Um novo caminho

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

CNT

ANO XXII NÚMERO 252 SETEMBRO 2016

T R A N S P O R T E

A T U A L

Um novo caminho Superado o impasse político, é hora de unir esforços para vencer a crise econômica; CNT propõe fortes investimentos em infraestrutura MINISTRO MAURÍCIO QUINTELLA FALA SOBRE INVESTIMENTOS EM TRANSPORTE




REPORTAGEM DE CAPA Efetivação de Michel Temer na Presidência da República sinaliza momento para retomar o investimento em infraestrutura de transporte e aprovar reformas; CNT tem propostas para a recuperação econômica do país Página 18

Um novo caminho Superado o impasse político, é hora de unir esforços para vencer a crise econômica; CNT propõe fortes investimentos em infraestrutura

CNT TRANSPORTE ATUAL

ANO XXII | NÚMERO 252 | SETEMBRO 2016

ENTREVISTA • Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella: setor depende de parceria com capital privado PÁGINA

SEGURANÇA

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RODOVIÁRIO

Motoristas mudam Setor debate comportamento proposta de no trânsito regulação PÁGINA

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CAPA ARQUIVO CNT

LOGÍSTICA

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Nicole Goulart Bruno Batista Aloisio Carvalho Helenise Brant Myriam Caetano

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ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

Helenise Brant

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Mtb 3723

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

[helenisebrant@sestsenat.org.br]

Tiragem: 40 mil exemplares

AÉREO

Operadores são Rio 2016 deixa essenciais para a legado de cadeia produtiva acessibilidade PÁGINA

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AQUAVIÁRIO

Rio Madeira vive seca histórica

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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FERROVIÁRIO

Exposição de fotos sobre as linhas férreas no Brasil

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TECNOLOGIA

COMPORTAMENTO

Táxis elétricos são testados no país

Os riscos e a fisiologia da velocidade

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SEST SENAT

Novos cursos qualificam motoristas PÁGINA

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Seções Duke

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Opinião

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Mais Transporte

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Boas Práticas

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Boletins

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Tema do mês

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Alexandre Garcia

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Cartas

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Instituição investe em parcerias com montadoras PÁGINA

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Duke

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“É com forte investimento em infraestrutura que o Brasil vai superar os entraves à produção, à geração de empregos e ao desenvolvimento” OPINIÃO

CLÉSIO ANDRADE

Avanço necessário

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Estado brasileiro precisa de uma urgente reforma em suas estruturas e no seu modelo de funcionamento. A sociedade vem dando demonstrações claras e contundentes de que está cansada de financiar, com uma pesada carga de impostos, um Estado perdulário e ineficiente. A população exige serviços públicos de qualidade e uma postura ética e transparente das autoridades na hora de tomar decisões sobre os investimentos públicos. O Brasil precisa adotar imediatamente os conceitos da administração pública moderna, inspirada na cultura gerencial da eficiência e da qualidade. Para isso, é preciso promover a descentralização decisória e operacional; adotar metas e criar sistemas de avaliação da qualidade dos serviços prestados e de acompanhamento da produtividade dos órgãos públicos. As mudanças que se impõem passam por uma reforma administrativa profunda para reduzir o tamanho e o custo do Estado e também para promover uma gestão mais leve e flexível, sem desperdícios. Um exemplo é a Lei 8.666, que precisa ser flexibilizada para dar mais agilidade e qualidade às licitações e contratos da administração pública. O presidente Michel Temer parece ter clareza desta missão, mas vai precisar do empenho do Congresso Nacional e da parceria dos governadores e dos prefeitos, pois será necessário reformular as estruturas administrativas nos níveis federal, estadual e municipal. O Estado deve se concentrar nos serviços essenciais. As áreas-meio precisam ser reduzidas para que o funcionalismo público possa se dedicar àquilo que é essencial, como a prestação de serviços em saúde e educação, entre outras áreas de competência estatal. A meta

deve ser atingir a excelência, portanto, será preciso reciclar, qualificar e capacitar os servidores para que estejam aptos a desempenhar suas funções no novo modelo orientado para a gestão por resultados. No aspecto gerencial há muito trabalho a fazer. Será preciso mapear processos, adotar metodologias, estabelecer metas e criar indicadores para avaliar o desempenho e a qualidade dos serviços prestados à sociedade. A burocracia deve ser reduzida ao mínimo necessário para que seja percebida não como barreira, mas como instância facilitadora, que promove segurança e estabilidade nas relações entre o Estado e a sociedade. Uma reforma administrativa com as dimensões e os conceitos aqui sugeridos marcará o início de uma nova era do serviço público brasileiro para alcançarmos aquilo que a sociedade tanto almeja: um Estado mais eficiente, sustentável do ponto de vista econômico e ambiental, parceiro do setor produtivo e comprometido com a qualidade de vida e o bem-estar de cada cidadão. Um Estado moderno estará apto a desenvolver as políticas necessárias para que o país possa sair da crise e voltar a crescer. O passo inicial é, sem dúvida, o investimento maciço e imediato em infraestrutura. Esse tipo de investimento sinaliza um projeto de futuro e isso traz de volta a confiança. É preciso que os investidores sintam segurança em aplicar seus recursos no país, que o trabalhador se sinta confiante para consumir e todos os setores retomem seus projetos de longo prazo. É com forte investimento em infraestrutura que o Brasil vai superar os entraves à produção, à geração de empregos e ao desenvolvimento sustentável.


“A ideia é dar segurança jurídica e previsibilidade ao investidor, garantindo regras claras nos contratos de concessão” ENTREVISTA

MAURÍCIO QUINTELLA - MINISTRO DOS TRANSPORTES, PO

Cooperação estratégica POR EVIE

m um momento delicado de restrições e ajustes econômicos no país, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil tem um desafio: destravar investimentos e recuperar a confiança e credibilidade junto aos investidores para que os projetos de infraestrutura de transporte saiam do papel e contribuam com a retomada do crescimento do Brasil. Para isso, a intenção do governo do presidente Michel Temer é trabalhar na desburocratização, atraindo financiamentos e parcerias privadas. Com a missão de tirar o setor da inércia, o ministro Maurício Quintella Lessa assumiu a

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GONÇALVES

pasta em maio deste ano. O alagoano tem 45 anos e iniciou sua trajetória política há duas décadas como vereador de Maceió. Sua maior atuação, entretanto, foi no Congresso Nacional, onde já exerceu mandato de deputado por quatro vezes. Ele ressalta a importância do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) no processo de restabelecimento dos laços com a iniciativa privada e atração de investimentos de países estratégicos como a China. Em entrevista à Revista CNT Transporte Atual, Quintella afirma que, para destravar os investimentos no setor de transporte, será necessário contar com os

recursos além do orçamento público. Quais os principais desafios e perspectivas do governo Michel Temer em relação à infraestrutura de transporte? Ao assumir o cargo no Ministério dos Transportes, que acumulou as secretarias de Portos e Aviação Civil, o meu primeiro e principal desafio foi trabalhar na integração desses modais, principalmente o aeroviário, que pela primeira vez está vinculado ao Ministério. Isso vai nos permitir executar um planejamento integrado, assim como também a execução dos empreendimentos de infraestrutura de

transporte, de maneira a melhorar a logística brasileira. A integração nos permitirá alcançar a economicidade, maior competitividade e desenvolvimento. É importante ressaltar a criação do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), com um conselho presidido pelo próprio presidente da República, com o objetivo de ampliar e fortalecer as parcerias com a iniciativa privada. Em conjunto com a secretaria do PPI, o Ministério vem trabalhando intensamente em todas as suas vertentes de atuação, seja em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos ou aeroportos, para viabilizar investimentos em todos os modais.


MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL/DIVULGAÇÃO

ORTOS E AVIAÇÃO CIVIL

De que maneira os investimentos em infraestrutura de transporte estão relacionados à retomada do crescimento econômico do país? A atração de investimentos no setor permitirá a ampliação da capacidade operacional dos setores produtivos do país, que necessitam desses investimentos. Além disso, a melhoria na infraestrutura gera aumento de empregos diretos e indiretos, proporcionando um efeito positivo na cadeia produtiva. Em 2015, o Brasil investiu apenas 0,19% do PIB (Produto Interno Bruto) no setor de transporte. Mesmo com os pequenos aportes, o senhor acredita que o país está pronto para iniciar um novo ciclo de crescimento? Estamos passando por um momento ímpar no cenário econômico do país, onde serão necessários ajustes e restrição nos investimentos. Entretanto, estamos avaliando os empreendimentos prioritários e necessários para receberem recursos do governo federal. Esses recursos servirão para a conclusão e manutenção de obras importantes para a melhoria da logística de transporte de

carga no país. Por outro lado, também trabalhamos com uma lista de empreendimentos nas áreas de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos que serão concedidos à iniciativa privada. Houve redução da máquina administrativa com a fusão do Ministério dos Transportes com a SAC (Secretaria de Aviação Civil) e a SEP (Secretaria Especial de Portos)? Sim, houve redução. Um exemplo disso foi a extinção e fusão dos ministérios, como acon-

teceu com os Transportes, Portos e Aviação Civil. Passamos de 32 para 26 ministérios. Isso demonstra claramente a política do governo do presidente Michel Temer, calcada em pilares e metas concretas, entre elas o resgate das bases da economia. A fusão das pastas foi apenas um dos pontos de um conjunto de ações com a finalidade de limitar os gastos e obter rigidez nas contas públicas. Em que o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) di-

ferencia-se de programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o PIL (Programa de Investimento em Logística)? O PPI tem como foco a cooperação estratégica com o setor privado para realizar investimentos na área de infraestrutura e logística. Contudo, o Programa Crescer, lançado pelo PPI, trabalha apenas com a proposta de realizar as concessões com 100% do capital privado, diferente do PIL, que tinha a previsão de investimentos públicos e não incluía se-


tores como energia e saneamento, por exemplo. Já o PAC é um programa de obras que envolviam recursos federais, estaduais e privados. Qual o papel das parcerias público-privadas nacionais e estrangeiras no novo PPI? Para destravar os investimentos no setor de transporte, será necessário contar com os recursos do segmento privado, das concessões, privatizações, parcerias público-privadas. Com esses recursos, poderemos retomar o crescimento do país. E o Conselho do PPI servirá, entre outras ações, para desobstruir todos os empecilhos na regulamentação das parcerias público-privadas. Quais os entraves para que portos, aeroportos, rodovias, hidrovias e ferrovias sejam mais eficientes no Brasil? Os custos de transporte são um fator determinante para a competitividade da produção nacional. A eficiência dependerá da superação de desafios do setor, como a necessidade de investimentos permanentes na implantação e manutenção de uma rede de transporte estruturada, composta dos diversos modais, conforme a vocação de cada corredor. Outro aspecto importante é o planejamento de longo prazo, o estabelecimento de parcerias com o setor privado e a gestão eficiente do sistema.

O Ministério dos Transportes vai priorizar quais projetos na área de infraestrutura de transporte no novo PPI? Na área de aeroportos, teremos a concessão dos terminais de Fortaleza (CE), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). De portos, faremos os arrendamentos dos terminais 4 e 5 de Santarém (PA) e do Terminal do Trigo (RJ). De ferrovias, vamos fazer da Norte-Sul, trecho entre Porto Nacional (TO) e Estrela d’Oeste (SP); da Ferrogrão, trecho entre Sinop (MT) e Itaituba (PA); e da Ferrovia de Integração OesteLeste (Fiol), no trecho entre Ilhéus (BA) e Caetité (BA). Em rodovias, teremos a BR-364/365, trecho entre Jataí (GO) e contorno Oeste de Uberlândia (MG); e a BR 101/116/290/386, na região metropolitana de Porto Alegre. A última Pesquisa CNT de Rodovias aponta que 78,3% das rodovias concedidas tiveram avaliação “Ótimo” ou “Bom”, enquanto as rodovias públicas tiveram somente 34,1% de avaliação positiva. Conceder é o caminho? Por quê? A concessão é, sem dúvida, uma das alternativas mais eficientes para manter a qualidade ideal da infraestrutura de transporte. A nova proposta do governo federal é viabilizar os projetos que já estão em estudo e criar um ambiente favorável economicamente para as futuras rodadas.

Programa de Parcerias de Investimentos prev

“A concessão é, sem dúvida, uma das alternativas mais eficientes para manter a qualidade da infraestrutura de transporte”

Ao contrário do que ocorreu nas concessões anteriores, os empreendimentos anunciados no dia 13 de setembro são compatíveis com a atual realidade que enfrentamos na economia brasileira. A ideia é dar segurança jurídica e previsibilidade ao investidor, garantindo regras claras nos contratos de concessão. Temos agora um portfólio de investimentos viável, maduro e possível de ser executado em curto prazo. O PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes) prevê que, até 2025, 29% das cargas serão transportadas por via aquaviária (hidrovias e cabotagem). Hoje, contudo, esse número não chega a 13%. O senhor considera que o modal hi-


ABCR/DIVULGAÇÃO

“Para destravar o setor de transporte, será necessário contar com recursos privados”

vê obras de infraestrutura rodoviária

droviário brasileiro atravessa uma crise? Embora atualmente seja responsável por transportar apenas 5% das cargas, o hidroviário é o meio mais econômico e sustentável. E é por isso que temos investido em importantes projetos, dentre os quais podemos destacar o projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço, hidrovia do rio Tocantins, que proporcionará a navegabilidade permanente entre Marabá até a foz do rio Tocantins. Sabemos que, com o investimento em nossas hidrovias, seremos capazes de reduzir custos, garantir a sustentabilidade, diminuir a emissão de gases poluentes lançados na atmosfera pelos caminhões e, ao mesmo tempo, aumentar a competitividade da

produção brasileira em relação ao exterior. As concessões ferroviárias estão paradas no país. Como avançar nesse segmento e melhorar, assim, o escoamento da carga transportada no Brasil? Estamos adotando medidas importantes para alavancar o processo de escoamento de grãos por meio das ferrovias. Uma delas é a revogação do Decreto nº 8.129 de 23/10/2013, que trata da política de acesso ao Subsistema Ferroviário Federal. A proposta foi discutida na reunião do Conselho do PPI. O modelo não se mostrava alinhado com o contexto atual. Com a revogação desse decreto, novas outorgas poderão ser feitas sob o modelo que

melhor se adequar a cada caso, respeitando a legislação. A interoperabilidade do Subsistema Ferroviário Federal será assegurada por meio do compartilhamento da infraestrutura ferroviária, na modalidade de tráfego mútuo e de direito de passagem. O governo anunciou a intenção de conceder mais quatro aeroportos (Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza). É possível que outros terminais integrem a lista, como Congonhas e Santos Dumont? Qual será o retorno dessas concessões para o país? O leilão de concessão dos aeroportos está previsto para o 1º trimestre de 2017. Em relação às futuras concessões de aeroportos, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil ainda estuda a melhor alternativa para o setor aéreo, que será apresentada e aprovada pelo Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos. O que o Ministério tem feito para que a multimodalidade seja uma realidade da logística de modo a reduzir o Custo Brasil e aumentar a competitividade? Além da integração entre os modais, estamos concentrando os esforços na consolidação e manutenção de investimentos em corredores de escoamento da produção e de integração nacional, oferecendo alternativas que permitam a ampliação da compe-

titividade e a redução dos custos de transporte. Como exemplo, podemos citar os investimentos na pavimentação da BR-163/PA, a priorização da concessão da ferrovia Ferrogrão e os investimentos na duplicação da BR-101. Recentemente, diretores da CNT participaram, juntamente com o senhor, do Seminário Empresarial de Alto Nível Brasil-China, em Xangai. De que maneira a relação entre as duas nações é importante para atrair investimentos em transporte para o Brasil? A China é um país estratégico no cenário mundial, com o qual trabalhamos para estreitar nossas relações comerciais, e tem demonstrado interesse nos projetos de infraestrutura em nosso país, principalmente, na área ferroviária, como por exemplo, a obra da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e na Ferrovia Transoceânica. Além disso, o potencial de retorno comparado a outros investimentos é um dos fatores que tem chamado a atenção deles. Durante a visita a Xangai, mostramos como funcionará o novo processo de concessões no país, onde não teremos mais o subsídio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O edital terá no mínimo cem dias até a entrega das propostas e será em inglês. Outra questão é que, caso eles tenham interesse em operar concessões no país, terão que trazer junl to seus investidores.


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MAIS TRANSPORTE A Revista CNT Transporte Atual está entre as cinco finalistas do 4º Prêmio Abear de Jornalismo, da Associação Brasileira das Empresas Aéreas. A reportagem “Segurança contra Raios”, da jornalista Evie Gonçalves, concorre na categoria Imprensa Setorizada. Publicada na edição de

REPRODUÇÃO REVISTA CNT

Revista CNT é finalista do 4º Prêmio Abear de Jornalismo dezembro de 2015, a matéria aborda o investimento maciço das companhias aéreas em tecnologia para evitar acidentes em aeronaves em decorrência da alta incidência de descargas elétricas no período de chuvas. Os vencedores receberão a premiação em novembro, em São Paulo.

WWFBRASIL/DIVULGAÇÃO

Ponte entre Brasil e Paraguai

Obra ligará Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta, no Paraguai

Teste em mina subterrânea Um Volvo FMX totalmente autônomo foi o primeiro caminhão do mundo a ser testado em operações subterrâneas, na Mina de Kristineberg, no norte da Suécia. O caminhão é parte de um projeto para o desenvolvimento de tecnologias que visam aprimorar o fluxo de trans-

porte e a segurança em minas. O modelo percorreu um trajeto de 7 km, alcançando uma profundidade de 1.320 metros nos estreitos túneis da mina. O veículo integra um projeto de desenvolvimento de tecnologias e está sendo testado em condições reais pela primeira vez.

Brasil e Paraguai construirão uma ponte internacional sobre o rio Paraguai. O empreendimento ligará as cidades de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, e Carmelo Peralta, no país vizinho, e deverá servir de ponto inicial da Rota Bioceânica, projeto para unir Brasil, Paraguai, Argentina e Chile por meio de um novo corre-

dor rodoviário. Em setembro, uma equipe do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), juntamente com autoridades paraguaias, realizou uma visita à região para definir o local do empreendimento. Agora, serão realizados os estudos necessários para a concepção do trajeto.

VOLVO/DIVULGAÇÃO

Veículo da Volvo é parte de projeto para melhorar transporte em minas


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CNT na maior feira metroferroviária do mundo potencial do Brasil para os investidores foi um dos destaques no Pavilhão Brazil on Rails, estande erguido na InnoTrans, a maior feira metroferroviária do mundo, realizada entre 20 e 23 setembro, em Berlim, na Alemanha. O Projeto Brazil on Rail faz parte da feira desde 2010 e reúne mais de 30 empresas e 100 executivos brasileiros. Neste ano, contou com o apoio da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e de entidades do setor de transporte sobre trilhos. Entre os presentes no evento, estavam o diretor

O

internacional da CNT, Harley Andrade; o diretor-executivo do escritório da CNT na Alemanha, Thiago Ramos; e o presidente da Seção de Transporte Ferroviário de Carga e Passageiros da CNT e diretor da ANPTrilhos, Rodrigo Villaça. A InnoTrans é uma plataforma para intercâmbio entre fornecedores nacionais e internacionais e compradores dos setores de transporte ferroviário de carga e passageiros. Na ocasião, a necessidade do desenvolvimento da infraestrutura de transporte e logística no país e de parcerias com investidores foram alguns dos pontos abordados pelo diretor Harley Andrade. “O Brasil

carece de investimentos em infraestrutura de transporte, não só de ferrovias, mas em todos os modais. Temos um país de dimensões continentais e é muito importante que tenhamos um investimento maciço em transporte”, disse o diretor. Harley Andrade também reforçou que, segundo o Plano CNT de Transporte e Logística 2014, é necessário R$ 1 trilhão em investimentos para mudar a malha de infraestrutura de transporte nacional, com ampliações e reformas. “O governo prevê R$ 20 bilhões por ano no setor de transporte, valor dedicado no orçamento. Dentro desse montante, não consegue gastar nem 70% dado aos diversos fatores,

como burocracia, dificuldade de licitar e alocar recursos. O investidor estrangeiro é necessário e precisa ir para o Brasil, precisa investir, precisa ser atrativo para que ele possa ter retorno”, destacou o executivo da CNT. O diretor-executivo Thiago Ramos, por sua vez, destacou a visibilidade proporcionada pelo estande brasileiro na InnoTrans. “Sem uma visibilidade como essa, não teremos possibilidade de conquistar os objetivos, principalmente atração de investimento e tecnologia. Esse evento é um dos principais cenários de visibilidade, para mostrarmos as ações e fazermos conexões”, explicou Ramos. MARIANA NEVES/ANPTRILHOS/DIVULGAÇÃO

Representantes da CNT no Pavilhão Brasileiro on Rails

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MAIS TRANSPORTE AIRBUS/DIVULGAÇÃO

Táxis voadores Conhecida por seus aviões, a norte-americana Airbus pretende trazer a centros urbanos uma frota de táxis voadores até 2021. A companhia quer iniciar os testes de seus primeiros protótipos em 2017 em sua subdivisão A3, localizada no Vale do Silício. A empresa está construindo uma plataforma de veículo autônomo voador conhecida como Vahana, para transportar passageiros individuais. O objetivo a longo prazo é abrir caminho para a criação de veículos autônomos que transportem passageiros dentro de um sistema batizado como CityAirbus.

