2 minute read

Cassandra is screaming artwork by Aifric Doherty

If the blue is all a dream what becomes of innocence? what will become of hearts if Love has lost its arrows?

And if death is only death what will become of poets And all the sleeping things that are already forgotten? Oh sun of all our hopes! Clear water! Bright new moon! The love in children’s hearts and rough souls of broken stones! Today I feel upon my heartstrings A vague trembling of stars and the roses all are white so white just like my sickness.

Advertisement

PORTUGUESE Parábola do cágado velho

Pepetela

In warring Angola, traditional and modern values are at odds with one another. And while the aged Ulume tries to stop the

Ulume, o homem, olha o seu mundo.

Por vezes a terra lhe parece estranha. Fica num planalto sem fim, embora se saiba que tudo acaba no mar. Chanas e cursos de água por toda a parte. Junto dos rios tem florestas, nalguns pontos apenas muxitos, aquelas matitas em baixas húmidas. As elevações são pequenas, excepto a Munda que corta a terra no sentido norte-sul. Nunca se vê o cume da Munda, sempre encoberto por espessos nevoeiros. O seu kimbo fica colado ao pé da Munda, outra forma de dizer montanha, na base de um morro encimado por grandes rochedos cinzentos, por vezes azuis. De cima do morro sai um regato que acaba por se acoitar, muito à frente, num rio largo, o Kuanza de todas forças e maravilhas, quase fora do seu mundo. Desse regato tiram a água para as nakas, onde verdejam os legumes e o milho de bandeiras brancas. Nele também bebe o gado. Mesmo no tempo das piores secas a água do regato nunca falhou. No alto do morro ainda, existe a gruta de onde todos os dias sai um enorme cágado para ir beber a água da fonte. Palmeiras de folhas irrequietas rodeiam o kimbo, casando com mangueiras e bananeiras, pintando de verde-escuro os amarelos e verdes esbatidos do capim e do milho.

Neste quadro familiar, algo faz a terra se afigurar de repente estranha. É um momento especial a meio da tarde em que tudo parece parar. O vento não agita as palmas, as aves suspendem seus cantos, o sol brilha num azul profundo sem fulgurações. Até o restolhar dos insectos deixa de ser ouvido. Como se a vida ficasse em suspenso, só, na luminosidade dum céu enxuto.

This article is from: