Liderança renovada

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

ANO XXV NÚMERO 279 MARÇO 2019

Liderança renovada Vander Costa assume a presidência da Confederação Nacional do Transporte; nova diretoria foi empossada em março


TRANSFORMAR VIDAS, ESSA É A NOSSA MISSÃO. O SEST SENAT tem a missão de transformar a realidade do transporte brasileiro e contribuir para elevar a competitividade dos transportadores por meio da educação profissional, da promoção da saúde e da melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do setor. Acesse o site www.sestsenat.org.br e encontre a Unidade mais próxima a você!

Sérgio Reis

Amigo do trabalhador do transporte


Valdimir Arnhold Motorista de Ă´nibus

Meu desenvolvimento pessoal e profissional com os cursos do SEST SENAT foi enorme. Sem falar nos tratamentos de saĂşde gratuitos.Foi um grande ganho.

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REPORTAGEM DE CAPA Vander Costa assume a presidência da Confederação Nacional do Transporte. Nova diretoria foi empossada em março com a missão de avançar a partir de um legado sólido, em um momento de forte transformação do setor PÁGINA 18

­­­­T R A N S P O R T E A T U A L ANO XXV | NÚMERO 279 | MAR 2019

Garagem

Clésio ENTREVISTAEdifício • O ministro Onyx Andrade Lorenzoni fala sobre a proposta da reforma da Previdência Posse da nova página 8

Diretoria da CNT

INSTITUCIONAL

CNT entrega a Medalha JK a personalidades do transporte página

Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro

26 AÉREO

Acidentes com Boeings colocam aviação mundial em estado de alerta

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bruno Batista Helenise Brant João Victor Mendes Myriam Caetano Nicole Goulart Valter Souza

FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 SAUS, Quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício Clésio Andrade • 10º andar CEP: 70070-010 • Brasília (DF)

edição

esta revista pode ser acessada via internet:

Cynthia Castro - MTB 06303/MG Livia Cerezoli - MTB 42700/SP diagramação

Gueldon Brito, Jorge A. Dieb e Rafael Bittencourt revisão

Filipe Linhares

www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br atualização de endereço: atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

página

AQUAVIÁRIO

Cabotagem registra alta de 16% no último ano

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 60 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

página

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RODOVIÁRIO

FERROVIÁRIO

Cartilha detalha a Indústria ferroviária importância do Arla 32 vive momento de para os transportadores expectativa página

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LOGÍSTICA

INOVAÇÃO

Intermodal apresenta novidades para o setor

Gestores do transporte participam da HSM HR Conference 2019

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SEST SENAT • Projeto oferece qualificação para cobradores de ônibus se tornarem motoristas página 64 MOBILIZAÇÃO

Seções Duke

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Editorial

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Mais Transporte

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Tema do Mês

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CIT

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SEST SENAT apoia campanha de combate ao assédio nos ônibus página

CNT

www.cnt.org.br

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ITL

Gestores do setor ferroviário recebem certificação internacional página

SEST SENAT

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Duke

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“A Confederação tem como objetivo defender os interesses dos transportadores” EDITORIAL

VANDER COSTA

Agenda para o transporte

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ssumi a presidência da CNT em março deste ano e, pela primeira vez, escrevo esta coluna. Sou empresário do transporte rodoviário de cargas e dirigente sindical e vou coordenar os trabalhos da Confederação nos próximos quatro anos. Esta revista é um dos nossos canais de comunicação com os transportadores e com a sociedade. Nosso objetivo é discutir sobre o transporte, informando o que tem acontecido em nosso meio, com um olhar voltado para a realidade e outro para o futuro. Nas reportagens apresentadas, buscamos trazer informações sobre o que há de mais avançado no mundo, captando o que pensam os inovadores. A composição da nova diretoria da CNT mostra a efetiva representação de todos os modais. A Confederação tem como objetivo defender os interesses das empresas de transporte e, por isso, nossa diretoria é composta por empregadores que saíram de suas zonas de conforto para colocarem seus patrimônios em benefício da sociedade. Nossos diretores escolheram investir no transporte, gerando empregos, pagando impostos e, se tudo der certo, ter lucros e remunerar os seus capitais. Nossos diretores são empregadores que conhecem o risco de investir. Nossa obrigação é criar um ambiente favorável, pois gerar empregos e pagar impostos são condições primárias. Ter lucro é necessário, mas é também consequência da competência de cada gestor. O momento também exige esforço em defesa do Sistema “S”, mais especificamente quanto ao SEST SENAT. O ministro Paulo Guedes, desde que foi indicado, procura recursos para pagar a dívida interna do Brasil, propósito nobre, mas, para isso, é preciso conhecer e respeitar a legislação e a Constituição. Os brasileiros optaram pelo regime democrático, que traz como

base a divisão em três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso é importante, básico e precisa ser preservado. O Sistema “S” foi criado a partir da Constituição Federal e regulamentado por lei aprovada no Congresso Nacional. Para alterá-la, é preciso respeitar e seguir o rito. Entre todos os poderes do governo, especificamente o do ministro da economia, não consta o direito de dar “facadas”. A alteração no Sistema “S”, se for vontade do Executivo, deve respeitar a democracia e vir por meio de propostas a serem aprovadas no Legislativo. Acreditamos que o melhor caminho é o diálogo e o conhecimento amplo do trabalho que tem sido realizado. O Sistema “S” fez muito pelo Brasil e pode fazer ainda mais. Estamos propondo aos governantes conhecer o SEST SENAT para, depois, discutir possíveis mudanças. Iniciamos conversas com o Ministério da Cidadania para propor uma forma de qualificar os brasileiros do Bolsa Família. Essa é uma iniciativa que vai possibilitar o acesso ao emprego, reduzindo a dependência dessas pessoas com relação ao Programa. Isso é mais inteligente do que cortar verbas de quem faz boa gestão. Se existem desvios de conduta em alguma entidade do Sistema, cabe ao governo fazer o trabalho de investigação, apuração e, se forem detectados, deve-se tomar as medidas judiciais previstas, sempre respeitando o direito de defesa e a legislação vigente. Nesta edição da revista, apresentamos esse trabalho realizado pelo SEST SENAT, com destaque para o Projeto de Qualificação dos Cobradores. Ainda há uma entrevista com o ministro Onyx Lorenzoni sobre a reforma da Previdência; a cobertura da Medalha JK, que homenageia personalidades do transporte; e as principais notícias dos setores rodoviário, aéreo, aquaviário e ferroviário. Boa leitura!


ENTREVISTA

ONYX LORENZONI MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL

Uma “nova Previdência” Por CYNTHIA CASTRO

H

á mais de 25 anos na vida política, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tem em suas mãos um dos maiores desafios do Brasil atualmente: convencer o Congresso Nacional a aprovar a reforma da Previdência. Defensor das mudanças propostas, ele está otimista em relação à aprovação e sustenta que não se trata de uma mera reforma, mas, sim, de uma “nova Previdência”. Pelos cálculos do Executivo, a economia pode ser de mais de R$ 1 trilhão em dez anos. Três meses depois da posse, porém, o governo encontra dificuldades na relação com o Legislativo. Não conseguiu, ainda, construir

uma articulação consistente junto aos parlamentares, o que ficou evidenciado nas audiências em comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Os críticos da proposta alegam que ela é excessivamente rigorosa com os mais vulneráveis – como idosos carentes e pessoas com deficiência – e deixa de atacar privilégios de alguns setores e carreiras. A população ainda está bem dividida. Na última Pesquisa CNT/MDA, realizada em fevereiro deste ano em todo o Brasil, 45,6% disseram desaprovar a reforma da Previdência, e 43,4% afirmaram que a aprovam. Outros 11% não souberam opinar ou não responderam.

No final do mês de março, a equipe da revista CNT Transporte Atual esteve no Palácio do Planalto para entregar ao ministro algumas perguntas específicas, de interesse do setor de transporte, já que o assunto é amplo e tem várias implicações. As questões foram respondidas por e-mail. De acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, “as contas públicas foram dilapidadas, e o Brasil ficou muito perto de quebrar”. Lorenzoni afirma que “a nova Previdência é o portal para a prosperidade” e reforça que ela propiciará ao Brasil um cenário favorável para melhorar as condições da economia. “Ela traz algo muito importante e que, durante muito tempo, foi deixado

de lado: a previsibilidade. Tanto o brasileiro quanto o estrangeiro terão mais segurança para investir no país.” Gaúcho nascido em 1954, Onyx Lorenzoni tem formação em medicina veterinária. Em sua trajetória política, foi eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul em 1994. Cumpriu dois mandatos na Assembleia Legislativa gaúcha e, em 2002, elegeu-se deputado federal, sendo reeleito em 2006, 2010, 2014 e 2018. Logo após a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República, assumiu a coordenação da transição governamental no cargo de ministro extraordinário. Em janeiro deste ano, tomou posse na Casa Civil. Leia a seguir a entrevista à CNT Transporte Atual.


“Propomos uma mudança de estrutura que será decisiva para o país” Qual é a expectativa do governo para a aprovação da reforma da Previdência e qual será a economia aos cofres públicos? Não se trata de uma reforma, mas, sim, de uma nova Previdência. Propomos uma mudança de estrutura que será decisiva para o país. A economia no período de dez anos pode chegar a mais de R$ 1 trilhão. A nossa expectativa é a melhor possível.

de quebrar. O que nós propomos é o conserto disso. A nova Previdência será um divisor de águas. É o portal para a prosperidade do Brasil. A partir dela, poderemos ter soluções em todos os níveis e transformar o ambiente de confiança no país.

Ela traz algo muito importante e que, durante muito tempo, foi deixado de lado: a previsibilidade. Tanto o brasileiro quanto o estrangeiro terão mais segurança para investir no país. Naturalmente, os investimentos em infraestrutura são necessá-

rios e deverão ocorrer, assim como em segurança, saúde e educação. As últimas décadas ficaram marcadas por muitos planos mirabolantes e pacotes embalados pelo marketing, mas que não passaram de fonte de corrupção e um canteiro de

Considerando esse impacto fiscal, há garantia de que esse montante será usado, ao menos em parte, para a recomposição do orçamento de investimento público? Qual o valor para a infraestrutura? É possível falar em infraestrutura de transporte? O Brasil atravessa um momento muito crítico, fruto de administrações passadas que simplesmente nos colocaram em um caminho muito perigoso. As contas públicas foram dilapidadas. O Brasil ficou muito perto RAFAEL CARVALHO/CASA CIVIL


ARQUIVO SISTEMA CNT

obras inacabadas. Lembram-se da mãe do PAC? O governo do presidente Bolsonaro, o nosso governo, vai fazer diferente. Vamos colocar este país de pé e recuperar a capacidade de investimento público. A proposta de reforma diminui o repasse de contribuições do PIS/Pasep ao BNDES de 40% para 28%. Isso afetará o investimento em infraestrutura? Isso já está equacionado na proposta.

“Os investimentos em infraestrutura são necessários e deverão ocorrer”

A reforma, como está colocada, teria algum impacto sobre as relações de trabalho entre o contratante e o empregado? Quais? O que estamos fazendo é abaixar a alíquota de quem ganha menos. Se conseguirmos aprovar a proposta com os principais pilares, em um segundo momento, vamos fazer as contas de capitalização por poupança, os custos vão cair. O governo avalia a possibilidade de contemplar uma propos-

ta de idade mínima e tempo de transição diferente para os trabalhadores de carteira assinada e autônomos? O tempo de transição será o mesmo para todos. Oferecemos ao trabalhador três possibilidades de cálculo de tempo para que ele possa optar pelo que for melhor para ele. A atividade transportadora tem particularidades. Em alguns casos, envolve alto grau de periculosidade e insalubridade. Como o governo avalia a


proposta de uma idade mínima (55 anos) diferenciada para essa classe de trabalhadores? Cada profissão tem as suas particularidades. A nova Previdência é para todos. Cada um dará sua contribuição. A única exceção, em relação à idade, serão as Forças Armadas e as polícias. Sobre o parcelamento de dívidas previdenciárias, a proposta do governo diz que elas podem ser parceladas em até 60 vezes. Em governos anteriores, alguns parcelamentos de Refis passavam de 200 vezes. Qual é a possibilidade de aumentar esse prazo? Para subsidiar algo, é preciso aumentar a arrecadação. Não vamos aumentar impostos. Qual a expectativa do governo com relação ao sistema de capitalização? Como ele deve funcionar? Construímos esse modelo baseado nos cases de sucesso no mundo. A diferença é que será por poupança individual. O funcionamento é simples: quem optar deverá fazer a contribuição mínima ao INSS para garantir o piso; e o restante, nos mesmos valores de aporte, irá para a poupança de aposentadoria. Isso

“Não vamos aumentar impostos”

dá transparência, eleva a rentabilidade, deixa o trabalhador no controle da situação e aumenta o nível de poupança no país. Hoje estamos em torno de 15,5% do PIB e devemos chegar a 20%. Especialistas garantem um crescimento de 3% ao ano, caso a nova Previdência seja aprovada. É ótimo para o cidadão, para as famílias e para o Brasil. O governo já tem um cálculo que mostra quantos trabalhadores e autônomos possivelmente optariam por ingressar no regime de capitalização? Não temos esse cálculo. Mas a nossa expectativa é que seja um número alto, pela série de vantagens que já elenquei. O Tesouro Direto, mesmo com pouca divulgação e sem incentivos fiscais, hoje tem 1,5 milhão de investidores.

Como a oferta de duas opções de aposentadoria pode interferir nas relações trabalhistas? Creio que deve mudar para melhor. A decisão de optar pela capitalização via poupança individual não afeta o custo para o empregador e traz a transparência. O trabalhador sabe exatamente com quanto contribuiu. Hoje o trabalhador não sabe com quanto contribuiu para o RGPS (Regime Geral de Previdência Social).

Essa seria uma reforma inicial? Novas reformas precisarão ser feitas para sanar o problema da Previdência nos próximos anos? Todos os governos que se sucederam nas últimas décadas, de alguma forma, depararam-se com o tema e tentaram apresentar soluções. Mas eram reformas que não dariam uma solução para o problema, funcionariam apenas como algo emergencial. Com a nova Previdência, não precisaremos mais nos preocupar com esse tema. l


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MAIS TRANSPORTE

O mais caro da história

DIVULGAÇÃO: MICHELIN

A Bugatti apresentou, no último Salão de Genebra, o La Voiture Noire (carro preto, em francês), o carro mais caro do mundo. Arrematado por R$ 71 milhões por um colecionador que não quis se identificar, o esportivo foi inspirado no modelo Type 57 SC Atlantic, um dos carros mais icônicos da marca. O “carro preto” teve apenas uma unidade fabricada e é empurrado por um motor de 16 cilindros com 1.500 cavalos.

DIVULGAÇÃO: AIRBUS

Maior cargueiro do mundo A Airbus realizou o primeiro transporte com o BelugaXL, o maior avião cargueiro do mundo. A primeira missão carregou duas asas completas de um avião da empresa. O “Gigante” possui 30% mais capacidade que sua primeira versão. Com o nome inspirado nas

baleias, o avião tem comprimento total de 63 m, quase 19 m de altura, mais de 60 m de envergadura e fuselagem com 8,8 m de diâmetro. A área da asa ultrapassa os 360 m2. Sua principal função é acomodar a maior seção de fuselagem do A380, que possui 7,15 m de diâmetro.


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Brasileiros têm medo de veículos autônomos

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Já parou para imaginar um caminhão, ônibus ou carro de passeio se movimentando sem um motorista ao volante? O veículo autônomo instiga a curiosidade e traz dúvidas sobre o que é possível e quando essa tecnologia estará amplamente disponível nas vias mundo afora. Grande parte da população (63,9%, segundo a última Pesquisa CNT/MDA) já ouviu falar sobre veículos autônomos, mas a maioria (74%) diz que não se sentiria segura em andar em um deles. O receio dos brasileiros acompanha o que acontece nos Estados Unidos. Uma pesquisa anual da AAA (Associação Automobilística Americana) descobriu que 71% das pessoas têm medo de andar em veículos totalmente autônomos. Segundo a AAA, um dos caminhos para auxiliar os consumidores a se sentirem mais à vontade será preencher a lacuna entre a percepção da tecnologia automatizada e a realidade sobre como ela funciona nos carros atuais. Há vários níveis de veículos autônomos, com diferentes possibilidades de automação, sendo testados e usados em diferentes

partes do mundo. No Brasil, pelo menos duas montadoras já comercializam caminhões com certo nível de tecnologia autônoma. Os modelos, da Volvo e da Mercedes-Benz, são utilizados nas colheitas de cana de açúcar e ainda não dispensam o motorista. A automação reduz as perdas devido à alta precisão de direção. Além do conhecimento sobre veículos autônomos, a Pesquisa CNT/MDA ouviu a população sobre os drones e descobriu que 80,9% conhecem esses equipamentos aéreos não tripulados, mas a maior parte, 60,3%, não gostaria de receber mercadoria por um drone. Por outro lado, 59,9% consideram que esses equipamentos representam o futuro para o transporte de algumas cargas. A Pesquisa CNT/MDA sondou também o grau de conhecimento e utilização dos aplicativos de transporte (como Uber, Easy Táxi, 99). Entre os que conhecem, 43,1% não os utilizam; e 41,8% disseram usar. Já 15,1% desconhecem esses aplicativos. (​Por Cynthia Castro)


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MAIS TRANSPORTE Mercedes-Benz na era da indústria 4.0 A Mercedes-Benz do Brasil aposta na indústria 4.0 para alcançar melhores resultados. A montadora passa a contar, em sua fábrica de São Bernardo do Campo (SP), com uma das mais modernas linhas de montagem de caminhões do mundo. Tecnologia digital, hiperconectividade, Internet das Coisas e dados na nuvem fazem parte das novidades que os alemães trouxeram para a fabricação de caminhões no Brasil. A nova linha garante padrões de qualidade, produtividade e flexibilidade. Para chegar ao conceito ideal para a fábrica, os colaboradores participaram da concepção do ambiente de trabalho e também opinaram sobre questões como ergonomia, segurança e bem-estar. Com as mudanças, a planta de São Bernardo já vem gerando ganhos de produtividade. “Ela é 15% mais eficiente em termos de produção do que a anterior”, ressalta o presidente da empresa, Philipp Schiemer.

Além da fábrica de São Bernardo do Campo, a empresa aposta na tecnologia 4.0 em Juiz de Fora (MG), onde produz cabinas e os caminhões Actros. As modernizações das duas fábricas fazem parte dos investimentos de R$ 2,4 bilhões que a montadora anunciou até 2022. Com a nova linha de produção, a Mercedes-Benz espera gerar 20% de ganho em eficiência logística, com inovações como a diminuição do armazenamento de componentes de dez dias para, no máximo, três; a redução dos armazéns de peças de 53 para seis; e o acréscimo do percentual de entrega de peças diretas na linha de 20% para 45%. Entre as novidades da nova linha, estão o app móvel que acompanha 100% da produção da nova linha de caminhões pelo celular e que mantém interface com a fábrica de Juiz de Fora. Na parte de logística de peças, empilhadeiras com câmeras guiam a movimentação, e sensores luminosos nas prateleiras de estoque monitoram a entrada e a saída de materiais.

DIVULGAÇÃO: MERCEDES-BENZ

(Por Carlos Teixeira. O jornalista viajou a convite da montadora)


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DIVULGAÇÃO: INFRAERO

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Leilão 1 – Aeroportos O governo federal leiloou, em março, mais 12 aeroportos divididos em três blocos: Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A expectativa é que os terminais recebam investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões pelos próximos 30 anos. O bloco Nordeste foi adquirido por R$ 1,9 bilhão pelo Consórcio Arena Desarrollo Internacional, com ágio de 1.019,0%. Foram leiloados os aeroportos de Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa e Campina Grande (ambos na Paraíba). O bloco Sudeste – aeroportos de Vitória (ES) e Macaé (RJ) – foi arrematado pelo grupo Zurich Airport Latin America por R$ 437

milhões e ágio de 830%. O bloco Centro-Oeste, que possui foco no agronegócio, foi negociado para o Consórcio Aeroeste por R$ 40 milhões (ágio de 4.739%). Juntos, os 12 aeroportos respondem por 9,5% do mercado doméstico – 20 milhões de passageiros por ano. Essa rodada de leilões teve como diferencial o fim do pagamento de uma outorga fixa ao longo de todo o contrato. Em outras concessões, as companhias se comprometeram a pagar à União um valor anual. No novo modelo, há um pagamento inicial, na assinatura do contrato; e o restante é modificável de acordo com o faturamento. Conforme o cronograma oficial, a sétima e última rodada de concessões, com 21 aeroportos, ocorrerá até o primeiro trimestre de 2022.

No leilão das áreas portuárias – três no Porto de Cabedelo, na Paraíba (PB), e uma no Porto de Vitória, no Espírito Santo (ES) –, foram arrecadados mais de R$ 219,5 milhões via pagamento de outorgas. As áreas são destinadas à movimentação e armazenagem de combustíveis. O consórcio Nordeste, composto pelas empresas Raízen, Ipiranga e BR Distribuidora, arrematou as três

áreas do Porto de Cabedelo (AI-01, AE-10 e AE-11). Somados, os três terminais foram leiloados por R$ 54,5 milhões. O terminal VIX30, no Porto de Vitória (ES), foi leiloado para o Consórcio Navegantes Logística, representado pelo Itaú, com a proposta única de R$ 165 milhões. Os consórcios vencedores têm o direito de administrar as áreas pelos próximos 25 anos.

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Leilão 2 – Portos


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ARQUIVO CNTA

MAIS TRANSPORTE

Vale-pedágio exige atenção

A

lei n.º 10.209, conhecida como a Lei do Valecompletou Pedágio, 18 anos em março. A medida foi criada para assegurar ao transportador de cargas o recebimento desse alto custo da operação. Segundo a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), antes da criação da lei, era comum que o valor médio do pedágio fosse embutido no custo total do frete, fazendo com que o transportador fosse responsável pelo pagamento – em dinheiro – desse item ao longo da viagem. Como o valor era estimado, muitas vezes, acabava não cor-

respondendo ao custo final da operação. Com a criação do vale-pedágio, o contratante passou a ser obrigado a definir o roteiro a ser seguido na viagem e, com base nele, entregar ao transportador – no ato do embarque do serviço contratado – um cupom, cartão eletrônico ou pagamento automático de pedágio acompanhado do comprovante com código específico. “Não é permitido efetuar o pagamento do pedágio em dinheiro. Ainda que o separe do valor do frete, estará descumprindo a lei, criada justamente com o intuito de coibir que o pedágio possa, ao final, ser cus-

teado ilegalmente pelo transportador”, enfatiza a advogada do departamento jurídico da CNTA, Mirielle Netzel. Estão amparados pela lei autônomos e transportadoras que executam o serviço, sendo que a responsabilidade pela antecipação do pagamento é atribuída aos embarcadores e/ ou contratantes do serviço. Segundo a advogada da CNTA, aquele que infringir a lei estará sujeito à aplicação de multa administrativa de R$ 550,00 a R$ 10.500,00. O infrator também ficará obrigado a indenizar o transportador autônomo que não receber o vale e tiver os custos do pedá-

gio pagos em dinheiro, descontados ou não do valor do frete, no valor correspondente ao dobro do valor do serviço, além do ressarcimento dos custos do pedágio. “Mesmo estando em vigência há 18 anos, a lei, por vezes, é desconhecida. Por isso, o transportador deve ficar sempre atento, pois o pagamento do pedágio é um direito conquistado por meio de muita luta e deve ser feito conforme consta na legislação”, destaca o presidente da CNTA, Diumar Bueno. *Conteúdo de responsabilidade da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos)


VOOS QUE S A LVA M V I D A S

A educadora f í si ca Li ège G autéri o, a enf erm ei ra Luana Heberl e e o cardi ol ogi sta Ronal do Honorato f az em parte dessa rede de sol i dari edade.

As companhias aéreas nacionais contribuem para que o Brasil tenha o maior sistema público de transplantes do mundo. J u n t as, tr ans p o r tam g r a tu i ta m e n t e cerca de 9 m il ór gão s, t ecido s e e q u i p e s mé dica s por an o.

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CAPA

O futuro

do transporte em boas mãos Nova diretoria da CNT assume com a missão de avançar a partir de um legado sólido, em um momento de forte transformação do setor por

CARLOS TEIXEIRA e GUSTAVO T. FALLEIROS


“É

com uma alegria muito grande que encerro esse trabalho à frente da CNT. Tenho a certeza de que a instituição está nas mãos de uma pessoa bastante preparada para dar continuidade a esse trabalho de defesa e desenvolvimento do transporte brasileiro”, afirma Clésio Andrade sobre a transição de lideranças na entidade. À frente da Confederação Nacional do Transporte por 26 anos, Clésio Andrade atuou em momentos-chave para a con-

solidação e a profissionalização do setor. Em razão desse retrospecto, a troca de diretoria da casa é um momento de expectativas renovadas. Empossada em março, a nova composição atuará com visão de futuro e, ao mesmo tempo, respeito ao legado. A CNT busca estar na vanguarda e demonstra compreensão das questões contemporâneas, como o uso de tecnologias disruptivas no transporte, conectividade entre as máquinas e inteligência artificial.

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O novo presidente, Vander Costa, assume também a presidência dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT e do ITL (Instituto de Transporte e Logística) com essa visão e esse propósito. “Suceder ao presidente Clésio é uma grande missão, mas que eu faço com dedicação e orgulho. A casa está organizada, o Sistema está consolidado”, garantiu o presidente em seu discurso de posse na cerimônia realizada em março. Durante o evento, a CNT também entregou a Ordem do Mérito do Transporte – Medalha JK.

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Vander Costa deseja um momento de diálogo franco e aberto em nome dos interesses em comum. “Eu convido a todos os transportadores do Brasil a atuarem de maneira conjunta pela melhoria do setor. Organizem-se em suas bases, em seus sindicatos, em suas federações, em suas associações e nos tragam as demandas”, conclama. Um dos fundadores do grupo Vic Transportes, atuante no setor rodoviário de cargas, Vander Costa já havia presidido o Setcemg (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), entre 2002 e

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2008, e a Fetcemg (Federação das Empresas de Transporte de Carga de Minas Gerais), por dois mandatos – de 2009 a 2016, onde se empenhou por bandeiras como a regulamentação da profissão de motorista e o combate ao roubo de cargas. De 2012 a 2016, presidiu ainda o Conselho Regional do SEST SENAT em Minas Gerais, tendo inaugurado cinco Unidades Operacionais no estado. Protagonismo O desenvolvimento do Brasil não pode ser dissociado da trajetória da CNT. Criada em 1954, primeiro na forma de

HOMENAGEM O edifício-sede da Confederação Nacional do Transporte, onde também estão localizados o Departamento Executivo do SEST SENAT e o ITL (Instituto de Transporte e Logística), passa a se chamar Edifício Clésio Andrade, em homenagem ao empresário que esteve à frente de instituições do setor e lutou pelo desenvolvimento do transporte no Brasil, nos últimos anos. A menção honrosa foi aprovada durante a reunião do Conselho de Representantes da CNT, realizada em fevereiro deste ano. Inaugurado em 2007, o edifício também abriga outras instituições representativas do setor de transporte no Brasil. O Edifício Clésio Andrade fica localizado no Setor de Autarquias Sul, quadra 1, bloco J, em Brasília (DF).

CNTT (Confederação Nacional de Transportes Terrestres), a entidade esteve empenhada ao longo dos anos em aprimorar o setor e representar seus interesses perante os governos. Sempre reiterada, essa vocação se expandiu, abraçando os modais ferroviário, aquaviário e aéreo, para além do rodoviário de cargas e de passageiros. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, a CNT capitaneou o processo de criação de um novo braço do Sistema “S”, voltado para o trabalhador do transporte. Assim, em 1993, por força de lei, o SEST SENAT passou a oferecer capacitação profissional e serviços na área de saúde para essa parcela da sociedade. Em 25 anos, foram realizados mais de 129 milhões de atendimentos. Já plenamen-

te madura, a Confederação se voltou também para os gestores do transporte e, em 2013, criou o ITL (Instituto de Transporte e Logística), que conta com expertise internacional na elaboração dos seus cursos. Atualmente, a CNT reúne 26 federações, quatro sindicatos nacionais e 20 entidades associadas. Isso representa mais de 200 mil empresas de transporte, e mais de 3 milhões de empregos gerados. Por meio de estudos e publicações, a entidade procura, ainda, subsidiar a formulação de políticas públicas com informação de qualidade. A produção legislativa voltada ao transporte é acompanhada de perto por uma assessoria especializada. Leia, a seguir, depoimentos dos novos membros da diretoria da CNT.

Uma galeria com os ex-presidentes da CNT foi inaugurada em Brasília. A sala fica no 13º andar do Edifício Clésio Andrade. Criada em 1954, a instituição já teve sete CORES DE REFERÊNCIA presidentes: C30 M35 Y75 K15

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C30 M35 Y75 K15

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Adolpho Paolo Bastide Fortunato Peres Júnior Hermínio Mendes Cavaleiro Benedito Dario Ferraz Camilo Cola Thiers Fattori Costa Clésio Andrade


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“Por tudo o que já foi feito, não será tarefa fácil suceder ao presidente Clésio Andrade. Por outro lado, é exatamente por tudo isso que estamos, eu e minha diretoria, confiantes de que teremos êxito na gestão pelos próximos quatro anos. A tarefa é facilitada por termos encontrado a casa arrumada, estruturada, bem administrada e com recursos para continuarmos o desenvolvimento do Sistema CNT.” Vander Costa, presidente da CNT, dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT e do ITL

Hoje, vemos realizado o sonho de oferecer ao trabalhador do transporte aquilo que ele merece: mais qualidade de vida, saúde, desenvolvimento profissional, esporte e lazer. Eu só tenho uma frustração: não ter convencido o governo brasileiro acerca da importância de se investir em infraestrutura de transporte. Clésio Andrade, ex-presidente da CNT, dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT e do ITL

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“Acredito que, com a posse de Vander Costa, foi dado um grande passo — ou a continuidade do caminhar — para que nós possamos nos transformar perfeitamente de simples donos de caminhões, ônibus, barcos e aeronaves em empresários de mobilidade, saúde, riqueza e educação.” Eurico Divon Galhardi, vice-presidente da CNT

“A nova diretoria é composta por pessoas experientes e por lideranças que estão no setor há muito tempo, que conhecem bem a realidade e estão focadas nas necessidades do país e do transporte em todas as suas áreas.” Flávio Benatti, vice-presidente da CNT

“As histórias do transporte brasileiro e do presidente Clésio Andrade se confundem. Por isso, o nosso desafio é continuar desenvolvendo o trabalho que vem sendo feito com excelência em todos os modais. A CNT está preparada pelo legado deixado e reconhecido nacional e internacionalmente.” Raimundo Holanda, vice-presidente da CNT


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“Cabe à nova diretoria estar próxima dos tomadores de decisões, do Executivo e do Legislativo, e também dos formadores de opinião, como a imprensa e a academia, para que a gente consiga atender aos objetivos pleiteados.” Joubert Flores, vice-presidente da CNT

“A expectativa é manter os padrões de excelência em relação à atenção aos diversos segmentos do transporte e aos trabalhadores do setor da mesma forma que foi feita na gestão de Clésio Andrade. Esperamos estabelecer os conceitos dos novos profissionais que estão chegando e estamos ansiosos para começar a trabalhar com a nova composição.” Eduardo Sanovicz, vice-presidente da CNT

É uma honra poder representar um setor tão importante como o da infraestrutura, que o Brasil mais precisa fazer crescer. A CNT faz um trabalho brilhante e vem fazendo a diferença para o transporte do país. Trabalharemos e continuaremos fazendo da gestão da CNT um sucesso.” Paulo Gaba Junior, vice-presidente da CNT


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“A renovação da diretoria é um desafio. Nossa expectativa é seguir o grande trabalho feito pelo presidente Clésio Andrade, que elevou a CNT em todos os seus modais.” Eudo Laranjeiras Costa, presidente da Seção I – Transporte Rodoviário de Passageiros

“O presidente Vander Costa tem tudo para fazer uma grande gestão e dar continuidade ao trabalho realizado por Clésio Andrade, com o objetivo comum de manter o Sistema CNT nesse crescente desenvolvimento.” José Hélio Fernandes, presidente da Seção II – Transporte Rodoviário de Cargas

“Penso que a CNT continuará em boas mãos. A entidade tem tudo para continuar sendo a voz do transporte em todos os fóruns dos quais participa.” Waldemar Rocha Júnior, presidente da Seção III – Transporte Aquaviário de Cargas e de Passageiros

“Nossa missão é apoiar o desenvolvimento; promover a inovação; transformar e dinamizar o setor. Com a confiança dos governantes, dos investidores e da população brasileira, a CNT poderá contribuir ainda mais para o desenvolvimento do país.” Benony Schmitz Filho, presidente da Seção IV – Transporte Ferroviário de Cargas e de Passageiros

“O setor aéreo aposta na retomada da economia, que traz consigo a necessidade de equilíbrio entre eficiência e custos. Esperamos contribuir para que a CNT possa apoiar esse trabalho e desenvolver cada vez mais o transporte no Brasil.” Airton Pereira, presidente da Seção V – Transporte Aéreo de Cargas e de Passageiros

“Será um grande desafio fazer a substituição com o mesmo padrão de qualidade e excelência que o presidente Clésio manteve, mas esse desafio é motivador. Temos interesse em manter a excelência do passado.” Flávio Viana de Freitas, presidente da Seção VI – Infraestrutura de Transporte e Logística


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COMPOSIÇÃO DA NOVA DIRETORIA DA CNT 2019-2023 Presidente Vander Costa Vice-presidentes Eurico Galhardi Transporte Rodoviário de Passageiros

Flávio Benatti Transporte Rodoviário de Cargas

Raimundo Holanda Transporte Aquaviário de Cargas e de Passageiros

Joubert Flores Transporte Ferroviário de Cargas e de Passageiros

Eduardo Sanovicz Transporte Aéreo de Cargas e de Passageiros

Paulo Gaba Junior Infraestrutura de Transporte e Logística

Seções Seção I – Do Transporte Rodoviário de Passageiros Presidente Eudo Laranjeiras Costa Diretores Rubens Lessa Carvalho Edmundo Carvalho Pinheiro Dimas Humberto Silva Barreira Murilo Soares Andrade Lara Alexandre Biazus Claudio Callack Coelho Décio Sampaio Barros Luiz Fernando Bandeira de Mello Francisco Armando Noschang Christovam Francisco Saldanha Bezerra João Resende Filho Emerson Imbronizio Francisco Feitosa de Albuquerque Lima Felipe Busnardo Gulin

Seção II – Do Transporte Rodoviário de Cargas Presidente José Hélio Fernandes

Seção V – Do Transporte Aéreo de Cargas e de Passageiros Presidente Airton Nogueira Pereira Junior

Diretores Gladstone Viana Diniz Lobato Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Carlos Antônio da Silva Vieira Urubatan Helou Pedro Velasco Junior Dagnor Schneider Maria de Nazaré Santos Cunha Liemar José Pretti Ana Carolina Ferreira Jarrouge Marcus Vinícius Couto da Silva Moacyr Ribeiro Costa Rogério de Souza Baldomero Taques Neto

Diretores Cláudio Neves Borges Gislaine Regina Rossetti Patrizia Xavier

Seção III – Do Transporte Aquaviário de Cargas e de Passageiros Presidente Waldemar Rocha Júnior

Conselho Fiscal Membros efetivos Jerson Antonio Picoli

Diretores Dário Gonçalves Pantoja Neto José Rebelo III Laira Vanessa Lage Gonçalves Luís Fernando Resano

Carlos Panzan

Seção IV – Do Transporte Ferroviário de Cargas e de Passageiros Presidente Benony Schmitz Filho

Membros suplentes José João Alberto Almeida Nascimento

Diretores Fernando Simões Paes José Osvaldo Cruz Roberta Zanenga de Godoy Marchesi

Seção II

Seção VI – Da Infraestrutura de Transporte e Logística Presidente Flávio Viana de Freitas Diretores Paulo Miguel Junior André Luiz Macena de Lima José Carlos Ribeiro Gomes André Luiz Zanin de Oliveira

Seção I

Seção II

João Gouveia Ferrão Neto Seções III, IV, V e VI

Seção I

Francisco Pelucio Murillo Moraes Rego Corrêa Barbosa Seções III, IV, V e VI

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INSTITUCIONAL

Transporte

premiado CNT entrega a Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro a 15 personalidades que se destacaram pela atuação em defesa e representação do setor em 2018 por

EVIE GONÇALVES


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O

transporte é feito por pessoas. Pessoas que trabalham de forma decisiva para reduzir distâncias e promover o desenvolvimento econômico e social do país. Reconhecer a atuação desses profissionais é também contribuir para o crescimento e o aperfeiçoamento de uma atividade tão essencial para o país. Esse é o principal objetivo da Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro – Medalha JK, que, neste ano, prestou homenagem a 15 personalidades pela atuação em prol do transporte nacional em 2018. “A Medalha JK é a expressão de agradecimento e reconhecimento da Confederação Nacional do Transporte a quem faz o transporte acontecer no Brasil”, afirma o presidente da CNT, Vander Costa. Ele e a nova diretoria da Confederação foram empossados durante o evento que precedeu a entrega da Medalha, no fim de março, em Brasília. Instituída em 1991, a Medalha JK tem como patrono o ex-pre-

sidente Juscelino Kubitschek, fundador de Brasília e um dos principais incentivadores do desenvolvimento do país. A honraria possui três graus: Grã-Cruz, Grande Oficial e Oficial. O grande homenageado deste ano foi o presidente da Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo), Jerson Antonio Picoli, que representa o setor rodoviário de cargas e de passageiros. “A Fetransportes foi fundada em dezembro de 1993 e abriu o caminho para a criação das Unidades Operacionais do SEST SENAT no Espírito Santo. De lá para cá, a parceria entre CNT, SEST SENAT e Fetransportes não parou. Temos grandes feitos e é com grande emoção que recebo essa honraria”, afirmou Picoli em seu pronunciamento em nome de todos os agraciados. O atual presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais), Sérgio Luiz Pedrosa, agraciado no grau Grande Oficial, também exaltou a

importância da CNT para o transporte brasileiro. “Fico muito honrado pela indicação para receber essa medalha. Esse reconhecimento é uma grande alegria. Sou do transporte rodoviário de combustíveis e sinto que a CNT é uma entidade muito importante para que a gente possa se aliar e buscar o que for melhor para esse setor no Brasil”. Orgulho O tenente-brigadeiro do ar Jeferson Domingues de Freitas, diretor-geral do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), também homenageado no grau Grande Oficial, não escondeu a satisfação com a indicação. “Esse reconhecimento extrapola o lado pessoal e é dado ao trabalho que a Força Aérea vem fazendo, por intermédio do Decea. É um trabalho de parceria com as empresas aéreas e com o governo. Eu me sinto representando todo esse grupo e estou muito orgulhoso por isso”, disse. Representando o setor ferroviário, o diretor-presidente

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das concessionárias ViaQuatro e Viamobilidade, Luís Augusto Valença de Oliveira, condecorado no grau Oficial, também se disse orgulhoso por receber a honraria. “Eu me sinto honrado em receber essa homenagem como representante dos trabalhadores e de todos os que militam no setor ferroviário de passageiros. Trabalho na Bahia e em São Paulo transportando mais de um milhão de pessoas diariamente. É um prazer receber essa premiação.” Albuquerque Márcio Madruga, presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado da Paraíba, homenageado na categoria Oficial, disse que recebe a honraria com satisfação. “Faço parte da navegação marítima há 32 anos. É muito importante receber esse reconhecimento pelo trabalho realizado ao longo de toda a minha vida”, comemorou. Conheça todos os agraciados com a Medalha JK 2018 nas páginas a seguir:


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FOTOS | ARQUIVO SISTEMA CNT

Grã-Cruz Jerson Antonio Picoli Presidente da Fetransportes (Federação das Empresas de Transportes do Estado do Espírito Santo) e diretor da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). Foi presidente do Conselho Regional do SEST SENAT no Espírito Santo e do Setpes (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Espírito Santo).

Grande Oficial Silvio Valdemar Tamelini Atual presidente da Fresp (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo) e do Conselho Deliberativo do Transfetur (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento e para Turismo de São Paulo e Região); vice-presidente da Anttur (Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento).

Sérgio Luiz Pedrosa Presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais) e vice-presidente do Conselho Regional do SEST SENAT de Minas Gerais. É CEO da Transpedrosa, empresa de transporte rodoviário de cargas e de movimentação interna de materiais. De 2011 a 2016, exerceu a presidência do Setcemg (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais).


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Posse da nova

Diretoria da CNT

Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro

Tenente-brigadeiro do ar Jeferson Domingues de Freitas Diretor-geral do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Foi adido aeronáutico junto à embaixada do Brasil no Uruguai; gerente do programa de reaparelhamento e adequação da Força Aérea Brasileira; e chefe da divisão de produções e divulgação do Cecomsaer (Centro de Comunicação Social da Aeronáutica).

José Adriano Donzelli Diretor de relações institucionais da Fenaloc (Federação Nacional das Locadoras de Automóveis), instituição que fundou e também presidiu. Membro do Conselho da Abla (Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis), da qual também foi presidente.

Luiz Gonzaga Gonçalves*

Vice-presidente e coordenador da Delegacia Sindical no Estado de Santa Catarina da Fecanvir (Federação Nacional dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros). Foi presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Florianópolis (SC) e membro da junta administrativa de recursos e infrações do DER (Departamento de Estradas e Rodagem).

Jovelino de Gomes Pires*

Coordenador da Câmara de Logística Integrada da Associação de Comércio Exterior do Brasil e membro representante da associação junto ao Conselho de Logística do Rio de Janeiro. Conselheiro na área de logística da Associação Comercial do Rio de Janeiro e na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). É diretor da Federação das Câmaras de Comércio Exterior e professor na Universidade Estácio de Sá, na Fundação Getulio Vargas, na Escola Superior de Guerra, além de coordenador do curso de comércio exterior da Fundação Estudos da Marinha.

Tarcísio Gomes de Freitas*

Atual ministro da Infraestrutura. Ocupou o cargo de secretário de coordenação de projetos do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) no governo Michel Temer. Foi coordenador-geral de auditoria da área de transporte e assessor da área de infraestrutura na CGU (Controladoria-Geral da União). *A honraria foi entregue posteriormente, porque não puderam comparecer à cerimônia.


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Oficial Edmundo de Carvalho Pinheiro Empresário do grupo detentor das empresas HP Transportes Coletivos, Ita Empresa de Transportes e Urbi Mobilidade Urbana. Membro do Conselho Diretor da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). Fundou e presidiu o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Goiânia.

José Marciano de Oliveira Sócio e presidente do Conselho Administrativo do grupo Toniato. Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Sul Fluminense; vice-presidente regional da Fetranscarga (Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro); membro do Conselho Regional do SEST SENAT do Rio de Janeiro.

Sergio Antônio de Oliveira Taxista desde a década de 1990, ocupou o cargo de vice-presidente do Sindicato dos Taxistas de Canoas, no Rio Grande do Sul. Foi também vice-presidente e secretário da Fecavergs (Federação dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros do Rio Grande do Sul).

“A Medalha JK é a expressão de agradecimento e reconhecimento da Confederação Nacional do Transporte a quem faz o transporte acontecer no Brasil.” Vander Costa, presidente da CNT


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Posse da nova

Diretoria da CNT

Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro

Dino Antunes Dias Batista Diretor do Departamento de Navegações e Hidrovias, da Secretaria Nacional de Portos, do Ministério da Infraestrutura. Exerceu os cargos de secretário de fomento e parcerias, secretárioexecutivo substituto e diretor do Departamento de Concessões da Secretaria de Fomento para Ações de Transportes, do antigo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.

Luís Augusto Valença de Oliveira Diretor-presidente das concessionárias ViaQuatro e Viamobilidade. Exerceu o cargo de diretor-presidente da CCR Metrô Bahia, da ViaQuatro e da CCR Engelogtec.

Tarcísio Gargioni É membro do Conselho da Avianca Brasil, companhia aérea da qual foi vice-presidente até 2018. Desde 1990 na aviação, trabalhou na Vasp e participou da fundação da Gol Linhas Aéreas.

Márcio Albuquerque Madruga É presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado da Paraíba. Ocupa os cargos de vice-presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima) e presidente do Comitê em defesa do Porto de Cabedelo.

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AÉREO

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“Break, break” Queda de duas aeronaves da Boeing, em menos de seis meses, acende alerta sobre implantação de novas tecnologias e questiona mecanismos de regulação internacionais por

CARLOS TEIXEIRA


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DIVULGAÇÃO: BOEING

“B

reak, break (mensagem de emergência), pedido para voltar para casa”, repetia o piloto do Boeing 737 MAX 8, do voo ET302 da Ethiopian Airlines, enquanto o avião acelerava até cair, três minutos após a decolagem do aeroporto de Adis Abeba, na Etiópia, no último dia 10 de março. As 157 vítimas fatais do voo da empresa etíope se somam a outras 189 do voo JT610 da Lion Air, com uma aeronave do mesmo modelo que caiu em outubro de 2018 no mar de Java, 13 minutos depois de decolar de Jacarta, na Indonésia. Os dois acidentes fizeram acender o sinal de alerta na aviação mundial. Desde o dia 11 de março, companhias aéreas de mais de 40 países em todo o mundo suspenderam as operações com o Boeing 737 MAX 8, incluindo Brasil, China, Estados

Unidos e União Europeia. No Brasil, apenas a companhia aérea GOL operava com o modelo. Ao todo, a empresa tem sete aeronaves que realizavam viagens para os Estados Unidos, a América do Sul e o Caribe. No fim de março, o departamento de transporte dos EUA ordenou uma auditoria do processo de certificação do Boeing 737 MAX 8. Já o departamento de justiça americano abriu uma investigação criminal sobre o desenvolvimento do avião. A apuração das causas dos acidentes ainda está em andamento, mas há fortes indícios de que o que causou a queda das aeronaves foi uma falha na leitura do sistema MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System), colocado nos aviões depois da implantação dos novos motores LEAP-1B, que garantem mais eficiência nas operações.

Devido ao tamanho desses motores, eles foram colocados na parte da frente da aeronave, o que causa instabilidade. O MCAS foi implantado justamente para solucionar esse problema. “O motor mais à frente pode tender a trazer o nariz da aeronave para cima, gerando uma situação de ‘Stall’, que é a perda de sustentação. Para corrigir o problema, foi colocado o MCAS, que comanda e estabiliza o nariz da aeronave”, explica Fábio Campos, piloto e diretor-executivo da Embry-Riddle (Universidade especializada em aviação) para as Américas Central e do Sul. Em nota enviada pela assessoria, a CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, afirma que “a empresa tem como procedimento padrão, após qualquer acidente, examinar o projeto e a operação das aeronaves e, quando apropriado, instituir atualizações de produtos para melhorar ainda mais a segurança”.

No fim de março, a Boeing anunciou a atualização do software dos aviões 737 MAX 8. Agora, os pilotos passam a ter controle total sobre o MCAS, que passa a usar dados de mais de um dos sensores instalados na aeronave. A empresa também afirma que irá reforçar os treinamentos oferecidos aos pilotos sobre a utilização do equipamento e que, quando as informações apresentadas pelos sensores da aeronave forem diferentes entre si, um alarme irá soar na cabine para avisar os pilotos. No começo de abril, o Ministério dos Transportes da Etiópia divulgou que o primeiro relatório oficial sobre o acidente, ocorrido em 10 de março, constatou que os pilotos da Ethiopian Airlines seguiram os procedimentos recomendados pela Boeing quando o avião MAX 8 em que estavam começou a mover seu nariz para baixo de forma automática.


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DIVULGAÇÃO: GOL

Problemas conhecidos Em todo o mundo, relatos de pilotos, antes dos acidentes, já alertavam que as informações em relação ao MCAS eram insuficientes. “O manual de voo, de acordo com os detalhes que

um dos comandantes indicou ao Aviation Safety Reporting System – sistema de relatórios de segurança da aviação –, veiculado aos relatórios confidenciais, não indicava adequadamente como esse problema deveria ser

FLIGHT RADAR Dados do voo registrados pelo site Flight Radar 24 mostram variação nos parâmetros de altitude (azul) e velocidade (amarelo) em ambos os acidentes.

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DIVULGAÇÃO: FLICKR

abordado ou descrevia o sistema novo”, afirma a piloto, especialista em segurança da aviação da marinha americana e instrutora de aviação, Kristy Kiernan. Toda nova aeronave que ingressa no mercado mundial

precisa ser certificada pela fabricante e pela autoridade de aviação civil do país de origem. Além disso, os pilotos que vão operar o equipamento precisam ser treinados para tal manuseio. A certificação e o treinamento DIVULGAÇÃO: FLIGHT RADAR


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DIVULGAÇÃO: BOEING

INFORMAÇÕES CONTRADITÓRIAS Órgãos reguladores da aviação só se pronunciaram sobre a suspensão dos voos dois dias após a paralisação das operações em todo o mundo. Em comunicado oficial, a FAA (Federal Aviation Administration) suspendeu, no dia 13 de março, todos os voos com o Boeing 737 MAX nos Estados Unidos, alegando que “novas evidências do local do acidente na Etiópia, junto com dados de satélite, levaram à decisão de deixar os aviões no solo”. No entanto, no mesmo dia, horas antes, o órgão já havia emitido uma nota alegando que não possuía informações suficientes para autorizar a suspensão dos voos com a aeronave. “A FAA continua a revisar extensivamente todos os dados disponíveis e, até o momento, a análise não mostra problemas de desempenho sistêmico e não fornece base para o pedido de aterramento da aeronave e dados de outras autoridades da aviação civil que justificassem a ação”, diz a nota. O que chama a atenção é que, procurada pela reportasão válidos internacionalmente e devem ser seguidos pelas empresas nos países onde a aeronave opera. A certificação do MAX 8, nos EUA, segue o padrão da FAA, que realiza testes de solo e voo para demonstrar que o avião atende aos padrões exigidos, além de uma avaliação para determinar a manutenção necessária e a adequação operacional para a colocação da aeronave em serviço.

Questionado pela CNT Transporte Atual sobre a realização de treinamento específico sobre o MCAS, antes do início da operação dos aviões, um porta-voz da FAA afirmou que, embora os requisitos de treinamento do Boeing 737 MAX 8 não abordem o MCAS por nome, são incluídos conhecimentos para lidar com qualquer evento ligado ao sistema. “A FAA exige que os pilotos de

gem da CNT Transporte Atual, antes do anúncio oficial, a FAA demonstra que já possuía conhecimento do problema com as aeronaves. “Depois que obtivemos os dados de satélite que nós compartilhamos com o NTSB (National Transportation Safety Board) – organização independente, responsável pela investigação de acidentes de aviação –, a FAA, a NTSB e a Boeing buscaram elementos adicionais para analisar os dados a fim de fornecer uma representação precisa do perfil do voo da Ethiopian Airlines. Na manhã de quarta-feira, 13 de março, as partes receberam os dados refinados, o que mostrou um perfil de voo semelhante ao do voo 610 da Lion Air.” A Anac, também no dia 13 de março, suspendeu as operações do avião no Brasil depois dos comunicados oficiais da FAA. Em nota, a agência cita que, “após o acidente, a Anac manteve contato com a FAA, com a fabricante da aeronave e com as empresas que operam o modelo no Brasil”, que motivaram a decisão. todas as aeronaves se submetam a um treinamento periódico completo de estabilização de fuga em simuladores de voo.” O porta-voz, que não quis ser identificado, ainda destaca que, após o acidente da Lion Air, o órgão emitiu uma AD (Diretriz de Aeronavegabilidade de Emergência), exigindo que os manuais de voo do MAX 8 fossem revistos para reforçar às tripulações como reconhecer

e responder a movimentos de estabilização não comandados. Regulação no Brasil No Brasil, antes de entrar em operação, todo novo modelo de aeronave é avaliado pela equipe de especialistas da Agência Nacional de Aviação Civil. Sobre o MAX 8, a agência brasileira, em janeiro de 2018, havia identificado diferenças entre os modelos da família 737. A Anac, por meio


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O QUE É O MCAS?

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O MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System) é um sistema que atua para evitar que o avião entre em situação de Stall (perda de velocidade e sustentação).

ATIVA AUTOMATICAMENTE QUANDO: ÌÌ

O ângulo de ataque é alto

ÌÌ

O piloto automático está desligado

ÌÌ

Flaps estão para cima

ÌÌ

Há uma curva muito acentuada

O MCAS empurra o nariz do jato para baixo para reduzir o risco de Stall

DESATIVA QUANDO:

MCAS move o estabilizador horizontal (TRIM) para cima em 27º por segundo até 2,5º e 9,26 vezes por segundo

de nota, assegura que o resultado da avaliação apontou a necessidade de um treinamento específico sobre diversos itens, entre eles, o MCAS e que “as empresas aéreas que quiserem voar com o 737 MAX 8 no Brasil devem qualificar os pilotos e checar seu treinamento”. A nota ainda cita que “a comprovação do treinamento foi exigida antes do início das ope-

rações com a aeronave no país e a agência foi uma das únicas autoridades de aviação civil a exigi-la. O treinamento do MCAS é feito de forma teórica, interativa e computadorizada, e os pilotos brasileiros que solicitaram habilitação para operar o modelo no país foram treinados conforme as exigências expedidas pela Anac”. A agência ainda explica que o Brasil, por possuir uma fabri-

ÌÌ

O ângulo de ataque é reduzido o suficiente

ÌÌ

O piloto substitui pelo trim manual

cante própria de aeronaves (a Embraer, que está sendo adquirida pela Boeing) e por ter uma autoridade de aviação civil, adota a cultura de validar a certificação e expedir “por conta própria e adicionalmente, treinamento para pilotos, mesmo existindo Relatório de Avaliação Operacional da autoridade de aviação do país da fabricante da aeronave”.

A GOL, por meio de sua assessoria de comunicação, ressalta que “todos os pilotos receberam o treinamento recomendado pela Boeing e homologado pela Anac”. A empresa ainda informa que, “desde o início das operações com o 737 MAX 8, em junho de 2018, já realizou 2.933 voos com a aeronave, totalizando mais de 12.700 horas, com total segurança e eficiência”. l


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AQUAVIÁRIO

DIVULGAÇÃO: ALIANÇA AMVES

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Osalto da cabotagem Segmento ganha espaço no mercado e cresce 16,7% entre 2017 e 2018; greve dos caminhoneiros, roubo de cargas e preço do frete são fatores que explicam impulso por

EVIE GONÇALVES


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esmo com 8.000 km de costa marítima e um grande potencial para a utilização dessas vias para o transporte de cargas, no Brasil, grande parte dos produtos ainda é movimentada por rodovias. Entretanto, o abastecimento do país vem tomando novos rumos a partir do salto expressivo de um segmento até então pouco representativo na matriz de transporte nacional: a cabotagem, mais conhecida como navegação entre portos marítimos de um mesmo país. Segundo dados do Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima), somente no ano passado, foram movimenta-

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dos 592 mil TEUs (unidade de medida de contêineres) entre os portos da costa brasileira. Os números representam crescimento de 16,7% do volume anual do segmento, entre 2017 e 2018. Se a conta levar em consideração os últimos oito anos (2011 a 2018), o acréscimo é ainda mais expressivo e praticamente dobrou. Vários fatores explicam o impulso. Um deles é a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio de 2018. De acordo com o presidente do sindicato, Bruno Lima Rocha, a paralisação nas rodovias brasileiras fez com que algumas empresas optassem por migrar suas cargas para os navios. “Além disso, a cabotagem,

na longa distância, apresenta algumas vantagens, uma vez que não depende de rodovias esburacadas e a carga não corre o risco de ser danificada. Sem falar na segurança”, avalia. O presidente do Syndarma também destaca vantagens competitivas do frete marítimo em relação à tonelada transportada via rodoviário. A estimativa é de custo 20% inferior, sobretudo nas longas distâncias. Mesmo com essas vantagens, é importante lembrar que a cabotagem não elimina o caminhão no transporte de cargas. Rocha reconhece a necessidade do modal rodoviário e ressalta que ele é complementar nas rotas de curta distância. No trajeto SantosRecife, por exemplo, a cabotagem

funciona da seguinte maneira: um caminhão pega o contêiner carregado em uma fábrica de São Paulo e leva até o Porto de Santos (SP). Lá, a carga parte de navio até o Porto de Suape (PE). Na chegada, novamente o caminhão entra em cena, levando a mercadoria até os pontos que vão abastecer a casa do consumidor final. “O caminhão ainda está no processo de logística nas duas pernas, tanto no embarque quanto no desembarque. A carga não anda sozinha até o navio. O trajeto maior é feito no mar, mas o rodoviário tem papel essencial na cadeia multimodal”, ressalta. Atualmente, a cabotagem não chega a representar 10% da matriz, enquanto o rodoviário responde por 65% do transporte de carga nacional.


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DIVULGAÇÃO: ALIANÇA NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA

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“Ainda temos muito a ser conquistado. Queremos alcançar, pelo menos, 25% da matriz de transporte nos trajetos de longa distância. Para isso, é preciso que vários entraves sejam eliminados, como a falta de competitividade em relação aos custos do diesel. Somos muito mais taxados”, adverte o presidente do sindicato. Outras reivindicações são as recorrentes discussões sobre alterações no marco regulatório do setor, o que acaba desestimulando investimentos, a burocracia documental e a própria infraestrutura portuária. Mercado O Brasil possui portos de referência na cabotagem nacional. O de Manaus (AM) é um dos

que mais se destacam individualmente. Rio Grande (RS), Santos (SP), Fortaleza (CE) e Salvador (BA) também dominam o mercado. Dentro dos contêineres, todo tipo de mercadoria é transportado: açúcar, arroz, móveis, eletrodomésticos e, até mesmo, motocicletas. A Aliança Navegação e Logística, que detém cerca de 56% do mercado da cabotagem no Brasil, inovou, no ano passado, transportando frutas como laranja, melancia, melão, tangerina e cacau. Assim como no mercado nacional, a empresa encerrou 2018 com um crescimento de 16% na movimentação por cabotagem em relação ao ano anterior. Somente após a greve dos caminhoneiros, foram 192

novos clientes. No total, houve movimentação de 310 mil contêineres, sendo as rotas mais procuradas da região Sul para a Nordeste e, também, no sentido contrário. De acordo com o diretor de Cabotagem e Mercosul da empresa, Marcus Voloch, a cabotagem vem crescendo a taxas de 11% ao ano desde 2011. “As empresas perceberam que depender apenas do rodoviário não era suficiente. Quando veio a greve, elas diversificaram a estratégia logística”, conta. A desvantagem da cabotagem, segundo ele, é somente o tempo de entrega das mercadorias, que pode chegar a 11 dias, na rota Santos-Ceará, por exemplo. O motivo é a dependência dos traje-

tos já programados de embarque e desembarque de navios – no máximo, dois por semana por porto – e o fato de os clientes precisarem se adaptar a essa logística. “Nada que não se resolva com programação”, observa. Ele também ressalta a necessidade da multimodalidade em toda a cadeia logística desse tipo de transporte. “Não há como existir cabotagem sem o modal rodoviário. A nossa política é mostrar que temos que usar os recursos onde são viáveis, criando a melhor relação de custo-receita. Dentro dessa lógica, observamos que o rodoviário se encaixa nas curtas distâncias; os trens, na média distância; e os navios, na longa distância”, conclui.l


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DESPOLUIR

Vale a pena fazer

a coisa certa Guia lançado pela CNT e pelo SEST SENAT mostra a transportadores a importância do uso do Arla 32 para a manutenção da frota e para a qualidade do meio ambiente

por

GUSTAVO T. FALLEIROS


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A

qualidade do ar que respiramos é um bem inestimável. O Estado brasileiro já despertou para o tema e vem tentando se adequar aos padrões internacionais de emissão de poluentes. Esse compromisso foi reafirmado em 2012, quando a indústria automobilística atualizou suas plantas para colocar no mercado caminhões e ônibus que emitissem até 90% menos de NOx (óxido de nitrogênio). O NOx é um dos principais causadores da chuva ácida, fenômeno que desgasta o concreto das construções, prejudica a vegetação, empobrece o solo e mata organismos aquáticos. A renovação atendeu às exigências da fase P7 do Proconve, o programa de controle de

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poluição mantido pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Os parâmetros passaram a ser os mesmos que vigoram na União Europeia desde 2009. Na época, foram introduzidas duas tecnologias para reduzir o NOx: o sistema EGR e o SCR (veja box). O primeiro apresenta boa performance no trânsito da cidade, enquanto o segundo é vocacionado para veículos pesados movidos a diesel, que transportam carga e trafegam em rodovias. É aí que entra o Arla 32. O Agente Redutor Líquido Automotivo é imprescindível para o funcionamento do SCR. Trata-se de uma substância química incolor, não tóxica e não inflamável – portanto, segura para manuseio e transporte. O

REAÇÃO QUÍMICA NOx + NH3 – N2 + H20 Motor

NOX + NH3

N2 + H2O

CONHEÇA OS SISTEMAS DE REDUÇÃO DO NOx Recirculação de Gases de Escape - EGR Essa alternativa utiliza um filtro de partículas que reduz a quantidade de emissão de materiais particulados e de outros gases, como o NOx (óxido de nitrogênio). Redução Catalítica Seletiva - SCR É uma solução tecnólogica de pós-combustão aplicada em motores de ciclo diesel. Nessa tecnologia, é necessária a utilização do ARLA32 para redução de emissões e de material particulado. FONTE: CARTILHA ARLA 32 – USO CORRETO

número 32 diz respeito à concentração de ureia (32,5%) em água desmineralizada (sem sais minerais). O Arla é injetado no sistema de exaustão do veículo e, em contato com um catalisador, converte o NOx em vapor de água e nitrogênio, ambos inofensivos ao meio ambiente (veja box com o esquema da reação química). Embora o princípio de funcionamento seja simples, o Arla 32 gera, até hoje, muitas dúvidas para o motorista profissional, principalmente, entre os autônomos. Para desmistificar o assunto e encerrar de vez os questionamentos, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) e o SEST SENAT prepararam a cartilha Arla 32 – Uso Correto, que pode ser baixada gratuitamente no site da entidade (veja QR Code). O livreto

faz parte de uma coleção, com outros quatro títulos, todos do Programa Despoluir (veja box). “São cartilhas para se ter no porta-luvas”, explica Bruno Batista, diretor-executivo da CNT. “Elas foram feitas com o objetivo de entrar no cotidiano do transportador, de modo a melhorar a performance ambiental desse profissional. Com isso, há ganhos socioeconômicos, além da garantia de se estar em conformidade com a legislação ambiental”, enfatiza. Vale ressaltar que o primeiro beneficiado pela adoção de boas práticas é o próprio motorista, que lida diariamente com a ferramenta de trabalho. Descompasso Da mesma forma, se o veículo estiver desregulado, a mão que segura o volante será a primei-


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CARTILHAS DO PROGRAMA DESPOLUIR Os recém-lançados guias rápidos do Programa Despoluir trazem dicas que orientam o setor sobre medidas para tornar a operação e a gestão do transporte de cargas e de passageiros mais eficientes e sustentáveis. Quando adotadas, as estratégias melhoram a performance ambiental e trazem benefícios ambientais e econômicos, como menos consumo de combustível e menor desgaste das peças e dos veículos. Os guias são voltados para transportadores, condutores, gestores de frota e trabalhadores da área de manutenção e garagens. Na próxima edição da revista CNT Transporte Atual, conheceremos melhor duas dessas publicações: “Óleos Lubrificantes Automotivos – Uso e Destinação Adequada” e “Baterias Automotivas – Boas Práticas no Uso e na Destinação”.

ra a notar. Por isso, surpreende o fato de o Arla 32 ainda não ter sido totalmente incorporado à rotina do transporte no país. Essa defasagem é acompanhada de perto pela Afeevas (Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul). Eles fazem um cálculo simples para aferir o consumo insuficiente da substância. Cada 20 litros de diesel S-10 demanda 1 litro de Arla 32 para o funcionamento correto do veículo. A conta, porém, não fecha. Para a frota de pesados circular com a proporção correta, o

Arla 32 precisaria ter suas vendas aumentadas em 35%. A Afeevas atribui esse déficit às tentativas de burlar o sistema SCR. E por que isso ocorreria? A resposta mais provável é que muitos transportadores ou motoristas profissionais consideram a substância cara e tentam reduzir esse custo com artifícios não autorizados. O Arla é comercializado em líquido ou a granel, e a forma de acondicionamento influencia no preço final. Para se ter uma ideia, o galão de 20 litros custa cerca de R$ 50. De acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal),

as adulterações são de dois tipos: química e eletrônica. “A química é com a adição de diluentes no Arla 32. A eletrônica ocorre quando se coloca um dispositivo que engana a central do veículo (o chamado OBD, on-board diagnosis) e faz com que ele funcione sem o Arla”, afirmou a PRF em nota. Esse apetrecho é conhecido como “chip paraguaio”, facilmente encontrado na internet. Na linguagem dos motoristas, “caminhão castrado” é aquele que teve o chip instalado. Sob qualquer ponto de vista, a fraude não compensa. Em pri-

meiro lugar, porque a fiscalização é feroz tanto por parte da PRF (veja box) quanto do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). O motorista flagrado em desconformidade pode vir a responder simultaneamente nas esferas administrativa e criminal. A irregularidade é considerada infração grave pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e rende cinco pontos na carteira de habilitação. O veículo pode ser apreendido, e a multa ambiental será de até R$ 20 mil. Ou seja, sai caro.


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FORMAS DE VENDA Perguntamos ao diretor-adjunto da Afeevas, Elcio Farah, quais são as formas de comercialização do Arla 32 atualmente disponíveis no país. Ele explica que a venda a granel vale mais a pena e garante que, na comparação com os mercados europeu e norte-americano, a substância brasileira é mais barata. Veja a resposta: “O Arla 32 pode ser vendido em bombonas de 20 litros para você transportar durante a viagem. Esse é o segundo tipo de distribuição mais vendido depois do sistema a granel, mas não é a forma mais econômica porque você paga a embalagem, que custa quase o mesmo valor que o produto. Há também os tambores de 200 litros, que estão em desuso, e uma terceira opção, que são os contêineres plásticos IBC (Recipiente Intermediário para Granel, da sigla em inglês ) de 1.000 litros. Essa forma é interessante para o frotista se ele não quiser investir em um tanque específico, pois será bem atendido. Nos sistemas lacrados, você tem o selo do Inmetro. No sistema a granel, um caminhão-tanque abastece outros tanques, e existem frotistas que abastecem assim o contêiner de 1.000 litros. Isso é proibido para uso comercial. Para a comercialização, o produto tem de ser certificado e, no caso da venda a granel, o posto vai receber uma nota fiscal da procedência do produto e uma garantia de que o produto é certificado. Cada fabricante tem o produto certificado nas várias formas. Para a distribuição em posto, você só pode usar a granel em tanques maiores que 3.000 litros. Existe posto que não faz isso, que compra o Arla em IBCs de 1.000 litros e coloca uma torneira – isso é proibido, e a Afeevas faz denúncias regularmente, mas sempre existem burlas.”

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AS FRAUDES NÃO PODEM SER ESCONDIDAS A PRF utiliza rotineiramente dois métodos muito eficazes para identificar a tentativa de adulteração do Arla 32: 1. Uso de refratômetro Trata-se de um aparelho que mede a concentração de ureia no produto. Concentrações de ureia abaixo da especificação revelam a diluição do produto, enquanto valores acima da especificação indicam evaporação da água devido à pouca utilização do Arla 32, sendo as duas situações consideradas irregulares. 2. Uso da substância química negro de eriocromo T É uma substância química que indica a presença de sais minerais, revelando que o Arla 32 foi fabricado com substâncias inapropriadas, como ureia agrícola e água não desmineralizada, quando adquire coloração rosa. Se o produto avaliado atende ao padrão de qualidade, esse indicador possui cor azul. Prejuízo na certa: catalisador obstruído

E, agora, o mais importante: a adulteração destrói o veículo após poucos quilômetros rodados – em cerca 10 mil km, o estrago já será evidente e irreversível. Elcio Farah, diretor-adjunto da Afeevas, traz uma explicação técnica: “Um Arla 32 de baixa qualidade, não certificado pelo Inmetro, tem impurezas. Essas partículas, quando injetadas no escapamento, vão se cristalizar no catalisador e, pouco a pouco, impedir a passagem dos gases. Se bloquear, acaba

com todo o sistema: o motor perde rendimento até parar”. A solução será uma só: trocar o catalisador. Hoje, a substituição da peça não fica por menos de R$ 20 mil. Atenta ao problema, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) já se pronunciou oficialmente. “Alertamos todos os proprietários de veículos a diesel (caminhões e ônibus) com a tecnologia correspondente à fase P7 do Proconve: a alteração das

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características originárias do veículo por meio de modificações de software ou instalação de dispositivos, botões, chaves, sensores ou qualquer outro equipamento com a finalidade de burlar os sistemas de controle do Arla 32 gera a perda de garantia do veículo, além de constituir ilícito ambiental”. Além do lançamento da cartilha, o SEST SENAT combate a falta de conhecimento sobre o Arla 32 em seus cursos presenciais e a distância. l

BAIXE A CARTILHA ARLA 32 USO CORRETO


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FERROVIÁRIO

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Cenário preocupante Indústria ferroviária brasileira registra queda na produção desde 2015; setor mantém expectativa de melhorias com antecipação de renovação de contratos e novas concessões por

O

setor ferroviário brasileiro vive um momento bastante particular. Apesar do crescimento no volume de produtos e no número de pessoas transportadas nos últimos anos, a produção de equipamentos teve, em 2018, o seu pior desempenho. A renovação dos contratos de concessões e novas linhas que serão colocadas em operação, no entanto, podem mudar o cenário.

CARLOS TEIXEIRA

De acordo com dados da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), em todo o ano passado, foram produzidas apenas 64 locomotivas no país, menor número desde 2015. Naquele ano, foram fabricadas 129 locomotivas; no ano seguinte, o total caiu para 109; e para 81 em 2017. E não foram só as locomotivas que deixaram de ser produzidas, a indústria de vagões

também sofre com a baixa demanda. Em 2017, foram feitos 2.878 vagões. No ano passado, o número caiu para 2.566. No cenário de passageiros, a realidade também é a mesma. Com uma capacidade instalada para a produção de 1.200 carros por ano, a planta industrial brasileira produziu apenas 312 equipamentos no último ano, uma ociosidade de 75%. Para este ano, a previsão é de apenas 135 carros.

“A perspectiva é a pior possível. Estamos aguardando a antecipação das renovações das concessões que aconteceram entre os anos de 1996 e 1998. A partir disso, poderemos recuperar até o número de mão de obra. Nos últimos dez anos, investimos mais de R$ 10 bilhões em tecnologia, novas instalações e inaugurações de fábricas. Precisamos das renovações para a indústria voltar a ter volumes que a façam ressurgir, pois o


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grande diferencial é a contrapartida que vai ser feita em investimentos imediatos, em um espaço de até cinco anos”, afirma o presidente da Abifer, Vicente Abate. De acordo com ele, entre 2014 e 2015, quando foram realizados investimentos no setor, o número de produção cresceu. “No caso dos vagões, em 2014, foram 4.703 produzidos e entregues; em 2015, 4.683. Depois desse aquecimento, os números passaram a cair na mesma proporção da queda do investimento e com a chegada do fim das concessões. A previsão para esse ano é de apenas 1.500 vagões produzidos. Como manter a fábrica, se estamos trabalhando com 80%, 90% de ociosidade?”, questiona ele. De acordo com o presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, o baixo investimento em ampliação de linhas traz pouca renovação para o setor. “Como temos pouco investimento no aumento das redes, temos poucas encomendas de novos trens. A expectativa é que o governo vem acenando com um programa para a modernização das frotas em operação. Com isso, ganham as operadoras, que terão trens mais modernos, ganham os passageiros e ganha a indústria.” Dados da associação mostram que, em 2017, foram transportados 2,93 bilhões de passageiros.

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Concessões Em nota, a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) cita que “a redução do volume de compras nos últimos anos deve-se ao fato de as concessões estarem entrando no terço final dos contratos, o que dificulta investimentos por conta do prazo reduzido para amortização. A partir das renovações e das novas concessões, o mercado deverá voltar a aquecer”. A nota ainda cita que prorrogar antecipadamente os contratos das concessões, que vencem a partir de 2026, é a melhor opção para o país e que, com as concessões antecipadas, as empresas investirão mais de R$ 25 bilhões nos próximos cinco anos no setor ferroviário. “Esses recursos serão direcionados para o aumento da capacidade de transporte da malha, para a redução de conflitos urbanos e para a superação de gargalos logísticos. Isso significa ter recursos para estender a malha ferroviária e melhorar a qualidade e a segurança do transporte de carga do país”, finaliza a nota. Desde o início das concessões, as ferrovias de cargas têm ampliado os seus índices de produtividade. Dados da ANTF mostram que a produção ferroviária chegou a 407 bilhões de toneladas por quilômetro no Brasil em 2018, alta de mais de 170% em relação ao

PRODUÇÃO BRASILEIRA DE LOCOMOTIVAS PRODUÇÃO ANUAL

*

Fonte: Abifer

* expectativa


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TRECHO DA NORTE-SUL É LEILOADO POR R$ 2,7 BILHÕES

AMAPÁ

RORAIMA

AMAZONAS

MARANHÃO

PARÁ

O trecho central da Ferrovia Norte-Sul, de 1.537 quilômetros, que ACRE liga Porto Nacional a Estrela d’Oeste (SP), foi concedido para a Rumo RONDÔNIA Logística por R$ 2,7 bilhões. O leilão foi realizado em março. O lance mínimo definido pelo edital era de R$ 1,4 bilhão. O pagamento será feito com 5% do valor da outorga paga em até 45 dias do ato de homologação. O restante será pago em 120 parcelas trimestrais, com reajustes anuais do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo). O traçado, que está 98% finalizado, custou ao governo cerca de R$ 17 bilhões e é considerado um dos principais projetos para o escoamento da produção agrícola do país. O trecho era controlado pela Valec, e o vencedor terá que investir R$ 2,7 bilhões em um prazo de 30 anos de contrato. A concessionária também será responsável pela exploração da infraestrutura e pela prestação do serviço público de transporte ferroviário. Terá, ainda, que garantir a manutenção e a conservação da via.

índice de 20 anos antes, quando teve início a operação privada. Embora esse volume ainda seja baixo dentro da matriz de transporte nacional, quando se avaliam apenas as commodities agrícolas, as ferrovias são responsáveis por 40% do que chega aos portos, e por 95% do transporte de minério. Os contratos das concessões que ocorreram na década de 1990 possuem cláusulas que anteveem a probabilidade de prorrogação das concessões, por igual período (30 anos). Além disso, recentemente, a lei n.º 13.448 trouxe parâmetros e metodologias adequados que reforçam a prorrogação. Em nota, a Secretaria do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) afirma que ape-

nas cinco concessionárias estão aptas à prorrogação antecipada dos contratos, visto que a própria lei prevê o atendimento a metas de produção e segurança. São elas: Rumo Malha Paulista, MRS Logística, Vitória a Minas, Carajás e Ferrovia Centro-Atlântica. “O processo mais adiantado é o da Rumo. A demora se justifica pela necessidade de se refazer parte dos estudos de demanda – operacional, engenharia e modelagem econômico e financeira – após a fase de consulta pública. No momento, o processo está sob análise do TCU (Tribunal de Contas da União) desde outubro de 2018.” A nota ainda ressalta que, na prorrogação antecipada, feita por meio de termo aditivo ao contrato, as empresas interessadas

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CEARÁ

RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA

PIAUÍ TOCANTINS PORTO NACIONAL MATO GROSSO

PERNAMBUCO ALAGOAS

SERGIPE

BAHIA

GOIÁS MINAS GERAIS MATO GROSSO DO SUL

ESTRELA D’OESTE SÃO PAULO

ESPÍRITO SANTO

RIO DE JANEIRO

PARANÁ SANTA CATARINA

RIO GRANDE DO SUL

são as próprias concessionárias já citadas e que as cinco concessões são prioritárias, pois a segurança de contar com mais 30 anos após o fim das atuais concessões permite às empresas realizar investimentos antecipadamente, seja em aquisições de locomotivas e vagões, seja na ampliação da capacidade da ferrovia, por meio da construção de pátios de cruzamento e duplicação de trechos. Para o diretor de relações institucionais da MRS, Gustavo Bambini, as renovações antecipadas são o melhor instrumento para destravar investimentos no setor ferroviário. “Quando olhamos para as concessões atuais, estamos falando de ganhos de capacidade instalada, produtividade, velocidade comercial e segurança. Vamos oferecer

um transporte ainda mais eficiente para o setor produtivo brasileiro. Poderemos ampliar pátios e terminais, adquirir material rodante e implementar sistemas de sinalização, de tecnologia e de gestão”, destaca ele. Na visão dele, a não renovação dos contratos pode colocar em risco a indústria ferroviária nacional e o desempenho da economia nacional. “Se considerarmos que a ferrovia já atende com share elevado, segmentos como o agronegócio, a mineração e outros de contribuição diferenciada para a nossa economia – todos eles com projeções de crescimento de produção no médio prazo – sem as concessões, colocamos em risco o desempenho futuro de toda a nossa estrutura de comércio exterior.” l


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LOGÍSTICA

Semobstáculos para aentrega Intermodal South America 2019 debate tecnologias avançadas para garantir eficiência na cadeia de suprimentos; CNT e SEST SENAT têm participação destacada por

EVIE GONÇALVES e NATÁLIA PIANEGONDA De São Paulo (SP)


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indústria 4.0 já existe em todo o mundo e colocou em prática conceitos até então desconhecidos, como Internet das Coisas, robótica avançada, analytics e big data. A tecnologia cresceu de forma exponencial e trouxe grandes facilidades para mercados diversos, entre eles o de suprimentos e logística, que, desde então, vem adotando o chamado Supply Chain 4.0. O assunto foi destaque na 25ª Intermodal South America, que aconteceu no fim de março, em São Paulo (SP). A feira é a maior da América Latina para os setores logístico, de transporte de cargas e de comércio

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exterior e reuniu mais de 400 expositores, de 22 países. A tendência do momento é a gestão da cadeia de suprimentos de forma mais integrada, dos fornecedores aos clientes. Além disso, as decisões sobre custo, estoque e atendimento passam a ser tomadas em uma perspectiva de ponta a ponta, e não isoladamente, por função. Com isso, o abastecimento torna-se mais rápido, flexível, detalhado, preciso e eficiente. Uma das vantagens do Supply Chain 4.0 são os mecanismos avançados de previsão a partir do momento em que máquinas cada vez mais tecnológicas permitem uma definição precisa das demandas

dos clientes. Com isso, processos que, antes, levavam até um mês para serem concluídos, passam a ser diários. O compartilhamento de cargas também integra essa cadeia e vem aumentando significativamente a agilidade das redes de distribuição. Outra característica do processo são entregas com foco na individualização dos produtos e dos clientes, o que gera demandas mais detalhadas e cronogramas sofisticados. De acordo com João Pedro Castelo Branco, da McKinsey & Company, a cadeia de suprimentos é balizada por três variáveis básicas: rapidez na mudança de expectativas dos

clientes; foco na conveniência; e supersensibilidade ao preço. “A demanda e o comportamento do consumidor são afetados pela grande quantidade de opções que temos e pela forma como resolvemos nossas necessidades. Isso gera obrigação de precisão e de integração na cadeia”, explica. Segundo ele, as empresas estão mudando a forma de operar para se adaptarem às necessidades dos clientes. As máquinas, no entanto, não eliminam a figura do ser humano nesse processo cada vez mais tecnológico. “Precisamos de profissionais capazes de interagir com todo o conhecimento gerado para


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rota percorrida, tempo de direção, acidentes, temperatura da carga, perfil do condutor, uso de combustível e de pneus, por exemplo, são obtidas de forma rápida e eficiente. “A ideia é que monitoremos indicadores que alimentem e gerem mais dados para a nossa cadeia”, explica Márcio Toscano, diretor-executivo da empresa. O Mercado Livre, plataforma de tecnologia que oferece serviços de e-commerce para toda a América Latina, também adota esse tipo de abastecimento desde 2013. “Optamos por não ter estoques. Construímos tecnologias para fazer com que empresas possam anunciar seus produtos

e para que compradores possam receber”, conta o diretor Leandro Bassoi. Segundo ele, a mudança de paradigma veio a partir da necessidade de modernização da plataforma e de melhoria da experiência de compra dos usuários. Um dos processos de geração e acúmulo de dados foi a partir da criação de uma interface com os Correios. “No momento da compra, o Mercado Livre gerava uma etiqueta para o fornecedor. Quando ele envia a mercadoria ao cliente, a gente recebe essa informação. Isso gerou muita efetividade aos nossos processos.” Outro exemplo de eficiência vem da atuação da empresa na

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Argentina. Como grande parte das mercadorias do país é entregue por meio de motofretistas, a plataforma criou um aplicativo de celular para esses profissionais. Antes de iniciarem o trajeto, eles entram na ferramenta, acionam a função de leitura do código de barras impresso na caixa da mercadoria e, em seguida, geram dados do trajeto feito pelo motorista. “O Mercado Livre trabalha sempre com tecnologia. A gente não se dá por vencido até melhorar. Nossa meta principal é oferecer excelência na execução e gerar valor para os usuários”, conclui Bassoi. Confira os principais assuntos da Intermodal nas páginas a seguir:

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receber inputs e trabalhar a viabilidade dos dados.” Entre as possibilidades geradas estão, por exemplo, a automação de veículos para tarefas repetidas, impressão 3D e, até mesmo, entregas em locais não usuais. “Quem disse que hoje eu preciso entregar um produto na sua casa? Eu posso entregar no porta-malas do seu carro. A Amazon já opera dessa maneira”, pontuou Castelo Branco. A Autotrack é outra empresa que também inseriu características do Supply Chain 4.0 no seu ciclo operacional. Todo o trajeto das cargas transportadas de caminhão é monitorado, desde a coleta até a entrega. Com isso, informações como

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OTMS GANHAM ESPAÇO NO MERCADO A ideia de atrair a atenção da iniciativa privada, por si só, já não basta ao setor de logística. Atualmente, o mercado valoriza a concentração de toda a cadeia, da origem ao destino, nas mãos de uma mesma empresa. Esse é o trabalho dos OTMs (Operadores de Transporte Multimodal). Diversas empresas já oferecem esse tipo de serviço. A MSC, por exemplo, concentra, desde 2017, toda a logística de exportação de ferro e de manganês, de Rondônia à China. O diretor Elmer Justo explica que, para oferecer o serviço, precisa subcontratar, em média, outras seis empresas de modais distintos para realizar a operação. “Para que a carga chegue ao seu destino, usamos dois tipos de caminhão, além de barcaça e navio. É uma operação que demanda muita estratégia e prática para quem contrata.” Segundo Justo, a vantagem da otimização desse tipo de procedimento é que quem contrata conta com um serviço integrado e flexível, melhor utilização da capacidade disponível e redução dos trâmites burocráticos. “A operação por OTM faz com que o cliente passe a focar ainda mais no processo de produção e deixe o transporte nas mãos do operador”, avalia.

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SIMULADOR DE DIREÇÃO O SEST SENAT também participou da Intermodal com um dos seus principais serviços oferecidos aos trabalhadores do transporte: o simulador de direção. Os participantes da feira tiveram a oportunidade de simular uma viagem de caminhão em diferentes ambientes e climas.

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CNT SE DESTACA NA INTERMODAL A CNT apresentou, durante o evento, as perspectivas para o futuro da logística brasileira, sob os aspectos da economia, da infraestrutura e das inovações. A coordenadora de Economia, Priscila Santiago, salientou que um sistema logístico eficiente e sustentável sob os aspectos financeiro, social e ambiental é requisito para amparar o crescimento da economia do Brasil. Entretanto, há diversos fatores que pressionam o setor. O enfraquecimento da economia a partir de 2014 e a demora na recuperação estão entre eles. Esse contexto penaliza o mercado de transporte e logística duplamente: a queda na renda da população leva à redução no consumo e, consequentemente, à diminuição na demanda pelo transporte de mercadorias; já a queda na arrecadação impacta, imediatamente, o congelamento de investimentos públicos, o que eleva as despesas nos serviços de transporte. “No ano passado, o governo federal investiu 0,16% do PIB (Produto Interno Bruto) em infraestrutura de transporte. O valor é muito baixo e é insuficiente para repor a depreciação dessas infraestruturas. O resultado disso são malhas que não atendem à demanda e em condições que elevam o custo do transporte. Nós precisamos de mais investimentos para sanar essa deficiência. Para uma logística eficiente, isso é uma questão crucial.” Outro agravante é que, no cenário externo, os indicadores também não são favoráveis. “A velocidade de crescimento da economia mundial está caindo; há incertezas em relação à China e aos Estados Unidos; os preços internacionais estão mudando; e a Argentina, um dos principais parceiros comerciais do país, está em crise”, destacou Priscila, ressaltando que tudo isso pode afetar a economia brasileira e o mercado interno, resultando em impactos no nosso setor.

O custo para solucionar as deficiências na infraestrutura de transporte e logística, estimado pela CNT, é de R$ 1,7 trilhão, em todos os modais. Além de investimentos, a Confederação destaca a necessidade de se aprimorar o planejamento e de uma visão sistêmica do transporte, com integração entre as diferentes modalidades. l

1,7

NECESSIDADE DE INVESTIMENTO

R$

TRILHÃO R$

531,97

BILHÕES em ferrovias

R$

147,57

BILHÕES

em hidrovias

R$

133,34

BILHÕES

em portos

R$

R$

496,12

BILHÕES em rodovias

30,31

BILHÕES em aeroportos

R$

25,68

BILHÕES

em terminais de carga

R$

297,01

BILHÕES

em mobilidade urbana

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DIVULGAÇÃO: CONTEÚDO EMPRESARIAL


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O QUE FOI LANÇADO NA INTERMODAL? DE OLHO NO CONTÊINER 1 Gerenciamento Remoto de Contêiner é a novidade do Grupo Maersk na Intermodal 2019. A tecnologia, apelidada como RCM, permite aos clientes monitorar, em tempo real, as condições da carga, com informações do interior do contêiner desde o momento do embarque até a entrega no destino final. A partir do terceiro trimestre deste ano, os 370 mil contêineres refrigerados da frota contarão com a tecnologia, considerada uma das mais abrangentes do mundo. Segundo a empresa, o RCM é ideal para transportar carga fresca, congelada ou farmacêutica. Com a tecnologia, é possível acompanhar o estado da carga e identificar a melhor maneira de agir caso ocorra algum imprevisto durante o transporte.

DE OLHO NO CONTÊINER 2 Já a Brado – empresa de inteligência em logística de contêiner – lançou o aplicativo WeBrado, que otimiza o fluxo de comunicação com o cliente. Além da rastreabilidade, focada no gerenciamento de risco da carga, a ferramenta também dá informações precisas e atualizadas de todo o ciclo de pedido, desde a saída até a entrega. É possível consultar notas fiscais, booking (reserva de praça ou espaço em um navio), embarcação, entre outras informações que facilitam os procedimentos de embarque da carga. O usuário também poderá fazer o download de relatórios, exportar e compartilhar arquivos.

MARCOPOLO SOBRE TRILHOS A Marcopolo, empresa focada na fabricação de carrocerias de ônibus, começa a apostar em um novo mercado: o de transporte sobre trilhos. Para tanto, criou a Marcopolo Rail. A experiência no segmento iniciou em 2015, a partir de uma parceria com a Aeromóvel Brasil, materializada no desenvolvimento de soluções e tecnologias para as cabines, como inovações em sistemas de aberturas, climatização, layout, assentos, materiais e design relacionado ao setor. O foco inicial da Marcopolo Rail inclui o fornecimento de soluções para modais ferroviários de até 25 mil passageiros/hora/sentido, que operem com velocidade máxima de 70 km/hora e possam atender tanto ao segmento urbano como ao intermunicipal.


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CONTRATAÇÃO DIGITAL A Tora Transportes anunciou parceria com o TruckPad, aplicativo para contratação de fretes junto a caminhoneiros autônomos. A medida é uma da série de investimentos que a empresa deverá fazer neste ano – que somará o valor de R$ 25 milhões – para criar o serviço Tora Digital. A empresa movimenta cerca de 500 mil toneladas de cargas mensalmente por meio da atividade de autônomos, o que equivale a cerca de 3.000 embarques por mês. Agora, todos os motoristas autônomos passarão a ser contratados por meio do aplicativo. A estratégia visa ao ganho de escala, ao aumento da eficiência e à redução de custos da empresa.

DIGITALIZAÇÃO DE PROCESSOS LOGÍSTICOS A DHL apresentou dois novos avanços na área de digitalização de processos logísticos. O primeiro é o website DHLi, que permite coletar informações de embarques aéreos e marítimos em tempo real e solicitar a reserva de espaço de carga. A plataforma permite, também, armazenar documentos e informações, o que facilita a contratação de novos trechos e a integração com outros modais até o destino final da carga. Outras funções são a geração de alertas e de relatórios automáticos, além da integração com sistemas de TI do cliente. O segundo avanço é uma expansão da ferramenta Online Freight Quotation, que permite a cotação ágil de embarques, para simplificar a tomada de decisão, e a reserva do serviço.

NOVO SERVIÇO AÉREO DE CARGAS De olho no mercado de transporte aéreo de cargas, a BH Airport, que administra o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, apresentou o que classifica como um novo conceito em soluções logísticas integradas. Uma das principais novidades é que o aeroporto será o primeiro do Brasil a adotar o regime de entreposto aduaneiro, que permite o armazenamento de mercadorias e produtos importados em local alfandegado credenciado pela Receita Federal. Durante o tempo de permanência no terminal, os produtos têm suspensão dos tributos e podem ser nacionalizados de forma fracionada, à medida da necessidade do cliente. O modelo permite ganhos com a gestão dos estoques, fluxo de caixa e o armazenamento. O potencial é estimado em US$ 1 bilhão em exportações e US$ 2 bilhões em importações.


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INOVAÇÃO

Engajamento para

obter

resultados

Interação entre organizações e empregados afeta a forma como colaboradores pensam, sentem e desempenham suas atividades, gerando impactos para a empresa da

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ocê provavelmente já ouviu falar em experiência do consumidor. Esse é um conceito cada vez mais presente em empresas que buscam melhorar os resultados dos seus negócios. De forma simplificada, a ideia é que as organizações devem administrar adequadamente todos os possíveis pontos de contato com o cliente, esteja ele em busca de produtos ou serviços (desde a configura-

ção de uma loja até o transporte e a logística). Afinal, os clientes estão cada vez mais exigentes e buscam atender a necessidades cada vez mais específicas. E você sabe o que é experiência do colaborador? “É a soma de interações entre organizações e seus empregados. Essa experiência impacta a forma como eles pensam, sentem e desempenham suas funções”, explica Tracy Maylett, CEO da DecisionWise, consultoria focada

REDAÇÃO

em employee experience (experiência do empregado), autor de diversas publicações sobre engajamento de colaboradores, lideranças, gestão de pessoas e mudanças organizacionais. Quando a experiência do colaborador é positiva, ela resulta em engajamento, “um estado emocional que faz você se sentir apaixonado e comprometido com o trabalho”. E é importante destacar que engajamento gera resultados finan-

ceiros. “Uma das coisas que as pessoas começam a ver agora é que pessoas com excelentes experiências nas empresas também fazem os consumidores terem excelentes experiências. Então, as empresas começam a prestar mais atenção na experiência do empregado”, pontua Maylett. Esse foi o tema central do HSM HR Conference 2019, realizado em São Paulo, em março. O evento reuniu, entre os parti-


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DIVULGAÇÃO: OPENSPACE

cipantes, gestores de empresas de transporte de todo o Brasil, em uma atividade de capacitação voltada ao aprimoramento da gestão de pessoas, promovida pela CNT, pelo SEST SENAT e pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística). “O transporte gera muitos empregos no país. A participação desses profissionais é fundamental para termos um desenvolvimento na qualidade dos serviços prestados. Além disso, colaboradores engajados são essenciais para o sucesso das empresas e para o alcance de melhores resultados”, diz o presidente da CNT, dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT e do ITL, Vander Costa. O evento foi mais um de uma série de treinamentos que o Sistema CNT está oferecendo a altos executivos de empresas e instituições do transporte com o objetivo de aprimorar o

conhecimento sobre o que há de mais inovador no mundo dos negócios. Iniciado em 2018, o programa já promoveu encontros sobre tecnologias exponenciais e liderança empresarial, bem como possibilitou uma missão ao Vale do Silício, nos Estados Unidos. Até o fim deste ano, estão previstos mais quatro encontros. De acordo com Maylett, o engajamento ocorre no chamado contrato psicológico do emprego. “O contrato não escrito, implícito, traz as expectativas do indivíduo sobre a relação com o empregador. Quando esse contrato é honrado, isso é o que engaja”, esclarece. Aí o colaborador envolve mente (criatividade e inovação), mãos (execução), espírito (satisfação) e coração (paixão) naquilo que faz.” E ele ainda destaca: “as organizações que alcançam os estágios mais elevados de

engajamento são as que atraem e retêm talentos”, explica. Mas quem engaja? Segundo Maylett, a organização e o gestor (ou a chefia imediata) criam o ambiente propício para o engajamento. Ele explica, por exemplo, que, quando o gerente está comprometido com o trabalho e com suas metas, os empregados ficam 213% mais

engajados. Contudo, em última instância, somente o indivíduo pode decidir se quer fazer isso ou não. Se, por um lado, os colaboradores querem encontrar algum tipo de realização no que fazem, nem sempre os gestores estão preparados para motivá-los, gerando um desconforto cíclico: empresas dizem que seus


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AS CINCO CHAVES PARA OBTER ENGAJAMENTO MEANING (significado) | O trabalho precisa ter um propósito para o indivíduo. AUTONOMY (autonomia) | O colaborador deve ter o poder de moldar o seu trabalho para alcançar um melhor desempenho. GROWTH (crescimento) | O colaborador precisa ser desafiado para obter progresso pessoal e profissional. IMPACT (impacto) | O empregado precisa sentir o impacto do seu esforço para os resultados da organização. CONNECTION (conexão) | O trabalho deve gerar conexões sociais para que todos se sintam parte de algo maior. FONTE: TRACY MAYLETT.

colaboradores não são engajados; colaboradores dizem que as empresas não engajam. Intrigado com essa equação, Maylett comandou uma pesquisa feita em 70 países, com mais de 32 milhões de respostas, e chegou ao que considera o conceito de engajamento do colaborador, “que é o estado emocional no qual sentimos paixão, energia e comprometimento em nosso ambiente de trabalho”. Mas, afinal, o que impede que o colaborador se engaje? A experiência que a empresa proporciona para ele. “Vivemos um período no Brasil em que a customers experience (experiência do consumidor) ganha muito mais destaque do que a employee experience (experiência do usuário), e isso causa um desequilíbrio prejudicial”, afirma Frederico Lacerda, cofundador e CEO da Pin People, plataforma de gestão de employee experience e people analytics. Da mesma maneira que as empresas criam planejamentos

estratégicos e metas para os seus negócios, o employee experience exige o mesmo comprometimento com a jornada do colaborador. Propósito, qualidade de vida e desenvolvimento profissional devem se tornar teses de investimento em pessoas. “A partir do momento em que tornamos nossa prática de gestão de pessoas mais analítica, temos comprovações que geram benchmark. Hoje, sabemos que as empresas com maior employee experience têm quatro vezes mais satisfação do cliente e capacidade de inovar; dez vezes mais valor de mercado; e 40% menos turnover (rotatividade de pessoal)”, defende Lacerda. Cultura organizacional, desenvolvimento tecnológico e ambiente de trabalho são os fatores que moldam a experiência do colaborador. Quanto mais esses fatores espelharem os valores da empresa, mais propósito o colaborador vê em sua atuação.

Para Luis Lobão, diretor e professor da HSM Educação Executiva, a área de Recursos Humanos é o coração que gera o employee experience e deve apostar na criação de um novo mindset corporativo para isso. Esse novo paradigma, entretanto, anda de mãos dadas com o grau de desenvolvimento tecnológico da empresa.

“Desenvolvimento tecnológico é sobre conectar processos, tecnologia e pessoas para atingir um alto grau de employee experience. Estamos na era da gestão de pessoas e devemos criar valor junto aos colaboradores, por meio de relações mais personalizadas, transparentes e ágeis”, conclui Lobão. l



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SEST SENAT

Uma nova fase SEST SENAT disponibiliza oportunidade para que cobradores de ônibus possam atuar como motoristas; risco de extinção da função desafia trabalhadores a planejar o futuro por

DIEGO GOMES


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FOTOS | ARQUIVO SISTEMA CNT


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tecnologia vem ressignificando inúmeros setores e funções no mercado de trabalho, e a automação é um caminho irreversível. Diante de tal constatação, profissionais precisam irromper a própria zona de conforto e buscar meios para se reencontrarem nesse novo espectro social. No caso do transporte, são muitas as frentes diretamente impactadas pela revolução tecnológica. Um exemplo prático dessa nova configuração pode ser observado no transporte de passageiros. Nos últimos anos, as empresas de transporte

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rodoviário urbano passaram a operar com bilhetagem eletrônica, que inclui cartões com tecnologia por aproximação, tíquetes com QR Code, aplicativos e até bilhetagem com dados do usuário alocados na “nuvem”. Isso reduziu sensivelmente as possibilidades de atuação dos cobradores. Para corroborar essa percepção, um estudo realizado pelo Lamfo (Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações), da UnB (Universidade de Brasília), revelou quais serão os impactos da automação no mercado de trabalho brasileiro nos pró-

ximos anos. De acordo com o levantamento, o cobrador de ônibus é a terceira categoria com maior risco de ser extinta pela tecnologia – logo atrás de taquígrafo e torrador de café. Sensível a essa transformação, o SEST SENAT encoraja a qualificação e o reposicionamento desses profissionais. A instituição lançou o projeto de Qualificação Profissional para Cobrador no Transporte Coletivo de Passageiros. A iniciativa é voltada a cobradores interessados em iniciar uma nova carreira como motorista profissional. Integralmente gratuito, o projeto possibilita

ao participante mudar a categoria da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) da tipologia B para a D, além de participar de cursos de capacitação. Ao todo, são 9.000 vagas disponíveis em 46 Unidades Operacionais em todo o país. “O transporte está mudando, e o SEST SENAT acompanha esse movimento, preparando a força de trabalho para o futuro do setor. O importante é que os profissionais estejam preparados para as mudanças. Além disso, é importante destacar que a atuação como motorista garante uma remuneração média 40% superior


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SERVIÇOS COMO O PROJETO FUNCIONA? | A iniciativa viabiliza a mudança da CNH da categoria B para a D e a oferta de cursos específicos para o transporte de passageiros. | A formação será oferecida gratuitamente em 46 Unidades Operacionais do SEST SENAT.

QUEM PODE PARTICIPAR? | Cobradores de ônibus devidamente empregados. | O candidato deve comprovar vínculo empregatício na função de cobrador; possuir CPF; e enquadrar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo de CNH para realizar a mudança de categoria. | A empresa tem que ser contribuinte do SEST SENAT.

E O RESULTADO DA SELEÇÃO? | As 9.000 vagas serão distribuídas por meio de sorteio eletrônico.

COMO POSSO SABER SE A EMPRESA ESTÁ REGULARIZADA? | Acesse: https://www.sestsenat.org.br/qualificacao-cobradores

à dos cobradores”, afirma a diretora-executiva nacional da instituição, Nicole Goulart. Ela destaca a dimensão de uma iniciativa dessa natureza. “A gente está oferecendo a esse profissional uma possibilidade de se recolocar no mercado de trabalho, financiando uma habilitação que sai, em média, por R$ 2 mil.” Um passo à frente Como não podem ficar parados no ponto, muitos cobradores já se preparam para engatar uma nova profissão. É essa a percepção de quem participou da fase-piloto do projeto de

qualificação de cobradores do SEST SENAT, iniciada em 2018. Os profissionais veem na formação a possibilidade de galgar novas posições em suas carreiras. O cobrador Francisco Mesquita participou da fase-piloto no Ceará e já está com a nova carteira de motorista em mãos. “Adorei participar desse projeto. Eu acredito que essa qualificação agrega muito na minha carreira profissional. Eu me sinto mais capacitado para o mercado de trabalho.” Patrick da Silva, do Rio de Janeiro, espera construir uma carreira bem-sucedida como motorista de ônibus. “Eu acredi-

to que isso vai gerar impacto não só para mim mas também para outros cobradores que exercem essa função. Muitos deles, assim como eu, não têm condições de tirar uma habilitação na categoria D. E eu acredito que isso vai ajudar muito na vida de cada um. Sou muito grato ao SEST SENAT.” Além da troca da habilitação, o projeto oferece, de maneira gratuita, os cursos Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros (resolução n.º 168/2004) e Aperfeiçoamento de Motorista para o Transporte de Passageiros (Simulador de Direção).

É importante destacar que a participação no projeto está diretamente relacionada à regularidade do cadastro da empresa onde o candidato trabalha junto ao SEST SENAT. A empresa deve ter como atividade econômica principal o transporte e deve atuar no setor coletivo de passageiros. O candidato deve, ainda, comprovar o vínculo empregatício na função de cobrador de ônibus; possuir CPF; e enquadrar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo de CNH para realizar a mudança de categoria. (Com Cynthia Castro e Natália Pianegonda) l


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MOBILIZAÇÃO

Respeito dentrodos ônibus No mês internacional das mulheres, SEST SENAT e NTU intensificam ações de prevenção da violência contra a mulher e da importunação sexual no transporte coletivo da

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urante todo o mês de março, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, empresas de ônibus em todo o Brasil intensificaram as ações de conscientização de passageiros sobre a gravidade da importunação sexual dentro dos coletivos, lembrando que o ato agora é crime. A campanha nacional do setor de transporte coletivo urbano “Ônibus é lugar de respeito! Chega de abusos!”, que tem apoio da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e do SEST SENAT, completa um ano e segue com o objetivo de inibir casos de assédio físico ocorridos dentro dos coletivos. Segundo levantamento recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 7,78% das

mulheres foram assediadas fisicamente dentro de coletivos em 2018, do total de 16 milhões que sofreram algum tipo de violência durante o ano passado (cerca de 27,35% das brasileiras). A preocupação do setor, responsável pelo transporte diário de 40 milhões de passageiros no Brasil, é conscientizar e orientar mulheres e demais usuários do sistema a denunciarem os abusos, além de dissuadir potenciais assediadores. “É preciso que as pessoas entendam que o coletivo é, sim, um lugar de respeito, e não de violência”, alerta o presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha. As peças da campanha, lançada em 2018, foram atualizadas na esteira da nova legislação, sancionada em setembro do ano passado pela

Presidência da República, que incluiu a importunação sexual no Código Penal. A norma prevê pena de um a cinco anos de prisão para quem “praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro”. Em complemento à campanha, o SEST SENAT desenvolve uma capacitação-piloto para profissionais do setor de transporte, com foco nos motoristas e cobradores, que orienta sobre como lidar com esse tipo de crime, num esforço conjunto para inibir casos de violência sexual e de gênero dentro do transporte público e prestar melhor atendimento às vítimas. “Temos um papel social importante no combate aos casos de assédio nos ônibus.

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Incluímos esse tema nos nossos treinamentos e acreditamos na importância desse trabalho. O assédio não pode ser tolerado, e acreditamos que os profissionais do transporte são importantes agentes nessa luta”, afirma a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart. Os materiais da campanha incluem cartazes, folhetos para distribuição a bordo e nos terminais de passageiros, busdoor, postagens em redes sociais, vídeo e outros. Todas as peças publicitárias trazem números para denúncias e chamam a atenção para o rigor da lei que tipifica o assédio sexual como crime. A iniciativa mobiliza as mais de 500 empresas associadas à NTU e entidades filiadas, que respondem por cerca de 80% da frota nacional de 107 mil ônibus. l


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Desembarque de lideranças Formatura da primeira turma de Certificação Internacional em Gestão de Sistemas Ferroviários e Metroferroviários celebra o aprimoramento de profissionais do setor por

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pós um ano e 30 dias de jornada, chegou a hora do desembarque. O primeiro curso de Certificação Internacional em Gestão de Sistemas Ferroviários e Metroferroviários foi concluído com um brinde em homenagem aos esforços dos seus 35 alunos, todos eles atuantes em empresas do transporte de cargas ou de passageiros do país. A cerimônia de diplomação ocorreu em 20 de março, no edifício-sede da CNT (Confederação Nacional do Transporte), em Brasília. Promovida pelo SEST SENAT e coordenada pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística), a formação incentiva o diálogo entre academia e mercado no desenvolvimento do modal ferroviário. Para isso, conta com a expertise da Deutsche Bahn Rail Academy, braço do grupo alemão DB (Deustche Bahn) que

ministra o curso. A DB é uma das líderes mundiais em operação e serviços de mobilidade de passageiros e logística, com presença em mais de 130 países. “Essa é mais uma iniciativa nossa na busca da qualificação da mão de obra para fazer com que tenhamos cada vez mais qualidade na gestão e, mais do que isso, capacidade para propor aos nossos governantes uma valorização de todos os modais do transporte”, destacou o presidente da CNT, Vander Costa, durante a entrega dos certificados. Prestigiaram o evento o diretor-executivo do ITL, João Victor Mendes; a assessora especial do ITL, Eliana Costa; a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart; o diretor adjunto do SEST SENAT, Vinícius Ladeira; o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista; o diretor institucional da

CNT, Valter Luís Souza; o presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores; e a superintendente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Ellen Regina Capistrano, além dos representantes da DB. “A aprendizagem é um caminho de evolução extremamente importante. Nós, que podemos fazer uma contribuição para isso, somos privilegiados”, sublinhou Peter Mirow, diretor-executivo da DB International Brasil. “Quero lembrar de um benefício que esse curso trouxe para todos nós, que é o networking — o estabelecimento de relações entre os operadores ferroviários. Com a ajuda dos colegas, podemos pensar fora da caixa e trazer muitas soluções para o transporte ferroviário brasileiro”, resumiu. Eli Canetti, gerente de expansão do MetrôRio, veio atuar como mentor de um dos gru-

pos de formandos — e gostou do que viu. “Trata-se de uma qualificação de alto nível, cujos participantes são pessoas que já estão trabalhando no modal. O trabalho final tem aplicação prática específica e, além disso, os participantes assumem o compromisso de difundir e provocar o conhecimento entre seus pares. É uma conversa em outro patamar”, elogiou. Da parte dos alunos, o sentimento era que um importante degrau profissional havia sido superado. “Temos o compromisso de fazer o melhor possível com o conhecimento e o tempo aqui investidos”, conclamou Thales Augusto dos Santos, o orador da turma, em seu discurso. O engenheiro da MRS Logística encerrou sua fala com um convite e um desafio aos seus colegas: “Próxima estação: Alemanha!”. (Com Cynthia Castro)


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TRABALHO RECONHECIDO Durante a cerimônia de formatura do curso Certificação Internacional em Gestão de Sistemas Ferroviários e Metroferroviários, houve um momento especial para o ITL, o SEST SENAT e a CNT. As entidades foram agraciadas com o segundo lugar do Prêmio Mundial oferecido pela DB Rail Academy para as abordagens mais sustentáveis destinadas ao desenvolvimento do setor ferroviário. O troféu foi entregue ao presidente da CNT, Vander Costa, pelo diretor global da DB Rail Academy, Heiko Scholz. “Esse programa de certificação é o primeiro da América Latina desse tipo, e estamos muito orgulhosos de ver os resultados”, elogiou o executivo alemão.

COM A PALAVRA, OS ALUNOS “Sou da área de energia, de material rodante, de manutenção e tive a oportunidade de me atualizar e aprender coisas novas. Todos os colegas são do mercado. Então, quando você tinha um ponto de vista um pouco diferente, você colocava isso na sala de aula; e os professores ajudavam e faziam o papel de intermediadores. De fato, foi muito rico.”

BRUNO TADEU MADERA, GERENTE DE ABRIGO DA HYUNDAI ROTEM BRASIL “O mais importante para mim foi a oportunidade de estar em contato com os melhores métodos e as melhores técnicas em tecnologias e processos. Além disso, houve o compartilhamento de conhecimentos. Trabalho para o setor de carga, então, geralmente, não tenho contato com as pessoas do transporte de passageiros. Isso foi muito bom.”

CÉSAR DE CASTRO TONIOLO, GERENTE-GERAL DE OPERAÇÃO DE TERMINAIS DA VLIBRASIL “Consegui consolidar muitos conhecimentos na parte de operação, manutenção, implantação de projetos, liderança e também na parte econômica. Acho que o curso me levou para um outro nível na carreira e, também, me deu uma segurança como gestora. Hoje, eu me sinto preparada para atuar como uma liderança.”

FERNANDA DE OLIVEIRA SOARES E SOUSA, CHEFE DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DA COMPANHIA DO METROPOLITANO DO DISTRITO FEDERAL

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PROJETOS DE CONCLUSÃO DE CURSO* Custo-benefício da substituição de juntas por trilhos continuamente soldados nas ferrovias EMPRESA: MRS Logística

Como aumentar a capacidade operacional e tornar o negócio mais rentável: a decisão de investir em dormentes de concreto em vez de manter os de madeira EMPRESA: Ferrovia Transnordestina Logística AS

Sistema de bilhetagem — QR CODE EMPRESA: CPTM

Monitoramento da máquina pontual EMPRESA: Trensurb e ViaQuatro

Definição de uma legislação nacional para a operação de trens de passageiros no Brasil EMPRESAS: Metrô DF, CNT, ANPTrilhos Aumento da capacidade de manutenção de lastro – Renovação da Estrada de Ferro Vitória a Minas EMPRESA: Vale

Estudo de caso do uso de pessoal multifuncional nas estações do MetrôRio e do VLT EMPRESA: MetrôRio e VLT Carioca Assistência solar fotovoltaica para um veículo leve sobre trilhos brasileiro EMPRESA: CBTU

Redução do número de acidentes ferroviários tendo locomotivas como o principal causador EMPRESA: Rumo ALL e CND

*Os projetos foram defendidos em inglês. Os títulos acima são traduções livres para o português.

Reduzindo a variabilidade em operações ferroviárias com o objetivo de melhorar o consumo de locomotivas EMPRESA: Ferrovia Centro Atlântica e VLI

A ÍNTEGRA DOS TRABALHOS PODE SER ACESSADA AQUI:


EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO, PESQUISA E INTELIGÊNCIA O Instituto de Transporte e Logística - ITL atua para promover a gestão de alta performance e elevar a competitividade do setor de transporte. Para isso, a instituição desenvolve o Programa Avançado de Capacitação do Transporte, que oferece 3 cursos gratuitos:

INÍCIO

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL AVIATION MANAGEMENT CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL EM GESTÃO DE SISTEMAS FERROVIÁRIOS E METROFERROVIÁRIOS

Acesse o site e saiba mais sobre o programa.


TEMA DO MÊS

A reforma da Previdência e o futuro do Brasil

Uma análise da proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo FÁBIO ZAMBITTE

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FÁBIO ZAMBITTE Professor de Direito Previdenciário do Ibmec/RJ

tema Previdência sempre gerou conflitos no cenário nacional. As incertezas nas premissas do próprio governo federal, aliadas às dificuldades inerentes aos sistemas protetivos da atualidade, motivaram um adiamento trágico da matéria. O momento exige adequação urgente da Previdência, sob pena de insolvência futura, resultante de um severo envelhecimento populacional em conjunto com uma brusca redução da natalidade. Combate à sonegação, cobrança de grandes devedores, ajustes contábeis e, até mesmo, o crescimento econômico não serão capazes de eliminar o risco demográfico. Todavia, o cenário político não é favorável. Temos um governo com uma base parlamentar ainda em formação e, para piorar, uma proposta de emenda constitucional de 40 páginas. A desconstitucionalização da matéria previdenciária é correta, pois a cristalização de requisitos de elegibilidade no texto constitucional representa engessamento do plano de benefícios que compromete as

mudanças naturais no modelo protetivo em favor do equilíbrio financeiro e atuarial. No entanto, a proposta apresentada tem algumas dificuldades e contradições. a Contraditoriamente, PEC (Proposta de Emenda Constitucional) n.º 06/2019 constitucionaliza outros assuntos, como a controvertida capitalização do modelo previdenciário. Ademais, ao estabelecer a competência de lei complementar para os requisitos de elegibilidade dos benefícios, a proposta reproduz vários itens que devem constar da lei, somente. A PEC extingue regras transitórias e cria novas regras provisórias. Ou seja, temos na proposta regras transitórias para as pessoas já participantes do sistema e regras provisórias para ambos os regimes. A medida é compreensível, pois não se sabe quanto tempo o Congresso Nacional levará para disciplinar o tema (basta lembrar que, até hoje, há temas da Reforma de 1998 que não foram disciplinados pelo Congresso Nacional). No entanto, a complexidade daí decorrente é óbvia. A disci-

plina proposta acresce desproporcionalmente o texto, complicando eventual aprovação da reforma, que já não é simples (as reformas previdenciárias anteriores não possuíam mais de seis páginas). Melhor seria a previsão de algum acréscimo provisório ao tempo e/ou idade a todos que já participam do sistema e, imediatamente, atuar para a aprovação das leis complementares necessárias. Isso simplificaria enormemente o maior desafio: retirar da Constituição os requisitos de concessão das prestações previdenciárias. Infelizmente, a reforma proposta é um aglomerado de normas que, indubitavelmente, terão enorme dificuldade para serem apreciadas e aprovadas em tempo hábil. Acredito que ainda exista tempo hábil para a adoção de proposta pragmática que, nesse momento, seja capaz de eliminar regramentos desnecessários na já extensa Constituição de 1988. Do contrário, teremos mais do mesmo: reformas “desidratadas” por concessões variadas que, se aprovadas, terão de sofrer revisões poucos anos depois.


O prolongamento da vida e os desafios do sistema previdenciário THAÍS MARZOLA ZARA

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aneamento básico, cobertura vacinal, avanços da medicina e métodos contraceptivos colocaram em curso uma alteração demográfica radical: as pessoas têm menos filhos e vivem mais. Tudo o mais constante – e isso é válido para todo e qualquer país sob o signo do envelhecimento –, os sistemas de proteção social precisam ser revistos sob o novo perfil da sociedade. Em sistemas previdenciários solidários, de repartição simples, o desequilíbrio é evidente: há menos pessoas ativas sustentando mais pessoas inativas, que vivem por mais tempo. Com o prolongamento da vida, é natural que se estenda também o tempo produtivo – as regras precisam se adequar à nova realidade. É legítima, no entanto, a resistência ao ajuste: quem já começou sua vida produtiva criou expectativas, fez planos. Convencer a população acerca da necessidade de mudança e arbitrar a transição é uma tarefa política não trivial – quase uma arte. A esse desafio, de caráter global, sobrepõem-se as pecu-

liaridades do sistema brasileiro, com suas disparidades (regras diferentes para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada; trabalhadores rurais e urbanos; homens e mulheres; professores, policiais etc.) e distorções de incentivos (por exemplo, a indução à informalidade pela elevada carga sobre a folha ou pelo direito ao benefício de um salário mínimo após os 65 anos, sem contribuição prévia). Isso nos remete ao financiamento do sistema: se as receitas são insuficientes, destinam-se recursos do Tesouro para cobrir a diferença. Em 2018, o Tesouro bancou R$ 266 bilhões (as receitas de R$ 427 bilhões foram inferiores às despesas de R$ 693 bilhões – sem contar os R$ 55 bilhões do BPC). Os gastos de R$ 748 bilhões (Previdência e BPC) corresponderam a 55% das despesas da União; nos estados e municípios, o descalabro não é menor. A debilidade do mercado de trabalho desde 2015 apenas acelerou o aprofundamento do déficit, impossibilitando o adiamento da discussão. Reformar o sistema, portanto, é crucial para a sustentabili-

dade das contas do governo no médio e longo prazos – incorporando a evolução demográfica e reequilibrando incentivos. Por que, então, o crescimento corrente patina à espera de uma reforma cujos efeitos serão mais robustos apenas anos à frente? Em primeiro lugar, porque, mesmo modestos, os efeitos de curto prazo podem ser relevantes no cumprimento do teto de gastos. Dão margem de manobra para a agenda posterior, não menos importante, focada em aumento da produtividade – com ampliação dos investimentos em infraestrutura, por exemplo. Em segundo lugar, devido ao efeito da demonstração, tanto da capacidade de articulação política do novo governo (a agenda continua e é extensa!) quanto do compromisso com a responsabilidade fiscal. Quanto maior a economia gerada pela reforma aprovada, maior seu poder de estimular a retomada de investimentos e confiança, com melhora das condições financeiras. Maior, enfim, o crescimento: no presente e no futuro.

THAÍS MARZOLA ZARA Economista-chefe da Rosenberg Associados, mestre em Teoria Econômica pela USP


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Aula inaugural do MBA Getram na Universidade Católica de Brasília

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CIT (Câmara Interamericana de Transportes) e a UCB ntre os dias 17Católica e 19 de de 2018, aemCâmara (Universidade de NOV/DEZ Brasília) iniciaram, 12 de Interamericana Transportes – CIT realizou a XXX março, mais umadeturma do MBA em Logística, Transporte Assembleia Ordinária, na Cidade Panamá, e Mobilidade - MBAGeral GETRAM. O primeiro dia foido marcado porHotel uma Sheraton Grand participaram numerosas aula inaugural sobrePanamá, Logísticada 4.0,qual ministrada pelo professor doutor delegações dos de 15 Felippes, países das américas, além de autoridades Marcelo Augusto quando ressaltou a realidade logística diplomáticas e governamentais. que todos vamos enfrentar com a chegada da conexão 5G. “Uma O dos Conselho de físico, Representantes aprovou a filiação de fusão universos digital e biológico, seguindo estratégias três entidades: Federação Empresas de Transportes que unem presente e futuro, das integrando e interagindo funçõesdee Passageiros por Fretamento dogestões Estadohumanas de São Paulo - FRESP suportes logísticos, apoiadas por e de inteligências artificiais, seguindo análises permanentesdodeTransporte custo-benefício (Brasil); a Federação de Empresários de e tempo-espaço.” A aula contou ainda ecom a participação de Carga – FEDETRANSCARGA (Colômbia) a Corporação União professores do corpo docente do curso, como a professora espede Transportadores – UTRANS (Colômbia). O Secretáriocialistarealizou Ana Paulaa Cardoso, professora mestre Camila Carvalho, geral outorgaa da Medalha da Ordem do Méritoo Interamericano de Transportes (OMITRans) às seguintes personalidades no Grau Diário: Afrânio Rogério Kieling, presidente da SETCERGS (Brasil); Jesús Guillermo Clemente Rolas, ex-adido militar naval (Venezuela); Maria Cecilia Anan, coordenadora da comissão Jovens CIT (Argentina); Marjorie Lizano Páez, presidente da CCTU (Costa Rica). No Grau Cônsul: Fernando Fuentes Peralta, presidente do Capítulo Peru; Martinho Ferreira de Moura, presidente da ANTTUR (Brasil). No Grau Embaixador: Daniel Ramón Indart, presidente do Capítulo Argentina; Pedro José de Oliveira Lopes, presidente da ABTC (Brasil); Silvio Vasco Campos Jorge, presidente da CBC (Brasil); Larissa Del Carmen Barreto Revete, diretora-executiva da CIT. Entre as autoridades que prestigiaram a Assembleia, esteve o ministro da Presidência do Panamá, Salvador Sánchez, quem também foi agraciado pelo Conselho com a Medalha OMITRans, no grau Embaixador. A Comissão de Jovens CIT, em sua 2ª edição, foi exitosa em sua execução, com temas diversificados como Inovações Tecnológicas; Pymes; o Futuro do Transporte; Motivação e Novos empreendedores, entre outros. Não menos importante, tornamos públicos os resultados das eleições do Biênio 2018-2020 do corpo diretivo da CIT: foi reeleito para o cargo de secretário-geral Paulo Vicente Caleffi; para o cargo de subsecretário-geral Oscar Grenald Castillo (Panamá);

professor especialista Antonio Marques e o professor mestre André para o cargo deconvidados diretor da região Andina Nelson Chávez Vallejo Jansen, além de e dos novos alunos. (Equador); o cargo diretor da região Cone Sul Mauro Na aula para inaugural, os de novos alunos foram do presenteados com Borzacconide(Uruguai). Por eúltimo, cargo dedediretor regiomateriais apoio da UCB da CIT para comooum gesto boas-vindas nal MBA paraGETRAM. a América Norte, Central e Caribe, ao Valedodestacar que a UCB, com o Julio novo Artemio método Juárez Morán, dias após ojátérmino cíclico, permiteinamemoriam, entrada defalecido alunosquatro bimestralmente, que o da XXXfoiAssembleia Geral curso remodelado e éOrdinária. oferecido por módulos, sem a necessidade de o aluno aguardar o término da turma para cursar o MBA. Dessa forma, as inscrições ficam abertas o ano todo, dando liberdade ao aluno para iniciar o curso quando for conveniente. O curso é ministrado no campus da UCB da Asa Norte, em Brasília (DF), todas as terças e quintas-feiras, das 19h às 22h15. Mais informações podem ser encontradas pelo site www.ucb.br e pelo e-mail getram@citamericas.org


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Aula inaugural del MBA Getram en la Universidad Católica de Brasilia el Profesor Mtro. André Jansen, además de invitados y los nuevos alumnos. En la oportunidad del Aula Inaugural, los nuevos alumnos fueron presentados con materiales de apoyo de la UCB y de la CIT, como un gesto de bienvenida al MBA GETRAM. Es importante destacar que la UCB, con el nuevo método cíclico, permite la entrada de alumnos bimestralmente, ya que el curso ha sido remodelado y es ofrecido por módulos, sin la necesidad de que el alumno aguarde el término del año para cursar el MBA. De esta forma, las inscripciones quedan abiertas todo el año, dando libertad al alumno para iniciar el curso cuando sea conveniente. El curso se imparte en el Campus de la UCB de la Asa Norte, todos los martes y jueves, de las 19h00 a las 22h15. Más informaciones en el sitio www.ucb.br y por el e-mail getram@citamericas.org.

ARQUIVO CIT

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a Cámara Interamericana de Transportes (CIT) y la Universidad Católica de Brasilia (UCB) iniciaron más una clase del MBA en Logística, Transporte y Movilidad (MBA GETRAM). El 12 de marzo, el primer día fue marcado con una Aula Inaugural sobre Logística 4.0, impartida por el Profesor Doctor Marcelo Augusto de Felippes, cuando resaltó la realidad logística que todos vamos a enfrentar con la llegada de la conexión 5G: “... una fusión de los universos físico, digital y biológico, siguiendo estrategias que unen presente y futuro, integrando e interactuando funciones y soportes logísticos, apoyados por gestiones humanas y de inteligencias artificiales, siguiendo análisis permanentes de costo-beneficio y tiempo-espacio ... “. En la clase tuvimos la participación de algunos profesores que forman parte del cuerpo docente del curso, como la Profesora Esp. Ana Paula Cardoso, Profesora Mtra. Camila Carvalho, el Profesor Esp. Antonio Marques y


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MAR 2019

O negócio e as pessoas Organizações que agregam valor à humanidade conquistam o interior das pessoas PROF. DR. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES

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m dos grandes desafios dos estrategistas no mundo da logística é buscar soluções que diminuam a distância entre o que ocorre no ambiente externo e a velocidade das respostas no ambiente interno da empresa. Alguns são iludidos ao pensarem que as mudanças são prerrogativas do ambiente externo e não acreditam que um dos principais fatores para o sucesso organizacional é tornar, sempre que possível, o processo decisório mais ágil e, principalmente, realístico e efetivo no fazer acontecer. Logística é realidade permanente. A concorrência crescente na logística e nos transportes obriga que aconteça uma melhoria contínua das pessoas e dos processos. Além disso, é preciso crer que o ambiente externo sempre será um universo crescente de oportunidades e ameaças. A telemática vem criando alguns paradigmas que desafiam, constantemente, a capacidade de absorção do cérebro humano. Aplicativos, algoritmos e a chegada do 5G aumentarão exponencialmente a quantidade de informações disponíveis e, ainda, a velocidade com que mudam. Revelarão, também, que o melhor caminho para os resultados positivos empresariais estará na simplicidade das soluções baseadas no talento das pessoas, e não simplesmente na tecnologia. Os dados e as informações estão se tornando infinitos, mas o engajamento humano continua e cresce de importância. Intuição é preciso, mas não há chip capaz de fornecê-la, portanto a experiência desempata o jogo. As empresas que estão voltadas para agregar valor à humanidade e preocupadas com princípios e valores são consideradas como aquelas o dia atributos 9 de NOV/DEZ de 2018, que utilizam estratégicos comoo comandante mais alto níveldadeMarinha, nobreza almirante de esquadraoEduardo Bacellar Leal Ferreira, foi e conquistam, paulatinamente, interior das pessoas. Assim, formam agraciado com a outorga Medalha de Ordemado Mérito uma parceria adulta e invisível, quedapode ser observada partir do Interamericano dos Transportes (OMITrans) em nome dos na 18 crescente comprometimento de ambos, empresa e cliente, baseado países-membros CâmaradeInteramericana de Transportes. confiança mútua e da no desejo evoluírem e crescerem juntos. Em seu gabinete, em Brasília-DF, o almirante Ferreira O melhor remédio é colocar amor em tudo o que se Leal faz. Mostrar o recebeu do secretário-geral da CIT,cada Paulo Vicente conbrilho do prazer nos olhos ao vencer desafio. Não Caleffi, obstantea estar decoração no grau Embaixador, o mais elevado da deve Ordem, pela constantemente focado no curto prazo, o gestor logístico destinar inestimável contribuição em sua para distinguida militar e parte do seu tempo e planejamento o médio etrajetória longo prazos. Ser empreendedor, inovador e tentar fazer o diferente têm gerado excelentes resultados para todos os que se defrontam com os riscos crescentes da empresa. O ato de valorizar as pessoas jamais irá aumentar os riscos ou diminuir o lucro de qualquer organização, mas cria um patrimônio intangível de valor incomensurável.

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O mercado demanda uma maior abertura e um maior diálogo entre os colaboradores no planejamento logístico, mas isso requer um comportamento rigoroso; uma marcante e decisiva liderança quando de sua execução; e, principalmente, lealdade. A lealdade é a rosa dos ventos da organização. É fácil ser leal aos superiores, mas sublime e verdadeiro é ser leal em todas as direções, com tudo o que progresso setor de transporte. Também estiveram faz parte danosua organização e, principalmente, consigo presentes mesmo. A na solenidade o presidente Câmarao Brasileira Contêineres, lealdade é o principal pilar quedasustenta valor de umdelíder. A falta de Silvio Vasco Campos Jorge; a da Sra.decadência Christianide Prisco Leal organizaFerreira, lealdade do líder é o prenúncio qualquer ção. Como o Marquês de Maricá:além “A lealdade refresca a consciesposa do dizia almirante Leal Ferreira, de outras altas autoridades militares diretores da CIT. ência; a traiçãoe atormenta o coração”. Dentro das funções logísticas e de origem militar, as pontos relevantes A CIT, mediante a outorga da pessoas medalhasão OMITrans, reconhecee tradicionais determinantes. colaboradoras, clientes,noauditoras, admiradoras, a relevância doSão Poder Naval do Brasil cumprimento da sua seguidoras, entre outras,deque no final ditarão a permanência ou não missão constitucional segurança nacional, de paz, de caráter da empresa noe mercado. humanitário de logística. Conquistando o interior das pessoas de forma sincera e leal, o espaço para o erro (intrínseco da condição humana) é muito reduzido; e os lucros serão, tão somente, o resultado das coisas bem feitas, idealizadas e realizadas por simples seres humanos que agirão empenhando suas próprias almas.


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MAR 2019

El negocio y las personas organizaciones que agregan valor a la humanidad conquistan el interior de las personas

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PROF. DR. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES

no de los grandes desafíos de los estrategas en el mundo de la logística es buscar soluciones que disminuyan la distancia entre lo que ocurre en el ambiente externo y la velocidad de las respuestas en el ambiente interno de la empresa. Algunos son engañados al pensar que los cambios son prerrogativos del ambiente externo y no creen que uno de los principales factores para el éxito organizacional es hacer, siempre que sea posible, el proceso decisorio más ágil y, sobre todo, realista y efectivo en el hacer que suceda. La logística es una realidad permanente. La creciente competencia en la logística y el transporte requiere una mejora continua de las personas y de los procesos, y la creencia de que el ambiente externo siempre será un creciente universo de oportunidades y amenazas. La telemática viene creando algunos paradigmas que desafían constantemente la capacidad de absorción del cerebro humano. Las aplicaciones, los algoritmos y la llegada del 5G aumentarán exponencialmente la cantidad de información disponible, y la velocidad con que cambian, y revelará que el mejor camino para los resultados positivos empresariales estará en la simplicidad de las soluciones basadas en el talento de las personas y no simplemente en la tecnología. Los datos y la información

se están volviendo infinitos, pero el compromiso humano continúa y crece de importancia. Intuición es necesario y no hay chip capaz de proporcionar y experiencia de juego. Las empresas que están orientadas a agregar valor a la humanidad y preocupadas por principios y valores son consideradas como aquellas que utilizan atributos estratégicos con el más alto nivel de nobleza y conquista, paulatinamente, el interior de las personas, formando una asociación adulta e invisible, que pueden ser observadas por el creciente compromiso de ambos, empresa y cliente, basados en la confianza mutua y en el deseo de evolucionar y crecer juntos. El mejor remedio es poner amor en todo lo que hace. Mostar el brillo del placer en los ojos al vencer cada desafío. A pesar de estar constantemente enfocado en el corto plazo, el gestor logístico debe destinar parte de su tiempo y planificación para el medio y largo plazo. Ser emprendedor, innovador e intentar lo diferente ha dado excelentes resultados para todos los que se enfrentan a los riesgos crecientes de la empresa. El acto de valorar a las personas jamás aumentará los riesgos o disminuirá el beneficio de cualquier organización, pero crea un patrimonio intangible de valor inconmensurable El mercado demanda una mayor apertura y mayor diálogo entre los colaboradores en los planificadores logísticos, pero requiere un comportamiento riguroso y un marcante y decisivo liderazgo cuando de su ejecución. Y sobre todo lealtad. La lealtad es la rosa de los vientos de la organización. Es fácil ser leal para los superiores, pero sublime y verdadero es ser leal para todas las direcciones y con todo de su organización, y, principalmente, consigo mismo. La lealtad es el principal pilar que sostiene el valor de un líder. La falta de la lealtad del líder es la prenuncia de la decadencia de cualquier organización y como decía el Marqués de Maricá “La lealtad refresca la conciencia; la traición atormenta el corazón”. Dentro de las funciones logísticas tradicionales y de origen militar, las personas son puntos relevantes y determinantes. Personas que son colaboradoras, clientes, auditorías, admiradoras, seguidoras, entre otras, que al final dictarán la permanencia o no de la empresa en el mercado. Conquistando el interior de las personas de forma sincera y leal, el espacio para el error, intrínseco de la condición humana, es muy reducido, y los beneficios serán, tan sólo, el resultado de las cosas bien hechas, idealizadas y realizadas por simples seres humanos que actuarán empezando sus propias almas.

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10:30 AM

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Nenhuma mensagem vale mais que a vida. CELULAR E DIREÇÃO NÃO COMBINAM.

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Não deslize no trânsito.


A segurança no trânsito é responsabilidade de todos e está diretamente relacionada ao bem-estar dos motoristas.

Fique atento! O uso do cinto de segurança é obrigatório (no banco traseiro também).

Desacelere! A pressa é uma grande inimiga dos condutores nas estradas.

Por isso, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) e o SEST SENAT desenvolvem o Programa CNT SEST SENAT de Prevenção de Acidentes, uma grande iniciativa que trará mais qualidade de vida aos trabalhadores do transporte de norte a sul do país. Nossos profissionais levam até os trabalhadores do setor orientações e informações sobre práticas e hábitos que tornam o trânsito mais seguro. É o SEST SENAT cada vez mais perto do trabalhador. Como a conscientização e a educação são também caminhos para promover o bem-estar no trânsito, é importante estar atento a estas dicas de segurança ao lado.

Desconecte-se! Celular e direção nunca combinaram.

Tenha cuidado! Ultrapasse apenas quando for permitido.

Descanse! É importante ter boas noites de sono antes de dirigir e fazer pausas nas viagens.

Alimente-se bem! Uma alimentação saudável proporciona disposição ao motorista nas estradas.

Previna-se! Viaje apenas com o veículo revisado e informe-se sobre as condições das estradas.

Não use álcool e drogas! Ao usá-los, o motorista perde os reflexos e a coordenação, habilidades essenciais para quem dirige.

sestsenat.org.br | 0800 728 2891 |

/sestsenatbrasil


Quando eu pego a estrada, quem acelera ĂŠ o Brasil. Caminhoneiro, estamos com vocĂŞ em todos os momentos

CAMINHONEIRO


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