Potencial desperdiçado

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SĂŠrgio Reis Amigo do trabalhador do transporte


TRABALHADOR DO TRANSPORTE

Por meio do Serviço Social do Transporte (SEST) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), a instituição ultrapassou a marca de 100 milhões de atendimentos aos trabalhadores do transporte do Brasil. O SEST SENAT é referência no desenvolvimento profissional e na qualidade dos serviços prestados nas áreas de odontologia, nutrição, psicologia e fisioterapia, além de oferecer atividades esportivas, culturais e de lazer. Com Unidades Operacionais em todo o país, a instituição possibilita que os profissionais do transporte contribuintes e seus dependentes tenham atendimentos 100% gratuitos onde quer que estejam. Procure a Unidade mais próxima a você!

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CNT TRANSPORTE ATUAL

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REPORTAGEM DE CAPA Projeções para o agronegócio são crescentes, mas Brasil enfrenta gargalos logísticos para escoar safra recorde de grãos; país precisa investir em rodovias, ferrovias, portos e hidrovias para que sua competitividade não seja comprometida Página 18

­­­­T R A N S P O R T E A T U A L ANO XXIII | NÚMERO 260 | JUNHO 2017 ENTREVISTA

Rafael Valim avalia a segurança jurídica nas concessões de projetos de infraestrutura página

ANUÁRIO CNT

RODOVIÁRIO

Documento traz série histórica do setor de transporte

Começa a coleta de dados da 21ª Pesquisa CNT de Rodovias

página

24

página

8

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PLANEJAMENTO

CNT cria Fórum de Inovação do Transporte página

32

CAPA IVAN BUENO/APPA

RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bruno Batista Helenise Brant João Victor Mendes de Gomes e Mendonça Myriam Caetano Nicole Goulart Olívia Pinheiro edição

Cynthia Castro - MTB 06303/MG Livia Cerezoli - MTB 42700/SP diagramação

Débora Shimoda

FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 • imprensa@cnt.org.br SAUS, Quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF) esta revista pode ser acessada via internet:

www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br atualização de endereço:

atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

Pesquisa da NTU revela redução na demanda página 36

FERROVIÁRIO

Lixo descartado nos trilhos prejudica operação página

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AQUAVIÁRIO

Desmonte de navios é oportunidade para estaleiros página

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CNT TRANSPORTE ATUAL

AÉREO Mundial de Corrida Aérea reúne os melhores pilotos do mundo; tecnologia de aeronaves pode auxiliar aviação comercial no futuro página

SEST SENAT

48

SUSTENTABILIDADE

Ações de saúde reduzem SEST SENAT discute riscos do sono ao eficiência energética na volante Argentina página

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página

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INTERNACIONAL

CNT firma acordo para estimular investimento

Seções Duke

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Editorial

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Mais Transporte

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Boas Práticas

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CIT

64

Boletins CNT

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Boletins SEST SENAT

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Tema do mês

78

Alexandre Garcia

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ITL

Projeto contribui para redução de gasto com combustível

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“A expectativa dos transportadores é que os avanços econômicos dos últimos meses sejam consolidados” EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADE

Um bom sinal

O

movimento de recuperação da economia não parece estar sendo afetado pelas sucessivas ondas de instabilidade política que o Brasil vem passando. Embora os dados sobre a reação da indústria, do comércio e do setor de serviços ainda sejam preliminares, os sinais são positivos. A expectativa dos transportadores é que os avanços econômicos dos últimos meses sejam consolidados. Para isso, é importante que governo e Congresso Nacional persistam nas reformas estruturais do Estado brasileiro. A Reforma do Ensino Médio, a aprovação do teto de gastos e a terceirização, junto com os esforços de estabilização macroeconômica, produziram um ambiente de mais confiança, que contribuiu para que o país pudesse superar o quadro de recessão que persistia há mais de dois anos. Essas primeiras mudanças implementadas pelo governo foram a senha para que a economia iniciasse a espiral de recuperação que estamos vendo, com a melhora de vários indicadores nos dois últimos meses: crescimento de 1% do PIB Nacional, queda da inflação, redução das taxas de juros, retomada da produção industrial, aumento das vendas do varejo e da prestação de serviços são

alguns dos indicadores de que a economia saiu do vermelho. Hoje, o Brasil tem chances concretas de inaugurar um novo ciclo de crescimento sustentável, mas, para isso, é necessário continuar incentivando o investimento produtivo por meio da garantia de segurança jurídica e de condições cada vez mais atraentes para os investidores nacionais e estrangeiros. É preciso afastar as incertezas quanto à continuidade das reformas de modernização do Estado. Esse sinal tem que partir do Congresso Nacional com a aprovação, o mais rápido possível, da Reforma Trabalhista e com a intensificação dos debates sobre a Reforma da Previdência. Uma Lei Trabalhista moderna e a perspectiva de equilíbrio das contas previdenciárias vão fortalecer o ambiente de confiança que vem sendo construído nos últimos meses. Esperamos chegar ao segundo semestre de 2017 em condições ainda mais favoráveis para que o Brasil possa receber fortes investimentos em infraestrutura, retomando sua rota de desenvolvimento sustentável, com geração de empregos e renda para todos os brasileiros.


“Deficiências nos projetos básicos e executivos constituem um dos principais problemas nas contratações públicas brasileiras” ENTREVISTA

RAFAEL VALIM PRESIDENTE DO IBEJI

Segurança

jurídica é fundamental por DIEGO

M

uito se fala da necessidade de o Brasil criar um ambiente de segurança jurídica que garanta o cumprimento da integralidade dos contratos de prestação de serviços públicos e permita atrair capital privado de qualidade. No âmbito das obras e dos projetos de infraestrutura, tal dispositivo é indispensável para a correta execução daquilo que foi acordado e para garantir o retorno desejado tanto para a sociedade quanto para os investidores. Sob essa premissa, a CNT Transporte Atual conver-

sou com o presidente do Ibeji (Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infraestrutura), Rafael Valim. Na visão dele, não há alternativa para reduzir os gargalos de infraestrutura e atrair investimento privado senão consolidar um arcabouço regulatório confiável no Brasil. “O Estado mantém uma lamentável cultura de desrespeito aos contratos celebrados com particulares, o que encarece os projetos e prejudica, por consequência, todas as empresas que pagam a ele elevados tributos”, adverte. Valim, que também é professor de direito administrativo da

GOMES

PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), pondera que a atual crise política e econômica compromete os negócios, especialmente para os projetos de infraestrutura, que requerem alto grau de segurança jurídica. “Nas crises, não se consegue pensar em longo prazo, as emergências tomam conta da agenda.” O professor faz críticas à recém-sancionada MP das Concessões, que, segundo ele, não proverá o almejado ambiente regulatório favorável tanto aos novos contratos de concessões quanto aos já assinados. A medida provisória foi convertida em lei, no

mês de junho, e estabelece diretrizes gerais para prorrogação e relicitação de contratos de concessão nos setores rodoviário, ferroviário e aeroportuário. De acordo com Valim, a falta de clareza no marco regulatório e o retorno financeiro dos projetos aquém do desejado pelas empresas têm repelido os investidores. Além disso, considera imperativo melhorar a capacidade de planejamento estatal, ou seja, é indispensável investir mais na estruturação dos projetos de infraestrutura. Ricardo Valim preside o conselho consultivo do IBDEE


ARQUIVO PESSOAL

“O Estado gasta pouco tempo com planejamento e isso redunda em contratações malfeitas, que geram desperdício de recursos públicos”

(Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial) e é integrante do IBDA (Instituto Brasileiro de Direito Administrativo). Também é diretor-executivo da Red Iberoamericana de Contratación Pública (Espanha) e dirige a Revista Brasileira de Infraestrutura, publicada pela Editora Fórum. Leia a seguir os principais trechos da entrevista. Poderia conceituar, didaticamente, o que é segurança jurídica? Parece-me que segurança jurídica significa a expectativa

do indivíduo, fundada em normas jurídicas, sobre as consequências dos seus atos bem como sobre os comportamentos que pode esperar e pretender dos demais. É um pressuposto fundamental para a vida em sociedade. Podemos dizer que o Direito é, em última análise, um projeto para oferecer segurança às pessoas.

brasileira atual é a antítese da segurança jurídica. Em matéria de infraestrutura, o Estado mantém uma lamentável cultura de desrespeito aos contratos celebrados com particulares, o que encarece os projetos e prejudica, por consequência, todas as empresas que pagam elevados tributos.

Por que se fala tanto, atualmente, no Brasil, em segurança jurídica? O país tem uma cultura de não respeitar seus contratos? Hoje se fala muito em segurança jurídica porque, na prática, ela nos falta. A conjuntura

Sem segurança jurídica, não há investimento privado? Quais são os principais mecanismos para assegurá-la? Os projetos básicos e executivos deficientes ou desatualizados ainda estão entre os princi-

pais problemas encontrados nos contratos públicos? A segurança jurídica é uma condição fundamental para o investimento privado. É previsto respeitar o binômio previsibilidade e estabilidade. Ou seja, deve haver certeza quanto à solução que será adotada em determinado caso, de modo que as pessoas possam planejar suas ações, mas também é imprescindível que as ações do Estado sejam dotadas de estabilidade. Creio que as deficiências nos projetos básicos e executivos constituem um dos principais problemas nas con-


Estruturar melhor os projetos e investir em planejamento são medidas fundamentais para adequar a infraestrutura de transporte

tratações públicas brasileiras. O Estado gasta pouco tempo com planejamento e isso redunda em contratações malfeitas, que geram desperdício de recursos públicos, sobrepreço das obras e muitos aditamentos. Agora, com a contratação integrada, mecanismo previsto no Regime Diferenciado de Contratações, vemos o reconhecimento da incapacidade do Estado de planejar. O que deve ser feito para tornar os projetos de concessão e PPPs (parcerias público-privadas) mais atrativos para os investidores privados? Além de, obviamente, recu-

perar a confiança no Estado brasileiro, em todos os níveis da Federação, penso que é fundamental melhorar a capacidade de planejamento estatal, ou seja, é indispensável investir mais na estruturação dos projetos de infraestrutura. De que maneira a crise política no Brasil compromete o ambiente de negócios? A atual crise política é avassaladora para os negócios, especialmente para os negócios de infraestrutura, os quais requerem alto grau de segurança jurídica. Nas crises não se consegue pensar em longo prazo, as emergências tomam conta da

agenda. Nesse contexto, há um quadro de paralisia decisória e, quando se decide, geralmente é de maneira açodada, sem a devida reflexão. Em regra, contratos de infraestrutura são de longo prazo e não devem estar vinculados a projetos políticos. Diante disso, é possível investir em um ambiente incerto como o que vivemos no país atualmente? Como eu disse anteriormente, o atual ambiente político é absolutamente incompatível com o desenvolvimento de projetos de infraestrutura. O povo brasileiro, lamentavel-

mente, será, mais uma vez, o grande prejudicado. Como avalia o intrincado processo fiscalizatório brasileiro, marcado por inúmeros órgãos de controle, tribunais de contas e instituições públicas? Vemos diferentes atores envolvidos na fiscalização dos contratos, cada um deles com uma interpretação diferente da regra do jogo. Cada um vai ter uma interpretação distinta das leis. Precisamos buscar mais coerência e eficiência do sistema de controle, cujo correto funcionamento é decisivo para a manutenção do nosso Estado


ARQUIVO CNT

“A proibição de participação dos concessionários nas novas licitações gerará muitos questionamentos, o que se traduz, mais uma vez, em insegurança jurídica”

Social de Direito. É praticamente impossível tocar um projeto de infraestrutura no Brasil sem ter alguma complicação com um desses órgãos.

Na sua avaliação, as soluções regulatórias embutidas na MP das concessões resolvem os principais entraves das rodovias já licitadas? A simples “relicitação” dos tural, apressada, sem visão de projetos não resolverá os proconjunto, para um problema blemas existentes no setor. Além disso, a proibição de parextremamente complexo.

ticipação dos concessionários nas novas licitações e a indefinição em relação às indenizações emergentes do encerramento desses vínculos gerarão muitos questionamentos, o que se traduz, mais uma vez, em insegurança jurídica. Para as próximas rodadas de concessões de infraestrutura os investidores terão mais garantias de segurança e retorno? Embora possa parecer pessimista, julgo que essas sucessivas e pontuais alterações na legislação relativas à infraestrutura, a título de oferecer segurança jurídica, agudizam o nosso quadro de insegurança. Se a isso somamos as graves crises política e econômica por que passamos, é pouco provável que as novas rodadas de concessões ofereçam mais garantias de segurança e retorno.

CONCESSÕES

Qual é a sua avaliação da MP das concessões? Pelo que está proposto, ela contribui para garantir mais segurança jurídica aos contratos de concessões? Segundo me parece, a MP das concessões, agora convertida na Lei nº 13.448/2017, além de apresentar redação sofrível, não assegurará a almejada segurança jurídica dos contratos de concessão. Trata-se de uma tentativa conjun-

Tema é abordado em sala de aula O curso Especialização em Gestão de Negócios, uma iniciativa da CNT e do ITL, oferecido pelo SEST SENAT e ministrado pela Fundação Dom Cabral, incluiu em sua grade curricular a disciplina Concessões e parcerias público-privadas no setor de transporte. O objetivo é contribuir para que os gestores do trans-

porte possam compreender de forma ampla o importante papel que a iniciativa privada pode desempenhar no desenvolvimento da infraestrutura do Brasil, se tornando o ator principal na construção de obras e na oferta de serviços que facilitem o escoamento da produção dos mais diversos setores da economia.

A disciplina aborda temas como a gestão de bens e serviços públicos e sua delegação ao setor privado; marcos regulatórios no Brasil; modelagem de concessões comuns e PPPs (parcerias público-privadas). Veja mais sobre o curso Especialização em Gestão de Negócios na página 60.


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MAIS TRANSPORTE Aviões elétricos

ZUNUM/DIVULGAÇÃO

Um avião híbrido-elétrico. Esse é o projeto que a Zunum Aero – startup que conta com o aporte da Boeing e da JetBlue Airways – está projetando. A expectativa é que a aeronave tenha custos operacionais até 80% mais baixos do que os atuais aviões regionais, uma vez que não utiliza o combustível de aviação. O projeto prevê aeronaves com capacidade para 19 passageiros e alcance de 700 milhas náuticas, com a possibilidade de ultrapassar 1.000 milhas náuticas até 2030, devido ao avanço da tecnologia de propulsão elétrica. O equipamento tem previsão para operar no início de 2020.

Túnel para acabar com congestionamentos TESLA/DIVULGAÇÃO

A nova aposta de Elon Musk, proprietária da fabricante de veículos autônomos Tesla, é a construção de um túnel para acabar com os congestionamentos. A execução do projeto caberá à empresa The Boring Company, que irá desenvolver uma rede de túneis subterrâneos capaz de transportar carros a velocidades

de até 200 km/h. A empresa adquiriu, recentemente, uma máquina escavadora de 120 metros de comprimento com mais de 1.200 toneladas para construir um dos primeiros túneis. A pista de testes está sendo montada abaixo do estacionamento da sede da empresa SpaceX, na Califórnia.


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CNT lança campanha pela Reforma Trabalhista

O mercado de trabalho mudou, o trabalhador mudou e a legislação trabalhista precisa acompanhar as necessidades deste novo tempo. Com essa mensagem, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) lançou, em rede nacional de televisão, a campanha “Esse é o

caminho”. O vídeo apresenta os benefícios da Reforma Trabalhista para o setor de transporte e para o Brasil em geral. “As reformas de modernização do Estado vão abrir os caminhos para o Brasil voltar a crescer, gerar empregos e oferecer melhores condições

de vida para todos”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade. Além da aprovação da Reforma Trabalhista, Clésio Andrade reforça que o Congresso Nacional precisa dar continuidade aos debates sobre a Reforma da Previdência. De acordo com o

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ARQUIVO CNT

presidente, o Brasil necessita de estabilidade institucional e de segurança jurídica para atrair fortes investimentos em infraestrutura e inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável. O vídeo de 30 segundos pode ser acessado em: youtube. com/user/transportecnt.

Investimento estrangeiro em infraestrutura sobe 500% VLI/DIVULGAÇÃO

O ingresso de capital externo em infraestrutura no Brasil cresceu mais de 500% no primeiro quadrimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2016. No total, foram investidos US$ 11,4 bilhões, o equivalente

a R$ 39 bilhões. O fluxo representa mais de 50% do investimento direto no país para operações de participação no capital registrado pelo Banco Central de janeiro a abril, um total de US$ 21,5 bilhões.


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MAIS TRANSPORTE Check-in facial

Novos investimentos

GOL/DIVULGAÇÃO

A Gol tornou disponível para os seus clientes o recurso que usa reconhecimento facial (selfie check-in) para a realização do check-in por celular. A companhia diz ser a primeira aérea do mundo a oferecer o serviço aos passageiros em voos domésticos e internacionais. O usuário precisa baixar o aplicativo Gol no smartphone ou tablet e fazer o cadastro da biometria facial. O sistema foi implantado em parceria com a FullFace Biometric Solutions.

O governo federal deve investir mais de R$ 50 bilhões em projetos de infraestrutura até o fim de 2018, no âmbito do Programa Avançar. Em fase de finalização, o foco são as obras públicas. Na área de transporte, as rodovias receberão a maior fatia de

Rio de Janeiro ganhará Museu Marítimo

ARQUIVO CNT

investimentos - R$ 16 bilhões para a construção, pavimentação e manutenção de vias federais. Para o setor de ferrovias, a previsão é de aportes de R$ 1 bilhão. Os portos devem receber R$ 1,79 bilhão e outros R$ 400 milhões deverão ser direcionados às hidrovias.

MARINHA BRASILEIRA/DIVULGAÇÃO

A Marinha do Brasil lançou oficialmente o projeto do Museu Marítimo do Brasil. O local escolhido é onde está atualmente o Centro Cultural da Marinha, vizinho ao Museu do Mar e ao Museu do Amanhã. A área total será de 6.516 m2. O empreendimento irá explorar a geografia costeira, as bacias hidrográficas e os diferentes aspectos da navegação no Brasil.


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CNT abre inscrições para a 24ª edição do Prêmio de Jornalismo ARQUIVO CNT

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stão abertas, até o dia 7 de agosto, as inscrições para o 24º Prêmio CNT de Jornalismo. Podem concorrer trabalhos veiculados entre os dias 12 de agosto de 2016 e 7 de agosto de 2017. O Prêmio é dividido em seis categorias: Impresso; Televisão; Rádio; Internet; Fotografia; e Meio Ambiente e Transporte. Ao todo, serão distribuídos R$ 270 mil em prêmios. O trabalho com a maior nota receberá o Grande Prêmio CNT de Jornalismo no valor de R$ 60 mil. Os ganhadores de cada categoria receberão R$ 35 mil cada um. As reportagens serão avaliadas por uma comissão

Vencedores do Prêmio de Jornalismo 2016

julgadora independente, considerando aspectos como relevância para o setor de transporte, para o transportador e para a sociedade; qualidade editorial; criatividade e atualidade dos temas. O Prêmio CNT de Jornalismo tem como objetivos estimular, divulgar, apoiar, incentivar e prestigiar trabalhos jornalísticos sobre o transporte e os trabalhadores do setor. São premiadas as reportagens que contribuem para o melhor entendimento pela sociedade e pelo poder público acerca da importância da atividade do transporte na vida econômica, política, so-

cial e cultural do país. Desde 1994, mais de 130 trabalhos foram homenageados. Em 2016, o grande vencedor foi o jornalista Marcos Nunes, do Jornal Extra, com o trabalho "O trem atrasou”. Na categoria Fotografia, o premiado foi Domingos Peixoto, do Jornal O Globo, com o trabalho "O trem nosso de cada dia”. A reportagem "Sou do bem no trânsito", da jornalista Anamaria Melo do Nascimento, veiculada pelo Diario de Pernambuco, venceu na categoria Impresso. Em Internet, o prêmio foi para o especial "Avisa quando chegar. O assédio que paralisa as mulheres", da jor-

nalista Leilane Menezes, veiculado no portal Metrópoles. Na categoria Meio Ambiente e Transporte, a vencedora foi a reportagem "As vantagens e as desvantagens do biodiesel", do jornalista André Trigueiro, da GloboNews. Na categoria Rádio, a vencedora foi Natália André, da Rádio Trânsito, de São Paulo, com a série "Mulheres no trânsito”. E em Televisão, quem levou o prêmio foi a reportagem “Dois anos depois da Copa, obras de transporte inacabadas revelam desperdício de dinheiro público”, veiculada no Fantástico, da TV Globo, da jornalista Nancy Dutra e equipe.


BOAS PRÁTICAS NO TRANSPORTE

Inovação a favor dos

usuários

Metrô de Brasília (DF) terá a primeira estação totalmente sustentável da América Latina; 100% da energia utilizada será gerada pela luz do sol por

U

ma estação de metrô totalmente sustentável. Essa é a aposta do metrô de Brasília (DF). O projeto, em fase final de conclusão, está sendo implantado na estação Guariroba, em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, e consiste na geração de energia elétrica solar

CARLOS TEIXEIRA

na própria estação. Além do Distrito Federal, pelo menos outras três cidades do mundo possuem estações sustentáveis: Milão (Itália), Nova York (Estados Unidos) e Nova Déli (Índia). Estudos realizados apontam que a estação Guariroba terá capacidade média de geração de energia de

288.484,95 Kwh durante o primeiro ano de operação. Essa taxa é capaz de suprir 100% do consumo de energia da estação de passageiros e ainda produzirá um excedente equivalente ao consumo de outras duas estações com o mesmo porte. A energia captada servirá para abastecer a plataforma,

a bilheteria e todos os outros equipamentos que necessitam de energia elétrica. As placas fotovoltaicas, que convertem a luz solar em energia, serão instaladas no telhado e irão aproveitar a energia gerada pelo sol em complementação aos sistemas tradicionais de geração, reduzindo os custos a médio prazo.


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FOTOS PAULO BARROS/ASCOM/METRÔ-DF/DIVULGAÇÃO

“Nosso objetivo é transformar a área do centro de operação do metrô em uma grande usina de geração de energia limpa"

MARCELO DOURADO, DIRETOR-PRESIDENTE DO METRÔ-DF

Metrô-DF recebe 150 mil passageiros por dia

O diretor-presidente do Metrô-DF, Marcelo Dourado, ressalta que essa é a primeira etapa de um projeto maior. “Nosso objetivo é transformar a área do centro de operação do metrô em uma grande usina de geração de energia limpa. As próximas estações que ganharão o mesmo padrão de utilização de energia serão Samambaia Sul e Feira, no Guará”, afirma. Coordenador do programa Metrô Sustentável do Metrô-DF, Kenzo Ferreira, destaca os ganhos para o sistema e para os usuários. “As pessoas que usam o sistema diaria-

mente em Brasília e, de uma forma geral, toda a população do Distrito Federal, serão diretamente beneficiadas pelo projeto, pois passarão a contar com um transporte público sustentável que utiliza tecnologias e conceitos modernos em relação à sustentabilidade ambiental de sua matriz energética”. Ele ainda salienta que o projeto é inovador não só para o metrô de Brasília, mas também para todo o sistema metroferroviário. O projeto está em fase de ajuste final em relação à estrutura de sustentação que receberá as placas fotovol-

taicas. A previsão é que o sistema entre em operação em setembro deste ano. O Metrô-DF também iniciou os estudos de viabilidade para a construção de uma usina solar de médio a grande porte, na área do Complexo Administrativo e Operacional do sistema, em Águas Claras (DF). Iniciativa premiada Em abril, o projeto da estação Guariroba recebeu o prêmio Golden Chariot Internacional Transport Award, na categoria Companhia Nacional de Transporte do Ano. A homenagem foi entregue na sede da ONU (Orga-

nização das Nações Unidas), em Genebra, na Suíça. É a segunda vez que uma empresa latino-americana recebe o prêmio, criado em 2005. As atividades do Metrô-DF tiveram início em janeiro de 1992. Em dezembro de 1993, foi criada a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal, que teve a incumbência de operar o novo transporte. Atualmente, o sistema conta com 29 estações, das quais 24 estão em funcionamento. Os 32 trens em operação transportam, em média, 150 mil passageiros por dia nos 42,38 km de extensão da linha. l


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REPORTAGEM DE CAPA

Deficit logístico Brasil apresenta safra recorde de soja e milho, e projeções para agronegócio são crescentes; porém, gargalos em rodovias, ferrovias, hidrovias e portos prejudicam a competitividade por

O

Brasil já tem um novo recorde na safra de grãos. Até o fim deste ano, a estimativa é que sejam colhidas 234,3 milhões de toneladas, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O número representa crescimento de 25,6% em relação à safra 2015/2016. A soja e o milho são o carro-chefe, representando 88,6% do total da produção de

EVIE GONÇALVES

grãos em todo o país. Os primeiros resultados da colheita impulsionaram o PIB (Produto Interno Bruto) do setor de transporte. Depois de nove trimestres seguidos de números negativos, o índice cresceu 2,8% no primeiro trimestre de 2017, em relação ao último de 2016. Porém, o deficit logístico existente no país pode impedir novos avanços. Mesmo que o agronegócio continue em ritmo de expansão - a

área plantada pode crescer 50%, passando dos atuais 60 milhões de hectares para 90 milhões de hectares -, a falta de uma infraestrutura de transporte eficiente faz com que todo esse potencial esteja subaproveitado. “A competitividade do Brasil está condicionada à existência de um sistema logístico eficiente. Mas a distribuição dos produtos e o deslocamento até os portos ainda esbarram nos gargalos

da infraestrutura. O planejamento de uma cadeia produtiva deve ser feito de forma sistêmica. Nesse contexto, é fundamental modernizarmos e ampliarmos a interligação entre os diferentes modais de transporte para que o escoamento dos produtos ocorra com qualidade da origem ao destino”, afirma o presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Clésio Andrade. O estudo Transporte &


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PAULO PINTO/FOTOS PÚBLICAS

“Temos de ampliar a interligação entre os diferentes modais" CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela CNT em 2015, mostra que o não equilíbrio da matriz e a forte dependência do modal rodovi-

ário no escoamento da safra ainda trazem perda de competitividade para o setor em todas as cadeias logísticas. Um exemplo disso é o transporte da produção que sai de Lucas do Rio Verde (MT) em direção ao Porto de Paranaguá (PR), em um percurso médio de 2.300 km. O valor do frete para o escoamento apenas por rodovias gira em torno de R$ 230,00 por tonelada. Caso o mesmo produto fosse transportado pela hidrovia Teles Pires-Tapajós, o custo do frete seria reduzido em cerca de R$ 125,36. A distância percorrida por rodovias cairia para aproximadamente 320 km e outros 1.425 km seriam navegados até o porto de Santarém (PA). Além de gerar economia, a rota poderia potencializar o transporte

para o Arco-Norte e desafogar os portos do Sudeste, que operam, atualmente, no máximo da sua capacidade. “A gente cresce, mas pisando no freio. No ano passado, a colheita não foi boa. Tivemos problemas de falta de chuva, principalmente no Mato Grosso. Mas esse ano foi excelente. Poderíamos expandir muito mais nossa capacidade se a infraestrutura do país fosse melhor aproveitada”, ressalta o técnico da gerência de avaliação e levantamento de safras da Conab, Francisco Olavo. Para o coordenador do Núcleo de Logística da FDC (Fundação Dom Cabral), Paulo Resende, o Brasil está “brincando com fogo e rasgando dinheiro” ao não criar melhores condições

logísticas para o escoamento de granéis. “As commodities são negociadas na bolsa de Chicago (EUA), e o preço final é decidido a priori. Então você vende o produto e só depois os custos logísticos incidem sobre o preço final. Portanto, quanto maior a incidência percentual desses custos, menor a margem de ganhos. Todo mundo perde na cadeia de suprimentos. Perde o produtor, perdem as empresas que negociam soja e milho no Brasil, perdem os embarcadores. E o país perde muito em competitividade.” Outro problema, de acordo com o professor, é o risco de descumprimento dos contratos caso a soja não chegue ao porto para embarcar no navio. “O cliente simplesmente desvia


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IVAN BUENO/DIVULGAÇÃO

Safra de grãos deve ter aumento de 25,6% em relação a 2015/2016

Devem ser colhidos

234,3 milhões de toneladas de grãos em 2017

e manda pegar em outro lugar, e nós morremos com o produto ‘na mão’. Atualmente, isso não acontece de forma significativa porque a demanda é muito grande, principalmente por causa do mercado chinês. Mas no dia em que países concorrentes tiverem maior oferta de produtos, o Brasil começará a perder. A única solução será negociar com preço menor. Se os custos internos continuarem aumentando, o resultado será uma perda econômica enorme”, alerta. Modais Vários são os desafios para

que o Brasil não corra o risco de perder economicamente com a falta de investimento em corredores logísticos adequados à realidade nacional. Para a exportação do complexo de soja e milho são utilizados os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário, com maior participação do primeiro. Já nos corredores de consumo interno, o abastecimento é realizado exclusivamente por rodovias, segundo o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Segundo o estudo da CNT, o principal motivo para a escolha de um modal no processo

de escoamento dos granéis é o custo do frete, que pode representar cerca de 50% do valor recebido pela tonelada de milho e mais de 20% do valor da soja. Com infraestrutura ineficiente em outros modais, escoar por rodovias ainda continua sendo mais barato no Brasil. Um carregamento pela BR-163, por exemplo, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) em uma extensão de cerca de 1.700 km, é 40% mais vantajoso em relação ao transporte realizado pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá por ferrovia, explica Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral.


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Esse excesso de uso da malha rodoviária prejudica a qualidade das rodovias. Levantamento da CNT mostra que as condições ruins do pavimento representam impacto de 30,5% no custo operacional das empresas de transporte nas rotas de escoamento de soja e milho. Se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões. A BR-163 é um desses exemplos. Em fevereiro, as chuvas transformaram um trecho de 25 km na divisa entre Mato Grosso e Pará em um lamaçal por causa da falta de pavimentação. Resultado: longas filas de caminhões parados por dias no local. As obras de pavimentação nesse trecho foram paralisadas e a previsão é de retomada ainda este ano. O governo fede-

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Deficiências no pavimento aumentam em

30,5% o custo operacional ral afirma que foram adotadas medidas para melhorar a trafegabilidade nos pontos de atolamento, por meio da colocação de pedras e cascalhos. Mesmo assim, reconhece que ainda é preciso pavimentar um total de 297 km na rodovia. O modal ferroviário também possui um grande desafio, sobretudo em relação à ferrovia Norte-Sul, cuja construção

URGÊNCIA

Integração é fundamental para a logística eficaz A ideia de que a integração entre os diferentes modais é a solução para a melhoria do escoamento da safra de grãos no Brasil é unânime entre representantes do setor de transporte. Para o presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística, Transportes e Carga), Pedro Lopes, a falta de investimentos do governo em

diferentes modais continua sendo um grande entrave para uma logística eficiente. “O transporte rodoviário, por exemplo, que é responsável pela maior parte dos deslocamentos dos granéis no Brasil, demanda rodovias em melhor qualidade”, diz. O presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aqua-

viária), Raimundo Holanda, afirma que não existe setor rodoviário forte sem o auxílio da navegação interior e dos outros modais. “O destino das carretas é o porto. Para isso, precisamos investir na integração entre rodovias, ferrovias, hidrovias e acessos portuários”, afirma. Já o presidente da Fenamar (Federação Nacional

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das Agências de Navegação Marítima), Waldemar Rocha, é enfático ao dizer que a expressão logística integrada é pleonasmo. “Logística é integração total. Mas infelizmente não conseguimos alcançar esse nível porque esbarramos na falta de infraestrutura. Para isso, é fundamental a abertura para a iniciativa privada”, conclui.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

MÁRCIO FERREIRA/DIVULGAÇÃO

Fila de caminhões em trecho não pavimentado da BR-163

foi iniciada há cerca de 30 anos, e ainda não foi concluída. Atualmente, o único trecho em pleno funcionamento vai de Açailândia (MA) a Porto Nacional (TO), com a possibilidade de interligação com a Estrada de Ferro Carajás e transbordo junto ao Porto de Itaqui (MA). Porém, o trecho entre Porto Nacional (TO) e Anápolis (GO), que soma um total de 855 km, finalizado desde 2014, ainda não está em funcionamento por falta de interessados na operação devido às longas distâncias e também à questão do direito de passagem junto à malha da concessionária ALL Malha Paulista, com chegada ao Porto de Santos. O governo publicou recentemente o edital e os estudos para a concessão do trecho entre Porto Nacional e Estrela d’Oeste (SP) – cerca de 683 km ainda estão em obras - e promete o leilão para fevereiro do ano que vem. Uma das propostas incluídas na consulta pública são acordos com outras ferrovias anteriormente à licitação para garantir justamente o direito de passagem dos trens em malhas vizinhas. A solução encontrada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) foi negociar termos aditivos aos contratos já vigentes, como o da Vale e o da ALL Malha Paulista. “O direito de passagem é um grande problema enfrentado no Brasil porque as concessionárias já em operação querem

“Se os custos internos continuarem aumentando, o resultado será uma perda econômica enorme” PAULO RESENDE, COORDENADOR DO NÚCLEO DE LOGÍSTICA DA FDC

movimentar primeiro os trens delas. No momento em que um trem de outra ferrovia passa por ali, até que ponto isso não vai impactar a atividade dela? Na prática é um empecilho”, acredita a gerente do Ilos – Instituto de Logística e Supply Chain, Monica Barros. Quanto ao baixo investimento em novas ferrovias, ela avalia que a situação brasileira chegou ao limite. “Embora a safra aumente ano a ano, o crescimento de linhas férreas não é proporcional”, pondera. A especialista em infraestrutura destaca ainda a necessidade de investimento na Ferrogrão, que poderá abrir caminho para os portos do Norte do país, num trecho paralelo ao da BR-163, ligando Sinop (MT) ao terminal portuário de Miritituba (PA). “Caso a ferrovia se concretize, será uma nova porta para a exportação de grãos e poderemos ter diminuição de custos”, avalia. Atualmente, os estudos de viabilidade para a concessão encontram-se em análise


CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

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JONAS OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO

Para ser mais competitivo no mercado externo, o Brasil precisa melhorar o escoamento de grãos

Comparação de custos de transporte

Fonte: Elaboração CNT / Nota: A rota entre Lucas do Rio Verde e Santarém via Nova Canaã do Norte não é atualmente utilizada pela ausência de eclusas que possibilitem a navegação

pelo governo. Foram iniciados ainda os procedimentos para a realização de audiência pública, com data a ser definida. Monica Barros considera que

a saída pelo Arco Norte é a única maneira de desafogar os portos do Sudeste do país. No entanto, a maior parte da produção ainda é escoada pelos portos

de Santos e Paranaguá. Para se ter uma ideia, dos 21,4 milhões de toneladas de soja produzidas pela região Centro-Oeste entre 2014/2015, 12,3 milhões foram

escoados pelo Sudeste e somente 3,3 milhões pelo Norte, segundo o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. “As melhores oportunidades estão no Arco Norte. Já existem vários investimentos acontecendo na região. O paradigma do Brasil é fazer com que a safra de grãos seja escoada pelo Norte, já que o Sul e o Sudeste são bem servidos. Não é possível mais crescer por ali. Temos que descobrir outras alternativas logísticas”, pondera a especialista ao dizer que outra solução é, também, o investimento em hidrovias, sobretudo pelos rios Teles Pires e Tapajós. Para promover o uso desse modal, o governo reconhece a necessidade de dar solução para questões relacionadas à profundidade dos rios, à construção de dispositivos de transposição, à sinalização/balizamento e à adequação de canais. (Com Natália Pianegonda)


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

ANUÁRIO CNT 2017

Série histórica

de dados do transporte Segunda edição de trabalho da CNT reúne as principais informações disponíveis no país sobre todos os modais; mais de 800 tabelas estão disponibilizadas por

A

segunda edição do Anuário CNT do Transporte, divulgada em junho, traz a série histórica com os principais dados disponíveis no Brasil sobre o setor transportador e pode ser consultada, na íntegra, na internet (anuariodotransporte.cnt.org.br). São mais de 800 tabelas que mostram a evolução de todos os modais

CYNTHIA CASTRO e LIVIA CEREZOLI

(rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo), ao longo dos últimos anos, com diferentes abordagens. Foram consolidadas informações dos setores público e privado, inclusive resultados de pesquisas da CNT. O maior e mais completo documento com dados do transporte apresenta a dimensão e a importância do setor tanto para o dia a dia da população quanto

para o crescimento da economia do país. A leitura do Anuário permite conhecer as estatísticas brasileiras sobre movimentação de cargas e de pessoas, infraestrutura, produção e frota de veículos e composição do setor. “O transporte tem papel fundamental para o desenvolvimento do país. Oferecer uma infraestrutura ampla e com qualidade é imprescindí-

vel para o estímulo à competitividade e ao crescimento”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade. Nesse sentido, segundo ele, “é muito importante entender os números do transporte, que indicam os avanços e os desafios a serem superados”. A análise da série histórica mostra, por exemplo, que a qualidade e o crescimento da


CNT TRANSPORTE ATUAL

SAIBA MAIS O que é o Anuário? » É um instrumento que consolida as estatísticas disponíveis no Brasil, a partir de dados e pesquisas da Confederação e de outras fontes, sobre todos os modais, proporcionando eficiência nas consultas.

o transporte no Brasil e estimular estudos e ações que contribuam para a dinamização do setor. A análise mais aprofundada possibilitará a identificação de mudanças ao longo do tempo, bem como os avanços e desafios.

Por que foi criado? » Para estruturar o acesso a informações sobre

Por que é importante? » Porque resgata a cultura de difusão de dados

malha rodoviária não acompanham a demanda de infraestrutura para o escoamento da produção nem para o deslocamento de pessoas. A frota de veículos aumentou 194,1%, de 2001 para 2016, mas as rodovias continuam com graves problemas de qualidade, comprometendo a segurança. No ano passado, mais da metade dos trechos avaliados pela CNT apresentaram problemas. Do total da malha, 1,7 milhão de km, apenas 12,2% (210.618,8 km) têm pavimento. No transporte ferroviário, a série histórica

indica aumento de 566,2% na produção de carros de passageiros (vagões de passageiros), de 2001 (quando foram produzidas 71 unidades) para 2016, com a produção de 473. Em relação a vagões de carga, o aumento de 2001 (748 unidades) para 2016 (3.903 unidades) foi de 421,8%. O Anuário mostra ainda que as instalações portuárias brasileiras transportaram quase 1 bilhão de toneladas de cargas no ano passado – queda de 1,1% em relação a 2015. No modal aeroviário, a queda no transporte doméstico, de

públicos e privados para o planejamento sistêmico do transporte nacional. Onde pode ser acessado? » Está disponível nas versões impressa e digital (anuariodotransporte. cnt.org.br). Na digital, há a íntegra das tabelas, que abordam os modais rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário. 2014 para 2015, foi 0,7% e, no internacional, de 1,7%. Mas o documento indica também que mais de 100 milhões de passageiros são transportados por ano pelo modal aéreo. De acordo com Clésio Andrade, “o Anuário é um instrumento que exerce papel estratégico na elaboração de um sistema de transporte eficiente, pois permite maior agilidade a estudos e análises que auxiliam no planejamento, na definição da aplicação de projetos e recursos e na execução de obras”, diz.

JUNHO 2017

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Desafios Planejamento e aumento de recursos para infraestrutura de transporte são dois grandes desafios, reforça o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. “A série histórica mostra que é preciso investir mais. Os recursos públicos são insuficientes. Além da necessidade de aumentar os aportes, acreditamos que a participação da iniciativa privada é fundamental. Os processos de concessão precisam ser priorizados, e o governo precisa criar mecanismos para estimular a vinda de recursos privados”, considera. Bruno Batista também reforça a urgência para que se pense no planejamento do sistema de transporte brasileiro. “Os números mostram que, de certa forma, o país abandonou o planejamento ao longo dos anos. Observamos que algumas distorções verificadas no passado persistem por muito tempo. A análise mais aprofundada dos dados dessa segunda edição do Anuário contribuirá para que se desenvolvam melhores soluções aos gargalos do sistema de transporte brasileiro.” Leia a seguir algumas informações do Anuário CNT.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

ANUÁRIO CNT DO TRANSPORTE

2017 extensão total da malha em 2015 incluindo trechos pavimentados e sem pavimento

12,2% são pavimentados (210.618,8 km) 5,3% da malha pavimentada é de pista dupla 94,0% da malha pavimentada é de pista simples 0,7% em obras de duplicação Em 2001, 9,8% eram pavimentados (170.902,9 km) 3,4% da malha pavimentada era de pista dupla 95,7% da malha pavimentada era de pista simples 0,9% em obras de duplicação das rodovias avaliadas na Pesquisa CNT de Rodovias 2016 apresentam algum tipo de problema no estado geral

veículos registrados, no Brasil, até 2016

194,1% de crescimento em relação a 2001, quando existiam 31.913.003 registros Frota de veículos registrados 100,0 90,0

81,6

90,7

93,9

70,5 64,8

70,0 60,0 50,0 40,0

86,7

76,1

80,0

Milhões

TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Estatísticas consolidadas

31,9 34,3

36,7

39,2

42,1

45,4

49,6

54,5

59,4

30,0 20,0 10,0 0,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

De 2001 a 2015, a extensão das rodovias pavimentadas cresceu 23,2% e a frota aumentou 184,2% O maior percentual de crescimento entre 2001 e 2016 foi na frota de motocicletas:

de passageiros foram transportados por mês nos ônibus urbanos em 2015, em nove capitais (Belo Horizonte-MG, Curitiba-PR, Fortaleza-CE, Goiânia-GO, Porto Alegre-RS, Recife-PE, Rio de Janeiro-RJ, Salvador-BA e São Paulo-SP)


JUNHO 2017

Emprego pessoas empregadas no transporte ferroviário de cargas (até agosto de 2016), entre pessoal próprio e terceirizado – aumento de 42,8% em relação a 2006 (28.171) O pico de contratações ocorreu em 2012 (43.754) - crescimento de

55,3% na comparação com 2006

De 2012 para 2014, houve queda de 8,5% De 2014 para 2016, foi registrado um leve aumento de 0,5% A malha ferroviária brasileira é composta por carros foram produzidos em 2016, o maior número desde 2001 (71) - aumento de 566,2% vagões foram produzidos em 2016 – queda de 16,7% em relação a 2015 locomotivas operando em 2016 9,8% de redução em relação a 2015 (3.377), quando foi registrado o pico desde 2006 vagões operando em 2016 2012 registrou o maior número de vagões em operação desde 2006, 105.906

Movimentação de toneladas de carga por quilômetro útil (TKU) foram transportadas em 2016

Quantidade de carga transportada (TKU) - 2006 a 2016 400

332,3

350

298,9

Em bilhões de TKU

300

267,2 250

238,4

257,1

278,0

298,0

293,3

341,2

307,2

245,5

200 150 100 50 2006

2007

2008

2009

2010

*relaciona a quantidade de carga transportada por quilômetro

2011

2012

2013

2014

2015

2016

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TRANSPORTE FERROVIÁRIO

CNT TRANSPORTE ATUAL


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CNT TRANSPORTE ATUAL

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2017

ANUÁRIO CNT DO TRANSPORTE

de toneladas de cargas foram movimentadas nas instalações portuárias brasileiras em 2016 - queda de 1,1% em relação a 2015 Granel sólido: 628,9 milhões de toneladas (queda de 0,7% em relação a 2015) Granel líquido: 218,0 milhões de toneladas (queda de 3,8% em relação a 2015) Carga conteinerizada: 100,1 milhões de toneladas (queda de 0,5% em relação a 2015) Carga geral solta: 50,4 milhões de toneladas (aumento de 5,3% em relação a 2015)

Movimentação total de cargas segundo a natureza da carga - 2010 - 2016 633,3

628,9

231,8

226,7

218,0

97,5

101,1

100,6

100,1

44,9

43,4

46,0

47,8

50,4

2012

2013

2014

2015

2016

700,00 600,00 Milhões de toneladas

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Estatísticas consolidadas

544,7

554,7

569,1

590,0

209,9

212,4

217,5

219,3

74,2

84,3

87,3

45,0

46,0

2010

2011

511,1

500,00 400,00 300,00 200,00 100,00 -

Granel Sólido

Granel Líquido e Gasoso

Carga Conteinerizada

Carga Geral

de toneladas foram movimentadas, em 2016, na navegação por longo curso queda de 1,8% em relação a 2015

de toneladas de carga foram movimentadas, em 2016, na cabotagem - aumento de 0,8% em relação a 2015

de toneladas de cargas foram movimentadas, em 2016, nos Terminais de Uso Privado - queda de 0,4% em relação a 2015

de toneladas de carga foram movimentadas, em 2016, nos portos organizados - queda de 2,5% em relação a 2015


JUNHO 2017

pessoas empregadas nas companhias aéreas em 2015

4,4% em relação a 2010 Queda de 4,8% em relação a 2014

Crescimento de

Distribuição dos empregados nas empresas aéreas brasileiras por categoria - 2015 Pilotos e Copilotos 10,2% Pessoal de Manutenção e Revisão 13,8%

Demais Tripulantes Técnicos 0,1%

Outras 39,3%

Pessoal de Tráfego e Vendas 17,3% Auxiliares de Voo 19,4%

aeronaves registradas em 2016

56,0% de aumento em relação a 2001, quando a frota era formada por 14.040 aeronaves 45,7% do total (10.019 unidades) são aviões particulares 3,0% são aeronaves do transporte público regular (doméstico ou internacional) de voos realizados por empresas brasileiras e estrangeiras em 2015

80,2%

de aumento em relação a 2004, quando foram registrados 601 mil voos

117,8 milhões Aumento de

de passageiros pagos transportados, em 2015, em voos domésticos e internacionais, nas empresas brasileiras e estrangeiras

185,7% de 2004 para 2015 e de 0,5% de 2014 para 2015

de toneladas de carga paga foram transportadas, no ano de 2015, em voos internacionais com origem ou destino no Brasil, o que representa queda de 5,2% na comparação com 2014

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TRANSPORTE AEROVIÁRIO

CNT TRANSPORTE ATUAL


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

RODOVIÁRIO

Pesquisadores

começam a coletar dados de rodovias Durante 30 dias, equipes avaliarão pavimento, sinalização, geometria e pontos críticos; estudo auxilia transportadoras e caminhoneiros autônomos a programar melhor suas rotas por

O

s pesquisadores que coletarão os dados da 21ª Pesquisa CNT de Rodovias já estão percorrendo os trechos de todas as regiões do Brasil. As 29 equipes saíram a campo no dia 26 de junho. Durante 30 dias, avaliarão mais de 106 mil quilômetros, considerando as condições do pavimento, da sinalização e da geometria da via. Também serão observados os pontos críticos, como erosões nas pistas e quedas de barreiras; e infraestruturas de apoio, como postos de abastecimento, oficinas mecânicas e

CYNTHIA CASTRO

postos da Polícia Rodoviária. A pesquisa avaliará toda a malha federal pavimentada e os principais trechos estaduais, também pavimentados. Serão percorridos os corredores rodoviários por onde são transportados os maiores volumes de cargas e de passageiros. Depois da fase de coleta, a equipe técnica da CNT validará e analisará os dados, aplicando o Modelo CNT de Classificação das Rodovias. Com os resultados, a CNT e o SEST SENAT oferecem informações relevantes para que as transportadoras e os

Rotas da pesquisa 2017


CNT TRANSPORTE ATUAL

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LUIZ RENATO ORPHÃO/CNT

Na 21ª Pesquisa CNT de Rodovias, serão avaliados mais de 106 mil km

caminhoneiros autônomos possam planejar suas rotas de viagens, considerando as condições de cada trecho e os pontos onde é oferecida infraestrutura de qualidade. A série histórica teve início em 1995 e, em todos esses anos, o trabalho se consolidou como o principal instrumento de avaliação rodoviária do país. “Essa é a mais completa e abrangente pesquisa no Brasil sobre as condições das rodovias”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade. O diretor-executivo da Confederação, Bruno Batista, complementa que a pesquisa identifica as rodovias que melhoraram de um ano para o outro e também aquelas que estão em estado mais crítico e que precisam de investimento. “Os resultados também são usados para alertar o poder público sobre os trechos mais deficientes. É um instrumento para auxiliar no planejamento da manutenção das rodovias e na formulação de políticas públicas mais ajustadas às reais

Grupo de variáveis de coleta

Variáveis coletadas Pavimento

Sinalização

Condição da superfície

Horizontal

Velocidade devido ao pavimento

Faixas centrais e laterais

Vertical Placas de limite de velocidade Placas de indicação Placas de interseção Visibilidade e legibilidade das placas

Pavimento do acostamento

Geometria da Via

Outros levantamentos

Tipo de rodovia

Pontos críticos

Perfil da rodovia

Infraestruturas de apoio

Faixa adicional de subida Pontes/viadutos Curvas perigosas Acostamento

Dispositivos auxiliares Defensas

necessidades dos transportadores rodoviários do país.” As equipes que saíram a campo passaram por um intenso treinamento de três semanas, incluindo aulas teóricas e práticas. Para a coleta de dados, os pesquisadores utilizam equipamentos como GPS, computadores e tablets, mantendo comunicação em tempo real com a equipe que

fica localizada na sede da CNT, em Brasília. SEST SENAT Para oferecer suporte aos motoristas de caminhão que estão nas rodovias, especialmente os autônomos, além de identificar as estruturas de apoio, a pesquisa também lista todas as mais de 140 unidades operacionais do SEST SENAT. Ao

ler o material, os trabalhadores do transporte que estiverem passando pelas diferentes regiões do país também poderão saber onde encontrar assistência e apoio nas áreas de educação, saúde (fisioterapia, psicologia, nutrição e odontologia), além de atividades esportivas, culturais e sociais, realizadas ao longo l de todo ano.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

PLANEJAMENTO

Inovação no Fórum criado pelo Sistema CNT promoverá intercâmbio para maior eficiência do setor de transporte brasileiro; primeiro projeto será um workshop em parceria com a Universidade de Stanford por

CYNTHIA CASTRO


CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

33 ARQUIVO CNT

transporte P

ara pensar o presente e o futuro do transporte brasileiro, bem como refletir sobre as necessidades e possibilidades de melhorias, com novas tecnologias e propostas inovadoras, o Sistema CNT criou o Fórum de Inovação do Transporte. Com o debate constante sobre diferentes soluções para todos os modais, haverá um estímulo ao desenvolvimento do setor e da atuação dos trabalhadores. A coordenação das ações será feita pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística), e muitos projetos serão promovidos pelo SEST SENAT. O primeiro deles acontecerá

em parceria com a Universidade de Stanford, dos Estados Unidos. Essa aproximação entre a instituição norte-americana, a CNT, o ITL e o SEST SENAT foi fruto da atuação da Diretoria para Assuntos Internacionais, por meio do Escritório da CNT na Alemanha, cujas tratativas se iniciaram ainda em 2016. Workshops com professores norte-americanos e integrantes do Fórum abordarão temas como liderança, ferramentas para a tomada de decisão, tendências tecnológicas como big data e inteligência artificial, além do futuro do treinamento dos profissionais do setor. Entre

os dias 24 e 26 de julho, o SEST SENAT promoverá o primeiro workshop, em Brasília. De acordo com o presidente da CNT, Clésio Andrade, essa iniciativa é fundamental para criar alternativas que possibilitem o fortalecimento do setor no Brasil. “Precisamos estar atentos às tendências de diferentes partes do mundo para tornar o transporte brasileiro mais competitivo. Queremos pensar o presente e o futuro, com muita inovação e eficiência”, afirma. De acordo com Clésio Andrade, essa troca de informações também contribuirá para a melhor preparação dos trabalhadores do

transporte. “O investimento no capital humano e nos treinamentos de qualidade é fundamental para a evolução do setor.” Para facilitar os trabalhos e torná-los mais dinâmicos, os integrantes do Fórum deverão ser divididos em grupos temáticos formados conforme as demandas dos projetos, a capacidade técnica e as experiências pessoal e profissional. De acordo com o diretor-executivo do ITL, João Victor Mendes de Gomes e Mendonça, haverá uma troca de experiências e de ideias sobre melhoria de processos e aplicação de novas tecnologias nos modais rodoviário, ferroviário, aquaviário


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

EMBRY-RIDDLE AERONAUTICAL UNIVERSITY/DIVULGAÇÃO

PRECISÃO DO SETOR AÉREO PODERÁ AUXILIAR OUTROS MODAIS A expertise e a precisão da aviação também irão fomentar os debates do fórum criado pelo Sistema CNT. Um dos integrantes do colegiado, o diretor-executivo da Embry-Riddle Aeronautical University para América Central e do Sul, Fabio Campos, afirma que a troca será positiva para todos os segmentos. “Há muitas inovações da aviação que podem ser adaptadas e aplicadas em outros modais, e espero ouvir desses outros modais inovações para aproveitamento no setor aéreo.” A Embry-Riddle Aeronautical University, com sede na Flórida (Estados Unidos), atua há mais de 90 anos na área de educação aeronáutica e aeroespacial. São 120 unidades espalhadas por diferentes países. Na avaliação de Campos, “as discussões do fórum também contemplarão as inovações que podem ser aplicadas na educação dos profissionais do setor de transporte”. Outra troca possível no âmbito do fórum será em relação

Embry-Riddle Aeronautical University, nos Estados Unidos

e aéreo. “Também serão constantemente analisadas as conjunturas de infraestrutura, logística e política que afetam o sistema de transporte brasileiro”, explica. O diretor do Escritório da CNT na Alemanha, Thiago Ramos dos Santos, afirma que os workshops

à aplicação do conceito de CRM - Corporate Resources Management, que surgiu na aviação e foi instituído em áreas como a medicina. “É uma ferramenta de segurança operacional. Está relacionada ao gerenciamento dos recursos disponíveis para tornar as operações mais seguras e eficientes”, explica. Ao descrever a importância do CRM, Campos lembra que pilotos precisam ter uma comunicação clara, em sintonia com o restante da tripulação, para favorecer, assim, a segurança do voo. “As falhas na comunicação podem causar grandes problemas no setor aéreo e também fora dele. A ideia da aplicação do CRM é fazer com que toda a empresa se sinta responsável pelo sucesso das operações”, afirma. Segundo ele, “vai ser muito interessante poder compartilhar ideias e procedimentos sob a perspectiva da aviação, onde a inovação é constante e, muitas vezes, mais rápida do que o setor consegue acompanhar.” a serem promovidos em parceria com a Universidade de Stanford envolverão líderes do setor do transporte e multiplicadores das informações. “Os maiores intercâmbios serão em relação ao know-how dos representantes das discussões. Vamos pensar em


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JUNHO 2017

ARQUIVO CNT

O TRABALHADOR SENTIRÁ O REFLEXO PRÁTICO DAS DISCUSSÕES ESTRATÉGICAS A atuação do Fórum de Inovação do Transporte, criado pelo Sistema CNT, é importante ao considerar três pilares essenciais para o fortalecimento do setor: a melhoria da gestão, a maior eficiência das operações e o investimento nos recursos humanos. A avaliação é do professor Paulo Resende, engenheiro e coordenador do Núcleo de Logística e Transportes da Fundação Dom Cabral, que integra o colegiado. Segundo Resende, o trabalhador do transporte receberá os reflexos positivos das grandes discussões estratégicas sobre o presente e o futuro do transporte. “O fórum discutirá, por exemplo, o que é necessário para a implementação de um sistema multimodal de qualidade. O trabalho integrado entre caminhoneiros e outros profissionais, dentro de como devemos analisar a situação atual e nos mover em direção ao próximo passo”, diz Santos. Segundo ele, a Universidade de Stanford está entre as dez primeiras colocadas de todos os rankings de melhores universidades do mundo, e em primeiro de vários deles. “Ela é a precursora do potencial do Vale do Silício nos Estados Unidos - a região de onde vêm surgindo as principais inovações em tecnolo-

um sistema multimodal, trará ótimos resultados para o setor e para o trabalhador.” Resende destaca ainda que o intercâmbio com outros países também será importante para discutir e incentivar o uso de novas tecnologias embarcadas, facilitando, assim, a atuação do trabalhador brasileiro e melhorando as operações logísticas. De acordo com o professor da Fundação Dom Cabral, ao contribuir para o pensamento estratégico sobre o transporte, o fórum estimulará a competitividade do setor. “A inovação não está ligada somente a questões operacionais dos diversos modais, mas a questões jurídicas, administrativas, regulatórias, de multimodalidade. Precisamos integrar, aproveitando o que cada modal tem de melhor”, afirma. gias e as maiores inovações em modelos de negócios no mundo. São desenvolvidas propostas que buscam quebrar paradigmas e fazer as mesmas coisas de forma diferente, mais eficiente, mais barata e mais adaptada à realidade atual.” O diretor internacional da CNT, Harley Andrade, afirma que o intercâmbio e a busca por modernas ferramentas de gestão e planejamento trarão ótimos

Brasil precisa investir em integração de modais

SAIBA MAIS

FÓRUM DE INOVAÇÃO DO TRANSPORTE » O que é: colegiado composto por representantes do setor e integrantes de instituições de ensino que se reune com o objetivo de pensar o presente e o futuro do transporte brasileiro » Grupos de trabalho: poderão ser criados para facilitar o debate, a análise e o andamento de projetos de interesse » Projetos: o primeiro será desenvolvido com a Universidade de Stanford, dos Estados Unidos. Em julho, será promovido um workshop em Brasília resultados para o país. “Nossos escritórios internacionais têm trabalhado para promover essa troca de informações, para buscar novas tecnologias e treinamento aos gestores frente à revolução tecnológica que acontece no mundo e que tem transformado o setor de transporte e logística”, afirma. A diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, também considera que

é muito importante expandir os projetos da instituição. “O SEST SENAT desenvolve um trabalho reconhecido pela qualidade da capacitação dos trabalhadores do setor transportador. Agora, a promoção desse intercâmbio de inovação e tecnologia com uma universidade de excelência dos Estados Unidos contribuirá para evoluirmos ainda mais os serviços que prestamos no Brasil”, ressalta. l


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017 FÁBIO ARANTES/FOTOS PÚBLICAS

RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Queda de demanda e

problemas financeiros Levantamento da NTU mostra que cerca de 68% das empresas de transporte público urbano têm alguma dívida; em três anos, número de passageiros caiu 16,5% por

P

esquisa inédita encomendada pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) revela

DIEGO GOMES

que, nos últimos três anos – período de agravamento da crise econômica no Brasil –, a maioria das empresas de ônibus responsáveis pelo

transporte público urbano enfrenta queda na demanda de passageiros, perda de mão de obra, elevação do endividamento e aumento do índice

de encerramento de atividades. O levantamento, uma espécie de raio-X do setor, foi divulgado em junho, em Brasília, durante o Seminário


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Transporte Público Urbano: desafios e oportunidades, promovido pela associação, em parceria com o jornal Valor Econômico. Entre 2014 e 2016, a demanda do setor caiu 16,5%, passando de 382,4 milhões de passageiros transportados para 319,3 milhões. No mesmo período, as empresas demitiram mais de 7.000 trabalhadores, terminando o ano passado com um efetivo de 133,5 mil funcionários. A pesquisa também aponta que, no período, foram fechadas 56 empresas de ônibus por motivo de falência ou perda de contratos públicos. Para traçar a situação econômico-financeira

do setor, foram realizadas 225 entrevistas com os principais gestores de empresas de transporte público associadas à NTU, em 115 municípios, no período de 23 de março a 12 de maio de 2017. O levantamento mostra ainda que quase 67,6% das transportadoras avaliadas têm, atualmente, algum tipo de dívida, em sua maioria de origem tributária ou previdenciária. Três em cada dez empresas possuem dívida com a Previdência Social e dívidas superiores a 40% do faturamento anual. "É uma situação preocupante, que expõe uma crise que compromete o serviço oferecido aos usuários do sis-

tema de transporte público urbano. Nos últimos 20 anos, o setor tem perdido demanda e produtividade, sofrendo com a ausência de políticas públicas. O endividamento é reflexo dessa situação, que pode tomar proporções ainda maiores. Enquanto os custos do transporte público forem pagos somente pela tarifa, a situação só tende a se agravar", comenta o presidente da NTU, Otávio Cunha. Diante desse cenário de recessão, quase a metade das empresas avaliadas aderiram a programas de recuperação fiscal nas esferas federal, estadual e municipal; e um terço delas pretende aderir ao novo Refis (programa de renegocia-

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“Nos últimos 20 anos, o setor tem perdido demanda e produtividade, sofrendo com a ausência de políticas públicas” OTÁVIO CUNHA, PRESIDENTE DA NTU

FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO

Pesquisa ouviu mais de 2.000 gestores de empresas de transporte público


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FÁBIO ARANTES/FOTOS PÚBLICAS

IMOBILIDADE Sobra dinheiro para obras de mobilidade urbana A falta de infraestrutura de qualidade para o transporte público urbano tem gerado impactos negativos na vida cotidiana das pessoas que, a cada dia, se veem em maiores dificuldades de deslocamento nas cidades. Diante dessa realidade, a implantação de planos de mobilidade vem conquistando cada vez mais espaço nas agendas municipais. Contudo, questões operacionais impedem o avanço nessa questão. O Secretário Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, José Roberto Generoso, informou que está sobrando dinheiro na pasta para o financiamento de projetos de mobilidade. “Temos recursos suficientes para fazer seis vezes mais do que estamos fazendo agora. Só para este ano temos R$ 10 bilhões”, revela. O problema, segundo o secretário, é a baixa capacidade técnica das prefeituras para elaborar os projetos. Segundo ele, quase a totalidade deles não é aprovada porque não está adequada aos critérios exigidos. Para tentar mudar o cenário, os projetos agora estão sendo elaborados em parceria com as áreas técnicas do ministério.

FREEPIK.COM

ção de dívidas tributárias). Para o presidente da NTU, é necessário constituir um fundo, como existiu até 1988, para suprir a demanda de passageiros e prover infraestrutura viária adequada ao transporte urbano. “Em muitos países desenvolvidos, há

subvenção financeira pública. Uma parte da tarifa é para custear a operação e a outra para remunerar operadores", diz. A pesquisa da NTU também traz a informação de que 41,3% das empresas entrevistadas não tiveram pelo menos um reajuste tari-

fário nos últimos três anos, período que coincide com o pós-efeito das manifestações de 2013, que mobilizaram milhões de pessoas no país e que, entre tantas reivindicações, contestava o aumento de tarifas de ônibus e a qualidade do transporte público.

Alternativas Para o diretor administrativo e institucional da NTU, Marcos Bicalho, entre as possíveis soluções para o setor contornar o cenário de crise e de incertezas, está a criação de uma Cide Municipal, projeto que já tra-


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FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO

Mais de 40% das empresas entrevistadas não tiveram reajuste de tarifa nos últimos 3 anos

mita no Congresso e propõe a taxação de um percentual sobre a gasolina, o etanol e o gás natural veicular, a ser pago pelos proprietários do transporte individual, em prol do usuário do sistema de transporte público urbano. Outra questão crucial

para o setor, na avaliação de Bicalho, é definir fontes de recursos para as gratuidades, que são embutidas nas tarifas do passageiro pagante. "Não discutimos a necessidade das gratuidades, que são legitimadas pela sociedade, mas poderiam

ser custeadas por recursos da Educação, no caso do passe estudantil e do Fundo Nacional do Idoso, no caso do passe livre para idosos." Segundo o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Derziê de Sant'Anna, a instituição financeira está

pronta para abrir linhas de crédito ao setor. "Agora, vamos começar, na verdade, toda a linha de financiamento que diz respeito aos programas Pró-Transporte e Refrota 17 (específico para renovação de frota de ônibus)", anunciou. l


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FERROVIÁRIO

Lixo nos trilhos Excesso de resíduos nas linhas aumenta os riscos de acidentes, a proliferação de transmissores de doenças e compromete a drenagem; despejo geralmente é feito por comunidades vizinhas por

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uando o assunto é ferrovia, as companhias metroferroviárias gastam boa parte do tempo planejando a operação do transporte de passageiros. Mas um tema alheio ao foco central passou a ser preocupação constante:

EVIE GONÇALVES

o excesso de lixo nas linhas férreas. São resíduos que variam de itens domésticos a materiais de construção. Para se ter uma ideia da relevância do problema, só a SuperVia, no Rio de Janeiro, que atua em cinco ramais ligando o centro da cidade ao subúrbio carioca,

retira, em média, mil toneladas de lixo por mês da malha. Em geral, o lixo é depositado por comunidades que vivem no entorno das linhas férreas. São famílias carentes, que moram em invasões, ou seja, não possuem local acessível para descartarem seus resí-

duos e acabam utilizando as faixas de domínio como depósitos. “Os moradores jogam porque sabem que nós vamos recolher. Trata-se de uma questão cultural e de um ciclo vicioso”, afirma o gerente de via permanente da SuperVia, Roberto Fisher. Segundo ele,


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FOTOS TRENS URB/DIVULGAÇÃO

“Os moradores jogam porque sabem que nós vamos recolher. Trata-se de uma questão cultural e de um ciclo vicioso”

ROBERTO FISHER, GERENTE DA SUPERVIA

Algumas empresas chegam a retirar mil toneladas de lixo por mês da malha

é comum os moradores quebrarem os muros que separam as comunidades das ferrovias e criarem passagens clandestinas para despejo do lixo. Dados da empresa revelam que 180 acessos secretos já foram criados por essas comunidades. “A operadora fecha, em média, quatro por mês, mas ao final de 30 dias, três deles são reabertos”, lamenta. Diversos são os problemas causados pelo acúmulo desses resíduos nas linhas férreas. O principal é o risco de os trens colidirem com algum objeto de grande porte. Em Porto Alegre, na malha da Trensurb,

um maquinista teve que parar a composição porque um sofá estava sobre o trilho. Uma equipe teve que ser deslocada até o local para retirar o objeto. “A frenagem brusca pode comprometer a segurança dos passageiros”, explica o chefe do setor de responsabilidade socioambiental da companhia, Guilherme Campos. Outro ponto crítico é a existência de insetos e roedores que, além de contribuírem para a proliferação de doenças, danificam equipamentos de sinalização e fios, provocando curto-circuito nos trilhos. Segundo Campos, quando isso

acontece, os trens têm que operar em velocidade reduzida porque o funcionamento do centro de controle dos vagões fica comprometido. O acúmulo de lixo também impede a drenagem de água. “Os resíduos obstruem canaletas e bueiros que fazem o escoamento pluvial, o que acaba gerando acúmulo de água na ferrovia”, explica o gerente da SuperVia. Apesar de todos os problemas gerados, as empresas têm feito um trabalho permanente de retirada desse material. A CBTU de Belo Horizonte, por exemplo, recolhe diariamente cerca de 1,5 tonelada de lixo ao

longo de toda a via do metrô. No total, são cerca de cem limpezas diárias nos intervalos das operações nas 19 estações. A higienização dos 50 quilômetros de canaletas também é feita rotineiramente. A Metrofor, que opera duas linhas no metrô de Fortaleza, retira uma média de 300 toneladas de lixo por mês em 43 quilômetros de extensão. Além disso, trabalha em um programa para diferentes destinações desses resíduos. O presidente da companhia, Eduardo Hotz, ressalta que a separação é feita no momento do recolhimento, de acordo com o tipo


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FOTOS MRS/DIVULGAÇÃO

de lixo. Em seguida, o material é encaminhado para a prefeitura, que trata da destinação final. “Temos um problema sério de miséria nas proximidades do metrô cearense. Não conseguimos mudar essa realidade de uma hora para a outra. Além da frente da coleta do material, também trabalhamos na conscientização dessas comunidades”, diz Hotz. Campanhas As operadoras metroferroviárias trabalham frequentemente em campanhas para que os moradores das comunidades próximas às ferrovias não despejem lixo nas linhas. A CBTU, por exemplo, promoveu pelo menos 30 ações, no ano passado, nas estações e nos trens do metrô com a entrega de 5.000 folhetos informativos aos passageiros. Neste ano, já foram 20 ações. Já a Metrofor oferece palestras em escolas localizadas nas regiões que circundam os trilhos, com temas diversos sobre os problemas de saúde decorrentes do excesso de lixo. Além disso, a companhia criou dez unidades específicas para o recolhimento do material e possui um programa desenvolvido desde 2011 de etiqueta urbana com ações específicas para os comportamentos dos usuários. As concessionárias de cargas também desempenham ações diversas. Em 2016, a Vale

Problema atinge o transporte ferroviário de cargas e de passageiros

lançou o programa “Jogue Limpo”, envolvendo associações de moradores, igrejas, projetos sociais e poder público. A sensibilização é realizada nas casas dos moradores vizinhos à ferrovia EFVM (Estrada de Ferro Vitória-Minas) e inclui a entrega de ecobags e ímãs de geladeira, informando os dias e horários de coleta do lixo, além dos telefones do Alô Ferrovias e do Cata-Móveis.

A empresa realiza ainda diferentes intervenções nos espaços urbanos, atuando na instalação de lixeiras, placas de orientação ou na construção de jardins, sempre com a participação da comunidade. O monitoramento é feito a cada três meses até que seja considerado eliminado o ponto de descarte irregular. No ano passado, dez comunidades foram atendidas em quatro municípios entre

Minas Gerais e Espírito Santo. Dez novos pontos serão implantados este ano. “Essa é uma ação com baixo investimento que tem dado muito resultado. Com o compromisso de todos, conseguimos resolver o problema do lixo ao longo da linha e ainda contribuímos para a melhoria das condições de higiene e saúde nas localidades, dando mais orgulho para os mora-


Empresas fazem campanha de conscientização para evitar despejos irregulares de lixo

“Não conseguimos mudar essa realidade de uma hora para a outra” EDUARDO HOTZ, PRESIDENTE DA METROFOR

dores”, ressalta o supervisor de Gestão Integrada da EFVM, Eduardo Soares. A MRS Logística S.A. lançou o projeto “Lixo Fora do Lixo É Porcaria”. Para isso, abriu um novo canal de comunicação com a sociedade para recebimento de flagrantes sobre descarte irregular nas faixas de domínio. As informações recebidas são analisadas, caso a caso, por uma equipe da

empresa e, em seguida, inseridas no plano de manutenção. Outro projeto desempenhado em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, foi a entrega de uma praça de lazer construída em um espaço antes usado como depósito de lixo a céu aberto. Outra concessionária que tem projetos contra o descarte irregular de lixo é a VLI Multimodal S.A. O “Conexão Comunidade” fomenta a cons-

trução de jardins ecológicos em locais que serviam de depósitos. A manutenção do espaço fica a cargo dos próprios moradores. Dois espaços já têm resultados positivos em Montes Claros (MG). “Essa ação inibe o despejo de resíduos, porque eles próprios se sentem parte do processo”, conta o gerente-geral de corredor da empresa, Marcelo l Augusto Ferreira.


AQUAVIÁRIO

Desmontar para

desenvolver

Consolidado na Ásia e em parte da Europa, desmantelamento de navios é alternativa para alavancar estaleiros em tempos de crise; Brasil também vê oportunidade no desmonte de plataformas por

A

indústria de construção naval aposta no desmonte e no descomissionamento de embarcações e plataformas em fim de ciclo de vida como alternativa à ociosidade dos estaleiros, diretamente afeta-

DIEGO GOMES

dos pela crise econômica. A atividade é consolidada em países como China, Índia, Paquistão, Turquia e Bangladesh, responsáveis por 75% da prática no mundo. Atualmente, desmantela-se mais de 600 embarcações por ano, sendo 50% de

médio a grande porte. O Brasil, contudo, busca um diferencial mercadológico para regular a prática, ainda incipiente por aqui. De acordo com análises da UFF (Universidade Federal Fluminense), estima-se que 150 navios de vários portes esta-

riam aptos para o desmonte e outros 100 estariam fora de seu ciclo nos próximos cinco anos. Na avaliação do coordenador do Centro de Estudos para Sistemas Sustentáveis da Universidade Federal Fluminense e professor da


CUSTÓDIO COIMBRA/O GLOBO

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“Realizar a reciclagem de navios e plataformas é uma oportunidade de o setor voltar a ter encomendas e gerar trabalho e renda” NEWTON NARCISO PEREIRA, PROFESSOR DA UFF

Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda (RJ), o desmantelamento de embarcações no país é uma oportunidade para agregar valor à indústria naval brasileira. “Os estaleiros estão com baixa ocupação e, nos últimos dois anos, mais de 40 mil pessoas foram demitidas em todo o país. Desse modo, realizar a reciclagem de navios e plataformas é uma oportunidade de o setor voltar a ter encomendas e gerar trabalho e renda.” Pereira chama atenção para o aspecto de que a prática também configura uma oportuni-

dade de não somente alavancar os estaleiros, mas também a indústria de reciclagem. O processo de reciclagem de navios deve seguir os passos da Convenção de Hong Kong, de 2009, que estabelece procedimentos para que os estaleiros realizem a atividade. “Quando um navio for enviado à reciclagem, ele precisa apresentar um inventário de materiais perigosos, que indica as origens desses produtos a bordo. Com isso, o estaleiro responsável pela reciclagem pode, previamente, identificar com que tipo de material lida-

rá”, explica o professor. Além disso, o estaleiro precisa preparar um plano de reciclagem, e apresentar como será realizada a gestão dos resíduos provenientes do desmonte. Todo esse processo deve ser realizado com a supervisão da Marinha do Brasil, que tem que aprovar as operações de reciclagem em consonância com o Estado de Bandeira de navio. Se um navio, por exemplo, é de origem panamenha, esse deve notificar seu Estado de Bandeira que realizará a reciclagem no Brasil, pois, ao término do processo, o estaleiro terá que emitir uma declaração que será armazenada tanto no Estado Porto que realizou a reciclagem quanto no de Bandeira de registro da embarcação. De acordo com o presidente da Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval), Luis de Mattos, o material da reciclagem pode ser amplamente absorvido por diversos segmentos de mercado, como a indústria naval, siderúrgica, construção civil, componentes eletrônicos, utensílios domésticos, estruturas metálicas, bem como a indústria de tratamento de resíduos químicos e tóxicos. O rejeito final que deve ser destinado efetivamente para incineração é de pequena monta. Alguns indicadores internacionais mostram que, em geral, o índice de reutilização dos materiais é de 95%.

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Caso brasileiro Para Mattos, viabilizar a prática comercialmente no Brasil é um desafio. “A gente está muito longe dos grandes centros, não somente para levar navios para outros continentes como também para trazê-los para cá a fim de reciclá-los. Quando um armador europeu trouxer um navio até o Brasil, ele terá de rebocar até aqui para ser desmontado. Isso já tem um custo.” Na visão dele, esse valor tem que ser bem competitivo em relação ao mundo inteiro. Nesse sentido, o presidente da Sobena considera ser necessário rever a questão tributária e criar uma solução comercial para compensar a concorrência internacional. A principail dificuldade para o Brasil se firmar nesse mercado, no entanto, deve ser a adequação dos estaleiros, que têm muita experiência na construção, mas precisam se especializar para o desmonte. Essa é a percepção do professor Newton Narciso Pereira. “No fundo, deve-se realizar o processo inverso, porém, com um incremento da gestão dos resíduos gerados em maior escala. Além disso, os estaleiros precisarão de licenciamento ambiental para a reciclagem e de um plano de gestão de resíduos, mas já existem empresas dedicadas a tal operação no país que podem dar suporte”, diz Pereira. O professor da UFF reforça


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DESMONTE NAVAL

Atividade é regulamentada pelo Ministério do Trabalho O desmonte naval agora é atividade regulamentada no Brasil. Por meio da portaria nº 790, publicada em junho deste ano, o Ministério do Trabalho alterou a norma regulamentadora nº 34 sobre as condições de trabalho

e meio ambiente na indústria da construção e reparação naval. Uma das alterações é a regulamentação da atividade de desmonte, cujo trabalho estava sendo realizado sem nenhuma segurança jurídica para os empregadores

e a adequada proteção aos trabalhadores. De acordo com o último levantamento da Rais 2015 (Relação Anual de Informações Sociais), a indústria naval emprega mais de 45.600 trabalhadores com carteira

assinada distribuídos em 964 empresas. A portaria nº 790 também traz novidades para a indústria naval em relação à segurança e a medidas de proteção mínima à saúde do trabalhador exposto à radiação ionizante. U.S. NAVY/FOTOS PÚBLICAS/DIVULGAÇÃO

Estima-se que, em 5 anos,

150 navios estariam aptos para o desmonte no Brasil

a necessidade de consolidar uma cadeia de suprimentos reversa para o produto da reciclagem. “O aço tem destino praticamente certo, pois existe demanda por sucata pesada pela indústria siderúrgica. Porém, precisamos ainda mapear quais serão os outros atores que consumirão os insumos da reciclagem de navios e plataformas offshore, bem como fomentar o mercado

Prática estimula o desenvolvimento da indústria naval


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AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO

Desmonte de plataformas também é oportunidade; no Brasil existem mais de 75 unidades com mais de 25 anos de operação

de segunda mão para equipamentos, sistemas e componentes mecânicos. As dificuldades que se apresentam inicialmente podem virar uma grande oportunidade de mercado.” Pereira informa ainda que as restrições impostas pela Convenção de Hong Kong e pela comunidade europeia criam uma oportunidade para os estaleiros brasileiros. “Essas regras europeias obrigam os armadores a enviarem seus navios para reciclagem somente em estaleiros certificados por eles. Atualmente, são 18 certificados dentro da Europa, mas todos com baixa capacidade operacional”, diz. Segundo ele, no final de 2017, uma nova lista será publicada com a inclusão de estaleiros de outros países. Estados Unidos, Turquia e China deverão estar nessa lista. “Os estaleiros brasileiros que atendem a esses requisitos já poderiam tentar se certificar.” Uma operação-piloto está

sendo realizada no Brasil para calcular os custos da reciclagem. Especialistas do setor relatam que, para o país fazer frente à questão do custo de mão de obra na Ásia, é necessário levar em consideração todos os pontos que podem reduzir o valor a ser recebido, bem como a produtividade no processo. “Temos equipamentos e capacidade produtiva. Desse modo, o tempo para realizarmos a reciclagem tende a ser menor do que o realizado na Ásia, que o desenvolve manualmente. Isso traz uma vantagem competitiva para os estaleiros brasileiros.” O mercado asiático é formado por estaleiros com baixa produtividade e com frágeis condições de trabalho e gestão ambiental. São caracterizados por realizar o desmonte “on beach”, ou seja, diretamente nas praias da Índia, Bangladesh, Paquistão e Turquia. Em outros países, como os Estados Unidos, e no continente europeu, o

processo é realizado em estaleiros que seguem os requisitos ambientais e sociais em função da rigidez da legislação do país. A questão de envio para a Ásia, porém, está associada à capacidade de desmonte e ao valor pago para as empresas de navegação sobre a venda do navio. “O cenário para os estaleiros brasileiros mostra-se interessante, porém, é necessário que o país ratifique a Convenção de Hong Kong e siga os requisitos estabelecidos pela Organização Marítima Internacional”, conclui o presidente da Sobena, Luis de Mattos. Plataformas De acordo com a Sobena, além dos navios, existem no Brasil cerca de 150 plataformas offshore, das quais mais de 75 possuem mais de 25 anos de operação. Cerca de 11% a 15% dessas unidades deverão estar em situação de estudos para descomissionamento no período 2017-2020.

“O cenário para os estaleiros brasileiros é interessante, porém é necessário que o país ratifique a Convenção de Hong Kong” LUIS DE MATTOS, PRESIDENTE DA SOBENA

Grupos de estudos avaliam a Resolução ANP 27/2006, que trata da desativação dessas instalações. “O descomissionamento de plataforma é mais complicado em relação ao navio, pois ela precisa ser retirada do local de sua instalação. É uma operação cara e perigosa do ponto de vista ambiental e econômico”, explica o professor Newton Pereira. l


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AÉREO

Fórmula 1 dos ares Mundial de corrida aérea reúne, desde 2003, os melhores e mais velozes pilotos do planeta em cenários exóticos; tecnologia pode auxiliar desenvolvimento aeronáutico por

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magine um autêntico espetáculo visual: com as mais rápidas aeronaves do mundo, cenários de tirar o fôlego, os melhores pilotos do planeta – incluindo veteranos de guerra –, manobras arrojadas, forças gravitacionais absurdas e uma variedade infinita de traçados. Tudo

DIEGO GOMES

isso existe e pode ser apreciado no mundial de corrida aérea. Considerada a Fórmula 1 da aviação, a Red Bull Air Race World Championship, na comparação com o automobilismo, é uma corrida contra o tempo. Com provas nos Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Rússia, Hungria, entre outros

países, as aeronaves voam acima dos 400 km/h, sempre muito próximos do chão. A temporada de 2017 está em andamento desde o início do ano e já se encaminha para sua fase mais decisiva. Ao todo, são oito etapas ao longo do ano para que o campeão mundial seja definido.

Campeonatos de corrida aérea existem desde os anos 1950, mas, somente nos últimos anos, essa modalidade ganhou notoriedade, justamente pelos eventos do Red Bull Air Race, iniciados em 2003. Os circuitos da competição são montados, normalmente, sobre a água, como na etapa de Budapeste,


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Corrida tem

8 etapas durante o ano

na Hungria, promovida sobre o rio Danúbio. No Brasil, o Rio de Janeiro já sediou etapas do mundial. Em média, os circuitos medem aproximadamente seis quilômetros de extensão e são delimitados por barreiras infláveis (pylons). Caracterizado pela alta velocidade e pela baixa altitude, também pode ser realizado sobre a terra,

como acontece no circuito de Indianápolis, em Indiana, nos Estados Unidos. Os pilotos encaram manobras de 10G (dez vezes a força da gravidade), quase o dobro do que se vê na Fórmula 1. Esse é também o limite permitido pela direção de prova do Air Race, já que ultrapassar os 10G pode provocar desmaios. O peso

mínimo de um avião é de 696 kg, incluindo piloto (mais leve, portanto, que um F-1, de 702 kg). Os motores são de seis cilindros, refrigerados a ar, capazes de entregar 320 cavalos a 2.950 rpm. Os pneus são tão resistentes e tão pouco utilizados – só para pousos e decolagens, geralmente suaves – que podem ir além de uma temporada.


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Sobre a logística das provas, o Air Race leva um total de 380 toneladas de equipamentos para as corridas ao redor do globo, transportados em sete Boeings 747. Os aviões de prova geralmente precisam ser despachados, mas, em corridas mais próximas, os pilotos podem ir voando mesmo. De Indianápolis para Las Vegas, em 2016, alguns pilotos optaram por viajar no próprio avião de corrida. Há disputas de qualificatórias e finais da Challenger Class e da Master Class. Um de cada vez, os 14 pilotos percorrem o circuito. Ganha quem completa a volta mais rápida. O piloto que atingir alguma barreira é punido com acréscimo de mais tempo. Entretanto, não há grandes riscos, já que as balizas por onde os aviões passam são construídas com um frágil material, que é despedaçado ao ser atingido, o que acontece com certa frequência. Piloto brasileiro, o gaúcho Francis Barros, 39 anos, disputou as temporadas de 2015 e 2016 do Challenger Cup, torneio obrigatório para alcançar a divisão principal da Red Bull Air Race, a Master. Ele chegou ao mundial a convite do ex-piloto e técnico Klaus Schrodt. “Fui bem no processo seletivo e recebi a licença para correr, o que eles chamam de Restricted Super License. Ela habilita para a Challenger Cup, voando nas aeronaves Extra330LX, fornecidas pelo próprio campeonato, com toda uma equipe à dispo-

sição. Os pilotos voam nos mesmos aviões e recebem tratamento igual, o que torna a categoria supercompetitiva e interessante. O que conta é realmente a pilotagem”, explica Barros. Também piloto comercial da Avianca, o brasileiro teve dificuldades para conciliar a profissão com a rotina de treinamentos e de provas, e acabou deixando a categoria. Ainda assim, o gaúcho teve um bom desempenho. Barros é um dos poucos pilotos no mundo a ter completado a Rolling Loop, uma mistura de duas manobras – o famoso looping e o tunô, uma volta de 360 graus em seu eixo longitudinal. Segundo ele, voar a 370 km/h, entre pilares de aproximada-

mente 10 metros de distância a uma altura de 15 metros do solo, com obstáculos ao redor, não é nada fácil e requer treino, sensibilidade de voo e um reflexo rápido e preciso. Segurança O Air Race é o único campeonato oficial reconhecido pela FAI (Federação Internacional de Aeronáutica, na tradução para o português). A entidade supervisiona a segurança de todas as corridas, além de certificar recordes mundiais de aviação e espaciais. Segurança, a propósito, é a principal peça dessa engrenagem. “Existem médicos, psicólogos, bombeiros, mergulhadores, policiais, equipes de

resgate, enfim, tudo o que é necessário para que o esporte seja de primeiro nível, com muita semelhança à Fórmula 1. Diria até que, em alguns aspectos, ele é até mais bem preparado”, acrescenta Francis Barros. A cada prova, os pilotos são obrigados a estudar a fundo os minuciosos manuais sobre o evento, a corrida e o circuito. Normalmente, nas quintas e nas sextas-feiras, são realizados os voos de calibração e treinos. No sábado, é promovido o treino qualificatório e, no domingo, a corrida é realizada. O tempo é medido eletronicamente por sensores na aeronave e nos pylons. Ao passar por eles, o capacete (linha de referência)


MAIO 2017

Imagens das etapas de 2016 nos Estados Unidos, Abu Dhabi, Japão e Reino Unido

deve estar na faixa vermelha da barreira. Se estiver abaixo, o piloto é desclassificado. Se estiver acima, é penalizado em dois segundos extras em seu tempo. Se passar com mais de 10 graus de inclinação de asas por entre os obstáculos, também recebe penalidade de mais dois segundos. Caso o piloto colida com o obstáculo, a penalidade é de três segundos. Em caso de excesso de velocidade na entrada do circuito, ou de extrapolar a força gravitacional, ocorre a desclassificação. Em 2010, o brasileiro Adilson Kindlemann, primeiro sul-americano a competir no Air Race, acidentou-se durante um treino para a etapa de Perth, na

Austrália. O avião que ele pilotava perdeu sustentação e mergulhou com força num rio. O resgate agiu rápido, e Kindlemann teve apenas ferimentos leves. Depois do acidente, contudo, o brasileiro deixou a categoria, que, por sua vez, passou por um hiato para repensar algumas medidas de segurança. “O que ocorreu com o Adilson foi um aprendizado para todos e isso gerou a criação do Challenger Cup”, comenta Francis Barros. Tecnologia A exemplo da Fórmula 1, que serve como laboratório para tecnologias do automobilismo, o mundial de corrida aérea, com o tempo, deve se consolidar como

campo de experimentação ao setor aeronáutico. Atual líder da temporada 2017, o japonês Yoshihide Muroya conta com a ajuda do engenheiro mecânico-aeronáutico e sócio da empresa brasileira Aeron, Guilherme Santana. Ele e seus sócios, três engenheiros mecânico-aeronáuticos e um engenheiro eletricista, prestam consultoria ao piloto e o auxiliam com projetos de modificações aerodinâmicas, simulação e otimização do voo. Na avaliação de Santana, a categoria ainda está em um estágio inicial, mas certamente se desenvolverá a ponto de contribuir com a aviação. “A aviação geral, ao longo do tempo, teve poucas inovações

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e melhorias. A partir desse tipo de competição, a gente já está lançando modificações para aeronaves menores, de dois e quatro lugares, a fim de melhorar a performance. Nas aeronaves comerciais, provavelmente a contribuição será para o desenvolvimento da parte eletrônica de sensores de aquisição de dados.” Em relação ao trabalho desempenhado, Santana detalha que projeta modificações aerodinâmicas para diminuir a resistência do ar ao movimento do avião (arrasto aerodinâmico). “Projetamos, calculamos, simulamos com métodos computacionais, supervisionamos a construção dos moldes e a construção final das peças em fibra de carbono. Também ajudamos com sistemas eletrônicos para aquisição de dados em voo de projeto e fabricação próprias, a fim de medir aspectos que podem ser melhorados na aeronave.” O Brasil, aliás, tem se destacado com profissionais contribuindo de maneira decisiva para o aprimoramento das tecnologias da competição. Por trás dos dois títulos mundiais e dois vices do britânico Paul Bonhomme, maior vencedor e principal estrela da categoria, esteve o doutor em engenharia de aeronáutica, o mineiro Paulo Iscold. Ele foi o engenheiro de corrida de Bonhomme, sugerindo trajetos e trabalhando na aerodinâmica do avião número l 55 da Air Race.


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SEST SENAT

Sono x SEST SENAT realiza ações de saúde para prevenir os perigos da combinação sono e volante; entre 26% e 32% dos acidentes de trânsito no mundo são provocados por motoristas que dormem na direção por

A

combinação sono e volante é uma das principais causas dos acidentes de trânsito. Dados de estudos realizados pela Universidade de Gênova, na Itália, mostram que entre 26% e 32% dos acidentes de trânsito em todo o mundo são provocados por motoristas que dormem na direção e 19% das mortes no trânsito também são decorrentes dessa perigosa associação. Pesquisa recente da ABN (Academia Brasileira de Neurologia) constatou que 65% dos mo-

CARLOS TEIXEIRA

toristas entrevistados já sentiram sono ao dirigir na cidade. Na estrada, o percentual é de 68%. O levantamento ainda revela que 60% dos entrevistados dormem menos do que gostariam (entre 4h e 6h). No total, foram ouvidos 495 motoristas. De acordo com o presidente da academia, Gilmar Prado, a maioria das pessoas precisa de 7h a 9h de sono por dia e que, sem ele, a dificuldade na direção é iminente. “O sono é uma necessidade fisiológica, assim como a fome. O motoris-

ta que dormiu bem sabe tomar decisões precisas e rápidas. Estudos científicos mostram que um motorista sonolento tem os mesmos problemas que um motorista alcoolizado.” Atento a esse problema que afeta diretamente o trabalhador do transporte, o SEST SENAT realiza ações de saúde periódicas, em todo o país, que ajudam a prevenir o sono ao volante. As atividades de orientações nutricionais, fisioterápicas e psicológicas, de educação para saúde, e palestras proporcionam melho-

ria na qualidade de vida desses profissionais, contribuindo para a segurança nas vias. “Profissionais com boa qualidade de vida trabalham melhor, o que impacta positivamente na redução dos índices de acidentes. As ações de prevenção realizadas pelo SEST SENAT de maneira constante têm como objetivo proporcionar novos hábitos no dia a dia dos trabalhadores do transporte e criar uma nova realidade na rotina profissional deles”, destaca a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart.


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direção "As ações de prevenção do SEST SENAT têm como objetivo proporcionar novos hábitos aos trabalhadores do transporte" NICOLE GOULART, DIRETORA-EXECUTIVA NACIONAL DO SEST SENAT

De acordo com a psicóloga do SEST SENAT Poliana Teixeira, há uma diversidade de questões psicológicas envolvidas diretamente na relação sono e volante que devem ser observadas. “Um número considerável de profissionais do transporte trabalha por turnos e tende a ter implicações no sono.” Pesquisas realizadas pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) sobre o perfil dos caminhoneiros, dos motoristas de ônibus urbanos e dos taxistas comprovam que é preciso

mais atenção ao sono desses profissionais. Segundo os dados, 35,6% dos caminhoneiros, 34,9% dos taxistas e 29,2% dos motoristas de ônibus urbanos afirmam que a qualidade do sono é regular, ruim ou péssima. “A temática sobre dificuldades para dormir, insônia ou perturbação no sono está presente na vida de muitos profissionais, incluindo os trabalhadores do transporte. Por isso, desenvolvemos ações que alertam sobre a importância de cuidar do sono, porque ele é parte de uma vida saudá-

vel”, afirma a psicóloga. O tema é trabalhado nos atendimentos realizados nas clínicas de psicologia das unidades operacionais do SEST SENAT e nas ações desenvolvidas em empresas e locais de grande circulação de motoristas profissionais, como terminais de cargas e de passageiros e postos de combustíveis. A prática de exercícios físicos e uma boa alimentação também são fatores essenciais para evitar a sonolência durante a jornada de trabalho. “Uma alimentação inadequada é uma das


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FOTOS ARQUIVO SEST SENAT

Atendimento de nutrição em unidade do SEST SENAT

INOVAÇÃO

UFMG cria o sonômetro "O motorista que dormiu bem sabe tomar decisões precisas e rápidas"

GILMAR PRADO, PRESIDENTE DA ABN

Para minimizar os problemas causados pelo sono ao volante, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) criou o sonômetro. O aparelho foi desenvolvido no Centro de Estudo Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes e busca identificar o nível de sonolência dos condutores para saber se estão aptos a dirigir. O equipamento é uma balança que detecta os

movimentos e o equilíbrio quando o motorista sobe na plataforma. As informações são enviadas a um computador e, a partir de parâmetros, um software identifica o nível de fadiga do condutor. Ele foi testado pela primeira vez em Minas Gerais, durante o Carnaval deste ano, e mediu a fadiga de 30 pessoas que transitavam pela BR-381. Os números constataram que 80% dos

motoristas estavam acima do nível de sono adequado para dirigir. O texto foi uma parceria da universidade com a Polícia Rodoviária Federal. Novos testes serão feitos para aperfeiçoar o equipamento. Os envolvidos no projeto afirmam que, futuramente, ele deverá ser regulamentado para utilização nas ações de fiscalização dos órgãos de trânsito.


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Fisioterapia no SEST SENAT; cuidar da saúde ajuda a não ter sono ao volante

CURSO ON-LINE »Para ampliar o conhecimento sobre o tema, o SEST SENAT oferece um curso a distância sobre os distúrbios do sono. Disponível no portal EaD SEST SENAT, o curso mostra o que influencia o sono e apresenta técnicas para tratar a insônia e ter um descanso tranquilo. O curso tem duração de 10 horas e é totalmente gratuito. Além desse conteúdo, o portal EaD SEST SENAT disponibiliza cursos on-line sobre temas nas áreas de transporte, gestão, saúde, educação e social. Até o final do ano, serão mais de 200. Acesse: ead.sestsenat.org.br

FREEPIK.COM

principais causas de fadiga física e atenção reduzida. Isso acaba interferindo na capacidade de produção do trabalhador”, explica a nutricionista do SEST SENAT Débora Ornellas Ferreira. Segundo ela, quando as refeições são cheias de gorduras saturadas, frituras, carnes vermelhas gordas, açúcares refinados, doces, e pobre em frutas, legumes e verduras, a sensação de cansaço, sono excessivo e dificuldade de concentração é inevitável. Nos atendimentos nutricionais oferecidos pelo SEST SENAT, são passadas orientações sobre a importância de uma alimentação equilibrada para evitar

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a sonolência durante a jornada de trabalho. As sugestões de alimentos a serem consumidos seguem sempre a realidade dos trabalhadores, levando em consideração que eles realizam a maioria das refeições fora de casa. Além disso, a nutricionista orienta para que o ciclo do sono seja regulado. “É importante tentar dormir no mesmo horário todos os dias e acordar também no mesmo horário de manhã. Isso permite que o corpo coloque limites claros de quando deve descansar e reduzir a sonolência durante o dia”, ressalta Débora. Nas clínicas de fisioterapia do SEST SENAT, são realizados atendimentos com foco principal na correção postural, que tem ligação direta com o estado de atenção dos motoristas. “Uma boa postura ao volante permite ao motorista manter uma posição maior de alerta. O ideal é associar isso a exercícios físicos regulares”, destaca a fisioterapeuta Priscila Cavalcante Saboya. Na área de esporte, o SEST SENAT também oferece diversas atividades para o trabalhador do transporte, como a Copa de Futebol 7 Society e o Circuito de Caminhada e Corrida de Rua, que neste ano está sendo realizado em 34 cidades de todo o país. E quando o cansaço é inevitável, a orientação é parar e esticar o corpo. De acordo com a fisioterapeuta, isso pode aliviar um pouco a sensação de sono, mas é sempre importante estar atento para os fatores que causam o cansaço e combatê-los. l


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SUSTENTABILIDADE FOTOS ARQUIVO SEST SENAT

Eficiência energética

em debate

SEST SENAT participa, em Buenos Aires, na Argentina, de workshop sobre fretes verdes; ações do Sistema CNT em prol da sustentabilidade no setor de transporte foram apresentadas por

A

s ações desenvolvidas pelo SEST SENAT e pela CNT para melhorar a eficiência energética no setor de transporte foram apresentadas durante o Workshop Latino-Americano sobre Programas de Frete Verde, realizado no fim de junho, em Buenos Aires, na Argentina.

DIEGO GOMES

O evento, promovido pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos) e pelo ICCT (Conselho Internacional de Transporte Limpo), em parceria com os ministérios argentinos do Transporte; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Energia e Minas, discutiu

as melhores práticas internacionais no âmbito da eficiência energética. Tanto a EPA quanto o ICCT têm colaborado com o desenvolvimento de programas nesse campo na América Latina. Durante o encontro, o diretor-adjunto do SEST SENAT, Vinícius Ladeira, participou de

um painel de compartilhamento de boas práticas sobre o tema. Ele apresentou o projeto Simulador de Direção do SEST SENAT – Eficiência e Segurança no Trânsito, que permite o treinamento de motoristas profissionais de cargas e de passageiros, promovendo redução de consumo de combustível e


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A Escola de Motoristas do SEST SENAT já registrou uma redução de

29% na incidência de erros ao dirigir Vinícius Ladeira, diretor-adjunto do SEST SENAT (segundo da dir. para a esq.), e participantes do workshop

maior segurança no trânsito. Em todo o país, 75 unidades do SEST SENAT já disponibilizam o equipamento híbrido e, em dois anos, serão cerca de 200 simuladores em funcionamento. Também foi apresentada a Escola de Motoristas Profissionais do SEST SENAT, que oferece cursos para atualização de condutores já habilitados nas categorias D ou E, de maneira a aumentar a empregabilidade e a qualidade dos serviços prestados à sociedade, garantindo mais eficiência e segurança no trânsito. Os primeiros resultados do projeto mostram uma redução de 9% no consumo de combustível e 29% na incidência de erros ao dirigir. Os participantes do workshop também conheceram o Despoluir – Programa Ambiental

do Transporte, que completa uma década neste ano, e realiza, entre as suas ações, a medição do nível de emissões de poluentes de caminhões e ônibus, bem como os resultados da primeira Sondagem CNT de Eficiência Energética no Transporte Rodoviário de Cargas, realizada pela CNT em 2015. “O SEST SENAT e a CNT realizam diversas ações para estimular a gestão ambiental e a condução segura e econômica no setor transportador. A capacitação de motoristas contribui para a redução de acidentes no trânsito e para o menor consumo de combustível”, afirma Vinícius Ladeira. Ele reforça a importância de realizar um trabalho que prepare os trabalhadores do setor e incentive a gestão sustentável. “Queremos alcançar, cada vez

mais, os melhores níveis de eficiência energética no transporte de cargas e de passageiros.” O workshop realizado na Argentina também debateu sobre os chamados programas de frete verde, como o SmartWay norte-americano, em que são estabelecidas parcerias entre governo e indústria para acelerar a implementação de tecnologias avançadas e práticas de logística. Isso melhora a eficiência energética e o desempenho ambiental das cadeias de suprimentos de frete. Segundo Vinícius Ladeira, há intenção de desenvolver um programa-piloto no Brasil com essas características. Atuação Em maio deste ano, o SEST SENAT e a CNT assina-

ram um acordo de cooperação técnica com a Natural Resources Canada – NRCan (Ministério dos Recursos Naturais do Canadá) e o ICCT. O acordo visa à oferta de cursos com certificação internacional voltados ao setor de transporte rodoviário de cargas e de passageiros, com foco na eficiência energética. A iniciativa vai permitir que os instrutores do SEST SENAT sejam capacitados pelo NRCan para posteriormente transmitirem os conhecimentos aos profissionais do setor por meio de cursos gratuitos que serão oferecidos pelas unidades operacionais em funcionamento em todo o país. As novas qualificações terão como foco três frentes estratégicas: condução econômica, gestão de frotas e l gestão de combustíveis.


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ESCRITÓRIO INTERNACIONAL FOTOS ARQUIVO CNT

Acordo estimulará

investimentos

CNT firma parceria com agência estatal chinesa; estão previstos apoio mútuo a missões empresariais, fóruns e outros eventos por

A

CNT, por meio do seu escritório em Pequim, firmou um acordo de cooperação mútua com o CCPIT (China Concil for the Promotion of International Trade). A agência estatal chinesa foi fundada em 1952 e atua na promoção do comércio e de investimentos do governo

REDAÇÃO

chinês. Atualmente, por meio de seus escritórios de representação, a CCPIT está presente em 18 países. As duas instituições passarão a trocar informações para colaborar com o enriquecimento da relação Brasil-China, especialmente em relação à identificação e ao incentivo

a inovações, investimentos e melhorias do setor de transporte e infraestrutura. Em junho, foi realizada uma reunião na sede da CCPIT em Pequim, quando foi entregue oficialmente o acordo assinado pelo presidente da CNT, Clésio Andrade. Estão previstos apoio mútuo na realização de missões

empresariais, esclarecimentos sobre legislação local e realização de fóruns e eventos. Os principais objetivos e metas da parceria foram definidos na reunião entre o diretor da CNT na China, Luiz Eduardo Vidal Rodrigues, e o diretor da agência estatal chinesa, Ma Ning. Será organizado, na China, um semi-


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ATUAÇÃO

CNT participa de reunião do Mercosul na Argentina A CNT participou, em junho, da reunião do FCES (Foro Consultivo Econômico-Social) do Mercosul, em Buenos Aires, na Argentina. A Confederação foi representada no encontro pelo diretor para assuntos internacionais, Harley Andrade. O FCES é a instituição que dá voz à sociedade civil dos países integrantes do Mercosul no GMC

(Grupo do Mercado Comum do Sul), órgão responsável por fixar os programas de trabalho e negociar acordos em nome do bloco. Participam do Foro representantes de empregadores, empregados e terceiro setor. “Os debates realizados no Foro têm o intuito de melhorar as relações comerciais que ocorrem no âmbito do Merco-

sul. Há um fluxo intenso de mercadorias entre os países que integram o bloco. E, nessas relações comerciais, o transporte é peça fundamental”, destaca Harley Andrade. O Foro pode, por exemplo, propor normas e políticas de integração econômica e social do Mercosul, acompanhar e avaliar o impacto social e econômico

dessas políticas, emitir recomendações sobre questões internas do bloco e sobre as relações entre o Mercosul e outros países ou organismos internacionais. Entre os temas debatidos no encontro, estão as ações integradas dos países para erradicação do trabalho infantil e as negociações sobre livre comércio entre Mercosul e UE (União Europeia).

O diretor da CNT para assuntos internacionais, Harley Andrade (à direita), representou a Confederação em Buenos Aires

nário para empresas e investidores chineses. A CNT apresentará as principais características da legislação brasileira para esclarecer dúvidas. Dessa forma, a Confederação espera contribuir para agilizar o processo decisório para a realização de investimentos diretos na economia brasileira. “Essa importante parceria é a chave para a promoção do setor de transporte e mostra a relevância da CNT dentro do Brasil e internacionalmente”, afirma Rodrigues.

Instituições financeiras Para estimular os investimentos em infraestrutura de transporte no Brasil, o Escritório da CNT na China também tem promovido reuniões com as maiores instituições financeiras chinesas. A primeira reunião ocorreu na sede do Fundo de Investimento ChinaLAC, em Pequim, formado basicamente por dois segmentos: Infraestrutura e Private-Equity. A parte de infraestrutura é controlada pela China Co-financing for Latin America

and Caribbean Region, com aporte inicial de US$ 2 bilhões. Já o segmento de PrivateEquity é administrado pelo China EXIM Bank e dispõe de recursos na ordem de US$ 3 bilhões para investimentos em infraestrutura, tecnologia e projetos de energia renováveis. A segunda visita ocorreu com o China Development Bank - CDB (Banco de Desenvolvimento da China), um dos responsáveis por administrar o Fundo sino-brasileiro de US$ 20 bilhões. São US$ 15

bilhões de recursos chineses e US$ 5 bilhões do Brasil. As inscrições de projetos interessados em financiamento se iniciaram em junho. “As reuniões foram importantes para apresentar a CNT às instituições chinesas e sua relevância para o setor logístico nacional. Também foram apontados e discutidos os principais projetos que devem ser objetos das próximas concessões a serem realizadas pelo governo brasileiro”, afirma Rodrigues. l


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ITL

Menos consumo

de diesel

Projeto da Especialização em Gestão de Negócios é aplicado na Ferrovia Transnordestina; em um ano, foi possível economizar R$ 1,5 milhão, entre outros benefícios por

O

trabalho final de um grupo de alunos da Especialização em Gestão de Negócios, coordenada pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística) e promovida pelo SEST SENAT, é a prova de que medidas de gestão sustentável podem economizar recursos e contribuir para reduzir impactos ao meio ambiente. A FTL (Ferrovia Transnordestina Logística) implementou as orientações

CARLOS TEIXEIRA e CYNTHIA CASTRO

de um projeto aplicativo da segunda turma de Brasília, que se formou em 2015. Somente no primeiro ano de execução, a ferrovia conseguiu reduzir em 4,7% o consumo de combustível. A empresa estima que a economia, em um ano, tenha chegado a R$ 1,5 milhão. O curso ministrado pela FDC (Fundação Dom Cabral) já formou mais de 400 alunos. No projeto Gestão de Processos para Melhoria da Eficiência

Energética no Transporte Brasileiro: estudo de caso na ferrovia Transnordestina, a ideia inicial dos sete integrantes do grupo era apresentar as melhores práticas adotadas por empresas de transporte para a redução do consumo de combustível. Seria definido um processo genérico que pudesse ser indicado a uma transportadora ferroviária de cargas. Um dos integrantes, o especialista em logística Sóstenes

Bernardes, trabalha na Transnordestina e apresentou a ideia à direção. Na época da especialização, ele era gerente de operações e hoje é gerente de pátios e terminais. “O professor Paulo Renato sugeriu o estudo de caso e pensamos que, se a alta gestão da ferrovia autorizasse, aplicaríamos o projeto na medida em que a disciplina fosse avançando”, lembra Bernardes. E foi exatamente isso que


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FOTOS TRANSNORDESTINA/DIVULGAÇÃO

“O curso nos dá a oportunidade de aprender com profissionais de muita experiência no mercado”

POLIANA DE SOUSA LEITE, INTEGRANTE DO GRUPO

aconteceu. Ainda durante o curso, o projeto aplicativo começou a ser implementado, aliando o conhecimento adquirido na sala de aula à prática do dia a dia de uma ferrovia. Primeiro, os alunos fizeram um benchmarking com outras empresas de transporte de cargas e de passageiros, em Santa Catarina, Paraná, Distrito Federal e Ceará. “Queríamos conhecer as experiências e avaliar se eram rentáveis. Descobrimos iniciativas interessantes, mas não havia processos estruturados capazes de garantir a melhoria efetiva da eficiência energética na maioria das empresas pesquisadas”, afirma Bernardes. O grupo começou, então, a definir propostas para a

Transnordestina. Uma delas foi o estudo sobre os postos de abastecimento. Os alunos descobriram que os pontos onde eles estavam instalados poderiam ser otimizados. “Indicamos a redistribuição de três postos. As locomotivas não precisavam mais viajar longos trajetos somente para abastecer”, conta Bernardes. Os postos convencionais foram substituídos por skids - mais modernos, adequados à legislação ambiental e com menores custos de implantação. Coordenação Os alunos também apresentaram a proposta de instituir uma coordenação específica de eficiência energética. “A alta gestão comprou essa

Ferrovia criou coordenação de eficiência energética

ideia e foram criadas ainda supervisões na nova coordenação.” Além disso, a ferrovia iniciou a otimização dos trens, possibilitando melhor aproveitamento da capacidade de tração das locomotivas. “Com a realização de estudos, passamos a transportar mais peso de acordo com a capacidade. Conseguimos gastar o mesmo volume de diesel para levar mais carga.” O gerente de pátios e terminais explica que, com a implementação das indicações do projeto aplicativo, foi possível obter ganhos expressivos. A Transnordestina calcula que a eficiência energética resulta da quantidade de litros de diesel utilizados dividida pela tonelagem carregada e multiplicada

por quilômetro rodado. Na prática, quanto menor o número, mais economia a empresa está fazendo. Segundo Bernardes, em 2013, o índice de eficiência energética da ferrovia estava acima de 8,00. Em 2014, com a implementação das primeiras medidas, caiu para 7,36, e hoje está em 7,02, já tendo atingido números ainda mais baixos. “Nosso projeto viabilizou a melhoria de processos, evitando grandes investimentos para a redução de custos. Até a troca de postos foi feita por meio de comodato com a distribuidora de combustíveis”, analisa Bernardes. Atualmente, o trecho em operação da Transnordestina liga os portos de Itaqui (São Luís/MA), Pecém (São Gonçalo do Amarante/


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NETWORK

“A troca entre diferentes profissionais é muito positiva” A professora do curso de engenharia de transportes da UFG (Universidade Federal de Goiás), Poliana de Sousa Leite, integra o grupo dos sete alunos que fizeram o trabalho com a Transnordestina. Para ela, um dos pontos mais positivos do

curso é a troca de experiências com profissionais que atuam em diferentes segmentos do transporte. “Além de aprender a trabalhar em equipe, com todos sendo líderes, o que foi um grande desafio, o network é muito impor-

tante. O curso nos dá a oportunidade de aprender com profissionais de muita experiência no mercado. Mesmo depois da conclusão, compartilhamos dados de transporte. Além disso, conquistei grandes amizades”, considera Poliana.

Sobre o trabalho da Transnordestina, a professora da UFG avalia que foi gratificante perceber que o projeto pensado e desenvolvido na sala de aula chegou a ser implantado por uma ferrovia e continua gerando resultados positivos.


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ARQUIVO ITL

“Nosso projeto viabilizou a melhoria de processos na Transnordestina”

SÓSTENES BERNARDES,

Apresentação do projeto aplicativo no curso ministrado pela Fundação Dom Cabral

EMPRESA DE ÔNIBUS AMPLIA PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS Durante a elaboração do trabalho, o grupo de alunos ouviu a Gidion, empresa que atua no segmento coletivo urbano e de fretamento, em Joinville, Santa Catarina. Atualmente, a frota é formada por 280 veículos. São 850 funcionários e 1,35 milhão de passageiros por mês. O gerente de operações, Edmilson Viana, também integra o grupo do trabalho da Transnordestina. Ele comenta que a Gidion já adotava boas práticas, como procedimentos de abastecimento, calibragem de pneus, armazenagem de diesel e controle de opacidade. Depois do curso, as medidas sustentáveis foram ampliadas. “Criamos novos procedimentos de monitoramento do consumo para avaliar se um determinado veículo passou a gastar combustível acima da média habitual. Estamos colocando rastreamento nos veículos do fretamento, para acompanhar em tempo real a operação do motorista, coibindo dirigibilidades ineficientes”, afirma. Viana cita ainda a troca do sistema de manutenção de gestão de frota, que melhorará o controle do consumo de combustível.

CE) e Mucuripe (Fortaleza/CE), totalizando 1.190 km. Segundo Bernardes, as medidas aplicadas também têm impacto positivo na imagem da empresa. “Há, atualmente, uma necessidade cada vez maior de desenvolver a consciência ambiental em diferentes ramos de atuação. O incentivo à redução de emissões e ao menor consumo de combustível é essencial para as empresas que desejam aplicar gestão sustentável.” Para Bernardes, a especialização do ITL tem possibilitado excelentes resultados em diversas empresas. “Outros colegas da ferrovia já fizeram o curso e todos relatam casos positivos.” O grupo que fez o trabalho de eficiência energética foi convidado a escrever

GERENTE DE PÁTIOS E TERMINAIS DA TRANSNORDESTINA

um artigo científico, publicado em um livro internacional destinado a divulgar trabalhos técnicos. Na avaliação do diretor-executivo do ITL, João Victor Mendes de Gomes e Mendonça, esse trabalho aplicativo da segunda turma de Brasília é um exemplo de oportunidade de melhoria dos conhecimentos de gestão, com foco no interesse da empresa onde os profissionais atuam, integrando base conceitual e prática. O diretor-executivo ressalta que o objetivo do curso em parceria com a Fundação Dom Cabral é capacitar gestores e executivos das empresas de transporte e logística, estimulando o desenvolvimento das competências necessárias para tornar o setor l mais competitivo.


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CIT avalia avanços da ANTF no Brasil CIT evalúa avances de la ANTF en Brasil ANTF

Plano de Governo para o Setor Ferroviário de Cargas – Brasil Plan de Gobierno para el sector Ferroviario de Cargas - Brasil A Câmara Interamericana de Transportes (CIT) vem avaliando os avanços que a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) do Brasil passou a contar com a edição da Medida Provisória nº 752, de 24 de novembro de 2016, que trata da prorrogação dos contratos de concessão. Com isso, a CIT visualiza estender o conteúdo desse tema aos 18 países associados, com o objetivo de aumentar os níveis de produtividade e segurança, contribuindo para o crescimento da economia e da geração de empregos na região.

La Cámara Interamericana de Transportes (CIT) viene evaluando los avances que la Asociación de los Transportadores Ferroviarios (ANTF) de Brasil que ahora cuenta con la edición de la Medida Provisoria nº 752, del 24 de noviembre de 2016, acerca de la prórroga de los contratos de concesión. Con eso, la CIT vislumbra extender el contenido de este tema a los 18 países afiliados, con el objetivo de aumentar los niveles de productividad y seguridad, contribuyendo para el crecimiento de la economía y generación de empleos en la región.


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Certificação da OEA para portos Certificación del OEA para los puertos PIXABAY

Desde abril de 2016 até a presente data, três portos brasileiros – Portonave (Navegantes – SC), Porto Itapoá (Itapoá – SC) e Embraport (Santos – SP) receberam o certificado de Operador Econômico Autorizado (OEA), o qual confere status de empresa confiável para as alfândegas. Os requisitos para certificação do OEA são rigorosos e exigem um alto grau de comprometimento da empresa com normas de segurança em vários setores, seja na movimentação de carga ou em relação ao pessoal que trabalha nas operações do fluxo aduaneiro. A implementação do programa OEA objetiva maior segurança e competitividade para o país e conta com o apoio da CIT.

Desde abril de 2016 hasta la presente fecha, tres puertos brasileños – Portonave (Navegantes – SC), Porto Itapoá (Itapoá – SC) y Embraport (Santos – SP) recibieron el certificado de Operador Económico Autorizado (OEA), el cual confiere el status de empresa confiable para las aduanas. Los requisitos para la certificación del OEA son estrictos, y exigen un alto nivel de comprometimiento de la empresa con las normas de seguridad en varios sectores, sea a nivel de movilización de carga o ya sea a nivel de funcionarios que trabajan en las operaciones de flujo aduanero. La implementación del programa OEA tiene como objetivo darle mayor seguridad y competitividad al país y cuenta con el apoyo de la CIT.


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Análise da CIDE brasileira para países-membros da CIT Análisis de la CIDE brasileña para países-miembros de la CIT RAFAEL NEDDERMEYER/FOTOS PÚBLICAS

Graças à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 159-A, de 2007, em março de 2017 na Comissão Especial da Câmara dos Deputados - a qual altera a redação do § 4º do art. 177 da Constituição Federal do Brasil -, os Municípios e o Distrito Federal poderão arrecadar valores mais significativos como fontes de recursos para um fundo destinado a investimentos no transporte público. A PEC também destina recursos da Cidecombustíveis para o financiamento de projetos de mitigação dos impactos socioambientais negativos decorrentes da produção de biocombustíveis, entre outras ações. O tributo recai diretamente no preço pago pelo consumidor na compra de gasolina, etanol e gás natural veicular. Especialistas entendem que não é possível dispor de transporte coletivo urbano de qualidade apenas com recursos cobrados por meio das tarifas, uma ideia que pode ser avaliada pelos países-membros da Câmara Interamericana de Transportes (CIT).

Gracias a la aprobación de la Propuesta de Enmienda Constitucional nº159-A, de 2007, en marzo de 2017 en la Comisión Especial de la Cámara de los Diputados – la cual altera el texto del § 4º do art. 177 de la Constitución Federal de Brasil-, los Municipios y el Distrito Federal podrán recaudar valores más significativos como fuentes de recursos para un fondo destinado a inversiones en el transporte público. La PEC también destina recursos de la Cide-combustibles para el financiamiento de proyectos de mitigación de los impactos socio ambientales negativos derivados de la producción de biocombustibles, entre otras acciones. El impuesto recaerá directamente en la compra de gasolina, etanol e gas natural vehicular. Especialistas entienden que no es posible disponer de un transporte colectivo de calidad apenas con los recursos cobrados mediante tarifas, una idea que puede ser evaluada por los países-miembros de la Cámara Interamericana de Transportes (CIT).


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Países-membros da CIT avaliam a criação de mais um modal Los países-miembros de la CIT evalúan la creación de más un modal ADB

Os países-membros da Câmara Interamericana de Transportes (CIT) avaliam a proposta da criação de mais um modal, considerando o marco atingido pelo Brasil, lançando o primeiro dirigível construído na América Latina, o qual está inserido no contexto de transporte e logística para locais de baixa infraestrutura. A tecnologia “mais leve que o ar” é a referência para o desenvolvimento de aeronaves denominadas dirigíveis. A empresa brasileira Airship do Brasil estabeleceu como objetivo a produção de dirigíveis cargueiros, característica esta visada pelo projeto denominado ADB 3-30, com capacidade de carga até 30 toneladas. A primeira unidade da linha de dirigíveis tripulados é a aeronave ADB 3-X01, um protótipo do modelo de dirigível ADB 3-3, que possui capacidade para 1,2 toneladas. Dirigíveis dispensam pista para decolagem e pouso e podem ser fabricados para grande autonomia de tempo em ar. Essas aeronaves utilizam sustentação aerostática, podendo flutuar mesmo sem propulsão de motor, o que concede grande segurança ao voo, caracterizando-se como mais um meio diferenciado e efetivo para grande parte do território latinoamericano.

Los países-miembros de la Cámara Interamericana de Transportes (CIT) evalúan la propuesta de creación de más un modo de transporte, considerando el marco alcanzado por Brasil, con el lanzamiento del primer dirigible construido en Latinoamérica, el cual hace parte del contexto de transporte y logística para localizaciones de poca infraestructura. La tecnología “más ligeros que el aire” es la referencia para el desarrollo de aeronaves denominadas dirigibles. La empresa brasileña Airship do Brasil estableció como meta la producción de dirigibles cargueros, característica visada por el proyecto denominado ADB-30, con capacidad de carga de hasta 30 toneladas. La primera unidad de la línea de dirigibles tripulados es la aeronave ADB 3-X01, un prototipo del modelo del dirigible ADB 3-3, que posee capacidad para 1,2 toneladas. Dirigibles dispensan pista para despegue y aterrizaje y pueden ser fabricados para gran autonomía de tiempo en el aire. Estas aeronaves utilizan sostenibilidad aerostática, pudiendo flotar aún sin propulsión de motor, lo que concede gran seguridad al vuelo, caracterizando como más un medio diferenciado y efectivo para gran parte del territorio latinoamericano.


ALTA TECNOLOGIA E CONHECIMENTO NA MESMA DIREÇÃO

O SEST SENAT apresenta os simuladores de direção híbridos, tecnologia de ponta para a melhor capacitação de motoristas profissionais de cargas e de passageiros. Os cursos permitirão um treinamento completo voltado ao desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à condução correta e segura de ônibus, caminhões e carretas. É a inovação tecnológica em favor da qualidade, da eficiência e da segurança.

UNIDADE DE BRASÍLIA

sestsenat.org.br | 0800 728 2891 |

/sestsenatbrasil


FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO


FERROVIÁRIO

BOLETIM ESTATÍSTICO

MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total nacional 30.576 Total concedida 29.165 Concessionárias 11 Malhas concedidas 12

RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM tipo Federal Estadual Municipal Rede planejada Total

pavimentada

64.845 119.747 26.827 - 211.418

não pavimentada

total

11.842 76.687 105.601 225.348 1.234.918 1.261.745 - 157.309 1.352.361 1.721.089

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Administrada por concessionárias privadas 19.463 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semirreboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

2.675.023 641.479 1.595.134 920.395 27.818 57.000 19.485 107.000 173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privado Estação de transborto de cargas Instalação portuária de turismo Portos organizados HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM ­­­­ Vias navegáveis Vias economicamente navegadas FROTA NAVEGAÇÃO INTERIOR Longitudinal de carga Passageiros e misto Transporte de travessia FROTA CABOTAGEM/LONGO CURSO Cabotagem/Longo Curso

156 25 2 37

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. 12.018 FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 7.215 MRS Logística S.A. 1.799 Outras 8.133 Total 29.165 MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões 90.867 Locomotivas 2.935 PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289 Críticas 2.659 VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos internacionais Aeroportos domésticos Outros aeródromos - públicos e privados

34 29 2.400

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional 650 Transporte não regular: táxi aéreo 1.479 Privado 10.019 Outros 9.757 Total 21.905

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS 41.635 22.037 2.081 147 404

modal

milhões

participação

(%)

Rodoviário 485.625 61,1 Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário 108.000 13,6 Dutoviário 33.300 4,2 Aéreo

195

(TKU)

Total

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

3.169 0,4 794.903 100


BOLETIM ECONÔMICO INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE Investimentos em Transporte da União

Investimentos em Transporte da União por Modal

(Orçamento Fiscal - Dados acumulados até maio/2017)

(Total pago acumulado até maio/2017 - R$ 3,10 bilhões) 0,20 (6,5%)

16,00 14,00

13,68

R$ bilhões

10,00 8,00

0,36 (11,5%)

6,00 4,00

3,10

2,33

2,00

0,77

0,00

Autorizado

Restos a Pagar Pagos

Pago no exercício

Rodoviário

Total Pago

Recursos Disponíveis Autorizado União Autorizado das Estatais (Infraero e Cia Docas) Total de Recursos Disponíveis

2,50

1,87

1,50

0,13

0,00

Valor Pago

0,43

0,30

Restos a Pagar Pagos

13.681,40 1.161,64 14.843,04

Investimento Realizado (Total Pago)

1,00 0,50

Arrecadação Bruta*

Aéreo

(Acumulados até maio de 2017 - R$ milhões correntes)

3,00 2,00

Aquaviário

Ferroviário

Orçamento Fiscal da União e das Estatais (Infraero e Cia Docas)

Investimentos federais da CIDE em infraestrutura de transporte

R$ bilhão

0,13 (4,2%)

2,41 (77,8%)

12,00

Rodoviário Ferroviário Aquaviário (União + Cia Docas) Aéreo (União + Infraero) Investimento Total (União + Estatais)

Total Pago pelo Governo Federal

* Da arrecadação, 41,0% são destinados aos investimentos do governo federal.

2.412,38 202,12 174,02 483,93 3.272,45

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE COMO PROPORÇÃO DO PIB (%) 7,00

0,70%

6,00

0,60% 0,50%

R$ trilhões

5,00 0,40%

4,00

0,40%

0,34% 0,27%

3,00 2,00

0,36%

0,26%

0,28%

0,24%

0,27%

0,30%

0,27% 0,18%

0,18%

0,20%

0,15%

0,20% 0,10%

1,00 0,00

0,00% 2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

8

Notas: (A) Orçamento Fiscal da União atualizado em 01.06.2017 com dados acumulados SIGA BRASIL até 31.05.2017. Os dados do orçamento de 2017 das Empresas Estatais (Cia Docas e Infraero) foram atualizados em 01.06.2017 com dados acumulados até março/2017. (B) Para fins de cálculos do investimento realizado, foram utilizados os seguintes filtros: função 26 (Transporte), subfunção 781, 782, 783 e 784 (respectivamente, aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário), GND 4 (Investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função e os valores foram acrescidos dos investimentos em controle de tráfego aéreo discriminados nas ações 20XV, 118T, 2923 e 3133. (C) Para calcular o desembolso do governo federal em ações relacionadas à infraestrutura de transporte, a CNT soma os pagamentos referentes às obras previstas na LOA do ano corrente (Valor Pago) àqueles de intervenções inscritas em outros exercícios, mas pagas somente no exercício corrente (Restos a Pagar Pagos). Dessa forma, tem-se o Total Pago. Apesar de a medida mais adequada de eficiência da execução orçamentária ser a razão Valor Pago do Exercício/Autorizado, que evidencia quanto do investimento previsto para o ano na LOA foi efetivamente realizado, as dificuldades gerenciais do governo federal fizeram com que, nos últimos anos, a relação não chegasse a 40,0%. Assim, como forma de mensurar o esforço financeiro do governo federal em ações de infraestrutura, a CNT compara, de forma complementar, a proposta de investimento do ano (Autorizado) com o volume efetivamente desembolsado (Total Pago). (D) Os Restos a Pagar Pagos representam a totalidade dos desembolsos realizados em 2017 e correspondem às despesas empenhadas ou liquidadas em anos anteriores. (E) O Decreto nº 9.018, de 30 de março de 2017, definiu o contingenciamento do orçamento de 2017. Foram definidos a programação orçamentária e o cronograma de desembolso. O Decreto estabeleceu valores de movimentação e empenho, limitações de dotações constantes e os Restos a Pagar, Restos a Pagar processados e não processados. O corte do orçamento do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil foi de R$ 6,05 bilhões. (F) Os recursos arrecadados pela CIDE têm as seguintes destinações: (i) 30% são desvinculados (DRU); (ii) 29% são destinados aos Estados para investimentos definidos na Lei da CIDE; e (iii) os 41% restantes são investidos segundo as destinações apresentadas pela Lei nº 10.336/2001. A arrecadação bruta da CIDE- Combustíveis refere-se aos valores divulgados pela Receita Federal acumulados no ano até abril de 2017 a preços correntes. (G) Por meio do Decreto nº 9.062, de 30 de maio de 2017, ampliam-se os valores sobre a programação orçamentária financeira de desembolso para o exercício de 2017, que restabelece R$ 3,107 bilhões aos valores de movimentação e empenho das despesas discricionárias do Poder Executivo da Lei Orçamentária Anual de 2017 (LOA-2017). Pela Portaria nº 178, de 8 de junho de 2017, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil teve seu orçamento ampliado em R$ 500,00 milhões. Fonte: Elaboração CNT com dados do Orçamento Geral da União (Siga Brasil - Senado Federal).

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o SEST SENAT lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores do transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS* ESTRUTURA

RESULTADOS

AVALIAÇÕES AVALIAÇÕESAMBIENTAIS AMBIENTAIS--Acumulado Acumulado2007-2016 2007-2017 (até (até junho maio))

Federações participantes Avaliações ambientais (até maio/2017) 1.965.638 24 Aprovação no período 84,71% Unidades de atendimento Empresas atendidas 92 Caminhoneiros autônomos atendidos * Dados preliminares, sujeitos a alterações.

18.442 20.735

2.000.000 1.835.489 1.800.000 1.507.447 1.600.000 1.400.000 1.235.589 1.200.000 1.033.455 1.000.000 820.587 800.000 590.470 600.000 392.524 400.000 228.860 200.000 4.734 100.839 0

1.965.638

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende ao seu Estado.

SETOR

Carga (empresas)

Carga (autônomos)

Passageiros

AC, AM, AP, PA, RO e RR AL, CE, MA, PB, PE, PI, e RN DF, GO, MS, MT e TO MG PR RJ RS SC SP RS RJ MG AC, AM, AP, PA e RR AL, PB, PE e RN CE, PI e MA DF, GO, SP e TO MG MS, MT e RO PR e SC RJ RS SP ES BA e SE

8

Carga e Passageiros

FEDERAÇÃO UFs ATENDIDAS FETRAMAZ FETRACAN FENATAC FETCEMG FETRANSPAR FETRANSCARGA FETRANSUL FETRANCESC FETCESP FECAM-RS FECAM-RJ FETAC-MG FETRANORTE FETRONOR FETRANS FETRASUL FETRAM FETRAMAR FEPASC FETRANSPOR FETERGS FETPESP FETRANSPORTES FETRABASE

COORDENAÇÃO Raimundo Augusto de Araújo Jorge do Carmo Ramos Patrícia Dante Marta Gusmão Morais Solange Caumo Renato Nery Gilberto da Costa Rodrigues Rodrigo Oda Sandra Caravieri Danna Campos Vieira Thompson Bahiense Regiane Reis Carmen Izia Saldanha Rocha Rosiléa Cristina de Brito Leite Marcelo Brasil Vilma Silva de Oliveira Geraldo Marques Carlos Alberto da Silva Corso Cirlei Aparecida de Souza Guilherme Wilson Aloisio Bremm João Carlos Thomaz João Paulo da F. Lamas Cleide da Silva Cerqueira

TELEFONE (92) 3658-6080 (81) 3441-3614 (61) 3361-5295 (31) 3490-0330 (41) 3333-2900 (21) 3869-8073 (51) 3342-2053 (48) 3248-1104 (11) 2632-1010 (51) 3232-3407 (21) 3495-2726 (31) 3531-1730 (92) 3584-6504 (84) 3234-2493 (85) 3261-7066 (62) 3233-0977 (31) 3274-2727 (65) 3027-2978 (41) 3244-6844 (21) 3221-6300 (51) 3228-0622 (11) 3179-1077 (27) 2125-7643 (71) 3341-6238

E-MAIL fetramaz@fetramaz.com.br fetracan@veloxmail.com.br coordenacao.despoluir@fenatac.org.br despoluir@fetcemg.org.br despoluir@fetranspar.org.br despoluir@fetranscarga.org.br coordenador.despoluir@fetransul.com.br financeiro2@fetrancesc.com.br despoluir@fetcesp.com.br dannavieira@fecamrs.com.br thompbc@gmail.com coordenadoradespoluir@gmail.com despoluir.fetranorte.am@hotmail.com despoluir@fetronor.com.br marcelobrasil@fetrans.org.br federacao.despoluir@gmail.com despoluir@fetram.org.br fetramar@terra.com.br despoluir@fepasc.org.br meioambiente@fetranspor.com.br despoluir-rs@fetergs.org.br financeiro@setpesp.org.br coordenacaodespoluir@fetransportes.org.br despoluir@fetrabase.org.br

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SONDAGEM CNT DE GESTÃO HÍDRICA TRANSPORTE RODOVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS 2017

MANUAL CNT DE GESTÃO HÍDRICA TRANSPORTE RODOVIÁRIO COLETIVO DE PASSAGEIROS


BOLETIM DESPOLUIR BOLETIMDOAMBIEN TAL CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO

2012

2013

2014

2015

Óleo Diesel

55,90

58,57

60,03

57,21

54,27

Gasolina Comum**

39,69

41,42

44,36

41,14

43,01

9,85

11,75

12,99

17,86

14,58

Etanol Hidratado

2016

2017 (até abril)*** Gasolina 41,8% Diesel 47,7%

Etanol 10,5%

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Obtida da mistura de gasolina e etanol anidro combustível, nas proporções definidas pela legislação em vigor. *** Dados atualizados em 1º de junho de 2017.

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3) CONSUMO DE ÓLEO DIESEL - 2011 A 2016 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

2012

2011 Rodoviário

2013

2014

2015

Ferroviário

2016

MODAL

2011

2012

2013

2014

2015

2016

Rodoviário

36,38

38,60

40,68

41,40

40,20

38,77

Ferroviário

1,18

1,21

1,20

1,18

1,14

1,12

Hidroviário

0,14

0,16

0,18

0,18

0,18

0,18

37,70

39,97

42,06

42,76

Total

Hidroviário

41,52 40,07

MONITORAMENT0 DA QUALIDADE DO DIESEL NÃO CONFORMIDADE POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - BRASIL (abril/2017) Teor de Enxofre 13% Teor de Biodiesel 73% Outros 3%*

Ponto de Fulgor 7% Destilação 4%

* Em "Outros" estão incluídas as características cor, massa específica e teor de água.

BIODIESEL PRODUÇÃO ANUAL DE BIODIESEL - B100 (em milhões de m ) *

PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS - 2016 (dados acumulados até novembro)

3

4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0

2,72

2,92

3,42

3,94

Soja 77,10%

1,20 2012

2013

2014

2015

Gordura Bovina 15,50%

3,80

2016

Outras 6,40%

2017

*Dados atualizados em 30 de abril de 2017.

MISTURA OBRIGATÓRIA DE BIODIESEL AO DIESEL FÓSSIL (% em volume)* 2016 7%

2017 março 8%

* Conforme a Lei Federal nº 13.263/2016. ** Após a validação por testes e ensaios em motores.

2018 março 9%

2019 março 10%

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

Após 2019 março Até 15%**

Óleo de Algodão 1,00%


PARTICIPAÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 POR SETOR Industrial 8,9%

Geração de energia Outros setores 3,1% 3,0%

Mudança no uso da terra 76,4%

Rodoviário 7,8% Aéreo 0,5%

Transporte 8,6%

Outros meios de transporte 0,3%

CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DE CADA CATEGORIA DE VEÍCULOS NA EMISSÃO DE POLUENTES - BRASIL 100%

Comerciais leves

90% 80%

Caminhões semileves Caminhões leves

70%

Caminhões médios

60%

Caminhões semipesados

50%

Caminhões pesados

40%

Ônibus urbanos Micro-ônibus

30%

Motocicletas

20%

Ônibus rodoviários Automóveis

10% 0%

CO

NMHC

NOX

MP

CH4

RCHO

CO - monóxido de carbono; MP - material particulado incluindo o MP proveniente da combustão e do desgaste do veículo; NMHC - hidrocarbonetos não metano; CH4 - metano; NOx – óxidos de nitrogênio; RCHO - aldeídos.

Poluentes Monóxido de carbono (CO)

EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE Efeitos Características Principais fontes Saúde humana Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Dióxido de carbono (CO2)

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Meio ambiente Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

Resultado da queima de combustíveis, além de atividades agrícolas, pecuária, aterros sanitários e processos industriais1.

Gás tóxico, incolor, inodoro. Explosivo ao adicionar a água.

Causa asfixia se inalado, além de parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central.

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Composto por aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação das mucosas, vômitos e perda de consciência. Aumenta a sensibilidade da pele. Causa lesões no esôfago, traqueia e trato gastrointestinal.

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e por meio da queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO2 provoca irritação nos pulmões. O NO é um gás incolor, solúvel em água; O NO2 é um gás de cor castanho- É capaz de provocar infecções respiratórias quando em contato constante. avermelhada, tóxico e irritante;O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

Dióxido de enxofre (SO2)

Resultado da queima de combustíveis e de processos industriais1.

Gás denso, incolor, não inflamável e altamente tóxico.

Ozônio (O3)

Poluente secundário, resultado de reações químicas em presença da radiação solar. Os hidrocarbonetos não metano (NMHC) são precursores do ozônio troposférico.

Gás azulado à temperatura ambiente, Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, instável, altamente reativo e oxidante. nariz e garganta.

Causa destruição de bioma e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido à sua natureza corrosiva.

Material particulado (MP)

Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.

Material escuro, composto de partículas de Causa irritação no nariz e garganta. diferentes dimensões. Sua ocorrência está Está relacionado a doenças respiratórias e, nos casos relacionada a queima do diesel. mais graves, ao câncer de pulmão.

Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas.

Metano (CH4) Aldeídos (RCHO)

Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na respiração e agravamento de problemas respiratórios e cardiovasculares.

Processos industriais: processos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala.

8

1

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Em grandes quantidades, pode levar à morte.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

Gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Estes óxidos, em contato com a umidade do ar, formam ácidos causadores da chuva ácida.


BOLETIM

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

PROMOÇÃO SOCIAL


PAINEL DE RESULTADOS - SEST SENAT

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL janeiro a abril 2017 ATENDIMENTOS

725.704 Cursos de Longa Duração

546.299 Cursos de Média Duração

1.288.585

16.582 Cursos de Curta Duração

Total

MATRÍCULAS

177.333 Cursos Presenciais

54.453 Campanhas/Palestras

48.967 Cursos a Distância

280.753 Total

Cursos mais ofertados Cursos

Matrículas Realizadas

Atualização para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros

18.501

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros

18.445

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte de Produtos Perigosos

16.470

Atualização para Condutores de Veículo de Transporte de Cargas de Produtos Perigosos

13.534

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Escolar

5.901

Atualização para Condutores de Veículo de Transporte de Escolares

4.668

Especializado para Condutores de Veículos de Emergência

4.579

Especializado para Condutores de Veículos de Transporte de Cargas Indivisíveis e Outras

4.488

NR 35 - Segurança no Trabalho em Altura

2.518

Atendimento Eficaz ao Cliente

2.089


PROMOÇÃO SOCIAL janeiro a abril 2017 ATENDIMENTOS

Assistência à Saúde

689.015 Esporte, Lazer e Cultura

504.223

1.270.137

76.899 Educação para Saúde

Total

ASSISTÊNCIA À SAÚDE janeiro a abril 2017 ATENDIMENTOS

344.268 Assistência Odontológica 28.418 Assistência Nutricional 96.255 Assistência Fisioterápica

35.282 Assistência Psicológica

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“A melhor forma de reduzir os riscos advindos das mudanças climáticas é buscar o cumprimento do acordo, em que o setor de transporte tem grande potencial de contribuição” TEMA DO MÊS

Medidas para a contribuição do transporte no Acordo de Paris

O papel do setor de transporte no Acordo de Paris

O

SUZANA KAHN Especialista em Engenharia de Transportes, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

setor de transporte é responsável por uma parcela significativa da contribuição antrópica ao aumento de temperatura da superfície terrestre. Ao longo do século 20, a indústria automobilística se desenvolveu com a produção crescente de veículos leves de uso privado com motores a combustão, utilizando quase que exclusivamente derivados de petróleo. Com isso, segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o setor de transporte representa 27% da utilização final de energia global. Desse total, em torno de 70% são provenientes de combustíveis fósseis com alto nível de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). O relatório apontou, também, que em 2010 o setor foi responsável pela emissão de 6,7 GtCO2, dos quais 40% foram utilizados apenas no transporte urbano. A meta de longo prazo do Acordo de Paris é não superar os 20º C de aumento de temperatura em relação aos níveis pré-industriais no final deste século, por isso deverão ser tomadas medidas drásticas de redução das emissões. Como cerca de 80% do aumento das emissões de GEE se devem à queima de combustíveis

SUZANA KAHN

fósseis, a questão do aquecimento global se torna um problema energético. E como o setor de transporte depende excessivamente desses combustíveis, mudanças são fundamentais para que o Acordo de Paris tenha sucesso. As medidas de mitigação envolvem tanto alternativas tecnológicas como comportamentais. As tecnológicas compreendem desde inovações nos veículos e a utilização de fontes de energia renovável, como biocombustíveis e energia elétrica de origem renovável, até alterações na infraestrutura. O aumento da infraestrutura para oferta de transporte público, por exemplo, bem como a melhoria de sua qualidade, induziria a população a deixar de usar o carro em seus deslocamentos, opção intensiva em energia e consequentemente em emissão de GEE. As alternativas em padrões de comportamento envolvem, por exemplo, os sistemas de mobilidade compartilhada e o aumento do uso de transporte não motorizado para pequenas distâncias. Vale lembrar que o enfrentamento às mudanças climáticas não é limitado a medidas de mitigação das emissões. O aquecimento global afetará o transporte, principalmente, por meio do aumento dos diversos tipos de

eventos meteorológicos e climáticos extremos. Os impactos vão variar de acordo com as vulnerabilidades existentes, o modo de transporte e a região do planeta, mas tenderão a ser de alto custo tanto em termos humanos como econômicos, e irão exigir mudanças significativas no planejamento, no desenho, na construção, na operação e manutenção dos sistemas. As mudanças climáticas poderão dificultar a mobilidade urbana, com consequências econômicas e na qualidade de vida das populações e no transporte de carga, e apresentarão riscos de provocar o desabastecimento de cidades e o aumento do custo do produto final. Mudanças nas zonas costeiras e aumento do nível do mar poderão, em longo prazo, demandar a realocação de estradas, linhas férreas ou pistas de aeroportos, com consequências significativas para as instalações portuárias e a navegação costeira. Túneis subterrâneos, estradas e ferrovias poderiam estar sujeitos a inundações mais frequentes ou mais graves. Portanto, a melhor forma de reduzir os riscos das mudanças climáticas é buscar o cumprimento do Acordo de Paris, em que o setor de transporte tem um grande potencial de contribuição.


“As questões ambientais expressas no Acordo de Paris impõem às nossas organizações empresariais alerta e preparo para a sustentabilidade de seus negócios”

O Acordo de Paris e o transporte nacional

D

ois fenômenos ambientais e cientificamente comprovados batem à nossa porta. O primeiro é a inexorável alteração climática. Alguns cientistas divergem se a ação antrópica é a causa principal na aceleração dessa alteração, mas não há dúvidas de que atualmente ocorrem mudanças que alteram visivelmente os comportamentos do tempo e do clima, promovendo alterações socioeconômicas, algumas com impactos dolorosos. O segundo é o limite do planeta, expresso mais claramente pela perda da biodiversidade, especialmente a cobertura vegetal. Já é possível perceber esses fenômenos ao observarmos, por exemplo, a disponibilidade e o acesso ao recurso natural que nos é mais caro: a água. De fato, a recente crise hídrica que afetou regiões urbanas localizadas em áreas naturalmente úmidas, como as de São Paulo e de Belo Horizonte, é um retrato muito evidente. Não à toa, temas como meio ambiente e sustentabilidade deixam de estar restritos aos cenários de discussões e reivindicações das organizações não governamentais e centros de pesquisa e tecnologia e passam a ser pautas constantes em todos

PATRÍCIA BOSON

os principais fóruns econômicos. Além de ser uma questão clara de sobrevivência da própria atividade econômica e de quem a ela se dirige, é também uma questão relativa à inovação e ao surgimento de oportunidades para novos negócios. Nesse cenário, o Acordo de Paris, que assumiu compromisso de cortar as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, nos impõe a consagração dessa agenda, mesmo considerando o recente retrocesso do governo dos EUA, não acompanhado por vários de seus Estados e pelas maiores de suas empresas. Fato é que dificilmente uma atividade empresarial, e aqui inclui a de transporte, passará incólume aos resultados desse Acordo. Toda e qualquer atividade econômica será impactada. O resultado pode ser negativo (com perdas oriundas de desastres naturais, com a imposição de comandos, taxas e diversas outras obrigações ambientais, cada vez mais rígidas) ou positivo (com a adoção de ferramentas para as oportunidades de um novo mercado, acesso a investimentos em melhorias operacionais e inovações tecnológicas e a implantação de medidas preventivas, de adaptação e mitigação dos efeitos adversos dos desastres).

As questões ambientais expressas no Acordo de Paris e suas consequências impõem às nossas organizações empresariais alerta e preparo para a sustentabilidade de seus negócios, em duas vertentes. A primeira, consubstanciada pelo conjunto de ações para a adaptação e minimização de perdas físicas, para a fuga da obsolescência tecnológica e para o controle e a gestão dos custos oriundos dos processos ambientais regulatórios, que tornam a atividade cada vez mais complexa e cara. A segunda, voltada para ações de pesquisa, desenvolvimento e capacitação para as oportunidades de inovação, intercâmbio, desenvolvimento e investimento em novos negócios. O Acordo de Paris está posto. Nele, o Brasil, entre outros compromissos, assume o de promover medidas de eficiência e melhorias na infraestrutura de transportes e no transporte público em áreas urbanas, e o de aumentar a participação de bioenergia sustentável, expandindo o consumo de biocombustíveis e a oferta de etanol. Depende da nossa organização e do nosso engajamento minimizar os impactos negativos e maximizar os positivos.

PATRÍCIA BOSON Membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente e consultora o Despoluir - Programa Ambiental do Transporte


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JUNHO 2017

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“O Estado não pode continuar sendo meio para abastecer bolsos de políticos e cofres de partidos nem para trocar favores com empresas” ALEXANDRE GARCIA

Estado de incerteza

P

ara que serve o Estado brasileiro? De que serve? Ou melhor: a quem serve o Estado brasileiro? Essas perguntas têm sido feitas há muito tempo e mostram que fugimos das concepções do que seria realmente um Estado. Os liberais pensam que Estado é um mal que deveria ser reduzido ao mínimo necessário; os sociais-democratas imaginam-no como fonte de bem-estar social. Não vamos incluir aqui os comunistas que consideram o Estado como fonte de tudo, inclusive da concessão ou privação de liberdades. Está muito claro para todos que o Estado é um prestador de serviços públicos. Isso posto, vamos ao que interessa: o Estado brasileiro, gigantesco, poderoso e consumidor de 40% de tudo o que produz por meio do nosso suor e da nossa renda. Trabalhamos cinco meses por ano só para sustentar esse gigante que mal presta serviços básicos. Na melhor hipótese, oferece serviços medíocres. Ele é povoado por privilegiados que fazem os cidadãos não oficiais se sentirem uma casta de segunda classe. A casta superior quer manter esse Estado gigante por um motivo simples: sendo grande, pode ser dilapidado sem que se sinta, a menos que se vá com muita sede ao pote, como aconteceu nesses últimos anos. Tampouco querem privatizações, porque isso iria privá-los de tetas ricas, como aconteceu com a Petrobras. Com poder, também fica fácil vender benefícios, empréstimos em bancos públicos, medidas provisórias, projetos de lei, emendas, sentenças, isenções, benefícios fiscais, ‘jeitinhos’ no controle de concorrência, como se viu nas relações com empreiteiras e a JBS. Para solucionar isso, tarefa digna de Missão

Impossível, seria preciso diminuir o tamanho e o poder do Estado. De que valeria uma empreiteira ou um grande frigorífico querer comprar agentes dos três poderes se eles não tivessem esse poder? Obtém-se isso com a cultura de a lei ser mais forte que as pessoas. Por isso, falo em missão impossível, porque é cultural. É letra morta da Constituição a regra de que o poder é impessoal. O que a Lava Jato está fazendo tende a mudar essa cultura nefasta. Está mostrando o valor moral das leis que agora se contrapõe ao ‘jeitinho’ ilegal de agentes do Estado. Poder da lei versus poder individual. O Estado não pode continuar sendo meio para abastecer bolsos de políticos e cofres de partidos nem para trocar favores com empresas. Esse Estado ideal, mais magro, tem que perder a gordura e reforçar os músculos. Precisa ser forte para prestar bons serviços públicos de ensino, saúde, justiça, segurança. Deve facilitar a iniciativa privada abrindo caminhos, literalmente, para a riqueza circular. É preciso que ele seja eficiente ao permitir que o transporte, por todos os meios, possa carregar a riqueza nacional, abafada por leis trabalhistas antiquadas; excesso de legislação tributária; tamanho dos impostos; demora na solução de disputas judiciais; incerteza da enxurrada de leis; e dúvidas constantes ante as sucessivas crises políticas. Um Estado menor vai deixar os políticos se digladiando, como é de sua natureza, mas não afetará a economia em sua geração de empregos e de riqueza. Pode ser missão impossível, mas não mudar isso é continuar como está com todas as incertezas. Como disse o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan: “No Brasil, até o passado é imprevisível”.



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