Novas tarifas na Anac

Punição mais severa

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou resolução que regula o regime tarifário aplicável aos aeródromos públicos delegados aos Estados, aos municípios e ao Distrito Federal. A partir de novembro, os valores das tarifas de embarque, conexão, pouso, permanência, armazenagem e capacidade da carga importada e a ser exportada

Com objetivo de evitar roubos de carga, São Paulo regulamentou a lei estadual nº 15.315/2014 que determina a cassação do registro do ICMS de estabelecimentos que comercializem produtos roubados ou furtados. A partir da nova legislação, que já está em vigor, a empresa que adquirir,

deverão ser estabelecidos pelos responsáveis pelos aeródromos. A norma possibilita buscar novos investimentos privados para a infraestrutura regional ao permitir que o poder local regule as tarifas dos aeródromos de acordo com sua política para atrair iniciativa privada.

distribuir, transportar, estocar, revender ou expor à venda produtos frutos de crimes perde a inscrição no cadastro estadual de contribuintes. Assim, fica proibida de exercer qualquer atividade comercial no Estado. Também será aplicada multa equivalente a duas vezes o valor dos produtos roubados.


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Pedro Lopes é o novo presidente da ABTC VITOR SÁ/CNT

m eleição realizada em 21 de setembro, o empresário Pedro José de Oliveira Lopes foi eleito, por unanimidade, o novo presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga). O pleito, que contou com a presença de membros da diretoria e do conselho, aprovou ainda o nome do empresário pernambucano Newton Gibson Junior para a vice-presidência da associação. Nascido em Cachoeira do Sul (RS) e ex-presidente da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Estado de Santa Catarina), Lopes é o atual vicepresidente da Seção de Transporte de Carga da CNT (Confederação Nacional do

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Transporte). Lopes espera se valer da experiência adquirida em anos de atuação no setor para buscar soluções aos anseios dos empresários do transporte de carga nacional. “A ideia é integrar e valorizar, cada vez mais, as entidades e associações. Estamos iniciando uma fase de otimismo com o novo governo depois de um longo período de ajustes. Precisamos investir em infraestrutura, mas pensando na integração de logística. Não adianta definir apenas projetos de rodovias se vamos esbarrar em problemas de portos, se não teremos ferrovias adequadas”, comenta. Fundada há 16 anos por Newton Jerônimo Gibson, a

ABTC se tornou referência quando o assunto abordado é a logística utilizada nos mais variados modais do transporte. Com 14 congressos realizados pelos quatro cantos do país, a associação

busca aliar a defesa constante dos interesses do transportador com a possibilidade de compartilhar conhecimentos sobre o setor, que é um dos pilares de sustentação da economia brasileira.

APPA/DIVULGAÇÃO

Segurança portuária Foi lançado em setembro um guia sobre a aplicação da Norma Reguladora nº 29, que estabelece regras para melhorar a segurança de trabalhadores portuários em operações a bordo e em terra. Iniciativa da Unisanta (Universidade Santa Cecília), o Manual Técnico de Segurança e Saúde nos

Trabalhos Portuários aponta os principais fatores de risco e os cuidados que devem ser tomados para seu controle ou eliminação. O objetivo é regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais, facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores condições nessa área.

Guia oferece informações para evitar acidentes de trabalho


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BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE - COMBATE AO USO DE DROGAS E ÁLCOOL

Qualidade de vida

Transjoi encara a prevenção ao uso de álcool e drogas como ativo imprescindível aos motoristas e à segurança no trânsito POR

etor imprescindível para o desenvolvimento do país, o transporte depende da eficiência das suas empresas para entregar serviços de qualidade. A área é componente indissociável a todas as cadeias produtivas, permite o escoamento da produção e gera empregos. Para isso, contudo, requer profissionais capacitados, saudáveis e livres do uso de substâncias lícitas e ilícitas que possam comprometer o desempenho

S

DIEGO GOMES

de suas funções. Por esse motivo, profissionalismo e qualidade de vida têm sido os elementos norteadores das ações da Transjoi Transportes. A empresa de transporte rodoviário de cargas, que iniciou suas atividades em 1979 em Joinville (SC), especializou-se na movimentação de matérias-primas e produtos acabados, principalmente, para as indústrias de produção de metal, plástico, materiais químicos e de automa-

ção. Para tal, adota uma rígida política de combate ao uso de drogas e álcool entre seus quase 600 funcionários, do quais 200 são caminhoneiros. “Mesmo antes da lei que regulariza a profissão de motorista, a Transjoi já incluía em seus treinamentos a conscientização contra o uso de álcool e drogas. Porém, com o advento da Nova Lei dos Caminhoneiros, que direciona como a empresa deve proceder, transformamos esses procedimen-

tos em programas sistemáticos”, informa o gerente do Departamento de Recursos Humanos da empresa, Ezequiel Pereira. Ele explica que a Transjoi aplica, periodicamente, o teste de bafômetro em seus funcionários. “A regra é que todos os motoristas, incluindo operadores de empilhadeiras, devem se submeter diariamente à avaliação antes de iniciar suas atividades. Caso seja detectado teor de dosagem alcoólica,


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FOTO TRANSJOI/DIVULGAÇÃO

SEST SENAT

390 mil atendimentos O SEST SENAT desenvolve, periodicamente, ações e campanhas voltadas para a proteção e a recuperação da saúde dos profissionais do transporte. Nas unidades operacionais são oferecidos atendimentos psicológicos aos motoristas, com orientações sobre os riscos que a utilização de álcool e drogas pode trazer para a segurança do trânsito. Em todo o país, já foram realizados mais de 390 mil atendimentos. Os interessados podem procurar as unidades para agendar o atendimento, que é gratuito. Recentemente, o SESTSENAT firmou um acordo de cooperação com a Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), do Ministério da

um novo teste é aplicado após 15 minutos. Se o resultado persistir positivamente, o motorista não poderá seguir viagem, ficando suspenso do seu trabalho.” A empresa catarinense – que também atua no Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Espírito Santo, com uma frota de 180 veículos (sendo 120 carretas) – encara o “zelo pela vida” como fator crucial. “A segurança nas estradas não é somente para os nossos mo-

toristas, mas também para todas as pessoas que por elas transitam. É primordial termos a certeza de que nossos motoristas e veículos estejam em condições seguras para irem para as estradas”, emenda Pereira. Segundo ele, o combate ao uso de drogas e álcool transcende o tratamento individual já que se trata de uma questão que, quando não controlada, pode causar tragédias e envolver inocentes. “A boa

qualidade de vida começa quando cuidamos dela.” Em casos de identificação de um funcionário com problemas, a empresa dispõe de um programa de medicina e segurança do trabalho. Há também o acompanhamento psicológico que é opcional ou direcionado a esse grupo. São iniciativas e estratégias que vão além do Sesmt (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), previsto na

Justiça, para capacitar os psicólogos das unidades e aprimorar ainda mais o atendimento. Além disso, a instituição trabalha o tema em seus projetos nacionais, como o Comandos de Saúde nas Rodovias, desenvolvido em parceria com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o Transportando Saúde nas Cidades e o Saúde nos Portos. Anualmente, também é realizada a “Semana de Mobilização para o Combate ao Uso de Drogas e Álcool nas estradas”, no mês de agosto. Durante cinco dias, o SEST SENAT oferece palestras, blitze educativas e orientações sobre os riscos do consumo de drogas. www.sestsenat.org.br

CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A Transjoi também criou os programas Viagem Segura e Acidente Zero, que, segundo a empresa, contribuíram significativamente para melhorar a qualidade de vida dos seus profissionais. Regularmente são promovidas ações e palestras sobre temas voltados à saúde do trabalhador, como os malefícios do tabagismo e da importância da prática de atividades l físicas.


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REPORTAGEM DE CAPA

POR

DIEGO GOMES

fetivado no cargo de presidente da República após a aprovação pelo Senado do impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer tem, pela frente, dois anos e três meses para mudar o panorama socioeconômico do Brasil. Na agenda do governo, está a urgência de aprovar o ajuste fiscal e as reformas da Previdência, trabalhista e fiscal. A redução do desemprego e a busca por investimentos em infraestrutura foram citadas em sua fala já na primeira reunião ministerial. O presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Clésio Andrade, considera que o Brasil deu um grande passo ao confirmar Michel Temer na Presidência da República. Para ele, o Parlamento deu uma demonstração de aderência aos anseios das ruas. “A partir dessa decisão, a realidade do país muda significativamente. Temos um governo forte, com capacidade política, com capacidade de transformações. Sem dúvida, trará muitos resultados positivos nos próximos dois anos.” Clésio Andrade avalia que o novo governo tem propostas que abrirão a economia para o

E

capital privado e farão dos investimentos em infraestrutura o carro-chefe para a recuperação da economia, geração de empregos e melhoria da condição de vida dos brasileiros. Nesse sentido, já está em vigor o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), iniciativa que expande o programa de concessões públicas para áreas de infraestrutura e permite outras medidas de desestatização. Os empreendimentos incluídos no PPI estão sendo tratados como prioridade nacional por todos os agentes públicos de execução e controle nas esferas federal, estatal e municipal. Dentro do programa, o governo federal apresentou o novo projeto de concessões em infraestrutura de transportes, o Crescer (veja mais detalhes na página 24). Diante da definição do cenário político, a Confederação e os representantes do setor do transporte reforçam a necessidade de que a Agenda CNT para o desenvolvimento econômico do Brasil seja efetivamente colocada em prática. O Plano CNT de Recuperação Econômica foi entregue a Michel Temer, no primeiro semestre deste ano, com as propostas da área. Composto


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ABCR/DIVULGAÇÃO

Voltar a crescer Após efetivação na Presidência, Michel Temer tem o desafio de tirar o país da crise e aprovar as reformas; CNT tem propostas para a retomada do desenvolvimento econômico


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PALÁCIO DO PLANALTO/DIVULGAÇÃO

Durante primeira reunião ministerial após a efetivação do presidente Michel Temer, PPI ganha destaque

de três pilares, o documento prevê um Programa de Investimento em Infraestrutura para o período 2015-2018, tendo como base o último Plano CNT de Transporte e Logística; medidas de recuperação econômica e de geração de empregos, como as reformas tributária, trabalhista, política, previdenciária e administrativa; e implantação do Programa de Renovação de Frota, que institui uma política para renovar e reciclar a frota automotiva brasileira, especialmente de caminhões. Os estudos da CNT comprovam que o transporte e a logís-

tica são elementos primordiais para o desenvolvimento de um país. Por diversos anos, a infraestrutura e os serviços do setor de transporte foram considerados como partes secundárias nas políticas públicas de desenvolvimento do Brasil. “É essencial que se busque solucionar os problemas do transporte para que o setor deixe de representar um fator limitador e volte a atuar como catalisador do crescimento econômico brasileiro, alerta Clésio Andrade. Na proposta da CNT, destacam-se a importância de se aumentar a densidade e a qualidade da ma-

“Temos um governo forte, com capacidade política e de transformações” CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

lha e integrar com eficiência os diferentes modais. Para isso, estima-se a necessidade de investimentos de quase R$ 1 trilhão em 2.045 projetos de infraestrutura de transporte em todos os modais. O diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) e doutor em economia, Adriano Pires, considera que o maior desafio do governo é reduzir custos e aumentar receita. Para isso, ele defende o investimento criterioso em obras de infraestrutura. “É preciso promover concessões e privatizar empresas estatais de modo a atrair capital privado


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ARQUIVO CNT

Com uma nova frota, seria possível gerar mais de 280 mil empregos e aumentar a arrecadação de tributos

PROPOSTAS

Renovação da frota brasileira para aquecer a economia Prevista no Plano CNT de Recuperação Econômica entregue ao novo governo, a renovação da frota é uma medida com benefícios ambientais, econômicos e sociais. Veículos velhos poluem mais, gastam mais combustível, oferecem mais riscos ao trân-

de qualidade e financiamentos. O governo, por meio do PPI, tem sinalizado que entendeu o problema, e agora está em busca dos mecanismos. Tem que voltar a mostrar que vai respeitar contratos, ter uma postura menos intervencionista e populista e rever a atuação das agências reguladoras”, afirma Pires. Para ele, neste momento, é necessário que haja segurança jurídica de modo a deixar o papel de cada ente bem definido. “Não havia muita clareza sobre o papel do poder concedente, do concessionário e das agências. Outra questão é

sito. A expectativa é que a implantação do Programa de Renovação de Frota possa gerar pelo menos 285 mil empregos e ainda arrecadação de R$ 18 bilhões em tributos, contribuindo para o crescimento de 1,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Também de-

“Esperamos que Temer consiga tirar do papel as reformas para que o empresariado possa voltar a investir” ADRIANO DEPENTOR DIRETOR-PRESIDENTE DA JAMEF

ve reduzir o consumo de combustível em 18%, o que representa economia para o setor de transporte, além de proporcionar expressiva diminuição das emissões de poluentes. No Brasil, há um potencial enorme a ser reciclado. O pla-

no de recuperação da confederação indica que há 2 milhões de veículos apreendidos, compreendendo veículos completos e carcaças, segundo dados apresentados pela FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais).

a taxa de retorno. No governo anterior, havia uma preocupação enorme com a chamada taxa de retorno ‘patriótica’, controlando o ganho do investidor. Isso não atraía investidores efetivamente comprometidos. Agora, o concessionário fixará a taxa condizente com a sua realidade.”

retor-presidente da Jamef Encomendas Urgentes, uma das maiores empresas de transporte de carga do país, salienta que o novo governo precisa de uma política econômica que “traga de volta os quase 13 milhões de brasileiros que deixaram o mercado de trabalho”. Ele explica que sua empresa, para contornar o atual momento, precisou enxugar a estrutura e o quadro de empregados (cerca de 20% foram dispensados). “Mas estou otimista com os primeiros movimentos do governo Temer. Esperamos que ele consiga tirar do papel as reformas tão necessá-

Expectativa Responsável por 80% dos deslocamentos da produção brasileira, o setor rodoviário foi altamente impactado pela intensificação da crise nos últimos dois anos. Adriano Depentor, di-


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PPI

Projetos estratégicos O governo federal anunciou, em 13 de setembro, no âmbito do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), o projeto Crescer, que contempla quatro aeroportos, dois terminais portuários, duas concessões rodoviárias e três ferroviárias. Além disso, definiu as novas diretrizes para a elaboração das propostas, editais e regulação. O cronograma prevê, até o final deste ano, o lançamento dos editais de concessão dos aeroportos de Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Florianópolis (SC) e Fortaleza (CE), com leilões previstos para o primeiro trimestre de 2017. Os

rias para o empresariado voltar a investir, resolvendo principalmente a questão tributária.” “Esperança” é o termo utilizado por João Antonio Setti Braga, um dos sócios do Grupo ABC, em São Paulo, de transporte urbano de passageiros, para se referir ao atual momento. “O empresário precisa de um aceno para voltar a investir, especialmente o empresariado de serviços, que não tem medo e conhece o negócio. Os últimos anos foram muito difíceis principalmente no que diz respeito à justiça do trabalho, à Previdência e

mesmos prazos são estimados para dois terminais de combustíveis de Santarém (PA) (STM 04 e 05) e para o terminal de trigo do Rio de Janeiro (RJ). Para infraestrutura rodoviária, o governo planeja conceder a BR364/365/GO/MG e a BR101/116/290/386/RS, com publicação dos editais programada para o primeiro semestre e os leilões para o segundo semestre do ano que vem. Já no caso das ferrovias, devem ser leiloadas a EF-151/SP/MG/GO/TO Norte-Sul, a EF-170/MT/PA Ferrogrão e a EF-334/BA Fiol até o fim de 2017. (Por Natália Pianegonda)

à Receita Federal. Tudo precisa ser simplificado”, diz. Leis trabalhistas O setor do transporte é fortemente impactado pela legislação trabalhista. Considerados muito elevados, os encargos sociais oneram as empresas transportadoras que, em função das suas especificidades, geram grande demanda de mão de obra, com peso determinante na composição dos seus custos. “No Brasil, mesmo que a empresa pague todos os direitos trabalhistas ao empre-

Reformas Trabalhista e Previdenciária sã

gado, ela corre o risco de sofrer uma ação trabalhista, seja porque o empregado fica mais tempo do que deveria para arrumar outro emprego, seja porque vê na ação trabalhista a possibilidade de buscar mais direitos”, explica Narciso Figueroa Júnior, assessor jurídico da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística). A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) foi criada, nos anos 1940, a fim de proteger os direitos dos trabalhadores em uma sociedade essencialmente agrí-

cola. Ao longo do tempo, segundo especialistas em direito do trabalho, a legislação foi incorporando itens protecionistas. Com esse pano de fundo, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Ronaldo Nogueira, declarou que as propostas do governo para alterar a legislação brasileira serão encaminhadas ao Parlamento no próximo ano. “O principal objetivo é dar mais clareza nessa relação de contrato entre empregado e empregador. As mudanças não vão retirar direitos do trabalhador, mas sim aprimorá-los”,


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VITOR SÁ/CNT

CNT NA CHINA

Investimentos estrangeiros

ão prioridade do novo governo e reivindicações do setor de transporte

disse o ministro. Pela proposta que está sendo delineada, há a possibilidade de contratação por horas trabalhadas ou por produtividade (serviço específico), o que permitirá o vínculo do trabalhador com mais de uma empresa. Também prestigiará a negociação coletiva para tratar de temas como salário e tamanho da jornada dos trabalhadores – indicando que a CLT poderá ser flexibilizada nesse sentido. Por fim, contemplará a regulamentação de contratos de serviço especializado – a chamada terceiriza-

“É preciso promover concessões e privatizar estatais para atrair capital privado” ADRIANO PIRES, DOUTOR EM ECONOMIA

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) enviou uma comitiva à China, na primeira quinzena de setembro, para uma série de eventos que fizeram parte da primeira agenda internacional de Michel Temer como presidente do Brasil. Integraram a comitiva da CNT o diretor de Relações Internacionais, Harley Andrade, o diretor-executivo, Bruno Batista, o executivo do escritório da entidade na China, Jose Antunes, e o presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), Vander Costa. Algumas das atividades foram promovidas no âmbito do Seminário Empresarial de Alto Nível Brasil-China, cujo objetivo foi tratar de investimentos

ção. Atualmente, uma súmula do TST (Tribunal Superior do Trabalho) prevê que as empresas só podem subcontratar serviços para o cumprimento das chamadas atividades-meio, mas não atividades-fim. Almir Pazzianotto Pinto, exministro do Trabalho e ex-presidente do TST, defende a institucionalização da terceirização para todas as atividades das empresas. “As dificuldades desse tema foram muitas, mas o que precisamos deixar claro é que a terceirização não causa prejuízo, é a crise econômi-

estrangeiros que podem ser atraídos para o Brasil, especialmente na área de infraestrutura. “Na ocasião, buscamos mostrar que o Brasil, a partir de agora, terá segurança jurídica e um melhor ambiente de negócios para o capital das empresas do exterior”, disse Harley Andrade. A Confederação também participou de uma reunião reservada com o presidente Temer, ministros e empresários brasileiros. No encontro, um dos representantes da CNT na China, Vander Costa, salientou a importância de o Brasil ter um ambiente que estimule investidores estrangeiros a alocarem recursos no país, além de medidas para o crescimento sustentável da economia.

ca que é a grande inimiga da classe trabalhadora”, enfatiza Pazzianotto Pinto. Para Narciso Figueroa Júnior, a terceirização é um processo irreversível na economia mundial, e não é possível que essa pauta sofra tanta resistência do Poder Judiciário e que apenas uma Súmula do TST regule a matéria. “A terceirização de atividades-meio e atividades-fim é necessária para a sobrevivência de diversos setores da economia, inclusive para o transporte rodoviário de cargas”, completa.


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AGENDA CNT INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE

PRINCIPAIS GARGALOS E SOLUÇÕES DOS MODAIS

• Criação de um conselho gestor com autonomia para aprovar projetos de infraestrutura • Facilitação e apoio aos investimentos privados, nacional e estrangeiro

AÉREO Principais problemas • Deficiência na infraestrutura, reduzido número de aeroportos com voos regulares, necessidade de modernização do sistema de controle de tráfego aéreo

• Garantia de segurança jurídica dos contratos

• Ineficiência nas operações em aeroportos da Infraero

• Implantação do projeto de renovação e sucateamento de frota

Soluções propostas • São necessários R$ 24,90 bilhões para a solução dos entraves

• Desenvolvimento de um Plano Nacional de Transporte Integrado • Maior participação do setor produtivo nos processos decisórios relacionados à infraestrutura de transporte

• Aumento da capilaridade do transporte aéreo • Possibilidade de redução do preço da passagem, maior acesso ao transporte aéreo e melhor qualidade de vida da população

• Definição das competências de cada instituição envolvida no processo decisório do transporte

• Maior segurança no transporte de cargas e passageiros

• Desembaraço do processo de financiamento para o setor produtivo

• Redução do custo de viagem e reescalonamento de custos das empresas aéreas

• Padronização de editais e contratos de concessão

FERROVIÁRIO Principais problemas • Baixa densidade e pouca integração, diferença de bitolas, invasão de faixas de domínio e passagens em nível críticas

• Simplificação da legislação tributária com a redução da burocracia • Utilização da MIP (Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada) na estruturação de obras, projetos, estudos e levantamentos voltados à concessão de infraestrutura de transporte Fonte: Plano CNT de Recuperação Econômica

Novos critérios Uma das promessas do governo Temer, e pleito histórico do setor de transporte, é a reforma da Previdência Social, que vem registrando deficits consecutivos e crescentes. O governo deve enviar a proposta de mudanças ao Congresso ainda neste ano. Em 2015, o rombo foi de R$ 86 bilhões. Em 2016, a previsão é de

que chegue a R$ 149 bilhões e, em 2017, entre R$ 180 bilhões e R$ 200 bilhões. A intenção do governo é alterar a forma de cálculo das aposentadorias para estimular os trabalhadores a contribuírem por mais tempo. “A questão primordial e ideal seria sanar o rombo do INSS de forma inteligente e justa. Após isso, o sistema teria de ser revis-

• Burocracia sobre as questões do passivo da RFFSA Soluções propostas • Gargalos físicos: R$ 281,70 bilhões para a solução dos entraves

to, considerando de forma técnica o envelhecimento da população brasileira e a inversão da pirâmide social”, diz Carlos Heitor Campani, especialista em direito previdenciário do Instituto Coppead de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro. De acordo com ele, sem uma reforma que leve em consideração essas questões “de maneira sé-

ria e técnica”, corre-se o risco de se tornar um mero paliativo, fazendo com que a mesma discussão se reproduza em poucos anos à frente. Ele defende, contudo, que essas mudanças se deem de forma gradual. “A regra não pode mudar de supetão, caso contrário essa geração, próxima da aposentadoria, se sacrificaria mais do que as


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AQUAVIÁRIO Principais problemas • Carência de terminais fluviais e limitações de espaço, falta de manutenção dos canais de acesso e dos berços, insuficiência de acessos terrestres e ausência de eclusas • Rigidez da lei sobre tripulação, alto imposto de importação sobre embarcações, tributação do combustível • Excesso de burocracia na implantação de terminais, duplicidade de documentos exigidos nos portos, reduzido horário de funcionamento, dificuldade de acesso aos recursos do FMM Soluções propostas • São necessários R$ 121,09 bilhões para a solução dos entraves • Flexibilizar o Legislativo para a contratação de tripulação; permitir que o setor forme seus profissionais em centros a serem autorizados pela Marinha RODOVIÁRIO Principais problemas • Baixa densidade da malha, pouca integração com outros modais, reduzida extensão de pistas duplas, má qualidade das rodovias • Projetos executivos deficientes e inadequada manutenção. Soluções propostas • Necessários R$ 293,8 bilhões para adequação da infraestrutura • Investir na elaboração de projetos executivos de qualidade, realizar a manutenção da malha de forma continuada e eficiente

outras gerações. A fórmula do processo de transição dependerá do novo sistema previdenciário, mas acredito que deverá ser financiada pelo governo.” O diretor operacional de navegação da Aliança, empresa que atua no Sul do Brasil com exportação de fertilizantes, Ático Scherer propõe um debate abrangente sobre a Previdência no Brasil, e

não apenas sobre questões isoladas. Ele entende que, apesar de polêmico, o debate é necessário. “Propostas do tipo aumentar a idade mínima, desvincular os reajustes dos benefícios previdenciários do salário mínimo, o congelamento do salário mínimo e assim por diante precisam ser discutidas.” Em junho deste ano, a CNT, em

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MOBILIDADE URBANA Principais problemas • Reduzida extensão metroviária nas principais cidades brasileiras e baixa oferta de BRT, trens, metrôs e VLTs • Reduzido ritmo de implementação da Política Nacional de Mobilidade Urbana • Atrasos na realização das obras de mobilidade urbana no âmbito do PAC e reduzida qualidade das obras realizadas Soluções propostas • São necessários R$ 239,75 bilhões para a solução dos entraves • Incentivar a implementação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, cumprir prazos de execução e garantir a qualidade da construção das obras de mobilidade urbana TERMINAIS DE CARGA Principais problemas • Reduzido número de terminais de carga • Conflitos de interesse entre municípios, Estados e União no que se refere à instalação dessas infraestruturas Soluções propostas • São necessários R$ 25,86 bilhões para a solução dos entraves • Definir competência para a liberação da construção e operação de terminais entre municípios, Estados e União

parceria com outras confederações, apresentou proposta de uma reforma profunda na Previdência. Entre elas estão a desvinculação da assistência social do setor previdenciário, a retirada de regras diferenciadas de aposentadorias, bem como o estabelecimento de idade mínima para a obtenção do benefício. “Também temos que definir modelos inteligentes de cus-

teios, prever alguns mecanismos compensatórios para as pessoas jurídicas. Por exemplo, a desoneração da folha de pagamento do transporte precisa continuar. As empresas transportadoras não conseguem pagar a Previdência em função da quantidade de funcionários. Isso desestimula a geração de empregos”, declara Clésio l Andrade.


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A fotógrafa Mariana Dutra Guedes perdeu os movimentos das pernas após um acidente, pela falta do uso do XXX

arnaval de 2015. A fotógrafa Mariana Dutra Guedes viajava com os amigos para a Chapada dos Veadeiros, a 200 quilômetros de Brasília. A empolgação da jovem de 22 anos para aproveitar o feriado prolongado foi frustrada depois de um grave acidente que mudou a vida dela. Mariana estava no banco de trás e não usava cinto de

C

segurança. O motorista perdeu o controle da direção, e o carro saiu da pista a 80 km/h, capotando três vezes. Na primeira, ela bateu a cabeça no teto. Na segunda, foi arremessada para fora. Na terceira, o carro caiu em cima dela. A fotógrafa fraturou a coluna cervical, quebrou cinco vértebras e perdeu os movimentos das pernas. “Se eu estivesse com o cinto,

talvez eu não teria sofrido nada”, lamenta. O motorista e o outro passageiro, que estavam com o equipamento de segurança, saíram ilesos. Mariana é um dos personagens que ilustram a importância da Semana Nacional de Trânsito, realizada entre 18 e 25 de setembro em todo país, para orientar motoristas, passageiros, pedestres, ciclistas e motociclistas sobre medidas fundamentais de prevenção de acidentes. O

tema deste ano, definido pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito), foi “Eu sou + 1 por um trânsito + seguro”. A abordagem acompanha a “Década Mundial de Ações para a Segurança do Trânsito – 2011/2020”, definida pela ONU (Organização das Nações Unidas). “Campanhas como essa são fundamentais para conscientizar as pessoas sobre a importância de mudarem o compor-


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FOTOS VITOR SÁ/CNT

SEGURANÇA

Mudança de atitude Revista CNT ouve relatos de passageiros e motoristas que adotaram novas posturas no trânsito após passarem por experiências ruins

o cinto de segurança no banco traseiro POR EVIE

tamento”, avalia Mariana. Atualmente, um ano e meio após o acidente, ela ainda faz sessões diárias de fisioterapia e eletroestimulação; e começa a retomar outras atividades. Voltou a dirigir, com carro adaptado, e a trabalhar como fotógrafa. Em setembro, participou da abertura da Paralimpíada conduzindo a tocha olímpica. “Foi uma sensação inexplicável.”

Hoje, Mariana sempre utiliza o cinto de segurança, mesmo quando está no banco de trás. Nesta reportagem, a revista CNT Transporte Atual mostra outros casos de pessoas que mudaram de atitude após passarem por experiências negativas e de motoristas que têm uma conduta correta na direção. Anualmente, é registrado 1,25 milhão de mortes em todo o mundo em decorrência de

GONÇALVES

acidentes de trânsito. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), os custos globais são estimados em US$ 1,850 trilhão ao ano (cerca de R$ 6 trilhões). Pedestres, ciclistas e motociclistas são a população mais frágil e representam 50% das vítimas. Além disso, as ocorrências correspondem à primeira causa de óbitos entre jovens de 15 a 29 anos.

O Brasil contabiliza cerca de 40 mil mortes no trânsito por ano. Só em 2014, segundo o Ministério da Saúde, o gasto total do SUS (Sistema Único de Saúde) com acidentes foi superior a R$ 194 milhões, incluindo despesas que vão desde pequenos atendimentos nos hospitais públicos até internações ou cirurgias. O custo social é bem maior, conforme o Ipea (Instituto de


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REFERÊNCIA

Motorista de 72 anos nunca foi multado Embora o número de infratores seja alto em todo país, há bons exemplos no trânsito. É o caso de Osvaldir Lúcio da Fonseca. Aos 72 anos de idade e 48 de profissão (todos exercidos na empresa Expresso São Geraldo), o motorista do transporte rodoviário de passageiros nunca recebeu multas. “As regras existem para serem seguidas. Se eu andar dentro da lei, dificilmente serei punido”, ressalta.

Pesquisa Econômica Aplicada). Ano passado, foi equivalente a R$ 40 bilhões. O valor envolve os gastos do SUS e o quanto as pessoas mortas ou acidentadas deixaram de produzir e de gerar riquezas para o país, além dos impactos com a Previdência Social. Mais da metade dos acidentes no Brasil (51,1%) ocorre entre os jovens de 15 a 29 anos. A estudante C.P. (que pediu

Para Fonseca, a impaciência, a intolerância e a pressa tornaram-se grandes vilãs, causando acidentes e mortes. Ano passado, o condutor presenciou uma batida que resultou em cinco óbitos no Maranhão. “A imagem não sai da cabeça. Fiquei chateado por bastante tempo. E esse foi apenas um dos casos que presenciei nesses anos de habilitação.” Fonseca considera que

“Passei a andar com a velocidade reduzida para não ser surpreendido” DOALCEI GONÇALVES, CAMINHONEIRO AUTÔNOMO

hoje muitos motoristas aproveitam a alta tecnologia dos veículos para trafegarem em velocidades elevadas. “Eu, entretanto, não me importo com isso. Sempre que saio para uma viagem, penso que tenho uma família que espera que eu volte para casa.” Ele fez curso de direção defensiva no SEST SENAT e considera que a instituição tem um ótimo papel na formação dos condutores.

para não ser identificada), de 26 anos, passou por uma situação traumática devido ao uso de um smartphone enquanto dirigia. No começo do ano, ela saía de casa para ir à academia e falava com uma amiga pelo aplicativo WhatsApp. Distraída, enquanto enviava um áudio, a jovem não percebeu que uma via estava interditada para obras. O motorista da frente freou

bruscamente. Com a pista molhada por uma forte chuva, C.P. não conseguiu desacelerar e bateu na traseira do veículo. Em seguida, outros dois carros também colidiram, causando um engavetamento. “O fato de eu estar usando o celular foi determinante nesse acidente. Se eu estivesse focada na direção, estaria com as duas mãos ao volante e mais atenta”, afirma C.P., que não teve ferimen-


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XXX No Brasil, são registradas cerca de 40 mil mortes no trânsito por ano, segundo o Ministério da Saúde

tos graves, mas sentiu muitas dores no joelho. Após o acidente, a estudante modificou sua maneira de dirigir. “Fiquei bem receosa de usar o celular enquanto estou ao volante. Além disso, quando está chovendo, mantenho sempre o estado de alerta.” Lei Seca Outro fator gravíssimo que causa acidentes de grandes dimensões é a combinação

“Se eu estivesse com o cinto, talvez eu não teria sofrido nada” MARIANA GUEDES, FOTÓGRAFA

álcool e volante. Dados do Ministério da Saúde apontam que, no ano passado, 5,5% da população das capitais do país declararam que dirigiam após o consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica. O auxiliar cirúrgico Diego Moori é um exemplo de motoristas que já desrespeitaram a Lei Seca e foram punidos. Em menos de um ano, foi parado em duas blitze. Além de

multa, teve a carteira suspensa, em 2010, e perdeu o direito de dirigir por dois anos. Moori – que já havia recebido dez multas por excesso de velocidade, estacionamento indevido e ultrapassagem de semáforo vermelho – reconhece que foi imprudente. Ele afirma que passou a adotar outros hábitos no trânsito. “Hoje, não dirijo acima de 70 km/h em qualquer pista.” E quando ingere alguma bebida


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SEMANA NACIONAL DE TRÂNSITO

Mobilização no SEST SENAT Em sintonia com a Semana de Trânsito, o SEST SENAT participou do evento nacional com programações nas suas 147 unidades. Blitze educativas foram feitas em parceria com órgãos locais para a realização de jogos de trânsito, atrações culturais e musicais, campanhas nas redes sociais, distribuição de panfletos e brindes, além de veiculação de spots em rádios e anúncios em jornais locais sobre o tema. A unidade de Picos (PI) fez uma blitze com a Polícia Rodoviária Federal para conscientizar motoristas sobre um trânsito mais seguro nas rodovias. Segundo Sergiano Alves, coordena-

alcoólica, prefere usar táxi ou o transporte público. Prejuízos Os acidentes de trânsito também podem causar outros prejuízos aos motoristas. Em junho deste ano, o caminhoneiro autônomo Doalcei Gonçalves ia de Curitiba (PR) a Londrina (PR). Era noite e a pista estava em obras. O caminhão da frente parou brusca-

dor de desenvolvimento profissional, “a intenção foi ressaltar a importância de cada motorista para uma boa convivência no trânsito”. Em Foz do Iguaçu (PR), houve palestra ministrada por técnicos de trânsito do Detran (Departamento de Trânsito). A unidade Jardim Vitória, em Belo Horizonte (MG), realizou a palestra "Educação no Trânsito". Em São Luís (MA), houve caminhada na avenida Litorânea, em parceria com diversos órgãos de trânsito locais. A unidade também ofereceu palestras sobre segurança viária para alunos da rede pública de ensino, mototaxistas e motofretistas.

mente. Como ele mantinha uma distância relativa, não chegou a colidir. Entretanto, o motorista que vinha atrás bateu a 50 km/h. Ninguém se machucou gravemente, mas os danos aos veículos e à mercadoria embarcada foram altos. Gonçalves perdeu parte das 30 toneladas de carga fracionada, e o outro motorista perdeu o cimento que transportava.

Motoristas durante a Semana de Trânsito na Unidade


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LEGISLATIVO

Reforma do CTB em breve A Comissão Especial de Reforma do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) deve votar um texto consolidado com todas as propostas recebidas pela Câmara dos Deputados para alterar a legislação até o fim do ano. No total, 150 projetos de lei já foram apresentados à Casa e apensados ao PL 8.085/2014. O relator, deputado Sérgio Brito (PSD/BA), apresentou um relatório preliminar acatando algumas sugestões e rejeitando outras. O próximo passo é a realização de cinco reuniões regionais em todo o país para que o projeto re-

ceba sugestões e críticas. Entre os temas que serão analisados está o projeto que prevê equipamentos obrigatórios para veículos, como câmeras de marcha à ré, testes de colisão lateral e dispositivos sonoros. Há também propostas sobre o agravamento de penalidades, regulamentação do Uber e punição aos motoristas que dirigem falando ao telefone celular. Deputados pretendem ainda tornar obrigatória a oferta de assentos infantis nos ônibus, além de quererem vincular a placa de identificação do veículo ao proprietário.

Distraída, motorista C.P. sofreu acidente após dirigir falando ao celular XXX

UNIDADE JARDIM VITÓRIA/DIVULGAÇÃO

e Jardim Vitória, em Belo Horizonte (MG)

Todas as

147

unidades do SEST SENAT participaram de ações

Segundo Gonçalves, também houve o transtorno de ficar parado na rodovia esperando um guincho e o risco de uma nova colisão. “Na viagem seguinte, fiquei receoso de me envolver em outro acidente. Depois do episódio, redobrei a atenção e comecei a andar com velocidade reduzida para não ser surpreendido por simples detalhes, como uma árvore na pista. Também passei a tentar

prever riscos, sobretudo em descidas. Antes, eu costumava descer em rodovias a 80 km/h. Agora, o máximo é 65 km/h.” O acidente também levou o caminhoneiro a buscar o aperfeiçoamento profissional em cursos do SEST SENAT. “Acho as aulas muito úteis. O motorista precisa estar sempre se capacitando para dirigir de forma adequada e segura”, alerl ta Gonçalves.


