EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
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ANO XVI NÚMERO 185 JANEIRO 2011
T R A N S P O R T E
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Caminhoneiro tecnológico Perfil do motorista muda e exige atualização profissional constante e conhecimentos das novidades embarcadas dos veículos
LEIA ENTREVISTA COM O ECONOMISTA JOÃO PAULO DOS REIS VELLOSO
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REPORTAGEM DE CAPA
TRANSPORTE ATUAL
Novas tecnologias de caminhões atraem motoristas jovens, que também buscam na profissão a liberdade de trabalhar na estrada, conhecendo lugares e pessoas; cursos do Sest Senat ajudam a obter destaque no mercado Página 22
ANO XVI | NÚMERO 185 | JANEIRO 2011
SEGURANÇA
ENTREVISTA
João Paulo dos Reis Veja os cuidados Velloso quer redução para uma viagem sem contratempos de gasto público PÁGINA
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AVIAÇÃO REGIONAL • Participação no mercado aumenta a taxas superiores a 300%, mas ainda falta infraestrutura adequada para atender a demanda
CAPA MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO
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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho
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Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
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PATRIMÔNIO NAVAL
EXPANSÃO
Réplicas podem ser conhecidas em museus
Cidades crescem e pedem soluções sustentáveis
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DIVERSIDADE
Caminhão de empresa atacadista abastece todo o Brasil
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
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CURSOS TÉCNICOS SEST SENAT Já estão abertas as matrículas nos Estados de Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Piauí, São Paulo e Santa Catarina. Mais informações: sestsenat.org.br.
SUPERANDO DESAFIOS • Empresas de transporte PESQUISA CNT/SENSUS E MAIS
coletivo urbano investem em treinamentos que motivam os profissionais e promovem a direção defensiva PÁGINA
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FERROVIAS
Novas regras para o setor no país estão sendo estudadas PÁGINA
TRANSPORTE EM FOCO
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Seções Alexandre Garcia
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Humor
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Mais Transporte
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Boletins
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Debate
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Opinião
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Cartas
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Índices de aprovação do governo Lula e expectativas para a gestão da nova presidente, Dilma Rousseff. Confira esses e outros resultados da 110ª edição.
Programa pelo meio ambiente define ações para este ano PÁGINA
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“Nós só queremos estradas dignas desse nome. E temos todo direito de tê-las. Afinal, pagamos muito imposto para isso” ALEXANDRE GARCIA
O imposto e a raiva rasília (Alô) – O medidor de impostos da Associação Comercial de São Paulo diz que em 2010 pagamos R$ 1, 27 trilhão em impostos – quase 16% acima do que fora pago em 2009, ou seja, três vezes a inflação. E significa que a cada três meses as empresas e as pessoas deste país produziram, venderam e trabalharam um mês inteiro para que governos – municipal, estadual e federal – nos prestassem bons serviços públicos. Por triste coincidência, no fim do ano, quando se anunciou esse valor gigantesco, da capital do país não se conseguia ir à capital do Estado de Goiás, o hospedeiro do Distrito Federal, porque a BR-060 estava interrompida pela água. Ruiu o leito da rodovia recémfeito. E, olhando a espessura do asfalto e a terra sobre a qual foi feita a pista, compreende-se perfeitamente por que ruiu, mesmo sendo leigo em engenharia. Estradas por aqui se derretem com a chuva e, além disso, acumulam a água na pista. Não deve ser falta de tecnologia. Afinal, empreiteiras brasileiras fazem estradas nos Estados Unidos que absorvem a água da chuva, têm fundações sólidas e são construídas para durar décadas. No entanto, quando fazem estradas por aqui, elas duram pouco – às vezes pouco demais, como essa entre Goiânia e Brasília. Engraçado que, quando um batalhão rodoviário do Exército constrói
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estrada, como a BR-101 em trechos de Recife a Natal, sai rodovia de primeiro mundo, sólida, duradoura, segura. Não é preciso fazer a demonstração disso. Basta viajar. Pelo Brasil e pelo mundo. Nem é preciso comparar com estradas dos Estados Unidos ou da Alemanha. Se tivéssemos rodovias como as do Chile ou de Portugal já seria a realização de um sonho. Certa vez, dirigindo na Itália, parei para olhar de perto a manutenção da rodovia. Porque, afinal, havia caído, recentemente, um aguaceiro e não tinha sinal de água na estrada. E percebi que não era aquela coisa rudimentar, de compactar terra e depois jogar massa asfáltica por cima. Estavam refazendo os alicerces da estrada, uma espessa camada de material, que sustentava o leito da rodovia. “Puxa! E aqui tem corrupção”, murmurei. Minha companheira ao lado completou: “Mas veja que ainda sobra dinheiro para fazer a pista...” Um empreiteiro construtor de estradas no exterior alega que o governo paga mal. E um amigo norte-americano argumenta que lá o governo fiscaliza. E nós, pagadores de impostos, só queremos estradas dignas desse nome. E temos todo direito de tê-las. Afinal, pagamos muito imposto para isso e também o salário dos que precisam gerenciar a construção de estradas. Viajar e comparar esclarece. Mas deixa a gente com raiva.
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“Pré-sal, carro elétrico e os eventos esportivos devem ser o Brasil em um país desenvolvido. É esse o novo tipo de estraté
ENTREVISTA
JOÃO PAULO DOS REIS VELLOSO
Chance para POR
efensor de uma reforma política consistente de redução das taxas de juros e da contenção de gastos públicos no país, o economista João Paulo dos Reis Velloso acredita que o Brasil ainda tem um longo caminho para alcançar, de fato, o desenvolvimento. De acordo com ele, é chegada a hora de mudança. E os caminhos para isso foram apresentados no livro “Brasil, novas oportunidades: economia verde, pré-sal, carro elétrico, Copa e Olimpíadas”, da Editora José Olympio, com textos de importantes nomes da economia nacional sob a coordenação de Velloso. A publicação é resultado das discussões de 2010 do Fórum Nacional, uma associação de economistas, sociólogos e cientistas políticos que tem
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LIVIA CEREZOLI
como finalidade oferecer propostas para a modernização da sociedade brasileira. Criado em 1988 pelo economista, o fórum realiza encontros anuais. Nascido em Parnaíba, Estado do Piauí, em 1931, Velloso graduou-se na antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e concluiu, em 1964, mestrado pela Yale University, nos Estados Unidos. No mesmo ano, fundou o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e foi seu primeiro presidente. Foi ministro do Planejamento de 1969 a 1979, durante os governos de Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel. Em sua primeira fase no cargo, conviveu com o “milagre brasileiro”, e, na segunda, administrou a desaceleração da eco-
nomia provocada pela crise do petróleo do final de 1973. Em 1991, o ex-ministro também fundou o Inae (Instituto Nacional de Altos Estudos). Além de estar à frente desse órgão, Velloso é presidente do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), uma associação civil sem fins lucrativos, voltada a estudos e pesquisas sobre o mercado de capitais. É autor ou organizador de aproximadamente 70 livros publicados sobre a economia brasileira, a maior parte resultante das discussões promovidas nos fóruns que promove. Também é membro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), criado em 2003 pelo expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, para debater temas econômicos e sociais. Desde 2008,
ocupa uma cadeira no Conselho de Orientação do Ipea. Acompanhe a entrevista que ele concedeu à revista CNT Transporte Atual sobre os novos rumos do Brasil. No seu livro, lançado após o Fórum Nacional, em 2010, o senhor apresenta o carro elétrico e a exploração do présal como as grandes oportunidades estratégicas para o Brasil. Como elas devem ser aproveitadas? Talvez a grande oportunidade seja colocar a questão: será que essa crise que está havendo principalmente nos países ricos como Estados Unidos e na União Europeia não abre ao Brasil a possibilidade de pensar um novo tipo de estratégia de desenvolvimento? O que queremos dizer com
RAFAEL ANDRADE/FOLHAPRESS
caminho para transformar o gia que temos que pensar”
crescer isso é que o Brasil conseguiu minimizar os piores efeitos da crise, tanto que ano passado já cresceu razoavelmente. Só que a crise faz a gente pensar: nós vamos continuar fazendo o mais do mesmo, vamos querer continuar crescendo sempre um pouquinho? De 1900 a 1980, o Brasil foi o país do mundo que mais cresceu, segundo um estudo da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da sigla em inglês). Mas isso não foi suficiente, porque o desenvolvimento é uma corrida de longa distância. Pré-sal, carro elétrico e os eventos esportivos devem ser o caminho para transformar o Brasil em um país desenvolvido. É esse o novo tipo de estratégia que temos que pensar. Nós sempre subutilizamos todas as oportunidades que temos.
Qual caminho o Brasil precisa percorrer para ser de fato um país desenvolvido? Um novo tipo de estratégia seria fazer as transformações que não conseguimos. Transformações na própria sociedade. Uma sociedade mais ativa, que se manifeste, que controle o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Uma sociedade que se revolte com os escândalos políticos de corrupção, até mesmo contra o horror em que se tinha transformado a segurança do Brasil. Isso que se está fazendo agora (a ocupação de comunidades no Rio), com o apoio do Exército e da Marinha, nós deveríamos ter feito há dez anos. O fórum já disse em livro, muitas vezes, que essa questão de segurança tem que
estar em nível federal. Além disso, é preciso fazer uma transformação política. O nosso sistema de partidos políticos é ruim. Não é apenas essa reforma política que estão discutindo por aí, por que isso é apenas uma mudança de legislação, de partido, de eleições. Nós temos que ter um bom sistema de partidos políticos, como Espanha e Portugal fizeram depois dos regimes autoritários. Um sistema de partido político que tenha conteúdo programático, que se interesse pela agenda de reforma e não deixe essa mesma a cargo do Executivo.
Como o carro elétrico pode ajudar nesse caminho? Devemos ter como objetivo chegar à melhor matriz energética do mundo, porque nós podemos fazer isso. Já temos uma boa matriz, mas ela não é suficiente. Ela pode ser muito melhor. O carro elétrico é um dos instrumentos. Há um estudo do Ministério do Meio Ambiente que diz que os grandes poluidores das cidades são os carros, mesmo com a adição do etanol como combustível. Então, progressivamente, nós temos que substituir esse carro poluidor pelo carro elétrico, que não polui e é mais eficiente. Já exis-
te a tecnologia para isso. Já existem montadoras que produzem carro elétrico. Agora, é preciso que elas produzam no Brasil e em grande quantidade. Há cem anos, existia uma dúvida no Brasil se o futuro do carro estava no elétrico ou no motor de combustão. O Henry Ford veio com a história de que todos os trabalhadores das fábricas dele tivessem carro e, com isso, passou-se então a ter uma produção em massa. É isso que precisamos fazer com o carro elétrico, mesmo que de início ele represente apenas 5% da produção. Nós temos o maior potencial hidrelétrico do mundo e por isso temos o maior programa de construção de hidrelétricas. Para o Brasil, devido à nossa extensão territorial, não é mais vantajoso continuar trabalhando no desenvolvimento de biocombustíveis? Uma coisa não elimina nem exclui a outra. No caso do biocombustível, precisamos entrar numa segunda geração de produtos. Com relação à autonomia dos veículos, os já existentes podem fazer até 300 km ou ter velocidade de até 180 km/h. E tudo isso pode ser aperfeiçoado. Não se trata do elétrico substituir o comum em curto prazo. Ele vai substituir gradualmente. Mas é preciso começar.
Como resolver os problemas de custo e abastecimento do carro elétrico? O custo você resolve pela produção em grande escala, como fez o Henry Ford, há mais de cem anos. A Petrobras já tem um abastecimento de carros elétricos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O Brasil é capaz de instalar em postos de gasolina, por exemplo, um centro de abastecimento, ou o sujeito abasteceria em casa de noite, quando chegasse do trabalho, como faz com a bateria do celular. Investir em veículos elétricos no transporte urbano, um serviço já subsidiado pelos governos, não seria mais interessante? O Brasil já deveria estar fazendo isso. Precisamos aproveitar as oportunidades. Mas acredito que, inicialmente, devemos trabalhar com os carros pequenos para ir ganhando espaço. A ideia é termos três modelos simultaneamente: o comum, o flex fuel e o elétrico. Quem for melhor, ganha a corrida. E aí veremos que daqui a pouco, quando todo mundo experimentar os benefícios do carro elétrico, você vai ver como isso vai crescer. É claro que, para isso, precisamos resolver os problemas tributários. Hoje, a alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre o veículo elétrico é o dobro
OPORTUNIDADE Exploração do pré-sal é o
dos carros comuns. Ele entra na categoria outros.
“Poderíamos ser um país desenvolvido, mas perdemos a parada para os EUA no século 19 e a Coreia do Sul, em 1980. É hora de não perder mais”
Qual deve ser a posição do Brasil diante da questão energética e ambiental, a partir da descoberta de reservas do pré-sal? O pré-sal deve ser um instrumento para criar um grande complexo industrial no Brasil porque vai ter, se nós tivermos juízo, um investimento gigantesco por parte da Petrobras e outras empresas que atuam na área de petróleo e gás. Não é apenas para tirar petróleo do mar, mas para fazer a transformação da economia brasileira. A Venezuela tem muito petróleo e de que está servindo? A Venezuela hoje é pior do que há 30 anos, quando eu estive lá. Também acredito que muitos países do Oriente Médio não sabem tirar petróleo.
PETROBRAS/DIVULGAÇÃO
“Precisamos gerar uma indústria verde, assim como outras áreas, como agronegócio e serviços”
o sistema de clubes existente para evitar que não continue havendo máfia. Em outros países, isso é diferente e não existem problemas. Com relação à infraestrutura, é preciso pensar que as obras não são apenas para a Copa ou para as Olimpíadas. É preciso pensar que elas são feitas e ficarão para comunidades ou cidades carentes desse tipo de serviço. Os eventos acabam, as melhorias sempre ficam.
primeiro passo para o desenvolvimento
Como a política econômica brasileira deve ser repensada a partir da questão ambiental? É possível incorporar a preservação ambiental à estratégia de desenvolvimento do país? Com certeza. Com a nova visão do que seja política ambiental você passa a ideia do PIB verde, da economia verde. Em lugar de ficar controlando emissões, é preciso agir preventivamente. Ficar estipulando metas de redução de emissões por ano é como tratar uma pessoa apenas depois que ela fica doente. Vamos gerar um PIB tão verde quanto possível. Precisamos gerar uma indústria verde, assim como outras áreas, como agronegócio e serviços. É preciso resolver o problema antes de ele aparecer.
Espera-se que a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 favoreçam grandes investimentos no país. Que legado a realização desses eventos esportivos podem deixar para o Brasil? O que interessa é exatamente esse legado que será deixado. A preparação de infraestrutura, melhorias no atletismo brasileiro, principalmente no tocante aos clubes. É importante pensar na herança que fica, de forma que ela não seja maldita. É preciso ir às causas. Barcelona, na Espanha, é um exemplo claro de uma cidade que se transformou depois da realização dos Jogos Olímpicos. O Rio de Janeiro pode seguir esse mesmo caminho? Pode seguir de duas formas. Primeiro, é preciso rever
O senhor foi ministro do Planejamento no chamado “milagre brasileiro”. Como avalia a economia nacional atualmente? O crescimento é consistente? Nós fomos bem quando precisamos minimizar os efeitos da crise, porque já tínhamos, inclusive, um sistema de bancos que não estava sujeito aos riscos do sistema financeiro norte-americano e europeu. Mas não podemos achar que com isso o problema está resolvido. Esse é como o problema da segurança. O primeiro passo foi dado. O Mao Tse Tung já dizia sobre a Longa Marcha (uma revolta de camponeses): ela começou com o primeiro passo. E é assim em todos os casos. Precisamos dar o primeiro passo. Parece que na questão da segurança, isso aconteceu. Nós temos agora que repensar a maneira que estamos vendo o desenvolvimento brasilei-
ro. Já poderíamos ser um país desenvolvido, mas perdemos a parada para os Estados Unidos no século 19, depois perdemos para a Coreia do Sul entre 1980 e 1990. Agora é hora de não perder mais. Precisamos ter a visão de um Brasil desenvolvido e saber chegar lá. Temos hoje uma síndrome macroeconômica constituída na questão da taxa de juros que é a mais alta do mundo; na taxa de câmbio flutuante, mas só flutua para baixo; e da questão fiscal, onde temos uma dívida pública enorme. Temos déficit nominal no Tesouro, uma altíssima carga tributária (carga essa de países desenvolvidos) que usamos para despesas correntes. O investimento desse valor é mínimo. Só 5% das despesas públicas são em investimentos. Nos anos de 1980, era qualquer coisa da ordem de 20%; em 1987, um ano antes da Constituição, era 15%; depois caiu para 3% e agora subiu para 5%. E se nós fizermos contenção de despesas e passarmos a usar a receita mais para investir, além de aumentar o investimento total, estamos até ajudando a resolver o problema da taxa de câmbio e dos juros. Já houve quem dissesse que o Brasil deve pensar em ter taxas de juros iguais as de países desenvolvidos, de 2% ou 3%. Eu estou de acordo. Só que isso só é possível se tivermos contenção de gastos, principalmente, gastos de custeio público. l
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EDMLOGOS/PORTO ITAPOÁ/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE Libras nos ônibus A Real Auto Ônibus, empresa do transporte coletivo de passageiros com atuação no Rio de Janeiro, iniciou em dezembro o curso de Libras para seus motoristas e cobradores. O objetivo, segundo a Real, é oferecer atendimento
mais qualificado aos surdos-mudos, por meio da comunicação na Linguagem Brasileira de Sinais. As aulas acontecem na garagem sede da empresa, com duas horas de duração semanais.
ITAPOÁ Movimento anual poderá ser de 350 mil contêineres
REAL AUTO ÔNIBUS/DIVULGAÇÃO
Porto é inaugurado
INCLUSÃO Empresa oferece curso de linguagem de sinais
Crescimento O mercado de implementos rodoviários atingiu crescimento de 48,17% no período de janeiro a novembro de 2010, com relação ao mesmo período do ano passado. O levantamento divulgado pela Anfir (Associação Nacional dos Fabricantes de
O Porto Itapoá, terminal privativo de uso misto para a movimentação de contêineres, foi inaugurado no dia 22 de dezembro. O empreendimento portuário, localizado na Baía da Babitonga, em Santa Catarina, tem como acionistas a Portinvest Participações (Grupo Battistella e LOGZ Logística Brasil S.A.) e a Aliança Navegação e Logística (Grupo Hamburg Süd). O porto está preparado para movimentar 350 mil contêineres ao ano. De acordo com a assessoria, após o término das ampliações, já projetadas, o terminal terá
capacidade para 600 mil contêineres anuais. Itapoá tem profundidade natural de 16 metros e está adequado para receber navios de grande porte, funcionando como um hub-port, um porto concentrador de cargas que possibilitará o atendimento tanto de transporte de longo curso como de cabotagem. Foram investidos R$ 475 milhões, sendo R$ 145 milhões dos sócios e R$ 330 milhões por meio dos financiamentos com a Funcef (Fundação dos Economiários Federais) e à Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social).
Juizados nos aeroportos Implementos Rodoviários) aponta que os emplacamentos de reboques, semirreboques e carroçarias sobre chassis, entre janeiro e novembro, alcançaram 151.663 unidades. No mesmo período de 2009, o total de emplacamentos foi de 102.356.
Os juizados especiais de cinco aeroportos atenderam 14.637 pessoas em cerca de cinco meses. Em dezembro, foram mais de mil reclamações na Justiça em relação a cancelamentos e atrasos de voos, extravio de bagagem, overbooking e outros problemas.
Desde julho de 2010, os aeroportos de Congonhas e Guarulhos (São Paulo), Galeão e Santos Dumont (Rio) e Juscelino Kubitschek (Brasília) contam com os juizados. O atendimento é gratuito, e o objetivo é solucionar discussões que envolvam até 20 salários mínimos.
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PRÊMIO AMBIENTAL
Empresas homenageadas Fetracan (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Nordeste) entregou, no dia 3 de dezembro, o Prêmio Regional Excelência em Meio Ambiente para seis empresas de transporte de cargas e passageiros. A cerimônia de premiação aconteceu no hotel Golden Tulip, em Recife (PE), durante o 27º jantar de confraternização dos empresários de transporte rodoviário de cargas do Nordeste. O prêmio é concedido anualmente desde 2008 e tem como objetivo estimular
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a adoção de medidas ou ações que resultem no aumento da eficiência no uso dos combustíveis na produção de bens e serviços, além de divulgar e disseminar ações bem-sucedidas. Entre os premiados na categoria transporte de cargas, o primeiro lugar foi para a Avelmar Transportes Ltda., o segundo para Gafor Ltda. e o terceiro para JB Transportes de Cargas Ltda. Na categoria passageiros, as premiadas foram RCR Locação Ltda., Logo Transporte Ltda. e Transportadora Marcan Ltda., respectivamente em primeiro, segundo e terceiro lugar.
Indústria marítima Foi lançado no final de outubro o livro “Análise da competitividade da indústria marítima brasileira e um panorama do setor de cabotagem no Brasil e no exterior – Uma visão da construção naval brasileira e seus principais atores”. A publicação é resultado de um estudo pioneiro patrocinado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) que contou com a participação de pesquisadores do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli/USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).
FETRACAN/DIVULGAÇÃO
Solução integrada
EXCELÊNCIA Newton Gibson premia empresa Avelmar
A Bysoft, empresa especializada em soluções para o gerenciamento de processos de comércio exterior, firmou parceria com a Projecta Web, que desenvolve soluções para o aumento da produtividade das empresas. O objetivo é viabilizar as demandas de transportadores rodoviários, prestadores de serviços de desembaraço aduaneiro, agenciamento de cargas, importadoras e exportadoras, entre outros. Com a medida, as empresas pretendem proporcionar ao mercado uma solução integrada ao controle
financeiro, além de emissão de documentos pertinentes à área, por meio dos sistemas da linha i-Global, com total gestão sobre o documental necessário e rastreamento das mercadorias por intermédio de consulta web. A novidade fica por conta do sistema Frotanyware, capaz de controlar custos como abastecimento, pneu e manutenção, emitir documentos fiscais e coleta no transporte de cargas, além de centralizar as informações geradas pelos diversos setores operacionais.
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MAIS TRANSPORTE FORD/DIVULGAÇÃO
Bilionários por Acaso: a Criação do Facebook A história de como dois estudantes de Harvard criaram o site de relacionamento que se tornou uma das mais poderosas empresas do mundo. De: Ben Mezrich, Ed. Intrínseca, 232 págs., R$ 22
Iniciada produção da última geração do Focus A última geração do Ford Focus teve sua produção iniciada em dezembro, em Saarlouis (Alemanha). O veículo abastecerá o mercado europeu, nas versões com quatro e cinco portas, e perua. O Focus integra o plano global da Ford de produção de modelos com as mesmas plataformas em três continentes.
100 Grandes Líderes Obra examina a habilidade e o talento para a liderança de cada um e analisa os efeitos que a vida deles tiveram na história. De: Brian Mooney, Ed. Madras, 416 págs., R$ 49
Investimento em leitura via celular A Infraero investiu R$ 780 mil em equipamentos para leitura, via celular, de selos bidimensionais de embarque. Os selos são disponibilizados por algumas companhias aéreas em papel ou via check-in. Os equipamentos foram adquiridos por meio de contrato de locação e estão disponíveis em caráter experimental, desde dezembro,
nos principais aeroportos da Infraero, como Brasília, Santos Dumont e Congonhas. O objetivo é exercer maior controle do acesso às salas de embarque e agilizar a movimentação de passageiros nos terminais. O selo bidimensional possibilita coletar um maior número de informações sobre o perfil do passageiro que embarca nos
aeroportos administrados pela autarquia. Além de dados como data do embarque, companhia aérea, número e tipo de voo (doméstico ou internacional), já fornecidos pelo selo tradicional, o novo modelo informa qual o destino do passageiro, além de outros dados que vão auxiliar na elaboração de estatísticas operacionais.
A Ousadia de Ser Líder - a História do Homem Que Construiu a Virgin Um dos mais bem sucedidos empresários globais mostra como criou um império multibilionário de mais de 300 empresas. De: Richard Branson, Ed. Agir, 400 págs., R$ 49
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VOLVO/DIVULGAÇÃO
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TRANSPORTADORA DA VIDA
Setcergs entrega prêmios VBR Logística conquistou o prêmio de destaque ouro do programa Transportadora da Vida 2010, entregue pelo Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul) e a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. A cerimônia foi realizada no dia 30 de novembro, no auditório do Pavilhão do Centro de Eventos Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul). O troféu prata foi entregue para a Luft Agro e o bronze para a Transportadora Transmiro. Durante o evento, 24 empresas de transporte rodoviário de cargas também receberam a certificação do programa Transportadora da Vida. São empresas que desenvolveram uma série de programas e ações junto ao público interno e exter-
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SEGURANÇA Presidente da Volvo entrega premiação
Transportadora premiada A Dalçoquio recebeu o prêmio Volvo de Segurança no Trânsito 2010, na categoria Transportadora de Carga e/ou Passageiros da região Sul. O programa Motorista Nota 10 foi o responsável pela conquista da transportadora. De acordo com a Dalçoquio,
o projeto proporcionou uma redução média de 40% no número de acidentes da empresa. O 18° Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito teve 254 trabalhos de 114 cidades e 19 Estados inscritos em diversas categorias.
no, além de passar por uma avaliação realizada em visita técnica, com base em uma lista de verificação padronizada. O programa foi lançado em 2006 e tem como objetivos reconhecer, valorizar e incentivar ações educativas em prol da educação e segurança no trânsito. São certificadas as empresas do setor que se preocupam com a segurança e com a vida, levando aos seus motoristas, familiares e comunidade o conhecimento e a conscientização da responsabilidade durante a condução dos veículos. Segundo José Carlos Silvano, presidente do Setcergs, as empresas participantes do programa apresentaram, em 2010, redução média de 22% nos incidentes de trânsito. O índice de acidentes fatais caiu a praticamente zero. JOSÉ LUIS ROCHA/SETCERGS/DIVULGAÇÃO
Formação de pilotos A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), por meio de uma proposta de audiência pública, propôs a criação de centros de instrução de pilotos certificados pela agência, dentro das empresas aéreas. A proposta também prevê a criação de uma nova licença: a de tripulação
múltipla. A ideia, segundo a Anac, é permitir a quem deseja se tornar piloto profissional, iniciar a carreira diretamente nas empresas, o que garante uma formação mais especializada e nos padrões de cada companhia. A Anac vai julgar a necessidade de alterações no texto original.
VALORIZAÇÃO VBR Logística ganha prêmio oferecido pela Fundação Thiago de Moraes Gonzaga e pelo Setcergs
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RAMOS TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
MAIS TRANSPORTE Porto nas escolas O Porto do Rio Grande realizou durante o mês de dezembro as apresentações do projeto Porto nas Escolas. A iniciativa faz parte das comemorações de 95 anos do terminal. Cinco entidades, entre escolas, orfanatos e instituições carentes receberam o teatro de bonecos dos personagens
Capitãozinho e sua turma, que repassa aos alunos a história do porto. Segundo o superintendente Jayme Ramis, a ideia é que a apresentação de marionetes se integre às atividades do Escola no Porto, projeto que leva as escolas da região às instalações do Porto do Rio Grande.
DEMANDA Transportadora Ramos inaugura filial em Alagoas
RAQUEL SANTOS/PORTO RIO DO GRANDE/DIVULGAÇÃO
Ramos investe R$ 1,2 milhão
PROJETO Teatro é apresentado nas escolas e orfanatos
Crédito de automóveis A Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) divulgou em dezembro os números de crédito para venda a prazo de automóveis para pessoas físicas. A soma das carteiras de CDC (Crédito Direto ao Consumidor) e Leasing para compra de veículos atingiu a marca de R$ 179,4 bilhões no acumulado de janeiro
a outubro. O montante é 16,3% maior, se comparado ao valor de outubro de 2009, e 2% superior ao acumulado até setembro de 2010. Observadas separadamente, a carteira de CDC chegou a R$ 130,1 bilhões, com crescimento de 44,4% em relação ao mesmo mês de 2009. Já o saldo de Leasing decresceu 23,2%, se comparado a outubro de 2009.
A Ramos Transportes inaugurou uma nova filial, no polo industrial de Rio Largo, a 20 quilômetros de Maceió (AL). A aquisição do novo terminal se deu em virtude do aumento da demanda em transportes da indústria calçadista, têxtil e de e-commerce
na região. A transportadora estima um crescimento de 30% com a nova estrutura, que possui uma área de 10.247 metros quadrados e tem capacidade de atender até 42 caminhões simultaneamente. Segundo a Ramos, o investimento foi da ordem de R$ 1,2 milhão.
Tecnologia para vagões A AmstedMaxion assinou acordo de transferência de tecnologia e licenciamento com a MG&T, empresa com mais de 20 anos de atuação no Chile. Pelo contrato, a companhia brasileira vai transferir sua tecnologia, qualidade e conhecimento técnico para a MG&T na
fabricação e manutenção de vagões. Com isso, a MG&T passa a trabalhar com os mesmos sistemas de engenharia AmstedMaxion. Segundo a assessoria, a aliança com a empresa chilena faz parte da estratégia da AmstedMaxion de expandir a atuação no mercado global.
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BRISA ÔNIBUS/DIVULGAÇÃO
PINTURA DE FROTA BRISA ÔNIBUS Primeiro lugar na categoria Transporte Rodoviário de Passageiros
Concurso escolhe os melhores s empresas TNT Brasil, Brisa Ônibus S.A., São Salvador e TDB Transporte e Distribuição de Bens Ltda. foram as vencedoras da 42ª edição do Concurso de Comunicação Visual e Pintura de Frotas de Transporte Moderno. A entrega dos prêmios aconteceu no final de outubro, em São Paulo, durante o evento Maiores e Melhores do Transporte e Logística 2010. Promovido anualmente pela OTM Editora, o concurso homenageia as empresas que apresentarem os melhores projetos de pintura em pelo menos três veículos, nas categorias Transporte de Carga (caminhões e utilitários), Transporte Rodoviário de Passageiros (ônibus) e Transporte Metropolitano de Passageiros (ônibus). A categoria Especial é entregue excepcionalmente ao competidor que apresentar um só veículo de edição comemorativa. Vencedora da disputa no segmento de transporte de carga, a TNT concorreu com outras 24 transportadoras ao primeiro lugar da categoria. A Brisa Ônibus S.A. teve a melhor colocação
A
entre as 31 concorrentes do rodoviário, e a São Salvador disputou a escolha dos jurados com 11 empresas de transporte urbano de passageiros. A versão 2010 do concurso também conferiu à TDB a premiação de destaque na categoria Especial, em um grupo composto por sete empresas.
SÃO SALVADOR/DIVULGAÇÃO
SÃO SALVADOR Primeiro lugar na categoria Transporte Metropolitano de Passageiros TDB TRANSPORTE/DIVULGAÇÃO
PRIMEIRAS COLOCADAS Transporte de Carga 1º lugar - TNT Brasil 2º lugar - Meridional Cargas Ltda. 3º lugar - Breda Transportes e Serviços S.A. Transporte Rodoviário de Passageiros
TDB TRANSPORTE Vencedora da categoria Especial 1º lugar - Brisa Ônibus S.A. 2º lugar - Expresso Unir Ltda. 3º lugar - Domínio Transportadora Turística
TNT BRASIL/DIVULGAÇÃO
Transporte Metropolitano de Passageiros 1º lugar - São Salvador 2º lugar - Londrina Sul 3º lugar - Seletivo Seturb Especial 1º lugar - TDB Transporte e Distribuição de Bens Ltda. 2º lugar - Transportes Graciiosa 3º lugar - Man Latin America
TNT BRASIL Empresa conquistou o primeiro lugar na categoria Transporte de Cargas
REPORTAGEM DE CAPA
Sem medo d Inovações embarcadas nos caminhões servem como
VOLVO/DIVULGAÇÃO
a tecnologia atrativo para o ingresso de profissionais no mercado
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CYNTHIA CASTRO
ara ser um excelente caminhoneiro e obter destaque no mercado de trabalho, não basta mais saber apenas dirigir bem. Com as tecnologias lançadas a cada dia nos veículos novos, é necessário se manter atualizado. Hoje, um bom caminhoneiro, seja ele autônomo ou funcionário de empresa, precisa ter noções básicas de informática e conhecimentos sobre os sofisticados mecanismos de comunicação por satélite, entre outras novidades. Essa proximidade da profissão com o que há de mais moderno, para melhorar tanto a segurança quanto o conforto na estrada, pode ser um atrativo, principalmente para o público jovem, que tem mais intimidade com a tecnologia. Para aqueles motoristas com dificuldades em acompanhar a evolução da tecnologia, a qualificação tem sido o melhor caminho. “É muito importante se qualificar e saber lidar com as novas tecnologias. Os caminhões de hoje têm piloto automático, computador de bordo, rastreador. São muito mais seguros e confortáveis do que os antigos. Mas é pre-
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ciso saber lidar com eles”, diz Lívio Gonçalves da Costa, 29, funcionário da Botafogo Transportes. Com oito anos de profissão, Costa diz que o perfil do caminhoneiro mudou, e ele considera que as tecnologias dos caminhões são atrativas para os jovens. “Hoje, o novo caminhoneiro está mais instruído. Melhorou a escolaridade. Ele precisa também estar atento à qualificação. Tem de saber um pouco de informática”, diz Costa. Desde criança, nas brincadeiras com o irmão mais velho, Costa já pensava que um dia seria caminhoneiro. E a influência não veio da família, mas da proximidade de sua casa com a BR040, onde ele acompanhava diariamente um pouco da vida de quem trabalha na estrada. Na adolescência, já estava certo de qual profissão queria seguir. Aos 21 anos, tirou carteira na categoria D, depois conseguiu a E, e hoje garante que não se arrepende. “Esse era o meu sonho de infância. Amo o que faço e sou muito feliz com a minha escolha.” O colega dele, Daniel Souza Silva, 28, nascido no Maranhão, também decidiu cedo que iria trabalhar nas rodovias. Atualmente, ele e Costa fazem entregas de
NOVIDADE Daniel Souza Silva considera que a tecnologia dos novos cami
encomendas dos Correios, em um Axor da Mercedes-Benz. Para Silva, a tecnologia é positiva para a profissão. Ele e o colega consideram que as empresas que trabalham com caminhões mais novos tendem a atrair mais os profissionais. A cada dia, as montadoras lançam novidades. Dentro da cabine de uma carreta em movimento, um sinal sonoro pode avisar, por exemplo, que o veículo passou pela faixa central da pista sem sinalizar. Isso pode indicar que o motorista está desatento ou deu uma cochilada. Se a direção esti-
ver em zigue-zague, um alarme pode ser acionado, avisando o motorista. Os sistemas de rastreamento via satélite, cada vez mais sofisticados, informam exatamente o trajeto, oferecendo segurança durante a viagem. Há mais de 30 anos trabalhando na cabine de um caminhão, o mineiro Renato Pereira Rezende, 55, conta que em todo esse período mudou completamente o perfil que o caminhoneiro de hoje, mais tecnológico, precisa ter. E as empresas, na opinião de Rezende, também precisam se adequar. Atualmente, ele dirige uma carre-
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HISTÓRIAS
“As estradas exercem um fascínio muito grande” JULIO FERNANDES/CNT
Cada dia de trabalho na estrada é diferente do outro. Mesmo que se repitam o trajeto e o destino, uma nova viagem traz sempre novas histórias. Para alguns caminhoneiros que escolheram trabalhar nas rodovias, esse é um dos principais atrativos da profissão. “As estradas exercem um fascínio muito grande. A gente vive muitas emoções diferentes, conhece pessoas e lugares que talvez nunca conheceríamos”, diz Renato Pereira Rezende, 55. Casado e pai de um filho de 24 anos, ele conta que ser caminhoneiro foi um sonho cultivado desde a infância. Com o pai lanterneiro e pintor de empresa de ônibus e dois tios caminhoneiros, o transporte sempre fez parte da vida de
Rezende. Em 1978, ele começou a trabalhar como carreteiro. Chegou a se aposentar, mas não conseguiu ficar parado. “Bateu uma saudade enorme da estrada.” A distância da família é uma das dificuldades que esse profissional precisa saber lidar, conforme comenta Rezende. Mas, como definem alguns caminhoneiros entrevistados pela CNT Transporte Atual, “a profissão está no sangue”. Daniel Souza Silva, 28, diz que não consegue se imaginar executando outro tipo de trabalho. Além de possibilitar o contato com o novo, com novas amizades, as viagens o tornaram uma pessoa mais segura, confiante. “Hoje em dia não tenho medo de ir a lugar nenhum,
mesmo que eu nunca tenha ouvido falar desse lugar e não conheça ninguém lá. Com a profissão, aprendemos que, se chegarmos a qualquer canto desse mundo, sempre haverá um jeito. Ser caminhoneiro me deixou mais autoconfiante, mais independente”, afirma Silva. E a sensação de estar contribuindo para o desenvolvimento do país e também para o conforto da população que depende dos produtos transportados pelos caminhões é outro benefício que a profissão apresenta, na opinião de quem trabalha nela. “Nosso trabalho está em tudo. Fazemos parte do crescimento da economia do país, pois somos nós que transportamos. E isso é muito gratificante”, diz Rezende.
nhões é atrativo, principalmente para jovens SCANIA/DIVULGAÇÃO
COMODIDADE Caminhões novos oferecem conforto e segurança
ta Scania 420 e transporta cimento e outros materiais. “A tecnologia trouxe inúmeros benefícios. Esses caminhões de hoje praticamente falam com a gente. Se o motorista souber usar as tecnologias disponíveis, o índice de acidentes pode reduzir demais. Não vai acabar, mas vai quase zerar. É formidável a segurança que temos hoje ao dirigir uma carreta moderna”, diz Rezende. Ele cita, por exemplo, que o computador avisa até mesmo se o motorista esquecer o pé em cima da embreagem. Sobre a possível falta de
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“Hoje, o novo caminhoneiro escolaridade. Ele precisa tam LÍVIO GONÇALVES DA COSTA, 29, CAMINHONEIRO
SEST SENAT
Qualificação aumenta chances de emprego Não há dúvidas de que, em qualquer profissão, estar mais qualificado aumenta as chances de se conseguir um bom emprego e de se obter destaque no trabalho. Com as novas tecnologias dos caminhões, essa qualificação torna-se ainda mais importante para o profissional que deseja seguir na estrada. E é pensando dessa forma que o caminhoneiro Ricardo Alves Pereira, 36, de Belo Horizonte, espera crescer na carreira. Em dezembro, ele concluiu o curso Condutores de Veículos de Transporte de Produtos Perigosos (conhecido como MOPP). Pereira estudou na unidade do Sest Senat da capital mineira. Esse curso é obrigatório para o transporte de determinados tipos de cargas, mas a ideia de Pereira é estar sempre se mantendo atualizado. “Os cursos que o Sest Senat oferece são importantes para abrir a mente dos motoristas, para mostrar quais são as atitudes
corretas. Com certeza, os cursos aumentam as chances de se conseguir um bom emprego”, diz o caminhoneiro. Consciente da responsabilidade de sua missão, ele afirma que o caminhoneiro é responsável pela segurança dos condutores dos veículos menores. “Os motoristas dos carros de passeio são amadores, só usam o carro para locomoção. Nós, que somos profissionais, temos que proteger esses condutores.” Tecnologia O Sest Senat já capacitou pelo menos 8 milhões de profissionais nas 137 unidades espalhadas por todo o país. Neste ano, um dos cursos que está em fase final de preparação vai deixar o caminhoneiro mais atualizado para lidar com as novidades dos veículos de carga. O curso virtual Novas Tecnologias tem 20 horas de duração e, na sala de aula, os alunos estudam os conceitos e o significado de cada tecnologia. Em um
computador, no laboratório, poderão vivenciar todas as situações que envolvem a atividade. O condutor não precisa ter conhecimentos prévios de informática porque o curso será desenvolvido com o acompanhamento de instrutor especializado. Em parceria com a Mercedes-Benz, o Sest Senat desenvolve também o curso Condução Segura e Econômica e o curso Excelência Profissional para Motoristas de Transportes de Cargas, em seis Estados brasileiros (São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo). Dirigindo um caminhão da montadora, os alunos aprendem, por exemplo, quais as situações que impedem o maior rendimento do veículo durante o deslocamento. Nos cursos chamados itinerários formativos, os alunos também aprendem aspectos de tecnologia embarcada. Conheça alguns cursos do Sest Senat na página 25
ATUALIZAÇÃO Ricardo Alves Pereira
privacidade que seria causada por alguns equipamentos modernos que “contam” para a empresa onde o motorista está e como ele dirigiu em todo o percurso, o mineiro Rezende diz não se incomodar. É melhor garantir a segurança. “Sou disciplinado e gosto de trabalhar da forma correta. Detesto ser chamado à atenção. Por isso, para mim, quanto mais equipamento tiver pela nossa segurança, melhor.” Sempre que pode, Rezende
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está mais instruído. Melhorou a bém estar atento à qualificação” CYNTHIA CASTRO
ATUALIZAÇÃO Saiba mais sobre alguns cursos oferecidos nas unidades do Sest Senat Administrador da Frota Público-alvo: Profissionais das áreas operacionais, de controle de frota e de logística Objetivos • Conhecer instrumentos para o planejamento da frota • Conhecer os fatores para decisão entre frota própria ou contratada • Identificar o momento certo para renovar a frota Atendimento Eficaz ao Cliente Público-alvo: Profissionais de qualquer segmento Objetivos • Compreender a importância de conhecer as características da empresa • Perceber que controlar emoções, diminuir o estresse e gerenciar problemas com eficiência são atitudes fundamentais no atendimento a clientes • Perceber como ocorre a fidelização dos clientes e como mantê-los Direção Preventiva
fez curso no Sest Senat de Belo Horizonte
Público-alvo: Condutores em geral Objetivos • Reconhecer as atitudes que configuram comportamento seguro e de risco • Identificar as atitudes que evitam acidentes com pedestres • Identificar os componentes do veículo que demandam manutenção periódica Condução Econômica
busca informação sobre o que há de novo no mercado, em revistas, jornais ou livros. Fazer cursos, oferecidos pela empresa que trabalha e pelo Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), também tem sido uma estratégia adotada por ele nos últimos anos para se manter atualizado depois de algumas décadas de profissão. O diretor da Autotrac Comércio e Telecomunicações, Márcio Toscano, afirma que tanto
Público-alvo: Condutores de veículos de cargas e de passageiros Objetivos • Conhecer as principais regras práticas da condução econômica • Identificar aspectos que dificultam o deslocamento dos veículos, impedindo o maior rendimento no deslocamento • Conhecer a tecnologia embarcada de apoio à condução econômica Informática Básica Público-alvo: Profissionais de empresas de qualquer segmento
Objetivos • Explicar o que é um programa e identificar suas responsabilidades • Utilizar as principais ferramentas de trabalho do Word • Entender a organização da Internet Cursos Operacionais do Transporte de Cargas Público-alvo: Profissionais da área de gestão das empresas de transporte de cargas e armazéns Objetivos • Conhecer a diferença entre gastos, custos e despesas • Conhecer métodos de cálculos de custos operacionais • Conhecer as aplicações dos custos nas empresas Condutor de Veículos de Transporte de Produtos Perigosos Público-alvo: Condutores interessados em atuar no transporte de produtos perigosos Objetivos • Conhecer a normatização para condução de veículos de transporte de produtos perigosos • Aprender sobre a responsabilidade do condutor de transporte de produtos perigosos • Entender a responsabilidade civil e criminal do condutor Manuseio de Cargas Perigosas Público-alvo: Profissionais da área de transporte de cargas e armazéns Objetivos • Aprender como são classificados os produtos perigosos quanto aos riscos de manuseio e transporte • Saber verificar as informações da ficha de emergência e do envelope de transporte com a nota fiscal • Conhecer a ficha de informação de produtos químicos Transportador Autônomo de Cargas Público-alvo: Condutores autônomos Objetivos • Capacitar para o gerenciamento e planejamento correto de sua atividade • Conhecer e identificar os principais equipamentos de tecnologia embarcada • Mostrar procedimentos de segurança no transporte e arrumação de mercadorias Fonte: Sest Senat
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“As estradas exercem um fascínio muito diferentes, conhece pessoas e lugares RENATO PEREIRA REZENDE, 55, CAMINHONEIRO
MERCADO DE TRABALHO
Demanda por caminhoneiro vai aumentar Atualmente, o Brasil tem aproximadamente 1,4 milhão de caminhões em operação. O número de caminhoneiros é ainda maior, e a demanda por esse profissional está aumentando. Há a necessidade de mão de obra qualificada, e a tendência é que o Brasil precise ainda de mais caminhoneiros nos próximos anos. Mais de 60% do transporte de cargas se dá pelo modal rodoviário, e a mudança na matriz deve demorar anos para acontecer. O Brasil tem registrado crescimento econômico expressivo. Com isso, torna-se mais necessária a atuação do caminhoneiro, conforme destaca o presidente da Fenatac (Federação Interestadual das Empresas de Transporte de Cargas), José Hélio Fernandes, também conselheiro da CNT. “A venda de caminhões está aquecida, a economia está aquecida. E já temos muitas empresas com caminhões parados por falta de mão de obra. É um problema generalizado em todo o Brasil
e atinge também outras profissões”, diz Fernandes. Em 2010, as montadoras bateram o recorde histórico de vendas no Brasil. De janeiro a novembro, foram vendidos 140,2 mil caminhões, quase 50% a mais que no mesmo período do ano anterior. A maior parte, 45.591 (67,5%) é da categoria caminhão pesado. E a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) atribui o recorde ao aquecimento da economia e às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A maior movimentação nas estradas para escoar os produtos do agronegócio, da mineração e também o incremento na construção civil está aumentando a demanda por caminhoneiro. “Se as vendas continuarem nesse ritmo, em dez anos teremos mais de 1 milhão de caminhões novos entrando no mercado. Precisaríamos de, no mínimo, a mesma quantidade de motoristas, o que não é
tarefa nada fácil”, diz o presidente da Fenatac. O presidente da Fecam (Federação dos Caminhoneiros Autônomos dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e conselheiro da CNT, Eder Dal´ Lago, destaca que “sem caminhão o Brasil para”. O presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, também presidente da seção de transportadores autônomos, de pessoas e de bens da CNT, reforça a importância de treinar os motoristas para que eles possam operar com eficiência as novas tecnologias disponíveis no mercado. Entretanto, em relação aos autônomos, Fonseca destaca que eles têm dificuldades em obter caminhões novos e tecnológicos. “O problema é que o autônomo não tem como comprovar renda nem tem acesso ao Procaminhoneiro (programa de financiamento do BNDES), para renovar sua ferramenta de trabalho”, diz.
EMOÇÃO Para Renato Pereira Rezen
o caminhoneiro autônomo quanto aquele que trabalha em uma transportadora já entenderam que a tecnologia é uma excelente aliada. “Não há mais espaço para caminhoneiros que não respeitam as regras de segurança, as normas ambientais, os horários contratados de coleta e entrega e não dominam os recursos disponíveis no caminhão para fazê-lo ser mais eficiente”, diz Toscano. Segundo ele, “esse funil tem contribuído para que a categoria se torne mais especializada e que efetivamente contribua para o crescimento das empresas em
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grande. A gente vive muitas emoções que talvez nunca conheceríamos”
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JULIO FERNANDES/CNT
de, conhecer pessoas e lugares é um diferencial da profissão de caminhoneiro
que atua”. A Autotrac, em operação desde 1994, atua no segmento de comunicação móvel de dados, monitoramento e rastreamento de frotas. A empresa desenvolve produtos e serviços para o setor de transportes, nos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. O diretor afirma ainda que, com a oferta dos sistemas, os caminhoneiros “passaram a ter mais segurança e apoio nas estradas, além de aprimorar a sua forma de operar a logística e a própria condução do veículo”. Entre os sistemas que a
Autotrac oferece estão produtos para frotas de longa distância (baseados em tecnologia via satélite), aparelhos para operações urbanas e equipamentos específicos para a telemetria do caminhão (técnica de processamento e transmissão de dados a distância), úteis para empresas que transportam cargas perigosas ou têm frota pesada. Atualização Além de atrair jovens motoristas e estimular muitos veteranos a se atualizarem, a tecnologia contribui para que
ESCOLHA Lívio Gonçalves da Costa diz que só se imagina sendo caminhoneiro
aumente a procura por mão de obra mais qualificada. A necessidade de atualização dos motoristas de caminhão em relação às novas tecnologias disponíveis no mercado é uma demanda que vem sendo levantada pelos empresários do setor de transporte. Quem domina as técnicas tem mais chances de colocação no mercado. Com isso, o profissional acaba se interessando em aprender para driblar as dificuldades, conforme destaca o presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de
Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), Vander Francisco Costa, também conselheiro da CNT. Segundo ele, um grande desafio das empresas para se conseguir bons motoristas é o treinamento (e conscientização) sobre segurança e sobre os procedimentos corretos na estrada. “As empresas que investem em segurança e treinamento conseguem se diferenciar. Há uma necessidade enorme de se conscientizar o motorista para a importância de uma direção defensiva.”
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O herói das rodovias espírito heroico presente nos caminhoneiros que trabalham diariamente nas rodovias brasileiras está reportado no livro “Caminhoneiro Herói”, de Graziela Potenza e Francisco Reis, lançado no segundo semestre de 2010 pela Tudo em Transporte Editora, que edita a revista “Caminhoneiro”. Vinte e cinco profissionais, de diferentes idades, contam casos interessantes ocorridos durante o trabalho. São histórias que passam pela solidariedade com outros motoristas e passageiros, pelos desafios encontrados nas rodovias e pelos encontros interessantes proporcionados pela profissão. O caminhoneiro Nardi Manuel da Silva, 63, relata, por exemplo, que teve o prazer de conhecer o velejador Amyr Klink durante uma viagem de trabalho. “Sem querer ser pretensioso, em um momento da viagem me senti como ele: um desbravador solitário. Enquanto ele ia ficar um bom tempo sozinho no mar, eu estava atravessando um deserto de 600 km de distância, onde não se via ninguém. Era eu, meu caminhão e Deus.” O livro comemora os 25 anos da revista “Caminhoneiro” e teve patrocínio da Mercedes-Benz e incentivo da Lei Rouanet. Segundo os organizadores, o projeto tem o objetivo de valorizar a dedicação dos caminhoneiros ao trabalho e mostrar a importância da atuação desses profissionais para o desenvolvimento do país. Leia a seguir trechos de algumas histórias.
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eserto’ d o d io r é t is om me marcou ‘Enfrentando os. A que mais
es vizinh ecer Amyr viagens por país as m gu al fiz nidade de conh e tu o ir or te op in a il ve as ti Br egado de de “Conheci o barco. Fui encarr na Argentina, on um a, ai em hu o Us nh o zi ra so lar, trobras em foi a que fiz pa lta na calota po , da base da Pe vo el a es u di de eo e ól qu r de s etros. A il litro Klink, o velejado de 4.000 quilôm nque, com 30 m ta em oag hã vi in a m Um ca baixas aia. transportar um do para suportar cidade de Ushu vi a ol é nv at se P) de (S s te po m almen ria dar São José dos Ca el comum pode el que foi especi es es di di um eo e ól l o Su ou in ve a oportunier rumo ao Polo Petrobras patroc ansporte e eu ti yr Klink ia desc tr o Am al ou in in af oc s, tr ra pa va E, sem querer temperatu qual eu trabalha o o Amyr Klink. na m a co es el pr ív cr em in A . ssoa dor solitário. problemas e: um desbrava lindos e uma pe el s o re m ga co lu i er nt ec se deserto de me dade de conh ento da viagem atravessando um om va m ta es um eu , em ar o, ser pretensios po sozinho no m caminhão e ar um bom tem m. Era eu, meu fic ué ia ng Ele já e ni el a vi to an se Enqu reguei o diesel. onde não ar sc a, ci de e ân k st in di Kl de s ncia, Amyr 600 quilômetro reiro por excelê tava o barco de tu es en de av on o, o ir rt ne po ção de caminho entura. Mas, Deus...Cheguei ao ir...No meu cora em busca de av rt o pa rc ba ra e pa el to qu on na l...” e ir estava pr mais confortáve ocar de veículo to tr ui m de é e e ad os nt vo en senti uma balança bem m meu caminhão pensando bem, Si Nardi Manuel da
lva, 63
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‘Honestidade a cima de tudo’ “Desde
pequeno, aprendi com minha mãe qu ficar com aquilo qu e a gente não deve e não nos pertence . Hoje, além de prat ditado no meu dia icar esse a dia, repasso a im portância disso ao filhos. Um dia dess s meus es, em São Luís do Maranhão, resolvi um posto para alm parar em oçar. Quando cheg uei ao banheiro, vi pendurada em um uma bolsa dos chuveiros. Ch eguei perto e perc estava aberta e ch eb i que eia de dinheiro. Co mo eu não tinha a de ficar com ela, ne in tenção m me preocupei em saber o valor tota peguei a bolsa e gu l. Apenas ardei esperando qu e o dono voltasse buscar. Uns 15 min para utos depois, entra no banheiro um se idade, apressado nhor de e nervoso, procur an do pela bolsa. Eu perguntas sobre a fiz algumas cor e o que tinha dentro, até me ce que ele era realm rtificar de ente o dono. Quan do tive a certeza, a bolsa para ele, qu en treguei e ficou muito cont ente...” Alvino Ribeiro, 55
‘Sou caminhon eir não me rendo n a e unca’ “Enfrentei muito s problemas po r ser mulher em uma profissão domin ada pelos homens, mas se mpre tirei de le tra. Com relação ao prec onceito, me acos tumei e o sinto apenas de uma minoria de homens machistas e desi nformados. Fiz gr andes amigos por essa s estradas. Fui aj ud ada por eles em algu mas situações e cheguei a ajudá-los em outras. Afinal, o buraco da estrada não vê sexo, estoura o pneu do caminhão de homens e de m ulheres. O preconceito, ti ro de letra...” l Roseli Dutra N ascimento, 58
o lugar’ ir e im r p m e o ‘O próxim ria
por conta próp Belo (MG). Trabalho po m Ca de es, estava e ad cid “Moro na 83. Há quatro mes 19 o an ú, ba ck tru hão vo de Campanha, na dirigindo um camin te, passava pelo tre on riz Ho lo Be de mbém aos que se retornando uito das Águas e ta rc Ci o ra pa rta po neiro, ouvindo Fernão Dias – es como o Rio de Ja nt rta po im es ad O céu era de destinam a cid música me acalma. de o tip se Es . os lic para a esquerda louvores evangé e. De repente, olho nt le ce ex e ad ilid cima...Vi um brigadeiro e a visib com as rodas para co an br o rr ca um ar perto da rodovia e avisto olvi parar...Ao cheg es ...R te en am ad er va para sesp de choque e aponta rapaz acenando de do ta es em va ra nt enco is ele pedia ajuda desse rapaz, que se uação era difícil, po sit a e qu i eb rc pe , a pessoa presa ao o automóvel ra o carro, vejo um pa ho ol do an Qu . la clamando de dor, quase sem fa ais duas pessoas re m e da ca hu ac m inha vasta volante, muito tive calmo e usei m an m e .M o.. rr ca do no banco de trás a eles. Situação mitir tranquilidade ns tra ra telefone e pa ia nc riê expe o passo foi pegar o im óx pr o , da la ro nt de um resgate...” aparentemente co topista, em busca Au da o rr co so o ligar para
Serviço
Livro: “Caminhoneiro Herói” Site: www.caminhoneiroheroi. com.br Mais informações: pelo telefone (11) 3049-1799 ou e-mail historias@caminhoneiroheroi. com.br
o Pereira, 44 Raimundo Robert Fonte: Livro “Caminhoneiro Herói”
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ESTRADAS
Planejar é a melhor opção Revisão do veículo, escolha do posto de combustível e paradas para descanso são atitudes que garantem uma viagem tranquila POR
anutenção constante e revisão mecânica, seja em veículos de passeio ou de carga, são cuidados básicos para garantir uma boa viagem. Além deles, a escolha pelo posto adequado na hora de abastecer pode significar um percurso tranquilo e sem surpresas desagradáveis. Entidades e especialistas afirmam que, antes de qualquer excursão, a melhor dica é planejar o roteiro e pesquisar os
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LETICIA SIMÕES
estabelecimentos disponíveis ao longo da via. Alísio Vaz, vice-presidente-executivo do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), diz que uma opção viável ao escolher o posto de abastecimento é reconhecer a marca do local. “Se a bandeira for associada a bons serviços e produtos, ele é confiável. O motorista deve considerar se o local tem
essa marca de respeitabilidade”. Vaz afirma que a aparência do estabelecimento também pode indicar bons serviços. “Iluminação, pista limpa e uso de uniformes pelos funcionários sugerem que o lugar é benquisto. Outros aspectos como refeição, troca de óleo, lavagem e demais funções que podem completar a necessidade do motorista também servem como diferencial.” Ele afirma que, por muitas
vezes, o motorista se vê atraído pelo preço. Mas, segundo o dirigente, a vantagem econômica não representa garantia de qualidade. “O valor não deve ser preponderante sobre outros aspectos de confiabilidade, como segurança, por exemplo.” Combustíveis adulterados são uma realidade tanto nas estradas quanto nos grandes centros urbanos. “Milagre não existe. O motorista, esteja ele em carro de passeio ou caminhão,
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PAULO ASSIS/FUTURA PRESS
não pode levar como condição de abastecimento o preço. O que existe é uma média para fixar os valores”, afirma José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo). Por meio de sua assessoria de imprensa, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) afirma que o consumidor pode e deve exigir o
teste de proveta (que mede o teor de álcool na gasolina) sempre que julgar necessário. Além disso, indica a entidade, solicitar a nota fiscal do posto revendedor pode auxiliar em reclamações futuras. De acordo com a ANP, o motorista também deve verificar outras obrigações do estabelecimento, como a exposição do quadro de aviso da agência em local destacado e visível. Ele exibe o nome e a razão social do posto
revendedor, o endereço eletrônico da autarquia e o número de telefone do CRC (Centro de Relações com o Consumidor). O quadro informa também que as queixas do cliente não atendidas pelo posto devem ser encaminhadas ao CRC, em ligação gratuita. A agência enfatiza que, no caso de postos de bandeira branca (que não têm vínculo contratual com distribuidora específica), o consumidor precisa observar se o nome
da distribuidora da qual o posto adquiriu os produtos está informado na bomba abastecedora. “Com combustível adulterado, o veículo consome muito mais, não só na estrada como nas cidades. O proprietário do posto é quem garante a qualidade do local e dos serviços prestados. Existem os grandes líderes de mercado, mas o relevante são bom atendimento e combustível de qualidade”, diz Gouveia, do Sincopetro.
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APOIO
Indicações via rádio auxiliam profissionais na estrada Os motoristas profissionais mantêm um canal de comunicação para a troca de informações sobre as condições das rodovias e dos postos de combustíveis disponíveis em suas rotas. A difusão é feita, geralmente, via rádio PX, uma faixa de radiofrequência utilizada por radioamadores, com licença da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Fábio Simão, gerentecomercial da ATACSP, confirma que 99% da comunicação entre os caminhoneiros é feita via rádio PX. “Essa troca facilita em tudo. Eles podem ter acesso a informações variadas sobre onde encontrar um posto que ofereça bom preço e atendimento, chuveiro e outros serviços.” De acordo com Simão, as franquias e as bandeiras deram credibilidade ao setor. “A preferência dos caminhoneiros pelos postos bandeirados comprova a melhoria do atendimento e da qualidade dos combustíveis comercializados.” O professor do departamento de Engenharia Mecânica da FEI Ricardo Bock aprova o estabelecimento da rede entre os profissionais. “Quem está na estrada tem condições
de avaliar os estabelecimentos e indicar os mais adequados às suas necessidades. A troca de informação auxilia, inclusive, na questão da segurança para a categoria.” O caminhoneiro Júnior César Ferreira, filiado ao Sindtanque-MG (Sindicato dos Tanqueiros de Minas Gerais), diz que a comunicação via rádio PX é feita diariamente entre os motoristas da entidade. “Às vezes, muitos fazem a mesma rota. Quem pega estrada mais cedo indica os locais melhores, recomendando ou não, determinado posto para os colegas.” Para José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), os melhores postos estão concentrados nas rodovias concessionadas. “As estradas pedagiadas têm postos com ótimo atendimento. A BR-116 tem uma estrutura muito boa com atendimento e infraestrutura adequados. Acredito que em algumas rodovias das regiões Norte e Nordeste as condições desses estabelecimentos ainda deixem a desejar.” Dezenas de unidades do Sest Senat estão anexas a postos de combustíveis. No Sest Senat de João
Monlevade (MG), a presença dos motoristas que trafegam pela BR-381 é frequente nos atendimentos odontológicos urgentes. “Motoristas que passaram por um atendimento emergencial acabam fazendo todo o tratamento na unidade, mesmo sabendo que existem outras próximas de suas casas, em outras regiões”, afirma o diretor José Hairton da Silva. A unidade de João Monlevade é anexa ao posto Marfim, onde pernoitam, aproximadamente, 130 caminhoneiros diariamente. O Sest Senat de Três Rios (RJ) também é anexo a um posto de combustível. Maristela Spinelis Costa, diretora da unidade, afirma que o motorista profissional aproveita os intervalos do percurso para buscar atendimento odontológico. “Todos os dias atendemos motoristas que estão de passagem pelo posto. Alguns vêm até a unidade agendar e outros telefonam da estrada, informando a que horas irão chegar. Dessa maneira, conseguimos agilizar o atendimento ao usuário sem atrasar a entrega de sua carga.” No posto anexo ao Sest Senat de Três Rios, pernoitam 50 motoristas, em média, diariamente.
ESTRUTURA Unidades do
“Postos bandeirados têm uma rotatividade grande de combustível e, por isso, a chance de se ter combustível adulterado é menor nesses locais”, afirma o professor do departamento de Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Ricardo Bock. O professor diz que a opção entre etanol e gasolina depende do modelo e da região por onde o veículo irá trafegar. Ele ressalta que a diferença de energia entre eles é de 30%. “Um quilo de etanol vai gerar 30% menos calor do que o de gasolina. A rigor, é a mesma diferença do preço na bomba. Se esse referencial for menor que 30%,
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MANUAL DO MOTORISTA Dicas para quem vai pegar a estrada Como encontrar o melhor posto • Abastecer sempre em postos com bandeira reconhecida, pois têm maior rotatividade de combustível e, geralmente, oferecem melhores serviços e infraestrutura O que fazer em caso de suspeita de adulteração • Denunciar o posto revendedor à ANP, por meio da seção Fale com a ANP, no site www.anp.gov.br ou na Central de Atendimento 0800 970 0267 (ligação gratuita). Para que a denúncia seja registrada, é necessário que o consumidor informe o nome, o endereço e o CNPJ do estabelecimento O que fazer em caso de pane seca • Entrar em contato com a concessionária da rodovia, caso seja privatizada • Entrar em contato com a Polícia Rodoviária, em caso de estradas administradas pelo poder público • Contatar a seguradora • Em casos de veículos não assegurados, abordar os veículos que passam na rodovia para solicitar ajuda Fontes: ANP/Fenacat
Sest Senat são pontos de apoio para motoristas nas rodovias do país
muito provavelmente será mais econômico o uso do etanol.” De acordo com ele, esse percentual significa que, abastecido somente com etanol, o carro terá consumo maior de combustível, pois o motor compensa a altercação forçando-se mais. Vaz, do Sindicom, destaca a possibilidade que o motorista brasileiro tem em optar pelo etanol ou pela gasolina. “O consumo de etanol disparou em 2009, mas registrou queda de 10% este ano, em relação ao anterior, devido à alta do preço. A relação de preço entre etanol e gasolina é o fator que indica a decisão do consumidor.” Segundo ele, nas estradas, o desempenho do veículo pode
pesar na decisão. “Se existe necessidade de prolongar a autonomia do carro, a gasolina pode ser mais interessante para o motorista.” A ANP afirma que a seleção do combustível mais adequado deve ser feita segundo a orientação do fabricante do veículo, por meio da consulta ao manual do proprietário ou ao serviço de atendimento ao cliente, quando necessário. Segundo a agência, em caso de carros importados, normalmente o valor de octanagem (índice de resistência a combustíveis) é informado e deve-se selecionar o combustível cujo valor de octanagem mais se aproximar ao estipulado pelo fabricante. As distribuidoras brasileiras são obrigadas a
misturar na composição do diesel (combustível que abastece a maioria dos caminhões) 5% de biodiesel, desde 2008. Facilidades Para Bock, o planejamento antes de pegar a estrada é sinônimo de uma viagem sem surpresas. “Hoje em dia, o motorista encontra muitas facilidades para se programar. Mapas, Internet e outros meios estão bem acessíveis. Isso pode garantir uma viagem segura. Para distâncias acima de 2.000 km, essa logística fica mais difícil, mas, ainda assim, é possível uma pesquisa.” O caminhoneiro Luiz Carlos Neves, presidente da Fenacat (Federação Nacional das
Associações e Cooperativas de Caminhoneiros e Transportadores), também aconselha levantar informações sobre o destino. “Caso seja a primeira viagem, é viável colher notícias com quem já conhece o lugar. Os caminhoneiros podem obtê-las com os próprios colegas. Se o motorista estiver a passeio, um amigo que já tenha ido ao local pode ajudar. Sites de confiança ou das concessionárias das rodovias também são bons canais.” Na opinião dos caminhoneiros, há postos bons e ruins em todas as regiões. “Alguns deixam a desejar na infraestrutura. Não ofere-
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FREDERICO HAIKAL/JORNAL HOJE EM DIA/FUTURA PRESS
COMBUSTÍVEIS Postos com bandeira oferecem mais garantia, diz professor da FEI
cem banheiros limpos e o preço do diesel é muito diferenciado de um Estado para outro”, afirma José Geraldo de Castro Gonçalves, caminhoneiro autônomo há 13 anos. Ele diz que não tem postos certos de parada, mas os mais indicados pelos colegas são aqueles que possuem bandeiras conhecidas. “Postos de grandes redes, geralmente, oferecem vigia noturno. Eles ajudam a cuidar do caminhão. Para quem trabalha na estrada, isso é muito importante.” Caminhoneiro autônomo há 15 anos, Júnior César Ferreira diz que postos bem estruturados, com segurança e infraestrutura para os motoristas são raros, mas existem. “Esses estabelecimentos estão espalhados por todas as
rodovias. O tempo de estrada contribui para acharmos os melhores.” Uma boa dica do caminhoneiro para profissionais ou não é verificar se o posto tem caminhões estacionados. “Se há muitos caminhões em um posto, é sinal de que ali tem boa comida e bom serviço.” Roberto Pessoa Costa foi caminhoneiro por 30 anos. Hoje, à frente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Mato Grosso, diz que o atendimento e a qualidade dos combustíveis melhoraram muito. “Já estive em postos que causavam vergonha, sem a menor condição de funcionamento. Isso mudou. Hoje há lugares que oferecem segurança para auxiliar o caminhoneiro.”
Para ele, abastecer em postos bandeirados é uma garantia de tranquilidade para todos os motoristas. “Frequentar postos conhecidos e não mudar muito é uma sugestão que repasso aos associados do sindicato.” Fábio Simão, gerente-comercial da ATACSP (Associação dos Transportadores Autônomos de Cargas de São Paulo), diz que a segurança tem pautado a escolha dos caminhoneiros. “Muitos postos estão em situação precária. Faltam sinalização, garantias e espaço físico para pernoitar. Por isso, os motoristas procuram sempre os locais mais conhecidos e que possuem segurança própria, pois durante a madrugada acontecem muito roubos.”
A ANP não possui levantamento de quantos postos de combustíveis existem nas estradas brasileiras. O Estado de São Paulo conta com, aproximadamente, 850 deles, espalhados pelas rodovias federais e estaduais, segundo o Sincopetro. De acordo com Alísio Vaz, do Sindicom, não existem estudos que indiquem qual o intervalo ideal para o abastecimento nas rodovias. “O que é mais recomendável, em termos de capacidade de concentração, são de duas a três horas. Esse período é o limite indicado para que o motorista, profissional ou não, pare e descanse”. Neves, da Fenacat, afirma que o aconselhável é se basear na marcação do tanque. “Sempre que atingir a marca de 2/4 de consumo é bom abastecer, pois não existe nas rodovias indicação de quilômetros para o próximo posto.” De acordo com ele, quando não houver postos e o motorista ficar sem combustível, a dica é entrar em contato com a concessionária da rodovia, caso seja privatizada, ou com a Polícia Rodoviária, em estradas administradas pelo poder público. “Contatar a seguradora, se houver sinal de telefonia celular no local, também é uma saída. Se o veículo não for assegurado, a alternativa é abordar os veículos que passam na rodovia e solicitar ajuda”, diz Neves. l
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HISTÓRIA
Riqueza nacional Patrimônio naval brasileiro pode ser visto em exposições e museus que resgatam a tradição e a importância da atividade para o país POR
patrimônio naval brasileiro, que por muito tempo permaneceu restrito ao universo das populações costeiras e ribeirinhas, ganhou as salas de museus. Réplicas de embarcações tradicionais foram produzidas em escala, para contemplar o acervo do Museu Nacional do Mar, em São Francisco do Sul (SC). Modelos em miniaturas estão
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LETICIA SIMÕES
disponíveis no Museu Naval, no Rio de Janeiro. Outra opção para os admiradores dessa riqueza nacional é o Espaço Cultural da Marinha, também na capital fluminense. Além das exposições, o projeto Barcos do Brasil, idealizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), resgata a tradição da atividade pesqueira e contempla ações de
valorização e identificação dos mestres de carpintaria náutica, de manutenção dos barcos tradicionais e de capacitação e qualificação profissional. Maria Regina Weissheimer, coordenadora do “Barcos do Brasil”, diz que o projeto ganhou corpo a partir da criação do Museu Nacional do Mar, em São Francisco do Sul, há 15 anos. “O arquiteto
Dalmo Ferreira Filho foi o responsável pela concepção do museu. Aficionado pela temática marítima e, mais precisamente, pelo patrimônio naval, ele foi uma das poucas pessoas no Brasil que aprofundou o conhecimento sobre os principais contextos de pesca, da construção naval e da pesca artesanal brasileiras.” Segundo a coordenadora, personalidades como o almi-
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ACERVO FOTOGRÁFICO MUSEU NACIONAL DO MAR - E.B/DIVULGAÇÃO
PATRIMÔNIO Museu Nacional do Mar, em São Francisco do Sul (SC), preserva réplicas de embarcações tradicionais brasileiras produzidas em escala
rante Alves Câmara, que ainda no século 19 pediu a modelistas navais de diversas partes do país que reproduzissem em miniatura as embarcações tradicionais regionais, o historiador e antropólogo Câmara Cascudo, Kelvin Duarte, estudioso do modelismo naval brasileiro, Luiz Phelipe Andrès e Lev Smarsevski, autores de livros ligados à temática naval, e o
navegador Amyr Klink, entre outros, antecederam ou se somaram à iniciativa de valorizar o patrimônio naval brasileiro e contribuíram para a criação do museu. Amyr Klink é patrono do “Barcos do Brasil”. Para ele, o Museu Nacional do Mar é um grande exemplo para divulgar a riqueza das tradições náuticas brasileiras, bem como o projeto. “A iniciativa é impor-
tante, pois é necessário trabalhar a preservação desse patrimônio. Eu sou um divulgador, mas existe uma falta de interesse cultural no país. Não houve ainda uma postura consciente em relação à importância de todo esse acervo.” A primeira canoa de Klink e o barco utilizado por ele na travessia solitária pelo oceano Atlântico, em 1984, fazem parte do acervo do museu.
A exposição do museu de São Francisco do Sul recebeu o nome de “Alves Câmara Século 21”, por ser uma extensão da apresentação disponível no Rio de Janeiro, que homenageia o almirante, considerado por muitos um precursor da preservação da memória naval do Brasil. A diferença entre as duas, além de alguns modelos, é que a padronização das réplicas no
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ACERVO VIVA SAVEIRO/DIVULGAÇÃO
PRESERVAÇÃO Saveiro de vela de içar faz parte do patrimônio naval brasileiro
Museu Nacional do Mar foi feita em escala. Já no Museu Naval são miniaturas. “A ‘Século 21’ inclui novos exemplares da diversidade das embarcações tradicionais existentes em lagoas, lagos, rios e da costa brasileira. A exposição inclui também personagens referentes à embarcação, produzidos na mesma escala”, afirma Ana Lúcia Coutinho, diretora do museu. Exemplares da canoa de convés de Santa Catarina, da canoa de pranchão do Rio Grande do Sul, do bote da
lenha da região de Florianópolis e a falua de passageiros do Rio de Janeiro são alguns dos modelos que representam a diversidade das embarcações. O processo de criação é artesanal e o acervo conta hoje com 80 peças. No Museu Naval, os barcos em miniaturas fazem referência a peças produzidas no país desde 1908. O projeto resgata embarcações de diversas regiões, como as baleeiras, comuns em Santa Catarina, as jangadas do Ceará e os saveiros baianos.
Tanto o acervo do Museu Nacional quanto a exposição do Rio de Janeiro viajam pelo Brasil com alguns modelos para mostras itinerantes. O Espaço Cultural da Marinha, no centro do Rio, possui uma exposição permanente chamada “O poder naval na formação do Brasil”. A mostra destaca a participação da esquadra na história brasileira e a importância que o acervo náutico nacional teve na formação do país. Maquetes de navios, obras de arte, canhões resgatados de
navios naufragados, figuras de proa e medalhas, entre outros objetos, contemplam a apresentação. O museu oferece recursos multimídia de som e imagem para os visitantes. Para Maria Regina, do “Barcos do Brasil”, as ações do projeto, além de contribuírem para a preservação do patrimônio cultural e naval, servem como um canal de valorização para os brasileiros que vivenciam essa realidade. “O projeto permitiu identificar onde se encontram
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ACERVO MUSEU NÁUTICO/DIVULGAÇÃO
ACERVO FOTOGRÁFICO MUSEU NACIONAL DO MAR - E.B/DIVULGAÇÃO
RESGATE Canoa de pranchão, tombada pelo Iphan
os últimos construtores de jangada de pau, uma embarcação típica do Nordeste brasileiro, em vias de extinção.” O “Barcos” tem executado projetos-pilotos Brasil afora. “O trabalho consiste em estimular as localidades para que elas se envolvam e que o Iphan, em todos os Estados, seja capaz de pactuar ações locais. O projeto busca parceiros para criar unidades regionais do Museu Nacional do Mar. A ideia é que essas unidades tenham um acervo reduzido, de peças relaciona-
HOMENAGEM Exposição no Museu Nacional do Mar leva o nome de “Alves Câmara Século 21”
das com o contexto regional, e sejam mais interativas”, diz a coordenadora. Ela destaca que o patrimônio naval é um dos ramos mais ameaçados da riqueza nacional. “A ameaça se deve ao crescente processo de transformação das paisagens, provocado pela intensa urbanização e industrialização do Brasil. Outro fator é a pressão imobiliária exercida na costa brasileira, responsável pela expulsão de vários núcleos pesqueiros dos seus locais tradicionais.” Maria Regina aponta,
ainda, a prioridade dada ao transporte rodoviário, com a abertura da malha em todo o país. “As rodovias foram priorizadas, em detrimento da navegação de cabotagem e do transporte fluvial. Além disso, as políticas de incentivo à indústria pesqueira contribuem ainda mais para a liquidação de formas de pesca e de construção naval tradicionais.” A coordenadora enfatiza também a falta de conhecimento acerca da diversidade do patrimônio naval brasileiro. “Poucas pessoas foram capa-
zes de olhar para um barco de madeira e perceber que nele podem estar sintetizados conhecimentos seculares, trazidos ao Brasil por europeus e africanos, conjugando conhecimento indígena local, tradições árabes, indianas e de outras influências que já haviam sido incorporadas pelos portugueses.” Os próximos passos do “Barcos do Brasil” vão contemplar, entre outras ações, a mobilização de comunidades costeiras e ribeirinhas para que se envolvam no projeto com iniciativas locais. l
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AEROVIÁRIO
Próximos desafios Mesmo com taxas de crescimento superiores a 300%, a aviação regional ainda enfrenta gargalos na área de infraestrutura POR
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m um país com as dimensões do Brasil, o transporte aéreo tem papel fundamental na integração e no desenvolvimento das diversas regiões, seja no transporte de cargas, seja no transporte de passageiros. E a melhor forma de ligação entre o interior e os grandes centros urbanos em Estados com áreas territoriais amplas, como Amazonas, Pará, Mato Grosso e Minas Gerais, são os voos oferecidos por companhias aéreas regionais. Essa é uma atividade que vem, anualmente, apresentando
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altas taxas de crescimento. De 2002 a 2010, a participação no mercado das empresas aéreas regionais cresceu 340%, passando de 1,5% para 5,5%, segundo a Abetar (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional). Porém, a falta de condições em alguns aeroportos que recebem voos no interior do país pode ameaçar a continuidade desse crescimento. A grande maioria dessas áreas mantém uma infraestrutura deficitária e nem sempre oferece as condições de segurança e conforto
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PLANEJAMENTO
Ampliação das atividades em 2011 Mesmo com todas as dificuldades de operar em determinados aeroportos, as empresas aéreas regionais mantêm seus planos de investimentos e ampliação de rotas para este ano. Depois de registrar crescimento de 80% na participação do mercado entre 2009 e 2010, a Passaredo prepara para 2011 a ampliação do número de frequências nas cidades já atendidas. Para isso, três novas aeronaves ERJ-145 devem entrar em operação. “Uma das nossas estratégias para este ano é criar rotas diretas entre algumas cidades com baixa demanda. Assim, podemos cobrir uma fatia do mercado ainda aberta e ajudar a desafogar os grandes aeroportos do país”, afirma Ricardo Cagno, diretorcomercial e marketing da empresa. Entre os novos voos que serão oferecidos pela Passaredo estão GoiâniaSalvador, Goiânia-Curitiba e Goiânia-Porto Alegre. A companhia atende 20 cidades brasileiras com 15
aeronaves (dez ERJ-145 com capacidade para 50 passageiros e cinco BEM-120 Brasília, com capacidade para 30 passageiros) e fechou 2010 com 750 mil passageiros transportados. Em 2004, quando foram reiniciadas as operações, o número era de apenas 17 mil passageiros por ano. Para o presidente da Puma Air, Gleison Gambogi, mesmo com o crescimento do setor aéreo nos últimos anos, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados. “Existem aeroportos no país que não oferecem nenhuma condição de pouso e decolagem. E esse não é só um problema de aeroportos pequenos. Os de grande porte, quando não operam no limite da capacidade, também têm condições precárias.” A Puma opera linhas entre Belém, Macapá, Fortaleza e São Paulo com um Boeing 737300, com capacidade para 132 passageiros. Em dezembro do ano passado, a empresa passou a fazer a rota São LuísSantarém-Recife.
CONGRESSO Apostole Lazaro Chryssafidis, presidente
adequadas para a operação das companhias aéreas. Administrados, na maioria das vezes, por governos estaduais, municipais ou por empresas terceirizadas, esses terminais, quando não atendem às exigências necessárias, deixam de receber voos, o que prejudica o desenvolvimento da atividade. O assunto foi destaque no 5º Congresso Abetar 2010, realizado em dezembro, na sede da CNT, em Brasília. Com o tema “A nova aviação regional: crescimento e desafios”,
o evento reuniu representantes do governo federal, gestores de aeroportos e empresários do setor aéreo. “O desenvolvimento do interior do país passa pelas asas da aviação regional e, por isso, precisamos investir em infraestrutura. Nossas companhias aéreas têm aprimorado seus serviços, falta a contrapartida”, afirmou Apostole Lazaro Chryssafidis, presidente da Abetar, durante a abertura do congresso. O trabalho intitulado “Estudo para adequação da
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da Abetar (dir.), falou sobre a importância da aviação regional para o desenvolvimento do interior do Brasil
infraestrutura aeroportuária nas regiões de interesse turístico”, iniciado pela associação em 2010, apresenta as maiores deficiências dos aeroportos regionais e o valor dos investimentos necessários para que os mesmos ofereçam condições de operação. O estudo é uma parceria da Abetar com o Ministério do Turismo e está sendo desenvolvido pelo ITA (Instituto de Tecnologia Aeronáutica). Em todo o país, 174 aeroportos que já recebem voos regionais ou têm demanda para
“Uma das estratégias é criar rotas diretas entre cidades com baixa demanda” RICARDO CAGNO, DIRETOR-COMERCIAL DA PASSAREDO
isso serão analisados. A fase inicial foi realizada na região Centro-Oeste, onde 27 aeroportos em potencial foram identificados. O Mato Grosso, com 15 aeroportos, já teve os dados fechados. Pelo levantamento, o Estado precisaria investir R$ 73 milhões entre 2011 e 2015 para adequar a infraestrutura dos aeroportos à projeção de crescimento no número de passageiros. De acordo com Anderson Ribeiro Correia, responsável pelo estudo e coordenador do
curso de pós-graduação em engenharia de infraestrutura aeronáutica do ITA, as maiores deficiências dos aeroportos estão relacionadas ao terminal de passageiros e à instalação dos equipamentos contraincêndio. Dos 15 aeroportos analisados, somente um, o de Cuiabá, que está sob administração da Infraero (estatal que administra 67 aeroportos em todo o país), tem a categoria do contraincêndio suficiente para atender a demanda projetada para os próximos anos. Todos os outros precisam de adequações e, segundo Correia, elevar essa categoria custa, em média, R$ 1 milhão por aeroporto. Padrões internacionais da aviação civil determinam dez categorias de serviço contraincêndio, de acordo com a movimentação de passageiros nos terminais. “Um Brasil que quer ser a quinta economia do mundo não pode conviver com aeroportos precários”, afirma o professor. Para ele, a aviação não pode parar no país por falta de equipamentos e pavimentação nas pistas, e a solução é investir. Chryssafidis, presidente da Abetar, defende, além dos investimentos, uma maior flexibilização das regras definidas pela
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MERCADO AÉREO Veja evolução da participação das empresas nos voos domésticos (%) EMPRESA Azul Gol Meta NHT Avianca (OceanAir)* Passaredo Puma Air TAM Total Trip Webjet
2006 34,00 0,06 1,46 0,06 0,05 47,96 0,54 0,40 0,32
2007 39,56 0,04 2,43 0,09 0,02 48,86 0,53 0,47 0,77
2008 0,03 42,46 0,04 0,03 2,79 0,18 0,01 50,30 0,15 1,13 2,46
2009 3,82 41,37 0,03 0,03 2,54 0,42 0,00 45,60 0,11 1,50 4,46
2010** 6,73 39,15 0,02 0,02 2,52 0,65 0,10 42,83 0,08 2,25 5,60
* A empresa sofreu alteração no nome fantasia em 2010 ** Até outubro Fonte: Anac
INVESTIMENTO Empresa aérea Puma
Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para equipar os aeroportos regionais no país. “Precisamos ser mais flexíveis. Entendemos que a segurança é prioridade, mas existem regras internacionais que não se aplicam por aqui. Cada aeroporto tem suas particularidades.” A Anac reconhece esse questionamento e afirma que já trabalha para que as exigências levem em consideração a realidade de cada terminal. Segundo Caubi Batista de Souza, da gerência técnica de
As empresas aéreas regionais representam
5,5% do mercado
resposta a emergências da agência, a resolução nº 115, editada em 2009, permitiu que a atividade da aviação regular no país fosse tratada como atividade civil, e não mais como militar. “Com isso, conseguimos melhorar as condições de alguns aeroportos no país.” Em 2009, antes da resolução, dos 136 aeródromos (pista homologada pela Anac destinada a pousos e decolagens; quando possui terminal ou outras facilidades para o embarque de passageiros, é
denominado aeroporto) que recebiam voos regulares no Brasil, apenas 41 cumpriam as exigências dos equipamentos contraincêndio. Em novembro do ano passado, 95 aeroportos já tinham se adequado. Outros 12 tiveram o prazo para o cumprimento das regras estendido até dezembro deste ano. “Recebemos da Abetar um documento solicitando uma nova prorrogação nesse prazo. Entendemos a dificuldade dos aeródromos em ade-
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PUMA AIR/DIVULGAÇÃO
Air registra aumento de demanda de passageiros e amplia oferta de voos para as regiões Norte e Nordeste do país
quar os equipamentos, mas precisamos priorizar a segurança dos usuários. De qualquer forma, estamos avaliando o pedido da associação”, afirma Souza. Outro ponto questionado pela Abetar diz respeito à aplicação de recursos do Profaa (Programa Federal de Auxílio a Aeroportos) para obras de melhorias nos aeroportos. Atualmente gerenciado pela SAC (Secretaria de Aviação Civil) do Ministério da Defesa, o programa vê a cada ano os recursos serem subutilizados.
“Está na hora de fomentar a utilização dos aeródromos privados no país” TARIK PEREIRA DE SOUZA, GERENTE DA ANAC
Dos R$ 112,9 milhões previstos no plano de investimento do programa em 2010, apenas R$ 29,7 milhões foram utilizados. De acordo com a SAC, as principais razões para que o valor não seja aplicado em sua totalidade são a demora dos Estados em enviar o plano de interesse, dificuldade em atender os pré-requisitos, como obtenção de licença ambiental, previsão de contrapartida, comprovação de propriedade do terreno, dificuldade na elaboração de
projetos, demora na obtenção da autorização da Anac para a construção e vedações da Lei de Responsabilidade Fiscal. “Estamos trabalhando na atualização da metodologia, revisando os critérios técnicos para aplicação dos recursos, simplificando o processo e até mesmo retirando algumas obrigatoriedades para facilitar a adequação dos documentos por parte dos Estados”, afirma Douglas Targa, diretor da SAC. De acordo com o gerente de engenharia de infraestrutura da Anac, Tarik Pereira de Souza, a autorização de construção de novos aeródromos já está mais célere, mas mesmo assim os procedimentos levam tempo. Por isso, acredita ele, é preciso informatizar todo o sistema de coleta de dados. Segundo Souza, a agência também estuda possibilidades para reduzir as informações exigidas e ampliar a fiscalização das obras em andamento, bem como aumentar a participação da iniciativa privada na gestão dessas áreas. “Está na hora de fomentar a utilização dos aeródromos privados no país, principalmente pela proximidade dos eventos esportivos que vamos sediar (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas em 2016). Essa pode ser uma das saídas para desafogar aeroportos de médio e grande porte.” l
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TRANSPORTE URBANO
Priorizar o coletivo Com o crescimento das cidades brasileiras, é fundamental pensar em soluções de mobilidade que sejam sustentáveis em longo prazo POR
O PAC 2 deve investir
R$ 18 bi em obras de mobilidade até 2014
processo de urbanização das cidades brasileiras, que atingiu seu auge nos anos de 1970 e desde então continua crescendo, abre espaço para a discussão sobre o futuro dessas localidades. Como elas devem se organizar diante da nova realidade? Números do Censo 2010, divulgado em novembro do ano passado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que a população urbana no Brasil passou de 81,25%, em 2000, para 84,35%, atualmente. Se por
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um lado esse crescimento é positivo porque permite um acesso maior das pessoas aos diversos serviços oferecidos, por outro, ele revela a deficiência em alguns setores e até mesmo no modelo de gestão das cidades. Mais pessoas nos centros urbanos significam um aumento de demanda nas áreas de transporte, moradia, saneamento e educação. E numa época de discussões ambientais, as soluções para oferecer serviços nessas áreas precisam ser pautadas pela sustentabilidade.
Esse novo modelo de crescimento das cidades foi o assunto principal da 11ª edição da Conferência das Cidades, realizada em dezembro na Câmara dos Deputados, em Brasília. Organizado pela CDU (Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados), o evento teve como objetivo principal conhecer os problemas enfrentados pelas cidades e propor soluções para oferecer uma convivência mais harmoniosa. A primeira Conferência das Cidades foi realizada em 1999 e é reconhecida
FOTOS NTU/DIVULGAÇÃO
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ALTERNATIVA
Inovações são importantes para as cidades Não existem regras para se alcançar a sustentabilidade nas cidades, sejam elas brasileiras, norte-americanas ou europeias. No entanto, priorizar determinadas ações que visam o bemestar social da população pode ser um caminho. Para Laura Valente de Macedo, diretora do Iclei (Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais, da sigla em inglês) para América Latina e Caribe, as principais ações para se chegar à sustentabilidade passam pela redução dos impactos sobre os recursos naturais utilizados, a proteção dos bens globais, a manutenção da qualidade de vida das pessoas, com garantias de justiça social, e equilíbrio econômico.
De acordo com ela, investir em inovação é o melhor caminho. “Precisamos buscar novas fontes de energia, como a solar, descentralizar o poder e a gestão das cidades e até mesmo trabalhar para facilitar a comunicação em rede. Precisamos pensar em compartilhar serviços, bens e informação”, afirma. No Brasil, algumas cidades já caminham para isso, como é o caso de Curitiba. A capital paranaense mudou o estilo de vida de sua população quando decidiu investir em transporte público de qualidade, há mais de 40 anos. “Mas ainda é preciso fazer mais”, diz Laura. Segundo a diretora, os melhores exemplos de cidades sustentáveis podem ser observados nos municípios escandi-
navos, como em Estocolmo (leia mais na edição nº 182 da CNT Transporte Atual), na Suécia, ou Copenhague, na Dinamarca. “Essas são cidades que reduziram a pegada ecológica que qualquer atividade causa com coleta seletiva de lixo, utilização de novas fontes de energia e, principalmente, pela valorização dos pedestres.” Laura defende a implantação de medidas que reduzam o número de veículos nas ruas, como o aluguel de carros e até mesmo o pedágio urbano, já existentes na Europa, e outras ações que possibilitem o trânsito de pedestres pela rua. Porém, ela alerta que, antes disso, é preciso melhorar a qualidade das vias urbanas e oferecer segurança à população. DESAFIO Transporte
como a responsável pela aprovação da lei nº 10.257/2001, o Estatuto da Cidade. O tema central da conferência foi o “O futuro das cidades no novo contexto socioambiental”. Um estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mostra que, se fosse possível parar o processo de urbanização agora, mesmo assim os impactos ambientais iriam continuar causando problemas até o final deste século. “Temos estatísticas de que a expansão urbana vai continuar até 2030. À medida que a agricul-
“Temos estatísticas de que a expansão urbana vai continuar até 2030” CARLOS NOBRE, INPE
tura se moderniza, as pessoas trocam o campo pela cidade, e até mesmo pelas de porte médio”, afirma Carlos Nobre, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do instituto. As soluções, segundo ele, já estão elencadas nos Planos Diretores das cidades, como reduzir a impermeabilização do solo e os processos de poluição e aumentar as áreas verdes. “Mas tudo isso é de difícil implantação.” Presente ao evento, o jornalista André Trigueiro, apresentador dos programas “Cidades e Soluções” e “Jornal das Dez” da GloboNews, pós-graduado em ges-
tão ambiental pela Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), questionou a forma de gerenciar os problemas nas cidades. De acordo com ele, não é possível idealizar soluções que se apliquem por igual a todos os centros urbanos. “Cada cidade tem sua história, é singular, e precisa ser pensada de forma individual.” Trigueiro afirma que o início de toda a solução deve ser baseado em planejamentos, e uma das maiores urgências é repensar a mobilidade urbana.
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público de qualidade é o primeiro passo para uma cidade sustentável
Segundo o jornalista, existe uma relação direta entre a ausência de transporte público de massa eficiente e o processo de favelização das cidades. A conclusão vai ao encontro do resultado de um trabalho da ONUHabitat que revela que o modelo de urbanização da maioria das cidades, atualmente, não é adequado porque segrega as populações. O relatório mostra que as pessoas precisam se deslocar por longas distâncias de casa até o trabalho, geralmente em carros próprios, o que além de causar sérios problemas no trânsito, contribui para uma maior emissão de
“Cada cidade tem sua história que precisa ser pensada de forma individual” ANDRÉ TRIGUEIRO, JORNALISTA
gases poluentes e causa problemas de moradias inadequadas. Como não é possível modificar as cidades já existentes, a solução é investir em políticas de mobilidade urbana que revertam o processo de estrangulamento causado pela prioridade que é dada ao carro próprio. “Não existe outra saída para as nossas cidades a não ser trocar o individual pelo coletivo. Precisamos parar de fazer cidades para automóveis. Quem sofre com as agruras da imobilidade são as pessoas”, afirma Ana Lúcia Rodrigues, pós-doutora em urbanismo pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), professora da Universidade Estadual de Maringá (PR) e integrante do Observatório das Metrópoles. A organização da sociedade para exigir políticas públicas que ofereçam um sistema de transporte integrado e vedem a utilização do carro próprio nos grandes centros urbanos é o primeiro passo para um processo de urbanização mais eficiente, segundo Ana Lúcia. A professora também defende que as melhorias na mobilidade urbana devem trazer benefícios para a população como um todo e não apenas para parte dela. Parceria entre o Observatório das Metrópoles e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), do Ministério da Ciência
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e Tecnologia, assinada em dezembro do ano passado, vai permitir o acompanhamento das obras de mobilidade previstas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. “É muito dinheiro envolvido nisso e queremos ter a certeza que, mesmo que haja remoção de pessoas, elas sejam beneficiadas com essas modificações. O grande desafio é transformar as metrópoles em lugares onde as forças sociais e políticas se congreguem em torno de objetivos comuns”, explica Ana Lúcia. Por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Ministério das Cidades já liberou R$ 7,7 bilhões para as obras de mobilidade nas cidades-sede da Copa. Outros R$ 18 bilhões integram o chamado PAC 2 que prevê investimentos entre 2011 e 2014. A maior parte dos recursos será aplicada na implantação de sistemas BRTs (Ônibus de Trânsito Rápido, da sigla em inglês). Pelo menos 20 dos 47 projetos apresentados estão relacionados a esse tipo de meio de transporte baseado no modelo de Curitiba (PR), implantado há 40 anos. O restante será dividido em sistemas de transporte sobre trilhos, como os monotrilhos (trens elevados), que serão implantados em São Paulo e Manaus, e de VLTs (Veículo Leve sobre Trilho), em Brasília e Fortaleza. l
LOGÍSTICA
De Norte a Sul do Caminhões das empresas atacadistas percorrem as regiões do país e abastecem o
DEPARTAMENTO DE MARKETING–EMBRASIL/DIVULGAÇÃO
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POR LETICIA
e gêneros alimentícios industrializados a artigos de higiene pessoal e de limpeza doméstica. De itens de papelaria a material de construção. Tudo isso e mais uma variada gama de sortimentos são transportados pelos grandes atacadistas, responsáveis pelo abastecimento de tantos produtos pelo interior do Brasil. A rotina dessas empresas depende de uma logística especial, já que dezenas de caminhões saem diariamente dos centros de distribuição para, não raro, percorrer milhares de quilômetros. A região Sudeste concentra o maior número de grandes empresas atacadistas, em especial, São Paulo e Minas Gerais. “Vale ressaltar que, na região Sul do país, o Estado de Santa Catarina reúne 10% dos maiores atacados distribuidores do Brasil. De modo geral, as unidades do segmento estão pulverizadas em todas as regiões”, afirma Eduardo Severini, presidente da Abad (Associação Brasileira de Atacadistas Distribuidores de Produtos Industrializados). Ele diz que, nos últimos anos, as regiões Norte e Nordeste têm demonstrado grande potencial de crescimento no setor.
D
Brasil varejo com todo tipo de produto
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SIMÕES
Segundo o dirigente, o atacado distribuidor brasileiro representa 52,2% das vendas do varejo mercearil, que inclui produtos alimentícios industrializados; de higiene pessoal; de limpeza; cosméticos e medicamentos que não necessitam de receita médica. Além disso, o setor movimenta, aproximadamente, 5% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. “O varejo independente, que corresponde a quase 1 milhão de pontos de venda em todo o Brasil, é o principal cliente do atacadista.” A Tambasa, com sede em Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, comercializa mais de 14 mil itens, com maior ênfase para materiais e ferramentas para construção civil. As entregas são feitas em todo o país. Instalada em uma área total de 238 mil metros quadrados, a empresa possui 1.850 funcionários, sendo 220 motoristas para as entregas. A frota é composta de 220 caminhões próprios, entre pequenos, médios e de três eixos, com idade média de 10 anos. “Apesar de a idade média da frota ser alta, há um controle sobre os custos por quilômetro. A empresa conta com mais de 550 veículos agregados
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entre caminhões diversos, utilitários e baú”, diz Carlos Rajão, gerente de transportes da Tambasa. Os roteiros de viagem são feitos diariamente. “São 12 centros de distribuição em seis Estados, para agilizar as entregas em regiões com maior concentração de vendas. Estas são realizadas com veículos menores”, afirma o gerente. Para atender aos 126 mil clientes ativos, a distribuição da Tambasa é dividida em três seções: atendimento em um raio de 100 km, operada com veículos agregados e utilitários, com uma viagem por dia cada um; no raio entre 100 e 250 km, com duas viagens por semana; e, por último, para entregas que exigem viagens entre 7 e 15 dias, operadas com frota própria e agregada. Estas, segundo Rajão, podem demorar até 20 dias. Bruno Álvaro Sales Queiróz trabalha no atacadista há quatro anos. Ele diz que a rotina é pesada, já que passa de 5 a 7 dias longe de casa. Ele faz a rota entre Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. "Às vezes, visito 50 clientes em uma viagem. Mas procuro sempre relevar os contratempos.” O caminhão dirigido por ele é
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ABRANGÊNCIA Empresa mineira Tambasa comercia
“O varejo independente, com 1 milhão de pontos de venda, é o principal cliente do atacadista” EDUARDO SEVERINI, PRESIDENTE DA ABAD
adaptado. O motorista pernoita no próprio veículo todas as noites. "A empresa disponibiliza uma diária para refeições e banho." Queiróz se adequou à distância da família e ao dia a dia na estrada. Ele afirma que a estrutura da empresa o permite superar as adversidades. "Tenho segurança para executar meu trabalho, e a Tambasa oferece toda a liberdade a seus funcionários para propormos melhorias em nosso cotidiano." Treinamento De acordo com Rajão, todos os motoristas da empresa
passam por treinamentos constantes. “O foco é que eles conheçam a gama de produtos, os métodos comerciais e detalhes da operação. Os motoristas funcionários ainda passam pelo treinamento no setor de manutenção, onde são orientados para as emissões de ordens de serviços, além da análise de viagem como velocidade, rotações de motor, desvio de rotas e rastreamento.” O treinamento ocupa de 30 a 45 dias de cada condutor, incluindo duas viagens, acompanhados por um motorista instrutor.
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DANIEL IGLESIAS/O TEMPO
ALDRI/DIVULGAÇÃO
liza mais de 14 mil itens em todo o país
O Aldri Atacadista, com sede em Itajaí (SC), distribui gêneros alimentícios, bebidas e produtos de higiene e limpeza, nos três Estados da região Sul. São 160 representantes comerciais para atender quase 10 mil clientes. “A empresa, no início, comercializava somente produtos alimentícios. Devido ao valor agregado mais alto e também à exigência do mercado, passamos a distribuir outras linhas”, diz o diretor Alceu Alcides Pereira. Toda a frota do Aldri, que tem idade média de 7 anos,
DEMANDA Regiões Norte e Nordeste têm demonstrado potencial de crescimento
“Produtos diversificados e condições de entregas em todo país são essenciais para a atividade” RONIERY MAGALHÃES, CGERENTE DA EMBRASIL
possui seguro contra terceiros. “É uma obrigação da empresa, pois os motoristas e a carga precisam estar seguros na estrada”, afirma Pereira. Os condutores recebem treinamentos por meio de uma parceria estabelecida com a seção catarinense da Abad, além de outros desenvolvidos na própria empresa. O Aldri tem uma estratégia definida para cada saída de caminhão. O atacadista possui dezenas de centros de distribuição espalhados em Santa Catarina, no Paraná e Rio Grande do Sul. “É feito um
rodízio entre os motoristas. Eles saem da garagem com todo o roteiro e têm à disposição um número de telefone 24 horas por dia, de domingo a domingo, para ser acionado caso haja qualquer imprevisto”, diz Antonio Vieira do Amaral Neto, coordenador de logística e transporte da empresa. Segundo ele, os motoristas que seguem para os centros de distribuição têm a oportunidade de conhecer as cidades de destino, já que a entrega é feita direto nos pontos, e não no endereço dos clientes.
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Neto reconhece a importância do motorista para o dia a dia de um atacadista. Ele próprio trabalhou na função por 13 anos e ainda pega a estrada para visitar os centros de distribuição do Aldri. “O condutor leva o nome do atacado ao cliente, é ele quem finaliza todo o processo. O retrato da empresa é repassado pelo motorista para o cliente final.” O grupo Embrasil possui um centro de distribuição com 24 mil metros quadrados e 39 docas de expedição e recebimento. As instalações estão no município de Ribeirão das Neves (MG). A empresa conta com uma frota de 55 veículos próprios e outros 200 agregados, com idade média de 5 anos. O atacadista trabalha com seis segmentos de produtos, em um mix de mais de 12 mil itens, entregues em todo o território nacional. “Desse montante, 60% das vendas estão concentradas nos segmentos de material de construção e agropecuária. Os outros 40% da distribuição estão divididos entre lar, bazar, lazer, ferramentas e linhas especiais, entre outros”, afirma o gerente de transportes Roniery Magalhães Paes. Ele explica que, para aten-
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MERCADO Aldri Atacadista, de Itajaí (Santa Catarina), distribui produtos di
“O retrato da empresa é repassado pelo motorista para o cliente final” ANTONIO VIEIRA NETO, COORDENADOR DO ALDRI
der às cinco regiões do país, o Embrasil desenvolve uma logística distinta. “No início da semana atende-se a região Sudeste. Entre terça e quartafeira, o Centro-Oeste e o Norte, para na quinta irmos ao Nordeste e, na sexta-feira, ao Sul e à Bahia” O pedido é processado internamente. Passa pela análise gerencial, liberação de pedidos e, por fim, roteirização. “Depois, ele é encaminhado para o centro de distri-
buição para separação, conferência e carregamento.” Paes afirma que, para cada região, é determinado um tipo de veículo para as entregas. “Para o Sudeste e Centro-Oeste, são veículos 3x4 e tocos, entre os da frota própria e agregados, para realizar as entregas diretamente aos clientes. Nas demais regiões, faz-se o processo de transbordo. As carretas são carregadas nos centros de distribuição e seguem viagem para realizar
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ALDRI/DIVULGAÇÃO
NÚMEROS DO SETOR Mais de
Quase
250 mil empregos gerados em todo Brasil
1 milhão de pontos de venda presentes
nas cinco regiões brasileiras
Movimenta, aproximadamente,
Faturamento de
R$ 131,8 bilhões em 2009
Expectativa de crescimento de
Trânsito Os motoristas do grupo ficam em trânsito por até 15 dias. “Na chegada, eles realizam a prestação de contas, pois recebem os valores dos clientes. Realiza-se o acerto do frete e um check-list (conferência), com o supervisor da frota para as devidas providências de manutenção do
6% para 2011 Fonte: Abad
versos para os três Estados da região Sul
o transbordo para veículos menores, até finalizar a distribuição.”
5% do PIB nacional
veículo. Então, o condutor recebe folga, que é determinada pela quantidade de dias em que permaneceu em viagem”, diz o gerente. Jair de Paula Inácio é motorista do Embrasil há mais de dois anos. Ele faz a distribuição para o sul de Minas Gerais e para o Rio de Janeiro. “Geralmente, visito 20 cidades por semana. Tenho uma rotina normal. Pego o caminhão na garagem às 6h e faço minhas refeições em
“Atacadistas atuam em diferentes mercados e destinos” CARLOS RAJÃO, GERENTE DA TAMBASA
postos que tenham uma estrutura adequada.” Ele diz que fica na estrada de até sete dias por semana e, por conta da quantidade de entregas, não tem tempo suficiente para conhecer as cidades por onde passa. “Dos municípios disponíveis em minha rota, destaco a cidade de Cabo Frio (RJ), pois as pessoas são educadas e os clientes sempre gentis.” Na opinião de Inácio, a troca de gentilezas facilita a árdua rotina de trabalho. “O motorista é a linha de frente da empresa. Dele, depende o futuro da organização, por isso, é preciso ser cortês e educado, saber se impor para certos momentos e ser maleável nas entregas.” A concorrência entre o setor atacadista é vista com naturalidade pelas empresas. “Os atacadistas atuam em diferentes mercados e destinos, e cada um tem um carro-chefe de distribuição”, diz Carlos Rajão, da Tambasa. Roniery Magalhães Paes, do Grupo Embrasil, acredita que a diversidade de produtos pode fazer a diferença. “Cada empresa possui suas estratégias comercias e operacionais. O Embrasil tem como foco atuar em todos os mercados. Um mix de produtos diversificado e condições de entregas em todo o território nacional são preponderantes para a atividade.” l
PASSAGEIROS POR LETICIA SIMÕES
ongestionamento, sol, chuva, estresse. A vida ao volante nos grandes centros urbanos é um desafio diário para os motoristas do transporte coletivo. Contrariedades e imprevistos são comuns, mas os profissionais os superam com habilidade e dedicação. Junto a esse esforço, diversas ações das empresas do transporte de passageiros auxiliam os condutores na árdua tarefa, por meio de cursos, treinamentos e orientação profissional. A maior metrópole do país, São Paulo, concentra 14.989 veículos cadastrados para operar no transporte coletivo da cidade, totalizando 1.352 linhas divididas entre diversas empresas. Uma delas, a Viação Campo Belo, possui mais de mil motoristas ativos em seu quadro. A empresa organiza rotineiramente palestras motivacionais, de sensibilização e de direção defensiva focadas nas adversidades do trânsito, além de exposições dialogadas e dinâmicas. Sueli de Oliveira, gerente do departamento de Recursos Humanos, revela que uma das reclamações mais comuns entre os motoristas diz respeito ao trânsito caótico da capital paulista. “O motorista que dirige sob estresse corre riscos de acidentes, atropela-
C
Superando Motoristas do transporte coletivo dos grandes centros mentos e de situações de intolerância ao próximo, entre outros aspectos.” Segundo ela, é possível detectar o estresse. “A alteração do comportamento e o aumento da irritabilidade nas tarefas diárias são alguns sinais.” Sueli revela que, para evitá-lo, é necessário investir na qualidade de vida dos colaboradores dentro do ambiente de trabalho. “Incentivar a prática
de exercícios físicos também é uma maneira de eliminar os primeiros indícios.” A empresa também oferece aos profissionais diversos cursos de capacitação e reciclagem. Postura de Atendimento ao Usuário, Atendimento à Pessoa Portadora de Deficiência, Transportando com Segurança Operacional e o Conviver com Ciclistas são alguns deles. O gerente opera-
cional Adonias de Souza afirma que os cursos são aplicados anualmente, na própria sede. “Todos os motoristas recebem a convocação de treinamento, com uma semana de antecedência. Não há resistência quanto à participação e eles vivenciam como um momento de troca de experiência e conhecimento com os outros profissionais.” Segundo Souza, não há registros relevantes quanto ao
JÚLIO FERNANDES/CNT
Cidade de São Paulo tem quase
15 mil veículos coletivos
adversidades usam a habilidade e a dedicação contra os imprevistos do dia a dia afastamento por estresse dos motoristas da Campo Belo. Quando ocorrem, diz ele, o profissional é encaminhado para avaliação da saúde física e mental no setor interno de Medicina do Trabalho. Há sete anos como motorista da Campo Belo, Anderson Marques afirma já ter participado de 46 cursos. “Eles permitem ao profissional aprimorar o trabalho, e com a constante atuali-
zação adquire-se conhecimento sobre novas tecnologias e novas legislações.” A VIP Transportes Urbanos também atua em São Paulo. A empresa possui 3.500 motoristas em atividade. Para oferecer o suporte necessário aos milhares de profissionais do volante, a empresa conta com uma equipe formada por um coordenador de Treinamento e Desenvolvimento, instrutores e
monitores preparados para treinar e desenvolver o potencial humano dos colaboradores. De acordo com o departamento de Recursos Humanos, os motoristas são convidados a participar dos cursos e, apesar de certa resistência inicial à presença nas salas de aula, atualmente eles estão adaptados e cobram quando a empresa atrasa no agendamento dos treinamentos.
Em relação às adversidades da jornada de trabalho, os motoristas da VIP são encaminhados, quando necessário, a uma entrevista individual, com os psicólogos que atuam na empresa. A viação também disponibiliza aos colaboradores a palestra “Estresse no Trabalho”, com foco ao atendimento ao cliente e à direção preventiva. Distribuição de folhetos técnicos de relaxa-
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BARREIRAS
Como lidar com os contratempos diários Enfrentar as intempéries do clima e o trânsito cada vez mais caótico dos grandes centros, mais do que uma rotina para os motoristas do transporte coletivo, passou a ser uma barreira a ser superada todos os dias. Além disso, a violência urbana também assusta os profissionais que, apesar de todas as contrariedades, continuam firmes no intuito de transportar vidas pelas metrópoles do país. Antônio Gomes da Silva é condutor há 22 anos, 20 deles como motorista da Turilessa, empresa do transporte coletivo de Belo Horizonte. Silva afirma que o trânsito pesado aflige os motoristas, mas é preciso lidar com essa realidade da melhor maneira. “O cuidado, o conhecimento e a precaução me ajudam a enfrentar essas tensões. É preciso paciência, iniciativa e contar com a orientação e o apoio da empresa.” Ele foi vítima de assaltos 11 vezes, sob ameaça de revólver e faca. “Sempre existe uma saída. Saber quando a atenção deve ser redobrada é muito importante para o condutor. Toda atitude à frente do volante deve ser tomada com responsabilidade.” Apesar de tudo, nunca pensou em desistir da profissão. “Quando estou em férias, tenho a sensação de que algo
importante está faltando. O prazer da profissão é maior do que as dificuldades.” O condutor Júlio César Barbosa é motorista da Viação Planeta, de Brasília, há 19 anos. Barbosa afirma que a falta de educação no trânsito o incomoda muito mais do que os constantes congestionamentos. “O profissional deve enfrentar todos os problemas com muita calma, colocando em prática o que aprendemos nos cursos e na vida.” Para Aderson Marques, condutor da paulista Campo Belo, a falta de fluidez e a intolerância no trânsito causam desconforto. “O bom motorista consegue lidar com as situações adversas e demonstrar a qualidade do serviço e de seus valores.” Profissional do transporte coletivo há 22 anos, ele afirma que já cogitou desistir da profissão. “A falta de reconhecimento pela categoria e as pressões do dia a dia me incomodam muito.” Hildebrando Alves, instrutor de cursos e treinamentos da Braso Lisboa, com sede no Rio de Janeiro, diz que é importante conscientizar os motoristas sobre as dificuldades da profissão. “Para não estressar demasiadamente o profissional, é preciso que ele entenda que o exercício de sua função, nas circunstân-
cias atuais, será sempre difícil. Trabalhar sob tensão é complicado. Porém, são adversidades inevitáveis e não dependem da ação do motorista.” Alexandre dos Santos, motorista da VIP Transportes Urbanos, de São Paulo, diz que por pouco não se afastou do trabalho, em virtude do estresse. “Houve uma época em que meu tempo de deslocamento de casa para o trabalho, e vice-versa, levava quase três horas. Isso me desgastou bastante, já que enfrentava as dificuldades do trânsito o dia inteiro.” Edgar Gonçalves, também condutor da VIP, afirma que controlar o estresse no dia a dia é o grande desafio a ser superado pelo motorista. “O trânsito intenso e a falta de prioridade para o transporte coletivo nas vias urbanas são recorrentes. É preciso estar sempre bem preparado para superar tudo isso.” Na opinião de Maria Aparecida Ramos, profissional da carioca Real Auto Ônibus, manter a calma nos momentos mais críticos da jornada de trabalho é a melhor dica para enfrentá-los. “O indivíduo não tem o poder de controlar os acontecimentos, mas mantendo a tranquilidade, as coisas melhoram muito. Quando há alguma situação de violência, por exemplo, procuro acalmar os passageiros.”
RESPONSA
mento, com orientações médicas para evitar o estresse, também é uma ação praticada. Alexandre dos Santos está na VIP há quase dois anos e acredita que os cursos auxiliam o motorista a ter maior segurança no trânsito. “Por meio deles a condução fica melhor.” O motorista Edgar Gonçalves enfatiza que a capacitação e a reciclagem são o caminho para que o profissional possa evoluir no mercado de trabalho. Em outra grande metrópole brasileira, empresas também investem na capacitação e orientação dos motoristas. A Transportes Flores, com sede no Rio de Janeiro, tem em seu qua-
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AJUDA AO VOLANTE Veja algumas ações que auxiliam o motorista • Palestras motivacionais • Cursos de capacitação e reciclagem para contribuir com a rotina e prepará-lo para os eventos da jornada de trabalho • Acompanhamento das atividades e elaboração de ações motivacionais • Acompanhamento psicológico • Folhetos técnicos com orientações médicas para evitar o estresse • Veículos limpos e em boas condições de manutenção • Apoio médico quando o profissional é acometido pelo estresse
BILIDADE Antônio Gomes da Silva é motorista há 22 anos, 20 deles na Turilesa
“Quando há alguma situação de violência, procuro acalmar os passageiros” MARIA APARECIDA RAMOS, REAL AUTO ÔNIBUS
dro mais de 1.200 motoristas. Os profissionais contam com cursos mensais e bimestrais que têm o objetivo de contribuir para o cotidiano da atividade. Marcos Antônio Pereira Guimarães, gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional, afirma que a empresa possui uma estrutura adequada para ministrar os cursos. “A Flores conta com cinco salas para treinamento, todas equipadas com os recursos necessários. As turmas são separadas de acordo com o turno de trabalho, para não atrapalhar a escala de serviço.” Segundo ele, o treinando recebe o material didático do módulo. Ao final, é aplicada uma avalia-
ção de eficácia para mensurar o resultado do treinamento. Guimarães diz que, aproximadamente, 4% dos motoristas da Flores são afastados por estresse, anualmente. “A empresa realiza um trabalho específico, com todos os colaboradores afastados. Uma equipe multidisciplinar, com médico do trabalho, assistente social e psicólogo, vem buscando estratégias eficazes de prevenção.” Ele afirma que o motorista acometido pelo estresse apresenta redução da percepção e a consequente diminuição da concentração. “O indivíduo perde um pouco da capacidade de julgamento dos estímulos visuais e, também, desenvolve
certo grau de agressividade, medo e considerável alteração no desempenho de suas funções normais. Tudo isso representa grandes riscos de acidentes e outras complicações no trânsito.” Jennifer Camargo é psicóloga da carioca Real Auto Ônibus. Ela diz que vários fatores podem levar o motorista do transporte coletivo dos grandes centros urbanos ao estresse. “Eventos que produzem perda de tempo, dirigir em horários de pico, ficar atrás de carros lentos e motivos pessoais podem interferir no trabalho.” Ela define o estresse como “um estado de tensão do organismo para se preparar para
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enfrentar ou fugir do perigo”. Segundo a psicóloga, nem sempre o estresse é ruim, salvo quando o indivíduo é exposto constantemente a sobrecargas emocionais. “Sob estresse, o motorista poderá não parar no ponto para passageiros, aumentando a velocidade do veículo para superar o tempo perdido enquanto ‘preso’ no trânsito, o que coloca em risco sua vida e dos demais passageiros.” Jennifer acredita que as empresas do transporte coletivo devem oferecer o suporte necessário ao profissional, para que situações extremas sejam evitadas. “É essencial o atendimento psicológico, planejando e reavaliando o tempo para cumprir itinerários, pois o trânsito é muito dinâmico. Uma boa noite de sono e boa alimentação também fazem diferença. É importante ainda que o motorista vá para o trabalho preparado para encontrar adversidades e tente manter a calma.” A maior queixa dos motoristas da Real, segundo a psicóloga, está ligada à incompreensão dos passageiros quanto aos imprevistos durante o itinerário, como os constantes engarrafamentos, que acabam atrasando o tempo da viagem. Maria Aparecida Lemos é motorista da empresa há seis anos. Ela diz que faz todos os
TREINAMENTO Instrutor Hildebrando Alves passa orientações na Braso Lisboa
cursos propostos, pois entende que eles são fundamentais para seu desempenho. A também carioca Braso Lisboa conta com 373 motoristas ativos, com índice de afastamento por estresse de 31,25% ao ano. A carga horária média é de sete horas diárias. “O funcionário é afastado da função e encaminhado para um serviço de saúde mental”, afirma Samara Jamile, gerente de Recursos Humanos da empresa. A falta de educação no trânsito é o motivo de maior reclamação por parte dos motoristas da Braso, de acordo com ela. A empresa oferece diversos
cursos periódicos para auxiliar seus motoristas, como Direção Preventiva, Combate a Incêndio, Primeiros Socorros, Identificação de Defeitos, Normas de Trânsito e Transportes de Coletivos para Passageiros. “Eles são imprescindíveis, porque possibilitam aos profissionais uma constante atualização e percepção de suas responsabilidades”, diz Hildebrando Alves, instrutor de cursos da Braso Lisboa. Psicologia Os motoristas da Viação Planeta, com atuação em Brasília,
têm à disposição um psicólogo para atendê-los diariamente. “Contamos com parcerias de outras clínicas especializadas quando o número de atendimentos aumenta”, afirma Fernando Eloia, diretor de Recursos Humanos. O número de afastamento por estresse, segundo ele, não é acentuado na empresa. A Planeta tem 1.483 motoristas ativos. Uma série de cursos é disponibilizada aos profissionais, como o de Transporte Coletivo de Passageiros, de Reeducação no Trânsito e de Reciclagem por Reclamações de Usuários, entre outros.
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CAPACITAÇÃO
Sest Senat oferece cursos para o setor em parcerias O Sest Senat mantém parcerias com as empresas do transporte coletivo urbano em várias cidades. O foco é capacitar os condutores para que eles estejam atualizados e preparados para enfrentar os contratempos da rotina de trabalho. A unidade de Belo Horizonte ministra o curso Transporte Coletivo de Passageiros, com carga horária de 50 horas/aula. O curso é obrigatório a todos os condutores do transporte coletivo. Ele obedece às resoluções nº 168 e nº 285 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que tratam das normas e procedimentos para a formação de condutores de veículos automotores e elétricos, e dos cursos para habilitação dos condutores, respectivamente. José Vicente Pinto Júnior, diretor do Sest Senat da capital mineira, afirma que o curso
“O cotidiano do motorista não é fácil. Mas, com habilidade, é possível lidar com os contratempos” CARLOS ALBERTO DA SILVA, TURILESSA
foi consolidado em meados de 2005. “Desde 2008, houve o acordo com todas as empresas que contribuem com o Sest Senat para a gratuidade total desse curso.” O condutor não precisa ser contratado por uma empresa para se inscrever. “O curso é permanente na grade. A programação é divulgada, o aluno se inscreve na unidade e escolhe a data que melhor lhe convier. Alguns cursos são fechados diretamente com as empresas. Esses são específicos para seus funcionários.” Em Contagem (MG), a unidade do Sest Senat mantém parceria com, aproximadamente, 150 empresas do transporte coletivo. Os cursos são abertos a toda região. “As parcerias são firmadas por meio dos departamentos de Recursos Humanos das empresas”, diz o diretor Geraldo
Com mais de 2.500 motoristas, a Turilessa, empresa do transporte coletivo de Belo Horizonte, oferece treinamentos para os condutores com dois focos: técnicos e comportamentais. “O treinamento é visto como um processo de transformação pessoal e profissional”, diz Carlos Alberto da Silva, coordenador de treinamento e desenvolvimento. Segundo ele, faz parte da cultura organizacional da Turilessa o atendimento psicológico aos colaboradores. “A empresa sabe que o cotidiano do motorista não é fácil.
Malta. De acordo com ele, são formadas 40 turmas por ano, o que representa uma média de 1.200 motoristas capacitados anualmente. O Sest Senat de Cariacica (ES) ministra, além do curso obrigatório estabelecido pelas resoluções nº 168 e nº 285, o Procat (Programa de Capacitação para Trabalhadores do Transporte). O Procat possui três módulos: excelência na qualidade do atendimento, relacionamento interpessoal, higiene e saúde e qualidade de vida, profissional cidadão, direção defensiva, condução segura, econômica e mecânica básica e legislação de trânsito. O diretor da unidade, Eliomar Rossati, destaca que alguns requisitos são exigidos. “O condutor interessado deve ser maior de 21 anos, ser habilitado no mínimo na categoria D, não
Mas, com habilidade, é possível lidar com os contratempos. A área de suporte contribui muito para o trabalho dos condutores, pois existe a preocupação em manter os veículos revisados e limpos, oferecer equipamentos com recursos e os treinamentos para capacitá-los.” A psicóloga Renata Pascini atuou na avaliação psicológica do Detran –MG (Departamento Estadual de Trânsito). Ela afirma que o índice de motoristas do transporte coletivo acometidos pelo estresse sempre foi alto. De acordo com a psicóloga,
ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias durante os últimos 12 meses, não estar cumprindo pena de suspensão do direito de dirigir ou estar impedido judicialmente de exercer seus direitos.” O Procat, segundo Rossati, foi desenvolvido em parceira com a Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Espírito Santo), o Setpes (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Espírito Santo), o GVBus (Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória) e com representantes das instituições do setor. Vinte e uma empresas são parceiras da unidade de Cariacica. Este ano, 3.875 motoristas do transporte coletivo foram treinados pela unidade, em um total de 26 turmas.
as companhias estão mais cientes das consequências que a atividade pode causar aos profissionais e, por isso, vêm investindo em cursos motivacionais e de capacitação. “Quanto antes se verificar os sintomas do estresse, mais cedo as providências podem ser tomadas. Psicoterapia, ginástica laboral (exercitada no ambiente de trabalho) e a prática de exercícios que evitem lesões, entre outras ações, são oferecidas por muitas empresas. Isso motiva o condutor em sua atividade e pode contribuir para evitar o problema.” l
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FERROVIAS
Novas regras em estudo Pelo novo formato, empresas poderiam operar ramais inexplorados pelos operadores POR
ma possível proposta do governo federal para alterar as atuais regras de concessão ferroviária pode mudar os rumos do modal. O Ministério dos Transportes estuda disponibilizar trechos não utilizados comercialmente à estatal Valec. Com isso, abre-se a chance de novas empresas adquirirem permissão para operar em ramais que hoje não são explorados, já que a intenção é repassar esses intervalos para outros operadores ferroviários. O governo não confirma as mudanças, mas entidades e
U
LETICIA SIMÕES
concessionárias já vislumbram outros horizontes com a possibilidade de um novo marco regulatório. Procurada pela reportagem, a Valec não se pronunciou sobre o assunto. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e o Ministério dos Transportes, por meio de suas respectivas assessorias, afirmam que não há nada de oficial sobre novas regras para o segmento. Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), diz que a iniciativa, mesmo que não confir-
NOVAS REGRAS
mada, está alinhada com a expansão do modal ferroviário. “É natural que esses trechos passem a ser explorados. O setor tinha ciência de que o novo marco regulatório seria iniciado o mais breve possível.” Para Vilaça, a abertura de outros ramais pode atrair novos investidores e impulsionar ainda mais o modal. Ele confia que ainda no primeiro semestre deste ano a mudança nas regras de concessão seja oficializada. Estima-se que a extensão dos trechos que vão compor o novo marco regulatório do
setor ferroviário seja de, aproximadamente, 16 mil quilômetros. Vilaça diz que eles estão concentrados nas regiões de commodities agrícolas, onde há grande volume de escoamento da produção nacional. “É importante que se tenha novas regras para a expansão da malha. Que seja um instrumento de normas claras e bem definidas, para que os investidores estejam certos do negócio.” Neuroci Antonio Frizzo, presidente da Ferroeste, afirma que os operadores ferroviários veem a mudança com otimismo. “É justo que uma
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VALE/DIVULGAÇÃO
Discussão sobre a possibilidade de criação de um novo marco regulatório no setor ferroviário ficou para este ano
concessionária que não tenha interesse em explorar determinado trecho transfira aquele intervalo para outra empresa que queira investir. Haverá mais competitividade, abertura de novas possibilidades de negócios e de projetos, à medida que o novo modelo for implantado.” Na opinião de Vilaça, os atuais operadores da malha podem vir a investir nos novos trechos. “As concessionárias podem ser os investidores desse marco regulatório, dependendo da região em que os intervalos forem estabelecidos. A experiência contribui e
as empresas terão atratividade para os investimentos.” Em meados de dezembro, a ANTT publicou no “Diário Oficial da União” a abertura de três consultas públicas relacionadas às ferrovias: proposta de procedimentos de regulamentação de operações de direito de passagem e tráfego mútuo, visando à integração do Sistema Ferroviário Federal; proposta de procedimentos de regulamentação para pactuação das metas de produção e segurança por trecho para as concessionárias de serviço público de transporte ferroviário de cargas e a adesão ao
regime de metas de segurança por trecho para os transportadores ferroviários de cargas e regulamento de defesa dos usuários de transporte ferroviário de cargas. Segundo a assessoria da agência, as consultas públicas visam alterar a regulamentação para melhorar o transporte ferroviário de cargas no país, e nada têm a ver com a possível decisão de retomar trechos de ferrovias subutilizados pelas concessionárias. A ANTF, segundo Vilaça, mobiliza seus associados para que o setor envie contribuições aos textos originais. “É impres-
cindível a participação dos operadores para que o setor possa garantir seus interesses.” A ANTT receberá as sugestões até as 18h do dia 28 de janeiro. “Todo esse processo é fruto da troca de propostas e conhecimento entre as concessionárias e as autoridades. É preciso dar sequência ao crescimento do modal ferroviário de carga e de passageiros.” Uma das preocupações dos transportadores ferroviários, de acordo com ele, diz respeito à maneira como a integração da malha será feita. “Os gargalos dos 15 principais corredores da malha atual precisam ser combatidos, para que essa ampliação seja eficaz.” Para Vilaça, o Brasil poderia se espelhar no modelo ferroviário norte-americano. “Nos Estados Unidos, o modelo se baseia no ‘short line’, em que os operadores atuam em trechos menores, com maior atratividade comercial.” De modo geral, as empresas que atuam no “short line” identificam um nicho de mercado em determinado ponto da malha e criam um trecho de alimentação para a ferrovia principal. “Quando o Brasil tiver toda a malha ferroviária bem trabalhada e estruturada, esse sistema vai funcionar.” l
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SEST SENAT
Mobilização ambiental Unidades recebem curta-metragem sobre temática ambiental para ações de conscientização POR
programa Sest Senat pelo Meio Ambiente, iniciado em junho do ano passado, alcançou resultados positivos e prepara novas ações para este ano. Mais de 75 mil pessoas já participaram das atividades realizadas em todas as unidades em funcionamento do país. Foram palestras, distribuição de material educativo, implantação de sistema de coleta seletiva, produção de um curtametragem e orientações sobre o consumo correto de energia elé-
O
LIVIA CEREZOLI
trica e água, além do plantio de árvores. Pelo menos 200 mil sachês com sementes de ipê roxo e cedro rosa foram distribuídos em campanhas educativas. As espécies foram escolhidas por serem nativas e se adaptarem facilmente em qualquer região do país. Ao trabalhar o meio ambiente, o Sest Senat espera contribuir para a preservação dos espaços verdes, a transformação das pessoas e o desenvolvimento econômico sustentável, melhorando, simultaneamente, a
qualidade de vida de seu público-alvo, de seus colaboradores e da sociedade em geral. Uma das principais ações desenvolvidas foi o curta-metragem “Próximo Retorno”, que será utilizado nos programas de conscientização ambiental desenvolvidos pelas unidades em 2011. O curta tem direção de Santiago Dellape e traz no elenco José Delvinei Santos, Sérgio Sartório, Vinícius Ferreira e Graça Veloso. A produção é da Cara de Cão Filmes. Esse é o
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ROSANA TEIXEIRA/CARA DE CÃO/DIVULGAÇÃO
CINEMA Equipe grava uma das cenas do curta-metragem que será utilizado nas campanhas de conscientização do Sest Senat
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SEST SENAT CONTAGEM/DIVULGAÇÃO
PARTICIPAÇÃO Seminário sobre meio ambiente realizado na unidade do Sest Senat de Contagem, em Minas Gerais
segundo trabalho do Sest Senat em parceria com a produtora envolvendo o cinema. O primeiro curta, “Mudança de Rumo”, foi realizado em 2009 e é utilizado no programa de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes. O enredo conta a história de dois trabalhadores em transporte. Jonas é um taxista que encontra um tamanduá na beira da rua e vê aí a oportunidade de ganhar dinheiro fácil, mas toma a decisão correta depois de parar em uma
blitz policial. O caminhoneiro Miguel se depara com o fogo consumindo um pasto e não mede esforços para resolver a situação. As duas histórias foram baseadas em fatos reais. A do taxista aconteceu em Manaus, em 2008. O profissional encontrou em uma das ruas da cidade um bicho preguiça e o entregou aos órgãos competentes. A do caminhoneiro foi baseada na atitude de um motorista de Patos de Minas (MG) que salvou um rebanho de cem cabeças de
gado de um incêndio criminoso às margens de uma rodovia. Como mensagem final, o filme ressalta que atitudes ambientalmente responsáveis, como a dos dois trabalhadores em transporte, são essenciais para a preservação ambiental, o resgate do sentimento da cidadania e a transformação do mundo em um lugar melhor. O filme já está sendo distribuído nas unidades do Sest Senat e será exibido durante os cursos de capacitação profissional e os programas
sociais que serão realizados ao longo do ano. Depois de cada exibição, haverá debates relacionados ao tema. E as ações do Sest Senat para 2011 não param por aí. Ainda este mês serão conhecidas as unidades vencedoras do concurso “Redução de consumo de energia no Sest Senat”. Durante um período de seis meses – de julho a dezembro de 2010 – foram observadas as taxas de consumo das unidades participantes e comparadas ao mesmo período do ano anterior.
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SEST SENAT BRASÍLIA/DIVULGAÇÃO
COMPROMISSO Unidades, como a de Brasília, receberam cestas de coleta seletiva
A unidade vencedora será aquela que alcançar o maior percentual de economia de energia elétrica sem alterar as suas atividades habituais. O levantamento de dados está sendo finalizado, mas resultados preliminares já mostram uma redução de 3% a 4,5% no consumo de energia elétrica. O assunto meio ambiente também será um dos temas de destaque do Ciclo de Palestras desenvolvido nas unidades do Sest Senat. Ainda está prevista a implantação das oficinas de
reciclagem, que além de ensinar técnicas de reaproveitamento de material, abrirá a oportunidade de uma nova fonte de renda a pessoas de comunidades carentes. Na lista de bons resultados do programa Sest Senat pelo Meio Ambiente alcançados em 2010 também está a realização dos seminários itinerantes. Durante sete meses, cinco temas – legislação ambiental, meio ambiente e responsabilidade empresarial no setor de transporte, mar-
keting socioambiental, tendência para o consumo consciente e casos de sucesso – foram apresentados durante palestras em 14 cidades das cinco regiões do país. Ao todo, 2.287 pessoas participaram do programa que teve como objetivo principal conscientizar os gestores das empresas do transporte quanto à necessidade de um maior comprometimento com as questões ambientais. Outra ação que merece destaque é a implantação das
lixeiras de coleta seletiva de lixo, pilhas e baterias em todas as unidades do Brasil. Por meio de parcerias com as secretarias municipais ou ONGs que atuam em defesa do meio ambiente, os materiais coletados (papel, plástico, metal, vidro e orgânico) passaram a ter destinação correta. Em algumas localidades, os pontos de coleta já receberam até mesmo baterias de motocicletas e veículos de passeio. Completando as ações, o curso on-line Noções de Meio Ambiente recebeu 8.272 matrículas de junho a dezembro de 2010. Com inscrição gratuita, o conteúdo programático de 12 horas está dividido em cinco temas principais: meio ambiente – responsabilidade de cada um, aquecimento global, plante árvores, lixo – faça a sua parte e dicas para o consumo consciente. O curso é aberto a qualquer pessoa interessada em conhecer conceitos e informações sobre o meio ambiente e auxiliar na sua preservação. Para se inscrever, é preciso ter conhecimentos básicos de informática e Internet e endereço de correio eletrônico. As inscrições podem ser feitas pelo site www.sestsenat.org.br. l Mais informações pelo telefone 0800-728-2891 ou pelo e-mail: suporteead@sestsenat.org.br.
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IDET
Poucas viagens em novembro Movimentação de passageiros no mês apresentou queda nos modais rodoviário e aeroviário
E
relação a outubro. Com a tonelagem transportada de outras cargas acumulada no ano, o modal precisará transportar em dezembro apenas 56,3% da sua média mensal para atingir o volume total de 2009. Em novembro, o transporte coletivo urbano caiu 1,7% no total de passageiros transportados. Apesar da queda, o total movimentado no mês foi superior em 1,2% e 3,1% que o mesmo mês de 2009 e 2008, respectivamente. Isso se deve ao fato que nos anos anteriores a queda no total de passageiros transportados foi mais acentuada, de 2,2% em 2009 e 6,5% em 2008, devido à crise econômica daquele período. O transporte rodoviário intermunicipal transportou 3,7% menos passageiros em novembro, comparativamente a outubro. Houve também queda de 3,9% no número de passageiros por quilômetro rodado, indicando uma preferência por viagens
de curta distância. Em relação a anos anteriores, o número de passageiros transportados em novembro 2010 foi 4,6% e 5,0% superior ao transportado no mesmo mês de 2009 e 2008. Caindo 2,9% no total de passageiros transportados no mês de novembro, o transporte rodoviário interestadual de passageiros acompanhou o comportamento sazonal de anos anteriores, mas manteve-se no mesmo patamar de movimentação dos três últimos meses, em torno de 6,3 milhões de passageiros. O total transportado no mês supera em 9,2% e 14,2% o movimentado no mesmo mês de 2009 e 2008, respectivamente. O transporte ferroviário de cargas apresentou elevação de 2,9% em outubro, em relação ao mês anterior, devido, principalmente, ao aumento na demanda por minério de ferro. Com isto, o total de carga transportada no acumulado do ano até este mês está 30,8% e 11,3% acima do rea-
lizado no mesmo período de 2009 e 2008. Em outubro o transporte aquaviário de cargas cresceu 4,4% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, a movimentação já supera em 6,3% o total transportado em 2009 e está apenas 2,6% de alcançar o total movimentado em 2008. O transporte aéreo de passageiros transportou em novembro 5,2% menos passageiros que no mês anterior. Contudo, o movimentado no mês manteve-se superior 15,4% e 47,6% em relação ao mesmo mês de 2009 e 2008. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transporte no Brasil. l
8
m novembro, o transporte rodoviário de cargas repetiu seu comportamento sazonal para o mês, apresentando queda de 1,0% no total movimentado. No entanto, observa-se que o total transportado foi 2,4% e 0,8% maior que o total do mesmo mês de 2009 e 2008, respectivamente. Além disso, observa-se que a queda este ano foi menos acentuada que em 2008, quando o transportado no mês caiu 4,7%, sinalizando o início da crise econômica daquele ano. Esta queda no total transportado pelo modal deveu-se à diminuição no volume transportado de cargas industriais, que caiu 3,0% em relação a outubro, seguindo o comportamento sazonal de fim de ano. A movimentação em novembro manteve-se superior 2,4% e 0,9% que o mesmo mês de 2009 e 2008. Já o transporte de outras cargas cresceu 1,0% em novembro, em
Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br
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ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Rodoviário de Cargas - Total
Transporte Rodoviário de Cargas Industriais por Terceiros 55
Milhões de toneladas
Milhões de Toneladas
110 105 100 95 90
50
45
85 80
40 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
2008
out
nov
2009
jan
dez
mar
abr
mai
jun
jul
2010
ago
set
2008
Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
out
nov
2009
dez 2010
Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros
1050
8
990
Milhões de Passageiros
Milhões de Passageiros
fev
930
870
810
7
6
5 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set 2008
out
nov
2009
jan
dez
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set 2008
2010
out
nov
2009
dez 2010
Transporte Aquaviário de Cargas
Transporte Ferroviário de Cargas
80
50
Milhões de Toneladas
Milhões de Toneladas
45 40 35 30
70
60
50
25 40
20 jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
2008
set
out
2009
nov
dez
2010
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
2008
out
2009
nov
dez
2010
Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
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FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM* Total Nacional* Total Concedida* Concessionárias Malhas concedidas
29.817 28.314 11 12
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total
NÃO PAVIMENTADA
61.920 17.197 111.375 27.342 217.834
TOTAL
13.775 75.695 6.224 23.421 111.474 222.849 1.236.128 1.263.470 1.367.601 1.585.435
Malha rodoviária concessionada Adminstrada por concessionárias privadas* Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADES Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semirreboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
15.809 14.745 1.064
2.016.493 363.717 674.451 584.083 13.907 40.000 25.120 105.000
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias
9.863 1.674 7.304 9.473 28.314
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
87.150 2.624 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.273 2.611
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos
33 33 2.498
AERONAVES - UNIDADES A jato Turboélice Pistão Total
820 1.700 9.354 11.874
173
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM Companhia Vale do Rio Doce/FCA MRS Logística S.A. ALL do Brasil S.A. Outras Total
42 40
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
141
44.000 29.000 13.000 1.148
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
CNT TRANSPORTE ATUAL
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BOLETIM ECONÔMICO
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES* Investimentos da União por Modal acumulados no ano até Novembro/2010 (R$ 6.205,4 milhões) - Liquidados (em R$ milhões)
R$ bilhões
Orçamento de Investimentos Ministério dos Transportes (Novembro/2010)
20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0
16,4 R$ 4.705,7 (75,8%)
11,7
R$ 1.325,0 (21,4%)
R$ 111,4 (1,8%)
6,1 R$ 63,2 (1,0%) Rodoviário
Aquaviário
Ferroviário
Outros
Autorizado Total pago Investimento liquidado Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - NOVEMBRO/2010 CIDE
(R$ Milhões)
Arrecadação no mês Novembro/2010 Arrecadação no ano (2010) Investimentos em transportes pagos (2010) CIDE não utilizada em transportes (2010) Total Acumulado CIDE (desde 2002)
678,0 7.077,0 3.710,6 3.366,5 63.688,0 48%
Valores Pagos (CIDE) Não Utilizado
52%
2009 PIB (% cresc a.a.) -0,2 Selic (% a.a.) 8,75 IPCA (%) 4,31 Balança Comercial(4) 25,3 Reservas 239,64(5) Internacionais Câmbio (R$/US$) 1,74
acumulado em 2010 8,35(1)
últimos 12 meses
Expectativa para 2010
7,51(1)
5,25(3) 14,94(4)
5,64(3) 17,11(4)
7,54 10,75 5,78 16,24
285,36(5)
-
-
(2)
10,75
1,71(6)
1,71
70 60 50 40 30 20 10 0 2 200
Observações:
63,7
1 - Taxa de crescimento do PIB para o 3º semestre 2010 e acumulada em 12 meses até setembro/2010 2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 08/12/2010 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até novembro/2010 4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até novembro/2010
26,8
5 - Posição dezembro/2009 e novembro/2010 em US$ Bilhões 6 - Câmbio de fim de período novembro/2010, média entre compra e venda
3 200
4 200
Arrecadação Acumulada
5 200
6 200
7 200
8 200
9 200
0 201
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (novembro/2010), IBGE e Focus - Relatório de Mercado 03/12/10), Banco Central do Brasil.
Investimento Pago Acumulado
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
8
R$ bilhões
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 373,0 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA - 2010)
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 136,15 114,62 47,78 48,45 25,43 1.574,56
SETOR
Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
PARTICIPAÇÃO
(%) 76,30 8,60 7,30 3,12 3,10 1,60 100
NÚMEROS DE AFERIÇÕES EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE 2007 A 2009
2010 ATÉ OUTUBRO
228.866
TOTAL
134.302
11.953
375.121
Aprovação no período 85,63% 89,28%
88,04%
87,03%
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
(%) 90,46 5,65 3,88 100
PARTICIPAÇÃO
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos
Japão EUA Europa
Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total
(%) 44 39 10 7 100
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE m3 32,71 0,69 0,48 33,88
MODAL
MILHÕES DE
Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total
50 ppm de S
500 ppm de S
PARTICIPAÇÃO
(%) 96,6 2 1,4 100
CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)
(grandes centros urbanos)
Diesel interior
PARTICIPAÇÃO
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano
CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30
VEÍCULO
21 70 6.041 7.097
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*
Brasil
CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
MODAL
NOVEMBRO
1.800 ppm de S
2006
2007
2008
2009
Diesel 39,01 Gasolina 24,01 Etanol 6,19
41,56 24,32 9,37
44,76 25,17 13,29
44,29 25,40 16,47
TIPO
(substituição de 11% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
2010 (ATÉ OUTUBRO) 40,83 24,32 12,18
* Em partes por milhão de S - ppm de S
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - OUTUBRO 2010 1,5% 3,0% 26,1%
Corante 3,0% Aspecto 26,1%
8
47,4%
Pt. Fulgor 15,3% Enxofre 6,7% 15,3%
Teor de Biodiesel 47,4% Outros 1,5%
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
6,7%
Trimestre Anterior
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - OUTUBRO 2010 15,3
Trimestre Atual
18 15
3,5
Brasil
TO 0
3,0
2,7
SE
SP
1,1
SC
RS
1,0
6,0 2,5
RO
RR
1,9
RN
RJ
PR
PI
0,9
3,3
4,0
2,8
PB
PE
5,3
PA
MT
MS
0,9
MA
MG
0,8
GO
ES
DF
3,8
2,0
1,4
CE
AP
AM
AL
0
1,8
2,1
3 0
BA
4,9
8 5
7,7
7,8 6,9
10
AC 0
% NC
13
“Precisamos aprimorar o transporte público coletivo, para corrigir a demora das viagens, a superlotação e o calor dentro dos veículos” DEBATE
Como valorizar o transporte coletivo?
Atuar no convencimento da população urbana CESAR CAVALCANTI
ão muitas as consequências negativas decorrentes do funcionamento inadequado dos sistemas de transporte urbano. Elas afetam não apenas os moradores da cidade, tratando-os de forma iníqua, como também seu dinamismo econômico e o meio ambiente urbano. Nesse particular, destacam-se, entre outras, a perda de tempo decorrente dos congestionamentos, o desperdício de energia, a poluição atmosférica, o estresse e os acidentes de trânsito. E por que estamos vivendo tal situação? São três as principais razões. A sociedade urbana ainda não percebeu a incompatibilidade entre o uso irrestrito do carro individual e a limitação na disponibilidade e ampliação do espaço urbano. Ademais, os usuários do transporte privado motorizado não absorvem os custos gerados por suas decisões individuais quanto ao meio de transporte utilizado, custos esses que decorrem das deficiências anteriormente apontadas. Por fim, há de se admitir que
S
CESAR CAVALCANTI Chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e membro do Conselho Diretor da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos)
nenhum meio de transporte público consegue igualar a conveniência e o conforto proporcionado pelos meios de transporte privados. Assim, as pessoas raciocinam logicamente, ao escolher um meio de transporte que, além de oferecer condições inigualáveis de conveniência e conforto, aparenta ser bem mais barato do que realmente é, e ainda é o mais rápido de se deslocar nas cidades modernas. Acontece que ficou de fora dessa equação a limitação, inerente às cidades, de absorver, de forma indefinida, uma quantidade crescente de automóveis, cujo movimento, nos horários de pico, apresenta uma taxa de utilização inferior a 1,5 pessoa por veículo. Para enfrentar esse desafio, precisamos aprimorar o transporte público coletivo, de forma a corrigir a demora das viagens, a superlotação e o calor dentro dos veículos. Neste sentido, a implantação de corredores exclusivos para ônibus, nos principais eixos da cidade, responde às duas primeiras questões, de maneira rápida e econômica. Isso porque, independente das irregularidades do tráfego geral, os ôni-
bus poderão elevar a sua velocidade, encurtando os tempos de viagem e aumentando a oferta de veículos (uma frota de ônibus, rodando a uma velocidade média de 36 km/h, oferecerá o dobro do serviço que essa mesma frota pode oferecer a 18 km/h). A climatização dos veículos fica a depender de uma política de subsídios aos usuários que permita a melhoria do conforto das viagens, sem lhes sobrecarregar o bolso, a exemplo do que fazem os países do Primeiro Mundo. Entretanto, o mais importante na estratégia de implantação das ideias aqui colocadas é o convencimento da população, quantos às limitações e prejuízos causados à cidade, por uma sistemática de transporte que privilegia o desperdício, a poluição, as enfermidades e o rancor entre os cidadãos. Quando isso ocorrer, e se acreditamos na contínua evolução do homem, fatalmente ocorrerá, a cidade será um lugar mais equitativo e agradável de viver, economicamente pujante e ambientalmente sustentável. Afinal, não é exatamente isso que todos desejamos?
“O sistema de transporte público deve prover os serviços para cada estilo de vida, atendendo às necessidades dessa nova sociedade”
Mercado exige uma nova cultura de negócios ELEONORA PAZOS
á inúmeros fatores que estão determinando um novo mercado para o transporte público e ele poderá tirar grandes vantagens dessas tendências. Uma forte mudança nos objetivos dos acionistas de fundos de investimento é observada, havendo uma proliferação de fundos de cobertura (em inglês Hedge Fund), que é a denominação dada às formas de investimento alternativas. O setor de transporte público, por ser um mercado sólido, com grande número de clientes cativos, é uma opção para esse tipo de aplicação. É uma oportunidade de obter uma fonte alternativa de financiamento que traz recursos diretos para os sistemas. Para isso, basta o setor de transporte público melhorar sua apresentação e criar uma nova cultura de negócios, com um cenário claramente regulamentado e favorável empresarialmente, permitindo criar sistemas com esquemas altamente profissionalizados. O transporte público significa progresso para as sociedades e pode proporcionar aos cidadãos um atraente pacote de mobilidade sustentável. De forma geral, a
H
sociedade já está convencida por esses argumentos, mas a realidade do mercado de transporte público na América Latina demonstra um comportamento contrário. O setor perdeu em torno de 20% dos seus clientes. Esse é o novo cliente do transporte público, mais exigente, que tem um maior poder aquisitivo e deseja uma motorização em massa. Há 20 anos, a média de viagens por pessoas era dois terços do que é hoje. Temos na América Latina 233 viagens por ano por habitante, o que ainda é 20% menos do que na Europa. A expectativa da população do continente, no último meio século, aumentou em cerca de 20 anos. O sistema de transporte público deve prover os serviços para cada estilo de vida, atendendo às necessidades dessa nova sociedade. Esses novos parâmetros são os condutores do planejamento e do financiamento dos serviços de mobilidade de alta qualidade. Entender a necessidade dos horários gerados pelas diversas atividades das cidades, o tipo de viagem que o usuário requer e a comodidade que ele necessita são fundamentais. A tecnologia é outro ponto
determinante para criar um serviço de transporte de qualidade. Na América Latina, temos 30% da população acessando a Internet, 40% das residências com computadores e 95% da população com pelo menos um aparelho de celular habilitado. Toda essa tecnologia é uma realidade que o sistema de transporte deve utilizar como ferramenta, desde meio de pagamento, sistema de informação até outros serviços que podem agregar valor ao sistema. Por exemplo, a integração da passagem do transporte público com serviços de lazer (entrada para shows, teatros e outros). O desenvolvimento de políticas urbanas visionárias e integradas é outro ponto para a valorização do transporte público. As políticas integradas otimizam as vantagens das políticas urbanas e de transporte público, possibilitando aos cidadãos desfrutar de uma qualidade de vida urbana. Aliada a essas políticas são necessárias medidas de estímulo da utilização do transporte público. Essas medidas devem influenciar ativamente a mobilidade dos ELEONORA PAZOS cidadãos, incentivando a utiliza- Gerente da Divisão América Latina ção dos transportes públicos. da UITP (União Internacional de Transportes Públicos)
CNT TRANSPORTE ATUAL
JANEIRO 2011
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“Aqueles que ingressam na profissão chegam com maior nível de escolaridade e mais conhecimentos dos novos caminhões”
CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
Caminhoneiro – uma nova profissão
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s profissões mudam, evoluem, transformamse, enfim acompanham a dinâmica da sociedade. Em especial, nos últimos anos, as novas tecnologias têm determinado mudanças mais significativas em muitas delas. Globalização, inovações e o dinamismo do mercado determinam um perfil profissional diverso daquele que conhecemos para o caminhoneiro, seja o autônomo ou o empregado. Com segurança, posso afirmar que está em curso uma verdadeira transformação do profissional do volante. A lendária figura do caminhoneiro autônomo ou empregado viajando livre pelas estradas está cada vez mais longe da realidade. O setor do transporte se profissionalizou, um caminhoneiro hoje precisa ser um profissional bem informado, focado em sua atividade, conhecedor de tecnologias embarcadas, com preparação específica para conduzir os diferentes tipos de carga e para lidar com equipamentos de última geração. Hoje, os caminhões saem das fábricas com elevada aplicação de recursos tecnológicos. Altamente informatizada, a chamada tecnologia embarcada exige especialização na mesma proporção. Assim, os profissionais da estrada passaram a ser, também, operadores de complexos sistemas de informática. A alta especialização que muito rapidamente se passou a exigir dos profissionais para o exercício da atividade e a grande disponibilidade de vagas
para contratação imediata estão criando um novo perfil do caminhoneiro, seja autônomo ou empregado. Aqueles que ingressam na profissão, sobretudo motoristas mais jovens, chegam com maior nível de escolaridade e mais conhecimentos específicos dos novos caminhões. De janeiro a novembro do ano passado, o Brasil registrou a maior venda de caminhões de todos os tempos, nada menos que 140.225 unidades foram comercializadas. A prosperidade do país requer que empresas e caminhoneiros autônomos invistam em ampliação e/ou renovação de frotas. Com isso verifica-se uma procura extraordinária por profissionais qualificados. Inquestionável é a essencialidade desse profissional, cujo desempenho tem impactos diretos sobre a distribuição de bens, produtos, insumos etc. e que conduz 61% da riqueza nacional. A CNT e o Sest Senat há muito se dedicam a preparar não apenas o presente de nossos caminhoneiros, mas principalmente o futuro destes profissionais. Em convênio com fabricantes de caminhões, o Sest Senat mantém, em seis Estados, cursos de condução de veículos de alta tecnologia. Mesmo com toda dedicação para a qualificação dos profissionais, o Sest Senat depende de mais pessoas ingressando na profissão. Agora, a profissão deve passar por uma renovação que provavelmente trará um novo status para aqueles que conduzem as riquezas do Brasil.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa
JANEIRO 2011
Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br
VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva Moacir da Silva
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez
Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes Claudomiro Picanço Carvalho Filho George Alberto Takahashi
DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro
Marcos Machado Soares José Eduardo Lopes Fernando Ferreira Becker Luiz Ivan Janau Barbosa
TRÂNSITO
CORES
Gostei muito da entrevista da edição nº 184 da revista CNT Transporte Atual. A visão do antropólogo Roberto DaMatta sobre o trânsito brasileiro é realmente real. Atualmente, é um risco diário sair de casa e tentar andar pelas ruas, seja de carro ou mesmo a pé. Nossos motoristas precisam mesmo ser mais humildes quando dirigem. A rua é espaço público.
Gostei bastante da revista CNT Transporte Atual do mês de dezembro. As matérias estavam bem interessantes, mas o que mais chamou a minha atenção, em relação às outras edições, é que a revista de dezembro estava mais colorida.
Natália Rocha Curitiba/PR MALAS PERDIDAS Achei muito válido o alerta que a reportagem da revista CNT Transporte Atual de dezembro fez sobre a perda de bagagens nos aeroportos. Desembarcar de um avião e perceber que sua mala foi extraviada é realmente muito chato. Já passei por isso duas vezes e foi um transtorno. Fiquei horas aguardando uma solução e só tive a mala de volta três dias depois. Como faremos uma Copa do Mundo com problemas desse tipo ainda acontecendo?
Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva
Thiago Magalhães Ribeiro Sorocaba/SP
Marília Soares Belo Horizonte/MG PRÊMIO CNT Parabéns para a CNT por realizar o Prêmio CNT de Jornalismo, que chegou em 2010 à sua 17ª edição. É uma iniciativa muito importante para incentivar reportagens que reduzam os acidentes e melhorem a infraestrutura de transporte do país. Teodomiro Souza Recife/PE
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes