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CNT
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT ANO XVIII NÚMERO 205 OUTUBRO 2012
T R A N S P O R T E
A T U A L
Carga pesada Os desafios e os cuidados necessários para o transporte de equipamentos de tamanho excepcional pelas rodovias ENTREVISTA COM MARCELO PERRUPATO DO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
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REPORTAGEM DE CAPA O transporte de cargas com dimensões excepcionais é um desafio, principalmente com as obras de infraestrutura que estão sendo realizadas; operação exige cuidados especiais e envolve diversos setores para que circulem com segurança Página 24
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ANO XVIII | NÚMERO 205 | OUTUBRO 2012
ENTREVISTA
Marcelo Perrupato faz uma análise da infraestrutura PÁGINA
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DESORENAÇÃO • Transporte é incluído em legislação que substitui a contribuição pela folha de pagamento por cobrança sobre faturamento
CAPA Grupo Tomé/Divulgação
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ESCOLA DO TRANSPORTE
PASSAGEIROS
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 • imprensa@cnt.org.br SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF)
Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
Seminário da NTU João Roberto Gretz discute os conceitos fala sobre trabalho da mobilidade e vida pessoal PÁGINA
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Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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AEROVIÁRIO
Parceria visa criar centro e desenvolver biocombustível PÁGINA
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VÍDEO A Agência CNT publicou o novo vídeo institucional da entidade, que mostra a importância do transporte para o desenvolvimento do país e as ações organizadas pela confederação para contribuir com o progresso do setor. Entre elas, os programas Despoluir e Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente, além do Prêmio CNT de Jornalismo. Assista e conheça um pouco mais sobre o trabalho da instituição. http://www.cnt.org.br/Paginas/Agencia_Videos.aspx
AQUAVIÁRIO • Projeto pretende escoar o lixo e o entulho e propõe a utilização dos rios Tietê e Pinheiros para desafogar o trânsito na Região Metropolitana de São Paulo PÁGINA
BRASIL NOS TRILHOS
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MINASTRANSPOR
Setor ferroviário A importância do discute expectativas transporte em Minas para os próximos anos para a economia PÁGINA
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E MAIS
Curta, divulgue e compartilhe as ações da página da Agência CNT no Facebook. Uma das mais recentes, por exemplo, é a da Semana Nacional de Trânsito 2012. As três melhores frases com o tema ‘Não Exceda a Velocidade. Preserve a Vida’ ganharam um kit do Sest Senat. Fique de olho nas próximas campanhas! http://www.facebook.com/cntbrasil
Programa Despoluir
GALERIAS
Seções
ANPTrilhos divulga o primeiro balanço do setor
Alexandre Garcia
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Duke
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Mais Transporte
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Boletins
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SEST SENAT
Debate
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Opinião
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Cartas
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Unidades oferecem Itinerário Formativo para motoristas
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Canal de Notícias • Textos, álbuns de fotos, boletins de rádio e matérias em vídeo sobre o setor de transporte no Brasil e no mundo
Escola do Transporte
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METROFERROVIÁRIO
• Conheça os projetos • Acompanhe as notícias sobre meio ambiente
Estão no ar as galerias de fotos dos seminários da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários). Acesse: NTU: http://www.cnt.org.br/Paginas/Agencia _Fotos.aspx?f=42 ANTF: http://www.cnt.org.br/Paginas/Agencia _Fotos.aspx?f=43
• Conferências, palestras e seminários • Cursos de Aperfeiçoamento • Estudos e pesquisas • Biblioteca do Transporte
Sest Senat • Educação, Saúde, Lazer e Cultura • Notícias das unidades • Conheça o programa de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
O portal disponibiliza todas as edições da revista CNT Transporte Atual
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“A praga (da película) se generalizou. Quem dirige num veículo ‘escurecido’ pouco vê depois que anoitece” ALEXANDRE GARCIA
Perigo nos vidros
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rasília (Alô) - Enquanto escrevo estas maltraçadas, viajo por estradas e cidades italianas aproveitando o feriadão da Semana da Pátria no Brasil. Não vou fazer de novo a comparação com o asfalto no Brasil. Já escrevi aqui, meses atrás, que também há corrupção na Itália, mas sobra muito para uma estrada decente, que não tem buracos nem ondulações e certamente dura cinco vezes mais do que uma rodovia brasileira, que deixou muitos cifrões pelo caminho. Vou fazer uma outra comparação. Entre a visibilidade que sobra aos italianos e a que falta para boa parte dos motoristas brasileiros. Refiro-me à praga da tal película que é aplicada aos vidros dos veículos e aumenta ainda mais o pedágio de vidas no Brasil. Pois circulando por estradas e cidades italianas não vi um só veículo em que não pudesse enxergar através dele e dentro dele. Só existe a transparência de fábrica; nunca a opacidade imposta pelas películas, tal como acontece no Brasil. O Código de Trânsito Brasileiro, de mais de uma década, proibia a aplicação de películas, mas o Contran, certamente curvando-se aos lobbies dos fabricantes de películas, resolveu criar uma regulamentação que revogou a lei, embora se saiba que regulamentos não revogam leis. Pois a praga se generalizou. Quem dirige num veículo “escurecido” pouco vê depois que anoitece. E dia e noite, quem dirige atrás de um carro desses fica com enorme insegurança se precisar ultrapassá-lo porque não consegue prever o que vai encontrar depois. E quem estiver ao lado de uma praga dessas e precisar entrar numa via pa-
ralela tampouco conseguirá conhecer o tráfego que o carro opaco, essa barreira visual, está a esconder. Quando você está frente a frente com um desses, numa situação em que há dúvida quanto à preferência, você não consegue perceber nenhum sinal do outro motorista porque não lhe vê o rosto ou as mãos. Perigo para quem dirige um carro escurecido e perigo para os outros. Tenho visto, nas cidades brasileiras, até táxis com os vidros totalmente escurecidos. Quem precisa desse transporte não sabe se ele está ocupado ou não. Dizem alguns ingênuos que a película é fator de segurança. Segurança de quem? Do bandido que acabou de sequestrar alguém, procura um caixa eletrônico e passa tranquilamente pela polícia, que não pode ver a emergência dentro do carro escurecido? Segurança para o assaltante, que pode se aproximar do banco sem que a quadrilha de suspeitos seja percebida dentro do carro com película? Outra alegação é de proteção ao sol, no país tropical. A melhor proteção é dada pelas loções de filtros solares, aliás recomendadas para mãos e braços dos motoristas profissionais e de todos os que ficam algum tempo ao volante. Não tenho notícia de muita ação das autoridades. O Detran da capital do país comprou aparelhos, aferidos, para medir a transparência dos vidros, mas não usa. O DER, também da capital, ensaiou uma campanha, mas ficou sem apoio dos meios de informação. Parece ser forte o lobby das películas. Mais forte que a lei e que o amor à vida. A Itália, por ser mais velha, é mais sábia.
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“O cobertor está mesmo curto. Investimos tão pouco porque interna nem recursos suficientes para compensar as outras ENTREVISTA
MARCELO PERRUPATO E SILVA - SECRETÁRIO DE POLÍTICA
“Não temos mais POR
Brasil só tem mais dez anos para corrigir os problemas existentes em sua infraestrutura. A afirmação é do secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato e Silva. De acordo com ele, a crise mundial que assombra grandes mercados econômicos, principalmente na Europa, está dando ao Brasil a chance de solucionar esses gargalos. “Nós não temos mais do que esse tempo. Daqui a dez anos, no pós-crise, o mundo desenvolvido volta para a economia em outro patamar, e o Brasil tem um grande desafio. Não podemos gastar a nossa produtividade no meio do caminho com ineficiências de transporte, de logística e com a emissão de gases de efeito estufa”, ressaltou durante en-
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LIVIA CEREZOLI
trevista concedida à CNT Transporte Atual, em seu gabinete, em Brasília. Responsável pela elaboração do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes), o secretário admite que o Brasil ainda investe muito pouco em infraestrutura menos de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) -, mas garante que a retomada do planejamento em longo prazo já é um avanço do setor e deverá ser mantida. Acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista. O PNLT vem sendo desenvolvido pelo Ministério dos Transportes desde 2006. O que de concreto já está sendo realizado? O PNLT é um processo de planejamento estratégico. É você tentar compilar uma sé-
rie de informações de caráter macroeconômico e apostar na evolução disso com toda a dificuldade que possa existir. Tentamos construir um processo onde nós seríamos as fontes para a montagem dos PPAs (Planos Plurianuais). Na primeira versão, foram elaborados planejamentos para quatro períodos de PPA. O PNLT não é uma lei, mas passou a ser um instrumento de Estado. Foi do primeiro plano que saiu o PPA 2008-2011, uma lei orçamentária que definiu a aplicação dos investimentos nesse período. Somos cobrados para fazer tudo o que está previsto no PNLT, mas não é assim que funciona. Ele diz o que é necessário fazer. Quais são as maiores deficiências em infraestrutura de transportes identificadas pe-
lo PNLT? Quais as soluções propostas pelo plano? A gente ficou quase um quarto de século sem investimento e fomos salvos pelo pouco que o Brasil cresceu nesse período. Entre as décadas de 1970 e 1990, estávamos em um processo de pagar a dívida externa e combater a inflação. O preço para consertar os rumos da economia foi não investir em infraestrutura. Fomos sobrevivendo com o que tinha sido feito na década de 1970, que não foi nada mais do que expandir o setor rodoviário. Nada se fez em ferrovia ou na parte hidroviária. Na verdade, a gente decresceu em algumas coisas que já eram realizadas. Com o PNLT, identificamos, por exemplo, que a quantidade de terras agricultáveis no eixo CentroOeste/Centro-Norte do país era de tal magnitude que não con-
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não temos poupança carências do país” NACIONAL DE TRANSPORTES
tempo” seguiríamos equacionar isso com a utilização de caminhões. E, ao mesmo tempo, as distâncias dessas áreas de produção estavam cada vez mais longas em direção aos tradicionais portos das regiões Sul e Sudeste. Isso configurou no plano a seguinte decisão: temos que expandir a malha ferroviária brasileira, criando grandes eixos de transporte de alta capacidade e dirigir esses fluxos para as saídas mais próximas do mercado em termos de navegação de longo curso. O Brasil errou quando decidiu investir mais em transporte rodoviário? Não, mas ele deveria ter entendido que desenvolver em direção ao Centro-Oeste era uma coisa temporária. Por isso, batemos tanto na questão de que é necessário
fazer planejamento de Estado, e não de governo. De forma geral, por que ainda se investe tão pouco em infraestrutura de transportes no país? O cobertor está mesmo curto. Investimos tão pouco porque não temos poupança interna, como a China tem e porque não temos recursos suficientes para compensar as outras carências do país, como habitação, saneamento básico, educação. Projetamos o PNLT para R$ 430 bilhões de investimentos em 16 anos. Se você dividir isso pelo PIB do ano, estamos até hoje na faixa de 0,6% aplicado em infraestrutura. Ainda não é suficiente e vamos ter que pagar o preço disso. Qual a dificuldade para a realização de PPPs (Parcerias Público-Privadas) no Brasil?
Nenhuma. Precisamos ter decisão de governo. Por muito tempo teve-se medo de lidar com esse tipo de relação público-privada. Hoje, as PPPs já estão sendo realizadas em algumas rodovias, coisa que até há 2 anos, não existia. Eu, por exemplo, acho que é impraticável um Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) ficar administrando contratozinhos que de cinco em cinco anos devem ser licitados novamente. É melhor contratar uma empresa para cuidar disso durante 15 anos e, assim, aliviar o Dnit de ter que recontratar e relicitar. Cada processo desse leva de
um ano a um ano e meio para ser finalizado. O excesso de burocracia é um entrave? Não é burocracia, é decisão. O que é uma PPP de 15 anos para manutenção de rodovia? É você não dar a responsabilidade para o concessionário de fazer expansão de capacidade. As obras de duplicação devem ser obras públicas, porque nessa modalidade não se cobra do usuário o suficiente para que o concessionário realize a obra. Mas isso precisa ser programado com antecedência. Desde quando foi lançado, o PAC conseguiu alavancar as
obras de infraestrutura de transportes no Brasil? O PAC teve uma virtude, que era o sonho de consumo de todos nós, como administradores públicos: remanejar recursos de uma obra que está parada para outra que está andando. E também o fato de não existir contingenciamento de recursos é uma tranquilidade para quem programa e quem executa. O programa foi um processo de gestão de investimentos em infraestrutura que passou por cima de questões que impediam a aplicação desse dinheiro. O outro fato positivo nesse período é que o Brasil começou a ter dinheiro para investimento, mas isso não dependeu do PAC. O PNLT afirma que, para reduzir o custo Brasil, seria necessário ampliar os investimentos no transporte aquaviário, porém ainda utilizamos pouco a navegação de cabotagem. Como ampliar esse serviço? Nós estamos com um projeto aqui no ministério focado só nisso. Ele está sendo conduzido a várias mãos: SEP (Secretaria de Portos), Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o ministério e as administrações hidroviárias. Mas para desenvolver a cabotagem, falta
acabar com os dogmas. O primeiro deles é: a navegação de longo curso paga mais barato pelo combustível do que a cabotagem. A distribuidora afirma que fornece o produto pelo mesmo preço. O problema é o ICMS cobrado nos Estados. Se tirarmos esse imposto, o impacto no custo do frete não passa de 3%. Uma segunda medida é destinar um berço em cada porto do país especificamente para essa modalidade. Em terceiro lugar, precisamos de financiamento para navios com juros mais baixos. Estamos focados nesses três pontos para ensaiarmos uma política de cabotagem que seja parecida com o que já estamos tentando fazer para hidrovias. A falta de planejamento na implantação de usinas hidrelétricas que leve em consideração a construção de eclusas é um impasse para o desenvolvimento do transporte hidroviário no país? Eu acho que é sim, mas estamos mantendo um bom diálogo com o pessoal da área (ministério) de Minas e Energia. Eu sei que eles adorariam chegar no rio Tapajós, por exemplo, e fazer uma enorme barragem, com um grande lago que até nos beneficiaria, porém as questões ambientais hoje não estão favorecendo
DEFICIÊNCIA País perde competitividade nos produtos devido
“A gente ficou quase um quarto de século sem investimento e fomos salvos pelo pouco que o Brasil cresceu nesse período”
barramentos que inundem grandes áreas. Dessa forma, a própria geração de energia está restrita à adoção de processos de barramento chamados de fio-d’água. Você não vai ver mais nenhuma Itaipu, Furnas ou Três Marias nos anos futuros do Brasil. Na região Norte, há comunidades praticamente isoladas devido à falta de infraestrutura de transportes. Quais os projetos que estão sendo desenvolvidos para minimizar esse problema? A única coisa que eu preciso e posso fazer para essas comunidades é garantir a na-
ASSCOM/APPA
“A legislação brasileira não fala que você não pode fazer estrada. Ela te diz que é preciso fazer compensações e mitigações” a falhas de infraestrutura de transporte
vegabilidade dos rios, instalar pequenos portos flutuantes e construir pequenas estradas, totalmente sem asfalto, que levem essas pessoas até esses portos. Não vai existir asfalto na Amazônia. É possível fazer boas estradas que durem o ano todo e utilizem critérios de pavimentação que não exigem asfalto. Existe mil maneiras de fazer estradas que possibilitem essas comunidades utilizar a infraestrutura da navegação. Transportadores da região Norte também cobram a conclusão das obras das BR-319, BR-163 e BR-230.
Esses projetos ainda são viáveis? Eu acredito no conceito de estrada-parque já existente nos Estados Unidos. É uma estrada que passa por regiões com impedância ambiental forte, com muitas restrições. A realidade lá (no Norte) é outra. Não adianta a gente ficar concebendo para a região o modelo desenvolvimentista do Sul e do Sudeste do Brasil. Precisamos primeiro aproveitar o que eles já tem, que são os rios. Quando montamos o estudo de viabilidade da BR-163, 10% do custo era para manutenção ambiental. O problema não é a estrada. A fiscalização precisa
ser mais efetiva. Os ambientalistas nesses locais precisam andar diariamente na rodovia. Como a política brasileira de transportes tem se articulado com as políticas ambientais para permitir o desenvolvimento sustentável? Com diálogo e respeito. O diálogo tem acontecido? Da minha parte tem. Nunca ninguém questionou as decisões que o Plano Nacional de Logística e Transportes tomou em relação à área ambiental. Isso porque esse já era um componente do planejamento. A gente mapeou o Brasil para identificar onde estão as aldeias indígenas, as reservas florestais. Agora, quando se inicia a construção de uma estrada, por exemplo, a primeira coisa a ser feita é desviar de APP (Área de Preservação Permanente). O aumento dos custos devido à alteração no traçado é o preço do desenvolvimento sustentável. Acredita que esse diálogo foi iniciado de forma tardia? Eu acho que agora ele está ficando maduro. Enquanto a gente estava rosnando um para o outro não havia entendimento. Foi por isso que passamos a dialogar e começamos a fazer avaliações am-
bientais estratégicas. Começamos a pensar o desenvolvimento do segmento de transporte com o componente ambiental sendo a base estrutural. Agora, há determinados exageros que precisavam ser negociados. Hoje, quando se faz uma obra em alguma rodovia, não é mais permitido deixar o entulho na natureza. É preciso dar destinação correta aos materiais. Precisamos aprender a conviver com isso. Mas por outro lado, você não precisa passar por um processo de estudo de avaliação ambiental para implantar a terceira faixa na rampa de subida de algumas rodovias que já estão prontas há anos. A legislação ambiental brasileira é rigorosa demais? Não, ela é ótima. A legislação ambiental brasileira é tão boa ou melhor do que a de qualquer país do mundo. O que acontece é que nesses países, onde a consciência ambiental já é maior, eles convivem de forma tranquila. Nós é que não sabemos fazer isso ainda. A legislação brasileira não fala que você não pode fazer uma estrada. Ela te diz que é preciso fazer compensações e mitigações, caso necessário. Isso é muito bom. A engenharia brasileira precisa aprender a conviver com isso. l
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DHL/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE DHL Supply Chain premiada A DHL Supply Chain conquistou o 1º lugar no Prêmio Ilos de Logística 2012. Esta foi a 12ª edição da premiação e o 7º ano consecutivo em que a empresa é reconhecida como a melhor prestadora de serviços logísticos do Brasil. Participaram da
pesquisa 300 profissionais de grandes indústrias brasileiras. Além de receber a congratulação, a DHL foi eleita a principal empresa de logística dos setores de comércio varejista, eletroeletrônico, higiene, limpeza, cosméticos e farmacêuticos.
PRÊMIO Maria Fernanda Hijar (Ilos) e Sergio Correa (DHL) PRIMEIRO CLUBE DO ÔNIBUS ANTIGO BRASILEIRO/DIVULGAÇÃO
Ônibus e caminhões antigos A edição 2012 da VVR (Viver, Ver, Rever – Encontro Nacional de Ônibus e Caminhões Antigos) será realizada nos dias 10 e 11
de novembro, na praça Cívica do Memorial da América Latina, na capital paulista. Organizado pelo Primeiro Clube do Ônibus
Antigo Brasileiro, o evento espera reunir 40 ônibus, 40 caminhões e 20 pickups. Veículos com mais de 25 anos de fabricação são
prioridade. A entrada é gratuita. A expectativa é de que, aproximadamente, 6.000 pessoas visitem a exposição.
“SONHO SOBRE RODAS”
Abrati lança livro Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros) lançou no dia 28 de agosto, na sede da CNT, em Brasília (DF), o livro “Sonho sobre Rodas”, do advogado e pesquisador Antônio Rúbio de Barros Gômara, já falecido, e do jornalista Nélio Lima. A publicação é o segundo volume de um trabalho iniciado na década de 1990 com entrevistas de dezenas de empresários do setor brasileiro de transporte rodoviário de passageiros. Na época, Gômara percorreu o país em busca de informações que pudessem contar a história dessa atividade. O primeiro livro foi publicado em 1999 e, com a morte do pesquisador em 2000, Lima foi convidado para dar continuidade ao projeto. A partir de relatos dos empresários, foram reconstituídas as
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ALL registra crescimento A ALL (América Latina Logística) registrou desempenho positivo no primeiro semestre do ano com crescimento de 5% no volume movimentado. A concessionária transportou 21 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil).
A receita líquida consolidada atingiu R$ 1,8 bilhão, o que representa aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. A geração de caixa operacional da empresa alcançou R$ 821 milhões. ALL/DIVULGAÇÃO
histórias de muitas das empresas do sistema brasileiro de transporte rodoviário de passageiros. O livro traz em detalhes as dificuldades enfrentadas há quase 80 anos pelos empreendedores para integrar comunidades e aproximar pessoas, reduzindo as distâncias entre as cidades numa época na qual o transporte de pessoas dependia quase que exclusivamente da navegação de cabotagem e da malha ferroviária. Muitos dos empreendedores entrevistados eram imigrantes, em geral italianos, portugueses, espanhóis e alemães que exerceram papel fundamental na implantação e no desenvolvimento da atividade no Brasil. Os interessados em adquirir o livro devem entrar em contato com a Abrati pelo e-mail abrati@abrati.org.br. Mais informações: (61) 3322-2004. JÚLIO FERNANDES/CNT
DESEMPENHO All transportou 21 bilhões de TKU no semestre
Demanda recorde A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) divulgou nota informando que a demanda do transporte aéreo doméstico de passageiros e a taxa de ocupação de julho de 2012 foram recordes para o mês, quando considerado o início da série dos Dados Comparativos da Agência, em 2000. A demanda de passageiros cresceu 7,86% em julho deste ano, quando comparada com o mesmo mês de 2011. A oferta (assentos por quilômetros oferecidos) aumentou
2,06% no mesmo período. Ainda segundo a nota, as companhias TAM e Gol lideraram o mercado doméstico em julho com participação de 41,87% e de 32,95%, respectivamente. No acumulado de janeiro a julho de 2012, a participação das líderes alcançou 40,03% e de 33,92%, respectivamente. A participação das demais empresas apresentou crescimento de 21,35% no período, passando para 25,19%, em julho último.
PASSAGEIROS Livro conta a história do transporte
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MAIS TRANSPORTE FORD/DIVULGAÇÃO
Mobilidade Urbana e Cidadania Autor aponta sugestões para melhorar o trânsito e reduzir os impactos no meio ambiente. De: Eduardo Alcântara de Vasconcelos, Ed. Senac, 160 págs., R$ 43
Laboratório para híbridos e elétricos
Jet Setter – O Livro de Ouro da Aviação Executiva no Brasil Detalha o desenvolvimento e as características das mais importantes aeronaves no mercado brasileiro. Org. Cláudio Scheleder, Ed. Inbook, 184 págs., R$ 150
A Ford criou um laboratório de pesquisa e desenvolvimento em Dearborn (EUA) exclusivo para veículos híbridos e elétricos. A montadora está aplicando US$ 135 milhões em design, engenharia e manufatura de elementos para carros híbridos e elétricos de nova geração, dobrando a capacidade de testes de baterias.
Lançamento foca o transporte urbano A Goodyear investiu no setor de serviços urbanos de caminhões e ônibus com o lançamento do pneu CityMax. Segundo a fabricante, o produto possui tecnologias exclusivas e características inovadoras que permitem mais economia por quilômetro
rodado, maior durabilidade da banda de rodagem e maior índice de recapabilidade. A principal novidade é a tecnologia “Waffle Blade”, uma ligação flexível entre os blocos da banda de rodagem que otimiza a movimentação deles, acomodando-os com mais eficiência no piso. De
acordo com a Goodyear, a combinação resulta na diminuição da temperatura da banda em situações de frenagens e curvas, gerando ganho de quilometragem dos pneus, além da preservação da carcaça para futuras recapagens.
Logística Urbana: Fundamentos e Aplicações Conjunto de artigos técnicos e científicos, escritos por especialistas de diferentes áreas, que discutem como resolver os problemas urbanos. De: Vários autores, Ed. CRV, 286 págs., R$ 44,90
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ETRANSPORT
Evento será no Riocentro
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Movimat 2012 A Movimat, feira voltada para o mercado logístico, chega a sua 27ª edição. Este ano, o evento será realizado no Expo Center Norte, em São Paulo, entre os dias 2 e 4 de outubro. Os organizadores estimam que 200 expositores participem da feira. A expectativa de público é de 25 mil
Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro) realiza a 15ª edição do Etransport (Congresso sobre Transporte de Passageiros) entre os dias 3 e 5 de outubro, no Riocentro (RJ). O seminário vai reunir profissionais, técnicos, estudiosos, empresas e representantes do poder público e da população para debater e refletir sobre questões centrais da mobilidade nas grandes cidades. Vários eventos paralelos estão previstos, como o Brasil Fret 2012, organizado pela Anttur (Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento). O encontro traz como tema a Mobilidade e a Sustentabilidade no Fretamento. Ainda na programação paralela, o público poderá conferir a 14ª edição do Encontro de Boas Práticas da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), que vai propor um debate sobre a nova mobilidade urbana. A Bienal de Marketing ANTP (Associação
visitantes para os três dias. Paralelo à Movimat, acontece a 16ª edição da Conferência Nacional de Logística. O encontro apresenta as mais diversas discussões e novidades do segmento logístico, reunindo centenas de profissionais com atuação destacada no mercado. MOVIMAT/DIVULGAÇÃO
Nacional de Transportes Públicos) também compõe o programa do Etransport. O evento reunirá operadores rodoviários, metroferroviários e de terminais, gestores públicos, profissionais da indústria e consultores para destacar os esforços destinados à promoção do transporte público de qualidade que prioriza a segurança e o conforto das pessoas. Outro atrativo é o Prêmio Alberto Moreira 2012, que recompensa os profissionais que atuam no setor de transporte de passageiros por ônibus, em seis categorias: liderança, motorista, cobrador, pessoal administrativo, operacional e de manutenção. A 9ª edição da FetransRio também acontece com o Etransport. A feira bienal de ônibus estimula novos negócios e mostra as tendências para o mercado. Este ano, a FetransRio receberá mais de 150 expositores. Serão cem ônibus de última geração expostos, e a expectativa é de que mais de 10 mil pessoas visitem o evento. FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO
LOGÍSTICA Feira deve atrair 25 mil visitantes
Pneu para vans e utilitários A Fate Pneus do Brasil apresentou o Avantia AR-410, pneu voltado para o segmento de vans e veículos utilitários. O produto atende à exigência do setor pelo maior custo-benefício, já que proporciona bom
rendimento quilométrico. Disponível inicialmente nas medidas 205/75 R16C, 175/80 R14C e 195/75 R16C, o pneu se destaca pela estrutura robusta, que confere maior resistência e durabilidade.
MOBILIDADE Tema será o destaque do encontro
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MAIS TRANSPORTE SÉRGIO COELHO/CODESP/DIVULGAÇÃO
Santos bate novos recordes A movimentação de cargas no Porto de Santos atingiu, até julho, a marca de 56,58 milhões de toneladas, registrando aumento de 2,8%. O movimento do mês teve índice de crescimento de 1,12%, apontando novos recordes para o terminal
nos totais mensal e acumulado. Foram exportadas 38,18 milhões de toneladas, 67,47% de toda a movimentação até julho. Soja, açúcar, milho, óleos combustível, diesel e gasóleo lideram o ranking dos produtos de
maior movimentação. O chamado complexo soja, formado por grãos e pelets, alcançou a expressiva marca de 12,06 milhões de toneladas, apresentando aumento de 34,5% na comparação com igual período de 2011.
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS/DIVULGAÇÃO
Biblioteca móvel Uma iniciativa da Secretaria Estadual de Cultura de Minas Gerais leva a diversos bairros da Região Metropolitana de Belo Horizonte o “Carro-Biblioteca”. O veículo se fixa, a cada dia da semana, em um bairro diferente.
O acervo se aproxima de 3.500 livros, além de 40 títulos de revistas variadas. O projeto propõe ainda atividades de incentivo à leitura nos bairros, como a “Hora do Conto e da Leitura” e o “Encontro com Escritores”.
EDUCAÇÃO Carro-biblioteca percorre a Grande BH
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PESQUISA
Congresso Anpet 26ª edição do congresso da Anpet (Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes) será realizada de 28 de outubro a 1º de novembro, no Centro de Convenções do hotel Bourbon, em Joinville (SC). A organização do evento, chamado pela entidade de 26º Anpet, está a cargo do Centro de Engenharia de Mobilidade da Universidade Federal de Santa Catarina. O congresso anual é um fórum para discussão dos grandes temas do setor de transportes e possibili-
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INICIATIVA Webjet utiliza copo biodegradável
ta o intercâmbio entre pesquisadores, técnicos e dirigentes. A apresentação dos trabalhos no evento é condicionada à aprovação pelo comitê científico formado por pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa brasileiras. O evento conta ainda com mesas-redondas, workshops, painéis e cursos voltados ao debate aprofundado de questões atuais do setor de transportes. Os prazos para inscrição e entrega dos trabalhos estão disponíveis no site www.xxvianpet.org.br
Voo com copo sustentável
Assembleia da CIT
A Webjet substituiu os tradicionais copos plásticos por copos produzidos com fécula de mandioca. Desenvolvido com tecnologia nacional, o recipiente é 100% biodegradável. Os copos foram adotados em todos os voos da companhia. A expectativa é que, por ano, 12
A 18ª Assembleia da CIT (Câmara Interamericana de Transportes) será realizada de 3 a 5 de outubro, no Centro de Convenções Riocentro, na capital fluminense. Dezoito entidades, de 18 países, ligadas
toneladas de material não reciclável deixem de ser descartadas no meio ambiente. A ação faz parte de uma parceria entre a aérea, a LSG Sky Chefs, que fornece as refeições que são servidas a bordo dos aviões, e a CBPak, que desenvolveu e produz o copo biodegradável.
ao setor transportador, vão se reunir para discutir temas de interesses comuns ligados ao segmento. Os interessados em acompanhar os debates podem fazer a inscrição no site da entidade: www.citamericas.org.br CIT/DIVULGAÇÃO
Site repaginado A AmstedMaxion reformulou totalmente seu site e disponibilizou para os clientes e fornecedores da empresa uma ferramenta de comunicação com nova tecnologia. A ação visa um melhor atendimento para os segmentos e mercados atendidos pela companhia. As informações sobre os produtos e serviços oferecidos estão disponibilizadas
de forma acessível e dinâmica. Os lançamentos e eventos da fabricante de vagões ferroviários serão destacados em banners na página inicial, facilitando a navegação e o acesso às informações. Já as notícias dos segmentos ferroviários e de fundição, assim como notas institucionais, estão em destaque na página inicial.
DEBATE Dezoito países se reunirão no Rio
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DESONERAÇÃO
Transporte terá ganhos com nova lei Setor se mobiliza e consegue ser incluído em legislação que substitui contribuição pela folha de pagamento por cobrança sobre o faturamento POR
epois de uma forte mobilização de diversas entidades do setor, lideradas pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), a atividade transportadora foi incluída em uma legislação federal importante, que deverá trazer redução de custos e estimular a melhoria da qualidade dos serviços de transporte prestados no país.
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CYNTHIA CASTRO E LIVIA CEREZOLI
Em meados do mês de setembro, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.715/2012, que desonera a folha de pagamento das empresas transportadoras e também de outros setores da economia. O pagamento previdenciário patronal sobre a folha de pagamento (de 20%) será substituído por uma alíquota de 2% sobre o faturamento
das empresas - no caso do transporte rodoviário coletivo de passageiros – e de 1% para os transportadores aéreo, marítimo, fluvial e de navegação de apoio. A mudança passa a vigorar em 1º de janeiro de 2013. Com isso, haverá uma economia de recursos, que poderão ser aplicados na melhoria dos serviços prestados e até mesmo
na contratação de novos funcionários. Até o fechamento desta edição, no dia 19 de setembro, havia uma expectativa de que o transporte rodoviário de cargas também fosse contemplado em uma nova medida provisória a ser publicada. A inclusão do setor de transporte foi fruto de um trabalho intenso coordenado pela CNT,
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O peso dos tributos sobre a folha salarial é muito grande no Brasil. Essa medida para a desoneração será muito positiva para que o setor possa investir mais
SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DO SEST SENAT
NTU/DIVULGAÇÃO
ECONOMIA Estimativa do transporte rodoviário urbano de passageiros é que haja uma economia de R$ 1,1 bilhão por ano
com o apoio de entidades como a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), a Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros), a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) e a ABTC (Associa-
ção Brasileira de Logística e Transporte de Carga). Para o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, a desoneração da folha de pagamento é uma medida muito importante que irá incentivar o crescimento do setor e a criação de empregos, proporcionando, assim, maior desenvolvimento da economia do
país. “O peso dos tributos sobre a folha salarial é muito grande no Brasil. Essa medida para a desoneração será muito positiva para que o setor possa investir mais”, disse Clésio Andrade, que tem trabalhado ativamente para conseguir a redução da carga tributária. Na área de transporte urbano de passageiros, por exem-
plo, há uma estimativa da NTU de economia anual no valor de R$ 1,1 bilhão, ao considerar a frota operante de 95 mil ônibus em todo o país. Atualmente, os 20% de contribuição tributária que incidem sobre a folha de pagamento correspondem a 6% do faturamento das empresas. Como o faturamento anual é de R$ 27,50 bilhões, os 6% to-
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MEDIDA
Quarenta setores estão incluídos
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Sempre haverá essa possibilidade de melhoria, pois, teoricamente, as empresas irão dispor de mais capital para investimento. Embora, no quadro atual, as empresas já venham apresentandoum serviço de alta qualidade
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RENAN CHIEPPE, PRESIDENTE DA ABRATI
A partir de janeiro de 2013, 40 setores da economia brasileira substituirão os 20% de contribuição do INSS pelo pagamento da alíquota de 1% ou 2% sobre o faturamento. Em 15 deles, essa medida já está valendo. A estimativa do Ministério da Fazenda é de que a desoneração seja de aproximadamente R$ 60 bilhões nos próximos quatro anos. O governo espera gerar impacto positivo na inflação e aumento da formalização de empregos. Em entrevista coletiva em setembro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a medida pretende incentivar a re-
talizaram R$ 1,65 bilhão de tributo. Com a nova legislação, o imposto será pago conforme uma alíquota de 2% sobre o faturamento. Isso significa R$ 550 milhões, gerando a economia anual de R$ 1,1 bilhão. O presidente da NTU, Otávio Cunha, destaca que esse valor deverá gerar ganhos sociais, com a criação de empregos, além da possibilidade de maior investimento na qualidade do
dução do custo da mão de obra e tornar as empresas mais competitivas nesse momento de crise internacional. De acordo com Mantega, o impacto da redução de tributos em 2013 será de R$ 12,83 bilhões, que correspondem a 0,26% do PIB previsto para o ano que vem (R$ 4,9 trilhões). Para 2014, o impacto será de R$ 14,11 bilhões. Segundo o Ministério da Fazenda, a desoneração da folha de pagamento teve início em agosto do ano passado, no lançamento do programa Brasil Maior, que visa fortalecer a indústria nacional.
transporte de passageiros e consequente redução da poluição ambiental. “Há mais de dez anos o setor vem lutando para conseguir redução de tributos, inclusive na folha de pagamento. Esse é um primeiro passo importante que o governo está dando”, avalia. A NTU estima que a desoneração da folha deva gerar aproximadamente 15 mil empregos anuais entre diretos, indiretos e
induzidos na cadeia produtiva do setor de transporte urbano de passageiros. Ele faz esse cálculo aproximado com base em estimativas da entidade para a geração de empregos no setor nos próximos quatro anos. Até 2016, a iniciativa privada deve investir R$ 8,4 bilhões na aquisição de novos veículos e outros equipamentos, como alguns na área de tecnologia e rastreamento. Nesse mesmo
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Há mais de dez anos o setor vem lutando para conseguir redução de tributos, inclusive na folha de pagamento. Esse é um primeiro passo importante que o governo está dando
OTÁVIO CUNHA, PRESIDENTE DA NTU
JÚLIO FERNANDES/CNT
“ período, o poder público deve investir R$ 12,5 bilhões. E há uma previsão de criação anual de 78 mil empregos. “Se considerarmos que teremos uma economia de R$ 1,1 bilhão por ano, por causa da desoneração, em 2016, serão R$ 4,4 bilhões a mais. É um valor importantíssimo.” Otávio Cunha também considera que é mais justo cobrar o tributo em relação ao faturamento, que é um custo va-
riável, em vez de o valor incidir na folha de pagamento, que é um custo fixo das empresas. O presidente da Abrati, Renan Chieppe, afirmou que a medida é muito importante, pois as empresas de ônibus empregam um número grande de funcionários, e há impactos relevantes nos custos totais. Há estimativas de que aproximadamente 30% do faturamento seja gastos com mão de obra. Segundo ele, neste
primeiro momento, as empresas do setor rodoviário de passageiros irão avaliar os impactos dessa medida, já que há muitas diferenças entre o tipo de serviço prestado, conforme os diferentes Estados. “Há muitos anos, a Abrati, em conjunto com a CNT e com outras entidades ligadas à confederação, vem participando de reuniões com o governo e apresentando sugestões no sentido
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EMPRESAS AÉREAS Associação avalia que no setor aéreo impacto positivo não será tão grande
A inclusão do setor é positiva e possibilita novos diálogos que nos estimulam a continuar construindo um meio de transporte cada vez mais acessível. Porém, esse valor não representa aumento de faturamento EDUARDO SANOVICZ, PRESIDENTE DA ABEAR
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ENTENDA A DESONERAÇÃO • Atualmente, as empresas de transporte precisam pagar um valor referente a 20% da folha de pagamento de contribuição no INSS • Com a lei aprovada pela presidente Dilma Rousseff, não haverá mais cobrança pela folha. O tributo será pago por meio de uma alíquota de 1% a 2% sobre o faturamento • Até o fechamento desta edição, na área de transporte, foram definidas as seguintes alíquotas: transporte aéreo (1%), transportes marítimo, fluvial e navegação de apoio (1%), transporte rodoviário coletivo de passageiros (2%) Exemplo: Veja o volume de recursos que deverá ser economizado no transporte rodoviário urbano de passageiros do país, conforme estimativas da NTU • Atualmente, os 20% de encargos sociais que incidem sobre a folha de pagamento
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das empresas que operam com uma frota de 95 mil ônibus em todo o país representam 6% do faturamento das empresas
Desonerar a folha garante até mesmo o não reajuste do frete em alguns setores. Isso é bom para o consumidor, que não pagará mais caro pelo produto e bom para a economia do país, que se mantém ativa
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NEWTON GIBSON, PRESIDENTE DA ABTC
• O faturamento anual é de R$ 27,50 bilhões. Portanto, as empresas pagam R$ 1,65 bilhão em impostos (6%) por ano • Como a partir de 2013 a cobrança será de 2% em relação ao faturamento, elas passarão a pagar R$ 550 milhões por ano • A economia será de R$ 1,1 bilhão por ano Fonte: NTU
de desonerar o transporte brasileiro”, afirma Chieppe. Segundo ele, a desoneração deve refletir em mais contratações pelas empresas de transporte. Ele também considera que deverá haver reflexos na melhoria da qualidade dos serviços prestados. “Sempre haverá essa possibilidade de melhoria, pois, teoricamente, as empresas irão dispor de mais capital para investimento. Embora, no quadro atual, as empresas já venham apresentando um serviço de alta qualidade, reconhecido até no exterior, com frotas modernas, salas
VIPs em terminais rodoviários, vendas pela Internet, sistema de Wi-Fi a bordo gratuito em algumas rotas e outras comodidades, sempre visando o melhor atendimento, com segurança, conforto e com grande abrangência”, comenta. Criada neste ano, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) também teve atuação decisiva na conquista desse novo benefício. A entidade representa as cinco maiores companhias aéreas do mercado brasileiro (TAM, Gol, Azul, Avianca e Trip), responsáveis por
99% do mercado de aviação civil nacional. A participação nos debates sobre a desoneração foi a primeira agenda de atuação da associação por meio de negociações com o Congresso Nacional e órgãos, como a SAC (Secretaria de Aviação Civil), o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o Ministério da Fazenda e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Segundo Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, a nova medida injetou uma dose de otimismo no setor, que conta-
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É muito importante que nós estejamos nessa desoneração com a taxa de 1%. Qualquer percentual acima disso vai trazer prejuízos muito grandes para o setor
FLÁVIO BENATTI, PRESIDENTE DA NTC&LOGÍSTICA
ANTAQ / DIVULGAÇÃO
MARÍTIMO Medida prevê alíquota de 1% para transportes marítimo, fluvial e navegação de apoio
bilizou prejuízos de R$ 1,6 bilhão em 2011. Mas ele considera que o montante a ser economizado não será muito significativo nas empresas aéreas. Pelos cálculos iniciais, é possível que no primeiro ano de aplicação da desoneração, haja uma redução de R$ 300 milhões no custo das empresas. “A inclusão do setor é positiva e possibilita novos diálogos que nos estimulam a continuar construindo um meio de transporte cada vez mais acessível. Porém, esse valor não representa aumento de faturamento”, ex-
plica ele. De acordo com Sanovicz, como os custos do transporte aéreo são mais elevados, o setor ainda mantém outras agendas prioritárias, como a revisão dos custos de combustível, que hoje, segundo estimativas da Abear, representam quase 40% do preço do bilhete aéreo. O presidente da NTC&Logística, Flávio Benatti, destaca a importância de se criar mecanismos para reduzir a carga tributária do setor produtivo do país e também a desoneração da folha de pagamento. Benatti considera que, para o setor de transporte
rodoviário de cargas, é necessário que a alíquota a ser estabelecida seja de, no máximo, 1%. “É preciso que nós fiquemos na alíquota mais baixa, como nos setores aéreo e o marítimo, até mesmo pela questão do princípio isonômico. Há muitas operações feitas pelo rodoviário que também são realizadas pelo aéreo e pelo marítimo. Por isso, é muito importante que nós estejamos nessa desoneração com a taxa de 1%. Qualquer percentual acima disso vai trazer prejuízos muito grandes para o setor”, afirma.
Na opinião de Benatti, se o setor de transporte rodoviário de cargas for incluído na desoneração da folha, as empresas poderão fazer mais investimentos e até mesmo empregar mais funcionários. “No setor de transporte de cargas, por mais que você invista na mecanização da movimentação de cargas, a presença de funcionários sempre vai ser essencial para o desenvolvimento da atividade”, ressaltou. O presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Cargas), Newton Gibson, cobra urgência na definição da desoneração da folha do transporte rodoviário de cargas. De acordo com ele, a incidência da carga tributária sobre o setor é excessiva e a não inclusão da atividade pode trazer prejuízos para a economia do país. “Um setor que faz circular tudo que é produzido dentro e fora do país não pode ser deixado de lado dessa maneira. Esperamos que o governo reveja essa decisão e anuncie em breve a inclusão do transporte de cargas nessa nova medida.” Para Gibson, o benefício trará ganhos não só para os transportadores, mas também para os consumidores. “Desonerar a folha garante até mesmo o não reajuste do frete em alguns setores. Isso é bom para o consumidor, que não pagará mais caro pelo produto e bom para a economia do país, que se mantém ativa”, ressalta. l
REPORTAGEM DE CAPA
Superand
TRANSPES/DIVULGAÇÃO
Transportar cargas com dimensões excedentes é um desafio; operação exige cuidados especiais e envolve diversos setores
o limites
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om a realização de grandes obras no Brasil, como a construção de usinas hidrelétricas e eólicas, estádios para a Copa do Mundo de 2014 e outros projetos de infraestrutura, cresce o volume de cargas com tamanho excepcional que cruzam diariamente as rodovias do país. São enormes conjuntos transportadores (cavalo mecânico e carreta) que carregam turbinas, transformadores, pás de energia eólica e outros equipamentos indivisíveis que chegam a pesar mais de 200 toneladas. Um verdadeiro desafio para empresas transportadoras, motoristas, operadores das rodovias e órgãos fiscalizadores. As viagens acabam sendo longas e envolvem uma série de cuidados especiais, que vão desde a interdição de alguns trechos de vias urbanas e rodovias até o desligamento da rede de energia elétrica para a passagem dos caminhões. Para percorrer os 170 km que separam Campinas do porto de Santos, no Estado de São Paulo, por exemplo, um
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DESAFIO Transportar cargas com tamanho
“Além das restrições físicas, essas cargas trafegam em velocidades muito baixas” ROBERTO JOSÉ DA SILVA, GRUPO TOMÉ
conjunto transportador do Grupo Tomé, com peso total de 400 toneladas, já chegou a gastar três semanas. “São muitos detalhes que precisam ser avaliados. Além das restrições físicas, essas cargas trafegam em velocidades muito baixas, por isso a demora no trajeto”, explica Roberto José da Silva, superintendente de equipamentos e transporte da empresa que
atua há 39 anos no segmento de cargas especiais. Toda a atividade é regulamentada pelo artigo nº 101 do Código de Trânsito Brasileiro. De acordo com a legislação vigente, os veículos que transportam cargas com dimensões superiores a 2,60 metros de largura, 18,60 metros de comprimento, 4,40 metros de largura e 45 toneladas de peso total precisam ter
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SINDIPESA/DIVULGAÇÃO
PESO POR EIXO
Excesso prejudica pavimento
excepcional dentro de cidades exige cuidados especiais de diversos setores
a AET (Autorização Especial de Trânsito). A autorização é concedida pelo órgão responsável pela via: Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para as rodovias federais, DERs (Departamento de Estradas de Rodagem) para as estaduais e as secretarias ou órgãos de trânsito para as rodovias municipais e as vias urbanas - de acordo com
as características do veículo, da carga, do percurso, da data e do horário do deslocamento inicial. Todas as regras também valem para as rodovias concessionadas. Segundo dados do Dnit, de janeiro a junho deste ano, já foram emitidas aproximadamente 100 mil autorizações para o transporte dessas cargas. A previsão do órgão é fechar o ano com 220 mil. No
Assim como acontece no transporte de cargas com tamanho padrão, as tonelagens extras das cargas gigantes, quando não são bem distribuídas entre os eixos dos veículos, podem causar grandes danos às rodovias, principalmente à qualidade do pavimento. De acordo com Liedi Bernucci, chefe do departamento de engenharia de transporte da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), o desgaste da rodovia não é provocado pelo PBT (Peso Bruto Total), mas pela carga mal distribuída em cada um dos eixos e da relação dela com a velocidade do deslocamento. “É possível que um caminhão com mais de 100 toneladas de peso total bem distribuído em todos os seus eixos
ano passado, foram 186 mil autorizações emitidas e, em 2010, 130 mil. “Para conseguir a autorização, o transportador deve apresentar, via Internet, as dimensões da composição e identificar a rota a ser percorrida para que o Dnit faça a análise estrutural dos trechos e defina se aquelas rodovias suportam determinada carga”, diz Romeu Scheibe Neto, coordenador-geral
cause menos problemas do que outro que transporte a metade desse peso, mas não respeita os limites dos eixos”, diz. Segundo Liedi, os prejuízos causados pelo excesso de peso por eixo é exponencial. “Se um caminhão carrega 20% a mais do peso permitido naquele eixo, ele provoca uma degradação de 100% na via. É como se tivéssemos dois caminhões com a mesma carga passando pelo mesmo local, ao mesmo tempo, na mesma velocidade.” Além desse desgaste no pavimento, o excesso de peso pode reduzir em pelo menos 60% a vida útil de uma rodovia e trazer prejuízos, como custo mais alto com a manutenção do veículo, maior gasto de combustível e maior risco de acidentes.
Neste ano, o Dnit deve emitir
220 mil autorizações
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SAIBA MAIS SOBRE CARGAS EXCEDENTES DEFINIÇÃO São consideradas excedentes e precisam de autorização especial para trafegar as cargas que ultrapassam as seguintes dimensões: • 2,60 metros de largura • 8,60 metros de comprimento • 4,40 metros de largura • 45 toneladas de peso total EXIGÊNCIA DE ESCOLTA A escolta é obrigatória para o transporte de veículos com dimensões superiores a: • 3,20 metros de largura • 25 metros de comprimento • 5 metros de altura • peso acima de 74 toneladas TIPOS DE ESCOLTA Largura Comprimento Altura Peso
Particular/credenciada A partir de 3,21 metros A partir de 25,01 metros A partir de 5,01 metros A partir de 74,01 toneladas
PRF* Acima de 5 metros Acima de 35 metros Acima de 5,50 metros Acima de 100 toneladas
* A escolta da PRF não tira a exigência da particular. Ambas são complementares. Para cada comboio ou conjunto transportador, são exigidos no máximo dois veículos de escolta, dependendo das dimensões da carga e do tipo de rodovia (simples ou duplicada)
CUIDADOS Conjuntos transporta VEÍCULOS DE ESCOLTA PARTICULAR • Pintura especial zebrada nas cores laranja e branca (os veículos pintados em preto e laranja podem circular até o final da vida útil, fixada em até 8 anos) • Luz intermitente rotativa amarela • Bandeiras vermelhas nas quatro laterais VALORES DA ESCOLTA DA PRF Velocidade (km/h) 70 60 50 40 30 20 10
Valor por km (R$) 0,65 0,78 0,91 1,14 1,53 2,29 4,59
Equipamentos chegam a pesar mais de
200 toneladas Fontes: DPRF e Dnit
de operações rodoviárias do departamento. De acordo com ele, a grande maioria do transporte dessas cargas especiais só pode ser realizada durante o dia. “Porém, existem locais onde é necessário que o transporte seja feito à noite, quando o tráfego de veículos é menos intenso e o risco de acidentes ou congestionamentos é menor.” Entre as principais rotas utilizadas pelas transportado-
“Não podemos correr o risco de a carga não passar por falta de planejamento” ELENÍCIO DOS SANTOS, MOTORISTA
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GRUPO TOMÉ/DIVULGAÇÃO
Números do transporte de cargas especiais AUTORIZAÇÕES CONCEDIDAS PELO DNIT 220 mil*
250 186 mil
200 130 mil
150 100 50 0
2010
2011
2012
* Expectativa PRINCIPAIS CARGAS TRANSPORTADAS • Transformadores de energia elétrica • Turbinas • Prensas • Subestações móveis de energia • Pás de energia eólica RODOVIAS MAIS UTILIZADAS Em Minas Gerais: BR-153 e BR-251 Em São Paulo: BR-116 e BR-381 No Rio de Janeiro: BR-116, BR-040 e BR0-101 Fonte: Dnit
dores devem cumprir regras específicas de velocidade e horário para trafegar
ras estão as rodovias BR-153 e BR-251 em Minas Gerais, BR-116 e BR-381 em São Paulo e BR116, BR-040 e BR-101 no Rio de Janeiro. Uma parte das cargas é produzida na região Sudeste e transportada para o Norte e o Nordeste do país. Outra segue para a exportação. E ainda existe um volume significativo de equipamentos importados que também circula pelo Brasil. Além da autorização espe-
cial, quando a carga ultrapassa determinadas dimensões, é necessário providenciar a escolta dos caminhões. As regras para isso são definidas pela resolução nº 11/04 do Dnit e levam em consideração, além das dimensões da carga, o tipo de rodovia por onde ela vai transitar (pista simples ou dupla). Para cargas com mais de 3,20 metros de largura, comprimento superior a 25 me-
Existem
180 empresas
de escoltas credenciadas pela PRF
tros, altura acima de 5 metros e peso total a partir de 74,01 toneladas, é exigida escolta particular, credenciada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), para trânsito em pistas simples ou duplicadas. Atualmente, 180 empresas estão autorizadas a realizar esse tipo de serviço no país. De acordo com o chefe da divisão de fiscalização de trânsito da PRF, Júlio César Mattos Zambon, a exigência
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QUALIFICAÇÃO
Sest Senat oferece curso especializado Conduzir esses gigantes pelas rodovias não é tarefa simples e requer preparação especial. O curso de transporte de cargas indivisíveis oferecido pelo Sest Senat em todo o país tem como objetivo principal preparar os profissionais que trabalham com esse segmento do transporte para desempenharem a sua função com segurança, qualidade e responsabilidade. O curso foi desenvolvido em quatro módulos: legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e prevenção de incêndio e movimentação de carga. Todo o conteúdo segue criteriosamente as exigências da resolução nº 285 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que determina as regras para a realização de cursos de qualificação na área de transporte. De acordo com Valdenir José Mantegazine, instrutor do Sest Senat de São Mateus
(ES), o curso de 50 horas/aula reúne as principais informações sobre a legislação específica desse segmento de transporte e orientações sobre as formas corretas de amarração da carga, manobras dos veículos, rotas e horário de tráfego permitido. “Dirigir um caminhão que transporta cargas indivisíveis requer uma preparação maior. O motorista precisa entender que ele não está sozinho durante a viagem. São vários os atores envolvidos, por isso o planejamento é tão importante”, diz. Aluno do curso, Elenício Rodrigues dos Santos trabalha há dez anos com o transporte de tubos, tanques e material para sonda utilizado nos projetos da Petrobras, entre Macaé (RJ) e São Mateus (ES). Segundo ele, nesse segmento, além dos cuidados com a direção defensiva, é preciso planejar a viagem e ter um conhecimento amplo da rota a
ser seguida. “Precisamos saber a localização exata de pontes, de viadutos, de semáforos, de placas de sinalização. Não podemos correr o risco de a carga não passar por uma falha no planejamento.” Podem participar do curso os condutores maiores de 21 anos interessados em atuar no transporte de cargas especiais de grandes dimensões, que já possuam a CNH nas categorias C ou E. É preciso não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima ou ser reincidente em infrações médias nos últimos 12 meses e não estar cumprindo pena de suspensão do direito de dirigir, cassação da CNH, pena decorrente de crime de trânsito, bem como não estar impedido judicialmente de exercer seus direitos. Os interessados podem procurar a unidade do Sest Senat mais próxima. Para mais informações, acesse www.sestsenat.org.br.
da escolta visa a segurança de todos os usuários da rodovia. Os carros que realizam esse serviço devem ter pintura especial zebrada nas cores laranja e branca para auxiliar a visualização, além de luz intermitente rotativa amarela e bandeiras vermelhas nas quatro laterais. “Até o dia 14 de junho deste ano, os carros eram pintados nas cores laranja e preta, mas identificamos que o branco permite
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MARCO AMBROSIO/FUTURA PRESS
LEGISLAÇÃO O transporte de grandes cargas é regulamentado pelo artigo nº 101 do Código de Trânsito Brasileiro
uma visualização mais nítida tanto durante o dia como à noite, por isso alteramos a pintura”, diz ele. Os veículos pintados em preto podem circular até o final da vida útil deles, que é de oito anos. Em conjuntos transportadores que tenham dimensões superiores a 5 metros de largura, 35 metros de comprimento, 5,5 metros de altura e mais de 100 toneladas, também é exigida a escolta da
PRF. Nesses casos, o trabalho é realizado pelos veículos usados pela corporação. “É importante destacar que uma escolta não tira a exigência da outra. Elas são complementares e trabalham juntas”, destaca Zambon. Para os transportadores, a exigência da escolta é garantia de segurança para o motorista, para a carga e para o veículo, mas eles enfrentam dificuldades quando precisam
“Uma escolta não tira a exigência da outra. Elas se completam e trabalham juntas” JÚLIO CÉSAR ZAMBON,
PRF
da escolta da PRF. “Já chegamos a levar dois dias para percorrer 200 km a espera do serviço da Polícia Rodoviária Federal”, afirma Mário Lincoln, diretor de operações da Transpes, empresa que realiza o transporte de cargas com tamanhos excepcionais principalmente entre as regiões Sudeste e Norte. A PRF confirma que faltam policiais e por isso nem sempre consegue cumprir os pra-
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TRÂNSITO
Atenção é essencial Não existem estatísticas sobre o número de acidentes envolvendo veículos que transportam grandes cargas, segundo a PRF, mas, mesmo assim, é essencial que motoristas de carros de passeio e outros veículos que transitam pelas rodovias estejam atentos para o tráfego desses conjuntos transportadores. O chefe da divisão de fiscalização de trânsito da PRF, Júlio César Mattos Zambon, recomenda que os usuários da via respeitem os sinais de alerta emitidos pelos veículos de escolta. “As funções da escolta é sinalizar que existe algo diferente na pista e alertar ao motorista que vem em sentido contrário
“Ultrapassar um veículo de escolta é correr um grande risco” MÁRIO LINCOLN, TRANPES
ou no mesmo sentido que ele precisa reduzir a velocidade.” Para Mário Lincoln, diretor de operações da Transpes, essa é também uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas empresas que atuam no setor. Segundo ele, a velocidade de tráfego reduzida dos conjuntos transportadores muitas vezes incomoda os demais motoristas e essa impaciência acaba ocasionando acidentes. “Precisamos da compreensão dos motoristas. Sei que andar a 30 km/h atrás de um caminhão não é agradável, mas ultrapassar um veículo de escolta é correr um grande risco.”
