REVISTA
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO VIII | NÚMERO 92 | FEVEREIRO 2003
LOGÍSTICA
OFUTUROÉAGORA EMPRESAS VOLTAM SEUS OLHOS PARA PROFISSIONAIS DO SETOR À PROCURA DA EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO AO CLIENTE
EDITORIAL
ISC afere a realidade brasileira CLÉSIO ANDRADE PRESIDENTE DA CNT
PELO QUE SE DEPREENDE DA PESQUISA ISC, AS NECESSIDADES DOS BRASILEIROS ESTÃO CLARAMENTE DEFINIDAS E CABE, AGORA, AO GOVERNO DAR PLENA RESPOSTA A ESSES ANSEIOS
niciado em março de 1998, o Índice de Satisfação do Cidadão (ISC), da Confederação Nacional do Transporte (CNT), solidificouse como um dos mais importantes mecanismos de aferição dos anseios e das necessidades dos brasileiros. O ISC foi o primeiro índice nacional, este ano, a captar as expectativas da população brasileira com relação ao novo governo federal, empossado em 2003. Como era de se esperar, os números mostraram a plena confiança da população com relação ao novo presidente. A repercussão junto aos meios de comunicação mostrou a oportunidade da pesquisa, que também avaliou o governo FHC. Mês a mês, o ISC CNT/Sensus continuará ouvindo a população brasileira. Os números e as tendências apontadas pela pesquisa são subsídios valiosos para que o Poder constituído possa balizar os seus programas de políticas públicas. Nos debates que marcaram os primeiros momentos do governo Lula, foram priorizadas – como fundamentais para o
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país – as reformas tributária, previdenciária e política. O ISC de janeiro mostrou, todavia, que a população prefere que o novo governo concentre seus esforços na reforma trabalhista como forma de acabar com o desemprego. Preocupados com a questão da fome, os brasileiros apoiaram amplamente (87,3%) o Programa Fome Zero e a visita do presidente Lula e seus ministros às regiões mais pobres do país (90,1%). Pelo que se depreende da pesquisa ISC, as necessidades dos brasileiros estão claramente definidas e cabe, agora, ao governo dar uma plena resposta a esses anseios. Dessa forma – como, aliás, faz parte da política social da CNT –, o ISC continuará realizando o mais profundo diagnóstico das necessidades brasileiras e oferecendo os seus resultados a jornalistas, empresários, governos e sociedade em geral, de maneira que possamos contribuir mensalmente para a solidificação e o desenvolvimento da sociedade brasileira.
CNT Confederação Nacional do Transporte PRESIDENTE Clésio Soares de Andrade
DIRETORIA SEÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
PRESIDENTE DE HONRA Thiers Fattori Costa VICE-PRESIDENTES SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Denisar de Almeida Arneiro, Eduardo Ferreira Rebuzzi, Francisco Pelucio, Irani Bertolini, Jésu Ignácio de Araújo, Jorge Marques Trilha, Oswaldo Dias de Castro, Romeu Natal Panzan, Romeu Nerci Luft, Tânia Drumond, Augusto Dalçoquio Neto, Valmor Weiss, Paulo Vicente Caleffi e José Hélio Fernandes;
Meton Soares Júnior SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Benedicto Dario Ferraz
Aylmer Chieppe, Alfredo José Bezerra Leite, Narciso Gonçalves dos Santos, José Augusto Pinheiro, Marcus Vinícius Gravina, Oscar Conte, Tarcísio Schettino Ribeiro, Marco Antônio Gulin, Eudo Laranjeiras Costa, Antônio Carlos Melgaço Knitell, Abrão Abdo Izacc, João de Campos Palma, Francisco Saldanha Bezerra e Jerson Antonio Picoli
SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho e Ilso Pedro Menta SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS
SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Flávio Benatti e Antônio Pereira de Siqueira
Edgar Ferreira de Sousa, José Alexandrino Ferreira Neto, José Percides Rodrigues, Luiz Maldonado Marthos, Sandoval Geraldino dos Santos, José Veronez, Waldemar Stimamilio, André Luiz Costa, Armando Brocco, Heraldo Gomes Andrade, Claudinei Natal Pelegrini, Getúlio Vargas de Moura Braatz, Celso Fernandes Neto e Neirman Moreira da Silva
SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes e Mariano Costa SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Renato Cézar Ferreira Bittencourt e Cláudio Roberto Fernandes Decourt SEÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira e Nélio Celso Carneiro Tavares SEÇÃO DO TRANSPORTE AÉREO
SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Wolner José Pereira de Aguiar (vice-presidente no exercício da presidência)
Cláudio Roberto Fernandes Decourt, Glen Gordon Findlay, Luiz Rebelo Neto, Moacyr Bonelli, Alcy Hagge Cavalcante, Carlos Affonso Cerveira, Marcelino José Lobato Nascimento, Maurício Möckel Pascoal, Milton Ferreira Tito, Sílvio Vasco Campos Jorge, Cláudio Martins Marote, Jorge Leônidas Melo Pinho, Ronaldo Mattos de Oliveira Lima e Bruno Bastos Lima Rocha
CONSELHO FISCAL TITULARES Waldemar Araújo, David Lopes de Oliveira, Éder Dal’Lago e René Adão Alves Pinto SUPLENTES Getúlio Vargas de Moura Braatz, Robert Cyrill Higgin e José Hélio Fernandes
Revista CNT CONSELHO EDITORIAL Almerindo Camilo, Bernardino Rios Pim, Etevaldo Dias, Márcio Tadeu dos Santos, Maria Tereza Pantoja e Vanêssa Palhares
PRODUÇÃO
Rafael Melgaço Alvim Bárbara Albuquerque (estagiária) ENDEREÇO
REDAÇÃO
Rua Monteiro Lobato, 123/102 CEP 31.310-530 Belo Horizonte MG
EDITOR RESPONSÁVEL
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Almerindo Camilo (MG2709JP)
(31) 3498-2931 e (31) 3498-3694 (Fax)
EDITORES EXECUTIVOS
Ricardo Ballarine e Antonio Seara (Arte)
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REPÓRTERES
NA INTERNET
Alessandra Mello, Ciara Albernaz, Eulene Hemétrio, Orion Teixeira, Ronaldo Almeida e Ubirajara Júnior
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Marcelo Fontana (11) 9116-7432 Marcelo_fontana@uol.com.br
Paulo Fonseca, Soraya Ursine, Júlio Fernandes / CNT, Agência O Globo e Agência Estado INFOGRAFIA
Graffo DIAGRAMAÇÃO E PAGINAÇÃO
Antonio Dias e Wanderson F. Dias
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Publicação mensal da CNT, registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053, editada sob responsabilidade da AC&S Comunicação.
IMPRESSÃO Plural Editora e Gráfica TIRAGEM 40.000 exemplares
SÃO FRANCISCO O Velho Chico mostra cansaço e fica na espera da burocracia governamental para ser revitalizado
44 PESQUISA Levantamento da CNT/Sensus mostra que o brasileiro está apoiando o novo governo
36 REDE FERROVIÁRIA Patrimônio histórico da cultura brasileira, a RFFSA busca alternativas para manter seu acervo
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PROFISSÃO DO FUTURO A logística desponta como um dos recursos fundamentais para uma empresa de transporte se manter no mercado.
COURIER Reportagem mostra que os serviços de entrega rápida registram crescimento e se tornam parte fundamental nas relações empresariais
SEST/SENAT: INAUGURAÇÕES NA CIDADE E NA ESTRADA
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A POLÊMICA DA ESTADUALIZAÇÃO CONTINUA
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CÓDIGO DE TRÂNSITO FAZ CINCO ANOS
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ALEXANDRE GARCIA
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NEGÓCIOS
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CAPA ILUSTRAÇÃO DE MARIO VALE
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NEGÓCIOS TECNOLOGIA
UMSALTODEQ A LOGÍSTICA É A MENINA-DOS-OLHOS PARA QUE M QUER ATENDER O SEU
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UALIDADE CLIENTE EM ALTO PADRÃO
POR
EULENE HEMÉTRIO
velha tese marqueteira “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta” começa a sair dos grandes magazines e já se infiltra, com força total, nas corporações empresarias, sejam elas de pequeno porte ou multinacionais. Agora, está travestida de um novo conceito, aplicado com rigor nas transações comerciais. É a logística, ramo promissor para quem pretende ingressar no mercado de trabalho e para empresas que pretendem se manter ativas e lucrativas. Depois do boom da propaganda, a grande investida do mercado hoje está centrada na logística. A Associação Brasileira de Logística (Aslog) identifica o setor de transporte como um dos mais interessados em ingressar nessa nova era. Segundo a entidade, as empresas de transporte que ainda não criaram seu setor especializado na área ou terceirizaram o serviço estão numa busca alucinada pela menina-dos-olhos do mercado. Todos querem entender e aplicar esse novo método que promete ser a galinha dos ovos de ouro do transporte de cargas. O presidente da Aslog, Carlos Alberto Mira, dá as pistas que levam ao tesouro. Ele explica o que aconteceu para, de repente, a logística ser vista com tanto
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espanto. Segundo ele, os papas do marketing apontam quatro frentes que fazem o diferencial de uma grande empresa: produtos, preços, propaganda e logística, sendo que três dessas já estão desgastadas. “A propaganda, que foi a última variável a despontar como alternativa de mercado, já não tem a mesma força que tinha há uma década. Hoje, há uma enxurrada de informações e ofertas de produtos similares a preços compatíveis.” Para Mira, o grande diferencial competitivo agora é colocar o produto certo, na hora certa e no ponto certo, de acordo com a vontade do cliente. “Estamos vivendo na era da conveniência. Quando produtos, preços e propaganda estão equiparados, a pessoa compra o que for mais cômodo para ela. Isso é notável quando observamos o sucesso dos postos de conveniência e shoppings center”, ressalta. Segundo ele, as indústrias sentiram a necessidade de investir em algo novo e descobriram a logística. Aos olhos do marketing, esse mercado é promissor. “Não é mais o produto que faz a diferença. Saber disponibilizar esse produto é a grande mágica.” Aplicar a logística significa colocar os passageiros no avião na hora certa, controlar o metrô, enviar entregas no prazo combinado, estudar alternativas econômicas de transporte de cargas e coordenar o movimento de um porto. Se a logística funcionar, o acerto vai resultar em cliente satisfeito e lucro certo. A receita para o azul no balanço de fim de ano. Mira destaca, porém, que o ideal é descobrir em primeira mão onde o consumidor está. Cumprido o primeiro passo, a empresa deve investir no diferencial. “Costumamos dizer que existem três níveis de logística: o operacional, que trata da gerência do transporte dentro da empresa; o tático, que busca a terceirização; e o estratégico, que defende o planejamento da logística antes mesmo de abrir a empresa, verificando os custos da distribuição da mercadoria. Esse último é o ideal.”
“ESTAMOS VIVENDO NA ERA DA CONVENIÊNCIA. QUANDO PRODUTOS, PREÇOS E PROPAGANDA ESTÃO EQUIPARADOS, A PESSOA COMPRA O QUE FOR MAIS CÔMODO PARA ELA”
DISTRIBUIÇÃO Planejamento é fundamental para desenvolvimento da empresa
EMPRESÁRIOS DO SETOR reocupados com a concorrência e a melhoria de seus serviços, empresários estão procurando cursos de logística para se atualizar e aplicar o conceito em seu trabalho. O administrador de empresa Antônio Misael, 42, foi um dos que concluiu em 2002 o curso de logística à distância oferecido pela CNT através do Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte (Idaq). Ele é proprietário da empresa Marca Transportes, localizada em Contagem (MG). O empresário afirma que a logística hoje é crucial para ter competitividade no mercado. “Temos que acompanhar o imediatismo da informação.” “Há 25 anos atuo no setor de transporte, mas, agora, somente transportar não é o suficiente. O mercado pede logística. Para sobreviver, as empresas de transporte terão que investir nessa área”, conta o empresário. Segundo Misael, a concorrência é grande e a falta de regulamentação prejudica o crescimento do setor porque existem muitas empresas de fundo de quintal. Porém, ele considera que “não se pode exigir muito do transportador brasileiro, pois o setor é extremamente mal remunerado.” A Marca Transportes, que atua no setor siderúrgico, age desde o pedido do produto (com representantes de vendas nas regiões onde atua) até a distribuição, que é direta.
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BUSCAM APRENDIZADO Para Misael, o curso foi útil para aprimorar o trabalho em nível de gerência. “A parte conceitual ficou clara e tivemos boas indicações de livros. Também foi bom para trocar experiências. Mas a gente tem que ser dedicado, pois o curso à distância demanda muito mais tempo do que um curso normal.” O empresário da área de transportes e diretor de operações industriais da Coca-Cola em Cuiabá (MT), Luiz Carlos Rodrigues, 51, também se matriculou no curso à distância do Idaq para 2003. Seu objetivo é melhorar os conhecimentos sobre logística para desempenhar com mais eficiência suas funções. “Senti a necessidade de me atualizar, de adquirir conceitos novos e mais modernos sobre o setor.”
CARLOS MIRA Presidente da Aslog defende especialização dos profissionais de logística
• O Idaq está com inscrições abertas, até o dia 21 de fevereiro, para o “Curso de Logística à Distância”, desenvolvido em parceria com a Universidade Católica de Brasília (UCB). A metodologia utilizada é o da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), onde apreender um novo conceito significa confrontar-se com um problema prático. O curso tem duração de 4 meses, com início em 10 de março. O aluno receberá 13 fitas de vídeo e 13 apostilas. Maiores informações nos sites www.cnt.org.br e www.catolicavirtual.com.br.
NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS, O SETOR DE LOGÍSTICA REGISTROU ÍNDICES DE CRESCIMENTO DE CERCA DE 15% A 30% AO ANO
Em 1999, houve a explosão do “e-comerce”, o comércio via Internet, e criou-se um misticismo em torno da logística. As empresas ofere-ciam produtos pela rede confiando no forne-cedor, mas não tinham estoque. Isso acabava causando problemas para o setor, pois muitas vezes os fornecedores nem fabricavam mais o produto. Além disso, as empresas não sabiam como transportar a carga para locais onde não possuía representação. Mira conta que foi então que os empresários acordaram para o problema da logística no Brasil.
Terceirização Diante de uma performance ruim no mercado e da necessidade de abastecer o comércio, as indústrias sentiram necessidade de investir em logística e buscar parceiros para auxiliar no trabalho. Foi o início do processo de terceirização do setor. De acordo com Mira, os custos da terceirização são mais altos do que o investimento interno em logística, mas é um recurso utilizado pelas empresas que não possuem estrutura para adquirir diferencial competitivo. De acordo com estudos do Programa Catarinense de Logística Empresarial (PCLE), da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a necessidade de melhoria da competitividade das empresas brasileiras no mercado, inclusive internacional, foi detectada com o processo de reestruturação produtiva posto em prática no início da década de 90, motivado pela abertura econômica e pela política cambial. Tais fatos teriam provocado a absorção de novas tecnologias, tanto de gestão como de produto e processo. Segundo especialistas do programa, a logística ganhou relevância a partir do momento em que tornou-se notório que a integração efetiva de toda a cadeia produtiva poderia trazer benefícios, tais como redução de custo e aumento do nível de serviço. Os estudos revelam que essa
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CARLOS ROSA Para a TNT Logistics: setor tem mercado para expandir
“NÃO É MAIS O PRODUTO QUE FAZ A DIFERENÇA. SABER DISPONIBILIZAR ESSE PRODUTO É A GRANDE MÁGICA”
abordagem da logística figura em um plano estratégico. “Esse novo conceito de logística vislumbra a maneira como as organizações podem responder de maneira mais rápida e eficiente às exigências vindas do ambiente. Logo, a logística estratégica pode auxiliar as organizações a encarar os seus desafios sob um novo prisma, para os quais a logística pode propor soluções não antes visualizadas”, diz trecho do estudo. De acordo com o Grupo de Monitoria e Pesquisa de Estudos Logísticos da Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma forma de obter melhores resultados nas operações logísticas é a utilização do “benchmarking”, que surge como ferramenta dentro da esfera de decisão da empresa e através da qual procura atingir níveis de eficácia maiores. Autores definem o “benchmarking” como um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processos de trabalho dentro das empresas, com a finalidade de melhoria organizacional. A Fiesc preparou um estudo para estimular o crescimento das empresas locais, utilizando uma ferramenta com indicadores de “benchmarking”. O mérito desse recurso, segundo os especialistas, é a possibilidade de se medir quantitativamente os esforços logísticos e saber se são representativos ou não frente ao melhor praticante da classe. Assim, pode-se direcionar o foco na melhoria das atividades e na busca de vantagens competitivas.
