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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS COMUNICAÇÃO E ARTES COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO 2010.1


EDITORIAL Expressão. Essa é a palavra de ordem no mundo em que vivemos. A todo momento, surgem novas formas de comunicação, de transmissão de idéias; ressignificações. Nesse ínterim, um elemento ganha destaque: a linguagem. Essa que é vasta, inovadora, fascinante e corporificadora das expressões. Quando pensamos em disseminação de ideias, conhecimentos, informações, sentimentos, sensações, é para ela que apelamos. Podemos recorrer à fala, à escrita, aos sons, ao corpo e a muitas outras maneiras de exteriorização do pensamento; e quanto mais o tempo passa, mais essas formas de exteriorização de produções intelectuais aumentam e se aperfeiçoam. O mundo agora é movido pela tecnologia. São bits, bytes, microondas, campos eletromagnéticos, cabos e todo um aparato digital voltado

à facilitação da troca de informações e da geração do conhecimento entre as pessoas. Mas, ao mesmo tempo em que a modernização se faz presente em quase tudo, podemos encontrar ainda as velhas formas de expressão. Partindo dessa visão de diversificação que a linguagem possui, apresentamos aos leitores a primeira edição da revista CÓDIGO, uma publicação elaborada para tratar das várias nuances da linguagem, sejam elas tradicionais ou inovadoras. Esta edição investigará a diversidade entre linguagem popular e alta cultura, o mundo da linguagem corporal, a evolução e a variedade das formas de linguagens, por meio das quais o leitor terá a oportunidade de aguçar seus sentidos. Esperamos que apreciem a edição e que decifrem o código do conhecimento. Boa leitura.

Rivângela Santana (editora)

ÍNDICE A FORÇA DO POVO NAS ONDAS DO RÁDIO

EDITORES

Pág. 18

Rivângela Santana |rivangela_90@hotmail.com|

FONAUDIOLOGIA E JORNALISMO

Pág. 22

MÚSICA REGISTRANDO HISTÓRIA Pág. 10

MANGÁ

Pág. 5

Isaac José |isaac.89@hotmail.com| Roberta Batista |roberta.fbaptista@hotmail.com|

INTERVENÇÕES ARTISTICAS Pág. 3

01101 CINEMA É 10110111 RESTRIÇÃO Pág. 23 CÓDIGO1101 1110110111010 11 1011010111011

Yzza Albuquerque |yz.albuquerque@hotmail.com| William Correia |williamcorreia.al@hotmail.com|

COSPLAY

O HIPERTEXTO

Pág. 9

Pág. 8

OS AMORES DE GARCÍA MARQUEZ Pág. 21

CONVERSA DE CINEMA Pág. 4

PICHAÇÃO E GRAFITE Pág. 7

LINGUAGEM CORPORAL

Pág. 6

ENSAIO EMOTICON

Pág. 12

ARTE E DIAGRAMAÇÃO Arthur Moura |tukumoura@hotmail.com| Ben-hur Bernard |bernard_costa@hotmail.com| Filipe Alencar |filipealencar_219@hotmail.com|


INTERVENÇÕESARTÍSTICAS:URBANASECÊNICAS Juliana dos Anjos | ju.anjosda@gmail.com | @judosanjoss

Fotos: Juliana dos Anjos

Intervenção. Ação inesperada; ruptura de uma ordem já estabelecida; forma particular e peculiar de se fazer arte utilizando diversas linguagens. É o que se sabe sobre esta forma de manifestação artística tão nova e imprevisível que, sem aviso prévio, se faz presente no nosso cotidiano, nos lugares mais inusitados e tratando de temas importantes que, por vezes, são deixados de lado. Existem dois tipos de intervenções. A urbana é uma manifestação que propõe discutir o valor dos espaços urbanos. É ligada à linguagem artística,

mas especialmente à arquitetura e ao paisagismo. São ações feitas para dialogar sobre praças mal aproveitadas, espaços depredados e áreas nobres. As intervenções pretendem interferir, como o próprio nome supõe, sobre uma dada situação, a fim de provocar reações, promover transformações, por menores que sejam, e despertar o sentir e o pensar das pessoas. Atrelada às ações de teatro, dança e até mesmo circo, este é o intuito das intervenções cênicas. Em Maceió, estas ações intervencionistas começaram desde que se faz arte na cidade. Várias apresentações, que poderiam se caracterizar como intervenções, sempre aconteceram aqui, porém o termo “intervenção” só passou a ser utilizado recentemente com

as ações da Associação Artística Saudáveis Subversivas, da Cia LTDA, da Cia. SentidosTeatroDançaMúsicaArtevisuais e da Cia. do Chapéu. Segundo o especialista no ensino da dança, Thiago Sampaio, o trabalho de preparação para as ações é feito de maneira coletiva. “Nós conversamos sobre a cidade, sobre o sistema e a ordem da cidade e depois pensamos em ações simples que possam dialogar com esses espaços, que possa deixar os transeuntes surpresos”. É fato que a correria do dia a dia impede uma reflexão mais profunda diante dessas perfomaces. Mas é possível, e muito provável, que as reflexões iniciadas ali, em algum canto da cidade, timidamente, avancem. Desconhecidos oferecendo carinho aos passageiros de um ônibus. Apesar do espanto inicial, aos poucos é perceptível que os passageiros querem e precisam de carinho. Eles entendem a proposta e se entregam. Captam a mensagem. E essa é apenas uma das vertentes dessa linguagem tão crítica e investigativa, que é a das intervenções artísticas.

Intervenção cênica no centro da cidade de Maceió: surpresa e curiosidade 010CÓD3GO010


CONVERSADECINEMA Por Sarah Mendes | sarinha__mendes@hotmail.com | @sarinham

O cinema surgiu como uma forma antropofágica de arte, pois inclui as linguagens visual, sonora e verbal. Os filmes já entraram na vida de todos como uma maneira de viajar. Dentre as obras que conhecemos vale a pena destacar os filmes baseados em diálogos; películas em que os personagens conversam do início ao fim. Ditos como simples, Antes do Amanhecer e Apenas o Fim são exemplos de filmes totalmente dialogados. O primeiro foi produzido pelos Estados Unidos, Suíça e Áustria e conta a história de dois jovens que se conhecem e se envolvem durante uma viagem de trem. O casal para em Veneza e conversa até o amanhecer do out-

ro dia, criando um vínculo que será lembrado para toda a vida. Já o segundo, produzido no Brasil por um estudante de cinema, conta o fim do namoro de dois jovens. A menina resolve partir, abandonar tudo, e concede ao namorado uma hora para refletir sobre a relação que tiveram. O forte dos filmes supracitados é o roteiro. Uma obra focada em conversa tem que ser inteligente e dinâmica para não cansar o telespectador, afinal, não há cenas extraordinárias. São filmes que trazem para o foco a nossa normalidade; como se ali coubéssemos eu e você. As películas analisadas têm como semelhanças os casais, a pitada de humor nas conversas e

a despedida como desemboque. Quanto à diferença, pode-se dizer que é o fato de que um dos casais está se conhecendo e o outro está terminando uma longa relação. Matheus Souza - diretor e roteirista de Apenas o Fim - revela que se baseou em Linklater - roteirista de Antes do Amanhecer. Portanto, não há entre os filmes uma mera coincidência. Talvez, pela proximidade com o real, esses filmes sejam amados ou odiados. Amados pelas pessoas que acreditam que a arte deve transmitir o que a vida tem de belo; odiados por aqueles que acham que os filmes têm que ser totalmente ficcionais e não ter nenhuma relação com nossas vidas.

Cena do filme “Antes do Amanhecer”, uma longa conversa que não cansa o espectador.

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MANGÁ:ARTEETRADIÇÃO Fábio José Nascimento de Souza | Fabio_souza89@hotmail.com

EI! Você está começando do lado errado! Assim como nos mangás, esta matéria deve ser lida da esquerda para direita. Vá para a terceira coluna e volte para cá. Boa leitura nipônica e apresentam novos talentos como os do estúdio Hoshizora. Mizael de Souza, Juliana Uchoa, Lucas Santos, Pablo Peixoto e Thiago Tenório formam o grupo que foi fundado em 2007 e que produz a revista Hoshizora Zine, que já está na quarta edição. No momento, eles estão em fase de reestruturação, estudam até a possibilidade de criar um site com novas histórias para os fãs acompanharem pela Internet. Todo o trabalho é feito de forma independente, tudo é custeado pelos integrantes do grupo. Cada edição conta com quatro histórias diferentes que vão continuando no decorrer das publicações, são elas: 99Killers, que conta a história de Koiji Norimaki, um ex-assassino que luta pela paz e igualdade numa sociedade dominada pelo caos; W x C, que aborda o relacionamento entre William e Christine, uma história mais cotidiana e cheia de humor; Wolf-Joint, que traz Waru como personagem principal, um guerreiro que se mete em várias aventuras junto com seus amigos; e Magnum, história que se passa no faroeste e que tem como protagonista o pistoleiro Kurt. O mangá vem conquistando admiradores de todas as idades em todo o mundo. E esse exemplo presente no nosso Estado mostra que não é preciso ir muito longe para encontrar trabalhos de qualidade.

Graças à ocupação americana no Japão durante a Segunda Guerra, os “mangakas”, como os desenhistas são conhecidos, sofreram grande influência das histórias em quadrinhos ocidentais, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa. Um desses desenhistas, Osamu Tezuka, considerado o pai do mangá moderno, foi quem revolucionou os quadrinhos, aumentando olhos, boca e nariz dos personagens, a fim de adicionar expressividade a eles. Já no Brasil, somente por volta de 1960 é que alguns desenhistas, descendentes de japoneses, começaram a usar influências gráficas, narrativas ou temáticas de mangá em seus trabalhos, apesar de o termo não ser utilizado. Trabalhos como O Super-Pinóquio, de Claudio Seto, O Robô Gigante, de Watson Portela e O Drácula, de Ataíde Braz e Neide Harue deixavam claro a influência oriental nos quadrinhos brasileiros. Em Maceió, a presença de fãs é notória. Exemplo disso é o sucesso de eventos como Super Conquest e Nipponseito, que reúnem diversos admiradores da cultura

99 Killers É a saga de um exassassino cibernético em meio à devastação de um mundo pós-apocalíptico é repleta de ação e referências ao gênero futurista conhecido como “cyberpunk”.

Não é difícil reconhecer um mangá. Os traços, as cores e as expressões dos personagens deste quadrinho japonês são inconfundíveis. Acredita-se que suas raízes datam do período Nara (século VIII d. c.) com o aparecimento dos primeiros rolos de pinturas japonesas: os emakimono. Eles associavam pinturas e textos que, juntos, contavam uma história à medida que eram desenrolados. Mas, o mangá, como conhecemos hoje, só foi concebido no século XX.

Magnum

Uma interessante mistura de dois temas: o terror e o western. É a aventura de um pistoleiro que tem que enfrentar criaturas sobrenaturais trazidas por uma maldição indígena.

WxC Uma comédia romântica que se passa em Maceió, apresentando cenários e situações que o leitor facilmente se identifica, como o visual do colégio onde os protagonistas estudam. O título é uma brincadeira com o foco da trama: os conflitos e relações entre adolescentes de sexos diferentes. 010CÓD5GO010


ODETECTORDEMENTIRAS Renata Saldanha Gregorini | renatasgregorini@hotmail.com | @renatasg

Nada como saber decifrar os gestos e notar quando alguém não está falando a verdade. Mentir, algo que para muitos é um absurdo, na verdade faz parte do nosso cotidiano; afinal, quem nunca mentiu? A linguagem corporal vai muito além da expressão em forma de dança, teatro ou maneira de se vestir. É uma ferramenta de comunicação que nos torna capazes de identificar o que as pessoas querem realmente falar, mesmo usando palavras que vão de encontro ao que o corpo diz. O simples ato de coçar o nariz, ou o de esfregar o olho ou a orelha já é um sinal de mentira, mas pode significar também que o ouvinte considera mentira o que está escutando no momento. Outros indicadores importantes para detectar mentiras podem ser mudanças no tom de voz ou na velocidade da fala, engolir em seco, cruzar e descruzar as pernas, mexer na roupa, ser extremamente defensivo, dar mais informações e espe-

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cificidades do que a pergunta requer, não usar pronomes ao falar e agir de forma extremamente calma. O “mentiroso”, ao contar uma mentira, tende a se retrair, a evitar olhar nos olhos, a fazer movimentos faciais que se limitam à região da boca, a mudanças bruscas de humor, assim como a usar tempos errados entre gesto e fala. Costuma também usar as palavras da pergunta para responder, como “Você quebrou o jarro da sala?” / “Não, eu não quebrei o jarro da sala.” Outro aspecto interessante na linguagem do corpo é a possibilidade de identificar quando alguém está interessado em você, afinal, no jogo da sedução

vale mais a postura corporal do que a ‘lábia’. O corpo como um aliado na hora da paquera nos permite notar quando alguém quer chamar a atenção ao estufar o peito, deixar materiais de valor à mostra, falar, rir alto e gesticular muito. Se estiver interessado vai sorrir, mexer no cabelo, inclinar o corpo em sua direção, não desviar o olhar e permitir que seja tocado no braço e no ombro várias vezes e retribuir. Essa linguagem, ainda que pouco conhecida, muito fala a quem sabe observar e, na maioria das vezes, vale bem mais do que palavras ditas, pois os gestos são praticados inconscientemente e não podem mentir, assim retratam com precisão o que existe nas profundezas de nossa mente.

UMAQUESTÃODECULTURA Cuidado com os gestos que for fazer em um país diferente do seu. Um único gesto significa centenas de coisas diferentes, dependendo de onde você está. Por exemplo, no Brasil, apontar o polegar para cima significa que está tudo legal, já nos EUA ou na Europa, o gesto representa um pedido de carona. Em outros lugares, como Alemanha e Japão, o sinal representa números, o um e o cinco, respectivamente. Por outro lado, na Turquia, apontar o polegar para cima é um convite para sair com um homossexual.


PIXAÇÃOEGRAFITE:ARTEOUCRIME Por Patricia Pacífico | paty_pacifico@hotmail.com

Maceió ainda está entre as capitais do Brasil que não possuem um cenário muito expressivo de pichação e grafite, mas basta dar um volta no bairro histórico de Jaraguá para notar que a atividade começa a ser praticada na cidade. Outro local que chama bastante atenção, devido à presença marcante desses dois meios de expressão, é o Viaduto Ib Gatto Falcão, localizado no bairro do Poço. O grafite é caracterizado por pertencer a uma vertente mais ilustrativa e possuir técnica mais apurada. Ele explora tanto letras mais elaboradas quanto desenhos. Essas características ajudam-no a ser assimilado como algo positivo no espaço urbano. E, assim, ele consegue cada vez mais chamar a atenção de galerias e críticos de arte. O mesmo não acontece com a pichação, que, ao contrário do grafite, explo-

O pixo com X refere-se a uma denom

ra técnicas menos elaboradas, focando-se apenas na grafia quase codificada e na máxima marcação de lugares. Por ser muitas vezes incompreendido, o picho acaba atraindo o repúdio das pessoas e se fortalecendo a partir disso. Essa técnica pode ser utilizada para as mais diversas finalidades, entre elas: auto-afirmação de quem o faz, protestos sobre os mais variados temas, pequenas homenagens a pessoas queridas e provocações a outro grupo de pixadores. De acordo com Pablo Perez, grafiteiro, essas ‘artes proibidas’ são feitas geralmente em locais abandonados ou públicos, mas que tenham uma boa visibilidade. “Gosto de fazer grafite em grupo por me sentir mais seguro e quanto à escolha do tema, é algo bem momentâneo, depende muito da inspiração do dia”, diz Pablo. O estudante de jornalismo, José Luiz Rios, que já praticou as duas formas de expressão de rua, considera esse tipo de atividade uma arte por ser um meio espontâneo de manifestação de pensamento, emoção e sentimento, atrelando-se a um contexto de deleite de quem faz e de quem vê, e por fazer uma interlocução en-

i n a c a o de que m o faz , o “er ro” e uma af ro nt a cu lt ur al .

tre o espectador e o artista. Porém, o estudante tem consciência de que pichação é crime. “No final das contas, a ilegalidade da pichação é o que fortalece o seu contexto, porque se fosse algo liberado, fugiria totalmente da sua essência e passaria a ser outra coisa, que não o picho”, afirma José Luiz. A pichação e o grafite são considerados arte para alguns e crime para outros. E, embora não haja um consenso, esse tipo de comunicação visual é notavelmente uma forma de expressão encontrada por grupos marginalizados para participar e mostrar suas opiniões a uma sociedade que não os dá voz.

Ao lado, um grafite de Daniel Hogrefe e João Marcelo. No alto da página, outro grafite, este de Pablo Perez. E logo acima uma pixação sem autoria

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MULTIPLICIDADELIBERDADELINGUAGEM:HIPERTEXTO Por Gabriela Lapa | gabriela.lapa@hotmail.com | @laapa

N

ada de glossários enormes e catálogos sem fim. Esqueça o tempo perdido com a busca por um título ou autor favorito nas estantes da biblioteca. No século XXI, quando a palavra-chave é velocidade, não há lugar para a simplicidade do papel.

Alvo de múltiplas interpretações, o hipertexto veio junto com a popularização do computador pessoal, quando a internet tomou conta da casa das pessoas. Ele traduz exatamente o espírito do mundo cibernético, tangido por máquinas cada vez menores e mais eficientes, onde a multiplicidade de interpretações combina um sem-número de informações concentradas nos hiperlinks. Quem quer informação rápida não pode perder tempo procurando, a própria informação tem que se desdobrar em novos dados. O que está em jogo não é mais a qualidade ou a veracidade do que está sendo transmitido, mas sim quanto se transmite. Numa mesma página da World Wide Web, um único parágrafo pode conduzir o internauta a várias informações traduzidas em sons, imagens, e, até, outras palavras. A multiplicidade de conteúdo que o hipertexto possibilita 010CÓD7GO010

“Texto+áudio+vídeo fazem do hipertexto uma biblioteca de multimídia em constante expansão, e da qual não é fácil duvidar”

acessar não se restringe à conexão entre a informação escrita, mas também ao complemento sonoro e, sobretudo, visual que a internet condensa. Além dos textos, vídeos e músicas podem estar interligados, construindo uma mesma ideia, no ciberespaço. Esse é o seu diferencial. Juntas, as matrizes da linguagem compõem não só um meio de comunicação abrangente e versátil, mas um conjunto de informações cada vez mais sólidas, amparadas pelo universo audiovisual. Mesmo que a sua confiabilidade seja questionável, em função da quantidade de dados, elas ganham força quando acompanhadas de outras informações, como o vídeo e o som. Um texto conectado a vários outros pode ser verídico ou não; mas se uma série de vídeos e arquivos de áudio acompanha essa conexão, dificilmente se contesta a veracidade da informação.

Texto+áudio+vídeo fazem do hipertexto uma biblioteca de multimídia em constante expansão, e da qual não é fácil duvidar. Por isso, imerso nesse mundo de significados, o internauta se torna, mais do que nunca, senhor do seu próprio conhecimento. Verídicos ou não, os fatos só dependem de um elemento para chegar ao cérebro do seu conhecedor: a curiosidade. Antes de ser uma combinação de informações, os dados hipertextuais constituem um laboratório da linguagem, onde ler, ver e ouvir se misturam para abrir as portas do conhecimento, que aparece em poucos segundos, na tela do computador.


COSPLAY:DOFAZDECONTAÀVIDAREAL Por Anyelle Cavalcante | any-al@hotmail.com

cos = costume, traje, fantasia e play = brincar, jogar, o que pode ser entendido como “brincar de costumes”, “brincar de teatro” ou, simplesmente, “roupa de jogador”. Para alguns cosplayers - como são chamadas as pessoas que se caracterizam como personagens -, a brincadeira assume proporções maiores, sendo encarada como uma manifestação artística ou, até mesmo, como um estilo de vida e fonte de renda. “Não é o meu caso, mas tenho amigos que se mantêm com o dinheiro obtido em premiações nos campeonatos de cosplays”, diz o estudante de design gráfico Kayo Torres, de 19 anos. Ele revela que se tornou adepto da arte em 2007, quando “deu vida” a Yoh Asakura, protagonista da série de anime e mangá Shaman King. “Desde então, produzi mais dois cosplays. Minha atual produção é, também, a mais cara que já fiz, custando R$250,00”, declara o estudante, que utiliza o dinheiro da mesada para arcar com os gastos de seu hobby. Atualmente, Kayo se prepara para encarnar o personagem Irvine, do jogo Final Fantasy VIII.

“No mês de julho estarei indo à cidade de São Paulo para prestigiar o Anime Friends (evento que reúne cosplayers e conta com a participação de bandas e exibição de animes)”. Além dos gastos com a confecção das roupas, o estudante dedica algumas horas de seu tempo ensaiando a apresentação que fará no evento, ao lado de dois amigos, com quem formará um trio. “É fundamental ter um ensaio prévio, principalmente se não for uma apresentação individual. Temos que montar um espetáculo relacionado ao cosplay em desenvolvimento, desse modo, nós criamos um áudio para a encenação, que poderá acompanhar desde cenas de batalhas a danças”, afirma Kayo. Foto: Marco Fisher

“Fazer um cosplay não é somente vestir uma roupa, mas encarnar um personagem, seu jeito, suas poses, seu modo de falar, de se portar. Cosplay é se fantasiar do seu personagem favorito, seja ele de um anime, videogame ou comic”. As palavras da jovem Kêmila Lobato podem ser consideradas uma das melhores maneiras de definir a arte originada na década de 70, nos Estados Unidos, durante convenções de quadrinhos. De acordo com o artigo Cosplayers como fenômeno psicossocial: do reflexo da Cultura de massa ao desejo de ser herói, produzido pelos psicólogos Leconte de Lisle e Sara Santos, “o termo é derivado das palavras inglesas:

A personagem Taiga, do anime Toradora. E sua personificação em cosplay 010CÓD8GO010


MÚSICAREGISTRANDOHISTÓRIA Lívia Vasconcelos | livia.calheiros@hotmail.com | @liviacalheiros

Música é apenas entretenimento, certo? Se você respondeu que sim, está errado. Dentro das mais variadas melodias, podemos encontrar uma forma de contato com uma geração distante, ou até mesmo o reconhecimento de uma época vivida. Assim como em antigas culturas, que registravam suas histórias oralmente, a música se mostra, entre as mais variadas formas de linguagem, como um instrumento pelo qual se revela o registro da vida cotidiana, na visão de autores que observam o contexto social em que vivem. Para Lucas de Novaes, estudante de história da Universidade federal de Alagoas, a música é uma das mais produtivas fontes históricas da chamada “Nova História”, período em que aconteceu uma grande mudança na concepção de documento histórico. “A música carrega todo um contexto social. Ainda que não sejam letras políticas, existe a realidade cultural por trás”. Ele se posiciona de forma positiva ao considerar a mú-

sica uma alternativa que auxilia a história, inclusive em comparação com a história oral. “A música normalmente não é feita com um intuito histórico, mas considerando a história oral como um todo, acredito que a relação é direta, e elas acabam atuando com um objeto final igual” completou. O vocalista da banda Alagoana Gato Zarolho, Marcelo Marques, acredita que cada música já sai com sua marcação histórica: “Tudo, mesmo num samba inocente de amor dos anos 30, já vincula aquela música a um contexto que não é, originalmente, o atual”. Sobre registrar sua própria história, Marcelo revela que uma de suas novas composições, Av. Dropsie, nasceu de um momento vivido por ele. “Depois de um assalto, eu fiz uma letra que fala de um cara que tem como veias as próprias ruas da cidade, que tem como umbigo os esgotos, como se

1930

ele não fosse nem um assassino, mas o ato mesmo. Eu escrevi porque aquilo me deixou com muita raiva, e pensando”, conta. Marcelo aponta ainda um tipo de música atual que registraria a situação do país nos últimos anos. “À medida que não temos militares arrancando o povo de casa abertamente, as coisas contra as quais falar, do ponto de vista social, são do tipo ‘Miséria S.A.’ como O Rappa, por exemplo.” Sem dúvida, a música é um documento histórico; mas vale lembrar que a história nunca é verdade absoluta. Mesmo os dados obtidos em documentos oficiais são questionáveis. O trabalho do historiador é de interpretar e apresentar as opções. Com a música, acontece a mesma coisa. Ela é um instrumento alternativo de armazenamento histórico, e só vem a acrescentar. Além de tudo, diverte o corpo e a alma

O teatro de revista e o rádio retratam bem o entretenimento dos brasileiros dessa época. Destaque para Carmen Miranda, sucesso internacional, representando a tropicalidade sul americana.

A Bossa nova, tropicália e Jovem guarda. Esses movimenrepresentam a vida dos jovens dessa época, em diferentes níveis. O jovem de classe média e sua relação com o amor e com a vida; a experimentação e a busca pela paz. Respectivamente temos os grandes nomes de cada movimento: Tom Jobim e Vinícius de morais; Caetano Veloso e Gilberto Gil; Erasmo Carlos e Roberto Carlos

1950 e 60 tos

Nos anos 70 surgiu o que se convencionou chamar de MPB. Ampla gama de estilos derivados de várias matrizes, desde o rock até os regionalismos. Temos nomes como Elis Regina, Gal Costa, Geraldo Vandré e Chico Buarque. Já nos anos 80, o rock renasceu em Brasília, com questões pessoais e a vida do adolescente. Temos a Legião Urbana, Paralamas do sucesso e Capital Inicial.

1970 e 80

O ponto forte dessas décadas é a miscelânea de ritmos. O samba, a música sertaneja, o BRock, o sambareggae, o baião, o forró, a Lambada, o funk, o frevo, o hip hop, o charme a música eletrônica, os regionalistas, entre tantos outros. A música dos anos atuais marca também a época violenta em que vivemos, deixando para épocas futuras, um pedaço dos tempos de hoje.

1990 e 2000

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AONDAMIDIÁTICA Por Morena Melo | morena.melo@hotmail.com

O longa A Onda, de Dennis Gansel, nos faz pensar sobre questões, interpretações e modos de agir reais da sociedade contemporânea. A história tem como pano de fundo uma escola alemã que propõe um mergulho no estudo teórico de dois tipos distintos de organizações políticas: o Anarquismo e a Autocracia. Acontece que o professor Burt Ross mergulha fundo demais, a ponto de criar uma onda devastadora dentro da escola e na cabeça dos alunos. Vendo que não consegue reter a atenção dos estudantes com aulas tradicionais, o professor resolve adotar um modelo empírico e faz os alunos sentirem na pele o funcionamento e os resultados de um regime autocrático. Criou-se uma relação dicotômica entre os meios de comunicação e o sistema educacional. Os meios entraram na estrutura educacional e mudaram seu papel social: a escola passou a ser mais um meio. Ela deixa de instruir e passa a estimular o aprendizado por intermédio da pesquisa; a interatividade alcançou os processos educacionais, tanto quanto os comunicacionais. Talvez os meios de comunicação de massa apliquem uma pseudoliberdade na qual o homem contemporâneo não está pronto para lidar. O fato é que o homem moderno se sente livre demais para enxergar suas próprias amarras ao sistema. Essa pseudoliberdade nos permite analisar regimes como o do

Apartheid na África do Sul, de Pinochet no Chile e o próprio nazismo da Alemanha de Hitler, que são impensáveis nos moldes modernos ‘democráticos’ e ‘livres’. Como devemos analisar, então, os traços totalitários do governo de George W. Bush, Hugo Chávez e Mahmoud Ahmadinejad? Talvez os meios de comunicação tenham projetado naqueles personagens a ideia de que regimes como o nazismo da Alemanha e o fascismo da Itália não são nossos contemporâneos reais. Aí vale a reflexão de que esses regimes autocráticos escancarados já não existem, mas tomaram novas formas a partir das nuances geradas pela sociedade moderna / industrial, em que até os meios de comunicação ganharam caracteres de produção em larga escala. Atualmente, essas lideranças se valem dos meios de comunicação, como já refletimos anteriormente, e podem ser exemplificados pelos movimentos fundamentalistas religiosos (cristão, judaico, islâmico) que têm líderes e causas, além da união como força principal do gru-

po e de motivações que muitas vezes transcendem à convicção dos fiéis. A exemplo da Al Qaeda, cujo líder Osama Bin Laden, que nada tem de socialista ou marxista, ou seja, sua motivação não é, ou não parece ser, estritamente política, diz lutar por uma causa, supostamente “santa” contra os “infiéis do mundo ocidental”. Os processos comunicacionais se tornaram muito rápidos, a ponto de nossos cérebros não perceberem as interfaces que compõem as mensagens. Recebemos as informações todos os dias, mas dificilmente retemos todas elas, e, com ainda mais dificuldade, interpretamos de forma crítica o nosso meio. Estamos inseridos nesse processo de tal forma que não conseguimos enxergá-lo completamente. A interatividade entre meios de comunicação e homem transcendeu de simples facilitadores da vida moderna para construtores de moldes antropológicos e sociais. A Onda se torna, por assim dizer, um ‘produto midiático pela mídia’, fazendo um paralelo com ‘arte pela arte’. Em outras palavras, o filme, enquanto produto midiático que é, sugere interpretações dos espectadores aos fenômenos de massificação típicos dos produtos midiáticos. É como se fizesse um alerta de si para a sociedade cada vez mais apática e acrítica que a cultura de massa gerou. O filme A Onda pode ser interpretado como um alerta para a venda escura que a comunicação de massa pôs nos olhos da sociedade, agora submetida a valores impostos pelas indústrias culturais.

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ENSAIO VOCÊÉOEMOTICON

S

eja em salas de bate-papo, chats ou no clássico MSN, as “bolinhas” da vez são eles, os emoticons (Emo = emoção, icon = ícone). Surgiram como forma de comunicação paralinguística em 1953, no cartaz do filme _Lili_,no qual Leslie Caron interpreta a personagem principal. Atualmente mesmo com a possibilidade de utilizar equipamentos simples de áudio e vídeo, ainda são amplamente difundidos e colecionados. Todo mundo tem uma porção de emoticons no computador. Nesta edição a Revista CÓDIGO transforma você em emoticon.

SARCÁSTICO - Está sem saco de responder ou comentar uma besteira de um amigo? ALTgr + 66 nele!

PISCADELA - Uma grande ideia? Uma grande sacada? Para pontuar estes momentos ou simplesmente acabar algum raciocinio ;)

FOTOS: Janine Ribeiro | sojanine@gmail.com | @89Janine Isabela Pedrosa | isabelapedrosa@hotmail.com 010CÓD12GO011


DIABO - From Hell para o PC. Muita maldade para acentuar suas façanhas malignas. (6) é o atalho para enviar o ícone do tinhoso para seus amigos.

DESISTÊNCIA - Entregou os pontos? Cansou de tentar explicar algo pra algum amigo? Não consegue entender este texto? #.# pra você.

DANDO LÍNGUA - Emoticon sapeca. Geralmente acentua alguma travessura.

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SORRISÃO - A alegria aqui é tamanha que o clássico =) não basta. O X indica os olhos fechados, que geralmente significa vergonha.

(

“Hoje Você vai rir :) Você vai Chorar :( sim, você vai se apaixonar S2” Era o que dizia o cartaz do filme _Lili_. Desde então, o emoticon dominou o mundo e é amplamente usado nos programas de mensagens instantâneas

OPS, FALEI - O nome diz tudo. Quando nada devia ser dito, esse é um jeito singelo de confessar o lado tagarela.

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FELIZ - Provavelmente o mais famoso ícone e pai de todo os emoticons. Também conhecido na versão =)

TRISTE - Encaixa para qualquer má notícia, dada ou recebida. Também conhecido na versão =( , =/ ou : /

CORAÇÃO - Um coração para a pessoa amada. Um amigo que gosta muito. Muitas funções para muitos atalhos: (L), SZ ou mesmo <3

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INFIEL Por Marcel Henrique Leite | marcel-henrique@hotmail.com

De acordo com a norma culta da nossa língua, Infidelidade é uma ruptura de uma dada fé. Para certos indivíduos trata-se do mais elevado grau de atentado ao pudor existente. Pois é. Até pensava da mesma forma que estas pessoas meses atrás. Agora, estou começando o meu exercício de adaptação à promiscuidade contemporânea. Lá estava eu, em uma modorrenta tarde de terça-feira, pensando no estado de aporrinhação no qual me encontraria quando retornasse para casa. Mas, qual a razão desse pessimismo anunciado? Simples. O maldito mau humor da minha senhora e sua irritante mania de reclamar de absolutamente tudo em sua volta. “O cachorro sujou tudo”, “O menino tá chorando”, “O pão tá velho”... Chegou a um patamar quase que inatingível, ao ápice do enchimento de saco feminino; é praticamente uma TPM eterna! Por que não larga esta mulher? Não posso largar a Amélia. De jeito nenhum. Amo sua comida, amo a maneira que ela organiza as coisas, amo a casa limpinha sempre. Enfim, amo minha mulher! Não a largaria por nada. Voltando à terça, entrei em casa e recebi o já esperado: um amontoado de reclamações. Mal cheguei 010CÓD16GO010

e já parti para a casa ao lado. Ia ver o jogo na TV. Claro que é uma das desculpas mais mal lavadas da história. Tinha a Claudinha lá. Era bom. Claudinha era carinhosa, não reclamava de nada. Era uma perfeição. O jogo “acabou” e rumei para a casa em frente. Dessa vez, Irene estava a me esperar. Também era maravilhoso. Nenhuma reclamação no pé do ouvido. No finzinho da

noite, ainda dei uma passadinha na casa da esquina. Oh, Silvinha! Que espetáculo. Linda e não me azucrinava. Voltei, então, para o meu doce e querido lar. Logo quando abri a porta: “Onde você tava? O que tava fazendo? Com quem você tava?”. Imediatamente, tirei um lindo buquê de rosas detrás das costas. E entreguei. Afinal de contas, eu amo a minha mulher.

Exemplos de bons cafajestes: Sawyer, de Lost, Charlie Harper, de Two and a half men, e qualquer personagem de José Mayer.


VIVENDONUMACAIXA Por Ben-Hur Bernard | bernard_costa@hotmail.com | @benbernard

Novidade ou necessidade, morando sozinhas são exemo fato é que contêineres ma- plos desse novo cenário. Sem rítimos são a nova revolução contar que o lar se tornou um da arquitetura. Vários proje- ambiente-suporte, o qual “vitos com essas peças já foram sitamos” somente para dormir executados em todo o mun- e fazer nossa higiene pessodo, especialmente nos Esta- al. dos Unidos, onde a produção A arquitetura, portanto, se cresce. E os motivos para comunica com essas novidatudo isso são muito simples: des, e acaba transformando a rapidez na construção, custo, cidade num organismo vivo, demanda no mercado, esté- que se modifica a cada nova tica etc. Além do mais, con- necessidade. Uma casa precisa têineres são extremamente ser resistente, mas não tanto práticos em regiões devasta- a ponto de resistir às mudandas por fenômenos naturais, ças frequentes da sociedade. O como foi o caso do Sri Lanka, contêiner é flexível, nesse senapós o tsunami em 2004. Os tido. mais utilizados têm, em méEsteticamente, uma cidadia, 2,44m de largura, 2,59m de feita de contêineres, ou ao de altura e 12,19m de comprimento. Você pode estar se questionando: qual a van5m tagem de viver num 2.4 espaço tão limitado? O lar anda em processo de adequação às novas formas de habitar do ser humano. 2.60m Muitas famílias hoje são compostas diferentemente do que se entende por convencional: casais sem filhos, mães ou pais sem cônjuge e pessoas

menos um prédio - já existente em muitos países -, parece ser uma antecipação do futuro. Contudo, este é o presente, e a moradia não é mais só uma necessidade de proteção, é também uma maneira de expressão, um reflexo dos tempos modernos. Os contêineres são nômades, o que combina com o fato de ninguém, hoje, poder se dar ao luxo de fincar os pés no chão e ignorar o resto do mundo. Contêineres são modulares e permitem diversas formas de montagem e configurações. Quem na contemporaneidade pode ignorar as mutações que sofremos socialmente?

Sua vida nes cab tas eria dim ens ões ? 12m

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AFORÇAPOPULARNASONDASDORÁDIO Por Nathália Honci | @nahonci | nahonci@hotmail.com

Foto: Roberta Batista

Funcionando com vasta programação e de forma oficial e independente, a rádio comunitária Martins 87,9 FM, localizada no bairro do Tabuleiro dos Martins, é um exemplo de projeto inteiramente popular, que visa à educação, ao divertimento e ao conhecimento da comunidade pela própria comunidade. O alcance dos programas da rádio vão das imediações do supermercado Makro até alguns interiores próximos.

Desde 2001, a Associação dos MoA rádio causa um impacto que radores da Rua do traz mudanças. Essa era uma Campo (Amorucampo), entidade reprecomunidade ‘morta’, mas agosentativa da região ra tendo uma mídia aqui, nós do Tabuleiro, onde próprios nos conhecemos está sediada a rádio, vem tentando oficializar este projeto idealizado desde 1997; mas o pleito só foi cesso judicial e fui condenada a conseguido há um ano. O proje- um ano de prisão, mas tínhamos to popular foi enviado primeira- a opção da doação de 40 cestas mente ao Programa Comunidade básicas para uma instituição de Solidária, criado pela antropólo- caridade”, relatou. Atualmente, vencidos os enga Ruth Cardoso, que o encamitraves à sua oficialização, a rádio nhou para a tramitação legal no funciona na casa da presidente Ministério das Comunicações e e presta um grande serviço à no Congresso Nacional. comunidade, promovendo e diSegundo a presidente da asvulgando eventos e oferecendo sociação, Maria José da Silva, os uma programação musical vasete anos de espera foram muiriada. Ensinamentos religiosos e to difíceis. “Não tínhamos mais programas educativos também esperanças no processo, nunca são transmitidos pela rádio, difomos ligados a políticos para versidade que segue o objetivo acelerar os trâmites, lutando sozinhos eu, o diretor e os demais; inicial de todos os que lutaram então resol- por essa iniciativa popular. Além da presidente da Amoruvemos entrar com a progra- campo, a rádio conta com o comação no ar municador Marcos Antônio Cezar de forma pi- Wanderlei, no cargo de diretor, rata e fomos e com diversos jovens colaborapegos pela dores, que têm a oportunidade Anatel [Agên- de tão cedo interagir com a cocia Nacional municação. “A rádio causa um de Telecomu- impacto que traz mudanças, fan i c a ç õ e s ] ”, lando de educação e de segurancomentou a ça. Essa era uma comunidade representan- ‘morta’, mas agora, tendo uma te popular. E mídia aqui, nós próprios nos coc o n t i n u o u : nhecemos”, afirmou Alan Jones, “De outra vez de 16 anos, um jovem colaboraque também dor, que agora pensa em prestar fomos pegos, vestibular para jornalismo. eu, como preMaceió possui apenas mais sidente da duas rádios comunitárias oficiaAmorucampo, lizadas: a Voz de Bebedouro e a respondi a pro- Rádio Serraria.

Equipamentos da rádio Martins 010CÓD18GO011


LEPARKOUR:SUPERANDOLIMITES Por Raphael Vasconcelos | @raphaelvasclins

ga – nome de origem indígena, que tem como significado “filhos da terra”, fazendo uma referência ao uso do chão. A estudante Pei Fang Fon fez parte desse grupo durante um ano, e vê a atividade como uma superação dos seus próprios limites e medos. “É interessante a prática da atividade para acabar com qualquer tipo de paradigmas pessoais que possam existir”, diz a estudante. Para Pei, o movimento mais difícil é subir os muros. Ela afirma que muita força é necessária, e que já torceu o tornozelo, machucou o punho e o antebraço. “Não teve uma única vez que voltei para

casa sem algum machucado, apesar disso, aconselho a prática”. Aos poucos a técnica vem sendo difundida por todo o país, inclusive no nordeste, através de encontros em Alagoas ou intercâmbios entre estados vizinhos. Para participar, basta usar roupas leves, ter um tênis que suporte impactos e força de vontade para fazer os exercícios. As datas, locais e horários em que o grupo treina estão disponibilizados em uma comunidade do Orkut “Parkour Maceió AL”, que dispõe de vários links de blogs e sites sobre eventos que foram realizados ou estão por vir, além de vídeos e fóruns para debates.

David Belle: o criador do Le Parkour.

Foto do filme ‘B13 - 13º distrito’ + Ilustração

Reverso, Equilíbrio, Rolamento, Salto do Gato, Drop e Subida, esses são nomes de alguns dos movimentos utilizados no Le Parkour, atividade em que os homens que treinam são denominados de Traucer e as mulheres, Trauceres. O esporte foi criado na França, na década de 80, por David Belle, inspirado pelo pai, que foi combatente na Guerra do Vietnã e usava algumas das técnicas do Le Parkour (O Percurso). Essa prática, ainda hoje, utiliza as habilidades do corpo para se mover de um ponto para outro de forma rápida e eficiente, de forma que gaste menos energia possível. Além disso, não há limite para as manobras do Parkour, elas podem ser executadas em bancos, paredes, árvores, viadutos, calçadas ou em qualquer outro ponto. Em Maceió, não se sabe ao certo quando começou a ser praticado, mas existe um grupo que treina há seis anos, o Ybian-

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INSTANTÂNEOINUSITADO Marco Antônio Fischer de Araújo | marcofischerbardo@hotmail.com

se dispersando logo depois. Essa ação sempre é algo inusitado para os que passam pelo local no momento do “mob”. Em um deles, por exemplo, ao ouvirem um sinal previamente marcado, todos que estão fazendo parte da mobilização “congelam” subitamente, ficando sem se mexer por um tempo e depois voltando ao normal como se nada tivesse acontecido. Em Maceió, onde a atividade começou há pouco tempo, existem dois grupos que realizam as mobilizações. Um deles é o Flash Mobs Maceió, que utiliza principalmente redes de relacionamentos virtuais para organizar as ações, criando uma comunidade que tem crescido após a realização de dois Zombie Walks (performance em que as pessoas

se maquiam como zumbis de filmes de horror) e um Pillow Fight (no qual os participantes lutam entre si com travesseiros). O outro é o Coletivo na Rua, que, ao contrário do primeiro, prefere realizar eventos anônimos. O objetivo principal dessas movimentações é quebrar a rotina tanto dos participantes quanto dos espectadores, que podem ser convidados a se juntar, além de proporcionar diversão. Para Ednelson Júnior, um dos organizadores do Flash Mobs Maceió, esse tipo de evento ainda pode ser “um veículo de construção de um cenário urbano, onde as relações interpessoais sejam mais fortes e mais ‘legais’, sem toda aquela paranóia moderna em que nos vemos engolidos e que gera um afastamento das pessoas.”

Foto: Marco Fisher

O ambiente caótico trazido pelo cenário urbano faz com que diferentes ideias e sensações se cruzem criando formas novas de expressão. Essa difusão de pensamentos contrasta com o ritmo controlado da vida na cidade, e algumas formas de expressão surgiram justamente com o objetivo de combater a monotonia da selva de concreto. Recentemente, pessoas dispostas a quebrar a rotina começaram a usar a Internet, e outros meios de comunicação, para uma brincadeira que também acabou se tornando uma forma de linguagem: os flash mobs. Flash mobs, ou “mobilização instantânea”, são eventos nos quais pessoas se organizam para realizar uma ação em conjunto, em um momento previamente determinado,

A partida dos “zumbis” pelas ruas de Maceió, provocou vários olhares curiosos e até alguns sustos

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COLUNA:DECODIFICANDO

OAMORDEGARCIAMÁRQUEZ Por Marcel Henrique Leite | marcel-henrique@hotmail.com

Até mesmo uma comparação dos sentimentos sentidos por ele, no ápice de uma dita figura de linguagem. Outras obras do colombiano já dotam de uma emoção bastante aparente. “Memória” não é diferente, exceto por uma particularidade. Permita-me uma importante ressalva: o ancião, por mais passional que seja, já não é mais tão efusivo amorosamente falando quanto seus antepassados em obras de García Márquez. De fato, trata-se de um homem mais calejado e menos devaneador - me atreveria a dizer. Provavelmente, se aproximando mais de um possível Eu do autor. Talvez, um ceticismo amargurado possa ser relacionado ao próprio exercício da profissão. Uma referência à forma de linguagem utilizada contemporaneamente. Foto: Divulgação

Memória de minhas putas tristes trata com uma beleza inegável a relação sentimental entre um ancião e uma jovem garota, cuja maturidade estava, em termos numéricos, ainda longe de ser atingida. Não é somente por isso que podemos considerar o livro como um dos mais marcantes da carreira do autor. Nem apenas por reafirmar o Nobel conquistado. Tampouco pela linguagem simples ou pelo enredo capaz de unir, ao mesmo tempo, uma facilidade notória de compreensão e uma complexidade formidável velada nas entrelinhas. É bem mais do que isso. Explorando um viés talvez nem sempre pensado, ou mesmo abordado, notamos o amor presente no autor. Não, não estou repetindo algo possivelmente já dito anteriormente. Garcia Márquez, além de escritor, é também jornalista. Assim como seu personagem no livro, o ancião que assinava a coluna dominical do jornal. Durante a leitura, percebe-se que quando não está buscando alternativas para conseguir uma eventual conquista da jovem moça, o protagonista está a exercer a sua tão amada profissão. Quem sabe uma metáfora simultânea em seu texto.

Um ar nostálgico remetente a quando se fazia jornalismo com paixão. Sem uma falsa moralidade hoje predominante, quiçá como em alguns de seus primeiros trabalhos em Barranquilla. Um possível intuito do livro pode ser exatamente uma rigorosa, e necessária, análise de como se transmite a informação nesse emaranhado de linguagens e informações que nos bombardeiam a todo e qualquer momento. Sendo como uma elegia factual, em que se dá aquilo que tende a englobar o que se é momentâneo, e quase sempre irrelevante. Compara-se tamanha transformação à perda da inocência da menina do livro. Ou até não. Possivelmente, está mais próxima da falta dessa “inocência” na escrita daqueles que exercem a tão amada profissão de Gabriel García Márquez.

O AUTOR Gabriel García Márquez, também conhecido por Gabo, nasceu em 6 de março de 1928, na cidade de Aracataca, Colômbia,Gabriel estudou em Barranquilla e no Liceu Nacional de Zipaquirá. Passou a juventude ouvindo contos das Mil e Uma Noites; sua adolescência foi marcada por livros. García Márquez é escritor, jornalista, editor e ativista político colombiano. Recebeu o Nobel de Literatura de 1982, por sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado Cem Anos de Solidão. Foi responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana.Viajou muito pela Europa e vive atualmente em Cuba. Em 1 de abril de 2009, declarou que se aposentou e não pretende escrever mais livros. 010CÓD21GO010


FONAUDIOLOGIA:ALIADADIÁRIADOJORNALISMO Filipe Alencar | filipealencar_219@hotmail.com | @fiiliepalencar Laís Pita | laispita@hotmail.com

de improviso dos telejornalistas, que hoje é essencial. “O meu trabalho maior aqui é a prosódia, leitura e a narração de um texto. Como dar a melhor ênfase, a melhor pausa, a melhor entoação para cada tipo de notícia. A entoação engloba também a questão do tom da voz, da melhor intensidade. Isso tudo é a prosódia, que é a minha maior demanda.”, explica. O trabalho do fonoaudiólogo tem como objetivo desenvolver e aperfeiçoar os distúrbios e as diferenças da fala. Em um telejornal, o foco é a noticia. Um sotaque exagerado ou uma fala com um

to mais ritmo”. Atualmente, o telejornalista precisa de uma formação mais completa para participar da construção e da edição de um texto. A espontaneidade e o poder de improviso são fundamentais, além de ter uma boa voz e um bom gestual. Com a mudança nos formatos dos telejornais que vem acontecendo, foi necessária uma nova abordagem no trabalho feito com os profissionais. “O jornalismo sendo apresentado em pé representa uma maior aproximação com o telespectador. O trabalho é mais difícil por exigir mais espontaneidade e mais controle do

apenas com a voz ou com a fala. É de competência do fonoaudiólogo trabalhar a comunicação humana como um todo, adequando a postura, a expressão facial e o uso de gestos. “Não é nossa função analisar a parte escrita, o conteúdo do jornalismo. O nosso trabalho é estudar a melhor forma de transmitir esse conteúdo. Onde vai ser dada maior ênfase, por exemplo.”, disse Gabriela Sóstenes, professora de fonoaudiologia da UNCISAL e fonoaudióloga da TV Gazeta desde 2001. Para Gabriela, o maior desafio do fonoaudiólogo não é trabalhar com a voz e com a fala dos repórteres e apresentadores, e sim com a espontaneidade e o poder

padrão caricato acaba desviando a atenção do telespectador. Um exemplo de como é feito o trabalho da fonoaudióloga, com os jornalistas, é a apresentadora do Bom Dia Alagoas, Michele Garziera. “Eu sou de fora, e foi preciso adaptar o meu sotaque.”, explica, complementando que “aprendemos a pronúncia correta das palavras, a própria forma de narração de acordo com um assunto”. Mas não só o sotaque é objeto de preocupação, como explica a repórter Hannah Copertino. “Minha respiração mudou muito, antes eu era muito ofegante, muito rápida. Nem mesmo eu entendia o que eu dizia. Com o trabalho da Gabi [Sóstenes], eu ganhei mui-

corpo, da postura e dos gestos. Temos que trabalhar o jeito de andar e falar com naturalidade.”, explica Gabriela Sóstenes, complementando que “antigamente trabalhávamos contendo os gestos dos jornalistas. Nem levantar o braço da bancada podia”. Como bem resumiu a jornalista Hannah, “se jogassem a gente no vídeo sem ‘fono’ ia ser uma tragédia”. Realmente, o trabalho de fonoaudiólogos é fundamental para o bom exercício do telejornalismo, e o necessário treinamento dos comunicadores que desejam trabalhar na televisão deve ser realizado antes e durante o ingresso no mercado de trabalho.

Ilustração: Ben-hur Bernard

Na década de 1980, começou a surgir uma grande mudança no formato dos telejornais. Aquele padrão estereotipado do apresentador, com uma voz impostada e certo distanciamento, foi sendo substituído pela necessidade de um profissional que utilizasse a comunicação de maneira natural, aproximando-se do público e marcando um estilo próprio de atuação. É nesse contexto que surge a importância da atuação do fonoaudiólogo junto ao profissional de telejornalismo - repórter e apresentador. A fonoaudiologia, diferente do que muitos pensam, não trabalha

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Foto: Divulgação

CINEMAÉRESTRIÇÃO Por Mayra Costa Pires | mayracostapires@hotmail.com

É bastante comum ouvir entre públicos e artistas que nosso país não investe em cinema como deveria. Quando se diz “investir”, está se falando em dinheiro; quando se diz “deveria”, é comparando ao cinema hollywoodiano. É verdade que no cinema dinheiro está diretamente relacionado à imaginação, mas isso não quer dizer que quanto mais, melhor. A relação inversa tem se mostrado muito boa nos últimos anos. Uma grande quantia financeira pode não ser tão boa assim. Isso porque, diante de alguns milhões de dólares, o autor do filme pode concretizar o que imaginar. No entanto, ele não imagina tudo que pode. Esse artista corre o sério risco de aceitar a primeira idéia (quase sempre a pior), já que tem um grande orçamento. Por exemplo: estamos filmando um drama, faz parte da trama uma seqüência em que um carro fica em chamas com uma criança dentro. Com alguns “mils” construímos um boneco convincente; uma boa maquiagem, atamos fogo em um, dois ou três carros e contrataremos dublê. Se tivermos um orçamento restrito, nos obrigaremos a pensar, em uma solução e jamais aceitaremos que essa solução seja inferior a última idéia. E então o diretor resolve “poetizar” o filme, mostrando imagens de um parque de bairro vazio enquanto se ouve os gritos infantis a sons da chama. Assim, a falta de dinheiro deixa de ser uma inimiga da arte para ser uma aliada. A restrição traz tantos benefícios que em 1995 os cineastas Lars von Trier e Thomas Vinterberg deram origem ao movimento cinematográfico Dogma 95. Juntos escreveram um conjunto de dez regras, conhecido como “Voto de Castidade”, que os diretores, ao filmarem seus filmes, deviam seguir.

Os filmes que foram feitos dentro de tais mandamentos são tão bons, que até quem acha o Dogma um absurdo deve concordar que é para o bem do cinema. Além do mais as restrições são um exercício divertido e ainda essencial para manter o cérebro em forma.

OS DOGMAS 1. As filmagens devem ser feitas em locais externos. Não podem ser usados acessórios ou cenografia (se a trama requer um acessório particular, deve-se escolher um ambiente externo onde ele se encontre). 2. O som não deve jamais ser produzido separadamente da imagem ou vice-versa. (A música não poderá, portanto, ser utilizada, a menos que ressoe no local onde se filma a cena). 3. A câmera deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos - ou a imobilidade - devidos aos movimentos do corpo. (O filme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvolver-se onde o filme tem lugar). 4. O filme deve ser em cores. Não se aceita nenhuma iluminação especial. (Se há luz demais, a cena deve ser cortada, ou então, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmera). 5. São proibidos os truques fotográficos e filtros. 6. O filme não deve conter nenhuma ação “superficial”. (Em nenhum caso homicídios, uso de armas ou outros).

cartaz do manifesto dogma 95

7. São vetados os deslocamentos temporais ou geográficos. 8. São inaceitáveis os filmes de gênero. 9. O filme deve ser em 35 mm, standard. 10. O nome do diretor não deve figurar nos créditos.

Os mais importantes filmes que seguem o manifesto: • Festen (DIN) Dirigido por: Thomas Vinterberg • Idioterne (DIN) Dirigido por: Lars von Trier • The King Is Alive (DIN) Dirigido por: Kristian Levring • Lovers (FRA) Dirigido por: Jean-Marc Barr • Interview (CDS) Dirigido por: Daniel H. Byun • Fuckland (ARG) Dirigido por: Jose Luis Marques • Babylon (SUE) Dirigido por: Vladan Zdravkovic • Julien Donkey-Boy (EUA) Dirigido por: Harmony Korine

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CÓDIGO

EXPEDIENTE EDITORES Ben-hur Bernard Filipe Alencar Isaac José Janine Ribeiro Marcel Henrique Leite Morena Melo Rivângela Santana Roberta Batista Yzza Albuquerque William Correia

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