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RODOVIÁRIO

Regulamentar para avançar Marco regulatório do setor rodoviário é discutido na Câmara dos Deputados; novas regras devem orientar transportadores de carga de todo o país POR

esponsável por cerca de 60% da carga movimentada no país, o transporte rodoviário ainda carece de normas definidas e padronizadas de atuação. As regras mais atualizadas são de 2007 (Lei nº 11.442/07) e, ainda assim, itens essenciais à pauta dos transportadores não estão contem-

R

EVIE GONÇALVES

plados na legislação. Pensando em dar mais clareza ao setor, empresários se reuniram, no fim de agosto, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), para tratar do novo marco regulatório para o transporte rodoviário de cargas. O Projeto de Lei nº 4.860/16 está em discussão desde

março em uma comissão formada especificamente para debater o tema. Mais de 50 emendas já foram apresentadas ao texto, que ainda deve ser modificado e referendado na própria comissão e em plenário. “É um marco que vai indicar até onde podemos ir e o que podemos fazer. O nosso setor não tinha regramento até

pouco tempo atrás”, explica o presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), José Hélio Fernandes. Para o presidente da Fetransul (Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul),


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PIXABAY/DIVULGAÇÃO

Paulo Vicente Caleffi, o transporte rodoviário de cargas é fundamental para o país e, por isso, merece ter um marco regulatório à altura. “Este país é rodoviarista. O trem não chega ao supermercado, o navio não chega à cidade e o avião fica no aeroporto. Nós somos responsáveis por grande parte do que circula no

Brasil e não tínhamos com quem dialogar. Agora teremos”, afirma Caleffi. Apesar de serem vistos com bons olhos pelo setor, vários pontos do novo texto ainda estão em discussão por falta de consenso entre empresários e parlamentares. O primeiro deles diz respeito ao exame toxicológico. A legislação atual obriga o

teste na admissão e na demissão dos funcionários. Algumas empresas sugerem, entretanto, que ele seja facultativo nessas ocasiões e que seja compulsório somente para os testes periódicos durante a permanência do empregado na empresa. Outra questão refere-se à obrigatoriedade de contratação de pessoas com deficiên-

cia, prevista na lei das cotas, que varia entre 2% e 5%, dependendo do número de funcionários de cada empresa. De acordo com o assessor jurídico da NTC&Logística, Marcos Aurélio Ribeiro, várias empresas não conseguem cumprir a legislação devido à especificidade da profissão do motorista, que precisa de


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plenas condições físicas e mentais para exercer suas atribuições. “Algumas empresas possuem grande quantidade de motoristas e uma área administrativa pequena. Como cumprir o percentual previsto em lei? A nossa proposta é que essas atividades sejam excluídas da base de cálculo”, sugere. A polêmica também se estende em relação ao tempo de parada dos motoristas. O artigo 12 do projeto de lei prevê que o prazo máximo para carga e descarga seja de cinco horas, contadas da chegada do caminhão ao endereço de destino. Após esse período, será devido ao transportador (autônomo ou empresa) o valor de R$ 1,38 por tonelada/hora ou fração excedente. Para o presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, o tempo de estadia é essencial ao transportador. “Se existe prazo para navios e trens, por que não pode existir para os caminhões? As regras precisam ser corrigidas”, diz. O setor defende, entretanto, exceções no caso de determinadas car-

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“É o marco que vai indicar até onde podemos ir e o que podemos fazer” JOSÉ HÉLIO FERNANDES, PRESIDENTE DA NTC&LOGÍSTICA

gas, como os produtos perigosos. Nessas situações, as especificidades seriam previstas em contrato. A implantação de pontos de parada nas rodovias também é tema de discussão. A Lei do Motorista prevê que, após cinco horas e meia de trabalho, os profissionais são obrigados a descansar por pelo menos 30 minutos. O projeto de lei em análise defende o intervalo em

O exame toxicológico foi

ambientes específicos e diz que o poder público apoiará, em caráter permanente, a implantação pela iniciativa privada de locais de espera, pontos de parada e de descanso. Os empresários querem incluir restaurantes e postos de gasolina como locais apropriados para o repouso. Para o presidente da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de

Carga) Luiz Henrique Baldez, os locais alternativos são necessários, mas os pontos de parada devem ser incentivados. “Não é possível que um país com essa dimensão não possa construir pontos que a iniciativa privada tenha interesse. Precisamos de investimento de curto prazo.” O projeto também estabelece, por meio de alteração no Código Penal, punição mais rigorosa para os crimes de roubo e receptação de cargas. “Queremos dei-


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JÚLIO FERNANDES /NTC&LOGÍSTICA/DIVULGAÇÃO

DEMANDAS DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS Principais pontos do marco regulatório • Exame toxicológico facultativo na admissão e demissão dos funcionários • Fim da obrigatoriedade de contratação de 2% de pessoas com deficiência • Tempo de parada acima de cinco horas para determinadas cargas • Incentivo à construção de pontos de parada pela iniciativa privada • Possibilidade de descanso em lugares alternativos, como restaurantes, postos de gasolina ou cidades específicas • Punição mais rigorosa para os crimes de roubo e receptação praticados contra prestadores do serviço de transporte rodoviário de cargas • Possibilidade de algumas empresas serem classificadas como de pequeno porte • Distinção entre transporte por conta de terceiros e mediante remuneração e o transporte de carga própria • Obrigatoriedade de novos seguros, como o contra desvio de cargas e o de responsabilidade sobre terceiros Fontes: PL 4.860/16 e NTC&Logística

um dos pontos debatidos durante seminário na Câmara dos Deputados

xar claras as obrigações dos embarcadores e transportadores e precisamos definir de forma precisa como a atividade será exercida”, ressalta José Hélio Fernandes, da NTC&Logística. Os empresários também pretendem corrigir distorções em relação às cooperativas. Para o setor, apenas pessoas físicas e autônomas poderiam integrá-las, e não empresas, como ocorre atualmente, o que acaba colocando as cor-

porações em situações de desigualdade, uma vez que umas pagam mais tributos que outras. O documento também deve permitir aos autônomos que possuam até quatro veículos criar uma empresa de pequeno porte, a ser subcontratada por grupos maiores. Atualmente, a subcontratação só vale para os autônomos. O marco regulatório distingue ainda o transporte por

“O setor é responsável por grande parte do que circula no país” PAULO VICENTE CALEFFI, PRESIDENTE DA FETRANSUL

conta de terceiros e mediante remuneração e o transporte de carga própria, seja por empresas, pessoas físicas ou cooperativas. Outro aspecto refere-se à ampliação dos seguros obrigatórios, incluindo-se a cobertura contra desvio de cargas e a de responsabilidade sobre terceiros. Ainda não há previsão de quando o projeto de lei será apreciado no plenário da Câmara dos Deputados. l


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LOGÍSTICA

Operação que agrega valor Atuação de operadores logísticos é fundamental para reduzir riscos e custos; setor, contudo, é comprometido com burocracia e precisa de regulamentação POR

ntre os grandes desafios do empresariado moderno, está o de manter o crescimento e a lucratividade, especialmente em períodos de retração econômica. Nesse sentido, uma logística eficiente pode ser o caminho para possibilitar a sustentabilidade dos negócios, pois colabora com a redução de custos e com o aumento do nível de serviço, cria eficiência e pode aju-

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dar a atrair novos clientes. Os custos logísticos representam parte importante das despesas de muitas corporações e têm impacto relevante nos resultados financeiros. De acordo com o Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain), os gastos com logística representam, em média, 7,6% da receita líquida das empresas, considerando custos com transporte, estoque e armazenagem.

Para mover e armazenar materiais e distribuir produtos, são necessários espaço, equipamentos, mão de obra e cada vez mais soluções tecnológicas. É nesse território que se inserem os operadores logísticos, também conhecidos no setor como OL. Trata-se de companhias externas contratadas para realizar funções de gestão e distribuição dos materiais de determinada empresa. “Um OL,

aqui no Brasil ou em qualquer outro país, é um integrador dos muitos elos da cadeia logística de valor. Pode ter ativos ou trabalhar com ativos de terceiros. Pode dedicar-se a uma ou mais atividades, atuando, portanto, com um ou mais contratos de prestação de serviços. Pode atuar nas próprias instalações ou nas dos seus clientes embarcadores, tomadores do serviço logístico”, explica Cesar


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FOTOS PIXABAY/DIVULGAÇÃO

Meireles, diretor-executivo da Abol (Associação Brasileira de Operadores Logísticos), entidade que ingressou, neste ano, na CNT. Os operadores logísticos têm grande relevância econômica e reivindicam a regulamentação da sua atuação para que possam prestar um serviço ainda mais eficiente. São cerca de 150 empresas no Brasil. Segundo a Abol, é uma área que

gera receita bruta em torno de R$ 44 bilhões anuais. A arrecadação de tributos e encargos é superior a R$ 9 bilhões por ano, com geração de mais de 250 mil empregos diretos. De forma indireta, são mais de 450 mil empregos na atividade. Uma logística eficiente pode impactar de maneira positiva a rentabilidade de uma empresa, agregando valor ao negócio e ao cliente e, inclusive, maximi-

zando os lucros. Uma logística ineficiente, em contrapartida, é uma preocupação constante de muitos empresários e pode comprometer os negócios. Toda atividade econômica, contudo, precisa ter regras claras, dispor de marco regulatório que caracterize suas funções, que estabeleça sua plataforma de atuação, sob os aspectos fiscais, tributários, trabalhistas, previdenciários e sindicais. Se

não há esses dispositivos legais, o resultado é a insegurança jurídica. De acordo com Celso Queiroz, vice-presidente de Operadores Logísticos da Abralog (Associação Brasileira de Logística), o Brasil enfrenta problemas de elevada e complexa carga tributária, excessiva burocracia e infraestrutura logística defasada. “Tudo isso interfere no desempenho logís-


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tico, que é fazer um fluxo de produtos e de informação sair de um lado e chegar a outro. Na economia globalizada, tudo passou a ser fluxo. A indústria é somente um ponto de passagem desse fluxo. Tudo o que atrapalha esse fluxo passa a ser gargalo”, explica. Regulamentação Atualmente, está sendo discutido um anteprojeto de lei na Câmara dos Deputados que regulamenta a atuação dos operadores logísticos. “Acreditamos que isso possa nos levar a um projeto de lei que bem defina o setor e suas atividades econômicas, permitindo, em boa parte, que os problemas regulatórios sejam mitigados ou resolvidos”, comenta Meireles. Na avaliação do diretor executivo da Abol, caso não haja essa regulamentação, o setor terá de recorrer a organismos internacionais a fim de estabelecer a CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica) do OL em nível mundial. Hoje, o que acontece é que, como o operador logístico não dispõe de uma CNAE específica, ele precisa se adequar às

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classificações das diferentes atividades econômicas envolvidas na sua atuação. Competitividade Sobre o desempenho na área de logística, o Brasil subiu dez posições no ranking do Banco Mundial, ficando na 55ª posição em 2016. O levantamento tem a Alemanha em primeiro lugar, seguida por Holanda, Bélgica, Finlândia e Singapura. Apesar da melhora, está atrás de outros países emergentes, como a Índia (35º) e a China (27º), e países vizinhos, como Chile (46º) e Panamá (40º). O levantamento é divulgado a cada dois anos pelo Banco Mundial e leva em conta seis fatores, como a infraestrutura das rodovias e portos, procedimentos alfandegários, prazos de entrega e eficiência de rastreamentos. Em 2014, o Brasil ficou em 65º. “O país investe pouco e, quando o faz, há baixa competência. Nos últimos sete anos, investimos cerca de 0,8% ao ano do PIB em infraestrutura logística. Países como o Chile e a Colômbia investem em média 4% a 8% do PIB. Para

“Um operador logístico é um integrador dos muitos elos da cadeia de valor” CESAR MEIRELES, DIRETOR-EXECUTIVO DA ABOL

rompermos com o atraso e vermos modernizada a logística de transportes no Brasil, igualando-nos aos nossos pares, precisaríamos investir 3% do PIB por ano nos próximos dez anos (cerca de R$ 1,7 trilhão). Não é à toa que, ao longo das cinco edições da avaliação do Banco Mundial, a melhor marca alcançada pelo Brasil foi em 2010, quando estivemos na 41ª posição”, explica Meireles.

Multimodalidade A logística como prioridade na formulação de políticas públicas de longo prazo, realizando investimentos continuados para estabelecer níveis elevados de competitividade. Sob essa premissa, o investimento na multimodalidade, que é a integração racional dos modais, eleva a produtividade e maximiza a competitividade da produção dos países. “Isso porque, com o uso adequado dos


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Brasil ocupa a 55ª posição no ranking do Banco Mundial sobre o desempenho na área de logística

modais, chega-se ao equilíbrio da matriz de transporte, fazendo uso correto e econômico de rodovias, ferrovias, hidrovias, navegação de cabotagem, dutovias e transporte aéreo”, explica o diretor executivo da Abol. O Brasil, ao longo dos últimos dez anos, segundo estudos do ILOS, vem regredindo na sua matriz de transporte, evidenciando o uso crescente da rodovia, o tímido uso do seu poten-

cial ferroviário, hidroviário e da navegação de cabotagem. “O uso excessivo de rodovias, em detrimento de outros modais, deteriora as vias, acelera a depreciação dos veículos, acentua o índice de acidentes (e mortes) no trânsito, entre outras questões de impacto negativo à economia do país. Mas há aqui uma questão relevante a ser pontuada”, pondera o vice-presidente da Abralog. Na percepção de Celso

Queiroz, o fato de o Brasil ter uma matriz de transporte desbalanceada não significa, necessariamente, que o país disponha de rodovias suficientes e de boa qualidade para atender à extensão territorial do país. “Mesmo sob uma matriz rodoviária, temos baixa densidade de rodovias (km de rodovia por Km2 de área territorial). Enquanto dispomos de 185,7 km de rodovia por 1.000 km2 de área territorial, os EUA

dispõem de 3,6 vezes mais; a Índia de 5,4 vezes; a França, 9,8; e o Japão, 17,1 vezes mais do que o Brasil. O pior é que dos 1,7 milhão de km de rodovias existentes no país, apenas 11% deles são pavimentados”. Desse total, segundo a última Pesquisa CNT de Rodovias, 29,3% estão ruins ou péssimas; outros 33,4% são regulares e apenas 37,7% são satisfatórias, essas, hegemonicamente, nas regiões Sudeste e l Sul.


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AÉREO

Acessibilidade aos passageiros Jogos Paralímpicos mudam panorama do setor aéreo brasileiro e contribuem para melhor atendimento a pessoas com necessidade de assistência especial POR

setor aéreo brasileiro passou pelo maior desafio de acessibilidade da sua história. Entre agosto e setembro, o Brasil recebeu aproximadamente 4.000 atletas paralímpicos, provenientes de 90 países, que participaram dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Os voos e aeroportos brasileiros, especialmente o Galeão, no Rio de Janeiro, colocaram à prova todo

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DIEGO GOMES

o trabalho de adaptação para receber o contingente recorde de PNAEs (Passageiros com Necessidade de Assistência Especial). Ao longo de 11 dias, a cidade maravilhosa se tornou a capital do paradesporto, o que despertou a atenção de autoridades, gestores e companhias aéreas para a necessidade de garantir o direito inalienável de ir e vir a todas as pessoas. O resultado desse processo

deu origem a um novo padrão de conforto e atendimento humanizado. Segundo Paulo Possas, diretor de Gestão Aeroportuária do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o estabelecimento da rotina dos terminais com a profissionalização de procedimentos de acessibilidade só foi possível por meio do investimento em recursos humanos. “Esse é o legado fundamental do evento

para o setor aéreo: a humanização das regras, junto com as entregas de infraestrutura e o olhar treinado para tratar o passageiro como ser humano único que é.” Na avaliação do diretor, a Paralimpíada já é considerada um marco, no setor, pelo seu efeito multiplicador de experiências e de novas operações em todo o Brasil. Diversos procedimentos e medidas de acessibilidade foram


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MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL/DIVULGAÇÃO

adotados para que o passageiro com dificuldade de locomoção seja recebido da maneira confortável e segura. Além da manutenção de regras existentes – como o atendimento prioritário no check-in, raio-x e embarque –, foram implantadas novas medidas, como a criação de estações de parada e alívio para cães-guia dentro dos terminais. Também foram compostas equipes especializadas na reti-

rada de cadeiras de rodas dos porões das aeronaves e ônibus adaptados com plataforma elevatória ou rampa de acesso. A adaptação da altura dos balcões das companhias aéreas e a identificação de cadeiras de rodas ou equipamentos de "ajuda técnica" – como bengalas, por exemplo – agora têm etiquetas com número do assento e nome do passageiro para agilizar a entrega. Quando o passageiro

não puder passar pelo pórtico do raio-x, no canal de inspeção, seja por possuir algum dispositivo implantado ou por estar em cadeira de rodas, ele será conduzido a um acesso alternativo. O transporte de pessoas com deficiência é uma operação complexa, a qual exige que a informação flua de maneira muito eficiente. “Muitas melhorias foram implementadas no transporte aéreo, principalmen-

te após a publicação da Resolução nº 280/2013 da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) – que normatiza algumas ações relacionadas à acessibilidade na aviação – e também por meio das ações das próprias empresas áreas brasileiras, que viram nas Paralimpíadas uma oportunidade para melhorar a acessibilidade no setor e deixar um legado para esse público”, comenta Ronaldo Jenkins, dire-


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TÂNIA REGO/AGÊNCIA BRASIL

Delegação paralímpica brasileira desembarcando no Aeroporto do Galeão

tor de segurança e operações de voo da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). Jenkins explica que o passageiro com alguma dificuldade de locomoção precisa comunicar à companhia aérea que avisará à operadora aeroportuária. A partir de então, equipamentos de acessibilidade e equipes de atendimento do próprio aeroporto estarão disponíveis, e as autoridades de controle do espaço aéreo poderão liberar uma posição que tenha acesso aos fingers no momento da saída do voo. Segundo o diretor da Abear, tal medida também permite “alinhar com os colaboradores para que as pontas estejam cientes de toda a operação que será envolvida para o transporte do passageiro”. Experiência bem-sucedida O RIOgaleão se preparou, por mais de um ano, para receber os atletas das Paralimpíadas Rio

RIO 2016

Recorde de pontualidade na Paralimpíada A pontualidade dos voos operados pelas companhias aéreas brasileiras durante os Jogos Paralímpicos Rio 2016 alcançou a marca recorde de 95,3%, superando o desempenho do setor aéreo na Olimpíada (94,8%) e na Copa do Mundo de Futebol de 2014 (91,2%). O resultado também ficou acima do registrado pelo transporte aéreo na Paralimpíada de Londres 2012 (89,9%). Os dados foram divulgados pelo Ministério dos

Transportes, Portos e Aviação Civil e foram apurados entre os dias 1º e 19 de setembro, considerando voos pontuais que partem em até 30 minutos do horário programado. Somente no Aeroporto Internacional do Galeão foi registrado um movimento de 3.300 cadeirantes no período. Em apenas um dia, o terminal chegou a embarcar mil cadeirantes, sendo que a sua média diária é de 70 passageiros em cadeiras de rodas. Foram

95,3%

transportadas 9.200 bagagens da chamada “família olímpica” entre os dias 18, 19 e 20 de setembro, da área de check-in remoto da Vila dos Atletas para o Galeão, por meio de 68 caminhões. No total, os nove aeroportos envolvidos na Paralimpíada registraram um movimento de 6,5 milhões de pessoas, com 28,2 mil decolagens nos 20 primeiros dias de setembro, o equivalente a uma média diária de 2.500 partidas.

89,9%


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2016. Foram instaladas plataformas de acessibilidade para elevação de cadeiras de rodas, bem como houve capacitação das equipes operacionais em Libras (Língua Brasileira de Sinais), adequação da largura das vagas de estacionamento a 45 graus e espaço adicional para cadeira de rodas, adequação de banheiros nos dois terminais de passageiros. Além disso, foi disponibilizado hotel na área internacional, com quartos adaptados. Nos restaurantes da área comercial, foram implementados cardápios em braile. “Todas as mudanças e modernizações de infraestrutura realizadas no RIOgaleão são um legado não só para os terminais, mas também para a cidade e para os cariocas, que passam a contar com um aeroporto de padrão internacional, totalmente acessível e à altura do que merecem”, afirma Simone Mendonça, gerente de terminais da concessionária. Alguns usuários já percebem as mudanças estruturais no terminal do Rio. O paraibano José da Silva, 28, cadeirante, tem o hábito de viajar bastante pelo Brasil de avião. De passagem pelo Rio com sua família, por ocasião dos jogos paralímpicos, ele diz que a melhoria na aces-

sibilidade é notória. “Frequento o Galeão há anos e, depois da reforma, posso afirmar que consigo me locomover com mais autonomia e segurança. Espero que todos os aeroportos do Brasil se inspirem nesse modelo.” Essa é a mesma percepção do carioca Alen Garcia, 70. Acompanhado de um grupo de idosos, ele considera que o terminal está mais acessível para pessoas com locomoção reduzida: “As mudanças facilitaram bastante a nossa vida. Mas isso não pode se restringir apenas a aeroportos. Todas as instalações públicas devem priorizar essa questão”. No aeroporto de Guarulhos (SP), além de treinamento oferecido ao quadro de colaboradores do terminal, houve distribuição de equipamentos de mobilidade nos Terminais 2 e 3 (cadeiras de rodas e ambulift – veículo adaptado com uma plataforma elevatória para efetuar o embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida). No aeroporto Santos Dumont (RJ), a operação, agora, conta com a disponibilidade de tecnologias assistivas - o embarque e desembarque de PNAEs tem apoio da Guarda Municipal no meio-fio e a equipe foi treinada em Libras.

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GUIAS

Regras garantem igualdade Os principais direitos e as orientações a passageiros com necessidade de atendimento especial estão reunidos em documentos voltados para o setor aéreo. Uma cartilha lançada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) – Guia de Direitos e Acessibilidade do Passageiro – esclarece as responsabilidades e os deveres das administrações aeroportuárias e das companhias aéreas na garantia do atendimento aos passageiros em todas as fases da viagem. O documento define passageiros que necessitam de assistência especial, como aqueles com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes, pessoas acompanhadas por criança de colo e pessoas com mobilidade reduzida. Também estão incluídos casos em que haja necessidade de algum serviço para minimizar barreiras do ambiente “de forma que haja garantia de

acessibilidade, autonomia, dignidade e igualdade de oportunidades”, diz o guia. A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) lançou a nova edição do Guia do Passageiro - Voar Melhor. O material recebeu um capítulo inédito sobre acessibilidade. “Damos dicas aos passageiros que precisam de algum atendimento especial durante a viagem de avião e explicamos como melhorar a experiência de voo desse público”, detalha Ronaldo Jenkins, diretor de segurança e operações de voo da Abear. Segundo ele, foi aproveitado o momento, ano em que o Brasil recebe as Paralimpíadas, para atualizar o material. “Entendemos que é preciso inserir ainda mais brasileiros em nossas aeronaves e, para isso, precisamos informar sobre os nossos serviços e como o passageiro com deficiência pode se beneficiar deles.”


