Edicao 05 08 16

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Feira de Santana, SEXta-feira 5 AGOSTO de 2016

ANO XVI - Nº 2.594

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Plano de Cultura era “forca” e “arapuca”, na avaliação de Coelho O presidente da Fundação Egberto Costa, Antônio Carlos Coelho, enviou para o prefeito José Ronaldo, em setembro do ano passado, relatório em que classifica o Plano Municipal de Cultura, como uma “forca” e uma “arapuca”, armada para tirar do gestor o controle do setor, que passaria a ser exercido pelo Conselho de Cultura, composto por representantes da sociedade e do governo. O Plano tinha sido concluído quase um ano antes, em diversas reuniões, sob o comando do então secretário de Cultura, Jailton Batista. Coelho diz que com as mudanças feitas depois, hoje tem “outra visão” sobre o projeto, que está na Câmara de Vereadores.

Teomar Soledade: Ensinar a pensar (parte V) Policial militar assume crime no Boulevard

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Matita Perê e Borega homenageiam Giberval Melo

No novo trabalho o grupo Matita Perê busca uma sonoridade apropriada para combinar com a obra de Giberval

Grupo de Salvador integrado pelo chargista e jornalista Borega Melo, prepara um CD com canções de Giberval Melo, pai do artista que assina semanalmente as charges da Tribuna Feirense.

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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

Fundação Egberto Costa rechaçou Plano de Cultura Glauco Wanderley Concluído na gestão de Jailton Batista à frente da secretaria de Cultura (que se encerrou em janeiro de 2015), o Plano Municipal de Cultura até hoje não foi votado na Câmara de Vereadores e não entrou em vigor. Agora sabe-se que, pelo menos da parte da direção da Fundação Egberto Costa, presidida pelo ex-vereador Antônio Carlos Coelho, houve uma rejeição total à primeira versão do Plano. Um relatório de setembro do ano passado, obtido pelo jornal Tribuna Feirense, encaminhado ao prefeito José Ronaldo, assinado pelo presidente e pelo diretor administrativo financeiro da Fundação, Daniel de Jesus Pereira, classifica a proposta original como “forca no campo da cultura” para Ronaldo e “arapuca armada por elementos que não compactuam com as políticas públicas da atual gestão municipal”. A recomendação feita por Coelho foi que a prefeitura elaborasse um novo projeto, convocando para isso uma comissão com representantes da própria Fundação, da Secretaria de Cultura, da Fazenda e da Procuradoria. Caso contrário, diz Coelho na correspondência ao prefeito, “a atual minuta

declara Vossa própria anulação como gestor no campo da cultura”. Não chegou a ocorrer a elaboração de um novo projeto, mas a tramitação parou. Em maio de 2015, o Fórum Permanente de Cultura de Feira de Santana lançou pela internet a campanha “Desengavete o Plano, prefeito”. O texto que embasava a mobilização lembrou que o Plano estava pronto desde novembro de 2014 e tinha sido elaborado após ampla discussão, com a participação dos mais diversos interessados, incluindo os representantes do governo. Na carta aberta da campanha, o secretário de Cultura, Rafael Cordeiro, foi criticado como alguém que “demonstra distanciamento e desconhecimento da dinâmica que o setor vivencia nestes últimos anos, com ações individuais e/ou coletivas, que persistem e se consolidam cada vez mais, mesmo com muitíssimas dificuldades originadas pela falta de políticas públicas de fomento e incentivo”. Rafael disse à Tribuna Feirense na ocasião que o processo estava “caminhando, sem dificuldade alguma”. Apesar de uma repercussão significativa (só a postagem original de uma carta aberta no Facebook teve 157

compartilhamentos), o projeto só foi enviado à Câmara agora em 2016. Para que ocorresse a audiência pública obrigatória para a tramitação, artistas e produtores culturais tiveram que fazer uma manifestação no final de junho, pressionando os vereadores, que ficaram de colocar o projeto em votação logo após o recesso de julho (as sessões do Legislativo foram retomadas esta semana). Hoje Coelho afirma ter outra visão sobre o Plano, pois suas preocupações foram contempladas, sobretudo em um dos pontos que considerava mais graves, que era a proposta de eleição interna no Conselho para escolher o presidente. Ele diz que após seu relatório, o plano foi “exaustivamente debatido até se chegar a um consenso”. Antes, segundo ele, o Plano tinha sido elaborado “por um grupinho” e a prefeitura estaria relegada a segundo plano, tendo que executar, “sem opinar”. Joilson Santos, representante da sociedade no Conselho de Cultura, contesta. Ele diz que, mesmo tendo assento no Conselho, como presidente da Fundação, Antônio Carlos Coelho não foi a nenhuma das muitas reuniões de discussão do

Controle social ou governamental? O Plano de Cultura traça uma política para 10 anos do setor. Portanto, um período que vai muito além de um mandato de quatro anos do prefeito de ocasião. Na essência, as divergências entre atores culturais e o governo municipal se dão em torno do controle da gestão cultural, o que inclui tanto os recursos financeiros quanto o modo de atuação da secretaria. Joilson Santos reconhece que o Plano retira poder do governo, transferindo-o para o “controle social” do Conselho. É a mesma avaliação de Coelho. Este, porém, interpreta essa característica como “anulação do gestor no campo da cultura”. Dizendo-se “assustado” com o teor do documento que vazou da Fundação, Joilson conclui que o controle coletivo é algo que o governo não quer. “Hoje se gasta o recurso como se quer. Coelho não quer o controle porque seria uma

gestão democrática. Acho que o prefeito pensa da mesma forma. A gente vive num governo que não quer controle social”, analisa. A reprovação de parte da classe artística ao modo de atuação da secretaria de Cultura fica clara num trecho da carta aberta da campanha “Desengaveta o plano, prefeito”, onde a secretaria é apelidada de “Secretaria de Eventos, que atua como produtora de Micaretas, Festas Juninas, show da ExpoFeira e Natal Encantado”. O presidente da Fundação Egberto Costa, ao contrário, considera positiva a atuação do governo e cita exemplos além de Micareta, São João e Natal Encantado. Ele inclui na lista de ações as reformas do Maestro Miro e do teatro Margarida Ribeiro e a atuação do Museu Parque do Saber, que alcançou a

marca de 400 mil visitantes em sua história. “A sociedade deve caminhar lado a lado com o governo. A decisão não deve ser unilateral”, sustenta Coelho. Para ele, a eleição do presidente entre os membros do próprio Conselho de Cultura era errada. “Em todos os conselhos, de todas as áreas e níveis de governo, a presidência é do Executivo”, argumenta. Coelho ressalta ainda que o Conselho é consultivo, e não deliberativo. Joilson concorda, mas acredita que se a gestão fosse compartilhada, o Conselho poderia assumir um papel mais decisivo, até mesmo na definição de atrações e cachês. Uma Micareta, por exemplo, “teria outro perfil, o dinheiro iria ficar mais na cidade e não sair pela BR 324”, exemplifica, referindo-se aos cachês pagos a atrações artísticas da capital.

projeto, que foi elaborado por um grupo grande, em muitas reuniões.

“FORÇA DE EXPRESSÃO” O prefeito José Ronaldo avalia que os termos usados

por Coelho estavam “no contexto de um ano atrás” e que ele usou “força de expressão” para alertá-lo de sua interpretação, mas certamente não tem mais aquele sentimento.

André Pomponet

Acerca do projeto em si, Ronaldo avalia que foi amplamente debatido pela sociedade, os ajustes foram feitos e que, como já está na Câmara, não deve mais emitir opinião.

Economia em crônica

Pacote de maldades do PMDB virá após as eleições Em 1986 o PMDB saiu consagrado das eleições: elegeu os governadores de praticamente todos os estados brasileiros – a única exceção foi Sergipe – no rastro do sucesso do Plano Cruzado, fruto do então governo José Sarney (PMDB). Exatamente seis dias depois do pleito, em 21 de novembro, o governo retribuiu a consagração nas urnas: naquela data, anunciou o Plano Cruzado II, que nada mais era que a liberação dos preços mantidos congelados até então. Ingênuo, o brasileiro foi recompensado com a aceleração inflacionária, que voltou a corroer seu poder aquisitivo. Trinta anos depois, parece que a novela vai se repetir. Afinal, alçado ao poder através de uma manobra polêmica – um impeachment cujas razões não ficaram claras até aqui – o partido prepara um pacote de maldades sem precedentes na história recente do Brasil. Todo o ônus, evidentemente, recairá sobre os trabalhadores, conforme já se anuncia. A exemplo do que ocorreu em 1986, pretende-se que as ditas reformas sejam aprovadas depois das eleições. É que, até lá, a escorregadia base aliada não pode se expor para não ser cobrada pelo eleitorado que será atropelado pelas

mudanças. Mas, depois, tudo bem: brasileiro tem memória curta e a traiçoeira manobra vai ser esquecida até 2018, quando devem acontecer novas eleições. É no que todos sempre apostam. Para quem trabalha e tende a ser penalizado resta apostar numa, até aqui, improvável mobilização maciça contra as propostas e na tibieza de caráter de Michel Temer (PMDB), o interino que caminha para se tornar um controverso presidente efetivo. Afinal, nesses três meses, em todas as ocasiões em que foi confrontado, ele recuou, visivelmente magoado com as contestações. Com um temperamento tão sensível, fica difícil aprovar as leoninas reformas anunciadas.

Balcão

Nesses três meses de governo, a propósito, a repaginada no fisiológico balcão da política brasileira é a única realização de Michel Temer e sua turma. Indicações políticas para cargos públicos, liberação de emendas parlamentares e de verbas para governos aliados é o que se realizou nesse trimestre. Exatamente aquilo que se repudiava nas apoteóticas manifestações pelo impeachment, há apenas uns poucos meses. Mas isso é coisa do passado. Ironicamente, o rombo nas contas públicas – que foi objeto de veementes condenações naquelas virulentas jornadas – não vai se contido até 2018.

Pelo contrário: a sustentação do arranjo político que ascendeu ao poder depende da manutenção desses déficits, para alegria da base aliada. Rigor com os gastos só a partir dos próximos governos é a mensagem que as entrelinhas reiteram todos os dias. A sensibilidade do presidente interino e o conjunto de contradições de seu controverso arranjo de poder podem contribuir para frear as draconianas medidas que a imprensa divulga com frequência. Aposentadoria aos 70 anos, jornada de 80 horas semanais de trabalho e terceirização ampla, geral e irrestrita são desejos que, caso a sociedade permaneça passiva, podem se tornar realidade. O fato é que, até as eleições, o pacote de maldades deve permanecer em segundo plano. Depois, as reformas previdenciária e trabalhista devem ser penduradas no mostruário e negociadas no balcão, com deputado impondo preço, exigindo verba e nomeação de apadrinhado. O método é o mesmo de sempre, mas nunca se regateou de forma tão escancarada. Sobre esses temas, a propósito, é bom saber o que pensam os candidatos que disputam as eleições municipais Brasil afora...

CONVOCAÇÃO

A Associação de Romeiros de Bom Jesus convoca a todos os seus associados para a assembleia a geral com objetivo de eleição de nova diretoria. Data: 08/08/16 Horário: 09:00h Local: Av. João Durval, n-1840 Empresarial Santana- Sala 103


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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

Glauco Wanderley

redacao@tribunafeirense.com.br

Jhonatas de novo Embora no intervalo entre as eleições fique meio ausente do debate público - pelo menos nos meios de comunicação - o professor Jhonatas Monteiro que concorre à prefeitura em 2016 não é o mesmo desconhecido que surpreendeu em 2012, arrebatando o terceiro lugar, ao superar o então prefeito Tarcízio Pimenta. Entre os dois pleitos, ele disputou o cargo de deputado estadual e, obtendo a maior votação do Psol na Bahia, demonstrou que tinha consistência para ser mais que um meteoro. Portanto, sua participação na eleição de 2016 pode afetar o resultado, diferente de quatro anos atrás, quando foi mais curiosidade do que peso na balança. Jhonatas a princípio seria candidato

Jhonatas dá entrevista à TV Subaé, após a confirmação da candidatura

a vereador e o Psol tinha deliberado lançar para a eleição majoritária uma entre duas professoras pré-selecionadas. Não deu certo e na convenção quarta-feira confirmou-se o que já era especulado, que o candidato seria mesmo o “Rasta”, como ele se

Volta às origens

O ex-presidente Lula não perde mais uma oportunidade de viajar pelo Nordeste. Veio quarta-feira a Santa Cruz Cabrália, visitar o assentamento Lulão, a convite do deputado federal Valmir Assunção, liderança política do MST. O local leva o nome do ex-presidente porque foi Lula quem fez a desapropriação da terra, disputada pela empresa Veracel, quando ainda estava na presidência da República. Traído pelos amigos megaempresários, que entregam à Justiça detalhes da relação que tinham com ele, Lula busca reaproximação com o povo.

Contas de Ronaldo aprovadas

Com um voto contrário apenas (de Edvaldo Lima) e uma abstenção (de Alberto Nery), foram aprovadas as contas do prefeito José Ronaldo referentes ao ano de 2014. O outro oposicionista, Beldes Ramos, faltou à sessão. O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia opinou pela aprovação com ressalvas a aplicou multa ao gestor. Mas o líder do governo, José Carneiro, alegou que as multas foram retiradas após o recurso do Executivo.

Nota fiscal 171

Há empresas fajutas que dizem ofertar vagas de emprego, mas cobram para o desempregado/interessado fazer um “cadastro”. Para tentar dar um freio a isso, o vereador Isaías de Diogo apresentou projeto obrigando as empresas a dar nota fiscal deste valor e não um mero recibo. O projeto foi aprovado na Câmara. Não que esteja errado, mas sua eficácia é duvidosa. O ideal seria, o que também é difícil de acontecer, que as pessoas tivessem consciência para não serem enganadas.

Sem chapão

E Ronaldo não foi cassado

Depois de fazer muita espuma com a ideia do chapão, que deveria reunir se possível todos os vereadores com mandato na busca da reeleição, o presidente da Câmara, Ronny, teve que se contentar com um grupo bem mais modesto, embora ainda forte. Discursando na tribuna, o vereador projetou que se não for a coligação mais votada, será a segunda.Além dos nomes do PHS, que tem quatro vereadores, a chapa terá outros nomes fortes, como os suplentes, Avelina e Josafá Ramos. O PHS se coligou ao PT do B (da vereadora Neinha), PRP (do vereador Marcos Lima), PEN (do suplente Tom) e PV (do exvereador Roberto Tourinho). A composição, admitiu Ronny, foi combinada com o prefeito José Ronaldo.

apresentava em 2012. Pode afetar o resultado ainda mais levando-se em conta que há outros candidatos consistentes, como Jairo Carneiro e Ângelo Almeida, além, claro, dos tradicionais Zé Neto e Zé Ronaldo. Me parece que todos têm

potencial de votos superior ao de Tarcízio Pimenta. É claro que a oposição não se preparou o suficiente para a dura missão de desbancar Ronaldo. Mas é possível que se tenha pelo menos um debate mais proveitoso sobre a cidade.

