Vander Costa, Presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais)
EVOLUÇÃO
Ações estratégicas ampliadas O Despoluir tem atuado de forma mais estratégica, ampliando o alcance de suas ações, disponibilizando mais equipamentos para as aferições e trabalhando para melhorar a eficiência energética. Também tem participado ativamente de discussões sobre a formulação de normas e legislações. A CNT possui assento no Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente). E isso tem possibilitado que o programa esteja engajado nos debates. “Com o Despoluir, a CNT passou a ter uma participação mais pró-ativa no âmbito do conselho. Isso é muito importante porque a Confederação tem a vivência do setor em todo o Brasil e pode contribuir de forma eficiente para a formulação de normas regulamentadoras do meio ambiente no que se refere ao
transporte”, diz Patrícia Boson, conselheira da CNT no Conama. Entre as discussões que o Despoluir participa, estão a Política Nacional de Mudança do Clima, a inspeção veicular e o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Patrícia destaca que o projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos tem proporcionado ganhos significativos. O Despoluir tem ampliado a utilização do equipamento chamado tacômetro, que deixa a avaliação veicular mais completa. As federações podem acompanhar os resultados on-line, por meio do Sistema Nacional de Informações Despoluir. Esse sistema é um banco de dados que registra todas as avaliações ambientais realizadas pelo projeto.
AVALIAÇÃO Mais de 18 mil
rente operacional do Grupo Grande Vitória, Ana Lúcia Forattini, que atua na capital do Espírito Santo e região metropolitana, no Sudeste do país. Desde o lançamento, o programa é desenvolvido na empresa de transporte de passageiros. A cada três meses, os técnicos do Despoluir medem a opacidade – nível de fumaça – dos veículos. Os ganhos de se implementar medidas ambientalmente adequadas vão mui-
to além dos benefícios para o meio ambiente, conforme destaca Ana Lúcia. Ela comenta que o Despoluir está inserido nas boas práticas da empresa, que envolvem aferição periódica, manutenção preventiva, treinamento de motoristas e monitoramento. Todas essas práticas têm culminado em uma melhoria de performance, com redução do consumo de combustível em cerca de 3%, segundo Ana Lúcia.
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O Despoluir se consolida com uma ❛série de projetos e ações importantes
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SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DO SEST SENAT
RÔMULO SERPA/AGÊNCIA FULL TIME
PROJETO AVALIAÇÃO VEICULAR AMBIENTAL • O projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos tem o objetivo de melhorar a qualidade do ar e incentivar o uso racional de combustíveis • É feita avaliação veicular em ônibus e caminhões por equipes técnicas especializadas que utilizam unidades móveis de avaliação veicular com opacímetros e outros equipamentos Como funciona • Para participar, entre em contato com a federação de transporte da região e solicite a visita da equipe técnica • A avaliação é feita com base nas normas do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) • Os técnicos informam sobre procedimentos para preservação da qualidade do combustível; orientam sobre a importância da manutenção preventiva, do uso racional de combustível e lubrificantes e sobre o descarte correto de óleos, pneus, baterias, peças, filtros usados; orientam ainda motoristas sobre o meio ambiente e a condução econômica Selo Despoluir • O veículo que estiver dentro dos padrões de emissão de poluentes recebe o selo Despoluir Sistema Nacional de Informações Despoluir • É um banco de dados que registra as avaliações. É possível acompanhar, via internet, a evolução dos resultados das empresas e dos veículos avaliados
empresas e autônomos foram atendidos no projeto de redução de emissões
“O Despoluir nos ajudou muito em relação à precisão das medições” MIGUEL JACINTO LOPES, DA HP TRANSPORTE COLETIVO
“Tudo começou com o Despoluir. Fomos nos apaixonando pelo tema. Implantamos também a coleta seletiva, trabalhamos com reúso da água (veja na página 22). São várias iniciativas importantíssimas para a questão ambiental e econômica”, afirma. A Grande Vitória opera 215 veículos, transportando cerca de 2 milhões de passageiros por mês. São cerca de 400 motoristas. Além de cursos próprios, a em-
presa trabalha em parceria com o Sest Senat. “Usamos bastante o Sest Senat como uma ferramenta para a melhoria da capacitação profissional de nossa equipe”, afirma. A HP Transporte Coletivo Ltda., que opera na Região Metropolitana de Goiânia, no Centro-Oeste, também participa do Despoluir e implanta diversas medidas para reduzir as emissões e outros impactos ao meio ambiente. Atualmente a
empresa possui certificação ambiental, ISO 14.001, e de qualidade, ISO 9.001. “O Despoluir nos ajudou muito em relação à precisão das medições. Trouxe mais confiabilidade e qualidade. Além disso, o programa tem provocado uma mudança de mentalidade nas empresas de transporte em relação à importância da gestão ambiental”, afirma Miguel Jacinto Lopes, gerente de performance
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A maior importância do Despoluir foi despertar a consciência do empresário, que abraçou essa causa ambiental. A cada ano, aumentamos o número de empresas participantes e, também, o número de aferições. Nosso prêmio da Fetram, por exemplo, surpreende a cada ano
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Waldemar Araújo, Presidente da Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais)
SUSTENTABILIDADE
Menos gasto ao reusar a água Entre as próximas ações previstas pelo Despoluir, está a disseminação de informações sobre a conservação e o reúso da água no setor transportador. Medidas que promovam maior economia do recurso são muito úteis para que as empresas gastem bem menos. Exemplo disso é a experiência do Grupo Grande Vitória, que participa do programa Despoluir. Por mês, há uma economia em torno de 1 milhão de litros, o que representa cerca de R$ 5.700, segundo o coordena-
dor de suprimentos do grupo, Sirlei Torezani. Toda a água utilizada para lavar os ônibus da empresa vem de um sistema de tratamento e reúso implantado há cerca de dois anos. Sirlei conta que a ideia surgiu para evitar o desperdício na lavagem dos ônibus. “Primeiro pensamos na questão ambiental e depois fomos presenteados com esse retorno expressivo.” A água reaproveitada também é utilizada nos banheiros e para aguar os jardins da empresa.
EFICIÊNCIA???? ENERGÉTICA ????? Fontes de biodiesel; Despoluir produz material infor
GRUPO GRANDE VITÓRIA/DIVULGAÇÃO
ECONOMIA Grupo Grande Vitória tem projeto de reúso
veicular da HP Transporte Coletivo. Segundo ele, a questão econômica não é prioridade. De qualquer forma, Lopes destaca que há uma estimativa de ganhos financeiros na empresa em torno de 5%, somente a partir das aferições dos veículos. “Economizamos combustível e garantimos o controle da fumaça. Também tomamos outras medidas importantes, como a destinação correta de pneus e óleos. Todo resíduo
perigoso tem que ser destinado da forma ambientalmente adequada”, explica Lopes. O Grupo Cimpor – uma empresa internacional de produção de cimentos com oito fábricas instaladas em seis Estados do Brasil – é também parceiro do programa Despoluir. Desde 2009, foram feitas 8.000 inspeções nos caminhões que trabalham para o grupo, e o índice de aprovação tem sido acima de 90%. A frota é terceirizada, mas
DEPOIMENTO
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A Fetrabase tem se destacado em relação às aferições. Somos muito comprometidos com o programa, que significa um marco em relação às questões de meio ambiente. Com a redução de poluentes, ganham os empresários, ganha a população e ganham os governantes. Na regional Bahia e Sergipe, a atividade é consolidada e respeitada Carlos Knittel , Presidente da Fetrabase (Federação das
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CNT/DIVULGAÇÃO
Empresas de Transportes dos Estados da Bahia e Sergipe)
PROJETO TECNOLOGIAS E ENERGIAS LIMPAS • O Despoluir produz estudos sobre o uso de tecnologias e energias limpas, visando incentivar, acompanhar e informar sobre o desenvolvimento de combustíveis e tecnologias menos poluentes • São considerados aspectos da qualidade, produção, comercialização, distribuição e barreiras à adoção das inovações • O Despoluir dissemina as principais notícias ligadas ao tema com a veiculação de matérias em sua página na internet e na revista CNT Transporte Atual • A equipe técnica participa dos principais fóruns de discussão, especialmente no Conama Principais publicações: Os Impactos da Má Qualidade do Óleo Diesel Brasileiro • Orienta transportadores, caminhoneiros autônomos e a sociedade sobre os impactos da má qualidade do óleo diesel brasileiro, apresentando os principais problemas e procedimentos para a preservação do combustível
mativo com assuntos de interesse do setor
“Mostramos o quanto é importante fazer a manutenção correta do veículo” DANIEL SCHUMACHER, DO GRUPO CIMPOR
o grupo considera importante trabalhar com caminhões que possuam o selo do Despoluir, indicando que emitem conforme o previsto na legislação. Além de contribuir para o meio ambiente, o coordenador de Planejamento Logístico e Comércio Exterior, Daniel Schumacher, destaca que a implantação do Despoluir tem também um objetivo social, especialmente em relação aos autônomos. “Mostramos para
Procedimentos para a Preservação da Qualidade do Óleo Diesel B • O óleo diesel veicular comercializado no Brasil possui biodiesel (é o óleo diesel B) e apresenta benefícios ambientais e estratégicos. Mas é fundamental adotar procedimentos na produção, no transporte, no recebimento, no armazenamento e no uso do combustível Fase P7 do Proconve e o Impacto no Setor de Transporte • Em janeiro de 2012, entrou em vigor a fase P7 do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores) para veículos pesados. O estudo apresenta as novas tecnologias e as implicações para veículos, combustíveis e ganhos ambientais A adição do Biodiesel e a Qualidade do Diesel no Brasil • A pesquisa avalia as possíveis implicações da adição de biodiesel ao diesel comum, tanto no consumo como na manutenção dos veículos. O acréscimo do biodiesel no diesel é obrigatório desde 2008. • O relatório apresenta os resultados da consulta em empresas de transporte de cargas e de passageiros
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RECONHECIMENTO
Prêmios incentivam empresas Para incentivar as empresas a promover ações sustentáveis, algumas federações premiam aquelas que se destacam nos resultados das aferições de ônibus e caminhões. Em junho, 11 empresas foram homenageadas no Prêmio Fetram de Qualidade do Ar, promovido pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais. Podem participar empresas que têm 100% de aprovação dos veículos aferidos pelo Despoluir em pelo menos 70% da frota total. As que conseguem os maiores índices recebem troféu e certificado. “Muitas se sentem estimuladas, não somente pela premiação”, diz a coordenadora do Despoluir na Fetram, Danielle Gramiscelli. A Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais) desenvolve o prêmio Melhor Ar. Na segunda edição, em 2011, o número de empresas inscritas triplicou. “É interessante perceber que há um despertar da consciência ambiental. Elas começam a adotar práticas sustentáveis”, diz a superintendente da Fetcemg e coordenadora do Despoluir na federação, Cheuri Pamela Moraes Costa Pereira.
O coordenador do Despoluir na Fetergs (Federação das Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio Grande do Sul), Gerson Zang Toigo, diz que é nítida a mudança de comportamento. “Quando iniciamos o Despoluir, éramos considerados intrusos em muitas empresas. Hoje, a demanda pelas aferições é enorme”, afirma. Neste ano, a federação promoverá a segunda edição do Prêmio Fetergs Despoluir. A Cepimar (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão) promove o Prêmio Melhoria da Qualidade do Ar. O coordenador do Núcleo Socioambiental, Marcelo Brasil, explica que os participantes têm de apresentar também projetos ambientais, além das aferições. “E, no período de avaliação, não podem ter multa em órgão ambiental.” A Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo) realiza o prêmio QualiAR. “É uma forma importante de incentivar as organizações que conseguem alcançar metas”, diz o coordenador do Despoluir no Espírito Santo, pela Fetransportes, João Paulo Lamas.
PROJETO CAMINHONEIRO AMIGO DO MEIO AMBIENTE • O projeto tem o intuito de transformar o motorista em um disseminador de boas práticas ambientais e contribuir para a conscientização da sociedade • Nos cursos do Sest Senat e nas ações do Despoluir, os caminhoneiros são orientados sobre questões ambientais • Eles podem, por exemplo, informar as autoridades sobre alguma queimada na beira das estradas ou sobre a prática de crimes ambientais
CONSCIE
eles o quanto é importante fazer a manutenção correta do veículo para proporcionar a economia de combustível e outros ganhos.” Projetos Nesses cinco anos de atuação, o Despoluir tem ampliado suas ações e atingido um número cada vez maior de trabalhadores. Desde 2007, mais de 18 mil empresas e caminhoneiros autônomos foram atendidos no projeto de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos
com índice médio de aprovação em torno de 87%. Esse projeto já está consolidado, mas há inúmeras outras ações importantes do programa que vêm ganhando destaque nesses cinco anos. São ações estratégicas e operacionais ligadas à gestão ambiental. O Despoluir atua para mostrar ao empreendedor que a incorporação da gestão ambiental e a responsabilidade socioambiental no transporte são condições fundamentais para a manutenção da empre-
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ISTOCKPHOTO
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O programa é importantíssimo, especialmente neste momento em que muitos órgãos ambientais dos Estados estão exigindo o certificado dos veículos em relação às emissões. O Despoluir tem um sucesso fantástico. Temos bastante procura das empresas. A CNT deu um passo certo ao colocar esse programa em andamento
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Irani Bertolini,
NTIZAÇÃO Programa da CNT vem contribuindo para despertar a importância pela conservação ambiental
PROJETO GESTÃO AMBIENTAL • Em sintonia com as discussões para a implantação de um desenvolvimento sustentável, o Despoluir investe fortemente na melhoria da gestão ambiental das empresas de transporte em todas as suas áreas de atuação • O projeto dissemina modelos de gestão voltados para a utilização racional de recursos naturais que minimizem os impactos adversos ao ar, ao solo e à água, resultantes das atividades do setor • O projeto vai além do incentivo à redução das emissões atmosféricas e à economia de combustível, desenvolvendo uma série de iniciativas que promovem a gestão ambiental de forma mais ampla • Foi desenvolvida uma pesquisa para conhecer as ações ambientais realizadas pelas empresas de transporte rodoviário, a Sondagem Ambiental do Transporte
Presidente da Fetramaz (Federação das Empresas de logística,Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia)
sa no mercado. Mais do que a necessidade de um posicionamento politicamente correto, a adoção dessas práticas traz benefícios econômicos para o transportador. E essas ações de gestão ambiental a serem incorporadas pelas empresas de transporte vão desde a identificação dos impactos ambientais decorrentes de suas instalações, processos, produtos e serviços, como a execução de ações preventivas para eliminar ou minimizar esses im-
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DEPOIMENTO
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No Rio Grande do Sul, o programa é um sucesso. Temos mais de 42 mil aferições neste período. É um programa de muita credibilidade e tem havido muita procura, principalmente dos órgãos públicos, que querem fazer parcerias. O Despoluir incentiva o uso de novas tecnologias, o que também é muito importante
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Victorino Saccol,
Presidente da Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul)
pactos, incluindo a educação e a capacitação ambiental. Nesse contexto, o Despoluir realizou a pesquisa Sondagem Ambiental do Transporte. Foram pesquisadas 649 empresas. Cerca de 89% disseram promover alguma ação relacionada à conservação do meio ambiente. Dentro do projeto Tecnologias e Energias Limpas, o Despoluir tem produzido publicações de interesse do setor, como “Os Impactos da Má Qualidade do Óleo Diesel Brasileiro”, os “Procedimentos para a Preservação da Qualidade do Óleo Diesel B”, a “Fase P7 do Proconve e o Impac-
ACESSO
Novo site facilita divulgação de informações Para marcar o aniversário de cinco anos do Despoluir no mês de julho, o programa teve sua presença on-line renovada. Após três meses de trabalho, o site (www.cntdespoluir.org.br) foi substituído por uma versão mais ágil, leve, moderna e de fácil navegação. Na página, além de informações sobre as ações e os projetos desenvolvidos pelo Programa Ambiental do Transporte, o internauta encontra dados sobre novos co-
nhecimentos e tecnologias ambientais no setor, legislação, notícias, entrevistas, vídeos, eventos, artigos e publicações relacionadas ao transporte e ao meio ambiente. O novo site destaca ainda iniciativas das federações e parceiros do Despoluir, promovendo o compartilhamento das ações. O objetivo é ajudar os transportadores, a iniciativa privada, o governo, as organizações não governamentais, os institutos de pesquisa e as
universidades na busca pela sustentabilidade. Layout Para permitir um melhor aproveitamento da página, a arquitetura de informação e o conteúdo foram repensados. Os projetos, como o de Avaliação Veicular Ambiental e Tecnologias e Energias Limpas, ganharam mais espaço. O acesso às federações participantes passou a ter destaque na página inicial e, em outro formato, ficou mais simples e direto. A seção Serviços agora conta
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JULIO FERNANDES/CNT
com dicas ambientais, clipping de notícias, uma seleção de reportagens publicadas pela Agência CNT de Notícias, calendário de eventos e uma listagem com a legislação federal ambiental atualizada. Também é possível acessar todas as publicações oferecidas em versões digitais e arquivos em PDF para baixar, além de links externos sobre transporte e o meio ambiente. Para abrigar todo o conteúdo, foi preciso desenvolver uma programação visual moderna e limpa, combinada com uma navegação simples. (Por Jacy Diello) REPRODUÇÃO DO SITE DO DESPOLUIR
ADESÃO Mais de 18 mil empresas e autônomos foram atendidos em um dos projetos
to no Setor de Transporte”, entre outros. A superintendente da Fetrabase (Federação das Empresas de Transportes dos Estados da Bahia e Sergipe), Ângela Pamponet Dantas, destaca a importância dessas publicações para que o setor esteja mais engajado nas questões ambientais. “As avaliações dos veículos são muito importantes para reduzir as emissões. Mas o Despoluir tem ações que vão além. E essas publicações são ótimas. É importantíssimo saber, por exemplo, quais são os procedimentos corretos para o óleo diesel.” Há ainda o projeto Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente,
que tem o intuito de transformar o motorista em um disseminador de boas práticas ambientais e contribuir para a conscientização da sociedade. O presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, afirma que o trabalhador em transporte é peça fundamental na construção da sustentabilidade e destaca que o Despoluir tem estimulado a mudança de consciência e as ações pelo transporte sustentável. “No momento em que o mundo busca alternativas de crescimento ambientalmente corretas e que o Brasil foi sede do maior encontro de países sobre o tema, a Rio+20, o
Despoluir se consolida com uma série de projetos e ações importantes com a finalidade de melhorar o desempenho ambiental no setor transportador, mudando mentalidades, quebrando paradigmas e multiplicando o conhecimento”, conclui Clésio Andrade. l (Com Agência CNT de Notícias) Leia na página 8 entrevista com o gerente da área de desenvolvimento sustentável e saúde ambiental da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), Luiz Augusto Galvão. Ele fala sobre transporte, sustentabilidade e saúde.
