Revista Blue Moon

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Edição 01 | Ano I • R$ 21,00




EDITORIAL

E

m sua primeira edição, a Blue Moon, pretende trazer artistas independentes de grande talento para dar suas opiniões sobre a arte em seu âmbito geral e a sua importância na sociedade, seja na área educacional, política, de entretenimento e formação de caráter.

tamos também uma seleção especial de alguns artistas e bibliografias para quem quer entender um pouco mais da vida, porque afinal, o que seria do nosso dia a dia sem a arte?

Nesta edição encontramos matérias que refletem a personalidade de nossos artistas e apresentam discussões essenciais nos dias de hoje como a ausência de mais mulheres atuando nas mais diversas áreas artísticas.

Esse exemplar conta ainda com um complemento, a “Nanobiografias” que tem como objetivo apresentar um pouco mais de cada artista bem como divulgar suas plataformas de trabalho sejam elas o Instagram, Behance, Tumblr, Ao final da revista você pode encontrar dicas de página do Facebook ou até mesmo aquelas que você nem peças, exposições, workshops, feiras e outras diversas for- sabia que eram utilizada como portfólio. mas de se encontrar cara a cara com as artes, apresenEXPEDIENTE

tsan schneider Construção da identidade visual da revista, produção do conteúdo e driagramação. Estudante do segundo semestre de Comunicação Visual na ETEC Carlos de Campos, Brás - SP. Tsan, 24 anos, mora em Mogi das Cruzes e é formada em publicidade e propaganda. Pretende trabalhar na área editorial após ter se apaixonado pela área enquanto ainda estava no primeiro semestre de seu curso técnico. Trabalha como freelancer na diagramação de algumas revistas e projetos de TCC de universidades de São Paulo.

Estudante do segundo semestre de Comunicação Visual na ETEC Carlos de Campos, Brás - SP. Crislaine, 18 anos, mora no Jaraguá. Pretende trabalhar com design no geral já que ainda não se apaixonou por uma área específica e gosta de todas, já trabalhou com freelancer em mídias digitais, pretende conhecer todas as áreas do design além da teoria.

Seleção, conceituação e adaptação dos anúncios publicitários aplicados à essa edição.

cris nog oli


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a arte visual

A visão da designer gráfico Amanda Santos sobre a importância da presença feminina as artes visuais.

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SUMÁRIO

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teatro

a arte na militância

fotografia

homenagem ao artista

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#fikdik

ilustração

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Um breve relato do projeto de Leonardo Sasaki “Ouça-me”, sobre a comunidade LGBT.

Um pouco sobre a trajetória e experiência profissionais de Michel Ramalho, ilustrador e concept artist.

O estilo e concepção da designer Patrícia Martinez em relação a suas mais novas ilustrações.

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Um pouco do movimento Art Nouveau, suas características e artistas mais remonados.

A opinião e experiência do professor de artes cênicas Helder Martinez sobre a importância do teatro na vida de crianças e jovens adultos.

Uma série fotográfica que traz a leveza e profundidade das fotos de Guto Bernardo.

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a arte e a cidade

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Uma série de dicas dos eventos do mundo do design e das artes para você curtir aos finais de semana.

música

O lado sensível e real da música do ponto de vista do cantor e, às vezes, compositor Vica Guimarães.


A ausência das artistas mulheres na história da arte

Amanda Santos

Uma análise sobre a atuação das Guerrillas Girls e a importância da presença feminina na arte.

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m 1985, surgia nos EUA um grupo de artistas feministas denominado: Guerrilla Girls, escondidas atrás de máscaras de gorilas para preservar o anonimato e o bom humor as jovens questionavam a falta de representatividade das mulheres em museus e todo o papel que é desempenhado pela figura feminina no meio da arte. Trinta anos depois, o cenário parece não ter mudado, o grupo que continua em ativa

comparado a um artista homem. Por muito tempo as mulheres foram proibidas de estudar em escolas de artes, ficando restritas aos ensinamentos que eram passados pelos pais ou por eles financiados no ateliê de algum artista. É somente no século XIX que se tem registro das primeiras mulheres aceitas em escolas de Belas Artes, porém a conquista não foi plena. A barreira moral

Fonte: The Guerrilla Girls

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atualizou a obra “How Many Women Artists Had One-Person Exhibitions In NYC Art Museums Last Year?”, para mostrar que a luta pela igualdade de gêneros está longe de acabar. A ausência feminina no mundo das artes é herança de um passado onde lhes foram restrita qualquer oportunidade de estudar e desempenhar arte de maneira plena como era permitido á um cidadão do sexo masculino, branco e ocidental. Houve um tempo em que as mulheres eram encorajadas a pintar durante a Renascença, o talento para artes era considerado uma virtude e as tornavam desejáveis, porém nada do que produzissem era levado a sério e se quer a arte visual

das instituições da época não permitia o acesso das mulheres às aulas de modelo vivo, privando-as da construção de obras do gênero artístico mais valorizado na época, como as de temas civis e históricos. O que restavam eram as paisagens e naturezas mortas pouco valorizadas, dificultando desde já a entrada das mulheres nos grandes salões. É impossível não perceber, analisando a historia da arte com desvelo que a condição social (raça, gênero e financeira) pode ser determinante para o sucesso de um artista, já que as instituições que organizam a sociedade são, desde as primeiras civilizações, excludentes. Como destaca a historiadora Linda Nochlin, em seu famoso artigo publi-


cado nos anos 80, “Why have there been no great women artists?”: “A culpa não está em nos astros, nossos hormônios, ciclos menstruais ou espaços em nosso vazio interior, mas sim em nossas instituições e em nossa educação, entendida como tudo o que acontece no momento que entramos nesse mundo cheio de significados, símbolos, signos e sinais. Na verdade, o milagre é, dada as esmagadoras chances contra as mulheres ou negros, que muitos destes ainda tenham conseguido alcançar absoluta excelência em territórios de prerrogativa masculina e branca como ciência, a política e as artes.” (NOCHLIN, 2016: p.07)

A verdade é que hoje, na era da informação, é de fato mais fácil encontrar os vestígios de artistas como Judith, mas só o fazem aqueles que por algum motivo especial decidem por fazê-lo. O que nos faz chegar a conclusão de que se este tipo de informação está mais acessível porque nossos historiadores não se encarregam da nobre missão de inclui-las na história da arte? A história da arte como disciplina em nossas universidades vem sendo ensinada da mesma maneira á décadas, comumente baseada nos escritos de Ernst Gombrich, por exemplo, que prestigia somente os cânones, não existe espaço para reflexão da mulher na história dentro deste contexto. Pouco se discutem, por exemplo, sobre arte feminista, observado por muitos como um dos últimos movimentos artísticos relevantes. É preciso repensar e reescrever uma nova história da arte focada nas questões do gênero para dar início á um real processo de igualdade dos gêneros no mundo das artes. Pois quando o passado é escrito no presente existe a possibilidade de mudá-lo.

A partir desse panôrama fica claro entender porque não houve grandes artistas mulheres. Ou pelo menos nenhuma que carregue o rótulo de cânone, ou gênio da pintura como acontece com Michelangelo, Picasso, Monet, Rembrandt, Da Vinci, Warhol e outros. Ainda em seu artigo, Nochlin discursa sobre o valor que os historiadores atribuem a “genialidade” de tais artistas como se fossem detentores de um poder atemporal e misterioso, deixando de lado todo contexto histórico e as circunstancias ais quais esses artistas eram sujeitos. E exemplifica bem este conceito nos lembrando como os historiadores enaltecem o fato de Picasso tão jovem ter sido aceito pela Academia de Artes de Barcelona, sem dar importância ao fato de Picasso ter um professor de artes como pai. Cabe aqui nos perguntar, “E se Picasso tivesse nascido menina? Teria o senhor Ruiz prestado tamanha atenção ou estimulado a mesma ambição de sucesso na pequena Pablita?” (NOCHLIN, 2016: p.15). A essa altura percebemos que inúmeros são os motivos os quais impediram a notoriedade da mulher no mundo das artes, sem mais se alongar nesses motivos constata-se que apesar das tantas adversidades, existiram mulheres que conseguiram produzir grandes trabalhos artísticos no passado, mas são deixadas de lado até hoje quando estudamos arte. Um bom exemplo é a artista holandesa Judith Leyster, contemporânea do famoso pintor Franz Hals, cujos estilos são bem semelhantes. Produziu obras magnificas que foram negligenciadas por ter serem criadas por uma mulher. Judith, assim como inúmeras artistas, foi esquecida e ofuscada durante a história, sendo lembrada recentemente por ter sete de suas obras atribuídas erroneamente ao artista já citado, Franz Hals. Incluindo “O casal feliz”, que se encontrava exposta no Museu do Louvre.

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“O casal feliz” – Judith Leyster Fonte: Wikimedia


podem influenciar os jovens A opinião sincera de Helder Martinêz, ator e professor de artes cênicas em Itaquaquecetuba.

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elder trabalha como professor de artes cênicas no centro comunitário Madre Annunciata Cocchetti em Itaquaquecetuba e da aulas para alunos de 6 a 22 anos.

O professor considera a arte de atuar uma importante ferramenta de educação e desenvolvimento para o ser humano porque o teatro, não só para crianças mas também para os jovens adultos, ajuda a criar laços e em ter uma boa convivência com o próximo através do trabalho em equipe, transformando o grupo de teatro em uma família. Helder diz perceber principalmente nos dias de apresentação assim como nos dias de ensaio que um aluno se preocupa muito com o outro e acaba se preocupando com as coisas do outro desde o figurino até os objetos pessoais, ele consegue ver que há um certo cuidado com o próximo coisa que não encontramos, por exemplo, no dia a dia dos jovens. O professor acredita mesmo que o teatro causa esse tipo de sentimento e união nas pessoas. Outra coisa que o ator percebe muito no teatro e que agrega muito na vida de seus jovens alunos é uma maior capacidade de expressão de seus sentimentos, seus alunos acabam se expressando melhor, pois até então, antes de entrar no teatro, Helder sente que nenhuma pessoa do convívio do jovem se importa profundamente com tudo que acontece no dia a dia, às vezes, as crianças passam por situações, boas e ruins, na escola ou em casa e sente vontade de contar para os pais ou responsáveis ou para alguns amigos que acabam não dando devida importância para o caso, por muitas vezes considerar aquele assunto uma futilidade. Por esse motivo, Helder costuma separar um momento antes do início das aulas de teatro para perguntar a cada um de seus alunos como foi sua semana e se

teatro

Helder Martinez

Como as artes cênicas

entrevista por Tsan Schneider há algo que eles queiram compartilhar com o professor e colegas, fazendo das aulas um lugar de apoio onde o jovem se sente confortável para falar daquilo que ele considera importante em sua vida. Com essa atitude Helder ensina não só os alunos a compartilharem mais sobre seus sentimentos como a ter mais empatia com o próximo. E com atitudes como essa o professor sente que seus alunos começam a ter voz não só diante da plateia mas em relação a suas próprias vidas e aprendem, assim, que eles tem direito de emitir suas opiniões sobre diversos assuntos. Além disso os jovens atores passam por um processo de amadurecimento político, em um âmbito geral, sendo capazes de agir e reagir melhor em diversos assuntos que, ainda hoje, são considerados tabu pela sociedade seja este a política pública, sexualidade, religião e tudo mais. O aluno se torna uma pessoa mais aberta as diferenças e desenvolve um olhar mais crítico sobre as coisas, sendo capaz de se colocar no lugar do outro e evitando criticar uma realidade que não vive ou, ainda, não é capaz de entender. Helder busca fazer um trabalho que não envolva somente a formação de jovens atores, de profissionais atuantes das artes cênicas mas levar esses jovens por caminhos onde eles aprendam valores positivos que serão importantes para toda a vida dos alunos. O que o leva a acreditar que, sim, as crianças e os jovens atores possuem uma facilidade maior em observar e compreender não somente o âmbito político como o de qualquer outra área importante para nossa sociedade.


O teatro diante da sociedade, para o Helder, é algo difícil de se caracterizar, pois, para o ator ao mesmo tempo que o teatro tem seu lado positivo através do valores que prega o teatro também é visto, em diversas ocasiões, como uma forma de arte de difícil de ser alcançada. Helder trabalha, afinal, em uma comunidade em uma zona carente da cidade e diz que a maior parte dos familiares de seus alunos tem uma ideia pré-estabelecida de que teatro é uma arte cara, que assistir a uma peça de teatro é um programa caro, um programa considerado para a elite da nossa sociedade. Ele diz que obviamente existem muitas pessoas, atores e diretores, companhias inteiras que lutam pelo contrário que trabalham como voluntários levando a arte para todos os cantos que podem e conseguem mas as pessoas ainda tem essa visão de que o teatro é algo de difícil acesso apesar dele, de uns tempo pra cá, estar mudando muito.

Contudo, Helder acredita que a sociedade se tornaria, sem dúvidas, muito melhor se mais pessoas frequentassem peças e aulas de teatro porque não só o teatro mas todas as artes ajudam as pessoas a se tornarem versões melhores de si mesmas, afinal, uma sociedade que valoriza sua cultura é uma sociedade rica de valores, uma sociedade evoluída. Se as pessoas tivessem mais acesso teriam uma vida muito melhor e uma maior compreensão sobre a vida e a vivência em sociedade. O ator acredita ainda que não seríamos tão enganados como somos atualmente pelo governo, por exemplo, nem mesmo pela religião ou por àqueles que estão a frente das religiões. A arte, em todas as suas formas, é uma ferramenta muito poderosa para que possamos nos tornar racionais e mais evoluídos como seres humanos.

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ARQUITETURA

O art nouveau na arquitetura buscou evitar os estilos ecléticos revivalistas do séc. e apesar dos designers art nouveau terem selecionado e modernizado alguns dos mais abstratos elementos do estilo rococó, como as texturas da chama e da concha, também defenderam o uso de formas orgânicas muito estilizadas como fonte de inspiração, expandindo o repertório “natural” de se usar alga, grama e insetos. A arquitetura Art Nouveau usou de muitas das inovações tecnológicas do fim do séc. XIX, como o uso de ferro exposto e grandes pedaços irregulares de vidro para a arquitetura.

Para saber mais, pesquise: Principais nomes da arquitetura do Art Nouveau: • Victor Horta: 1861 - 1947 • Hector Grimard: 1867 - 1942 • Antoni Gaudí: 1852 - 1926

a arte e a cidade

Art Nouveau

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Art Nouveau é um movimento artístico, com grande foco em artes decorativas, iniciado por volta de 1892 na Europa Ocidental. Mas, ao contrário dos demais movimentos artísticos, não começou de forma tão espontânea quanto se pensa, surgindo da necessidade inerente daquele tempo, quando o nacionalismo despertava cada vez mais nos países europeus que buscavam afirmar sua literatura e arte como um todo de modo independente, buscando refletir e acompanhar as inovações da sociedade industrial.

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Para ver de perto...

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você, caro leitor, pode conhecer um pouco da arquitetura da Art Nouveau de perto ao visitar o Jardim Botânico da cidade de São Paulo que além da bela arquitetura possuí um grande espaço para você aproveitar junto da família e amigos ou até mesmo sozinho.

O endereço do Jardim Botânico de São Paulo é Av. Miguel Estefano, 3031 - Vila Água Funda, São Paulo - SP. Aberto de terça à domingo das 9 horas até 17 horas. O telefone para contato é (11) 5067-6000. Para mais informações acesso o site: http://jardimbotanico.sp.gov.br/

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a arte e a cidade

Fotos por Monique Ribeiro do blog “Me joguei no Mundo”


Guto Bernardo

ExpressĂŁo e fotografia

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fotografia


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om, eu acho que a fotografia pra mim é uma das formas mais naturais de eu me expressar artisticamente, ao mesmo tempo que envolve muito estudo e prática, é gratificante e motivador poder salvar momentos e passar novas mensagens com objetos da realidade. Eu não lembro quando a fotografia passou a ser a maior parte da minha vida, mas consigo lembrar de cada momento que registrei por ter ficado muito feliz de poder compartilhar o que vi com outras pessoas. Falando especialmente de retratos, é um exercício de empatia a todo tempo, pois é preciso conceber uma composição em conjunto com a expressividade do modelo. Encontrar o equilíbrio entre o conforto e a confiança mútuos faz com que seja possível registrar imagens que falam, contam histórias e expressam sentimentos.



Michel Ramalho: ilustrador e concept artist

Michel Ramalho

Os pensamentos e experiências de Michel Ramalho, ilustrador paranaense. entrevista por Tsan Schneider

M

ichel Ramalho, 25 anos, nasceu em Foz do Iguaçu no Paraná e atualmente mora em Jundiaí - SP.

Inicialmente começou sua carreira na área de ilustração editorial, onde trabalhava com diversos segmentos como revistas e jornais. Michel considera este ramo como o principal influenciador de diversas áreas como a literatura, o didático e a própria publicidade, afinal, a ilustração é por si só uma grande ferramenta de comunicação assim como qualquer outro projeto gráfico.

As ilustrações, para ele, servem para traduzir os significados

16 dos textos colocados junto à elas e dão ao leitor uma maior facilidade

no entendimento do que lhe é apresentado, enriquecendo o material e levando as informações de maneira mais completa. Existem ainda, segundo Michel, dois tipo de ilustrações: as descritivas e as interpretativas.

O trabalho do ilustrador é realizado dessa segunda maneira, Michel não costuma trabalhar com ilustrações realistas mas sim com o estilo cartoon, traduzindo conceito de forma lúdica para que o entendimento do público seja mais claro, fácil e rápido. Foi no início de 2014 então que Michel, que anteriormente trabalhava com design, publicidade e diagramação de jornal, onde começou a criar tirinhas e se interessar cada vez mais pelo desenho, resolveu largar tudo e focar em sua carreira de ilustrador.

ILUSTRAÇÕES DESCRITIVAS • São aquelas que apresentam exatamente o conteúdo do texto, mostram descritivamente a o que é mencionado no texto • É realizada de forma quase narrativa.

ILUSTRAÇÕES INTERPRETATIVAS • Infográficos • Apresentadas em sua maiorina na literatura, fazendo com que o leitor entenda o conceito mas mantendo a porta da imaginação aberta. • Exige uma maior participação da imaginação do leitor •Leva informação de forma lúdica, onde texto e imagem se complementam para passar a mensagem desejada ao leitor.

homenagem ao artista

É possível a partir dessas informações perceber como tudo isso influencia no entendimento do público porque, por exemplo, publicações de revistas por vezes possuem uma matéria com uma gama de informações amplas e diversificadas e quando se apresenta ao lado dessas informações uma ilustração o texto acaba se tornando secundário para algumas pessoas que se atraem pelo material justamente pela ilustração e a partir dela buscam e possuem maior facilidade para entender o conteúdo. Podemos notar ainda que a ilustração acaba sendo um grande um influenciador na decisão de ler, comprar e consumir determinado produto. E isso acontece com todos os meios, seja revista, livro, publicidade, jornais e a própria animação.

Estudou na Quanta* e começou a trabalhar com o mercado didático. E daí para a frente passou para criação de ilustrações para publicidade e revistas como a Recreio da editora abril e Picolé da editora Coquetel, fazendo então todo tipo de trabalho em ilustração fosse para literatura ou infográficos, chegando também aos quadrinhos. Com algumas publicações já presentes no mercado como o “I Wanna Be Dino”, um projeto pessoal do ilustrador. Trata-se de um quadrinho ilustrado e colorido por Michel no qual ele conta sobre a história de um rapaz que queria se tornar um dinossauro, a história é contada exclusivamente através de imagens sem a presença de textos o *Quanta Academia de Artes é uma escola de São Paulo que oferece diversos cursos artísticos desde o básico do desenho passando pela ilustração, arte digital e pintura. Para saber mais acesse: http://quantaacademia.com/cursos/


que faz do trabalho ainda mais desafiador e interessante, uma vez que o entendimento se torna mais lúdico e pessoal para cada um dos leitores.

zê-lo tão feliz. O maravilhoso é MARAVILHOSO, mas Légume quer algo que seja verdadeiramente real e assim começa sua jornada.”

Logo após o lançamento desse quadrinho o ilustrador começou a se interessar por animações e começou a estudar sobre o assunto, iniciando sua carreira como cenarista. Chegou a trabalhar para a Birdo em uma série animada chamada CupCake Dino que será lançada no próximo ano (2018) pela Netflix, trabalhou ainda em algumas outras séries que estão em produção e não podem ser divulgadas. Trabalhou também para o Ministério do Turismo na divulgação das Olímpiadas de 2016.

Sobre a carreia de ilustrador Michel alerta que, assim como todas as profissões, existem também momentos em que se faz mais do mesmo mas que, nos últimos tempos, ele se considera sortudo por ter a chance de trabalhar em projetos diferentes onde são exigidas coisas diferentes onde ele se vê “obrigado” a aprender e testar algo novo a cada projeto para obter o melhor resultado possível para o projeto. Buscando sempre agregar algum valor positivo nos trabalhos que realiza, ponderando se deve ou não aceitá-los com base em fatores como: os desafios pessoais e as mensagens que o material passará para a sociedade e como isso poderá impactá-la e fazer uma diferença positva no mundo em que vivemos.

Michel também já deu palestras e workshops em faculdade e em eventos como a Pixel Show, ensinando sobre ilustração infantil. Nesses quatro anos de carreira como ilustrador e concept artist ele já trabalhou com diversos conteúdos e considera todos muito divertidos e uma experiência fantástica tanto pelo trabalho realizado e pelo crescimento pessoal e profissional quanto pelas equipes com as quais tem trabalhado. O artista trabalha com todo tipo de material digital e tradicional e menciona que gosta muito de fazer experimentações com os materiais, pois existem trabalhos que exigem até mesmo um mix de técnicas, o que ele considera uma experiência enriquecedora que apresenta sempre resultados diferentes e originais. Desde o começo de sua carreira nas áreas de ilustração e concept art ele diz buscar essa experimentação, procurando alcançar novos conhecimentos que o levem a resultados cada vez melhores. Ainda em trabalho de produção um curta-metragem, a ser divulgado somente a partir do ano que vem, tem tido a participação de Michel que trabalha na parte de cenário e tem utilizado um mix de técnicas experimental de colagens, texturais reais e traços soltos para criar uma animação de qualidade. Esse ano, além da HQ “Até o Fim” lançado em parceria com Eric Peléias (roteiro) e Gustavo Borges (desenho) com a sua participação na parte de colorização, na Comic Con XP 2017 Michel vai lançar seu mais recente trabalho o “Légume”, uma HQ que criou após um retiro de meditação, dividida em três volumes. No primeiro volume, que será lançado no evento após a produção ter sido realizada com auxílio de uma campanha flex** no Cartase, intitulada de “Légume e o tempo”, o tema central é o próprio tempo e como lidamos com ele. Segundo a palavras do próprio autor da HQ: “O Légume é um pequeno mensageiro que vive num mundo onde tudo parece possível. Em suas viagens para entregar cartas ele costuma ver todo tipo de lugar, seres, coisas curiosas e fantásticas que são tão maravilhosas que nem parecem ser de verdade. Essa rotina é incrível, mas ainda assim não parece fa-

CONTEXTUALIZANDO: Catarse: O Catarse é uma plataforma de financiamento coletivo para projetos criativos, que vão dos mais simples até os mais elaborados. Podendo ser a confecção de CDs, livros, HQs, viagens para jovens atletas para competições e até mesmo ajuda de custo no tratamento de doenças. No site é possível descrever seu projeto, fazer upload de vídeo explicativos e determinar uma meta. As pessoas que se interessarem em ajudar seu projeto poderão ajudar com pequenas e grandes quantias em dinheiros, mais do que dinheiro as pessoas podem ajudar com a divulgação dos projetos para que mais pessoas conheçam sua causa e, com isso, suas chances de atingi-la aumentem, ao final da campanha os usuários que te ajudaram ganham prêmios especiais escolhidos por você. **Uma campanha flex do Catarse significa que apesar de não atingir determinada meta, o dinheiro arrecadado ainda poderá ser utilizado para a produção do seu projeto e que, aqueles que ajudaram, conseguirão também suas recompensas. <https://crowdfunding.catarse.me/> Birdo: Um estúdio de animação multi-premiado com base em São Paulo e trabalhando globalmente desde 2005. <http://www.birdo. com.br/about> Netflix: A Netflix é um provedor global de filmes e séries de televisão via streaming com atualmente com mais de 100 milhões de assinantes. Fundada em 1997 nos Estados Unidos. <https://www.netflix.com/br/> Pixel Show: Pixel Show é a maior conferência de criatividade (arte, design gráfico, ilustração, street art, propaganda, web, música, cinema, comics) da América Latina. <http://pixelshow.com.br/> Comic Con: Comic Con Experience é um evento brasileiro de cultura pop nos moldes da San Diego Comic-Con cobrindo as principais áreas dessa indústria como: jogos, quadrinhos, filmes e TV. <https://www. ccxp.com.br/>

homenagem ao artista

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Concept de cenário

Concept de cenário 18

Conheça algumas ilustrações do artista

Ilustrações da HQ “Légume”, primeiro volume - “Légume e o Tempo”


Ilustrações para a revista Recreio, da Editora Abril

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Ilustrações da HQ “I Wanna Be Dino”


Ouça-me

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eonardo Sasaki é o criador do projeto “Ouça-me”, que nasceu da sua inquietude sobre como se manifestar em relação aos problemas pelos quais a comunidade LGBT tem passado no Brasil, encontrando no Lambe Lambe uma plataforma acessível de levar essa manifestação às ruas. Hoje Léo tenta levar através do projeto denúncias e informações sobre a comunidade LGBT pras ruas, de uma forma clara e direta, utilizando frases e ilustrações. O artista espera poder expandir a cada dia mais esse projeto e continuar o levando paras as ruas e experimentar novas técnicas, man-

a arte na militância


Ilustras da Patchê

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P

atrícia sempre soube que sua vida profissional seria relacionada à arte, afinal, nunca se deu muito bem com outras áreas. A ilustração sempre foi algo do qual ela gostou muito e desde pequena dedicava-se a desenhar mas ela conta que nunca se empenhou em fazer cursos porque acreditava que a arte deveria ser um dom, algo que já nasce com a pessoa e quaisquer intervenções como um curso era considerada uma trapaça ou algo do tipo, passado o período nas quais ela se encontrou algumas situações não muito fáceis Patrícia mudou seu pensamento e está estudando para se tornar uma artista cada vez melhor. Sua praia sempre foi mais a ilustração de rostos e estéticas humanóides utilizando atualmente em seus trabalhos bastante pontilhismo e um estilo mais fluid art e o fine line. Durante o processo de criação ela costuma apenas colocar suas ideias em prática sem se preocupar a priori com o resultado final que será obtido, pensando naquilo que ela sente na hora da criação. Trabalhando atualmente com o fine line na produção de grafittis ela conta que costuma chegar aos ambientes onde seus trampos vão ser executados e a partir disso ela desenvolve a arte. Patrícia acredita no valor da arte guardada para si mas considera incrível a experiência de mostrar sua arte por aí e estar aberta para as interpretações alheias, observando como as pessoas a leem.

ilustração


Ser músico é...

C

omo toda forma de arte, a música em si torna-se parâmetro de reflexão para o indivíduo que a contempla, tomando forma de espelho no qual nós nos enxergamos e visualizamos nossos sentimentos e nos permitimos vivenciar situações de forma mais palpável em nossas imaginações. A música, por meio de suas funções harmônicas, literalmente dá o tom de uma situação cotidiana, seja ela alegre, triste, serena ou agitada. Quem nunca se pegou vivendo uma cena de filme em sua cabeça quando no fone de ouvido começa a trilha sonora das nossas vidas? Por conta dessas características únicas da música, ser um músico profissional envolve, de várias maneiras, entrar em contato com o lado íntimo do ser humano e da natureza, tanto de quem a executa quanto a de quem ouve. Pra mim, a música possui uma função espiritual que é inata a todos os seres vivos, que é a expressão e a harmonia com a natureza, com o coletivo. Tendo me apresentado pra diferentes públicos como cantor, tanto em parcerias em música popular e músicas autorais quanto participando em corais, notar as reações do público à sua voz, suas composições ou interpretações, levar adiante uma mensagem visual e sonora com sua performance é algo impagável. É única e palpável a energia que flui na atmosfera entre a plateia e o palco, e é justamente essa energia que possui a capacidade de nos purificar, pacificar a mente e seguir adiante. Música é inspiração e partilha.

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Trabalhar com música, apesar de suas dificuldades práticas no dia a dia, como encontrar tempo para ensaios, treinos, estudos, planejar performances e repertório, buscar formas de divulgar seu trabalho e lugares para se apresentar, pensar na logística de se montar a apresentação em si, na verdade, nada tem de ingrato muito por conta dessa qualidade de purificação e pacificação. Todo esse esforço é muito bem recompensado pela adrenalina de subir no palco e se sentir ouvido, tocar o público e ser acolhido de volta por eles. Nada é em vão nessa vida, e a música deixa isso muito claro. Compartilhar isso com os espectadores e os profissionais que nos cercam, é enxergar o quanto o esforço coletivo compensa, e, se a música nos cura, é ela também que pode nos ajudar a curar a sociedade e encontrar novas formas de se viver harmoniosamente em grupo e com a natureza que nos cerca.

música

Vica Guimarães


Para seguir no instragram Uma seleção de artistas, coletivos, designers e ilustradores para seguir no instagram e encher o feed de inspirações: @girlsartistgang

@dessamore

@yashassegawa

@/curamoon_studio @lulooca

@marimoonart

@simonscatofficial

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@naosouemily

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@dinasaurus.art

Vamo dar um role? O que? Quando?

Onde?

Feira Folheteria de Arte Impressa Dias 2 e 3 de dezembro

Centro Cultural São Paulo - CCSP Endereço: Rua Vergueiro, 1000, São Paulo. Horário de funcionamento: Terça a sábado, das 13h às 21h30 Domingos e feriados, das 13h às 20h30 Fechado às segundas Site: http://www.centrocultural.sp.gov.br/

O que? Quando?

Onde?

1º Festival A3 Dias 1 e 2 de dezembro

Associação Cultural Cecília Rua Vitorino Carmilo, 449 - Santa Cecília, São Paulo Horário do evento: sexta-feira, 1 de dezembro, das 18h até as 23h. Sábado, 2 de dezembro, das 10h às 23h. Páginas do facebook: https://www.

Quanto?

Entrada Franca

Quanto?

Entrada Franca

facebook.com/associacaocecilia/

O que? Quando?

Lambes na Laje #7

Onde? Red Bull Station Praça da Bandeira, 137, São Paulo Horário de funcionamento: terça a sexta: 11h às 20hsábado: 11h às 19h Fechado às segundas e domingos Site: http://www.redbullstation.com.br/

Quanto?

Entrada Franca #fikdik



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