Cadastro fajuto do Minha Casa Minha Vida

Reportagem do jornal Folha do estado apontou a existência de centenas de casas sem uso nos conjuntos do programa Minha Casa Minha Vida. O fato foi candidamente admitido pelo líder do governo na Câmara, José Carneiro, que disse no entanto que a secretaria de Habitação, que faz a seleção dos contemplados com as casas subsidiadas pelo governo, não tem culpa pela falha na seleção nem responsabilidade de resolver o problema quando pessoas que não precisam são contempladas, em detrimento das muitas que esperam por uma casa. Para Zé Carneiro, uma pessoa pode ser dona de uma casa (o que a excluiria do programa), mas não ter a escritura em seu nome. E não ter uma renda formal e assim se passar por alguém sem renda. Ao mesmo tempo, ele garante que a seleção é criteriosa, com visitas de assistentes sociais aos escolhidos, para ver se se enquadram nos pré-requisitos. Se a escolha no entanto se provar errada, o caso tem que ser resolvido pela Caixa, na opinião do vereador. Difícil considerar criteriosa a escolha vinda de um cadastro com mais de 100 mil famílias. Número que, estimando 3 pessoas por casa, daria 300 mil pessoas, metade da população de Feira, ou se usada a média de 4 em cada casa, chegaria a dois terços da população precisando de uma casa.

Claro que não foi cassado. Mas apareceu pela segunda vez em poucos meses na Câmara, um pedido de cassação do prefeito. Parece loucura imaginar que uma cassação poderia ocorrer, já que o prefeito tem os votos de 18 dos 21 vereadores. Só parece loucura porque sabemos desse amplo controle do Executivo sobre o Legislativo no município. No entanto, foi a falta deste controle que tirou do cargo a presidente Dilma. A denúncia pedindo a cassação pode ser feita por qualquer cidadão. Foi o que ocorreu em Feira. Foi

o que ocorreu em Brasília. Dilma foi acusada de descumprir a legislação. Ronaldo foi acusado de descumprir a legislação. Todo governante descumpre alguma lei. É impossível contentar a sanha regulatória dos legisladores. Dilma descumpria, Ronaldo descumpre. Impeachment é política. Quem não sabe fazer política, não governa e acaba fora do cargo. O erro do PT (leia-se Lula) foi escolher quem nada sabia de política para sentar na cadeira de presidente. Possivelmente na ilusão de que seria alguém manipulável. Deu tudo errado.

Mais um voto perdido para Dilma O clima é de desânimo, da própria Dilma e do seu entorno, quanto às chances de recuperar o mandato. Mas como tudo pode piorar, piorou. O PT sonhava em ter o voto de Cristovam Buarque, ex-petista que no começo do processo admitia estar ainda avaliando o caminho a seguir. Mas se existia dúvida, um aliado de Dilma, o escritor Fernando Morais, se encarregou de definir o voto do senador contra ela. Fernando Morais avisou que iria devolver a placa de um prêmio literário ganho quando Cristovam era governador do Distrito Federal, porque “não queria nada de golpista, nem prêmio”. O senador rebateu sem dó. Questionou se Fernando Morais iria

devolver o dinheiro do prêmio (10 mil dólares), além da placa. E deixou claro que não há mais chance de votar a favor de Dilma. “Fernando Morais mostra como para o PT não há diferença entre partido, governo e estado. Não fui eu que dei o prêmio, foi o Governo do DF, selecionado pelo mérito de seu maravilhoso livro. Porque, para ele, não há diferença entre partido-governantegoverno-estado. Que pena que nossos gênios estejam tão obtusos. E tão viciados no aparelhamento. O PT corrompeu mais do que a política, corrompeu a inteligência e o caráter. E aos poucos vão mostrando que a volta da Dilma por mais dois anos, com essa gente, vai embrutecer o País e seguir se apropriando do Estado”.

no dia a dia e estava em providencial viagem. No frigir dos ovos, o serviço prosseguiu ao longo da semana. Apesar dos humores alterados nada de mais grave ocorreu. A sondagem do terreno é apenas uma etapa prévia à elaboração do projeto. Ainda correm ações judiciais por meio das quais os comerciantes, ali instalados há décadas, tentam impedir o dono, que é a prefeitura, de dar nova destinação ao espaço,

concedendo outra área para a venda dos produtos artesanais, culinários ou etílicos (há também um bar/ restaurante). O shopping popular é a aposta do governo para arrumar o Centro da cidade, com a remoção dos ambulantes que inundam as ruas. Uma aposta duvidosa, mas que pode pelo menos amenizar o problema. A sociedade cobra solução ao governo e espera que ele tenha a capacidade de tocar o projeto.

A batalha da sondagem Meses depois de ser impedida de fazer uma mera sondagem de terreno no Centro de Abastecimento, a prefeitura voltou à carga esta semana. Aproveitou o domingo para levar os equipamentos para o setor de artesanato. E para levar, sobretudo, guardas municipais e PMs, para a eventualidade de confrontos com os comerciantes do local, que não querem sair para dar lugar ao shopping popular.

A resistência houve. Os protestos foram emitidos. Alguns políticos de oposição compareceram para prestar solidariedade. Comerciantes fizeram vigília. E o secretário municipal que foi ao local foi o de Prevenção à Violência, Mauro Moraes, ao invés do tradicional Antônio Carlos Borges, de Desenvolvimento Econômico, que é quem lida com o problema


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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

Escola Sem Partido

Embora o projeto seja difícil de ser implantado, tem o mérito de ter trazido à discussão o papel dos professores em sala, a necessidade de ampliar o debate evitando a militância esquerdista doutrinadora, e a revisão de livros pedagógicos nitidamente com informações partidárias. Já foi um avanço e a discussão precisa continuar.

Impeachment

O relatório do senador Anastasia, elaborado de forma consistente, metódica, joga por terra a propaganda enganosa de que Dilma não sabia de nada e a torna diretamente responsável pelos fatos. Há até vídeo, em que ela está presente discutindo e autorizando o uso de recursos no Plano Safra. A situação é irreversível. Talvez por isso Dilma tenha feito acusações ao PT por ter se lambuzado de verba pública.

Impeachment II

O tempo entre o afastamento da presidente e a votação definitiva é um absurdo. O país fica entregue ao desatino, sem estabilidade, e o presidente interino apenas um refém de todo tipo de chantagem como está acontecendo. É preciso encolher estes prazos, agilizar o processo, pois o custo que a bandidagem exige do governo é acima do suportável.

Tempo sem lei

Do mesmo modo, o tempo entre o fim da eleição e troca do cargo de prefeito, governador, presidente, é outro absurdo. Serve apenas para que o perdedor destrua, ou saqueie, tudo que houver pela frente. Não deveria ser mais que duas semanas.

Shopping

Não há explicação que explique o inexplicável.

Delações

Evidente que João Santana, o marqueteiro petista preso, entregou Dilma em sua delação. Afinal, acordo não seria fechado se não servisse para pegar peixe grande. A confissão de que recebeu dinheiro no Caixa 2 proveniente de propina é demolidora para o PT. Contra o fato não há argumentos.

Delações II

A delação de Marcelo Odebrecht parece que se encaminha para o projeto final. Não haverá salvação para Lula. Até porque já se sabe que ele fez exigências nas reformas do sítio, do qual insiste em dizer que não é dono. Não será, entretanto, só Lula quem colocará o pescoço na forca. Brasília vive dias de lexotan e ocultação de provas, pois não serão poucos os políticos envolvidos pelo empreiteiro. Vem coisa grande por aí.

Lula e a prisão

Apontado como líder e mentor da mais extensa organização criminosa partidária que ocupou o poder no país - mesmo no país do PMDB - o ex-presidente que já virou réu por obstrução à Justiça ficará inelegível e não tem como escapar da prisão. A tentativa de denúncia à ONU acusando Sergio Moro de perseguição é tão inócua quanto reveladora de que os recursos acabaram e a lei se aproxima da porta do seu castelo (ou sítio?). E o pior ainda não veio à tona, com as delações da Odebrecht e OAS.