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DESPOLUIR
Plano do
clima debate o transporte CNT defende eficiência energética e renovação de frota para reduzir emissões; Confederação foi sede de reunião de plano setorial POR
s medidas necessárias para reduzir as emissões no setor de transporte foram debatidas na sede da CNT, em Brasília, durante uma consulta pública ao Plano Setorial de Transporte de Cargas e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudan-
A
CYNTHIA CASTRO
ça do Clima. Representantes dos ministérios dos Transportes e das Cidades mostraram que há uma estimativa de potencial de redução de emissões de CO2 em 5,3 milhões de toneladas em 2020. Isso, se forem realmente implantadas as obras e intervenções indicadas no PNLT
(Plano Nacional de Logística e Transporte), além dos projetos de mobilidade que já estão em andamento no país (associados à Copa de 2014, ao PAC Mobilidade Grandes Cidades) e iniciativas relevantes no âmbito de alguns Estados e municípios. O gerente de projetos da
Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, João Alencar, afirma que entre as medidas previstas para o transporte de passageiros, estão, por exemplo, a ampliação de sistemas de BRT (Bus Rapid Transit), que operam em corredores exclusivos, e o
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PROPOSTAS Reunião para consulta pública ao Plano Setorial de Transporte de Cargas e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima
VLP (veículo leve sobre pneus). Em relação ao transporte de cargas, a chefe da assessoria socioambiental do Ministério dos Transportes, Kátia Matsumoto Tancon, destacou a transferência modal, e o maior investimento em transporte por cabotagem (na cos-
ta brasileira). O Plano Setorial de Transporte de Cargas e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima integra as medidas que serão incorporadas ao Plano Nacional de Mudança do Clima. O plano setorial foi elaborado de junho de 2011 a abril deste ano. Em agosto, encerrou o
prazo para contribuições por meio de consulta pública. “Vamos agora fazer uma análise crítica, sob o ponto de vista técnico. Muitas contribuições são factíveis. Outras não”, disse João Alencar. Até o final deste ano, esse plano setorial da área de transporte deve estar incorporado ao plano nacional.
Entre os participantes da consulta pública na sede da CNT, estava o coordenador de Mudanças Climáticas e Energia, Carlos Rittl, da organização não governamental WWFBrasil. Na opinião dele, é preciso avançar em relação às medidas para reduzir as emissões no setor de transporte.
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ENTREVISTA
“A renovação da frota é essencial”
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ALTERNATIVA Transporte hidroviário contribui para reduzir emissões
“Hoje, o plano setorial mede como as políticas já existentes, como o PNLT e as ações para a mobilidade urbana, vão contribuir para a redução de emissões. Mas não estamos explorando o potencial máximo. E isso precisa ser discutido”, avalia Rittl. Para o representante da WWF, é importante avaliar com rigor em quais aspectos é possível reduzir emissões. “Temos que identificar qual o custo disso, as diferentes ações necessárias para atingir a redução máxima possí-
vel. Que sejam definidos instrumentos, políticas, mudanças em aspectos regulatórios e tributários. E também que sejam estabelecidos instrumentos financeiros para articular todas as ações entre governos federal, estaduais e municipais”, afirma o coordenador de Mudanças Climáticas e Energia da WWF-Brasil. Na abertura da reunião para a consulta pública, a coordenadora do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, da CNT, Marilei Menezes, indicou alguns pontos
O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, defendeu, na sede da CNT em Brasília, a necessidade de o Brasil trabalhar pelo maior equilíbrio da matriz de transporte, ampliando a participação dos modais ferroviário e aquaviário. Na avaliação do secretário-executivo do fórum, também é importante implantar medidas que permitam a renovação da frota de veículos do Brasil. Luiz Pinguelli Rosa é diretor da Coppe/UFRJ – Instituto Alberto Luiz Coimbra de PósGraduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Leia trechos da entrevista. Qual a expectativa em relação ao Plano Nacional de Mudança do Clima nessa área setorial do transporte? Que ele seja benfeito. Que sejam ouvidas as opiniões, as críticas da sociedade, das áreas envolvidas diretamente no transporte. Que seja factível, que reduza tanto quanto possível as emissões de gases e que o Brasil cumpra o seu compromisso para 2020. O compromisso voluntariamente assumido na Conferência do Clima (em 2009, em Copenhague). A mudança na matriz de transporte é um ponto-chave? Independentemente de questão climática, a matriz de transporte brasileira é predominantemente rodoviária, em excesso. Seria bom para a economia brasileira que fosse mais diversificada. Em primeiro lugar, com mais participação do ferroviário e, em segundo lugar, do aquaviário. É ne-
cessário também resolver o problema das fontes de energia. Estamos com falta de etanol. Ao mesmo tempo, o consumidor que compra o etanol e a gasolina está se voltando mais para a gasolina. Isso é ruim para os gases do efeito estufa. A partir do plano podem sair soluções para esses problemas? Esperamos que sim. O plano tem a ver não só com o problema do ambiente, dos gases de efeito estufa, como também da mobilidade, do uso do transporte pela população. E, na parte econômica, tem ligação com o transporte de cargas, com a racionalidade, com a economia e com custos menores. Tomara que isso dê certo e que não fique no papel. O senhor diz que espera que o Brasil cumpra o que foi prometido em Copenhague. Qual a avaliação sobre a fase que está hoje em relação à redução de emissões? Está caminhando bem por causa da redução do desmatamento, que é a maior contribuição brasileira para o efeito estufa. É algo fora do consumo de energia e do transporte. O desmatamento é outro problema, ligado à atividade agrícola. Tem reduzido e até 2020 tudo indica que, se ficar nesse caminho, vamos cumprir a meta. Mas isso não basta. Temos que ir pensando adiante. Quando se fala de transporte e meio ambiente, o que é importante focar? Mudança da matriz, diminuição do peso excessivo do transporte rodoviário, composição do uso da energia.
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SAIBA MAIS
Luiz Pinguelli Rosa, do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
A má qualidade da infraestrutura rodoviária prejudica a eficiência energética. Esse é outro ponto importante? Com toda razão. Isso é horrível para o meio ambiente, para o consumo energético, para a economia e para a segurança. A infraestrutura rodoviária é causa de acidentes. Há todas as razões para melhorar as condições das estradas. A CNT defende um processo de renovação de frota. Como o senhor avalia essa questão? Para a economia de energia e de custos, a renovação da frota é essencial. E também para a segurança. Veículos muito velhos são menos seguros. No meio acadêmico – na Coppe e em outras institui-
ções – há tecnologias desenvolvidas aliando transporte e meio ambiente. O que é preciso para que essas tecnologias, como o ônibus híbrido e o trem de levitação magnética, estejam de fato no Brasil? Estamos lutando com unhas e dentes para estimular o uso dessas tecnologias. Temos algumas delas. É preciso mais empreendedorismo. Levar mais ao pé da letra a palavra inovação. O Brasil é muito lento tecnologicamente. Veja a comparação com a China e com a Coreia do Sul. São países que há pouco tempo estavam em situação como a do Brasil. Hoje dão um salto que o Brasil não está conseguindo dar. Exceto em algumas áreas, como aeronáutica e petróleo. (Com Kátia Maia)
• Os Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima da Indústria, Mineração, Saúde e Transportes (transporte público de passageiros e transporte de cargas) permaneceram em consulta pública eletrônica entre 15 de junho e 15 de agosto* • A elaboração dos planos foi determinada por meio de um decreto de dezembro de 2010, que regulamenta a Política Nacional sobre Mudança do Clima. É parte integrante da estratégia brasileira de mitigação e adaptação à mudança do clima • Os planos setoriais foram elaborados no período de junho de 2011 a abril de 2012 pelos ministérios das Cidades; dos Transportes; da Saúde; de Minas e Energia; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior • A orientação foi do GEx (Grupo Executivo sobre Mudança do Clima), que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente • O processo contou com a participação de representantes dos setores produtivos e da sociedade civil, indicados pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, além de entidades convidadas pelas coordenações setoriais dos planos • As propostas serão avaliadas e, até o final deste ano, deve ser consolidada a versão que irá integrar o Plano Nacional de Mudança do Clima * essa era a previsão no fechamento da revista Fonte: Ministério do Meio Ambiente
importantes que precisam ser contemplados pelo Plano Nacional de Mudança do Clima. A renovação de frota, especialmente de caminhões, é uma das ações mais relevantes para se reduzir as emissões no setor e também para incentivar o menor consumo de combustível. Marilei enfatizou que a eficiência energética deveria obter maior destaque no plano elaborado pelo governo federal. “Gostaríamos que esse tema ganhasse mais espaço no plano, com ações espe-
cíficas nessa área. É importante detalhar mais, ser mais agressivo nessa questão”, disse a coordenadora do Despoluir. Um dos pontos inseridos nesse contexto é a melhoria das condições de infraestrutura das rodovias brasileiras. As más condições das estradas têm um impacto considerável no consumo de combustíveis, tanto pelos veículos leves como pelos pesados, além de aumentarem o risco de acidentes. O investimento na infraestrutura para o transporte de
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FERROVIÁRIO Participantes de consulta pública destacaram importância de investir no equilíbrio da matriz de transporte
passageiros também é outra medida fundamental, ao discutir a implantação de um plano para a redução de emissões no setor de transporte, conforme Marilei. O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, também defendeu medidas, como a necessidade de infraestrutura adequada para o transporte rodoviário, a melhoria do transporte público e o equilíbrio da matriz. “O Brasil tem preponderância excessiva do rodoviário. Não
podemos deixar de registrar a necessidade de mencionar uma política nesse sentido, para ser coerente com a preocupação da redução de gases de efeito estufa”, diz Pinguelli. O diretor da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Marcos Bicalho, ressaltou na consulta pública na CNT que o momento é muito importante. “É a primeira vez que estamos conseguindo fazer a união da questão do meio ambiente e da mobilidade urbana. Os estudos mostram que o trans-
porte público coletivo é fundamental para avançar na questão ambiental, especialmente nos centros urbanos”, avalia Bicalho. A conselheira da CNT no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), Patrícia Boson, também destacou como positivo o fato de o tema transporte ter entrado na pauta das ações sobre mudanças climáticas. Mas, na avaliação de Patrícia, como a transferência modal não é algo que vá acontecer de forma imediata, é importante traba-
lhar em outras frentes para reduzir as emissões do transporte em um prazo menor. “Uma medida em curto e médio prazo seria investir na melhoria da eficiência energética do transporte rodoviário de cargas, o que passa pela modernização da frota e por todas as medidas de eficiência energética. Passa também pela melhor infraestrutura, melhoria de combustíveis e pela capacitação dos motoristas para que eles dirijam de uma forma mais econômica”, diz Patrícia. l
CARGAS
POR
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ara reduzir os custos do transporte rodoviário de cargas, muitas empresas e motoristas autônomos têm procurado estratégias, como o compartilhamento de frota terceirizada ou mesmo a compra conjunta de um caminhão. Outra alternativa para quem não quer fazer um investimento alto para adquirir um veículo novo é alugar um caminhão – algo já disponível em algumas cidades. A Ambev, fabricante de bebidas, desenvolve, desde 2009, o projeto Frota Compartilhada, em parceria com as empresas Unilever, BRF Brasil Foods, Sara Lee e Pepsi. Os caminhões que voltariam vazios depois de abastecer os centros de distribuição da Ambev passaram a transportar a mercadoria das demais empresas. Nos primeiros seis meses de vigência do programa, foram realizadas cerca de cem viagens compartilhadas por mês. Hoje, são mais de 600 viagens. O projeto teve início no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. E atualmente acontece em 33 rotas de dez Estados. Os ganhos econômicos e ambientais têm sido significativos. De acordo com informações da Ambev, entre setembro de 2009 e novembro de 2011, houve uma economia de 4,2 milhões de litros de diesel e também foi pos-
P
Pela reduç Empresas de transporte e autônomos têm com sível deixar de lançar na atmosfera 446,3 toneladas de CO2. Outro benefício importante, conforme destaca a Ambev, é que o projeto permite reduzir o tráfego de caminhões nas estradas. A expectativa da empresa é que esse tipo de transporte passe a representar 66% em relação ao total movi-
mentado pela companhia, entre as fábricas, os centros de distribuição e os produtores de insumo. Além de consolidar os parceiros já existentes, a Ambev busca novos integrantes para o compartilhamento. O departamento de logística da empresa abastece 1 milhão de pontos de venda e mantém
mais de 70 centros de distribuição e entrega. A frota é terceirizada e formada por 3.000 caminhões. De acordo com a Ambev, há também uma preocupação com a idade média dos veículos utilizados, que é de quatro anos. Por contrato com as transportadoras, eles não podem ter mais de oito anos.
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A LTERNATIVA LLoja oja ddaa J SL, ALTERNATIVA JSL, eem m SSão ão B ernardo ddoo C ampo, Bernardo Campo, aaluga luga ccaminhões aminhões
ão de custos partilhado a frota; aluguel de caminhão também é opção Experiências como essa, da qual fazem parte a fabricante de bebidas e outras empresas, poderia ser mais difundida em todo o país, na opinião do assessor técnico da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Antonio Lauro Valdivia.
“É uma alternativa muito importante para a redução de custos e também para a otimização do trabalho. É uma solução inteligente que pode ajudar, inclusive, na sobrevivência de muitas empresas”, considera Valdivia. Ele comenta que, em alguns casos, o caminhão faz a entrega
da carga de uma empresa e retorna com a carga de outra. Em outras situações, o compartilhamento acontece no mesmo trajeto, dividindo os trechos. “O compartilhamento evita a ociosidade. Para reduzir custos, tem que evitar ao máximo deixar o veículo rodar vazio.”
Caminhoneiros autônomos também têm buscado como alternativa de trabalho a compra conjunta de caminhões. “Ainda é difícil para eles conseguir um financiamento, e o veículo novo é muito caro”, diz o diretor operacional do Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de
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SITE CNT
Empresas e autônomos podem simular financiamento VOLVO / DIVULGAÇÃO
Transportadores autônomos e empresas de transporte de cargas podem fazer, com facilidade, simulações de financiamento de caminhões e de implementos rodoviários por meio do site da CNT (Confederação Nacional do Transporte) www.cnt.org.br. O SFV (Simulador de Financiamento de Veículos), disponível no site, permite que o usuário compare as condições oferecidas por diferentes linhas de crédito e faça a melhor escolha. O sistema é simples e fácil de usar. Na primeira etapa, o usuário informa se é autônomo ou empresa de transporte. Preenche a renda bruta ou o faturamento da empresa. Outros requisitos necessários são os dados sobre o valor aproximado do veículo ou do implemento, se o transportador paga outro financiamento e se o bem adquirido será novo ou usado. Essas são as únicas informações que precisam ser inseridas. Não há necessidade de identificação do usuário. O simulador calcula o valor da prestação mensal do financiamento e permite que o transportador compa-
SAIBA MAIS: • Como funciona: O programa simula as diversas opções de financiamento disponíveis no mercado com base nas regras vigentes. Os parâmetros (carência, taxa de juros e prazo) são dados pelo mercado. As simulações são realizadas utilizando o modelo de amortização Price, que é um modelo de cálculo de financiamento que utiliza prestações fixas
OPÇÃO Simulação pode ser para caminhões e implementos
re, ao mesmo tempo, até quatro linhas de crédito diferentes. Ele apresenta as condições de entrada, prazos para pagamento, taxa de juros e carência de cada programa de financiamento. Após apresentar as opções de financiamento disponíveis e as principais regras e características de cada programa de financiamento, o simulador avalia o percentual de comprometimento da renda/faturamento e permite ao usuário fazer a escolha que julgar mais vantajosa. (Rosalvo Streit)
• Informações disponíveis nas simulações: Valor da prestação, valor a ser financiado, número de prestações, taxa de juros mensal, carência do financiamento, comprometimento da renda ou do faturamento, total de juros a pagar, total pago no financiamento, detalhamento das simulações
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AMBEV/DIVULGAÇÃO
COMPARTILHAMENTO Desde 2009, a Ambev desenvolve o projeto Frota Compartilhada
Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira), Fredy Aurélio Soares. O diretor ressalta que o término da carta-frete foi uma vitória para os autônomos, que terão agora como comprovar a renda para tentar um financiamento. De qualquer forma, Soares afirma que os valores dos caminhões novos são muito elevados e muitas vezes é necessário fazer parcerias para comprar o veículo. Aluguel O aluguel é outra alternativa que tem sido procurada por empresas que não querem fazer grandes investimentos imediatos na compra de um caminhão. A JSL,
empresa com forte atuação na área de serviços logísticos, ampliou sua atuação comercial e inaugurou, em janeiro, a primeira loja de aluguel de veículos para o transporte de cargas. A JSL Aluguel de Caminhões funciona em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo. No fechamento da edição desta revista, estava prevista a abertura de outras três lojas: em São José dos Pinhais (Paraná), Betim (Minas Gerais) e Jaboatão dos Guararapes (Pernambuco). O diretor de locações de caminhões, José Geraldo Júnior, explica que a empresa opera hoje com duas modalidades de aluguel. A
primeira é para atender possíveis eventualidades e a segunda para atendimentos em longo prazo – de 12 a 60 meses. “Para a demanda em longo prazo, atendemos o cliente da forma que ele precisa. Customizamos o veículo para a necessidade dele. O caminhão pode ser padronizado com acessórios, pode ser colocada a marca dele. Fazemos da forma que o cliente quiser”, afirma José Geraldo. De acordo com o diretor de locações, nesse caso, a empresa consegue uma certa expansão da frota sem a necessidade de fazer grandes investimentos na aquisição de um veículo novo. Já no caso do aluguel para eventualidade, ele cita
que a empresa pode fazer a locação até mesmo por um dia, para a realização de alguma mudança, por exemplo. Ele explica que em alguns casos, as transportadoras estão escolhendo fazer o aluguel de alguns veículos nos momentos de pico de entrega. “Quando há uma necessidade emergencial, quando aumenta muito o volume de entrega no início do mês, por exemplo, algumas empresas buscam o aluguel.” Conforme o diretor de locações de caminhões da JSL, o preço do aluguel chega a cair até 50% se a escolha for pela modalidade em longo prazo, em torno de 48 meses. Na modalidade emergencial, o preço do aluguel de um caminhão baú da Iveco, por um mês, sai em torno de R$ 5.400. “São vários os benefícios de se alugar um caminhão. Há o benefício tributário, a empresa tem uma maior capacidade de aumento da frota, trabalha com uma frota sempre nova. Não precisa se preocupar com a manutenção.” Os modelos de caminhão disponíveis para locação são: Iveco 35S14 (baú e carroceria), Volkswagen 8.150 (baú e carroceria), Volkswagen 24.250 (baú, carroceria e caçamba), Volkswagen 26.260 (caçamba e pipa), Scania G380 (cavalo mecânico 6x2), Volkswagen 19.320 (cavalo mecânico 4x2). De acordo com a JSL, outros modelos poderão ser providenciados de acordo com a necessidade do cliente. l
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FERROVIAS
História e paixão Sociedade de Pesquisa e Memória do Trem completa 20 anos de registro do modal ferroviário brasileiro POR
m grupo de aficionados por ferrovias, que se encontrava com frequência para trocar informações sobre o modal, decidiu se organizar para formar uma entidade com foco na pesquisa e no registro da história ferroviária no Brasil. Foi assim que surgiu a Sociedade de Pesquisa para Memória do Trem, que comemora 20 anos em novembro.
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LETICIA SIMÕES
Em sua trajetória de resgate e preservação, a organização editou dez livros que contam a saga da ferrovia brasileira. A entidade mantém suas atividades a todo vapor. Alguns projetos estão em andamento, entre eles, a publicação de um livro de referência sobre as locomotivas a diesel e elétricas em operação no país. A entidade se prepara também para lançar outros
livros. Um deles vai abordar a história das locomotivas elétricas nas grandes ferrovias paulistas, um segundo título vai falar sobre os trens militares e canhões ferroviários, além de um terceiro, que vai explorar as grandes locomotivas a vapor. Um dos idealizadores, o engenheiro e consultor ferroviário João Bosco Setti, dirige a organização desde sua
fundação, ao lado de José Emílio de Castro Horta Buzelin e de Eduardo José de Jesus Coelho. Todos faziam parte do grupo que trocava conhecimentos e curiosidades sobre ferrovia. “Muitos outros amigos participam das ações, especialmente no que se refere às pesquisas de assuntos históricos ferroviários e nos projetos de futuros livros”, diz Setti. De acordo com ele, no início do trabalho, o conceito era pesquisar e agrupar informações históricas sobre as ferrovias brasileiras, a exemplo de inúmeras entidades privadas existentes na Europa e na América do Norte. “Os bons resultados começaram a surgir, o que fez o grupo pensar em alguma maneira de compartilhar as informações. Foi daí que veio a ideia da edição dos livros.” A entidade foi responsável por disponibilizar na web o primeiro site dedicado às ferrovias do Brasil. A página en-
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FOTOS MEMÓRIA DO TREM/DIVULGAÇÃO
trou no ar em dezembro de 1995, época em que a Internet foi aberta no país para o setor privado e usuários comuns. O primeiro livro, “A Era Diesel na EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil)”, de autoria de Setti e de Coelho, foi publicado, em novembro de 1993, pela Aenfer (Associação de Engenheiros Ferroviários). Coelho também foi o autor
do segundo título lançado, “Guindastes Ferroviários no Brasil - Protótipos e Modelos”, publicado em 1994 com a colaboração do jornalista Flávio Roseiro Cavalcanti. A partir daí, a própria entidade se consolidou e passou a publicar mais títulos, além de apoiar outras publicações por meio de revisões e da cessão de informações.
“É preciso entusiasmo e disponibilidade de todos os envolvidos” JOÃO BOSCO SETTI, CONSULTOR FERROVIÁRIO
A venda direta dos livros é uma das principais fontes de renda da Memória do Trem, que se mantém ainda por meio de contribuições pessoais de dirigentes e apreciadores do projeto. O patrocínio de empresas privadas para a publicação de alguns títulos é outro canal de recursos para sustentar a organização. A concessionária MRS é
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uma das companhias que já colaboraram com as iniciativas da entidade. Além do livro "MRS Logística S.A.: A Ferrovia de Minas, Rio e São Paulo", ela patrocinou a elaboração de “Ferrovias no Brasil, Um Século e Meio de Evolução”. Para Sérgio Carrato, gerente-geral de arrendamento e concessão da MRS, o resgate da memória ferroviária nacional, por meio dos livros editados pela Memória do Trem, faz com que a sociedade reflita sobre o passado, o presente e futuro do modal, além de chamar a atenção para a importância de organizações com esse veio. “As instituições que buscam a preservação dessa história ainda são poucas no país, o que desfavorece iniciativas semelhantes.” O historiador e professor Carlos Alberto Ungaretti Dias, diretor do Acervo Histórico da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, acredita que o cenário mude em pouco tempo. “Vivemos uma gigantesca transformação, em que a preservação da memória ganha um valor em si mesma. Trata-se de uma importância fundamental no mundo inteiro.” Segundo Dias, em várias cidades pelo mundo, o patri-
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PRESERVAÇÃO Entidade trabalha para reunir informações históricas sobre locomo
”Percebe-se um grande avanço em relação à preservação do modal” CARLOS ALBERTO UNGARETTI DIAS, HISTORIADOR
mônio cultural é visto como coletivo. “As pessoas cuidam permanentemente de seus edifícios, documentos, artes e objetos.” É essa ação coletiva, de acordo com o historiador, que transforma o patrimônio em história. “A preservação vai para museus, arquivos, instituições, fundações, entidades e exposições, transformandose em patrimônio cultural, em
turismo e em negócios públicos e privados.” Ele afirma que iniciativas como a da Memória do Trem permitem à sociedade preservar o patrimônio cultural e a contar a história do país, além de contribuir para a construção da memória coletiva nacional. “Se forem considerados os últimos 20 anos, percebe-se um grande avanço com relação à preservação do modal. Existe
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CPTM/DIVULGAÇÃO
tivas e outros itens ferroviários, como vagões, estações e obras de arte
um volume considerável de informações disponíveis em diversos sites. Mas ainda há muito a ser feito. A história do trem brasileiro é riquíssima e preservá-la é essencial.” Maurício Querino Theodoro, presidente da Ferroeste, diz que com o fortalecimento contínuo do setor, a memória ferroviária será cada vez mais valorizada. “É muito importante a existência de uma instituição que se de-
”É muito importante ter uma instituição que preserve a memória” MAURÍCIO QUERINO THEODORO, PRESIDENTE DA FERROESTE
dica a preservar a memória de um setor tão vital para o desenvolvimento de um país, como é o caso das ferrovias.” Setti, da Memória do Trem, afirma que a atividade cultural tem suas dificuldades de recursos e uma grande dose de idealismo. “Para manter uma entidade de caráter instrutivo, sem fins lucrativos, é preciso entusiasmo e disponibilidade pessoal de todos os envolvidos em cada projeto. Só assim é possível enfrentar os inúmeros desafios.” O engenheiro acredita que ainda hoje a história e as curiosidades relativas ao modal ferroviário brasileiro despertam maior interesse nos amantes de ferrovias. Mas não estão restritas a esse grupo. “Grande parte da opinião pública, quando tem contato com o conteúdo ferroviário, admira-se e muitas vezes também se apaixona, especialmente as crianças, que têm admiração natural pelo trem.” O dirigente destaca que uma divulgação massiva das entidades que se dedicam à preservação da história ferroviária serviria para que mais pessoas vissem o trem como algo do futuro, “e não do passado.” Além dos livros, a Memória do Trem disponibiliza em seu si-
te o IGL (Inventário Geral de Locomotivas), um banco de dados que reúne informações históricas sobre cada locomotiva que já operou ou opera no Brasil. Sua base de informação é a pesquisa de documentação e as observações in loco dos colaboradores da entidade. O IGL disponibiliza o acompanhamento da vida de cada locomotiva, individualmente. “Todas merecem ser consideradas como históricas, mesmo aquelas modernas, zero quilômetro. Elas são cadastradas da mesma forma das que possuem décadas de idade”, diz Setti. Além das locomotivas, a entidade trabalha para reunir informações históricas sobre outros itens ferroviários, como vagões, carros de passageiros, estações e obras de arte, entre outros. De acordo com o diretor, em breve, os novos dados serão publicados na página da organização. Todos os livros editados e também os que contam com a colaboração da entidade podem ser adquiridos em lojas de ferreomodelismo, associações de preservação, em algumas livrarias e diretamente pelo site da Memória do Trem (www.trem.org.br). As publicações estão disponíveis nos idiomas português e inglês. l
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INFRAESTRUTURA
Plano para o transporte Governo federal lança programa de investimentos em rodovias e ferrovias para aumentar a competitividade DA REDAÇÃO
governo federal lançou, no dia 15 de agosto, o Programa de Investimentos em Logística, que prevê aplicação de R$ 133 bilhões em nove trechos de rodovias e em 12 trechos de ferrovias. O objetivo do programa é aumentar os investimentos públicos e privados em infraestrutura de transportes e promover a integração de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, reduzindo custos e
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ampliando a capacidade de transporte, além de promover a eficiência e aumentar a competitividade do país. A primeira etapa tem foco nas rodovias e ferrovias. Do total anunciado, R$ 91 bilhões serão destinados à construção de ferrovias e R$ 42 bilhões serão investidos na duplicação e na construção de rodovias. Segundo o governo, R$ 79,5 bilhões serão aplicados nos próximos cinco anos
e R$ 53,5 bilhões em até 25 anos. O planejamento das ações e o acompanhamento dos projetos serão feitos pela EPL (Empresa de Planejamento e Logística), criada pelo governo federal para promover a integração logística no Brasil. Os investimentos do programa em aeroportos e portos serão anunciados em outra etapa. O senador e presidente da CNT e do Sest Senat, Clésio
Andrade, participou do lançamento do Plano Nacional de Logística, no Palácio do Planalto. “Será um marco divisor na infraestrutura de transporte do país. É uma demanda antiga da Confederação Nacional do Transporte para que se investisse fortemente em rodovias, ferrovias e portos. A presidenta Dilma deu uma demonstração muito forte da preocupação que ela tem com a logística no Brasil e de que
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JÚLIO FERNANDES/CNT
passou a ver o investimento no setor como necessário para reduzir o custo Brasil e alavancar a economia”, disse o senador Clésio Andrade. O programa contempla trechos de rodovias federais em oito unidades da Federação. As regras para as concessões definem que o vencedor de cada certame será aquele que aceitar a tarifa mais baixa por seus serviços. Nos primeiros cinco anos, nos quais o con-
cessionário terá que concentrar seus investimentos, deverão ser concluídas as obras de duplicação, contornos, travessias, vias marginais, viadutos e pontes. Não serão instalados postos de cobrança de pedágio em áreas urbanas, e a cobrança de tarifa só será feita quando 10% das obras estiverem concluídas. As condições de financiamento anunciadas são juros de TJLP, acrescida de até 1,5%; a ca-
rência é de até anos 3 anos, e o prazo de amortização é de até 20 anos. No modal ferroviário, o modelo proposto é de parceria público-privada, com o governo federal como o responsável pela contratação da construção, da manutenção e da operação da ferrovia. Pelo modelo, a empresa pública Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes, com-
pra a capacidade integral de transporte e faz oferta pública dessa capacidade para os usuários que queiram transportar carga própria, para operadores ferroviários independentes e para concessionárias de transporte ferroviário. No caso das ferrovias, os investidores terão acesso à linha de financiamento com juros de TJLP, acrescida de até 1%; carência de cinco anos e amortização em até 25 anos. l
Pesquisas indicam forte demanda por compra de aeronaves no Brasil e no exterior
Confianรงa no
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PRODUÇÃO Linha de montagem da Boeing
AVIAÇÃO
POR
studos realizados pelas duas maiores fabricantes de aeronaves do mundo mostram que a demanda por novos aviões, para os próximos 20 anos, será crescente em todos os mercados. Para a América Latina, pesquisa realizada pela Airbus constata que serão necessários 2.028 novos aviões de passageiros com mais de 100 lugares. Para o Brasil, o levantamento aponta 701 novas aeronaves com a mesma capacidade. Já a Boeing estima que o mercado latino-americano vá demandar 2.510 aviões no período. A companhia não divulgou os números consolidados para a aviação nacional. A pesquisa Global Market Forecast (previsão global de mercado na tradução livre), realizada pela Airbus, revelou que as novas aeronaves para a América Latina incluem 1.653 aviões de corredor único (capacidade para transportar de 150 a 180 passageiros; podem chegar a 300 lugares, conforme a configuração), 334 de corredor duplo (capacidade varia entre 200 e 600 passageiros) e 41 de grande porte (podem levar até 800 passageiros). O valor estimado é de US$ 197 bilhões. Já o investimento da fabricante para o mercado brasileiro é de, aproximadamente, US$ 82 bilhões, para 501 aeronaves de corredor único, 174 de dois corredores e 26 grandes aviões. O levantamento Boeing Market Outlook 2012, por sua vez, aponta que as entregas das mais de 2.000 aeronaves para o mercado latino-americano serão realizadas entre 2012 e 2031. Em todo o mundo, as entregas da Boeing totalizam 34 mil novas aeronaves em um valor estimado de US$ 4,5 trilhões. "O mercado mundial de aviação está mais diversificado e amplo. Mesmo durante alguns anos difíceis, ele vem registrando aumento na
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futuro
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produção de novos aviões”, disse Randy Tinseth, vice-presidente de marketing da Boeing. O estudo afirma que China, Índia e outros mercados emergentes, como o Brasil, são um dos principais polos de entregas da fabricante nos próximos 20 anos. Segundo a Boeing, transportadoras de baixo custo, que tendem a estimular o tráfego com tarifas mais baixas, estão crescendo mais rápido do que o mercado como um todo. De acordo com a pesquisa, a previsão de crescimento para o tráfego aéreo em todo o mundo é de 5% ao ano, ao longo das próximas duas décadas. As entregas da Boeing até 2031 incluem 23.240 aviões de corredor único; 7.950 de corredor duplo; 790 Widebodies (aeronaves maiores e de corredor duplo), como os modelos 747-8, 777 e 787 Dreamliner; e 2.020 jatos. A Embraer tem a mesma previsão de crescimento da Boeing para o mercado mundial, no mesmo intervalo (5% ao ano). Segundo a empresa, isso vai demandar a entrega de 6.795 novos jatos no segmento de 30 a 120 assentos, em um valor estimado em US$ 315 bilhões. O levantamento da Airbus,
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PROJEÇÃO Pesquisa da Airbus leva em consideração a análise feita
segundo Rafael Alonso, vicepresidente-executivo da fabricante, mostra uma análise minuciosa da evolução mundial do transporte aéreo, que abrange 300 fluxos distintos de transporte de passageiros e de cargas. É feita ainda uma projeção, todos os anos, do desenvolvimento da frota mundial das companhias aéreas, por meio da análise de quase 750 aviões de passageiros e de 190 operadores de carga, com
perspectivas para os próximos 20 anos. “A estimativa cobre a demanda de aeronaves do mercado regional para as maiores aeronaves disponíveis, como o A380.” O executivo afirma que, hoje, a Airbus possui uma carteira de pedidos de mais de 350 aeronaves para serem entregues. Um dos maiores clientes da empresa na América Latina é o grupo Latam Airlines Group, formado pela fusão da chilena LAN e da brasileira TAM. De
acordo com Alonso, os pedidos pendentes dessas companhias para a Airbus excedem 180 aeronaves. “Em 2011, a LAN requisitou 20 aviões do modelo A320neo, e a TAM vai se tornar a primeira companhia aérea latino-americana a voar com o A350 XWB. Foram encomendados 27 aviões. Essas aeronaves são altamente eficientes e de fuselagem larga.” Procurada pela reportagem para se manifestar sobre as projeções apontadas pelas
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MERCADO AÉREO Veja mais dados das pesquisas Global Market Forecast - Airbus Previsões para o mercado latino-americano (até 2030) 2.028 novas aeronaves de passageiros com mais de 100 lugares Valor estimado: US$ 197 bilhões Previsões para o mercado brasileiro (até 2030) 701 novas aeronaves de passageiros com mais de 100 lugares Valor estimado: US$ 82 bilhões Projeções de mercado para o Brasil Até 2030, o país se tornará o 4º maior mercado de voos domésticos do mundo, com razão de crescimento de 7,4% Boeing Market Outlook 2012 - Boeing Previsões para o mundo (até 2031) América Latina: 2.510 aeronaves Ásia-Pacífico: 12.030 aeronaves Europa: 7.760 aeronaves América do Norte: 7.290 aeronaves Oriente Médio: 2.370 aeronaves Comunidade dos Estados Independentes: 1.140 aeronaves África: 900 aeronaves Total mundial: 34 mil aeronaves Projeções de mercado China, Índia e outros mercados emergentes são o principal polo das entregas para os próximos 20 anos Fontes: Airbus e Boeing
em quase 750 aviões de passageiros com perspectiva para duas décadas
pesquisas e sobre os investimentos em novas aeronaves, a Latam não se pronunciou. Alonso afirma que a TAM possui 107 aviões encomendados à Airbus. Fazem parte do pacote 27 A350, 11 A319s, aproximadamente 50 A320 e 22 aviões do modelo A320neo. “A TAM já solicitou uma importante parcela dos 700 novos aviões a serem adquiridos pelo Brasil nos próximos 20 anos.” Conforme a pesquisa da Airbus, o tráfego aéreo da
América Latina vai continuar em alta, crescendo mais de 6% ao ano. É a segunda taxa de crescimento mais alta do mundo, atrás do Oriente Médio e à frente da Ásia-Pacífico. O estudo aponta ainda que, até 2030, o Brasil vai se tornar o quarto maior mercado de voos domésticos do mundo, com razão de crescimento de 7,4%, seguindo EUA, China e Índia. Entre 2010 e 2030, o levantamento estima que o PIB brasileiro deva crescer
144%, o que representa 20% a mais do que a média da América Latina. O especialista em finanças Luiz Augusto Pacheco, gestor da Inva Capital, empresa com atuação em finanças corporativas, afirma que a projeção da Airbus para o PIB brasileiro é “plausível”. “Essa estimativa representa um crescimento do PIB de 4,5% por ano. O país registra crescimento em diversas áreas da economia e tem grande po-
tencial ainda a ser explorado no modal aéreo.” Segundo Pacheco, a aviação regional está sendo mais visada nas projeções, especialmente nos grandes polos agrícolas nacionais. “Essas regiões vão atrair investidores. As economias regionais estão se desenvolvendo e vão criar demanda.” A consultora em marketing e mercado Simone Escudêro, diretora de projetos e estudos de mercado da All Consulting,
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ESPAÇO AÉREO Evolução da frota de aeronaves do Brasil Ano
Número de aviões
1999
10.274
2000
10.364
2001
10.527
2002
10.641
2003
10.699
2004
10.831
2005
10.995
2006
11.113
2007
11.351
2008
11.857
2009
12.505
2010
12.914
2011
14.187 Fonte: Anac
TECNOLOGIA Modelo 787 desenvolvido pela Boeing
empresa de consultoria estratégica, diverge sobre as expectativas divulgadas. “É possível que as fabricantes alcancem o volume de aeronaves projetado, mas é arriscado prever esses números em um mercado tão vulnerável como o da aviação.” A pesquisa da Boeing mostra que existe uma forte demanda para substituir os aviões mais velhos por aero-
naves que priorizem a maior eficiência dos combustíveis. A substituição representa 41% das novas entregas previstas. Simone rebate a previsão. Segundo ela, o setor passa por um momento de mudanças, com fusões e saídas de algumas companhias aéreas do mercado, o que pode fazer com que as projeções de longo prazo não se confirmem. “Quando as empresas se fun-
dem, o mercado passa a ter um compartilhamento de voos, sem necessidade de adquirir novas aeronaves.” Ela destaca que esse processo culmina em maiores taxas de ocupação das aeronaves, em novas rotas e alianças e no aumento da competitividade no mercado. Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a demanda doméstica
do transporte aéreo de passageiros apresentou crescimento de 7%, no acumulado dos seis primeiros meses de 2012, em relação ao mesmo período de 2011. Durante o mês de junho (último levantamento divulgado), a demanda cresceu 11%, ao ser comparada ao intervalo do ano anterior. Entre as seis empresas com participação no mercado doméstico superior a 1%, a parti-
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panhia não comenta a respeito de suas projeções.
está entre os mais modernos do mundo
cipação da TAM e da Gol, líderes do mercado doméstico em junho último, alcançou 39,67% e 34,11%, respectivamente, durante o primeiro semestre. Já a oferta de assentos no mercado doméstico cresceu 8,46%, nos primeiros seis meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2011. O ministro-chefe da SAC (Secretaria de Aviação Civil), Wagner Bittencourt, destacou re-
EXPECTATIVA Airbus aposta no sucesso de vendas do A380
centemente o bom momento do mercado, no que diz respeito à venda de passagens aéreas. "A grande vantagem é que tem aumentado muito a demanda e a ocupação dos aviões. Isso permite às companhias reduzirem os preços das tarifas.” Na contramão do bom andamento da demanda de passageiros, a Gol continua com seus planos de demissão de pessoal. A companhia divulgou
nota afirmando que, de janeiro a dezembro, vão ser exonerados 2,5 mil postos de trabalho. A empresa declarou que a medida se faz necessária para que a companhia se adeque à nova realidade do setor. Sobre as expectativas de mercado avaliadas pela Airbus e pela Boeing, a empresa não quis se pronunciar, assim como a Azul. Segundo a assessoria desta última, a com-
Gargalos As fabricantes de aeronaves não temem que os gargalos estruturais impactem em suas projeções. Rafael Alonso, vicepresidente-executivo da Airbus, diz que o A380, com capacidade que varia de 400 a mais de 800 passageiros, pode ser a alternativa ideal para o que ele chama de “crescimento sustentável” do mercado e das companhias aéreas. Para Simone Escudêro, consultora da All Consulting, o mercado não estima que a capacidade de infraestrutura seja aumentada em médio prazo. “A demanda está além do limite do que o país pode suportar. A dois anos da Copa2014, não se sabe se essa base será adequada. Por isso, é difícil prever o que pode acontecer daqui a 20 anos.” Luiz Augusto Pacheco, gestor da Inva Capital, é mais otimista. Ele acredita que a tendência é de que os gargalos sejam eliminados em médio e longo prazos. “O primeiro passo para resolver esses problemas foi dado com a concessão de alguns aeroportos. A tendência é que esse processo continue.” l
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COMPETIÇÃO
Pesos pesados nas pistas As provas de arrancadas de caminhões, realizadas no Sul do país, ganham novos adeptos a cada ano POR LIVIA
a boleia, a rotina diária da estrada dá lugar à adrenalina da velocidade. No veículo ao lado, o companheiro de profissão transforma-se em adversário por pelo menos 14 segundos, tempo suficiente para cruzar a pista de competição a até 160 km/h. As provas de arrancadas de caminhões, que acontecem há 26 anos no Sul do Brasil, exigem habilidade dos motoristas para percorrer uma pista de até 500 metros de extensão, no menor tem-
N
CEREZOLI
po possível, pilotando caminhões de até 4.000 quilos. Aficionados por veículos e por velocidade lotam as pistas, montadas à beira-mar, e os autódromos de várias cidades. As duas competições principais, a Arrancada de Caminhões e o Arrancadão Truck Series, acontecem em Balneário Arroio do Silva, no Paraná, e nos autódromos do Rio Grande do Sul (a cada ano é escolhido um local diferente), respectivamente. Ambas são homologadas pelas federações de auto-
mobilismo dos dois Estados, mas ainda são consideradas provas amadoras. Também existem outras competições em Santa Catarina, como o Arrancadão Serrano, em Lages, e o Arrancadão Oestino, em Chapecó, que a cada ano ganham novos adeptos. “As provas sempre foram amadoras e assim permanecerão. Elas têm como foco principal os trabalhadores ligados diretamente à cadeia produtiva do transporte. Não temos pilotos profissionais nas competi-
ASPEKTO COMUNICAÇÃO E MARKETING/DIVULGAÇÃO
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VELOCIDADE
Caminhões alcançam 240 km/h nas pistas Ter habilidade também é essencial para comandar os pesos pesados durante as provas da Fórmula Truck, categoria do automobilismo brasileiro onde os caminhões ultrapassam os 200 km/h – na Fórmula 1, a mais famosa competição do gênero, a velocidade chega a 320 km/h. Na pista, são 25 veículos de aproximadamente 4.000 quilos disputando o primeiro lugar (neste ano, a competição conta com apenas 23, porque dois pilotos não foram habilitados). A prova tem ao todo uma hora de duração, e o número de voltas é variável em cada um dos circuitos. Só podem concorrer veículos produzidos, montados ou comercializados no mercado nacional por montadoras oficialmente instaladas no Brasil. Os caminhões são adaptados da estrada para a competição, e dos 420 cavalos, passam a ter até 1.300 cavalos de potência. “Existem ainda outras alterações, como a redução do espaço
Em Arroio do Silva,
200 mil pessoas assistiram as provas
entre os eixos e da altura da cabine, o que permite que o veículo atinja velocidades maiores”, explica o piloto Beto Monteiro, vice-líder da categoria em 2012. A competição teve início em 1986, quando o caminhoneiro santista Aurélio Batista Félix e o jornalista português Francisco Santos realizaram a primeira corrida de pesados da história do automobilismo brasileiro, em Cascavel (PR), com o nome de I Copa Brasil de Caminhões. Porém, um acidente fatal com um dos participantes interrompeu a realização da competição por alguns anos. Reestruturada e priorizando a segurança, em 1995 uma nova prova foi realizada em Cascavel, reunindo mais de 20 mil pessoas. No ano seguinte, a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) homologou o calendário e o regulamento para a Fórmula Truck fazer sua primeira temporada, em 1996. Hoje, a prova é disputada em
ções”, afirma José Pereira, da Aspekto Comunicação e Marketing e da ATS Promo Motor Sports, empresas responsáveis pela organização dos eventos. Entre os pilotos estão proprietários de empresas de transporte e motoristas contratados e autônomos. Como não são profissionais do automobilismo, eles dividem a rotina do dia a dia da estrada com os treinos. Cada uma das competições tem características e regras es-
nove cidades brasileiras - Nova Santa Rita (RS), Rio de Janeiro (RJ), Caruaru (PE), Goiânia (GO), São Paulo (SP), Cascavel (PR), Guaporé (RS), Curitiba (PR) e Brasília (DF) - e em Córdoba, na Argentina. Para os próximos anos, a organização prepara novidades. Em 2013, deve ser incluída uma etapa no México e, em 2014, uma nos Estados Unidos. “Não existe esse tipo de competição por lá, e essa é uma chance de fazer o campeonato crescer. Na Europa tem uma prova semelhante, mas menos veloz”, explica Neusa Navarro, presidente da Fórmula Truck. Por lá, os caminhões não podem ultrapassar os 160 km/h em todo o circuito. Aqui no Brasil, também existe restrição, mas apenas em um trecho da pista. “Na maior reta do circuito, os caminhões são fiscalizados por um radar e a velocidade é limitada a 160 km/h. Essa redução de velocidade é para preservar a segurança dos pilotos”, ressalta Neusa.
pecíficas. Em Balneário Arroio do Silva, onde a arrancada já chegou à sua 22ª edição este ano, a pista é montada na areia da praia e, nas baterias classificatórias, os pilotos largam de três em três, para depois seguir para a etapa de mata-mata. Os caminhões são divididos em cinco categorias: Caminhão Toco/Truck até 320 cv, Cavalo Mecânico (injeção mecânica) até 480 cv, Cavalo Mecânico (injeção eletrônica) até 520 cv, For-
ça Livre (competem caminhões de tipos variados, mas que ainda rodam na rodovia) e Protótipo (veículos com alteração na plataforma original que não rodam mais na estrada). Ao todo, a pista tem 500 metros de extensão por nove de largura e mais 500 metros de área de escape, obrigatória para a desaceleração dos caminhões. A prova de 2012, realizada entre os dias 1º e 4 de março, teve 128 pilotos inscritos (um recorde para
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FÓRMULA TRUCK/DIVULGAÇÃO
FÓRMULA TRUCK Edição 2012 PRÓXIMAS PROVAS 9/9 Córdoba (Argentina) 14/10 Guaporé (RS) 11/11 Curitiba (PR) 9/12 Brasília (DF) RANKING DE PILOTOS (os cinco melhores colocados) CAMPEONATO BRASILEIRO Piloto Pontuação Leandro Totti 107 Beto Monteiro 95 André Marques 71 Felipe Giaffone 68 Wellington Cirino 66 CAMPEONATO SUL-AMERICANO Piloto Pontuação Beto Monteiro 56 André Marques 54 Leandro Totti 48 Adalberto Jardim 39 Wellington Cirino 38 Fonte: Fórmula Truck
AUTOMOBILISMO Fórmula Truck tem nove etapas no Brasil e uma na Argentina
a competição) e reuniu mais de 200 mil pessoas. Já o Arrancadão Truck Series é uma prova de asfalto, realizada em pistas que podem ter entre 300 e 400 metros de extensão. Os pilotos disputam as fases classificatórias de dois em dois. As categorias são as mesmas da prova de Arroio, com exceção da Força Livre, na qual é permitida adaptação no motor e na carenagem dos veículos, e a Caminhão Leve até 160 cv.
A competição acontece desde 2007 e já passou pelas cidades gaúchas de Nova Santa Rita, Viamão, Guaporé e Santa Cruz do Sul. Neste ano, a prova deve ser realizada em novembro, em data ainda a ser definida, novamente no autódromo de Tarumã, em Viamão. Em todas as categorias, com exceção da Força Livre, no Rio Grande do Sul, e da Protótipo, em Arroio, os veículos não sofrem nenhuma alteração em
suas características principais. Apenas são realizadas adaptações de regulagem em alguns componentes, como bomba injetora, turbina e módulo eletrônico, além de adequações na carenagem aerodinâmica. Nas outras categorias é permitida alteração na potência do motor para que os veículos desempenhem velocidades maiores. Segundo Daniel Lovato, piloto das categorias Cavalo Mecânico até 420 cv, Cavalo Mecâni-
“As provas têm foco nos trabalhadores do setor de transporte” JOSÉ PEREIRA, ASPEKTO COMUNICAÇÃO E MARKETING
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VELOCIDADE NAS PISTAS Conheça as principais provas ARRANCADA DE CAMINHÕES Onde acontece Balneário Arroio do Silva (SC) Categorias • Caminhão Toco/Truck até 320 cv • Cavalo Mecânico (injeção mecânica) até 480 cv • Cavalo Mecânico (injeção eletrônica) até 520 cv • Força Livre (competem caminhões de tipos variados, mas que ainda rodam na rodovia) • Protótipos (veículos com alteração na plataforma original dos caminhões que não rodam na rodovia) Regras • As provas acontecem em um único dia, com treinos no dia anterior. Os caminhões largam de três em três. A pista tem 500 metros de extensão ARRANCADÃO TRUCK SERIES Onde acontece Autódromos do Rio Grande do Sul Categorias • Caminhão Leve até 160 cv • Caminhão Toco/Truck até 320 cv • Cavalo Mecânico (injeção mecânica) até 480 cv • Cavalo Mecânico (injeção eletrônica) até 520 cv • Força Livre (permite adaptação no motor e na carenagem dos veículos) Regras • As provas acontecem em um único dia, com treinos livres no dia anterior. Os caminhões, sempre de dois a dois, percorrem a pista que tem extensão variável entre 300 e 402 metros, dependendo do autódromo Fonte: Aspekto Comunicação e Marketing e ATS Promo Motor Sports
DISPUTA No Arrancadão Truck Series, os caminhões
“O que me atrai nas provas é a adrenalina da arrancada” LUCINÉIA AMORIM, PILOTA
co até 520 cv e Força livre, o motor adaptado é bastante semelhante aos usados nos veículos que competem na Fórmula Truck, chegando aos 1.200 cv. “Esses caminhões, durante a arrancada, chegam a atingir até 180 km/h”, conta. Proprietário de uma empresa de transporte em Almirante Tamandaré (PR), há três anos Lovato participa de praticamente todas as provas realizadas na região Sul do país e afirma que ca-
da uma delas tem as suas dificuldades específicas. “As pistas são diferentes e você precisa saber controlar o caminhão na areia, na terra e no asfalto”, afirma ele. Apaixonada por caminhão e por velocidade, Lucinéia Amorim é pilota da categoria Toco/Truck até 320 cv. “O que mais me atrai nas provas é o caminhão, a adrenalina na hora da arrancada e a emoção que o público passa”, afirma. Ela é bicampeã da prova do Rio Grande do Sul e de Lages
(SC), campeã da prova de Chapecó e vice-campeã por duas vezes em Arroio do Silva. Lucinéia e o marido, Claudinei, também piloto (categorias Cavalo Mecânica até 480 cv e Força livre), são proprietários do ferrovelho Cedrinho, em Curitibanos (SC). Há pelo menos dez anos ela dirige o caminhão da empresa transportando sucata. Foi lendo uma revista, em 2008, que a pilota descobriu as provas e decidiu participar. “Hoje, tentamos estar
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FOTOS ASPEKTO COMUNICAÇÃO E MARKETING/DIVULGAÇÃO
percorrem pista de até 400 metros
presentes em todas as competições que acontecem. A arrancada virou uma paixão. Chegamos até mesmo a virar a madrugada preparando os caminhões para competir.” Mas não é só de velocidade e adrenalina que são feitas as provas de arrancada. Segundo Loivo Hoff, diretor comercial da Hoff, empresa de revenda de pneus e uma das apoiadoras do evento no Rio Grande do Sul, as competições também têm por objetivo
DESAFIO Em Arroio do Silva, os pilotos enfrentam as dificuldades de correr na areia
conscientizar o caminhoneiro sobre a segurança. “Sempre lembramos aos caminhoneiros que o local ideal para descarregar a adrenalina é na reta de arrancada, dentro de um autódromo, onde eles têm toda a segurança necessária. Estrada não é lugar de velocidade”, destaca ele. Por isso mesmo, os regulamentos das provas são bastante rigorosos e preveem punições para os pilotos que descumprirem qualquer regra de seguran-
Competição existe há
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anos no Sul do país
ça. Segundo José Pereira, responsável pela organização dos eventos, os treinamentos para as provas, por exemplo, só podem ser realizados nas pistas de competição. “Qualquer piloto que for pego praticando a arrancada em outro local que não seja o da prova, está sujeito à punição”, explica ele. Além disso, o regulamento prevê a suspensão do piloto que infringir qualquer norma estabelecida pela legislação de trânsito brasileira. l
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AQUAVIÁRIO
epois das rodovias, das ferrovias e dos aeroportos, agora é a vez do governo federal passar a construção e a operação de novos portos à iniciativa privada. Ainda não existe uma modelagem definida e cada um dos projetos pode ter regras específicas, mas a SEP (Secretaria de Portos) afirma que as obras de construção dos portos de Manaus (AM), Porto Sul, em Ilhéus (BA), e um de águas profundas, no Espírito Santo, terão a participação do capital privado. Os empreendimentos devem fazer parte de programa de concessões do governo federal. A decisão, inclusive, é parte das medidas adotadas pelo governo federal para dar maior eficiência às obras de infraestrutura no país, dando condição ao escoamento da produção e fortalecendo os grandes polos produtivos, além de gerar resultados mais rápidos para o crescimento econômico. A meta é ten-
D
Novos portos à vista Mesmo sem modelagem definida, governo federal confirma participação da iniciativa privada em novos projetos portuários POR
tar cumprir a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para o próximo ano. Mesmo que haja divergências sobre a escolha dos locais para a construção dos novos portos, especialistas e representantes do setor são unânimes quanto à necessidade de implantação de novos terminais para desafogar as operações no Brasil. Segundo dados da Antaq (Agência Nacional de Transpor-
LIVIA CEREZOLI
tes Aquaviários), somente nos três primeiros meses deste ano, foram movimentados aproximadamente 205 milhões de toneladas nos portos organizados e terminais de uso privativo de todo o país, um crescimento de 2,23% frente ao primeiro trimestre de 2011. “A decisão de abrir esses empreendimentos para a iniciativa privada é a única solução viável para corrigir os gargalos
portuários e logísticos que temos hoje”, afirma Renato Pavan, presidente da Macrologística, empresa de consultoria e desenvolvimento de projetos na área de logística e transporte de cargas. Segundo Meton Soares, vicepresidente de transporte aquaviário, ferroviário e aéreo da CNT e diretor-presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Maríti-
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JONCIMAR DAMASCENO/SUFRAMA/DIVULGAÇÃO
ALTERNATIVA Novo porto deve facilitar o escoamento da produção do Polo Industrial de Manaus
ma, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), mais do que construir novos portos, é preciso torná-los eficientes. “De nada adianta termos mais de 30 portos se os nossos produtos continuam perdendo em competitividade para o resto do mundo. Esperamos que os novos projetos sejam executados de forma a garantir eficiência operacional,” Dos três projetos, o mais adiantado é o do porto de Ma-
naus, cuja licitação deve ser realizada pela Antaq ainda neste segundo semestre. O novo porto deve ser construído na área da antiga Siderama (Siderúrgica do Estado do Amazonas) e vai facilitar o escoamento da produção do Polo Industrial de Manaus. Com custo aproximado de R$ 400 milhões, a obra deve ser concluída em 2 anos após o lançamento da licitação. A SEP trabalha com a possibilidade de o
terminal começar a operar já em 2014. O prazo da concessão deve ser de 25 anos, e o contrato deve seguir as regras já aplicadas no modal rodoviário. O empreendimento vem para suprir uma carência da região, já que o porto público da capital manauara é dedicado exclusivamente ao transporte de passageiros e, segundo a própria SEP, “logisticamente, não reúne condições de operar cargas”. Volta-
do principalmente para a movimentação de contêineres, o novo terminal deve ter capacidade para operar 665 mil TEUs (unidade correspondente a um contêiner de 20 pés) por ano. Para o superintendente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), Thomaz Nogueira, a construção de um novo porto na capital amazonense é absolutamente fundamental. Na avaliação dele, pe-
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ESPERA
Contrato de concessão não está definido O contrato de concessão do porto de Imbituba, em Santa Catarina, o único do país já administrado pela iniciativa privada, vence em 15 de dezembro deste ano, mas, até o momento, não existe uma definição sobre a futura administração do local. Nem mesmo os estudos de viabilidade para uma nova concessão estão finalizados, o que impede a realização de um novo leilão até o final do ano. A administração do porto de Imbituba e a SEP não confirmam, mas existe uma grande possibilidade de ampliação da outorga em caráter temporário. O
las características geográficas da cidade – banhada por rios – e pela expansão do polo industrial registrada nos últimos anos (em 2011, o faturamento foi de US$ 41 bilhões), seria necessária até mesmo a construção de outros terminais, não apenas para escoar a produção do polo industrial, como também para abastecer a população local e as próprias indústrias. “Não temos muitas opções por aqui, e o transporte aéreo torna os produtos muito caros. Talvez por isso Manaus tenha um custo de vida tão alto.” Atualmente, as operações
porto é administrado pela Companhia Docas de Imbituba, empresa de capital aberto que detém a concessão para exploração comercial do local desde 1941. De acordo com a SEP, todos os contratos a vencer e já vencidos (tanto de Imbituba como dos demais terminais arrendados antes da Lei dos Portos, de 1993) estão sendo avaliados e discutidos atualmente na esfera federal, entre a secretaria, a Presidência da República, a Casa Civil e o Ministério do Planejamento. Até o fechamento desta edição, a SEP afirmava que nenhuma de-
de transporte de cargas em Manaus são realizadas em apenas dois terminais privativos. O maior deles, o Porto Chibatão, opera mensalmente 27 mil TEUs de produtos alimentícios, refrigerados, insumos para construção civil e eletroeletrônicos em geral. Ainda em fase de licença ambiental, o Porto Sul, em Ilhéus, na Bahia, é um projeto do governo do Estado em parceria com o governo federal que também será concedido à iniciativa privada. Ao todo devem ser investidos R$ 2,5 milhões na instalação do terminal. O novo porto baiano deve ser
cisão havia sido definida, mas reuniões semanais estavam sendo realizadas para tratar do tema. O porto de Imbituba registrou, no ano passado, a melhor operação dos últimos 23 anos. Ao todo, foram movimentados 2,3 milhões de toneladas de carga. A movimentação média mensal foi de 192,6 mil toneladas. Entre as principais cargas transportadas estão carga geral (contêineres, congelados, caroço de algodão), granéis sólidos (coque, sal, grãos, clínquer, fertilizantes) e granéis líquidos (ácido fosfórico, soda cáustica, óxido de ferro).
integrado a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que ligará Ilhéus a Figueirópolis (TO). Com vocação para o transporte de commodities agrícola (soja, milho e algodão), minério, carvão, etanol e fertilizantes, o Porto Sul, segundo previsões do governo do Estado, em seu oitavo ano de operações, deve ter capacidade para movimentar 66 milhões de toneladas/ano. O projeto divide opiniões. Há quem defenda a ampliação do porto de Aratu, no nordeste da Baía de Todos os Santos, a 50 km do centro de Salvador, inclusive para atender o polo petro-
VENCI
químico da região que vem registrando crescimento nos últimos anos. “A economia da Bahia está concentrada principalmente na região central do Estado, por isso acredito mais na eficiência da ampliação de Aratu. Além disso, existe a implicação ambiental. O Porto Sul será construído no meio da Mata Atlântica”, alerta Renato Pavan, da Macrologística. Segundo o governo do Estado, a decisão pelo novo porto prioriza a desconcentração da atividade portuária na Bahia para tornar as cargas mais competitivas. Além disso, a
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SANTOS BRASIL/DIVULGAÇÃO
JOSÉ NAZAL/GOVERNO DA BAHIA/DIVULGAÇÃO
MENTO Porto de Imbituba ainda não tem definição sobre novo contrato
construção de uma linha ferroviária de alto desempenho que chegue até Aratu teria um custo muito maior do que a própria implantação da Fiol, no trecho entre Caetité e Ilhéus. Em relação ao impacto ambiental, o governo baiano garante que o único fragmento de mata identificado na área não será afetado pelo empreendimento. No Espírito Santo, o porto de águas profundas só deve começar mesmo a se tornar realidade entre 2014 e 2015. Por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) estão
sendo investidos R$ 20 milhões nos estudos da possível localização do novo terminal. Depois disso, ainda precisam ser feitos os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental antes de iniciar a construção. De acordo com a SEP, o custo da primeira fase do projeto deve chegar a R$ 1 bilhão. Na visão de Pavan, a região norte do Estado, próximo a São Mateus, é a melhor localização para o novo porto de águas profundas. Por ser uma região de pecuária, que já está degradada, os impactos serão bem menores. Porém, Pavan ressalta a
PORTO SUL Região onde deve ser construído o novo terminal
necessidade de construção de um novo ramal ferroviário até o terminal. “Grande parte da malha ferroviária do Estado opera no limite da capacidade. Para garantir a eficiência do porto, é preciso um planejamento integrado com os outros modais. Só assim será possível reduzir o custo logístico das operações”, explica o consultor. O secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Márcio Félix de Carvalho Bezerra, afirma que o governo do Estado já desenvolve um plano para integrar as redes rodoviárias e ferroviárias aos portos e que, além
de trabalhar pela instalação do porto de águas profundas, desenvolve projetos de incentivo à construção de outros terminais. “Sabemos da importância e do potencial do Espírito Santo para o comércio exterior, por isso incentivamos esses empreendimentos”, diz. Entre os novos projetos citados pelo secretário estão o Porto Central, no extremo sul do Estado, uma parceria com o porto de Roterdã, na Holanda; o Porto Norte Capixaba, em Linhares, e o Porto Leste, em São Mateus, ambos com vocação para exportar minério de ferro. l
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GUINDASTES TECNOLÓGICOS
Invasão estrangeira Setor que opera equipamentos no Brasil afirma que empresas de outros países estão fazendo “concorrência predatória” POR
uase 50 guindastes utilizados em grandes obras no Brasil, como a construção de usinas eólicas e hidrelétricas, entre outras, estão parados por causa da concorrência com empresas estrangeiras, especialmente da Espanha e da Holanda. Cerca de 3.000 funcionários também não estão trabalhando. O motivo, segundo entidades de classe e empresários que representam o setor de içamento e transporte
Q
CYNTHIA CASTRO
de cargas especiais, é que em muitas obras de infraestrutura estão sendo utilizados guindastes estrangeiros e também mão de obra de outros países, em condições avaliadas por essas entidades como prejudiciais às empresas instaladas no Brasil. O consultor José Aparecido Bastazini, representante de cinco entidades do setor, afirma que a crítica não é contra a operação das estrangeiras, e sim à forma
como se dá hoje a concorrência que, segundo ele, não está adequada. De acordo com Bastazini, os equipamentos de outros países entram no Brasil na modalidade de uso para obra temporária sem ser pedido o laudo de avaliação desses equipamentos. “Com isso, ocorre uma concorrência predatória. As estrangeiras declaram o valor depreciado do equipamento e, por isso, pagam pouco imposto, que é de 1% ao mês
CARGAS GRANDES Muitos guindastes
TOMÉ EQUIPAMENTOS E TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
sofisticados, de empresas instaladas há mais de 70 anos no Brasil, estão parados
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em relação ao valor que declarou. Já os empresários sediados no Brasil pagam o imposto integral quando compram um equipamento como esse”, explica o consultor. Os guindastes utilizados nessas grandes obras são de alta tecnologia e custam de US$ 5 milhões a US$ 15 milhões. O setor tem cerca de 3.000 empresas, que atuam há mais de 70 anos no segmento. Elas operam na implantação de obras que estimulam a expansão da infraestrutura do país, como várias previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo dados da assessoria de imprensa das empresas que atuam nessa área no Brasil, o faturamento anual é em torno de R$ 3 bilhões. No total, são 35 mil trabalhadores. O setor afirma que 3.000 trabalhadores estão parados e que, por enquanto, as empresas estão mantendo esses postos de trabalho. Por mês, o custo dessa mão de obra é em torno de R$ 18 milhões. “Essas empresas estrangeiras não pagam os encargos sociais. E as empresas desse setor que já operavam no Brasil pagam, em média, 83% de encargos sociais”, diz o consultor Bastazini.
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O presidente do Grupo Tomé, Laercio Tomé, afirma que os empresários que atuam no ramo no Brasil estão temerosos. “Todos os equipamentos que estão vindo de maneira até abusiva para o Brasil estão deixando o nosso mercado brasileiro apreensivo. Há facilidades que fazem com que esses equipamentos cheguem com preços subvalorizados, e as empresas não pagam os impostos, inclusive sobre a mão de obra”, afirma. Na opinião de Tomé, muitas empresas estrangeiras estão entrando com benefícios, não somente em relação aos guindastes, mas também para máquinas de terraplenagem, perfuração e caminhões. Fato, que, segundo Tomé, traz a concorrência desleal. “A Europa está passando por uma situação ruim, e os equipamentos estão lá, parados. Com isso, tem ocorrido uma invasão no Brasil, prejudicando os empresários que investiram e se prepararam e que estão mantendo em seus quadros mão de obra à disposição.” De acordo com o presidente do Grupo Tomé, há uma certa ociosidade das empresas brasileiras, em função da chegada dos estrangei-
ros, principalmente na área de energia eólica. Laercio Tomé considera que é necessário haver proteção para as empresas brasileiras. Ele cita que, durante vários anos, o Brasil ficou adormecido em relação a investimentos em infraestrutura. E agora, que há muitas obras em andamento e outras previstas, essas empresas brasileiras não podem ser prejudicadas. “Carretas com placa da Espanha estão transportando torres eólicas. Se houver algum problema, quem vai multar um veículo com placa da Espanha? Enquanto isso, se trafegarmos com dois centímetros a menos em uma faixa refletiva, somos parados. Temos que seguir corretamente as normas determinadas para cargas especiais, em relação a para-choque, batedores e tudo mais”, diz Tomé. O grupo presta serviços na área de transporte e locação de equipamentos como, guindastes, empilhadeiras, carretas, tratores. Pedido Nos últimos meses, o setor de içamento e transporte de cargas especiais tem se reunido com representantes dos governos para tentar resolver a situação, especialmente dos ministérios do Trabalho, da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, conforme informam os representantes do setor. “Não somos contra a vinda do estrangeiro
TECNOLOGIA Guindastes da
“Tem ocorrido uma invasão no Brasil, prejudicando empresários que investiram” LAERCIO TOMÉ, PRESIDENTE DO GRUPO TOMÉ
para o nosso país, desde que ele venha gerar emprego e contribuir com a arrecadação. É o direito à igualdade”, diz o consultor José Aparecido Bastazini. A reportagem da CNT Transporte Atual procurou três ministérios onde, segundo Bastazini, já foram feitas reivindicações. O Ministério da Fazenda informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não iria se manifestar sobre o assunto. Também por meio da assessoria de imprensa, o Mdic confirmou que
representantes do órgão se reuniram com os empresários do setor de içamento e transporte de cargas especiais. Entretanto, a resposta do ministério foi que as informações necessárias já foram passadas para o setor. O Ministério do Trabalho informou que recebeu no final do ano passado denúncias do setor que opera esses guindastes especiais no Brasil. De acordo com o coordenador-geral de imigração do ministério, Paulo Sérgio de Almeida, a Polícia Federal foi acionada
GRUPO TOMÉ/DIVULGAÇÃO
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SETOR DE CARGAS ESPECIAIS Confira alguns números passados pelos representantes das empresas do setor de içamento e transporte de cargas especiais no Brasil • Atualmente, há 48 equipamentos parados nos pátios das empresas. O investimento representado é de cerca de R$ 500 milhões • 3.000 trabalhadores estão parados porque os seus postos de trabalho teriam sido tomados por trabalhadores estrangeiros temporários • Por enquanto, as empresas dizem que estão mantendo esses postos de trabalho. O custo dessa mão de obra é em torno de R$ 18 milhões por mês Algumas reivindicações • Formalização de uma resolução para disciplinar a entrada de equipamentos e mão de obra estrangeira na modalidade temporária, impedindo que as empresas instaladas no Brasil sejam prejudicadas, bem como os empregos diretos e indiretos • A resolução deveria adotar uma tabela de preços dos equipamentos usados e exigir laudo de avaliação das características do equipamento • Esse laudo deveria ser elaborado pelo fabricante e atestado por engenheiro credenciado e por entidade de classe idônea, no momento do desembaraço aduaneiro, gerando a tributação correspondente e que deverá ser declarada na licença de importação • Limite à admissão temporária do equipamento pelo período máximo de seis meses • Apresentação, pela empresa estrangeira, de contrato firmado com a empresa local para prestação do serviço e liberação da importação temporária Fonte: Empresas do setor de içamento e transporte de cargas especiais
indústria instalada no Brasil custam entre US$ 5 milhões e US$ 15 milhões
para verificar se há estrangeiros trabalhando sem autorização. No ministério, as denúncias foram encaminhadas para a Secretaria de Inspeção do Trabalho. O que compete ao órgão é averiguar as condições de trabalho, se atendem às normas brasileiras de segurança. Por enquanto, ainda não há resultado das ações. Conforme Almeida, o ministério fornece autorização de trabalho somente quando não há mão de obra disponível no Brasil. No caso do setor de içamento de
Há mais de
70
anos, empresas estão em operação no Brasil
cargas especiais, o coordenadorgeral confirmou que já foram concedidas algumas autorizações. Ele não informou o número, mas disse que são pouquíssimas. “O primeiro requisito essencial para qualquer tipo de autorização de trabalho é que não existam brasileiros aptos para aquela função. Esse é um princípio que norteia toda autorização de trabalho que concedemos”, afirma. As entidades brasileiras que fazem as reivindicações são as seguintes: Sindipesa (Sindicato Na-
cional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais), Setcesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região), Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul), Sindileq (Sindicato das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas, Ferramentas e Serviços Afins do Estado de Minas Gerais) e Abef (Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e Geotecnia). l
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SUPERAÇÃO
Contra o medo de dirigir Receio de assumir a direção do veículo pode ser controlado com ajuda especializada POR
á cinco anos, a jornalista brasiliense Márcia Fernandes, 25, tirou a Carteira Nacional de Habilitação. Mas só agora, em 2012, ela conseguiu vencer o medo e começou a dirigir. Antes, o simples fato de pensar em assumir o volante era suficiente para provocar reações físicas e psicológicas em Márcia. Tremores, suor nas mãos, vontade de chorar, respiração ofe-
H
CYNTHIA CASTRO
gante - muita ansiedade. Ela tinha pânico de se imaginar no trânsito. Depois de passar por um processo de terapia e de fazer um treinamento para pessoas habilitadas, a jornalista conta hoje, com orgulho, que conseguiu superar o medo. “Estou recuperada e tenho um sentimento libertador. A sensação de independência é maravilhosa. Resolvi uma pendência importante na minha vida”, ava-
lia Márcia. Na terapia, ela descobriu que a origem do medo que sentia ao volante estava relacionada a um acidente grave que o pai dela sofreu, quando viajava de ônibus, de Brasília para Minas Gerais. A falta de prática na direção, pois nunca tinha dirigido de fato desde que tirou carteira, agravou a sensação de insegurança no trânsito. Esse sentimento de Márcia no passado, de ter medo da
direção, é bem mais comum do que se imagina. A afirmação é da gerente de ação educativa de trânsito do DetranDF (Departamento de Trânsito do Distrito Federal), Andréa Costa. Há alguns anos, o Detran realiza cursos periódicos para ajudar pessoas habilitadas a vencerem o medo de dirigir. Andréa conta que a demanda já chegou a ser de 600 pessoas procurando, ao mes-
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RÔMULO SERPA/AGÊNCIA FULL TIME
TREINAMENTO A jornalista Márcia Fernandes, 25, de Brasília, conseguiu superar o medo de dirigir; ela tirou carteira aos 20 anos
“Eles não têm prática e, por isso, ficam inseguros” ADILSON CÂNDIDO, DO CENTRO DE TREINAMENTO
mo tempo, uma vaga no curso de Brasília. “É importante que pessoas que têm essa sensação busquem alguma ajuda e não se acomodem na situação do medo. É muito positivo tentar vencer isso para dirigir com segurança”, diz Andréa. Como o próprio nome diz, o curso do Detran-DF é uma “Iniciação à Superação do Medo de Dirigir”. As aulas são teóricas, em grupo, e
têm muito de psicologia. O espaço é aberto para a conversa sobre fobias e ansiedades. Se o psicólogo identificar a necessidade de um trabalho individual, fará a indicação para o aluno. Os participantes também recebem informações sobre direção defensiva e legislação de trânsito. Sest Senat Na unidade do Sest Senat de Bento Gonçalves, no Rio Grande
do Sul, é desenvolvido o programa “Conduzindo sua Própria Vida – Vença o Medo de Dirigir”. O programa começa com entrevistas individuais feitas pelas psicólogas Ivana Cristina Zandavalli e Graziele Picolli. Depois, é iniciado o grupo, com nove encontros semanais de duas horas de duração cada um. “Trabalhamos algumas técnicas de psicologia em cima do medo de dirigir, da ansiedade. Os
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Sinais Confira alguns indicadores de quem tem medo de dirigir: • Tremores nas pernas • Braços firmes demais e mãos que apertam o volante • Medo de acelerar o veículo (em ultrapassagens ou mudanças de faixa) • Na rotatória, prestar atenção demais em quem está esperando para entrar e esquecer de ficar atento com o trajeto circular, correndo o risco de subir no canteiro central • Corpo doído depois de dirigir, mesmo que por pouco tempo • Medo ao perceber, pelo retrovisor, ônibus e caminhões • Sensação de insegurança ao perceber um ônibus parado na via ou veículo com defeito Fonte: Cetadiv (Centro de Treinamento e Aperfeiçoamento em Direção Veicular para Habilitados)
PROGRAMA Unidade do Sest Senat de Bento Gonçalves desenvolve pro
“São pessoas comprometidas com o que fazem, e querem tudo perfeito” GRAZIELE PICOLLI, DO SEST SENAT
integrantes do grupo também participam de aulas de direção defensiva, de mecânica e de aulas práticas”, diz Graziele, coordenadora do Senat de Bento Gonçalves. Segundo Graziele, a literatura da psicologia mostra que a maioria das pessoas que sentem medo de dirigir é formada por mulheres. Perfeccionismo e um grau de exigência muito alto consigo mesma são características comuns em grande parte de quem passa por essa situação. “Geralmente, são pessoas que se dão muito bem no traba-
lho, são comprometidas com o que fazem, e querem tudo perfeito. E exatamente por quererem tudo perfeito é que não se permitem cometer pequenos erros comuns para quem começa a dirigir. Elas não se permitem o treino. E, não treinando, não conseguem a habilidade suficiente para encarar o trânsito”, explica a psicóloga. Na avaliação de Graziele, há dois grupos de pessoas que têm medo da direção. No primeiro, estão aquelas que passaram por alguma situação de trauma, associado a acidentes. No se-
gundo, que representa a maioria, estão aquelas que não conseguem dirigir porque sentem uma ansiedade muito grande ao volante. “O objetivo do programa é trabalhar questões do volante do carro e do volante da vida. Até chegar à direção, há muitas coisas que a pessoa precisa reorganizar. É preciso primeiro fazer escolhas na própria vida para chegar à direção. E tudo isso deve ser trabalhado.” Treinamento Muitos motoristas habilitados que não conseguem enfrentar o
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SEST SENAT BENTO GONÇALVES/DIVULGAÇÃO
CYNTHIA CASTRO
grama para quem sente medo de dirigir
trânsito têm buscado ajuda também em empresas particulares que auxiliam no processo da direção. A jornalista Márcia Fernandes frequentou algumas aulas no Cetadiv (Centro de Treinamento e Aperfeiçoamento em Direção Veicular para Habilitados). O diretor-geral do centro, Adilson Cândido, informa que a maior parte dos clientes tem medo de dirigir por causa da falta de prática. São motoristas habilitados, mas que nunca dirigiram de fato, ou pessoas que deixaram de dirigir há alguns anos e querem retomar o processo.
