TFG Túlio F. Freitas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEB

TÚLIO F. FREITAS

RESIDÊNCIA SUSTENTÁVEL EM SERTÃOZINHO-SP

RIBEIRÃO PRETO 2016

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TÚLIO F. FREITAS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Centro Universitário UNISEB como requisito para a obtenção do Título de Graduação Arquitetura e Urbanística. Orientador: Prof. Carlos Stechhahn

RIBEIRÃO PRETO 2016

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TÚLIO F. FREITAS

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Centro Universitário UNISEB como requisito para a obtenção do Título de Graduação Arquitetura e Urbanística. Orientador: Prof. Carlos Stechhahn Aprovado em: BANCA EXAMINADORA

____________________________ Prof. Carlos Stechhahn Orientador Centro Universitário UNISEB

____________________________ Prof(a). Centro Universitário UNISEB

____________________________ Prof(a): Centro Universitário UNISEB 3


TÚLIO F. FREITAS

Freitas, Túlio Ferrari Residência Sustentável em Sertãozinho-SP. TCC sob a orientação do Professor Carlos Stechhahn, Ribeirão Preto - SP. Centro Universitário UNISEB, 2015. 92 fls.

Volume único

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho acima de tudo a Deus, criador e provedor e mantenedor de todas as coisas, à minha família, meus pais Eduardo e Telma que me deram seu amor incondicional e todo apoio nessa jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, ao meu orientador neste trabalho, Prof. Carlos Stechhahn pela paciência e objetividade com que me conduziu nessa jornada.

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Além de sua sustentabilidade e de sua inteligência, a arquitetura deve ser uma fábrica de emoções. Renzo Piano

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RESUMO

Talvez no maior paradoxo da humanidade, a ação do homem, justamente na sua frenética busca pela qualidade de vida promoveu uma degradação sem precedentes ao meio ambiente, tornando-o insuficiente para sustentar a vida deste ser. Somente a partir de tempos muito recentes os cuidados com o meio ambiente são vistos como fundamentais para a sobrevivência das futuras gerações, fazendo nascer o conceito de sustentabilidade. Na arquitetura, passou-se então a serem observadas normas e regras construtivas e urbanísticas que visem a redução dos impactos causados pelas construções ao planeta e à sociedade, já que o conceito de sustentabilidade é amplo e engloba mais do que os cuidados com o meio ambiente, lançando também um olhar para as sociedades e as suas culturas. Utilizando como base projetos existentes, nos quais a sustentabilidade serviu como norte, este trabalho acadêmico contempla o projeto arquitetônico de uma unidade residencial no município de Sertãozinho, São Paulo, projeto este em que o conceito de sustentabilidade seja também a direção principal, permitindo a essa edificação a racionalização dos impactos ambientais e sociais tanto no momento de sua construção quanto em sua manutenção enquanto ativa como moradia. Para tal, se buscará considerar o tripé da sustentabilidade, ou seja, do desenvolvimento econômico, da preservação ambiental e da equidade social.

Palavras-Chave: Arquitetura, Sustentabilidade, Residência

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ABSTRACT

Perhaps in the greatest paradox of humanity, the action of the man, precisely in his frantic search for quality of life promoted an unprecedented degradation to the environment, making it insufficient to sustain the life of this being. Only in very recent times the care for the environment are seen as essential for the survival of future generations, giving birth the concept of sustainability. In architecture, it moved then to be observed norms and constructive and urban rules aimed at reducing the impacts of buildings on the planet and society, since the concept of sustainability is broad and encompasses more than caring for the environment also casting a look at the societies and their cultures. Using as a basis existing projects where sustainability served as north, this academic work includes the architectural design of a residential unit in the city of SertĂŁozinho, SĂŁo Paulo, project this that the concept of sustainability is also the main direction, allowing this building streamlining the environmental and social impacts both at the time of its construction and in its maintenance as active as housing. To this end, it will seek to consider the triple bottom line, namely economic development, environmental protection and social equity.

Keywords: Architecture, Sustainability, Residence.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14 2. JUSTIFICATIVAS ...................................................................................................... 16 2.1 Sociocultural ......................................................................................................... 16 2.2 Acadêmica ............................................................................................................ 16 3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 17 3.1 Objetivos gerais ................................................................................................... 17 3.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 17 4. METODOLOGIA ........................................................................................................ 18 5. DESENVOLVIMENTO .............................................................................................. 19 5.1 O Homem: Construtor ou Destruidor? ................................................................... 19 5.1.1 A Sustentabilidade no Decorrer do Tempo ............................................. 19 5.2 A Problemática da Habitação .............................................................................. 29 5.2.1 O Problema habitação na Europa ............................................................. 29 5.2.2 A Moradia no Brasil – Percurso Histórico ............................................... 30 5.3 Leituras Projetuais ............................................................................................... 36 5.3.1 Leitura projetual - “Residência Metálica e Sustentável” .......................... 37 5.3.2 Leitura projetual - “Residência Sustentável de Sérgio Conde Caldas” ... 42 5.3.2.1 Sistema de Captação de Águas Pluviais ............................................ 44 5.3.2.2 Cobertura Verde ................................................................................. 45 5.3.3 Leitura projetual - “Casa Eficiente – Aproveitamento de Energia Solar”.. 47

5.3.3.1 Sistemas de Aquecimento de Água por Energia Solar ....................... 48 5.3.3.2 Células Solares Fotovoltaicas ............................................................. 50 6. RESIDÊNCIA SUSTENTÁVEL EM SERTÃOZINHO - DESENVOLVIMENTO 53 6.1 Caracterização do Município ......................................................................... 53 6.2 Caracterização do Local do Projeto ................................................................ 56 6.3 Caracterização do Projeto ................................................................................ 59 6.3.1 Descrição do Projeto .............................................................................. 60

6.3.2 A Estrutura de Perfilados Metálicos ........................................................... 63 6.3.3 Cobertura e Fechamento por Placas de Concreto Alveolar ....................... 71 10

6.3.4 Fechamento por Painéis de Vidro Inteligente ........................................... 75 6.3.5 Sistema de Captação de Águas Pluviais .................................................... 75


6.3.6 Utilização da Cobertura Verde ................................................................... 77 6.3.7 Sistemas de Aquecimento de Água por Energia Solar ........................... 78 6.3.8 Sistema Fotovoltaico de geração de Energia Elétrica ......................... 80 6.4 Tecnologias Sustentáveis Aplicados ao Projeto .............................................. 82 6.4.1 Restritores de vazão ............................................................................ 82 6.4.2 Arejadores ........................................................................................... 83 6.4.3 Caixa de Descarga Duplo Acionamento ............................................. 84 6.4.4 Sistema de Captação da Água de Chuva ........................................... 85 6.4.5 Pisos Drenantes .................................................................................. 86 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 88 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 90

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LISTA DE FIGURAS Figura 1- degradação ambiental urbana – ........................................................................... 21 Figura 2- responsabilidade ambiental – .............................................................................. 24 Figura 3 - tripé da sustentabilidade – .................................................................................. 25 Figura 4 - extrativismo sustentável – .................................................................................. 26 Figura 5 - construção sustentável – .................................................................................... 28 Figura 6 - Londres destruída – ............................................................................................ 29 Figura 7 - imigrantes em uma fazenda no início do século XX ......................................... 31 Figura 8 - vista do morro da providência - década de 1920. .............................................. 32 Figura 9 – conjunto minha casa minha vida Botucatu- SP ................................................. 34 Figura 10 - aquecedor solar utilizado em moradia popular ................................................ 35 Figura 11 – fachada da residência ...................................................................................... 37 Figura 12 – montagem da estrutura ..................................................................................... 38 Figura 13 – bancada para montagem de estruturas metálicas ............................................. 39 Figura 14 – perspectiva pela lateral da edificação .............................................................. 40 Figura 15 - planta da construção ........................................................................................ 42 Figura 16 - vista das aberturas frontais ............................................................................... 45 Figura 17 - vista da cobertura verde ................................................................................... 46 Figura 18 - vista nordeste da construção ............................................................................ 48 Figura 19 - detalhes de um coletor solar de placa plana ..................................................... 49 Figura 20 - posição dos coletores solares ........................................................................... 50 Figura 21 - detalhe do coletor fotovoltaico ........................................................................ 51 Figura 22 - trajetória solar sobre a casa eficiente ............................................................... 52 Figura 23 – localização de sertãozinho no estado ............................................................... 53 Figura 24 – vias de acesso ................................................................................................... 54 Figura 25 - vista aérea de sertãozinho ................................................................................. 55 Figura 26 - açúcar e álcool ................................................................................................. 55 Figura 27 - tecnologia sucroalcooleira ............................................................................... 56 Figura 28 - cogeração de energia elétrica ........................................................................... 56 Figura 29 - vista da entrada do condomínio ....................................................................... 57 Figura 30 - acesso ao condomínio ...................................................................................... 58 Figura 31 - vista da entrada do condomínio ....................................................................... 59 Figura 32 – perspectiva da fachada da casa ........................................................................ 60 Figura 33 – perspectiva da fachada da casa .............. ......................................................... 60 Figura 34 – planta baixa do pavimento superior ................................................................. 61 12 Figura 35 – planta baixa do pavimento inferior .................................................................. 62 Figura 36 – corte CC ........................................................................................................... 62 Figura 37 – corte BB .......................................................................................................... 62


Figura 38 – planta baixa do pavimento inferior .................................................................. Figura 39 - planta do conjunto de estruturas ....................................................................... Figura 40 - perspectiva frontal da estrutura completa ........................................................ Figura 41 - perspectiva lateral direita da estrutura completa ............................................. Figura 42 – corte AA – estrutura I ....................................................................................... Figura 43 – corte BB – estrutura I ....................................................................................... Figura 44 - perspectiva frontal da estrutura I ..................................................................... Figura 45 - perspectiva traseira da estrutura I .................................................................... Figura 46 - perspectiva lateral esquerda da estrutura I ....................................................... Figura 47 - perspectiva lateral direita da estrutura I ........................................................... Figura48 – corte CC – estrutura II ....................................................................................... Figura49 – corte BB – estrutura II ....................................................................................... Figura 50 - perspectiva lateral direita da estrutura II........................................................... Figura 51 - perspectiva frontal esquerda da estrutura ll ...................................................... Figura 52 - perspectiva traseira da estrutura II .................................................................... Figura 53 - perspectiva frontal direita da estrutura III......................................................... Figura 54 - perspectiva lateral direita da estrutura III ........................................................ Figura 55 - perspectiva traseira da estrutura III .................................................................. Figura 56 - montagem das lajes com guindaste .................................................................. Figura 57 - possibilidade de montagem elétrica ................................................................. Figura 58 - possibilidade de montagem hidráulica ............................................................. Figura 59 - perspectiva frontal da estrutura com as lajes sobrepostas................................. Figura 60 - perspectiva das lajes pela vista lateral direita .................................................. Figura 61 - perspectiva das lajes pela vista traseira............................................................. Figura 62 – efeito visual do vidro inteligente ..................................................................... Figura 63 – desenho esquemático da cisterna de 14.100 litros .......................................... Figura 64 - vista da cobertura verde ................................................................................... Figura 65 - detalhe esquemático do aquecedor solar .......................................................... Figura 66 - detalhe da posição do aquecedor solar ............................................................. Figura 67 - detalhe da posição das placas de geração ....................................................... Figura 68 - detalhe da inclinação das placas solares ......................................................... Figura 69 - restritores de vazão ......................................................................................... Figura 70 - arejadores ........................................................................................................ Figura 71 - atuador duplo acionamento ............................................................................. Figura 72 – sistema de equipamentos para uso da água pluvial .......................................... Figura 73 – jardim com piso drenante .................................................................................

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63 64 64 65 65 66 66 67 67 67 68 68 69 69 69 70 70 71 72 72 73 73 74 74 75 76 78 79 80 81 81 83 84 84 86 87


1 INTRODUÇÃO

O homem, na busca incansável pela qualidade de vida e pelo lucro a todo custo promoveu uma degradação ambiental sem precedentes, levando o planeta à beira de um abismo no qual praticamente não se encontra o retorno. Somente em tempos muito

recentes a preocupação com o meio ambiente se tornou alvo de pesquisadores e estudiosos, pois se julgava erroneamente que os recursos naturais seriam inesgotáveis, e que somente a ação do homem não fosse capaz de tamanha destruição. Com o aparecimento de evidências irrefutáveis, como o efeito estufa, o buraco na camada de ozônio, entre outras, viu-se que de uma ação efetiva vinda do próprio homem, dependeria a vida das gerações vindouras no planeta, surgindo assim o conceito de sustentabilidade. Na arquitetura passaram a ser consideradas nos projetos normas e regras construtivas e urbanísticas que visassem a redução dos impactos causados pelas construções ao planeta e à sociedade, sendo muitas delas adotadas de forma mandatória. Assim, este trabalho acadêmico trata do projeto arquitetônico de uma “Residência Sustentável em Sertãozinho”, projeto esse que propõe a construção de uma unidade residencial na qual o conceito de sustentabilidade é a direção principal. Para o projeto dessa edificação foi considerada a racionalização dos impactos ambientais e sociais tanto no momento de sua construção quanto em sua manutenção enquanto ativa como moradia. A fim de elucidar os pontos que tangem ao projeto e seu conceito, o trabalho, em sua primeira seção, abordará a sustentabilidade, seus conceitos, sua história, e as contribuições que esse novo conceito forneceu ao mundo, permitindo ao homem vislumbrar um horizonte para as gerações futuras.

Na sequência, na segunda seção, o trabalho trata da problemática da habitação, já que tanto no Brasil como no mundo, a questão da habitação está relacionada diretamente com a questão social. O assunto moradia apesar de amplamente debatido, e, devido ao déficit habitacional, é um dos mais difíceis de ser combatidos por requerer altos investimentos e vontade política.

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Na terceira seção deste trabalho, são expostos e analisados três projetos arquitetônicos nos quais o conceito de sustentabilidade é tomado como prioridade. Esses projetos forneceram boa parte da base para a elaboração do nosso projeto, que prevê uma residência sustentável no município de Sertãozinho, São Paulo. Na quarta e última seção, o trabalho trata especificamente do Projeto Arquitetônico “Residência Sustentável em Sertãozinho”, explanando-o de forma didática, permitindo ao leitor uma vasta compreensão do projeto, de suas peculiaridades e das ações

previstas que permitem a essa construção o título de Sustentável, devido ao seu baixo impacto ecológico durante a construção ou mesmo durante a habitação.

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2 JUSTIFICATIVAS

2.1 Sociocultural Este trabalho, por se tratar de um projeto arquitetônico que tem em seus fundamentos a proposta de preservação do meio ambiente e da sociedade, se justifica em primeiro lugar pela sua condição social e cultural a que o tema sustentabilidade nos remete. Na busca do progresso e dos lucros a todo custo, a irresponsabilidade do homem atingiu níveis insuportáveis em relação ao seu planeta e aos seres humanos que dividem esse habitat. A condição de degradação do planeta permitiu a muitas culturas e sociedades serem degradados, expulsos de seus ambientes, vivendo em condições subhumanas e mesmo, em algumas condições extremas, serem dizimados.

2.2 Acadêmica

O trabalho se justifica também pela utilidade acadêmica e profissional que terá do ponto de vista teórico e projetual. O projeto abordado nesse trabalho coloca sob o foco dos profissionais e futuros profissionais da arquitetura e urbanística, a sustentabilidade na arquitetura como base para todos os projetos. Este trabalho poderá fornecer a base para aqueles que desejem tenham a intenção de adquirir conhecimento sobre a elaboração de projeto arquitetônico e urbanístico que utilizem materiais e processos construtivos que racionalizem os impactos à natureza, em uma construção limpa, sustentável tanto do ponto de vista construtivo como operacional, e ainda do ponto de vista energético, já que prevê fontes limpas de geração de energia, captação de água de chuva, e com luz e ventilação naturais. 16


3 OBJETIVOS

3.1 Objetivos gerais Esse trabalho acadêmico objetiva de forma geral chamar a atenção dos profissionais da arquitetura e urbanismo assim como dos futuros profissionais dessa área para a preservação do meio ambiente através do conceito de Sustentabilidade, como uma importante opção no enfrentamento do problema ambiental mundial e do problema social que essa degradação provoca. Objetiva também se fazer uma fonte confiável de consulta aos arquitetos e futuros arquitetos que se dispuserem a aumentar seus conhecimentos sobre a elaboração de projeto arquitetônico e urbanístico que tenha a sustentabilidade em sua linha principal, tanto na fase construtiva quanto na sua operação enquanto moradia.

3.2 Objetivos específicos

O trabalho acadêmico tem como objetivos específicos: • Traçar ponderações sobre o assunto sustentabilidade; • Explanar sobre a necessidade das construções sustentáveis; • Apresentar a região de Sertãozinho, SP e suas peculiaridades; • Elaborar um projeto arquitetônico para uma “Residência Sustentável em Sertãozinho”; • Ampliar o conceito de sustentabilidade à comunidade de Sertãozinho, pela contratação e treinamento da mão de obra local sobre as técnicas utilizadas na construção. • Elaborar análises projetuais de projetos arquitetônicos e urbanísticos que utilizem o conceito de sustentabilidade; 17


4 METODOLOGIA

Esse trabalho acadêmico foi elaborado utilizando-se a metodologia de pesquisa bibliográfica, considerando pressupostos teóricos de autores que tratam de assuntos referentes à sustentabilidade aplicados à arquitetura e urbanística como Boff (2008), Burnie (2007), CMMAD (1991) entre outros. Foram utilizadas também publicações técnicas pertinentes ao assunto como por exemplo Neufert (2013), Zanon (2011) entre outros autores não menos importantes. Como apoio serão usados também artigos, periódicos e materiais publicitários. Nossa pesquisa partirá de uma análise qualitativa, ou seja, na qual os fatores emocionais e as impressões pessoais do leitor estão presentes, dando espaço para interpretações e visões pessoais, não dependendo, portanto, de quantidades. Sobre a pesquisa qualitativa Minayo (1994) alude: “A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não pode ser reduzidos à operacionalização de variáveis.” (MINAYO, 1994, p.21 e 22).

Na pesquisa, projetos arquitetônicos e construções que estejam coerentes com a linha de pensamento do projeto pretendido, ou seja, com o projeto arquitetônico de “Residência Sustentável em Sertãozinho” serão analisados projetualmente e utilizados como referências, mesmo que parciais, desde que estejam fundamentados nos pilares a

sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.

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5 DESENVOLVIMENTO

Trabalho de pesquisa a seguir nos permite refletir sobre o papel do homem perante

a

natureza,

inicialmente

como

usufrutuário,

e,

na

sequência,

por

irresponsabilidade, como algós dessa natureza de que tanto é dependente.

Assim o projeto arquitetônico “Residência Sustentável em Sertãozinho” se coloca como uma proposta de solução para os problemas causados pelo homem em relação ao descaso ecológico de tanto tempo, já que tem em sua raiz o conceito de sustentabilidade, este previsto desde o projeto até etapa de uso da residência. A fim de auxiliar no entendimento do leitor sobre o projeto e suas peculiaridades, a seguir teceremos algumas ponderações que permitirão uma melhor compreensão sobre o assunto sustentabilidade, e também sobre os problemas causados pelo déficit de moradias tanto no mundo como no Brasil.

5.1 O Homem: Construtor ou Destruidor?

No mundo vivemos nos dias de hoje um vertiginoso avanço no crescimento demográfico. Atualmente a população mundial já ultrapassou a marca do 7 bilhões de seres humanos compartilhando o planeta. Para atender à demanda de alimentos e bens de consumo numa quantidade que seja suficiente para esse crescimento demográfico, o homem promoveu diversas mudanças no seu habitat, mudanças essas que perturbaram o equilíbrio da natureza, causando danos que levaram à degradação de diversas áreas do planeta. Entre essas degradações podemos mencionar desmatamentos de imensas áreas verdes, poluições das águas, poluições sonoras, e outras ações que promoveram a

degradação da natureza. Assim, o desenvolvimento das formas de produção de alimentos em larga escala fez com que a agricultura e a pecuária nessa mesma proporção fossem incentivadas pelos governantes, em detrimento de cuidados com a natureza, e do meio ambiente. Os frequentes e gigantescos desmatamentos não eram inibidos de nenhuma 19

forma por quem deveria cuidar, sendo, até mesmo incentivada com isenções fiscais, e outros benefícios


que premiavam a destruição das matas e de sua biodiversidade. Essa falta de preocupação com a ocupação do solo, com o aumento das áreas desmatadas, com a poluição das águas levou a um desequilíbrio nunca visto antes pelos seres humanos, comprometendo e em muitos casos levando à extinção os biomas contidos nessas regiões que sofreram e ainda sofrem a ação predatória do homem, justificadas e financiadas pela demanda de produtos que atendam a necessidade humana.

5.1.1 A Sustentabilidade no Decorrer do Tempo

Como vimos acima, a convivência do homem moderno com a natureza sempre foi pouco amistosa, levando esse homem a expor o seu habitat a condições de degradação evidentes e inegáveis. Essa exposição permitiu que ecossistemas inteiros fossem dizimados e muitos biomas dependentes desses fossem extintos. Historicamente, a falta de preocupação e em favor da sua própria evolução de seu progresso, o homem ignorou a possibilidade da redução ou mesmo do esgotamento dos recursos naturais que sempre forneceram condições para sua sobrevivência, e por suas ações, nos dias recentes tornou-se seu próprio carrasco, determinando, caso algo não fosse feito, sua própria extinção. “As relações entre sociedade e natureza, foram reconhecidas como campo e objeto desta ciência ao final do século XIX, como definições de seu objeto de estudo. De Martonne definiu como campo a questão dos fenômenos humanos dentro da abordagem geográfica. Esta definição marcava a questão do reconhecimento da geografia chamada acadêmica”. (TELLES, 2013, P.15)

Assim, o homem se colocou em condição dúbia, já que em sua constante busca pela sobrevivência com conforto permitiu e agiu promovendo a degradação do seu meioambiente, situação esta de destruição confirmada, já que esta mostrou-se proporcional na razão direta da condição de urbanização dos locais que sofreram a interferência do homem. 20

A poluição dos rios, do ar, a poluição sonora, entre outras formas não menos problemáticas de poluição, afetam seriamente a saúde dos habitantes dessas áreas, e com os


alagamentos causados pela impermeabilização do solo pelo asfalto e pelo concreto dos calçamentos, degradam socialmente seus habitantes, empurrando-os muitas vezes para áreas de risco, tornando a vida desses moradores insustentável e perigosa. Figura 1- Degradação Ambiental Urbana

Fonte: http://mural.blogfolha.uol.com.br

Nos anos 1940, com o fim da Segunda Grande Guerra, surgem novos tipos de ameaças ao meio ambiente e à saúde do homem: a poluição nuclear e pelo uso de pesticidas sintéticos na agricultura aplicados sem os devidos cuidados, expondo a saúde tanto de quem os aplicava quanto dos moradores das regiões, já que o solo e os mananciais de água eram atingidos por essas substâncias altamente tóxicas, e ainda dos consumidores desses produtos agrícolas, causando danos enormes a quem tivesse contato direto ou indireto com esses produtos. Assim, em 1962, a bióloga marinha e escritora Rachel Carson lançou a luz da informação sobre os novos riscos à saúde do homem por essas formas de poluição na forma de agrotóxicos, evidenciando-as em sua publicação “A primavera silenciosa”, publicação na qual defende também os cuidados com o ecossistema global. (BURNIE, 2007) Mello (2000) identifica em seu artigo “Complexidade e sustentabilidade” para a “Revista Estudos Ambientais”, informa que alguns fatores que historicamente se mostram responsáveis pela gravidade dos problemas mundiais relativos ao meio ambiente. Entre esses fatores o autor destaca o crescimento demográfico demasiadamente acelerado; a industrialização, sendo que esse segundo foi responsável pelo êxodo rural e a concentração 21


populacional nos arredores das indústrias, motivando uma célere e espontânea urbanização sem o devido planejamento; as diversas formas de poluição e ainda o esgotamento dos recursos naturais, sendo esse talvez o mais grave. Acima pudemos observar uma inter-relação das variáveis que foram responsáveis até aqui, pela degradação do meio ambiente. Assim, seja por falta de apoio das entidades governamentais, seja por falha na fiscalização, tanto as indústrias como a população acabaram por gerar poluição, o uso desregrado dos bens naturais, promovendo a escassez desses importantes recursos desde os dias da Revolução Industrial e, ainda hoje, muitas dessas empresas, governos e mesmo a população seguem o mesmo caminho da degradação ambiental. (MELLO, 2000). Somente muito em um tempo muito recente o ser humano tomou consciência de que seria preciso fazer algo a fim de eliminar ou pelo menos minimizar os efeitos devastadores dessas nocivas ações que durante centenas de anos têm vitimado a natura, e com ela a própria humanidade. Essa consciência

somente apareceu depois que se tornaram visíveis os efeitos da devastação causada pelo homem, como as alterações climáticas importantes que têm ocorrido no mundo, a recente descoberta do buraco na camada de ozônio da atmosfera pelo uso dos Clorofluorcarbonos ou CFC, e do chamado “Efeito Estufa” causado pelas grandes emissões de CO2 entre outros problemas resultantes omissão em termos de cuidados do homem com a natureza. A partir daí o homem passou a se perguntar se seria possível promover o desenvolvimento e conviver de forma amistosa com a natureza e obteve como resposta a criação de um verbete: “Sustentabilidade”. O estudioso Leonardo Boff (2008) atribui o início do uso do termo “sustentabilidade” à

Assembleia Geral das Nações Unidas em 1979. Para o

autor “A categoria sustentabilidade é central para a cosmovisão ecológica e, possivelmente, constitui um dos fundamentos do novo paradigma civilizatório 22

que procura harmonizar ser humano, desenvolvimento e Terra entendida como Gaia.” (BOFF, 2008, p.01). Assim, Boff (2008) afirma que:


“Oficialmente o conceito desenvolvimento sustentável foi usado pela primeira vez na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1979. Foi assumido pelos governos e pelos organismos multilaterais a partir de 1987 quando, depois de quase mil dias de reuniões de especialistas convocados pela ONU sob a coordenação da primeira ministra da Noruega Gro Brundland se publicou o documento Nosso Futuro Comum. É lá que aparece a definição tornada clássica: sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.” (BOFF, 2008, p.01).

Concordando com a colocação de Boff (2008) acima, Pereira (2009) afirma em seu livro “Sustentabilidade: diferentes perspectivas, um objetivo comum. Economia Global e Gestão”, que o conceito de sustentabilidade ganha grande importância na década de 1970, a partir da divulgação dos estudos da ONU – Organização das Nações Unidas sobre as importantes alterações mudanças climáticas mundiais, trabalho esse lançado com a intenção de alertar o mundo sobre a situação da crise ambiental instalada a partir da metade do século XX. Segundo Margarida Fraga (2003), em seu livro “Turismo e Desenvolvimento Sustentável: referências e reflexões”, nas últimas décadas aforam promovidos muitos encontros buscando compromissos internacionais com propostas e soluções que reduzissem a crescente condição de degradação ambiental no planeta. Desses encontros surgiram acordos que foram documentados em diversos relatórios que fixaram metas e responsabilidades. Entre esses documentos tiveram destaque: • O Relatório “Limites do Crescimento” do Clube de Roma elaborado em 1971; • A Conferência Mundial de Estocolmo de 1972; • O Relatório “Nosso Futuro Comum” ou relatório de Brundtland de 1987; • A Agenda 21 de 1992, a Conferência da ONU Organização das Nações Unidas no Rio de Janeiro, chamada ECO-92 e, • A Conferência Mundial Rio +10 em Johanesburgo no ano de 2002. O Relatório Brundtland, de 1987 publicado com o nome “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas, ONU, expõe de forma didática e efetiva a preocupação mundial com a harmonização das atividades humanas e a necessidade de se preservar o meio

ambiente e sua biodiversidade. O documento expõe ao mundo, de forma eficaz, os vários 23

conflitos existentes entre a economia e o meio ambiente, e, sendo assim, propõe uma nova


concepção de desenvolvimento, concepção essa que harmoniza os objetivos de progresso com a preservação dos recursos naturais. Figura 2- Responsabilidade Ambiental

Fonte: http://www.carlosjulio.com.br

Assim, nasce para o mundo o termo “desenvolvimento sustentável”, mostrando assim que era perfeitamente possível promover-se o desenvolvimento aliado à sustentabilidade. O Relatório Brundtland entre suas muitas contribuições forneceu à sustentabilidade uma de suas mais efetivas definições, ou seja, o tipo de desenvolvimento que “atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. (CMMAD, 1991, p.47) No relatório “Nosso Futuro Comum” de Brundtland foi proposto um gráfico em forma de tripé, composto por três princípios fundamentais a serem cumpridos por empresas e instituições que visem produção de capital: • O Desenvolvimento Econômico;

• A Preservação Ambiental e • A Equidade Social. Anteriormente a esse tratado, a visão de sustentabilidade considerava importante somente a condição econômica da empresa ou do negócio como referência para considerar sua integridade. Entre outros fatores, eram levados em consideração seus bens, seu capital, suas condições de negociação comercial, mas não lançavam seus olhos sobre 24

os malefícios promovidos por esses negócios ao meio ambiente e muito menos sobre os impactos sociais


resultantes desses empreendimentos, levando em grande parte das vezes as comunidades afetadas por esses empreendimentos ao caos ambiental e por consequência à degradação social. Figura 3 - Tripé da Sustentabilidade

Fonte: http://sustentarte.org.br

Assim, a partir das diretrizes definidas no relatório Brundtland, o princípio do Desenvolvimento Econômico considera agora os benefícios ambientais e sociais em conjunto com as vantagens financeiras. Com esse novo princípio, surge também o conceito de custo global, que entende

retornos socioambientais em longo prazo. Essa nova visão considera que a partir do desenvolvimento econômico promovido por um empreendimento em um determinado local com déficits sociais básicos, como consequência acontecerá o desenvolvimento social dessas áreas, já que “O desenvolvimento ocorre quando se criam valores genuínos de uso que satisfaçam as necessidades da sociedade”. (SACHS, 1986, p.53) Considerando ainda o tripé da sustentabilidade, o princípio do equilíbrio ambiental prevê a proteção da fauna e da flora, a partir da conservação dos seus ecossistemas, atribuindo importante valor à proteção dos recursos naturais como a o solo, a água , atmosfera e a biosfera, valorizando o seu uso racional, projetando agora uma forma de 25 proteção visando que as gerações futuras não sejam privadas desses recursos.


Pelo novo conceito, as empresas e organizações não devem sentir a sustentabilidade um obstáculo lhes puxe o freio da prosperidade, mas sim, como uma fundamental ferramenta social. O sucesso das ações globais que visem a proteção ambiental está estreitamente dependente de políticas de incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias que sejam direcionadas à preservação da natureza, e de utilização das tecnologias já existentes. Essas tecnologias devem promover produtos e processos produtivos racionais em termos de sustentabilidade, reduzindo o uso de energia e de recursos naturais. Ainda dentro dessa visão, a reciclagem e a redução da geração de resíduos foram motivo de debate no relatório de Brundtland. (CMMAD, 1991). Outro ponto importante previsto no relatório “Nosso Futuro Comum” foi o princípio da Equidade Social, que prevê garantia das necessidades de todas as sociedades, estejam onde estiverem. Assim, para que isso aconteça, o respeito e a compreensão dos valores e das diferentes culturas e costumes de cada um desses grupos sociais ao redor do

globo deve ser compreendido como dever de todos. Figura 4 – Extrativismo Sustentável

Fonte: http://3.bp.blogspot.com

Sabendo-se que muitos povos dependem da natureza para sobreviver, vemos no mundo uma real degradação social desses povos, degradação essa que se origina a partir da destruição dessa natureza que lhes supre o essencial para a vida. Essa condição se coloca com

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sérias tendências a piorar na proporção em que os recursos naturais são utilizados sem que seja tomada ação visando manejo sustentável dessas fontes. O relatório de Brundtland pondera sobre essa condição degradada de alguns povos ao redor do planeta afirmando: Muitas partes do mundo entraram numa espiral descendente e viciosa: os povos mais pobres são obrigados a usar excessivamente seus recursos ambientais a fim de sobrevirem, e o fato de empobrecerem seu meio ambiente os empobrece mais, tornando sua sobrevivência mais difícil e incerta. A prosperidade conseguida em algumas partes do mundo é com frequência precária, pois foi obtida mediante práticas agrícolas, florestais e industriais que só trazem lucro e progresso a curto prazo. (CMMAD, 1991: 29).

Em suma, segundo esse importante relatório, sendo considerados os três pilares da sustentabilidade, ou seja, o Desenvolvimento Econômico; a Preservação Ambiental e a Equidade Social, se fizerem presentes na análise de todos em suas decisões, como resultado teremos o desenvolvimento equilibrado, garantindo ao homem tanto em sua geração quanto nas futuras, se sustentar e conviver harmoniosamente com o planeta. Em junho de 1992 no Rio de Janeiro, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, foi aprovada uma série de documentos importantes que seguiriam na mesma linha de pensamento do Relatório de Brundtland. Um desses documentos foi a “Agenda 21”, documento com 40 capítulos direcionando as nações participantes através de um plano de ação global que padroniza e atribui novos parâmetros para o desenvolvimento sustentável no planeta. Esse documento direciona o desenvolvimento, fazendo menção a 115 áreas de ação prioritária. No relatório da Agenda 21foram abrangidos diversos pontos, e dentr esses podemos destacar: • Cooperação internacional; • Combate à pobreza; • Mudança dos padrões de consumo; • Habitação adequada; • Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de

decisões; • Proteção da atmosfera;

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• Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres; • Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios Integrados no Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recurso Hídricos. (BRASIL, 2001) A preocupação com a sustentabilidade no planeta deve levar em consideração os cuidados com as áreas de mananciais, mangues, cerrado, e outras formas de biomas.

Figura 5 – Construção Sustentável

Fonte: http://liderancapremoldados.com.br

Assim, essas regras devem também servir às novas construções fundamentando-as no tripé da sustentabilidade, permitindo que essas edificações, mesmo

que visando lucro propiciem o desenvolvimento social do lócus onde esteja instalada, utilizando-se, enquanto esteja sendo edificada, de materiais, mão de obra e processos de construção que não agridam o meio ambiente ou tenham mínimo impacto sobre este, e que depois de edificada, devido a seu projeto, seja também sustentável na sua manutenção, utilizando-se de energia solar, sistemas de reuso de água, captação de água pluvial, entre outras tecnologias não menos importantes. É sobre este tipo de construção que nosso trabalho se pautará: uma residência sustentável.

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5.2 A Problemática da Habitação Historicamente, no mundo, a questão habitacional sempre constituiu uma problemática a ser debatida. Com o advento da Revolução Industrial, as localidades ao redor das indústrias que se instalavam atraíam multidões de pessoas que buscavam morar em locais que propiciassem seu acesso a essas indústrias. Essa condição gerou um sério problema social e ambiental, já que essas áreas não sofriam os devidos planejamentos visando a receber essas pessoas.

5.2.1 O Problema habitação na Europa Na Europa contemporânea da Revolução Industrial, a combinação dos baixos salários dos operários e a exploração imobiliária, e com o Estado que não se preocupava em prover moradias dignas, mesmo a quem pudesse comprar uma das casas colocadas à disposição, montou-se um quadro de extrema precariedade habitacional, já que

em nome da quantidade de moradias degradava-se as áreas pela urbanização acelerada e sem o devido planejamento. Assim, o poder público, diante desse problema, passou a promover a urbanização dessas localidades, mas de forma ineficiente, deixando as populações de muitos desses locais sem os serviços essenciais de saneamento básico, saúde ou lazer, por exemplo. Figura 6 - Londres Destruída

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Fonte: http://cdn.ruvr.ru/2014/09/08/1494534118/9AP400908130.jpg


A partir da segunda Guerra Mundial, com a ociosidade das indústrias bélicas, e a partir da perda da enorme perda arquitetônica pelos bombardeios, essas

indústrias direcionaram seus esforços para a produção de bens de consumo para a população civil, e assim, aconteceu o aprimoramento e desenvolvimento de novas técnicas construtivas, incentivadas pelo Plano Marshal em 1948, ação que teve como objetivo reconstruir a Europa destruída pelos ataques inimigos. (CASELLI, 2008; MAIO, SANT’ANA, 2006). Assim, com a aplicação das novas técnicas e com a evolução dos sistemas de saneamento, os imóveis ganharam novo status em termos de preços, expulsando as famílias mais carentes para as localidades mais afastadas dos centros, novamente privando os mais carentes dos cuidados mais básicos. Essa situação propicia, pela necessidade de improviso dos construtores, a degradação ambiental dessas áreas ocupadas, e com elas a degradação social, já que essa população passa a estar sujeita a doenças pela falta de saneamento; a inundações, por se alocarem próximo a córregos e rios; ou ainda pior, ao risco de vida nas encostas íngremes que lhes sobram como alternativa para suas moradias. 5.2.2 A Moradia no Brasil – Percurso Histórico Atualmente a questão do déficit habitacional é um dos problemas sociais urbanos que mais preocupa no país. Ao vislumbrarmos esse problema a partir de uma visão macro podemos afirmar que não se trata somente da falta de habitação, mas em sua essência, da privação dos mais necessitados ao direito à cidade. Ao observarmos as

reivindicações da população encontramos em evidência essa população aos gritos pedindo solução para seus problemas de infraestrutura como saneamento, pavimentação, saúde, segurança, entre outros não menos graves. A história da habitação no Brasil reflete mais de um século de descaso com a população menos favorecida, sendo que foram inexistentes essas políticas em alguns momentos dessa história. Assim, procuraremos explanar a seguir o percurso histórico das ações governamentais, quando houveram, visando buscar o suprimento da deficiência 30 habitacional no país.


Ermínia Maricato (1997) em sua obra “Brasil 2000: qual planejamento urbano?” informa que a partir da abolição da escravatura, milhares de negros perderam o seu direito a habitar nas áreas rurais, migrando para as cidades, ao mesmo tempo em que imigrantes vindos da Europa se instalavam no campo, suprindo o déficit de mão de obra escrava, agora inexistente, e também na recém-instalada indústria brasileira. Figura 7 - Imigrantes em uma fazenda no início do século XX

Fonte: http://midiacidada.org/img/cafe.jpg

Essas condições provocaram uma explosão demográfica nas cidades, em especial em São Paulo e no Rio de Janeiro, demandando moradias e ações de infraestrutura, como transporte entre outros serviços essenciais à população. (MARICATO, 1997). Pechman & Ribeiro (1983) em sua publicação “O que é questão da moradia” nos informa que como primeira ação para esse problema, o Estado ofereceu crédito federal para que as empresas privadas pudessem construir residências, mas, mediante ao prejuízo amargado devido à grande diferença entre essas construções e as moradias alternativas, algumas dessas empresas passaram a concentrar seus esforços em empreendimentos de alto padrão, sendo que outras construíam habitações coletivas, ou seja, cortiços, no centro da cidade, permitindo que essa população mais carente morasse próximo às indústrias. Esses cortiços, apesar de terem sua origem em iniciativas governamentais, eram mal vistos pelo Estado, que os considerava perigosos para a ordem púbica. No início do século XX, segundo Maricato (1997), surgem as primeiras 31

favelas do Rio de Janeiro, a partir de uma grande “reforma” urbana do centro da cidade, na


qual houve a demolição de 590 velhos edifícios em favor da construção de 120 novos, ação que empurrou a população mais pobre da cidade para as encostas dos morros cariocas. Nessa mesma época, Belo horizonte seguiu o modelo parisiense de arquitetura, que unia saneamento, beleza, circulação e segregação de grupos social por território, permitindo a ocupação das beiras de córregos mesmo antes de sua inauguração. Assim, o problema da habitação até os anos de 1930 somente foram agravados pela

ineficiência do Estado. FIGURA 8 - Vista do Morro da Providência - década de 1920.

Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com

A partir da revolução de 30, no Brasil, há o início de uma política para a habitação, coincidindo com a valorização da ciência e da técnica na arquitetura, sendo priorizados conceitos de beleza aliados com as necessidades sociais de saneamento, por exemplo. Mediante as pressões populares, surge em 1946 a Fundação da Casa Popular (FCP), órgão federal criado para suprir as demandas de residências para a população carente, porém esse órgão era sobrecarregado e com poucos recursos se arrastou até sua extinção em 1964 dando lugar ao Plano Nacional de Habitação, mais do que um plano direcionado às habitações, uma forma de dinamizar a economia, propiciar o desenvolvimento do país gerando empregos pelo fortalecimento da construção civil, 32 permitindo assim a estabilização social do Brasil.


Em agosto de 1964, o Governo Federal cria o Banco Nacional de Habitação (BNH), órgão que a partir daí direcionaria a política habitacional e urbana brasileira, sendo que ainda em 1966, foram criadas as COHABs, que agiam em concomitância com o

BNH. Nesse período, as instituições essas habitacionais receberam um forte financiamento para moradias populares, sendo aproximadamente 40% do total dos investimentos. Apesar desse início voltado à habitação social, a atuação das COHABs teve um desempenho flutuante, em grande parte dos anos 1970 e 80, direcionando os financiamentos a famílias de classe média, fazendo crescer as populações das favelas e empurrando a classe pobre para as periferias, agravando ainda mais o problema social no país.

Assim, após alguns sucessos, pois essa instituição financiou cerca de quatro milhões de moradias no Brasil, e muitos fracassos no atendimento às necessidades habitacionais das famílias menos favorecidas, pois apenas 13% do recurso destinado às moradias financiadas eram para casas populares, em 1986, o BNH foi extinto, transferindo suas funções para a Caixa Econômica Federal. Na década de 1990, o Governo Collor (1990-1992), foi lançado o programa o PAIH, Plano de Ação Imediata para a Habitação, com a proposta de financiamento de 245 mil habitações em 180 dias. Não cumpriu seus objetivos. No governo Itamar (1992 a 1994), foram criados os Programas Habitar Brasil e Morar Município. Esses programas objetivavam financiar construções para população de baixo poder aquisitivo, que tornou-se inviável pelo entrave burocrático aos municípios que tentaram alcançar os recursos disponíveis. Segundo Rosana Denaldi (2003) em sua publicação “Políticas de urbanização de favelas: evolução e impasses”, o período Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) não houve grandes avanços, tendo como responsáveis por essa estagnação, em grande parte a orientação neoliberal que norteava o governo e as duras restrições impostas pelas instituições financeiras como FMI. (DENALDI, 2003). Em 10 de julho de 2001, foi aprovada a Lei Federal 10.257, conhecida como Estatuto da Cidade, que determina que haja uma forma de gestão que garanta a integração da descentralização e da democratização a fim de obter a total legitimidade social dos processos que envolvam o planejamento urbano. Essa lei reforçou os instrumentos para que fossem garantidas as funções sociais da propriedade; e entre outras, questões como a regularização fundiária, o imposto sobre propriedade 33imobiliária urbana progressivo. (BRASIL, 2001)


Em abril de 2009, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, (2003 a 2010), foi lançada a principal política para a habitação desse governo, o Programa Minha Casa Minha Vida, inicialmente com a meta construção de um milhão de moradias, com a disponibilização de uma verba de 34 bilhões de reais em subsídios. Esse plano visava atender a famílias com rendas que variassem entre 0 (zero) e 10 (dez) salários mínimos. Figura 9 – Conjunto Minha Casa Minha Vida BotucatuSP

Fonte: http://botucatusustentavel.blogspot.com.br/2011/07/minha-casa-minha-vida.html

Esse programa visava também o estímulo à geração de empregos e atrair investimentos para o setor da construção e foi um dos primeiros a demonstrar a essência da sustentabilidade em seus projetos, inserindo em algumas de suas unidades habitacionais equipamentos como aquecedores solares (figura 10) e geradores de energia fotovoltaicos, além de considerar em sua concepção a utilização de mão de obra local, caracterizando a sustentabilidade social. A obrigatoriedade de fornecimento do sistema de aquecimento solar instalado nas unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida acontece desde a segunda fase do programa, ou seja, a partir de 30 de junho de 2012, para famílias que se encaixavam na faixa 1 (um) do atendimento do programa, ou seja, a de renda menor, sendo este sistema utilizado

principalmente para o aquecimento da a água do chuveiro, o que traria uma economia de cerca de 30% do valor das contas de energia34 elétrica dessas famílias. Essa ação permitiria um redirecionamento dos gastos por conta dessa economia, permitindo melhorar as condições de vida das famílias contempladas,


Figura 10: Aquecedor solar utilizado em moradia popular

Fonte: http://www.pac.gov.br

Mesmo no Programa Minha Casa Minha, a construção das moradias é da iniciativa privada, já que 97% das verbas do governo direcionadas a esse programa são repassadas a essas construtoras, e apenas 3% para cooperativas e movimentos sociais. Essa linha de gestão desses recursos permitiu que os recursos na construção de habitações fossem direcionadas a com renda entre 3 e 10 salários mínimos, o que deixa ainda sem opção quem mais precisa dessas moradias, ou seja, famílias com renda de 0 a 3 salários mínimos, como normalmente tem ocorrido em outros planos. (FIX & ARANTES,

2009). Certamente estamos longe de alcançar a equidade que rege as diretrizes da sustentabilidade, mas percebemos que quando se melhoram as condições moradia das pessoas, sua qualidade de vida melhora ao extremo. Assim, a construção que busca um nível aceitável de cuidados com o meio ambiente e com a sustentabilidade que em sua concepção completa, incluindo a social, é

uma das vertentes que pode auxiliar a humanidade a reverter a sua trajetória para a sua destruição. 35 É sobre essa construção sustentável, tema de nosso trabalho que iremos

discorrer na seção a seguir.


5.3 Leituras Projetuais

Como vimos acima, a busca pelo progresso a qualquer custo fez com que o planeta entrasse em crise pelas condições de degradação ambiental que o homem tem permitido que ocorresse, em favor dessa ganância desmedida. Tendo como marco a revolução industrial, o homem passou a se utilizar diversas fontes de energia, sem se preocupar com a poluição e degradação ambiental que essas pudessem causar à natureza, e assim, sem considerar que essas ações poderiam por si poluir a tal ponto que comprometeria a vida no planeta. Como sintomas explícitos apresentados pela natureza, dessa degradação podemos mencionar o derretimento das geleiras nos polos, o efeito estufa, que, na concepção dos cientistas, causado pela poluição por emissão de CO2 pela queima de combustíveis fósseis, e pela emissão de metano pelo gado, esse, sendo produzido em tão larga escala que já é considerado nos cálculos da poluição, como grande responsável pela presença em grande proporção desse gás em nossa atmosfera. Mais um sinal de que algo não vai bem com a natureza e que os cuidados do homem não contemplam uma visão ecológica, foi a crise hídrica ocorrida recentemente em São Paulo, com meses de estiagem, e que somente foi percebida com a baixa nos níveis dos reservatórios do estado. Observou-se que mesmo com a estiagem em curso, a população se utilizou da água de um modo desregrado, levando o sistema Cantareira de abastecimento a se utilizar do chamado “volume morto”, o que não havia sido feito em nenhuma situação em São Paulo. A degradação ambiental afeta o homem de várias formas, em sua saúde, em seus costumes, e é sentida também no social. A degradação ambiental promovida pelo homem tem empurrado esse para moradias em locais inadequados, ou mesmo, pelo mau uso do solo, tornando locais antes habitáveis em áreas de risco, sujeitas a deslizamentos ou

alagamentos devido à degradação das matas ciliares ou matas das encostas, que dariam ancoragem ao solo evitando os deslizamentos. A arquitetura, a partir desse conhecimento passou a ter também a preocupação com a sustentabilidade, já que essa assumiu posto de prioridade a partir dos vários alertas emitidos 36

pela natureza. Os projetos arquitetônicos e paisagísticos que visem à preservação da natureza


são hoje vistas, mesmo que mais dispendiosas de início, como investimentos para um mundo melhor. A seguir trataremos em leituras projetuais, de algumas peculiaridades sobre elementos e padrões de projeto que visem ações de proteção ou de menor impacto sobre a natureza, elementos e técnicas essas que serão utilizados em nosso trabalho acadêmico. A

leitura projetual tem como objetivo, em nosso caso, compreender peculiaridades de determinado elemento ou determinada técnica de construção permitindo, a partir dessa compreensão, uma melhor aplicação ao projeto a ser executado. 5.3.1 Leitura projetual - “Residência Metálica e Sustentável” A leitura projetual a seguir contempla uma técnica de construção bastante versátil e estética: a construção “Steel Frame” e para essa leitura utilizaremos o projeto arquitetônico e paisagístico “Residência Metálica e Sustentável” de autoria dos arquitetos, Newton Massafumi Yamat e Tânia Regina Parma, situada em Santana do Parnaíba, São Paulo. Próxima à região de Aphaville. Figura 11 – fachada da residência

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Fonte: http://wwwo.metalica.com.br


Com 890 m2 de área construída, essa edificação tem um forte apelo de sustentabilidade, já que foi confeccionado sob o sistema “Steel Frame”, sistema que se mostra bastante eficaz na sua concepção ecológica. Sob esta visão podemos mencionar que é ecologicamente correto, primeiramente por ter sua estrutura em aço, o material mais reciclável do mundo, permitindo que sejam

reduzidas as emissões de carbono pelo processo de reciclagem, segundo pela sua eficácia em termos de perdas, já que essas são mínimas, sendo os perfilados comprados nas corretas dimensões; e em terceiro lugar, pela sua facilidade, agilidade e limpeza na montagem, pois essas estruturas são pré-montadas, e têm como principais elementos os parafusos e porcas, parafusos autobrocantes, além da solda, reduzindo-se tanto a quantidade de profissionais na obra quanto o tempo de execução da construção. No caso específico desse projeto, a casa ficou pronta em 12 meses, demonstrando excelente desempenho na montagem da estrutura principal. Figura 12 – Montagem da Estrutura

Fonte: http://wwwo.metalica.com.br 38


afinal, “mais agilidade é sinônimo de menos gasto com mão de obra, ou seja, mais economia.” No sistema “Steel Frame”, a precisão nos detalhes é outra situação que chama a atenção, pois os pilares e vigas foram colocados na construção usinados, permitindo um planejamento e dimensionamento perfeito, além da possibilidade de grandes vãos sem pilares. Para Yamat a praticidade em montar e desmontar as partes das estruturas de aço permitiu que ao invés de um canteiro de obras tradicional, sujo, poluído,

cheio de ajudantes, fosse encontrado ali uma área de montagem dessas estruturas (Figura 12), limpo, racional e organizado.

Figura 13 – Bancada Para Montagem de Estruturas Metálicas

Fonte: http://wwwo.metalica.com.br

Nesse projeto, no fechamento das paredes foi utilizada uma tecnologia que, segundo os arquitetos responsáveis, formam uma parceria perfeita, ou seja, os painéis de drywall, que segundo o catálogo do fornecedor é: “...  o sistema para construção de paredes e forros mais utilizado na Europa e nos Estados Unidos. Por fora, parece uma parede de alvenaria. Porém, internamente combina estruturas de aço galvanizado com chapas de gesso de alta resistência mecânica e acústica, produzidas com rigoroso padrão de qualidade.” 39 (disponível em: http://www.gypsum.com.br/web/pt/consumidores/faqdrywall.htm - acesso em 16/08/2016)


Ainda segundo os profissionais responsáveis pelo projeto, a rapidez com que se levanta uma parede é de apenas quatro horas, podendo essas paredes serem mesmo deslocadas, o que permite e facilita adaptações e reformas na casa. Figura 14 – Perspectiva pela Lateral da Edificação

Fonte: http://wwwo.metalica.com.br

O sistema drywall reduzem para até 5% de desperdício de material, sendo que na construção tradicional, pode existir desperdício de até 30%, situação esta que torna esse sistema perfeitamente plausível com um projeto que vise a sustentabilidade. Nesse projeto pude observar que a busca pela sustentabilidade com economia na construção foi alcançada de forma satisfatória, já que, conforme vimos, a combinação dos sistemas de construção “Steel frame” e “Dry Wall” propiciaram uma agilidade na construção em um canteiro limpo, com mínimas perdas de material e de mão de obra ociosa. A condição de sustentabilidade dessa construção ficou evidente no

aproveitamento da luz natural propiciado pelas amplas vidraças, pela ventilação natural 40

permitida pelas formas


longilíneas do prédio, formando corredores onde o ar circula livremente pelo entorno do prédio e pelas cores claras das paredes que refletem a energia solar tornando o ambiente menos sujeito às altas temperaturas. Quanto à estética, o edifício está perfeitamente integrado ao meio ambiente, já que tem uma vista panorâmica da parte externa da casa pelas suas amplas paredes vítreas, em combinação com o estilo futurista das estruturas metálicas expostas. Durante a análise projetual desse edifício, pude pesquisar sobre as formas alternativas de fechamento de paredes e lajes e optei por utilizar em meu projeto para as paredes, os painéis alveolares de concreto não armado para as paredes ao invés de placas “Dry Wall” e para as lajes, painéis alveolares de concreto armado com malha de aço. Para Petruccelli (2009) esses painéis alveolares têm ótimas propriedades térmicas e acústicas além de outras vantagens técnicas, sendo elas: a) Processo altamente automatizado e mecanizado; b) Rígido controle de qualidade em fábrica (sistema industrializado); c) Processo simplificado e rápido, possibilitando assim, economia no tempo, mão de obra e material; d) Dispensa escoramentos e fôrmas na construção, além de utilizar menos concreto, contribuindo para a responsabilidade ambiental; e) Mão de obra reduzida devido a racionalização do trabalho (indústria); f) Boa produtividade com baixo custo de produção; g) Os vazios longitudinais presentes na laje facilitam as instalações elétricas e hidráulicas; h) Maior limpeza e organização na produção; i) Proporcionam conforto, devido ao bom isolamento térmico e acústico (rigidez do concreto associada aos vazios do interior das pecas); j) Versatilidade do layout; k) Possibilita a aplicação em grandes vãos; l) Reduzem a carga sobre as estruturas c fundae5es, porem apresentam capacidade de carga superior a das lajes convencionais de concreto armado; m) Dispensa estocagem de material; n) Major durabilidade (possibilita produção em larga escala); o) Diminuição do seu peso devido à presença dos alvéolos; p) Capacidade de minimizar o surgimento de fissuras e flechas. (PETRUCCELLI, 2009, apud ZANON, 2011 p.34).

Ainda tendo a construção acima como referência para partes de meu projeto, usarei como alternativa aos painéis vítreos, o “Vidro Inteligente”, um tipo de instalação que permite controle de opacidade, ou seja, a partir do acionamento de um controle, o vidro inteligente se torna transparente ou opaco, conforme o comando. Essa 41

tecnologia permite à residência o conforto visual, acústico e a devida privacidade, além de proteger os móveis, e tapetes contra os raios UV sem a necessidade do uso de persianas. (http://mdvswitch.com.br)


proteger os móveis, e tapetes contra os raios UV sem a necessidade do uso de persianas. (http://mdvswitch.com.br) . 5.3.2 Leitura projetual - “Residência Sustentável de Sérgio Conde Caldas” A próxima leitura projetual nos faz ter contato com algumas técnicas construtivas que nos remetem à essência do nosso trabalho, a sustentabilidade. Esse projeto, de autoria da arquiteto e urbanista Sérgio Conde Caldas, recebeu, pela sua pegada sustentável , a certificação pela Internacional Building Research Establishment Environmental Assessment Method (Breeam), importante instituição certificadora que acredita as construções que se destacam quanto às boas práticas e requisitos ambientais. Em 2012 essa construção foi vencedora em outro prêmio: o troféu do prêmio Planeta Casa, esse, concedido pela revista CASA CLAUDIA, da Editora Abril, que confere louros a projetos arquitetônicos e urbanísticos que se destacam pela sua proposta ecológica; e ainda em 2012, essa já premiada construção foi finalista no prêmio internacional Holcim Awards, uma importante premiação da área da construção sustentável.

Figura 15: Planta da construção

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Fonte: http://casa.abril.com.br


Fazendo parte de um condomínio, a edificação a ser analisada foi a primeira a ficar pronta e a ser vendida, sendo que o diferencial para essa agilidade foi a pegada ecológica, que atrai pela sua rapidez na construção e pela sua condição de sustentável. É uma edificação de área de 370 m² construídos, que teve em sua concepção a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade, assim como a

preocupação em sua viabilidade econômica, sem faltar de forma nenhuma a preocupação com a estética nesse belíssimo e confortável empreendimento. Segundo o autor do projeto, Sérgio Conde Caldas, essa primeira construção foi fruto de uma ampla pesquisa visando seguir à risca os conceitos de sustentabilidade. Caldas (2013) pondera: “Não foi fácil encontrar produtos e fornecedores adequados e com custo competitivo. Muitos eu tive de capacitar, caso da oficina de tijolos de barro em Magé, no interior do estado. Mas descobrir parceiros e incentivá-los a se qualificar acabou sendo muito gratificante. É quase uma empreitada social.” (CALDAS, 2013)

Percebemos pela alusão do autor que os desafios encontrados logo no início já sinalizaram as dificuldades para que fosse mantida a linha da sustentabilidade do projeto, mas, cada desafio encontrou a determinação do arquiteto Sérgio Caldas, promovendo inclusive capacitação de fornecedores de alguns dos elementos necessários à sua construção, conforme citado acima. Assim, a essa construção foi dada a devida atenção quanto a sustentabilidade, inclusive social, demonstrada pela capacitação de fornecedor, permitindo que esse pudesse, melhorando seus conhecimentos sobre técnicas que levem em consideração a preservação do meio ambiente, progredir econômica e socialmente, agregando um diferencial importante ao seu produto. Segundo Caldas, a pegada sustentável da edificação pode ser observada desde o projeto, pois, além de sustentável, a construção demandou estudos e reflexões a fim de que se tornasse viável economicamente. 43


Como destaque na construção, e como referências para nosso trabalho acadêmico, podemos mencionar o aço utilizado nas esquadrias, no caso da construção de caldas, aço de reuso. A facilidade das estruturas metálicas se colocam como diferencial econômico, permitindo que se utilize mão de obra regional, além de serem mais ágeis em suas montagens.

5.3.2.1 Sistema de Captação de Águas Pluviais

A edificação de Caldas possui um sistema de captação de águas pluviais, que podem ser utilizadas para a manutenção da área verde e das áreas externas da residência. Essa situação serviu como referência para nosso projeto, que pretende alimentar uma linha secundária para a manutenção da casa, afinal, segundo Neufert (2013, p.445) “o uso da agua pluvial assumiu grande importância do ponto de vista ecológico e econômico, visando preservar o ado natural da agua da chuva”. Existem técnicas que podem ser aplicadas a fim de permitir e facilitar a drenagem e, por consequência a captação da água da chuva, como pisos permeáveis, calhas, ralos, entre outros sistemas de captação. Sobre essa situação, Neufert (2013) nos informa que a captação das águas pluviais deve ser pensada desde a fase do projeto. Assim deve-se considerar: “A modelagem do solo com depressões para infiltração da água, superfícies de água para armazenamento, canais e plantações semelhantes à vegetação natural. No caso, deve-se observar o cuidado com a topografia local. O projeto paisagístico pode integrar o uso da água pluvial e a necessidade de drenagem. Instalações técnicas como reservatórios (subterrâneos ou superficiais) e cisternas não devem aparecer no projeto em primeiro plano.” (NEUFERT, 2013, p.445)

Em termos de segurança, o projeto deve ainda garantir que as águas pluviais não representem riscos para as edificações adjacentes e ou superfícies próximas por deficiências na drenagem ou falhas de cálculo no momento de se estimar a vazão a ser suportada por dutos ou calhas.

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Quanto ao aproveitamento dos recursos naturais, essa construção não para por aí, pois a posição da construção e suas amplas aberturas com fechamento em vidro lhe conferem


iluminação e ventilação naturais de forma perfeita, como podemos observar na Figura 16 a seguir. Figura 16: Vista das aberturas frontais

Fonte: http://casa.abril.com.br

Essa condição propicia a otimização tanto da qualidade da iluminação quanto da ventilação quanto à sua economia energética, já que se tornam reduzidas as necessidades de gastos com ar condicionado e iluminação artificial.

5.3.2.2 Cobertura Verde

Utilizada como mais uma fonte inspiradora para nosso projeto, a cobertura verde (Figura17) é uma ótima opção para a manutenção de ambientes nos quais se queira temperaturas um ótimo isolamento termoacústico, através de uma técnica completamente sustentável. 45


Figura 17: Vista da Cobertura Verde

Fonte: http://casa.abril.com.br

Neufert (2013) nos informa ainda sobre as várias vantagens da cobertura verde, essa técnica que integra perfeitamente a construção à natureza, deixando transparecer sua intenção ecológica. São elas: 1. Isolamento através da camada de ar entre a grama e através da camada de terra, com o trabalho das raízes e micróbios preexistentes (processo de produção de calor). 2. Isolamento acústico e capacidade de armazenamento de calor. 3. Melhoria da qualidade do ar em zonas densamente ocupadas. 4. Melhoria do microclima. 5. A drenagem de águas na cidade e o controle da agua natural para uso doméstico são melhorados. 6. Vantagens físico-construtivas. Radiações UV e fortes variações de temperatura são evitadas através da camada protetora de grama e terra. 7. Absorção de poeira. 8. Elementos formais/melhoria da qualidade de vida. 9. Recuperação de áreas verdes. (NEUFERT, 2013 p.105)

Ao optarmos por projetar e construir edificações com a proposta ecológica, percebemos que as possibilidades podem variar com a mesma intensidade com que varia a 46

natureza em sua sabedoria, permitindo, desde que essa natureza esteja sadia, a perfeita


interação entre os seus elementos, e assim, que aconteça e se mantenha a vida, e vida com qualidade.

5.3.3 Leitura projetual - “Casa Eficiente – Aproveitamento de Energia Solar”

A preocupação com a saúde do planeta faz com que haja, na atualidade, uma busca por fontes de energia que apresentem um menor potencial destrutivo à

natureza, pretendendo que seja minimizada ou mesmo abolida a utilização dos combustíveis com alto grau de emissão de dióxido de carbono (CO2), como os combustíveis fósseis, dos quais fazem parte o carvão e o petróleo com seus derivados. Assim, a geração de energia tendo como base as fontes renováveis tem se tornado alvo de preferências em diversos países, e, no Brasil, onde uma dessas grandes fontes geradoras dessa energia, o Sol, é abundante durante o ano inteiro, permitindo que se extraia o máximo proveito dessa forma de se gerar energia limpa, se torna uma opção perfeita para o profissional que queira inserir em seu projeto os meios de promover a sustentabilidade através de uma forma econômica, limpa e inesgotável de geração de energia. A fim de que possamos tomar como referência para nosso projeto, a seguir analisaremos o projeto “Casa Eficiente”, projeto resultante de uma parceria entre a Eletrosul, Eletrobras/Procel Edifica e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

por intermédio do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE). De autoria das arquitetas Alexandra Maciel e Suely Andrade, o projeto arquitetônico teve como intenção servir como vitrine de tecnologias de ponta, permitindo que esse se tornasse referência em eficiência energética para profissionais da arquitetura e urbanismo que se proponham a utilizar a sustentabilidade como direção para seus projetos e construções, reunindo em si estratégias diversas que visam otimizar a eficiência energética, como ventilação e iluminação natural e utilização da água de chuva, assim como da água cinza para irrigação das áreas verdes da construção.

47


Figura 18: Vista Nordeste da Construção

Fonte: Lamberts (2010, p.10).

Para essa leitura projetual iremos nos apegar especificamente em duas tecnologias também utilizadas no projeto supracitado: a utilização da energia solar tanto como fonte para aquecimento de água como fonte de luz para a geração de eletricidade por painel fotovoltaico.

5.3.4 Sistemas de Aquecimento de Água por Energia Solar

Segundo Lamberts (2010) a primeira dessas tecnologias, os sistemas de aquecimento de água por energia solar “são basicamente constituídos por coletores solares, reservatório térmico, fonte auxiliar de energia, sistemas de controle e rede de distribuição de água aquecida” (p.36). Os coletores solares são dispositivos que convertem a energia solar captada por ele em energia térmica, sendo que os mais comuns para utilização em residências são

os de placa plana (Figura 19). O sistema de funcionamen1to dessas placas solares é relativamente simples, sendo que a energia solar é captada pela placa absorvedora de calor, esse calor é 48

transmitido para os tubos de circulação, conhecidos como serpentina, aquecendo o fluido, que circula por diferença de densidade entre o fluido frio e o quente.


Esse sistema é isolado termicamente a fim de evitar-se perdas, o que deve ocorrer em todo o percurso do fluido até seu destino final. Figura 19: Detalhes de Um Coletor Solar de Placa Plana

Fonte: Lamberts (2010, p.37).

Esse tipo de aquecedor para residências requer reservatório térmico, já que a demanda instantânea de água quente normalmente supera a sua oferta. Assim, são utilizados também como auxiliares no equilíbrio entre oferta e demanda de água quente, aquecedores que mantém a água na temperatura correta mesmo na ausência do sol. No

Brasil, opta-se normalmente por aquecedores elétricos devido ao preço desse tipo de energia ser mais atrativo devido às usinas hidrelétricas, fornecedoras desse tipo de energia. Esse tipo de aquecedor solar normalmente tem suas placas instaladas no telhado das construções, permitindo assim uma perfeita coleta da energia solar assim como o posicionamento próximo aos reservatórios, em uma altura que propicie a distribuição da água quente por gravidade. No caso da “Casa Eficiente”, alvo de nossa análise, não é diferente, pois existem dois pares de placas coletoras um par em cada extremidade do 49 dos ambientes, telhado, sendo um par para aquecimento de água e outro para aquecimento

conforme podemos observar na Figura 20 a seguir.


Figura 20: Posição dos Coletores Solares

Fonte: Lamberts (2010, p.37).

5.3.5 Células Solares Fotovoltaicas Outra tecnologia adotada na “Casa Eficiente” é a utilização da geração de energia elétrica através de dispositivos conversores fotovoltaicos que se utilizam de Fotons, ou seja, a componente luminosa da energia solar. Essa geração acontece, de modo “silencioso, sem emissão de gases, sendo desnecessária a assistência de operador para o sistema” (LAMBERTS, 2010, P.49). Segundo Rüther (2004, apud LAMBERTS, 2010), os módulos fotovoltaicos têm a expectativa de vida de 30m anos ou mais, funcionando em plenas condições. Esses módulos fazem parte de um sistema fotovoltaico. Na concepção de Lamberts (2010), o sistema fotovoltaico é “ ... a denominação que recebe o conjunto de elementos necessários para realizar a conversão direta da energia solar em energia elétrica, com características adequadas para alimentar aparelhos elétricos e eletrônicos, tais como lâmpadas, televisores, geladeiras e outros. O SFV tem o painel fotovoltaico como principal componente e pode incluir, dependendo da aplicação, dispositivos para controle, supervisão, armazenamento e condicionamento de energia elétrica. Fazem parte também de um SFV a fiação, a estrutura de suporte e a fundação, quando necessária.” (LAMBERTS, 2010, P.51).

Esse sistema pode ser instalado em Planta Fotovoltaica similarmente a uma 50

usina geradora, normalmente distante do consumidor, dependendo para sua distribuição de


linhas de transmissão, ou, como no caso da “Casa Eficiente” integrada à edificação, permitindo que se utilize mais racionalmente o espaço disponível, já que foram, nesse caso, instaladas no telhado central da edificação, como podemos observar na Figura 21 a seguir. Figura 21: Detalhe do Coletor Fotovoltaico

Fonte: Lamberts (2010, p.54).

Para Neufert (2013), alude sobre a importância na caracterização do edifício, protegendo-o ainda quanto a algumas variáveis. Afirma: “Podem assumir um importante papel na caracterização formal do edifício, além de exercer diferentes funções: proteção sonora, visual, de radiação solar e contra a ação do tempo. Em geral, as células solares são instaladas na cobertura. Havendo, no caso, diversas possibilidades: instalação sobre o telhado (independente: em sua maioria, construções posteriores. sobre edifícios existentes), integração à superfície do telhado ou, finalmente, como telhado em si. A instalação de módulos solares também é possível na fachada; no caso, deve-se optar por construções com ventilação anterior, para evitar a queda de rendimento.” (NEUFERT, 2013, p.476)

Na “Casa Eficiente”, o sistema fotoelétrico de geração de eletricidade trabalha em conjunto com a rede elétrica, permitindo que nos momento em que a luz do sol não seja suficiente para a alimentação plena da demanda da residência, essa diferença seja compensada pelo fornecimento parcial pela concessionária, porém como vantagem desse sistema, podemos mencionar que nos momentos em que haja excedente de geração 51 pelo sistema fotoelétrico, essa eletricidade pode ser repassada para a concessionária que emite créditos a serem utilizados ou pagos ao consumidor.


Sabemos que não seria de valia alguma termos sistemas que permitam um

melhor aproveitamento da energia utilizando condições construtivas ou aparelhos que não fossem também otimizados. Assim, na “Casa Eficiente” foram tomados os cuidados em se priorizar a iluminação e ventilação naturais, permitidas pelos seus amplos vãos, pelas vidraças também propicias a essas condições e pela posição zenital da construção.

Figura 22: Trajetória solar sobre a Casa Eficiente

Fonte: Lamberts (2010, p.34).

Houve ainda o cuidado em se utilizar aparelhos elétricos com classificação “A” de eficiência energética PROCEL, permitindo que o consumo de energia elétrica dessa construção fosse a menor possível em termos de eficiência. A energia solar se faz uma ótima opção para quem deseje acima de tudo a sustentabilidade em sua construção, como é o caso de nosso projeto arquitetônico. Apesar do custo ainda bastante alto nos dias atuais, o retorno econômico se faz um grande aliado em longo prazo, inclusive agregando valores ao imóvel.

52


6 RESIDÊNCIA SUSTENTÁVEL EM SERTÃOZINHO – DESENVOLVIMENTO O projeto arquitetônico “Residência Sustentável em Sertãozinho” propõe a construção de uma unidade residencial na qual o conceito de sustentabilidade seja a direção principal, permitindo a essa edificação a racionalização dos impactos ambientais e sociais tanto no momento de sua construção quanto em sua manutenção enquanto ativa como moradia, já que o conceito citado foi utilizado desde o seu projeto. O nosso projeto arquitetônico e urbanístico contempla a localização do empreendimento em um condomínio fechado no bairro Jardim Morada das Estrelas, na zona oeste do município de Sertãozinho, no estado de São Paulo.

6.1 Caracterização do Município

Situada no interior do Estado de São Paulo, Sertãozinho, é a terceira maior cidade da região nordeste do estado fazendo parte da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, distante em 21 km da metrópole. Figura 23 – Localização de Sertãozinho no Estado

Fonte: https://upload.wikimedia.org

Apelidada de “A Califórnia Brasileira”, Sertãozinho (Figura 23) tem população estimada em 120.152 habitantes (IBGE, 2015), tem sua economia mista, já que está fundamentada no comércio, em prestação de serviços, na agricultura, e uma das mais

53


importantes economias em termos de indústria sucroalcooleira do estado. Segundo o PNUD/2000, é dona de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,833. Figura 24 – Vias de Acesso

Fonte: https://www.google.com.br/maps

A cidade tem como principais vias de acesso a Rodovia Armando de Sales Oliveira (acesso 1), para quem chega na cidade do noroeste. (Pitangueiras, Pontal); Rodovia Atílio Baldo (acesso 2), sendo essa a ligação principal com Ribeirão Preto; e a Rod. Carlos Tonani (acesso 3), ligação com Barrinha, Jabuticaba, conforme podemos observar na figura 24 acima. Sertãozinho teve como principal fundador Antônio Malaquias Pedroso, mineiro, nascido entre 1826 e 1833 e falecido em 1883, que, em 1876, doou 12 alqueires e meio de suas terras, para Nossa Senhora Aparecida, erguendo ali uma capelinha em homenagem à Santa. Em 1885, o povoado foi elevado ao nível de Distrito de Paz, adotando o nome de Freguesia da Aparecida de Sertãozinho, sendo que a denominação inicial da cidade de Sertãozinho foi “Capela”, passando após, ao nome de “Engenho Nossa Senhora Aparecida de Sertãozinho”, “Aparecida de Sertãozinho” e, finalmente, “Sertãozinho”, tendo como seu primeiro prefeito o Dr. José Onofre Muniz Ribeiro. Elevado a Comarca de Sertãozinho 54

pela Lei nº 1018, de 26 de outubro de 1906 teve sua instalação em 12 de dezembro desse mesmo ano.


Figura 25 - Vista Aérea de Sertãozinho

Fonte: http://tyba.com.br/fotos/foto/cd258_438.jpg

Sua economia passou por três ciclos, sendo o primeiro movido pela cafeicultura, até os anos 1940; a segunda fase, de 1944 em diante foi a do cultivo da cana de açúcar, tendo sua aceleração devido aos incentivos do Proálcool, em 1975, tendo o município se transformado em um dos mais importantes centros sucroalcooleiros do Brasil. Figura 26 - Açúcar e Álcool

Fonte: http://omaispositivo.com.br/wp-content/uploads/2014/09/etanol.jpg

Assim, houve também, movido pela necessidade de manutenção dessas usinas, um

grande avanço da indústria metalúrgica, permitindo uma grande fase econômica. 55


Figura 27 - Tecnologia Sucroalcooleira

Fonte: http://canaldacana.com.br/public/noticias/4246-01.jpg

Como terceira fase, podemos dizer que Sertãozinho descobriu em si novas

vocações econômicas. Assim, a alta tecnologia agrícola como a produção orgânica de açúcar, soja, café e laranja, chamada de “agricultura do futuro”, é o ponto forte de sua atividade econômica, assim como a geração de bioenergia a partir do bagaço de cana Figura 28 - Cogeração de Energia Elétrica

Fonte: http://www.agrovale.com/images/img-sessao-energia_eletrica.jpg

6.2 Caracterização do Local do Projeto

56


O projeto arquitetônico “Residência Sustentável em Sertãozinho”, objeto de nosso trabalho será implantado em um terreno de 1.350m² no condomínio Quinta da Boa Sorte, que está situado na Av. Egisto Sicchieri, 940 - Jd. Morada das Estrelas, zona oeste de Sertãozinho, SP, região que, apesar de considerada uma região modesta, abriga alguns condomínios de alto padrão, a exemplo do lócus de nosso projeto.

Localizado na zona Este loteamento é um condomínio fechado para 90 unidades residenciais, que ocupa uma área total de 120.209 m², sendo aproximadamente 18.000 m² de área verde onde se encontra grande variedade de espécies de plantas, sendo muitas delas frutíferas, propiciando a convivência dos moradores com enorme variedade de pássaros. Figura 29 - Vista da Entrada do Condomínio

Fonte: https://www.google.com.br

O condomínio possui em sua estrutura, duas quadras, uma de tênis e outra

poliesportiva, salão de festa, espaço fitness, playground, um lago de aproximadamente 2.000m² com boa variedade de peixes para pesca esportiva (Figura 29). Na vizinhança do condomínio, existem duas zinas mistas, as ZM1 e ZM2, predominando as residências, sendo que a ZM1 com loteamentos relativamente novos, 57 apresentando algumas construções de residências em andamento, algumas já habitáveis. O


comércio do entorno encontra-se na ZM2, na extensão da Avenida Egisto Sichieri, e nas suas ruas adjacentes, e mesmo aí a predominância é de residências. Para chegar ao condomínio, vindo de Ribeirão Preto ou Jaboticabal, usa-se a mesma entrada, Via de Acesso Octávio Verri, continuando na Av. Antônio Paschoal, seguindo até Av. Egisto Sichieri, onde se localiza a entrada do “Condomínio Quinta da Boa Sorte”. Quem chega do sentido Noroeste, a melhor opção é a Av. Afonso Trigo, chegando na Av. Egisto Sichiere. Figura 30 - Acesso ao Condomínio

Fonte: criado pelo autor

O terreno, de recorte irregular, tem como medidas máximas 28,22m x 54,88m (figura 31), com uma área total de 1.350m², ocupa o lote de esquina da última rua do condomínio, e faz divisa com seus vizinhos apenas no fundo e no lado esquerdo. A insolação acontece em sentido longitudinal ao terreno, ou seja, dos fundos para a frente da residência, propiciando a iluminação natural proposta no projeto. 58


Figura 31 - Vista da Entrada do Condomínio

Fonte: criado pelo autor

A predominância de área verde no condomínio e a condição plana do relevo da região onde está localizado o condomínio permite uma boa circulação de ar muito fresco, fazendo com que as condições microclimáticas sejam favoráveis ao nosso projeto, já que neste é prevista a utilização da ventilação natural, propiciada pelas amplas aberturas contempladas no mesmo.

1.

Caracterização do Projeto

Conforme vimos anteriormente, o projeto arquitetônico “Residência Sustentável em Sertãozinho” se constitui da construção de uma residência de alto padrão, na qual esteja inserido o conceito de sustentabilidade em todas as suas etapas, desde o projeto até a manutenção da casa em uso. Nesse projeto, foi priorizada a racionalização dos usos de recursos naturais e sociais, em um projeto economicamente viável, atendendo, enfim, ao tripé da sustentabilidade, ou seja, o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a 59

equidade social.


Figura 32 – Perspectiva da Fachada da Casa

Fonte: criado pelo autor

Figura 32 33 –– Perspectiva Vista da Fachada da Casa Figura da Fachada da Casa

Figura 33 – Vista da Fachada da Casa

Fonte: criado pelo autor

Fonte: criado pelo autor

Fonte: criado pelo autor

6.3.1 Descrição do Projeto O projeto arquitetônico “Residência Sustentável em Sertãozinho”, conforme pode ser observado nas figuras 34 e 35, foi concebido prevendo a seguinte distribuição em termos de cômodos: • Garagem térrea e no subsolo; • Elevador – Escada; • Hall – varanda;

60


• • • • • • • • • • • • • • • •

Sala de estar; 2 lavabos ; 3 suítes; Vestiário; Home Office; Sala TV; Copa; Cozinha; Central de controle automação/ central geração de energia; Passarela externa de grade de ferro; Piscina - deck madeira; Cozinha externa; Área de Lazer coberta; Deposito cozinha; Área de serviço/ depósito de material de limpeza; Banheiro.

Figura 34 – Planta Baixa do Pavimento Superior

Fonte: criado pelo autor 61


Figura 35 – Planta Baixa do Pavimento Inferior

Fonte: criado pelo autor

Figura 36 – Corte CC

Fonte: criado pelo autor

Figura 37 – Corte BB

62

Fonte: criado pelo autor


Figura 38 – Planta Baixa do Pavimento Inferior

Fonte: criado pelo autor

6.3.2 A Estrutura de Perfilados Metálicos A fim de termos uma construção limpa, versátil e estética, utilizaremos como conceito para as bases estruturais da construção, os perfilados metálicos, conceito vislumbrado na leitura projetual “Residência Metálica e Sustentável” de autoria dos arquitetos, Newton Massafumi Yamat e Tânia Regina Parma, situada em Santana do Parnaíba, São Paulo. Próxima à região de Aphaville, apresentada no decorrer deste trabalho acadêmico. Conforme vimos na análise projetual supracitada, essa é uma técnica construtiva ecologicamente correta, pois tem como matéria prima o aço, o material mais reciclável entre os diversos materiais possíveis. Em segundo lugar, pelos seus baixos índices de perdas, já que as barras perfiladas já vêm nas dimensões próprias para a montagem, conforme projeto; e em terceiro lugar, pela sua montagem prática e limpa, já que essas estruturas são pré-montadas, e seus principais elementos de ligação são os parafusos e porcas, e ainda parafusos autobrocantes que permitem montagem praticamente instantânea, além de solda. Essa facilidade permite uma economia também na mão de obra, utilizando-se o mínimo de profissionais, podendo esses serem treinados e/ou contratados da região da obra, atendendo à proposta social da sustentabilidade. 63


Assim, a estrutura metálica da construção se apresentará em três estruturas independentes entre si (Figura 39).

Figura 39: Planta do Conjunto de Estruturas

AA ESTRUTURA I

ESTRUTURA III

FF EE

ESTRUTURA II Fonte: criado pelo autor

Figura 40: Perspectiva Frontal da Estrutura Completa

Fonte: criado pelo autor

64


Figura 41: Perspectiva Lateral Direita da Estrutura Completa

Fonte: criado pelo autor

A estrutura I, instalada na parte frontal do projeto sustentará o bloco principal da fachada, vencendo um vão livre de 16m, a garagem e o subsolo além da laje de cobertura do elevador e da escada (Figuras de 42 a 47).

Figura 42 – Corte AA – Estrutura I

Fonte: criado pelo autor 65


Figura 43 – Corte BB – Estrutura I Figura 43 – Corte BB – Estrutura I

Fonte: criado pelo autor Fonte: criado pelo autor

Figura 44: Perspectiva Frontal da Estrutura I

Fonte: criado pelo autor 66


Figura 45: Perspectiva Traseira da Estrutura I

Figura 46: Perspectiva Lateral Esquerda da Estrutura I

Figura 47: Perspectiva Lateral Direita da Estrutura I

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A estrutura II, instalada na parte intermediária do projeto, sustentará quatro lajes, cobrindo as três suítes, varanda, sala, lavabo, parte da piscina, e a escada (Figura 48). Figura48 – Corte CC – Estrutura II

Fonte: criado pelo autor

Figura49 – Corte BB – Estrutura II

Fonte: criado pelo autor 68


Figura 50 - Perspectiva lateral direita da estrutura II

Fonte: criado pelo autor

Figura 51 - Perspectiva frontal esquerda da estrutura ll

Fonte: criado pelo autor

Figura 52 - Perspectiva traseira da estrutura ll

Fonte: criado pelo autor 69

Fonte: criado pelo autor


A estrutura III será instalada na parte traseira do projeto, ao fundo da edificação, e abrigará a área de lazer com a churrasqueira, a cozinha, lavabo, área de serviço e ainda sustentará a cobertura verde.

Figura 53 - Perspectiva Frontal Direita da Estrutura III

Fonte: criado pelo autor

Figura 54 - Perspectiva Lateral Direita da Estrutura III

Fonte: criado pelo autor

70


Figura 55 - Perspectiva Traseira da Estrutura III

Fonte: criado pelo autor

6.3.3 Cobertura e Fechamento por Placas de Concreto Alveolar Apesar de o conceito observado na leitura projetual “Residência Metálica e Sustentável” pelos arquitetos Newton Yamat e Tânia Parma ter sido o drywall, optamos, conforme exposto na Leitura Projetual, por outra tecnologia disponível para montagem em estruturas de metal: as Placas Alveolares de concreto não armado para as paredes e para as lajes, painéis alveolares de concreto armado com malha de aço. Esse tipo de placa de concreto é pré-fabricado a partir de fôrmas fixas ou por sistema de extrusão, sistema esse que permite maior resistência à compressão e melhor acabamento devido a uma menor porosidade do concreto. Essa tecnologia permite ainda que se tornem viáveis projetos com grandes medidas de vãos, pela sua grande resistência

em placas nas quais o peso é reduzido. A agilidade na construção é o grande destaque desta tecnologia, já que as placas de concreto alveolares são pré-fabricadas em medidas específicas de comprimento, segundo rígido controle de medidas no fabricante, são encaixadas nos seus devidos locais, içadas por intermédio de guindaste, permitindo assim uma montagem limpa, precisa e rápida, permitindo ainda a utilização de mão de obra barata e da região.

71


Figura 56 - Montagem das Lajes com Guindaste

Fonte: http://www.weiler.com.br/extruder/beneficios.html

Como visto na leitura projetual (item 1.1) a combinação do sistema de placas cimentícias montado sobre estruturas metálicas permite a redução do desperdício de material de 5% enquanto na construção tradicional esse desperdício pode chegar a 30%. Outra vantagem das placas de concreto alveolares é no momento da montagem dos sistemas elétrico e hidráulico, já que uma das opções consideradas permite a passagem da fiação e dos tubos hidráulicos pelo interior dos alvéolos (Figura 57), permitindo ótima

situação de montagem inicial assim como a sua manutenção.

Figura 57 - Possibilidade de Montagem Elétrica

Fonte: http://www.weiler.com.br/extruder/beneficios.html 72


Figura 58 - Possibilidade de Montagem Hidráulica

Fonte: http://www.weiler.com.br/extruder/beneficios.html

Conforme pudemos observar na leitura projetual, a utilização com as placas “Dry Wall”, as propriedades físicas de isolamento térmico e acústico são excelentes nesse tipo de laje, propriedades essas observadas também nas Placas de Concreto Alveolares, auxiliando assim, nas condições de sustentabilidade da construção.

Figura 59 - Perspectiva Frontal da Estrutura Com as Lajes Sobrepostas

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Fonte: criado pelo autor


Figura 60 - Perspectiva das Lajes pela Vista Lateral Direita

Fonte: criado pelo autor

Figura 61 - Perspectiva das Lajes pela Vista Traseira

Fonte: criado pelo autor

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6.3.4 Fechamento por Painéis de Vidro Inteligente Ainda tendo a leitura projetual (item 1.1) como referência para nosso

projeto, com a intenção de potencializar a iluminação natural assim como a interação do ambiente interno com o externo, permitindo a devida privacidade, considerei no projeto painéis de “Vidro Inteligente” ao invés dos painéis vítreos apresentados naquela construção. Esses painéis são acessórios que permitem controle de opacidade do vidro, ou seja, a partir de comando remoto, o vidro inteligente se torna transparente ou opaco, de acordo com a vontade do usuário (Figura 62). Neufert (2013), alude sobre a iluminação natural: “Todos os ambientes de permanência prolongada de pessoas devem ter suficiente iluminação natural, assim como contato visual com o exterior. As exigências básicas quanto á iluminação natural estão apresentadas principalmente na DIN 5034, Partes 1-5 assim como em diretrizes e leis federais da construção.” (NEUFERT, 2013, p. 497).

Figura 62 – Efeito Visual do Vidro Inteligente

Fonte: http://mdvswitch.com.br/photo-gallery.html#!prettyPhoto

Essa tecnologia permite à residência o conforto visual, acústico e a devida privacidade, além de proteger os móveis, e tapetes contra os raios UV sem a necessidade do uso de persianas. (http://mdvswitch.com.br).

6.3.5 Sistema de Captação de Águas Pluviais

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Talvez uma das características que mais nos remetam ao conceito de sustentabilidade, o sistema de captação de águas pluviais tem como objetivo o uso racional desse recurso cada vez mais escasso: a água. Através de um sistema de captação de águas pluviais, a manutenção da área verde assim como das áreas externas da residência estará garantida quanto ao uso desse recurso tão precioso. No projeto, foi contemplada uma rede de água secundária que, isoladamente da água potável, servirá para alimentar o uso nos serviços de manutenção da casa, afinal, conforme ponderação de Neufert (2013, p.445), “o uso da água pluvial assumiu grande importância do ponto de vista ecológico e econômico, visando preservar o ado natural da agua da chuva”. Atentando para o que alude Neufert (2013), o sistema de captação das águas pluviais foi pensado já na fase do projeto. Sobre isso o autor alude: “A modelagem do solo com depressões para infiltração da água, superfícies de água para armazenamento, canais e plantações semelhantes à vegetação natural. No caso, deve-se observar o cuidado com a topografia local. O projeto paisagístico pode integrar o uso da água pluvial e a necessidade de drenagem. Instalações técnicas como reservatórios (subterrâneos ou superficiais) e cisternas não devem aparecer no projeto em primeiro plano.” (NEUFERT, 2013, p.445)

Figura 63 – Desenho Esquemático da Cisterna de 14.100 litros

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Fonte: criado pelo autor


No projeto foram contemplados vários tipos de elementos que, aplicados permitirão e facilitarão a drenagem e a captação da água da chuva. São eles os gramados, pisos permeáveis, calhas, ralos, entre outros elementos projetados para essa função. A segurança foi ponto de destaque no projeto da rede de água advinda de captação pluvial, assim, foram tomados os devidos cuidados para que essas águas não

representassem riscos para as edificações ou superfícies próximas por deficiências ou por subestimação dos valores de capacidade tanto dos dutos e calhas quanto do reservatório. Assim, a distribuição da água na residência será feita em dois níveis, sendo que o primeiro, utilizado para consumo mais nobre, como banho, abastecimento da hidromassagem, ou mesmo pata uso como água potável, será diretamente da rede da concessionária, e no outro nível, água vinda da coleta de água pluvial, armazenada em cisternas, que terá como destino final os usos pouco nobres como jardinagem, descarga e limpeza. Ainda afim de racionalizar-se ainda mais o consumo de água, serão utilizadas louças e metais que tenham sistema de redução de vazão. 6.3.6 Utilização da Cobertura Verde A fim de colaborar com a climatização da residência, optamos por utilizar cobertura verde (Figura 64), que se faz ótima opção para a manutenção de temperaturas mais amenas devido à sua natureza ideal para ambientes nos quais se deseje tanto o controle de temperaturas como um ótimo isolamento termoacústico, tudo isso se utilizando técnica completamente sustentável. Para a tomada de decisão sobre a utilização da cobertura verde foram consideradas as seguintes vantagens observadas na leitura projetual da - “Residência Sustentável de Sérgio Conde Caldas” (item 1.2) e as vantagens da utilização dessa técnica, que segundo Neufert (2013) são: 1. Isolamento através da camada de ar entre a grama e através da camada de terra, com o trabalho das raízes e micróbios preexistentes (processo de produção de calor). 2. Isolamento acústico e capacidade de armazenamento de calor. 3. Melhoria da qualidade do ar em zonas densamente ocupadas. 77


4. Melhoria do microclima. 5. A drenagem de águas na cidade e o controle da agua natural para uso doméstico são melhorados. 6. Vantagens físico-construtivas. Radiações UV e fortes variações de temperatura são evitadas através da camada protetora de grama e terra. 7. Absorção de poeira. 8. Elementos formais/melhoria da qualidade de vida. 9. Recuperação de áreas verdes. (NEUFERT, 2013 p.105)

Figura 64: Vista da Cobertura Verde

Fonte: criado pelo autor

Assim, para a cobertura da área de lazer da residência, decidimos optar por mais essa técnica que integra perfeitamente a construção à natureza, permitindo ainda a redução do consumo de energia elétrica, já que é reduzida a necessidade de aparelhos de climatização, proporcionando assim, um ambiente agradável e sustentável.

6.3.7 Sistemas de Aquecimento de Água por Energia Solar

Tendo como norte a sustentabilidade para a concepção de nosso projeto, tivemos que buscar alternativas de geração de energia, que se fizessem viáveis ecologicamente.

78


Sabendo-se que no Brasil, em especial na localidade onde será implantado o nosso projeto, há preponderância de luz do sol durante o ano todo. Assim, a geração de energia tendo como base as fontes renováveis como a energia solar e eólica se fizeram ótimas opções no momento do projeto. A leitura projetual “Casa Eficiente” (Item 1.3), projeto resultante de uma parceria entre a Eletrosul, Eletrobras/Procel Edifica e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por intermédio do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE) nos permitiu assimilar conhecimentos sobre as tecnologias utilizadas na concepção dessa residência. Uma dessas tecnologias, utilizadas em nosso projeto foi a que prevê a implantação de sistemas de aquecimento de água por energia solar. Essa tecnologia é constituída basicamente por coletores solares, um reservatório térmico, uma fonte secundária de aquecimento, sistema de controle que atua para acionar a fonte secundária a fim de compensar a falta da energia solar, e por uma rede de distribuição de água aquecida.

Figura 65: Detalhe Esquemático do Aquecedor Solar

Fonte: criado pelo autor

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Figura 66: Detalhe da Posição do Aquecedor Solar

Fonte: criado pelo autor

Assim, o projeto compreendeu mais uma tecnologia importante para a preservação do meio ambiente, já que reduz consideravelmente a utilização da energia elétrica com aquecimento de água em toda a residência, uso esse que possui uma carga relevante tanto na conta de energia elétrica quanto na emissão de carbono, já que parte dessa energia, mesmo no Brasil que possui muitas usinas hidrelétricas, ainda é gerada através de queima de combustíveis fósseis.

6.3.8 Sistema Fotovoltaico de geração de Energia Elétrica Ainda seguindo a linha de aproveitamento dessa inesgotável fonte de

energia que é o Sol, compreendemos em nosso projeto um sistema fotovoltaico de geração de energia elétrica, que, a exemplo do que pudemos analisar na leitura projetual da “Casa Eficiente” (Item 1.3), permite a geração da energia elétrica a ser utilizada na residência através de dispositivos conversores fotovoltaicos que se utilizam de Fótons, ou seja, a componente luminosa da energia solar, permitindo que o gasto com pagamentos à distribuidora seja reduzido em muito, a zero, ou ainda que a geração de energia por esse 80

sistema seja superior ao consumo, podendo


o excedente, pela sua venda, vir a ser fonte de créditos com essa distribuidora para utilização nos períodos sem a luz do sol. Figura 67: Detalhe da Posição das Placas de Geração

Figura 67: Detalhe da Posição das Placas de Geração Placas do Gerador Solar

Placas do Gerador Solar

Fonte: criado pelo autor

Fonte: criado pelo autor

A fim de otimizar a eficiência na captação dos raios solares, no nosso projeto, as placas do sistema fotovoltaico de geração de energia elétrica foram posicionadas em sua maior parte no sentido longitudinal à residência, de forma a aproveitar ao máximo a insolação a que fica exposta a casa durante todo o ano. Figura 68: Detalhe da Inclinação das Placas Solares

81

Fonte: criado pelo autor


A inclinação na posição das placas solares é outro ponto muito importante para que se consiga o máximo de eficiência, permitindo que esses elementos estejam em grande parte do tempo posicionados a 90º em relação à incidência dos raios solares. Assim, em nosso projeto, essas placas estão montadas em suportes inclinados a fim de proporcionar essa condição favorável à captação.

Assim como na “Casa Eficiente”, alvo da leitura projetual (Item 1.3), o sistema fotoelétrico de geração de eletricidade em nosso projeto irá trabalhar ligado à rede elétrica, sendo suprida por essa, a necessidade de energia elétrica nos períodos de céu nublado ou à noite, períodos sem a luz do sol, sendo a demanda da casa compensada pelo fornecimento de energia elétrica da concessionária. O excedente de geração pelo sistema fotoelétrico que ocorrerá em certos momentos será repassada para a concessionária, gerando créditos a serem utilizados ou pagos ao consumidor.

6.4 Tecnologias Sustentáveis Aplicados ao Projeto Além das tecnologias já explanadas no decorrer deste trabalho, a seguir trataremos sinteticamente de alguns equipamentos e acessórios que serão também aplicados neste projeto, e que permitirão a aplicação do conceito de sustentabilidade ao conjunto da construção, permitindo que a mesma seja viável do ponto de vista ecológico, racionalizando o consumo dos recursos naturais seja por redução desse consumo, por geração própria de energia ou por reuso desses recursos.

6.4.1 Restritores de vazão

As torneiras e os registros, em sua condição original de fábrica, permitem

uma liberação da vazão de água muito acima do que normalmente é necessário para que a função à qual ela tenha sido designada seja cumprida, seja na pia, no lavatório, por exemplo. Assim, o restritor de vazão se faz um elemento muito importante no combate ao desperdício da água, esse recurso natural tão importante nos dias de hoje. 82


O Restritor de Vazão (Figura 69) é um elemento que, ao ser instalado nas saídas ou no interior das torneiras, reduz a vazão de fluidos, permitindo que haja a economia de água tanto em residências, como em empresas. Seu baixo custo e grande impacto no consumo pontual de água fazem com que este elemento seja adotado como prioridade em hotéis e outros empreendimentos. Figura 69: Restritores de Vazão

Fonte: http://www.facilidad.com.br

Seu funcionamento de resume à estricção da área de passagem de água, reduzindo assim a saída do fluido a uma quantidade suficiente função prevista para aquele ponto, permitindo assim, grande economia e por consequência a utilização racional desse recurso. No caso de chuveiros, pela ação do redutor de vazão, pode-se atingir uma economia de água de até 50% com, reduzindo a vazão de 38 litros de água por minuto para 16 litros por minuto.

6.4.2 Arejadores

Os arejadores são elementos que são montados na saída de torneiras pias de cozinha ou lavatórios de banheiro, por exemplo. Esse acessório promove a aeração da água no momento em que ela flui, proporcionando uma névoa que espalha mais a água sobre o 83

objeto


a ser lavado, permitindo uma limpeza eficiente utilizando-se menor quantidade de água corrente. O arejador acumula a função de restritor de vazão, pois, segundo os fabricantes, enquanto uma torneira livre tem uma vazão de 14 a 25 litros de água por minuto, a equipada com o arejador somente permite na vazão de 6 a 10 litros de água por

minuto. Figura 70: Arejadores

Fonte: http://www.construcaototal.com.br/image/texto/AREJADORES_DE_AGUA.jpg

6.4.3 Caixa de Descarga Duplo Acionamento

As caixas de descarga acopladas de duplo acionamento é uma tecnologia que apareceu para somar forças quando falamos em sustentabilidade. Essa tecnologia consiste em uma caixa de água acoplada ao vaso sanitário, que por si só já teria efeito benéfico ao consumo de água, já que uma descarga em sua máxima capacidade

libera 6 litros de água. Figura 71: Atuador Duplo Acionamento

84

Fonte: http://www.manutencaoesuprimentos.com.br


Essa caixa tem, para seu acionamento, duas possibilidades, sendo que uma delas é a liberação da capacidade total, ou seja, os 6 litros de água, para a descarga de fezes e urina, e a outra para a liberação de somente 3 litros do flúido, o que seria suficiente para a descarga de urina. O acionamento se dá por dois botões que permitem a seleção de qual a

vazão se quer liberar. Assim, esse equipamento por si promove uma economia da ordem de 34.000 litros de água por ano.

1.

Sistema de Captação da Água de Chuva

Através do Sistema de captação e distribuição da água chuva, a água pluvial é tratada e utilizada na residência para fins pouco nobres, como jardinagem que não necessitem tantos cuidados como higienização do quintal, lavagem de roupa, sanitários, entre outros usos. Neste sistema a agua da chuva é coletada através de calhas, lajes, pisos autodrenantes, ralos, entre outros meios, filtrada e conduzida através de tubulações

específicas a um reservatório subterrâneo, e levada a uma caixa d’água específica para este fim através de bombeamento. A partir daí, a distribuição dessa água segue para determinados locais de uso através de encanamentos específicos e muito bem identificados, já que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da norma NBR 15527 indica que não é indicado beber ou usar essa água em banho. Neufert ainda nos fornece uma ideia esquemática de como deve funcionar

um sistema de aproveitamento para as águas de chuva (Figura 72), permitindo que, a partir dessa visão, possamos fazer um projeto que atenda parte de nossas necessidades quanto à sustentabilidade. 85


Figura 72 – Sistema de equipamentos para uso da água pluvial

Fonte: Neufert (2013, p.445)

6.4.5 Pisos Drenantes

Um dos pontos importantes em uma construção é a drenagem do solo, tanto em sua função principal e global de evitar enchentes na região, principalmente nas cidades grandes, quanto em nosso caso, no qual a captação da água pluvial é parte fundamental de nosso projeto, caracterizando a sustentabilidade na construção. Assim, o piso drenante também conhecido por piso autodrenante, ou ainda

piso permeável possui todas as condições de atender à nossa demanda quanto a proporcionar uma captação eficiente da água pluvial nos locais externos da casa que estejam cobertos com piso, sem que para isso seja necessária a quebra da estética, já que esse tipo de piso possui uma gama bastante grande de padrões e possibilidades bem atraentes. Para nosso projeto, o piso autodrenante deverá ser assentado sobre camadas alternadas de brita e saibro sobre concreto, que agirão como espaçadores que permitirão o escoamento da água até os pontos de captação, sejam eles calhas ou ralos instalados abaixo do nível do solo o que permitirá a coleta dessa água para posterior tratamento. 86


Figura 73 – Jardim com Piso Drenante

Fonte: http://www.homedecore.com.br/piso-drenante-a-solucao-permeavel-para-o-solo/

Quanto ao coeficiente de permeabilidade, existem determinados elementos que permitem a drenagem de até 97% da água a que são é submetidos, tornando-se extremamente eficientes em sua função de captar a água pluvial, com a grande vantagem de ter propriedades antiderrapantes e atérmicas.

87


CONSIDERAÇÕES FINAIS A sociedade enfrenta nos dias de hoje muitos desafios, e dentre esses estão a falta de moradia suficiente e digna e a degradação ambiental, sendo que a destruição social causada pela cooperação desses dois problemas é incalculável e desumano. A reversão da condição degradada em que o planeta se encontra é talvez o maior desafio encontrado pelo homem desde os seus primeiros registros. Segundo especialistas

essa

reversão

deverá

passar

obrigatoriamente

pelo

conceito

de

sustentabilidade, no qual a humanidade deve se utilizar dos recursos naturais de forma inteligente e racional.

Este trabalho acadêmico trata de uma das formas de se colaborar com esta nova visão: a arquitetura sustentável. Nessa forma de arquitetura a preservação do meio ambiente é pensada em todas as etapas da construção, desde seu projeto até a fase de utilização do edifício em sua atividade fim, seja para moradia, seja como indústria, escola, ou qualquer outro fim. Assim, em nosso projeto, que trata de uma residência sustentável no município de Sertãozinho, no interior do estado de São Paulo, este conceito foi previsto em todas suas etapas, inclusive na sua utilização como moradia, permitindo ao usuário a utilização de geradores de energia elétrica fotovoltaico, reduzindo tanto a conta de luz quanto a emissão de carbono, já que este sistema é completamente limpo e renovável; a utilização da água da chuva para fins pouco nobres, reduzindo o consumo de água tratada pelo departamento de água, cobertura verde, luz natural, entre outros conceitos estudados em leituras projetuais que nos serviram de base para este projeto. Em nosso projeto procuramos trabalhar considerando o tripé da sustentabilidade, ou seja, do desenvolvimento econômico, da preservação ambiental e da equidade social, já que a mão de obra para a montagem da residência poderá ser captada no próprio local da implantação da construção. Sobre a sustentabilidade procuramos elucidar alguns pontos de vista na primeira seção deste trabalho de pesquisa. Na segunda seção procuramos esclarecer a situação da moradia no Brasil,

observando seu percurso histórico. Vimos que o assunto moradia apesar de amplamente 88 debatido, se faz um dos mais difíceis de ser resolvido, já que são necessários altos investimentos e vontade política, esta segunda faltante em muitos governos brasileiros.


No decorrer deste trabalho de pesquisa, pudemos conhecer também algumas das novas tecnologias que permitem à arquitetura projetos racionais, e sustentáveis, como as placas de concreto alveolar, o sistema Steel Frame, o vidro inteligente e ainda tecnologias para a geração de energia a partir da energia solar, como os painéis de aquecimento solar, ou os geradores de energia fotovoltaica.

89


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