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ATENDIMENTO

Direito de ir e vir para todos Um passageiro com deficiência visual, por exemplo, deve ser orientado até o seu portão de embarque, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). É preciso que a tripulação tenha cuidados especiais, como apresentação das instruções de

segurança individualmente, entrega de folder em braile e compartilhamento das informações que estariam sendo repassadas por sinais luminosos. “Cada passageiro deve ser visto de uma maneira muito individual”, explica Ronaldo Jenkins, diretor de segurança e

operações de voo da Abear. As empresas tratam com olhar diferenciado aqueles passageiros que estão com algum tipo de enfermidade ou uma deficiência momentânea (um braço ou perna quebrados), uma grávida em estágio avançado, crianças que viajam desacompanhadas, entre outros casos. TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

Desafio Durante o primeiro trimestre deste ano, as companhias associadas à Abear realizaram 423 treinamentos para o atendimento de passageiros com necessidade de assistência especial, ou o equivalente a quase cinco cursos por dia de janeiro a março, totalizando 7.988 colaboradores treinados. “Foi feito um trabalho de decisão colaborativa entre a Anac, controle do espaço aéreo, aeroportos, empresas aéreas e empresas auxiliares de trans-

porte aéreo (handling) para que tudo funcionasse”, informa o diretor de segurança e operações de voo da Associação. Além disso, foi firmada uma parceria, no ano passado, entre a Abear e o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), com o objetivo de aprimorar o atendimento às pessoas com deficiência, não somente durante as Paralimpíadas, mas para deixar um legado para o país. As empresas aéreas têm

investido bastante na questão da acessibilidade no transporte aéreo. Várias ações foram feitas no sentido de facilitar a experiência de compra do bilhete, por exemplo. “Alguns sites das companhias aéreas já possuem ferramentas para acesso de pessoas com deficiência visual ou auditiva. Além disso, a pessoa com deficiência visual que opta por fazer a compra do bilhete pelo telefone pode pedir a isenção da taxa de compra por esse

meio, que é cobrada pelas empresas”, diz Jenkins. O desafio, agora, é universalizar esse padrão de acessibilidade a todos aeroportos e terminais brasileiros. A Infraero, empresa pública que administra 60 aeroportos no Brasil, vem realizando adaptações nos terminais de passageiros para torná-los mais acessíveis. “Todos os projetos de reforma, ampliação ou construção incorporam os requisitos de acessibilidade de acordo com a legislação vigente. A exigência se estende também aos contratos de concessão de áreas comerciais, como braile nos cardápios das lanchonetes e restaurantes nas praças de alimentação dos aeroportos da Rede. As empresas que prestam serviços nos balcões de informações são obrigadas a ter pelo menos um profissional que domina a Língua Brasileira de Sinais, por turno de trabalho”, diz André Leandro Magalhães, diretor de Aeroportos da l Infraero.



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AQUAVIÁRIO

POR DIEGO

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estiagem severa na região amazônica tem provocado uma redução histórica do nível do rio Madeira, que banha os Estados do Amazonas e de Rondônia. Desde agosto deste ano, o nível estava oscilando entre 2,30 m e 2,60 m. No início de setembro, entretanto, chegou a 2,13 m. No ano passado, na mesma data, o rio Madeira estava com 9,48 m. Essa já é considerada a maior seca da região desde 1967, quando a CPRM (Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais) começou a fazer o acompanhamento dos rios da região. A falta de chuvas também é intensa. Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o índice de precipitações de julho deste ano na cabeceira do Madeira foi o menor em seis anos: 10.30 mm. A média climatológica, na região, nesse período, é de 23 mm. Com o baixo nível das águas, embarcações estão reduzindo em cerca de 30% a capacidade de cargas transportadas para continuar navegando. Além disso, as

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FOTOS SINDARMA/DIVULGAÇÃO

Seca histórica Transporte de cargas no rio Madeira é afetado com maior estiagem em quase 50 anos; armadores acumulam prejuízos


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EVENTO

Setor debate redução da burocracia Lideranças, empresários e entidades ligadas ao setor hidroviário se reuniram em 16 de setembro, em Manaus, para debater a Mobilização pela Desburocratização da Navegação. Um grupo de trabalho foi criado para reunir as propostas formuladas no evento e encaminhá-las aos órgãos responsáveis. A mobilização foi promovida pela Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária) com apoio do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação

dificuldades de navegação quase que dobraram o tempo de viagem de Manaus (AM) a Porto Velho (RO). O rio Madeira é um dos principais corredores logísticos do país e integra o Arco Norte – região que compreende os Estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e segue até o Maranhão. Pela hidrovia do Madeira, ocorre o escoamento da produção agrícola, principalmente soja e milho de Mato Grosso e Rondônia, e insumos como combustíveis e fertilizantes, com destino a Porto Velho e Manaus, além de alimentos e produtos produzidos na Zona Franca de Manaus. O baixo nível do rio, contudo, tem gerado restrições para a

Fluvial no Estado do Amazonas). Os participantes abordaram as fragilidades e barreiras geradas pela carga burocrática imposta ao setor, que impactam o desenvolvimento da navegação em todo o país. As entidades do setor pretendem reduzir as exigências burocráticas que atualmente vigoram em vários órgãos do setor público, possibilitando que o modal aquaviário ofereça aos usuários e clientes maior agilidade, eficiência e melhor custo-benefício. De acordo com o presi-

navegação fluvial. A Marinha do Brasil restringiu, desde julho, a navegação na hidrovia entre Porto Velho e Humaitá, no Amazonas. Com a decisão, houve suspensão da navegação noturna de comboios de embarcações em trecho do rio situado em Rondônia. A medida, sem previsão de revogação, foi determinada após inspetores navais verificarem pontos críticos onde o nível da água colocava em risco a navegação e reduzia as condições de navegabilidade. O transporte de cargas na região tem sido penalizado com a precariedade da via. Segundo o Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), o tempo

dente da Fenavega, Raimundo Holanda, a desburocratização da navegação é necessária para que haja mais eficiência no setor. “Precisamos tirar as amarras da burocracia. Para se ter uma ideia, só na questão portuária, o Brasil perde cerca de R$ 4,3 bilhões por ano pela burocracia", diz Raimundo Holanda. Durante o evento em Manaus, a Fenavega fez o lançamento simbólico da próxima campanha de mobilização da navegação, que terá como tema "Hidrovias Já".

de viagem no trajeto de Manaus a Porto Velho dobrou. Durante a cheia, ir de Manaus a Porto Velho dura em média quatro dias, mas, hoje, as balsas que transportam combustíveis, grãos e outros produtos estão navegando por até oito dias para cumprir o trajeto. No sentido oposto (Porto VelhoManaus), o percurso que antes era de oitos dias passou para 15 dias. Diante desse cenário, de acordo com o presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), Raimundo Holanda, a navegação de grãos no Madeira está paralisada há mais de um mês. “Anualmente, são transportados 12 milhões de toneladas pela via. Por ela, passam os maio-

res comboios da navegação interior, chegando a 40 mil toneladas de grãos. Na seca, esses comboios só podem chegar a 7.000 toneladas, o que torna o negócio inviável.” Sobre o transporte de derivados do petróleo, ele explica que, por ano, partem do Centro-Oeste, em direção ao Norte, aproximadamente 3 bilhões de litros. Por comboio, em média, são 9 milhões de litros. No entanto, atualmente, os comboios só podem navegar com até 3 milhões de litros. “Isso encareceu o modal hidroviário em mais de 10% em relação ao rodoviário”, completa. Drenagem As condições de navegabilidade no rio nunca estiveram em


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Por conta da estiagem, a Marinha do Brasil restringiu, desde julho, a navegação no rio Madeira, entre Porto Velho e Humaitá, no Amazonas

situação tão crítica, na avaliação de Holanda. O presidente da Fenavega afirma que a via está completamente assoreada. Ele não atribui o problema apenas à falta de chuvas. “A inexistência da dragagem é o principal motivo desse problema. Não há investimento para navegarmos com segurança. O problema está na falta de investimentos pelo governo federal. Quem absorve o prejuízo são os armadores.” De acordo com Holanda, após a construção das represas de Santo Antônio e Girau, o rio perdeu muita força da sua corredeira, não transportando devidamente seus sedimentos. “O assoreamento é tamanho que há trechos em que o rio se assemelha aos Lençóis Maranhenses

[região localizada no Nordeste e caracterizada pelos gigantescos bolsões de areia]. A cada ano, a situação se agrava”, descreve. Pelo menos sete cidades e cinco comunidades localizadas à beira do rio Madeira, entre as quais, os municípios de Nova Olinda do Norte, Borba, Novo Aripuanã, Manicoré e Humaitá, estão prejudicadas por dificuldades no acesso por meio fluvial. O presidente do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), Galdino Alencar Júnior, salienta que a solução para os efeitos negativos do período da seca seria a realização da dragagem nos pontos considerados críticos. Ele explica que o

serviço é de competência do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). “Em Manicoré, as balsas petroleiras estão operando entre 30% e 40% da capacidade. As embarcações continuam não navegando à noite. O Sindarma tem ajudado com divulgação diária para as empresas de navegação sobre as condições do rio e nível, o que possibilita a programação de carregamento conforme o calado”, explica Alencar Júnior. Ele comenta que, apesar das dificuldades, ainda não há previsão de desabastecimento em Manaus nem de aumento do preço dos fretes. Os armadores, no entanto, têm contabilizado prejuízos. “Além de navegar abaixo da capacidade, quebra leme, arranca

hélice. Eles trabalham tendo prejuízo na viagem.” O diretor de Infraestrutura Aquaviária do Dnit, Erick Medeiros, esclarece que o serviço de dragagem em pontos críticos do rio, que estava previsto para este ano, só deverá começar em 2017. “Somente agora foi homologado o resultado da licitação dos serviços de dragagem de pontos críticos na hidrovia. O Dnit vai investir R$ 69,5 milhões nos serviços, ao longo do trecho de 1.086 quilômetros entre Porto Velho e Itacoatiara (AM), durante cinco anos. O próximo passo é a elaboração e assinatura do contrato com a empresa vencedora, para posterior emissão da ordem de l início dos serviços.”.


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FERROVIÁRIO

Memória fotográfica Exposição retrata o ontem e o hoje das linhas férreas brasileiras; Museu do Trem, no Rio de Janeiro, é cenário para a mostra e possui a primeira locomotiva do país em seu acervo POR EVIE

Em 1854, o Brasil inaugurava sua primeira ferrovia. A Estrada de Ferro Mauá ligava o Porto de Mauá ao município de Magé, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o imperador Dom Pedro II mandou trazer para o país a Baroneza (na grafia antiga, com z), locomotiva construída na Inglaterra, para o início de um ciclo de ascensão das estradas de ferro nacionais. Passados 162 anos, a

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locomotiva continua intacta, preservada e exposta no Museu do Trem, no Engenho de Dentro, na capital fluminense. O museu não possui somente a primeira locomotiva do país. Pérolas da história podem ser conferidas no acervo, como o Carro Imperial, que serviu ao imperador e sua família; o Carro do Rei Alberto, adaptado para servir ao rei da Bélgica, em 1922, em sua visita ao Brasil; e o Carro

GONÇALVES

Presidencial, que serviu ao presidente Getúlio Vargas, na década de 1930. Cenário perfeito para uma exposição fotográfica que retrata a memória ferroviária nacional. Dez fotógrafos – sob a curadoria do historiador e diretor do museu Bartolomeu D´el Rei – lançaram “O Trem – ontem e hoje, uma viagem no tempo”, mostra que reúne 117 fotografias de locomotivas, vagões, composições e estações ferroviárias antigas e

atuais. Aberta ao público desde 1º de agosto, a exposição estava prevista para ficar em cartaz apenas dois meses. Mas, com o sucesso de público, foi prorrogada até o fim do ano e ainda há a possibilidade de passar a integrar o acervo permanente do Museu do Trem. “Sou apaixonado por trens embora não seja ferroviário. Também adoro fotografia, ainda que não seja fotógrafo profissio-


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BHD'EL-REI/DIVULGAÇÃO

Primeira locomotiva do país, construída em 1854, integra o acervo do Museu do Trem

nal. Resolvi unir as duas coisas”, conta o diretor do museu. Ele e os fotógrafos que integram a mostra (Ângela Roumillac, Cris Dias, Paulinho Muniz, Ronaldo Muylaert, Uilmar Amorin, Antonio Agra, José Guilherme Moreira da Cunha, Pedro Dias, Simone Soares e Walace Veltri) fazem parte da Sociedade Fluminense de Fotografia. Desde 2012, conversavam sobre a possibilidade de levar uma exposição ao museu. A ideia de abordar o universo das estradas de ferro de antigamente até os dias atuais, de maneira docu-

mental e artística, coincidiu com o fato de vários artistas gostarem de fotografar a temática. Em uma viagem a São João del-Rei e Tiradentes, em Minas Gerais, eles fizeram imagens da Maria Fumaça e de outras locomotivas que compõem o museu local - fotografias que integram a exposição. Mas outras abordagens também foram dadas, como o sucateamento dos trilhos no país. O fotógrafo Paulinho Muniz, por exemplo, retratou estações do Rio de Janeiro. Entre elas, visitou a antiga Estrada de Ferro Mauá e a

Estação Leopoldina. “Encontrei tudo destruído, largado, enferrujado. Não somente os trilhos, mas também o material rodante. Minhas fotos são uma denúncia do abandono da rede ferroviária do Estado”, ressalta. Todas as fotografias de Paulinho Muniz estão em preto e branco, com contraste, para reforçar a deterioração. No total, ele expõe 12 fotos tiradas entre 2014 e 2016. Já Walace Veltri apostou em uma transição entre o passado e o presente. Em 11 imagens, retratou os antigos vagões de Minas

Gerais e a revitalização dos trens de carga e da linha férrea do Porto de Santos (SP). Fotografou ainda a Estação da Luz (SP), que possui um complexo de trens urbanos para o transporte de passageiros. “Temos uma limitação de trens no Brasil. A exposição chama a atenção para isso. Pelo tamanho do país, deveríamos aproveitar melhor a malha existente e investir na ampliação. É um absurdo abandoná-la. Minha atenção ao porto paulista foi para mostrar um projeto que deveria servir de inspiração.”


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O Museu do Trem ocupa parte das antigas oficinas da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S. A.), que chegaram a ser o maior conjunto de instalações desse tipo na América Latina. Reformado e adaptado, o espaço foi inaugurado em 25 de fevereiro de 1984, sendo administrado pela RFFSA. Desde 2007, por ocasião da extinção da Rede, a gestão foi transferida para o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Bartolomeu D´el Rei conta que a área já teve 248 mil m2 e hoje se limita a 6.000 m2. O próprio terreno do Engenhão pertencia à RFFSA. “É triste ver os espaços destinados à preservação da memória ferroviária sendo cedidos e cada vez mais relegados pelo poder público”, lamenta o historiador e diretor do museu. Ele conta que a exposição só foi possível devido a recursos dos próprios fotógrafos. “Não recebemos nenhum centavo de verba pública para a mostra. Ou bancávamos ou não sairia do papel. Isso é mais uma prova de que a memória dos trens está em segundo plano”, diz d’El Rei. Apenas ele e outro funcionário são responsáveis pela administração do museu. E o trabalho é voluntário. l

SERVIÇO Museu do Trem – R. Arquias Cordeiro, 1.046, Engenho de Dentro, Rio de Janeiro De segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, com entrada franca

SIMONE SOARES/DIVULGAÇÃO

Receptividade Desde a abertura da exposição ao público, a receptividade tem sido imensa. Apenas em agosto, a mostra recebeu visitação de 4.500 pessoas, mais do que toda a visitação de um ano registrada pelo museu. Para se ter uma comparação, até o ano passado, a média anual de visitas ao museu era de 4.000 pessoas. “O resultado está sendo fantástico. No bairro do Engenho de Dentro, a comunidade mal conhecia o museu. Alguns moradores vivem ali há 30 anos e nunca tinham ido ao local. A exposição abriu essa possibilidade de acesso à história brasileira”, lembra Paulinho Muniz. Um dos fatores positivos para o aumento de público foi a realização da Olimpíada e da Paralimpíada. O museu fica ao lado do Engenhão, onde aconteceram as disputas do atletismo. As pessoas saíam do estádio e aproveitavam para visitar a exposição. “Além das fotografias, que são lindas, percebo que os visitantes ficam impressionados com o acervo do museu e não imaginam que aquelas locomotivas tão antigas estão ali, acessíveis para quem quiser”, conta Veltri. Ele lembra o dia da abertura da mostra, quando os expositores se vestiram de vendedores ambulantes dentro dos trens e distribuíram aos visitantes os tradicionais Biscoitos Globo e Guaravita, considerados patrimônio do povo carioca.

PAULINHO MUNIZ/DIVULGAÇÃO

PAULINHO MUNIZ/DIVULGAÇÃO

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JOSÉ GUILHERME/DIVULGAÇÃO

UVIVLMAR AMORIM/DIVULGAÇÃO

SIMONE SOARES/DIVULGAÇÃO

PEDRO DIAS/DIVULGAÇÃO

CRIS DIAS/DIVULGAÇÃO

JOSÉ GUILHERME/DIVULGAÇÃO

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TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS

Táxis sustentáveis Cidades inovadoras incentivam veículos elétricos na frota de transporte de passageiros; carros são movidos a bateria e não emitem poluentes POR EVIE

m tempos de altos índices de emissões de poluentes em decorrência do excesso de veículos nas grandes cidades e da necessidade de incentivos para o desenvolvimento de tecnologias de transportes sustentáveis, programas de táxis 100% elétricos começam a surgir em algumas cidades do país. É o caso de São Paulo (SP) e Campinas (SP). Montadoras realizam testes para

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verificar a viabilidade desse tipo de automóvel nas frotas regulares de passageiros. Atualmente, 13 táxis elétricos trafegam sob regimes diferenciados, ora por comodato, uma espécie de empréstimo do carro aos taxistas, ora por aquisição. Todos em programas que visam estimular e dar visibilidade à tecnologia no país, além de avaliar o consumo de energia elétrica, autonomia, desempenho

do automóvel e condições de abastecimento. Na capital paulista, o programa Táxi Elétrico é piloto e foi iniciado em junho de 2012. Dez veículos possuem alvará provisório de funcionamento registrado no Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). Outros três automóveis rodam em diferentes pontos de Campinas. E as perspectivas apontam para aumento da frota elétrica até 2017.

O Rio de Janeiro (RJ) teve um programa implementado em 2013 pela Nissan, mas encerrado este ano. No total, 15 táxis operavam nos aeroportos Santos Dumont e Galeão e em áreas do centro da cidade. Segundo a montadora, o projeto foi uma experiência para coletar dados para um eventual lançamento do carro no país e tinha prazo determinado para acabar desde o começo. A assessoria de imprensa da Nissan informou que os veículos deixaram de emitir 340 toneladas de CO2 na atmosfera durante o período que circularam pela cidade. Em São Paulo, o programa funciona em regime de comodato, ou seja, montadoras emprestam os veículos aos taxistas e oferecem condições especiais de operação, como a revisão do veículo e a instalação de pontos de abastecimento. A rede de recarga está distribuída em sete pontos da capital paulista. A Eletropaulo também participa do programa fornecendo energia elétrica e monitorando o consumo. A intenção é mapear a área para a implementação de uma rede futura e permanente.


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MARIORDO (MARIO ROBERTO DURAN ORTIZ)/CREATIVE COMMONS/DIVULGAÇÃO

No Rio, 15 táxis elétricos da Nissan operavam nos aeroportos e em áreas do centro até o começo deste ano

Há dois tipos de recarregadores: os rápidos, nos quais os taxistas podem fazer a recarga das baterias em até 30 minutos, e os caseiros (garagens das empresas), com os quais os veículos podem ser "reabastecidos" em até 8 horas, durante a noite, período de menor consumo de energia pela população. Já em Campinas, o regime é diferenciado. Os taxistas adquirem os automóveis. Ao invés de

fazerem um financiamento junto ao banco no momento da aquisição do veículo, os profissionais optaram por um leasing de cinco anos junto à própria montadora. O carro custa, em média, R$ 216 mil, o que inclui a bateria, todas as revisões e o seguro. O motorista paga em torno de R$ 900 por semana ou R$ 3.600 por mês. “Se o profissional rodar mais que 250 quilômetros por dia, a proposta já se torna melhor do

que adquirir um veículo tradicional devido à economia de combustível”, garante Adalberto Maluf, da BYD, montadora chinesa que produz os táxis elétricos E6 em Campinas. Segundo ele, para a compra ser vantajosa, o motorista tem que usar o veículo por, no mínimo, cinco anos. O taxista Juraci Soriano de Lima adquiriu um táxi elétrico em Campinas. Para ele, alguns dos benefícios são a economia de

comubstível e a sustentabilidade, além de ser um veículo confortável, ter bom espaço e oferecer todos os equipamentos de segurança. “Eu recebo várias chamadas de passageiros pedindo o carro elétrico. Minha demanda aumentou bastante, sobretudo em corridas para o aeroporto. Para mim foi um ótimo negócio. Se eu tivesse oportunidade, compraria outro”, diz. Lima conta com sete pon-


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VEÍCULOS LIMPOS

ALTERNATIVA

Híbridos também circulam no país Além dos veículos elétricos, a tecnologia dos carros híbridos também é observada em algumas cidades, como São Paulo, Sorocaba (SP) e Juiz de Fora (MG). Os carros combinam dois motores, um elétrico e outro à combustão, que trabalham simultaneamente para reduzir o consumo de combustível e emitem até 40% menos poluentes. O motor elétrico trabalha sozinho até o veículo atingir a velocidade de 50 km/h, momento em que o motor à combustão é acionado automaticamente. Com um tanque de combustível com capacidade para 45 litros, os veículos híbridos chegam a fazer 25,5 km/l e têm autonomia de até 1.150 km . Os carros consomem até 50% menos gasolina, álcool ou GNV (Gás Natural Veicular), dependendo do modo de condução, se comparado a um veículo modelo 1.0. A bateria do motor elétrico não é carregada na tomada, o que não demanda investimento em infraestrutura. Quando o veículo desacelera ou o freio é acionado, o motor elétrico funciona como um gerador, convertendo a energia cinéti-

ca em energia elétrica, carregando tanto a bateria híbrida quanto a bateria regular. Esse sistema é mais efetivo em tráfego urbano, onde as acelerações e frenagens são mais frequentes. “Os veículos híbridos são uma ótima opção. Metade da frota de Nova York, por exemplo, é composta desse tipo de carro. Além de terem boa tecnologia, economizam combustível e não necessitam de pontos de carregamento”, pondera o vice-presidente de Leves da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), Roberto Braun. Segundo ele, esses automóveis pagam imposto de importação de até 7% e custam por volta de R$ 120 mil. Em São Paulo, existem 20 veículos híbridos em operação. Recentemente, a prefeitura disponibilizou 116 alvarás para esse tipo de automóvel. Os carros são identificados pelo grafismo de cor verde implantado nas laterais e traseiras. O valor da tarifa é o mesmo do cobrado pelos táxis comuns: bandeirada inicial de R$ 4,50 mais R$ 2,50 por quilômetro rodado.

TÁXIS TRADICIONAIS • Movidos a combustível • Emitem poluentes • Taxistas possuem isenção de ICMS e IPI para compra, o que barateia os veículos • Abastecidos em postos de combustível

TÁXIS ELÉTRICOS • Movidos a bateria • Não poluem enquanto circulam • Taxistas só possuem isenção do imposto de importação, o que torna o veículo mais caro que o tradicional • Necessitam de pontos de eletricidade para abastecimento

TÁXIS HÍBRIDOS • Movidos a combustível e bateria • Poluem 40% menos que um veículo tradicional • Taxistas pagam até 7% do imposto de importação, mas, mesmo assim, o veículo é mais barato que o elétrico • Abastecidos em postos de combustível Fonte: ABVE

tos espalhados pela cidade para “abastecer” o veículo. Normalmente, ele leva cerca de uma hora e meia para recarregar a bateria e opta pelo procedimento no horário do almoço ou ao fim do expediente. E a cidade não incentiva apenas os automóveis. Também se tornou a primeira a ter ônibus 100% elétricos com

os mesmos padrões de recarga dos carros. Segundo o secretário de Transportes do município, Carlos José Barreiro, os táxis e ônibus fazem parte da estratégia de desenvolver projetos sustentáveis. “Em um ranking ambiental, Campinas recebeu o selo de Município Verde Azul do Estado e atualmente integra as dez pri-


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SECRETARIA DE TRANSPORTES DE CAMPINAS/DIVULGAÇÃO

Veículos elétricos fazem parte da estratégia de Campinas de estimular projetos sustentáveis

meiras posições por causa dessas ações. No passado, ocupava o 200º lugar”, enfatiza. Os carros elétricos são aparentemente iguais aos veículos abastecidos a álcool, gasolina ou GNV (Gás Natural Veicular). Entretanto, as diferenças podem ser significativas. A começar pelo fato de serem carregados a bateria e, consequentemente, não emitirem

partículas enquanto circulam. Além disso, são livres de ruídos e aceleram mais rápido que os veículos tradicionais. A bateria tem autonomia de 150 km e vida útil de até 30 anos, sendo dez para uso no próprio veículo. Quando não é mais utilizada no táxi, atende a sistemas de armazenamento de energia, como painéis solares e bombeamento de água na agricul-

tura. Vários projetos na Amazônia incorporaram a técnica. Uma das principais desvantagens é o alto custo. “A tecnologia é onerosa. Por isso, não é acessível às cidades e à população de uma forma geral”, afirma o vicepresidente de Leves da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), Roberto Braun. Táxis elétricos costumam

custar acima de R$ 200 mil. Além disso, segundo ele, não possuem isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para a compra, assim como os táxis tradicionais. O benefício representa decréscimo de até 25% no valor dos táxis convencionais. A necessidade de implementação de pontos de abastecimento públicos e de fornecimento de energia também são entraves ao crescimento da frota de táxis elétricos. “A tecnologia é importante para o futuro do país, além de ser uma tendência mundial. Mas ainda falta mais apoio e incentivo do governo”, acredita. Ele avalia, entretanto, que os veículos vêm se tornando mais acessíveis. O governo federal eliminou o imposto de importação dos carros (a maior parte é fabricada fora do país). Antes, a alíquota incidente era de 35%. Além disso, em São Paulo, os táxis não entram no rodízio, podendo circular todos os dias. Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que 558 automóveis elétricos e híbridos foram licenciados até agosto deste ano. Em 2015, a associação registrou 846 carros. l


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COMPORTAMENTO

Entre o prazer e o risco O fascínio por pisar fundo no acelerador, desrespeitando normas, revela aspectos da personalidade humana; um prazer fugaz que ameaça condutores e pedestres POR DIEGO

maneira como as pessoas conduzem seus veículos automotores pode ser uma representação do seu perfil psicológico, revelando não somente escolhas, hábitos e crenças, mas também aspectos represados ou ocultos da personalidade humana, definem alguns especialistas. Subjetivamente associados a atributos de virilidade, como velocidade e potência, o carro adquiriu status de objeto da identificação masculina. Essa é a

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avaliação de Dirceu Rodrigues Alves, diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego). Segundo ele, o fascínio pelas altas velocidades pode ser explicado a partir de aspectos neurobiológicos. Por exemplo, a consciência (ainda que parcial) do risco desencadeia no organismo reações neurológicas e hormonais. O aumento dos níveis de adrenalina leva à hiperatividade do sistema nervoso e

confere uma espécie de euforia artificial que, para alguns, pode resultar em sensação de satisfação. Por essa razão, muitos se lançam em cruzadas nas rodovias e vias públicas, em altíssimas velocidades. Essa busca pelo prazer por meio do excesso de velocidade, contudo, representa um sério risco à sociedade. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), só no primeiro semestre deste ano, foram cerca de 3.500 acidentes nas rodovias federais

provocados por motoristas em alta velocidade. Ao todo, foram aproximadamente 250 mortos e quase 670 feridos graves. Além disso, a prática também pode onerar o bolso dos “aventureiros” e levar à cassação de sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação). A partir de novembro, pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro), ao exceder o limite em 20%, a penalidade será de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira. A infração grave, considerada entre 20% e 50%


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acima da velocidade permitida, implicará multa de R$ 195,23 e cinco pontos. Trafegar acima de 50% da velocidade é considerado infração gravíssima, e a multa será de R$ 574,62, sete pontos na carteira e ainda apreensão do documento e suspensão do direito de dirigir. E esses números mudarão. Alheios aos riscos e às penalidades, os “viciados em velocidade” – principalmente os homens – preferem dar vazão à sua veia

hedonista (doutrina que prega a dedicação ao prazer como estilo de vida) e buscar autoafirmação e aceitação no meio em que vivem. O diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet explica que esse público é composto majoritariamente de jovens homens entre 18 e 34 anos, com perfil de impulsividade e compulsão por velocidade. “Eles sabem que não podem e que não devem, mas acabam pegando a máquina. São jovens

que não amadureceram suficientemente para entender os riscos que impõem aos outros e aos quais estão sendo submetidos, e morrem ou matam alguém estupidamente ou ficam ou deixam sequelas em si e nos outros. Além disso, provocam um prejuízo grande ao Estado. Somos nós que pagamos o tratamento na rede pública e toda a assistência social enquanto o indivíduo não tiver condições de voltar ao trabalho.” O livro do antropólogo

Roberto DaMatta “Fé em Deus e pé na tábua – Ou como e porque o trânsito enlouquece no Brasil” (2010) traz a máxima de que estar dentro de um veículo, de uma máquina, é sinônimo de poder no Brasil. Para ele, um carro garante não somente status, mas a certeza de que seu motorista pode mais do que as outras pessoas. “O automóvel é instrumento de poder, dominação e divisão social”, afirma o antropólogo. Tal realidade se aplica ao qua-


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dro de jovens que se arriscam nas rodovias brasileiras. Ainda grassa por aqui, entre jovens de todos os extratos sociais, a ideia de que a CNH é o passaporte para a maioridade, para a cidadania. Há também o fetiche que envolve a relação entre o homem e a máquina. O processo para obtenção da habilitação apresenta falhas na sua origem, entre as quais, a avaliação psicotécnica. De acordo com a Abramet, de 13% a 17% da população de jovens motoristas apresentam patologias não detectadas no exame, que não observa o comportamento do indivíduo e não oferece um quadro psiquiátrico nem tampouco há um acompanhamento posterior ao processo, a fim de identificar possíveis distúrbios que possam interferir diretamente na condução. Fisiologia Ao pisar fundo no acelerador, o corpo humano experiencia uma série de alterações orgânicas. Libera adrenalina, que é um hormônio produzido pela glândula suprarrenal, produz vasoconstrição, diminuin-

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“A sociedade é individualista por essência, e as pessoas não estão preocupadas com a repercussão dos seus atos” IARA PICCHIONI THIELEN, PSICÓLOGA

do o calibre dos vasos sanguíneos, dilata a pupila e altera o metabolismo. Aliada a isso, também há produção noradrenalina, outro hormônio gerado pela suprarrenal. Por fim, o organismo gera o cortisol, principal hormônio esteroide glicocorticoide produzido pelas glândulas adrenais dos humanos, envolvido na resposta ao estresse e na regulação do metabolismo e da função imunitária. “Todos os sinais

No primeiro semestre deste ano, foram cerca de 3.500 acidentes

vitais (pressão arterial, pulso, frequência respiratória) são alterados. A depender das características orgânicas primárias, esse processo provocará mudanças mais berrantes. Um indivíduo hipertenso, em uma aventura dessa natureza, terá uma elevação drástico desses sinais vitais”, diz Dirceu Rodrigues Alves. A aventura, a exploração do novo e a diversão correspondem à curiosidade que o ser

humano desenvolve desde a infância, e leva pouco tempo até que muitos meninos sejam seduzidos pela sensação de poder, explica o neurocirurgião Fernando Gomes Pinto, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. “Com esse processo de experimentação, o cérebro aprende e desenvolve uma circuitaria para autopreservação do indivíduo. Por exemplo, você aprende que


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CARACTERÍSTICA

Estudo indica individualismo ARQUIVO CNT

Um estudo sobre motoristas multados por excesso de velocidade identificou o individualismo ao extremo como característica comum a todos os entrevistados, segundo a psicóloga e coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná, Iara Picchioni Thielen, que participou do trabalho. “A sociedade é individualista por essência, e as pessoas não estão preocupadas com a repercussão dos seus atos. Enquanto não acreditarem que o comportamento delas causa danos, isso não vai mudar. Temos que promover uma mudança de comportamento”, comenta a psicóloga. Uma das formas para descontruir esse quadro seria por meio da formação adequada, não apenas dos condutores, mas principalmente dos cidadãos. O CTB prevê educação de trânsito durante toda a vida acadêmica. “Por meio da educação nas escolas, poderemos formar cida-

dãos mais conscientes e preparados para enfrentar a vida e o trânsito. A iniciativa tem por objetivo contribuir para a construção de valores, como o respeito ao próximo para a proteção da vida, que é o nosso bem maior. Além disso, auxiliar na compreensão da criança em relação aos elementos e às situações vivenciadas no trânsito”, explica Iara Picchioni Thielen. Ela reforça a necessidade desse tipo de aprendizado nas séries iniciais, e de aliar teoria e prática. “As crianças devem ser orientadas a ter um comportamento adequado em relação à segurança necessária nas vias públicas, tanto na condição de pedestre quanto na de passageiro. Aqueles que usam bicicletas, skates, patins e patinetes devem aprender que existem faixas para ciclistas e outros lugares apropriados e seguros para a diversão, que excluem as vias públicas. Também não devem se esquecer de usar equipamentos de proteção e segurança.”

nas rodovias federais provocados por motoristas em alta velocidade

encostar a mão numa panela quente provoca queimadura e dor. Então, você não repete a proeza para não se machucar. O fato de experimentar o perigo e desenvolver a agilidade para lidar com a velocidade, sem se machucar, é um desafio de aprendizagem e excitação, que é alimentada por uma descarga de adrenalina pelas glândulas suprarrenais na corrente sanguínea e no sistema nervoso; deixando o indivíduo

mais alerta e com sensação de mais poder físico.” Para Gomes Pinto, assim como em qualquer comportamento que provoque a sensação pessoal de bem-estar, a velocidade também é passível de vício por provocar no indivíduo uma descarga adrenérgica. Ou seja, a velocidade amplia a sensação de alerta e de desempenho físico. A diferença entre se viciar numa substância produzida pelo próprio corpo e uma

“A velocidade também é passível de se tornar vício” FERNANDO GOMES PINTO, NEUROCIRURGIÃO

droga ilegal é que a primeira situação não envolve risco de overdose. “Porém, tratando-se de risco e velocidade, a exposição ao perigo pode ter que ser cada vez maior para se atingir a mesma sensação prazerosa e, com isso, aumentase a chance de ocorrer um acidente”, registra Gomes Pinto. De acordo com o neurologista, entre as mulheres, o medo e a excitação causada pela sensação da imprudência (velocidade)


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IVANIA BONATTO/FOTOS PÚBLICAS

De acordo com a Abramet, de 13% a 17% da população de jovens motoristas apresentam patologias não detectadas na formação

não são, geralmente, sensações prazerosas. Isso decorre da circuitaria neural e do centro do prazer femininos, que geralmente não são ativados nessas circunstâncias. Segundo o neurologista, “dados sobre acidentes e politraumas apontam universalmente homens entre 20 e 40 anos como a faixa da população com a maior porcentagem de

“São jovens que não amadureceram suficientemente para entender o risco” DIRCEU RODRIGUES ALVES, DA ABRAMET

sequelas e mortes por trauma em acidentes”. Gomes Pinto chama a atenção para os abusos nas rodovias, pois defende a importância de se compreender o porquê da busca por situações extremas para sentir prazer – sensação de recompensa positiva. Quanto ao impulso masculino, o profissional recomenda

desenvolver “o gerenciamento dos próprios pensamentos e não estimular nem manter tal padrão de comportamento. A prática de esportes seguros, mas excitantes ou exaustivos pode provocar sensações semelhantes, porém sem riscos para a vida. A liberação de endorfinas provoca a sensação de bem-estar”, recomenda o


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MOTOS GABRIEL JABUR/AGÊNCIA BRASÍLIA

A prática de racha é tipificada como crime pelo CTB

neurologista. Existem opções para os “apressadinhos” darem vazão a essa necessidade, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem da CNT Transporte Atual. ‘’Clubes de arrancada e atividades esportivas em kartódromos são formas para canalizar essa energia sem colocar em risco a vida de outras pes-

soas. É claro que não é a mesma coisa, uma vez que competições, por exemplo, envolvem regras, e uma das características dessas pessoas é justamente desrespeitar as leis”, completa a psicóloga Iara Picchioni Thielen, coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná. l

Perigo em duas rodas Motociclistas fissurados por potentes motos e por velocidade se valem de rodovias e avenidas públicas para promover rachas e disputas, a despeito do fluxo de veículos. As peripécias sobre duas rodas são de toda sorte: manobras arriscadas, arrancadas em altíssimas velocidades, inclinar-se nos bancos. Há casos em que os condutores ultrapassam os 300 km/h em alguns locais, colocando em risco suas vidas e a de quem trafega pelas vias, conforme relatam alguns policiais. Na BR-060, que liga Brasília (DF) a Goiânia (GO), por exemplo, é muito comum esse tipo ocorrência. A BR-040, entre Rio de Janeiro (RJ) e Juiz de Fora (MG), também tem grande fluxo de motociclistas. O comando da PRF (Polícia Rodoviária Federal) informa que a prática de racha é tipificada como crime, de acordo com o artigo 308 do Código de Trânsito Brasileiro. A pena varia de seis meses a dois anos de detenção. As motos deveriam tra-

fegar até 110 km/h, velocidade máxima permitida em muitas rodovias brasileiras. Somente no primeiro trimestre de 2016, foram mais de 300 acidentes envolvendo motociclistas, segundo a PRF. Foram mais de 30 mortos e cerca de 120 feridos graves. “Em geral, eles usam motos mais potentes e se juntam em grupos para praticar rachas, revelando um comportamento adolescente em busca de autoafirmação e de confrontar regras. A prática os torna conhecidos no seu meio, o que também mostra uma autoestima precária. Adultos sérios não se lançam nesse tipo de ação”, explica Iara Picchioni Thielen, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná. A Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Civil e o Ministério Público monitoram grupos de rachas nas rodovias brasileiras e, regularmente, montam operações para apreender motos e condutores que infringem a lei.

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SEST SENAT

Na direção da excelência Novos cursos de capacitação de motoristas de caminhão e de ônibus vão oferecer 5.000 vagas em todo o país POR EVIE

otoristas de caminhão e de ônibus têm mais uma oportunidade para aperfeiçoar as suas capacidades profissionais e habilidades. O SEST SENAT lançará o projeto Escola de Motoristas Profissionais com dois novos cursos voltados para esses condutores. Ao todo serão ofertadas 5.000 vagas, sendo 3.300 para o curso de Motorista Profissional de Transporte de Produtos

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Perigosos, com 62 horas/aula, e 1.700 para o de Motorista Profissional de Transporte Coletivo de Passageiros, com 65 horas/aula. As inscrições são gratuitas e os interessados devem procurar uma das 83 unidades operacionais que ministrarão as aulas em todo o país entre os dias 17 e 22 de outubro. O objetivo da instituição é promover a atualização de condutores profissionais, habilita-

dos nas categorias D ou E, de maneira a aumentar a empregabilidade deles e a qualidade dos serviços prestados à sociedade. “É mais um passo que damos na direção de formar os melhores profissionais para o setor de transporte. A nossa intenção, com a ampliação do leque de cursos, é fazer com que o trânsito fique cada vez mais seguro, não somente para os motoristas, mas também para os usuários de uma forma

geral”, afirma a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart. Os cursos contemplam, em suas grades curriculares, as exigências do mercado de trabalho. A partir deles, os profissionais terão acesso a disciplinas teóricas e práticas por meio de conteúdos, como visão sistêmica do setor, tecnologias embarcadas, condução segura e econômica, transporte de pessoas com deficiência e atendimento


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ARQUIVO CNT

eficaz ao cliente. Além da sala de aula, os alunos participarão de treinamentos em veículos com tecnologias embarcadas nos quais poderão aplicar todo o conhecimento teórico adquirido. Para o treinamento, os veículos pertencentes às unidades que ministrarão os cursos foram identificados com adesivos com a logomarca do projeto Escola de Motoristas Profissionais. “Aliar teoria e prática é essen-

cial para o sucesso da qualificação. O SEST SENAT já trabalha dessa maneira há alguns anos, e os resultados na segurança do trânsito e na eficiência dos serviços prestados são muito positivos”, explica Nicole Goulart. A oferta dos cursos nas unidades do SEST SENAT foi definida de acordo com as necessidades de cada região do país. Em algumas delas, serão disponibilizados os dois treinamentos.

As aulas estão previstas para começar em novembro. Para as inscrições, os interessados devem preencher alguns requisitos. Os motoristas devem ser maiores de 21 anos, possuir CNH (Carteira Nacional de Habilitação), no mínimo na categoria D (para inscrição no curso voltado a motoristas de ônibus) e categoria E (para inscrição no curso voltado a condutores de caminhão), comprovar ter realizado

curso correspondente, nos termos da normatização do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) e comprovar residência na área da unidade operacional na qual o candidato deseja se inscrever. O motorista contribuinte do SEST SENAT terá prioridade na seleção mediante comprovação também obrigatól ria. www.sestsenat.org.br 0800 728 2891


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SEST SENAT

Parcerias eficientes Instituição amplia cooperações para treinamento de motoristas profissionais; montadoras cedem materiais didáticos e veículos para a formação de mão de obra especializada POR EVIE

ara aprimorar o trabalho dos motoristas profissionais, aumentar a segurança no trânsito e reduzir os custos dos transportadores, o SEST SENAT tem investido em parcerias com montadoras de veículos para o treinamento de trabalhadores do setor de cargas e de passageiros. Depois do sucesso da parceria com a Mercedes-Benz, que já capacitou 11.533 alunos desde

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2009, o SEST SENAT está formatando uma parceria com a Volvo para o treinamento de motoristas de caminhão e de ônibus. A ideia é que a montadora compartilhe os materiais didáticos confeccionados pelo seu departamento internacional e, em contrapartida, o SEST SENAT realize cursos para treinar mão de obra ligada às concessionárias. Um curso-piloto já foi realizado em julho deste ano.

GONÇALVES

Instrutores da Volvo ministraram o treinamento sobre condução segura e econômica com material didático e veículos da montadora. Sete instrutores do SEST SENAT receberam a capacitação. Eles serão multiplicadores de conhecimento a partir dessa primeira experiência. O curso ofereceu conteúdos teóricos e práticos. “A Volvo possui o maior centro de treinamento do Brasil. Além disso, os materiais didáti-

cos são excelentes. Essa parceria será muito útil, uma vez que os nossos cursos passarão a ser ministrados com conteúdo conceituado nas áreas de mecânica e condução. E a montadora também ganha, já que vai passar a treinar seus funcionários utilizando a nossa estrutura. É bom para todo mundo”, afirma a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart. Novos instrutores devem passar


CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2016

67

SERGIO ALBERTO/CNT

por mais uma fase de treinamento na fábrica da Volvo, em Londrina (PR). Recentemente, o SEST SENAT também renovou a parceria com a Mercedes-Benz para profissionalizar motoristas de caminhão nos cursos de Condução Segura e Econômica e Excelência Profissional para Motoristas de Transporte de Cargas. A montadora substituiu os antigos veículos (modelos 2005 e 2006), utilizados nas aulas práticas de oito unidades, por outros mais modernos, com ano de fabricação entre 2011 e 2014. Todos eles possuem tecnologia embarcada, o que permite um aprimoramento na capacitação desses trabalhadores. O curso de Condução

Segura e Econômica prevê que o condutor realize a prática no veículo, para que sejam avaliados seu modo de condução, seus conhecimentos e suas habilidades. Já o curso de Excelência Profissional para Motoristas de Transporte de Cargas aborda temas como cuidados com o veículo, segurança na operação e relacionamento com o cliente. “O objetivo dos treinamentos é contribuir para a melhoria do desempenho dos motoristas na condução, visando à excelência, economia de combustível, condução ecológica, redução de acidentes e maior durabilidade das peças e componentes do veículo”, ressalta a diretora-executiva nacional do

SEST SENAT, Nicole Goulart. O motorista Jesael de Souza Teodoro terminou o curso de Condução Segura e Econômica em agosto, na unidade de Campinas (SP). Mesmo sendo condutor há 20 anos, ele buscou o aperfeiçoamento, assim, o caminhão da Mercedes-Benz foi essencial na preparação. “Treinar no veículo foi fundamental para que eu aprimorasse a maneira de dirigir. Aprendi como reduzir o desgaste do freio e a passar as marchas de forma adequada. A gente acha que sabe dirigir, mas tem muito o que aprender ainda”, conta. Segundo ele, tempo de habilitação não significa nada e é essencial sempre renovar o conhecimento, já que a tecno-

logia dos caminhões avança periodicamente. “Precisamos estar atentos às mudanças”, finaliza ao dizer que os principais aprendizados do curso do SEST SENAT foram dirigir de forma segura, evitar acidentes e manter a distância dos outros veículos. Além de Campinas, os treinamentos são realizados nas unidades de Brasília (DF), Cariacica (ES), Juiz de Fora (MG), Santo André (SP), São Vicente (SP), Londrina (PR) e Florianópolis (SC). Os interessados em participar dos treinamentos podem entrar em contato l com o SEST SENAT. www.sestsenat.org.br 0800 728 2891



FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total nacional Total concedida Concessionárias Malhas concedidas

30.576 29.165 11 12

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total

12.018 7.215 1.799 8.133 29.165

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas

106.721 3.077

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.289 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO

PAVIMENTADA

NÃO PAVIMENTADA

TOTAL

65.329 119.747 26.827 211.903

11.183 105.601 1.234.918 1.351.702

76.512 225.348 1.261.745 157.309 1.720.914

Federal Estadual Municipal Rede planejada Total

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Administrada por concessionárias privadas FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semirreboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

19.463

2.655.192 600.491 1.345.819 885.596 19.923 57.000 25.205 107.000 173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privado Estação de transporto de cargas Instalação portuária de turismo Portos organizados HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM Vias navegáveis Vias economicamente navegadas FROTA NAVEGAÇÃO INTERIOR Longitudinal de carga Passageiros e misto Transporte de travessia FROTA CABOTAGEM/LONGO CURSO Cabotagem/Longo Curso

155 23 2 37

AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos internacionais Aeroportos domésticos Outros aeródromos - públicos e privados

37 29 2.550

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total

1.166 1.677 10.859 10.880 24.582

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS 41.635 22.037

1.908 131 367 184

MODAL

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

Rodoviário

485.625

61,1

Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário

108.000

13,6

Dutoviário

33.300

4,2

Aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


70

CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2016

BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE* Investimentos em transporte da União por Modal (Total Pago acumulado até agosto/2016 - R$ 7,75 bilhões)

Investimentos em Transporte da União (Orçamento Fiscal) (dados acumulados até agosto/2016)

25

R$ bilhões

20

0,69 (8,9%)

6,00 (77,5%)

15

0,21 (2,7%)

10,62

10

7,75

6,00

5

0,85 (11,0%)

1,75

0

Rodoviário

Autorizado

Valores Pagos do Exercício

Restos a Pagar Pagos

Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores.

Aéreo

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - AGOSTO/2016

RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL ORÇAMENTO FISCAL E ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (R$ milhões correntes - acumulados até agosto de 2016) Recursos Disponíveis Autorizado União Autorizado das Estatais (Infraero e Cia Docas) Total de Recursos Disponíveis Investimento Realizado Rodoviário Ferroviário Aquaviário (União + Cia Docas) Aéreo (União + Infraero) Investimento Total (Total Pago)

Aquaviário

Ferroviário

Total Pago

10.624,87 1.275,03 11.899,90 6.005,12 687,38 334,82 1.237,31 8.264,63

2015 PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial6 Reservas 4 Internacionais

Acumulado Expectativa Expectativa em 2016 para 2016 para 2017

-3,85 14,25 10,67 19,67

-4,61 14,25 5,42 32,39

356,46

369,54

3,90

3,21

5

Câmbio (R$/US$)

-3,16 13,75 7,34 50,00

1,23 11,25 5,14 49,81

-

-

3,29

3,45

Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 26/08/16), Banco Central do Brasil. Observações: (1) Expectativa de crescimento do PIB. (2) Taxa Selic conforme Copom 31/08/2016 e Boletim Focus.

Fonte: Orçamento Fiscal da União e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (SIGA BRASIL - Senado Federal).

(3) Inflação acumulada no ano e expectativas segundo o Boletim Focus

Notas: (A) Orçamento Fiscal da União atualizado em 13.09.2016 com dados acumulados SIGA BRASIL até 06.09.2016. Os dados do orçamento de 2016 das Empresas Estatais (Cia Docas e Infraero) foram atualizados em 13.09.2016 com dados acumulados até agosto/2016. (B) Para fins de cálculos do investimento realizado, utilizou-se o filtro GND = 4 (investimento). (C) Os investimentos em transporte aéreo passaram a incorporar os desembolsos realizados para melhoria e adequação dos sistemas de controle de tráfego aéreo e de navegação, descrito nas ações 20XV, 118T,3133, e 2923.

(5) Câmbio de fim de período, média entre compra e venda em 31 de agosto/2016.

(4) Posição dezembro/2015 e agosto/2016 em US$ bilhões. (6) Saldo da balança comercial até agosto/2016. * A taxa de crescimento do PIB para 2016 diz respeito ao desempenho econômico acumulado entre janeiro a junho de 2016 a preços de mercado.

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0 2011 Investimento Total

ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (valores em R$ bilhões correntes) 2011 2012 2013 2014 11,2 9,4 8,4 9,1 Rodoviário 1,6 1,1 2,3 2,7 Ferroviário 1,0 0,8 0,6 0,8 Aquaviário (União+Cia Docas) 1,8 2,4 2,9 3,3 Aéreo (União+Infraero) 15,6 13,7 14,2 15,8 Investimento Total

2012

2013 Rodoviário

Ferroviário

2014 Aquaviário

2015 Aéreo

2015 6,0 1,6 0,5 3,0 11,0

Fonte: Orçamento Fiscal da União e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (SIGA BRASIL Senado Federal)

8

R$ bilhões correntes

Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


REGIÕES3

Estados

INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES (valores em R$ milhões correntes)1 Orçamento fiscal (Total pago2 por modal de transporte) Acre Alagoas Amapá Amazonas Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocantins Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Nacional Total

Rodoviário 122,06 170,01 56,34 228,96 439,19 108,04 25,38 31,30 125,07 216,79 345,16 166,32 608,44 463,29 72,45 305,24 248,29 86,19 197,20 60,51 730,85 252,18 77,32 482,26 152,86 45,56 123,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 64,78 6.005,12

Ferroviário 0,00 0,00 0,00 0,00 346,50 0,00 0,00 0,00 192,72 0,00 0,00 0,00 59,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 3,51 0,00 0,02 0,00 0,00 1,80 31,21 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 51,69 687,38

Aquaviário 0,00 0,00 0,00 34,71 0,00 0,00 0,00 15,43 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10,33 0,00 3,15 0,00 0,00 28,46 0,00 36,61 0,00 0,00 15,84 45,37 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 19,17 209,07

Aéreo 0,00 0,00 0,22 4,77 0,00 0,01 0,00 0,00 0,01 0,00 0,14 0,01 6,95 0,04 0,01 4,78 0,01 0,00 0,00 0,00 1,62 0,01 0,00 0,00 0,02 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 831,06 849,66

Total 122,06 170,01 56,56 268,44 785,69 108,06 25,38 46,73 317,80 216,79 345,30 166,33 675,33 473,66 72,45 313,17 248,30 86,19 229,17 60,51 769,09 252,19 77,32 499,90 229,46 45,56 123,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 966,70 7.751,24

Maiores Desembolsos4 (Total Pago acumulado até agosto de 2016)5

Ranking

Ações orçamentárias7 Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Nordeste Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Norte Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sul Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Sudeste Manutenção de Trechos Rodoviários na Região Centro-Oeste Recomposição do Equilibrio Econômico - Financeiro do Contrato de Concessão da BR-290/RS 6º Osório - Porto Alegre Entrocamento BR- 116/RS (Entrada p/Guaiba) Construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - Ihéus/BA - Caetite/BA - EF 334 7º Estudos, Projetos e Planejamento de Infraestrutura de Transportes ( Programa de Aceleração do Crescimento) 8º Construção da Ferrovia da Ferrovia Norte-Sul Ouroverde de Goiás/GO - São Simão/GO - EF -151 9º Construção da Segunda Ponte Sobre o Rio Guaiba e Acesso - Na BR-116/290/RS 10º Total Part. (%) no Total Pago do Orçamento Fiscal da União até abril - 2016 Elaboração: Confederação Nacional do Transporte *Orçamento Fiscal da União, atualizado em 13.09.2016 com dados acumulados SIGA BRASIL até 06.09.2016. Ordem 1º 2º 3º 4º 5º

R$ milhões6 965,00 926,67 805,56 554,00 492,86 241,69 186,65 181,00 179,00 170,88 4.704,01 60,7%

Notas: (1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União). (2) O Total Pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de Restos a Pagar Pagos. (3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos Estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um Estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional. (4) As obras foram classificadas pelo critério de maior desembolso (Valor Pago + Restos a Pagar Pagos) em 2016. (5) Ações de infraestrutura de transporte contempladas com os maiores desembolsos do Orçamento Fiscal da União no acumulado até agosto 2016. (6) Os valores expressos na tabela dizem respeito apenas ao Total Pago pela União no período em análise. Não foram incluídos os desembolsos realizados pelas Empresas Estatais. (7) As ações orçamentárias são definidas como operações das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender ao objetivo de um programa segundo o Manual Técnico de Orçamento 2016.

Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx


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CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2016

BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o SEST SENAT lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores do transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS * ESTRUTURA

RESULTADOS

AVALIAÇÕES AVALIAÇÕESAMBIENTAIS AMBIENTAIS--Acumulado Acumulado2007-2016 2007-2016(até (atéagosto) junho)

Federações participantes Avaliações ambientais (até ago/2016) 1.718.803 25 Aprovação no período 85,08% Unidades de atendimento Empresas atendidas 93 Caminhoneiros autônomos atendidos * Dados preliminares, sujeitos a alterações.

15.234 18.424

1.800.000 1.600.000 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 4.734 0

2007

1.718.803 1.507.447 1.235.589 1.033.455 820.587 590.470 392.524 100.839

2008

228.860

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado. SETOR FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS

Carga (empresas)

Carga (autônomos)

Passageiros

Carga e Passageiros

FETRAMAZ AC, AM, AP, PA, RO e RR FETRACAN AL, CE, MA, PB, PE, PI, e RN FENATAC DF, GO, MS, MT e TO FETCEMG MG FETRANSPAR PR FETRANSCARGA RJ FETRANSUL RS FETRANCESC SC FETCESP SP FECAM-SC SC FECAM-RS RS FECAM-RJ RJ FETAC-MG MG FETRANORTE AC, AM, AP, PA e RR FETRONOR AL, PB, PE e RN FETRANS CE, PI e MA FETRASUL DF, GO, SP e TO FETRAM MG FETRAMAR MS, MT e RO FEPASC PR e SC FETRANSPOR RJ FETERGS RS FETPESP SP FETRANSPORTES ES FETRABASE BA e SE

COORDENAÇÃO

TELEFONE

Raimundo Augusto de Araújo Jorge do Carmo Ramos Patrícia Dante Marta Gusmão Morais Solange Caumo Renato Nery Carlos Becker Rodrigo Oda Sandra Caravieri Jean Biazotto Danna Campos Vieira Thompson Bahiense Regiane Reis Rafhael Pina Adriana Fernandes Dias Marcelo Brasil Vilma Silva de Oliveira Geraldo Marques Carlos Alberto da Silva Corso Roberto Luiz Harth T. de Freitas Guilherme Wilson Aloisio Bremm João Carlos Thomaz João Paulo da F. Lamas Cleide da Silva Cerqueira

(92) 3658-6080 (81) 3441-3614 (61) 3361-5295 (31) 3490-0330 (41) 3333-2900 (21) 3869-8073 (51) 3374-8080 (48) 3248-1104 (11) 2632-1010 (49) 3222-4681 (51) 3232-3407 (21) 3495-2726 (31) 3531-1730 (92) 3584-6504 (84) 3234-2493 (85) 3261-7066 (62) 3233-0977 (31) 3274-2727 (65) 3027-2978 (41) 3244-6844 (21) 3221-6300 (51) 3228-0622 (11) 3179-1077 (27) 2125-7643 (71) 3341-6238

E-MAIL fetramaz@fetramaz.com.br fetracan@veloxmail.com.br coordenacao.despoluir@fenatac.org.br despoluir@fetcemg.org.br despoluir@fetranspar.org.br despoluir@fetranscarga.org.br cbecker@sestsenat.org.br financeiro2@fetrancesc.com.br despoluir@fetcesp.com.br jeanbiazotto@hotmail.com dannavieira@fecamrs.com.br thompbc@gmail.com coordenadoradespoluir@gmail.com despoluir.fetranorte.am@hotmail.com despoluir@fetronor.com.br marcelobrasil@fetrans.org.br federacao.despoluir@gmail.com despoluir@fetram.org.br fetramar@terra.com.br despoluir@fepasc.org.br meioambiente@fetranspor.com.br despoluir-rs@fetergs.org.br financeiro@setpesp.org.br coordenacaodespoluir@fetransportes.org.br despoluir@fetrabase.org.br

2016


PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR Conheça as diversas publicações ambientais disponíveis para download no site do DESPOLUIR: Materiais institucionais do Despoluir folder e portfólio

Série educativa de cartilhas com temas ambientais • Os impactos da má qualidade do óleo diesel brasileiro • Meio Ambiente: responsabilidade de cada um • Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente • Queimadas: o que fazer? • Lixo: faça a sua parte! • Aquecimento Global • Plante Árvores

Sondagem Ambiental do Transporte Demonstra as ações ambientais desenvolvidas pelas empresas de transporte rodoviário.

Caderno Oficina Nacional Transporte e Mudanças Climáticas Exibe o resultado dos trabalhos de 89 representantes de 56 organizações, com recomendações referentes à mitigação das emissões, mobilidade urbana, transferência modal e tecnologias veiculares.

A Mudança Climática e o Transporte Rumo à COP 15 Apresenta a sua contribuição para a atuação da delegação brasileira na Conferência das Partes das Nações Unidas para Mudança do Clima.

A Adição do Biodiesel e a Qualidade do Diesel no Brasil Descreve as implicações da adição de biodiesel ao diesel fóssil e a avaliação quanto ao consumo e manutenção dos veículos.

Sondagem CNT de Eficiência Energética no Transporte Rodoviário de Cargas Identifica as perspectivas dos transportadores sobre o assunto e as medidas que podem ser implementadas para a redução do consumo de combustível, para a conservação dos recursos naturais e para a diminuição das emissões e dos custos das empresas.

Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota Apresenta as diretrizes levantadas sobre o assunto no evento realizado pela CNT com a participação de especialistas da Espanha, Argentina e México.

A Fase P7 do Proconve e o Impacto no Setor de Transporte Apresenta as novas tecnologias e as implicações da fase P7 para os veículos, combustíveis e para o meio ambiente. Procedimentos para Preservação da Qualidade do Óleo Diesel B Elaborada para auxiliar a rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios a adoção de procedimentos para garantir a qualidade do óleo diesel B.

8

Caminhoneiros no Brasil: Relatório Síntese de Informações Ambientais – autônomos e empregados de frota Presta informações econômicas, sociais, financeiras e ambientais dos profissionais do setor de transporte.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br


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CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2016

BOLETIM AMBIENTAL CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO

2010

2011

2012

2013

2014

2015

Diesel

49,23

52,26

55,90

58,57

60,03

57,21

Gasolina

29,84

35,49

39,69

41,42

44,36

41,14

Etanol

15,07

10,89

9,85

11,75

12,99

17,86

CONSUMO PARCIAL - ATÉ JULHO/2016 ** Etanol 13,3% Diesel 48,8%

Gasolina 37,9%

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Dados atualizados em 24 de agosto de 2016.

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3) CONSUMO DE ÓLEO DIESEL - 2010 A 2015 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

2010

Rodoviário

2011

2012 Ferroviário

2013

2014

2015

MODAL

2010

2011

2012

2013

2014

Rodoviário

34,46

36,38

38,60

40,68

41,40

40,20

Ferroviário

1,08

1,18

1,21

1,20

1,18

1,14

Hidroviário

0,13

0,14

0,16

0,18

0,18

0,18

35,67

37,70

39,97

42,06

Total

Hidroviário

2015

42,76 41,52

MISTURA OBRIGATÓRIA DE BIODIESEL AO DIESEL FÓSSIL (% em volume)*

BIODIESEL • Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como óleos vegetais e gorduras animais. • No Brasil, as três principais matérias-primas são a soja (77,9%), a gordura bovina (16,7%) e o óleo de algodão (0,9%) . Obs.: dados acumulados até maio/2016. • Atualmente, o diesel comercializado no Brasil é o B7, isto é, composto por 7% de biodiesel e 93% de diesel fóssil. A Lei federal nº 13.263/2016 dispõe sobre os novos percentuais de adição de biodiesel ao óleo diesel fóssil. Confira o infográfico.

2017 março

2016

2018 março

Após 2019 março

2019 março

8% 7% 9% * Conforme a Lei Federal nº 13.263/2016. ** Após a validação por testes e ensaios em motores.

10%

Até 15%**

PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL - B100 (em milhões de m3) * 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0

2,39

2010

3,42

2,67

2,72

2,92

2011

2012

2013

3,94 2,20

2014

2015

PARTICIPAÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 POR SETOR Industrial 8,9%

Mudança no uso da terra 76,3%

Geração de energia 3,1%

2016 (até julho)

* Dados atualizados em 31 de agosto de 2016.

Outros setores 3,0%

Rodoviário 7,8% Aéreo 0,5% Outros meios de transporte 0,4%

Transporte 8,7%


CNT TRANSPORTE ATUAL

75

SETEMBRO 2016

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR DE ENXOFRE NO DIESEL - BRASIL E MUNDO FASES PAÍSES

P1

P2

P3

-

0

I

Brasil* Japão União Europeia Austrália EUA Rússia

P5

P6

P7

II III PROCONVE

IV

V

P4

• Proconve - Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores. Criado pelo CONAMA, tem o objetivo de reduzir e controlar a contaminação atmosférica gerada pelos veículos automotores. O programa tem como base a regulamentação praticada na União Europeia (EURO) para veículos pesados.

S (ppm)

10

15

EURO

50

China México Índia África do Sul

500 - 2000

* De acordo com o artigo 5º da Resolução ANP nº 50 de 23.12.2013, o diesel S500 é comercializado obrigatoriamente em todo território nacional, salvo em determinados municípios e regiões metropolitanas. No entanto, constata-se que o S10 já é comercializado em todos os estados brasileiros.

NÚMERO DE POSTOS QUE COMERCIALIZAM DIESEL S10 POR ESTADO - DEZEMBRO 2015* 5.500

5.159

5.000 4.500 4.000 3.500 3.000

2.355

2.500

2.049

2.000 1.500

0

936 791

1.037

1.000 500

1.714

1.429 336 258 194

103

47 AC AL AM AP BA CE DF

438

448 719

ES GO MA MG MS MT

412 PA PB PE

1.447 1.126

1.086

756

503

321 346

PI

59 PR RJ RN RO RR RS

268 220 SC

SE SP TO

* Aumento do número de postos em aproximadamente 13% em relação ao total contabilizado na última atualização (março/2015).

NÃO CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - BRASIL - JULHO 2016 Corante Outros 2,3% (massa específica, destilação) Teor de Biodiesel 60,5% 14,0% Ponto de Fulgor 23,3%

Ponto de Fulgor 23,3%

Outros (massa específica, destilação) 14,0% Teor de Biodiesel 60,5%

Corante 2,3% Enxofre 0,0% Aspecto* 0,0%

8

* Percentual de reprovação em 'Aspecto' por região: 0,7% (Sudeste). Nas demais Regiões não constam reprovações em Aspecto.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br


CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE CADA CATEGORIA DE VEÍCULOS NA EMISSÃO DE POLUENTES - BRASIL 100% 90%

Comerciais leves Caminhões semileves Caminhões leves Caminhões médios Caminhões semipesados Caminhões pesados Ônibus urbanos Micro-ônibus Motocicletas Ônibus rodoviários Automóveis

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

CO

NMHC

NOX

MP

CH4

RCHO

CO - monóxido de carbono; MP - material particulado incluindo o MP proveniente da combustão e do desgaste do veículo; NMHC - hidrocarbonetos não metano; CH4 - metano; NOx – óxidos de nitrogênio; RCHO - aldeídos.

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE

Poluentes Monóxido de carbono (CO) Dióxido de carbono (CO2)

Principais fontes Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Efeitos Saúde humana

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Resultado da queima de combustíveis, além de atividades Gás tóxico, incolor, inodoro. agrícolas, pecuária, aterros Explosivo ao adicionar a água. sanitários e processos industriais1.

Causa asfixia se inalado, além de parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central.

Aldeídos (RCHO)

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Composto por aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação das mucosas, vômitos e perda de consciência. Aumenta a sensibilidade da pele. Causa lesões no esôfago, traqueia e trato gastrointestinal.

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e por meio da queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel em água; O NO2 é um gás de cor castanho-avermelhada, tóxico e irritante;O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

O NO2 provoca irritação nos pulmões. É capaz de provocar infecções respiratórias quando em contato constante.

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Provoca irritação e aumento na produção Gás denso, incolor, não inflamável de muco, desconforto na respiração e agravamento de problemas e altamente tóxico. respiratórios e cardiovasculares.

Dióxido de enxofre (SO2)

Ozônio (O3)

Poluente secundário, resultado de Gás azulado à temperatura reações químicas em presença da radiação solar. Os hidrocarbonetos ambiente, instável, altamente não metano (NMHC) são precursores reativo e oxidante. do ozônio troposférico.

Resultado da queima incompleta Material particulado de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais (MP) e do desgaste de pneus e freios.

Material escuro, composto de partículas de diferentes dimensões. Sua ocorrência está relacionada a queima do diesel.

Meio ambiente

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Em grandes quantidades pode levar à morte.

Metano (CH4)

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.

Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

Gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Estes óxidos, em contato com a umidade do ar, formam ácidos causadores da chuva ácida.

Causa destruição de bioma e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva.

Causa irritação no nariz e garganta. Altera o pH, os níveis de Está relacionado a doenças respiratórias e pigmentação e a fotossíntese nos casos mais graves, ao câncer de pulmão. das plantas.

Processos industriais: processos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.

8

1

Características

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br



“Os governos, quando querem aumentar a arrecadação tributária, dizem que estão simplificando a sua cobrança e ampliando os direitos a crédito” TEMA DO MÊS

Os impactos da alteração na cobrança do PIS/Cofins

Setor de serviços será um dos mais afetados GILBERTO LUIZ DO AMARAL

governo federal, através do Ministério da Fazenda, pretende fazer novas alterações na cobrança das contribuições do PIS e Cofins. A justificativa é a simplificação na cobrança do tributo pela adoção do crédito ampliado, ou seja, praticamente todas as aquisições da empresa que já tenham embutidas as contribuições gerarão crédito, desde que destacadas na Nota Fiscal Eletrônica. Segundo a Receita Federal, a legislação hoje aplicável às contribuições para o PIS e Cofins é por demais complexas, verificando-se as excessivas limitações ao direito de apuração de créditos, a coexistência com a incidência cumulativa da contribuição, a assimetria concorrencial, a proliferação de desonerações casuísticas e uma enorme quantidade de regimes especiais de tributação. Além disso, há grande litigiosidade em relação à legislação. Esse é o roteiro de um filme já visto pelos brasileiros. Os governos, quando querem aumentar a arrecadação tributária, dizem que estão simplificando a cobrança e ampliando os direitos a crédito.

O

GILBERTO LUIZ DO AMARAL Advogado tributarista, contador e presidente do Conselho Superior e Coordenador de Estudos do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação)

Exatamente esses argumentos foram utilizados em 2002 e 2004 para a criação do regime não cumulativo do PIS e Cofins, com o aumento das alíquotas de 0,65% para 1,65% e 3% para 7,6%. As consequências foram o aumento brutal da carga tributária para a maior parte das empresas e o crescimento exponencial da arrecadação. A mudança pretendida introduz no cálculo e no acompanhamento das referidas contribuições ainda mais burocracia, pois adota a sistemática do ICMS para o PIS e Cofins que passam a ter a obrigatoriedade de destaque nas notas fiscais eletrônicas. Somente dará direito ao crédito o montante efetivamente pago na cadeia anterior. Assim, ao contrário do que ocorre hoje, as empresas do Simples Nacional só transferirão os créditos de PIS e Cofins que efetivamente pagarem e destacarem na nota fiscal. Como consequência, haverá um desincentivo às compras de micro e pequenas empresas. Essa mudança afetará mais de 500 mil empresas. Quanto à litigiosidade hoje existente, ela é causada pela própria Receita Federal do Brasil que

se utiliza de mecanismos de interpretação da legislação em detrimento dos direitos dos contribuintes. O setor que mais sofrerá impactos na mudança do cálculo das contribuições será o de serviços. Primeiro, porque acaba o regime cumulativo para as empresas que optam pelo Lucro Presumido. Segundo, porque haverá aumento expressivo das alíquotas efetivas – mais que dobrarão – e, por fim, porque aumentará a burocracia. Será mais de 1,5 milhão de empresas que terão seus custos tributários majorados. Em um momento de crise econômica, tais mudanças poderão reduzir postos de trabalho, pois, não sendo possível repassar o aumento dos tributos aos preços finais de mercadorias e serviços, restará aos empresários reduzir outros custos, como por exemplo a folha de pagamento. Portanto, as boas intenções manifestadas nas justificativas do governo federal devem ser vistas com muitas ressalvas, pois, nos 28 anos da atual Constituição Federal, toda grande mudança tributária trouxe embutido um aumento da carga de impostos.


“É necessário ter bastante atenção ao encaminhamento dessas propostas para evitar que o setor de serviços acabe desestimulado”

A não cumulatividade pode trazer perdas ao setor LUIGI NESSE

conjuntura fiscal brasileira é marcada por um quadro de deficit primário, no qual as despesas correntes ultrapassam as receitas. Isso significa que será necessário expandir o endividamento do governo federal em 2016 não só para cobrir o deficit como também para pagar a dívida pública federal. Nesse cenário, voltaram à discussão alternativas de caminhos para a redução de despesas e o aumento de receitas. Além disso, houve um crescimento das pressões de todo o setor empresarial para aumentar a eficiência e trazer maior equidade ao sistema tributário brasileiro. Voltou à tona a conhecida discussão da cumulatividade da contribuição ao PIS e da Confins. No regime atual, as empresas que apuram o imposto de renda pelo sistema de lucro real recolhem essas contribuições no regime de não cumulatividade, no qual a alíquota é de 9,25% sobre o faturamento. Já as empresas que apuram o imposto de renda por lucro presumido e as que contribuem para o Simples Nacional recolhem as contribuições no regime cumula-

A

tivo com alíquota de 3,65% sobre o faturamento. De forma geral, as empresas do setor de serviços recolhem conforme o regime cumulativo de contribuições. Uma proposta em discussão no governo federal é a universalização do regime de não cumulatividade, com a manutenção da alíquota atual de 9,25% e a compensação de todos os créditos sobre matérias-primas e serviços adquiridos para a produção. O argumento central da proposta é dar maior eficiência à economia, partindo da premissa de que o sistema de impostos cumulativos é um gerador de ineficiências econômicas. Contudo, essa mudança teria um efeito forte de redistribuição dos impostos entre os setores de atividade econômica e as empresas do país. É fácil verificar esse efeito. Os setores que hoje já recolhem por esse sistema passariam a creditar um percentual maior do valor de suas despesas com insumos, reduzindo sua arrecadação efetiva. Já as empresas cujos créditos de impostos recolhidos nas matérias-primas são pequenos passariam a arrecadar mais PIS e Cofins. E isso deve ocorrer para a maioria das empresas dos seto-

res de serviços e de transporte, em particular. Segundo dados da Receita Federal, o setor de transportes terrestres arrecadou, em 2015, R$ 4,723 bilhões de PIS e Cofins para um faturamento estimado de mais de R$ 130 bilhões. A alíquota efetiva ficou muito próxima dos 3,65%, indicando que a maior parte das empresas recolheu pelo regime cumulativo. Se fossem recolher as contribuições ao PIS e Cofins pelo sistema não cumulativo, as empresas de transportes terrestres teriam débitos fiscais de R$ 12,1 bilhões e créditos fiscais de apenas R$ 6,5 bilhões, pois o consumo de matérias-primas e serviços é de aproximadamente 53% segundo informações da Pesquisa Anual de Serviços do IBGE. Assim, o valor devido dessas empresas ao fisco seria de R$ 5,7 bilhões, ou seja, haveria um aumento de impostos de R$ 1 bilhão a mais do que se arrecadou com PIS e Confins em 2015. É necessário ter bastante atenção ao encaminhamento dessas propostas para evitar que o setor de serviços, tão importante na geração de empregos, acabe desestimulado com o pagamento de mais impostos.

LUIGI NESE Presidente da CNS (Confederação Nacional de Serviços)


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CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2016

81

‘’Os bons exemplos estão nos países sem burocracia, com excelentes escolas, estradas perfeitas, sistema de transporte eficaz’’

ALEXANDRE GARCIA

Mudou para mudar? Senado tirou Dilma, a Câmara tirou Cunha, e agora, o que muda? Nem é uma pergunta; na verdade, é uma expectativa. Sempre queremos mudar porque estamos insatisfeitos com o que temos. Isso é bom; isso é não conformismo. A recém-empossada presidente de um dos poderes da República, a ministra Cármen Lúcia, no seu primeiro discurso, saudou o cidadão insatisfeito. Insatisfeito com os serviços públicos não apenas do Judiciário, mas também do Legislativo e do Executivo, em seus três níveis: federal, estadual e municipal. A retirada de dois presidentes de poder é um sinal disso. Mas há muito mais insatisfação que as representadas pelos dois que tiveram seus mandatos cassados. Sempre tivemos expectativa de mudanças e, nessas quase cinco décadas em que cubro o noticiário diário, aprendi que se anunciam mudanças para não precisar mudar. Uma maquiagem aqui e ali, alguma boa camuflagem, e continuamos a pagar impostos para sustentar máquinas estatais que não funcionam em benefício daqueles a quem devem servir. Essas lembranças devem nos alertar para que não comecemos a flutuar em sonhos, a levitar na esperança. Pés no chão e realismo devem ser os melhores remédios para tempos assim. Tem que mudar, mas será que muda? Pois agora chegou o Crescer, um programa de concessões na infraestrutura de transportes de que o Brasil necessita para assentar o crescimento vital. Aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. É preciso que o projeto conquiste investidores. Que o Brasil ofereça, para os empreendedores nacionais e estrangeiros, segurança jurídica e política. E, para sermos bem pragmáticos, segurança “para caminharmos sos-

O

segados nas ruas” - como lembrou a presidente do Supremo em seu discurso de posse. Ninguém quer se sentir ameaçado nas estradas, ruas e calçadas brasileiras. Mas estamos produzindo mortos no trânsito e nos homicídios dolosos, à razão do dobro de mortes na Síria, em números absolutos. Assim como desperdiçamos vidas, desperdiçamos riqueza, com nossos portos caros, nossas rodovias que desvalorizam cargas e caminhões. E desperdiçamos um sinônimo de vida, que é o tempo. Que se perde nas filas, nos congestionamentos, na burocracia, na papelada que só é útil para o Estado brasileiro. Desperdiçamos investimentos, mas gastamos fácil com as folhas de pagamento oficiais, dos cabos eleitorais e dos compadres, com palácios suntuosos de onde saem parcos serviços públicos. Desperdiçamos nos órgãos e nas entidades do Legislativo e em alguns tribunais, onde se faz a festa ignorando o eleitor, o contribuinte e o cidadão. Então, é preciso mudar de verdade. O sistema político brasileiro, na sua acepção mais ampla, está doente e vai precisar de remédios corajosos para mudar o que gera tantas mazelas e conservar o que dá certo. Mudar de ideias e mudar de gente. Aceitar fingimentos de mudanças é manter a tragédia para nossos netos e bisnetos. Os bons exemplos estão nos países sem burocracia, com excelentes escolas, estradas perfeitas, sistema de transporte eficaz, que é a engrenagem da riqueza. Começa um período assentado em duas condenações de presidente de Poder e nas condenações crescentes da Lava-Jato. Pode ser mais uma oportunidade, entre tantas que tivemos e já desperdiçamos. Ninguém virá nos ajudar. Nós é que teremos que carregar essa carga no caminhão de mudança.


82

CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2016

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Soares de Andrade PRESIDENTE DE HONRA José Fioravanti VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO, AÉREO E DE INFRAESTRUTURA

Meton Soares Júnior TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS DE PASSAGEIROS E

DIRETORIA Thadeu Castello Branco e Silva Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro Victorino Aldo Saccol Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knittel José Luís Santolin Francisco Saldanha Bezerra João Rezende Filho Dante José Gulin Mário Martins

DE CARGAS

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Paulo Sergio Ribeiro da Silva Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emilio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Vianna Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

PRESIDENTES DE SEÇÃO Eurico Divon Galhardi TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Flávio Benatti TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS DE PASSAGEIROS E DE CARGAS

Edgar Ferreira de Sousa TRANSPORTE AQUAVIÁRIO DE CARGAS E DE PASSAGEIROS

Bruno Rocha TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS E DE PASSAGEIROS

Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO DE CARGAS E DE PASSAGEIROS

Eduardo Sanovicz INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA

Glen Gordon Findlay CONSELHO FISCAL (TITULARES) Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes Jerson Antonio Pícoli Eduardo Ferreira Rebuzzi CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez André Luis Costa

DOS LEITORES

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

José da Fonseca Lopes

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Escreva para a CNT TRANSPORTE ATUAL. As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes.

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS DE PASSAGEIROS E DE CARGAS

Moacir da Silva Sergio Antonio Oliveira José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Sandoval Geraldino dos Santos Renato Ramos Pereira Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO E DE INFRAESTRUTURA

Marcos Machado Soares Claudomiro Picanço Carvalho Filho Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Aloísio Sobreira José Rebello III José Roque Fernando Ferreira Becker Raimundo Holanda Cavalcante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva André Luiz Macena de Lima

SEGURANÇA NO TRÂNSITO

WI-FI EM TREM

O conteúdo da entrevista com a diretora do Instituto Nacional de Pesquisa em Trânsito da Suécia, Astrid Linder, é muito importante para repensarmos a nossa forma de interagir com o trânsito, enquanto motoristas e pedestres, e tentarmos reduzir o número de mortes. Ainda falta a nós, brasileiros, educação e conscientização. Infelizmente ainda dirigimos falando ao celular e o que é pior, teclando nos aplicativos de mensagens instantâneas.

Fiquei muito satisfeito com a notícia de que o trem de Vitória a Minas vai oferecer serviço de wi-fi gratuito. Já fiz essa viagem algumas vezes e, apesar da paisagem ser atraente e interessante, passar 13 horas dentro de um trem requer um pouco mais de distração para o tempo passar mais rápido. Agora, com essa oportunidade, a viagem vai ficar ainda melhor. João Souza Ipatinga/MG

Felipe Soares Londrina/PR BASTIDORES DA AVIAÇÃO

ERRAMOS

Achei muito interessante a reportagem sobre os segredos da aviação publicada na edição de agosto da revista CNT Transporte Atual. Eu sempre tive muita curiosidade sobre alguns detalhes apresentados no texto, como o motivo das janelas arredondadas, o local da cama da tripulação nos voos internacionais e até mesmo a questão da regulação do setor. Não sabia que a aviação tem regras tão rígidas que perdem apenas para o setor nuclear.

Na edição 251 da Revista CNT, informamos que o país investe atualmente, em média, 2,18% do PIB (Produto Interno Bruto) em infraestrutura de transporte. Na verdade, o valor refere-se ao investimento total em infraestrutura. Em 2015, o Brasil investiu somente 0,19% do PIB no setor de transporte.

Patrícia Cordeiro Campinas/SP

Cartas: SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, 11º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes


O Câncer de Mama é um tipo comum de câncer que ocorre, principalmente, entre mulheres acima de 35 anos. O diagnóstico precoce ajuda a afastar o risco de morte ou de cirurgia para retirada do tumor. A atenção quanto à saúde das mamas é essencial para a vida da mulher. O Outubro Rosa visa à conscientização, à prevenção e aos cuidados com a saúde mamária. Cuide-se! • Faça visitas periódicas ao médico e peça exames de prevenção, como a ultrassonografia mamária. • Evite o consumo frequente de cigarro e álcool. • Alimente-se de forma saudável e natural. Evite alimentos industrializados. • Realize o exame de mamografia uma vez por ano, principalmente, a partir dos 35 anos. • Faça habitualmente o autoexame ou exame de autopalpação e, caso perceba qualquer alteração, procure um médico. Toda mulher precisa de colo para dar e receber amor. Cuide do seu!

Outubro Rosa


Construir os próprios sonhos favorece voos altos no futuro. Nas estradas percorridas, vemos nos olhos de cada pessoa a vontade e a esperança de desenhar um futuro diferente. Depositamos todas as forças nas nossas crianças, porque acreditamos que elas são fundamentais para a mudança do nosso país. Ser criança é aproveitar ao máximo todas as chances de ser feliz, trilhar caminhos criativos e acreditar que tudo é possível. Somos os responsáveis por transportar ao coração puro de uma criança a garra e a perseverança. Por isso, é importante alcançarmos a sensibilidade do mundo infantil para que a vida se torne melhor.

DISQUE DENUNCI 100 E E O ABUS O E A EXPL ORAÇÃO SEXUAL DE CRIA NÇAS E ADOLE SCENTE S


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