Cultura

Apesar de seus movimentos inadequados para coibir a CPI da Lei Rouanet o ministro da Cultura admitiu, em entrevista, que o ministério era utilizado politicamente para organizar a base do PT. Então, ministro, pare de atrapalhar a investigação.

Olimpíadas

Superfaturamento, uso de verbas sem licitação para concluir as obras, direcionamento de licitações, problemas na segurança, na Vila Olímpica, no trânsito, na despoluição da Baía de Guanabara, enfim, uma significativa lista de problemas, todos velhos conhecidos de nossos vícios. Entretanto, considerando o tamanho do evento, a magnitude das intervenções, o Brasil não sai tão mal, embora acabe ficando em padrão inferior ao das demais organizações. Agora, é torcer, sim, pelos brasileiros. E por todos os atletas que investem seus esforços na busca de uma medalha. Que os Jogos comecem.

Sabatella, com horror

Agressão pessoal de militante a qualquer cidadão por sua postura política é inaceitável. Entretanto, a atitude da atriz de pensamento meio tatibitate, Letícia Sabatella, de entrar em uma manifestação pro-impeachment, de forma deliberada, é uma atitude rasteira, para fazer proselitismo oportunista. Em vídeo, a polícia a protege, mas ela insiste na provocação.

PSDB

A delação premiada revelando que Sérgio Guerra, do PSDB, já falecido, recebeu R$10 milhões para enterrar uma CPI, é apenas a prova de que nosso buraco político é mais embaixo e mais profundo. Na versão atual, o policitado Aécio Neves, segue sem ser investigado, apesar das inúmeras delações, que talvez pelo menos expliquem seu desempenho medíocre como senador oposicionista.

Serra e Venezuela

A ditadura venezuelana de Maduro não respeita a cláusula do Mercosul que obriga os países membros a serem democracias. Ela não pode, pois, ocupar a presidência do grupo. Ao contrário do cúmplice governo de Dilma, o chanceler José Serra pressionou e, apoiado por Paraguai e Argentina, chutou a Venezuela da vaga. Atitude corajosa, correta, que deveria ter sido a postura do nosso país em defesa da democracia e não de apoio a este bolivarismo tacanho, opressor, fracassado e violento. Certo, Serra.

Eleição

Enfim, com o apoio de Torres a Jairo e a definição do PSOL, os competidores olímpicos tomaram posição na reta de largada, embora ainda faltem os vices, até mesmo na de Neto. Ronaldo neste ponto largou na frente, já está com a máquina em campo, enquanto os adversários ainda vestem o uniforme. O que não quer dizer que não haverá trabalho. Afinal, o desgaste do governo é significativo e está longe de ser a unanimidade que já foi. Comprem os ingressos e vamos ver como cada um arma sua trincheira.

VAMOS SALVAR A LAGOA SALGADA ANTES QUE OS INVASORES A OCUPEM

Uma campanha da

Tribuna Feirense

Paulo Bernardo Olímpico

É assombroso saber que o esquema de roubo liderado pelo ex-ministro do Planejamento chegava a cobrar 70% de taxa de corrupção. É, sem dúvida, o recorde olímpico deste governo. Merece as algemas de ouro que o MP pediu.

Barbárie

O assalto coletivo em um fila de desempregados com dois baleados é apenas um sinal dos dias que vivemos. E se a crise não reverter, vai piorar a segurança.

@cesaroliveira10 @Lindenbergh é a prova que todo comunista esperava! Deus não existe e não teve nada a ver com sua criação @Aluguel de muro para pichação com nome de candidato ficha-suja pode exigir adicional de periculosidade @Trump e Hillary são o retrato da miséria política de nossos tempos. Líderes da falta de opção e não das escolhas @Com a maré mais suja que a baía de Guanabara, o Aécio Neves já pode ser declarado oficialmente desaparecido pelas forças de segurança da ONU

@Precisamos que os bons deixem de ceder seu lugar aos bandidos. Antes que os bandidos esmaguem a sobrevivência dos bons @Letícia Mortadela é pura loba amoral, em pele de cordeiro malemolente @Ecobarcos recolhem fragmentos do PMDB carioca na baía de Guanabara


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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

Borega prepara disco com composições do pai Glauco Wanderley Uma homenagem ao pai, extensiva ao universo sertanejo. Assim é o próximo CD do cartunista, jornalista e músico Borega, que desde fevereiro grava em estúdio as faixas do novo trabalho do grupo Matita Perê, com lançamento previsto até o fim do ano. Borega, que semanalmente está na Tribuna Feirense mostrando suas bem humoradas críticas em forma de charges, é também cantor, compositor e instrumentista no grupo, que completa 17 anos em 2016. “O médico César Oliveira [proprietário da Tribuna Feirense] e o Valdomiro Silva [jornalista fundador da Tribuna, atualmente secretário de Comunicação], me provocaram para fazer um disco com músicas do meu pai. Está fazendo 10 anos da morte dele”, lembra. Giberval Melo, pai do Borega, era bancário, mas com fortes ligações com a arte. Tocava violão, compunha, se embrenhava nas serestas e pintava quadros. Chegou a fazer um disco em estúdio e deixou muitas

O Borega músico

Borega durante as gravações: o CD já tem nome escolhido, que é mantido em segredo

composições sem gravar. Como autor, ele tinha uma forte identificação com as coisas do sertão e esta característica foi bem explorada no trabalho/ homenagem que está sendo produzido pelo Matita Perê, cujos membros são autores de metade das 10 faixas. A outra metade será da lavra de Giberval, adaptadas ao estilo da banda. “Selecionamos também no repertório do grupo aquilo que podia melhor dialogar com a música dele. A ideia é que quem ouvir possa apreciar, independente de conhecer a obra do meu pai”, explica Borega, lembrando que

Giberval gostava muito da temática do vaqueiro, da feira livre, da vida sertaneja. A sonoridade é diversificada, com samba canção, xote, chorinho, moda de viola e até uma guarânia, ritmo bem propício para o lado seresteiro de Giberval, cuja voz vai aparecer no CD, num pequeno trecho de uma gravação caseira, com o irmão Marcelo Melo, que como Giberval era bancário e músico. “Assim que defini as músicas dele, ficou mais fácil dirigir nosso repertório para compor o CD: tem um poema de Roberval Pereyr musicado

A Centopeia que sonhava, no Domingo tem teatro O espetáculo “A centopeia que sonhava” estreia dia 07 de agosto, às 10h30, no Domingo Tem Teatro, no Centro Universitário de Cultura e Arte - CUCA. O Grupo de Teatro Stripulia, fundado há 13 anos, abre a temporada do mês de agosto. Suas peças são na maioria escritas para o público infantojuvenil e preocupadas em transmitir uma moral. No Domingo Tem Teatro eles já apresentaram “Os Saltimbancos” e “A Fantástica Loja de Brinquedos”. “A centopeia que sonhava” é inspirada no livro homônimo do

sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. É a história de uma centopeia com muitos sonhos e desejos, que não sabia como realizar. Com a ajuda de amigos do jardim, a centopeia foi capaz de realizar cada um deles e aprendeu a lição de que sozinhos podemos muito pouco, mas quando nos ajudamos podemos fazer o impossível virar realidade. As atrações do projeto vão além do palco. A partir das 9 horas o Museu Regional de Arte e o espaço de diversão do Domingo Tem

Teatro estarão abertos e o público já poderá aproveitar as diversas atividades artísticas que acontecem antes da atração principal. Na visita ao Museu todos são convidados a apreciar a última edição do Domingo Tem Museu, com a exposição Hansen Bahia Vida e Obra, sobre um dos principais nomes da xilogravura. Em paralelo à visitação ao Museu ocorrerá a oficina gratuita “Meu Mural MRA”. O público ainda poderá apreciar Sarau no Museu, com música e poesia.

por mim (Decisão); tem o baião “Rosiana” (Borega / Luciano Aguiar), que é inspirado em “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa; tem um xote intitulado “Licor de Jenipapo”, de meu parceiro Luciano Aguiar e uma modinha brasileira chamada “Passarinho”, a única instrumental do CD”, adianta Borega.

Borega foi produtor e arranjador de CDs de alguns artistas feirenses, como a banda de pop rock Geração Nômade e a compositora Manu Schuartwz. Como compositor, tem obras gravadas pelo maestro baiano João Omar (filho do compositor e cantador Elomar) e pelo guitarrista e arranjador mineiro Budi Garcia, professor Doutor em Música Popular na Unicamp, em Campinas (SP). Também assinou a produção de trilhas para documentários, vídeos, jingles comerciais e políticos. João Omar, que é violonista, inclusive vai participar do disco também, em duas faixas. A colaboração dele se torna ainda mais estreita quando se sabe que batizou o “Baião Bachiado”, música de Borega que através do nome, João Omar associou com a obra do compositor

erudito alemão e que estará no disco a ser lançado. MATITA PERÊ A banda Matita Perê apareceu pela primeira vez em julho de 1999, tocando em Salvador. Faz um som que mistura influências do semiárido, de Minas Gerais e do maestro da Bossa Nova, Tom Jobim. O grupo composto por Borega, Luciano Aguiar e Rafael Galeffi, já abriu shows de Hermeto Pascoal, Wagner Tiso e Jussara Silveira. O nome Matita Perê é emprestado de uma ave brasileira da Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Também é usado no folclore como outro nome do Saci Pererê. E finalmente, uma homenagem a Tom Jobim, que, em 1973, gravou uma canção com esse título, que deu nome ao disco.

DUAS COMPOSIÇÕES QUE ESTARÃO NO CD

Andarilho

Decisão

Andarilho sem rumo, quem dera Pudesse eu um dia voltar Ao lugar onde a vida espera O fim do viver sem cansar

Se me buscarem, não vou. Se me ofertarem, não quero.

(de Giberval Melo)

Eu vi no sertão tanta coisa Que a vida ensina a acabar Vi tristeza de mãos com alegria Vi sorrisos com muito chorar Em tapetes de espinho, vi flores Em rostos famintos, sorrisos Em leitos imundos, amores Em velhos chocalhos, os guizos

(de Borega e Roberval Pereyr)

Se me disserem quem sou, direi que não sou, e espero. Direi que esperar é tudo; e que o que espero é nada; que quando viajo, mudo conforme as feições da estrada.

Em enterro de anjo, alegria Em preces de dor, cantoria Um simples cordão, um brinquedo Do deus que não vê grande medo Da morte, um sorriso na espera Da vida, um viver sem quimera

Uma amostra do lado artista plástico de Giberval Melo com temática ligada à feira livre


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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

Polícia investiga agressão no Boulevard Denúncias de agressão praticadas por seguranças do shopping Boulevard já apareceram diversas vezes na imprensa de Feira de Santana. E sumiram sem deixar rastro. Desta vez, porém, dois fatores foram cruciais para que fosse diferente e o caso continue a repercutir intensamente, mobilizando a atenção da sociedade: primeiro, a violência extrapolou limites e o jovem atingido, Milton França Júnior, 23 anos, está há uma semana em coma na UTI do Clériston

Andrade. Em segundo lugar, o pai da vítima trabalha para o vereador Carlito do Peixe, é uma pessoa mais segura dos próprios direitos e diz estar disposto a levar a questão adiante, exigindo uma punição. Milton Júnior trabalha como web designer e gerente em seu local de trabalho. Estava acompanhado do amigo Willian Santana, que foi quem fez o relato do que se passou. William afirma que já na entrada, não sabe

se pela cor da pele ou pelas marcas e estilo de roupa que usavam, começaram a ser vigiados pelos dois homens que ele diz serem seguranças, que chegaram a botá-los para fora da loja. Diz William que ele e Milton resolveram pouco depois ir embora do shopping. Mas do lado de fora foram novamente abordados pelos homens, houve uma discussão e posteriormente a agressão física, que deixou Milton inerte no chão. O SAMU foi chamado e o rapaz,

Argemiro Nascimento Filho Advogado e professor

Dura lex sed lex do advogado Próximo dia 11 de agosto é comemorado o dia do advogado. A data representa o decreto imperial de 1827 que autorizou a abertura no Brasil das faculdades de Direito de São Paulo e Olinda. No entanto, quase 200 anos depois têm-se muito pouco a comemorar. Não digo que está em crise o exercício da profissão, porque a palavra está um pouco gasta. Digamos que passa por um momento de transição, ou seja, de reflexão quanto ao seu papel atual na sociedade e o que esperar para futuro. A advocacia tem nos últimos anos sofrido as mais diversas adversidades, tendo o Estado através de seus agentes o protagonismo destas ações. O exercício da profissão é dificultado por atos que fogem da capacidade do advogado de atender o que clientes buscam quando necessitam de um amparo jurídico para as vicissitudes da vida. As barreiras são imensas e constantes, algumas intransponíveis e o desejo de justiça, do cidadão, fica perdido pelo caminho. O enfrentamento diário do profissional do Direito além das dificuldades comuns a todas as profissões, tem o agravante de muitas das vezes lidar com magistrados

de conhecimento jurídico liliputiano (claro que não são todos), servidores dos cartórios desmotivados, trabalhando alguns em ambientes precários. Tais contratempos depõem contra a qualidade da prestação de um serviço importante para a sociedade, que é o exercício da advocacia. Advogar nos dias de hoje se constitui numa corrida de obstáculos diários. Os desrespeitos enfrentados são tantos que a alguns já nem se tem dado importância. Exemplo: esperar horas por uma audiência, muitas das vezes uma manhã ou tarde inteira, como se tivessem, o advogado e as partes envolvidas, tempo livre disponível. O que dizer então de processos que dormitam anos à espera de um reles despacho, processos que de tão antigos somente um paleontólogo para dar continuidade, pois já viraram fósseis. Cito outra situação de desrespeito. Recentemente o Ministério da Justiça através de portaria, limitou o acesso do advogado aos presos em presídio federal, contrariando normas constitucionais e o estatuto da advocacia. Portaria felizmente revogada. A despeito de tudo isto, ainda encontramos magistrados arredios à aplicação das mudanças legislativas (taí o novo código de Processo Civil que não me deixa

mentir) que atrasam a prestação jurisdicional com discussões jurídicas rasas e sem pragmatismo. Aqui na Bahia ainda vivemos uma situação singular. Temos um arremedo de justiça, onde falta de tudo, da estrutura física a profissionais pouco comprometidos com o bem servir (desculpas mil se encontra para a situação vexatória local, sim repito, desculpas mil). Enfim, todas as profissões têm seus percalços, mas a advocacia talvez seja a que mais enfrenta dificuldades no cenário atual, até porque em razão dos acontecimentos políticos é a que tem tido maior visibilidade sem sombra de dúvida. Encerro com as palavras de um dos mais ilustres advogados que tivemos, o velho Rui Barbosa. Para ler e refletir: “A profissão de advogado tem, aos nossos olhos, uma dignidade quase sacerdotal. Toda a vez que a exercemos com a nossa consciência, consideramos desempenhada a nossa responsabilidade. Empreitada é a dos que contratam vitórias forenses. Nós nunca nos comprometemos ao vencimento de causas, nunca endossamos saques sobre a consciência dos tribunais, nunca abrimos banca de vender peles de ursos antes de mortos.”

levado ao Clériston Andrade, ficou logo na UTI. O shopping Boulevard isentou-se de responsabilidade. Em lacônica nota à imprensa, de quatro linhas, alegou que toda sua segurança trabalha fardada e identificada. A Tribuna Feirense insistiu em maiores esclarecimentos e a assessoria de imprensa acrescentou que não possui seguranças à paisana. Na tarde de quartafeira, o policial militar Miguel Ângelo Almeida de Assis, 39 anos, assumiu a autoria da agressão, mas, diferente da versão apresentada por William,

disse que deu um único soco em Milton. A polícia buscou junto ao shopping imagens das câmeras de vigilância para acrescentar à investigação. Miguel Ângelo garantiu que não trabalha para o shopping, nem como prestador de serviço terceirizado e disse que estava lá para ir ao cinema, mas se desentendeu com os outros e foi chamado de macaco, por ser negro. Pela manhã, antes da apresentação voluntária de Miguel à polícia, na última sessão da semana na Câmara de Vereadores, já circulava a informação de que o agressor seria um PM, e

Carlito do Peixe discursou cobrando providências e responsabilizando também o estado. “Do estacionamento até dentro do shopping center, é de responsabilidade do shopping. Quem eles contratam para gerenciar, para segurança, é de responsabilidade deles. Se é funcionário público do estado, o estado também tem que ser penalizado. Tem que responder também. A justiça tá aí pra isso. Se é do estado, que tá lá prestando serviço, fazendo bico, eles têm que responder por isso também. E a empresa que contratou eles e o shopping vão ter que responder por isso”, garantiu.

Estado nomeia 55 novos policiais civis O Diário Oficial do Estado publicou nesta quinta-feira (4) a lista com os nomeados para a Polícia Civil. Serão 101 delegados, 47 escrivães e 409 investigadores de polícia, totalizando 557 novos servidores. De acordo com a Secretaria da Administração do Estado (Saeb), dos 639 convocados, apenas 82

não serão nomeados no Diário desta quintafeira. “Aqueles que não tiveram seus nomes na lista desta quinta foram considerados inaptos nos exames médicos admissionais, solicitaram o reposicionamento para o final da lista de convocados ou estão questionando judicialmente alguma etapa do concurso”, afirmou o secretário da

Administração, Edelvino Góes. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) ainda vai anunciar a data de posse. “A Polícia Civil e a sociedade comemoram a chegada desses profissionais, que vão reforçar o trabalho investigativo em Salvador, na Região Metropolitana e no interior”, destacou o delegado-geral, Bernardino Filho.

Mais de 400 aparelhos de som apreendidos este ano

Apenas neste ano mais de 400 aparelhos e acessórios de som automotivos foram apreendidos durante as operações “Feira Quer Silêncio”. Em três anos, mais de 2,6 mil foram apreendidos em blitzen semanais em bairros e distritos. São apreendidos os aparelhos ligados emitindo no momento da verificação mais de 70 decibéis (durante o dia) e mais de

60 decibéis (se for à noite). “Acima destes níveis sonoros as pessoas que moram próximas da origem do som ficam incomodadas, principalmente à noite”, diz o secretário Maurício Carvalho. Além de automóveis, casas noturnas e bares também são notificados. A medição é feita eletronicamente por um decibelímetro. Das operações

participam a Secretaria de Meio Ambiente, Guarda Municipal e a Polícia Militar, Polícia Civil, MPE (Ministério Público Estadual), Justiça e SMT (Superintendência Municipal de Trânsito). A equipe atende a denúncias pelos telefones 156 e 3626.4401. E aquelas feitas diretamente na Secretaria de Meio Ambiente, na rua Leolinda Bacelar, 224, na Kalilândia.

Comissão aprova parecer pelo impeachment por ampla maioria Por 14 votos a 5, os senadores que integram a comissão do impeachment aprovaram nesta quintafeira (4) o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) pela procedência da acusação e o prosseguimento do processo contra a presidente afastada, Dilma Rousseff. Agora, o parecer também precisa ser votado no plenário do Senado, o que deve acontecer

no próximo dia 9, onde é necessário o voto da maioria dos senadores (desde que estejam presentes ao menos 41 dos 81 senadores). Apenas quando o Senado aprovar o parecer da comissão é que o julgamento de fato será realizado, em sessões no plenário, comandadas pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski.

A previsão é que essa última fase do processo comece entre os dias 25 e 29 de agosto. A comissão do impeachment encerrou seus trabalhos nesta quinta-feira, após iniciar em 8 de junho a fase de investigação do processo. Foram 31 reuniões, 262 ofícios e requerimentos, 44 testemunhas ouvidas e 18 recursos decididos pelo presidente do STF.


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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

Sandro Penelu

Cultura e Lazer

Mais dicas culturais em: www.infcultural.blogspot.com

sandropenelu@gmail.com

Museu Casa do Sertão realiza exposição “Indígenas do Nordeste” O Museu Casa do Sertão realiza, entre os dias 28 de julho e 15 de setembro, a exposição “Indígenas do Nordeste: cultura, identidade e resistência”. Organizada em parceria com a Residência Indígena da Universidade Estadual de Feira de Santana, a mostra tem por finalidade apresentar a diversidade étnicocultural dos povos indígenas da região. Com curadoria assinada pela professora mestre Patrícia Navarro de Almeida Couto, a exposição, que conta ainda com o apoio da Administração Central e da Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis (Propaae) da Uefs, reúne textos produzidos por estudantes indígenas oriundos de nove

etnias: Atikum, Fulni-ô, Kaimbé, Pankará, Pankararé, Pankararu, Tumbalalá, Tupinambá de Olivença e Tuxá. Também fazem parte da mostra objetos etnográficos coletados pelos discentes e cedidos por suas respectivas comunidades, além de 45 fotografias produzidas pela estudante de História Hortência Sant’Ana. As obras registram o cotidiano dos indígenas na Universidade. No dia 28, como parte integrante da programação, será realizada uma mesa redonda, a partir das 8h30min, no Auditório II, Módulo I, que discutirá a condição do indígena na contemporaneidade, especialmente no Nordeste

brasileiro. No encerramento da mesa, apresentação musical do grupo Coisa de Índio, formado por estudantes indígenas da Uefs. À tarde, a partir das 14h30min, no Museu Casa do Sertão, será realizado o vernissage da exposição. Durante o evento, será realizada uma apresentação do Toré, ritual indígena. A mostra permanecerá aberta à visitação pública às segundas-feiras, das 14h às 17h30min e de terça a sexta-feira, de 8h15min às 11h30min e de 14 h às 17h30min. Agendamentos podem ser realizados através dos e-mails: museucasado sertao@gmail.com e agendamentomuseu casadosertao@gmail.com.

SHOWS AO VIVO SEXTA-FEIRA 04/08 ATRAÇÃO

LOCAL

HORA

ENDEREÇO

URI BECHEN

Frango na Brasa

20

Jomafa

ELIOMAR

Quiosque dos Amigos

20

Praça Duque de Caxias

JOSAS ALMEIDA

Bar do Wellington

20

Conj. Luiz Eduardo

DJALMA FERREIRA

Cidade da Cultura

21

Conjunto João Paulo

MAZINHO VENTURINI

Bar 14 Bis

22

Av. Getúlio Vargas

WILLIAN DE CASTRO

The House

22

Ville Gourmet

ALISSON DE SOUZA

Quiosque do Mazinho

21

Praça de Alimentação

SÁBADO 05/08 ATRAÇÃO

LOCAL

HORA

ENDEREÇO

LUCIANO ROCHA

Quiosque dos Amigos

20

Praça Duque de Caxias

DI NASCIMENTO

Frango na Brasa

21

Jomafa

CELLY NOBLAT

Quiosque do Mazinho

21

Praça Gilson Pedreira – Av. Getúlio Vargas

MANO REIS

Ana da Maniçoba

22

Ponto Central

NENEM DO ACORDEON

Cidade da Cultura

21

Conjunto João Paulo

Circuito cultural será apresentado em escolas públicas O teatro mambembe e o universo imaginário do circo de pulgas inspiram o espetáculo que vai reabrir a sexta edição do Circuito Cultural Belgo Bekaert, em agosto, com novo formato. A peça “Cavaco e sua pulga adestrada” vai ser apresentada na Escola Antônio Gonçalves, no bairro Parque Ipê, no dia 11 de agosto, às 10h30min e às 15h30min e no dia 12, às 10h40min e às 15h40min, na Escola Acioly Silva Araújo, no

bairro Feira X. A partir de agosto, as apresentações vão acontecer em escolas públicas. Outra novidade é que o circuito vai abrir a possibilidade para o público indicar, através das redes sociais, algumas escolas para as apresentações. A proposta do circuito para o segundo semestre deste ano é levar mais de 16 apresentações teatrais para crianças e jovens estudantes das escolas da rede pública de Feira de Santana,

sempre na segunda e quarta semana de cada mês. O circuito está presente em três cidades, com o objetivo de oferecer uma programação cultural regular à comunidade, democratizar a cultura como fonte de conhecimento e desenvolvimento e contribuir para formação de público com espetáculos de reconhecida qualidade e atrações voltadas, especialmente, para crianças e jovens estudantes da rede pública de ensino.

Seminário promove diálogo entre Literatura e outras artes Os diálogos entre literatura e televisão, cinema e fotografia serão discutidos durante o encontro “Caminhos da intertextualidade: textos e telas, nos dias 11 e 12 de agosto, na Uefs. O evento é promovido pelo grupo de pesquisa “Janela de Tomar: estudos de matrizes culturais na literatura brasileira e portuguesa moderna e contemporânea”, sob a coordenação das professoras

doutoras Alana Freitas El Fahl e Flávia Aninger, do Departamento de Letras e Artes. As atividades do dia 11 de agosto serão realizadas no auditório 1 do módulo 1 e começam às 8h30min, com apresentação do projeto. No dia 12, a programação se inicia no mesmo horário, no anfiteatro, módulo 2. Durante o evento, vão ocorrer conferências,

mesas redondas e palestras com convidados, como o dramaturgo e roteirista de TV Cláudio Simões e o diretor e ator de teatro Geovane Mascarenhas. Os interessados devem fazer inscrição na secretaria do Departamento de Letras e Artes, no módulo 2, ou nos dias do encontro. A taxa de inscrição é R$ 10,00. Outras informações através do telefone 75 3161-8058.

III Encontro de política e gestão cultural Participação social na formulação de políticas públicas para a cultura da Bahia. Este é o fundamento para o III Encontro de Política e Gestão Culturais, a ser realizado nos próximos dias 9 e 10, no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana, no

território de identidade Portal do Sertão. O evento objetiva a formulação coletiva de diretrizes, a formação em cultura, a articulação em rede dos profissionais da área, bem como a institucionalização e o consequente desenvolvimento do setor cultural baiano. Dirigentes municipais,

legisladores (vereadores, deputados e assessores parlamentares) conselheiros de cultura, gestores de espaços culturais, gestores sociais da cultura e ainda pesquisadores, estudantes, artistas, produtores e ativistas são o público-alvo desta ação, que também é aberta a quaisquer outros interessados.

Dom Itamar Vian

di.vianfs@ig.com.br

Luzes no Caminho

Brasil – casa do mundo “Rio de Janeiro – de Braços Abertos” – “Somos Todos Brasil” – “Venham Sejam Todos Bem-vindos” são alguns apelos emocionais da mídia conclamando os países do mundo participarem dos Jogos Olímpicos, de 05 a 21 de agosto, no Rio de Janeiro. A ÚLTIMA Olimpíada da Era Antiga foi disputada em 393 depois de Cristo quando o imperador Teodósio I cancelou a realização dos Jogos Olímpicos. Em 1896, foram realizados os primeiros Jogos Olímpicos modernos, na Grécia. Desde então (com exceção do período que envolveu as duas Guerras Mundiais 1914-1918 e 1939-1944), os Jogos vêm sendo disputados a cada quatro anos. HÁ MUITOS anos, os Jogos Olímpicos, deixaram de se limitar ao lema do Barão de Coubertin (1863-1937): “O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade”. Hoje, somam-se interesses econômicos, políticos, e até mesmo religiosos. As disputas tornaram-se atração para bilhões de pessoas, muitas por interesse espontâneo, outras dirigidas por motivos ideológicos. É por isso, necessário resgatar a essência do ideal olímpico, substituindo interesses egoísticos por integração entre países. OS PRINCÍPIOS fundamentais do esporte – respeito aos oponentes, trabalho em equipe e jogo limpo – convergem com os princípios da Carta das Nações Unidas. A ONU assegura que o esporte é um direito humano essencial para que as pessoas, de qualquer idade, possam ter uma vida sadia. Os próprios gregos, substituíram os espetáculos onde morriam pessoas por competições esportivas pacificas. Consideravam os Jogos Olímpicos motivo de paz sagrada, com interrupção de guerras. A ATIVIDADE esportiva é, também, essencial para o desenvolvimento da pessoa: ensina valores, como cooperação e respeito; contribui para a interação além do círculo familiar e para a inclusão social; previne doenças e, acima de tudo, coloca indivíduos e comunidades lado-a-lado, diminuindo diferenças étnicas e culturais. Ele pode construir uma cultura de paz e tolerância. Contribui para o desenvolvimento econômico, cultural e social, melhorando a saúde e o bem-estar de pessoas de todas as idades. APROVEITEMOS, por isso, esse momento dos Jogos Olímpicos, para celebrarmos o congraçamento e a unidade entre os povos, mostrando que a paz, tão sonhada, pode ser alcançada com as mãos unidas de todos aqueles que buscam construir a verdadeira civilização da solidariedade, da justiça e da paz.

Fundado em 10.04.1999 www.tribunafeirense.com.br / redacao@tribunafeirense.com.br Fundadores: Valdomiro Silva - Batista Cruz - Denivaldo Santos - Gildarte Ramos Editor - Glauco Wanderley Diretor - César Oliveira Editoração eletrônica - Maria da Piedade dos Santos

OS TEXTOS ASSINADOS NESTE JORNAL SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES. Rua Quintino Bocaiuva - 701 - Ponto Central CEP 44075-002 - Feira de Santana - PABX (75)3225.7500/3021.6789


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Feira de Santana, sexta-feira 5 agosto de 2016

EDUCAÇÃO

PARTE V - ENSINAR A PENSAR Aos 22 anos de idade, um jovem naturalista inglês fez uma viagem ao redor do mundo. Aportou duas vezes aqui na Bahia, uma no Rio de Janeiro. Contornou o sul das Américas, passou pelas ilhas Falklands ou Malvinas, como querem os argentinos e, no arquipélago Galápagos no Equador, onde se encontra até hoje uma biodiversidade exuberante, fez observações e registros extremamente importantes para a humanidade. Esse inglês escreveu um livro histórico, publicado em 1859, “A Origem das Espécies”. Nele, introduziu a ideia de um ancestral comum para os seres vivos, posteriormente diferenciados por seleção natural. Uma das teorias geniais concebidas pelo homem. Esse é o exemplo mais emblemático do PENSAR sistematizado que começa com a OBSERVAÇÃO cuidadosa, passa pelo REGISTRO metódico, pela DESCRIÇÃO, COMPARAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO, ANÁLISE e RESUMO. Sete passos essenciais para quem pretende estudar algo inédito para a civilização ou particularmente para si mesmo. Um primeiro estágio no edifício do PENSAR. Charles Darwin (1809-1882) tinha uma formação privilegiada, orientada por seu pai, médico. Aos nove anos, já colecionava minerais, insetos, ovos de pássaros e pequenos animais. Estudou na Universidade de Cambridge. Embarcou no navio inglês HMS Beagle em dezembro de 1831 para a viagem que lhe faria a fortuna intelectual. No dia 1º de abril de 2001, as relações entre EUA e China ficaram estremecidas por conta de um incidente aéreo. Um avião-espião americano, EP3, quadrimotor,

turboélice, cheio de equipamentos, com 24 tripulantes, chocou-se com um avião-caça chinês em espaço aéreo daquele país. O avião americano fez pouso de emergência em território chinês, o piloto do caça foi dado como morto, a tripulação do quadrimotor devolvida aos EUA, e o avião, três meses depois, em contêineres, completamente desmontado. O presidente da época, George W. Bush, ficou enraivecido com a bisbilhotice chinesa. Da sua parte os orientais fizeram o que seria natural. Conhecer os segredos, a tecnologia do antagonista. Chineses sabem construir aviões, mas seus projetos ainda carecem de inovações. Eles sabem replicar o que já está feito. Agora pretendem estudar avanços e, eventualmente, melhorar seus produtos a partir de tais avanços. Fazer cópias aprimoradas. O mesmo processo que os japoneses fizeram com os carros americanos e, pagando licença à empresa americana Lockhead, produzir 107 unidades de uma versão do EP3 para supervisionar seu espaço aéreo. Essa história

do avião-espião ocorre no segundo andar do edifício do PENSAR. Nele, supõe-se domínio do conhecimento adquirido no primeiro e busca-se, tão somente, o aperfeiçoamento do já existente. No segundo andar, as fases do processo de pensamento são RECONHECER, BUSCAR SIMILARIDADES, SUPOR, TESTAR, PREVER, e, por fim, RESOLVER. Se os cientistas, engenheiros e técnicos chineses foram ou são capazes de seguir e superar cada um desses passos no estudo dos aviões EP3 americanos, fabricarão, se desejarem, aeronaves de melhor ou igual qualidade. A história de que o grande físico inglês Isaac Newton (1642-1727) inspirou-se na queda de uma maçã para formular a Lei da Gravitação Universal é antológica. O que a maioria das pessoas imagina é que essa inspiração teria sido súbita, saída do nada. Um grande equívoco! Newton era trabalhador intelectual persistente, perspicaz. Apresentou contribuições importantes em Física (no estudo dos movimentos dos corpos, da propagação da luz, do som), em Astronomia e, particularmente, em Matemática, participou da criação do Cálculo Diferencial e Integral com o matemático e filósofo alemão Gottfried Wilhelm von Leibniz (1646-1716). As inúmeras contribuições de Newton à Ciência foram resultados de trabalho árduo no estudo das manifestações da natureza. Para chegar ao último processo do pensamento, o CRIAR, ele focou nos dois primeiros, descritos anteriormente, dominou-os completamente para, finalmente, através de pensamentos difusos, aqueles nos quais leva-se em conta tudo ao redor – Newton observou a queda de uma maçã – elaborar uma teoria geral, que vale para a maçã, para a Lua ou qualquer outro corpo celeste. Afinal, como disse o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895), a inspiração só favorece às mentes preparadas. Descobrir ou inventar algo inédito, a partir de observações de fenômenos aparentemente díspares, tem registros recorrentes na história da Ciência e da Tecnologia. O fecho velcro foi inventado pelo engenheiro suíço George de Mestral (1907-1990) em 1955 ao observar os carrapichos incrustados em sua calça e nos pelos de seu cão quando corriam pelo campo. Muitas vezes, descobertas importantes, embora registradas, passam despercebidas até que uma mente preparada, e impulsionada pela necessidade, redescobre-as. Assim foi com a penicilina, descoberta por Alexandre Fleming (1881-1955) em 1928 e redescoberta por Howard Florey (1898-1968) e Ernest Chain (1906-1979) em 1941, para curar ferimentos infeccionados na Segunda Guerra Mundial. A necessidade é a mãe da descoberta ou da redescoberta, no caso. Os três receberam o prêmio Nobel de Medicina em 1945.

Há muitos anos, vi na televisão uma entrevista de Maria Rita de Sousa Pontes (1914-1992) que, inquerida sobre os arranjos que fazia para solucionar os problemas financeiros e operacionais da grande obra de benemerência que desenvolvia em Salvador, ela modestamente disse avaliar criteriosamente as necessidades e entregar a solução nas mãos da

Providência. Na maioria absoluta das vezes, encontrava respostas satisfatórias. Maria Rita, ou Irmã Dulce, como todos a conhecíamos, era uma grande empreendedora. Pessoa dinâmica, inteligente, que sabia valorizar as obras que realizava e a si mesma. Pensava com foco e, para criar soluções, partilhava seu pensamento difuso com o Criador – Muita sabedoria e fé. Pasteur talvez tivesse outra opinião. Mas enfim! Cada qual com sua razão ... Minha tia Rosa gostava de aconselhar os mais jovens da família. Se o problema era trivial, já conhecido, tinha resposta pronta. Questões inéditas ficavam para o dia seguinte. Ela amanhecia com as soluções que lhe pareciam apropriadas. Isso acontece frequentemente conosco. Dormimos com um problema e despertamos com a solução. Talvez seja esse fato a origem do provérbio – O travesseiro é bom conselheiro. Ou então – Nada como um dia após o outro e uma noite no meio. Está bem assentado pela Neurociência que o cérebro precisa de um tempo para “digerir”, correlacionar as informações que lhe chegaram, sem se deter no específico, vivenciando as várias faces de uma questão. Esse é o pensamento difuso que realizamos, mesmo dormindo. Entretanto, vale lembrar que ao pensamento difuso deve anteceder, por necessidade, o pensamento focado. Recordando nossas analogias anteriores, carecemos dos primeiro e segundo pavimentos (pensamentos focados) para assentar o terceiro (pensamento difuso). Quando ensinava na universidade e os alunos me procuravam com dúvidas sobre determinado assunto, eu os ouvia e, após breve análise, indicava um problema e a teoria que eles deveriam ler para resolvê-lo. Funcionava na maioria dos casos. Muitos retornavam com o problema parcial ou completamente resolvido. Alguns outros voltaram com dois problemas. O que eu tinha sugerido e um segundo a respeito de sua vida pessoal. Golpe de esperteza! O velho truque da autovitimização para justificar indolência. Esses, ao serem reprovados no final do curso, em lance de vingança e criatividade, suprimiam o R do final do meu nome e acrescentavam um U. Tinha a consciência tranquila. Acredito que a pior ação que se pode fazer com alguém que precisa aprender a pescar é entregar-lhe o peixe já assado. O pedagogo norte-americano Louis E. Raths (1900-1978) publicou, juntamente com três colaboradores, o livro Teaching for Thinking: Theory and Application (Ensinar a Pensar, na tradução em português). Nele, explica que muitos exemplos de comportamentos indicam pensamentos ou falta deles. Na falta, constatamos: impulsividade; excessiva dependência em relação a um guia (pais, mestres, amigos etc); incapacidade de concentração; rigidez e inflexibilidade; comportamento dogmático e afirmativo; extrema falta de confiança em si mesmo; não apreender o sentido das ideias; resistência à atividade intelectual. Segundo o autor, o estímulo ao pensamento deve ser realizado através de experiências ricas, motivadoras, lúdicas, sistematizadas, que estimulem os processos de pensar, tais como mencionados anteriormente: OBSERVAR, REGISTRAR, DESCREVER, COMPARAR etc. A seguir, na próxima semana, descreveremos esses processos de forma lúdica. Profº. Teomar Soledade Júnior.


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