SEGURANÇA Adilson Cândido destaca importância de treinamento
“Percebo que muitos alunos não sentem medo nem pânico. Mas eles não têm prática e, por isso, ficam inseguros. O treinamento é importante porque tento passar segurança a eles para que eles fiquem bem quando estiverem sozinhos no carro”, comenta. Quando um aluno procura o centro de treinamento, Adilson conta que a primeira coisa a fazer é a caracterização do perfil desse aluno. É necessário responder algumas perguntas básicas para que o instrutor possa saber a melhor forma de trabalhar a inse-
“É importante que as pessoas não se acomodem na situação do medo” ANDRÉA COSTA, DO DETRAN-DF
gurança do motorista. Quanto tempo tem a habilitação, quanto tempo a pessoa está sem dirigir e por quê, sentia medo de alguma coisa quando dirigia? São essas as primeiras questões a serem respondidas. Adilson Cândido faz um alerta sobre a importância de se trabalhar o medo para evitar também possíveis acidentes no trânsito. “Às vezes, a ansiedade é tão grande que o motorista tem alguma atitude errada que pode provocar um acidente.” A secretária Elisângela Rocha, 28, está fazendo aulas no Cetadiv e espera, em breve, conseguir estar no comando de um veículo sem sentir medo. Ela tirou carteira de habilitação aos 22 anos e só agora está dirigindo. Há um ano comprou um carro e decidiu procurar ajuda para perder o receio. Elisângela afirma que nunca teve traumas maiores no trânsito. Ao comentar sobre o que sente quando está ao volante, a secretária é enfática. “Tenho muito medo do trânsito pesado, de muitos carros perto de mim. Se dirijo em um lugar tranquilo, fico bem. O problema é o trânsito.” Para o instrutor Adilson, esse medo de Elisângela vem da falta de prática e, em breve, ela deve estar segura para assumir a direção sozinha. l
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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SEST SENAT
Transporte e cidadania No Dia do Motorista, ações de saúde e de lazer são realizadas para homenagear profissionais em todo o país POR LIVIA CEREZOLI
ferecer mais qualidade de vida aos trabalhadores do setor de transporte e homenagear os motoristas, profissionais essenciais para o desenvolvimento do país. Foi com esse objetivo que as unidades do Sest Senat de todo o Brasil realizaram mais uma edição do Transporte e Cidadania. O projeto, desenvolvido desde 2000, realiza atividades de saúde, lazer, esporte e cultura nas unidades do Sest Senat, nas empresas de transporte de cargas e de passageiros e em áreas públicas de diversas cidades, focando sempre a construção coletiva
O
da cidadania. Pelo terceiro ano consecutivo, o Transporte e Cidadania fez parte das comemorações do Dia do Motorista (25 de julho). A data é dedicada a São Cristóvão, considerado o padroeiro dos motoristas. Mais de 1,3 milhão de pessoas já participaram das ações em todo o país. Em São Vicente (SP), mais de 15 mil pessoas participaram da festa realizada no dia 29 de julho pelo Sest Senat em parceria com a TV Tribuna e a Viação Piracicabana. Atividades de esporte, lazer, cultura, recreação, educação para a saúde, ações cívicas e de prestação de serviços movimentaram o
domingo dos motoristas e seus familiares. O evento foi uma oportunidade para muita gente regularizar a documentação pessoal. Foram emitidas mais de 500 carteiras de identidade. Os atendimentos de saúde também foram bastante procurados pelos participantes. Trabalhadores do setor de transporte verificaram a pressão arterial, avaliaram os dentes e fizeram testes de hepatite C, entre outras doenças. Para as crianças, foram oferecidas atividades de recreação e de educação no trânsito. A festa teve o apoio da prefeitura de São Vicente, do Sindisan (Sindicato das Empresas de
AGUDOS
FOTOS SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
VITÓRIA DA CONQUISTA Sest Senat presta homenagem aos motoristas
Caminhoneiros aproveitaram o evento para cuidar do visual
TEÓFILO OTONI Motoristas participaram de blitz da saúde na BR-116
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CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2012
SÃO VICENTE Mais de 15 mil pessoas participaram das atividades na unidade
Transporte Comercial de Cargas do Litoral Paulista), do Sindrod (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Santos e Região), das polícias Militar e Rodoviária Estadual, do INSS, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), do Poupatempo, da OAB/São Vicente, do Grupo Esperança, do Sescoop/SP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo) e da Escola Circuito. Em Teófilo Otoni (MG), a festa em comemoração ao Dia do
Motorista, realizada em parceria com a Igreja São Cristóvão, a Secretaria Municipal de Saúde, o Teotrans (Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes), o Corpo de Bombeiros, o DER/MG (Departamento de Estradas de Rodagem) e as polícias rodoviárias Federal e Estadual, reuniu mais de 1.200 pessoas durante os dois dias de evento. No domingo, dia 22 de julho, uma carreata, com bênção dos veículos, cruzou as principais ruas da cidade. No
dia 25, motoristas que trafegavam pela BR-116 foram atendidos pelas equipes de saúde e realizaram diversos exames, como aferição de pressão, cálculo de IMC (Índice de Massa Corporal), além de receber orientações sobre a legislação de trânsito vigente no Brasil. A exposição interativa “Acessibilidade Urbana – Cidadania e Inclusão Social” foi um dos pontos altos da programação em Patos de Minas (MG), entre os dias 22 e 29 de julho.
LUZIÂNIA Torneio de futebol
Em parceria com empresas de ônibus municipal, o Sest Senat apresentou a forma correta de transportar os portadores de necessidades especiais. Mais de 300 pessoas puderam vivenciar as dificuldades enfrentadas por essa parcela da população no dia a dia. De olhos vendados, as pessoas eram convidadas a utilizar os elevadores adaptados dos ônibus. No dia 25, o Sest Senat e a Paróquia São Pedro e São Paulo também disponibilizaram
CNT TRANSPORTE ATUAL
movimentou o evento do Dia do Motorista
mensagens de educação no trânsito no sistema de rádio dos veículos como forma de conscientizar os motoristas da importância da atividade que eles exercem, promovendo assim a valorização da categoria e a redução do número de acidentes nas vias públicas da cidade e nas rodovias do país. Ações de saúde e a tradicional bênção dos veículos também marcaram a comemoração realizada pelo Sest Senat de Agudos (SP) nos dias 21 e 22 de julho. Os
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PATOS DE MINAS A acessibilidade nos sistemas de transporte foi um dos temas trabalhados no evento
motoristas e seus familiares aproveitaram os serviços oferecidos pela unidade para realizar exames de saúde e cuidar do visual. O estande de corte de cabelo gratuito foi um dos mais procurados. A carreata que percorreu as principais avenidas de Agudos reuniu mais de 900 veículos, que foram também abençoados pelo pároco da cidade. Agradecer aos motoristas por conduzir tão bem o Brasil ao seu destino foi a forma encontrada pela unidade de Vitória da
Conquista (BA) para homenagear esses profissionais. Dezenas de ônibus do transporte coletivo de passageiros seguiram por aproximadamente três horas em carreata pelo anel rodoviário e pelo centro da cidade para lembrar o Dia do Motorista. O evento teve a participação dos sindicatos ligados ao setor de transporte e de diversas empresas da cidade. Em Luziânia (GO), o evento reuniu aproximadamente 1.300 pessoas na unidade do Sest Senat,
inaugurada em maio deste ano. Torneios esportivos, como futebol soçaite e de salão, sinuca e tênis de mesa, proporcionaram momentos de lazer e descontração aos motoristas. Na área de saúde, os profissionais realizaram testes de glicemia, aferiram a pressão arterial, receberam orientação sobre doenças sexualmente transmissíveis e foram vacinados contra a hepatite C. O evento teve o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, do Sesc, do Senac e do Laboratório Santa Maria. l
Estat铆stico, Econ么mico, Despoluir e Ambiental
FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas
30.051 28.614 11 12
BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
NÃO PAVIMENTADA
63.966 17.073 106.548 26.827 214.414
TOTAL
12.975 76.941 5.234 22.307 113.451 219.999 1.234.918 1.261.745 1.366.578 1.580.992
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas 15.365 Administrada por operadoras estaduais 1.195 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
2.303.961 467.101 888.839 682.334 16.136 40.000 25.120 105.000
11.738 8.066 1.674 7.136 28.614
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
100.924 3.045 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.289 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
32 35 2.498
173
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos
122 37
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso
152
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
44.000 29.000 13.000 1.148
505 918 5.749 6.711 13.883
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
74
CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2012
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
R$ bilhões
Investimentos em Transporte da União (dados atualizados julho/2012)
20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0
Investimentos em Transporte da União por Modal (total pago acumulado - até julho/2012) (R$ 4,35 bilhões) 0,470
17,78
(10,8%) 0,244 (5,6%)
3,79
3,621 (83,1%)
4,35
0,021 (0,5%)
0,56
Autorizado Valor Pago do Exercício Total Pago Restos a Pagar Pagos Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores
CIDE - 2012
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês junho/2012 427 Arrecadação no ano (2012) 2.509 Investimentos em transportes total pago* em 2012 (com recursos de 2012 e de anos anteriores)1 1.185 Investimentos em transportes total pago* em 2012 (apenas com recursos de 2012)2 1.144 CIDE não utilizada em transportes (2012) 1.365 Total Acumulado CIDE (desde 2002) 75.774 O Decreto nº 7.764 (junho de 2012) zerou a alíquota da CIDE. Não haverá arrecadação a partir dessa data. * O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores. 1 - inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados no exercício corrente e em anos anteriores. 2 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados apenas no exercício corrente. valores pagos em infraestrutura (CIDE) não utilizado (CIDE)
54%
46%
Obs: são considerados todos os recursos não investidos em infraestrutura de transporte.
Aéreo
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JULHO/2012
PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial4 Reservas Internacionais5 Câmbio (R$/US$)6
2011
acumulado em 2012
últimos 12 meses
expectativa para 2012
2,7 11,00 6,50 29,79
0,7
1,9
1,9 7,50 4,98 18,00
8,00 2,32 7,06
352,01
4,92 23,91 375,58
1,87
2,02
1,96
75,7
1 - Expectativa de crescimento do PIB para 2012. 2 - Taxa Selic conforme Copom 11/07/2012 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até julho/2012
54
34,4
36 18
4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até julho/2012 (US$ bilhões). 5 - Posição dezembro/2011 e julho/2012 em US$ bilhões 6 - Câmbio de fim de período 25/07/2012, média entre compra e venda.
0
9 6 8 7 5 4 2 3 1 0 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 Arrecadação Acumulada CIDE
2 201
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. A partir do Decreto nº 7.764 de 22.06.2012, as alíquotas da CIDE ficam reduzidas a zero. O antigo decreto nº 7.591 (outubro de 2011) estabeleceu as alíquotas de R$0,091/litro (para a gasolina) e de R$0,047/litro (para o diesel). Os recursos da CIDE são destinados ao subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em infraestrutura de transporte. Obs: Alteração da alíquota CIDE conforme decretos vigentes.
Fontes: Receita Federal (junho/2012), COFF - Câmara dos Deputados (julho/2012), IBGE e Focus - (Relatório de Mercado 27/07/12), Banco Central do Brasil.
8
R$ bilhões
Aquaviário
Ferroviário
Observações:
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
90 72
Rodoviário
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADE DE INVESTIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES (PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
CNT TRANSPORTE ATUAL
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BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) lançou em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS ESTRUTURA
NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2012
2007 A 2011
ATÉ JUNHO
JULHO
109.122
19.640
590.470 Aprovação no período 87,50%
89,61%
TOTAL 719.232 87,93%
91,11%
Federações participantes
20
Unidades de atendimento
68
Empresas atendidas
8.507
Caminhoneiros autônomos atendidos
9.865
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado. FEDERAÇÃO FETRANSPORTES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
SP
11.2632-1010
FETRANCESC
SC
48.3248-1104
FETRANSPAR
PR
41.3333-2900
FETRANSUL
RS
51.3374-8080
FETRACAN
AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA
81.3441-3614
FETCEMG
MG
31.3490-0330
FENATAC
DF, TO, MS, MT e GO
61.3361-5295
RJ
21.3869-8073
AC, AM, RR, RO, AP e PA
92.2125-1009
ES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
RJ
21.3221-6300
RN, PB, PE e AL
84.3234-2493
FETRAM
MG
31.3274-2727
FEPASC
SC e PR
41.3244-6844
CEPIMAR
CE, MA e PI
85.3261-7066
FETRAMAR
MS, MT e RO
65.3027-2978
AM, AC, PA, RR e AP
92.3584-6504
FETRASUL
DF, GO, SP e TO
62.3598-2677
FETERGS
RS
51.3228-0622
FETRANSCARGA FETRAMAZ FETRANSPORTES FETRABASE FETRANSPOR FETRONOR Passageiros
TELEFONE
ES
FETCESP
FETRABASE
Carga
UFs ATENDIDAS
FETRANORTE
O governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. O objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.
8
SETOR
Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
Em Janeiro de 2012, entrou em vigor a fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) para veículos pesados. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) considera que este fato tem impactos significativos no setor, uma vez que novos elementos fazem parte do dia a dia do transportador rodoviário. Nesse contexto, a CNT elaborou a presente publicação, com o objetivo de disseminar informações importantes a respeito do tema. O trabalho apresenta ao setor as novas tecnologias e as implicações da fase P7 em relação aos veículos, combustíveis e aos ganhos para o meio ambiente.
76
CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2012
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
2009 EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54
Mudança no uso da terra Industrial* Transporte Geração de energia Outros setores Total
(%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00
PARTICIPAÇÃO
CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
% 97%
Ferroviário
0,83
2%
1,08
3%
1,18
3%
Hidroviário
0,49
1%
0,14
0%
0,14
0%
35,68 100%
37,7
100%
TIPO Diesel
(%) 90,46 5,65 3,88 100,00
2008 44,76
2009 44,29
2010 49,23
2011 51,78
2012** 21,66
Gasolina 25,17
25,40
29,84
35,45
15,71
Etanol
16,47
15,07
10,71
3,86
PARTICIPAÇÃO
13,29
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc) ** Dados atualizados até 13/07
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009**
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**
80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
CO2 NOx NMHc CO CH4
39,81 100%
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)*
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE Rodoviário Aéreo Outros meios Total
36,38
VOLUME
Total
*Inclui processos industriais e uso de energia
MODAL
34,46
% 97%
VOLUME
38,49
% 97%
VOLUME
Rodoviário
MODAL
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR SETOR
60% 50% 40% CO2 NOx CO NMHc MP
30% 20% 10% 0%
Automóveis GNV Comerciais Leves (Otto) Motocicletas * Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV ** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.
Ônibus Urbanos
Caminhões Pesados
Japão EUA Europa
Ônibus Caminhões Comerciais Leves Rodoviários (Diesel) médios
10 15 10 a 50
3,4%
1,1% 18,6% 18,6%
CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel. PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará. PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita. SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.
10,7%
50** 53,7%
12,4%
500 ou 1800***
Demais estados e cidades * Em partes por milhão de S – ppm de S ** Municípios com venda exclusiva de S-50 *** Consultar a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br
Teor de Biodiesel 18,6% Outros 1,1%
Pt. Fulgor 12,4% Enxofre 10,7%
Corante 3,4% Aspecto 53,7%
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - JUNHO 2012
Trimestre Anterior Trimestre Atual
25
19,8
18,3
20
% NC
Caminhões Leves
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - JUNHO 2012
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s)*
Brasil
2011
2010
15
6,4
10
8,5
5
0,0
0,0
0,4
2,5
0,9
2,3
AP 0,0 0,0
BA 0,4 0,3
CE 2,5 1,3
DF 0,9 0,9
ES 2,3 1,7
8,2 3,8 0,3
5,5
7,6
4,0
0,0
2,2
1,7
PI 2,2 0,9
PR 1,7 1,8
3,9
2,7
5,3 1,0
0,0
2,0
2,8
SE 2,0 2,6
SP 2,8 3,4
AC 0,0 0,0
AL 6,4 9,2
AM 18,3 16,2
GO 8,5 6,7
MA 0,3 0,2
MG 3,8 3,6
MS 0,0 1,4
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
MT 8,2 7,1
PA 4,0 2,1
PB 5,5 7,4
PE 7,6 8,8
RJ 3,9 2,6
RN 5,3 4,3
RO 0,0 0,0
RR 19,8 9,1
RS 1,0 1,6
SC 2,7 5,3
3,5 0,0
0
TO 0,0 0,0
Brasil 3,5 3,6
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE POLUENTES
PRINCIPAIS FONTES
CARACTERÍSTICAS
EFEITOS SAÚDE HUMANA
1
Monóxido de carbono (CO)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.
Dióxido de Carbono (CO2)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.
Gás tóxico, sem cor e sem odor.
Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.
Metano (CH4)
Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.
Gás tóxico, sem cor, sem odor. Quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.
Causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.
MEIO AMBIENTE
Causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.
Compostos orgânicos voláteis (COVs)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e processos industriais4.
Composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.
Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. Em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.
Óxidos de nitrogênio (NOx)
Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel. O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.
O NO2 é irritante para os pulmões e Causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. A exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5. tendência para problemas respiratórios.
Formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. Sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.
Gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.
Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.
Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e processos industriais4.
Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na Gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.
Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. Causador da chuva ácida5, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.
Conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.
Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.
Ozônio (O3)
Dióxido de enxofre (SO2)
Material particulado (MP)
Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.
Incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.
Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva.
8
1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro. 2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV. 3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
“Países com dimensão continental dependem fortemente do serviço logístico para alavancar seu crescimento econômico” DEBATE
A falta de logística adequada é um ônus para o crescimento
Criando conexões para o crescimento brasileiro MÁRCIO DE ALMEIDA D’AGOSTO
m insumo de produção precisa ser despachado de Joinville/SC para Ipojuca/PE. Seguindo a tendência das cargas transportadas no Brasil, seria embarcada em caminhão por 3.180 km de rodovias. Porém, caso o embarcador deseje economia média de 15% no custo de transporte, pode transportá-la de caminhão até o porto de Itajaí, onde será conteinerizada e seguirá de navio até o porto de Suape, sendo entregue de caminhão no destino. Essa forma de melhorar o emprego de recursos econômicos chama-se multimodalidade, item imprescindível nas cadeias logísticas bem estruturadas. Países com dimensão continental, como o Brasil, onde grandes distâncias precisam ser vencidas para permitir o fluxo dos bens e serviços que dinamizam a economia nacional e onde o desenvolvimento socioeconômico deve ser ampliado para regiões remotas e menos favorecidas, dependem fortemente do adequado serviço logístico para alavancar seu crescimento econômico. Caso isso não ocorra, há um preço a ser pago!
U
MÁRCIO DE ALMEIDA D’AGOSTO Coordenador do PET (Programa de Engenharia de Transporte) da Coppe - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Países com boa logística, o que significa boa conexão entre seus componentes e adequada gestão de transporte, estoque e fluxo de informação, comprometem até 10% de seu PIB nessa atividade. Embora entre 2007 e 2010 tenha subido 20 posições no ranking do índice de desempenho logístico do Banco Mundial, passando para a 41ª posição, à frente de Índia e Rússia (dois colegas dos Brics), o Brasil ainda compromete perto de 20% do seu PIB com o serviço logístico. Como neste caso quanto menor melhor, temos que trabalhar para reduzir esse ônus. Voltemos ao exemplo de integração entre o polo de produção metal-mecânico em Joinville e o complexo industrial em Ipojuca. O que se precisa para vencer, com custo e nível de serviço adequados, a distância que separa esses dois componentes de uma mesma cadeia logística são opções multimodais de transporte onde rodovias tenham bom traçado, sejam bem pavimentadas e seguras; ferrovias tenham abrangência geográfica, capilaridade, capacidade e dis-
ponibilidade de serviço; portos sejam servidos por diferentes modos de transporte terrestre (rodoviário e ferroviário), tenham bom acesso, boa infraestrutura e embarcações de porte adequado que realizem o transporte marítimo de cabotagem em linhas regulares; aeroportos tenham a mesma agilidade do transporte aéreo. Além disso, espera-se dispor de mão de obra suficiente, bem formada e treinada; que a cobrança de impostos, taxas e pedágios seja compatível com o serviço oferecido e que ocorra o mínimo de perda de tempo com burocracia, afinal tempo é dinheiro. Neste caso, chama-se custo de estoque. Parece claro que uma das formas de minimizar o ônus para o crescimento socioeconômico brasileiro está em promover o máximo de conexões entre os elementos das cadeias produtivas por meio de investimento abundante e contínuo em infraestrutura logística e formação de mão de obra, adequando-os à necessidade de crescimento do país. Caso isso não ocorra, corremos o risco da carga não chegar a Ipojuca. Ou, quem sabe, importarmos da China?
“Pelo ranking de Competitividade Global, o Brasil se encontra na 53ª posição entre 142 países. Esse resultado diz muito onde estamos”
do Brasil?
A falta de logística adequada impede a competitividade MARX ALEXANDRE CORRÊA GABRIEL
questão é o tamanho do ônus. O Brasil vem crescendo nas últimas três décadas num nível menor do que o seu potencial. E isso falando de PIB (Produto Interno Bruto) absoluto. Se falarmos do PIB relativo, onde realmente conseguimos medir o quanto de riqueza está sendo produzido e distribuído, os números ainda são piores. Crescemos uma média de 0,8 % entre 1978 e 2008, abaixo da média da América Latina. Claro que os fatores para esse nível de crescimento pífio são de variados matizes, mas, hoje, a falta de uma logística adequada se torna um dos estaques para não avançarmos como um país realmente competitivo. Pelo ranking de Competitividade Global, conduzido pelo Fórum Mundial Econômico, o Brasil se encontra na 53ª posição entre 142 países. Esse resultado diz muito onde estamos. Imaginemos que haja uma recuperação da economia mundial e que os entraves internos (carga tributária, educação etc) sejam mitigados e
A
consigamos ter uma nova perspectiva de crescimento industrial e no varejo. Conseguiríamos transformar essa perspectiva em realidade com aumento da produção e das vendas? Com a logística atual do país, a resposta é não. As fábricas teriam pedidos, as redes varejistas teriam consumidores à sua porta, mas não teríamos como transportar matéria-prima e produtos, por não termos estrutura portuária preparada, por nossos aeroportos estarem estrangulados, pela falta do transporte ferroviário, pelas estradas estarem sucateadas, pela insegurança do transporte. Não estamos preparados para um crescimento contínuo, modesto que seja, em torno de 3,5% a.a. Para citar dois exemplos. Em out/2010 tínhamos mais de 30 navios esperando para carregar açúcar no porto de Santos, a um custo diário de cerca de US$ 20 mil/dia, por falta de capacidade do porto. Ainda em 2010, as indústrias da Zona Franca de Manaus deixaram de faturar aproximada-
mente US$ 2 bilhões pela falta de capacidade da Infraero de liberar as cargas de matéria-prima importadas dos seus armazéns. Milhares de aparelhos de TV, que deveriam ter sido vendidos com foco na Copa do Mundo daquele ano, nem chegaram a ser produzidos. Há pouco mais de três semanas visitei o Porto de Roterdã (Holanda), o Porto de Antuérpia (Bélgica) e o porto (fluvial) de Duisburg (Alemanha). O que encontramos, além da infraestrutura de Primeiro Mundo, é uma mentalidade superior focada em aumento da eficiência logística e da produtividade. Todos estão buscando ganhos de minutos e segundos em cada fase do processo logístico, objetivando a coleta, o transporte, o armazenamento e a entrega da carga no menor tempo possível e ao menor custo. Aqui discutimos ainda em qual modal devemos investir. Eles estão integrando todos os modais com um único propósito: fazer da logística um propulsor do crescimento dos seus países.
MARX ALEXANDRE CORRÊA GABRIEL Diretor da MB Consultoria, com mais de 20 anos de atuação em logística como consultor e executivo
CNT TRANSPORTE ATUAL
SETEMBRO 2012
81
“Com o Despoluir, o setor transportador assume seu papel na construção de um mundo ambientalmente mais equilibrado” CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Cinco anos em defesa da sustentabilidade
O
Despoluir – Programa Ambiental do Transporte – completou cinco anos com muitos resultados a comemorar. O programa da CNT e do Sest Senat trouxe nova mentalidade para o setor transportador, quebrando paradigmas e despertando maior consciência ambiental. Desde o lançamento, em julho de 2007, os projetos têm incentivado milhares de empresários, transportadores autônomos e taxistas a adotarem práticas em busca da sustentabilidade. O programa construiu uma ampla rede de relacionamentos com empresas, caminhoneiros autônomos, pesquisadores e órgãos municipais, estaduais e federais de meio ambiente. E tem atuado junto a esse público com o objetivo de implantar medidas que contribuem para a redução das emissões e para o melhor gerenciamento dos resíduos, além de outros resultados relevantes. Inicialmente, o foco foi na redução das emissões veiculares, com a implantação do projeto que proporciona que ônibus e caminhões estejam sempre com a manutenção em dia, reduzindo também os gastos com combustível e o desgaste precoce de peças. Hoje, essa proposta está consolidada, com mais de 700 mil aferições realizadas, e, cada vez mais, é ampliada entre os transportadores. Mas o trabalho do Despoluir ganhou abrangência maior, com medidas para promover eficiência energética, novas tecnologias, gestão ambiental e combustíveis limpos, inclusive pela redução do
teor de enxofre no óleo diesel. As ações pela sustentabilidade passaram a ser vistas pelos transportadores como aliadas para a redução de custos, além dos ganhos ambientais. O Despoluir participa ativamente da elaboração de políticas públicas. Está presente nas reuniões do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e nas discussões de outros órgãos de governo. Um dos assuntos importantes defendido pelo Despoluir é a necessidade de se implantar no Brasil o projeto de renovação e de reciclagem de caminhões. O incentivo às práticas ambientalmente adequadas é feito ainda nas unidades do Sest Senat, e os cursos estão alinhados com os objetivos do Despoluir. Há um incentivo também para que os trabalhadores em transporte sejam vigilantes do meio ambiente, informando às autoridades sobre queimadas à beira de rodovias ou outros problemas ambientais. E o sucesso do Despoluir não teria sido possível sem a atuação das federações de transporte de cargas e de passageiros, que têm se empenhado para atrair a participação do setor. Vinte federações participam do programa, e somente o projeto de aferições já atendeu mais de 18 mil empresas e transportadores autônomos. Com o Despoluir, o setor transportador assume seu papel na construção de um mundo ambientalmente mais equilibrado, pois o trabalhador do transporte e as empresas são peças fundamentais na busca da sustentabilidade.
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
SETEMBRO 2012
José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker
Victorino Aldo Saccol
Eclésio da Silva
Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante
TRANSPORTE SUSTENTÁVEL
TRANSBAIÃO
Fiquei muito satisfeita com a cobertura da Rio+20 feita pela revista CNT Transporte Atual. Um tema tão importante como o transporte não poderia mesmo ficar de fora das discussões da Conferência da ONU. Saber que existem iniciativas inovadoras voltadas para o desenvolvimento sustentável do setor nos dá um alento. E mesmo que o evento não tenha avançado como deveria, ele deixou o alerta, a inquietação para que façamos mais pelo planeta.
Como baiano, senti-me homenageado ao ler a reportagem sobre o Transbaião publicada na revista CNT Transporte Atual de agosto. O projeto valoriza a nossa cultura, a nossa música, a nossa culinária, além de resgatar um pouco da história do Brasil por meio dos trilhos do trem. Fiz o passeio este ano com a minha família, e todos aproveitaram muito. Seria muito interessante que outras linhas desativadas em todo o país pudessem implantar projetos semelhantes.
Ivana Souto Santo André/SP TEMAS EM DEBATE Sou leitor assíduo da revista há alguns anos. Todas as reportagens têm um nível bastante elevado de discussão dos temas apresentados e traçam um perfil bastante completo do setor de transporte. Gosto muito também da seção “Debate”, principalmente pela escolha dos assuntos e dos articulistas. Sou pesquisador da área de transporte e utilizo sempre os textos publicados em meus trabalhos. Gustavo Mendes Filho Mossoró/RN
Marcelo Henrique Bisa Salvador/BA FUSÕES AÉREAS Utilizo o transporte aéreo com frequência e estou preocupada. As fusões entre as companhias ainda não refletiram de forma positiva nos consumidores. Percebo redução de voos para algumas localidades. Espero que, após a adaptação, seja possível ter serviço de qualidade com preços justos. Luciene Cortes Uruguaiana/RS CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes