É comum observarmos fotografias antigas, reveladas na época em que foram feitas, e
muitas delas nos proporcionarem, a nosso ver, algum tipo de afeto. Mas, o que significa ver uma
fotografia antiga sabendo que ela foi revelada somente agora, muito tempo depois de ter sido feita? Por meio da análise das obras de Vivian Maier, uma figura emblemática que surgiu, recentemente, no campo da fotografia, este artigo investiga as relações da fotografia com o tempo, o conceito de aura de Walter Benjamin e a forma com que as fotografias da babá americana sobreviveram como imagem. Elas encontraram, em sua reserva de futuro, uma reciprocidade do olhar. Sua obra se mostra hoje um universo vivo, pronto para ser habitado e correspondido. Como se pudesse guardar o tempo e a vida dentro de sua câmera, talvez Vivian Maier, em sua compulsão por captar o agora, mesmo que em segredo, diga mais sobre nós mesmos do que podemos imaginar.