zos das transportadoras. “Temos uma deficiência para atuar nesse segmento porque trabalhamos com um número reduzido de policiais. Temos consciência desse problema, mas não cabe só a nos solucioná-lo”, afirma Zambon, chefe da divisão de fiscalização de trânsito da PRF. Para utilizar o serviço de escolta
ENTRAVES A falta de infraestrutura adequada,
da corporação, é cobrada uma taxa de acordo com a velocidade e a distância a ser percorrida. Para cargas acima de 74 toneladas, também existe uma cobrança de taxa de utilização da via, regulamentada pela resolução nº 11 do Dnit. O valor é calculado pela diferença entre o PBT (Peso Bruto
Total) e o limite das 74 toneladas, multiplicado pelo valor de referência para multas de trânsito e um valor definido de acordo com a distância a ser percorrida. Até junho deste ano, já haviam sido arrecadados R$ 994 mil. O valor é arrecadado diretamente para a União. O Estado de São Paulo, por onde transita a maior par-
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DIOGO MOREIRA/FUTURA PRESS
como pontes e viadutos que suportem pesos maiores e pistas duplicadas, é um dos principais problemas do setor
“É o Dnit que define se as rodovias suportam as cargas” ROMEU SCHEIBE NETO, DNIT
te das cargas indivisíveis do Brasil, é responsável por 42% desse valor. Mas além da falta de escoltas da PRF, o setor de transporte de cargas indivisíveis ainda enfrenta outros desafios, como os transtornos causados no trânsito, a deficiência na infraestrutura e o excesso de burocracia, cau-
sando elevação nos custos finais do serviço. “A grande maioria das pontes e viadutos das rodovias brasileiras não suporta cargas acima de 45 toneladas, obrigando o transportador a mudar a rota da viagem, muitas vezes ampliando as distâncias a serem percorridas, o que dificulta a entrega e eleva o custo do
serviço”, ressalta João Batista Pinheiro Dominicci, vicepresidente-executivo do Sindipesa (Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais). O grande número de rodovias com pista simples também é um complicador para o transporte de cargas com tamanhos excedentes. Dados do Dnit apontam que apenas 5% das rodovias pavimentadas existentes no país são duplicadas. “Cada faixa da pista tem 3,50 metros de largura. Se vamos rodar com um caminhão maior, em uma pista simples ele acaba invadindo a pista contrária, complicando o trânsito e dificultando toda a operação”, destaca Dominicci. De acordo com Scheibe Neto, do Dnit, o órgão vem trabalhando no desenvolvimento de um projeto de recuperação das obras de arte (pontes e viadutos) nas rodovias federais, mas não é possível dimensionar essas adequações com base unicamente nas cargas indivisíveis. “Esse setor é bastante significativo, mas trabalhamos com um volume de carga que represente a média do transporte”, explica o coordenador. l
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PASSAGEIROS
Prioridade ao coletivo Os novos conceitos de mobilidade urbana foram discutidos durante seminário realizado pela NTU em Brasília POR
Política Nacional de Mobilidade Urbana entrou em vigor em abril deste ano, mas muitas questões sobre como priorizar o transporte coletivo ainda não foram definidas. Nos grandes centros urbanos, mesmo que os sistemas de transporte público tenham se modernizado nos últimos anos, as taxas de utilização deles ainda estão aquém dos índices de urbanização das cidades e, principalmente, da utilização do transporte individual. A 26ª edição do Seminário Nacional NTU 2012, realizada
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LIVIA CEREZOLI
em Brasília, no final de agosto, discutiu essa nova mobilidade urbana brasileira e as possibilidades de transformar o transporte coletivo na principal maneira de deslocamento urbano. O evento, realizado pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), teve o apoio da Embarq Brasil, instituição que integra a Rede Embarq, grupo internacional de organizações colaborativas para a construção de cidades melhores. A ampliação dos projetos de BRT (ônibus de trânsito rápido), que já estão sendo de-
senvolvidos em várias cidades do Brasil, e a integração desse sistema com outras formas de deslocamentos, como o metrô, a bicicleta e até mesmo os carros, foram defendidas por especialistas em mobilidade e empresários do setor durante os dois dias de realização do evento. Para Otávio Vieira da Cunha Filho, presidente-executivo da NTU, esse é um momento importante para o Brasil começar a repensar os seus centros urbanos. “Nossas cidades estão parando e precisamos agir de maneira rápida
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e eficiente. Faltava um marco regulatório para o setor, que foi alcançado com a nova legislação. Os recursos, que poderiam sim ser maiores, também estão aí disponíveis. Então, este é o momento de planejar o nosso futuro. Não podemos mais permitir que sejam perdidas até quatro horas nos deslocamentos dos trabalhadores do país devido a congestionamentos”, afirmou durante a cerimônia de abertura do evento. A nova legislação prioriza o transporte público coletivo e o não motorizado sobre o individual motorizado, estabelece prazos para que os municípios criem planos de mobilidade urbana atrelados aos Planos Diretores e dá respaldo jurídico para a adoção do pedágio urbano, uma medida polêmica que divide opiniões. Segundo João Coser, prefeito de Vitória (ES) e presidente da Frente Nacional de Prefeitos, a primeira maneira de restringir o uso do transporte individual é criar faixas exclusivas para os ônibus. “O Brasil foi urbanizado em velocidade extraordinária, sem planejamento e, por isso, hoje estamos correndo para eliminar os
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HOMENAGEM
Precursores do vale-transporte recebem medalha
prejuízos. Precisamos agora mudar os nossos sistemas e torná-los mais eficientes para que o transporte público seja mais atrativo”, afirmou. Nazareno Affonso, presidente do MDT (Movimento pelo Direito ao Transporte Público) vai além e cobra mudanças radicais na infraestrutura das cidades como forma de permitir também os deslocamentos não motorizados. “As calçadas devem ser pensadas como vias de uso público. Elas precisam ser acessíveis. Buracos nas ruas são notícias de jornal, mas lugares sem calçada não são discutidos em nenhum lugar”, destacou ele. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, reconhece que investir em mobilidade urbana é devolver tempo e qualidade de vida às pessoas e que o Brasil precisa avançar nessa questão. Porém, na visão dele, é preciso tempo para que a priorização do transporte coletivo seja mesmo efetivada. “É certo que precisamos de mudança na cultura das pessoas, mas isso só vai acontecer quando oferecermos qualidade nos serviços de transporte público. Não podemos ser radicais e proibir o uso dos veículos particulares sem dar alternativas aos cidadãos.”
Empresários e políticos que atuaram diretamente na instituição do vale-transporte obrigatório como um dos principais instrumentos de política pública foram homenageados durante a abertura do Seminário Nacional NTU 2012. Entre os nomes de destaque que receberam a medalha do mérito Precursor do Vale-Transporte estão o expresidente da República e atual presidente do Senado, o senador José Sarney, e o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade. A honraria foi entregue pelas mãos do presidente da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho, e do presidente do conselho diretor da instituição, Eurico Galhardi.
“Nossas cidades estão parando e precisamos agir de maneira rápida e eficiente” OTÁVIO VIEIRA DA CUNHA FILHO, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA NTU
Criado a partir da lei nº 7.418, de dezembro de 1985, como facultativo, o benefício oferecido ao trabalhador passou a ser obrigatório dois anos depois. Com o vale-transporte, os trabalhadores deixaram de gastar quase um terço do salário em deslocamentos. “Essa foi uma grande conquista da classe trabalhadora. Foi a primeira iniciativa de distribuição de renda sem a participação do governo”, afirmou Galhardi, durante a cerimônia. Para o senador Clésio Andrade, o vale-transporte é um instrumento social de grande importância que hoje atende um número expressivo de trabalhadores. “Foi uma honra participar da
Dos 46 projetos de mobilidade urbana que integram o PAC da Copa do Mundo, com valor de investimento de R$ 11,5 bilhões, 20 preveem a instalação de BRT. De acordo com Luis Antonio Lindau, presidente da Embarq Brasil, o desenvolvimento desses sistemas é uma grande oportunidade, principalmente para países em desenvolvimento. Segundo ele, 65% da demanda atual do BRT está concentrada em 32 metrópoles latino-americanas. Na Cidade do México, a
criação de um mecanismo dessa importância que permitiu à população ganhos maiores com o salário recebido pelo seu trabalho.” O valor do benefício é variável de acordo com a tarifa cobrada no sistema de transporte de cada cidade. Pela lei, o empregador participa dos gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo equivalente à parcela que exceder a 6% do salário básico. E para consolidar ainda mais a instituição do valetransporte, a NTU trabalha pela aprovação do projeto de lei nº 5.396/95, que tramita na Câmara dos Deputados e prevê, entre outras mudanças, a proibição da substituição do vale por dinheiro.
priorização do transporte coletivo pode ser observada diariamente. Apenas 20% dos deslocamentos são realizados em veículos particulares, e grande parte desse sucesso é resultado da implantação do Metrobus, BRT existente na cidade desde 2005. Hoje, o sistema de 370 ônibus transporta 760 mil passageiros por dia nos quase 100 km de corredores distribuídos em quatro linhas. De acordo com Guillermo Calderón, diretor do Metrobus, depois da instalação do sistema, 15%
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RECONHECIMENTO O presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, recebeu medalha por sua atuação em defesa do setor
dos motoristas deixaram de usar seus carros. “Com o BRT, são 122 mil viagens de carro a menos por dia na Cidade do México. Nossos ônibus atingem uma velocidade mais alta do que os veículos particulares. São 20 km/h nos corredores, contra 17 km/h dos carros. Com isso, também conseguimos reduzir em 40% o tempo gasto nos deslocamentos”, explicou ele. Além da velocidade, a tarifa de baixo custo também é um dos atrativos do serviço. O bilhete que pode ser utilizado por até duas ho-
ras em um mesmo sentido da linha custa 5 pesos mexicanos, o equivalente a R$ 0,60. A decisão em optar pelo BRT na Cidade do México foi baseada no custo de implantação do sistema. Segundo Calderón, cada quilômetro de metrô custa US$ 160 milhões, enquanto a mesma extensão de BRT tem custo estimado de US$ 10 milhões. “Mesmo diante de uma situação polêmica, construímos a primeira linha na avenida central da cidade. Foi essa decisão que garantiu a ampliação do sistema. Foi
uma transformação geral na cidade. Talvez se tivéssemos construído na periferia, onde o fluxo de passageiros seria menor, ele não teria avançado”, ressaltou. No Brasil, por enquanto, o sistema só existe em Curitiba (PR), onde foi criado na década de 1970, em São Paulo (SP), com o expresso Tiradentes, e agora no Rio de Janeiro (RJ), com o recém-inaugurado Transoeste. Belo Horizonte (MG) também já está implantando o sistema e ainda existem projetos para Manaus
“O Brasil foi urbanizado em velocidade extraordinária e hoje corremos para eliminar os prejuízos” JOÃO COSER, FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS
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INTERNET
A mobilidade urbana nas mídias sociais Dentro do novo conceito de mobilidade urbana também estão empresas de transporte coletivo mais modernas e conectadas à nova era digital. Depois dos avanços conquistados pela bilhetagem eletrônica, a abertura de canais de comunicação com os usuários via Internet é um passo ainda mais ousado. E é preciso ir além do site institucional. “Hoje, estamos na era da participação e da colaboração coletiva. As mídias sociais podem e devem ser as grandes aliadas na relação empresa cliente”, afirmou Roberto Sganzerla, especialista em marketing de transporte, durante o painel “A mobilidade urbana nas mídias sociais”, realizado no primeiro dia do Seminário Nacional NTU 2012. Segundo ele, atualmente existe um receio por parte de muitos empresários em abrir esses canais de comunicação pelo risco de receber críticas e reclamações. “Mas é pior não estar presente, porque, de uma forma ou de outra, os consumidores já estão falando da sua empresa.” Para Gil Giardelli, consultor
e especialista em comunicação digital, a presença nesses canais deve ser útil, e não apenas falar do próprio serviço oferecido pela empresa. “É preciso estar presente de forma estratégica e efetiva. O comportamento nas mídias sociais deve ser diferente do site oficial. Nas mídias, vale mais o social. Pode-se dar as informações relevantes, mas é preciso ir além disso”, destacou ele. De acordo com a assessora de comunicação do SetranspAju (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju), Alessandra Franco, além de inovação, as mídias sociais pedem transparência. “Isso é fundamental para se conquistar a confiança do usuário, principalmente em momentos de crise. É preciso dar as respostas via Internet de forma clara, objetiva e verdadeira, mesmo que seja para uma reclamação ou crítica.” Algumas empresas de transporte coletivo já aderiram à novidade. No mercado desde 1998, a SBCTrans, empresa que opera na cidade de São Bernardo do Campo (SP),
já conquistou mais de 6.000 fãs no Facebook em apenas quatro meses. “Nossas postagens são relacionadas ao dia a dia das pessoas, com dicas de turismo e informações sobre a cidade onde atuamos. Também oferecemos dicas de teatro, shows e outros eventos culturais, e relacionamos essa programação com a forma de chegar aos lugares de ônibus”, explicou a representante da empresa, Sara Bonenkamp. Presente no Facebook, no Twitter e em outras redes há pouco mais de um mês, a Viação Paraty, de Araraquara (SP), depois de investir alto em publicidade para divulgar a novidade entre os funcionários e as pessoas que utilizam os serviços prestados pela empresa, trabalha no gerenciamento dos novos canais. “Acompanhamos as nossas páginas em tempo real. Isso é fundamental para o bom desenvolvimento dos canais de comunicação. Gerenciar os resultados é essencial”, disse Luciana Herszkowicz, sócia e gerente de comunicação da empresa.
INTEGRAÇÃO
“O BRT eliminou 122 mil viagens de carro por dia na Cidade do México” GUILLERMO CALDERÓN, DIRETOR DO METROBUS
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Projetos de mobilidade urbana devem possibilitar a utilização dos diversos sistemas de transporte coletivo urbano
(AM), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Vitória (ES), Goiânia (GO), Uberlândia (MG), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Campinas (SP), Belém (PA), Recife (PE), Maringá (PR), Cascavel (PR), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA). Banco de dados A criação de um banco de dados com informações unificadas sobre o setor de transporte de passageiros no Bra-
sil também foi anunciada durante o Seminário Nacional NTU 2012. O protocolo de intenções foi assinado pelo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e o presidente-executivo da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho. O banco de dados deve reunir informações sobre o número de passageiros transportados, a frota de veículos, a distância percorrida durante as viagens, além de gastos com combustí-
“Não podemos proibir o uso dos carros sem dar alternativa aos cidadãos” AGUINALDO RIBEIRO, MINISTRO DAS CIDADES
vel. “Hoje, esses dados são coletados por diversas entidades e órgão públicos, como a NTU, o Ipea (Instituto Nacional de Pesquisa Econômica Aplicada), a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e o Ministério das Cidades. Mas eles estão dispersos, o que dificulta qualquer tipo de avaliação sobre o setor”, disse Cunha Filho. Todas as informações devem ser abrigadas em uma base de dados que será gerenciada pelo governo federal. “Esse banco de dados servirá de subsídio para as políticas públicas de transporte que serão implementadas nas cidades brasileiras nos próximos anos. A coordenação será realizada pelo governo federal, mas o acesso às informações será público”, afirmou o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, durante o evento. O banco de dados ainda não tem formato definido, mas o presidente da NTU garante que, depois das estratégicas de funcionamento definidas, é importante pensar em manter as informações atualizadas. “Não basta levantar os números. Eles precisam ser constantemente atualizados”. A ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e o Ministério dos Transportes também devem fazer parte do levantamento de dados do setor. l
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ESCOLA DO TRANSPORTE
Motivação e disciplina Palestra de João Roberto Gretz incentiva público a buscar satisfação no ambiente de trabalho e na vida pessoal POR ROSALVO STREIT
m dos maiores conferencistas do país, João Roberto Gretz esteve na sede da CNT (Confederação Nacional do Transporte), no final de agosto, e promoveu uma palestra dinâmica – “Liderança, a força do entusiasmo” - que incentivou o público a buscar motivação e disciplina no ambiente de trabalho e na vida pessoal. Foi o primeiro evento do 4ºCiclo de Palestras promovido pela Escola do Transporte, pela CNT e pelo Sest Senat. Superação, sabedoria, lealdade, persistência, determinação, habilidade, dedicação ao trabalho e humildade para aprender
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coisas novas. Esses foram alguns conselhos que o professor Gretz trouxe ao público. “As pessoas fazem a diferença quando estão bem orientadas, motivadas. Elas desempenham tarefas com maior qualidade”, destacou. Em relação ao setor de transporte, Gretz disse que os bens de uma empresa – caminhões e outros veículos – são importantes para que ela tenha bons resultados, mas frisou que o maior patrimônio da companhia, que merece ser valorizado pelos proprietários, são os funcionários. Segundo Gretz, é necessário motivar os integrantes de toda a empresa, sem distinção: direto-
ria, motoristas, mecânicos e assistentes administrativos, por exemplo. “A somatória de todos forma um grupo forte, capacitado para vencer. É preciso treinar as pessoas, elogiá-las. Hoje, só coleciona conquistas quem investe na equipe”, lembrou. O professor mostrou os benefícios do trabalho de um profissional motivado. Mais uma vez, usou um exemplo ligado ao transporte: “Se o motorista for bem treinado, cuida melhor do caminhão, das engrenagens e maneja melhor o veículo. O resultado é economia de combustível, menos gastos com a manutenção e um caminhão mais
conservado para rodar pelas estradas do país”, orientou. De acordo com Gretz, o reflexo desse bem-estar na vida profissional também traz satisfação para a vida pessoal. “O ser humano é movido a desafios. É preciso ter foco, metas e objetivos para vencer e comemorar as nossas conquistas”, disse, motivando a plateia. Com muita música e animação, ele encerrou e pediu ao público para guardar, pelo menos, um conselho ouvido na palestra. Experiência Reconhecido três vezes como o conferencista mais lembrado do Brasil, em votação com profis-
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QUALIDADE Palestrante destaca importância de se ter humildade para aprender coisas novas e de ser persistente
sionais de recursos humanos, Gretz já proferiu mais de 5.000 palestras no Brasil e em outros países. Também é um dos palestrantes mais contratados pelas empresas. A receita para o sucesso, explica, é a experiência de trabalho como agricultor e feirante, além dos conhecimentos adquiridos em 30 anos de magistério. Histórias que lhe dão inspiração para motivar e agradar o público. “A feira é uma atividade comercial em que você interage com as pessoas. Fui feirante muitos anos e vendia meus produtos nas casas também. Percebi que eu tinha uma facilidade: as pessoas paravam para me ouvir.
Quando eu comecei a estudar, gostava muito de história. Comecei a dar aula em cursinhos para custear meus estudos. Depois fiz minha faculdade de administração, mas sempre tinha esse lado de professor”, relata. As conferências começaram depois que Gretz trabalhou na área de controle de qualidade de uma grande montadora de veículos, onde ministrava treinamentos. “As pessoas começaram a me conhecer, foram surgindo os convites e isso foi acontecendo. Tudo por causa do talento que Deus tinha me dado, de saber me comunicar”, diz. Sobre a preparação para as
palestras, ele informa que tudo começa com improviso. “Eu não preparo nada. Apenas começo a falar. Olho para as pessoas e, como sei o que elas fazem, falo de coisas da minha história, dos meus livros. Às vezes eu começo, já falei meia hora, e não iniciei a palestra tradicional porque ilustro com as histórias que vêm à minha cabeça”, explica. Gretz é um dos poucos conferencistas do país que ministram palestras voltadas a diversos públicos. “Tenho bons colegas conferencistas, mas que não têm uma vivência tão grande. Se o cliente é da área de agricultura, já vivi. Se o cliente
é de qualidade, trabalhei na área. Se é da área comercial, já cuidei. Se for de recursos humanos, fui gestor de RH. Quando estou à frente de um público, sei como é a vida deles”, afirma. Segundo ele, são os conhecimentos práticos que o ajudam a ilustrar as palestras. Ele conta que essa experiência, de levar uma vida mais simples na infância, ajudou-o a valorizar o que ele ganha e tem. Escritor e autor de 13 livros, ele acumula mais de 250 mil exemplares vendidos. Um dos mais conhecidos, “Voando como a Águia”, foi utilizado pelo técnico Luiz Felipe Scolari para motivar os jogadores da seleção portuguesa na Copa do Mundo de 2006. “É um livro muito forte, que leva uma mensagem de entusiasmo, de acreditar que é possível. O pessoal usa muito. Depois, ele foi lançado em Portugal e na Itália. É um dos meus livros mais conhecidos”, conta. Próxima palestra O próximo convidado do Ciclo de Conferências da Escola do Transporte é o escritor e administrador de empresas Max Gehringer. Com o tema “A comédia corporativa – gerenciamento de mudanças”, a palestra está agendada para 25 de outubro, às 18h30, na sede da CNT, em Brasília. As inscrições são gratuitas. l
AVIAÇÃO
POR LETICIA
SIMÕES
esponsável por aproximadamente 3% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, o modal aeroviário vem, há alguns anos, investindo em alternativas mais limpas para a atividade. Alguns voos experimentais com biocombustível já foram realizados mundo afora, inclusive no Brasil. Uma iniciativa da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em parceria com as fabricantes Boeing e Embraer, pretende criar no país um centro voltado para o desenvolvimento de biocombustível para a aviação. A Embraer afirma que as companhias aéreas brasileiras Azul, Gol, TAM e Trip vão atuar como consultoras estratégicas do programa. A fabricante, por meio de sua assessoria, diz que a missão do centro será produzir ciência que ajude a preencher as lacunas técnicas, comerciais e de sustentabilidade necessárias para possibilitar a criação da nova cadeia
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Sustentabili Iniciativa da Fapesp, em parceria com a Boeing e a Embraer, de suprimento de combustível de aviação no Brasil. A primeira fase do projeto, iniciado neste ano, consiste em workshops em que se reúnem pesquisadores, engenheiros das fabricantes envolvidas, entidades ligadas ao governo federal e profissionais ligados a empresas com
foco no segmento de combustíveis alternativos. Até então, foram realizados quatro encontros, que debateram temas, como matérias-primas, tecnologias de refino e sustentabilidade. Ainda para este ano, estão previstos outros quatro encontros. Questões ligadas às políticas públi-
cas e a incentivos fiscais para pesquisa, desenvolvimento e comercialização entram na pauta dos debates. O engenheiro químico Luiz Augusto Cortez, professor da Unicamp, coordena o projeto do centro de pesquisa. De acordo com ele, Boeing e Embraer seguem uma tendência
AZUL/DIVULGAÇÃO
TESTE Voo com combustível a base de cana-de-açúcar
dade ganha asas pretende criar no país um centro para desenvolvimento de biocombustível mundial pela busca de combustíveis alternativos para a aviação. Foi daí que surgiu a ideia de fomentar um centro voltado para a produção de biocombustíveis para o modal. “A prioridade é investigar matérias-primas e tecnologias de conversão para obter biocombustíveis compatíveis
com a atividade. Se bem escolhidos, eles têm capacidade de reduzir as emissões de gás carbônico. Esse é o principal objetivo do grupo.” A Fapesp, por sua vez, envolveu-se na proposta pelo interesse em promover um núcleo para pesquisa e estudos dos gargalos científicos
e tecnológicos do modal aeroviário. A entidade não confirma qual é o investimento no Centro de Biocombustíveis. Por meio de sua assessoria, a Fapesp diz que o orçamento será anunciado somente depois da conclusão dos primeiros estudos.
A Embraer ressalta que tanto a companhia brasileira quanto a Boeing estão focadas em desenvolver biocombustíveis sustentáveis produzidos a partir de fontes renováveis que não estabeleçam competição no uso da terra e de recursos hídricos com culturas voltadas para alimentação em re-
EXPERIÊNCIAS
Os testes feitos no Brasil As experiências com biocombustíveis na aviação nacional tiveram início em 2010 com um voo da TAM. A companhia utilizou um biocombustível produzido a partir do óleo de pinhão manso. O voo decolou do Aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, e sobrevoou o oceano Atlântico por 45 minutos, retornando ao ponto de origem. À época, a companhia afirmou que investiria em uma unidade de plantio de pinhão manso, em escala reduzida, em seu centro tecnológico de São Carlos (SP). Por meio de sua assessoria, a TAM, hoje Grupo Latam, afirma que a companhia estuda quais serão os próximos passos. A assessoria não confirmou se a unidade para o plantio do pinhão manso se concretizou. Antes do voo da TAM, a Embraer adaptou o motor do avião agrícola Ipanema para ser abastecido com álcool. Há mais de 40 anos em produção ininterrupta e com mais de 1.150 unidades vendidas, o Ipanema é líder no mercado de aviação agrícola no Brasil, com 75% de participação. A partir de 2005, o avião passou a contar com motor movido 100% a etanol. O Ipanema foi a primeira aeronave produzida em série no mundo certificada para voar com esse tipo de combustível. Em 2011, a Embraer testou um voo com biodiesel. A ação fez parte de uma campanha de ensaios com um protótipo do Embraer-170 utilizando HEFA (ácidos graxos hidroprocessa-
dos). O combustível foi produzido em escala laboratorial. Este ano, durante a Rio+20, Gol e Azul testaram tipos variados de biocombustível. A Gol realizou seu primeiro voo experimental com bioquerosene. O voo partiu de São Paulo com destino ao Rio de Janeiro. O biocombustível foi feito por meio do processamento de óleo vegetal e gorduras animais, respeitando a proporção mínima de 50% de bioquerosene no combustível usado. Já a Azul firmou parceria com a Amyris, que produziu um combustível renovável a partir da cana-de-açúcar brasileira. O voo partiu do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com destino à capital fluminense. A Gol, por meio de sua assessoria, afirma que o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos que visam o aprimoramento de práticas eficazes e seguras no setor da aviação é de extrema relevância. A companhia acredita que, em um intervalo de 10 a 20 anos, o biocombustível para a viação será a alternativa para que o modal ofereça um serviço menos impactante ao planeta. A Latam endossa as expectativas da Gol. O grupo acredita que as iniciativas registradas em vários países vão contribuir para o processo de produção de biocombustíveis para a aviação, em médio prazo e em escala industrial. De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), no momento, não existem voos experimentais aguardando autorização para serem realizados.
RECORDE A KLM realizou o mais
giões vulneráveis. “O Brasil se transformou em um destino cada vez mais atraente, não apenas como mercado consumidor, mas também como uma plataforma de inovação", disse Mauro Kern, vice-presidenteexecutivo de engenharia e tecnologia da Embraer à época do anúncio do projeto. Ainda segundo a Embraer, as duas empresas vão buscar conciliar os interesses da agricultura, dos pesquisadores acadêmicos, dos especialistas ambientais, das refinarias e das empresas aeroespaciais de todo o mundo para estabe-
lecer a infraestrutura local necessária para desenvolver uma indústria de biocombustíveis sustentável e economicamente viável. Procurada pela reportagem, a Boeing não se pronunciou sobre o projeto. De acordo com o professor Cortez, existe uma infinidade de matérias-primas a ser analisada. “Com certeza, mais de dez. Há um número de possibilidades muito grande para a produção de óleos vegetais variados.” Ele destaca que as pesquisas vão servir de subsídio para empresas interessadas na produção em escala do
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KLM/DIVULGAÇÃO
VOO VERDE Veja algumas experiências com biocombustível para a aviação 1970 Embraer-Ipanema • Motor adaptado para ser abastecido com álcool 2005 Embraer-Ipanema • 100% do motor movido a etanol 2010 TAM • Biocombustível produzido a partir do óleo de pinhão manso 2011 United Airlines • A companhia realiza o primeiro voo comercial com um biocombustível. O insumo foi produzido com um derivado de alga Embraer-170 • Biocombustível à base de HEFA 2012 KLM • A companhia realiza o mais longo voo movido a biocombustível. O voo KL705 partiu do aeroporto de Amsterdã, na Holanda, com destino ao Rio de Janeiro. A aeronave foi abastecida parcialmente com combustível sustentável feito de óleo de cozinha usado LAN • Voo comercial com biocombustível de segunda geração Gol • Voo teste com biocombustível feito por meio do processamento de óleo vegetal e gorduras animais Azul • Voo teste com biocombustível a partir da cana-de-açúcar brasileira
longo voo movido a biocombustível, partindo da Holanda para o Rio de Janeiro
biocombustível para a aviação. “Para o Brasil, essa iniciativa representa uma oportunidade que dificilmente vai se repetir.” A Amyris Brasil, empresa com foco no desenvolvimento, produção e comercialização de combustíveis e especialidades químicas renováveis, participa do projeto. O diretor comercial da empresa, Adilson Liebsch, diz sobre o convite recebido pela Fapesp para acompanhar os estudos: “não existe indústria de biocombustível com uma só empresa. É preciso unir experiências. Vários
agentes estão unidos para tornar o biocombustível de aviação uma realidade no Brasil, que já é reconhecido como o país dos biocombustíveis, dado o sucesso dos programas de etanol e de biodiesel para veículos automotores”. A Solazyme também está presente nas discussões que envolvem o Centro de Pesquisa. Walfredo Linhares, gerente-geral da empresa para o Brasil, diz que o projeto é fundamental para a aviação e para todos os setores envolvidos no processo de produção de biocombustível para o modal.
“A decisão de produzir um combustível alternativo está ligada às estratégias firmadas e aos resultados esperados. A proposta é uma excelente ação para se criar os marcos regulatórios necessários e estabelecer uma matriz energética sustentável .” A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) também está envolvida no empreendimento. Rossano Gambetta, pesquisador da Embrapa Agroenergia, diz que, a princípio, não é possível afirmar que a criação de um novo centro de pesquisas no Brasil
seja a melhor estratégia para o desenvolvimento dos estudos relacionados aos biocombustíveis de aviação. “Há muitos setores envolvidos, desde a produção das matérias-primas à sua transformação em biocombustíveis, passando pelos estudos do uso dos produtos nas turbinas dos aviões”, diz o pesquisador. Segundo ele, a dificuldade em criar um biocombustível ideal para a aviação está ligada ao fato de que o bioquerosene (obtido a partir de biomassa animal ou vegetal) para o modal precisa atender a um
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NOVIDADE Coletiva de apresentação do projeto do centro de biodiesel para a aviação
número maior de requisitos de qualidade do que o biodiesel de automotores. Tais condições são, de acordo com Gambetta, mais restritivas. “Um motor a diesel pode vir a falhar por causa do combustível, resultando em um caminhão parado. No caso de um avião em voo não há essa opção. Os quesitos de qualidade mais limitativos implicam em processos de produção mais complexos que os do biodiesel já conhecido.” Ele afirma que essa complexidade incorre em um maior
custo operacional para o desenvolvimento de combustíveis alternativos. “Certamente esse fator será incorporado ao preço final do biocombustível.” Gambetta esclarece que a expressão biocombustível está sendo utilizada pelo grupo envolvido nas pesquisas porque ainda não se sabe se o substituto renovável do querosene terá a mesma composição. “Ainda serão realizadas diversas pesquisas para definir o produto. O bioquerosene precisa funcionar bem em qualquer lugar do mundo.”
Ele destaca que um biocombustível aceito e usado pelo transporte aéreo impacta diretamente na diminuição das emissões de carbono do setor, além de atender à pressão da sociedade por ações mais sustentáveis em todos os segmentos. “Essa exigência está se traduzindo em novas políticas adotadas em muitos países. Essa cadeia produtiva vai se integrar ao agronegócio, gerando benefícios sociais, como emprego e renda no campo.” A ANP (Agência Nacional
de Petróleo e Gás Natural) afirma, por meio de sua assessoria, que um dos maiores desafios para a comercialização de combustíveis alternativos de aviação tem sido a certificação. De acordo com a ANP, a ASTM International (Sociedade Americana de Testes e Materiais, entidade que atua no desenvolvimento e entrega das normas internacionais de consenso voluntário) chegou a publicar especificação para combustíveis alternativos de aviação. Ainda conforme a ANP, a entidade internacional adota critérios rigorosos para a aceitação de misturas de biocombustíveis com o querosene de aviação de origem fóssil em aeronaves comerciais. Exige ainda um processo à parte, como os voos experimentais, até que possam ser incluídos em norma específica. No Brasil, a ANP confirma que não há especificação para combustíveis alternativos de aviação. A assessoria diz que a agência está trabalhando para estabelecer regras para sua comercialização e para o controle de qualidade. l
RIO PINHEIROS
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HIDROANEL
Solução urbana Projeto propõe a utilização dos rios Tietê e Pinheiros para desafogar o trânsito na Região Metropolitana de São Paulo POR LETICIA
m projeto audacioso, que pretende escoar o lixo e o entulho da maior metrópole do país por meio dos rios Tietê e Pinheiros, começa a ganhar forma. Idealizado pelo Departamento Hidroviário da Secretaria de Logística e Transportes de São Paulo, desde 2008, o Hidroanel Metropolitano teve os estudos de pré-viabilidade técnica, econômica e ambiental concluídos no início do ano. O plano pretende retirar de circulação, aproximadamente, 1 bilhão de toneladas de cargas públicas por ano.
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Em suma, a ideia é utilizar os rios Tietê e Pinheiros como vias de transporte de cargas para desafogar parte do trânsito da região metropolitana, que registra quase 400 mil viagens de caminhão por dia. Diversos portos seriam instalados para carregar o material em embarcações projetadas para evitar a contaminação das águas. O desafio atual do Departamento Hidroviário, órgão responsável pela execução e futura administração do hidroanel, é convencer os empresários de que o plano é exequível e, as-
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sim, dar sequência ao cronograma previsto. Os estudos de pré-viabilidade realizados pelo grupo Metrópole Fluvial da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), a pedido do departamento, preveem portos fluviais de origem e destino, a princípio, para cargas públicas (lixo e entulho) e para passageiros, em uma extensão de 170 km. Segundo o arquiteto Alexandre Delijaicov, professor da FAU e coordenador do grupo, o projeto do hidroanel terá uma rede de vias navegáveis, formadas pelos rios Tietê e Pinheiros, envolvendo também as represas Billings e Taiaçupeba. As duas serão interligadas com a construção de um canal artificial navegável. “As justificativas do estudo foram calcadas em conceitos importantes, como os de carga cativa, típica de hidrovias, na economia de escala e na navegação interior, com o transporte de produtos de baixo valor agregado, como é o caso das cargas públicas”, diz Delijaicov. Os apontamentos da FAU são amplos e projetam 20
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RIO TIETÊ USP desenvolve
Custo do hidroanel pode chegar a
R$ 3 bi, segundo estimativas
eclusas e três “triportos” que serão integrados às rodovias e ferrovias da Região Metropolitana de São Paulo. O plano ainda prevê outros 114 terminais com finalidades distintas para embarque e desembarque de cargas e de passageiros e tratamento do lixo e entulho, entre outras. “Esses pontos incluem a entrega do lixo reciclado e locais para que empresas atuem com a logística reversa.” Segundo o coordenador, o projeto do hidroanel pode ser considerado a “materializa-
ção” do conceito de logística reversa. “Os triportos projetados podem transformar todo o lixo em matéria-prima de insumo. Como são intermodais, os pontos vão facilitar o tráfego dessa carga.” Delijaicov estima que os custos do hidroanel de São Paulo cheguem a R$ 3 bilhões. Para João Guilherme de Araujo, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain), as principais consequências do hidroanel para a cidade seriam a aplicação do conceito de múltiplo uso para
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DAEE/DIVULGAÇÃO
“É uma solução para a movimentação e o tratamento de resíduos sólidos” estudo de pré-viabilidade de implantação do hidroanel na capital paulista
as águas (estabelecida pela Política Nacional de Recursos Hídricos, que também norteou os estudos da FAU) e a criação de uma via de escoamento de cargas. “É possível que o transporte de passageiros se concretize. Mas só em termos de carga já seria um alívio enorme para São Paulo, pois é uma solução para a movimentação e o tratamento de resíduos sólidos”, afirma o diretor. O projeto inicial do hidroanel conjetura outras etapas. Por ora, estão na pauta o estudo de viabilidade (já iniciado para a primeira fase), o ante-
projeto, o projeto básico e o projeto executivo. O que no papel se apresenta como uma solução sustentável para a maior cidade do país, na prática, ainda não é possível confirmar se o projeto completo do hidroanel de São Paulo, apresentado nos estudos da FAU, será mesmo uma realidade. O diretor do Departamento Hidroviário, Casemiro Tércio dos Reis Lima Carvalho, afirma que o projeto ainda é “embrionário”. “É precoce apontar se o plano será executado em sua totalidade”, diz. O Departamento trabalha com o que vem cha-
JOÃO GUILHERME DE ARAUJO, ILOS
mando de “Hidroanel Fase 1”. “Trata-se de uma obra de planejamento urbano. Não há definições sobre orçamento e quantos terminais o projeto vai ter”, afirma Carvalho. De acordo com ele, neste momento, os planos estão focados em uma área definida, que compreende a extensão dos rios Tietê e Pinheiros que passam pelo Complexo do Cebolão – formado por pontes e viadutos na região do encontro entre os rios – até Barueri, na microrregião de Osasco. O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas, vinculado à
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo) está trabalhando neste segundo momento do plano. A entidade identificou que 80% das cargas públicas estão na área que passa pelo Cebolão, chamada pelos órgãos envolvidos no projeto de “área Y”. A letra simboliza o desenho (espécie de mapa) do ponto que vai marcar o início das obras do hidroanel. “O objetivo é entregar à população o que foi projetado para essa faixa, em curto espaço de tempo”, diz Carvalho. Uma das intervenções é a eclusa da barragem da Penha, no rio Tietê. De acordo com o diretor, o edital para a obra já foi concluído. “A eclusa vai ser executada até 2014. A partir daí, o governo poderá mostrar os resultados pretendidos com as cargas do projeto original. Dessa maneira, o hidroanel vai atrair o interesse dos empreendedores e, assim, será possível dar continuidade.” Orçada em R$ 90 milhões, a obra da eclusa da Penha vai transportar sedimentos de dragagem, entulhos de construção, lodo das ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) e lixo. A expectativa do Depar-
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INTERVENÇÃO
Eclusas permitirão a navegação Para que o projeto do Hidroanel Metropolitano de São Paulo tenha êxito, é necessário que os rios Tietê e Pinheiros se tornem navegáveis, em toda a extensão idealizada no plano. Para especialistas e para o Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, a ações necessárias para a navegabilidade das vias serão executadas conforme o projeto for ganhando corpo. Sem fornecer mais detalhes sobre as intervenções previstas, Casemiro Tércio dos Reis Lima Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, afirma que o projeto vai “reabilitar” as eclusas tanto do Tietê quanto do rio Pinheiros. Para o coordenador do CELog da FGV, Manoel Reis, os rios envolvidos no projeto do hidroanel são limitados para a navegabilidade por causa das suas respectivas profundidades. “É imprescindível que os gestores realizem um processo de simulação para avaliar se o transporte de carga projetado poderá ser feito no volume que se espera.”
João Guilherme de Araujo, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Ilos, diz que toda obra de infraestrutura de transporte exige investimentos para torná-la disponível. “Existe um trecho mais complicado que precisaria ser construído artificialmente, em 17 km, que liga as represas Billings e Taiaçupeba. Para executar o hidroanel, essa obra, obrigatoriamente, tem que ser feita.” O arquiteto Alexandre Delijaicov, coordenador do grupo Metrópole Fluvial da FAUUSP, afirma que a navegabilidade dos rios será um dos desafios do hidroanel. “A Região Metropolitana de São Paulo possui canais estreitos e rasos. A embarcação tem que transpor esses rios com eclusas, em um trecho curto. Será necessário viabilizar técnica e economicamente todo o projeto, baseando-se nessa realidade.” De acordo com Delijaicov, as 20 eclusas previstas no projeto de pré-viabilidade realizado pelo grupo vão permitir a navegabilidade em toda a extensão do hidroanel.
“O projeto é um excelente sistema de transporte urbano” MANOEL REIS,
FVG
tamento Hidroviário é que a movimentação de cargas cresça a cada ano. A eclusa vai aumentar em 14 km a navegação no rio Tietê, que, atualmente, tem 41 km navegáveis. Manoel Reis, coordenador do CELog da FGV (Centro de Excelência e Logística e Supply Chain da Fundação Getúlio Vargas), diz que o hidroanel de São Paulo, além de uma solução sustentável, representa desafios técnicos e de engenharia bastante complexos. “O projeto, conceitualmente, é um excelente sistema de transporte urbano, pois vai contribuir
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LUIZ GUARNIERI/FUTURA PRESS
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TRÂNSITO Hidroanel vai contribuir para retirar veículos das ruas de São Paulo e melhorar a mobilidade urbana
para a mobilidade. Cria-se mais uma alternativa para compensar o fluxo de veículos na região, e São Paulo precisa de um conjunto de soluções como propõe o plano.” Reis acredita que, futuramente, outros tipos de carga poderão ser agregados ao hidroanel. “Além das cargas já planejadas, o transporte de hortifrutigranjeiros é uma possibilidade. Alguns carregamentos com destino à capital poderiam ser desviados do rodoanel e trafegar por hidrovia. Com os terminais projetados pelo hidroanel, esses produtos
poderiam chegar a posições mais próximas possível de seus destinos.” Araujo, do Instituto Ilos, concorda que o transporte de lixo não é a única função possível do projeto, mas diz que as cargas públicas são apropriadas para o que vem sendo planejado. “Esse tipo de carga permite o uso de modais mais consolidados, que hoje estrangulam grandes cidades, especialmente metrópoles como São Paulo.” Ele destaca que os estudos de pré-viabilidade do hidroanel projetam o transporte de outras matérias, como o lodo das
“Ainda é cedo para falar sobre a possibilidade do transporte de passageiros” CASEMIRO CARVALHO, DEPARTAMENTO HIDROVIÁRIO
ETEs e ETAs (Estações de Tratamento de Esgoto e de Água), além de terra, areia, brita, cimento e concreto. “Dezessete concreteiras foram mapeadas para ser atendidas por esse sistema. Trata-se de carga de grande complexidade em um sistema urbano.” Carvalho não revela os nomes das empresas que já foram consultadas sobre o projeto. Segundo ele, é importante que a primeira obra seja entregue para que o governo possa comprovar a viabilidade de todo o planejamento. “Assim, passo a passo, poderemos pensar no transporte de outros tipos de cargas e de passageiros.” Ele diz que as duas principais metas do projeto para a atual gestão do governo paulista é o transporte de lodo, esgoto, resíduos de construção civil e o início do embarque teste de resíduos sólidos urbanos. “Se esse comboio for viabilizado na hidrovia, o projeto ganha força com os possíveis empreendedores.” Ele afirma que para a primeira obra do projeto (eclusa da Penha), inicialmente, a prioridade é o transporte de carga pública. “Ainda é cedo para falar sobre a possibilidade do transporte de passageiros, mas não está descartado.” l
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FERROVIAS
Futuro promissor Setor discute as expectativas para os próximos anos depois do anúncio de R$ 91 bilhões de investimentos no modal POR
ela primeira vez, a maior parte dos investimentos em transporte anunciados em um único pacote pelo governo federal será destinada à construção de novos ramais e à adequação da malha ferroviária nacional. A novidade cria uma série de expectativas nos operadores dos sistemas, nos transportadores
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LIVIA CEREZOLI
de cargas e de passageiros e na indústria que fornece equipamentos para o setor. Ao todo serão investidos R$ 91 bilhões em 10 mil quilômetros de ferrovias. Mas o que esse novo cenário projeta para o futuro? Esse foi o tema central do 5º Brasil nos Trilhos, realizado pela ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviá-
rios), entre os dias 4 e 5 de setembro, em Brasília. O evento reuniu empresários, especialistas e representantes do governo federal para discutir os próximos passos do setor, que já completa 15 anos de concessão da malha à iniciativa privada. “Recebemos o novo pacote com muita expectativa e, independentemente dos inves-
timentos, nosso foco agora é a segunda metade das concessões ferroviárias. Precisamos planejar o futuro com seriedade”, afirma Rodrigo Vilaça, presidente-executivo da ANTF. De acordo com ele, os novos 10 mil quilômetros trazem um alento para o setor, mas o volume atual de carga no país já demanda uma malha ferroviária de 52 mil quilô-
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JÚLIO FERNANDES/CNT
metros. Hoje, são 28.366 km de ferrovias concessionadas à iniciativa privada. Desse total, 22.822 km estão em operação e 5.544 km são subutilizados. O governo prevê que os novos projetos ferroviários respondam por uma demanda de cargas de grandes volumes, principalmente os grãos produzidos na região Centro-Oeste. “Devemos efetivamente
dobrar a capacidade do transporte de cargas por ferrovias no país com esses novos investimentos”, afirmou o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ao participar da abertura do evento. O ministro reconheceu também o esforço da iniciativa privada para ampliar a participação do modal na matriz de transporte brasileira. “Mui-
ta coisa melhorou nesses 15 anos. Além da expansão da frota, o número de acidentes caiu e a geração de empregos saltou 104%.” Dados da ANTF mostram que, no primeiro semestre deste ano, foram transportados 141,5 bilhões de TKU (tonelada quilômetro útil), alta de 1,5% em relação ao mesmo período de 2011. A previsão é
fechar o ano com 320 bilhões de TKU. Nos 15 anos de concessão (entre 1997 e 2012), as empresas investiram R$ 30,33 bilhões no sistema. No mesmo período, o volume destinado pelo governo federal foi de R$ 1,39 bilhão. “Com esses números, reafirmamos o compromisso com o contínuo aperfeiçoamento do setor ferroviário brasileiro,
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reforçando a necessidade da união de esforços do governo e da iniciativa privada para fomentar este modo de transporte, condição fundamental para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, diz Vilaça. O novo modelo de exploração da malha ferroviária prevê o estabelecimento de PPPs (Parcerias público-privadas) com o governo federal como responsável pela contratação da construção, da manutenção e da operação da ferrovia. O governo, por meio da Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., compra a capacidade integral de transporte e faz oferta pública dessa capacidade para os usuários que queiram transportar carga própria, para os operadores ferroviários independentes e para as concessionárias de transporte ferroviário. Segundo o presidente-executivo da ANTF, mesmo que o modelo apresentado pelo governo crie um cenário promissor, ainda é necessário esclarecimentos em relação à segurança jurídica e sobre o marco regulatório do setor. “Precisamos aprimorar um pouco mais o modelo que ainda está muito genérico”, afirma. Para o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, o novo pacote é a sinalização de retomada de investimentos no se-
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AMPLIAÇÃO Pacote de investimentos anunciado pelo governo
“Independente de valores, precisamos planejar o futuro com seriedade” RODRIGO VILAÇA, ANTF
tor ferroviário no país, mas o sistema só vai crescer quando atrair novos investidores e conseguir uma gestão eficiente. “O país precisa de mais integração entre as ferrovias e outras modalidades e, principalmente, de maior velocidade e condições operacionais mais favoráveis para que o transporte ferroviário seja atrativo para outros tipos de carga”, diz.
Na visão de Paulo Resende, doutor em planejamento de transportes e logística e coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, é preciso inserir as ferrovias na matriz de transporte brasileira não apenas como mais um modal como tem sido até agora. “Diferente do resto do mundo, as ferrovias no Brasil são vistas como sistemas isolados e não
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MARCELO DE DEUS/JORNAL DO TOCANTINS/FUTURA PRESS
INICIATIVA
Sucata ferroviária será removida
federal prevê obras em 10 mil km de ferrovias e cria expectativa no setor
Investimento deve ser de
R$ 56 bi nos primeiros cinco anos
logísticos. É preciso inserir a ferrovia na cadeia produtiva das empresas”, afirma. De acordo com ele, a expansão do sistema ferroviário brasileiro está ligada diretamente ao agronegócio. “Ao entrar nas cadeias das fronteiras agrícolas, principalmente no agronegócio do Centro-Oeste, de parte do Nordeste e da parte sul do Norte, a ferrovia tem condi-
Um protocolo de intenções firmado entre a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) e o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) vai retirar vagões, locomotivas e carros de passageiros da antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal) que ocupam hoje trechos da malha ferroviária brasileira e reduzem a produtividade do setor. As primeiras iniciativas da parceria foram apresentadas durante o 5º Brasil nos Trilhos. O desenvolvimento do programa deve ser semelhante ao Espaço Livre Aeroporto, uma parceria entre o CNJ, a Infraero e as companhias aéreas que já retirou 24 aeronaves sucatas dos terminais aeroportuários brasileiros. Segundo estimativas da ANTF, existem hoje 5.400 vagões e locomotivas que não foram arrendados às concessionárias e ocupam espaço na malha. Outros 7.400 foram arrendados, mas já atingiram o limite da vida útil e serão substituídos. A maior parte
dos equipamentos obsoletos está em trechos de ferrovias nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Também participam do programa a Procuradoria Geral da União, o Ministério Público, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. De acordo com Ellen Capistrano Martins, assessora técnica da ANTF, é preciso encontrar uma solução rápida para esse problema, porque, além de reduzir a capacidade operacional da malha ferroviária brasileira, esses equipamentos causam danos sociais e ambientais. “Os vagões abandonados acabam sendo objetos de acúmulo de lixo e focos de dengue. Isso causa prejuízos à população e impacta de forma negativa na imagem das concessionárias, que acabam se responsabilizando por equipamentos que não são delas”, diz ela.
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EVENTO
Feira espera receber mais de 7,5 mil visitantes O anúncio de novos investimentos no setor ferroviário também cria boas expectativas para a realização da 15ª edição da Feira Negócios nos Trilhos. O evento acontece entre os dias 6 e 8 de novembro, no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, em São Paulo, e reúne as principais empresas do setor produtivo, operadoras de cargas e passageiros e fornecedores do Brasil e do exterior. Empresas de tecnologia metroferroviária apresentarão novidades na área de transporte de cargas, como vagões para carga geral, e de passageiros, como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o monotrilho e os trens interurbanos. Atualmente, cinco ferrovias estão sendo construídas no país, e o anúncio de mais 10
“É preciso inserir a ferrovia na cadeia produtiva das empresas” PAULO RESENDE, FUNDAÇÃO DOM CABRAL
mil quilômetros tem chamado a atenção de grandes investidores nacionais e internacionais. Dirigentes das empresas operadoras de cargas e de passageiros, operadores de transportes multimodais, bancos e consultores que atuam na área de transporte debaterão o futuro do setor ferroviário durante o Seminário Negócios nos Trilhos, que acontece nos mesmos dias e local. Este ano, a feira é organizada pela UBM Brazil, uma das 50 subsidiárias da UBM Internacional, que atua desde 1994 no mercado brasileiro de feiras. Até o ano passado, a Negócios nos Trilhos era realizada pela “Revista Ferroviária”. Em 2011, o evento recebeu mais de 7.000 visitantes e exposi-
ção de se transformar num sistema logístico integrado. Eu acredito que isso vai acontecer aos poucos e exigir muita paciência de todos.” A criação da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), anunciada com o plano de investimentos em ferrovias, é uma das apostas para essa integração modal. A nova estatal tem a função de planejar
tores de 15 países (Alemanha, Inglaterra, França, Suíça, Suécia, Itália, Polônia, Áustria, Japão, China, Estados Unidos, Espanha, Canadá, México e Argentina). Paralelamente ao evento, também serão entregues os prêmios AmstedMaxion de Tecnologia Ferroviária, EDLP de Produtividade do Cliente Ferroviário e UBM de Tecnologia Metroferroviária. A entrada do evento é gratuita. Para mais informações, acesse www.ntexpo.com.br.
SERVIÇO Negócio nos Trilhos De 6 a 8 de novembro, das 13h às 20h Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, São Paulo
estudos e investimentos na cadeia de transportes, incluindo ferrovias, estradas, portos e aeroportos. Segundo o presidente da empresa, Bernardo Figueiredo, o trabalho inicial prevê o início de um planejamento integrado de forma que seja possível gerar projetos para a continuidade do programa de investimentos do governo federal. “A
ideia é ter uma logística adequada nos próximos anos e para isso precisamos fazer esse programa de investimentos baseado em planejamento estratégico”, afirmou ele durante o 5º Brasil nos Trilhos. O cumprimento dos prazos estipulados para a aplicação dos recursos nas ferrovias também foi debatido durante o evento. Pelo pacote do go-
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VALE/DIVULGAÇÃO
ro crer que as ações sejam determinadas de maneira rápida e positiva para dar essa segurança na conclusão das obras”, diz Vilaça, da ANTF.
URGÊNCIA Brasil já deveria ter 52 mil km de ferrovias em operação para atender o crescimento da produção nacional
verno federal, R$ 56 bilhões do total de R$ 91 bilhões devem ser investidos nos primeiros cinco anos e o restante (R$ 35 bilhões) nos próximos 25 anos. Um dos entraves é a questão do licenciamento ambiental para a realização de novos projetos. De acordo com Gisela Forattini, diretora de licenciamento ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), até o início de setembro, o órgão não havia sido informado formalmente da elaboração de novos projetos ferroviários. “A capacidade de gestão pública é o grande fator de preocupação do setor, mas, a partir do momento em que é lançada a ideia e que há uma somatória de agentes envolvidos, eu que-
Até 2019, serão produzidas
2.100 locomotivas
Indústria A indústria de equipamentos ferroviários também mantém boas expectativas para o futuro do setor. Para Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), os investimentos anunciados pelo governo confirmam a expectativa de uma década promissora. “A indústria ferroviária já começa a atuar na construção dessas novas linhas com o fornecimento de dormentes, aparelhos de mudança de via e grampos de fixação. Num segundo momento, passamos a fornecer vagões, locomotivas e carros de passageiros”, afirma ele. De acordo com ele, a capacidade instalada da indústria ferroviária brasileira deve absorver esses novos projetos sem maiores preocupações. Anualmente são produzidos 12 mil vagões, 900 carros de passageiros e 150 locomotivas. Entre 2011 e 2019, a expectativa da indústria é alcançar 40 mil novos vagões, 2.100 locomotivas e 4.000 carros de passageiros. l
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MINASTRANSPOR
O Brasil passa por Minas Encontro e feira em BH mostraram a importância do transporte para o desenvolvimento do Estado e do país POR
15º Encontro Mineiro dos Transportadores Rodoviários de Cargas/Minastranspor 2012, realizado em Belo Horizonte no final de agosto, reuniu centenas de representantes do transporte, que discutiram os principais temas do setor e também puderam conhecer novidades tecnológicas e de serviços. Um dos assuntos de destaque foi a importância da qualidade
O
CYNTHIA CASTRO
do transporte rodoviário de cargas em Minas Gerais para o desenvolvimento do Estado e também do restante do país. “Minas Gerais é um Estado de passagem. Liga o Sul ao Norte, ao Nordeste. Também é caminho para o Centro-Oeste. Se investirmos no transporte em Minas, estaremos ajudando também o Brasil a se desenvolver”, disse o presidente da Fetcemg (Federação das Empre-
sas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), Vander Costa. Ele destacou ainda que “encontros como esse são importantes para mostrar aos governos, estadual e federal, que investir em Minas dá retorno para o Brasil”. Durante o evento, o presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, ressaltou a importância, para Minas Gerais, do pacote de concessões
de rodovias anunciado pela presidente Dilma Rousseff, em agosto. Deverão ser investidos R$ 133 bilhões em rodovias e ferrovias de todo o país nos próximos anos. O senador afirmou que o momento é muito importante para Minas Gerais. “Nós, que sempre defendemos que Minas vinha perdendo muito investimento, temos que reconhecer agora que esse pacote vem
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PEDRO GONTIJO/AGÊNCIA UAI/DIVULGAÇÃO
MOBILIZAÇÃO Representantes do setor, de diferentes Estados, estiveram reunidos no Expominas
ajudar o Estado. Vem resgatar um pouco daquilo que o governo federal acabou não cumprindo em relação a Minas nos últimos 10 ou 15 anos.” Na avaliação de Clésio Andrade, o Estado teve um bom espaço no pacote anunciado pelo governo federal. “O pacote inclui a duplicação da BR116, que é fundamental, assim como da BR-040 e da BR-262. E há uma série de outros proje-
tos importantes para Minas”, disse. Ele citou também a duplicação da BR-381, na saída de Belo Horizonte, que já estava prevista. “O transporte sempre antecede o crescimento econômico. Temos que ter transporte perfeito e energia para que a economia possa se desenvolver. Minas sempre dependeu muito de rodovias federais. E o pacote lançado pela presidente Dilma e outros
valores do Orçamento que serão investidos em infraestrutura vão melhorar significativamente a situação de Minas Gerais”, afirmou o senador. Segundo ele, o encontro do transporte rodoviário de cargas, em Belo Horizonte, trouxe informações relevantes sobre o transporte e foi um momento “de comemorar essa primeira arrancada” para a melhoria da infraestrutura.
O tema central das discussões na capital mineira foi “O futuro passa por aqui”. De acordo com a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck, esse tema reflete bem o papel do transporte no Estado. “A posição geográfica de Minas liga Norte, Sul, Leste e Oeste (do país). Seja de rodovia ou de ferrovia, sempre passa por Minas. Então, o futuro passa por aqui. Nossa capacida-
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LANÇAMENTO
A história dos pioneiros em livro A história dos primeiros transportadores rodoviários de cargas do Estado de Minas Gerais poderá ser conhecida por meio do livro lançado pela historiadora Ana Maria Nogueira Rezende e pelo jornalista Luciano Alves Pereira, durante o 15º Encontro Mineiro dos Transportadores Rodoviários de Cargas/Minastranspor 2012. Nas mais de 200 páginas de “Transportador Mineiro – História Pioneira”, estão descritos detalhes e fotos das 40 empresas pioneiras que estão em atividade atualmente, algumas com nomes diferentes dos originais. A mais antiga, de 1931, é a Picorelli Transportes, de Juiz de Fora, que inicialmente era chamada Rodoviário Camerino. Os fundadores vieram da Itália para morar na cidade da Zona da Mata mineira. Sobre o que há de comum entre as 40 pioneiras, Ana Maria diz que há muitas empresas familiares e de origem italiana. São empresas que estão na segunda, terceira ou até quarta geração e que cresceram muito nos anos de atuação. “São histórias interessantes de pessoas que enxergaram o transporte como um negócio, em uma época em que isso não era comum.” A historiadora conta que como a infraestrutura era precária, com estradas de terra, muitos transportadores tinham que andar com enxadas e foices na boleia
de seus caminhões. Houve caso de o caminhoneiro ter que tirar a carga do veículo para conseguir subir os morros de Minas Gerais. Uma das histórias mais curiosas, na opinião da autora, é a da Transpes, também de Juiz de Fora, fundada em 1966. “O proprietário veio da Espanha, clandestino em um navio (na década de 50). E como aquelas pessoas que vinham clandestinas na época, ele achava que ia ter que entrar no Brasil pelo mar, nadando. Mas quando desceu, no Rio de Janeiro, já encontrou a roda de samba e começou a trabalhar ali mesmo no porto, carregando e descarregando. Conheceu um caminhoneiro e começou a viajar”, diz Ana. Toda a produção do livro entre captação de recursos, coleta de informações e publicação – durou três anos. E não foi simples conseguir as histórias pioneiras. Foram entrevistados diversos familiares e funcionários das empresas. “Realmente não foi um trabalho fácil. Tivemos que buscar a memória oral, pois não havia registros. Foi difícil conseguir fotos. Mas o resultado foi muito positivo, com histórias muito interessantes.” Quem quiser saber mais sobre o livro pode consultar o blog http://transportadormineiro.wordpress.co m/. Em breve, a publicação deve estar disponível para venda, e os locais deverão ser informados no blog.
ACERVO Ana Maria Nogueira e Luciano Alves, autores do livro
de de oferecer transporte é essencial para o futuro de Minas e do Brasil”, disse a secretária de Desenvolvimento. Ela ressaltou ainda que evento como o Minastranspor aproxima o setor público da iniciativa privada. No primeiro dia do evento, a secretária apresentou um cenário econômico de Minas Gerais, mostrando o potencial para investimento em infraestrutura de transporte. Também fizeram par-
te das discussões temas como a regulamentação da profissão de motorista e os cenários da economia brasileira. O ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Carlos Alberto Reis de Paula, explicou os principais pontos da legislação sobre a regulamentação para um público que lotou o auditório do Expominas. Negócios Na feira montada no centro
GESTÃO AMBIENTAL
Resultados do Despoluir são apresentados
MINASTRANSPOR/DIVULGAÇÃO
lançado em exposição de caminhões
de convenções, havia mais de 50 expositores, entre montadoras e empresas que oferecem produtos e serviços variados como rastreamento, seguro, entre outros. O presidente da Fetcemg destacou que a Minastranspor é uma excelente oportunidade para que clientes e fornecedores se aproximem para gerar bons negócios. “O público é grande, e muitos negócios são iniciados aqui.”
Paralelamente ao 15º Encontro Mineiro dos Transportadores Rodoviários de Cargas/Minastranspor 2012, em Belo Horizonte, também foi realizado o quinto encontro anual de coordenadores e técnicos do Despoluir (Programa Ambiental do Transporte). Federações de transporte de cargas e de passageiros participantes do programa apresentaram resultados. Em cinco anos de Despoluir, a Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais) aumentou significativamente o número de aferições do projeto de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos. Em 2007, nos meses de novembro e dezembro, foram 588 avaliações. Neste ano, já foram feitas quase 15 mil. A coordenadora do programa na Fetram, Danielle Gramiscelli, destacou a importância de novas empresas aderirem ao Despoluir, que traz benefícios ambientais e econômicos. Ela citou o Prêmio Fetram de Qualidade do Ar como um incentivador para que empresas
Quem passou pelo Expominas também teve a oportunidade de visitar uma exposição de caminhões antigos das décadas de 40 e 50. “É muito interessante estar aqui e comparar como o design se modificou em todos esses anos. Gosto de ver esses caminhões modernos e cheios de tecnologia que estão expostos aqui. Mas me fascinam esses antigos e cheios de es-
de transporte comecem a adotar as práticas ambientalmente adequadas. O coordenador do programa na Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), Elton Zandomenico, destacou durante o encontro de técnicos e coordenadores que muitos embarcadores estão exigindo que os caminhões utilizados tenham o selo Despoluir. Os veículos aprovados no programa ambiental da CNT e do Sest Senat recebem esse selo atestando que estão emitindo dentro dos limites permitidos pela legislação. “A demanda para a participação no programa é muito grande e tem aumentado a cada ano.” A Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul), que completa 60 anos em 2012, já realizou mais de 42 mil aferições desde o início do Despoluir. São feitas duas aferições por ano em cada empresa participante. Segundo o coordenador do programa, Gerson Zang Toigo, a importância do Despoluir é
tilo”, disse Juliana Costa, que trabalha em uma empresa de tecnologia. No encerramento do Encontro Mineiro dos Transportadores Rodoviários de Cargas/Minastranspor houve a entrega da Medalha do Mérito do Transporte Rodoviário de Carga Mineiro a diferentes personalidades que, de alguma forma, contribuem para o setor de transporte e seus representantes.
reconhecida por órgãos como o Ministério Público, na área ambiental. E está sendo feito um termo de compromisso com o MP, que irá fortalecer ainda mais o programa no Rio Grande do Sul. “Todos os ônibus urbanos de Porto Alegre têm o nosso selo. As empresas estão comprometidas com o tema ambiental”, disse Toigo. Também apresentou os resultados do Despoluir durante o encontro em Belo Horizonte a coordenadora do programa na Fetrabase (Federação das Empresas de Transportes dos Estados da Bahia e Sergipe), Cleide Cerqueira. “O programa é muito forte na nossa região. As empresas querem ter o selo do Despoluir.” A coordenadora nacional do Despoluir, Marilei Menezes, destacou a importância do projeto de aferições e lembrou que o programa tem outras ações relevantes para o desenvolvimento sustentável. Outros projetos do Despoluir são o de Tecnologias e Energias Limpas, o de Gestão Ambiental e o Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente.
Um dos agraciados, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, destacou a importância do setor de transporte para Minas Gerais. “A posição de Belo Horizonte como centro logístico, toda a região central e o Estado de Minas Gerais, onde cruzam diversas rodovias federais, fazem com que o setor de transporte seja fundamental para a economia.” l
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METROFERROVIÁRIO
falta de investimento na ampliação e na modernização das linhas de metrôs e trens tem prejudicado a acessibilidade ao transporte coletivo de milhares de pessoas em todo o Brasil. Enquanto a previsão é de alta para o volume de passageiros transportados, o tamanho da rede metroferroviária do país não apresenta grandes evoluções. O resultado dessa disparidade são sistemas sobrecarregados operando no limite de suas capacidades. Segundo o 1º Balanço do Setor Metroferroviário divulgado pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), no final de agosto, em Brasília, a previsão é que, este ano, sejam transportados 2,5 bilhões de pessoas, uma alta de 10% em relação ao volume transportado em 2011.
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No limite da capacidade O volume de passageiros transportados no setor cresceu nos últimos anos, mas a infraestrutura não vem acompanhando a evolução POR
Nesse mesmo período, a extensão da rede não cresceu mais do que 3%, passando de 999 km, em 2011, para 1.030 km, em 2012. Apenas 12 das 63 médias e grandes regiões metropolitanas brasileiras possuem algum tipo de sistema de transporte de passageiros sobre trilhos. Ao todo, são 15 sistemas urbanos implantados em apenas 11 Estados. A ANPTrilhos foi fundada
LIVIA CEREZOLI
em 2010 com o objetivo de promover o desenvolvimento e o aprimoramento do transporte de passageiros sobre trilhos no país. Representando 92% de todo o setor de trens e metrôs nacional, a associação reúne operadores dos sistemas, entidades ligadas ao setor e a indústria metroferroviária. De acordo com Joubert Flores, presidente da associa-
ção, “felizmente o setor tem contabilizado bons resultados no número de passageiros, mas é preciso investir na expansão da rede não apenas considerando o cenário atual, como também planejando as demandas futuras”. “Se a gente não perceber que existe a necessidade e o interesse pelas viagens de trem e metrô e investir para que elas sejam realizadas,
ANPTRILHOS / DIVULGAÇÃO
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TRILHOS EM NÚMEROS Conheça o setor metroferroviário REDE 2011 999 km 653 469 38
Extensão Composições Estações Linhas
2012 1.030 km 716 493 39
PASSAGEIROS TRANSPORTADOS (em bilhões) 2,5*
2,3
2,5 1,9 2 1,5 1 0,5 0
2010
2011
2012
BENEFÍCIOS • O sistema retira diariamente 1 milhão de carros das ruas dos grandes centros urbanos • Reduz em 60% as emissões de CO2 em relação ao transporte individual • Permite reduzir o número de acidentes de trânsito • Garante mais agilidade nos deslocamentos dentro das cidades * Projeção Fonte: ANPTrilhos
não estaremos atendendo os anseios da população”, afirma Flores. Nos próximos anos, devem ser investidos no setor R$ 100 bilhões, considerando recursos públicos e privados. São aproximadamente 60 projetos em estudo. Na visão de Flores, os investimentos previstos são bastante significativos, mas é preciso mais. Segundo ele, o que falta não é apenas recurso, mas sim uma execução mais efetiva dos projetos. “Não adianta apenas planejar um monte de coisas e não conseguir executar nada. Os valores anunciados são bastante amplos, porém é preciso implantar os projetos e continuar expandindo e modernizando os sistemas. Não podemos nos contentar com isso e parar. Não podemos deixar que se crie novamente no setor a lacuna existente entre as décadas de 1960 e 1970”, afirma. Entre os projetos incluídos no PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), estão a expansão do trem urbano de São Leopoldo a Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, a implantação do aeromóvel de Porto Alegre (RS) e da linha
sul do metrô de Fortaleza (CE) e a ampliação e a aquisição de trens para o metrô de Recife (PE). Pelo PAC Mobilidade Grandes Cidades, que garante recursos para a infraestrutura de transporte público em municípios acima de 250 mil habitantes, já foram selecionados 22 projetos, como a implantação do sistema de metrô em Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), a ampliação e implantação de novas linhas em Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE) e a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Natal (RN), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Goiânia (GO), Brasília e São Paulo (SP). Na conta dos investimentos também entram o TAV (Trem de Alta Velocidade), um dos projetos mais polêmicos, mas considerado pela ANPTrilhos um importante elemento estruturador do fluxo de transporte que hoje não pode ser mais suportado por aviões e rodovias, e os projetos de trens turísticos regionais. O Ministério dos Transportes avalia a viabilidade de implantação de 14 trechos desses
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JÚLIO FERNANDES/CNT
AGILIDADE Joubert Flores, presidente da ANPTrilhos, cobra mais eficiência nos investimentos no setor
trens, num total de 1.907 km. Além de eficiência na execução dos projetos, Flores também cobra agilidade na realização das obras. Pelo menos 10% do total de investimentos no setor deve ser aplicado em projetos de implantação de novos sistemas, ampliação ou modernização das linhas e ampliação da frota nas cidades que receberão os jogos da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. “O tempo para execução de mui-
tos desses projetos é bastante curto. Alguns deles, inclusive, se não forem iniciados imediatamente, certamente não terão tempo de serem concluídos”, afirma ele. Para Rodrigo Vilaça, presidente da seção de transporte ferroviário da CNT, os investimentos anunciados mostram uma retomada do setor como integrante, principalmente da discussão política do país. “Esses investimentos colocam o setor novamente na
pauta de planejamento de ações. Ampliar a estrutura de transporte ferroviário garante uma melhora da qualidade de vida, com redução de tempo de viagem e ganhos para o meio ambiente. É um sistema mais econômico e eficiente”, destaca. O relatório apresentado pela ANPTrilhos mostra que o transporte por ferrovias no Brasil emite até 60% menos gases de efeito estufa do que os automóveis. Além disso, re-
duz o tempo das viagens e os congestionamentos nos grandes centros urbanos devido à sua alta capacidade. Uma única linha implantada de metrô é capaz de transportar 60 mil passageiros por hora/sentido contra 1.800 passageiros transportados em veículos particulares. “Sabemos que o transporte ferroviário exige investimentos altos, mas os resultados para o trânsito e para as cidades são bastante positivos. Se você for pensar em termos de qualidade de vida, redução do tempo de deslocamento, emissão de poluentes, do custo dos acidentes, vai ver que o investimento acaba se pagando”, diz o presidente da associação. E existem diversas possibilidades de garantir investimentos para o setor, diz Flores. Uma delas é proporcionar a redução nos gastos com energia - um dos principais insumos da atividade - e transformar esse custo em investimentos. “Vários setores contam com subsídios e redução de impostos, mas no nosso não há. Esse incentivo poderia até garantir a redução das tarifas cobradas.” l
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SEST SENAT
Mais qualidade no transporte Unidades oferecem Itinerário Formativo para motoristas de caminhão e ônibus e para taxistas POR
ara levar mais qualidade ao transporte de cargas e de passageiros, motoristas de ônibus, taxistas, caminhoneiros autônomos e de empresas podem participar do Programa de Formação Especializada em Transporte, desenvolvido nas unidades do Sest Senat espalhadas por todo o país. O programa, chamado de Itinerário Formativo, oferece cursos em quatro áreas: transporte de cargas, produtos perigosos, transporte de passageiros e para taxistas. Em todos os itinerários, há quatro módulos, com cargas horárias que variam de 104 horas/aula a 222 horas/aulas. Mas
P
CYNTHIA CASTRO
o aluno pode fazer somente o módulo básico ou investir mais em sua qualificação, participando também dos módulos intermediário, especialização e gestão. Os treinamentos podem ser feitos por motoristas autônomos e por turmas fechadas por empresas de transporte. “Com o itinerário, o profissional percorre um caminho de qualificação, tendo assim mais chance de se colocar no mercado de trabalho e de obter maior valorização”, diz a coordenadora de estudos e projetos do Sest Senat, Renata Maia. No Itinerário Formativo de Transporte de Cargas, o aluno po-
de fazer especialização em diferentes áreas, como transporte de carga viva, de grãos, de frutas e verduras, de veículos, valores, carga frigorificada, entre outras. A carga horária para cada uma dessas áreas pode ser de 20 horas/aula ou 40 horas/aula, dependendo do produto escolhido. Nesse módulo especialização, os alunos recebem informações detalhadas sobre os veículos e procedimentos de segurança para cada tipo de carga, além de informações sobre a logística específica, conforme o produto transportado. No básico e intermediário, são abordadas questões como segurança, postura profissional,
EFICIÊNCIA Cursos
FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
Itinerário Formativo de Transporte de Cargas Módulo básico: O condutor • Postura profissional • Segurança, meio ambiente e saúde • Relacionamento interpessoal Módulo intermediário: Qualidade e o transporte de cargas • Qualidade na prestação de serviços de transporte de cargas • Tipos de cargas e veículos • Documentação do transporte de cargas • Prevenção ao roubo de cargas A operação do veículo • Condução segura e econômica • Operação do cavalo mecânico • Noções de segurança em situações de emergência Tecnologia embarcada • Equipamentos de segurança e controle operacional embarcado • Roteirização e gerenciamento de risco • Funcionamento e manutenção do veículo Módulo especialização (transporte de): • Carga viva • Cana-de-açúcar • Grãos • Mudanças • Frutas, verduras e hortaliças • Veículos (cegonheira) • Lixo urbano • Produtos farmacêuticos • Valores • Carga geral • Carga frigorificada • Cargas líquidas Módulo gestão • Associativismo e cooperativismo • Empreendedorismo • Custos operacionais
também orientam motoristas de caminhão sobre a forma correta de dirigir para economizar combustível e poluir menos
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Itinerário Formativo de Produtos Perigosos Módulo básico: Condutores de Veículos de Transporte de Produtos Perigosos - Resolução Contran 168/04 (e atualização) • Direção defensiva • Noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e prevenção de incêndio • Legislação de trânsito • Movimentação de produtos perigosos Módulo intermediário: O condutor • Postura profissional • Saúde e segurança no trabalho • Cidadania, direitos humanos e sociais • Relacionamento interpessoal e responsabilidade social • Prevenção de comportamentos inseguros A operação do veículo • Condução segura e econômica • Operação de cavalo mecânico Tecnologia embarcada • Equipamentos de segurança e controle operacional • Roteirização e gerenciamento de risco • Noções de segurança em situações de emergência Qualidade na prestação de serviço • Transporte rodoviário de cargas na América do Sul • Qualidade na prestação de serviços Módulo especialização (transporte de): • Explosivos • Gases • Líquidos inflamáveis • Sólidos inflamáveis • Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos • Substâncias tóxicas e infectantes • Substâncias radioativas • Corrosivos • Substâncias perigosas diversas Módulo gestão • Associativismo e cooperativismo • Empreendedorismo • Gestão administrativa e financeira • Custos operacionais
PASSAGEIROS Disciplinas de curso do Sest Senat abordam qua
qualidade, operação do veículo e tecnologia embarcada. E no módulo gestão, os instrutores orientam sobre empreendedorismo, gestão administrativa e financeira, custos operacionais e cooperativismo. A coordenadora de estudos e projetos do Sest Senat comenta que aprender sobre gerenciamento do transporte “é muito importante, especialmente para que os autônomos possam enxergar a atividade como um negócio.”
O Itinerário Formativo também contempla cursos obrigatórios, conforme determinação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). No caso de transporte de passageiros, o módulo básico oferece o curso exigido na resolução 168/2004, de Condutores de Veículo de Transporte de Passageiros. Na grade curricular, estão matérias sobre legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e convívio social e rela-
cionamento interpessoal. O aluno que desejar fazer o módulo especialização poderá escolher, por exemplo, as áreas de condutor de ônibus urbano, de ônibus rodoviário, de turismo ou escolar. Também em relação aos cursos obrigatórios pelo Contran, no módulo básico do Itinerário Formativo de Produtos Perigosos é oferecido o curso Condutores de Veículos de Transporte de Produtos Perigosos, que atende à resolução 168/2004. No módulo intermediá-
Itinerário Formativo de Transporte de Passageiros Módulo básico: Condutores de Veículo de Transporte de Passageiros - Resolução Contran 168/04 (e atualização) • Legislação de trânsito • Direção defensiva • Noções de primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e convívio social • Relacionamento interpessoal Módulo intermediário: • Saúde e segurança no trabalho • Trabalhador em transporte amigo do meio ambiente • Direitos humanos, sociais e trabalhistas • Equipamento de segurança e de controle de tecnologia embarcada
Itinerário Formativo para Taxistas Módulo básico: • Manutenção e cuidados com o veículo • Legislação • Meio ambiente e cidadania • Direção preventiva • Primeiros socorros e acidentes de trânsito • Qualidade na prestação dos serviços por táxi Módulo intermediário 1: • Marketing pessoal • Guia pessoal e roteirização • Condução econômica • Saúde e qualidade de vida • Administração do tempo • Sistema de tráfego
lidade na prestação do serviço de táxi
rio, o motorista aprende sobre tecnologia embarcada, operação do veículo e qualidade na prestação do serviço. Se quiser fazer especialização, são disponibilizadas áreas como o transporte de explosivos, de gases, de líquidos inflamáveis, entre outros produtos. No Itinerário Formativo para Taxistas, os condutores têm aulas, no módulo básico, sobre meio ambiente, cidadania, direção preventiva, primeiros socorros, acidentes e qualidade na
Módulo intermediário 2: • O transporte de passageiros com deficiência e necessidades especiais • Novas tecnologias para os serviços de táxi • Segmentos turísticos • Pontos turísticos Módulo especialização 1: • Inglês instrumental para o turismo Módulo especialização 2: • Espanhol instrumental para o turismo Módulo gestão: • Empreendedorismo • Fidelização de clientes • Gestão financeira • Associativismo e cooperativismo • Gestão de serviço de táxi
A operação do veículo • Funcionamento e manutenção do veículo • Condução segura e econômica Módulo especialização: Condutor de ônibus urbano • A profissão do condutor de transporte urbano de passageiros • Direitos e deveres do cidadão no transporte urbano de passageiros • Qualidade na prestação de serviços no transporte urbano de passageiros Condutor de ônibus rodoviário • A profissão do condutor de transporte rodoviário de passageiros • Direitos e deveres do cidadão no transporte rodoviário de passageiros • Qualidade na prestação de serviços: transporte rodoviário de passageiros Condutor de ônibus de turismo • A profissão do condutor de transporte turístico • Direitos e deveres do cidadão no transporte de turismo • Qualidade na prestação de serviços: transportes turísticos • Inglês ou espanhol instrumental Condutor de ônibus de escolar • A profissão do condutor de transporte escolar • Direitos e deveres do cidadão no transporte escolar • Qualidade na prestação de serviços: transporte escolar Módulo gestão • Associativismo e cooperativismo • Empreendedorismo • Gestão operacional e financeira • Custo do transporte de passageiros
prestação do serviço. No intermediário, algumas disciplinas são marketing pessoal, condução econômica, novas tecnologias e segmentos turísticos. O módulo gestão também contribui para que os taxistas autônomos gerenciem melhor seus negócios para obter lucratividade e produtividade. A preocupação ambiental é algo presente em todo o trabalho desenvolvido pelo Sest Senat, inclusive nos cursos do Iti-
nerário Formativo. As aulas de condução econômica, por exemplo, ensinam a maneira correta de dirigir o veículo e também a importância de realizar a manutenção correta para, assim, gastar menos combustível e ainda emitir menos poluentes. Os profissionais ou empresas que se interessarem por algum dos treinamentos devem procurar a unidade do Sest Senat mais próxima para verificar a disponibilidade, conforme a demanda. l
Estat铆stico, Econ么mico, Despoluir e Ambiental
FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas
30.051 28.614 11 12
BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
NÃO PAVIMENTADA
TOTAL
Federal 64.165 Estadual Coincidente 17.255 Estadual 110.842 Municipal 26.827 Total 219.089
12.817 5.173 111.334 1.234.918 1.364.242
76.982 22.428 222.176 1.261.745 1.583.331
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas 15.365 Administrada por operadoras estaduais 1.195 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
2.330.156 473.986 911.543 695.193 16.640 40.000 22.870 105.000
11.738 8.066 1.674 7.136 28.614
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
100.924 3.045 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.289 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
32 35 2.498
173
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos
122 37
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso
152
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
44.000 29.000 13.000 1.148
505 918 5.749 6.711 13.883
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
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CNT TRANSPORTE ATUAL
OUTUBRO 2012
BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
R$ bilhões
Investimentos em Transporte da União (dados atualizados agosto/2012)
20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0
Investimentos em Transporte da União por Modal (total pago acumulado - até agosto/2012) (R$ 5,55 bilhões) 0,551
17,82
(9,9%) 0,265 (4,8%)
4,38
5,55
4,704 (84,7%)
0,032 (0,6%)
1,17
Autorizado Valor Pago do Exercício Total Pago Restos a Pagar Pagos Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores
CIDE - 2012
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês julho/2012 224 Arrecadação no ano (2012) 2.734 Investimentos em transportes total pago* em 2012 (com recursos de 2012 e de anos anteriores)1 1.525 Investimentos em transportes total pago* em 2012 (apenas com recursos de 2012)2 1.459 CIDE não utilizada em transportes (2012) 1.275 Total Acumulado CIDE (desde 2002) 75.999 O Decreto nº 7.764 (junho de 2012) zerou a alíquota da CIDE. Não haverá arrecadação a partir dessa data. * O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores. 1 - inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados no exercício corrente e em anteriores. 2 - Inclui investimentos realizados com recursos da CIDE arrecadados apenas no exercício corrente. valores pagos em infraestrutura (CIDE) não utilizado (CIDE)
47%
53%
Obs: são considerados todos os recursos não investidos em infraestrutura de transporte.
Aéreo
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - AGOSTO/2012
PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial4 Reservas Internacionais5 Câmbio (R$/US$)6
2011
acumulado em 2012
últimos 12 meses
expectativa para 2012
2,7 11,00 6,50 29,79
0,6
1,2
1,6 7,25 5,20 18,04
7,50 2,76 9,95
352,01
5,20 23,64 376,56
1,87
2,02
2,00
75,9
1 - Expectativa de crescimento do PIB para 2012 2 - Taxa Selic conforme Copom 29/08/2012 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até agosto/2012
54
34,8
36 18
4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até agosto/2012 (US$ bilhões) 5 - Posição dezembro/2011 e agosto/2012 em US$ bilhões 6 - Câmbio de fim de período 24/08/2012, média entre compra e venda
0
9 6 8 7 5 4 2 3 1 0 200 200 200 200 200 200 200 200 201 201 Arrecadação Acumulada CIDE
2 201
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. A partir do Decreto nº 7.764 de 22.06.2012, as alíquotas da CIDE ficam reduzidas a zero. O antigo decreto nº 7.591 (outubro de 2011) estabeleceu as alíquotas de R$0,091/litro (para a gasolina) e de R$0,047/litro (para o diesel). Os recursos da CIDE são destinados ao subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em infraestrutura de transporte. Obs: Alteração da alíquota CIDE conforme decretos vigentes.
Fontes: Receita Federal (julho/2012), COFF - Câmara dos Deputados (agosto/2012), IBGE e Focus - (Relatório de Mercado 31/08/12), Banco Central do Brasil
8
R$ bilhões
Aquaviário
Ferroviário
Observações:
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
90 72
Rodoviário
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADE DE INVESTIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES (PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
CNT TRANSPORTE ATUAL
OUTUBRO 2012
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BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) lançou em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS ESTRUTURA
NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2012
2007 A 2011 590.470 Aprovação no período 87,50%
ATÉ JULHO
AGOSTO
129.973
12.092
89,87%
TOTAL 732.535 88%
92,09%
Federações participantes
20
Unidades de atendimento
68
Empresas atendidas
8.507
Caminhoneiros autônomos atendidos
9.865
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado. FEDERAÇÃO FETRANSPORTES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
SP
11.2632-1010
FETRANCESC
SC
48.3248-1104
FETRANSPAR
PR
41.3333-2900
FETRANSUL
RS
51.3374-8080
FETRACAN
AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA
81.3441-3614
FETCEMG
MG
31.3490-0330
FENATAC
DF, TO, MS, MT e GO
61.3361-5295
RJ
21.3869-8073
AC, AM, RR, RO, AP e PA
92.2125-1009
ES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
RJ
21.3221-6300
RN, PB, PE e AL
84.3234-2493
FETRAM
MG
31.3274-2727
FEPASC
SC e PR
41.3244-6844
CEPIMAR
CE, MA e PI
85.3261-7066
FETRAMAR
MS, MT e RO
65.3027-2978
AM, AC, PA, RR e AP
92.3584-6504
FETRASUL
DF, GO, SP e TO
62.3598-2677
FETERGS
RS
51.3228-0622
FETRANSCARGA FETRAMAZ FETRANSPORTES FETRABASE FETRANSPOR FETRONOR Passageiros
TELEFONE
ES
FETCESP
FETRABASE
Carga
UFs ATENDIDAS
FETRANORTE
O governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. O objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.
8
SETOR
Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
Em Janeiro de 2012, entrou em vigor a fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) para veículos pesados. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) considera que este fato tem impactos significativos no setor, uma vez que novos elementos fazem parte do dia a dia do transportador rodoviário. Nesse contexto, a CNT elaborou a presente publicação, com o objetivo de disseminar informações importantes a respeito do tema. O trabalho apresenta ao setor as novas tecnologias e as implicações da fase P7 em relação aos veículos, combustíveis e aos ganhos para o meio ambiente.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
OUTUBRO 2012
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
2009 EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54
Mudança no uso da terra Industrial* Transporte Geração de energia Outros setores Total
(%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00
PARTICIPAÇÃO
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
% 97%
Ferroviário
0,83
2%
1,08
3%
1,18
3%
Hidroviário
0,49
1%
0,14
0%
0,14
0%
35,68 100%
37,7
100%
(até junho)
Diesel
(%) 90,46 5,65 3,88 100,00
44,76
44,29
49,23
52,26
26,32
Gasolina 25,17
25,40
29,84
35,49
19,05
Etanol
16,47
15,07
10,89
4,60
PARTICIPAÇÃO
13,29
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc) ** Dados atualizados em 9 de agosto de 2012
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009**
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**
80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
CO2 NOx NMHc CO CH4
39,81 100%
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO 2008 2009 2010 2011 2012**
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
36,38
VOLUME
Total
*Inclui processos industriais e uso de energia
MODAL
34,46
% 97%
VOLUME
38,49
% 97%
VOLUME
Rodoviário
MODAL
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR SETOR
60% 50% 40% CO2 NOx CO NMHc MP
30% 20% 10% 0%
Automóveis GNV Comerciais Leves (Otto) Motocicletas * Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV ** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.
Ônibus Urbanos
Caminhões Pesados
Japão EUA Europa
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Caminhões Leves
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - JULHO 2012
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s)*
Brasil
2011
2010
10 15 10 a 50
3,5%
3,5% 18,6% 20,9%
CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel. PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará. PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita. SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo.
50**
16,3%
40,7%
15,1%
500 ou 1800***
Demais estados e cidades * Em partes por milhão de S – ppm de S ** Municípios com venda exclusiva de S-50 *** Consultar a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br
Teor de Biodiesel 20,9% Outros 3,5%
Pt. Fulgor 15,1% Enxofre 16,3%
Corante 3,5% Aspecto 40,7%
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - JULHO 2012
Trimestre Anterior 29,5
30
Trimestre Atual
25
19,4
% NC
20
15 10 5
10,9
6,6 0,0
0,0
0,7
1,7
3,4
3,0
AP 0,0 0,0
BA 0,7 0,4
CE 1,7 2,5
DF 3,4 0,9
ES 3,0 2,3
7,9 0,7
2,4
4,1
2,9
PA 4,1 4,0
PB 2,9 5,5
6,9
0,0
2,2
1,3
PI 2,2 2,2
PR 1,3 1,7
3,0
9,5
5,8 0,0
0,7
2,5
0,7
1,8
RS 0,7 1,0
SC 2,5 2,7
SE 0,7 2,0
SP 1,8 2,8
2,9
0
AC 0,0 0,0
AL 6,6 6,4
AM 19,4 18,3
GO 10,9 8,5
MA 0,7 0,3
MG 2,4 3,8
MS 0,0 0,0
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
MT 7,9 8,2
PE 6,9 7,6
RJ 3,0 3,9
RN 5,8 5,3
RO 0,0 0,0
RR 29,5 19,8
TO 9,5 0,0
Brasil 2,9 3,5
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE POLUENTES
PRINCIPAIS FONTES
CARACTERÍSTICAS
EFEITOS SAÚDE HUMANA
1
Monóxido de carbono (CO)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.
Dióxido de Carbono (CO2)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.
Gás tóxico, sem cor e sem odor.
Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.
Metano (CH4)
Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.
Gás tóxico, sem cor, sem odor. Quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.
Causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.
MEIO AMBIENTE
Causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.
Compostos orgânicos voláteis (COVs)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e processos industriais4.
Composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.
Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. Em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.
Óxidos de nitrogênio (NOx)
Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel. O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.
O NO2 é irritante para os pulmões e Causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. A exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5. tendência para problemas respiratórios.
Formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. Sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.
Gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.
Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.
Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e processos industriais4.
Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na Gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.
Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. Causador da chuva ácida5, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.
Conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.
Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.
Ozônio (O3)
Dióxido de enxofre (SO2)
Material particulado (MP)
Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.
Incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.
Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva.
8
1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro. 2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV. 3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
“Os projetos de transporte costumam correr atrás do crescimento das cidades mais do que prepará-lo” DEBATE
Como o transporte deve se preparar para o crescimento das
Megaeventos permitem uma revolução no transporte JEAN LEGROUX
s projetos de transporte costumam correr atrás do crescimento das cidades mais do que prepará-lo. Durante as últimas décadas, os investimentos em transporte de massa, na cidade do Rio de Janeiro, foram insuficientes e reforçaram o modelo rodoviarista que mostra hoje seus limites - a frota de automóveis salta de 1.602.170, em 2000, para 2.438.287, em 2011 (Detran-RJ). De fato, a cidade enfrenta a chamada “crise da mobilidade”, caracterizada pelo aumento do tempo de deslocamento e piora na qualidade do transporte público. A questão da mobilidade na região metropolitana e na cidade do Rio de Janeiro voltou a ser um dos seus maiores problemas urbanos. A acolhida da Copa-2014 e das Olimpíadas-2016 permite uma “revolução do transporte”, que melhorará, ao menos no discurso, as condições de mobilidade carioca com ênfase no transporte público, respondendo ao crescimento de polos estratégicos da cidade (Barra da Tijuca, zona oeste, zona portuária) e, ainda, tentando levar em conta a dimensão metropolitana da mobilidade.
O
JEAN LEGROUX Doutorando do LET (Laboratoire d'Economie des Transports) da Universidade de Lyon. Participa de projeto de pesquisa no Observatório das Metrópoles sobre impactos da Copa e das Olimpíadas
Embora difícil mensurar hoje o valor final das despesas públicas e privadas em transporte, cabe ressaltar que sediar esses dois megaeventos permite realizar investimentos jamais feitos no Rio de Janeiro e no Estado. Ressalta-se que investimentos em transporte representam o maior peso nas despesas totais dos eventos. Para a Copa do Mundo, por exemplo, os valores aplicados em projetos de transporte representam 86,23% - incluí os investimentos em aeroportos (reforma do Galeão), portos (reforma do terminal marítimo do Rio de Janeiro) e outros do total dos investimentos dedicados ao Rio de Janeiro. Considerando as obras de transporte que devem estar prontas para as Olimpíadas-2016, pode-se afirmar que o Rio está se beneficiando de vários projetos que contemplam diversos modais: um sistema de BRT com 4 linhas (total de R$ 5,23 bi), a linha 4 do metrô (R$ 7 bi), o VLT (R$ 1,1 bi) etc. Ao nível metropolitano, prevê-se também a modernização do setor ferroviário (R$ 2 bi) e um arco rodoviário (R$ 1,3 bi), entre outros.
O crescimento da cidade do Rio de Janeiro precisa de um transporte coletivo eficiente e de qualidade para constituir uma verdadeira revolução da mobilidade. Para tanto, além da repartição e da integração dos modais no território urbano, há de se questionar se os projetos estão sendo pensados também para desincentivar o uso do carro. Como colaboração para a reflexão, pergunta-se: “os três BRTs que vão chegar até a Barra da Tijuca favorecerão o transporte coletivo - uma vez que, ao lado das faixas exclusivas para ônibus, estão previstas duas faixas por sentido para o carro?”; “remover a Favela do Metrô para construir 10 mil vagas de estacionamento é uma ação alinhada com o discurso que promove o transporte coletivo?”. As políticas e os projetos de transporte, especialmente em períodos de grandes investimentos nessa área, devem também ser pensados para romper verdadeiramente com o modelo rodoviarista, de modo a acompanhar da melhor forma possível o crescimento das cidades.
“O planejamento de transportes é necessário em municípios em crescimento e nos que registram grandes perdas populacionais”
cidades?
Planejar é uma tarefa de todas as cidades THIAGO GUIMARÃES
distribuição da população no território consiste na mais essencial informação para o planejamento de transporte de pessoas, pois o número de deslocamentos originados em dada área é diretamente proporcional a sua massa populacional. Informações demográficas são o ponto de partida no processo de planejamento e, nesse sentido, censos oferecem uma das mais valiosas e confiáveis bases de dados. O mais recente levantamento do IBGE revela uma interessante pluralidade de dinâmicas demográficas nos municípios brasileiros. As sedes das maiores aglomerações urbanas já não crescem a taxas explosivas como no passado. As duas metrópoles com influência internacional, São Paulo e Rio de Janeiro, cresceram a moderados 0,7% ao ano na última década. As populações de Salvador e Curitiba se expandem a menos de 1% ao ano, e Fortaleza se aproxima dessa taxa. Isso representa a possibilidade de rompimento com a disritmia entre a evolução dos sistemas de transporte coletivo e o ritmo do crescimento populacional obser-
A
vado na segunda metade do século passado. Acompanha a estabilização demográfica a redução da margem de incerteza das estimativas, sobre as quais os planos se baseiam. A metrópole que segue registrando a mais acelerada evolução populacional é Brasília, que acaba de superar os 2,5 milhões de habitantes - cinco vezes o previsto por Lúcio Costa para o Plano Piloto. Muito mais dinâmicas se revelam sedes de "aglomerações não metropolitanas", como Petrolina (PE) e Cabo Frio (RJ), onde a população cresceu ao ritmo médio de 3% e 3,9% por ano, respectivamente, entre 2000 e 2010. O caso de Petrolina é ainda mais instigante para a formulação de estratégias de desenvolvimento regional, pois, na outra margem do rio São Francisco, a taxa de crescimento de Juazeiro (BA) ficou na casa de 1,3% ao ano. Como os dois municípios estão ligados cultural e economicamente e compõem um só centro urbano, seriam bem-vindas estratégias de cooperação para o planejamento de transportes integrado e para o desenvolvimento territorial equilibrado. O censo de 2010 mostra ainda
que o decréscimo populacional é realidade em várias localidades. Quase cem dos 5.565 municípios brasileiros perderam entre 2000 e 2010 mais de 2% de seus habitantes ao ano, sobretudo em virtude de movimentos migratórios. Vinte e sete municípios cruzaram de volta a marca dos 20 mil habitantes, ficando por lei desobrigados a elaborar plano diretor e plano de mobilidade urbana. No entanto, exatamente neste contexto, é fundamental estimular o processo de planejamento para evitar o surgimento de vazios urbanos e para utilizar de forma eficiente os já existentes equipamentos e infraestruturas públicas. No outro sentido, 186 municípios engrossam a parcela daqueles com mais de 20 mil habitantes e terão de desenvolver planos, embora suas administrações contem com escassos recursos humanos e financeiros e tenham pouca ou nenhuma experiência em planejamento. Para esses municípios, consiste em tarefa prioritária definir estratégias para o desenvolvimento urbano e para a mobilidade sustentável a partir de informações censitárias ainda bastante atuais.
THIAGO GUIMARÃES Mestre em Planejamento Urbano, pesquisador do Instituto de Planejamento de Transportes e Logística em Hamburgo (Alemanha) e consultor do projeto Mobilize Brasil
CNT TRANSPORTE ATUAL
OUTUBRO 2012
81
“O investimento na recuperação e na construção de melhores vias para o transporte causa imediata redução dos custos de logística” CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Investir em transporte é essencial para o país
O
setor de transporte brasileiro tem sofrido ao longo dos anos problemas crônicos que encarecem o Custo Brasil, como o estado de conservação de parte das rodovias nacionais, necessidade de investimentos pesados em infraestrutura e logística de transporte, permanência de gargalos portuários, entre outros fatores. Diariamente, empresas transportadoras, caminhoneiros autônomos e demais usuários têm de superar diversos obstáculos para conseguir trafegar nas rodovias nacionais, o que prejudica o transporte das riquezas produzidas pelo país e dificulta a locomoção segura dos brasileiros. Alguns aeroportos estão sobrecarregados em termos de fluxo de passageiros, pousos e decolagens de aviões, necessitando de aplicação de recursos em infraestrutura para melhor atender os usuários. No setor aquaviário, também são necessários mais recursos para a efetivação e a ampliação das vias de navegação interior e a expansão do transporte marítimo e de cabotagem. Já no transporte ferroviário, têm tido continuidade os fortes investimentos da iniciativa privada. Vários portos brasileiros têm trabalhado no limite de operação e precisam de investimentos imediatos, como ampliação de cais, melhorias de gestão e dragagem para aumento de profundidade para fazer frente ao crescimento das exportações nacionais.
Nesses anos todos, a falta de infraestrutura contribuiu muito com o Custo Brasil. Com isso, o comprometimento da logística brasileira reduziu a competitividade dos produtos no mercado global. Com a falta de investimento, a infraestrutura de transporte disponível hoje no Brasil não atende às necessidades de crescimento econômico e está prejudicando a consolidação do nosso desenvolvimento. O programa de investimentos em logística, anunciado recentemente pela presidente Dilma Rousseff, prevê R$ 133 bilhões a serem investidos em rodovias e ferrovias. Isso é o começo para se melhorar a infraestrutura de transporte do país. Entretanto, o Brasil ainda precisará de mais. O Plano CNT de Transporte e Logística estima a necessidade de mais de R$ 400 bilhões em todos os modais. O investimento na recuperação e na construção de melhores vias para o transporte causa imediata redução dos custos de logística, favorecendo o crescimento econômico diferenciado e sustentado. A CNT desenvolve várias iniciativas para contribuir com o desenvolvimento do transporte brasileiro, realizando periodicamente outras importantes pesquisas – sobre as condições das rodovias, sobre as ferrovias e também sobre o modal aquaviário. A confederação tem cumprido um papel de grande importância como representante do setor de transporte brasileiro ao incluí-lo nos debates dos grandes temas nacionais, colaborando com o planejamento estratégico na área de transporte.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
OUTUBRO 2012
José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker
Victorino Aldo Saccol
Eclésio da Silva
Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante
TRANSPORTE LIMPO O Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT, merece todas as homenagens pela comemoração de seus cinco anos. O projeto, beneficiando o meio ambiente também garante mais economia para nós, caminhoneiros. Sou autônomo e, desde que comecei a fazer as aferições no meu caminhão, em 2009, tenho registrado uma grande economia no gasto com o combustível. Além disso, saber que contribuo com o meio ambiente é mais um ponto positivo.
matéria sobre as provas de arrancadas de caminhões que são realizadas no Sul do país. Sou apaixonado por velocidade e, sempre que posso, assisto às competições que acontecem em várias cidades. É um momento de lazer bastante prazeroso oferecido aos caminhoneiros. Por enquanto, participo do evento apenas como plateia, mas quem sabe, um dia, coloco meu caminhão na pista. Sérgio Nogueira Criciúma/SC MERCADO AÉREO
Gerson Augusto dos Santos Pirapora/MG MEDO DE DIRIGIR Lendo a reportagem sobre o receio de dirigir, publicada na edição de setembro da revista CNT Transporte Atual, fiquei mais aliviada. Percebo que muitas pessoas compartilham do mesmo medo que eu, mas estão superando esse trauma. Há seis meses decidi procurar ajuda e já sinto os resultados quando preciso pegar o carro sozinha para resolver coisas do meu dia a dia.
Que a expectativa dos empresários destacadas na reportagem “Confiança no futuro” (edição 205), seja mesmo concretizada nos próximos anos. O Brasil tem um grande potencial para o desenvolvimento do transporte aéreo, principalmente o regional. Muitas cidades no interior do nosso país dependem exclusivamente desse meio de transporte. Que novas aeronaves pousem por aqui! Mariana Freitas Ibotirama/BA
Beatriz Vianna Abreu Santa Cruz do Rio Pardo/SP CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
VELOCIDADE NA PISTA Gostei muito de ver na revista CNT Transporte Atual uma
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes