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Cinema

Um céu de cores e manobras

Ano 10 - número 643 – GoiâniA, 15 A 21 de setembro de 2013

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tri­b u­n a­d o­p la­n al­t o.com.br/es­c o­l a

fotos: Paulo José

Este suplemento circula também nos jornais Tribuna de Anápolis e Tribuna do Sudoeste

Sinapse

Olhar torto Professores têm visão estereotipada sobre uso de internet por parte de alunos. Página 3

Sinestesia

Entre a TV e a literatura Hector Ângelo tem 11 anos e já escreveu quatro livros. Dois deles serão lançados na próxima sexta, 20. Além da literatura, o garoto sonha em se tornar roteirista de TV. Página 14

Se liga

Pé no pedal Escola municipal promove mais uma edição do projeto “Passeio Ciclístico”. Página 5

Bonita e saudável Projeto de lei (PL) aprovado no Senado determina que cantinas escolares ofereçam somente alimentos saudáveis a seus alunos. Nas redes estadual e municipal de Goiânia, cardápio da merenda já está adequado à nova lei, que ainda passará pela análise da Câmara. Páginas 8 e 9

Daniel Cara

O texto [do projeto de lei do pré-sal], do jeito que foi aprovado, já é uma vitória. O único problema agora é descentralizar os recursos das mãos da União”. Páginas 12 e 13


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Carta ao leitor Edi­ta­do­e­im­pres­so­por

Bar­bo­sa­Edi­to­ra­e­Jor­na­lis­mo­Ltda Fun­da­do­em­7­de­ju­lho­de­1986 Fun­da­dor­e­Di­re­tor-Pre­si­den­te

Di­re­tor­Ad­mi­nis­tra­ti­vo­e­Financeiro

Se­bas­ti­ão­Bar­bo­sa­da­Sil­va

Francisco­Carlos­Júlio­Ramos

se­bas­ti­ao@tri­bu­na­do­pla­nal­to.com.br

francisco@tri­bu­na­do­pla­nal­to.com.br

Este­caderno­é­encartado­nos­jornais­Tribuna do Planalto,­ Tribuna de Anápolis e­Tribuna do Sudoeste (Rio­Verde) Edi­tor-Geral

Deusmar­Barreto deusmarbarreto@tri­bu­na­do­pla­nal­to.com.br

Edi­to­res Sara­Cassiano (Escola) - Interina

Ju­a­rez­Alen­car­(Arte)

sara@tri­bu­na­do­pla­nal­to.com.br

ju­a­re­za­len­car@tri­bu­na­do­pla­nal­to.com.br

tri bu na do pla nal to.com.br Rua An tô nio de Mo ra is Ne to, 330, Vi la Au ro ra, Go i â nia - Go i ás – CEP: 74.403-060 Fo ne: (62) 3226-4600 – Fax: (62) 3292-3256

Cardápio de qualidade

U

m projeto de lei que acaba de ser aprovado pelos senadores, em Brasília, promete provocar uma mudança radical nos hábitos alimentares de crianças e jovens brasileiros. Baseado em dados estatísticos que comprovam o crescimento da obesidade infantil e juvenil em todo o país, o texto da lei determina que só sejam oferecidos alimentos saudáveis aos alunos. Infelizmente a preocupação das autoridades tem fundamento, já que estudos recentes do Ministério da Saúde revelaram que, pela primeira vez na história do Brasil, o índice de sobrepeso já atinge mais da metade da população brasileira. Mesmo cenário foi comprovado pela pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças

Crônicas por Inquérito Telefônico), onde se constatou que 51% dos brasileiros estão acima do peso. E também pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/2009, demonstrou que uma em cada três crianças está acima do peso recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A boa notícia é que nas escolas da rede municipal de Goiânia e nas unidades educacionais mantidas pelo governo do Estado, a lei que ainda nem foi aprovada já é uma realidade. É o que apresenta a matéria da jornalista Mariana Vaz, que ouviu alunos e professores da rede pública e descobriu que, além de alfabetizar e educar, as escolas goianas estão dando um bom exemplo de alimentação saudável.

Daniele Vilela Leite ESPAÇO PARA FOMENTAR O DEBATE, OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTA SEÇÃO NÃO TRADUZEM A OPINIÃO DO JORNAL

Quando o “não” é uma forma de amor

Q

uando pensamos em educação dos filhos, parece que é uma coisa simples e fácil, mas infelizmente não é assim que funciona. A responsabilidade que temos em relação à educação de uma criança é um grande desafio. Essa educação tem início já na gestação e nos primeiros meses depois do nascimento. O cuidado com alimentação, higiene, saúde, sono e outros fatores fazem parte desse processo, pois desde então estamos ensinando aos nossos filhos amor, ética, responsabilidades e valores. Conforme a criança cresce, além de todos os cuidados que devemos ter, é função dos pais e/ou responsáveis impor limites. Com isso, entra em cena o temido “não”. Uma palavra tão pequena, mas difícil de dizer. Mais difícil ainda é manter-

se firme na decisão negativa! Em razão de trabalhos e afazeres diários, muitos pais não veem seus filhos praticamente o dia todo e, como forma de suprir essa ausência, permitem a eles fazer o que quiserem, pois se sentem culpados por não participar da rotina das crianças. Isso sem contar com o receio que pais muitos têm de serem tachados de “autoritários”, “conservadores”, com medo de reproduzir a educação repressiva que receberam. Com isso, acreditam que estão educando adequadamente. Portanto, dizer “não” às vezes é preciso, mas alguns cuidados também são necessários. Pense bem antes de negar algo ao seu filho. Uma vez decidida, a imposição deve ser mantida. Ceder ao choro ou à chantagem fortalece ainda mais a criança, que cada vez mais irá insistir, chorar, fazer birra, pois

ela sabe que, ao final, conseguirá o que deseja. Outra coisa importante: pai e mãe devem sempre estar de acordo em relação às decisões sobre os filhos. Quando não houver consenso, o casal não deve discutir na frente da criança. Se ela perceber que os pais não estão se entendendo sobre determinada situação, ganha ainda mais força para aquilo que deseja, pois percebe a vulnerabilidade deles. A maior dificuldade nisso tudo é que fazer a criança entender que, enquanto ela ainda é pequena, pode ter (alguns) de seus desejos satisfeitos, mas que, na escola e, futuramente, no trabalho, as coisas não serão assim. Na escola, a criança se socializa mais rapidamente e acaba aprendendo que existem outras crianças no mesmo espaço

e que regras e limites são necessários. Devemos lembrar que a escola é uma aliada e não uma substituição dos pais. Lembre-se: o “não” também é uma forma de amor! Dizer não aos filhos é um modo de demonstrar amor e carinho, além de ensiná-los que a vida impõe limites o tempo todo, querendo eles ou não. Com isso, eles serão poupados de maiores sofrimentos por serem “mimados” ou “imaturos” e, nos momentos de decepções e frustrações que surgirão ao longo de suas vidas, saberão como lidar e conduzir da melhor forma essas situações. E você, está sabendo impor limite aos seus filhos?

Daniele Vilela leite é orientadora educacional na empresa Planeta Educação


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Sinapse

Preconceito virtual Pesquisador da USP apresenta estudo que demonstra que educadores possuem visão estereotipada sobre o uso da internet por seus alunos. Opinião dos jovens é bem diferente DIVulGaÇÃo

Mariana Vaz Editoria de educação

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nternet vicia e não educa!” Essa frase, repetida durante muito tempo, ainda gera muitas controvérsias. Enxergar o ambiente online como algo produtivo, que tem seus benefícios e que pode ser utilizado como um ótimo instrumento de aprendizado, ainda não é visto como algo comum entre muitos educadores. É isso que mostra um estudo desenvolvido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP (Universidade de São Paulo), que evidencia uma discrepância de opinião entre estudantes de 15 a 18 anos e professores da rede pública sobre as finalidades da internet. O autor da pesquisa é o psicólogo Fabiano Simões Corrêa, que concluiu em maio o mestrado “Um Estudo Qualitativo Sobre as Representações Utilizadas por Professores e Alunos para Significar o uso da Internet”, que levou três anos para ser desenvolvido e analisou os principais aspectos do tema. Para realizar seus estudos, Corrêa visitou uma escola pública com mais de dois mil alunos e que tinha apenas 20 computadores para os estudantes e salas de aula sem acesso à internet. Ele entrevistou jovens e educadores e chegou à conclusão de que ainda há um certo preconceito por parte destes em aceitar as novas ferramentas tecnológicas. “O professor, de uma forma geral, tem a visão de que os alunos usam a internet de maneira muito superficial, limitando os acessos somente às redes sociais. Ao conversar com os jovens, no entanto, percebeu-se que o uso que eles fazem dela vai muito além disso”, aponta.

LINGUAGEM RáPIDA E DINÂMICA

Corrêa explica que os jovens encontraram nesse espaço um local para se comunicarem, divulgarem informações de seu

Corrêa: baixa remuneração do professor contribui para visão deturpada

interesse, discutir e aprender sobre inúmeros assuntos, das mais variadas culturas. Segundo o professor, a linguagem rápida e dinâmica é facilmente absorvida pela população jovem que, em muitos casos, prefere estudar ou ler pelo computador. O psicólogo credita esse preconceito dos educadores ao fato de que, logo no início da era virtual, muitos foram os estudos que rotularam a internet como uma ferramenta de alienação. “Essa visão estereotipada acompanha várias pessoas até hoje. Muitos educado-

res fazem parte dessa geração, que possui um pensamento muitas vezes incompatível com o dos mais jovens, que já nasceram acostumados a tudo isso”, ressalta. Corrêa conta que visitou a escola em uma semana atípica. De acordo com ele, uma sala de aula tinha sido invadida e danificada. Como não sabia quem eram os infratores, a direção do colégio, como punição, proibiu as turmas do 3º ano do Ensino Médio de realizar a festa anual de encerramento, uma tradição que os jovens aguardavam ansiosamente.

“No dia em que eu estava lá, eles se mobilizaram e fizeram uma manifestação dentro do colégio. Levaram cartazes, apitos e se recusaram a voltar para as salas depois do recreio. Foi então que uma das professoras comentou que eles tinham organizado tudo aquilo pelas redes sociais”, conta.

PROjETO COLETIVO

Naquele momento, a educadora não deu muita atenção à movimentação daqueles jovens. Até mesmo Corrêa assume que não percebeu muito a importância daquele acontecimento, até o dia em que o Brasil inteiro “explodiu” em manifestações semelhantes à que ele tinha presenciado dois anos antes dentro dessa escola. “Somente agora, depois das manifestações populares, é que 'caiu a ficha' de muitos. Tudo o que aconteceu nos últimos meses é a materialização de algo que ainda não tínhamos certeza, mas que muitos estudiosos já alertavam: as redes sociais e a internet vão muito além de objetos de alienação.” Para o psicólogo, isso demonstra que a escola está pouco preparada para absorver a internet como ferramenta pedagógica. Na opinião do especialista, as instituições de ensino não têm estrutura adequada, faltam investimentos e treinamento dos profissionais. Outro ponto observado por Corrêa está na remuneração dos educadores que, segundo ele, reflete diretamente na questão, já que “o mais preparado é aquele que tem acesso a essas ferramentas rotineiramente, em casa. E só tem isso quem é bem remunerado”. Apesar de tudo, muitos são os professores que tentam mudar essa visão, e vão em busca de formas de usar a internet a seu favor. Aos poucos, o discurso dos educadores vem mudando. Entretanto, para o psicólogo, as iniciativas que surgem ainda são isoladas. Falta um projeto coletivo e que envolva toda a escola. Ele acredita que se essa mesma pesquisa fosse repetida hoje talvez os resultados fossem diferentes. “Aos poucos, a sociedade vem percebendo a importância de todos esses mecanismos tecnológicos. É um processo inevitável. As pessoas cada vez mais buscam a internet como local de pesquisa e conhecimento. E a escola terá que se adaptar a isso. É um processo inevitável”, alerta.


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Secretaria de Estado da Educação

Portal do Diretor é lançado

MônIca salVaDor

Ferramenta permitirá visualização de dados das escolas em tempo real

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Secretaria­de­Estado­da Educação­ (Seduc),­ por meio­ do­ Núcleo­ de Tecnologia­Educacional (Nute)­ e­ da­ Superintendência­ de Acompanhamento­ de­ Programas Institucionais,­ desenvolveu­ um painel­de­inteligência­que­permitirá­aos­diretores­de­escolas­a­visualização­ do­ desempenho­ da­ unidade­em­tempo­real.­ O­Portal­do­Diretor­foi­consolidado­para­que­os­gestores,­a­partir de­dados­relativos­à­proficiência­e ao­fluxo­dos­alunos,­possam­acompanhar­diariamente­e­de­forma­precisa­o­desenvolvimento­dos­seus estudantes,­promovendo­as­intervenções­necessárias­para­o­alcance das­metas­estabelecidas­para­cada unidade­educacional.­ O­portal­poderá­ser­acessado pelo­gestor­mediante­CPF­e­senha pessoal­ do­ SIAP­ ou­ Portal­ de Chamados.­ Em­ breve,­ também serão­disponibilizadas­senhas­para as­escolas.­Ao­entrar­no­portal,­o diretor­verá­um­painel­que­fornece um­raio­X­da­escola,­com­as­informações­sobre­número­de­alunos, turmas,­professores,­estudantes­que participam­ do­ Período­ de Intensificação­da­Aprendizagem, laboratório­de­informática,­internet e­número­de­salas,­entre­outras.­ O­acesso­às­informações­detalhadas­da­situação­dos­alunos­será feito­através­dos­dados­referentes ao­fluxo­escolar­e­à­proficiência­de 2013­em­relação­a­2011­e­a­2012.­ Sobre­ estes­ dados,­ os­ gestores podem­clicar­nas­barras­e­obter­as

Novo portal possibilitará aos diretores acompanharem diariamente o desenvolvimento dos estudantes

informações­ específicas­ de­ cada estudante­em­iminência­de­reprovação,­ em­ que­ disciplinas,­ suas notas,­ número­ de­ faltas­ e­ nome do­professor.­ Com­isso,­será­possível­identificar­ de­ maneira­ fácil­ e­ rápida­ os problemas­ de­ aprendizado­ ou­ de risco­ de­ evasão.­Assim,­ o­ diretor também­ terá­ mais­ subsídios­ para verificar­ as­ causas­ destes­ problemas­e,­então,­tomar­a­melhor­decisão:­reunir-se­com­o­estudante­e­/ ou­ com­ seus­ responsáveis,­ redirecioná-lo­para­atendimento­no­contraturno­ou­para­aulas­de­reforço, repassar­ novas­ orientações­ ao coordenador­ pedagógico­ e­ orientar­ e­ dar­ suporte­ ao­ professor, entre­outras­ações. A­ consolidação­ de­ todos­ os dados­da­escola­num­único­painel de­ inteligência­ foi­ feita­ a­ pedido do­ secretário­ de­ Estado­ da Educação,­ Thiago­ Peixoto,­ após

reuniões­ com­ os­ diretores­ das­ 40 regionais­de­Educação.­ Segundo­o­superintendente­de Acompanhamento­ de­ Programas Institucionais,­Erick­Jacques­Pires, quando­ a­ Seduc­ criou­ o­ Prêmio Escola­ e­ estabeleceu­ metas­ de desempenho­para­as­unidades­em cada­ etapa­ do­ ensino­ que­ ofereciam,­ os­ gestores­ sentiram­ falta de­informações­sobre­como­alcançar­as­metas.­ “Essa­ mesma­ demanda­ foi apresentada­agora­pelos­diretores. O­secretário­nos­pediu­para­desenvolvermos­ uma­ solução.­ Então criamos­ este­ amplo­ projeto­ para auxiliar­ os­ profissionais­ da Educação”,­disse.­

EQUIPE O­ portal­ foi­ desenvolvido­ pela equipe­ do­ Núcleo­ de­ Tecnologia Educacional,­ que­ tem­ como­ responsável­ o­ servidor­ Ricardo

Borges.­ Os­ desenvolvedores foram:­Rafly­Moreira­Cruz,­Rafael Camargo,­ Manoel­Alexan­d re­ e Antonio­Gabriel.­ Segundo­ Rafly­ Moreira,­ da mesma­forma­que­servirá­aos­gestores­escolares,­o­portal­será­um­instrumento­importante­para­a­própria Secretaria­da­Educação­que­terá­disponível­a­situação­de­cada­escola, com­os­dados­consolidados,­em todas­as­subsecretarias.­Antes,­esses dados­estavam­em­diferentes­lugares­no­Sige­e­no­Censo­Escolar. Até­o­dia­20­de­setembro,­os supervisores­da­Superintendência de­ Acompanhamento­ dos­ Pro­gramas­Institucionais­da­Seduc­e­o próprio­ superintendente­ Erick Jacques­ percorrerão­ as­ Subse­cretarias­Regionais­de­Educação para­apresentar­o­Portal­do­Dire­tor aos­subsecretários,­aos­diretores­de Núcleo­Pedagógico­e­aos­gestores escolares.­(CARmEn CRuz)


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Se liga

Pedaladas rumo à paz Escola da rede municipal de Goiânia promove nova edição de passeio ciclístico, que reúne toda a comunidade escolar fotos: DIVulGaÇÃo

Mariana Vaz Editoria de educação

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liar práticas esportivas à função pedagógica das escolas, criando um ambiente de paz e participação da família. É esse o objetivo do Passeio Ciclístico de Integração Escola Família e Comunidade, da Escola Municipal Residencial Monte Carlo, que acontece no próximo sábado, 21, às 8 horas da manhã. Em sua quarta edição, o Passeio Ciclístico traz como tema a Paz e a não violência nas escolas. Realizado todos os anos pela E. M., o evento reúne estudantes, pais e toda a comunidade em uma manhã de muita prática esportiva e diversão. Segundo a professora e coordenadora do turno matutino da unidade, Rosângela Maria da Silva, a iniciativa surgiu da necessidade de buscar maior integração entre escola e família. “Alguns pais não vinham nas reuniões, e pouco acompanhavam a vida escolar dos filhos. Estamos em uma região muito violenta, e precisamos do apoio dos familiares”, conta. A ideia era bem simples: criar um evento em que pais e filhos pudessem conversar e se divertir dentro da escola. “Perdemos muitos alunos para as drogas, e queríamos encontrar um meio de tratar o assunto de forma atrativa”, pontua.

DESENHOS PREMIADOS

Antes da manhã esportiva, há também um concurso, que escolhe entre desenhos feitos pelos estudantes, aquele que irá ilustrar o cartaz do passeio. Depois, em sala de aula, as crianças participam de palestras e debates sobre a cultura da paz. Toda a comunidade e até mesmo alunos de colégios vizinhos são convidados a participar, o que tornou o evento algo esperado o ano todo pelas crianças. “Temos ex-alunos que ligam aqui para saber quando será o passeio. Eles trazem amigos e parentes, e a comunidade participa em peso”, comemora Rosângela.

Professores e alunos na edição do passeio, em 2012

Ensino Médio

Incentivo Segundo ela, na edição passada, o evento contou com cerca de 150 participantes. No Passeio Ciclístico, não há vencedores. Todos os participantes recebem brindes com camisetas, bonés e outros objetos, que são adquiridos através das parcerias que o colégio firmou com estabelecimentos da região. Ao final, como forma de estimular ainda mais a integração, será servido um lanche e sorteada uma bicicleta. Para a coordenadora da unidade, a maior recompensa que a atividade traz é a possibilidade de unir escola e comunidade, algo que tem gerado frutos. “A relação entre pais e alunos já

melhorou muito nesses quatro anos. Os adultos estão mais inteirados com o que acontece na escola, e as crianças se sentem mais estimuladas e frequentar o colégio”, comemora. Os ciclistas percorrem um trajeto por várias ruas do setor. Para isso, contam com o apoio da Agência Municipal de Trânsito de Goiânia (AMT) e da Polícia Militar, que fazem a segurança do percurso. O 4º Passeio de Integração tem início às 08h, no pátio da E. M. Residencial Monte Carlo, que fica na rua MC3, nº 46, do Residencial Monte Carlo, em Goiânia. Mais informações podem ser adquiridas pelo telefone (62) 3289-2063.

O Ministério da Educação (MEC) lançará nos próximos dias o programa “Quero ser Cientista, Quero ser Professor”, que visa estimular o interesse dos alunos do Ensino Médio da rede pública para a carreira de professor. Para chamar a atenção dos estudantes, o governo vai distribuir bolsas de R$150 para quem participar de projetos de iniciação científica nas áreas de Matemática, Física, Química e Biologia. A iniciativa busca solicionar o déficit de professores, contabilizado atualmente em 170 mil. Segundo o MEC, serão selecionados 30 mil estudantes inicialmente. A adesão das secretarias de educação será de forma voluntária.


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Justiça

Educação e solidariedade X

foto: DIVulGaÇÃo

Confira a programação

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dia 16 a Palestra reflexões sobre responsabilidade social a Local: FAG (rua s-3, esquina com t-13, nº692, setor bela Vista) a Hora: das 19 às 21 horas

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dia 17 oficina Lixo Limpo a Local: FAG a Hora: das 19h10 às 22 horas

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dia 18 doação de sangue a Local: FAG a Hora: das 16 às 22 horas

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dia 19 Palestra relacionamento Humano nas organizações a Local: Colégio Cruzeiro do sul (rua rosas, s/nº, Conjunto Cruzeiro do sul, Aparecida de Goiânia) a Hora: das 19h10 às 21h30

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dia 20 oficina segurança a Local: FAG a Hora: das 19h30 às 21 horas

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Instituição de Ensino Superior de Goiânia promove uma série de atividades gratuitas

dia 21 Futebol beneficente a Local: FAG a Horário: das 15 às 17 horas

Mariana Vaz Editoria de educação

P

ara celebrar o Dia da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular, comemorado em 21 de setembro, a Faculdade de Goiânia (FAG), mantida pelo grupo Anhanguera Educacional, realizará uma série de atividades gratuitas de 16 a 21 de setembro. É a Semana do Ensino Responsável, quando a instituição promove oficinas, palestras, entre outras ações, todas com o intuito de aproximar alunos e população, além de prestar seu papel social para a comunidade. juliana Afonso Ferreira de Souza, coordenadora pedagógica da FAG, explica que os alunos são envolvidos nos projetos e incentivados a participar das oficinas e outras atividades. “Estamos fazendo uma campanha de doação de fraldas descartáveis e roupas para o Hospital Araújo jorge. A turma que conseguir arrecadar um número maior de objetos vai ter uma bonificação”, conta. Presente em Goiânia desde 2010, a faculdade realiza o projeto todos os anos, sempre nos meses de setembro. “É uma iniciativa que vem para mostrar a importância de uma instituição de ensino para a comunidade que a circunda. Isso é fundamental para a formação dos nossos alunos”, ressalta a coordenadora. Na segunda-feira, 16, acontece a oficina “Lixo Limpo”, com foco na sustentabilidade e reciclagem. Na quinta, 19, o tema abordado será “Segurança”. Todas as atividades serão regadas a muito batepapo e discussões.

Entre os destaques da semana está uma oficina de reciclagem na terça, 17

Durante a semana, a população também pode fazer a sua parte, participando da campanha de doação de sangue. Os amantes do futebol podem ainda se divertir no Futebol Beneficente, que será realizado no dia 20. As atividades acontecem simultaneamente em unidades do grupo Anhanguera de todo o país. juntas, irão realizar mais de 800 ações sociais, ambientais e culturais, todas gratuitas. A expectativa é atender mais de 400 mil pessoas em todas as cidades onde o grupo encontra-se inserido.

Enem 2013

Mudança nas redações Mais da metade das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deve passar por um terceiro corretor na edição deste ano. A expectativa é do Ministério da Educação (MEC), que decidiu tornar mais rígido o sistema de correção. As

redações são corrigidas por dois corretores e, quando há discrepância, seguem para a terceira leitura. Com as novas regras - que diminuem o limite dessa variação de nota -, o MEC estima que 52% dos textos devam passar pelo terceiro corretor.




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Secretaria Municipal de Educação

Salve o

CerraDo

No mês das comemorações do Dia Nacional do Cerrado, 4,6 mil educandos da rede municipal de Goiânia festejam a data em várias atividades no Parque Zoológico e Vila Ambiental

A

liar­ educação­ ambiental­e­sustentabilidade­e ensinar­ valores­ como amor,­respeito­e­cuidado­ com­ o­ Cerrado­ não­ é­ tarefa fácil.­ No­ Parque­ Zoológico­ de Goiânia­e­na­Vila­Ambiental,­desde o­ último­ dia­ 11­ de­ setembro,­ data em­ que­ é­ comemorado­ o­ Dia Nacional­ do­ Cerrado,­ cerca­ de­ 4,6 mil­educandos­participam­de­uma programação­ especial­ voltada­ à preservação­do­bioma­brasileiro. As­atividades­são­organizadas pela­ Secretaria­ Municipal­ de Educação­(SME)­em­parceria­com­a Agência­ Municipal­ do­ Meio Ambiente­(Amma).­Durante­as­visitas,­professores­da­rede­atuam­como monitores­e­propõem­uma­reflexão com­os­alunos­sobre­o­desenvolvimento­sustentável­e­do­Cerrado. De­ acordo­ com­ o­ diretor­ da Divisão­ de­ Estudos­ e­ Projetos­ da SME,­ Ronyson­ Camilo­ Soares,­ o trabalho­desenvolvido­nesses­locais é­ pedagógico.­ “Orientar­ as­ visitas trás­ (re)significação­ dos­ espaços­ e áreas­ livres,­ já­ que­ as­ crianças vivenciam­aquilo­que­aprendem­na sala­de­aula­e­adquirem­consciência ambiental”,­destaca. No­Parque­Zoológico,­a­ação­“O

Cerrado­pede­paz”­tem­como­objetivo­ alertar­ os­ educandos­ sobre­ a exploração­ do­ bioma­ cerrado­ e­ a preservação­ das­ espécies­ ameaçadas­ de­ extinção­ como­ a­ lontra, arara,­onça­pintada­e­lobo­guará.­A programação­ inclui­ palestras,­ trilhas­sensitivas­e­monitoradas,­brincadeiras,­ teatro­ de­ fantoche,­ exposição­e­visita­aos­animais. Para­o­apoio­técnico­pedagógico do­ Núcleo­ de­ Educação­Ambiental do­Parque­Zoológico,­Sônia­Regina de­ Faria­ Felipe,­ todos­ devem­ ter orgulho­do­Cerrado.­“Devemos­ressaltar­para­as­crianças­e­visitantes,­a beleza­e­o­valor­que­tem­o­bioma­de nosso­ estado.­ Infelizmente,­ a­ falta de­cuidado­tem­causado­devastação pelo­ crescimento­ das­ lavouras­ e queimadas”,­afirma. Na­ Vila­Ambiental,­ os­ alunos também­ realizam­ trilhas­ e­ tem acesso­ à­ oficina­ de­ dobradura­ de animais­ do­ cerrado,­ palestras, vídeos­ ambientais,­ contos­ literários­ e­ músicas­ educativas.­ De acordo­com­Letícia­Barbosa,­coordenadora­ pedagógica­ da­ Vila Ambiental,­ os­ técnicos­ também pretendem­ despertar­ a­ consciência­de­preservar­o­bioma­cerrado. “É­importante­que­os­educandos

O projeto“O Cerrado pede paz” tem como objetivo alertar os educandos sobre a exploração do bioma

percebam­e­valorizem­a­fauna,­que está­ameaçada­e­a­flora­rica­e­diversa,­que­precisa­ser­estudada.­Nesse ambiente­ podem­ ser­ encontrados uma­ diversidade­ de­ remédios­ e produtos­alimentícios”,­afirma.

SUSTENTABILIDADE Feito­ de­ forma­ transdisciplinar, os­trabalhos­desenvolvidos­na­Vila Ambiental­e­Parque­Zoológi­co­têm a­presença­de­educadores­de­variadas­áreas,­como­biologia,­educação física,­geografia­e­pedagogia. Para­Ângela­Ramos­Silva­Gon­dim,­monitora­do­Parque­Zooló­gico,

os­alunos­que­visitam­o­espaço, devem­ter­a­sensação­que­pertencem ao­Cerrado.­“As­crianças­e­adolescentes­são­sensíveis­e­colocam­em prática­lições­de­educação­ambiental e­sustentabilidade.­É­um­trabalho­de curto,­médio­e­longo­prazo”,­afirma. Segundo­Márcia­Ferreira­Costa, professora­ regente­ da­ turma­ de Educação­ Infantil­ da­ Escola Municipal­ Padre­ Zezinho,­ as crianças­ têm­ curiosidade­ com­ a temática­ ambiental­ e­ compreendem­muito­bem­o­conteúdo­trabalhado­e­os­projetos­desenvolvidos na­unidade­de­ensino”.­Destaca.


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fotos: luIz fErnanDo HIDalGo

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simpósio do cerrado

As programações do mês do Cerrado incluem diversas atividades, como palestras, trilhas, brincadeiras e oficinas

Também­ neste­ mês,­ a­ Escola Municipal­ Bom­ Jesus,­ localizada no­Jardim­Novo­Mundo,­promove­ entre­ os­ dias­ 21­ e­ 27,­ o­ V Simpósio­ do­ Cerrado,­ com­ o tema­ “Lixo:­ (re)­ educar­ é­ possível!”­A­expectativa­é­que­cerca­de 800­ pessoas­ participem­ por­ dia do­evento,­entre­alunos,­pais,­servidores­e­comunidade­do­bairro. Na­ quinta­ edição­ do­ Simpó­sio,­ a­ temática­ lixo­ visa­ contribuir­para­a­formação­de­sujeitos críticos­ e­ conscientes­ do­ seu papel­junto­à­sociedade,­na­relação­com­o­Cerrado­e­as­questões ambientais­ na­ cidade­ de­ Goiâ­nia.­As­ ações­ educativas­ serão desenvolvidas­ por­ meio­ de palestras,­teatro,­feira­de­ciências e­apresentações­culturais. De­ acordo­ com­ Cristiane Helena­Tomaz­de­Oliveira,­integrante­da­Comissão­Organizadora do­evento­e­secretária­geral­da­instituição,­o­Simpósio­acrescenta

Os educandos escrevem e penduram na Árvore dos Sonhos o que aprenderam durante a visita no Zoológico

“Os­ educandos­ trazem­ relatos de­ experiência­ de­ casa­ e­ na­ instituição­ têm­ acesso­ a­ mais­ informações,­ que­ promovem­ entusiasmo na­hora­de­aprender­e­alegria­para as­famílias­e­para­a­própria­escola, que­cumpre­o­seu­papel­de­ensinar ”,­salienta­a­professora. Ao­final­da­atividade,­os­educandos­ escrevem­ e­ penduram­ na Árvore­ dos­ Sonhos­ o­ que­ aprenderam.­ No­ galho­ encontrado­ na­ mata próxima­ao­Parque,­seco­e­sem­vida, Raíssa­ Batista­ e­ Éder­ José­ de Assunção,­ alunos­ da­ primeira­ série da­Escola­Municipal­Padre­Zezinho,

deixaram­seus­desejos. “É­proibido­jogar­lixo­na­floresta, colocar­fogo­no­cerrado­e­dar­comida aos­animais­do­Cerrado.­As­pessoas não­devem­destruir­a­vegetação­e­os animais­e­sim­preservar­e­salvar­onde vivemos”,­contam­os­educandos. As­ ações­ em­ comemoração­ ao Dia­ Nacional­ do­ Cerrado,­ prosseguem­ até­ o­ dia­ 27­ de­ setembro­ na rede­municipal,­nos­turnos­matutino­ e­ vespertino.­ O­ agendamento de­visitas­na­Vila­Ambiental­é­feito pelo­ telefone­ 3254-4602­ e­ no Parque­ Zoológico­ pelo­ número 3524-1412.­(DAniELA REzEnDE)

muito­ao­aprendizado­dos­alunos. “A­cada­ano,­o­Encontro­e­a­comunidade­evoluem­conjuntamente,­a participação­e­interesse­aumentam”,­destaca. A­ programação­ do­ Simpósio inclui­ shows­ dos­ cantores Pádua,­Luiz­Augusto­e­Juraildes da­ Cruz;­ exposições­ de­ fotografia­ do­ ambientalista­ João­ Cae­tano­ e­ artista­ plástico­Au­cizer; apresentação­ do­ Ciranda­ da Arte­ e­ Escola­ de­ Circo­ Dom Fernando.­ Na­ ocasião,­ os­ visitantes­também­poderão­adquirir artigos­ artesanais­ e­ conhecer produtos­do­Cerrado. Durante­ essa­ semana,­ a­ partir de­terça-feira,­17,­os­alunos­participam­ de­ ação­ preparatória­ para o­evento.­Estão­previstas­palestras da­ Companhia­ de­ Urbanização de­Goiânia­(Comu­rg)­sobre­coleta seletiva­ e­ reciclagem,­ e­ recolhimento­ e­ separação­ do­ lixo­ nas proximidades­da­escola.

Na Vila Ambiental, os monitores também tentam despertar a consciência para a preservação do Cerrado

Os educadores de diversas áreas realizam trabalho transdisciplin ar com os alunos


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Entrevista

Riqueza negra na educação Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação considera que concentração dos recursos do pré-sal, destinados à educação e saúde, nas mãos da União pode dificultar os investimentos nas escolas públicas Mariana Vaz Editoria de educação

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a semana passada, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que define a destinação dos royalties do petróleo para a educação e saúde. O texto determina que 50% de todos os recursos recebidos pelo fundo social do pré-sal, bem como 75% dos royalties do petróleo, sejam investidos nas áreas de ensino, enquanto 25% desses royalties estejam ligados a investimentos em saúde. Apesar de já estar em vigor, a lei ainda tem muitos pontos a serem debatidos, conforme destaca Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Em entrevista exclusiva ao Escola, ele diz que, embora a destinação dos recursos tenha sido decidida de modo a beneficiar a Educação Básica, gerida por redes municipais e estaduais de ensino, tudo ainda está centrado no governo federal. “Vai depender da União fazer a distribuição da receita ou então teremos que esperar seis, sete anos, quando novos postos licitados terão suas receitas incorporadas às redes públicas municipais e estaduais de ensino”, alerta, acrescentando que somente um outro projeto de lei pode acelerar essa destinação. Segundo ele, somente com a aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE) será possível traçar metas e delimitações de vinculação das receitas do pré-sal a essas redes. “Enquanto isso não acontece, é impossível dizer como e quando esses

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recursos chegarão às salas de aula”. Nessa entrevista, Cara comenta também sobre o leilão de Libra, uma das mais importantes áreas de exploração de pré-sal do país e sobre a grande oportunidade que o Brasil tem agora de se tornar uma grande potência econômica no futuro. “Estamos vivendo o nosso último bônus demográfico, com um grande número de crianças e adolescentes. Ou nós aproveitamos o momento e investimos nessa grande população de jovens que temos agora ou então, no futuro, teremos muitas limitações para conseguir suprir as necessidades do país”, analisa. Com a publicação na lei que destina os royalties do petróleo para educação e saúde, quais os benefícios podemos enumerar que esses recursos trarão para os estados e municípios? O texto, do jeito que foi aprovado, já é uma vitória. O único problema a ser resolvido trata da concentração dos recursos na União porque tanto o fundo social do pré-sal quanto os royalties de participação especiais vão chegar primeiro à União para só depois serem destinados aos estados e prefeituras. Com isso, temos que criar uma forma de repassar esses recursos, hoje concentrados na União, para estados e municípios. Esse é o ponto chave. Os royalties de participação e o fundo do pré-sal são os que mais vão trazer recursos pelos termos técnicos da lei, mas vão concentrar suas receitas todas a nível federal. Vai depender da União fazer a distribuição da receita, ou então teremos que esperar seis, sete anos, mo-

Daniel Cara


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mento em que novos postos licitados terão suas receitas incorporadas às redes públicas municipais e estaduais de educação. E como será feita essa distribuição? Hoje não há distribuição nenhuma. Está tudo centrado na União. Nós propomos que um novo projeto de lei estabeleça essa descentralização. Na educação, já temos um meio de fazer isso paliativamente, que é vincular esses recursos ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Só que isso precisa ser regulamentado em um projeto posterior, já que, infelizmente, não foi tratado no texto aprovado e sancionado pela presidente Dilma Rousseff. No caso da saúde pública é ainda mais complicado, porque não temos nenhum meio atualmente de vincular e distribuir esses recursos. Em que pontos da educação devemos focar para a destinação dos recursos? A prioridade agora é para a Educação Básica, como está posta na lei. E para que a Educação Básica seja contemplada, volto a dizer que será preciso distribuir os recursos entre os estados e municípios, que são justamente os entes federados que gerem as principais redes públicas brasileiras. Para priorizar a Educação Básica, como pede a lei, é preciso que o recurso chegue lá na ponta.

Há uma previsão de quanto tempo esse benefício estará disponível? Afinal de contas, é preciso salientar que o petróleo é uma fonte finita... Essa questão não foi tratada nessa lei. Esta é uma questão a ser lidada com a discussão da nossa matriz energética. O ponto central é que a única forma do Brasil ter algum sucesso no futuro, havendo ou não petróleo, é conseguindo agregar mais valor ao seu trabalho e à remuneração. Aumentar a renda do

E por que esse é o maior desafio? Porque vamos ter, a partir de 2040, uma população essencialmente formada por adultos e idosos. Uma população que envelhece muito rápido. Temos que aumentar a qualidade de educação do trabalhador para que ele tenha uma renda maior. Esse é o desafio que hoje precisamos superar para ter espaço na economia global. Aplicar esses recursos do petróleo na educação, especialmente no ensino público, significa dar a chance do cidadão brasileiro ter maior capacidade de qualificação no futuro e melhorar a formação nacional. Ao mesmo tempo, estamos vivendo o nosso último bônus demográfico, com um grande número de crianças e adolescentes. Ou nós aproveitamos o momento e investimos nessa grande população de jovens que temos agora ou, então, no futuro teremos muitas limitações para conseguir suprir as necessidades do país. Então esses recursos do pré-sal virão em um bom momento? Acho que estamos numa situação boa. Descobrimos um grande reservatório de petróleo, que pode gerar muitas riquezas e essa riqueza deve ser aplicada em um insumo muito importante, que é a educação. Acho que saberemos aproveitar bem, pelo menos desta vez, uma riqueza tão importante como a do petróleo. Agora, para isso, é preciso rediscutir a forma como vai se dar o leilão de Libra, que é o poço mais importante do pré-sal em todo o país.

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Já existe previsão de valores exatos em relação aos futuros investimentos? O benefício, à princípio, começa a chegar a partir do ano que vem. Serão R$2,8 bilhões por ano, mas a previsão é de que, a partir do décimo ano da lei, esse valor esteja entre R$30 e 40 bilhões, muito embora esse cálculo esteja atrelado ao preço do petróleo.

trabalhador, essencialmente, é o desafio do Brasil.

Quem é e o Que faz?

daniel tojeira Cara é mestre em Ciência Política e bacharel em Ciências sociais pela Universidade de são Paulo (UsP). É coordenador geral da Campanha nacional pelo direito à educação e diretor da Campanha Global pela educação. representou, como vice-presidente, a sociedade civil na mesa diretora do Conselho nacional de Juventude entre 2005 e 2007. É conselheiro do Centro de direitos Humanos e educação Popular do Campo Limpo (CdHeP).

Quando será esse leilão e que detalhes o senhor tem sobre isso? O leilão será realizado no dia 21 de outubro, mas o governo está propondo um preço muito baixo para os compradores. É algo completamente contra-producente. É um poço de petróleo importantíssimo e que talvez represente mais de 50% da riqueza de todo o pré-sal e que pode ser vendido a um preço muito baixo. A prática internacional de partilha é 80-20, na qual 80% do excedente em óleo vai para o Estado e 20 para a empresa. A proposta inicial desse leilão é de 40 para o Estado e 60 para a empresa. É preciso rever a prática desse leilão. E porque uma área tão importante está sendo vendida dessa forma? Porque o governo acredita que a nossa matriz energética será substituída muito rapidamente, de forma que é melhor explorar o pré-sal enquanto é tempo. No entanto, não existe nenhum indicador econômico ou científico que indique claramente que o petróleo será tão rapidamente destituído. O fato é que poderíamos vender por um preço bem melhor uma riqueza tão importante e, assim, aproveitá-la melhor. A sociedade está mais atenta a esse assunto? Vincular a metade do fundo social do pré-sal e não apenas seus rendimentos à educação pública e à saúde foi uma importante vitória da sociedade e fez com que a sociedade pautasse o governo no sentido de forçar a garantir o direito à educação. Nisso, nós fomos vitoriosos. Agora, nós precisamos fazer com que esse dinheiro chegue, de fato, na outra ponta, que é a educação. Esse é um dos próximos desafios da campanha? É sim. Nossa luta será no sentido de vincular o recurso do petróleo ao sistema de ensino através do Fundeb, além de fazer com que isso garanta a valorização dos profissionais da educação. Em quanto tempo esses recursos estarão disponíveis às escolas? Para conseguirmos aprovar uma nova vinculação ao Fundeb, vamos precisar primeiro aprovar o Plano Nacional de Educação (PNE) para que esta vinculação esteja delimitada no plano. Este já é outro desafio a ser vencido.

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“ Aplicar os recursos do petróleo na educação pública significa dar

a chance do cidadão brasileiro ter maior capacitação de qualificação no futuro”


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Sinestesia

O poder das letrinhas

A vez e a voz dos autores goianos Paulo José

Projeto literário do Sesc Goiás abre espaço para diversos escritores goianos Aline Áthila Estagiária convênio tribuna/Puc

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Hector Ângelo: o jovem escritor se destaca pela grande versatilidade artística

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saiba mais...

Confira as obras que serão lançadas pelo projeto a Alergante - A Visão de um Anjo religioso - robson mendes de Azevedo Filho a Pedagogia trágica: Um Pensar Humano na educação - Paulo Petronilio Correia a o secreto nome do Livro - Alexandre bonafim a Piracema - memórias de um Pescador Amador - edson Pinto rodrigues a o Patinho da Galinha - izaura maria ribeiro Franco a 4 stars- Um Fenômeno pop - Hector ângelo melo briet de Almeida a A transformação de Joca - Hector ângelo melo briet de Almeida

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pesar de ter apenas 11 anos, Hector Ângelo Melo Briet de Almeida é autor de quatro livros. Dois deles ( 4 Stars Um Fenômeno pop e A Transformação de joca ) serão lançados na próxima sexta, 20, dentro da quinta edição do projeto literário do Sesc Goiás (Serviço Social do Comércio). Além do jovem escritor, mais quatro autores goianos integram o time que lançará suas obras durante coquetel realizado na biblioteca do Sesc da Rua 19, às 19 horas, com entrada franca. Realizado anualmente desde 2008, o projeto já lançou cerca de 120 novos escritores, dando espaço aos destaques locais, como o jovem prodígio Hector, que começou a escrever aos 7 anos de idade e sonha em assinar produções para a televisão. A mostra literária tem o objetivo de selecionar escritores do Estado para divulgar suas obras, proporcionando maior divulgação, valorização e reconhecimento, bem como estimulando a produção artístico-cultural. Segundo o técnico de cultura do Sesc e organizador do evento Wellington Dias, essa é uma oportunidade única para os escritores locais lançarem seus livros, tendo em vista que as leis de incentivo não fornecem recursos para a divulgação das obras, apenas para a confecção. Segundo ele, o Sesc arca com o espaço, o coquetel, a organização do local e a divulgação do evento, “já que

agende-se

o quê? - Lançamento de livros de vários autores goianos onde? - biblioteca damas Pereira Urzeda (sesc da rua 19, Centro) Quando? - sexta, 20 de setembro, às 19 horas Quanto? - entrada franca

os escritores não podem utilizar a verba das leis para esse fim. Desse modo, diversas produções que antes ficavam restritas por falta de apoio, agora tiveram a chance de se tornarem públicas.” Outra iniciativa do projeto é o espaço

Escritor Goiano, localizado dentro da Biblioteca do Sesc da Rua 19. O local abriga várias pérolas da produção literária goiana e a cada edição enriquece o seu acervo através das doações dos autores que participam dos lançamentos.

A paixão de Hector Ângelo pelos livros começou com os desenhos e a contação de histórias até passar para o relato de seus próprios contos e, em um pulinho, nascer o primeiro livro A Girafa que foi ao Espaço, lançado com apoio de familiares e de algumas entidades. Contou ainda com o legado do avô, que no dia do lançamento também estreava seu décimo romance. “Como eu gosto muito de girafas, decidi colocá-la em uma aventura”, explica. As propostas de trabalhos vieram logo em seguida, com a produção de uma campanha publicitária que virou o segundo livro intitulado Maricota - À Procura de Sapatos e ainda a adaptação do texto para o roteiro de uma peça de teatro com marionetes. Além dessa projeção, Hector abriu a Semana Ciranda Cirandinha, promovida pela Biblioteca Central da UnB em 2010, onde apresentou livros para alunos de escolas públicas do Distrito Federal e realizou uma exposição com ilustrações. Para este ano, o escritor mirim foi novamente convidado para participar do evento. Sobra fôlego ainda para dar palestras e ainda elaborar as bonecas integrantes da banda 4 Stars e produzir o clip da música Fama com arranjo e melódia de Fernando Cerrado.

ROTEIRISTA

Apesar da pouca idade, Hector tem as mesmas responsabilidades de uma criança de sua faixa etária. Para o futuro, ele espera se tornar um grande roteirista. “Quero ser escritor de novelas e cineasta.” Atualmente, o garoto se dedica a encantar as crianças com o blog Hector Ângelo, onde produz um reality show. Ele também está escrevendo sua segunda novela. Fazer faculdade de teatro e cinema são outras ambições do escritor mirim, que diz buscar inspiração nos personagens desenhados para, em seguida, criar suas próprias histórias.


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Cinema

Lazer

Oficinas de qualificação DIVulGaÇÃo

Goiânia Mostra Curtas abre novamente espaço para capacitação de profissionais Aline Áthila Estagiária convenio Puc/ tribuna

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Aluísio Cavalcante ministra oficina para crianças

saiba mais...

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oficinas com inscrições abertas a Construindo o Figurino - com figurinista Joana Gatis a Laboratório (Princípios e Ferramentas da narrativa Audiovisual) - com o produtor de cinema Aleksei Abib a e se eu Fosse o Autor? Produção de Vídeo e Adaptações Literárias - com os educadores Aluísio Cavalcante e Leila dias. Para crianças de 7 a 10 anos.

agende-se

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om ênfase na formação e qualificação de profissionais, a 13ª edição do Goiânia Mostra Curtas recebe inscrições para três oficinas cinematográficas até o dia 18 de setembro. A capacitação será oferecida nas áreas de construção de figurino, narrativa e adaptação de obras literárias. Inspirada na Copa do Mundo, que será realizada ano que vem no Brasil, a organização do festival investe também na importância do esporte para a vida dos brasileiros, trazendo o tema “Futebol Arte”. Noventa filmes em curta-metragem, divididos em seis categorias, já foram selecionados para essa edição. As inscrições podem ser feitas pelo site www.goianiamostracurtas.com.br e as vagas serão distribuídas, preferencialmente, entre os candidatos residentes no Estado de Goiás. A seleção será feita mediante análise de currículo, com a divulgação dos aprovados no dia 20 de setembro pelo site do festival. As atividades são dirigidas a cineastas, produtores, roteiristas, estudantes com interesse em roteiro e figurino e demais interessados. Os selecionados deverão validar a inscrição no escritório do Icumam entre os dias 21 e 24 de setembro, até às 16 horas. Os selecionados deverão pagar uma taxa simbólica de R$15, com exceção da oficina 'E se eu Fosse o Autor?', cujo valor ainda será definido. O 13º Goiânia Mostra Curtas, que este ano será realizado de 8 a 13 de outubro, conta com o patrocínio da Petrobras, Fundo Nacional de Cultura, Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e Oi Futuro, via Lei Goyazes, e apoio do Sebrae Goiás.

o quê? - oficinas da 13ª Goiânia mostra Curtas Quando? - Até o dia 18 de setembro Quanto? - Gratuito inscrições pelo site www.goianiamostracurtas.com.br

Palavras cruzadas diretas

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Cinema

Um céu de cores e Novo lançamento da Disney, Aviões explora universo das aeronaves, um outro fascínio de crianças e adultos

Mariana Vaz Editoria de educação

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usty é um jovem avião agrícola que sonha em competir na mais e mocionante corrida aérea ao redor do mundo. Mas para isso ele terá que lidar com um pequeno detalhe: seu medo de altura! Além do fato de não ter sido projetado exatamente para corridas.

A boa notícia é que, para alcançar seus objetivos, ele contará com a ajuda de muitos amigos e do aviador naval Skipper, que o auxiliará nos treinos para a grande competição. Este é o enredo de Aviões, mais recente produção animada dos estúdios Disney. O filme, que estreou nos cinemas brasileiros no último final de semana, segue a mesma fórmula de outro grande sucesso infantil: o filme Carros.

Uma competição entre aviões é o novo tema explorado pela Disney

Basta observar os amigos de Dusty, as velhas empilhadeiras, e outros carros que servem de suporte à manutenção das aeronaves. Todos são muito parecidos com os personagens de Cars, lançado pela Disney em 2006 em parceria com a Pixar. Aqui, eles viraram coadjuvantes. Os protagonistas 'rasgam' o céu em manobras arriscadas e com isso prendem a atenção das crianças e dos adultos. O curioso é ver como Dusty, sem nenhuma das tecnologias de seus oponentes, é capaz de fazer coisas incríveis. A história mostra que mais do que aparência e dinheiro, é preciso ter coragem, persistência e um pouco de sorte para alcançar o sucesso. Afinal, o que garante a entrada de Dusty na corrida aérea é o azar de outro competidor. Na grande competição, ele conhece aviões de todo o mundo, como o mexicano El Chupacabra, a francesa Rochelle, a indiana Ishani e o vilão Ripslinger, que fará de tudo para ver Dusty falhar. O longa animado, também em versão 3D, tem produção de john Lasseter e trilha sonora de Mark Mancina.


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