Problemas Segundo Carlos Alberto Mira, o grande problema da logística no Brasil é que ela ainda é realizada pelo gerente de estoque da empresa, e não por pessoas treinadas para tal função. “Os gerentes de marketing é que devem assumir esse posto, pois a distribuição fica mais flexível”, sugere. Outro problema apontado pelo presidente da Aslog é a falta de regulamentação e orientação do setor. “Qualquer um
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tribuição em locais estratégicos.” De acordo com levantamentos da Aslog, dos cerca de 35 mil operadores que se dizem de logística, apenas 300 atendem aos critérios básicos. “Se não houver um processo de regulamentação, podemos estar caminhando para uma autofagia do setor. Vamos cair numa vala comum como caíram as outras frentes (produto, preço e propaganda)”, alerta Mira. Segundo ele, poucas pessoas no Brasil conhecem a logística a fundo, mas, de uma hora para a outra, todos os transportadores resolveram se autodenominar operadores de logística. “Todos os prestadores de serviço na área de transporte estão se auto-intitulando logísticos sem o mínimo de preparo”, adverte Mira. Ele ressaltou ainda que as empresas qualificadas, que poderiam ser grandes parceiras das indústrias, acabam perdendo licitações por causa de preço, pois não têm como concorrer com aqueles que não mantêm uma estrutura adequada.
Tendência de alta
pode ser operador logístico. Até os motoboys estão trocando os adesivos em suas motos por logística, inviabilizando a concorrência”, aponta. Para ele, deveria ser criado um selo de qua lificação das empresas de logística que possuem o mínimo de estrutura, com critérios de seleção técnica. “Investir em logística não é só comprar caminhão. É preciso ter uma frota mínima, um software de gestão, profissionais qualificados e centros de armazenagem e dis-
ARMAZENAGEM Aeroportos são pontos importantes para controle de produtos
A expectativa de crescimento do setor em 2003 é de cerca de 20%, seguindo a ordem de terceirização das indústrias. Nos últimos três anos, o setor registrou índices de crescimento de cerca de 15% a 30% ao ano, estando diretamente relacionado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, Mira considera que os lucros das empresas especializadas são baixos. Segundo ele, é preciso movimentar uma escala altíssima de produtos para conseguir um bom retorno. O presidente da associação informou também que a maior parte das empresas que se definem de logística continuam tendo lucros apenas com a movimentação final, pois o mercado não está disposto a remunerar a gestão de estoque e armazenagem. As grandes empresas de logística, porém, tiveram origem nas grandes indústrias que tinham o setor interno de logísti-
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ca bem estruturado, como a Philips. Com tamanho investimento das indústrias no setor, a logística aparece como mercado promissor aos profissionais de administração, engenharia e marketing, principalmente. Os salários para profissionais especializados em logística podem variar de R$ 1.800, para os cargos mais baixos, e R$ 12.000, para a diretoria.
Expansão Segundo a presidente do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transportes e Meio Ambiente (Idelt), Vera Bussinger, a logística está impregnada em vários setores, sendo que o transporte é apenas um ponto dentro da cadeia operacional. Ela acredita que o mercado brasileiro ainda tem muito que expandir. “Nos países de primeiro mundo, há conceitos sofisticados de logística que não temos acompanhado no Brasil. Apesar de haver boas empresas no país, ainda estão um pouco aquém do desenvolvimento logístico mundial”, avalia. O presidente da Aslog aconselha, porém, que o profissional conheça de perto o setor antes de optar pelo negócio. “O mercado está ficando saturado de profissionais despreparados que primeiro entram no negócio para depois buscar qualificação”, ressalta. O Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte (Idaq), da Confederação Nacional do Transporte (CNT), confirma essa hipótese. Segundo o assistente de administração do instituto, Vilson Fernandes de Jesus, quem geralmente procura os cursos de logística são gerentes e empresários que sentem a necessidade de aprimoramento. “Cerca de 95% dos alunos que procu-
VALE APLICA MULTIMODALIDADE COM TECNOLOGIA DE PONTA iversas empresas têm investido na logística como forma de adquirir o tão sonhado diferencial competitivo. Tecnologia de ponta, custo reduzido, tratamento personalizado, infra-estrutura de transporte e armazenagem são alguns dos principais fatores que geralmente levam o cliente a optar pelo serviço. Nesse contexto, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) destaca-se como uma das empresas com o melhor departamento de logística no Brasil. O orçamento da CRVD para os investimentos este ano estão na ordem de US$ 1,8 bilhão. Desse montante, US$ 289,8 milhões serão aplicados em logística. O dinheiro é destinado para modernizar e manter o aparato de controle logístico, como modelos de simulação para rotas e controle de consumo de combustível e sistemas informatizados de controle de tráfego e monitoramento de cargas. A presidente do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transportes e Meio Ambiente (Idelt), Vera Bussinger, lembra que a movimentação do produto pode ser feita através dos modais
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rodoviário, marítimo, ferroviário e aeroviário. A escolha vai depender do tipo de mercadoria a ser transportado, das características da carga, da pressa e, principalmente, dos custos. Com a mais extensa malha ferroviária do país - dois terços de toda a carga ferroviária brasileira -, a CVRD possui pátios, armazéns, terminais e complexos portuários nos Estados do Maranhão, Sergipe, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, que possibilitam a conexão entre ferrovias, portos e modal rodoviário. “Em nosso país, o modo de transporte de carga mais utilizado é o rodoviário, mas é preciso adequar o equipamento ao tipo de carga a ser transportada”, ressalta Bussinger. “O grande diferencial da CVRD é justamente disponibilizar tratamento adequado para cada tipo de produto transportado por ela”, que varia entre papel, celulose, veículos, combustíveis, produtos químicos, fertilizantes, minérios, materiais de construção, contêineres e produtos agrícolas.
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ram o Idaq são de nível superior, que já estão no mercado”, afirma.
Oportunidade No Brasil, as maiores empresas especializadas em logística são a TNT Logistics e a Columbia Armazéns Gerais. A multinacional holandesa TNT Logistics, que chegou no Brasil em 1997, vem expandindo suas atividades e já conta com uma carteira de 30 clientes de peso, principalmente no setor automotivo. No mundo, todo o grupo TPG, que engloba a TNT Logistics e a TNT Express, teve um faturamento de 11 bilhões de euros em 2001. Só a filial brasileira faturou R$ 234 milhões em 2002. No mundo,
“INVESTIR EM LOGÍSTICA NÃO É SÓ COMPRAR CAMINHÃO. É PRECISO TER UMA FROTA MÍNIMA, UM SOFTWARE DE GESTÃO, PROFISSIONAIS QUALIFICADOS E CENTROS DE ARMAZENAGEM E DISTRIBUIÇÃO”
esse número sobe para 3 bilhões de euros. O vice-presidente da TNT Logistics, Carlo Rosa, conta que, a princípio, a empresa fazia a armazenagem e a distribuição de peças somente para a Fiat. Com o tempo, foi expandindo para todo o setor automotivo. A partir de 2002, a TNT abriu o leque também para o setor eletroeletrônico e pretende investir mais de R$ 300 mil nessa área em 2003. A expectativa da empresa é de um crescimento superior ao do ano passado, que foi de 15%. “O setor de logística no Brasil ainda tem muita possibilidade de expansão”, afirma Rosa. “O índice de crescimento no país é maior do que as outras operações da companhia no mundo.” ●
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NEGÓCIOS COURIER
ENTREGA ATEMPO ENAHORA SERVIÇOS DE ENCOMENDA RÁPIDA INVESTEM EM TECNOLOGIA PARA GARANTIR SEGURANÇA E PRAZO POR
CIARA ALBERNAZ
serviço de entrega expressa ou courier é o ramo de transporte de cargas que mais cresce mundialmente. Enquanto os negócios com carga convencional aumentam em torno de 6% ao ano, o de cargas fracionadas sobe, em média, 18%. Dentro da logística, essa etapa do processo desempenha o papel de integrar as atividades de armazenagem, distribuição, captação e otimização de custos. O bom desempenho, segundo gestores das maiores empresas de courier que operam no país, está ligado ao dinamismo exigido pelo mercado, que cada vez mais reduz os prazos de entrega. Vaspex, Ve-
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log, UPS, Sedex (dos Correios) e Fedex registram, anualmente, crescimento em seus faturamentos. No Brasil, a atividade envolve mais de 12 mil empresas, que vão desde grandes companhias aéreas de abrangência mundial a serviços locais de motoboy. As dimensões continentais do território nacional, ao mesmo tempo que impõem a tradicional concorrência às empresas do ramo, as transforma em parceiras, uma vez que o investimento requerido para operar com frotas próprias nos mais de 8 milhões de quilômetros quadrados brasileiros e ainda garantir a agilidade necessária é monstruosamente inviável.
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Os filões que mais crescem hoje são as entregas com hora marcada, como os serviços Sedex 10, Vaspex 10 e Plus, Velog, e as entregas reversas (pegar um equipamento com defeito e deixar um novo no lugar). O primeiro é indicado para produtos com maior valor agregado, como os eletro-eletrônicos, farmacêuticos, cosméticos e peças automotivas, além de entrega de documentos urgentes. O segundo cresce, principalmente, por inibir a necessidade de as empresas terem que manter várias centrais de assistência técnica e/ou logística. Há ainda o nicho aberto pela política do governo brasileiro de se firmar no comércio exterior, uma vez que a maioria das empresas inicia exportações geralmente com pequenos volumes. Esse segmento é um dos alvos da gigante norte-americana UPS, que atua em 200 países e territórios, e é cobiçado por empresas de aviação nacionais como a Varig, que aproveita as parcerias mundiais em transporte aéreo e rodoviário e a estrutura em 70 países para otimizar a expansão da Variglog (empresa criada para ter como foco a entrega expressa). A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ETC), constituída em 1969, foi a pioneira na oferta do serviço e é, também, a maior a operar em território nacional, abarcando metade dos negócios no Brasil. A grandiosidade é consequência do caráter social conferido à estatal, que, mesmo com o déficit no segmen-
FROTA PRÓPRIA Vasp aproveitou seus aviões para entrar no serviço de entregas
NO BRASIL, A ATIVIDADE ENVOLVE MAIS DE 12 MIL EMPRESAS, DESDE GRANDES COMPANHIAS AÉREAS MUNDIAIS A SERVIÇOS LOCAIS DE MOTOBOY
to de distribuição de cartas, recebeu investimentos suficientes para se estruturar em todo o país. A entrega expressa começou em 1982, com o lançamento do Sedex. O gerente do Programa de Encomendas, Everton Luiz Machado, conta que antes a ETC oferecia o serviço de malote, mas a crescente demanda das empresas pelo envio de encomendas urgentes, que só apareciam depois que o malote estava fechado, levou a estatal a criar o serviço. As entregas rápidas começaram a ser ofertadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais antes de chegar a todo o país. Para cumprir prazos, as encomendas são levadas até de barco a remo. A distribuição de pacotes é, por lei, uma atividade dos Correios, que, além da estrutura montada para os demais serviços, conta com centros de logística dedicados apenas a malotes e Sedex nas principais cidades do país. Entretanto, o Sedex exige a utilização do modal aéreo. Por isso, ao invés de investir em uma frota de aeronaves, a ETC fechou par-
cerias com 35 linhas aéreas de diversas empresas de cargas, algumas das quais – principalmente as nacionais – têm produtos concorrentes do Sedex. Também tem parcerias com transportadoras rodoviárias, para as entregas que superam um raio de 300 km das capitais. A parceria no modal rodoviário não é exclusividade dos Correios. A prática é comum também entre as companhias aéreas. O Vaspex (da Vasp), o Velog (Variglog) e a UPS são bons exemplos de empresas que optaram pela contratação de terceiros. A praxe é exigir que as transportadoras contratadas tenham veículos rastreados por satélite e que ofereçam escolta para o transporte de cargas valiosas, uma vez que a redução dos riscos barateia os seguros de carga e, consequentemente, o serviço. As frotas próprias, no caso das empresas privadas, só transitam nas capitais. Os serviços de courier investem apenas em sistemas de rastreamento da carga. A maioria controla a evolução do transporte por meio de código de barra bidi-
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mensional, impressos em etiquetas que são pregadas nos pacotes quando o serviço é contratado. O código de barras compila as informações necessárias para que o cliente, via Internet, e a empresa saibam exatamente onde está a encomenda. O acompanhamento, no caso de clientes – essencialmente pessoas jurídicas – com grande volume de encomendas, é feito por softwares ou senhas exclusivas que permitem obter o status apenas do que despachou. No caso do Sedex, o rastreamento por meio de dispositivos tecnológicos veio quase uma década depois do lançamento, uma vez que precisou esperar a evolução e popularização da própria Internet. O acompanhamento eletrônico foi disponibilizado aos clientes em meados
dos anos 90, mas os primeiros resultados abrangentes vieram em 1997, quando o consórcio formado pela IBM e a Chromo Post (empresa de encomendas do grupo La Poste, o correio francês) ganhou a licitação para desenvolver um sistema de rastreamento. A conquista da confiança dos clientes, ao prestar informações sobre todos os passos da encomenda até a chegada ao destino, veio acompanhada por concorrentes de peso. Em 1995, a UPS, que atuava no Brasil por meio de um agente desde 1989, montou sua sede em São Paulo. No mesmo ano, a Vasp lançou o Vaspex. As duas companhias, com tradição no modal aéreo, findaram com o monopólio do serviço expresso em âmbito nacional da estatal.
HÁ UM NICHO DE MERCADO ABERTO PELA POLÍTICA DO GOVERNO DE SE FIRMAR NO COMÉRCIO EXTERIOR
PARCERIAS ECT firmou acordos para distribuir encomendas
VIRACOPOS VAI RECEBER R$ 200 MI PARA CRESCER crescente demanda por serviços de entrega rápida de encomendas no exterior, que ganharão maior fôlego com as negociações de acordos de livre comercialização do país com o Mercosul, União Européia e os acertos para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), tem no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, um grande aliado. Maior terminal de cargas brasileiro e um dos maiores da América do Sul, Viracopos receberá investimentos para ampliação de cerca de R$ 200 milhões até 2005, o que, segundo o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, o transformará no maior do continente. Em Viracopos já operam, aproximadamente, 40 empresas. Além da localização estratégica, a 90 km de São Paulo, o aeroporto está no coração de um dos principais pólos industriais do país.Também é um atrativo às empresas de logística a pista de 3.240 metros de comprimento por 45 metros de largura, que está apta a receber qualquer tipo de avião.
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A Vasp, segundo o diretor de operações da empresa, Ronan Hudson, resolveu criar dentro da diretoria de cargas a divisão Vaspex ao perceber o monopólio da ETC. “O mercado estava restrito aos Correios e havia uma infinidade de pequenas transportadoras que não tinham uma atuação nacional”, lembra. A companhia aérea, então resolveu aproveitar a estrutura já existente para cargas convencionais e atuar também como courier. A princípio, investiu R$ 100 milhões em um sistema próprio de rastreamento, compra de aeronaves e treinamento de pessoal, que foi complementado com a abertura de pontos de captação e distribuição franqueados. As 320 franquias, que exigiram um investimento mínimo em torno de R$ 15 mil cada, correspondem a 85% das agências Vasp. A opção por franquias foi a forma encontrada para dar agilidade à expansão do novo serviço e propiciar a junção do modal aéreo com o rodoviário, necessária para otimizar os negócios sem que precisasse realizar um grande desembolso. A infra-estrutura da Vasp, aliada a franqueados e transportadoras parceiras, possibilita a redução em 20% dos custos operacionais, segundo Hudson. A receita foi, inclusive, seguida pela Varig, quando transformou a unidade de negócios Varigcargo na empresa de logística Variglog em 2000, em uma operação que consumiu R$ 50 milhões, em-
CORREIO AÉREO NACIONAL FOI PIONEIRO ra dia dos namorados. Ventos fortes de frente reduziram a velocidade a menos de 80 km/h, estendendo a viagem dos tenentes da Força Aérea Brasileira, Casimiro Montenegro e Nelson Freire LavenèreWanderley, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, em duas horas e meia. O Curtiss Fledgling K263, um biplano, chegou ao seu destino depois que a noite caiu. As luzes da capital paulista impediram aos dois pilotos de enxergarem o Campo de Marte. O único lugar que vislumbraram para um pouso seguro foi a pista do Jockey Club da Moóca. Desceram cinco horas e meia depois de decolarem do Campo dos Afonsos. Pularam o muro e pegaram um táxi. Tudo para levar uma mala postal, com apenas duas cartas dentro, à estação central dos Correios. Assim, em 1931, nasceu o Correio Aéreo Nacional (CAN), inspirado pelo pioneirismo destes dois ho-
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mens. Foi a primeira entrega expressa do país. No ano seguinte, após um lapso de quatro meses provocado pela Revolução Constitucionalista, as linhas do então Correio Aéreo Militar (como era chamado antes da criação do Ministério da Defesa, em 1941) já cobriam 3.630 km do território nacional. A partir daí, ano após ano, pilotos em frágeis biplanos de treliça de alumínio, envolta em madeira e tela, com o mínimo de recursos técnicos e várias vezes com uma única cartinha na mala postal expandiam o serviço. O risco das viagens era minimizado pela missão de integrar a população e fazer sentir a soberania do governo federal por todo o território. Uma das primeiras grandes rotas foi a do Tocantins, que até 1982 intercambiava a cidade do Rio de Janeiro a Belém, no Pará, passando pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Maranhão. No início, a infra-estrutura aérea ao longo da rota era
inexistente. Os pilotos se guiavam por letras que eles mesmos pintavam nos telhados das estações ferroviárias. Após a primeira década, os bravos do CAN já tinham percorrido 19.709 km e transportado mais de 65 mil quilos de correspondências. Nem a guerra atrapalhou a expansão do serviço, que em 1947 chegou ao território do Acre, onde a população, grata por sair do isolamento, criou o jargão “Correio Aéreo Nacional: glória pacífica da Força Aérea Brasileira”. Os pioneiros não se aventuraram só pelo território nacional. Ligaram, a partir dos anos 40, as terras brasileiras aos vizinhos, começando por Assunção, no Paraguai. Ainda hoje o CAN continua exercendo as missões que lhe foram conferidas há 70 anos. Em 1988, o Congresso Nacional, envolto em um espírito de civismo, exigiu que a FAB desse continuidade ao CAN, incluindo-o na Constituição.
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pregados na criação de um sistema de rastreamento próprio. Atualmente, o serviço Velog recebe o suporte de uma rede de 172 franqueados (87,7% das agências). Cada loja, dependendo do tamanho e localização,
necessitou de um investimento inicial entre R$ 100 mil e R$ 250 mil, segundo a gerente geral de carga expressa, Maria Fan. Já a UPS, segundo Juliana Vasconcelos, gerente de marketing para o Mercosul, preferiu in-
JULIANA VASCONCELOS UPS investe em parcerias com transportadoras rodoviárias
vestir em parcerias com grandes transportadoras rodoviárias como a Expresso Mercúrio (que faz as operações no Sudeste e Sul) e a Cinco Estrelas (que integra os serviços no Norte e Nordeste). A expansão no Brasil também envolveu algumas aquisições, visando agregar valor aos serviços e a complementação do portifólio já grande, como a compra da Frits (empresa de agenciamento de cargas), em 2001. O acirramento da concorrência, contudo, fez com que as empresas passassem a agregar valor aos produtos. A UPS, por exemplo, passou a ofertar este ano a Fatura Visa (exigida a exportadores de tecidos que vendem para os Estados Unidos). Também oferece serviços como o Standard, lançado em janeiro, que consolida vários pacotes, com diferentes destinos, em uma só remessa. Depois de liberá-la na alfândega, a empresa faz a triagem das encomendas e despacha. O mercado, entretanto, pode sofrer uma reviravolta se a Lei Postal voltar a tramitar sem que o projeto seja alterado. Um dos principais pontos de discordância entre as empresas courier privadas é o artigo que dá à ETC o monopólio de distribuição das encomendas com até dois quilos. A tramitação está parada desde meados do ano passado e até agora são incertos os planos do novo governo para ela, que foi elaborada com vistas à iminente privatização da ETC. ●
PATRIMONIO AMEAÇADO Dona de inúmeros imóveis pelo Brasil, a Rede Ferroviária tem que superar problemas parra recu
NAMIRADOD PATRIMÔNIO DA REDE FERROVIÁRIA SE PERDE NA
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MEMÓRIA FERROVIAS
POR
memória ferroviária brasileira está abandonada. E junto com ela o Brasil também está perdendo uma parte significativa da sua história, pois as ferrovias desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento do país. Elas transportaram durante anos uma das principais riquezas nacionais - o café - e em torno delas nasceram e se desenvolveram grandes centros urbanos. No entanto, a privatização da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), ocorrida entre março de 1996 e dezembro de 1998, descarrilou o trem da história. Afundada em dívidas e em meio a um emaranhado burocrático, a rede não tem como cuidar de seu patrimônio. Verdadeiros tesouros, concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, ficam à deriva, como a primeira ferrovia brasileira, em Magé (RJ). As concessionárias vencedoras da privatização ganharam o direito de explorar 22 mil quilômetros de linha e assumiram o transporte de carga, mas não a responsabilidade pela preservação do patrimônio histórico que engloba desde estações e construções mais que centenárias, documentos e também o chamado material rodante (trens, locomotivas, vagões, dormentes e tudo mais que permite o funcionamento de uma ferrovia). Todo esse acervo histórico permaneceu a cargo da RFFSA, que está em processo de liquidação e tem dívidas avaliadas em torno de R$ 6,5 bilhões. A burocracia desse processo impede que seja dada uma destinação adequada ao patrimônio da empresa, de R$ 13,4 bilhões segundo balanço de 2001, e formado de
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perar sua história, como a Estrada de Ferro Mauá, no Rio, a primeira do Brasil
ESCASO BUROCRACIA E SE DETERIORA
ALESSANDRA MELLO
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ESTAÇÃO DE BH Complexo da capital mineira é dos poucos que foi restaurado
construções tombadas ou em péssimo estado de conservação e também de trens e vagões fora de uso ou aposentados. Uma parte desse patrimônio também está penhorada para garantir o pagamento das ações que a rede responde, a maioria trabalhista, e que estão calculadas em R$ 46 milhões. Por causa do processo de liquidação, os bens só podem ser vendidos em leilão. O acervo histórico não pode ser vendido, mas pode ser cedido para os governos estaduais e municipais interessados em assumir sua gestão. Esse é o grande problema, relata Paulo Henrique Nascimento, que coordena o Movimento Nacional dos Amigos do Trem, uma ONG criada com o objetivo de fiscalizar e denunciar na
Justiça a dilapidação do patrimônio ferroviário. Segundo ele, a maioria dos governantes não tem interesse, pois isso envolve custos. A esperança de Nascimento é o que o novo governo se atente para a importância da preservação desse patrimônio e dê uma destinação adequada a ele. O coordenador da ONG procurou o governo de transição e a direção do PT para denunciar essa situação. Agora, Nascimento tenta um contato com o Ministério dos Transportes. Enquanto isso, trens e vagões históricos estão abandonados em antigas garagens e oficinas da rede, muitas edificações que abrigaram antigas estações, hoje desativadas, sofrem com a ação do tempo e muitas vezes tornam-se um problema para os governos locais. Arquivos,
CENTENÁRIA, ESTAÇÃO DA LUZ VÊ POLÊMICA EM Estação da Luz faz justiça ao seu nome de batismo. Inaugurada em março de 1901, ela sempre esteve a anos-luz de seu tempo. Com seu arrojado projeto arquitetônico concebido para que os trens parassem abaixo do nível da rua e não atrapalhassem o desenvolvimento da cidade de São Paulo, a estação é um dos principais marcos da importância do transporte ferroviário para o país. Desde as comemorações do seu centenário, a Luz está sendo revitalizada para garantir a preservação do patrimônio arquitetônico, tombado em 1996, e também para integrar as linhas de trem com as do metrô. A estação foi construída pela antiga São Paulo Railway Company, para escoar o café da região de Jundiaí para o Porto de Santos. Na época do início de suas obras, em 1860, o Brasil vivia o apogeu do café e o Estado de São Paulo era um dos principais produtores.
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A estação foi totalmente projetada em Londres e todas suas peças, dos pregos ao belos vidros que garantem a luminosidade do edifício, vieram da Inglaterra. A Estação da Luz pertence à RFFSA, mas desde a privatização, em 1996, sua operação passou para as mãos da Companhia Paulista de Trens Urbanos (CPTM). A parte relativa ao patrimônio é de responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura, que pretende construir no local um centro de estudos da língua portuguesa. Ainda não foi batido o martelo sobre essa proposta, pois não há consenso em torno dela. Técnicos dos órgãos de preservação do patrimônio histórico fazem ressalvas ao projeto, que prevê a modificação do interior da estação para que ela possa abrigar o centro. Outro entrave é o acervo histórico que está guardado lá. Até hoje sua destinação não foi definida e o temor dos responsáveis por ele é que todo
esse material sobre a memória ferroviária brasileira seja perdido ou esquecido. As obras estão avaliadas em R$ 30 milhões, dos quais R$ 20 milhões já estariam garantidos através de parcerias com empresas. O ponto principal da polêmica é a proposta de transformar o segundo pavimento da estação, de 110 metros de extensão, em uma espécie de galeria sem fim, construída com chapas metálicas que criaria a sensação de espaço contínuo. O local seria utilizado para exposições. “A Luz nasceu para ser estação e sua ligação com a memória ferroviária brasileira deve ser preservada”, defende a museóloga Maria Inês Mazzoco, responsável pela divisão de patrimônio da RFFSA e autora do livro “Cem Anos Luz”, que conta a história da construção da mais moderna estação de trem do país. Filha de quatro gerações de ferroviários, Maria Inês
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como o do Museu Ferroviário Mineiro, estão encaixotados e guardados nas administrações regionais da rede. Trens avaliados em R$ 100 mil são vendidos a preço de sucata. Mas nem sempre foi assim. Antes de entrar em processo de declínio e de ser privatizada, a RFFSA, que já foi uma das maiores e mais rentáveis estatais brasileiras, tinha um programa dedicado à preservação da memória ferroviária e todas suas regionais contavam com museólogos e bibliotecários responsáveis pelo acervo documental, arquitetônico e rodante. A rede também contava com policiais ferroviários que zelavam não só pela segurança dos trens de cargas e passageiro e linhas, mas também pelo
A LUZ ESTÁ SENDO REVITALIZADA PARA GARANTIR A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO E TAMBÉM PARA INTEGRAR AS LINHAS DE TREM COM AS DO METRÔ
SUAS OBRAS afirma que o grande diferencial da Luz é o fato de ela ter sido projetada no século 19, mas com os olhos voltados para o futuro. Seu projeto já levava em conta o que há pouco mais de 20 anos passou a ser a exigéncia no transporte coletivo - a intermodalidade, com a interligação de todos os tipos de meios de transporte disponíveis. Tanto que a atual reforma vai transformar a estação no centro nervoso do sistema de transportes da capital paulista. Localizada na parte central da cidade, já acomoda a interligação com o metrô e com terminal de ônibus. Fornece ainda acesso à Pinacoteca do Estado, um dos principais museus da cidade, e para escolas, igrejas e serviços públicos, além do Parque da Luz. A estação é ponto de ligação entre as zonas leste e oeste da cidade, com movimento de mais de 40 mil passageiros no modal ferroviário.
ONTEM E HOJE Dois momentos da Estação da Luz: 1916 (direita) e nos dias atuais
patrimônio histórico, que chegou a ter 12 museus em funcionamento. Hoje, muitos deles estão desativados e seus arquivos estão encaixotados. Pensando na conservação desse patrimônio, no início da década de 80 foi criado o Programa de Preservação da Memória Ferroviária (Preserfe), mas com a privatização e a redução drástica de funcionários o projeto foi desativado. O arquiteto Sérgio Morais, um dos idealizadores e coordenadores do Preserfe, não tem autorização para falar sobre o estado atual do patrimônio da rede. Somente a comissão liquidante pode se manifestar sobre esse assunto. Morais disse apenas que, apesar de o programa ter
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sido desmontado, a rede tem tentado estabelecer parcerias com os órgãos públicos para manter esse patrimônio. Uma dessas parcerias garantiu a recupe ração da mais imponente estação ferroviária do Brasil, a Estação da Luz, em São Paulo. Mas enquanto não for batido o martelo em relação ao patrimônio ferroviário, ele vai continuar ameaçado (leia mais no box). Em Belo Horizonte, por pouco, um casarão mais velho que a própria capital mineira, a Casa do Conde de Santa Marinha, foi transformado em templo evangélico. O conde, um dos construtores da capital mineira, fez sua casa ao lado da estação ferroviária, que fazia parte da Central do Brasil, para vigiar de perto a chegada do material empregado na construção da cidade, quase todo vindo da Europa. A casa está localizada em um terreno de 35 mil metros quadrados, no centro da capital. Quando a RFFSA incluiu o imóvel em um leilão que tinha de tudo, de trens a pregos e parafusos, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) pôs a boca no trombone. Era o centenário da cidade (1997), e a
“NÃO TEM DINHEIRO E NEM INTERESSE. LÁ NA REDE, OS FUNCIONÁRIOS QUE RESTARAM PASSAM O DIA JOGANDO PACIÊNCIA ENQUANTO O PATRIMÔNIO FERROVIÁRIO SE PERDE”
preservação da casa ganhou a simpatia da população e do poder público. O imóvel foi tombado e uma lei aprovada pela Câmara Municipal assegurou que ele só poderá ser usado para fins culturais. Hoje, abriga o recém-inaugurado Museu de Artes e Ofícios. A RFFSA passou sua administração para o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), que delegou a gerência da casa para uma produtora cultural, acordo que deve ser renovado semestralmente. A gerente da casa, Simone Araújo, especializada em gestão do patrimônio cultural, defende que o local seja assumido definitivamente pelo governo do Estado e transformado em centro cultural para evitar transformação em shopping center, possibilidade que vem sendo ventilada. “Um shopping center pode aproveitar toda a área para construir suas lojas e manter somente a casa como espaço cultural, o que vai desfigurar completamente o conjunto arquitetônico local”, afirma Simone. “O ideal é aproveitar esse conjunto e transformá-lo em um grande espaço cultural.” A primeira ferrovia brasileira também corre perigo - a Estrada de Ferro Barão de Mauá. Construída em 1834, a linha tem 16,3 km de extensão e liga o litoral de Magé (RJ) até a raiz da Serra de Petrópolis. A Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (ABPF) conseguiu firmar um convênio com a Prefeitura de Magé para recuperar a estrada. Segundo Luiz Octávio da Silva Oliveira, um engenheiro de 67 anos, fundador da ABPF, faltam apenas 10 km para a conclusão da reforma, mas as obras foram interrompidas por falta de recursos. “Não tem dinheiro e nem interesse. Lá na rede, os funcionários que restaram passam o dia jogando paciência enquanto o patrimônio ferroviário se perde”, lamenta Luiz Octávio. Ele também luta pela preservação da estrada de ferro Miguel Pereira-Pati do Alferes, desativada desde 1995 e que fazia a ligação entre as duas cidades fluminenses que dão nome à estrada. Os trilhos dessa ferrovia de 28 km, segundo ele, estão
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HISTÓRIA DA REDE PASSA POR GLÓRIAS E PREJUÍZOS Rede Ferroviária Federal (RFFSA), criada em 1957 com a fusão de 18 ferrovias regionais, tem uma longa história de glórias e prejuízos. Por 40 anos, a RFFSA foi responsável pelo transporte ferroviário em 19 unidades da federação e operava uma malha que, em 1996, correspondia a 73% do total nacional. Nesse período, transportou 80 milhões de toneladas de cargas/ano e foi fundamental para a exportação. No entanto, na década de 80, a companhia entrou em declínio. Após a União ter pago todos os débitos da empresa, em 1986, a estatal continuou acumulando dívidas – a preparação de sua priva-
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tização (1996-1998) consumiu R$ 300 milhões. Em 1997, a Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) foi transferida como parte da renegociação da dívida de São Paulo com a União, e logo em seguida foi leiloada. Com a venda das sete malhas, o governo federal arrecadou R$ 1,76 bi.
sendo roubados e vendidos como ferro velho. A luta não desanima o engenheiro, que já impediu que os trilhos fossem cobertos com asfalto. Em Minas, levantamento do Movimento Nacional dos Amigos do Trem aponta que cerca de 300 vagões estejam guardados nos diversos “cemitérios ferroviários” existentes no Estado. Mas o trabalho do movimento já começa a dar frutos. Próximo a Juiz de Fora, na terra natal de Santos Dumont, Zona da Mata mineira, a prefeitura restaurou a estação e a transformou em centro cultural, graças à atuação do movimento, que tem sede na cidade. Segundo Paulo Henrique Nascimento, a próxima batalha é conseguir colocar em funcionamento os trens abandonados na antiga oficina da rede. Lá está guardada uma preciosidade: uma locomotiva a vapor doada pelo rei Alberto 1º, durante as comemorações do primeiro centenário da independência do Brasil. Por causa de sua beleza, ela foi batizada de Zezé Leone, nome da miss Brasil eleita no ano da doação. Tombada pelo patrimônio histórico,
PLAYGROUND Crianças brincam próximo a antiga estação da Rede no interior baiano
Com 25% da malha inoperantes, somente duas concessionárias cumpriram o contrato: a MRS Logística, que explora o trecho de São Paulo, Minas e Rio, e a Ferroban, que liga o interior paulista e as regiões do Triângulo Mineiro e do sudoeste de Minas a São Paulo e Santos.
a locomotiva está guardada na oficina da rede e já teve várias peças roubadas. A máquina pertencia à Central do Brasil e ligava a cidade, que na época se chamava Palmira, a Barbacena. Os trilhos por onde ela circulou foram construídos por Henrique Dumont, pai de Santos Dumont. “Se não fosse a ferrovia, não teríamos um conterrâneo tão ilustre”, afirma o filho de ferroviário, Fábio José Nunes da Cunha, atual presidente da Associação Cultural de Santos Dumont. Fábio disse que a oficina não tem vigilância e que ele já foi informado que colecionadores entram clandestinamente no local para retirar peças de restauração de outros trens. ●
ESTRAGO Caminhões transitam em estradas esburacadas, um dos pontos da polêmica sobre recursos da MP 82
MP 82 ESTADOS X UNIÃO
E A BRIGA C
GOVERNADORES QUEREM REDISCUTIR REPASSE DE VERBAS E TRE
inda não chegou ao fim a novela da estadualização de rodovias federais, baseada no enredo da Medida Provisória 82. Dois meses depois de anunciada, a fórmula encontrada pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso para satisfazer as necessidades de caixa de vários governadores em final de mandato no ano passado gera discussão nos concorridos gabinetes do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Transportes Terrestres (Dnit), e nas
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RONALDO ALMEIDA
POR
“A MEDIDA PROVISÓRIA TRANSFORMOU NUMA COISA MAL EXPLICADA A DISCUSSÃO SOBRE OS CRÉDITOS DOS GOVERNOS ESTADUAIS’’
sedes dos governos do Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Publicada em 13 dezembro do ano passado, a MP definiu 18 mil quilômetros de rodovias federais em todos os Estados para serem transferidas aos respectivos governos. Em troca, estes receberiam R$ 130 mil por quilômetro e teriam de cuidar da manutenção, recuperação, conservação, restauração, melhoria e pavimentação dessas estradas. Os recursos para o pagamento aos Estados foram garantidos pela Cide (Contribuição
de Intervenção sobre o Domínio Econômico), imposto embutido nos preços dos combustíveis. No final de dezembro, 14 governadores haviam assinado os termos de transferência, alguns em desacordo com os governos que assumiriam em janeiro, como, por exemplo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Paraná. A maioria resolveu aderir ao acordo preocupada com o fechamento de caixa no final de ano. Sem dinheiro para pagar salários e 13º ao funcionalismo, a saída foi aceitar a proposta do governo federal.
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A primeira discordância recaía sobre o valor proposto pelo governo federal - o Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, por exemplo, alegam que gastaram muito mais do que a União prometia pagar para recuperar as estradas. E outros Estados não concordavam com os trechos transferidos. Por esses dois motivos, alguns governadores passaram a procurar o Ministério dos Transportes para incluírem novos trechos ou estradas, mas sempre com a preocupação central de aumentarem o
“TIVEMOS UMA AUDIÊNCIA COM O MINISTRO ADAUTO E AGUARDAMOS A ANÁLISE QUE, ESPERAMOS, SEJA POSITIVA”
GOVERNADORES
Blairo Maggi-MT e Geraldo Alckimin-SP
valor a ser arrecadado com a assinatura dos termos de transferência. Esse foi o caso de São Paulo. Pela MP 82, o Estado teria direito a receber R$ 46 milhões pelos 32,5 quilômetros da BR459, entre Piquete, na divisa com Minas, até Lorena, cruzamento com a BR-116, e os 2,9 quilômetros da BR-488 entre Nossa Senhora de Aparecida e a Via Dutra. “Não temos nada contra esses dois trechos, mas fizemos novos pleitos ao ministro Anderson Adauto para a inclusão dos 53,6 quilômetros da BR-101, entre
ONTINUA
CHOS TRANSFERIDOS DAS RODOVIAS FEDERAIS
Ubatuba e a divisa com o Rio, e dos 347,7 quilômetros da BR-153, a Transbasiliana”, diz o secretário de Transportes paulista, Dario Rais Lopes, que participou da discussão do assunto na reunião com o ministro dos Transportes e o governador Geraldo Alckmin. O secretário ressalta que a rodovia para Aparecida se encontra em ótimo estado de conservação, devido às exigências do fluxo permanente de turismo religioso em direção à basílica, “mas a Transbasiliana é uma das piores estradas do interior paulista porque não tem contrato de conservação”. Lopes lembra que o governo paulista iniciou as obras de duplicação do primeiro trecho da BR101, entre Peruíbe e Santos. Esse investimento foi a contrapartida estadual exigida pelo Banco Mundial, para aprovar o financiamento de R$ 120 milhões para a recuperação do trecho entre Santos e Ubatuba, através do Programa de Recuperação de Rodovias. “A BR-101 ou SP-55 já é delegada entre Peruíbe e Ubatuba. Agora, esperamos a aprovação da transferência do último trecho até o Rio para uniformizarmos o serviço.” Segundo o secretário, o acréscimo desse trecho e o da Transbasiliana implicaria mais R$ 6,17 milhões, suficientes para investir na recuperação da BR101 até a divisa como Rio, hoje bastante deteriorada. O Mato Grosso é outro que negocia com o Ministério dos Transportes a inclusão de rodovias
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na MP 82. Na lista original constava os 634,3 quilômetros da BR364 que liga São Simão, divisa com Minas, até Rondonópolis, o que dá R$ 82,46 milhões. A reivindicação do governo de Blairo Maggi (PPS) é a inclusão dos 119 quilômetros da BR-242, entre São Félix do Araguaia até a BR-158, e dos 78 quilômetros da BR-174, entre Ponte de Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade, que daria mais R$ 26,16 milhões. “Tivemos uma audiência com o ministro Adauto e aguardamos a análise que, esperamos, seja positiva”, disse o secretário de Transportes, Luís Antônio Pagot. Segundo ele, o Estado precisa dessas três rodovias porque são essenciais para o escoamento da safra de grãos - a BR-364 faz parte do corredor Noroeste e as BRs 158 e 163, do Centro-Norte. O governador do Mato Grosso do Sul, José Orcílio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, aposta numa negociação com a União, baseado nas várias reuniões com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. O Estado teve incluído na MP 82 um total de 996 quilômetros de rodovias e crédito de R$ 129,48 milhões. Desde o primeiro momento, Zeca do PT descartou qualquer possibilidade de assinar os termos de transferência de rodovias. Em seguida, iniciou conversas com o governo federal para ser ressarcido dos investimentos de R$ 320 milhões feitos em dois trechos da BR-262 e de crédito de royalties
PERIGO Intenso movimento nas rodovias contribui para a degradação e aumenta os riscos
CASO AS NEGOCIAÇÕES FRACASSEM, O PLANO B DO GOVERNO RIGOTTO É ATUAR NO SENADO PARA ALTERAR O TEOR DA MP 82, EXATAMENTE PARA ATENDER ESSES DOIS PLEITOS
da Itaipu. Segundo Zeca do PT, a MP prejudicou sete Estados, entre eles Mato Grosso do Sul, pois “a MP transformou numa coisa mal explicada a discussão sobre os créditos dos governos estaduais relativos a obras em rodovias federais’’. Ele reafirma que os créditos pleiteados ‘’são líquidos e certos’’ já que, garantiu o governador, existem pareceres do Ministério dos Transportes confirmando o direito do Estado a esses recursos. No Rio Grande do Sul, o secretário substituto de Transportes, Haroldo Mata, afirmou que o governador Germano Rigotto (PMDB) encaminhou
ao ministro dos Transportes e ao presidente Lula uma discordância formal sobre o teor da MP 82. “Nós buscamos uma forma de repactuar o acordo assinado no governo passado, apesar, de mesmo depois de eleitos, termos tornado público nossa discordância.” De acordo com Mata, o governo gaúcho quer o ressarcimento dos R$ 52 milhões gastos com investimentos em rodovias federais nos últimos anos e que a União assuma a responsabilidade de manter as rodovias junto com o Estado. Caso as negociações fracassem, o plano B do governo Rigotto é atuar no Senado para alterar o teor da MP 82, exatamente para atender esses dois pleitos. ●
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INAUGURAÇÕES SEST/SENAT
s trabalhadores em transporte passaram a contar, desde janeiro, com mais duas unidades de apoio, estrategicamente instaladas em duas importantes regiões do Brasil Pernambuco e Minas Gerais. No mês passado o Sistema CNT inaugurou mais uma unidade do Posto de Atendimento ao Trabalhador na Estrada (Pate), desta feita no município de Sete Lagoas, a 70 quilômetros de Belo Horizonte. A obra foi construída em parceria com a iniciativa privada às margens da BR 040, liga o Rio de Janeiro à Capital Federal. A outra obra, também estrategicamente situada, foi um Centro Assistencial e Profissional Integrado do Trabalhador em Transporte (Capit), construído em Recife (PE). Obras como estas da Confederação Nacional do Transporte contribuem para a promoção social e profissional do trabalhador e do empresário de transporte em todo país. “Estamos realizando o que talvez seja a maior obra social em andamento no Brasil. E com recursos privados, dos empresários de transporte e dos transportadores autônomos”, faz questão de ressaltar, a cada inauguração, o presidente da CNT, Clésio Andrade, que é também o atual vice-governador do Estado de Minas Gerais. As unidades do Posto de Atendimento ao Trabalhador em Transporte na Estrada
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MAIS APOIO NASCIDADES E ESTRADAS COM A ENTREGA DO 45º PATE, EM MINAS, E O 48º CAPIT, EM PERNAMBUCO, SISTEMA CNT AMPLIA REDE DE ATENDIMENTO AO TRABALHADOR EM TRANSPORTE
MAIS UM PATE Autoridades inauguram unidade de Sete Lagoas (MG) na BR-040
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(Pate) passaram a ser 45 com a inauguração, no dia 17 de janeiro, do posto nº 52, no município de Sete Lagoas (MG). Instalada no Posto Três Poderes, á altura do quilômetro 471, da BR 040, a unidade, segundo a gerente Mônica Stoll Vaz, prevê atendimento médico para 240 pessoas/mês, para o que conta, inicialmente, com um profissional, além de consultas odontológicas para 320 pessoas/mês e prestação de procedimentos odontológicos para 364 pessoas /mês, para o que dispõe de dois dentistas. A melhoria da qualidade de vida e o aprimoramento profissional dos trabalhadores em transportes, transportadores autônomos e seus dependentes, assim como aos demais integrantes da comunidade local será oferecida pelo Pate por meio de diversos cursos abrangendo vários segmentos de atividades. A gerente Mônica Stoll Vaz já mantém contato com o empresariado de Sete Lagoas, cadastrando empresas interessadas nos serviços disponibilizados. “Também estamos buscando estabelecer parcerias e analisar formas para ampliar o atendimento à comunidade”, ressalta Mônica Stoll. O Pate de Sete Lagoas, conforme destaca sua gerente, também vai procurar identificar necessidades dos moradores da cidade e estudar mecanismos que possibilitem colaborar para supri-las, seguindo a linha
LAZER Unidades dos Pates oferecem salas de jogos para motoristas
SISTEMA SEST/SENAT INAUGURA MAIS UM PATE E OUTRA UNIDADE DO CAPIT, EXPANDINDO ATENDIMENTO PARA QUEM TRABALHA EM TRANSPORTE E SUA FAMÍLIA
política central do Sistema Sest/Senat, que tem na inserção social e na integração com a comunidade da localidade em que está instalada, um dos pilares de sua atuação. A área do Pate de Sete Lagoas é de 240 m2. A unidade conta com sete funcionários e a proposta é de oferecer atendimento médico e odontológico a aproximadamente 800 trabalhadores e 2.400 dependentes. Estes, como explica Mônica Srtoll, são o público alvo da unidade. “Mas a comunidade como um todo acaba sendo beneficiada”, afirma ela, lembrando que o acesso da comunidade local aos benefícios do Pate tem preço diferenciado, uma vez que o empresariado do setor de transporte é quem financia as unidades com parte dos impos-
to que paga, tendo como prioridade a assistência aos trabalhadores do setor.
Mais um Capit Também em janeiro a CNT ampliou para 48 o número de unidades do Centro Assistencial e Profissional Integrado do Trabalhador em Transporte (Capit) com a inauguração, no dia 24, do de nº 18, instalado no bairro Beberibe, em Recife, capital de Pernambuco. Com 3.592 m2 de área construída, num terreno de 22 mil m2, o “Capit Edvaldo de Souza Bronzeado” tem previsão de oferecer 1.584 atendimentos médicos por mês nas especialidades de pediatria, oftalmologia, ginecologia e clínica geral, para o que conta com o trabalho de seis profissionais.
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Também estão previstas 2.112 consultas odontológicas por mês. Segundo os prognósticos preliminares do 48º Capit, os oito dentistas e oito técnicos em higiene dental poderão realizar até 6.336 procedimentos odontológicos mensalmente. De acordo com a gerente do Capit de Pernambuco, Josefa Conceição da Silva Menezes, “desde agosto último a unidade já atende aos trabalhadores e às pessoas da comunidade interessadas”, em atendimento à proposta social que norteia as ações do Sistema Sest/Senat em todo o Brasil. O Capit-Recife, também em consonância com a política da Confederação, mantém contato permanente com o empresariado local, não só para divulgar a unidade como para estreitar relacionamento e identificar as prioridades locais e regionais
“ESTAMOS REALIZANDO O QUE TALVEZ SEJA A MAIOR OBRA SOCIAL EM ANDAMENTO NO BRASIL. E COM RECURSOS PRIVADOS”
com vistas ao aperfeiçoamento dos trabalhadores do setor de transporte, oferecendo bons serviços aos seus dependentes e à comunidade local. Entre os planos da gerente
PRESENÇA O presidente Clésio e o vice Newton Gibson na inauguração em Recife
Josefa Menezes está o de aproveitar ao máximo o auditório de 210 lugares disponível no CapitRecife. A idéia é destinar o espaço para as mais variadas atividades, tanto de interesse do setor de transporte como para a comunidade. A gerente pretende otimizar a utilização também da área de lazer da unidade, que dispõe de um campo de futebol, duas quadras poliesportivas, três piscinas (uma semi-olímpica, uma recreativa e uma infantil), um parque infantil e uma área reservada para atividades físicas. Com a entrada em funcionamento dessas duas novas unidades do Pate e do Capit, conforme prognósticos da Confederação Nacional do Transporte, haverá um crescimento significativo no número de atendimentos. A média registrada em 2001 foi de 2,9 milhões de pessoas, número que deve ter sido substancialmente maior no ano passado. (Os números estão ainda sendo finalizados). De janeiro a setembro de 2002, o número de trabalhadores consultados esteve em torno de 2,3 milhões de pessoas, o que permite antever que até o fechamento do ano o índice registrado em 2001 terá sido suplantado. Para 2003, o Sistema CNT prevê a entrada em funcionamento de outras unidades sempre procurando atender as demandas apontadas em pesquisas junto às comunidades e aos trabalhadores do transporte. ●
APOIO Para Clésio, números mostram confiança no governo Lula
2003 CNT/SENSUS
UMVOTODEC PRIMEIRA PESQUISA DEPOIS DA POSSE MOSTRA QUE PO
PARA MAIS DE 78% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA O DESEMPREGO VAI DIMINUIR E O GOVERNO DE LULA ACERTOU AO PRIORIZAR O COMBATE À FOME
assada a euforia da urna, a população brasileira dá, 30 dias depois da posse, mais um voto de confiança ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostrando-se disposta a esperar mais tempo para que as medidas adotadas em seu governo mudem sua vida. Esta é uma das leituras mais marcantes que se pode fazer da 59ª Pesquisa CNT/SENSUS divulgada no dia 28 de janeiro pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre o Índice de Satisfação do Cidadão (ISC). O levantamento aponta que 28,9% das 2 mil pessoas entrevistadas, em 24 Estados, das cinco regiões do País, está disposta a dar mais
P
prazo ao presidente. “Isso mostra que o povo, embora sofrendo há muito tempo, confia no presidente e está disposto a mais esse sacrifício”, diz o presidente da CNT e vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade. Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, responsável pela pelo trabalho, lembra que o prazo normalmente dado aos novos presidentes é de um ano. A pesquisa, realizada entre os dias 19 e 23 de janeiro, registra elevação em praticamente todos os sub-índices que são Satisfação com o País, com o Estado, com a Cidade, com a Situação Econômica Pessoal e com a Situação Social, que com-
põem o ISC, situando-se no patamar de 53,8%, 4.4 pontos percentuais a mais que no último levantamento, em outubro de 2002. A margem de erro da pesquisa é três pontos percentuais para mais ou para menos. A avaliação positiva do presidente Lula é hoje de 56,6%, enquanto a negativa, que em outubro era de 34,4% caiu para apenas 2,3%, indicando, para Clésio Andrade, que “a população apóia e acredita nas primeiras medidas tomadas pelo governo nas diversas áreas”. A expectativa positiva em relação em governo pode ser vista na opinião dos pesquisados quanto à taxa de desemprego.
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Para 78,2% da população o índice vai diminuir, enquanto 10,3% acham que aumentará. Combater a fome é a medida mais urgente a ser tomada pelo governo na opinião de 26,4% das pessoas, alcançando 69,9% o número dos que confiam que as promessas que Lula fez durante a campanha serão cumpridas, enquanto 18,5% pensam que elas não estão ou não serão cumpri-
PRIORIDADE Lula anuncia Fome Zero e país apóia
ONFIANÇA PULAÇÃO TERÁ PACIÊNCIA COM NOVO GOVERNO
LÁ FORA Presidente em Davos: questão social ganha apoio no Primeiro Mundo
das. Para Clésio Andrade está claro que “a população está cada vez mais consciente de que não se pode mudar o país da noite para o dia e que as ações do Presidente até agora satisfazem e alimentam sua esperança”. Outros quesitos em que a população está convicta de que haverá melhora são educação, com 73,4%, saúde, com 70,9%, emprego, com 67,9%, pobreza, com 62,2%, renda, com 55,5% e violência, com 50,8%. Enquanto 63,9% acreditam que a inflação cairá, 61,4% apostam na queda dos juros. No que tange às reformas, a pesquisa indica que o povo não se esqueceu das promessas da campanha política, pois 44% destacam que a reforma trabalhista é a mais importante para o país, vindo a seguir a agrária, com 11,5%, previdenciária, com 11,2%, política 10,3%, judiciária, com 7,9% e tributária, com 4,1%. Clésio de Andrade vê nisso uma coerência, uma vez que a população acredita que com a reforma trabalhista existe a possibilidade de geração de empregos e aumento de salário. Um dos pontos nevrálgicos para o novo governo, a idéia de fazer a reforma previdenciária, é aprovada por 65,6% da população, mas com a manutenção dos direitos adquiridos pelos funcionários públicos (43%) e da aposentadoria especial para militares, defendida por 32,6% (56,6% se manifestaram contrários).
38 CNT REVISTA FEVEREIRO 2003
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A primeira pesquisa CNT/Sensus de 2003 traz índices animadores também para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sua melhor avaliação fora registrada em março de 2001 (33.3%). Em outubro último, mês da eleição, o governo de Fernando Henrique era aprovado por 24,3% dos brasileiros, contra 34,4% de avaliação negativa. Na pesquisa de 2003, os oito anos de governo de FHC foram apontados como “ótimo” ou “bom” 34,7% dos entrevistados. Os principais jornais de todas as regiões do país deram ênfase à pesquisa CNT/Sensus. As manchetes, em sua maioria, destacaram a confiança e o alto índice de aprovação dado ao presidente Lula em seu primeiro mês de mandato. Porém, o “Valor Econômico”, um dos mais prestigiados diários brasileiros, advertiu que “essa extraordinária demonstração de confiança da sociedade não pode ser desperdiçada pelo governo. Este momento único precisa ser aproveitado com máxima intensidade, pois é altamente improvável que ele dure muito”. A Agência Estado distribuiu para todo o país matéria feita com o cientista político Rubens Figueiredo para quem a imensa expectativa em relação ao governo Lula tem “um componente irracional”, que não se explica por fatos concretos. “A expectativa é maior do que em relação a Fernando Collor e ao primeiro mandato de Fernando Henrique”, observou. ●
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OPINIÃO ALEXANDRE GARCIA
Com a faca e o queijo
O MOMENTO DAS REFORMAS É AGORA. POUCAS VEZES NA HISTÓRIA DO PAÍS HOUVE OPORTUNIDADES ASSIM
A
mais recente pesquisa CNT/Sensus mostra que o governo Lula tem mais expectativa favorável agora – 78,4% – do que logo após a eleição – 71%. O principal programa do governo, o Fome Zero, tem 87,3% de aprovação, acima do Cruzado. Na época, o então presidente José Sarney me disse que não precisava da imprensa porque tinha o povo a seu lado. Hoje, nota-se que o atual presidente continua julgando indispensável o apoio do povo, como demonstra no corpo-a-corpo com que renova energias. O brilho interno de Lula reforça-se no exterior. Sua atuação em relação à Venezuela, a sabedoria de ser o elo entre os Fóruns Social e Econômico, o sucesso na Alemanha e França – onde editorial do “Le Monde” o chamou de “professor” – dão-lhe credenciais que fortalecem a posição interna. A bem conduzida administração política no Congresso aumentou a base de sustentação do seu governo e o deixa com presidentes amigos na Câmara e no Senado. O cenário está pronto para que sejam feitas as reformas de que o Brasil precisa. Chance de fazer não apenas as da Previdência e tributária, mas também a reforma trabalhista e política. A composição equilibrada do Ministério e a sensatez da condução econômica conquistaram confiança interna e externa. Adiar a compra de aviões de guerra e reexaminar licitações no Ministério dos Transportes mostraram a coerência de um governo que quer combater a fome. Dois terços dos entrevistados na pesquisa CNT/Sensus aprovaram o cancelamento das
licitações. Uma cautela confirmada pelos fatos. Só vou citar um exemplo. Para consertar 50 quilômetros esburacados da BR-163, em Guarantã do Norte (MT), divisa com o Pará, foi destinado R$ 1,5 milhão. Passou por lá uma motoniveladora e a estrada continuou intransitável. Aí, a Associação dos Produtores Rurais Vale do XV se cotizou e consertou a estrada por R$ 75 mil! Se a gente aplicar a mesma proporção sobre o total das 60 licitações canceladas, chega à conclusão de que, em vez de gastar R$ 5 bilhões, a conta poderia ficar por R$ 250 milhões. O momento das reformas é agora. Poucas vezes houve oportunidades assim. Os militares tinham a espada e a caneta para redigir atos institucionais e fazer as mudanças que julgavam necessárias. Collor teve a força das urnas e um Congresso recém-chegado para converter em lei as absurdas medidas provisórias do congelamento da nossa poupança. FHC me disse que, não sendo autoritário, não seguiria o exemplo de Collor e deixaria o Congresso discutir as reformas. Ele passou e as reformas, não. Ao se despedir de Lula, o ex-presidente augurou: “Espero que você consiga fazer as reformas que não consegui”. O Brasil é o país das oportunidades perdidas. Refugou o imposto único; fez corpo mole com a revisão constitucional, que continha todas as reformas; ficou olhando a História chegar para a Coréia do Sul, o Sudeste Asiático, o México, o Chile... Agora é a hora. Lula está com a faca e o queijo nas mãos.
ASSOCIAÇÕES
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NOVA ENTIDADE
ANUT QUER APRIMORAR TRANSPORTE DE CARGAS om o intuito de congregar e representar as empresas usuárias de transporte de carga dos sistemas portuário, rodoviário, ferroviário, marítimo, hidroviário, aéreo e multimodal, e interagir com as instituições públicas e privadas ligadas a este setor, foi criada, no fim de janeiro último, a ANUT – Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga. A nova entidade é presidida por Omar Silva Júnior. Para os cargos de vice-presidente e vice-presidente executivo foram designados, respectivamente, Carlo Fillipo Massimiliano Lovatelli e o contra-almirante José Ribamar Miranda Dias. A ANUT reúne representantes dos setores de produtos siderúrgicos, ferro-gusa, cimento e argamassas, líquidos e derivados de petróleo, madeira, papel e celulose, grãos e alimentos, fertilizantes, produtos automotivos, máquinas e equipamentos mecânicos e eletro-eletrônicos, alumínio e metais não-ferrosos. A Associação já conta com a adesão de empresas importantes na economia brasileira. “A ANUT surgiu com o propósito de discutir estratégias e ações voltadas ao transporte de carga no País, buscando aprimorar suas relações políticas e institucionais. Tem como meta também o aumento da competitividade logística das empresas, redução de custos, melhoria da qualidade e segurança das operações, e viabilização do intercâmbio entre produtores, transportadores e governo são
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A PRIORIDADE SERÁ ESTABELECER UM ELO ENTRE USUÁRIOS, TRANSPORTADORES, SINDICATOS LABORAIS E PODER PÚBLICO
objetivos importantes da ANUT”, afirma o presidente da entidade, Omar Silva Júnior. Uma das prioridades da ANUT, entre outras ações, será o estabelecimento de um elo entre usuários dos transportes de carga, prestadores de serviço de logística, sindicatos laborais e órgãos públicos ligados ao setor, para unificação e melhoria das condições de trabalho nestes setores. “Acreditamos que esta Associação contribuirá para uma nova fase do setor de transporte de carga no Brasil”, avalia Silva Júnior. A diretoria da ANUT foi empossada no dia 29 de janeiro, no Hotel Hilton São Paulo Morumbi, imbuindo-se do propósito principal da entidade de congregar, representar e promover a interação das empresas usuárias de transporte relevante de carga nos diversos modais, instalações e terminais logísticos. ●
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LEGISLAÇÃO CBT
nstituído em 22 de janeiro de 1998, o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) fez cinco anos carregando a responsabilidade de adotar mudanças importantes na sua aplicação. Com a transferência do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) do Ministério da Justiça para o Ministério das Cidades, o conjunto de leis que rege a circulação de veículos enfrenta o desafio de reduzir o índice de acidentes do país e aumentar a conscientização das pessoas para a questão da cidadania no trânsito. Aprovado pelo Congresso Nacional em 1997, ganhou a assinatura do então presidente Fernando Henrique Cardoso em setembro daquele ano, para chegar às ruas, envolto em polêmica, 120 dias depois. Um inédito sistema de pontuação para infratores que prometia cassar a carteira de motorista, rigor na fiscalização e novos limites de velocidade eram alguns dos pontos introduzidos pelo novo código. O sistema de pontuação, vítima da falta de controle unificado e de um centro de informática que possibilitasse o cumprimento da lei, caiu em descaso após a confusão entre motoristas com carteira anterior ao código e aqueles que tiraram o documento após a entrada da nova lei. Se foi eficaz em alguns aspectos, por dar amparo legal às infrações, o código ainda não conseguiu resolver o problema da violência no trânsito. Mais de 350 mil pessoas são vítimas de acidentes de trânsito ao ano no Brasil, de acordo com dados fornecidos pelo Denatran. Apesar de ainda não ter fechado as estatísticas de 2002, é possível perceber, conforme quadro ao lado, que no ano de sua implantação houve uma queda tímida no número de vítimas. Nos anos seguintes, o que se viu foi um aumento nesse registro. Em 2001, o número de feridos ultrapassou o indicador de 1997 e contabilizou 374.557 vítimas contra 327.044 de quatro anos atrás. O número de mortes diminuiu de 24.107 em 1997 para 20.039 em 2001, mas ainda continuou na margem dos 20 mil nos
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MUDAR PARA ACABARCOM AVIOLÊNCIA CÓDIGO DE TRÂNSITO FAZ CINCO ANOS E BUSCA SOLUÇÃO PARA A MORTALIDADE NAS RUAS POR
EULENE HEMÉTRIO
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últimos quatro anos, o que corresponde a cerca de 55 mortes ao dia. Vale lembrar que esse número se refere apenas às vítimas que morreram no local do acidente. O presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), José do Espírito Santo, acredita que a mudança do Denatran para o Ministério as Cidades será uma ótima saída para a melhoria do sistema de trânsito no Brasil. Segundo ele, o Ministério das Cidades tem demonstrado que quer trabalhar para a melhoria da qualidade de vida das pessoas no ambiente urbano e rodovias, enquanto o Ministério da Justiça, a quem era subordinado, utilizava a lei como fonte de captação de recursos. “A educação para o trânsito e proteção do pedestre devem ser prioridade. É preciso garantir a acessibilidade dos cidadãos”, diz Espírito Santo. Ele considera que o código é muito bom, mas precisa ser aplicado com inteligência. “A mudança de ministérios é fundamental porque vai provocar uma revolução na aplicação do código, valorizando o respeito às pessoas. Essa é a maior e mais importante mudança desde a implantação da lei.” Espírito Santo está otimista, mas lembra, porém, que o então ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, já afirmava há dois anos que a prioridade era a formação de cidadãos. No entanto, projetos importantes como o Programa de Redução de Acidentes no Trânsito (PARE) não recebiam recursos suficientes para sua implantação efetiva. Para o presidente do IST, as multas são importantes, mas é preciso ter cuidado na sua aplicação. A conscientização das pessoas é que deve estar em primeiro plano, e não a arrecadação de dinheiro. Um exemplo de como isso vinha sendo feito é que muitas empresas foram terceirizadas para monitorar radares de controle de velocidade, surgindo várias denúncias de irregularidades na forma de executar o sistema. O novo diretor do Departamento Nacional
FISCALIZAÇÃO Chegada do Código provocou aumento no número de radares
“A MUDANÇA DE MINISTÉRIOS É FUNDAMENTAL PORQUE VAI PROVOCAR UMA REVOLUÇÃO NA APLICAÇÃO DO CÓDIGO, VALORIZANDO O RESPEITO ÀS PESSOAS”
de Trânsito (Denatran), Ailton Brasiliense Pires, afirmou, em seu discurso de posse, que é necessária uma mudança de comportamento tanto de condutores como de pedestres para que seja possível construir um trânsito cidadão. Segundo Pires, as questões de mobilidade e de acessibilidade no espaço público não vinham sendo tratadas como deveriam. Ele informou que as ações do Denatran serão inseridas num projeto político de construção da cidadania e integradas às dos demais setores do ministério, que foi criado para cuidar da habitação, saneamento, trânsito, transportes e qualificação das cidades. Pires disse, ainda, que vai trabalhar para que algumas exceções benéficas à população se tornem regra, como pontos de ônibus cobertos e com assentos. Ele afirmou que, apesar de 80% da população se concentrar em áreas urbanas, as ações não ficarão restritas a essas localidades. “Não haverá abandono em relação à questão rodoviária”, garante. O ministro das Cidades, Olívio Dutra, afirmou que ter Pires como novo diretor do Denatran representa uma vitória nos primeiros passos rumo à transformação da realidade das cidades brasileiras. ● (COM AGÊNCIA BRASIL)
VELHO CHICO PEDE SOCORRO RIO SÃO FRANCISCO, IMPORTANTE VIA DE TRANSPORTE PARA O NORDESTE, PADECE ENQUANTO ESPERA DECISÕES SOBRE SUA REVITALIZAÇÃO POR
ORION TEIXEIRA |
FOTOS
SORAYA URSINE
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cama dos peixes vai se tornar a cama dos bois.” A sombria profecia foi feita sobre o futuro do rio São Francisco, há um ano e quatro meses, pelo benzedor de 90 anos da cidade mineira de Ibiaí, na região do Alto São Francisco, Minervino Pereira da Silva, à equipe da Expedição Engenheiro Halfed, que percorreu o rio, em outubro e novembro de 2001, numa das principais ações da campanha para torná-lo patrimônio mundial. Se forem levados em conta os recursos aplicados desde o início do projeto de revitalização do rio e de toda sua bacia hidrográfica, combinados à degradação acentuada e constante, não será preciso viver tanto como Minervino para constatar a força de suas palavras e o risco de desaparecimento do São Francisco, que já foi chamado como rio da unidade e integração nacional por mais de 300 anos. De acordo com um balanço divulgado no final de janeiro pelo secretário nacional de Recursos Hídricos, João Bosto Senra, poucos dias após sua posse, foram gastos nos últimos dois anos R$ 66 milhões em favor da revitalização, com acentuada redução dos investimentos. Em 2001, após decreto assinado em julho pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, instituindo a revitalização e o Comitê da Bacia do São Francisco, foram aplicados R$ 44 milhões. Durante os 12 meses do ano seguinte, foram destinados apenas R$ 22 milhões. Para este ano, o Orçamento da União prevê somente R$ 14,5 milhões. Com passagem maior pela pasta, o ex-ministro do Meio Ambiente do governo passado, José Carlos Carvalho, atual secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, garante que, no período de 15 meses nos quais a revitalização foi iniciada, foram gastos cerca de R$ 100 milhões, incluindo aí recursos antes destinados a outro projeto, mais polêmico e mais contestado o da transposição das águas do São Francisco para a região do semi-árido nordestino. Os recursos foram gastos, segundo ele, em
“A
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TRECHO BAIANO Mercador transporta frutas (esquerda) para vender na cidade de Barra (acima)
“O SÃO FRANCISCO É NAVEGÁVEL EM 1312 KM. POR NÃO TER SAÍDA PARA O ATLÂNTICO, O RIO É PONTO DE ENCONTRO DO SISTEMA MULTIMODAL DA REGIÃO”
tratamento de esgoto, disposição adequada do lixo, conservação do solo, recuperação de matas ciliares e de áreas degradadas, produção de mudas e cercamento de nascentes, projetos de educação ambiental, entre outros. De acordo com José Carlos Carvalho, o custo total da revitalização é da ordem de R$ 1,2 bilhão para os próximos dez anos. “A partir daí, estaremos iniciando o processo de mudança para reverter o quadro de degradação de 300 anos. Não se conserta três séculos de devastação apenas em uma década”, atesta, com realismo, o ex-ministro para quem a proteção do meio ambiente ainda é um tema recente na sociedade. De importância econômica para a região, o rio é ponto de partida para o desenvolvimento desde o Império, quando estudos sobre sua utilização para navegação foram encomendados por dom Pedro 2º. Desde então, transformou-se em fundamental meio de transporte para os pequenos produtores que vivem à margem do rio e uma alternativa economicamente mais barata para o escoamento da produção agrícola e da pesca. Estudos desenvolvidos pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba) indicam que a revitalização do rio pode gerar 15 milhões de empregos até 2020, incluída a modernização do transporte fluvial. Atualmente, o São Francisco é navegável entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA), em 1.312 km. Por não ter saída para o oceano Atlântico, o rio é ponto de encontro do sistema multimodal da região. Todo o escoamento da produção agrícola do oeste da Bahia utiliza a hidrovia do São Francisco, ferrovias e rodovias até chegar ao Sudeste. Hoje, a movimentação de carga do rio é de 60 mil toneladas/ano. Se faltam recursos, no entanto, sobra a boa vontade de todos politicamente corretos em relação ao projeto de revitalização. A mudança de governo, por exemplo, não deverá comprometer a defesa da recuperação das águas da
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RIO ESTÁ PERTO DA EXAUSTÃO pesar de suas riquezas naturais e importância histórica e cultural, o rio São Francisco está muito doente, próximo quase da exaustão total. As principais causas desse estado são o desmatamento, o lançamento de esgotos domésticos e industriais, os despejos de garimpos e mineradoras, o uso intensivo de fertilizantes e defensivos agrícolas, a irrigação, o assoreamento e os efeitos das barragens das hidrelétricas. A geração de energia elétrica é uma das responsáveis pela brutal redução da vazão do rio, que, combinada com as consequências da destruição das matas ciliares, agrava o assoreamento. Na cidade mineira de Januária, por exemplo, parte do leito do rio já se tornou um areal seco de 1 km de extensão. Os bancos de areia formados fazem do transporte fluvial das embarcações uma aventura. As matas ciliares, que tinham papel retentivo do terreno arenoso marginal do rio, foram destruídas para dar lugar a moradias, áreas de plantio ou abastecer de lenha as embarcações a vapor. Dado alarmante é que a quase totalidade das cidades ribeirinhas despeja seus esgotos domésticos diretamente no São Francisco. A irrigação agrícola é outro fator de redução das águas do São Francisco. Há casos de exaustão total na Bahia e em Alagoas. Somase a isso o fato de a utilização descontrolada da irrigação agravar a poluição do rio, ao devolver para o seu leito o excesso de água misturada aos resíduos de fertilizantes e outros elementos tóxicos.
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PASSAGEIROS Barco é o meio de transporte para moradores ribeirinhos
“ISSO É O MESMO QUE TIRAR SANGUE DE UM DOENTE PARA OUTRO DOENTE. SERIA UMA INTERVENÇÃO BRUTAL MUDAR O CURSO DO RIO. ALÉM DA QUESTÃO CONJUNTURAL, HÁ OUTRA ÉTICA, QUE É O RESPEITO À NATUREZA”
bacia, ao contrário. “Esse projeto não é do governo federal, mas de toda a sociedade. Tem nossa prioridade de continuidade e de avanço. Nossa meta é que o projeto seja de toda a sociedade para que a população o incorpore como educação ambiental. O envolvimento da sociedade, através da educação ambiental, será o principal recurso de revitalização. A sociedade precisa participar e cobrar”, sustenta o secretário nacional de Recursos Hídricos, João Bosco Senra. Ainda em fevereiro deve ser eleita a nova diretoria do Comitê da Bacia do São Francisco, instrumento e fórum tidos como a principal conquista até agora no projeto de revitalização. Os membros do comitê são representantes dos segmentos do poder público constituído (municipal, estadual e federal), dos usuários e das organizações civis de recursos hídricos (ONGs), e participarão de um processo público, transparente e amplamente divulgado, organizado pelo IMAN (Instituto Manoel Novaes) através de convênio realizado com a Agência Nacional de Águas (ANA).
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“TEMOS A RARA OPORTUNIDADE DE COMEÇAR A REESCREVER A HISTÓRIA DO VELHO CHICO. A OCUPAÇÃO ECONÔMICA FOI TÃO VIOLENTA AO MEIO AMBIENTE QUE O RIO COMEÇOU A DESAPARECER”
A FOZ Barqueiro em Piaçabuçu, em Pernambuco
“A instalação do comitê foi até agora o principal avanço porque envolve toda a sociedade. O comitê é representativo da sociedade e não só do poder público. Não é só o Estado que gerencia. Ele é o fórum onde todos os atores estão representados e tem como função fomentar um estudo de uso e ocupação do solo e das águas da bacia”, anima-se o coordenador do Departamento de Saneamento Básico e Ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Geraldo Tadeu Rezende Silveira, para quem o futuro do rio está nas mãos desse fórum. “Temos hoje a oportunidade rara de começar a reescrever a história do velho Chico. A ocupa-ção econômica foi tão violenta ao meio ambiente que o rio começou a desaparecer. Há um um passivo ambiental por conta da degradação.”
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Membro do comitê, o prefeito de São Roque de Minas, onde está localizada a nascente do rio, Cairo Manoel de Oliveira, está bastante otimista. “O comitê era o que faltava. Ele será a redenção do São Francisco. Terá a participação da sociedade para conhecer experiências em bacias hidrográficas e definir a questão do manejo das águas do rio”, diz o prefeito. Recém-empossado no cargo de secretário de Meio Ambiente da Bahia, Jorge Khoury também coloca toda sua expectativa no comitê quanto ao futuro do Rio. Um dos grandes desafios apontados por membros do comitê é a administração dos conflitos entre os diversos usuários do rio. De acordo com o prefeito de Juazeiro (BA), Joseph Wallace Bandeira, o mais grave conflito está entre os usuários do Sub-médio e Baixo São Francisco, divididos entre hidrelétricas e irrigantes. “Uns querem reter a água enquanto que os outros precisam dela liberada para a agricultura”, explica. Lançada há um ano e meio, a campanha de revitalização se transformou num escudo de defesa contra o polêmico projeto da transposição das águas do velho Chico, que acabou por expor a fragilidade do rio. De acordo com o ambientalista e professor Geraldo Tadeu, a partir da discussão da transposição das águas houve uma mobilização da sociedade para conhecer melhor o projeto. “Como retirar água de um rio que está doente? A transposição teve o grande mérito de colocar a questão da revitalização na ordem do dia”, avalia. “Esta é uma mega-obra. Não sou a favor nem contra, mas, por sua dimensão, precisa ser melhor discutida exaustivamente pela sociedade, através do comitê de Bacia. O semi-árido, por exemplo, tem alto índice de ensolação, evaporando 90% das águas que caem com as chuvas, e o solo, por ser cristalino, não absorve essa água.” Além do alto custo ambiental, Geraldo Tadeu aponta o financeiro. Segundo ele, a transposição teria que ser feita através de um bombeamento por alguns desníveis de até 300
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SÃO FRANCISCO COMPORTA CULTURA DO SERTANEJO a Serra da Canastra, em São Roque de Minas, onde nasce, até sua foz, em Piaçabuçu, em Alagoas, 2.700 km depois, o rio São Francisco fincou sua importância histórica durante mais de 500 anos, especialmente no período colonial e imperial da vida brasileira. Mais do que isso, o rio tem raízes pré-históricas: em quase todos os municípios do Vale, serras ou rochedos foram registrados abrigos com pinturas e gravuras rupestres de uma riqueza incalculável, de acordo com relatório da Expedição Halfed. De 4 de outubro de 1501, quando foi descoberto por Américo Vespúcio, até hoje, o rio foi a principal via de colonização do interior do país, como meio de povoamento, integração, comércio e desenvolvimento. Ao longo de seu curso, o rio banha 504 municípios de cinco Estados Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas -, que, juntos com Goiás e Distrito Federal, formam a Bacia Hidrográfica do São Francisco com uma área de drenagem de 639.219 km2 (7,5% do país). “A importância do rio é enorme por ter integrado o Nordeste com o Sudeste. É uma região de colonização antiga, de cultura genuinamente brasileira que se formou longe da influência européia e da corte”, observa o ex-ministro do Meio Ambiente José Carlos Carvalho, referindo-se ao tipo original do sertanejo brasileiro. Razão pela qual o escritor Euclides da Cunha, em seu “Os Sertões”, registrou que “bateram-lhe
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por igual as margens o bandeirante, o jesuíta e vaqueiro”. A origem de muitas cidades esteve quase sempre ligada ao ciclo da pecuária, da exploração mineral e da circulação mercantil. Núcleos urbanos foram formados da expansão das fazendas de gado e da abertura de caminhos de tráfego comercial, que margeavam ou cortavam o rio. Outras tinham exclusivamente inspiração religiosa e jesuítica. Foi chamado de rio da unidade nacional por unir as duas áreas de maior densidade demográfica do Brasil, o Sudeste e a zona da Mata nordestina. O trecho que vai de Pirapora (MG) a Juazeiro (BA) é navegável. Tem um declive muito suave, pois ao longo dos 1.300 km que separam as duas cidades, o rio desce apenas 117 metros para chegar a 371 metros de altitude. Apesar do assoreamento e da degradação ambiental, ainda é possível navegar em alguns trechos. Também é grande o potencial hidráulico do rio São Francisco. A energia produzida nas usinas de Paulo Afonso, Moxotó, Itaparica, Sobradinho e Xingo é distribuída para a maior parte do Nordeste brasileiro. Ao resgatar o seu papel como elemento unificador de distintos processos históricos, universos culturais e regiões naturais, analisa o historiador Márcio dos Santos, as campanhas da revitalização e de declaração de patrimônio mundial reafirmam a unidade e a indivisibilidade do rio.
metros acima, a um custo de R$ 50 milhões/ano apenas com a energia elétrica. “Isso representaria metade da despesa de R$ 100 milhões/ano em um projeto orçado de R$ 4 bilhões. É um projeto que deve ser visto como mais um programa para a região e não o único”, diz o ambientalista. “Nós aceitamos discutir a transposição, desde que ela seja ligada a um projeto amplo de desenvolvimento sustentável.”, reforça José Carlos Carvalho. O projeto de transposição implicaria levar as águas do rio para outras bacias hidrográficas do Nordeste, as quais se beneficiariam com a pere-nidade do São Francisco. As bacias do Nor-deste são constituídas por rios intermitentes: no período de chuvas, esses rios são caudalosos, mas no período de seca extinguem-
A TRANSPOSIÇÃO TERIA QUE SER FEITA ATRAVÉS DE UM BOMBEAMENTO POR DESNÍVEIS DE 300 METROS, A UM CUSTO DE R$ 50 MILHÕES/ANO APENAS COM A ENERGIA ELÉTRICA se quase por completo, à exceção do São Francisco. Acredita-se que a água transposta poderia ter os mesmos usos múltiplos, tais como consumo humano e animal, irrigação, geração de energia, entre outros. A questão levantada pelos ambientalistas é se o velho Chico teria tanta água assim para atender os 504 municípios de sua bacia além dos outros quase 300, que seriam os beneficiários da transposição. Para o historiador Márcio dos Santos, que participou da Expedição Halfed, tal idéia seria um descalabro. “Isso é o mesmo que tirar sangue de um doente para outro doente. Seria uma intervenção brutal mudar o curso do rio. Além da questão conjuntural, há outra ética, que é o respeito à natureza, não podemos mo dificar o que recebemos”, afirma Santos. ●
52 CNT REVISTA FEVEREIRO 2003
PAINEL DISCIPLINAMENTO O governo federal promete encaminhar ao Congresso, em fevereiro, projeto de lei disciplinando o transporte rodoviário de cargas. Dentre outras coisas, o documento estabelece que o transporte rodoviário remunerado, exercido por empresas ou autônomos, depende de inscrição prévia no Registro Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (RNTR-C) do Ministério dos Transportes, englobando tanto a Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas (ETC) como o Transportador Autônomo de Cargas (TAC). Fica também estabelecido que as relações entre carreteiros e seus contratantes deverão ser sempre de natureza comercial e não darão origem a vínculos trabalhistas. O transportador continua sendo responsável por prejuízos resultantes de danos ou avarias à carga. Tem, no entanto, direito a ação regressiva contra terceiros que tenha contratado ou subcontratado. O seguro contra perdas e danos causados à carga poderá ser feito pelo embarcador, se isso for previsto em contrato, eximindo o transportador dessa obrigação, ou pelo transportador, quando não for efetuado pelo dono da carga. As infrações à lei serão tipificadas pelo regulamento e serão punidas por multas entre R$ 550 e R$ 10.500 ou até com o cancelamento da inscrição.
TAXA PARA CAMINHÕES
RESTRIÇÃO Caminhões terão que pagar para circular na região central de São Paulo
A partir de fevereiro, a Prefeitura de São Paulo passa a arrecadar nova taxa dos donos de caminhões. Chamada de Exceções às Restrições ao Trânsito de Caminhões no Município de São Paulo, a portaria do Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV) vai permitir a circulação de caminhões em áreas
com restrição, como Pinheiros, Jardins e centro, desde que o motorista pague por um cartão que libere o seu acesso. O uso do cartão inclui ruas com cancelas, calçadões, viadutos, túneis e pontes. Na primeira compra do cartão, o motorista paga R$ 23,26, enquanto os adicionais custam R$ 1,02, com validade máxima de até dois anos.
JANEIRO 2003 CNT REVISTA 53
MULTAS
VIA EXPRESSA O caminho entre o bairro Águas Claras e o Plano Piloto, em Brasília, deve ficar mais curto em breve. O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) está elaborando um projeto de construção de uma via expressa que fará a ligação entre o Águas Claras e a
estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA). A obra pretende desafogar o trânsito na estrada Parque Taguatinga e na estrada Parque Núcleo Bandeirante, saindo do balão de acesso a Águas Claras, na estrada Parque Vicente Pires, passando pelo Guará até chegar na EPIA.
ESCOLINHA DE TRÂNSITO O Distrito Federal deve ganhar em maio deste ano uma escola de educação para o trânsito voltada às crianças do ensino fundamental, com 720 metros quadrados de área construída, ao custo de R$ 380 mil. Na Escola Vivencial de Trânsito, alunos das redes pública e privada do DF terão aulas sobre prevenção de acidentes e
respeito às leis de trânsito. A idéia é ensinar lições de comportamento aos futuros motoristas. Em seu primeiro ano de existência, a Transitolândia deve atender em média 320 alunos. A expectativa é que em 2004 cerca de 15 mil crianças possam participar das aulas práticas e teóricas da escola.
INTEGRAÇÃO Denatran quer agilizar cobrança de multas em todo o país
O novo diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ailton Brasiliense Pires, anunciou que vai priorizar a criação de um sistema de comunicação ágil em todo o país, no qual os motoristas infratores com placas de outros Estados estarão sujeitos a multas da mesma forma que os emplacados no mesmo Estado onde a infração foi cometida. Além de tentar ganhar agilidade, Pires pretende incentivar a criação de regras acessórias ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para itens que até hoje aguardam normatização. Com o intuito de abolir as contradições entre o CTB e as resoluções, o diretor contará com o apoio de seis Câmaras Temáticas, divididas por assunto, que serão formadas por integrantes de vários organismos de trânsito e por representantes da sociedade civil.
INTERNACIONAL As empresas com operações no transporte internacional rodoviário de cargas entre os países da América do Sul terão que atualizar seus dados cadastrais a cada três anos, conforme Resolução 155, da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), publicada no DOU de 27 de janeiro. O prazo para recadastramento na ANTT é 30 de abril e as licenças originárias emitidas com data anterior a 14 de fevereiro de 2002 terão validade até a data de 31 de julho de 2003.
ÍNDICE DE DESEMPENHO ECONÔMICO DO TRANSPORTE (IDET/FIPE/CNT) TABELA 1 • MODAL RODOVIÁRIO • CARGAS • DEZEMBRO 2002 •
NORDESTE
CENTRO-OESTE
ORIGEM
DESTINO UF
DF
GO
MS
MT
AL
BA
CE
MA
PB
PE
PI
DF
64,449
84,970
14
26,366
–
–
–
–
–
–
–
GO
26,482
17,150
701
714
23
1,310
4,567
64
1,604
14,612
22
MS
–
156
60,669
1,207
1
1
1
1
–
–
–
MT
–
75
621
5,725
–
–
–
–
–
–
–
AL
–
1
–
–
–
1,558
12
1
384
215
–
BA
–
15
1
3
143
1,731,231
160
36
332
1,155
56
CE
2
167
4
4
63
506
96
117
83
330
176
MA
–
3
–
–
–
2
2
13
–
1
1
PB
–
5
1
2
49
242
207
95
11,223
19,499
383
PE
1,521
79
11
7
325
1,025
337
101
27,349
199,907
133
PI
–
1
–
–
1
11
10
29
8
3
12
RN
–
84
1
–
–
38
137
15
63
57,259
45
SE
4
–
–
–
3
186
61
62
–
109
79
3,704
594
45
884
4
195
454
3,071
47
3,051
108
ES
–
19
6
8
13
71
89
60
33
59
19
MG
69,264
47,849
872
13,266
20
115,681
15,051
3,422
5,527
31,503
5,261
RJ
7,301
10,563
17,558
14,178
9,007
6,386
1,091
476
742
2,151
364
SP
172,681
113,746
116,690
124,967
521
52,274
14,239
1,461
4,733
42,065
1,347
PR
998
1,409
2,035
8,914
6,036
1,299
567
246
162
466
188
RS
728
1,284
1,194
55,281
205
20,535
800
243
345
787
226
SC
570
605
603
11,648
242
845
337
226
156
547
150
347,704
278,775
201,026
263,174
123
1,933,396
38,218
9,739
52,791
373,719
8,570
NORTE
SUL
SUDESTE
NORDESTE
CENTRO-OESTE
TOTAL
FIPE-FUNDAÇÃO
16,779
Observação: Posição de novembro de 2002 Diretoria Executiva - DIEX/CNT Coordenação de Economia, Estatística e Pesquisa - CEEP/DIEX.
EM TONELADAS SUDESTE
SUL
RN
SE
NORTE
ES
MG
RJ
SP
PR
RS
SC
TOTAL
–
–
57,419
–
–
84
169
–
–
233,471
–
2,319
16
3,321
1,441
556,520
24,326
46,766
167
94
28
702,247
–
–
128
1
5
334
5,222
47
–
1
67,774
–
–
53,855
2
15
58,244
57,953
3,055
25,161
2,765
207,471
1
–
4
3
47
24
6,183
1
1
1
8,436
62
222
44
43
1,575
14,372
755,420
829
65
8,804
2,514,568
165
54
8,188
47
183
554
2,278
140
148
48
13,353
–
–
1
20
2
42
19
1
–
4
111
88
19
127
7
335
257
532
14
86
8
33,179
935
281
3,205
34
1,680
311
2,106
42
120
40
239,549
1
2
–
12
24
37
52
1
21
2
227
26
33
12
52
299
332
1,099
4
13
17
59,529
19
43
7
2
75
109
1,369
1
5
16
2,150
60
14
26
47
6,180
3,815
312,011
155
211
30
334,706
19
12
45,406
54
163
8,064
82,742
19
11
14
136,881
4,392
5,454
61
10,156
450,109
104,879
740,783
396
26,242
28
1,650,216
398
289
8,751
21,451
310,905
178,323
1,084,336
246,116
75,464
312,406
2,308,256
3,359
1,243
35,361
44,647
746,700
1,338,628
15,684,608
830,519
1,549,896
214,976
21,094,661
183
134
394,123
96
2,705
62,813
244,826
115,841
60,792
19,221
923,054
294
177
403
88
6,274
70,332
751,413
32,364
935,163
164,190
2,042,326
140
89
672
193
164,338
55,595
229,465
177,883
243,661
21,824
909,789
12,461
8,082
950
78,396
2,248,134
1,921,475
20,009,352
1,407,595
2,917,154
744,423
100
612,064
ÍNDICE DE DESEMPENHO ECONÔMICO DO TRANSPORTE (IDET/FIPE/CNT) TABELA 2 MODAL FERROVIÁRIO • CARGAS • OUTUBRO 2002 NORDESTE
CENTRO-OESTE
UF
DF
GO
MS
MT
AL
BA
CE
MA
PB
PE
PI
DF
–
5
–
–
–
–
–
–
–
–
–
GO
25
113
–
–
–
–
–
–
–
–
–
MS
–
–
142
–
–
–
–
–
–
–
–
MT
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
AL
–
–
–
–
2
–
1
–
–
–
–
BA
–
–
–
–
–
118
–
–
–
3
–
CE
–
–
–
–
–
–
44
–
–
1
3
MA
–
–
–
–
–
–
–
35
–
–
–
PB
–
–
–
–
–
–
1
–
10
2
–
PE
–
–
–
–
–
1
–
–
–
26
–
PI
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
4
RN
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
SE
–
–
–
–
–
4
–
–
–
–
–
PA
–
–
–
–
–
–
–
5,099
–
–
–
ES
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
MG
–
57
–
–
–
7
–
–
–
–
–
RJ
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
SP
–
–
23
–
–
–
–
–
–
–
–
PR
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
RS
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
SC
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
25
176
166
0
2
131
47
5,134
10
31
6
SUL
SUDESTE
NORTE
NORDESTE
CENTRO-OESTE
ORIGEM
DESTINO
TOTAL
Observação: Posição de novembro de 2002 Diretoria Executiva - DIEX/CNT Coordenação de Economia, Estatística e Pesquisa - CEEP/DIEX.
EM TU 103 NORTE
SUDESTE
SUL
RN
SE
PA
ES
MG
RJ
SP
PR
RS
SC
TOTAL
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
5
–
–
–
–
22
–
–
–
–
–
161
43
–
–
–
185
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
292
–
–
–
292
–
1
–
–
–
–
–
–
–
–
4
–
4
–
–
–
–
–
–
–
–
3128
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
47
–
–
–
–
–
316
–
–
–
–
351
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
13
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
27
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
5
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
10
–
–
–
–
–
–
–
–
15
–
–
–
–
–
1,019
–
–
–
–
6,118
–
–
–
533
773
6
–
–
–
–
1,312
–
–
–
7,524
4,910
742
–
–
–
–
13,240
–
–
–
–
44
3,102
12
–
–
–
3,159
–
–
–
–
–
1
2,350
15
–
–
2,390
–
–
–
–
–
–
9
1,199
–
31
1,238
–
–
–
–
–
–
–
–
740
1
741
–
–
–
–
–
–
–
7
2
323
332
2
15
1,335
8,057
5,752
3,852
2,705
1,221
742
355
29,764
ÍNDICE DE DESEMPENHO ECONÔMICO DO TRANSPORTE (IDET/FIPE/CNT) TABELA 3 • MODAL RODOVIÁRIO • PASSAGEIROS • DEZEMBRO 2002 NORDESTE
CENTRO-OESTE
UF
DF
GO
MS
MT
AL
BA
CE
MA
PB
PE
PI
DF
–
–
2,068
10,807
1,101
5,641
1,864
5,143
1,011
3,742
5,177
GO
–
151
6,858
15,800
361
4,993
394
5,609
–
1,418
166
MS
2,068
6,858
–
23,989
–
–
–
–
–
–
–
MT
10,807
15,800
23,989
–
–
–
–
–
–
–
–
AL
1,101
361
–
–
–
19,318
2,012
–
2,783
53,014
310
BA
5,641
4,993
–
–
19,318
–
7,030
–
4,135
245,274
2,502
CE
1,864
394
–
–
2,012
7,030
–
9,364
11,657
25,034
21,231
MA
5,143
5,609
–
–
–
–
9,364
–
373
4,963
12,108
PB
1,011
–
–
–
2,783
4,135
11,657
373
–
159,091
235
PE
3,742
1,418
–
–
53,014
245,274
25,034
4,963
159,091
–
5,999
PI
5,177
166
–
–
310
2,502
21,231
12,108
235
5,999
–
RN
934
219
–
–
8,518
2,256
41,268
374
45,407
50,346
128
SE
1,085
260
–
–
16,451
62,432
–
–
3,731
15,619
–
NORTE
3,719
3,090
520
3,319
1,346
1,726
12,938
7,313
498
2,378
7,811
ES
4,957
–
–
32
436
24,512
991
–
–
–
89
MG
61,404
53,092
9,044
5,201
1,764
16,695
4,383
682
–
1,738
–
RJ
38,668
7,663
8,402
589
4,275
17,671
11,370
6,061
23,722
13,669
3,974
SP
56,607
63,039
54,427
32,181
14,911
77,052
36,210
7,581
20,063
41,212
14,221
PR
6,712
5,267
19,174
11,322
331
1,827
248
–
–
–
–
RS
5,617
768
282
324
–
–
234
–
–
–
–
SC
2,967
730
1,076
–
–
–
122
–
–
–
–
219,224
169,878
125,840
103,564
126,931
493,064
186,350
59,571
272,706
623,497
73,951
SUL
SUDESTE
NORDESTE
CENTRO-OESTE
ORIGEM
DESTINO
TOTAL
Observação: Posição de novembro de 2002 Diretoria Executiva - DIEX/CNT Coordenação de Economia, Estatística e Pesquisa - CEEP/DIEX.
EM TONELADAS SUDESTE
SUL
RN
SE
NORTE
ES
MG
RJ
SP
PR
RS
SC
TOTAL
934
1,085
3,719
4,957
61,404
38,668
56,607
6,712
5,617
2,967
219,224
219
260
3,090
–
53,092
7,663
63,039
5,267
768
730
169,878
–
–
520
–
9,044
8,402
54,427
19,174
282
1,076
125,840
–
–
3,319
32
5,201
589
32,181
11,322
324
–
103,564
8,518
16,451
1,346
436
1,764
4,275
14,911
331
–
–
126,931
2,256
62,432
1,726
24,512
16,695
17,671
77,052
1,827
–
–
493,064
41,268
–
12,938
991
4,383
11,370
36,210
248
234
122
186,350
374
–
7,313
–
682
6,061
7,581
–
–
–
59,571
45,407
3,731
498
–
–
23,722
20,063
–
–
–
272,706
50,346
15,619
2,378
–
1,738
13,669
41,212
–
–
–
623,497
128
–
7,811
89
–
3,974
14,221
–
–
–
73,951
–
4,012
1,667
–
4,639
11,399
16,911
–
–
–
188,078
4,012
–
135
738
1,126
5,485
9,701
233
–
–
121,008
1,667
135
–
215
1,553
4,463
7,974
484
34
–
61,183
–
738
215
–
73,924
78,044
14,824
–
–
–
198,762
4,639
1,126
1,553
73,924
–
343,415
353,005
18,356
35
320
950,376
11,399
5,485
4,463
78,044
343,415
–
464,754
41,560
11,664
10,940
1,107,788
16,911
9,701
7,974
14,824
353,005
464,754
53,627
423,193
34,366
37,592
1,833,451
–
233
484
–
18,356
41,560
423,193
–
42,829
141,944
713,480
–
–
34
–
35
11,664
34,366
42,829
–
92,091
188,244
–
–
–
–
320
10,940
37,592
141,944
92,091
–
287,782
188,078
121,008
61,183
198,762
950,376
1,107,788
1,833,451
713,480
188,244
287,782
8,104,728
60 CNT REVISTA FEVEREIRO 2003
IDET/FIPE/CNT TABELA 4 • TRANSPORTE COLETIVO URBANO BASE GEOGRÁFICA PASSAGEIROS
PASSAGEIRO
QUILOMETRAGEM RODADA
IPK MÉDIO
MÉDIO EMPREGADOS
REGIÃO NORTE
28,676,711
6407,211
1.745
8,781
REGIÃO CENTRO-OESTE
27,598,181
15,468,056
1.596
8,449
BAHIA - TOTAL ESTADO
39,866,708
19,196,911
2.077
11,706
BAHIA - REGIÃO METROPOLITANA
32,406,248
16,460,457
1.969
9,361
CEARÁ - TOTAL ESTADO
26,112,723
12,978,037
1.896
10,354
CEARÁ - REGIÃO METROPOLITANA
22,866,551
11,719,041
1.896
10,354
PERNAMBUCO - TOTAL ESTADO
30,506,516
13,863,044
2.014
9,502
PERNAMBUCO - REGIÃO METROPOLITANA
22,513,481
12,078,868
1.864
7,522
REGIÃO NORDESTE - DEMAIS ESTADOS
27,610,021
8,900,325
1.833
7,742
ESPÍRITO SANTO
19,599,541
11,974,872
1.784
9,166
115,010,506
47,043,5902
2.066
41,722
58,548,836
26,340,926
1.979
21,223
RIO DE JANEIRO - TOTAL ESTADO
196,877,535
119,701,656
1.657
96,767
RIO DE JANEIRO - REGIÃO METROPOLITANA
165,280,268
107,529,620
1.644
72,258
SÃO PAULO - TOTAL ESTADO
201,448,840
120,611,315
1.593
99,399
SÃO PAULO - REGIÃO METROPOLITANA
33,174,108
86,479,301
1.551
69,399
PARANÁ - TOTAL ESTADO
46,480,822
24,417,664
1.869
19,872
PARANÁ - REGIÃO METROPOLITANA
31,560,755
16,633,037
1.918
19,872
RIO GRANDE DO SUL - TOTAL ESTADO
70,668,810
29,692,507
2.587
26,418
RIO GRANDE DO SUL - REGIÃO METROPOLITANA
46,647,465
17,216,976
2.530
18,193
SANTA CATARINA
25,749,646
17,591,029
2.700
9,544
MINAS GERAIS - TOTAL ESTADO MINAS GERAIS - REGIÃO METROPOLITANA
FEVEREIRO 2003 CNT REVISTA 61
TABELA 5 • CARGA TRANSPORTADA POR SEGMENTO • EM TONELADAS REGIÃO
AEROVIÁRIO
NORTE
5,167
1,598,169
NORDESTE
4,017
10,076,072
CENTRO-OESTE
2,944
141,200
34,608
22,356,391
2,580
3,906,978
49,316
38,078,810
SUDESTE SUL TOTAL
AQUAVIÁRIO
TABELA 6 • PASSAGEIROS TRANSPORTADOS POR SEGMENTO REGIÃO
RODOVIÁRIO (1)
AEROVIÁRIO (2)
FERROVIÁRIO (3)
NORTE
490,426
124,200
15,805
4,207,539
333,683
5,132,994
NORDESTE CENTRO-OESTE
2,159,868
230,143
–
SUDESTE
30,455,689
1,232,927
122,176,787
SUL
17,292,450
310,134
3,773,329
TOTAL
54,605,971
2,231,087
131,098,916
(1) Resultados de dezembro de 2002 (2) Resultados de novembro de 2002. (3) Resultados de outubro de 2002.
O IDET é resultado da parceria entre a CNT e a FIPE/ USP. A pesquisa, que acompanha a movimentação de cargas e de passageiros, foi iniciada em fevereiro de 1996. A Tabela 1 apresenta a matriz de origem-destino para o segmento rodoviário de carga, mostrando o fluxo de mercadorias entre os diversos Estados e Regiões. Na Tabela 2 aparece a matriz de origem-destino, para o mês de outubro 2002, do transporte ferroviário de cargas. Elaborada no formato de matriz de origem-destino, a Tabela 3 apresenta o comportamento do segmento rodoviário de transporte de passageiros. A metodologia de cálculo considera todos os trechos das linhas descritas pelas empresas. Nos casos em que há trechos que recaem no próprio Estado, haverá dados de passageiros interestaduais para o próprio Estado. A Tabela 4 apresenta o desempenho do transporte coletivo urbano. Visando dar a maior abrangência a este indicador, sempre que possível, os dados são abertos por Estado e por Região Metropolitana. Aqui foi introduzido um novo indicador de desempenho para acompanhamento do setor: o IPK (ver box). A apresentação é complementada com a Tabela 5, onde estão representados os segmentos de transporte aéreo e aqüaviário. A Tabela 6 apresenta os números do transporte de passageiros nos segmentos rodoviário intermunicipal, aeroviário e ferroviário. Na Região CentroOeste, os passageiros do transporte do DF e entorno foram considerados como urbanos. A Tabela 7 apresenta a evolução do número de postos de trabalho nos diversos segmentos do transporte no Brasil. Os dados são disponibilizados na forma de números índices, com base 100 em fevereiro de 1996.
TABELA 7 • TRABALHADORES EMPREGADOS POR SEGMENTO NÚMERO ÍNDICE (BASE EM FEVEREIRO DE 1996 = 100)
RODOVIÁRIO (1)
FERROVIÁRIO (2)
REGIÃO
CARGA
NORTE
107.02
92.78
–
–
–
89.45
98.82
102.56
–
–
CENTRO-OESTE
–
96.51
104.19
–
–
SUDESTE
–
96.40
83.83
–
–
–
95.74
77.85
–
–
81.82
96.35
85.10
31.00
83.00
NORDESTE
SUL TOTAL
INTERMUNICIPAL INTERESTADUAL
CARGA
PASSAGEIROS
O IPK é o índice de passageiro por quilômetro. É calculado dividindo-se o total de passageiros transportados pelo total de quilômetros úteis rodados (quilometragem percorrida entre o ponto inicial e o ponto final somente) do mesmo período. Pode ser calculado para uma linha, para uma empresa ou para uma cidade, quando se fala em IPK médio. O IDET- Fipe/CNT apresenta séries de IPK médio calculadas para Regiões da Federação, Estados e Regiões Metropolitanas. O IPK é um indicador de produtividade e qualidade do transporte urbano, não podendo se situar em patamares muito baixos, por significar baixa eficiência econômica do sistema e nem muito altos, por significar baixa qualidade do serviço prestado ao usuário.
As informações aqui divulgadas, além das séries completas e outras tabelas adicionais, estão disponíveis para consulta na home-page da CNT. (1) Resultados para Dezembro de 2002. (2) Resultados para Outubro de 2002.os não apurados até o fechamento do índice.
IPK = passageiros t / quilometragem útil rodada t
62 CNT REVISTA FEVEREIRO 2003
NEGÓCIOS INDÚSTRIA ATIVADA O governo de São Paulo deve mudar o traçado dos trechos Norte, Leste e Sul do Rodoanel Mário Covas. O objetivo é permitir a ligação de áreas de intensa atividade industrial na capital paulista, como o ABC paulista, Guarulhos, Osasco e o Porto de Santos. Em fevereiro, a Dersa (estatal de obras rodoviárias) realizará várias audiências públicas para discutir com a sociedade os impactos ambientais dos traçados.
FOME ZERO Engajando-se no esforço para combater a fome no Brasil, a Ford Caminhões abraçou o projeto Fome Zero do governo federal e anunciou que vai doar 200 kg de alimentos para o programa a cada caminhão vendido pela empresa. A campanha “Ford Zero, Fome Zero” espera arrecadar cerca de 200 mil quilos de alimentos com a venda de 1.000 unidades no mês. A doação será feita aos comitês indicados pelo governo para a distribuição às comunidades carentes. A Ford Caminhões é a primeira montadora no Brasil a criar uma gerência de Respon- sabilidade Social para coordenar suas ações de cidadania corporativa. Em dezembro, doou alimentos para a campanha Natal Sem Fome.
LIGAÇÃO Rodoanel muda para melhorar indústria em São Paulo
CAMINHÕES LEVE A subsidiária brasileira da Volvo deve investir cerca de US$ 100 milhões na modernização de modelos e ampliação da produção no país. Além desse investimento, a companhia estuda a viabilidade de a marca ingressar no segmento de caminhões leves e médios, dominado hoje no Brasil pela Mercedes-Benz. O faturamento
da Volvo com a produção de caminhões e ônibus no Brasil foi de R$ 1,24 bilhão no ano passado. Com a produção de 5.000 unidades, os caminhões representaram 70% desse total. Os investimentos no setor devem proporcionar a abertura de novos postos de trabalho em Curitiba, onde já trabalham 1.640 pessoas.
CÓDIGO ADUANEIRO Foi publicado no Diário Oficial da União o decreto 4.543, que autoriza novas regras para o setor aduaneiro. A maioria das normas que regulam as aduanas brasileiras está reunida no novo Código Aduaneiro, que define a fiscalização, o gerenciamento e a tributação das operações de comércio exterior. O antigo código estava em vigor desde 1985.
ESPECULAÇÕES O grupo industrial da Fiat na Itália estuda a possibilidade de vender a filial do Brasil à General Motors. Segundo a notícia publicada pelo jornal italiano “Milano Finanza”, a GM poderia aumentar sua participação atual na Fiat Auto (subsidiária de automóveis da Fiat) de 20% para 40%, ficando com a filial brasileira. Em troca, faria uma injeção de capital de 2,3 bilhões a 2,5 bilhões de euros na montadora italiana, que acumulou déficit de 2,3 bi de euros em 2001. Em 2002, o grupo da Fiat iniciou um plano de reestruturação para driblar as quedas nas vendas que inclui o corte de 15 mil funcionários no mundo e venda de ativos. A subsidiária brasileira da Fiat pode ser uma operação bastante atraente para a GM, a maior montadora do mundo. A união das duas empresas representaria 50% do mercado brasileiro.
TAM e Varig assinaram, no dia 6 de fevereiro, protrocolo de entendimento para a criação de uma novo empresa que reunirá as frotas das duas companhias, hoje de 218 aeronaves. A decisão foi tomada como parte do plano de superar a crise mundial que o setor enfrenta desde os ataques terroristas nos Estados Unidos. A união deverá ser concretizada até 30 de junho, quando serão definidos a participação de cada empresa e nome da companhia. Em nota oficial, as empresas afirmam seu “mútuo interesse em buscar solução conjunta que dê início à reestruturação do setor de aviação civil brasileira (...) A nova empresa vai buscar sempre preservar os interesses dos usuários, prestando um serviço de padrão internacional, e atrair investidores para ingresso de recursos novos, e procurar solução socialmente responsável para os empregados”. A Varig não tem conseguido pagar funcionários, credores e fornecedores, e teve um Boeing arrestado na
A
França por falta de pagamento do leasing. Acumulou prejuízo líquido de R$ 1,041 bi no primeiro semestre de 2002. A TAM apontava déficit de R$ 619 milhões até setembro do ano passado. As duas empresas falam que o negócio não vai implicar “demissões imediatas”, mas a expectativa é de corte de funcionários. Ainda não está definido se haverá a criação de uma nova empresa. Segundo o presidente da TAM, existe a possibilidade de fusão ou de criação de uma holding controladora. Certo é que a gestão será compartilhada entre os sócios e que a nova empresa terá capital aberto. Após a confirmação oficial da união, o negócio deverá passar pela aprovação do Cade. Segundo Daniel Mondello Martin, da TAM, e Manuel Guedes, da Varig, as duas empresas continuarão a operar de forma independente até a conclusão do acordo. Nesse período, os vôos não sofrerão alteração e todas as operações mantidas por elas estarão funcionando normalmente.
64 CNT REVISTA FEVEREIRO 2003
REDE TRANSPORTE DESTAQUES • FEVEREIRO 2003
IDAQ
SEST/SENAT NOVO CURSO DISTÚRBIOS DO SONO: DIAGNÓSTICO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO Dias 3, 6, 26 • 9h 05 e 13h45 Dia 17 • 12h15 e 14h50
O transporte é um dos setores em que as conseqüências dos distúrbios do sono influem de maneira mais direta. Muitos casos de acidentes , com causas misteriosas, são atribuídos a motoristas que cochilaram ao volante. O objetivo do novo curso do SEST/ SENAT é mobilizar as equipes de saúde em defesa da higiene do sono, da qualidade de vida e da queda dos índices de acidentes nas estradas, através da qualificação para a realização do adiagnóstico, da prevenção e da cura dos distúrbios do sono, com ênfase na SAHOS a Síndrome da Apnéia Hipopnéia Obstrutiva do Sono. O médico responsá-vel pelo conteúdo do curso, José Antonio Pinto, é especialista em otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço.
CNT DEBATE Programas ao vivo em que você pode enviar suas perguntas e participar, em tempo real, pelo telefone: 0800 - 782891, pelo fax: 061 - 3217951 ou pelo e-mail: redetrans@cnt.org.br AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE APNÉIA-HIPOPNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO Dia 13 • 14h50
TRATAMENTO DA SÍNDROME DE APNÉIA-HIPOPNÉIA OSBTRUTIVA DO SONO
car a morte pelo infarto agudo do miocárdio, ou pelo acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico. O transporte é um dos setores onde as consequências dos distúrbios do sono influem de maneira mais direta. Para falar sobre o tema, a Rede Transporte exibe nos dias 13 e 27 de fevereiro, duas edições do CNT DEBATE ao vivo com o Dr. José Antonio pinto. Aproveite para tirar suas dúvidas !
FRATURAS DA COLUNA E OUTRAS FRATURAS Dia 18 • 14h 50
Dia 27 • 14h50
Os sintomas e sinais da SAHOS, a Síndrome da Apnéia-Hipopnéia Obstrutiva do sono, podem ser noturnos, como o ronco alto, parada respiratória, engasgo e/ou agitação durante o sono, refluxo gastro esofágico, sudorese excessiva e insônia. E diurnos, como sonolência excessiva durante o dia, es-quecimento, perda da memória e atenção, diminuição na concentração, alterações da personalidade como irritabilidade, agressividade, ou depressão, diminuição da libido e impotência no homem, dores de cabeça, secura na boca ao despertar, perda auditiva, e hiperatividade em crianças. Essa doença pode provo-
Saber como socorrer vítimas de fraturas e lesões na coluna vertebral pode, às vezes, determinar as consequências e as condições de recuperação para vítimas de acidentes. Para quem está na estrada o tempo todo é ainda mais importante. Nesta edição do CNT Debate a Rede Transporte recebe um profissional qualificado para falar do tema afim de que possamos conhecer mais sobre os cuidados necessários para evitar fraturas e como agir em casos de emergência. Este programa faz parte de uma parceria entre o SEST e o Ministério da Saúde, para estimular um comportamento preventivo de situações de risco para a saúde do profissional do transporte.
ASSISTA TAMBÉM O CAMINHO PARA A EXCELÊNCIA NA QUALIDADE Dia 14 • 1Oh e 16h30
Este curso oferece orientações sobre como traçar estratégias de Qualidade, resolvendo problemas e prevenindo falhas.
O PROCESSO DE MELHORIA DA QUALIDADE Dia 28 • 10h e 16h30
O curso mostra o processo de Melhoria da qualidade implantado na Florida Power and ligth, apresentado pelos funcionários que participaramde sua implantação.
FEVEREIRO 2003 CNT REVISTA 65
HUMOR MAURÍCIO RICARDO
66 CNT REVISTA FEVEREIRO 2003