arquitetura brasileira | caderno 1

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H I S T Ó R I A

D A

2.0202 | CANES OIRÁTISREVINU ORTNEC

A R Q U I T E T U R A B R A S I L E I R A

MARIANA TUZAKI


2.0202 | CANES OIRÁTISREVINU ORTNEC

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ARQUITETURA VERNACULAR

i. arquitetura indígena ii. arquitetura colonial iii. arquitetura barroca


ARQUITETURA VERNACULAR INDÍGENA arquitetura vernacular brasileira é a indígena. habitação é composta pela aldeia, que é formada por 4 a 10 ocas, que podem abrigar até 400 pessoas.

a estrutura das ocas normalmente são radiais (na 1º imagem, com um pilar central, que dele partem radiais que descarregam no anel sobre os outros pilares, sustentando os vários feixes que seguram o telhado de palmeira; na 2º, os anéis distribuem forças que se unem no ponto central por compressão);

vernáculo | adj. 1.próprio de um país, nação, região. origem.

em alguns casos, o telhado de palmeira não chega até o chão e a entrada é mais baixa que o indivíduo, que precisa, assim, fazer uma espécie de "reverência" ao entrar. formação de uma grande praça central, onde ocorre a socialização, festas, cerimônias e rituais


ARQUITETURA VERNACULAR INDÍGENA POSSIBILIDADES DE REVESTIMENTO revestimento em folhas de palmeira fixação sob pressão (Karajá) enlace com cipós (Xavante e Tiriyó) revestimento de palmeira e de Helicônia superposta (Tapirapé)

ANTROPOMORFISMO visão de mundo que busca compreensão da realidade ao atribuir características e comportamentos típicos da condição humana às formas da natureza ou seres vivos irracionais.

a partir da arquitetura indígena, se desenvolvem outras técnicas usando recursos do próprio meio ambiente, como a taipa de mão (pau a pique), taipa de pilão, adobe, bambu, pedras e madeira.


COLONIAL pau a pique | taipa de mão

taipa de pilão

estrutura de madeira roliça (normalmente encontrada sem necessidade do desmatamento), com uma trama disposta vertical e horizontalmente, amarrada com cipó ou cravo e depois preenchida com barro socado; grande durabilidade.

origem árabe | apioamento de terra úmida entre dois pranchões de madeira removíveis que, no taipal, se mantém de pé e afastadas entre si graças a travessas ou escoras. presente em todas as construções paulistas do séc. XVI, XVII, XVIII e a primeira petade do séc. XIX. Casa do Tatuapé casa bandeirista mais antiga de SP Casa do Bandeirante (Butantã) Casa do Sítio da Ressaca Casa do Sertanista


CIDADE COLONIAL

ruas definidas pelas casas, sem jardins externos; telhas de barro (telhado em duas águas) - influência portuguesa o tamanho do beiral era determinado pelo poder social/aquisitivo de quem possuía a casa - quanto mais simples, menor a proteção

produção e uso da casa baseado no trabalho escravo - separação dos funcionários do proprietário


BARROCO

séc. XVII até as duas primeiras décadas do séc. XIX influência portuguesa, espanhola, francesa e italiana Salvador, BA [ex. Igreja da Ordem Terceira de São Francisco pelo Mestre Gabriel Ribeiro] barroco de MG [ex. Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto; com variação rococó] barroco do RJ [ex. Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência - exterior simples, interior exuberante] opulência, decorativismo


NEOCLÁSSICO À SEMANA DE 1922

1 ado - ramos de azevedo arquitetura 1900 semana de arte moderna, 1922


ARQUITETURA 1900 | contexto

| art noveau no brasil

| características

| são paulo

17 milhões de habitantes no país início do êxodo rural implantação de infraestruturas de sanitarismo e gás

falta de originalidade e identidade própria - cópia dos estilos europeus e seus elementos ecletismo - sobreposição de referências

| rio de janeiro

insalubridade, doenças desmonte do morro para a nova avenida central Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro - Grandjean de Montigny novos eixos viários, uniformização das fachadas, parques públicos e a ideia de embelezamento na reforma do prefeiro Pereira Passos

| teatro municipal do rio de janeiro 1904

ganhador do concurso - francisco de oliveira passos materiais nobres importados, mistura de duas propostas vencedoras e faz referência à Ópera Garnier de Paris (1875)

Victor Dubugras foi o precursor da arq. moderna na América Latina, que orienta de forma mais racional o trânsito de estilos (ecletismo, art nouveau, neocolonial e modernismo), antes realizado de forma tão inconsistente pelos arquitetos e engenheiros. vila penteado até 1880 tinha um aspecto de burgo colonial influência italiana

| ramos de azevedo

1851-1928 | paulistano formado na Bélgica engenheiro e arquiteto; obras seguindo a tradição beaux arts no estilo neoclássico e com ecletismo acadêmico, dando forma à chamada belle époque paulistana NEOCLÁSSICO [ex. Tesouraria da Fazenda, Secretaria da Agricultura, Secretaria da Polícia, Escola Normal, Laboratórios Gerais da Escola Politécnica]; ECLÉTICO [ex. Asilo Juqueri (neoromânico e neogótico), Theatro Municipal de São Paulo (renascentista italiano), Palácio das Indústrias (mourisco) e Estação Sorocabana (detalhes em estilo Luís XVI)]


PALÁCIO DAS INDÚSTRIAS, 1911 DOMIZIANO ROSSI, RAMOS DE AZEVEDO E RICARDO SEVERO

atual Museu Catavento, o edifício foi criado com o intuito de abrigar exposições relacionadas à indústria paulista estilo eclético não é o único edifício do Ramos de Azevedo a apresentar influências mouras: assim como o Mercado Municipal de Campinas (1908), possui ameias em seus muros; além do claustro com 4 fontes e um poço no centro dos jardins, também característica do estilo mourisco

(imagem 1: ameias; imagem 2: claustro)



SEMANA DA ARTE MODERNA | contexto

1922

São Paulo começa a se transformar em uma cidade cosmopolita, sofrendo modificações urbanas sob a influência estrangeira através da diversidade cultural dos imigrantes italianos, alemães, franceses, portugueses e espanhóis

| 1925

Gregori Warchavchik e Rino Levi são influenciados pelos artigos publicados por Le Corbusier na revista L'Esprit Nouveau e pelo arquiteto e urbanista italiano Marcelo Piacentini - quem projetou o edifício Matarazzo. Publicação dos dois primeiros manifestos da arquitetura moderna no Brasill por Warchavchik ("Futurismo") e Rino Levi ("Arquitetura e Estética das Cidades")


MODERNISMO

ii ado - rino levi gregori warchavchik rino levi flรกvio de carvalho


GREGORI WARCHAVCHIK russo naturalizado brasileiro casa-se com Mina Klabin, cantora e paisagista não cumpriu todos os preceitos modernos, aplicando apenas em casas destinadas à burguesia e não a programas sociais projeta a primeira casa modernista brasileira (a sua própria residência) em Sta. Cruz - Vila Mariana, ainda de tijolo - não implementa o elemento construtivo do concreto armado, característico do movimento

"'Destituída de ornamentação e formada por volumes prismáticos brancos, a obra precisou ser ornamentada em seu projeto para obter aprovação junto à prefeitura. Após sua conclusão, foi alegado falta de recursos para completá-la." O jardim, projetado por Mina Klabin, proporcionou um uso pioneiro de espécies tropicais.

1896-1972


CASA MODERNISTA DA RUA ITÁPOLIS, 1930 GREGORI WARCHAVCHIK aqui, sim, o arquiteto faz uso do concreto armado ideais da Bauhaus linhas puras, retas, inclusive nos mobiliários As aberturas no volume reforçam a assimetria. O edifício é um trabalho sobre linhas, planos e volumes. A casa ganhou também alguma notoriedade na historiografia da arte brasileiro pois ficou em exposição de 26 de março a 20 de abril de 1930 e impulsionou a renovação arquitetônica brasileira, tornando-se uma referência e complementando a revolução assinalada pela “Semana de Arte Moderna de 1922”, em um evento que ficou conhecido como “Exposição da casa modernista”. No projeto arquitetônico da residência, Warchavchik procurou resolver os problemas de economia de meios e recursos e de sua funcionalidade de maneira a produzir um resultado estético o mais satisfatório possível. Ao contrário do raciocínio projetual tradicional, eliminou corredores e integrou espaços com a finalidade de obter áreas mais amplas. Além do projeto arquitetônico e do design de interiores, os jardins foram pensados por sua mulher, utilizando plantas brasileiras. Toda decoração interna foi planejada e dialogava com os outros objetos e obras apresentadas, como quadros de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, do suíço John Graz, além de esculturas de Victor Brecheret.


RINO LEVI 1901-1965 sua carta foi uma das primeiras manifestações por uma arquitetura moderna no país arquitetura com racionalidade, um construtor aliado à qualidade plástica um dos responsáveis pela verticalização de SP, preocupado com a relação do edifício na cidade Columbus: primeiro edifício residencial de luxo em São Paulo (hoje demolido) Edifício do IAB, 1946 casas com características intimistas - jardins internos em residências urbanas "parceria" com Burle Marx, foco no paisagismo cinemas - estuda as relações de acústica e visualidade; alto nível de precisão técnica hospitais modernos (separação das funções e alas, alta complexidade, circulações verticais e horizontais, técnicas de controle ambiental)

"A architectura, como arte mãe, é a que mais se resente dos influxos modernos devido aos novos materiaes à disposição do artista, aoa grandes processos conseguidos nestes últimos anos na technica da construcção e sobre tudo a novo espírito que reina em contraposição ao neo-classicismo frio e insípido. Portanto praticidade e economia, architectura de volumes, linhas simples, poucos elementos decorativos, mas sinceros e bem em destaque, nada de mascarar a estructura do edifício para conseguir effeitos que no mais das vezes são desproporcionados ao fim, a que constituem sempre uma coisa falsa e artificial." A ARCHITECTURA E A ESTHETICA DAS CIDADES - UMA CARTA DE UM ESTUDANTE BRASILEIRO EM ROMA.


VILA DE CASAS DOS JARDINS, 1927

FAZENDA CAPUAVA, 1938

FLÁVIO DE CARVALHO

FLÁVIO DE CARVALHO

tentativa de construir uma sociedade modernista brasileira segurado por um único pilar há até um “manual” de como habitar as residências de forma correta; entre as dicas, o artista sugeria o uso de móveis que ocupassem pouco espaço, “pois são mais estéticos, confortáveis e higiênicos




ESCOLA CARIOCA

iii ado - affonso reidy escola carioca


ESCOLA CARIOCA

é o nome pelo qua parte da produção moderna da arquitetura brasileira é comumente identificada pela historiografia. Trata-se originalmente da obra produzida sob a liderança intelectual de Lucio Costa e formal de Oscar Niemeyer, criando uma espécie de brazilian style que se dissemina entre as décadas de 40 e 50. [ + texto sobre]

| Álvaro Vital Brazil Edifício Esther, 1938 | SP

| Ministério da Educação e Saúde, 1930 Lúcio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, Ernani Vasconcellos, Jorge Machado Moreira, Álvaro Vital Brasil, com consultoria de Le Corbusier | jardim Burle Marx e painéis de Cândido Portinari | primeiro edifício que incorpora em grande escala os cinco pontos da arquitetura corbusiana: brise de soleil [quebrassol] pan de verre [courtain wall] teto-jardim térreo com pilotis planta livre


ÁFFONSO EDUARDO REIDY 1909-1964

| Conjunto Pedregulho, 1948

| MAM, 1952



ESCOLA PAULISTA

iv ado - vilanova artigas escola paulista


ESCOLA PAULISTA

é o nome pelo qua parte da produção moderna da arquitetura brasileira é comumente identificada pela historiografia. Trata-se originalmente da obra produzida sob a liderança de Vilanova Artigas, que realiza uma arquitetura que enfatiza a técnica construtiva, pela adoção do concreto armado aparente e valorização da estrutura.

| Vilanova Artigas, 1915-1985 engenheiro-arquiteto formado em 1937, abre um escritório próprio em 1944 e filia-se ao Partido Comunista Brasileiro em 1945 em 1946 viaja aos EUA com uma bolsa de estudo da Fund. Guggenheim e em 1948 participa da criação da FAUUSP, onde passa a lecionar 1949 viaja para a União Soviética, desencantando-se com a arte e a arquitetura do Realismo Socialista, entra em uma crise profissional; em 1961 realiza uma sequência de projetos que definem as linhas mestras da escola paulista: Anhembi Tênis Clube, a Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula e o edifício da FAU.

| Casinha, 1942

espécie de transição da rua ao espaço interno (você entra pela diagonal); redução do pé direito - recepção; escala mais humana.

| Casa Vilanova Artigas, 1949

expansão da família; casa no mesmo terreno alguns elementos iguais ao da casinha núcleo hidraulico (banheiro, etc, observe na planta que há duas “asas” que caem no núcleo do banheiro) organiza toda a distribuição da casa/separação o espaço social é o principal da casa. qualidade de vida social maiorpresença das cores

| Edifício Louveira, 1946

é preso em 1964 pelo golpe militar e retorna em 1967, proferindo uma aula inaugural em rejeição à luta armada, defendendo o projeto como atitude de resistência à opressão projeta o CECAP Guarulhos em 1968 com Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado

implantado em duas esquinas, sobre pilotis ele eleva o volume e deixa um jardim que faz uma comunicação entre as duas unidades por meio de um elemento de circulação - a rampa [é um passeio] abertura das janelas é um edifício pra cidade - não há divisão entre o jardim “público” e o privado

| Residência Olga Baeta, 1956

espaço social aberto área social interligada com os outros cômodos os pilares sustentam a casa no andar de cima



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