Noites No Mar

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Noites No Mar The Greek Boss's Bride

Chantelle Shaw

Poderia ela ocupar o posto de noiva do chefe? Kezia Trevellyn estava completamente apaixonada por seu belo chefe, o empresário grego Nikos Niarchou. Mas jamais poderia haver algo entre eles porque, para Nikos, Kezia não era mais do que uma eficiente e agradável secretária. Em um cruzeiro de luxo que teve que acompanhá-lo, os sonhos de Kezia se tornaram realidade. Durante aquelas noites apaixonadas no Mediterrâneo, Kezia quase chegou a esquecer o único motivo pela qual a relação jamais poderia durar… foi quando Nikos a pediu que se casasse com ele.

Disponibilização: Nutri Tradução: Gisa Revisão: Eli Revisão Final/Formatação: Evelin Melo PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES


Série Magnatas Gregos (Greek Tycoons) Autor

Título

E b o o ks

Data

Constantine's Revenge

(01) - Sabrina EEF 038 - Planos De Sedução

Jan-2000

Jacqueline Baird

Husband On Trust

(02) - ?????

Feb-2000

Lynne Graham

Expectant Bride

(03) - Julia 1084 - Noiva Misteriosa

Mar-2000

Lynne Graham

The Cozakis Bride

(04) - BD 740.1 - Passado Que Condena

May-2000

Michelle Reid

The Tycoon's Bride

(05) - Rede De Mentiras

May-2000

Anne Mather

The Millionaire's Virgin

(06) - Julia 1100 - Outra Vez a Paixão

Jun-2000

Penny Jordan

The Demetrios Virgin

(07) - Julia 1183 - Romance na Grécia

Apr-2001

Jacqueline Baird

Marriage At His Convenience

(08) - BD 775 - Paixão Inesquecível

Aug-2001

Sara Wood

The Kyriakis Baby

(09) - Sab.1261 - Outra Vez o Amor

Nov-2001

Helen Brooks

The Greek Tycoon's Bride

(10) - Sab.1243 Fama de Irresistível

Jun-2002

Jacqueline Baird

The Greek Tycoon's Revenge

(11) - Dívida Saldada

Aug-2002

Anne Mather

His Virgin Mistress

(12) - Terríveis Suspeitas (PtPt)

Feb-2003

Julia James

The Greek Tycoon's Mistress

Lynne Graham

The Contaxis Baby

(14) - Dormindo com o Inimigo

Jul-2003

Cathy Williams

Constantinou's Mistress

(15) - Furacão Do Desejo (PtPt)

Aug-2003

Sharon Kendrick

The Greek's Secret Passion

(16) - Px 02 - Um Amor Secreto

Sep-2003

Lucy Monroe

The Greek Tycoon's Ultimatum

(17) - Julia 1271 - Chantagem De Amor

Oct-2003

Kim Lawrence

The Greek Tycoon's Wife

(18) - Px 06 - O Magnata Grego

Nov-2003

Cathy Williams

The Greek Tycoon's Secret Child

(19) - Js 012 - Ironias Do Amor

Feb-2004

Julia James

The Greek's Virgin Bride

(20) - Js 07 - A Prometida

Mar-2004

Penny Jordan

The Mistress Purchase

(21) - Px 020 - Procura-se Uma Amante

Apr-2004

Lynne Graham

The Stephanides Pregnancy

(22) - Paixão No Egeu

May-2004

Sara Craven

His Forbidden Bride

(23) - ?????

Jun-2004

Sara Wood

The Greek Millionaire's Marriage

(24) - Js 010 - O Casamento Ideal

Jul-2004

Kate Walker

Projeto Revisoras Traduções

(13) - Sab.1301 - O Poder de Um Sedutor Jun-2003

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Autor

Título

E b o o ks

Data

Sarah Morgan

The Greek's Blackmailed Wife

(25) - A Esposa Chantageada (ARE)

Sep-2004

Jacqueline Baird

The Greek Tycoon's Love-Child

(26) - ??????

Oct-2004

Trish Morey

The Greek Boss's Demand

(27) - O Amante Grego (PRT)

Jan-2005

Lynne Graham

The Greek Tycoon's Convenient Mistress

(28) - A Amante Do Grego

Feb-2005

Susan Stephens

The Greek's Seven-Day Seduction

(29) - ??????

Mar-2005

Lucy Monroe

The Greek's Innocent Virgin

(30) - Js 072 - Falsa Ilusão

May-2005

Kim Lawrence

Pregnant By The Greek Tycoon

(31) - Js 071.2 - Sopro De Vida

Jul-2005

Julia James

The Greek's Ultimate Revenge

(32) - ?????

Oct-2005

Jacqueline Baird

Bought By The Greek Tycoon

(33) - Px 034 - Destinos Entrelaçados

Jan-2006

Julia James

Baby of Shame

(34) - Px 036 - Até o Fim

Feb-2006

Melanie Milburne

The Greek's Bridal Bargain

(35) - ??????

May-2006

Cathy Williams

At The Greek Tycoon's Bidding

(36) - Js 064.1 - Pura Sedução ou À Mercê Do Grego (PtPt)

Jul-2006

Kate Walker

The Antonakos Marriage

(37) - Js 64.2 - Promessa Do Coração

Aug-2006

Melanie Milburne

The Greek's Convenient Wife

(38) - ??????

Sep-2006

Lynne Graham

Reluctant Mistress, Blackmailed Wife

(39) - Px 063 - Chantagem Do Desejo

Nov-2006

Cathy Williams

At the Greek Tycoon's Pleasure

(40) - Js 058 - Bel-Prazer

Dec-2006

Trish Morey

The Greek's Virgin

(41) - Js 93.2 - Loucos De Paixão

Jan-2007

Anne McAllister

The Santorini Bride

(42) - Amor Mediterráneo (Espanhol)

Feb-2007

Jane Porter

At The Greek Boss's Bidding

(43) - Js 088.2 - Tentadora Paixão

Apr-2007

Chantelle Shaw

The Greek Boss's Bride

(44) - Noites No Mar

May-2007

Natalie Rivers

The Kristallis Baby

(45) - Amor Em Corfu

Jun-2007

Julia James

Bought For The Greek's Bed

(46) - Js 070 - Esposa De Ocasião (Comprada Por Um Grego)

Jul-2007

Lynne Graham

The Petrakos Bride

(47) - Px 073 - Amor Sem Fim

Aug-2007

Helen Bianchin

The Greek Tycoon's Virgin

(48) - PX 101.1 - Escolha Perfeita

Oct-2007

Projeto Revisoras Traduções

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Autor

Título

E b o o ks

Data

Wife Kate Walker

The Greek Tycoon's Unwilling Wife

(49) - Para Lá Do Esquecimento (PtPt)

Nov-2007

Anne Mather

The Greek Tycoon's Pregnant Wife

(50) - Fruto Do Amor

Dec-2007

Susan Stephens

Bought: One Island, One Bride

(51) - Px 092 - Sedução e Vingança

Feb-2008

Kate Hewitt

The Greek Tycoon's Convenient Bride

(52) - Px 188 - A União Do Desejo

Apr-2008

Michelle Reid

The Markonos Bride

(53) - Px 105 - Renascer Do Amor

May-2008

Sarah Morgan

Bought: The Greek's Innocent Virgin

(54) - Js 103.2 - Sedução Implacável

Aug-2008

Abby Green

The Kouros Marriage Revenge

(55) - Px 177 - Negócios e Prazer

Sep-2008

Kate Walker

Bedded By The Greek Billionaire

(56) - Px 153 - Somente Você ou Dueto 03.1 - Inocência

Nov-2008

Anne McAllister

Antonides' Forbidden Wife

(57) - Js 109.2 - Doce Regresso

Jan-2009

Lucy Gordon

The Greek Tycoon's Achilles Heel

(58) - Js 137.1 - Ponto fraco

2010

Catherine George

The Power Of The Legendary Greek

(59) - Dueto 19.2 - O Poder Do Desejo

2010

Kate Walker

The Good Greek Wife?

(60) - Js 141 - O Retorno

2010

Robyn Donald

Powerful Greek, Housekeeper Wife

(61) - Js 146.1 - Olhos De Sereia

2010

Trish Morey

His Mistress For A Million

(62) - Px 166 - Ao Bel-Prazer

2010

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PRÓLOGO A visita de Nikos Niarchou aos escritórios de Londres do Grupo Recreativo Niarchou, provocou uma grande excitação entre todos os funcionários da empresa. Entre todos menos um, pensou Kezia com impaciência quando passava pelo hall da recepção e era assaltada por um intenso cheiro de cera para móveis. — Qualquer pessoa pensaria que esperamos uma visita real — murmurou a Jo Stafford, sua colega do departamento de relações públicas, enquanto entravam no elevador. — A visita do presidente da empresa é quase a mesma coisa — replicou Jo seriamente — A última vez que veio para cá tem quase um ano e o diretor quer que ele fique com uma boa impressão. Nikos Niarchou exige muito de todos os membros da equipe, desde o alto diretor até o último auxiliar administrativo. Ou já não se lembra? — acrescentou ao ver que Kezia não parecia especialmente impressionada. — Comecei a trabalhar aqui precisamente depois da sua última visita. Lembro-me de que se falou muito disso, mas não cheguei a conhecê-lo, por isso é que não vejo o porquê de tanta agitação. — Mas com certeza que já ouviu falar dele. A sua reputação na cama é quase tão lendária como a que tem em uma sala de reuniões. As revistas de mexericos não se cansam de falar dele, mas é compreensível: é um multimilionário grego, muito atraente e que, ainda por cima, é solteiro. Não é de se estranhar que monopolize as manchetes das revistas, sobretudo agora que decidiu se mudar para a Inglaterra. Segundo dizem, comprou uma magnífica casa em Hertfordshire, chamada Otterbourne House, e há uma fila de mulheres querendo conquistar o lugar de senhora daquela mansão. O elevador parou e Kezia saiu naquele andar. — É melhor me mostrar esse semideus quando chegar. Seria muito desagradável não o reconhecer — acrescentou com ironia. – Irá reconhecê-lo. Nik Niarchou não se parece com nenhum homem que tenha conhecido. Garanto que é inesquecível. Kezia caminhou para o departamento de relações públicas pensando que todas as pessoas deviam estar ficando loucas. Aquele homem seria tão impressionante assim? Jo o Projeto Revisoras Traduções

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descrevera como uma espécie de colosso grego, mas o brilho do dinheiro podia cegar as pessoas facilmente. Provavelmente seria baixinho, calvo e teria uma boa barriga. Mas não tinha nenhuma dúvida de que, como presidente da companhia, o senhor Niarchou era muito poderoso. Esperava que seu chefe, Frank Warner, naquela manhã, chegasse sóbrio e a tempo ao escritório. Mas às dez e meia seu chefe ainda não havia chegado, por isso começou a se assustar. Kezia trabalhava há um ano como secretária do chefe do departamento de relações públicas do Grupo Niarchou, e admitia que o trabalho não era como imaginara. Seu chefe atravessava um problemático divórcio e problemas com a bebida. Não tinha certeza de que problema provocara o outro, mas não poderia continuar a encobri-lo durante muito tempo sem que os outros membros da equipe descobrissem. Tinha pena de Frank, mas naquele momento era capaz de fervê-lo em azeite, pensou, enquanto ao passar junto à máquina de café, olhou pelas janelas para o estacionamento para se certificar de que o carro dele estava lá. Mas não havia sinais dele. — Maldito seja, Frank, onde está? — murmurou e parou abruptamente na entrada do seu escritório ao ver uma figura no interior que se virou da janela. A primeira coisa que chamou a sua atenção naquele homem que se virou para ela, foi a sua excepcional estatura. Devia medir facilmente um metro e noventa, pensou, incapaz de afastar o olhar da formidável largura dos seus ombros. O seu traje, negro e impecável, ocultava um corpo duro e esbelto, reparou na impressionante definição muscular do seu abdômen, visível sob a camisa de seda. Quando levantou o olhar para os seus olhos sentiu-se aflita pelo impacto que seu rosto lhe produziu. Maçãs do rosto vincadas, um queixo forte e quadrado que sugeria um caráter implacavelmente decidido, e uma boca larga de lábios grossos e sensuais. Jo tinha razão, pensou Kezia, aturdida. Nikos Niarchou não se parecia com nenhum homem que alguma vez tivesse conhecido. Porque em sua mente não havia qualquer dúvida de que o homem que a olhava com a quietude de um predador era o dono do grupo empresarial Niarchou. Possuía um ar de autoridade misturado com alguma impaciência contida. Mas não estava preparada para o seu inclemente magnetismo sexual e, menos ainda, para a forma como a afetava. — Essa é uma boa pergunta, senhorita Trevellyn. Onde está Frank Warner? Sua voz era grave e falava com um marcado sotaque grego, que soou sensualmente nos ouvidos de Kezia. "Controle-se", disse para si com firmeza, irritada consigo mesma. Cruzou os braços instintivamente ao ver que o homem deslizava o olhar lentamente por sua simples saia cinzenta e sua blusa branca. Quando desceu o olhar para suas pernas, coberta com meias pretas, sentiu que a despia mentalmente. Teve de fazer um esforço para relaxar e entrar no escritório. — Aparentemente tem a vantagem de conhecer o meu nome, mas receio que eu não saiba o seu, senhor... — Niarchou. Nikos Niarchou. O brilho nos olhos de Niarchou mostrou a Kezia que a pretensão de não saber quem ele era o divertira. Não conseguiu evitar corar ao estender a mão para formalizar o encontro. — E você é Kezia Trevellyn, a secretária pessoal de Frank. Kezia ficou desconcertada quando Niarchou levantou a sua mão para beijá-la nos dedos. O contato foi eletrizante e, praticamente, sentiu que todo o corpo lançava faíscas. Nunca sentira nada parecido. Jo não se enganou ao dizer que Nik Niarchou era um homem inesquecível. Sabia instintivamente que os seus traços escuros ficariam impressos na sua cabeça para sempre. — Sim, sou a secretária de Frank, — disse com toda a frieza que conseguiu — mas receio Projeto Revisoras Traduções

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que esta manhã não venha ao escritório. — aproximou-se da mesa e simulou olhar para sua agenda — Está numa reunião que não acabará antes da hora do almoço. Se precisa falar com ele, direi que lhe telefone assim que chegar. — acrescentou ao mesmo tempo em que se encaminhava para a porta com a esperança de que Niarchou a seguisse. Mas, em vez disso, o que fez foi sentar-se na cadeira que estava à frente da mesa. — Sente-se, senhorita Trevellyn... Ou posso chamar você de Kezia? O brilho dos olhos dele fez Kezia desejar que a chamasse como ele quisesse, com ou sem a sua permissão. Como um ímã, a boca de Niarchou atraiu irremediavelmente o olhar dela... — O que está acontecendo aqui? — acrescentou com uma brusquidão que sobressaltou Kezia. — Ambos sabemos que a agenda de Frank está tão vazia esta semana como estava na semana passada. Analisei-a antes de ter chegado. — Não tem o direito de mexer na minha mesa! — exclamou Kezia, indignada, mas a sua voz foi perdendo a força ao se conscientizar de que estava falando com o presidente da empresa. — Onde está ele agora? No pub? — São onze da manhã! É claro que não... É verdade que, recentemente, Frank esteve com algumas dificuldades na sua vida particular — admitiu Kezia. — Aparentemente passou por um divórcio muito amargo. — E que papel você teve no fim do casamento dele? As faces de Kezia coraram. — Desculpe? Porque eu teria alguma coisa a ver com o divórcio de Frank? — Não seria a primeira vez que um homem de certa idade se apaixona pela sua jovem secretária. Sobretudo, quando a secretária é uma mulher atraente como você. — acrescentou Nik, não fazendo caso do olhar furioso de Kezia. — A lealdade que mostra ter para com o seu chefe é admirável, mas tenho curiosidade em saber por que defende um homem que, pelo que percebi, está mais tempo fora do seu escritório do que dentro. Na verdade tenta protegê-lo. O sucesso da última campanha deve-se exclusivamente a você, embora tenha permitido que ele ficasse com o mérito. — E a minha lealdade para com ele significa que vamos para a cama juntos? — replicou Kezia, tremendo de raiva. — Frank é um amigo, mais nada, e sugerir qualquer outra coisa é repugnante. Evidentemente, Nikos Niarchou estava mais a par dos problemas do departamento de relações públicas do que ela imaginara, e receava não conseguir ajudar Frank Warner por muito tempo mais. — Se não é uma aventura, então tem de ser a bebida — murmurou Nik. — Tem de compreender que esta situação não pode continuar. — disse ao mesmo tempo em que se levantava. — O que vai fazer? Frank é um bom homem — disse Kezia enquanto Nik se dirigia para a porta. Levantou-se para segui-lo, mas então ele se virou para olhar para ela. — É óbvio que vão acontecer algumas mudanças — para consternação de Kezia, Nik segurou o queixo dela e a fez levantar o rosto para o olhasse nos olhos. Kezia sentiu que todo o seu corpo tremia. Aquele homem era um feiticeiro e ela era incapaz de quebrar o seu feitiço. Seria um amante incrível, reconheceu aturdida, enquanto o sangue ardente circulava pelas suas veias, e teve a ligeira impressão de que ele acabava de ler a sua mente. — A sua lealdade para Warner está errada, apesar de admirável, tal como as informações sobre o seu trabalho — continuou Nik. — A minha secretária decidiu inoportunamente, se casar e mudar para a Austrália com o seu marido — acrescentou, e Kezia franziu o sobrolho perante a repentina mudança de assunto. — Depois de dez anos de serviço, Donna me abandonou. Projeto Revisoras Traduções

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— E com razão, pelo que pude ver — murmurou Kezia sem conseguir se conter. Mas, para sua surpresa, Nik se limitou a inclinar a cabeça e rir. — Impetuosa além de linda... Uma mistura perigosa — disse. — Mas eu gosto do perigo. Acrescenta sal à vida, não acha Kezia? O lugar para minha secretária pessoal estará livre dentro de dois meses. Estou desejoso por receber a sua candidatura. — O que o faz pensar que pode vou me interessar? — Perguntou Kezia, irritada. — O instinto — o sorriso de Nik se alargou ao ver que corava. — E raramente me engano.

CAPÍTULO 1 Nik chegaria à casa a qualquer momento. Kezia olhou para o relógio do tablier e acelerou. Àquela velocidade, seu dinâmico e impaciente chefe chegaria à sua mansão no campo antes dela... E ia se irritar. Nik levava um grupo de executivos Búlgaros à Otterbourne House com a intenção de impressioná-los com o seu projeto para criar um complexo hoteleiro junto ao mar Negro, e esperava que sua secretária estivesse pronta para receber seus convidados. Será que o dia ainda poderia piorar? Perguntou-se enquanto contemplava a chuva. Já era ruim que a empresa de catering que contratara para a festa daquela noite tivesse desmarcado o serviço, uma vez que a maioria dos seus empregados estava com gripe. Felizmente, a senhora Jessop, a governanta de Nik, decidira ajudar e preparava uma esplêndida refeição para impressionar os convidados. Kezia saíra para comprar alguns doces para a sobremesa, porém, devido a intensa chuva que caía, o percurso demorara mais tempo do que tinha pensado. Precisava se concentrar completamente na estrada, mas como de costume, sua cabeça estava ocupada por um grego muito sexy que dominava os seus pensamentos. A imagem do atraente rosto de Nik invadiu sua mente. Nik estivera fora nas últimas semanas, visitando a família na Grécia, e Kezia sentia-se consternada pela saudade que tivera dele. Era patético que uma mulher de trinta e quatro anos como ela tivesse desenvolvido uma fixação tão ridícula por um homem que estava totalmente fora do seu alcance, pensou irritada. Sentia-se como uma adolescente prestes a viver o seu primeiro amor e morreria de vergonha se Nik alguma vez imaginasse o quanto a afetava. Suspirou aliviada ao chegar aos subúrbios. Em cinco minutos estaria em Otterbourne House. Com um pouco de sorte chegaria antes de Nik, e teria tempo de arrumar o cabelo e se maquiar um pouco. Embora soubesse que ele nem iria reparar. Para Nik, ela era apenas a sua secretária pessoal eficiente, cujo único propósito era se certificar de que tudo corria bem. Como lhe explicara há três meses, durante a sua entrevista de trabalho, não queria uma jovem bonita e decorativa para o seu escritório. Procurava uma pessoa eficiente e que passasse despercebida quando fosse preciso e, aparentemente, a considerara a opção ideal. Estava distraída a recordar a entrevista quando alguma coisa surgiu da beira da estrada e cruzou com o carro. Por instinto, Kezia pisou no freio abruptamente e o carro derrapou na estrada molhada. Ao ver que o carro se dirigia para uma árvore, deu um grito, virou o volante e bateu contra os matagais à beira da estrada. O cinto a salvou de algo mais sério, mas a força do impacto fez com que a cabeça dela batesse contra o volante, e começava a sentir um bom galo crescendo. Depois de voltar a ligar o carro, deu marcha ré. Estava escuro demais para inspecionar adequadamente as mazelas que o carro sofrera, mas pelo menos ainda funcionava. Contra o Projeto Revisoras Traduções

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que teria batido? Provavelmente contra uma raposa, pensou enquanto olhava para ambos os lados da estrada. Estava com frio, encharcada e atrasada, mas a idéia de deixar um animal ferido na beira da estrada era uma situação detestável para ela, de maneira que saiu do carro para procurá-lo. Dez minutos depois estava quase desistindo quando ouviu o gemido fraco de um cão no meio do matagal. O cão que encontrou parecia mais um saco de ossos do que um cão. Estava encharcado e na escuridão era impossível ver se estava ferido, mas quando Kezia estendeu uma mão, mexeu-se hesitantemente para ela. — Vamos, cãozinho — disse Kezia com suavidade enquanto o tomava nos braços. — Vamos sair desta chuva. Quando saía para a estrada, um dos pés dela escorregou na lama e sentiu que o salto de um dos seus sapatos se partia. Amaldiçoou-os em silêncio. Acabara de comprá-los e, ainda por cima, também estava com a saia cheia de lama. Nik ia ficar furioso, pensou enquanto abria a porta do carro e colocava o cão no assento. Nik passara os dias dando instruções para o fim-desemana através do telefone e provavelmente não ia achar graça nenhuma que sua secretária chegasse tarde e com aquele aspecto. A Otterbourne House ficava no fim de um longo caminho, oculta à vista por altas árvores. Nikos Niarchou se animou quando a limusine se aproximou da casa. Era um prazer estar de volta... Apesar da chuva. Apesar de ter desfrutado da sua viagem à Grécia, as duas semanas que se passaram pareciam ter durado uma vida. Fora agradável estar com sua família, mas as indiretas de seus pais para que procurasse uma jovem grega adequada para se casar o enlouqueceram. Sua mãe dissera que ele parecia cansado, que trabalhava demais e que devia fazer as coisas com mais calma. Contudo, foi a visão de seu pai, inesperadamente frágil e envelhecido com os seus oitenta anos, que o impulsionou a descansar e a pôr de lado sua agenda ocupada. Mas estava ansioso para voltar ao trabalho... A começar com a apresentação aos búlgaros do projeto que esperava que apoiassem. Tinha certeza de que Kezia organizara a recepção daquela noite com a sua habitual eficiência. Enquanto entrava com seus convidados pela porta principal, olhou à volta do hall com uma expressão de espectador. Pedira especificamente a Kezia que agisse como anfitriã, e franziu o sobrolho ao ver que era a sua governanta quem estava para recebê-los. — Onde está Kezia? — perguntou sem preâmbulos. — Boa tarde, senhor Niarchou. É um prazer tê-lo de volta. — Eu também estou contente por voltar, senhora Jessop — Nik esboçou um sorriso. — Esperava encontrar Kezia — acrescentou num tom impaciente. — Onde ela está? — Tivemos alguns problemas com o serviço de catering, mas já estão resolvidos — disse rapidamente a governanta. — Kezia teve de sair de última hora, mas em breve estará de volta. — Espero que sim. Nik franziu o sobrolho. Há três meses que confiava plenamente em sua nova secretária. Sensata e eficiente, Kezia era a secretária ideal. Com uma atitude serena, possuía uma inteligência acima da média que fazia com que as conversas com ela fossem interessantes... Tal como descobrira no dia que a conheceu nos escritórios de Londres. Sentira a falta dela enquanto estivera fora, reconheceu surpreendido, e desejava retomar suas discussões com ela sobre política, arte e qualquer outro assunto. Seus olhos semicerraram-se quando a porta da sala se abriu para entrar uma figura familiar. — O que a Harvey faz aqui? — sussurrou à governanta, Tânia Harvey, sua amante do momento, era uma pecadora iminente com um corpo escultural, mas tinha pouco mais a Projeto Revisoras Traduções

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oferecer do que um conhecimento enciclopédico dos mexericos sobre os famosos. — Percebi que veio para o jantar. — Convidada por quem? — perguntou Nik, irritado. — Não sei... Talvez Kezia a tenha convidado — disse a senhora Jessop. — Este barulho deve ser o carro dela chegando. Pode perguntar a ela. — É o que vou fazer. Tânia avançava naquele momento para Nik, que teve de fazer um esforço para controlar sua impaciência enquanto ela o abraçava. — Olá, querido! Bem vindo a casa — disse Tânia, fazendo uma careta que Nik gostava muito nos seus primeiros encontros sedutores, mas que atualmente, já não o atraía tanto. Além disso, não pretendia permitir que Tânia ou qualquer outra mulher, considerasse Otterbourne a sua casa. — Que surpresa, Tânia. Não sabia que vinha — disse enquanto se afastava dela. — A sua secretária me convidou. Suponho que da sua parte — disse a sorrir. — Está feliz em me ver, não é, Nik? Kezia insistiu para que eu viesse. — Foi muito atencioso da sua parte — murmurou Nik. — Claro que fico contente por ver você, mas vou estar muito ocupado durante o fim-de-semana. — Nesse caso é uma bênção eu estar aqui. Assim poderei te ajudar a relaxar. Nik ficou tenso. Tânia era elegante e loira, dois dos atributos que ele procurava numa mulher, mas as suas indiretas de que esperava ocupar um posto permanente em sua vida começavam a cansá-lo. Efetivamente, já estava cansado dela antes da sua viagem à Grécia. O número de limusines estacionadas à entrada indicava que Nik e seus convidados já tinham chegado. Kezia estacionou o seu Mini, desligou o motor e se olhou no espelho retrovisor. Estava um desastre, pensou consternada. Tinha o cabelo despenteado, o rosto sujo de óleo e um considerável galo na testa. — Prepare-se para a fogueira — disse para o cão enlameado que estava ao seu lado. O cão levantou uma orelha e lhe dedicou um olhar comovedor. Kezia ainda não sabia se estava ferido, mas em todo o caso, o pegou nos braços, saiu do carro e subiu as escadas com ele. — Kezia... Querida — a senhora Jessop abriu a porta e ficou boquiaberta ao vê-la. — Meu Deus! O que aconteceu? — perguntou Nik enquanto avançava para ela. A sua expressão de incredulidade teria sido cômica se Kezia tivesse vontade de rir. — Sofri um pequeno acidente — disse, esperando ocultar o fato de que estava prestes a chorar. Provavelmente seria um efeito retardado do acidente e não tinha nada a ver com o fato de Nik estar a observa - lá como se quisesse lhe estrangular. — Que tipo de acidente? O que raios aconteceu, Kezia? E o que é isso? — resmungou Nik ao mesmo tempo em que mostrava o animal embalado nos seus braços. — É um cão. Cruzou inesperadamente a estrada e tive de virar bruscamente para não o atropelar. Mas não sei se consegui evitar — acrescentou Kezia, preocupada. — Pode estar ferido. — O cão não me interessa — disse Nik, impaciente. — Olha para o seu aspecto. Esperava encontrar você aqui, não na rua recolhendo animais abandonados. Kezia sentiu sua irritação aumentar. Passara o dia organizando aquele jantar e não estava dirigindo naquela chuva por divertimento. — A senhora Jessop mencionou que surgiu um problema com o serviço de catering — acrescentou Nik, mal-humorado. — Já está resolvido — disse Kezia rapidamente, e se lembrou de que ainda tinha de tirar as caixas de bolos do carro. Projeto Revisoras Traduções

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— Ainda bem. Não quero que haja o mínimo problema nesta apresentação e dependo de você — avisou Nik, que semicerrou os olhos ao olhar para a cabeça de Kezia. — Está ferida! Porque não me disse? — perguntou ao mesmo tempo em que afastava com delicadeza uma madeixa de cabelo da testa de Kezia. Repentinamente, Kezia percebeu o olhar de aborrecimento de Tânia Harvey e se afastou de Nik. — Não me deu oportunidade. Deixa pra lá, Nik. Eu estou bem — murmurou enquanto tocava no galo com delicadeza. Estava perto demais. O casaco estava desabotoado, e Kezia sentiu o calor que emanava do corpo dele. Sua pulsação se acelerou ao respirar o cheiro do perfume que Nik usava habitualmente. Tinha de se afastar dele antes de fazer alguma tolice. — Vou me lavar e telefonar para o veterinário — disse rapidamente. — Para que veja sua cabeça? — perguntou Nik, desconcertado. — Para o cão. Talvez tenha algum osso quebrado. Ainda não se mexeu. — Esqueça o maldito cão — disse Nik em voz baixa para não assustar os convidados que aguardavam na sala. — Vou telefonar para o médico. Sofreu um choque. Não há dúvida de que algo perturbou seu cérebro — acrescentou num tom irônico. — Estou ótima — respondeu Kezia. — Organizei as coisas para que Becky, a sobrinha da senhora Jessop, e umas amigas dela viessem ajudar. Becky pode mostrar os quartos aos convidados e podemos servir o cocktail às oito horas, como estava planejado. Está tudo sob controle, Nik. — Fico contente por isso — ele disse sem abandonar o seu tom irônico. — Mas eu gostaria de saber o que vai vestir nesta noite, porque você não pode se sentar para jantar com esse aspecto e cheirando mal como está agora — acrescentou, sem se alterar ao ver como Kezia corava. — É melhor tomar um banho... — interrompeu-se ao ver que sua namorada se aproximava deles. — Talvez Tânia possa emprestar alguma coisa. — Acho que minha roupa não vai servir em você. Temos corpos muito diferentes — Tânia mostrou significativamente a sua própria e esbelta figura, e depois deslizou o olhar pelas curvas do corpo de Kezia. Kezia sorriu, decidida a ocultar a sua humilhação enquanto se dirigia para as escadas que davam acesso aos quartos dos empregados. — Logo arranjarei alguma coisa para vestir. Não se preocupe Nik, vai correr tudo bem. Vinte minutos depois, o monte de lama e pêlos que Kezia salvara na estrada saiu da lava louça da cozinha transformado em um cão pequeno e preto de origem duvidosa. — Parece um cruzamento de terrier — disse a senhora Jessop — embora seja difícil perceber com o quê. — Não parece estar ferido, só faminto — disse Kezia, que pegou um pedaço de frango para dar ao cão. — É muito dócil. Amanhã vou colocar um anúncio na vila. Espero que alguém venha procurá-lo. — Eu não contaria com isso. Receio que foi abandonado. Pelo aspecto dele, está há dias sem comer. Kezia acariciou o cão e se enterneceu quando ele lambeu sua mão. Desde pequena sempre desejara ter um cão, mas no internato onde esteve desde os oito anos não admitiam animais de estimação. Habitualmente passava as férias com os seus pais na Malásia, onde seu pai trabalhava. Pedira muitas vezes à mãe que lhe deixasse ter um cão, mas seus pais tinham uma vida social muito ocupada e se, em contrapartida, tinham pouco tempo para a sua filha, teriam ainda menos para um animal. — De qualquer maneira não posso mandá-lo embora — murmurou, preocupada. — Projeto Revisoras Traduções

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Importar-se de vigiá-lo, senhora Jessop? — Enquanto preparo o jantar para catorze comensais? — brincou ironicamente a senhora Jessop. — Lamento muito pela falha do serviço de catering — disse Kezia. — Ainda não consigo acreditar que me só me avisaram no último minuto. Esta apresentação é muito importante para Nik, e já sabe o quão exigente ele é. Tudo tem de sair perfeito. Se conseguir preparar a comida sozinha, eu serei a anfitriã enquanto Becky e as outras garotas servem. — Suponho que vai comer com eles, não? — Não. Tenho que organizar as bebidas e me certificar de que tudo está indo bem. Não vou ter tempo de me sentar a comer. — Nik não vai gostar. — Não terá outro remédio a não ser se conformar. A empresa de catering iria enviar um mestre de cerimônias além de uma equipe de empregados, porém, sem eles o jantar pode se tornar um desastre. Temos de evitar isso. Mas o que não sei mesmo é o que fazer com a minha saia. Está completamente enlameada. — Becky tem algumas roupas aqui — disse a senhora Jessop — Vou perguntar se ela pode lhe emprestar alguma coisa. São mais ou menos do mesmo tamanho. Mas é melhor se apressar se quer reunir-se com os convidados para o cocktail. Kezia tomou banho no banheiro da senhora Jessop, e quando saiu encontrou Becky à sua espera no quarto. — Minha tia me contou do seu acidente. Por sorte tenho uma saia e um par de sapatos a mais. Se servirem, pode usar. — É a minha salvação — disse Kezia, agradecida. — Obrigada, Becky. Estarei pronta em cinco minutos. Os sapatos eram pretos, de salto alto. Kezia teria escolhido algo mais confortável, pois sabia que iria passar muito tempo de pé. Felizmente a saia, também preta, ficava na medida e não era curta demais. Uma vez pronta, respirou fundo e foi à cozinha falar com a senhora Jessop, mas parou bruscamente ao ver Nik falando com ela. — Tinha certeza de que ficaria bem em você — murmurou à senhora Jessop quando a viu. — Não acha que Kezia está muito bonita, senhor Niarchou? — Está muito... Atraente — disse Nik, que estava relaxadamente apoiado contra o balcão da cozinha, com os braços cruzados. Kezia corou e alisou uma imaginária ruga de sua saia. Sentia-se estranhamente vulnerável sem a proteção da sua habitual roupa de trabalho. — Sei o que está pensando — disse num tom hesitante, e ele levantou o sobrolho. — Espero sinceramente que não. Poderiam me prender. — A minha roupa estava uma lástima. Becky me emprestou os sapatos e a saia. Sei que não é o modelo ideal, mas... — Tudo depende do que pensa fazer com eles. Dançar, por exemplo? — perguntou Nik num tom irônico. — Isso animaria o serão, certamente. — Se acha que estou contente por ter mudado de roupa, esta enganado! — gritou Kezia, irritada. O brilho de diversão, juntamente com algo indefinível que captou nos olhos de Nik, fizeram com que lhe dedicasse um olhar irado. Tinha certeza de que ela era a única que sentia a tensão sexual que existia entre eles. Nik já deixara bem claro que, para ele, era apenas mais uma colaboradora da sua empresa. O brilho de desejo que pensou ter visto nos olhos dele antes de descer devia ser fruto da sua imaginação. Também não ajudava que estivesse tão atraente, pensou desalentada. Vestia um Projeto Revisoras Traduções

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impecável smoking que salientava o tom dourado de sua pele. Uma mexa de cabelo preto caía sobre a testa e os seus olhos pretos tinham um reflexo de cor âmbar. Sentiu-se consciente de que ele avançava para ela com uma agilidade felina. A casa parecia estar morta sem ele durante as últimas semanas, mas naquele momento o ambiente crepitava de tensão. — Como está a sua cabeça? — perguntou Nik, quando parou diante dela. — Bem. Já disse que não havia nada com que se preocupar. E ao contrário do que está pensando, o meu cérebro está funcionando perfeitamente. Nik inclinou a cabeça e riu. — Fico contente por ouvir isso, agapi mou. Kezia sentiu que a sua irritação desaparecia perante o encanto dele. De certa maneira, era mais fácil falar com ele quando estava zangado. — Telefonei para o meu médico para que me desse os sintomas de um possível traumatismo. Está se sentindo enjoada? — Não. — Tem náuseas? — Não. — Sua cabeça está doendo? — ao ver que Kezia hesitava um pouco, Nik semicerrou os olhos. — Acha que desmaiou, mesmo que apenas durante alguns segundos? E o seu pescoço? Pode ter sofrido um traumatismo cervical. — Nik... Por favor... — murmurou Kezia quando Nik lhe tomou o queixo para que o olhasse. — O que está fazendo? — Olhando suas íris. Kezia sentiu que ficava arrepiada. — Curioso — Nik murmurou com suavidade, depois do que parecera uma eternidade para Kezia. — O que é curioso? — perguntou, sem fôlego. — Não consigo decidir se os seus olhos são verdes ou cinzentos. E está com as íris ligeiramente dilatadas. Porque acha que estão assim? Kezia engoliu com esforço e tentou se afastar, mas ele não a soltou. — Não sei. Mas estou me sentindo bem. São quase sete horas, Nik — disse desesperada. — Deveríamos ir receber os seus convidados. — Daqui a pouco. Antes quero falar com você. Uma repentina mudança de expressão no tom de Nik, fez com que Kezia sentisse um calafrio de apreensão. — Lamento muito o que aconteceu com o serviço de catering — disse rapidamente. — Mas não foi minha culpa... E a senhora Jessop tem tudo sob controle. — Não estou preocupado com as questões domésticas — disse Nik com frieza. — A minha preocupação é de natureza pessoal. Para ser sincero, o que me preocupa é a nossa relação e o seu aparente desejo de se meter nos meus assuntos íntimos. — O quê? — Kezia sentiu que as paredes começavam a andar à sua volta e teve de se apoiar na beira da mesa. — Não sei a que se refere. Como adivinhara o que sentia por ele? Teria dado algum sinal inadvertido que revelara a atração que sentia por ele? Se fosse assim, não conseguiria trabalhar mais com ele... — Me refiro à sua decisão de convidar Tânia para o jantar desta noite. O seu trabalho de secretária pessoal não dá o direito de se intrometer na minha vida particular. Kezia compreendeu que a amistosa atitude que Nik mostrara momentos antes fora apenas um truque para que ela baixasse a guarda. — Eu não a convidei. Bom... Quer dizer, talvez tenha feito. Mas quando falou do jantar, me deu a impressão de que esperava que a convidasse. Projeto Revisoras Traduções

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— Disse que a incluísses na lista de convidados? — Não, mas... — E porque tomou essa decisão? O seu trabalho como secretária não inclui organizar a minha vida amorosa. — Isso não é bem assim — respondeu Kezia, irritada pela arrogância dele — Já me encarreguei de enviar flores à sua última namorada loira quando a aventura acabou. E também tive de escolher uma jóia para outra. Pensei que manter o seu harém contente era uma das minhas obrigações. — Acho que está esquecendo qual é o seu lugar, Kezia — murmurou Nik sem ocultar o seu aborrecimento. — É lógico que às vezes preciso que se ocupe dos meus assuntos particulares, mas pensei que podia esperar um pouco de discrição da sua parte. Porque acha que te pago um salário tão generoso? — Pela minha capacidade de resistência? — sugeriu Kezia com doçura. — Não posso adivinhar tudo, Nik. Decidiu-se de repente que Tânia deveria ficar fora da lista de convidados devia ter me avisado — acrescentou, pensando que embora Nik tivesse o corpo de um deus grego, também tinha um coração de pedra. — Deve agradecer ao destino que não tenha decidido trazer outra... Acompanhante para o fim-de-semana — ele disse enquanto se encaminhava para a porta. — Poderia ter sido uma situação muito embaraçosa para todos. — Mas isso seria enganar Harvey — Kezia murmurou lentamente, com o sobrolho franzido. — É um comportamento desprezível. Por um momento pensou que Nik não a ouvira, mas em seguida viu que ele parava e se virava para ela. Ao ver a dureza da sua expressão, Kezia tremeu. — Esclareçamos uma coisa, Kezia — ele disse com um suave cinismo — A forma como escolho viver a minha vida só diz respeito a mim. No meu mundo, as aventuras têm pouco a ver com o coração, e as mulheres com quem saio sabem que procuro uma relação sexual que nos dê prazer mútuo e que não nos obrigue a ter compromissos. Kezia corou por fora, mas por dentro ficou gelada. — Não sei o que Tânia sugeriu sobre a nossa relação — continuou Nik — mas receio que pense que está prestes a ocupar um lugar permanente na minha vida. Sugiro que esqueça qualquer noção romântica que tenha na sua cabeça. — aconselhou — Na eventualidade pouco provável, de precisar dos seus conselhos sobre a minha vida particular, pedirei. Até então, espero que se limite a obedecer às minhas ordens. Fui claro? — Como a água. Kezia pensou que sob todo o seu encanto, Nik era um homem implacável. Apesar de tudo, não conseguia tira-lo da cabeça desde o dia em que o conheceu. Dominava suas fantasias e perseguia seus sonhos. Devia estar louca quando aceitara trabalhar para ele. Era um trabalho de sonho, passara os meses anteriores viajando para lugares exóticos no jato particular de Nik, mas durante todo esse tempo ocultara a atração que sentia por ele. Algumas vozes no hall fizeram-na compreender que deveriam ir ver os convidados, e se esforçou por recuperar a compostura. Preferia morrer a deixar que Nik adivinhasse o motivo do seu sofrimento. — Acho que nos entendemos perfeitamente, Nik — disse com frieza — E não sabe o quanto fico feliz por não fazer parte do seu mundo.

CAPÍTULO 2 Enquanto Nik conversava com os convidados, Kezia deu de cara com Tânia, que acabava Projeto Revisoras Traduções

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de entrar na sala. Com um deslumbrante vestido dourado e os cabelos loiros presos, Tânia dominava a arte de parecer, ao mesmo tempo, elegante e sexy, e sorriu confidencialmente enquanto avançava. — O que aconteceu com o serviço de catering — perguntou em voz alta — As pessoas que estão servindo as bebidas parece um grupo de adolescentes. Esperava que organizasse melhor as coisas, Kezia. — A empresa de catering teve um imprevisto — replicou Kezia com frieza — Becky e as amigas dela se ofereceram para ajudar, e eu estou prestes a me juntar a elas para servir os canapés aos convidados. — Você? — perguntou Nik com o sobrolho franzido, — Sim — replicou Kezia com impaciência — a não ser que tenha alguma outra sugestão. A senhora Jessop está ocupada com o jantar e as garotas não conseguem fazer tudo sozinhas. Nik a olhou como se ela tivesse perdido a cabeça. Não estava acostumado a ser tratado daquele jeito e, ao ver a dureza do seu olhar, Kezia se alegrou por não estar a sós com ele. Reprimindo um gemido, se encaminhou para onde estavam Becky e as amigas dela com a esperança de que não tivessem escutado os comentários indiscretos de Tânia. Dedicou-lhes um sorriso simpático, pegou uma das bandejas de canapés e começou a circular por entre os convidados, alheia ao olhar de Nik. — Terá de ponderar a idéia de contratar um serviço doméstico mais permanente, querido — murmurou Tânia junto ao ouvido de Nik, que teve de fazer um esforço para reprimir a sua irritação. — É uma tolice depender da governanta e das crianças que a sua secretária traz quando fazemos uma festa. E onde é que Kezia foi buscar aquele gosto para se vestir?! — Acrescentou num tom depreciativo — A saia que esta usando é indecentemente rodada. Talvez não fosse tão ruim ela passar a tarde na cozinha. — Cuidado, agapi mou — avisou Nik com perigosa suavidade — Estou satisfeito com as minhas decisões domésticas. Tenho certeza de que Kezia está fazendo o possível numa situação complicada, mas se não quiser ficar, o meu motorista levará você para casa. — Não é preciso... — interrompeu Tânia nervosa — Às vezes você consegue ser tão indelicado, Nik. Claro que quero ficar. — Sobretudo depois das artimanhas que usou para conseguir que a convidassem — ele disse com indiferença. — Já conhece as regras, Tânia. Não passe dos limites. Em seguida, sem se incomodar mais com Tânia, foi se reunir com seus convidados e cumprir o seu papel de cordial anfitrião... Enquanto procurava com o olhar sua secretária. Kezia o intrigara desde o início, reconheceu quando a localizou, conversando com alguns convidados enquanto lhes servia champanhe. Sua inteligência e imperturbável naturalidade a transformavam na secretária ideal. Sua disposição para trabalhar as horas que fossem necessárias e viajar a qualquer momento, determinou no seu vencimento um bônus adicional. Ele não tinha tempo nem paciência para lidar com assuntos de funcionários que tivessem vidas particulares complicadas. Kezia Trevellyn assumira o seu papel com grande facilidade, mas ele tinha consciência da química sexual que se abatia sobre eles como um espectro. Desde o primeiro instante em que a viu, se sentiu possuído por um desejo tão intenso, como inesperado. Suas voluptuosas curvas supunham uma tentação, reconheceu enquanto contemplava o delicioso balanço do seu quadril. O mais razoável seria esquecer suas fantasias e se concentrar na sua excelente capacidade de organização. Uma das suas regras, ainda que não estivesse escrita, era separar o seu trabalho da sua vida particular, embora lhe custasse muito ignorar a atração física que sentia por ela. Mas a prudência e a sensatez não eram muito atraentes, reconheceu com sinceridade. Ele era um homem que gostava de viver perigosamente... Projeto Revisoras Traduções

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Alertada por um sexto sentido, Kezia virou-se e olhou para ele naquele momento. Nik reparou com interesse no rubor que cobriu suas faces quando os olhares se encontraram, e levantou o seu copo em um gesto de saudação. Foi satisfatório comprovar que a atração era mútua. Fora um dia infernal, pensou Kezia várias horas depois, enquanto contemplava o monte de copos sujos que abarrotavam a sala de estar. Sentou-se no sofá com um suspiro. Felizmente, o jantar fora um sucesso graças à senhora Jessop e ao trabalho de Becky e suas amigas. Ela também não parara de se mexer à volta da mesa, de encher copos e atender os convidados. Depois do jantar, ajudara Nik a fazer a apresentação do projeto e tudo correra muito bem. Já passava da meia-noite quando acabaram, e os convidados se retiraram. Suspirou ao pensar que ainda tinha de dirigir cerca de vinte minutos para chegar a sua casa, onde esperava dormir um pouco antes de voltar para Otterbourne no dia seguinte. Suspirou novamente e procurou as chaves do carro em sua bolsa. Não as encontrou, e resmungou ao mesmo tempo em que esvaziava o conteúdo de sua bolsa na mesa. — É isto o que procura? A voz familiar fez com que Kezia levantasse o olhar. Seus sentidos ficaram em alerta quando viu que Nik entrava na sala. Respirou fundo, voltou a guardar as coisas na bolsa, levantou-se e dirigiu-se a ele com uma mão estendida. — Onde as encontrou? — perguntou com toda a calma que conseguiu. — Na sua bolsa — replicou Nik. — E posso saber quem te deu o direito de mexer nas minhas coisas? — Estava por cima. E quanto aos meus direitos, você é minha empregada e está sob a minha responsabilidade, e não posso permitir que dirija até sua casa a esta hora da noite, sobretudo depois de ter sofrido um acidente esta tarde, em que bateu com a cabeça. — Eu estou ótima. Foi um dia muito longo e quero ir para casa — Kezia olhou para o relógio enquanto falava, mas Nik continuou a olhar para ela com a mesma expressão, sem lhe entregar as chaves — Isto é ridículo, Nik. Não pode me manter aqui contra a minha vontade. — A esta altura, já devia saber que posso fazer o que quiser — disse ele com a sua habitual arrogância. — É melhor passar a noite aqui para que eu possa vigiar você. Ainda acho que devia ir ao médico. A idéia de Nik a vigiar durante a noite era tão insólita, que Kezia ficou momentaneamente muda. — Não há quartos livres — disse com rapidez. — E não tenho nada para vestir amanhã. E não quero vestir outra vez esta saia. Uma noite de humilhação foi suficiente. — Não tinha razão para se sentir humilhada esta noite — disse Nik, sério — Fiquei impressionado com a forma como organizou o jantar. Sobretudo tendo em conta que teve menos de vinte e quatro horas desde que a empresa de catering a deixou na mão. Além disso, a apresentação correu muito bem e estou organizando um consórcio de investidores para o projeto. — Só fiz o meu trabalho — murmurou Kezia, que foi incapaz de conter uma onda de prazer perante a aprovação de Nik. Seu mau humor anterior parecia ter desaparecido, porém, um Nik amistoso podia ser uma ameaça muito séria para o equilíbrio dela. Além disso, estava perto demais e, apesar de querer muito, não foi capaz de afastar o olhar da boca dele. Não tinha dúvidas de que era o momento certo para ir embora. O ar estava tenso o que sem dúvida, era fruto da sua imaginação... Mas reparou que Nik semicerrava os olhos enquanto observava seu gesto nervoso. Sua mente se descontrolou quando o imaginou se inclinando para ela para beijar... Projeto Revisoras Traduções

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— Está pronta para ir embora? — a voz de Nik interrompeu a bruma sensual que envolvia Kezia, que deu um brusco passo para trás, completamente corada. — Não preciso de um motorista — disse teimosa — Posso dirigir. Além disso, não pode deixar os seus convidados. — Já estão todos na cama — disse Nik animadamente, enquanto contemplava o rubor das suas faces. E Tânia também já estaria dormindo? Kezia se perguntou. Estaria impaciente à espera de Nik na cama? — Não vou permitir que dirija o seu carro até que o meu mecânico o veja — disse Nik num tom que não admitia réplica. — Iremos no meu Porsche. — E Max? Terá de vir conosco. — Quem é Max? — O cão que quase atropelei. Vou levá-lo para o meu apartamento. — Como sabe o nome dele? — Não sei. Mas tenho de lhe chamar por um nome até que o devolva ao dono. A senhora Jessop acha que o abandonaram, de maneira que talvez ninguém procure por ele — acrescentou Kezia, alheia ao nostálgico tom da sua voz. Não conseguia suportar a idéia de que o cachorro tivesse sido abandonado de propósito. — Vou buscá-lo — disse ao mesmo tempo em que se afastava, antes que Nik pudesse protestar. Ela sabia o que era não se sentir querida, pensou enquanto pegava o cachorro nos braços. A mãe dela sempre dissera que não queria ter filhos, e que a sua inesperada chegada fora um verdadeiro choque. Passou a infância sentindo que devia se desculpar pela sua existência. O hall de entrada estava vazio quando chegou. Enquanto esperava Nik, ouviu algumas vozes. — Porque tem de levá-la para casa? — o petulante tom de voz de Tânia era claramente audível através da porta fechada. — Por Deus, Nik! Há um mês que não vejo você. Por que essa repentina preocupação com a sua secretária? Se a idéia não fosse ridícula, pensaria que tem algo com ela. Reparei que não deixou de olhar para ela durante toda a noite, mas não imagino o que vê nela. — Vamos, Tânia. Não seja ridícula — replicou Nik. — Kezia não é o meu tipo de mulher, mas é uma secretária excelente. Trabalhou muito esta noite e é o meu dever certificar-me de que chegará em casa sã e salva. Humilhada, Kezia se afastou rapidamente da porta. Já sabia que não era precisamente o ideal de mulher de Nik, mas ouvi-lo dizer com tanta clareza foi uma agonia. Jamais permitiria que soubesse o que sentia por ele, prometeu a si mesma. Era óbvio que a via apenas como parte do mobiliário, como algo tão funcional e pouco excitante como o seu computador. A química que imaginara haver entre eles não devia ser mais do que uma ilusão. Quando Nik se encontrou com ela no hall, não teve coragem para olhar para ele e permaneceu em silêncio até estarem no carro. — Não precisava deixar Tânia sozinha — murmurou após deixar Max no pequeno assento traseiro do desportivo — Me sinto mal por estar causando tantos problemas. — Não é nenhum problema — garantiu Nik num tom desinteressado. Dirigir em plena noite sob a chuva requeria toda a sua atenção, mas quando se aproximaram do bairro em que Kezia vivia, olhou para ela de esguelha. — Mora sozinha? A pergunta surpreendeu a ambos. Nik nunca mostrara o mínimo interesse na vida particular de Kezia. Fora buscá-la uma vez na porta do prédio para pegarem um vôo cedo, mas nunca entrara na casa dela. Ela teria namorado? Perguntou-se. Estaria impaciente à espera que ela chegue? Irritou-o comprovar os sentimentos que aquela idéia lhe provocou. Projeto Revisoras Traduções

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— Não, divido. A resposta ambígua não revelou nada a Nik, e o orgulho o impediu de insistir. A vida amorosa da sua secretária não lhe dizia respeito, recordou-se, impaciente. — Virei buscá-la de manhã — disse. — Não é necessário — Kezia olhou para ele com uma expressão consternada. — Não quero que tenha de levantar cedo. O que a Tânia diria? — Murmurou, e não conseguiu evitar corar ao imaginar Nik se levantando para ir buscá-la depois de uma noite de paixão com a sua amada. Nik parou o carro na frente da casa de Kezia e desligou o motor antes de se virar para ela. — Porque não deixa que eu me preocupe com os detalhes da minha vida particular? — perguntou num tom que sugeria que se ocupasse dos seus próprios assuntos. — Estarei aqui às oito e meia. Kezia abriu a boca para protestar, mas se conteve. — Muito bem. Faça o que quiser... Como de costume — acrescentou enquanto saía do carro após tirar Max do assento traseiro. — Obrigada pela carona — acrescentou, assumindo que ele iria embora imediatamente, mas enquanto subia as escadas que levavam à entrada reparou que Nik a seguia. —Acompanho você até lá em cima — disse Nik. — Estou ótima! — protestou Kezia, irritada. — A Tânia vai começar a se perguntar onde você esta — acrescentou sem conseguir se conter enquanto subiam. — Já disse que a Tânia é assunto meu. — Com certeza que sim — Kezia abriu a porta do seu apartamento — Boa noite, Nik. — Não vai me oferecer um café antes de eu ir embora? — Nik apoiou um braço na porta, e Kezia não conseguiu evitar olhar para o seu poderoso peito. Emanava uma sensualidade tão intensamente masculina que suou diante da idéia de que invadisse o seu refúgio particular. Mas a voz que soou nas suas costas resolveu o problema. — Vai entrar ou pensa em ficar aí a noite toda? Oh... Olá... — a voz se transformou num sussurro, e Kezia suspirou ao se virar e ver que Anna, a sua companheira de apartamento, estava olhando para Nik com evidente interesse. — Deve ser o senhor Niarchou. Kezia falou muito de você. — Pode me chamar de Nik, por favor. Kezia sentiu que a sua impaciência aumentava quando Nik ofereceu a mão dele a Anna. Testemunhara a magia de Anna muitas vezes, e duvidava que houvesse algum homem no mundo imune à beleza dela. Esbelta e magra, a sua pálida tez e o seu cabelo loiro eram a marca da sua descendência escandinava, enquanto os seus grandes olhos azuis e o seu sorriso, surpreendentemente atrevido, a tornavam deslumbrante. Eram as melhores amigas desde o tempo da escola... Mas Kezia tinha vontade de estrangulá-la naquele momento. — Vai entrar, Nik? — murmurou a loira. Kezia apertou os dentes ao ver que Nik dedicava a Anna um de seus sorrisos sensuais. — Não tenho certeza. Kezia ainda não decidiu se me convida ou não para tomar um café. — Nesse caso, eu tomo a decisão por ela — disse Anna animadamente. — Sou Anneliese Christiansen, a companheira de apartamento de Kezia — explicou. Kezia resmungou um juramento e se afastou pelo corredor. Que Anna o entretivesse, pensou sombria. Já estivera com Nik Niarchou o suficiente para um dia. Pôs água para ferver na cozinha enquanto Max farejava à sua volta à procura de algum lugar para ficar. Kezia tirou uma velha manta de um armário e a estendeu no chão. — O que é isso? — perguntou Anna enquanto acompanhava Nik à cozinha. — Um cão. O que acha? — Uma bola de pêlos com patas — disse Anna, pensativa — Aposto que é outro dos seus Projeto Revisoras Traduções

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salvamentos, não é? Já sabe que o nosso contrato de aluguel nos proíbe de ter animais de estimação no apartamento. — Será apenas por alguns dias, enquanto tento localizar os donos dele — murmurou Kezia. — Não podia deixá-lo na rua com essa chuva e o frio que faz. Repara em como ele está magro. — Kezia sempre foi assim — Anna explicou a Nik. — Na escola, escondia animaizinhos no abrigo. Lembra-se da vez que cuidou daquela raposa ferida, Kez? — É óbvio que Kezia tem muitas qualidades ocultas — murmurou Nik com uma estranha expressão no olhar, que fez com que Kezia corasse. — Tenho certeza de que não está interessado nas lembranças dos nossos dias de escola — disse com frieza. Nik parecia dominar toda a cozinha e Kezia ficaria feliz por não ficar inquieta. Contudo, não conseguia relaxar e invejava a tranqüilidade com que Anna conseguia conversar com ele. Com um suspiro, deixou que a sua companheira de apartamento preparasse o café enquanto ela ia ao banheiro do seu quarto. Foi um alívio tirar os sapatos e a saia, e também soltar o cabelo, pensou enquanto ouvia as gargalhadas provenientes da cozinha. Era ridículo sentir ciúmes de Anna, disse para si mesma enquanto se olhava no espelho. Tinha a sorte de ter bons amigos, um apartamento confortável e um trabalho de sonho que lhe oferecia a oportunidade de viajar. Não era culpa de ninguém que tivesse surgido uma fixação por um homem que estava fora do seu alcance. E se queria continuar a trabalhar para Nik, não lhe restava outro remédio senão superar o fascínio que sentia por ele.

CAPÍTULO 3 Quando regressou a cozinha após vestir uma calça comprida e uma camiseta, Kezia viu que estava vazia. Encontrou Nik na sala de estar, só e comodamente sentado no sofá. — Anna foi ao apartamento de cima — explicou — Aparentemente, a sua vizinha sofreu algum tipo de crise emocional. — Vicky deve ter terminado com seu namorado... Novamente — murmurou Kezia, que se sentia estranhamente desconcertada perante o fato de estar a sós com Nik no seu apartamento. Era ridículo. Estavam habituados a passar muitas horas juntos, tanto no escritório em Otterbourne como viajando, mas aquele era o seu espaço particular, e a presença de Nik nele a afetava mais do que queria admitir. Inquieta, tomou um gole da sua xícara de café, embora soubesse que ia se arrepender quando tentasse dormir. — Repasse a agenda de amanhã — disse Nik, e Kezia estremeceu. — Fiz reservas no Complexo Belvedere Hall. Há uma excelente pista de golfe, além de um ginásio e um complexo desportivo para quem quiser usá-lo. O almoço será a uma e organizei algumas coisas para que possa utilizar uma das salas de conferências e continue a conversa com os membros do consórcio enquanto eu entretenho as esposas. O complexo oferecia muitas terapias para relaxar, além de tratamentos de beleza... Embora, para Kezia, a idéia de passar o dia coberta de lama não fosse muito atraente, e receava ter de vestir seu maiô preto para usar na piscina. Normalmente não se sentia confortável ao ter de mostrar suas generosas curvas e esperava poder evitar ter de aparecer seminua na frente de Nik. Projeto Revisoras Traduções

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— Quer mais café? — perguntou educadamente após verificar em seu relógio que passava da uma e meia da manhã. — Obrigado, mas acho que será melhor que a deixe ir dormir. Nik se levantou e Kezia fez o mesmo. Sua pulsação acelerou ao ver que ele avançava para ela. — Tem um cabelo lindo — disse Nik ao mesmo tempo em que estendia uma mão para tocar numa mexa. — Porque não o usa solto? — Não posso andar pelo escritório como Lady Godiva — ao ver a expressão desconcertada de Nik, Kezia explicou. — A lenda diz que era uma nobre que costumava cavalgar pelas ruas da cidade cobrindo a sua nudez com seu cabelo. O sorriso que Nik lhe dedicou ao ouvir aquilo fez com que seu coração batesse ainda mais rápido. — Garanto que eu não poria nenhuma objeção se quisesse seguir o exemplo dela. Kezia sabia que ele estava brincando, mas não bastou para se sentir menos desconfortável. Com esforço, passou ao lado dele e se dirigiu para a porta. — Sinto muito, Nik, mas estou morta de cansaço e amanhã teremos um dia muito ocupado. — Espero não ter causado muito transtorno no seu fim-de-semana — ele disse enquanto a seguia. — Corro perigo de ser atingido por algum namorado irado por ter roubado o tempo dele com você? — Felizmente não tenho namorado... Nem irado nem de nenhum tipo. — Sério? — Nik olhou para Kezia com uma expressão especulativa. — É surpreendente. Porque é que uma mulher atraente como você prefere não ter namorado? Kezia sentiu que corava. A repentina curiosidade de Nik pela sua vida particular a confundia. — Não saio com ninguém atualmente por que... — Interrompeu-se, incapaz de revelar que ele era o único homem que a excitava e que qualquer outro parecia insignificante ao lado dele. — Estive comprometida, mas as coisas não correram bem, e por enquanto prefiro me concentrar na minha carreira. Acho que não tem nenhuma objeção a isso, certo? — Nenhuma. A sua dedicação ao trabalho é exemplar. Uma vez na porta, Kezia ficou sem fôlego quando Nik a segurou pelo queixo e a obrigou a olhar para ele. — Quem decidiu cancelar o compromisso? Você ou o seu namorado? — Não sei o que pode interessar nesse assunto, porém, já que quer saber, foi de mútuo acordo. Simplesmente sentimos que não fomos feitos um para o outro. O casamento é um assunto muito sério em que não convém se precipitar. Nik inclinou a cabeça e riu. — Eu penso exatamente o mesmo, pedhaki mou... Fico contente por saber que estamos de acordo em alguma coisa. Espero que seu coração não tenha se partido de modo irreparável — acrescentou enquanto saía para o hall. — Trabalho demais e nenhuma diversão não é bom para a alma. — Como deve saber, não vou responder — replicou Kezia com descaramento, ao mesmo tempo em que o imaginava com a linda Tânia. Nik trabalhava e vivia com o mesmo ardor... E não estava muito certa de que ele tivesse alma. Nik sorriu enquanto decifrava a diversidade de emoções que o rosto de Kezia manifestou. — Boa noite Kezia, e obrigado pelo trabalho que fez esta tarde. Espero ter o contrato assinado amanhã à tarde. Os membros do consórcio e suas esposas irão embora na manhã seguinte. Tem algo planejado para domingo? Projeto Revisoras Traduções

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Kezia encolheu os ombros, confusa. Desejava passar um dia tranqüilo em casa. — Não. — Nesse caso, não se comprometa com nada. Vou levar você para almoçar — disse Nik enquanto começava a descer as escadas. — Posso ter outros planos! — protestou Kezia. Mais do que um convite, as palavras de Nik soaram como uma ordem. — Já admitiu que não tinha. — Lembrei de várias coisas que prefiro fazer em vez de passar o dia falando de negócios com você. — Prometo que não falaremos de negócios — Nik olhou para ela com uma expressão sorridente quando chegou ao pé da escada. — Acho que já está na hora de nos conhecermos um pouco melhor, não acha, Kezia? Será interessante descobrir o que temos em comum, além do nosso ponto de vista partilhado sobre o casamento. Saiu antes que Kezia tivesse tempo de responder. Entrou novamente no apartamento com um sentimento de inquietação. Não sabia o que Nik pretendia, mas ela não tinha intenção de conhecê-lo melhor. O mais prudente era mantê-lo à distância. — De maneira que este é Nikos Niarchou! — exclamou Anna quando regressou ao apartamento alguns minutos depois. — Não me estranha que tenhas sido tão reservada em relação a ele. — Não sei o que quer dizer com reservada. O que aconteceu agora com Vicky e Tim? — Nada. Só foi uma desculpa para que Nik e você tivessem um pouco de intimidade. Nunca o tinha trazido para o apartamento. — Não o trouxe. Ele insistiu em me acompanhar e depois, com a sua ajuda, se convidou para tomar um café. E não tentei ocultar ele, nem nada parecido. Anna encolheu os ombros. — Cada vez que fala no seu chefe você fica corada. Mas agora que o conheci pessoalmente, não estranho que goste dele. — Eu não gosto dele — disse Kezia, indignada. — Reconheço que é atraente, mas... — É o homem mais sexy do planeta — interrompeu Anna. — Teria de ser cega para não se perder nos olhos sugestivos dele — sorriu ao ver o rubor que cobriu as faces de Kezia. — Ele sabe dos seus sentimentos? — Não... E não sinto nada por ele — Kezia se rendeu e resmungou um palavrão. — Além disso, ele tem namorada. Agora mesmo está a espera na casa dele — acrescentou incapaz de disfarçar o tom sombrio da sua voz. — Com o aspecto dele, não é de se estranhar que não viva precisamente como um monge — disse Anna. — Porque não mostra que está interessada nele? Enquanto preparava o café ele me submeteu a um verdadeiro interrogatório sobre a sua vida amorosa. Acho que devia seduzi-lo. Afinal de contas, o que tem a perder? — Além do meu orgulho, a minha auto-estima e o meu trabalho? — perguntou Kezia num tom sarcástico. — O que está acontecendo com você, Kezia? — perguntou Anna abertamente. — Há dois anos que Charlie e você terminaram, e contam-se nos dedos de uma mão os encontros que teve depois disso. Vai permitir que o fato de não poder ter filhos marque o resto da sua vida? — Não estou fazendo isso! — protestou Kezia. Anna a apoiara incansavelmente durante a doença que sofrera quando era adolescente, e o laço de confiança que havia entre elas era inquebrável. Apesar de tudo, havia certas coisas sobre as quais era doloroso falar. Quando diagnosticaram a leucemia aos quinze anos Kezia ficou desolada. Manteve uma longa e, finalmente, bem-sucedida batalha contra a doença. Mas quando se recuperou completamente, descobriu que o tratamento que lhe salvara a vida a Projeto Revisoras Traduções

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deixara impossibilitada de ter filhos. — Não tem nada a ver com o fato de não sair com ninguém agora, mas não há dúvida nenhuma de que a minha infertilidade foi um fator que pesou na ruptura com Charlie. Seus pais ameaçaram deserdá-lo se casasse comigo. — E agora foge assustada diante da possibilidade de outra relação? — Não estou assustada. Simplesmente é mais fácil assim. O assunto dos filhos e a minha incapacidade para tê-los não é algo de que possa falar de qualquer maneira num primeiro encontro. — Não estou sugerindo que saia a procura da sua cara-metade — disse Anna. — Se é que existe tal coisa, algo que duvido. Já sabe o que penso sobre o “casaram e viveram felizes para sempre” — acrescentou. — A minha família disfuncional fez pouco para me convencer das vantagens do casamento. Mas isso não significa que não possa se divertir, Kez, e não me parece que Nik Niarchou esteja desesperado para se casar. Uma aventura apaixonada com um milionário sexy pode ser o que você precisa... Enquanto não comete a tolice de se apaixonar por ele, é claro. Kezia sentiu que o rosto ardia enquanto tentava evitar a curiosidade da sua companheira de apartamento. — Meu Deus! Não me diga que se apaixonou por ele! — acrescentou Anna. — Não seja ridícula! É o meu patrão, mais nada! — Gritou Kezia. — É um conhecido playboy. Me apaixonar por ele seria garantir um coração despedaçado, e eu tenho intenção de manter o meu intacto, obrigada. No dia seguinte, sábado, Kezia acordou tarde e teve de correr para estar pronta quando Nik chegasse. Passara a noite inquieta, por causa do café, sem dúvida alguma, e sua conversa com Anna despertara novamente a tristeza que a perseguia apesar de todos os esforços para se concentrar no futuro. Tinha crescido sem irmãos nem irmãs, e decidira que quando crescesse queria uma grande família. Cinco ou seis filhos pelo menos. Enquanto as suas amigas planejavam iniciar brilhantes carreiras, ela assumira que o casamento e a maternidade eram o seu destino. Mas a descoberta da sua doença desfez os seus sonhos em pedacinhos. Não culpava Charlie por ter desistido do compromisso, pensou enquanto escolhia o que vestir. Conheceram-se na universidade e foi sincera com ele desde o início. Charles Pemberton era um futuro conde e herdeiro das numerosas posses da sua família em Northumberland. Atraente e encantador era irresistível para uma garota que passara a sua adolescência num internato e no hospital. Charlie lhe garantiu que sua infertilidade não lhe importava, mas a família dele se opôs a relação desde o início e o pressionou para que rompesse com ela. Dois anos depois, se renderam ao inevitável e romperam amigavelmente. Mas Kezia jurou nunca mais voltar a cometer o mesmo erro. Negava-se a perder tempo à procura do amor e do compromisso. A campainha da porta a fez sair dos seus pensamentos, e acabou de prender o cabelo rapidamente com uma fita de cor esmeralda que combinava com sua camiseta. — Está pronta? — perguntou Nik quando ela abriu a porta. Estava habituado a vê-la com os trajes de trabalho formais que usava habitualmente, mas preferia sem dúvida nenhuma vê-la com roupa esportiva, como naquele momento. A calça de cor creme que vestia caía-lhe maravilhosamente tal como a camiseta de lã, que combinava com seus olhos e moldava seus seios. Por alguns segundos se imaginou explorando aquelas curvas com as mãos... E sentiu uma imediata tensão no sexo. Espantado com sua reação, afastou-se dela. — Vou buscar Max — murmurou Kezia, cujo coração começara a bater mais rápido ao Projeto Revisoras Traduções

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ver Nik vestido com uma calça jeans, camisa cinzenta e um casaco de couro. — Não está pensando em levar o cão para o complexo, certo? — Claro que não. Mas não posso deixá-lo aqui sozinho o dia todo, Anna foi para os Estados Unidos por causa do seu trabalho como modelo, mas a senhora Jessop vai cuidar dele enquanto estivermos fora — disse, enquanto Max a seguia obedientemente até ao hall. — Ele se comporta muito bem. Garanto que não rói os tapetes. — É bom que não — murmurou Nik enquanto olhava para o cachorro com desconfiança. — O que vai fazer se ninguém procurar por ele? Percebi que não permitem ter animais de estimação neste apartamento... E não pense que vou deixar que fique permanentemente em Otterbourne. — Se as coisas se complicarem, terei de me mudar — disse Kezia animadamente enquanto se dirigiam para o carro. — Não vou para lugar nenhum sem ele. — acrescentou com firmeza. Nik assentiu enquanto abria a porta do seu Porsche. — De acordo, mas se fizer uma marca que seja nos estofados, desconto do seu salário. Felizmente, a viagem a Otterbourne decorreu sem incidentes, e Max subiu as escadas da casa como se fosse o dono. — Já parece conhecer o caminho — comentou Kezia, admirada. — É tão esperto... Vê? Sabe o caminho para a cozinha. Deve se sentir em casa. — Esquece Kezia — avisou Nik. — Não quero um cão e, se quisesse, pelo menos escolheria um que parecesse um cão de verdade, não uma bola de lã. Max é um problema seu, não meu. — Tem um coração de pedra — disse Kezia causticamente, e foi recompensada com um irônico sorriso. — Que coração, pedhaki mou? — Pensei que Tânia viria passar o dia conosco — comentou Kezia uma hora depois, enquanto os convidados saíam de casa e entravam nas limusines. — Tânia não vai se reunir conosco nem hoje, nem em nenhum outro dia — disse Nik com frieza. — E, para satisfazer a sua curiosidade, ontem à noite também não ficou. — Não sinto curiosidade. Não me diz respeito com quem passa a noite — respondeu Kezia, corada. — Não entendo porque acha que poderia me interessar — acrescentou, indignada. — Sou apenas a sua humilde secretária. — Humilde! — Nik riu, antes de bater no vidro para indicar ao motorista que podia arrancar. — Eu não usaria precisamente essa palavra para descrever você. — Sei que vou me arrepender de perguntar, mas como me descreveria exatamente? — Corajosa, voluntariosa... Um gato de olhos verdes — replicou Nik imediatamente, ao mesmo tempo em que tomava numa mão a trança de Kezia. — Mas agora que vi o seu cabelo em todo o seu esplendor, não me surpreende. Você é uma verdadeira ruiva. — E acha que a cor do meu cabelo denota um temperamento ardente? — perguntou Kezia num tom mordaz. O bom senso a avisava que deixasse aquela conversa o quanto antes, mas o diabinho que tinha na sua cabeça não respeitava o bom senso. — A verdade é que acho a cor do seu cabelo incrivelmente sexy. Kezia permaneceu alguns instantes muito quieta, em silêncio. — Não devia dizer essas coisas — murmurou, incomodada. — Não são as mais adequadas. — Preferia que mentisse? — perguntou Nik com um sorriso preguiçoso. — Preferia que guardasse suas opiniões só para você — Kezia sentia a coxa dele intensamente, ligeiramente pressionada contra a dela, e se afastou com toda a dissimulação Projeto Revisoras Traduções

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que conseguiu. Começava a não ter tanta certeza de que Nik estivesse exclusivamente interessado nas suas capacidades como secretária. Teria gostado de saber o que ele pensava realmente... Mas quase preferia não saber, pensou enquanto olhava de esguelha para o seu sorriso. Enquanto cruzavam os portões do complexo respirou fundo e virou-se para olhar para ele. Nik era o seu chefe, mais nada, recordou com firmeza. Era óbvio que terminara com Tânia, mas se pensava que ela estava disposta a ocupar o papel de amante dele naquele dia, ia ter uma grande desilusão. Mas só o viu de passagem durante o dia. Viram-se brevemente durante o almoço, e depois os homens se reuniram na sala de conferências, enquanto Kezia e as mulheres utilizavam a sauna e faziam aromaterapia. Nunca na vida tinha sido tão mimada, pensou mais tarde, quando se reuniu com os outros junto à piscina. Depois de um dia tão indulgente deveria se sentir totalmente relaxada, mas a maravilhosa massagem que lhe deram só servira para que aumentasse a sua tensão, enquanto imaginava que eram as mãos de Nik que acariciavam o seu corpo. Finalmente decidiu que a única solução era um banho. A água estava mais fresca do que imaginara e nadou ininterruptamente para tentar libertar a tensão que as suas fantasias eróticas despertaram nela. Teria de controlar, de alguma maneira, a atração que sentia por Nik antes que ele se desse conta do efeito que exercia sobre ela. Quando se sentiu esgotada de nadar, saiu da piscina pelo lado oposto ao que tinha a toalha. — Está treinando para as olimpíadas, Kezia? — Perguntou um dos empresários búlgaros que se dirigia para a piscina. Era mais jovem do que outros e bastante atraente, pensou Kezia, ou pelo menos, era o que ela achava dele. Obrigou-se a sorrir quando ele parou em frente a ela. — Só tento me manter em forma — replicou Kezia com ligeireza, mas se arrependeu de ter falado assim que viu o homem olhar para ela de cima a baixo. — Para mim parece que já está em forma — o homem sorriu insolentemente ao ver que ela corava. Kezia reprimiu um gemido de protesto quando ele se aproximou dela e a rodeou com a sua toalha pelos ombros. — Deixe-me te ajudar a se secar. Está gelada — disse solicitamente, e começou a esfregála com a toalha de um modo pessoal demais para o gosto de Kezia. Sentiu a tentação de lhe dizer que a deixasse em paz, mas era um dos clientes de Nik e não devia ser grosseira. — É muito amável, obrigada. — De nada — disse o homem, que seguidamente passou um braço pela sua cintura para que o acompanhasse à sua mesa. — Venha beber alguma coisa. — Tenho de ir mudar de roupa. Nik deve estar me procurando — murmurou Kezia rapidamente, ao mesmo tempo em que se afastava dele. — O seu chefe está sentado numa mesa do outro lado da piscina. Esteve te observando enquanto nadava. Acho que não gosta de perdê-la de vista durante muito tempo — Kezia seguiu o olhar do homem e sentiu que o seu coração se encolhia ao ver o olhar negro de Nik, que estava sentado na mesa em que ela deixara sua toalha. Respirou fundo e contornou a piscina com passos firmes... Mas quando se aproximava da mesa, o seu caminhar se tornou mais hesitante. Nik estava totalmente vestido, com uma perna cruzada sobre a outra numa atitude indolente, mas a atenta quietude dele a avisou de que não estava tão relaxado como parecia. Por um segundo sentiu a tentação de dar a volta e ir embora. Sentia-se especialmente vulnerável com o maiô encharcado e colado ao corpo como uma segunda pele. Estava com Projeto Revisoras Traduções

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tanto frio, que os seus mamilos se evidenciavam contra o tecido preto do maiô. — Parece que está se divertindo — disse Nik quando Kezia parou em frente a ele, — embora não tenha a certeza de que seduzir os convidados faça parte das suas obrigações — acrescentou num tom irônico. Kezia teve de se conter para não o esbofetear. — Não estava seduzindo ninguém, apenas estava sendo amável. E era ele quem estava tentando me seduzir — respondeu. — Está sentado em cima do meu roupão. Pode me dar. Estou com frio. — Quer que ajude você a se secar? Parecia contente ao permitir que qualquer um a esfregasse toda. Kezia pegou no roupão e enterrou o rosto na toalha para se secar, enquanto pensava numa resposta adequada. — Este é um comentário muito desagradável da sua parte. Se seguisse o meu instinto inicial, teria empurrado aquele homem na piscina. Se eu tivesse feito isso o seu maravilhoso contrato ia para o inferno — acrescentou furiosa. — Nunca pedi que se prostituísse por mim — replicou Nik com a mesma fúria. A inesperada força do seu aborrecimento surpreendeu Kezia, sobretudo porque não entendia o que o provocara. Sentiu que os seus olhos se enchiam de lágrimas enquanto vestia o roupão. — Nunca me ocorreu que esperava que me prostituísse. Respeito você demais para isso, Nik. É uma pena que não sinta o mesmo por mim, ao pensar que estava gostando daquela situação. Como pode pensar que eu estava gostando? Seguidamente, pegou sua bolsa e passou rapidamente por ele. Mas Nik se levantou imediatamente, agarrou-a pelo pulso e a levou para um canto afastado e reservado. — Não me deixe falando sozinho — murmurou furioso. — E não comece a chorar. Porque é que as mulheres recorrem sempre às lágrimas? A impaciência dele era evidente, mas Kezia tentou se libertar de qualquer maneira. Nik olhou para a cabeça dela inclinada e respirou fundo. Surpreendeu-o reparar que o seu aborrecimento se acabava. Talvez por perceber que a aflição de Kezia parecia genuína, e não uma calculada amostra de emoção, pensou. A única coisa que sabia era que ver os seus olhos verdes brilhando por causa das lágrimas o comovia mais do que devia, e resmungou um palavrão ao mesmo tempo em que a abraçava. — Desculpa, sinto muito. Lamento — murmurou. — Não pretendia magoar você. — Mas fez isso — disse Kezia ao mesmo tempo em que limpava rapidamente as faces com as costas da mão. O gesto foi estranhamente infantil e revelou o verdadeiro alcance da sua vulnerabilidade. — A verdade é que não sei o que fiz para se zangar dessa maneira — murmurou Nik com voz rouca. — Não gostei de ver você com outro homem — admitiu lentamente, e olhou para Kezia com uma intensidade que fez com que esta tremesse. — Não gostei de ver como sorria para ele e não gostei de imaginá-lo beijando você, algo que era óbvio que ele queria fazer. Kezia teve de fazer um esforço para se concentrar nas suas palavras. Sentia o seu fôlego quente nas faces e, quando ele a apertou entre os seus braços, tremeu violentamente. As vozes e os ruídos provenientes da piscina chegavam com toda clareza até eles, mas naquele momento existiam apenas eles dois. A única coisa que sabia era que Nik a abraçava e olhava de uma maneira que fez com que o sangue lhe ardesse nas veias. — Por quê? — sussurrou. — Porque queria ser eu a beijar você — respondeu ele com total sinceridade. Seus lábios tocaram os de Kezia com ligeireza. Duvidou um pouco antes de aumentar a pressão, e reprimiu o leve gemido de protesto iniciando uma lenta exploração. A resistência de Projeto Revisoras Traduções

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Kezia foi mínima. Desejava aquilo desde que conhecera Nik e um agradável calor começou a se espalhar da boca até o estômago. Entreabriu instintivamente os lábios, e o contato com a quente língua de Nik foi tão docemente erótico que desejou senti-lo mais perto. Passaria o resto da vida assim, entre os seus braços, mas aquilo não podia acontecer. Aquele era Nik, o homem que pouco tempo antes a acusara de tentar seduzir um dos seus sócios. Abriu os olhos e encontrou-se com o seu olhar escurecido, que refletiu algo parecido com arrependimento enquanto concluía o seu beijo. Kezia se afastou bruscamente dele e tapou a boca com a mão. — Não devia ter feito isto — murmurou trêmula. — Eu não estava seduzindo ninguém e não sou um engate fácil. Nik olhou para ela com uma expressão divertida enquanto se afastava dela. — Fico contente por ouvir isso, pedhaki mou — replicou com suavidade. — Gosto de uma boa provocação!

CAPÍTULO 4 Kezia regressou à Otterbourne House inquieta e emocionada. Não conseguia entender porque Nik a beijara, mas não acreditava que fosse por paixão, pensou cinicamente. Lembrava-se muito bem da sua categórica negação quando Tânia sugerira que ele se sentia atraído por ela. O mais provável era que o seu repentino interesse se devesse ao seu intenso espírito competitivo. Mas ela fora incapaz de controlar a sua resposta. A sensação dos lábios de Nik nos seus despertara a paixão que, com tanto esforço, se empenhara em negar durante aqueles meses, e devolvera-lhe o beijo com um ardor que praticamente tocava o desespero. Talvez este fosse o motivo para Nik ter tentado evitá-la durante o resto da tarde. Aquilo só servira para aumentar a sua humilhação e a única coisa que desejava era que o dia acabasse para ir para casa. Quando chegaram a Otterbourne saiu do carro com mais rapidez do que dignidade, mas Nik a alcançou quando subia as escadas e olhou para ela com os olhos semicerrados ao ver que tremia. — Para de fugir de mim — disse abertamente. — O que foi? Está branca como um fantasma. — Não foi nada. A única coisa é que estou com frio, só isso — Kezia desejava lhe perguntar por que a tinha beijado, ou fazer um comentário displicente sobre isso para mostrar que aquilo não significara nada para ela. — Vou ver se a senhora Jessop precisa que de ajuda, agora que chegaram os convidados — foi tudo o que no fim conseguiu dizer. — Não tem de fazer mais nada aqui — disse Nik. — Se estiver pronta para ir, eu levo você para casa. — Não — disse Kezia rapidamente. — Não é necessário. O mecânico disse que o carro está ótimo. Além disso, não vou diretamente para casa — mentiu. — Tenho de fazer umas compras. Na verdade pensava em ir às compras no dia seguinte. A única coisa que queria naquele momento era ficar sozinha. Sua cabeça doía e estava com a garganta inflamada. Provavelmente estava ficando gripada, pensou enquanto ia para a cozinha à procura de Max. Quando chegou em casa sentia-se como se alguém estivesse furando seu crânio com uma broca. Apesar de estar com o aquecimento ligado há algumas horas, sentiu frio, e subiu o termostato. Se ia ficar doente com algum vírus, o único remédio era a cama, decidiu. Depois de inspecionar a geladeira e ver que não havia nada, decidiu não jantar. No dia seguinte Projeto Revisoras Traduções

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compraria comida para a semana toda, num supermercado próximo que ficava aberto aos domingos... Mas antes telefonaria para Nik, para cancelar o almoço com ele. Dormiu durante toda a noite e acordou sentindo-se mal. A luz do sol entrava por uma fresta entre as cortinas, e ouviu Max gemer na cozinha. Ao sair da cama, sentiu que tudo rodava à sua volta. Não havia dúvida nenhuma de que ficara doente. Só esperava que o vírus durasse pouco. Nik tinha uma agenda muito cheia na semana seguinte, e ela não podia ficar de cama. De alguma forma conseguiu vestir uma calça jeans e uma camiseta, e desceu com Max ao jardim para que desse uma volta. Recordava-se vagamente de que tinha de fazer outra coisa importante naquela manhã, mas, quando voltou a subir, tudo o que conseguiu foi se deixar cair no sofá e adormecer novamente. Seus sonhos foram interrompidos por um insistente som que parecia querer penetrar na sua cabeça, e por alguns latidos distantes. Em seu sonho estava olhando para Nik nos olhos, e este ria enquanto pedia que voltasse a beijá-lo. — Kezia... Acorda. Kezia abriu lentamente os olhos. Nik estava olhando para ela com uma expressão de preocupação. Abanou a cabeça e se encolheu devido à dor que sentiu. — Nik? — estava no seu apartamento, deitada no sofá. Embora antes tivesse frio, naquele momento sentia que ardia. — O que... O que faz aqui? — murmurou com esforço. — A sua vizinha me deixou entrar — explicou Nik. — Passei dez minutos chamando e quase desisti, mas ouvi Max e tinha certeza de que não teria deixado ele sozinho em casa. O almoço recordou Kezia. Nik ia levá-la para almoçar fora. Esquecera-se de telefonar para avisá-lo. Nik apoiou uma mão na sua testa. — Está com muita febre. Que sintomas têm? — É apenas uma gripe, Nik. Vou passar o dia dormindo e amanhã estarei em forma, vai ver. — Está bem — disse ele num tom incrédulo. — Bebe isto. A água suavizou a garganta de Kezia, mas não bastou para aliviar a dor dos seus músculos. Fechou fracamente os olhos e desejou que Nik fosse embora. Tinha certeza de que a intenção era boa, mas os sons e ruídos que ele fazia pareciam atravessar seu crânio. De repente sentiu que ele a pegava nos braços. — O que... O que esta fazendo, Nik? Deixe-me, por favor. Estou doente. — Quem teria imaginado — replicou ele com ironia. — Porque não me disse nada ontem à noite? Não teria deixado você dirigir se soubesse como se sentia. Vou levar você para Otterbourne — disse enquanto avançava cuidadosamente pelo corredor com ela nos braços. — Não pode ficar aqui sozinha. Esta com um aspecto terrível. E, antes que comece a protestar aviso que já sei que a sua companheira de apartamento viajou. — Não pode descer as escadas comigo nos braços — murmurou Kezia fracamente. — Vai ficar com dor nas costas. Nik a ignorou, e quando Kezia voltou a se aperceber de qualquer coisa já estava sentada no banco do Porsche. — Não tem de se preocupar tanto. Posso cuidar de mim — sussurrou, e os seus olhos se encheram de lágrimas perante a inesperada ternura que o olhar de Nik refletiu. — Quero que esteja onde possa cuidar de você, pedhaki mou. Nik guardou no porta-malas a bolsa com algumas coisas essenciais que recolhera no apartamento, e depois se sentou atrás do volante. Kezia estava mortalmente pálida. Sua boca ficou tensa ao pensar que passara a noite sozinha. Mal se agüentava em pé e, menos ainda, conseguia cuidar de si mesma. Praguejou uma maldição enquanto ligava o carro. Projeto Revisoras Traduções

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Kezia abriu os olhos e olhou confusa para o ambiente que a rodeava. Estava deitada, mas aquela não era a sua cama. Recordava-se vagamente das paredes cor creme e as cortinas de veludo verde, mas... Onde estava? — Então decidiu finalmente regressar à terra dos vivos — murmurou uma grave e sensual voz ao seu lado. Kezia voltou lentamente a cabeça. — Nik! — exclamou ao vê-lo sentado numa poltrona junto à cama. Com o cabelo despenteado e uma incipiente barba cobrindo sua face, parecia muito diferente do executivo fino e cortês que conhecia... Mas não menos atraente. — Correndo o risco de soar ridícula... Onde estou? — Em Otterbourne, no quarto junto ao meu. — Oh... Sim — Kezia começava a se lembrar do que acontecera. A cabeça já não doía, e os músculos também não. — Disse que era uma gripe e que passaria assim que dormisse um pouco. Não tinha de ter se incomodado em me trazer para cá esta manhã. — Esta manhã? Está aqui há quatro dias, durante os quais dormiu quase o tempo todo. Não me surpreende que não se lembre. Kezia permaneceu aturdida por um momento e depois se ergueu como uma exalação na cama. — Max! — exclamou. Se estivesse a quatro dias fechado no apartamento sem água nem comida, o cachorro podia ter morrido. — Tenho de ir para casa agora mesmo! — exclamou ao mesmo tempo em que se descobria, mas Nik voltou a cobri-la com firmeza. — Acalme-se. O cão está aqui — disse ele impacientemente — Não achou que eu iria deixar ele lá, não é mesmo? Neste momento ele está na cozinha, esperando que a senhora Jessop lhe dê comida. Acho que hoje é costeleta — acrescentou sarcasticamente, e em seguida acariciou a face de Kezia num gesto surpreendentemente delicado. — Graças a Deus — murmurou ela enquanto voltava a se deixar cair sobre as almofadas — Tem certeza de que está bem? — Está com um aspecto melhor do que o seu — disse Nik, com uma sinceridade que fez com que Kezia estremecesse. Sentia-se quente e pegajosa, e com certeza precisava urgentemente de um banho. Começava a lembrar vagamente o que acontecera, mas não se recordava de ter tirado a calça jeans e ter vestido a camisola. Olhou para Nik com perspicácia. — Suponho que a senhora Jessop te ajudou a cuidar de mim, certo? — riu com timidez — A verdade é que não me lembro de ter mudado de roupa. — Não estava em condições — Nick se limitou a dizer, e o brilho dos seus olhos revelou a Kezia que sabia exatamente o que a preocupava. — Está dizendo que foi você quem tirou a minha roupa? — Kezia perguntou com a testa franzida. — Várias vezes. Você teve uma febre tão alta que usei toda a roupa que trouxe. Mas não se preocupe, já mandei lavar. Que não se preocupasse?! Kezia lhe dedicou um olhar escandalizado. — Mas fui um perfeito cavalheiro — garantiu, e sorriu ao ver o rubor que cobriu as suas faces. — Não tirei sua roupa de baixo... Embora deva admitir que esses tentadores pedacinhos de renda que usa fizeram com que a minha temperatura subisse quase tanto como a sua. — Você é desprezível! — gritou Kezia, furiosa, mais afetada pelo travesso brilho do olhar de Nik do que estava disposta a admitir. — Não tive outra opção — ele disse, mais sério. — A senhora Jessop teve de ir tratar da mãe dela alguns dias, que também ficou doente. Aparentemente, metade da vila está doente. Projeto Revisoras Traduções

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Apoiou-se contra as costas da cama e esticou os braços por cima da cabeça, o que fez com que a camisa saísse da cintura de sua calça e deixasse expostos os pêlos escuros que desciam em forma de ponta de seta pelo seu abdômen. De repente, o ambiente do quarto se tornou íntimo demais, e Kezia afastou o olhar. Possuída por uma fraqueza que pouco tinha a ver com a sua doença, Kezia fechou os olhos e fingiu um bocejo. — Dorme, pedhaki mou, depois a senhora Jessop vai trazer algo para você comer quando acordar. O médico disse que pegou um vírus particularmente violento — explicou Nik enquanto se encaminhava para a porta. — Ainda vai demorar alguns dias até recuperar as forças. — E o trabalho? — murmurou Kezia, preocupada. — Esta semana você tinha reuniões em Paris. Como tratou disso? — Cancelei. Não há nada tão importante que não possa esperar que esteja recuperada. Kezia assentiu devagar. — Obrigada por cuidar de mim — murmurou fracamente. — Tenho certeza de que me recuperarei depressa. Gostaria de voltar para o meu apartamento esta noite. — Nem pensar — disse Nik com firmeza. — Ficará aqui até que eu veja que está em condições de voltar. E para que não sinta a tentação de me desobedecer, ficarei com isto — tirou do aparador as chaves do carro de Kezia e agitou-as durante um momento no ar, antes de guardar-las no bolso. Depois saiu do quarto. — Está com um aspecto muito melhor do que há vinte e quatro horas atrás — disse a senhora Jessop, quando entrou no quarto de Kezia uma hora mais tarde. — Trouxe algo para comer. Uma omelete... Nada muito pesado — acrescentou enquanto deixava a bandeja no colo de Kezia. Kezia murmurou um agradecimento e o seu rosto se iluminou quando viu que uma figura familiar entrava a trotar pela porta. — Max! Estava tão preocupada com você... — Não entendo por que. Esse cão vive como um rei — disse a senhora Jessop, sorridente. — O senhor Niarchou lhe comprou uma coleira e uma cesta nova, mas o cão fez questão de passar as noites aninhado aos pés da sua cama. — Nesse caso, suponho que ninguém procurou por ele — disse Kezia, incapaz de esconder a sua satisfação. A senhora Jessop se limitou a mexer a cabeça enquanto arranjava a colcha e as mantas. O senhor Niarchou pedira que não dissesse nada sobre Stan Todd, um agricultor conflituoso da zona, que se apresentou exigindo que lhe devolvessem o cão. Assim que o viu, Max fugira e se escondera sob a mesa da cozinha. Finalmente Nik convencera o agricultor, sem grande esforço, para que vendesse o cão. Aquilo fora bastante estranho, pensou a senhora Jessop. Nunca pensara que o senhor Niarchou fosse amante de cães. Mas talvez houvesse outro motivo para a sua mudança de opinião, pensou enquanto observava os delicados traços do rosto de Kezia e os caracóis ruivos do seu cabelo, estendidos na almofada. — Como está agora? — perguntou depois de Kezia ter comido metade da omelete. — Pregou um bom susto, senhorita — Kezia já tinha reparado que estava tratando-a com mais intimidade, algo que não lhe importou nada, sobretudo levando em conta que estava cuidando dela como uma mãe. — O senhor Niarchou teve de chamar o médico duas vezes e passou os últimos dias aqui, com você. Trouxe o seu computador para poder continuar trabalhando enquanto dormia. — Verdade? — murmurou Kezia fracamente. A idéia de Nik ter estado a observá-la enquanto dormia a fez se sentir incomodada e Projeto Revisoras Traduções

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vulnerável. Esperava não ter murmurado seu nome em sonhos, pois ultimamente ele era o protagonista da maioria deles. Ainda se sentia muito cansada e, quando a senhora Jessop saiu, voltou a se aninhar sob as mantas e adormeceu. Já tinha escurecido quando acordou. Alguém acendera a luz da mesa-de-cabeceira e quando se virou na cama, viu Nik sentado no sofá com o computador no colo. —Já está com um aspecto melhor — disse ele — Perdeu aquela palidez doentia. — Obrigada! — Kezia fez uma careta e desejou poder se esconder sob as mantas, convencida de que devia estar com um aspecto terrível. — O mais provável é que ainda vá se sentir fraca durante alguns dias. Esteve muito mal — disse Nik com delicadeza. O vírus atacara Kezia com força, pensou enquanto desligava o computador. O delicado rubor de suas faces parecia muito mais saudável do que a palidez de alguns dias atrás, mas ainda parecia muito frágil. Ficara tão preocupado com ela que até entrara em contato com seus pais na Malásia, para pô-los a par do que estava acontecendo. Mas embora Jean Trevellyn tivesse manifestado sua preocupação, Nik ficara com a impressão de que Kezia e seus pais não mantinham uma relação muito próxima. Sabia que não tinha irmãos e que contava apenas com outro parente na Inglaterra, uma velha tia que vivia num lar de idosos. Não era de se estranhar que fosse tão independente, pensou. Ele não conseguia imaginar o que era estar tão só. Sua numerosa e ruidosa família na Grécia o tirava do sério, mas crescera sabendo que era amado. Duvidava que Kezia desfrutasse da mesma sensação de amor incondicional, e o sentimento de proteção que aquilo despertou nele o surpreendeu. Captara sob o seu susceptível exterior um grande coração e uma natureza inatamente generosa. Era uma mulher que merecia ser amada, e o instinto lhe dizia que seria capaz de devolver esse amor incondicionalmente. "Mas de onde saíra aquele pensamento?", perguntou-se desdenhosamente enquanto levantava para se aproximar da cama. O seu interesse por Kezia era puramente físico. A tensão sexual que havia entre eles não desaparecera ao longo dos três meses que trabalharam juntos. Em vez disso, aumentara até o ponto de passar tempo demais pensando nela. Com seu cabelo ruivo e suas generosas curvas, Kezia Trevellyn não se parecia em nada com as sofisticadas loiras com quem habitualmente saía. E tinha a sensação de que seus lindos olhos verdes só lhe trariam problemas. Eram os olhos de uma bruxa, e ele estava ficando rapidamente enfeitiçado. — Quem é Charlie? — perguntou, enquanto se sentava na beira da cama. — Era o meu noivo — respondeu Kezia, desconcertada. — Porque pergunta? — Ficou dizendo o nome dele em sonhos. Parecia amargurada — acrescentou Nik com suavidade. — Dizem que os nossos sonhos revelam as nossas esperanças e desejos mais íntimos. Talvez no fundo lamente mais a ruptura do seu compromisso do que pensa. — Não lamento, garanto — disse Kezia rapidamente. Não fazia idéia porque sonhara com Charlie, e tremeu ao pensar nas esperanças e desejos que pudesse ter revelado inadvertidamente a Nik enquanto dormia. — Mencionei mais alguém nos meus sonhos? — Não me deu uma lista de ex-namorados, se é isso que a preocupa — disse Nik ironicamente. — Isso é porque não há nenhuma lista. Só Charlie. — Quer dizer que essa foi a sua primeira relação longa? — A minha primeira e última relação. Quando acabamos, decidi que não queria voltar a me comprometer. Não procuro amor, nem compromisso. Gosto demais da minha independência para isso. Projeto Revisoras Traduções

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— E, no entanto sonha com ele. Talvez esteja mais afetada pela ruptura do que pensa. Você o amava? — Sim — Kezia respondeu com sinceridade. — Mas havia motivos suficientes para o nosso casamento falhar. Motivos dolorosos demais para serem revelados, pensou sombriamente. Sua esterilidade era uma tristeza que só partilhara com seus amigos mais próximos. Não havia razão para Nik estar a par dela. — Não consigo acreditar em como me sinto bem — acrescentou animadamente, desesperada por mudar o rumo da conversa. — Gostaria de tomar um banho. Nik olhou para ela especulativamente por alguns segundos. — Se tem certeza de que se sente em condições de fazer isso, pode utilizar o meu banheiro... Mas estarei esperando aqui fora, e não quero que feche com chave. E prometa que, se sentir enjoada, vai me chamar. — É claro — garantiu Kezia com um gesto inocente, embora não tivesse a mínima intenção de fazer isso. A idéia de Nik entrar no banheiro para socorrê-la enquanto estava nua sob a ducha bastou para que a cabeça começasse a girar, mas, por um lado, agradeceu que a ajudasse a se levantar ao lhe passar um braço pela cintura. Ocupava um pequeno quarto adjacente ao quarto em que Nick dormia, e o cruzaram para ir ao banheiro. — Desculpa o caos — ele disse sem o mínimo tom de arrependimento, ao mesmo tempo em que apontava a cama desfeita e a roupa que havia pelo chão. — Não pode dizer que eu seja o homem mais organizado do mundo. A minha mãe insiste que devo procurar uma esposa... Deus me livre! — sua boca se curvou em um sorriso que rasgou a alma de Kezia. — Como você, valorizo muito a minha independência. Nik deslizou o olhar pela camiseta cinza-prateada que Kezia vestia. Ele mesmo a tinha ajudado a vesti-la na noite anterior, quando lhe encontrou novamente ardendo de febre e encharcada de suor, não tivera outro remédio senão voltar a trocá-la. A verdade era que a roupa não parecia particularmente prática, mas era a única coisa limpa que sobrara da roupa que trouxera do seu apartamento. Perguntou-se no que estaria pensando quando a comprou... Ou em quem. Certamente, não parecia desenhada para dormir com ela, pensou com ironia enquanto contemplava a deliciosa plenitude dos seios dela, meios expostos à vista dele pelo generoso decote. Teria comprado para satisfazer o noivo dela? Charlie teria desamarrado alguma vez as tiras daquela camiseta para poder acariciar a cremosa abundância dos seus seios? O desagrado que sentiu com a idéia foi tão intenso que o desconcertou. Nunca em sua vida sentira ciúmes e não tinha motivos para pensar que a ardente e repentina sensação no estômago era outra coisa senão indigestão. Mas aquilo não servia para explicar porque sentia um ódio tão intenso por um homem que nunca conhecera. Kezia começava a se transformar numa complicação que não podia ignorar, pensou enquanto olhava para seus caracóis ruivos. Tinha um corpo que tentaria um santo... Algo que descobrira naqueles dias, enquanto cuidava dela. Durante a doença não fora muito difícil ignorar a tentação que o corpo dela era, mas, agora que estava melhor, suas boas intenções começavam a desaparecer. A experiência lhe ensinara a não misturar trabalho com prazer, mas aquelas circunstâncias não eram normais. Não se lembrava de sentir um desejo tão intenso por nenhuma mulher desde a sua adolescência. Não conseguia olhar para Kezia sem lembrar o que sentira ao beijá-la. "E por que se conter?", pensou enquanto entravam no banheiro. Ela não era imune a ele. Sua apaixonada e inesperada reação quando a beijara demonstrara isso. Inclusive naquele momento notava-se a sua tensão, o ligeiro tremor de sua mão quando afastou uma Projeto Revisoras Traduções

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madeixa de cabelo da testa. — Há toalhas no armário. Chame se precisar de alguma coisa — Nik sorriu enquanto Kezia olhava para ele com os seus deslumbrantes olhos. — A menos que queira que eu fique para ajudar, claro — acrescentou, e desfrutou ao ver o rubor que cobriu as faces dela. — Consigo me arranjar sozinha — respondeu Kezia formalmente. Não havia qualquer dúvida de que não era imune a ele, reparou Nik com satisfação. Tinha as íris dilatadas, os lábios entreabertos, e tinha consciência da intensa química que existia entre eles. Que mal podia haver em permitir que a atração mútua se transformasse numa relação sexual? Ela deixara bem claro que gostava tanto da sua independência como ele. Não procurava compromissos. Podiam se permitir ter uma aventura com a certeza de que nenhum dos dois procurava algo permanente. Na verdade era a situação ideal. Kezia podia ser sua secretária e sua amante. Não teria separações incomodas enquanto estivesse viajando, pois Kezia viajaria sempre com ele como sua secretária, e como amante, também passaria as noites com ele. E quando, no futuro, decidissem que a relação tinha acabado, voltaria a ser apenas sua secretária. Cumpria seu trabalho maravilhosamente e não queria perdê-la... Mas não teria porque perdê-la. Kezia dissera que não procurava amor. Quando sua aventura acabasse, provavelmente continuaria com seu trabalho e não haveria recriminações. Tudo o que tinha de fazer, era convencê-la de que a solução lógica para a intensa atração que existia entre eles era uma aventura. Mas Kezia era diferente das mulheres sofisticadas com quem estava habituado a sair. Era possível que não procurasse amor, mas duvidava que gostasse de desfrutar de encontros sexuais superficiais. Se quisesse Kezia, teria de persuadi-la. Levaria algum tempo, mas iria convencê-la com todos os meios ao seu alcance, dos benefícios de ter uma aventura com ele. Pela conversa que tivera com a mãe dela, suspeitava que Kezia não se divertira muito em sua vida. Iria convidá-la para sair, para jantar. Daria a ela toda a sua atenção até que sua resistência desmoronasse. A porta do banheiro se abriu e Kezia saiu com um passo indeciso rumo ao quarto. O cabelo caía úmido em torno do seu rosto e dava a ela um aspecto particularmente juvenil e vulnerável, e Nik sentiu uma emoção inexplicável. Estava impaciente por fazer amor com ela, mas primeiro tinha de ganhar sua confiança. Há muito tempo que não se esforçava por nada e sorriu com um sensual sentimento de antecipação. Estava convencido de que a espera valeria a pena.

CAPÍTULO 5 Já era tarde quando Kezia saiu com Nik do restaurante e se dirigiram para o carro. O jantar naquele exclusivo hotel de Londres fora de sonho, pensou ao recordar a mousse de chocolate que não pudera resistir. De manhã lamentaria as calorias extras... Tal como as duas taças de champanhe que bebera. Deixou-se provocar por Nik, que provavelmente estaria preparando-a para a bomba que largara depois. — Não quero ir ao cruzeiro — disse pela enésima vez, quando Nik ligou o carro. — Não gosto de navios e enjôo até num bote. — No Atlanta não enjoará — garantiu Nik com calma. — É o orgulho da frota Niarchou. — Continuo sem gostar da idéia de passar três semanas no mar. Tal como não achava graça nenhuma à perspectiva de passar três semanas presa em um navio com Nik e sem possibilidade de escape, pensou desalentada. Há duas semanas que Nik se ocupara de cuidar dela enquanto estava doente e durante esse tempo detectara uma sutil Projeto Revisoras Traduções

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mudança em sua relação. A tensão sexual existente entre eles era cada vez mais evidente e intensa, e já não podia atribuí-la à sua imaginação. Nik a desejava. Tinha consciência do desejo contido, que o seu olhar refletia quando deslizava lentamente pelo corpo dela e parava mais tempo do que devia em seus seios antes de subir para os seus olhos, como se estivesse à procura da resposta para uma pergunta não formulada. Uma pergunta que ocupava a mente de Kezia até praticamente a impedir de pensar noutra coisa. O que ia fazer em relação a óbvia atração que existia entre eles? Ignorá-la parecia a opção mais razoável. Gostaria de poder esconder a cabeça como uma avestruz até que o interesse de Nik por ela desaparecesse... Algo que sem dúvida aconteceria. Ele mesmo admitira que se aborrecia com facilidade das suas relações. Mas sua imaginação não deixava de bombardeá-la com imagens dos seus corpos abraçados, nus, enquanto faziam amor na sua enorme cama... O bom senso a avisava de que Nik só a queria para uma finalidade, e que o fim da aventura deles provavelmente implicaria também no fim do seu trabalho. Não podia continuar trabalhando como secretária dele enquanto a próxima amante passava. Isso iria destruí-la. Depois de sua experiência com Charlie tinha jurado não voltar a se ver numa situação de tanta vulnerabilidade. Não tinha intenção de se apaixonar por Nik, e o instinto de autoproteção a avisava para não se render ao desejo que ardia entre eles. Seria brincar com fogo, e ela não queria se queimar. Vinte minutos depois, Nik estacionava o carro diante do apartamento dela e desligava o motor. Esperaria que o convidasse para tomar café? Antes de jantar tinham assistido a um magnífico espetáculo no London Palladium. Inicialmente assistiriam com alguns clientes de Nik, mas aparentemente surgiu um imprevisto de última hora que os impediu de aparecer. Nik disse então que não havia motivo para que os dois não aproveitassem suas entradas, e lhe dedicou um sorriso tão sedutor que Kezia se limitou a assentir enquanto sentia que as pernas tremiam. Sentada junto a ele na intimidade do camarote, mal fora capaz de se concentrar no espetáculo. Seus sentidos pareciam alerta quando estava junto a ele e tinha captado cada respiração, cada movimento que fazia, até acabar se sentindo aflita e ardendo pela sua proximidade... "Controle-se", disse para si mesma com firmeza enquanto voltava para o presente e soltava seu cinto de segurança. Era uma mulher profissional de vinte e quatro anos, não uma adolescente a mercê de seus hormônios. Poderia controlar a presença de Nik no seu apartamento durante pelo menos meia hora. Além disso, tinham de falar sobre o cruzeiro. Sobretudo, porque não pensava em acompanhá-lo. — Gostaria de subir para um café? — murmurou enquanto abria a porta do carro. — Achei que não fosse perguntar — disse Nik num tom irônico. Max os recebeu aos saltos e mexendo ferozmente a cauda. Felizmente, parecia entender rapidamente os pedidos de Kezia para que não latisse. Estava cada mais difícil tirá-lo e colocálo em casa sem que o porteiro do edifício, que vivia no piso de baixo, o visse, e o futuro de Max era outro problema que Kezia tinha de resolver. Nik dissera que localizara os donos e que descobrira que eles não podiam cuidar do cão. Max era sua responsabilidade... E um dos motivos pelos quais não podia passar três semanas num cruzeiro no Mediterrâneo. — Pode ficar em Otterbourne. Já consultei a senhora Jessop, e ela me garantiu que não se importa de cuidar dele — garantiu Nik quando Kezia argumentou. — Mas não quero deixá-lo tanto tempo — murmurou ela, incapaz de disfarçar sua contrariedade. — Pode se esquecer de mim. — Duvido. Não é fácil esquecer você — disse Nik, num tom tão suave que alertou Kezia. Ele a seguira até a cozinha, espaço que dominava enquanto ela se mexia entre a bancada Projeto Revisoras Traduções

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e a geladeira para tirar o leite. Aquele cruzeiro a bordo do Atlanta estava publicado há semanas no jornal de Nik. A primeira viagem do recém-reformado transatlântico do grupo Niarchou estava sendo promovida como uma oportunidade única na vida, pelo menos para aqueles sortudos que podiam se permitir a isso. Como presidente da companhia, não era de estranhar que Nik tivesse decidido ir ao cruzeiro, mas Kezia não pensara nem por um momento que ele contava que o acompanhasse. — Não seria melhor que eu ficasse para me ocupar dos assuntos do escritório? — perguntou corajosamente. — Não precisa de mim para pegar sol no navio... A menos que as minhas obrigações incluam aplicar o protetor solar em você. — Farei com que acrescentem isso ao seu contrato — disse Nik com um sorriso malandro que fez Kezia corar. — Preciso de você ao meu lado porque se trata de uma viagem de trabalho, não de férias. — Compreendo. O trabalho era algo seguro e enquanto se mantivessem nos papéis de chefe e secretária, poderia se controlar. Temera que Nik pretendesse, já que ainda não tinha encontrado substituta para Tânia, levá-la para a cama dele. Mas sem dúvida nenhuma teria muitas jovens loiras a bordo, dispostas a lhe oferecer seus serviços naquele departamento, reconheceu. — Nesse caso, suponho que será melhor eu me organizar — murmurou contrariada. — O navio parte na semana que vem, o que não me deixa muito tempo para preparar a bagagem. Talvez precise tirar um dia esta semana. — Não há problema. De qualquer modo terá de reorganizar a minha agenda. Vou à Grécia por alguns dias, mas estarei de volta a tempo de me reunir com você no navio quando zarpar para Southampton. Kezia reparou que Nik deixara de sorrir e teve a impressão de que seus pensamentos estavam, de repente, a muitas milhas de distância. — Há algum problema na sua casa? — perguntou com suavidade, consciente de que, fosse para onde fosse ao mundo, o coração de Nik estava na pequena ilha do Egeu onde passara sua infância. — O meu pai está no hospital — Nik bebeu um gole do café e contemplou por um momento sua xícara, como que a ponderar se devia entrar em detalhes. — Quebrou o quadril há alguns meses e não está se recuperando como deveria. Agora está com uma infecção e talvez precise de uma operação. — Sinto muito. Deve estar preocupado com ele — murmurou Kezia ao mesmo tempo em que estendia instintivamente uma mão e a apoiava no seu braço. — Imagino que seja um momento difícil para a família. Nik encolheu os ombros e evitou seu olhar. — Meu pai tem oitenta anos, os ossos frágeis e o coração fraco — admitiu. — Mas diz que pensa continuar por aqui até que eu me decida assentar a cabeça e lhe dar o próximo herdeiro Niarchou... De maneira que ainda vai ter de continuar por aqui muito tempo — brincou. — É o seu único filho, portanto suponho que seus pais desejam que lhes dês um neto — disse Kezia, que não entendia porque sentia que seu coração estava rasgando. — Sobretudo a minha mãe. Está empenhada em que eu perpetue a linhagem Niarchou. Cada vez que vou para casa me apresenta uma seleção de garotas gregas como possíveis candidatas para esposa. — Pobrezinho! — Kezia disfarçava com seu tom sarcástico a repentina vontade que sentia de chorar. Mas quando afastou a mão do braço de Nik, este pegou no seu e enlaçou os dedos com os dela. — Como já sabe, não tenho nenhuma intenção de descobrir os benefícios do casamento. Projeto Revisoras Traduções

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Não neste momento, certamente — o brilho de diversão que havia no olhar de Nik desapareceu enquanto contemplava o rosto de Kezia. — Eu gosto da minha vida tal como é, sem complicações e cheia de possibilidades interessantes. Sem que Kezia se desse conta, Nik se aproximara dela e a encurralara contra a bancada. Tudo o que precisou foi de um pequeno puxão para atraí-la para o seu peito. Kezia sentiu um estremecimento de excitação. — Nik... Não — rogou enquanto contemplava com uma expressão fascinada, como ele inclinava a cabeça para ela. Nervosa, umedeceu os lábios com a língua, e ele semicerrou os olhos. — Não, o quê? Que não faça isto? — Nik tocou os lábios de Kezia com o seus. — Não consigo evitar, pedhaki mou. A primeira vez que a vi, quis logo beijar você até te fazer perder os sentidos. Conhecia você apenas há cinco minutos e já desejava arrancar sua roupa e a possuir ali mesmo. E você também desejava — acrescentou com suavidade, antes de reprimir a negação de Kezia com os seus lábios. Daquela vez o beijo foi mais intenso, mais exigente. Com um suspiro de rendição, Kezia entreabriu os lábios, e a íntima exploração de Nik com sua língua a deixou tremendo. Já não podia negar a evidência, de maneira que o rodeou com os braços pelo pescoço e se entregou totalmente ao beijo. — Não sei como consegui manter as mãos afastadas de você durante tanto tempo — admitiu com voz rouca. — Sobretudo desde que cuidei de você quando estava doente e descobri as sensuais curvas que esconde por trás dessa sua forma de se vestir. Enquanto falava, Nik apoiou uma mão atrás da cabeça de Kezia ao mesmo tempo em que deslizava a outra para seu quadril, para subir com ela pela curva da sua anca até parar na plenitude de um dos seus seios. — Tem um corpo pelo qual valeria à pena morrer — murmurou. Em seguida, deixou um rasto de beijos no seu pescoço até alcançar o vale que havia entre seus seios. Kezia susteve a respiração quando ele começou a lhe acariciar um seio através do tecido do vestido. Queria mais. Queria sentir a mão de Nik na sua pele, e deixou fugir um gemido de prazer quando ele introduziu a mão sob o tecido para acariciá-la. Seu mamilo excitado palpitou quando sentiu o contato dos dedos de Nik. Quando ele retirou a mão sentiuse perdida, e murmurou sua desilusão contra a sua boca. Mas ele sorriu e deslizou novamente a mão para o seu quadril, para fazê-la sentir a poderosa evidência da sua excitação. — Apesar de estar tão desesperado para fazer amor com você, não tenho certeza de que a mesa da sua cozinha seja o lugar ideal — murmurou junto ao ouvido de Kezia. — Tenho certeza de que estaremos muito mais confortáveis no seu quarto. "O que estava fazendo?", Kezia se perguntou de repente, enquanto olhava para ele com uma mistura de perplexidade e vergonha. O desejo que Nik sentia por ela era evidente, e por um momento sentiu a tentação de se deixar levar. Felizmente, seu raciocínio se impôs enquanto tentava assimilar sua resposta desinibida, e se afastou dele com esforço. Nik a observou em silêncio, como um predador à espera do momento adequado para lançar o seu ataque, mas não impediu que se afastasse dele. — Não podemos Nik... Isto foi... — Um erro? — sugeriu com suavidade. — O resultado de champanhe demais? Consegue algo melhor do que isso, pedhaki mou. Ambos sabemos que isto esteve crescendo entre nós, desde que nos conhecemos. Mas concordo — acrescentou com um encolher de ombros. — É cedo demais. Temos tempo de sobra. "Tempo de sobra para quê, exatamente?", ela se perguntou enquanto sentia que o pânico se apoderava dela. Era evidente que Nik assumira que podia fazer o que quisesse com ela, sobretudo depois Projeto Revisoras Traduções

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da maneira como reagiu quando a beijara. Como podia convencê-lo de que não tinha intenção de partilhar a sua cama? Como podia se convencer? — Isto é para você — disse Nik ao mesmo tempo em que tirava um cartão da sua carteira. — Coloquei em seu nome para que possa comprar o que for necessário para o cruzeiro. Kezia olhou para ele por um momento enquanto assimilava as suas palavras. — Posso comprar a minha própria roupa, obrigada — replicou com frieza. — É claro. Mas esta viagem vai requerer roupas e vestidos de estilista, e não tem de suportar os custos — Nik estendeu o cartão para Kezia e franziu a testa ao ver que não pegava nele. — Aproveita. Não são todos os dias que tem a oportunidade de fazer compras na Bond Street. Estou ansioso por ver você com roupas que realcem a sua linda figura. Escolha vestidos que me satisfaçam... De acordo, agapi mou! — Não sou sua amante! — gritou Kezia, ofendida e furiosa. Não entendia grego, mas o sentido das palavras de Nik estava muito claro, tal como seu olhar insolente, que parecia estar despindo-a. Mas o papel que ela tinha em sua vida era meramente profissional, e não estava disposta a permitir que a tratasse como um sultão trataria sua concubina favorita. — Sou sua secretária particular, Nik. Não sua concubina — disse com voz gélida. — Receio que esteja confuso se acha que o que acaba de acontecer é o prelúdio de três semanas de desfrute do mar, do sol e de sexo enquanto estivermos metidos nesse navio. Disse que era uma viagem de trabalho — recordou ao ver que Nik permanecia em silêncio, olhando para ela com cara de espanto. — Acompanharei você como sua secretária particular, mais nada. O meu horário é de nove as cinco, e o fato de estarmos no meio do Mediterrâneo não implica em nenhuma mudança a esse respeito. Não penso em passear por aí com vestidos de estilistas interpretando o papel de sua namorada. Por um momento receou que Nik fosse explodir. Tinha o queixo tão rígido, que parecia prestes a se quebrar. — Preciso recordar a você que o seu horário de trabalho depende do meu critério? — perguntou num tom cortante. — Conto que esteja à minha disposição quando requerer os seus... Serviços — acrescentou, e sua boca curvou-se num desdenhoso sorriso ao ver o rubor que cobriu as faces de Kezia. — Também espero que esteja adequadamente vestida para jantar com a exclusiva clientela que escolhemos para viajar a bordo do navio. Espero que não me decepcione, Kezia. Em seguida atirou o cartão de crédito para cima da mesa e saiu da cozinha sem se virar para olhar para ela. Kezia nunca o tinha visto tão zangado e seu coração batia poderosamente quando o seguiu pelo corredor. Teria o interpretado mal? A verdade era que seu dever consistia em interpretar adequadamente o papel de secretária particular do presidente da companhia, reconheceu com um gemido. A oferta de Nik para que comprasse quantos vestidos precisasse como parte do seu trabalho, não tinha de ser um plano para persuadi-la a ir para a cama com ele. Fora um amável detalhe que tinha lhe atirado na cara. — Desculpa Nik — disse quando ele estava prestes a sair. Nik voltou-se e lhe dedicou um olhar tão desdenhoso, que tremeu. — Acho que me enganei em relação aos motivos que havia por trás da sua oferta. Não pretendia te insultar. — Espero que nunca pretenda! — gritou ele com sarcasmo. — Mas não vejo mal nenhum em admitir sentimentos de desejo sexual, Kezia. Não é nenhum crime. Você é uma mulher muito bonita e me sinto atraído por você... Como acho que você se sente atraída por mim. Somos dois adultos livres e sem compromisso — acrescentou. — Porque não podemos passar a noite juntos? — Me ocorre pelo menos meia dúzia de razões — disse Kezia, tensa. — A primeira, é que Projeto Revisoras Traduções

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não tenho costume de praticar sexo casual. — No entanto, disse que depois da ruptura do seu compromisso não procurou uma relação duradoura. Portanto, como acalma os desejos naturais de uma jovem saudável como você, Kezia? — Não sinto nenhum desejo. Nem físico nem de qualquer outro tipo — murmurou Kezia num tom gélido. Nik inclinou a cabeça para trás e riu. — Agora tenho certeza de que está mentindo, pedhaki mou. A prova disso foi a forma como se mostrou nos meus braços. É a mulher mais receptiva sensualmente que conheci, e sinto verdadeiro interesse em saber por que se empenha tanto em negar a si mesma o prazer sexual. É possível que os seus pais te incutissem uma moralidade estrita demais... — Acrescentou quase para si. — Aprendeu em algum momento enquanto crescia que o sexo era pecado? Não podia acreditar que estivesse tendo aquela conversa, pensou Kezia enquanto lutava contra a voz que lhe dizia que em parte, Nik tinha razão. Porque não era capaz de relaxar e se deixar levar pela corrente? Desejava Nik e ele deixara bem claro que a achava charmosa. Não havia motivo nenhum para que rejeitasse uma noite de paixão com ele... Além do medo de si própria. Mas não tinha a coragem necessária para entregar o seu corpo e continuar a manter o controle do seu coração, pois para ela, ambos estavam indissoluvelmente ligados. — Não meta os meus pais nisto — disse, zangada — Por acaso custa tanto assim compreender que não quero ir para a cama com você? — Ao ver como reage quando está nos meus braços, sim. Kezia conhecia Nik suficientemente bem para não cometer o erro de desafiá-lo, mas não estava preparada para a rapidez dos seus movimentos quando a atraiu com firmeza para o seu peito. Deslizou uma mão até sua nuca para segurá-la e em seguida a beijou. O beijo foi breve e duro, e bastou para que Kezia sentisse as pernas tremerem. Mas Nik se afastou dela imediatamente e a olhou sem esconder o seu desprezo. — Sei exatamente o que quer Kezia, mas não posso te obrigar a ser sincera com você mesma. E na verdade — acrescentou — não me lembro de te ter pedido que seja minha namorada. Talvez devesses esperar que eu sugira antes de me rejeitar. Aquela última frase fez com que Kezia não deixasse de resmungar enquanto se preparava para se deitar. Seu aborrecimento a manteve acordada noite adentro. E a sensação de frustração do seu corpo também não ajudou. Nunca sentira uma frustração sexual tão desesperada, que a fazia se comportar como uma criatura totalmente descarada quando estava nos braços de Nik. Pelo menos aquilo mostrava que seu casamento com Charlie Pemberton teria sido desastroso. Ele foi o seu primeiro amante, mas nunca despertou nela sequer um décimo da paixão que Nik despertava. Com um suspiro, sentou-se na cama e bateu com os punhos nas almofadas para libertar parte da sua frustração. Não procurava amor, lembrou-se enquanto voltava a se deitar. Mas teria a índole necessária para levar o desejo que sentia por Nik à sua conclusão lógica? E seria capaz de não envolver os seus sentimentos nisso?

CAPÍTULO 6 Nik falava que o Atlanta era o orgulho da frota Niarchou e não era para menos, pensou Kezia enquanto olhava em torno do camarote. O navio era espetacular e oferecia alojamento de luxo para três mil passageiros. Entre outras coisas incluía quatro piscinas, vários salões para Projeto Revisoras Traduções

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atuações, diversas salas de jantar e ginásios. E tinha até um campo de golfe. Ao pensar nas verdadeiras dimensões da fortuna de Nik, sentiu um aperto no coração. Vinham de mundos completamente distintos, reconheceu sombriamente, e ela não se encaixava na vida dele. Saiu para a sala que servia o camarote dela e o de Nik, que ainda não chegara a bordo, embora já não pudesse demorar, pois o navio zarparia dentro de uma hora. O coração de Kezia bateu mais depressa perante a perspectiva de voltar a vê-lo. Haviam se falado por telefone várias vezes, mas suas conversas se limitaram a assuntos profissionais. Pela frieza do seu tom, Kezia deduzira que ainda estava furioso com ela, e não tivera coragem para perguntar pelo seu pai. Não havia dúvida nenhuma de que o melhor seria que sua relação se restringisse à de patrão e empregada, pensou, mas não conseguia esquecer como o olhar de Nik se escurecera quando lhe revelou que seu pai estava mal. Preocupava-se mais do que devia com ele, concedeu com um suspiro. Mas, pelo seu próprio bem, era melhor endurecer seu coração. Uma chamada à porta a fez acordar dos seus pensamentos. Ao abrir viu que se tratava de Maria, a empregada que cuidava dos camarotes. — O senhor Niarchou enviou uma mensagem dizendo que lamenta não poder vir hoje para o navio — explicou a amistosa empregada — Pelo visto surgiu um imprevisto, mas irá se reunir com você em Lisboa dentro de dois dias. — Compreendo. Obrigada, Maria — Kezia se obrigou a sorrir para disfarçar sua desilusão. Dois dias pareciam uma vida toda, e reconhecer o quanto desejava vê-lo a assustava. Pelo visto, endurecer seu coração não ia ser assim tão fácil. No que se referia a Nik, seu coração tinha a consistência de um merengue. — O senhor Niarchou também pediu que lhe entregássemos isto — acrescentou Maria, enquanto lhe oferecia um enorme ramo de rosas vermelhas que tinha no braço. — Aproveite a viagem. O ramo era delicioso e Kezia enterrou o rosto nele para inspirar o seu cheiro assim que ficou sozinha. Depois, abriu o envelope que as acompanhava. A nota era breve e ia diretamente à questão. As rosas me lembram você... É um prazer contemplar a sua beleza, mas é espinhoso abraçá-las. Não saia do navio. Nik. Kezia não conseguiu evitar que seus olhos se enchessem de lágrimas. Como ia fazer para passar três semanas presa naquele navio com ele? E como ia ser capaz de viver sem ele? Dois dias depois, o camarote de Kezia cheirava intensamente a rosas, o que lhe oferecia uma lembrança constante do homem que as enviara. Passara o dia muito nervosa, à espera de que Nik chegasse ao navio a qualquer momento, mas ele ainda não dera sinais de vida. O Atlanta deixara para trás a costa de Inglaterra e naquele momento estava atracado no porto de Lisboa. Com um suspiro de frustração, Kezia abriu seu armário e selecionou um vestido de noite. Era um vestido longo, lindo, de cor verde-mar. Por mais que quisesse negar, o escolhera ao pensar em Nik. Também deixara o cabelo solto, algo que sabia que a favorecia. Embora não tivesse vontade de jantar sozinha na mesa do capitão, seu dever como secretária pessoal de Nik era representá-lo na sua ausência. Quando, depois de se maquilar e se perfumar, saiu para a sala de estar, parou de repente Projeto Revisoras Traduções

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ao ver que uma figura familiar se virava da janela. — Nik! Não sabia que... Quando chegou? — Há pouco, mas fui ver o capitão — replicou, e seus olhos não conseguiram esconder o prazer que sentiu ao ver Kezia. Aproximou-se do bar, tirou uma garrafa de champanhe de um balde com gelo e serviu duas taças. Kezia não parecia tão segura de si como queria aparentar, e sentiu isso ao ver como tremia a mão com que pegou na taça. A evidência de que ela ainda se sentia afetada pela sua presença o fez sentir uma intensa satisfação. Não deixara de pensar nela ao longo de toda a semana, mas nada se comparava a vê-la em carne e osso. E que deliciosa carne, pensou. O vestido que usava moldava-se às curvas e aos seios dela, que pareciam se oferecer a ele como pêssegos maduros... "Chega", disse para si mesmo com firmeza ao mesmo tempo em que se afastava dela para controlar seus hormônios. Já se precipitara uma vez com Kezia e não voltaria a cometer o mesmo erro. — Como está o seu pai? — perguntou ela com voz rouca. — Fraco, mas empenhado em que não se note isso — disse Nik com orgulho e evidente afeto — Tem uma vontade indomável. — Estava me perguntando onde você teria ido buscar a sua — disse Kezia, cujo coração bateu mais rápido quando ele se aproximou dela — Fico contente por estar bem. Ficar num hospital não é exatamente divertido... Eu acho — acrescentou rapidamente ao se dar conta do olhar de curiosidade que Nik lhe dirigiu. Não pensava em falar do ano que passara combatendo a leucemia e os efeitos do tratamento. Não havia motivo para que falasse da doença que quase lhe custara a vida, nem do seu legado devastador. Nik pegou-lhe no queixo para levantar seu rosto. — Não se entristeça agapi mou. O meu pai é um lutador e ainda não desistiu. Não sabia que tinha um coração tão sensível — murmurou ao reparar no brilho das lágrimas nos olhos de Kezia. Kezia engoliu com esforço. — Diz isso por causa do meu espinho exterior, não é? — sorriu ao recordar seu bilhete — Obrigada pelas rosas. São lindas. — Foi um prazer. Perdida no seu olhar escuro, Kezia sentiu que se balançava involuntariamente para ele. Esquecera tudo exceto da necessidade de sentir seus lábios nos dela. Quando o tinha tão perto não conseguia pensar com clareza, e todas as barreiras que levantava ao seu redor desmoronavam quando inspirava a delicada fragrância de sua loção pós-barba. Deixou fugir um suave suspiro e entreabriu os lábios num gesto involuntário de convite. — Fique sabendo que o capitão Panos nos convidou para jantar em sua mesa. Não ficaria bem se nos atrasássemos — Nick murmurou e rompeu a tensão sexual que pulsava entre eles. Kezia se afastou dele como o azeite da água. A recusa fora bastante elegante, mas não conseguiu evitar se sentir como se Nik a tivesse esbofeteado. "Mas o que esperava?", pensou com tristeza enquanto o seguia pelos corredores que levavam à sala de jantar. O mais provável era que estivesse farto da sua vulnerabilidade, e ela era a única culpada de não ser capaz de controlar suas emoções relativas a ele. O capitão Panos era um marinheiro grego com trinta anos de experiência, quinze deles trabalhando para a frota Niarchou. Levantou-se ao ver que se aproximavam de sua mesa e, depois de cumprimentar Nik como se fosse um filho que não via há muito tempo, voltou-se para Kezia. — Fico muito contente por voltar a contar com o prazer da sua companhia, senhorita Projeto Revisoras Traduções

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Trevellyn. E também que o seu acompanhante tenha aparecido finalmente — acrescentou enquanto se virava para Nik — Surpreende-me que tenha sido capaz de deixar esta bela dama sozinha durante mais de um dia. Não devia ser tão descuidado, meu amigo — acrescentou brincando. — Isso é algo que tenho intenção de compensar durante o resto da viagem — murmurou Nik. Kezia tentou conter seu rubor enquanto se sentava. Na tarde anterior conhecera vários dos convidados que estavam à mesa com o capitão... Sobretudo o milionário norte-americano Dês Norris. — Então você é Nikos Niarchou — disse Dês ao mesmo tempo em que oferecia sua mão. — Não há dúvida de que o seu navio é magnífico, e garanto que vindo de mim, é um enorme elogio. Exijo o melhor pelo meu dinheiro... Não é verdade, Marlene? Esta é a minha esposa Marlene e aquela a minha filha, Sammy Jo. A filha de Dês era uma jovem muito bonita, com uma expressão de permanente aborrecimento... Expressão que se transformou assim que viu Nik. — Olá! Fico contente por conhecer você, Nik. Espero que não se importe que o trate por você — disse, enquanto ignorava Kezia por completo. O gesto provocante que fez ao agitar seu cabelo loiro platinado, irritou Kezia. A jovem não devia ter mais do que dezessete ou dezoito anos, mas era óbvio que isso não a preocupava. E, aparentemente, a Nik também não, que pareceu desfrutar da atenção que a jovem lhe dedicou durante a refeição. — Está muito calada. Aconteceu alguma coisa? — Murmurou Nik no final, quando Kezia tentava mostrar algum entusiasmo pelo doce que lhes serviam. — Estou bem e não aconteceu nada — replicou ela com frieza — O jantar está delicioso. — Mas não parece particularmente entusiasmada em relação à companhia — disse Nik enquanto olhava para ela com uma expressão divertida. — Apesar do vestido e dos diamantes que pendiam do pescoço dela, acho que Sammy Jo é mais jovem do que aparenta, e não sinto o mínimo interesse por senhoritas mimadas. — Isso não me diz respeito — disse Kezia, que sorriu a Dês Norris ao ver que ia dizer algo. — O que a fez vir neste cruzeiro, Kezia? — perguntou o norte-americano, enquanto se inclinava sobre a mesa e lançava um olhar lascivo para o seu decote. — Uma jovem solteira e com charme como você viajando sozinha... Espera encontrar talvez um pouco de romance a bordo? — Sou a secretária pessoal do senhor Niarchou e romance é a última prioridade da minha agenda — replicou Kezia com toda a doçura que conseguiu. Sammy Jo não escondeu sua alegria. — Pensei que fossem um casal. Mas assim, suponho que não teria nenhum problema em dançar comigo, Nik — Sammy Jo sorriu enquanto se levantava e pegava na mão de Nik para que fizesse o mesmo, ao mesmo tempo em que dedicava um olhar de completo desinteresse a Kezia. — Não se importa, certo? — Claro que não — Kezia sabia que Nik era cavalheiro demais para envergonhar Sammy Jo ao se negar a dançar com ela, mas não conseguiu evitar que seu estômago se contraísse quando viu como a jovem se insinuava enquanto dançavam. Depois de manifestar suas desculpas aos outros convidados, saiu do salão para tomar um pouco de ar. Pelos olhares de admiração que Nik recebera ao se aproximar da pista, tinha certeza de que não lhe faltariam companheiras de baile. Encaminhava-se para o seu camarote após dar um breve passeio quando uma conhecida figura do passado surgiu de repente, de entre as sombras. Projeto Revisoras Traduções

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— Olá, Kezia! — Charlie! — Kezia ficou muda por alguns segundos devida a comoção. — O que faz aqui? — Trabalho, acredite ou não — Charles Pemberton sorriu de orelha a orelha enquanto se aproximava dela. — Agora dirijo a minha própria agência de viagens... Para o mais elitista mercado de férias, é claro. — Não teria esperado menos de você — replicou Kezia com um sorriso. Charlie possuía um grande encanto e o seu bom humor era difícil de resistir. — Vim verificar pessoalmente o recondicionamento do Atlanta. Eu gosto de experimentar pessoalmente as viagens que vou oferecer aos meus clientes. Não há dúvida de que o grupo Niarchou se superou desta vez — disse sem esconder sua admiração. — Mas já chega de falar de mim. O que me diz de você, Kezia? Vi o seu nome na lista de passageiros e estava decidido a te encontrar, mas fiquei surpreso por ver você sentada na mesa do capitão com Nikos Niarchou. Não me diga que é a sua mais recente conquista... — brincou, incapaz de disfarçar a sua curiosidade. — Claro que não. Sou secretária pessoal dele e esta é uma viagem de trabalho. — Nesse caso, suponho que posso convidar você para tomar alguma coisa sem receio de represálias por parte de um grego de um metro e oitenta — disse Charlie com um sorriso de satisfação. Kezia hesitou. Charlie representava o seu passado, e embora já não a afetasse, ainda era incapaz de pensar no seu rompimento sem alguma tristeza. — Não tenho certeza... Às vezes Nik gosta de trabalhar até tarde. — Parecia estar se divertindo com a loira com quem estava dançando — disse Charlie animadamente. — Suponho que não poderá exigir que lhe dedique cada minuto do seu tempo, não? Não, mas pensava nele a cada minuto que passava, reconheceu Kezia em silêncio. O seu fascínio por Nik começava a roçar a obsessão, e devia acabar com isso se quisesse conservar a sua saúde mental. — Eu adoraria beber alguma coisa com você, Charlie — disse com firmeza — Temos muita conversa para pôr em dia — acrescentou com um sorriso enquanto entravam no bar, onde um pianista tocava uma seleção de conhecidas canções. — Soube que se casou, não foi? — perguntou enquanto ocupavam um banco junto ao bar — Vi uma fotografia sua com Amanda no jornal. Charlie pareceu envergonhado. — Sim, os meus pais ficaram muito satisfeitos. Há anos que são amigos da família de Amanda... — interrompeu-se e ficou repentinamente sério. — Tenho pena que entre nós não tenha funcionado, Kezia. Mas passamos bons tempos juntos, não foi? — Sim. Mas acho que sempre soubemos que não éramos feitos um para o outro, e os seus pais não estavam de acordo com a nossa relação... Sobretudo quando descobriram que eu não podia ter filhos. Fico contente por estar com Amanda — disse sinceramente — Mas não consigo acreditar que não a tenha trazido para o cruzeiro com você. — Só vou até Roma, e lá pegarei um vôo de volta para casa. Amanda não queria viajar com o bebê... — Charlie se interrompeu antes de acrescentar: — Temos um filho de três meses. — Isso é fantástico, Charlie! — Sim — Charlie sorriu incapaz de ocultar seu orgulho paternal. — Tenho algumas fotografias... Mas suponho que você não queira ver — corou e desceu o olhar, consciente de que aquele era um assunto incômodo para Kezia. — Eu adoraria vê-las. Charlie sorriu ao ouvir aquilo e tirou várias fotografias da sua carteira. Kezia sentiu um Projeto Revisoras Traduções

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aperto no coração ao ver a carinha do bebê aparecendo entre as dobras de uma manta, mas conseguiu sorrir quando olhou para Charlie. — É um bebê lindo. Felicidades. Kezia deu um longo gole na sua bebida e agradeceu o ligeiro enjôo que lhe causou. Sentia vontade de chorar, mas conseguiu se conter. Fazer isso não teria mudado nada e provavelmente teria deixado Charlie envergonhado. Alegrava-se por ele, sobretudo ao recordar a pressão a que tinha estado sujeito por parte da sua família. Acabava de agarrar sua bolsa com intenção de voltar para o seu camarote quando uma rouca voz soou nas suas costas. — Então foi aqui que se escondeu. Estava à sua procura — murmurou Nik com suavidade, embora ela captasse o tom de censura em sua voz. — Não vai me apresentar o seu amigo, agapi mou — acrescentou ao mesmo tempo em que apoiava uma mão no seu ombro num gesto descaradamente possessivo. — Apresento a você o senhor Pemberton — disse Kezia com frieza. — Nos conhecemos na universidade. Este é Nikos Niarchou. — É um prazer conhecê-lo, senhor Niarchou — disse Charlie com nervosismo. — O navio é fantástico. Penso em recomendá-lo através da minha agência de viagens. — Fico contente por ouvir isso — disse Nik. — Boa noite, senhor Pemberton. — Sim... Já ia. Fiquei muito feliz em voltar a te ver — acrescentou ao mesmo tempo em que beijava Kezia na face, e em seguida foi embora, com mais precipitação do que dignidade. Kezia voltou-se para Nik assim que Charlie se afastou o suficiente. — É um velho amigo e foi incrivelmente grosseiro com ele. — Não acho que você possa me dar lições de boas maneiras depois de ter saído da mesa do capitão sem dizer uma palavra — replicou Nik com dureza — Faz um bom tempo que estou procurando você pelo navio. — Não tem porque se incomodar. Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim. Não pude dizer que vinha embora porque estava muito ocupado dançando com Sammy Jo — acrescentou Kezia com frieza. — Mas agora voltei para te acompanhar até o camarote. Tem idéia de como está chamando a atenção com esse vestido? — perguntou Nik com aspereza — Os olhos do seu amigo pareciam prestes a saltar das suas órbitas. — Tolice — respondeu Kezia, magoada pelo seu tom — Além disso, ainda não quero ir para o camarote. Gostaria de beber mais alguma coisa — na verdade sua cabeça estava começando a doer, e a única coisa que queria era se refugiar no seu camarote, mas o tom de Nik a impulsionou a desafiá-lo — Não é preciso que fique por minha causa — acrescentou enquanto fazia um gesto ao empregado. — Está testando a minha paciência — avisou Nik — Acho que já consumiu álcool suficiente para uma noite. Sobretudo tendo em conta que quase nunca bebe. — Me apetece viver perigosamente. Kezia sabia que brincava com fogo, mas estava farta de escolher sempre o mais certo na vida. Ver Charlie, e especialmente as fotografias do seu filho, a fez compreender o que perdera. Ela nunca poderia embalar o seu bebê nos braços, e nunca poderia ter a família com que sonhara. "Mas porque não podia se divertir um pouco?", perguntou-se em silêncio enquanto dava um gole no cocktail que o empregado acabava de lhe servir. Teria de viver a vida. Era mais consciente disso que muitos. Porque não aceitar o que Nik estava lhe oferecendo, embora se tratasse apenas de uma breve aventura? Que mal podia haver nisso? — Então Pemberton e você andaram juntos na universidade — murmurou Nik. — Foram Projeto Revisoras Traduções

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amigos ou amantes? — Estivemos comprometidos. Charlie foi o meu noivo... Já havia falado dele — respondeu Kezia — Mas sua família nunca escondeu que estava contra a nossa relação... Por diversos motivos — o mais pertinente dos quais não tinha intenção de revelar. — Foi Pemberton quem cancelou o compromisso? Kezia suspirou. — Já disse que foi uma decisão mútua, mas eu tinha consciência da pressão que ele estava sujeito. Sua família esperava que se casasse com uma aristocrata e foi o que fez. — acrescentou alheia à sombria expressão dos seus olhos quando olhou para Nik. Depois de dar um novo gole em sua bebida e sentir que o bar parecia rodar ligeiramente ao seu redor, teve de reconhecer que pedir uma segunda bebida não fora boa idéia. — Acho que já bebeu o suficiente — Nik disse num tom ligeiramente divertido que irritou Kezia. — Não é o meu guarda-costas — disse após acabar a sua bebida num só gole. — Não, sou o seu incrível patrão paciente e estou prestes a te acompanhar ao seu camarote... Se é que não terei de te carregar nos braços. Kezia teria gostado de sair do bar com passos firmes e sem olhar para trás, mas dadas as circunstâncias, agradeceu contar com o apoio do braço de Nik. O navio parecia inclinado num ângulo peculiar, e o ar fresco da noite fez com que a cabeça dela desse voltas. — Já disse que enjôo nos navios — disse quando finalmente chegaram à suíte. Nik olhou para ela sem ocultar impaciência. — Se sentir-se mal, será pelo que bebeu, portanto não recorra a mim em busca de consolo. Consegue se arrumar para ir para a cama, ou precisa da minha ajuda? Kezia não pensava em responder àquilo, e encaminhou-se para a porta do seu camarote com toda a dignidade que conseguiu... Mas sua dignidade ficou pelo chão quando um dos seus saltos pisou na barra do vestido, fazendo-a cambalear. — Consegue esgotar a paciência de um santo — Nik murmurou enquanto a pegava nos braços. O repentino contato com o seu corpo foi demais para Kezia. Sentiu o calor da sua pele emanado através da camisa e viu os pêlos escuros que apareciam pelo colarinho desta. — Me deixa no chão. Posso me vestir sozinha — disse enquanto se torcia entre os seus braços, consciente de que aquele era um terreno perigoso. — Já percebi — Nik disse com ironia enquanto entrava no camarote e a deixava na cama. — Vou tirar seus sapatos. Assim terá mais probabilidades de ficar em pé. O toque das suas mãos nos tornozelos de Kezia enquanto lhe tirava os sapatos bastou para fazer com que estremecesse de desejo. — Nik... — murmurou. Ele suspirou. — Bebeu um pouco a mais, agapi mou. Irá se sentir melhor de manhã. — Não estou bêbada — disse ela solenemente — Sei o que quero. — E o que quer? — Quero que me beije — respondeu Kezia com simplicidade. Era a verdade e não fazia sentido negar. Viu um brilho de calor no olhar de Nik, mas este fechou os olhos por um momento para ocultar suas emoções. Kezia levantou uma mão para lhe acariciar o rosto. — Você é tão bonito... Nik sorriu. — Não sei quem vai odiar mais de manhã, se a você ou a mim — disse com suavidade — Mas, infelizmente, a minha vontade de resistir é praticamente inexistente. Projeto Revisoras Traduções

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Sentou-se na cama junto a ela, pegou-lhe no queixo e inclinou lentamente a cabeça. Quando os seus lábios se encontraram, Kezia deixou fugir um grave murmúrio de aprovação ao mesmo tempo em que entreabria os lábios e tremia de prazer quando Nik a penetrou com sua língua. Ali era onde devia estar, aceitou em silêncio. Quando estava nos braços de Nik esquecia o passado e não temia o futuro. A única coisa que lhe importava era o presente e aproximou seu corpo do dele, enquanto desejava sentir, o quanto antes, o contato das suas peles nuas. Mas, de repente, Nik deu o beijo por concluído e se afastou dela. — Toma, veste isto — disse ao mesmo tempo em que lhe entregava a camisa de dormir. Kezia olhou para ele, confusa. — Mas eu pensava... Quero que fique... — murmurou ao ver que Nik se levantava da cama. Teria interpretado mal o calor do seu olhar? Sua rendição ofegante teria despertado o desprezo de Nik em vez do seu desejo? — É evidente que cometi um erro — disse, ao desejar que Nik deixasse de olhar para ela com uma expressão muito parecida com compaixão. A última coisa que queria era que sentisse pena dela! — Não, não se enganou sobre o desejo que sinto por você, Kezia, mas este não é o melhor momento. Quando eu fizer amor com você será porque realmente quer e não por ter o julgamento turvo pelo álcool — disse Nik com sinceridade, embora sem deixar de sorrir, para suavizar a dor que a sua recusa pudesse provocar em Kezia. — Receio que tenha orgulho demais para ser o prêmio de consolação. — Não é... Um prêmio de consolação por quê? — Kezia perguntou, apesar da vergonha que sentia. — Em vez do seu amante inglês, Charles Pemberton. Vi a tristeza que havia nos seus olhos quando os encontrei no bar, agapi mou, o seu pesar pelo que poderia ter acontecido. Mas o seu noivo escolheu se casar com outra, e até que aceite o passado, nós não podemos ter futuro nenhum. E agora tenta dormir um pouco — acrescentou ao ver que Kezia permanecia sentada na cama, agarrando a camisa de dormir contra o seu peito como se fosse um salvavidas. Enquanto saía do camarote se perguntou se ela teria idéia de como era vulnerável e sensual. Mas, apesar da incômoda evidência do seu desejo, que o fez caminhar com certa dificuldade, negava-se a se aproveitar dela naquele estado de ligeira embriaguez e intensa emotividade. Resmungou um impropério e foi ao bar servir-se de um copo de conhaque antes de ir tomar banho.

CAPÍTULO 7 Quando acordou na manhã seguinte, Kezia permaneceu algum tempo quieta contemplando os raios de sol que entravam pela janela. Porém, um instante depois, quando recuperou a memória, gemeu e enterrou o rosto nas almofadas. Teria sido um pesadelo ou teria acontecido o pior na noite anterior? A visão do seu vestido no chão, onde o deixara cair, era prova suficiente, se é que era preciso alguma, do fiasco da noite anterior. O que fizera? A resposta era insuportável demais para pensar nela. Fizera um papel ridículo. E embora fosse tentador atribuir o seu comportamento à bebida, a verdade era que estivera completamente consciente das suas ações. Praticamente tinha implorado a Nik que a beijasse, e quando este cedeu, ela reagira de tal forma que devia ter ficado bem claro que Projeto Revisoras Traduções

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queria que fosse para a cama com ela. "E porque Nik não aproveitara o convite dela?", perguntou-se, magoada. Ele a rejeitara com delicadeza e mencionara algo sobre os seus sentimentos por Charlie, mas de qualquer modo fora uma recusa e não iria ter coragem suficiente para voltar a olhá-lo, cara a cara. Estava se penteando após tomar um banho quando Nik chamou à sua porta. — São quase nove horas — disse do outro lado — Temos de pôr em dia diversos trabalhos. Seu tom era o habitual quando trabalhavam e, por uma vez, Kezia quase agradeceu sua impaciência. Vestiu rapidamente uma blusa branca e uma saia azul-marinho, prendeu o cabelo num coque alto, respirou fundo e saiu do camarote. — Pedi o café da manhã — disse Nik, sem afastar o olhar do computador em que estava trabalhando — O café está quente. Sirva-se. Abrira a porta da varanda, e Kezia inspirou profundamente o ar fresco que entrava por ela. Quando reparou que Nik estava olhando para ela, corou. — Dormiu bem? — perguntou ele. — Sim, obrigada. Nik contemplou as olheiras de Kezia por alguns segundos com uma expressão cética e depois voltou a olhar para a tela do computador. Perguntou-se o que aconteceria se a levantasse, a apertasse entre seus braços e a beijasse com toda a frustração que o mantivera acordado até de madrugada. Provavelmente despejaria o café na sua cabeça, pensou com ironia enquanto se obrigava a se concentrar no complicado relatório em que estava trabalhando. Dedicaram as horas seguintes completamente ao trabalho. Kezia agradeceu por se encontrar novamente em território conhecido, onde as conversas com Nik se cingiam ao trabalho, e foi relaxando a pouco e pouco, até o ponto em que deixou de desejar morrer de vergonha cada vez que se olhavam. Quando finalmente fez uma pausa, surpreendeu-se ao saber que a hora do almoço já tinha passado, e deixou Nik numa conferência enquanto saía para a varanda particular da suíte. O navio se encaminhava para a costa de Gibraltar e o mar brilhava sob um sol radiante. Aquilo não parecia em nada com o céu quase sempre nublado da sua terra, pensou enquanto levantava o rosto para o sol. Não havia dúvida de que trabalhar para Nik era fantástico... E seria ainda mais se conseguisse controlar seus sentimentos por ele. — Gostaria de almoçar pizza? Kezia ficou tensa ao ver que Nik aparecia de repente ao seu lado e afastou o olhar. — Se quiser comer no exterior, há uma pizzaria na piscina — acrescentou Nik. — Parece uma boa idéia — disse Kezia, que teve de fazer um esforço para sorrir. — Acho que detectei certa frieza no seu tom — disse Nik, divertido. — E o que esperava? — replicou Kezia, incomodada. — Ontem fiz um papel completamente ridículo. — Não seja tão dura com você mesma agapi mou. Todo mundo bebe mais do que deve pelo menos uma vez na vida. — Não estava bêbada — disse Kezia com a sua inata sinceridade — Sabia o que estava fazendo. — Fico contente por ouvir isso — murmurou Nik com suavidade ao mesmo tempo em que se punha diante dela e apoiava ambas as mãos no corrimão, impedindo-a de fugir. Seus lábios reclamaram os de Kezia numa carícia que fez com que a cautela desta se apagasse imediatamente. Os seus sentidos despertaram quando inalou seu cheiro sedutor, e perdeu toda a sua capacidade de resistência quando Nik explorou com a língua o contorno dos seus lábios, antes de iniciar uma exploração mais íntima. Mas enquanto o rodeava com os Projeto Revisoras Traduções

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braços pelo pescoço, sua mente lhe recordou que não poderia suportar outra recusa. De algum modo encontrou a força necessária para interromper o beijo, e olhou para ele com uma expressão confusa. — Mas eu pensava que não queria... — Claro que te desejo Kezia. Não acredito que possa ter alguma dúvida sobre o meu desejo — Nik acrescentou ao mesmo tempo em que apoiava as mãos no seu quadril para fazêla sentir a rígida evidência da sua excitação. Em vez de se sentir emocionada, Kezia sentiu uma mistura de ternura e intenso júbilo. Nik não se controlava tanto como queria fazê-la acreditar, e ter consciência disso lhe produziu uma embriagadora sensação de poder feminino. — Então porque me deixou ontem à noite? — sussurrou — Passei a noite me desprezando pela fraqueza que sinto por você — acrescentou, irritada. Franziu a testa ao recordar que Nik lhe dissera que não podia haver futuro para eles enquanto continuasse ligada a Charlie. Ela não imaginava um futuro com Nik que durasse além de alguns meses, pensou sombriamente, alheia à facilidade com que ele podia ler as emoções que o seu rosto refletia. — O meu compromisso com Charlie acabou há dois anos, não estou apaixonada por ele. Somos amigos, mais nada. — Então porque parecia tão triste ontem à noite? — perguntou Nik com aspereza. — Acha que não reparei no desejo do seu olhar quando olhou para ele? Reparo em tudo — murmurou, e pareceu tão surpreendido como Kezia pelo que acabava de dizer. — Não era por Charlie. Só estava recordando os bons tempos que passamos na universidade... — interrompeu-se, incapaz de revelar o verdadeiro motivo da sua dor. — A vida parecia mais simples nessa época. Mas não estou apaixonada por ele — acrescentou com firmeza, e o seu coração bateu com mais força ao ver o sorriso de Nik. — Nesse caso, da próxima vez que vir o senhor Pemberton, me conterei para não analisar os traços do seu rosto — disse ele com ligeireza — E agora, vamos comer alguma coisa. Estou morrendo de fome. Kezia esticou—se na espreguiçadeira. A praia de Nice onde se encontravam não estava muito cheia. No ar se ouviam as gargalhadas das crianças e o som das ondas acariciando a praia. Não era uma má forma de viver, pensou enquanto contemplava o azul do mar. A verdade era que durante a semana anterior trabalhara bastante enquanto o Atlanta passava por Valência, Barcelona e Marselha antes de chegar a Nice. Passara as manhãs trabalhando várias horas com seu computador enquanto Nik dirigia, do navio, o seu império econômico. Mas depois de comer sempre iam relaxar junto à piscina, ou, se o navio estivesse em algum porto, iam explorar as paisagens em terra. Era um estilo de vida que poderia se habituar, pensou enquanto se deitava de barriga para baixo e olhava para o homem deitado junto a ela. Nik em traje de banho era uma visão que não podia se ignorar, e sentiu um calor no estômago enquanto deslizava o olhar pelo seu peito e os pêlos escuros que desapareciam em forma de "V" sob o seu traje de banho. — Está calor demais, agapi mou! O som grave da voz de Nik fez com que Kezia estremecesse sensualmente. Como podia responder àquilo? Estava ardendo! — Você tem a pele muito delicada e deve protegê-la com freqüência — acrescentou Nik. — Quer que espalhe um pouco mais de creme nas costas? — Não! Estou bem — respondeu Kezia imediatamente. Receava a sua reação se Nik voltasse a espalhar o protetor solar pelo seu corpo. — Não é nenhum incômodo — disse ele com seriedade. Projeto Revisoras Traduções

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Kezia tinha certeza de que estava rindo dela, mas como de costume, era impossível saber em que estava pensando. Aquela semana produziu uma transformação na relação deles. Já não podia se enganar ao dizer para si mesma que Nik era simplesmente o seu patrão, agora que aproveitava cada oportunidade que tinha para beijá-la. E ela não se queixava, pensou enquanto recordava o último beijo e a expressão de paixão dificilmente contida de Nik. — Vou me refrescar na água — disse ao mesmo tempo em que se levantava com um salto. Saltar não fora boa idéia reconheceu em silêncio, enquanto seus seios lutavam para fugir dos minúsculos triângulos cor de esmeralda do seu biquíni. No primeiro dia que foram tomar banho e Nik a viu com o seu maiô preto de uma peça, ele a levou a uma das boutiques que havia a bordo e alegou que não podia passear pelas praias da costa azul com o aspecto de uma professora. Ele mesmo selecionou uma dúzia de biquínis de cores variadas, e na discussão que se seguiu sobre quem os pagava, discussão que Nik ganhou, ela se esqueceu de experimentá-los. Algo de que estava profundamente arrependida, pensou enquanto Nik deslizava o olhar para seu quadril e a minúscula calcinha do seu biquíni. — Tem um corpo lindo, Kezia. Porque insistes em cobri-lo? — ele murmurou — Devia desfrutar de ter uma figura tão fabulosa. Eu sei que gostaria de vê-la — acrescentou, e sorriu ao ver a expressão escandalizada de Kezia. — Não quero me queimar — ela respondeu rapidamente, antes de sair correndo para a água. O nível de tensão sexual entre eles era incrível, reconheceu enquanto mergulhava na água. No entanto, Nik não dera nem um passo para levar a relação deles mais adiante. Parecia curiosamente resistente a levá-la para a cama. Talvez estivesse esperando que lhe desse um sinal, um indício, pensou enquanto nadava. Ele não podia pensar que ela ainda gostava do ex-noivo. Ela vira Charlie algumas vezes, mas era impossível que Nik pensasse que ainda sentia algo mais do que amizade por Charlie. Não duvidava de que Nik a desejava e então porque não rodeá-lo com os braços pelo pescoço quando a acompanhasse ao camarote, e sugerir que acalmassem seu mútuo e desesperado desejo em vez de passar outra noite de frustração? Seus pensamentos foram repentinamente interrompidos quando sentiu que alguém a agarrava pelas pernas e a derrubava. Quase imediatamente veio à superfície agitando os braços freneticamente enquanto recordava o famoso filme do tubarão assassino. O predador que nadava junto a ela mostrou os dentes branquíssimos enquanto sorria, sem o mínimo indício de arrependimento. — Parece uma sereia — disse Nik enquanto lhe acariciava o cabelo. — Está dizendo que tenho escamas e calda? O sorriso de Nik ficou mais largo, ao mesmo tempo em que passava uma mão pela cintura dela e a atraía para si. — Sem calda, claro. Nem escamas. A sua pele é como seda. Os seus ombros brilhavam como cobre brunido sob o sol, e Kezia sentiu o toque dos pêlos do seu peito enquanto se agarrava a ele. O movimento da água estava fazendo com que seus corpos se tocassem, o que alterava consideravelmente os seus hormônios. "Viver perigosamente, embora seja só por uma vez", sussurrou uma voz em sua cabeça e, com um rouco murmúrio de capitulação, Kezia deslizou uma mão para trás da cabeça de Nik e o atraiu para si para beijá-lo. Nik esperou por um instante antes de tomar o controle e aprofundar o beijo. O que aquela mulher tinha que o fazia desejar possuí-la? Ao longo dos seus trinta e seis anos de vida tivera incontáveis amantes e valorizava acima de tudo a sua independência, mas durante os Projeto Revisoras Traduções

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últimos dias havia se perguntado com freqüência se algum dia se cansaria do sorriso de Kezia ou do modo como se seus olhos escureciam quando a beijava. Uma onda mais forte do que as outras os apanhou de surpresa e os lançou para a costa. Kezia não teve outro remédio, senão interromper o beijo enquanto inspirava em busca de ar. — Agora, mais do que uma sereia parece um gato escaldado — brincou Nik, e ela respondeu salpicando-o antes de correr para a praia. Nik a alcançou rapidamente e a derrubou sobre a areia à beira da água. — A praia está cheia de famílias — Kezia lhe recordou rapidamente, quando ele se deitou sobre ela. — Já sei, pedhaki mou. Suponho que terei de esperar até mais tarde para dar o seu castigo. O brilho do seu olhar fez com que Kezia estremecesse, porém, em vez de corar, olhou para ele calmamente nos olhos. — Suponho que sim — murmurou, e viu que Nik murmurava uma imprecação antes de se levantar e ajudá-la a fazer o mesmo. — Esta noite quer jantar a bordo? Ou prefere trocar de roupa e descer novamente para conhecer a zona histórica de Nice? Conheço um restaurante de marisco magnífico. — Parece uma boa idéia. Mas se eu continuar a comer assim, vou engordar. — Precisa recuperar os quilos que perdeu quando estava doente. Além disso, eu adoro as suas curvas... E o seu quadril — disse Nik com total franqueza — E o fato dos seus seios estarem empenhados em fugir do seu biquíni. — E de quem é a culpa? — perguntou Kezia, indevidamente corada. — Você que o escolheu. — É verdade, mas paguei o meu erro ao ter de passar a maior parte do dia no mar, para esconder a reação do meu corpo. A confissão de Nik deixou Kezia muda durante toda a viagem de volta ao navio. Kezia contemplou o céu salpicado de estrelas enquanto a lancha avançava para o Atlanta. As luzes que brilhavam na costa foram diminuindo enquanto se afastavam. — Está com frio? — perguntou Nik ao mesmo tempo em que colocava o xale sobre seus ombros. Kezia sorriu. Passaram uma tarde mágica explorando a maravilhosa e colorida arquitetura da parte velha de Nice, antes de irem jantar em um exclusivo restaurante que existia numa das estreitas ruas da cidade. — Sei que organizaram um baile no navio esta noite. Gostaria de ir lá um pouco, ou está cansada? — perguntou Nik com sensual delicadeza. Kezia não estava cansada. De fato, nunca se sentira tão viva em toda a sua vida. — Podemos ir um pouco se quiser — disse repentinamente nervosa. Não era uma virgem sem experiência, recordou-se, irritada. Era uma mulher adulta que tomara a decisão consciente de fazer amor com o homem que, pouco a pouco, a deixava louca de desejo. Porque não conseguia sorrir, lhe dedicar um olhar sedutor como outras mulheres lhe dedicavam com tanta facilidade e sugerir que voltassem diretamente para o camarote? Uma vez no navio, foram ao bar que havia perto da pista de baile improvisada e Nik pediu dois copos de vinho branco. — Quer dançar? — perguntou minutos depois, e sorriu ao perceber a batalha que Kezia travava no seu interior. — Relaxa — murmurou ao mesmo tempo em que passava um braço pela cintura dela para ir para a pista. Assim que começaram a dançar, Kezia relaxou contra o seu peito com um suspiro e fechou sua mente de tudo que não fosse a música, o momento e o homem que roubara o seu coração. Projeto Revisoras Traduções

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Não soube quanto tempo estiveram dançando. Sentia-se satisfeita por estar entre os braços de Nik enquanto a mútua excitação crescia até um nível que só podia ter uma saída. — Estás pronta para irmos? — Nik sussurrou finalmente junto ao seu ouvido. Kezia assentiu sem dizer nada, alheia à vulnerabilidade da sua expressão, que fez com que Nik sentisse o coração se apertar. De algum modo, sem saber como ou quando, se afeiçoara incrivelmente a ela. Como conseguira penetrar suas barreiras até o ponto em que os seus próprios desejos lhe importavam menos do que fazer o que era mais conveniente para ela? Jamais seria capaz de lhe fazer mal conscientemente, pensou enquanto se dirigiam para o camarote. Uma vez na suíte, foi até ao bar e se serviu de uma generosa dose conhaque. — Quer beber alguma coisa? — perguntou. — Não, obrigada. Kezia estava à janela, aparentemente fascinada pelas luzes que delineavam a costa. Estava muito elegante com seu vestido preto e seus saltos altos, mas a rigidez dos seus ombros e a inquietação de suas mãos que não deixavam de brincar com sua bolsa, eram indícios de que não estava tão tranqüila como queria aparentar. Nik esvaziou seu copo de um só gole. Nunca precisou recorrer ao álcool para se libertar, mas também nunca tivera tanta paciência para conquistar uma mulher. Normalmente tinha de tirá-las de cima. Mas queria que a primeira vez que fizesse amor com Kezia fosse perfeita. Ao se aproximar dela reparou que estava tensa. — Gosta de ver as estrelas? — perguntou com suavidade. — Não conheço nada de astronomia, mas, numa noite como esta, o céu parece tão imenso e belo... Não acha? — Você é que me parece bela e deliciosa — disse ele antes de reclamar os lábios de Kezia — Quero fazer amor com você — murmurou contra eles. Queria que Kezia estivesse absolutamente certa do que ia fazer, e seu coração bateu com uma força inusitada quando ela assentiu em silêncio antes de rodeá-lo com os braços pelo pescoço como se nunca fosse soltá-lo.

CAPÍTULO 8 Kezia se perguntou se Nik estaria consciente da sua apreensão. Tremeu com uma sensação mais próxima à dor do que ao prazer. — Tem medo de mim, agapi mou! A ternura do tom de Nik comoveu Kezia, que negou firmemente com a cabeça. — É claro que não — não tinha medo dele. Mas as expectativas dele aterrorizavam-na. Nik tinha muita experiência mundana, estava habituado a mulheres sofisticadas e experientes na cama. No entanto, ela só tivera relações com Charlie, e sabia muito bem que não era nenhuma perita na arte da sedução. — Não sabe quantas vezes me arrependi de não ter seguido o meu primeiro impulso no dia em que nos conhecemos no escritório em Londres — disse Nik de repente — Um minuto depois de ver você desejava deitá-la na mesa, arrancar sua roupa e inundar o seu interior... Kezia ficou momentaneamente boquiaberta. — Já se sentiu assim então? — perguntou, aliviada ao descobrir que ela não fora a única que sentira aquilo — E o que o deteve? — Fazer isso não seria politicamente correto... E, além disso, poderia acabar diante de um juiz por assédio sexual — Nik sorriu ao mesmo tempo em que apertava Kezia entre os seus braços para torná-la consciente da sua excitação. — Além disso, você não estava preparada, Projeto Revisoras Traduções

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agapi mou. — Mas agora estou — murmurou Kezia — Quero que faça amor comigo, Nik. A ternura e sensualidade do beijo que Nik lhe deu em seguida alcançaram totalmente a alma de Kezia, cuja mente se fechou a tudo exceto à necessidade de ser amada por ele. A gravata e o casaco de Nik caíram rapidamente no chão, e Kezia desabotoou imediatamente a camisa para deslizar as mãos pelo seu abdômen. Enquanto ele a beijava no pescoço, ela lutou com o fecho de sua calça. Suas inibições pareciam ter desaparecido por completo por causa da intensidade do seu desejo de sentir Nik em seu interior. — Temos muito tempo — disse ele com um sorriso diante da pressa de Kezia em despilo. Depois de tratar do fecho dele, desceu o do vestido de Kezia e o tirou. Quando a teve perante si apenas com sutiã preto de renda e calcinha combinando, susteve a respiração. E quando lhe tirou o sutiã e pôs as mãos nos seus generosos seios, foi incapaz de conter um gemido antes de inclinar a cabeça para pegar num mamilo com a boca. Kezia tremeu devido ao prazer que sentiu pelo contacto dos lábios de Nik e apoiou as mãos em sua cabeça para retê-lo contra si. Entretanto, Nik não deixou de lhe acariciar todo o corpo com as mãos, até que ela se contorceu entre seus braços ao mesmo tempo em que lhe rogava que não parasse. Com um rouco gemido, Nik a pegou nos braços, entrou em seu camarote e a deitou na cama. Kezia o contemplou enquanto tirava a cueca. Sua pele brilhava como cobre sob a tênue luz que iluminava o camarote, e conteve instintivamente o fôlego quando ficou completamente nu. A evidente tensão e o tamanho do seu membro lhe produziram um instante de pânico, e mordeu o lábio inferior ao imaginá-lo a penetrá-la várias vezes. — Não há pressa, agapi mou. Quero que aproveite realmente — murmurou ele enquanto se deitava junto a ela e a apertava entre os seus braços. Kezia inspirou seu cheiro com fruição e se entreteve mordiscando um dos seus mamilos. — Sabe que vou ter de pagar na mesma moeda — brincou Nik antes de deitá-la de costas e lhe beijar apaixonadamente. Em seguida prestou a mesma atenção a cada um dos seus seios, até que Kezia começou a arquear o quadril por causa da excitação. A barreira de sua calcinha desapareceu num abrir e fechar de olhos, e Nik deslizou a mão até a apoiar nos avermelhados caracóis que cobriam seu púbis. Kezia arqueou o quadril enquanto Nik lhe entreabria o sexo com infinita delicadeza e penetrava lentamente com um dedo em seu úmido calor interior. — Nik! — gritou quando ele a penetrou com um segundo dedo e a obrigou a afastar mais as pernas para continuar a acariciá-la. Era demais. Começava a sentir ondas de sensações se acumulando em seu interior e torceu-se freneticamente sobre o colchão. — Por favor... Vem — sussurrou convencida de que ia morrer se não o sentisse totalmente em seu interior. — Calma doce Kezia — ele murmurou ao mesmo tempo em que se afastava dela. — A menos que queira que isto acabe antes de começar. Ao ouvi-lo, Kezia abriu os olhos e compreendeu porque ele se afastou. Mas aquele não era o momento para explicar que não precisava usar um preservativo, pensou com dor. A única coisa que podia ter certeza naquele momento era que nunca poderia ficar grávida. Nik interpretou mal a repentina tristeza do seu olhar e que se abateu sobre ela. — Se mudou de opinião, diz agora — murmurou. Kezia viu a frustração que seu olhar refletiu e o respeito que estava lhe mostrando. Era decisão dela. Não a forçaria. Enquanto acariciava o forte contorno do seu queixo, sentiu que o seu coração derretia. Projeto Revisoras Traduções

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— Desejo você mais do que já desejei um homem na vida. Faz amor comigo, Nik — pediu, e em seguida puxou a cabeça dele para beijá-lo. Ele murmurou algo em grego enquanto deslizava as mãos sob o seu traseiro e levantava o quadril para apoiar seu membro palpitante contra ela. Kezia se agarrou aos seus ombros e lhe dedicou um olhar ardente quando sentiu que começava a empurrar. Nik a agarrou com calma e a penetrou com deliciosa delicadeza, para depois se afastar e voltar a fazer, cada vez mais profundamente. — Nik! — rogou ela. Precisava de mais, e moveu o quadril para o sentir mais dentro, para que enchesse cada átomo do seu ser. Nik estabeleceu um ritmo tão antigo como o tempo e ela se adaptou facilmente a ele, e deu as boas-vindas a cada empurrão com o quadril levantado. Mas quando ele aumentou o ritmo, perdeu por completo o contato com o que a rodeava e se entregou às sensações que embargavam seu corpo. O prazer começou a crescer mais e mais, a se tornar cada vez mais urgente. Cravou os dedos nas costas de Nik e ficou tensa quando as primeiras ondas de clímax percorreram o seu corpo. Nik continuou a penetrá-la, a diminuir seus movimentos para depois os acelerar pouco a pouco ao mesmo tempo em que intensificava a força e profundidade dos seus empurrões, até que Kezia alcançou o clímax do seu orgasmo e lançou um doce e prolongado grito enquanto estremecia por causa da força da sua libertação. Ao sentir como os músculos do sexo de Kezia se apertavam em torno de sua palpitante ereção, Nik gemeu com um ronco e deu um último e poderoso empurrão antes de libertar a sua quente semente. Depois se deixou cair sobre ela, ofegante. Kezia pensou que deveria se mover. Que devia sair da cama, apanhar as suas roupas, fazer algum comentário corriqueiro e dizer que precisava voltar para o seu camarote para dormir um pouco. Mas não fez nada disso. Seu corpo estava num estado de tal lassidão que foi incapaz de se mover, e as pálpebras pesavam como dois fardos. — Dorme agapi mou — sussurrou Nik junto ao seu ouvido. Kezia suspirou enquanto se aninhava contra ele. Devia manter a compostura, sussurrou uma voz no seu interior. Devia se mostrar serena e desapegada, como se ter feito amor com ele tivesse sido um prazer agradável... E não a experiência mais intensa da sua vida. — Tenho de voltar para o meu camarote — murmurou com esforço. Nik sorriu. — Mas depois teria de ir buscar você quando quisesse voltar a fazer amor — disse, e Kezia sentiu um estremecimento de prazer ao imaginar. — E isso pode acontecer muito em breve — acrescentou — Fica comigo, Kezia. Não quero que vá. Ter dito aquilo foi suficientemente perturbador para mantê-lo acordado até ao amanhecer. Só depois de possuí-la novamente, com ternura além de paixão, conseguiu finalmente adormecer. Kezia abriu os olhos e se contraiu ao sentir fortes dores entre as pernas. Mas não ia se queixar, pensou com um sorriso ao virar a cabeça e ver Nik a olhá-la. — Bom dia, agapi mou — disse ele com suavidade, como fizera em cada uma das quatro manhãs que acordara em sua cama. — Bom dia — respondeu ela, e sentiu que seu corpo revivia quando Nik pegou em sua mão para lhe beijar a ponta dos dedos. Aquele pequeno gesto bastava para que seu sexo se umedecesse, para que seus mamilos se excitassem, pensou desesperada. Nik tinha consciência do efeito que exercia sobre ela, é claro, e os seus lábios se curvaram em um sorriso sensual enquanto observava suas faces coradas. Projeto Revisoras Traduções

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Kezia fez um esforço para conservar seu orgulho, e o beijou brevemente na face antes de apanhar o seu robe com intenção de ir para o banheiro. Mas o repentino brilho de paixão que viu no olhar de Nik a reteve na cama. Ele também não era imune a ela, reparou com crescente satisfação ao deslizar a mão por seu quadril e encontrar a rígida prova da sua excitação. — Deveríamos nos levantar e trabalhar um pouco — disse sem convicção, e a sua tentativa de protesto ficou silenciada sob os lábios de Nik. — A única coisa com que deve se preocupar é dar prazer ao seu senhor — murmurou ao mesmo tempo em que a surpreendia ao fazê-la se sentar sobre ele, o que lhe deu perfeito acesso aos seus seios — Maravilhosos — acrescentou enquanto levantava a cabeça para beijar um mamilo. Kezia deitou a cabeça para trás e deixou que a acariciasse até que o prazer que estava sentindo a fez estremecer e apertar instintivamente o quadril contra ele. Pensara que Nik a deitaria na cama antes de penetrá-la, mas a surpreendeu levantando-a pelo quadril para depois a deixar cair lentamente sobre o seu sexo, que a invadiu deixando-a sem fôlego. Era a primeira vez que ela controlava a situação e sua incerteza desapareceu rapidamente quando o instinto se apropriou dela, e estabeleceu um ritmo de movimentos de subida e descida que fez com que Nik tivesse de apertar os dentes para se controlar. Só se permitiu perder o controle quando sentiu que os músculos do sexo de Kezia se contraíam em torno dele, ao mesmo tempo em que pronunciava o seu nome enquanto chegavam às primeiras ondas do seu orgasmo. Com um rouco gemido, deitou-a de costas sobre a cama e a penetrou várias vezes com força até que não conseguiu se conter nem mais um segundo. — O que gostarias de fazer hoje? — perguntou preguiçosamente alguns minutos depois, enquanto a apertava entre os seus braços. — Tenho uma reunião com o capitão Panos no fim da manhã, mas poderíamos ficar para comer. — Não tem nenhum trabalho para eu fazer? — perguntou Kezia, séria. — Não fiz nada nestes últimos dias. — Não há nada urgente na agenda — Nik garantiu com um sorriso ao ver que franzia o sobrolho — Pode fazer o que quiser, agapi mou. — Nesse caso, talvez eu vá a terra fazer umas compras. Prometi a Anna que levaria uma lembrança de todos os lugares em que parássemos. — Está bem. Nesse caso, aproveita para escolher alguma roupa de bebê. Nik estava a entrar no banheiro quando disse aquilo e por isso não viu a expressão emocionada de Kezia. Do que estava falando? Tinha usado proteção sempre que haviam feito amor e ela ainda não decidira lhe explicar que era impossível ficar grávida. — Acho que é um pouco prematuro se preocupar com isso — murmurou. Nik voltou com um sorriso. — É para o bebê da minha irmã. Silviana é a minha irmã mais nova. Faz um mês que deu à luz ao seu primeiro bebê, uma menina. O que aconteceu? — perguntou repentinamente preocupado — Ficou pálida como um fantasma. — Estou bem. O que aconteceu foi que me levantei depressa demais — Kezia mentiu — Ultimamente costumo passar o dia deitada — tentou brincar — Mas não entendo nada de roupa de bebês... Nem de bebês vestidos. — Não são alienígenas de outro planeta — Nik disse com uma expressão repentinamente especulativa. — A maioria das mulheres gostaria de ficar andando em uma loja de roupas de bebês. Sei que a sua profissão é muito importante para você, porém, se for parecida em alguma coisa com as minhas irmãs, daqui a alguns anos vai começar a sentir que o seu instinto maternal está despertando. — Não acredito — disse Kezia, séria. — A maternidade não é para mim, Nik. Garanto Projeto Revisoras Traduções

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isso. Em seguida virou sobre si mesma com toda a calma que conseguiu e se encaminhou para o seu camarote, antes que Nik pudesse ver suas lágrimas. Nik a contemplou com o sobrolho franzido. Não conseguia entender porque suas palavras a afetaram tanto... E o seu humor não melhorou quando se cortou ao barbear-se. Nik não estava na suíte quando Kezia regressou ao navio algumas horas depois, mas só precisou inspirar a fragrância do seu perfume por um instante para se excitar. Fazer amor com ele estava se tornando um vício que teria de romper muito em breve. Provavelmente, quando acabasse a viagem. Pensar que tudo ia acabar fazia com que seu coração se despedaçasse, mas o orgulho ditava que devia terminar com a relação, tanto de amante como de empregada, quando regressassem a Inglaterra. Não suportaria esperar que se cansasse dela e ver que uma estonteante loira a substituiria em sua cama. Perguntou-se com cinismo se, como sua secretária, Nik esperaria que comprasse as suas próprias flores e algumas quinquilharias adequadamente caras como despedida. Mas Nik a respeitava demais para fazer algo do gênero, recordou-se com impaciência. Além disso, já deixara bem claro, desde o começo, que não estava interessado em compromissos a longo prazo... Um sentimento que havia dito que partilhava. Infelizmente, o seu estúpido coração parecia ter vontade própria e se entregara totalmente e irrevogavelmente a um homem cuja família desejava que tivesse um herdeiro. Era a história se repetindo, pensou com tristeza ao recordar seu compromisso com Charlie e o motivo pelo qual haviam terminado. Então prometeu que não voltaria a ficar na mesma situação, e este era o motivo que diria a Nik para que tudo acabasse assim que o navio atracasse em Southampton. Uma chamada à porta a fez sair dos seus pensamentos sombrios e foi rapidamente abrir. — Charlie! Pensei que regressaria hoje para casa. Quer entrar? — perguntou educadamente, embora preferisse continuar sozinha. — O vôo só parte à tarde, mas vou passar o dia em Roma e não queria ir sem me despedir — disse Charlie enquanto reparava nas olheiras de Kezia. — Está bem? Parece desanimada — depois de um momento de dúvida, acrescentou: — É por causa de Niarchou? Não pude deixar de reparar que são algo mais do que patrão e secretária, mas receio que esse homem esteja fora do seu alcance, Kez. — E você o que sabe? Faz dois anos que você e eu acabamos, e neste tempo mudei muito. Sou mais forte do que julga — acrescentou com aspereza. — Posso controlar Nik. — Espero que sim, porque parece que continua sendo a jovem doce e encantadora que conheci... E eu não gostaria de te ver sofrer. — Suponho que esta se referindo que não gostaria de me ver sofrer pela segunda vez, não é? — replicou Kezia num tom mordaz, e se arrependeu imediatamente ao ver que Charlie corava. — Desculpa. Não deveria ter vindo aqui — disse, incomodado — E, como me fez ver, sou a pessoa menos indicada para lhe dar conselhos sobre a sua vida amorosa. Quando se virou para se afastar, Kezia o reteve pelo braço. — Sou eu quem deve se desculpar. Tenho muitas coisas na cabeça neste momento — admitiu —Mas fico contente por ter vindo, porque tenho um presente para o seu bebê — foi até a mesa e pegou um pequeno traje de marinheiro — Parece grande, mas suponho que o bebê crescerá. Não tenho muita experiência em comprar roupas para bebês. — Kez! Não sei o que dizer — Charlie sorriu ardentemente enquanto pegava no pequeno traje. — Muito obrigado. Tenho pena de... Tudo — encolheu os ombros com um gesto de impotência — Bem que as coisas poderiam ser diferentes para você. — Mas não são. Não posso ter filhos, mas há muitas pessoas com problemas mais graves Projeto Revisoras Traduções

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que este — Kezia sorriu com todo o ânimo que conseguiu e Charlie passou um braço por seus ombros. — Você é uma pessoa maravilhosa, Kezia... Tanto por fora como por dentro — disse Charlie com delicadeza. — Cuide-se — seu beijo foi uma leve carícia na face de Kezia, mas um inesperado som na porta chamou a atenção desta, que se afastou imediatamente ao se deparar com o olhar furioso de Nik. — Charlie passou para se despedir. Vai embora hoje — explicou, e se sentiu envergonhada ao captar o evidente desprezo com que Nik a olhava. — Comprei um presente para o bebê dele — acrescentou. Nik a ignorou. — Nesse caso, suponho que já é hora de ir, senhor Pemberton — disse num tom que fez com que Charlie recuasse rapidamente para a porta — Não vai querer perder o seu vôo. — Parece ter criado um hábito de ser grosseiro com os meus amigos — disse Kezia assim que Charlie foi embora. — Só deste amigo, em cujos braços a encontrei sempre que os vi juntos. Acho que isso desculpa a minha má educação, não acha? — perguntou Nik enquanto abria a geladeira para tirar uma cerveja. — Não, não acho. Mesmo que tivesse me encontrado rebolando para ele no tapete, não teria tido o direito de falar assim — disse Kezia — Queria uma relação sem compromissos, lembra? Não pode mudar as regras quando te convém. Nik tentou conter seu aborrecimento. Mas o fato de saber que não tinha razões para sentir ciúmes de Pemberton só servia para aumentar a sua irritação. — Sempre teve traumas em relação à idéia de compromisso, ou é o resultado da ruptura com o seu ex-noivo? — perguntou enquanto entrava no seu camarote. Kezia o seguiu. — Traumas, eu? É engraçado ouvir isso da boca de um homem incapaz de manter relações por mais do que uma ou duas semanas — o aborrecimento de Kezia diminuiu consideravelmente ao ver que Nik desabotoava a camisa — Já disse que Charlie é só um amigo. Admito que fiquei desanimada durante algum tempo quando terminamos, mas compreendi os motivos, e há muito tempo que os superei. — Quais foram os motivos? — Nik perguntou enquanto tirava a camisa e desabotoava o botão da calça. — Tem algum vício obscuro que ainda não descobri? — Não...! — Kezia se interrompeu, corada. Aquele era o momento ideal para revelar a Nik o seu segredo, para lhe falar da doença que sofrera e das suas conseqüências — Já expliquei isso. Os pais dele achavam que eu não era a mulher certa para ele — frenética por mudar de assunto, e ao ver que Nik tirava a calça, acrescentou — Não podemos resolver todas as nossas discussões com sexo. — Não tinha intenção de fazer isso. Só estava mudando de roupa. Kezia ansiou por um buraco para se esconder. — Claro... Enganei-me. Nik a deixou sofrer por alguns segundos antes de se aproximar dela. Ao ver que tentava se afastar, reteve-a ao passar uma mão em torno da sua cintura. — A idéia de ver você rebolar no tapete me pareceu muito boa. Importa-se de fazer uma demonstração? Kezia mordeu o lábio, sem saber se devia sair correndo para se esconder ou apoiar a cabeça no peito de Nik. — Só faço em ocasiões especiais, não é nada confortável — disse com toda a seriedade, e viu que Nik sorria antes de beijá-la. — Nesse caso terá de ser na cama — ele murmurou com aparente pesar contra os seus Projeto Revisoras Traduções

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lábios antes de deitá-la na cama. Aquilo não podia continuar, pensou Kezia fracamente enquanto deixava que ele começasse a despi-la. Não podia passar a vida como uma parceira de sexo, incapaz de resistir a Nik. Mas a idéia de viver sem ele era insuportável. Ainda faltava uma semana para que voltassem para Inglaterra, e esperava que fosse o suficiente para libertar o seu coração da rede de seda em que Nik o prendera.

CAPÍTULO 9 A baía de Nápoles, com sua água azul cintilante e o Monte Vesúvio no horizonte, era uma vista impressionante. Kezia se apaixonara pela cidade colorida enquanto passeava com Nik pelas ruas estreitas. Mas o calor intenso a deixara sem energia, e no meio da tarde decidiram voltar para o navio. Já estavam perto do porto quando um dos inumeráveis ciclomotores que circulavam pela cidade parou a alguns metros deles. — Signorina! — chamou um dos homens do ciclomotor. Kezia virou-se e o brilho de um flash a deixou momentaneamente cega. — O que...? Porque é que...? — perguntou desconcertada enquanto a moto passava a toda velocidade junto a ela e a sobressaltava. — Malditos paparazzi — resmungou Nik. — Está bem, agapi mou — Sim. Mas porque tiraram fotografias de nós dois? A expressão de Nik endureceu e se tornou repentinamente distante quando olhou para Kezia. — O novo navio do grupo Niarchou atraiu a atenção da imprensa — explicou, sem acrescentar que, como presidente da companhia, ele também atraía o interesse dos meios de comunicação. — Mas o melhor que pode fazer é ignorá-los — acrescentou ao ver sua expressão preocupada. — Provavelmente estão tirando fotografias apenas do Atlanta e querem acompanhá-las com outras de alguns turistas. Kezia assentiu, mas não conseguiu evitar se sentir menos à vontade enquanto almoçavam num agradável restaurante próximo do porto. Quando retornaram ao navio para passar o resto da tarde, praticamente haviam esquecido o incidente. Nik parecia um pouco distraído, mas naquela noite fez amor com tal atenção e delicadeza, que nada importou exceto saciar a sua desesperada necessidade de estar com ele. Nik podia se transformar facilmente na sua razão de viver, pensou com sono enquanto as últimas ondas do seu orgasmo a deixavam totalmente relaxada sob o poderoso corpo dele. Quando ia se afastar dela, o rodeou com os braços pelo pescoço para continuar desfrutando por mais um momento da agradável sensação do seu peso. — Sou pesado demais para você, agapi mou. Terá de me soltar para que eu saia antes de te fazer mal. A verdade daquela última frase fez com que o coração de Kezia se apertasse, e o beijou com um ardor que deixou ambos emocionados. Murmurando algo em grego, Nik deitou-se ao seu lado e a apertou entre os seus braços, um momento antes de ambos adormecerem esgotados. Passaram os dois dias que se seguiram no mar, enquanto o Atlanta se dirigia para Atenas. Kezia desejava conhecer a terra natal de Nik, que prometera lhe mostrar a Acrópole naquela Projeto Revisoras Traduções

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manhã. Mas quando se virou para lhe dar bom dia, encontrou a cama vazia. Ergueu-se imediatamente. Era a primeira vez que acordava sozinha desde que partilhava o seu quarto, e ficou desconcertada pela sua própria reação. Sentiu-se como se uma nuvem preta acabasse de tapar o sol e que toda a alegria se apagasse de repente da sua vida. Algumas vozes procedentes da sala de estar chamaram a sua atenção e vestiu o robe para sair. Pelo tom de sua voz, Nik parecia particularmente furioso, e perguntou-se com quem estaria gritando pelo telefone. Quando saiu, o encontrou vestido e acompanhado por um homem mais velho, que a olhou com curiosidade quando saiu do camarote. — O que aconteceu? — perguntou, e ouviu que Nik suspirava pesadamente ao mesmo tempo em que se virava para olhar pela janela. — Algum dia terá de vê-las, portanto suponho que quanto antes, melhor — disse antes de se virar novamente para lhe entregar um jornal. Kezia ficou branca ao ver a fotografia da primeira página. —Meu Deus! Seu primeiro pensamento foi que parecia enorme. A fotografia foi tirada de perto, de tão perto, que a lente da câmera parecia estar praticamente dentro do seu biquíni e gemeu ao ver seus seios fugindo dos minúsculos triângulos deste. Não tinha certeza de onde teriam tirado... Provavelmente em Nice, supôs enquanto contemplava a imagem de Nik e dela pulando entre as ondas. Tentou ler o que estava por baixo, mas estava em grego. — O que diz na legenda da fotografia? — perguntou. Nik pegou no jornal e leu em voz alta. — “Mãos à obra! O presidente da Niarchou fica íntimo da sua secretária!” — traduziu sem o mínimo indício de diversão — Há outras. Kezia olhou para os jornais que havia sobre a mesa com as mãos trêmulas. Embora as fotografias aparecessem em quase toda a imprensa européia, apareciam na primeira página apenas nos jornais gregos. — Também não é o fim do mundo — se aventurou a dizer quando não conseguiu agüentar o silêncio que reinava por mais tempo — São só algumas fotografias. — A companhia perdeu vários milhões na bolsa desde que a sessão abriu esta manhã — Nik disse com frieza — Os acionistas não acharam graça em ver o presidente da companhia ostentando sua namorada no casco do navio que é insígnia da empresa... Sobretudo quando essa namorada também representa a companhia. — Compreendo — disse Kezia, que ficara pálida perante a aspereza do seu tom. — Mas o que podemos fazer agora que as fotografias já foram publicadas? — sabia que Nik estava zangado, mas a idéia de que estivesse culpando-a pelo sucedido era insuportável. — O mais importante é iniciar um plano de contenção de danos imediato. Este é Christos Dimitrou, um dos principais advogados do grupo Niarchou — Nik indicou o homem mais velho, que até então permanecera em silêncio. Kezia agarrou as lapelas do seu robe e apertou a mão do sério advogado. — Christos está procurando uma maneira de evitar que se publiquem mais fotografias — continuou Nik — Enquanto isso, nós vamos deixar o navio o mais rápido possível. — Vou fazer as malas — disse Kezia imediatamente alegrando-se ter uma desculpa para sair dali. — A empregada já está fazendo isso — disse Nik — Vai se vestir. O helicóptero chegará daqui a vinte minutos. — Vamos diretamente para Inglaterra? — a idéia de deixar a segurança do navio, onde havia encontrado seu paraíso particular entre os braços de Nik, a aterrorizava. "Como ia sobreviver sem ele?", perguntou-se, desesperada. Nik era o amor da sua vida, Projeto Revisoras Traduções

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mas não podia regressar a Otterbourne com ele como sua secretária e amante temporária. Nik ficou com o queixo tenso ao ver a expressão de tristeza e vergonha de Kezia. Era uma sorte que não conseguisse entender a maioria dos artigos da imprensa que sugeriam que não era mais do que uma suposta secretária que estava lucrando por se deitar com seu patrão. Era uma insinuação repugnante e ele apertou os punhos pela impotência, antes de ocultar rapidamente o jornal inglês sob a cama. Assim que tivesse um momento o faria desaparecer. — Não vamos para Inglaterra — respondeu. — A minha família possui uma ilha particular no Egeu. O helicóptero nos levará a Zathos, onde estaremos fora do alcance dos meios de comunicação. — Mas... E a sua família? Estará lá? — perguntou Kezia com cautela. — É claro. Estão ansiosos para te conhecer. — Oh, vamos! — Kezia riu com amargura. — E como pensa em me apresentar? Como sua secretária ou como sua meretriz? Ou vai contar a eles que agora ocupo ambos os cargos? Embora o segundo seja só temporário, é claro — acrescentou irritada. — Os meus pais estão tão consternados como eu pelo fato da nossa relação ter sido publicada na imprensa — respondeu Nik. Mas Kezia ignorou o brilho de advertência dos seus olhos e lhe lançou um olhar de desafio. A única coisa que ficava era o orgulho, e pensava em se agarrar a ele. — Não temos uma relação — lembrou-lhe — Está sempre dizendo que os seus pais querem que encontre uma jovem grega para se casar. Não pode aparecer na sua casa com a sua secretária só porque anda dormindo com ela atualmente. — Se não é uma relação, como descreveria o que partilhamos Kezia? — perguntou Nik com perigosa suavidade — Se acha que é só sexo... — deu uma olhadela em seu relógio —... Poderíamos aproveitar os quinze minutos que faltam para o helicóptero chegar e desfrutar de uma última sessão. — Nik! Sua crueldade foi quase tão desconcertante como a sugestão de que partilhavam algo mais do que sexo, e a confusão de Kezia foi evidente quando olhou para ele. Não podiam estar tendo aquela conversa, sobretudo diante daquele advogado grego. Não sabia se o senhor Dimitrou entendia inglês, mas ela não conseguia ignorar a sua presença. — Pensa cuidadosamente na sua resposta — disse Nik, surpreendendo-a ao passar uma mão em torno da sua cintura para apertá-la contra o seu peito. — Não sei o que quer de mim — sussurrou Kezia. Quando se tornaram amantes estabeleceu que tudo o que Nik lhe oferecia era uma aventura temporária, e se habituara à idéia de uma inevitável separação. Mas, aparentemente, Nik esperava prolongar a relação deles... Mas para quê? Não havia futuro para eles... Sobretudo porque Nik precisava de um herdeiro. Nik sentiu seu coração se apertar ao ver o brilho das lágrimas nos olhos de Kezia. Surpreendeu-se com o apego emocional que sentia por ela. A princípio pensara que se conformaria com uma breve aventura, porém, conforme passavam os dias, Kezia era cada vez mais e mais importante para ele. Partilhavam algo especial, algo que ele nunca sentira, e a verdade era que não tinha certeza do que queria fazer. Ao olhar para seus lábios trêmulos, e para a insegurança que seus olhos refletiam, soube com certeza que não queria deixá-la. — Vai se vestir! — ordenou, e a ternura do seu tom fez com que uma solitária lágrima deslizasse pela face de Kezia. — Falamos disto mais tarde — acrescentou antes de beijá-la brevemente nos lábios. Após algum tempo viajando de helicóptero, a ilha de Zathos apareceu no horizonte como Projeto Revisoras Traduções

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uma esmeralda no meio do mar. Nervosa, Kezia localizou uma pequena vila de casinhas brancas que brilhavam sob o sol como torrões de açúcar. Em qualquer outra situação teria desfrutado daquele vôo e das suas vistas, mas enquanto começavam a descer a única coisa que sentia era apreensão. Virou-se para Nik, que estava sentado em frente a ela com uma expressão séria, e abriu sua bolsa para tirar um sobrescrito que estava lá dentro. — Acho que devia dar isto a você. — O que é? — perguntou ao pegar no envelope. — A minha demissão. Assim que voltarmos para Inglaterra, procuro outro trabalho. Nik agarrou o papel e o rasgou em dois com uma expressão brincalhona. — Se estiver cansada da posição de missionário, não tenho nada contra animar um pouco a nossa vida sexual, agapi mou. Devia ter me dito isso — acrescentou num tom irônico. — Estou falando sério, Nik — disse Kezia, furiosa. — Acabou tudo entre nós, e quanto mais depressa explicar aos seus pais que tudo foi um erro da imprensa, melhor. — Nada acabou entre nós — murmurou Nik que, sem dar tempo para que Kezia reagisse, a abraçou para beijá-la. Ela tentou resistir, mas só demorou alguns segundos até se deixar levar pelo beijo. Nik não a soltou até que reparou que se derretia nos seus braços, como era habitual. — Olha para mim e diz que isto não significa nada para você — disse, e sua expressão suavizou ao ver a expressão aturdida de Kezia. — Durante estas semanas significou mais para mim do que todas as mulheres que conheci até agora. Quem sabe até onde isto pode nos levar? — acrescentou com voz rouca. — Não vai nos levar a nenhum lugar. Não é possível — replicou Kezia, assustada. Nik estava lhe oferecendo um lugar no céu, mas ela estava consciente de que aquilo se transformaria num inferno quando descobrisse a verdade sobre ela. Nik não estava sugerindo que a relação deles podia acabar em casamento, mas... E se chegasse a se apaixonar por ela? Por um segundo imaginou o que seria ouvi-lo dizer que a amava e poder lhe entregar livremente o seu mor sem receio de ser rejeitada. Mas a realidade se impôs imediatamente. Já passara por aquilo com Charlie. Deixou suas esperanças crescerem e viu como estas eram cruelmente destruídas quando Charlie decidiu que ter filhos era mais importante do que se casar com ela. E não seria capaz de agüentar passar pelo mesmo caminho. Não com Nik. — Do que tem medo, agapi mou!Acha que farei você sofrer como seu ex-noivo fez? — Acho que é muito provável — replicou Kezia abertamente enquanto o helicóptero aterrava. Nik pegou no queixo dela e a olhou nos olhos. — Eu não sou Charlie. Pode confiar em mim, Kezia mou. Tudo o que peço é que me de a oportunidade de mostrar isso. — Esqueci de mencionar que é o aniversário da minha irmã — disse Nik dez minutos depois, enquanto o carro que os apanhara no heliporto atravessava a vedação de uma Villa. — Todas as pessoas estarão aqui. — Todas as pessoas? — repetiu Kezia fracamente. Um momento depois seguiu Nik enquanto este contornava a casa, uma magnífica construção de dois andares rodeada de árvores e uma imensa floresta. Quando atravessaram a grade que dava para o jardim reduziu seu ritmo de caminhada instintivamente. Toda a população de Zathos parecia estar reunida no jardim, mas a atenção de Kezia foi atraída imediatamente pelo caramanchão e pelo homem de frágil aspecto que estava sentado à sombra numa cadeira de rodas. Até de longe se notava a sua semelhança com Nik. Estava prestes a Projeto Revisoras Traduções

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conhecer os pais dele, pensou aterrorizada, algo que nunca imaginara que pudesse chegar a acontecer. O que teriam pensado dela ao ver as fotografias na imprensa? Iriam culpá-la por ter exposto Nik e o nome Niarchou. — Há muitas crianças. São todos sobrinhos e sobrinhas? — murmurou quando Nik se virou para ela. — Receio que sim. Vem conhecê-los... Garanto que não vão te chatear — Nik a largou, mas pediu que o acompanhasse. — Com certeza vão gostar de você. — Acha que sim? Eles viram a revista e agora me traz como sua... Noiva para conhecer a sua família? — Nunca trouxe uma mulher a Zathos — respondeu Nik, e Kezia não teve oportunidade de dizer mais nada, pois já estavam a poucos metros do caramanchão. — Kezia... Tem um nome lindo — murmurou, num inglês matizado por um marcado sotaque grego, o pai de Nik uma vez feitas as apresentações. — Ouvimos falar muito de você... E também vimos muito — acrescentou tão suavemente que, por um instante, Kezia pensou que não ouvira bem. Ao ver o brilho de diversão que cintilou nos olhos do velho, seus lábios ficaram tensos. Era evidente que Nik herdara o senso de humor de Yannis Niarchou. — Tenho muita pena de... — começou, mas o idoso levantou uma mão para interrompêla. — Não há motivo para se desculpar. Os paparazzi são... — encolheu os ombros — Imperdoavelmente intrometidos. Mas o meu filho se encarregará do assunto — acrescentou com evidente confiança. — Nikos nos explicou tudo. Kezia duvidava que Nik tivesse esclarecido a seu pai sobre a verdadeira natureza da sua relação, e corou sob o especulativo olhar de Yannis Niarchou. — Está apaixonada por Nikos. Nota-se nos seus olhos — disse o velho com delicadeza, enquanto as faces de Kezia se cobriam de rubor. — Sou mais velho e estou preso a esta cadeira, mas ainda consigo ver. E consigo ver o que há no seu coração, Kezia Trevellyn. Kezia foi incapaz de esquecer as palavras do pai de Nik, e passou o resto do dia emocionada. Seria assim tão transparente? Nik também estaria consciente dos seus sentimentos? Voltou o olhar para o jardim, onde estava naquele momento, rodeado de crianças rindo enquanto as perseguia pela relva. — Um dia, o meu irmão será um pai maravilhoso — murmurou Athoula junto a ela, a irmã de Nik, com quem partilhava naquele momento um banco do jardim. — Não sabia que gostava tanto de crianças. — Teve muitas oportunidades de aprender. Entre as minhas irmãs e eu, temos doze filhos... Embora elas tivessem os seus, um de cada vez — acrescentou Athoula com uma careta. — Deve ter sido um choque descobrir que estava grávida de trigêmeos, não? — perguntou Kezia. Athoula riu enquanto contemplava seus filhos, que vestiam camisas da mesma cor vermelha. — O meu marido ainda não superou. São muito traquinas, mas eu adoro estar com eles. As irmãs de Nik eram muito agradáveis, pensou Kezia algumas horas depois, enquanto passeava a sós por uma zona afastada do jardim. De fato, todos os membros da família a tratavam com uma cortesia que não ocultava a sua curiosidade e, embora se mostrassem muito amistosos, também reparavam no estado reservado dela. Nik fazia o possível para incluí-la nas conversas, mas muitos dos seus parentes mais velhos não falavam inglês, e ela não conseguira Projeto Revisoras Traduções

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evitar se sentir tão desconhecida como na verdade era. Ao ver que Nik se aproximava dela, fez um esforço para sorrir. — Estive à sua procura — disse ele num tom de carinhosa recriminação ao mesmo tempo em que a abraçava para beijá-la — Pára de se esconder, agapi mou. Chegaram mais primos meus que querem te conhecer. — Não consigo acreditar que tenha tantos parentes — murmurou quando Nik a largou para avançar para o jardim. Dois pequenos com camisas vermelhas passaram correndo, de repente, junto a eles, e Kezia os observou, alheia ao olhar de Nik, que captou o repentino entristecimento do seu olhar e se perguntou por que seria. Continuaram a caminhar para o caramanchão, mas algo preocupava Kezia. "Duas camisas vermelhas quando deveria haver três?", perguntou-se ao mesmo tempo em que olhava em seu redor. — Para onde dá aquela grade na esquina do jardim? Perguntou. — Para os lagos. O meu pai gosta dos peixes, mas a grade é mantida fechada quando há crianças brincando no jardim... Quando se virou para olhar para Kezia, Nik viu com espanto que esta tinha saído correndo em direção à grade. Kezia acabava de se lembrar onde tinha visto a terceira camisa vermelha, e abriu a grade com receio. A superfície do lago principal estava coberta de nenúfares, mas sua beleza não a comoveu enquanto procurava freneticamente com o olhar um brilho de vermelho entre os juncos que rodeavam o lago. Localizou o menino na margem oposta, inclinado sobre o lago para ver os peixes. No instante em que o viu cair, Kezia praticamente voou até onde estava e conseguiu agarrá-lo pela camisa para puxá-lo. — Meu Deus! — exclamou Nik do outro lado do lago ao ver a cena. Felizmente, a criança era pequena demais para perceber o perigo que correra e sorriu alegremente enquanto Kezia o pegava nos braços e avançava para a porta, sem se preocupar com o fato de estar encharcado. Nik se aproximou dela imediatamente, pegou o menino com um braço e depois passou o outro em torno da cintura de Kezia. — É uma mulher surpreendente, sabia? — murmurou — Passou o dia fingindo que as crianças não a interessavam e depois não deixa de vigiá-las. A minha família tem muito a agradecer a você... E parece que estão prestes a fazer isso agora mesmo — acrescentou num tom irônico ao ver que o clã Niarchou na sua totalidade se encaminhava para eles pelo jardim. Athoula desatou a chorar ao pegar seu encharcado filho nos braços, enquanto vários parentes iniciavam uma discussão sobre quem deixara a grade aberta. Enquanto Kezia contemplava a cena com uma expressão aturdida, a mãe de Nik se aproximou dela e a abraçou afetuosamente. — Salvou o meu neto de morrer afogado, Kezia, e a partir de agora terás sempre um lugar no meu coração — disse no melhor inglês que conseguiu. — É uma boa jovem, não é? — acrescentou enquanto se virava para o resto da família. Depois sussurrou a Nik: — Será uma ótima mãe. Tem boas ancas. Aquilo foi a gota que fez transbordar o copo para Kezia, que, com um gemido, saiu correndo para a Villa. Não sabia para onde ir. A única coisa que sabia era que tinha de se afastar de Nik antes que lhe partisse o coração.

CAPÍTULO 10 Projeto Revisoras Traduções

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Assim que abriu os olhos, Kezia decidiu dizer a Nik naquela mesma manhã que queria ir embora. Já passara uma semana desde que chegaram a casa dos pais dele. Sete longas noites durante as quais não deixara de dar voltas em sua solitária cama. Nik lhe dissera com evidente frustração que a mãe dele era muito antiquada e que por respeito a ela não podiam fazer amor sob o seu teto. Kezia compreendeu e o amou ainda mais pela sua sensibilidade, mas se esperava que uma semana sem fazer amor serviria para controlar suas emoções, enganou-se. Desde o primeiro dia, quando Nik a seguira até a Villa para descobrir porque estava chorando, passavam todos os minutos juntos. Fora relativamente fácil convencê-lo de que suas lágrimas foram uma reação ao acontecido com a criança, mas fora impossível não se apaixonar ainda mais intensamente por ele. Uma suave batida à sua porta a fez sair da cama. Ao abrir a porta encontrou Nik indolentemente apoiado contra a parede. — Nik! O que faz aqui? Sabe que horas são? — Passa um pouco das seis — replicou ao mesmo tempo em que lhe tocava com delicadeza no queixo — Pensei que podíamos ver o nascer do sol juntos. — Não estou vestida. — Já vi, pedhaki mou — murmurou Nik enquanto olhava para os despenteados caracóis acobreados de Kezia e a curva dos seus seios sob a camisa de dormir. “Teria idéia de como era tentadora?”, perguntou-se enquanto seu corpo reagia como era habitual sempre que a tinha por perto. Uma semana sem ela na cama e já estava subindo pelas paredes. A vida sem a sua adorável presença não era vida, e estava disposto a persuadi-la, fosse como fosse, que tinham um futuro juntos. — Vai se vestir — disse ao mesmo tempo em que a fazia dar a volta e lhe dava uma palmada no traseiro — Tem cinco minutos antes que volte para vir buscar você. — Não podemos ver o nascer do sol do terraço? — perguntou Kezia vinte minutos depois, enquanto o seguia com muita dificuldade por um íngreme atalho. — Este é o melhor lugar de Zathos — garantiu Nik quando Kezia se juntou a ele numa ampla clareira da qual havia uma vista incrível do mar — Por isso pensei em construir a minha casa aqui — estendera uma manta na relva, e sorriu quando Kezia se sentou ao seu lado. — Tem de fazer mais exercício — brincou ao mesmo tempo em que se deitava de costas e a arrastava consigo. — Vai mesmo construir uma casa aqui? — Kezia tentou ignorar a palpitante prova da excitação de Nik pressionada contra o seu estômago, mas o seu sexo se umedeceu imediatamente. — Os construtores vão começar a lançar os alicerces na próxima semana. Mostrarei os planos quando tivermos tomado o café da manhã — respondeu enquanto introduzia uma mão sob a camiseta de Kezia e resmungava de satisfação ao comprovar que não tinha sutiã. — Não vejo nenhuma cesta de piquenique — disse Kezia — O que trouxeste para o café da manhã? — Você — replicou Nik com simplicidade antes de reclamar sua boca num beijo que afastou da mente de Kezia todos os pensamentos exceto o da sua necessidade de ser abraçada por ele. — Pode vir alguém — sussurrou, ao se debater entre o seu desejo e a necessidade de manter o decoro — Aqui não há ninguém. Só cabras — Nik disse, enquanto lhe acariciava os mamilos até que sentiu que se excitavam sob os seus dedos. Então puxou Kezia para cima e pegou num Projeto Revisoras Traduções

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deles com sua boca para lhe dar a atenção devida. Kezia contorceu-se sobre ele e deixou fugir um gemido sensual — Não sabe como estava desesperado para fazer isto. Foi a semana mais longa da minha vida e, se não fizer amor com você agora mesmo, acho que vou explodir. — Não exploda ainda — disse Kezia enquanto levantava complacentemente as coxas para que Nik lhe tirasse o short e a calcinha. Depois de deitá-la de costas sobre a manta, ele tirou rapidamente a calça e a cueca e se deitou ao seu lado. — Você é tão linda, Kezia mou — disse enquanto deslizava uma mão entre as suas pernas para acariciá-la. Kezia semicerrou os olhos e se entregou totalmente às sensações que invadiram o seu corpo, enquanto Nik introduzia um dedo no seu sexo ao mesmo tempo em que acariciava com infinita delicadeza o centro do seu desejo. — Desejo você — sussurrou quando se colocou entre suas coxas e a penetrou poderosamente. Seus músculos se contraíram imediatamente em torno dele, e seus corpos começaram a se mover em um ritmo tão antigo como o Homem. Sobre eles, o céu começou a perder o seu tom rosado enquanto os primeiros raios do sol espreitavam através das folhas das oliveiras. Pouco depois, já saciados, permaneceram um longo momento abraçados enquanto suas respirações sossegavam. Quando finalmente se ergueu sobre um cotovelo para olhar para ela, Kezia percebeu uma emoção no olhar de Nik que a fez suster a respiração. — Casa comigo? — ele perguntou com voz rouca. Kezia ficou tão emocionada ao ouvir aquilo, que sentiu que o mundo parou. Perguntouse se teria ouvido bem ou se era uma brincadeira cruel, mas a intensidade da expressão de Nik a fez compreender que falava a sério. — Por quê? — Porque te amo, pedhaki mou — respondeu ele — Às vezes acho que sempre te amei, mas lutei contra isso durante muito tempo — admitiu com pesar — Estou apaixonado desde o dia em que a conheci e que defendeu corajosamente o seu chefe alcoólatra. A princípio pensei que era só desejo físico, e achei que uma breve aventura me bastaria. Mas se entranhou sob a minha pele, Kezia. Descobri que queria estar com você todo e cada minuto do dia, além da noite, e que a paixão que partilhávamos era só uma parte da felicidade que sentia na sua companhia. Porque está chorando? — perguntou, desconcertado, ao ver que os olhos de Kezia se enchiam de lágrimas. — Quero que seja minha esposa, que vivas comigo na casa que vamos construir, que... — Que seja a mãe dos seus filhos? — concluiu Kezia por ele enquanto se afastava do seu lado para se vestir. — Suponho que um dia possamos pensar em constituir família — respondeu Nik, dolorido pela sua reação. — Mas não imediatamente, agapi mou — acrescentou com mais suavidade — Sei o quanto valoriza a sua independência e não há razão para que não continue a trabalhar. — Não posso Nik — disse Kezia, desesperada, consciente de que devia dizer a verdade antes que a coragem a abandonasse para fazer. — O que é que não pode? — perguntou ele com aspereza enquanto se inclinava para pegar sua calça. Kezia pensara que ele ia se vestir, mas o que fez foi tirar uma caixinha de um bolso da sua calça. — Antes que diga mais alguma coisa, isto é para você. É a prova, se precisar, de que falo a sério. Quero casar com você... Apesar de você parecer considerar a perspectiva como algo pior do que a morte. — acrescentou com ironia. Projeto Revisoras Traduções

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Kezia pegou a caixinha com a mão trêmula e, ao abri-la e ver que continha uma safira brilhante rodeada de diamantes, teve de fazer um esforço para conter um soluço. — Não posso me casar com você — sussurrou enquanto lhe devolvia a caixinha — Sinto muito. Nik vestiu rapidamente a calça antes de se levantar. — Porque não? — perguntou ferozmente — Meu Deus, Kezia! Passei a vida fugindo do casamento, e é realmente irônico que agora me rejeite — acrescentou num tom sombrio — É por causa de Pemberton, não é? Não superou o fato de ter se casado com outra mulher. Continua apaixonada por ele? É isso? Ou fez tanto mal a você, que fica assustada em voltar a confiar noutro homem? — sua expressão suavizou quando avançou para Kezia — Juro que nunca vou magoar você, pedhaki mou. Amo você e sei que também sente algo por mim. Só tem de encontrar a coragem necessária para seguir o seu coração. O coração de Kezia estava prestes a se despedaçar em mil pedaços. Afastou-se de Nik e começou a descer a encosta. Ao notar que ele a seguia, soube que se voltasse a apertá-la nos seus braços, estaria perdida. — Esta enganado — disse por cima do ombro, sem deixar de avançar — Não te amo nem nunca te amarei. Não quero me casar com você... Ouviu? Um instante depois ouviu a sua violenta resposta, mas ao virar a cabeça viu que ele havia parado em seco em cima do atalho como se houvesse se transformado, de repente, em uma estátua de mármore.

Uma vez em seu quarto e enquanto preparava rapidamente a sua bagagem, Kezia recuperou em parte a prudência e sentiu a tentação de contar a Nik a verdadeira causa da sua recusa. Afinal de contas, acabava de lhe confessar o seu amor e ela o rejeitara cruelmente, e havia negado que correspondia seus sentimentos. Não deveria lhe confessar pelo menos a verdade sobre os seus sentimentos? Mas não suportaria a idéia de ver sua expressão quando lhe revelasse que nunca poderia lhe dar um filho. Finalmente decidiu deixar-lhe uma carta com os detalhes da doença de que padecera na sua adolescência e as suas devastadoras conseqüências. Escreveu uma nota breve e fria, com a esperança de que Nik aceitasse que não havia futuro para eles e seguisse em frente com a sua vida. Mas não revelou que a sua seria uma vida vazia e infeliz sem ele. A Villa estava totalmente tranqüila. Os pais de Nik haviam viajado para Atenas para que Yannis pudesse ir ao hospital e pensavam em passar a noite na capital. Da sua parte, Nik não deu sinais de vida. Nenhuma das empregadas do serviço doméstico o vira, uma delas explicou a Kezia, incapaz de disfarçar a sua surpresa quando esta lhe disse que pensava em ir embora. Enquanto o navio que viajava diariamente para Atenas se afastava da costa, Kezia contemplou a ilha até que desapareceu da vista. Só então deixou que as lágrimas que estivera contendo caíssem. Kezia estacionou o seu Mini diante da Otterbourne House. O seu espírito se animou um pouco perante a perspectiva de voltar a ver Max. Chegara a Londres na tarde anterior, depois de uma viagem terrível em que se viu obrigada a esperar doze horas no aeroporto de Atenas para conseguir um bilhete. Quando chegou a casa, sentia-se mental e fisicamente esgotada, e usara uma caixa inteira de lenços de papel enquanto desabafava com Anna. Saiu do carro e subiu a escadinha de entrada para bater à porta. A senhora Jessop estava rindo quando abriu a porta e Max saiu animado para dar as Projeto Revisoras Traduções

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boas-vindas a Kezia. — Tenho certeza de que sentiu que vinha. Não parou quieto nem um instante desde que telefonou esta manhã. — Oh, Max... Sentiu a minha falta? — murmurou Kezia enquanto apertava o cachorro contra seu peito — Prometo que nunca voltarei a te deixar. O cão agitou a cauda e voltou a entrar no hall, embora parasse ao ver que Kezia não se animava a entrar. — Porque não espera no escritório enquanto vou buscar a sua cesta e sua coleira? — a senhora Jessop sugeriu. Era uma sugestão razoável e Kezia se obrigou a entrar, pois não conseguiria explicar à senhora Jessop porque se sentia tão resistente a entrar numa casa de onde guardava tantas recordações de Nik. — Gostaria de uma xícara de chá? — Não, obrigada. Tenho pressa, porque preciso ir fazer compras antes que as lojas fechem — disse enquanto empurrava a porta do escritório. Max correu atrás da senhora Jessop, e deixou Kezia sozinha no quarto que Nik escolhera como escritório. Ir ali não fora boa idéia, pensou Kezia enquanto procurava em sua bolsa a carta que escrevera para ele e a deixava na mesa. — Parece que se tornou um hábito andar por aí deixando cartas para mim — ao ouvir a conhecida voz nas suas costas, Kezia virou-se, intensamente pálida. — Talvez devesse trabalhar nos correios — acrescentou Nik num tom irônico. — O que faz aqui? — murmurou Kezia, num tom de tal indignação, que Nik sentiu que sua fúria amainava em parte. — Vivo aqui — recordou-lhe laconicamente. — Voltei no meu avião particular assim que li a nota que me deixou em Zathos. E o que você faz aqui? — perguntou com aspereza. — Vim deixar a minha carta de demissão. A última que entreguei você rasgou em pedaços — Kezia lhe recordou, incapaz de afastar a vista dele. — Não penso em voltar a cometer o mesmo erro — garantiu Nik com frieza enquanto pegava a carta da mesa — Dadas as circunstâncias, acho que podemos passar por cima da formalidade do mês de aviso, não acha? É livre para ir quando quiser pedhaki mou. A expressão carinhosa, aliada ao gesto aborrecido de Nik, despedaçou o coração de Kezia. Devia ter declarado o seu amor num momento de loucura, porque não parecia nada magoado perante a perspectiva de nunca mais voltar a vê-la. Mas, depois de descobrir o segredo que lhe ocultara ao longo da sua relação, sem dúvida nenhuma devia sentir um intenso alívio perante a perspectiva de se livrar dela. — Vou pegar Max e em seguida vou embora — disse ao mesmo tempo em que descia o olhar para ocultar o brilho das lágrimas. Nik teve de se conter para não apertá-la nos braços. Kezia era muito orgulhosa, e iria rejeitá-lo se sentisse que estava tendo piedade dela. A verdade era que não sabia se a abraçava ou a beijava até a fazer perder os sentidos, mas tinha certeza de que nenhuma das duas coisas lhe garantiria o prêmio que estava decidido a conquistar. — Receio que não possa levar Max — disse com aspereza. — É o meu cão e pertence à Otterbourne. — Mas... Se nem sequer gostas de cães — disse Kezia, trêmulas. — Uma vez você disse que Max parecia uma bola de lã, e, além disso, não é seu... Eu o encontrei. — E eu paguei um preço astronômico por ele ao seu dono, que percebeu que eu lhe daria o que me pedisse por ele. — Fez isso... Por mim? — Kezia sentiu que seu coração batia mais depressa ao compreender que até Nik já se afeiçoara ao cão — Nesse caso, me deixa levar ele — rogou — Projeto Revisoras Traduções

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Adoro Max. — Que sorte alguns tem — disse Nik, prestes a perder a paciência. — Mas só há uma forma de poder ficar com ele. Se casar comigo, poderá reivindicar todas as minhas posses como suas... Incluindo o cão. O brilho de emoção que percebeu no olhar dele foi demais para Kezia, que abraçou a si mesma como se receasse desmoronar. — Sabe que não posso... É o último Niarchou e a sua família espera que lhe dês um herdeiro. — Ao diabo com a minha família! — exclamou Nik — Eles me importam, certamente, mas não tanto como você, Kezia mou. As minhas irmãs já alegraram os meus pais com uma dúzia de netos. Contamos com toda uma nova geração para cuidar da empresa. — Mas vi... Como se comportava com os seus sobrinhos e sobrinhas, Nik — balbuciou Kezia — Sei que você adora crianças e não vai me convencer de que não esperava formar família algum dia. — Não vou mentir — disse Nik ao mesmo tempo em que se aproximava dela até a deixar encurralada contra a mesa. — Sempre tomei a bênção dos filhos como certa, tal como tudo na vida. Mas não me apaixonei por você por te ver como a futura mãe dos meus filhos. Amo você pela sua coragem e a sinceridade, porque é tão leal e generosa que é uma honra estar com você. — sua voz se quebrou por causa da emoção, mas foi o tremor da sua mão quando lhe acariciou a face que fez com que os olhos de Kezia se enchessem de lágrimas. — Deu por terminado o seu compromisso quando o seu noivo descobriu que não podia ter filhos, não foi? — murmurou com suavidade. Kezia assentiu. — Queria dizer isso, mas a princípio não me pareceu necessário. Assumi que teríamos uma breve aventura... Mas me apaixonei por você desde o começo — admitiu com tristeza — Amo tanto que me assusta. Por isso não quero me casar com você, Nik. A minha infertilidade não tem cura, e não quero que sacrifique a sua oportunidade de ter uma família só porque sente pena de mim... O que esta fazendo? — perguntou surpreendida quando Nik pegou nos braços dela e se encaminhou para a porta. — Estava me perguntando se este seria o motivo pelo qual tinha rejeitado a minha proposta. — disse ele, com um sorriso terno — Ou melhor, esperava que sim. — acrescentou com um gemido. Depois de ler a carta que Kezia lhe deixara, precisara de apenas um minuto para aceitar que a sua incapacidade de lhe dar filhos não supunha nenhuma diferença quanto ao amor que sentia por ela. De qualquer modo a amava ainda mais por isso, reconheceu em silêncio. — Você é a minha vida, pedhaki mou — continuou enquanto subia as escadas a caminho do seu quarto. — É a única mulher com quem penso me casar, portanto melhor começar a se habituar à idéia. Depois de beijá-la brevemente nos lábios, empurrou a porta do quarto com os ombros, foi até à cama e a deixou cair nela sem cerimônia. — Quem sabe o que o destino tem reservado para nós? — Perguntou enquanto se inclinava para beijá-la. — A única coisa que me importa é que partilhemos as alegrias e as tristezas que nos proporcione. Talvez inclusive tenhamos família — ao ver que Kezia negava em silêncio com a cabeça, cobriu-lhe os lábios com um dedo — Há milhares de crianças no mundo que precisam de pais que as amem. — Está se referindo a podermos adotar algum? — a chama de esperança que ardia fracamente no interior de Kezia alastrou totalmente, e finalmente conseguiu sorrir. – Amo você de todo o meu coração, Nik. Nik fechou um os olhos por um momento, entusiasmado. Aquelas simples palavras Projeto Revisoras Traduções

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significavam tudo para ele. Despiu-se e fez o mesmo com Kezia sem deixar de contemplar suas voluptuosas curvas. A sua mulher para sempre, jurou enquanto tirava da gaveta da mesa-decabeceira a caixinha que continha a safira rodeada de diamantes que lhe entregara em Zathos. — Tem certeza? — Kezia sussurrou enquanto Nik lhe punha o anel. — Nunca estive tão certo de nada em toda a minha vida. A intensidade da resposta de Nik bastou para afastar os últimos receios de Kezia que respirou fundo quando ele começou a lhe acariciar os seios. Estes se inflamaram ao seu contato, a desejarem a sua posse, e quando ele acariciou um de cada vez, os seus mamilos com a língua, ela esfregou suas coxas urgentemente contra ele e lhe pediu que fizesse amor com ela. — Nik! — exclamou frustrada quando ele se pôs sobre ela e não a penetrou imediatamente. — Ainda não, agapi mou. Não até que me diga as palavras que preciso ouvir. — Amo você, amo você, amo você! — repetiu Kezia, comovida pela incerteza que tinha captado no seu tom. — E vai casar comigo? — Sim... — Kezia suspirou de prazer quando Nik se decidiu finalmente a penetrá-la lenta e profundamente, até a completar. — Mas só se prometer não parar de fazer isto... — Tem a minha palavra, agapi mou. — prometeu ele, e a partir daquele momento, só houve sensações, suaves murmúrios de prazer que cresceram mais e mais e, finalmente, sussurradas promessas de amor eterno.

EPÍLOGO — Nikos sempre me disse que construiria uma casa aqui — Yannis Niarchou riu enquanto contemplava os jardins da Villa recém-construída em Zathos em frente ao mar — Até quando era criança já sabia o que queria, e estava empenhado em conseguir. Kezia sorriu para o seu sogro enquanto punha uma manta sobre os joelhos. — Está com frio? — perguntou consciente de que o velho se tornara mais frágil naquele último ano — O sol ainda não aquece o suficiente no início da Primavera. — Ele queria que você fosse sua esposa. Vi nos seus olhos na primeira vez que a trouxe aqui — o pai de Nik confessou com afeto antes de voltar a olhar para seu filho, que passeava pelo jardim. Kezia seguiu o olhar dele e sentiu que seu coração se enchia. O menino que Nik segurava nos braços acabava de completar dezoito meses e tinha o mesmo cabelo e os mesmos olhos que o seu pai. A semelhança entre eles era espantosa, mas talvez não totalmente inesperada, pois a maioria dos homens gregos partilhava aquelas características. A agência de adoção não tinha pormenores sobre os pais biológicos do pequeno Theo. Ele havia sido encontrado enrolado em um xale à porta de um hospital, e Kezia se compadecia da mulher que se vira forçada pelas circunstâncias a abandonar seu bebê. Theo passara os primeiros nove meses da sua vida com uma família de acolhimento, mas assim que o teve nos braços pela primeira vez sentiu-se repleta de amor por ele. Com a documentação finalmente completa, Theo era finalmente membro da família Niarchou, e ela desejava levá-lo a Otterbourne para que conhecesse Max. — É totalmente destemido naquele balanço — disse Nik com evidente orgulho enquanto lhe entregava o menino após se inclinar para beijá-la — E com um pouco de sorte, dormirá uma grande sesta esta tarde... Como o seu avô — acrescentou com um sorriso travesso enquanto seu pai inspirava fundo. — Teremos uma hora só para nós — murmurou Kezia junto ao ouvido dele — O que Projeto Revisoras Traduções

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gostaria de fazer? — Dou três oportunidades para adivinhar — replicou Nik, embora o brilho de seus olhos não deixasse lugar para dúvidas a respeito das suas intenções. A vida não podia ser melhor, pensou Kezia de forma sonhadora. Mas um instante depois seu marido lhe mostrou que sim, que podia ser!

FIM

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