HISTÓRIA DA RAINHA SANTA & das Festas da Cidade Isabel de Aragão nasceu em Saragoça no ano de 1270. O casamento por procuração com El-Rei D. Dinis iniciou-se em 1281, com a vinda a Portugal dos procuradores de Isabel e com a ida, em 1282, a Barcelona, dos procuradores do rei D. Dinis.
A entrada em Portugal inicia-se em Bragança e a cerimónia nupcial ocorre em dia de S. João (24 de Junho) de 1282, na vila de Trancoso. A Rainha foi cativando o coração do povo português pelos atos de extrema bondade praticados em favor dos humildes, dos doentes, dos abandonados, das crianças e dos que tinham fome.
As obras que patrocinou, de Norte a Sul do país, foram inúmeras: hospitais, asilos, leprosarias, casas de assistência aos desvalidos, hospícios, casas de recolhimento, entre outros. Muitos mosteiros e igrejas foram igualmente construídos graças à sua generosa contribuição. Distribuía o que tinha de seu, visitava os doentes, servia os pobres, velava pelas crianças abandonadas, amparava as filhas de gente humilde, às quais dava dote quando casavam, mandava sepultar os mortos cristã e dignamente, pagava as dívidas de quem não tinha possibilidades de o fazer, vestia os nus, redimia os presos ou aqueles que andavam transviados, lavava as feridas dos leprosos com as próprias mãos.
Por altura das grandes fomes que assolaram o país, devido à infecundidade das terras, mandou vir de longe, despendendo somas elevadas, o trigo que oferecia aos necessitados. Conta-se que terá vendido parte das suas joias para fazer face à fome do povo.
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«Medianeira da Paz» foi o título que lhe valeu a sua intervenção, feita de bondade, tenacidade, esforço e inteligência, em prol da concórdia e da tolerância. Graças à sua intercessão foi possível, por diversas vezes, encontrar uma solução que não a das armas.
Destacam-se as intervenções de mediadora na discórdia entre D. Dinis e o seu meioirmão, o Infante D. Afonso.
Nos anos de 1319 e 1324, intervém para pôr fim aos incidentes do marido com o filho D. Afonso. Após a morte de D. Dinis, em 1325, e antes de fixar residência no paço anexo ao Mosteiro de Santa Clara de Coimbra, a rainha efetuou uma peregrinação a Santiago de Compostela, misturada entre os humildes, comendo do pão que lhe ofereciam e ajudando a transportar as crianças ao colo.
Segundo a tradição, Dona Isabel oferece ao Apóstolo Santiago alfaias litúrgicas, joias e paramentos religiosos, recebendo das mãos do arcebispo de Santiago de Compostela o bordão de peregrina, em forma de tau, que se encontra à guarda da Confraria da Rainha Santa Isabel.
Viúva, recolhe-se ao convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, vestindo o hábito de Clarissa, mas não fez votos, de modo a poder continuar a usufruir dos seus bens que lhe permitiam exercer a caridade.
Em Junho de 1336, com 66 anos, ao ter conhecimento da desavença entre seu filho D. Afonso IV, o Bravo, rei de Portugal, e seu neto, Afonso XI, rei de Castela, segue em direção ao Alentejo, para tentar pôr fim às hostilidades entre ambos. Devido à fatigante caminhada e ao excessivo calor, a rainha chega exausta e adoece.
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Acaba por falecer a 4 de Julho de 1336, sem ter conseguido levar a bom termo a sua missão pacificadora. Embora gozasse, desde sempre, de fama de santidade, a consagração dá-se com a beatificação, a 15 de Abril de 1516, por Leão X. A 21 de Janeiro de 1556, o papa Paulo IV estende o seu culto a todo o país.
No dia 26 de Março de 1612, ao abrir-se o túmulo, verificou-se que o seu corpo se encontrava incorrupto. Em Maio de 1625, é canonizada solenemente pelo papa Urbano VIII, que a considera «uma das mais perfeitas mulheres da Idade Média». Nesse mesmo ano (14 de Outubro) o rei Filipe III declara-a «Padroeira de Portugal».
As inundações das águas do Mondego foram tornando impossível a vida religiosa no mosteiro, cuja primeira pedra tinha sido lançada em 28 de Abril de 1286. El-rei D. João IV manda construir, em 1649, o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, localizado cerca de um quilómetro acima do primeiro, no Monte da Esperança, um dos pontos mais altos da cidade de Coimbra. A sua construção iniciou-se a 3 de Julho de 1649 sob plano riscado pelo engenheiromor do reino e professor da Universidade, Frei João Torriano. Em 29 de Outubro de 1677, fez-se uma grande procissão a partir do convento velho, para trasladação da Rainha Santa e mudança das freiras para o convento novo. A igreja, construída pelo arquiteto régio Mateus do Couto, foi sagrada a 26 de Junho de 1696. Após a sua canonização ser oficializada pela Igreja de Roma, os restos mortais da Rainha Santa foram trasladados do antigo para o novo túmulo. O novo túmulo em prata e cristal foi mandado fazer pelo Bispo-Conde de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco. O túmulo de prata da Rainha Santa foi colocado no altar-mor a 3 de Julho de 1696.
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Hoje, o monumento funerário encontra-se próximo do retábulo-mor da nova igreja de Santa Clara de Coimbra, na companhia da venerada imagem da Rainha Santa, oferta da Rainha D. Amélia, encomendada a Teixeira Lopes, que a executou em 1896.
A sua obra material e espiritual é tão vasta que, desde então, até ao presente, mereceu admiração, carinho, veneração e honra do povo de Coimbra ao tomá-la e venerá-la como sua padroeira. Daí ser objeto de veneração permanente junto dos seus restos mortais no mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra. No ano da sua beatificação (1516), são instituídas por D. Manuel I as Festas em Louvor da Rainha Santa Isabel que se realizam em Coimbra.
(Texto da Confraria Rainha Santa Isabel)
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As Festas da Rainha Santa Isabel remontam ao ano de 1625, data em que a Rainha Santa Isabel foi canonizada. Nessa ocasião, Coimbra manifestou o seu entusiasmo e alegria, celebrando o dia com festejos que se prolongaram por uma semana. Desde então, as festas passaram a ser também da cidade e a atrair crentes vindos de todo o mundo.
Atualmente, as Festas realizam-se sempre em anos pares, numa simbiose de manifestações religiosas e profanas.
O ponto alto são as duas procissões religiosas, uma noturna e outra diurna, nas quais a imagem da veneranda é transportada em ombros para a Igreja de Santa Cruz, regressando, no domingo seguinte, ao local de origem, o Convento de Santa Clara-aNova.
Paralelamente, e mais recentemente, os eventos religiosos são complementados com um programa de animação, que se estende por mais de uma semana. Concertos, exposições, animação de rua, teatro, atividades desportivas e muitas outras iniciativas preenchem todos os anos o cartaz, uma organização atribuída à Câmara Municipal de Coimbra.
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