6 minute read

Wilson Witzel. PÁGINA

7 Witzel diz ter fato gravíssimo a revelar

Ex-governador do Rio de Janeiro adianta, em depoimento à CPI, que só poderia falar em uma sessão em segredo de Justiça

Advertisement

Oex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel disse ontem, durante depoimento na CPI da Covid, que tem um “fato gravíssimo a revelar” relacionado a possíveis intervenções do governo federal em sua administração, mas só poderia dizer em uma sessão em segredo de Justiça. A fala ocorreu quando Witzel respondia às perguntas do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI. Ao fim do questionamento, Randolfe disse que vai requerer um depoimento reservado do ex-governador.

“Só comunicando que estou requerendo o depoimen-

O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel disse ontem à CPI da Covid que sofreu impeachment e foi perseguido por mandar investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco.

“Isso tudo aconteceu porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle”, afirmou o ex-governador, citando uma live de Jair Bolsonaro (sem partido) em que ele foi criticado to em reservado do Witzel, acho que ele tem informações complementares que poderá prestar à CPI”, disse Randolfe. Witzel disse ter um “fato gravíssimo” a revelar quando Randolfe Rodrigues fez a seguinte pergunta: “O senhor disse que ocorreram intervenções indevidas do governo federal no Rio, uma delas a mudança no comando da PF (Polícia Federal). Você confirma isso e lhe pergunto: além destas mudanças, ocorreu algum outro tipo de pressão direta para que ocorresse alterações na estrutura do governo dirigido por vossa excelência?”, questionou Randolfe. Witzel respondeu

pelo presidente.

Witzel foi eleito em 2018 fazendo campanha para Bolsonaro, mas se desentendeu com o presidente após assumir.

Na campanha, o ex-governador notoriamente apoiava o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que quebrou a placa em homenagem a Marielle e hoje está em prisão domiciliar.

Witzel foi afastado do na sequência, dizendo que só poderia falar em segredo de justiça.

Na sequência, interpelado por Randolfe, Witzel confirmou que este fato envolveria intervenção no governo estadual. Mas não deu mais detalhes. O depoimento de Wilson Witzel foi interrompido minutos mais tarde, quando o ex-governador usou o habeas corpus quando foi questionado sobre um possível superfaturamento na compra de respiradores para o estado durante a pandemia do coronavírus.. No Twitter, Randolfe Rodrigues reafirmou que pedirá a presença do ex-governador novamente.

DIVULGAÇÃO

“Há um fato que eu vou manter sigilo, se houver sessão em segredo de Justiça eu vou revelar”, diz Witzel

Ex-governador diz que foi perseguido por investigar morte de Marielle

Eventual gabinete paralelo é “gravíssimo”, diz Rosa Weber “Quer usar o nome dela de escudo”, diz irmã de vereadora assassinada

governo em 2020 e perdeu definitivamente o cargo de governador ao sofrer um impeachment em abril de 2020.

Ele está proibido de ocupar cargos públicos por cinco anos. Entre as acusações, havia denúncias de corrupção envolvendo propinas pagas por Organizações Sociais (OSs) na área de saúde.

Witzel, que sempre negou as acusações, disse à CPI que nunca recebeu dinheiro das OSs. “Eu quero saber para quem foi o dinheiro”, afirmou. “Eu saí, e as OSs estão lá, operando livremente”.

“Eu tenho certeza que tem miliciano atrás disso, e eu corro risco de vida”, afirmou à CPI.

O ex-governador foi convocado à CPI justamente para falar sobre o uso de verbas federais na área de saúde do seu Estado. A comissão investiga se houve desvio de recursos destinados ao combate à pandemia.

O Supremo Tribunal Federal havia liberado o exgovernador de comparecer à comissão porque ele tinha sido convocado para falar sobre fatos sobre os quais já é investigado ou processado. Mesmo assim, Witzel afirmou que iria.

Mas, conforme a decisão do STF, o ex-governador não está obrigado a falar a verdade e pode ficar em silêncio quando achar conveniente.

Witzel disse que os governadores “clamaram” ao governo federal por ajuda na pandemia, mas não houve cooperação.

“O nível de cooperação foi praticamente zero. O que tivemos foi uma descooperação”, disse.

REPRODUÇÃO

Anielle Franco lembrou episódio em que o ex-governador quebrou placa que homenageava sua irmã

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber manteve ontem a decisão da CPI da Covid de pedir a quebra de sigilos telefônico e telemático (mensagens e e-mails) do empresário Carlos Wizard.

Wizard é apontado como um dos integrantes do suposto “gabinete paralelo” que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro na estratégia de enfrentamento à pandemia. Na decisão, Rosa Weber afirma que a possível existência desse ministério paralelo é “fato gravíssimo”.

“A eventual existência de um Ministério da Saúde Paralelo, desvinculado da estrutura formal da Administração Pública, constitui fato gravíssimo que dificulta o exercício do controle dos atos do Poder Público, a identificação de quem os praticou e a respectiva responsabilização e, como visto, pode ter impactado diretamente no modo de enfrentamento da pandemia”, escreveu a ministra.

Para Rosa Weber, o afastamento dos sigilos dos dados se justifica no caso. Nesta quarta, a ministra também manteve as quebras dos sigilos de Filipe Martins e da associação Médicos Pela Vida Covid-19.

“Assim, a investigação de seus integrantes e a ligação que mantinham com o Poder Público possibilitará, em abstrato, campo lícito para o desenvolvimento das atividades de investigação, sem que se possa falar, à primeira vista, em desbordamento de seus limites”, diz.

A ministra afirmou que os indícios reunidos contra Wizard mostram que o empresário pode ter atuado diretamente para utilização de medicamentos sabidamente ineficazes. A quebra dos sigilos como medida excepcional, diz a magistrada, pode ajudar a esclarecer os fatos.

“Não há, por óbvio, como saber, de antemão, se e quais indícios demonstrarão, ao fim das investigações, conexões efetivamente importantes e, por isso, todos devem ser objeto de análise”, disse.

Rosa Weber afirma que a quebra é mais um elemento que vai permitir que a CPI “descortine todos os espectros possíveis da investigação, para que não sejam indevidamente limitados os poderes a ela conferidos [...] Constituição”.

Anielle Franco, irmã da vereadora Marielle Franco — assassinada pela milícia do Rio de Janeiro em 2018 — se manifestou sobre as menções feitas pelo ex-governador Wilson Witzel a Marielle em sessão da CPI nesta quarta-feira (16). Em um dos momentos da oitiva, ele disse que foi ‘perseguido’ por investigar a morte da vereadora.

Nas redes sociais, Anielle lembrou que Witzel se elegeu quando era parte de um grupo político contrário ao avanço das investigações. Em um dos momentos da campanha, Witzel e os deputados Daniel Silveira e Rodrigo Amorim quebraram uma placa que homenageava Marielle.

“Na hora de apoiar a quebra da placa não colocou a culpa na minha irmã… Subiu, fez charminho, riu, e achou lindo! Agora quer usar o nome dela de escudo? Assuma seus atos @wilsonwitzel Eu heim! Nos poupe de passar ainda mais raiva nesse país!”, disse Anielle.

“Mas ele como governador era o mínimo a ser feito e mesmo assim, depois de 1190 dias, ainda não sabemos o mandante do crime. Quem mandou matar Marielle e por que?”, completou.

Acusações

Adotando postura de franco-atirador, o ex-governador do Rio Wilson Witzel (PSC) levou à CPI da Covid uma série de acusações contra Jair Bolsonaro. O arsenal do ex-juiz federal —inimigo jurado dos Bolsonaro— contou com insinuações sobre as investigações da morte da vereadora Marielle Franco, suposto envolvimento de milícias com aliados do presidente e o escândalo da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

This article is from: