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Séries e filmes: saiba o que aí vem

NÚMERO 1 | ABRIL 2010 | €2,90 (CONT.)

Mad MEn

Os loucos anos 60

Sangue Fresco

Falámos com a 'mãe' de Sookie

tvprime N. 1 | ABRIL 2010 | perdidos | mad men | entrevista sangue fresco | as taras de tara | the pacific

CHEGOU A TELEVISÃO

PERDIDOS Última Temporada

a hora da verdade

mais

as taras de tara | the pacific | calma larry! | big love ruptura total | family guy | batalha de séries

ganhe

temporadas de 'perdidos'



Edição, Redacção e Publicidade: Rua Amélia Rey Colaço, nº40 | 2790-017 Carnaxide, Oeiras Telefone: (351) 214 259 872 Correio Electrónico: geral@lookedit.pt NIF: 509 228 194 Director Geral: Francisco Rosa

editorial

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É com uma enorme emoção que escrevo as primeiras linhas da revista tvPRIME. Na génese deste projecto está uma grande paixão por televisão e cinema, particularmente por séries. E como, na verdade, nunca encontrei à venda uma publicação que fosse de encontro a essa minha paixão, perguntava-me regularmente quando iria surgir uma. E, naturalmente, ia imaginando tudo aquilo que gostaria que tivesse. Na vida conheço dois tipos de pessoas: os que se queixam e os que resolvem. Decidi reverme no segundo grupo, e iniciei este caminho, com a preciosa ajuda de muitos (e excelentes) amigos. Como premissa estabelecemos três vectores fundamentais para oferecer ao leitor uma publicação de grande qualidade: conteúdos com um cunho de excelência; um grafismo igualmente apelativo e inovador; uma forte interacção com os leitores. Privilegiando a ficção em televisão, iremos tratar com especial ênfase as séries e o cinema em casa e nas salas. Estaremos ainda atentos aos melhores e mais inovadores equipamentos que vão surgindo, procurando sempre ser um bom ponto de apoio para os leitores nessa área. Teremos notícias, reportagens, críticas, análises e entrevistas, destinadas a um público cosmopolita, informado e exigente. E procuraremos fazê-lo de uma forma inovadora, inteligente e fiável. O nosso objectivo não é o de condicionar ninguém nas suas escolhas, mas o de informar e esclarecer. O nosso respeito pelo leitor obriga-nos a estabelecer este como um princípio fundamental. Outro princípio pelo qual nos iremos reger, é o de tentar trazer para «dentro» da revista os seus leitores. Em nosso entender, as revistas devem mudar a forma como são encaradas, passando de um objecto fechado em si próprio, estanque desde a impressão, para um «ser vivo», capaz de processar e assimilar opiniões, críticas e ideias. Devem ser orgânicas e evolutivas, acompanhando a sensibilidade dos tempos e as legítimas aspirações de quem as compra e lê. Conte connosco! Contamos consigo? Abraço,

Marco António dos Reis

Estatuto Editorial A tvPRIME assume-se como uma publicação destinada a um público activo, informado e dinâmico. A tvPRIME tem como principal objectivo a informação qualificada na área da ficção televisiva. A tvPRIME procura sempre, de forma isenta e intelectualmente honesta, apresentar ao leitor o melhor da produção televisiva, especialmente na área da ficção, mas também da produção cinematográfica e tecnologias complementares. A tvPRIME presta especial atenção aos processos de interacção com os seus leitores, desenvolvendo esforços na captação de ideias e colaborações, quer por via da edição em papel, quer por via da edição online. A tvPRIME é uma publicação de informação especializada, em sintonia com o processo de mudanças tecnológicas e de civilização no espaço público contemporâneo. A tvPRIME é uma revista mensal de informação temática, orientada por critérios de rigor e criatividade editorial, sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e económica. A tvPRIME aposta numa informação temática e especializada, abrangendo os diversos campos da televisão de excelência e correspondendo às motivações e interesses de um público plural. A tvPRIME entende que as novas possibilidades técnicas de informação implicam um jornalismo eficaz, atractivo e imaginativo na sua permanente comunicação com os leitores. A tvPRIME estabelece as suas opções editoriais com inteira independência, clarificando sempre a sua posição numa óptica de colaboração e enriquecimento do espaço de entretenimento em televisão. A tvPRIME responde apenas perante os seus leitores, numa relação rigorosa e transparente, autónoma do poder político e independente de poderes particulares.

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46 Miami Vice

71 Um Lugar para Viver 30

Mad Men

52

sumário

Chloë Sevigny

56

Charlaine Harris

1º plano 06 Os problemas de Charlie Sheen e o futuro de Dexter

07 Maggie Q será a nova Nikita? 08 As séries que o CW vai renovar 09 Barbies «Mad Men» 10 Entrevista com Carolina Godayol, directora

da NBC para Portugal e Espanha

ZOOM 12 As séries que aí vêm. O ponto da situação

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iver

16 Perdidos

24 The Pacific SÉRIES

16 Tema de capa ‘Perdidos’ entrou

na recta final. Será que a ilha vai revelar todos os seus segredos? 24 Estreias The Pacific, Vigaristas à Solta e Calma Larry!, três séries para seguir com muita atenção 30 Destaques Mad Men, As Taras de Tara, Ruptura Total 42 Entre a Vida e a Morte Quais as séries que vão sobreviver? O futuro aos produtores pertence, mas nós fazemos as nossas apostas 46 Nostalgia Miami Vice, a série que marcou os anos 80 está de regresso aos nossos ecrãs

PERFIL

ENTREVISTA

com Bashir, Zidane, Maradona, Serbis e Gomorra, são os nossos destaques 70 RTP Ciclo Memória 71 Cinema nas Salas Um Lugar para Viver, Este é o Meu Sangue, Greenberg, Confronto de Titãs e outras estreias

tudo à tvPRIME sobre a série que apaixona o mundo e sobre a sua vida

E O RESTO...

CINEMA

Maravilhas

52 Chloë Sevigny Retrato de uma actriz com um estilo muito próprio

56 Sangue Fresco Charlaine Harris contou

62 O Filme do mês na TV Estado de Guerra 64 Cineclubes As estreias da Zon e Meo 66 TV Cine O Silêncio de Lorna, A Valsa

76 Livros & Discos Alice no País das 78 FlashForward TV 3D, iPad e ‘Heavy Rain’, um novo jogo para a Playstation 3

82 Seis perguntas a...

António-Pedro Vasconcelos Abril 2010 | tvPrime | 5


1º plano

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Charlie Sheen em reabilitação Segundo o LA Times, o actor Charlie Sheen, estrela da série Dois Homens e Meio (Two and a Half Men) e actualmente o actor de sitcoms mais bem pago dos Estados Unidos, foi «arrastado» para um programa de reabilitação. Os seus representantes classificaram a medida como «preventiva» e a produção da série foi suspensa, mas já foi retomada. O contrato de Sheen termina no final desta temporada, e este deverá ser o seu derradeiro esforço na tentativa de restabelecimento de alguma credibilidade junto dos executivos da CBS. Lembre-se que a renovação está em causa desde o seu envolvimento no caso de violência doméstica que culminou com uma queixa-crime apresentada pela sua mulher, depois de Charlie lhe ter encostado uma faca à garganta.

curtas

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Venus no Meo

Dexter e o futuro Os criadores da série Dexter não irão passar por cima da morte da personagem Rita (Julie Benz) da quarta temporada. Quem o revelou foi Sara Colleton, directora executiva, que revelou alguns segredos sobre a próxima temporada. Os autores vão explorar no argumento toda a parte emocional. Assistiremos à preparação do funeral, ao acompanhamento das crianças e todo o processo de luto. É de esperar que o confronto com novos assassinos passe para segundo plano, para penetrar mais a fundo na psique da personagem principal. Segundo Colleton, «tudo é possível, mas para já o Dexter não deve estar com vontade de se envolver amorosamente com ninguém. Nem sequer estamos a pensar nesta linha de narração.»

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O Venus, canal para adultos produzido pela Playboy, está de regresso a Portugal, em exclusivo no Meo, legendado em português. Inserido na oferta de Canais Premium do Meo, o Venus está disponível desde o dia 15 de Janeiro.

Cabovisão alarga oferta

A Cabovisão alargou a sua oferta de conteúdos televisivos, incluindo cinco novos canais de televisão na sua grelha de programação: National Geographic HD, Disney Cinemagic HD, FOX HD, FOX Next e FOX Life. Em Alta Definição, os canais FOX HD e National Geographic HD serão incluídos no Pacote Básico Digital e no Pacote TV Digital. O Disney Cinemagic HD será legendado em Português, sendo um canal Premium, incluído na mensalidade do Disney Cinemagic SD.


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Adam Scott junta-se a ‘Parks and Recreation’

O actor Adam Scott juntou-se ao elenco de Parks and Recreation. Mike Schur, produtor executivo da NBC, declarou a esse propósito: «Adam é um dos mais cómicos e versáteis comediantes que existem». Scott só aparece nos dois últimos episódios da presente temporada, mas fará parte da equipa daqui para a frente.

Drea de Matteo abandona ‘Donas de Casa’

Drea de Matteo vai deixar o elenco de Donas de Casa Desesperadas. O autor da série, Marc Cherry faz questão de sublinhar que a actriz não foi despedida, mas que prefere sair por viver em Nova Iorque e a série ser filmada em Los Angeles. Cherry afirmou que a personagem de Matteo irá ter um final dramático, possivelmente envolvendo o actor John Barrowman.

‘Past Life’ em risco de ser cancelada

Maggie Q escolhida para ‘NIKITA’

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A série de drama/criminal baseada em vidas passadas e reencarnações não terá continuidade nas quintas-feiras da FOX. A série que também compete com 30 Rock, Diários de um Vampiro ou Anatomia de Grey, vê-se esmagada todas as semanas pelos pesos pesados do fantástico Fringe e Supernatural. Apesar do seu 3º episódio (emitido a 18 de Fevereiro) não ter tido a concorrência dos anteriormente referidos, obteve apenas uma 4ª posição, razão pela qual a FOX a substituiu, para já, por 3 semanas de episódios originais de Kitchen Nightmares. A FOX acrescenta que os restantes episódios da série serão emitidos ao longo da temporada (até Setembro).

No que promete ser uma época única, pela diversidade nos papéis principais em pilotos na área dos dramas, Maggie Q e Roselyn Sanchez são das actrizes mais faladas. A primeira está dada como certa para o papel principal do remake de Nikita, pela CW, enquanto Roselyn está na pole position para o papel principal de Cutthroat, da ABC. O caso de Maggie Q é particularmente aguardado, uma vez que diverge fisicamente da linha de opções caucasianas iniciada por Luc Besson no filme de 1990 (com Anne Parillaud) e culminada na série adaptada para televisão, pela USA Network, com Peta Wilson a interpretar a jovem assassina. O piloto da CW apresenta uma nova Nikita, treinada para substituir a original, dando ao

criador Craig Silverstein a oportunidade de quebrar o estereótipo instalado previamente. A actriz Havaiana fez carreira em filmes de acção em Hong Kong antes dos blockbusters Missão Impossível III (Mission Impossible III) e Assalto ao Arranha-Céus III (Live Free Or Die Hard). O drama piloto da 20th TV, Cutthroat, centra-se na vida de uma viúva de Beverly Hills, Nina Cabrera (interpretada por Roselyn Sanchez), que para além de mãe é a cabecilha de um cartel de droga internacional. Os autores Michele Fazekas e Tara Butters criaram esta personagem com base numa latina, pelo que Roselyn acabou por ser uma escolha invulgar, mas natural.

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1º plano

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A «nova» Guerra da iTunes

Numa altura em que se prepara para inundar o mercado com o novo iPad, a Apple anunciou que a iTunes vai diminuir para metade o preço dos episódios televisivos, que passam de 1.99 dólares cada para 99 cêntimos (ou seja, vão passar a custar o mesmo que uma música). A medida não é do agrado das produtoras, que temem a reacção dos canais de cabo, mas também não podem ignorar os 125 milhões de consumidores com cartões de crédito inscritos na iTunes. Recorde-se que, recentemente, a iTunes anunciou já ter vendido cerca de 10 mil milhões de canções (contra “apenas” 375 milhões de episódios televisivos).

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TVI Internacional prepara arranque

s e i r é s nova

com acordo iros. De á renovar p m a v e ir arner – séries d ampiro ntes de televisão da W iários de um V rnatural e a m a s D pe de ven streante veteranas Su o Outono. ra os jo – canal cias pa por ter, a CW e as quais a e já im tí s x o a n ró e p s a 0 o e Bo m os n 9021 s, entr ood R m , e r w ri tz e y r v ll é ção, co hia a s o re ta w H o cinc o The an sh Sch udo isto para is vista da es te p o n J e m e o m d c a l, a T a ir ad antecip série Gossip G ext Top Model. se tornou a m érie tem agora resultados N a já s seus UA. A s Diaries, how America’s e um Vampiro s nos E ” e melhorou o De notar que re d -s o s d ty o li ta ri Diá o rea trário oleia nos. espec , a série ou a “b , ao con 18-34 a ões de De resto ia de 4.6 milh s, que aproveit feminino dos r continuidade ted. d te ta to ec uma mé atural às quin do no segmen e não deverá ill e Life Unesp a rn H ta s e s e s p li a u re p S h ta de des ano ne T ção ao tra fora da à por ta), O em rela lace se encon ra o p m P ª te Melrose ille (com a 10 llv a m S e d

CW re

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A TVI está a preparar o lançamento de um canal internacional, o TVI Internacional. Luís Cunha Velho, coordenador de programas da estação de Queluz, afirma que o novo canal será lançado ainda no primeiro semestre de 2010. Angola e Moçambique serão os primeiros territórios para onde o canal irá emitir, estando previsto que, no futuro, chegue a Timor-Leste. Segundo aquele responsável, o canal «irá recolher os melhores elementos de conteúdos» da TVI, mas contará com o contributo de «conteúdos específicos e locais» dos países lusófonos. Além de uma forte aposta no entretenimento, a TVI Internacional promete dar grande importância ao serviço religioso.



A NBC Universal é uma das principais estações de entretenimento do mundo. Fornece conteúdos de qualidade e marcas a cerca de 150 milhões de telespectadores em 130 países da Europa, Médio Oriente, África, América Latina e Ásia. O portfólio é liderado por cinco canais nucleares - Syfy Universal, Diva Universal, Studio Universal, Universal Channel e 13th Street Universal. A tvPRIME entrevistou Carolina Godayol, Directora-Geral da NBC para Portugal e Espanha

1º plano O

«Sci Fi» acaba de mudar de nome para «Syfy Universal». Porquê esta mudança? O Sci Fi que conhecíamos mudou para Syfy Universal, desde o passado dia 8 de Março. Trata-se de uma evolução na identidade corporativa que permite ao canal ampliar o leque de ofertas no entretenimento. Fantasia, paranormal, mistério, acção e aventura juntam-se à ficção científica. Esta mudança estratégica permite uma maior flexibilidade do canal de forma a ser usado como marca registada em qualquer mercado e acompanhar os consumidores em qualquer plataforma, incluindo new media e inovadoras fórmulas de consumo audiovisual. Os nomes são equivalentes, mas está mais simplificado. Quando se faz uma pesquisa no Google de Sci Fi aparecem milhões de entradas. Se pesquisarmos por Syfy vai encontrar o canal e o site. Agregar Universal (marca conhecida pelo entretenimento) ao nome do canal advém do reposicionamento da NBC Universal Networks nos cerca de 80 canais em que está presente. Vamos ainda colocar os conteúdos online em www.syfy.pt e num canal próprio, no Youtbe. O slogan escolhido é «Supere a sua imaginação». Pode desenvolver um pouco a ideia? O objectivo é convidar os espectadores a entrar nesta nova era da imaginação ilimitada, experiências excepcionais e en-

Um Conceito Un i 10 | tvPrime | Abril 2010


curtas

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Novo site RTP

tretenimento de qualidade superior. Com este novo posicionamento e imagem pretendemos que a expansão no mercado internacional continue a crescer. O objectivo é que os canais Syfy no mundo sejam mais de 50 até ao final do ano, apresentando-se como uma marca global sem perder o carácter único e diferenciado de cada território. Anunciam em exclusivo para Portugal duas séries, das quais uma já estreou, ‘Warehouse 13’ (8 de Março). Que outras novidades podemos esperar a longo prazo? De facto, Warehouse é a nossa última estreia e é actualmente a série de ficção científica mais vista nos Estados Unidos. A 7 de Abril vamos estrear Caprica, uma série dos criadores de Galáctica que, com uma produção espectacular, conta a história de duas famílias num futuro longínquo, com mais semelhanças com o nosso presente do que aquilo que podemos imaginar. Caprica apresenta alguns protagonistas como Eric Stoltz (Anatomia de Grey, Chicago Hope), Esai Morales (Jericó, NYPD Blue), Paula Malcomson (Deadwood, Urgências), Alessandra Torresani e Polly Walker (Cane, Roma). Esta história conta como duas famílias – os Graystone e os Adama – evoluem, rivalizam e prosperam no efervescente mundo das 12 Colónias, uma sociedade fictícia que tem infinitos pontos em comum com o panorama actual. O cenário é o de uma incipiente aparição da inteligência artificial, como uma

realidade plasmada nos Cylon, máquinas perfeitas capazes de armazenar almas humanas. A série mistura acção com espionagem industrial e guerra de sexos, mas também fanatismo religioso e conflitos éticos relacionados com avanços científicos. Para além desta, obviamente que teremos muitas outras surpresas até ao final do ano, como o programa de aventuras Destination Truth e uma série criada e produzida pelos Syfy’s de todo o mundo, Haven, que foi baseada na produção de Stephen King. Qual o posicionamento da NBC em Portugal e que balanço faz da actividade até ao momento? A NBC está presente no mercado Português através da plataforma Meo e Optimus (anterior Clix), há cerca de um ano. Este primeiro ano serve de aprendizagem e exploração. Agora chegou o momento de provar que o canal chegou e de nos reafirmarmos, até porque viemos preencher um lugar que não existia. Em todos os países existe um grande entusiasmo pela ficção científica, que é tudo o que nos escapa à realidade. Não é por acaso que oito dos dez filmes mais vistos são deste género. Desde a primeira emissão que procuramos captar o público português através da proximidade à audiência. Isso é conseguido por tratar-se de um género e um conceito universal e que pode tocar a emoção das pessoas, mas só é possível se conhecermos o país. O nosso lema é «pensar globalmente e agir localmente».

n iversal

A RTP tem um novo site, com «uma nova imagem, navegação e organização dos seus conteúdos», onde as imagens dos programas ganham maior protagonismo. Para além de links úteis, o site apresenta agora destaques a conteúdos e, no fundo da página, em rodapé, pode aceder-se às principais áreas, bem como às redes sociais onde a estação está presente. A nova homepage permite ainda a personalização, definindo, por exemplo, a cidade pretendida na meteorologia.

Zon Videoclube com karaoke

A Zon passou a disponibilizar dois novos pacotes no serviço de karaoke: o Karaoke Infantil, com 26 músicas, disponível durante 48 horas por 99 cêntimos; e o Karaoke Subscrição Mensal, com 500 temas de vários géneros musicais, por 2,49 euros.

Vem aí a Google TV

Depois dos computadores e dos telemóveis, a Google “ataca” os televisores. Para isso, o gigante americano associou-se à Intel e à Sony, estando neste momento a preparar a Google TV. A nova plataforma estará integrada nos descodificadores e nos televisores, permitindo o acesso à Internet. Torna-se assim possível descarregar filmes e aplicações directamente para o aparelho. O telespectador poderá ter acesso directo ao Youtube, assim como às séries e filmes do Hulu, tão facilmente como a qualquer canal generalista. Segundo o New York Times, a Google TV usará o sistema operativo Android que já equipa os telemóveis, recorrendo a um processador Atom e ao browser Google Chrome. Para tornar a iniciativa ainda mais atractiva, o sistema estará aberto a todas as marcas que o desejarem, tal como acontece com os telemóveis. Recorde-se que, apesar da concorrência da Internet e dos telemóveis, os europeus passam em média três horas por dia a ver televisão. Nos Estados Unidos, a média é de mais de quatro horas e meia.

Jornal Público com nova aplicação iPhone

O diário Público tem uma nova aplicação para o iPhone e o iPod Touch. A aplicação dá acesso às notícias de última hora de todas as categorias do jornal e permite a navegação pelas notícias através de fotografias, assim como guardar os conteúdos favoritos e partilhar a informação com outros utilizadores nas redes sociais (Facebook e Twitter) ou por email. Os utilizadores podem ainda aceder ao site do jornal com navegação optimizada para este terminal (i.publico.pt.). A aplicação está disponível de forma gratuita na loja portuguesa do iTunes.

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Boardwalk Empire Situação: 12 episódios encomendados para uma primeira temporada

Martin Scorsese, Terence Winter, Steve Buscemi, Michael Shannon, Michael Pitt, HBO. Seis ingredientes para uma receita que promete fazer as delícias de muitos dos apreciadores de televisão. Criada por Terence Winter, um dos argumentistas de Os Sopranos galardoado com vários Emmy, produzida por Martin Scorsese, que realizou também o episódio-piloto, e com Steve Buscemi (Fargo) a encabeçar um elenco de luxo, Boardwalk Empire tem, à partida, tudo para ser o evento televisivo dos anos que se avizinham. Ambientada numa Atlantic City dos anos 20, no início de um período designado como «Lei Seca», em que a venda de álcool nos EUA foi proibida, a série explora um mundo onde cada homem faz as suas próprias regras.

zoom Martin Scorsese, Michael Mann, Steven Spielberg, David Fincher, Frank Darabont, Dustin Hoffman, George Clooney, Laura Linney, Charlize Theron, Jeremy Irons, Russell Crowe. Estes criadores de sonho da máquina hollywoodesca, são nomes conceituados da Sétima Arte e basta estarem associados a determinado projecto para que o mesmo ganhe um novo tipo de interesse. Todos eles estão envolvidos em projectos televisivos em desenvolvimento Texto: pedro andrade

No topo das expectativas Projecto Russell Crowe/ Maria Bello Maria Bello (Uma História de Violência) protagoniza, Simon Beaufoy (argumentista de Quem quer ser bilionário?, vencedor de um Oscar) escreve e Russell Crowe (Gladiador) produz. Este será o tridente de uma nova série da HBO inspirada no livro de Kenneth Cain, Heidi Postlewait e Andrew Thomson intitulado Emergency Sex and Other Desperate Measures: A True Story From Hell on Earth. O livro – e consequentemente a série – explora as experiências de vida dos seus autores, membros da missão de paz das Nações Unidas que se conheceram no Camboja, em 1990. Situação: Ainda em fase inicial de desenvolvimento


Projecto David Fincher/ Charlize Theron Se Steven Spielberg tem um aparente fascínio por histórias que envolvam extraterrestres, David Fincher (Se7en, Zodiac) parece apreciar histórias de assassinos em série. Mind Hunter, projecto que Fincher vai produzir conjuntamente com a produtora de Charlize Theron (Monstro) para a HBO, foca-se nisso mesmo: numa equipa de elite do FBI que “caça” assassinos em série e violadores. Scott Buck, um dos produtores executivos de Dexter, será o argumentista do episódio-piloto em desenvolvimento. Situação: Ainda em fase inicial de desenvolvimento

Projecto Steven Spielberg A possibilidade de existência de vida alienígena e a sua eventual relação com os humanos são claramente duas ideias que parecem fascinar Steven Spielberg. Ainda sem título, e com estreia apenas prevista para 2011, este projecto centra-se num grupo de sobreviventes a uma ocupação extraterrestre que eliminou grande parte da população terrestre. Steven Spielberg assumirá funções de produtor executivo. Robert Rodat, que ganhou uma nomeação ao Oscar pelo argumento de O Resgate do Soldado Ryan (Saving Private Ryan), escreveu o guião do piloto. Noah Wyle (ER) e Moon Bloodgood (Terminator Salvation) protagonizam. Situação: 10 episódios encomendados para uma primeira temporada Abril 2010 | tvPrime | 13


zoom

The Borgias Situação: 10 episódios encomendados para uma primeira temporada

Com ‘The Tudors’ a terminar este ano, o canal da rede cabo norte-americana Showtime decidiu continuar a explorar a história europeia e deu ordem de produção a mais uma série de época, desta feita baseada nos Bórgia. Produzida por Neil Jordan (Jogo de Lágrimas), que realizará também os dois primeiros episódios, e Michael Hirst (Elizabeth, The Tudors), também encarregue do argumento, a série, que tem estreia prevista para o início de 2011, explora a ascensão e a queda de uma das famílias mais poderosas de Itália durante o Renascimento. Jeremy Irons (A Casa dos Espíritos) protagoniza.

The Big C

Situação: 10 episódios encomendados para uma primeira temporada

Já por três vezes nomeada para um Oscar, Laura Linney (Os Savages) decidiu agora protagonizar e produzir uma nova comédia negra para a Showtime. Indo de encontro ao estilo de comédias que o canal tem apresentado nos últimos anos, The Big C – título ainda sujeito a alteração – coloca Linney no papel de uma reservada esposa e mãe dos subúrbios que decide mudar a sua forma de encarar a vida quando lhe é diagnosticado cancro, encontrando o humor, a esperança e um lado menos sério de uma situação bastante pesada. Oliver Platt (2012) interpretará o marido da personagem de Linney. A série tem estreia marcada para a denominada «fall season» (Setembro/Outubro) deste ano. Situação: 13 episódios encomendados para uma primeira temporada

Delta Blues A produtora de George Clooney e Grant Heslov, a Smokehouse Pictures, e a Warner Horizon Television uniram esforços para trazer à televisão Delta Blues, uma série que conta a história de um polícia da cidade de Memphis, que vive com a sua mãe, e cujo conhecimento da cidade e das pessoas com quem se cruza o distinguem dos outros colegas de profissão. Além de que tem ainda uma particularidade: um segundo emprego nocturno como imitador de Elvis Presley. Jason Lee, que até há pouco tempo protagonizava a comédia O Meu Nome é Earl e Alfre Woodard (Donas de Casa Desesperadas) encabeçam o elenco. A série tem estreia marcada ainda para este ano.


Situação: Piloto em produção

Game of Thrones Não é uma série que tenha nomes de topo envolvidos na sua produção (Sean Bean será o mais conhecido), mas sendo uma adaptação da saga ‘As Crónicas de Gelo e Fogo’ de George R.R. Martin faz com que ‘Game of Thrones’ seja uma das produções televisivas a manter debaixo de olho durante o próximo ano. Mesmo só chegando em 2011, bastou o anúncio de que a HBO decidira aprovar o projecto para que ecos de rejúbilo se tenham sentido pelos mais variados sectores da Internet.

Luck Michael Mann, o realizador de Heat – Cidade sob Pressão, O Informador e Colateral, juntou-se a David Milch, o criador de Deadwood, e ambos desenvolveram um projecto para a HBO que tem sido descrito como «um olhar provocante ao mundo das corridas de cavalos e do jogo de apostas contado através de um diversificado grupo de personagens que rodeiam a pista de corridas». Dustin Hoffman (Kramer vs. Kramer, Encontro de Irmãos) será o protagonista naquele que é o seu primeiro grande papel numa série de televisão.

Situação: 10 episódios encomendados para uma primeira temporada

The Walking Dead Nunca as palavras de Stephen King ganharam tanta expressão como nas imagens captadas pela câmara de Frank Darabont. Os Condenados de Shawshank (The Shawshank Redemption), À Espera de um Milagre (The Green Mile) ou The Mist – O Nevoeiro Misterioso (The Mist) são os melhores exemplos disso mesmo. Deixando King e o grande ecrã de lado por uns tempos, Darabont foca-se agora na adaptação da banda desenhada The Walking Dead – que conta a história de um grupo de sobreviventes a um holocausto zombie que procuram um lugar seguro para recomeçar as suas vidas – para televisão. Situação: Piloto em produção

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capa

Durante seis anos, andámos ‘Perdidos’. Agora, chegou a hora de vermos a luz ao fundo do horizonte. Será que todas as nossas perguntas terão resposta?

A ilha de todos

Texto: jorge lima alves

L

ogo na primeira temporada, no já distante ano de 2004, Perdidos (Lost) afirmou-se como uma verdadeira revolução televisiva. O seu modelo narrativo era diferente de tudo quanto se tinha feito até aí e inspirou imediatamente toda uma nova geração de argumentistas, revelando-se um dos produtos televisivos mais seminais das últimas décadas. Fenómeno pop de verdadeiro impacto uni-

versal, Perdidos desencadeou por todo o lado uma reacção inédita. Na Internet multiplicaram-se os blogues, os sites e os chats destinados a debater e analisar os seus mistérios e personagens. A tal ponto que podemos afirmar com toda a segurança que, em matéria de ficção televisiva, há um antes e um depois de Perdidos. Na altura em que se exibe, nos Estados Unidos e em Portugal, a sexta e última tempo-


os mistérios

rada da série, não podíamos deixar de dedicar-lhe a capa do nosso primeiro número. Perdidos? A série Perdidos (Lost) foi criada por J.J. Abrams, Damon Lindelof e Jeffrey Lieber para a ABC. A primeira temporada começou a ser exibida em Setembro de 2004 nos Estados Unidos e a sua trama é impossível de resumir com algum rigor. A história já deu tantas voltas e

reviravoltas que ninguém conseguiria descrever tudo o que se passou. Para tentar fazê-lo, seria necessário não uma revista inteira, mas uma colecção de livros. Digamos, para quem não saiba (se é que isso é possível), que Perdidos segue um grupo de pessoas que se encontra numa ilha que não vem no mapa. Que não existe aos olhos do mundo e onde tudo é possível, até morrer e renascer. Algumas pessoas estão lá há muito tempo, não

se sabendo de onde surgiram, e outras, que são as que mais nos interessam, porque é por causa delas que a série nasceu, estão lá porque o voo em que seguiam ali se despenhou. Os sobreviventes desse voo (o voo 851 da Oceanic Airlines) vêem-se confrontados com vários fenómenos que não conseguem explicar e com uma comunidade residente de seres humanos hostis a quem chamam os ‘Outros’. Para além desta ameaça humana, a ilha encerra


Jack e Jin transportando Sayid ferido

outros perigos menos comuns, digamos assim, como ursos polares e um monstro que se esconde dentro de uma serpenteante e devoradora coluna de fumo. Através de saltos no tempo, para trás e para a frente, pudemos, nas cinco temporadas que já vimos, familiarizar-nos com o passado e as personalidades das principais personagens. Foi assim possível verificar que os seus destinos já estavam interligados, mesmo antes deles se conhecerem. No fundo, digamos que há três linhas narrativas principais em Perdidos: a que mostra a luta pela sobrevivência na ilha, a que segue o passado dos diversos protagonistas e o mistério que se vai adensando à medida que o tempo passa. O grande truque (ou trunfo) de Perdidos é este mesmo: quanto mais vemos, menos sabemos. E sempre que julgamos saber alguma coisa, ela não é verdade. Nesta ilha misteriosa (que, como alguém já disse, «tem as suas razões»), os paralíticos voltam a andar, os mortos caminham entre os vivos e o passado e o futuro confundem-se. Aqui tudo é possível: a própria ilha pode mudar de localização geográfica

Sabia que… O projecto Lost foi iniciado por Lloyd Braun, director da ABC que idealizou uma mistura do filme O Náufrago (Cast Away) e do reality show Survivor. Foi Braun quem convidou J.J. Abrams para argumentista do episódio piloto. Com esse piloto, a produtora gastou mais de dez milhões de dólares (só o transporte da carcaça do avião para o Havai custou

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250 mil dólares) e a Disney (proprietária da ABC) despediu Braun por ter autorizado um projecto tão caro e arriscado.

foram influenciados por Michael Crichton, um escritor de best-sellers que gosta de misturar fantástico e realidade nos seus romances.

J.J. Abrams não ficou muito entusiasmado com a versão original do argumento. Só quando David Lindelof chegou ao projecto é que introduziram a dimensão fantástica no enredo. Ambos confessam que

Outra das influências óbvias de Perdidos é O Deus das Moscas, romance de William Golding (Prémio Nobel da Literatura em 1983) que conheceu mais do que uma adaptação cinematográfica.

Publicado em 1954, o livro conta a história de um grupo de crianças, dos 5 aos 13 anos, que vão ter de sobre viver sozinhos numa ilha, quando o avião em que seguiam ali se despenha. Quem conhece o livro ou o filme perceberá imediatamente o quanto personagens como Locke, Jack e Sawyer devem ao livro de Golding.

Quando apareceram os primeiros episódios, o sucesso da série foi imediato. Só nos Estados Unidos, cerca de 18 milhões de espectadores acompanharam fielmente a primeira temporada. Perdidos tornou-se, por isso, uma das séries de referência da ABC. No casting, Yunjin Kim concorreu para o papel


e o tempo recuar trinta anos. Naturalmente, tanto mistério tem suscitado as mais diversas teorias. A mais difundida, defende que as personagens estão mortas e se encontram no Purgatório (entre o Céu e o Inferno, portanto), à espera da redenção. Outros preferem acreditar que a ilha é uma espécie de «mega reality show» destinado sabe-se lá a quem, enquanto os mais familiarizados com a ficção científica evocam o mistério do Triângulo das Bermudas e apostam que tudo se passa num universo paralelo ou, se preferirem, numa realidade alternativa. Recorde-se, a esse respeito, que alguns autores de ficção científica defendem há muito a existência de um número infinito de mundos paralelos onde todas as possibilidades da vida (sem excepção) se podem concretizar. Já agora, para quem não sabe o que é o Triângulo das Bermudas, digamos que é uma área situada algures no Oceano Atlântico (Oceanic Airlines, estão a ver?) entre as Bermudas, Porto Rico e a Florida, onde vários aviões e navios desapareceram misteriosamente em tempos. Entre as explicações para o mistério que afecta esta zona, onde poderá ter existido a mítica Atlântida, contam-se anomalias no campo magnético do Planeta, actividades extraterrestres e «vórtices da quarta dimensão». A cada um a sua teoria «Quase todos nós gostaríamos de visitar aquela ilha, de explorar ao vivo os seus segredos. Sempre é uma vida mais interessante do que acordar todos os dias à mesma hora para nos irmos enfiar num escritório ou numa loja.»

Locke confrontando Alpert e Ben perante o cadáver de Locke

de Kate. Os produtores gostaram tanto dela que decidiram criar a personagem de Sun. No projecto, Charlie era suposto ser uma rock star de 45 anos. Mas os produtores gostaram tanto de Dominic Monagan que rejuvenesceram a personagem. É a segunda vez que Terry O’Quinn (Locke) trabalha para J.J.

Abrams. O’Quinn participou em 18 episódios da série Alias (A Vingadora). Também Greg Grunberg que vestiu a pele do piloto do avião, no primeiro episódio, fazia parte do elenco de Alias. Na verdade Grunberg é amigo de J.J. Abrams desde a infância. Quando foi para o ar a primeira temporada, milhares de telespectadores jogaram no Loto

com os números malditos de Hurley: 4, 8, 15, 16, 23 e 42. Não consta que alguém tenha ganho alguma coisa com isso. O nome Locke refere-se a um filósofo britânico que viveu entre 1632 e 1704. Quando a personagem que Terry O’Quinn interpreta volta à América depois da sua estadia na ilha, adopta o nome de Jeremy Benthlam, um outro

filósofo do século XVIII. À partida, a personagem de Ben Linus só devia aparecer durante alguns episódios. Os produtores ficaram tão impressionados com o actor Michael Emerson que reescreveram o seu papel para ele ter mais protagonismo. O papel de Libby foi incialmente pensado para Jennifer Jason Leight. Como ela não o aceitou, foi para

Cynthia Watros. Quando arrancou a 4ª temporada nos Estados Unidos, foi difundida uma série de 13 «mobisodes» (contracção de «mobile» e «episode») de Perdidos exclusivamente para telemóveis. Intitulada «Missing Pieces» era consituída por mini-episódios de um a três minutos. Esses «mobisodes» estão disponíveis no site oficial da ABC. Abril 2010 | tvPrime | 19


Esta opinião, que ouvi num autocarro, é, certamente, partilhada por muitos dos que seguem a série. Nunca nenhuma série televisiva fez correr tanta tinta como Perdidos. Há milhares de pessoas no mundo inteiro a tentar decifrar os seus segredos. Desde donas de casa desesperadas a aspirantes a vampiros, passando por “maluquinhos” da ficção científica e professores universitários. Intelectuais como Luke de Smet, por exemplo, remetem as questões suscitadas por Perdidos para o pensamento de Kierkegaard, devido às questões que suscita. Lembrando que nomes como os de Locke, Rousseau ou Hume não foram escolhidos ao acaso, outros perguntam enfaticamente: «Poderão os homens mudar o seu destino?» (ao que Locke responderia certamente: «Nada é irreversível!»). Já que falamos de filosofia, evoquemos aqui o escritor italiano Simone Regazzoni, professor da Universidade de Milão, que escreveu um livro intitulado La Filosofia di Lost. Inédito entre nós, a obra lançada em Itália já foi traduzida e publicada no Brasil e em Espanha. O livro analisa as personagens, os simbolismos vários que a série revela e as questões que suscitam, especulando sobre o que filósofos como Kant, Platão e Foucault, por exemplo, teriam a dizer sobre as metáforas e factos apresentados pelos sobreviventes do voo Oceanic 815. Regazzoni defende que o seu livro permite entender melhor a série e assegura que Perdidos «tem uma narrativa muito cuidada, que funciona como um sistema complexo». Chama a atenção para o óbvio, dizendo que cada vez que descobrimos um dado novo, o mistério adensa-se. Ou seja, que quanto mais julgamos saber, menos sabemos na verdade. «É isso que atrai o espectador»,

Mapa da Ilha

Sayid ferido e Katie e Sawyer procurando Juliet

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afirma, «porque as personagens estão sempre entre algo que acaba de acontecer e o que não vemos». «Como na obra de Platão», explica Regazzoni, «partimos aqui das imagens para chegar às ideias». Segundo o escritor italiano, a personagem de Jack Shepard, interpretada por Matthew Fox, é a «mais filosoficamente pura», porque parte da lógica para explicar a realidade, enquanto John Locke (Terry O’Quinn) é um filósofo moderno porque «utiliza tudo o que tem, tanto os seus sonhos como as suas crenças, para estabelecer uma comunicação mais complexa com a ilha». Como todos os estudiosos de Perdidos, Regazzoni tem uma teoria sobre o final. Diz ele que «haverá uma luta entre os que estão com Locke e o que ele representa agora e aqueles que estão contra. É a luta do devir do mundo, onde as explicações filosóficas da física extrema serão muito importantes, tal como os fantasmas das personagens e o modo como eles enfrentam o seu destino». Também a norte-americana Sharon M. Kaye, professora na John Carroll University de Cleveland, publicou um livro intitulado A Filosofia Segundo Perdidos,


*

perguntas

*que gostaríamos de ver respondidas

Sawyer e Juliet numa das cenas mais dramáticas da série

este publicado entre nós pela editora Estrela Polar (2008), numa tradução de Pedro Vidal. Segundo aquela autora, a série televisiva aborda o medo mais profundo do ser humano: «o de sermos isolados de tudo o que conhecemos e amamos, abandonados à própria sorte numa terra estranha». Esse medo, refere ela, «é um medo filosófico porque fala da condição humana» e, por isso, «compele-nos a confrontar aquelas perguntas profundas acerca de nós mesmos e do mundo que raramente fazemos». A Filosofoia Segundo Perdidos reúne análises de 27 filósofos americanos. O livro está dividido em quatro partes: «L de Love», «O de Origem», «S de Sobrevivência» e «T de Transformação» (L.O.S.T.), num total de 22 artigos sobre temas puramente filosóficos. O primeiro conjunto de artigos analisa as questões éticas suscitadas pela série. O segundo explora um certo número de questões metafísicas. O terceiro considera as questões sociais e políticas. E, finalmente, o quarto investiga as questões religiosas. Como já terão percebido, não são textos fáceis, nem se destinam a qualquer leitor, mas uma coisa vos garanto: na sua maioria, são reflexões apaixonantes e levam-nos a concluir que se a série nos fascina tanto é porque tal como Locke, Jake ou Sayid todos nós temos os nossos demónios e inquietações. Não há dúvida: Perdidos é um retrato da nossa condição humana e aquela ilha é uma metáfora da nossa situação. Como aqueles «heróis» que admiramos na série, somos «sobreviventes», perdidos não numa ilha luxuriante, mas num outro tipo de selva, mais ou menos urbana (e não se diz que «todo o homem é uma ilha»?).

Tal como Claire, Kate ou James, temos que lutar, quotidianamente, contra circunstâncias adversas, ameaças várias, perigos eminentes (com crise ou sem ela) e, nessa luta, apenas podemos contar com alguns amigos (que nos podem trair a todo o momento) e com frágeis alianças pontuais que, em qualquer altura, podem ser denunciadas. Exactamente como acontece com Jin, Sun ou Hugo nunca sabemos de onde pode vir o perigo e no que consistirá, pois se é verdade que não há monstros de fumo nas nossas ruas, o que não falta são outros tipos de «monstros» (com e sem rosto), nas cidades que habitamos. Talvez por isso, porque sabemos tão pouco e é tão importante o que está em jogo (a nossa vida, nada menos) estamos todos à espera que Perdidos revele os seus (e nossos) segredos. Embora, no fundo, temendo que, por muito que desejemos um final feliz, e respostas para as nossas perguntas, Perdidos deixe, mesmo no último episódio, todo o mistério intacto. Os próprios criadores da série (Carlton Cuse e Damon Lindelof) já o admitiram veladamente: «Não vamos responder a todas as perguntas. Isso seria pretensioso da nossa parte». Afirmam, no entanto, que a última imagem já estava nas suas cabeças quando começou a rodagem da primeira temporada, há seis anos. «Com sorte, haverá um cocktail de respostas, mistério e algumas surpresas», confessou Cuse, que acrescentou, noutra altura: «Aqueles que gostam mais da viagem do que da chegada ficarão, sem dúvida, mais satisfeitos do que aqueles que só querem chegar ao destino». Para bom entendedor…

O que é a ilha? É a grande questão de Perdidos. A questão que encerra todas as outras. Uma coisa é certa: não é uma ilha como as outras, nem sequer vem no mapa. Aquela ilha é tão especial e única que pode mudar de local e dar saltos no tempo. Ali os paralíticos recomeçam a andar, os mortos falam com os vivos, os monstros podem tomar a forma de um fumo negro. Naquela ilha «mágica» tudo pode acontecer e acontece de facto. Porquê? Qual o significado nos números? Perderam um pouco a importância que tiveram no início da série, mas a famosa sequência de números (4, 8, 15, 16, 23 e 42) que permitiu a Hurley ganhar a lotaria, desempenharam um papel muito importante na história. Entretanto, sabe-se que muitos fãs de Perdidos jogaram (e continuam a jogar) no Euromilhões e outros “totolotos” utilizando esta sequência. Quem é Jacob? No final da quinta temporada, percebemos que Jacob está na ilha há séculos. Percebemos também que tem um inimigo. Qual é o bom? Qual é o mau? Ninguém sabe. Há quem pense que Jacob é Aaron, o filho de Claire e que veio do futuro para proteger a ilha e enfrentar o «monstro». O que é o monstro de fumo negro? Um dos mais antigos mistérios da ilha é a coluna de fumo negro que devora tudo à sua passagem. Pode assumir a forma que quiser e, na altura em que este texto foi escrito, parece habitar dentro do corpo de Locke, que entretanto morreu. O “monstro” parece ser o grande inimigo de Jacob que terá falecido. Tenha ele origem sobrenatural, ou trate-se de uma pura projecção do inconsciente colectivo, o “monstro” desempenhará, com certeza, um papel determinante no desfecho da série. Como vai tudo isto acabar? Provavelmente, não haverá um final, mas vários. Nesta sexta temporada, vimos que o avião chegou a salvo a Los Angeles e, na última edição da Comic Com, o público pôde assistir a três vídeos inéditos de Perdidos. Num deles, pode ouvir-se um anúncio que diz: «Oceanic Airlines. No ar desde 1977. 30 anos a voar em segurança». Locke morreu realmente? Vimos Ben Linus matar Locke (depois de o ter salvo) e também Jacob. Mas Locke continua por aí, ao que parece habitado pelo monstro de fumo. Ninguém acredita muito na morte de Locke. Segundo uns, ele é Jacob e o seu inimigo e é dentro da sua cabeça que tudo se passa. Seja como for, Locke é a figura mais carismática da série. Quem é Richard e porque não envelhece? Afinal, que efeitos teve a Bomba de Hidrogénio (Jughead) que explodiu no final da quinta temporada? Quem escolherá Kate: Jack ou Sawyer? Jin e Sun voltarão a encontrar-se? Quem é realmente Charles Wildmore e que pretende? Quantas perguntas ficarão sem resposta? Abril 2010 | tvPrime | 21


Kate Austen/Evangeline Lilly

Jack Shepard/Matthew Fox o papel estava , Jack morria e mento do piloto gu cidiram ar de No es : tor m du ge pro A persona n. Quando os ato e Matthew Fox Ke l tiu ae sis ch de Mi n destinado a r Shepard, Keato uto ntrava-se no Do co do en ” ida ard Shep prolongar a “v cirurgião. Jack i (também uro pa ne do do l rpo pe o co ficou com o pa strália buscar Au à se vê eleito ido nte ha me tin e rapida voo 851 porqu rrera. Na ilha, mo em to tan tem tre te, e en por Ka a ele médico), qu entes. Atraído (Pennsylvania) po de sobreviv ton gru ing do Ab er em líd eu como al. O actor: Nasc na série Adultos riv e foi l nd pe gra pa e um nd m Sawyer meiro gra contracenava co 1966. O seu pri e 2000 e onde 14 de Julho de para o papel ar entre 1994 ng no sti e ca tev o z es e Fe à Força, qu Lacey Chaber t. Shepard. ve Campbell e e ele fosse Jack Scott Wolf, Ne Abrams quis qu . J.J s ma er, de James Sawy

A personagem: Kate matou o padra sto porque a assediava e maltratava a sua mãe. Esta denuncia a própria filha à polícia e a rapariga torna-se uma fugitiva, indo parar à Austrália. Encontra-se no voo 851 acompanhada por um políci a que a leva de volta aos Estados Unidos para ser julgada. Na ilha, está permanentemente dividida entre Jack e Sawyer. A actriz: Nicole Evang eline Lilly nasceu em Fort Saskatchewan (Canadá) a 3 de Agost o de 1979. Foi manequim enquanto estudava na Universidade. Esteve casada com o jogador de hóquei Murray Hone e namora actua lmente com o actor Dominic Monaghan, que interpreta Charlie em Perdidos. Kate Austen é o seu primeiro grande papel como actriz.

Benjamin Linus/Michael Emerson

James Sawyer/Josh Holloway . e tem 35 anos é James Ford Sidney para verdadeiro nome a u se ido O : ha m Tin ge A persona ou pela prisão. volta para difícil e já pass recambiado de Teve uma vida por ser preso e desde el ou láv ab so ac e on m inc ado, matar um home elde, um revolt tor: ac reb O um o. É ad s. on ido aix os Estados Un quem estava ap r foi e po r gia lhe ór mu Ge a na liet, de 1969), viveu que morreu Ju s televisivas, rnia (20 de Julho rie sé lifó e Ca res na no eu m Nasc es me u, no Havai, co ou em vários film Em 2004, caso modelo. Particip quenos papéis. ito mau feitio. pe mu em ter re diz mp se se quase ia, de quem la, da Indonés Yessica Kuma a. filh a um m era Em 2009 tiv

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A personagem : Depois de um percurso verda Benjamin Linus deiramente atr , cujo verdade ibulado, iro nome é He tornar líder da nr y Gale, acab Dharma Iniciativ a por se e, sendo das po que pode conta ucas pessoas ctar com Jacob. na ilh Inimigo mortal foi salvo de um de Charles Wildm a a morte certa por Jack Shep ore, tumor na espin ard que o opero ha. Matou John u a um Locke, ainda nã porquê. O actor o sabemos mu : Nasceu em Ce ito bem dar Rapids, a 7 É mais conhec de Setembro de ido como actor de teatro, mas 1974. freelancer antes tra ba lhou como ilustr da sua carreira como actor ter ador com Carrie Pres «d ton desde Setem escolado». É ca sado bro de 1998.


5

tipos de fãs

(que me irritam profundamente, mesmo sendo eu um deles)

1. Os Super-Fãs

John Locke/Terry O’Quinn A personagem : John Locke foi criado por pais encontrou o se adoptivos e só u pai biológico aos 40 anos. Es oitavo andar, de te empurra-o de ixando-o paralític um o. Locke recomeç Quando o avião ou a andar, pe se despenhou, lo qu com a ilha. Foi e criou uma pro morto por Benja funda conexão min Linus na qu aparentemente inta temporada, o monstro de fum mas o encarnou no Terrance Quinn seu corpo. O ac nasceu em Ne tor: wbur y a 15 de usar o pseudó Julho de 1952 nimo de Terry . Passou a O’Quinn para qu outro actor cham e não o confund ado Terry Quinn issem com . Começou a es anos e trabalho tudar cinema ao u em filmes co mo Rocketeer, s 19 Mississipi, Jove Arquivo X, Fanta ns Demais Para smas do Morrer e Tombs o Emmy para me tone. Em 2007 lhor actor secu , ganhou ndário pelo se u papel em Pe rdidos.

Ao contrário dos adolescentes normais, com posters na parede e paixonetas pelos heróis (Kate, Jack e Sawyer), os super-fãs atingem níveis patológicos quando se trata da sua série favorita. Já viram cada episódio mais de 20 vezes e cruzaram informações com outros comparsas. Jogaram o jogo de consola pelo menos duas vezes até ao último nível e irritam-se cada vez que alguém diz não compreender algo «óbvio» no enredo, iniciando de imediato uma explicação exaustiva sobre o assunto, envolvendo sempre os poderes ocultos do «fumo negro». Conhecem de cor todos os nomes de ocupantes dos voos acidentados na ilha, chegando a saber um ou outro que nem os autores conhecem.

2. Novelodependentes anónimos A Kate vai ficar com o Jack? Com o Sawyer? Ou vai ficar só? Quem quer saber? Os «novelodependentes»!!! Românticos invertebrados, passam ao lado do essencial, porque a sua «história» é saber quem está com quem e porque não está com outro. E não se sentem felizes enquanto os seus cérebros não estão completamente enrolados com o Jack que gosta da Kate, que gosta do Sawyer que ama a Julliet, que viveu com a Libby, que queria o Hurley.

3. Compactos de fim-de-semana Normalmente alheados do Mundo, estes fãs descobriram através de amigos que a série existe. Compraram a primeira temporada e consumiram-na, de uma assentada. Tudo faz mais sentido assim e a emoção de parecer que têm uma maior percepção impele-os a repetirem a dose a cada temporada, sonhando com o dia em que poderão aproveitar uma semana com «ponte» para verem duas temporadas seguidas. Isso obriga-os a avisarem a cada conversa: não contem nada de Perdidos, que eu vou ver depois! A cada episódio evitam ver televisão, no trabalho escondem-se de colegas mais faladores, almoçam sozinhos, tornam-se autênticos soldados de elite na arte de evitar o contacto com os alvos mais suspeitos. Como é inevitável nestas situações, há sempre alguém que, quando menos se espera, solta um: então e o fumo de Perdidos afinal era…

4. Inconformados

Este tipo de fãs é o mais genuíno. Foram dos primeiros a ver a série e a anunciar ao mundo a sua genialidade. Choraram quando ela arrecadou os primeiros prémios. Naturalmente, nada resiste a esta expectativa e a segunda temporada já não é tão boa. A terceira é completamente forçada e a partir daí entramos num ódio crescente: o enredo é absurdo, os guionistas uns vendidos, os realizadores não compreendem o conceito, e até o Hurley consegue estar mais gordo numa ilha deserta. Estragam tudo, estes tipos de Hollywood!

5. Eternamente confusos, mas fiéis

Sayid Jarrah/Naveen Andrews serviu como o, Sayid Jarrah um herói iraquian a, onde se de ian ho Fil qu Ira m: ge na blica A persona na Guarda Repu s a ordem de õe da aç da nic e -lh mu foi oficial de co sioneiros. Um dia pri onado. No dia ar aix tur ap a tor tav em em es especializou infância por qu e ela fuja. Já de qu iga itir am rm a pe ra matar Nadia, um própria perna pa na ecimentos nh tiro co um us dá se . Os da execução, ele rutado pela CIA rec é o 851. , vo lfo do Go tes do a viven depois da Guerr is para os sobre descende de se fundamenta ws mdre ela An rev en ve res milita ao res, Na antes de chegar e criado em Lond ou pelo teatro, O actor: Nascido ciente Inglês ao os Unidos, pass Pa tad O Es em s r no ve Já o . indianos lembram de (assassinado) de isão. Poucos se de companheiro cinema e à telev mas quando fez , toda a gente o he e), oc On Bin e av tte e Br , lado de Julie nha em Mim (Th tra Es actores da série A e os os film tod no De Jodie Foster s já estava no ar. do rdi Pe e rqu reconheceu po cado no cinema. is se tem desta é talvez o que ma

Não compreendem bem a escotilha, nem para que servem os números da sequência, os flashback das primeiras temporadas e os flashforwards das últimas, os ursos polares e o fumo negro (alguns perguntam mesmo: fumo negro?). Não sabem quem é o Ben, nem porque chamam aos outros “os outros”… mas adoram a série e não perdem um episódio!

Marco António dos Reis

passatempo perdidos

Temos caixas com a 4º e 5º temporadas de Perdidos para oferecer. Para as ganhar, envie-nos um texto com a sua versão do que é a ilha e dos mistérios que ela esconde (máximo 500 caracteres). As três teorias mais convincentes serão publicadas na revista de Maio e os seus autores receberão o prémio em casa. Respostas por e-mail para redaccao@tvprime.pt

Abril 2010 | tvPrime | 23


Aemguerra alta definição

A guerra do Pacífico numa série com a assinatura de Steven Spielberg e Tom Hanks

Texto: francisco rosa

É

uma série de guerra. Nada pode ser mais verdade, mas também nada pode ser mais incompleto. The Pacific retrata um determinado cenário de guerra, neste caso a guerra no Pacífico, entre forças aliadas, principalmente americanas, e os japoneses, e tenta exprimir, através de 10 episódios de 60 minutos cada, as dificuldades, os dramas, as dúvidas, mas também a 24 | tvPrime | Abril 2010

determinação que homens simples, transformados em soldados por força das circunstâncias, enfrentaram. Tendo por detrás nomes como Steven Spielberg, Tom Hanks e Gary Goetzman, desde logo não pode deixar de nos transportar para filmes como O Resgate do Soldado Ryan ou a série Irmãos de Armas, o que é, sem dúvida, a garantia de um excelente tra-

balho. Não só de realização e de direcção de actores, mas também de música e fotografia, isto para não falar da imensa capacidade de utilização e gestão de efeitos especiais que caracterizam o cinema actual. The Pacific mostra bem o que passou um pelotão de marines da 1ª Divisão de Marines, em batalhas como a de Guadalcanal, Cape Gloucester, Peleliu, Okinawa e Iwo Jima.

A série é baseada em livros de memórias de dois deles: With the Old Breed, de Eugene Sledge, interpretado na série por Joseph Mazzello, e Helmet for My Pillow, de Robert Leckie, interpretado por James Badge Dale. Os argumentistas (Bruce McKenna, Robert Schenkkan, Graham Yost, George Pelecanos, Larry Andries e Michelle Ashford) juntaram a estes testemunhos a his-


Enquadramento histórico Entre Hitler, a Itália de Mussolini e o Japão existia o chamado «Pacto do Eixo», que pretendia, à custa de golpes militares, chantagens diversas e ocupações unilaterais, expandir o seu domínio pelos quatro cantos do mundo e, neste caso, pelo continente asiático. A esta «pacífica» expansão do Império japonês opunha-se cada vez mais o governo americano, apoiado pela China, Inglaterra, Austrália e Holanda, bem como outros países aliados. O acontecimento que deu origem à guerra do Pacífico foi o ataque à Esquadra em Pearl Harbor. Este acto de guerra tinha como finalidade destruir o poderio militar americano na região, e assim ganhar tempo para permitir que o Japão consolidasse posições nas «áreas ricas» dos mares do Sul. Os japoneses esperavam imobilizar a Armada dos EUA, e numa rápida série de operações sincronizadas, assaltar as fracamente guarnecidas bases britânicas, holandesas e americanas naquela região da Ásia. Acreditavam que numa guerra rápida, limitada no espaço e no tempo, conseguiriam assegurar o controlo da

tória de John Basilone (personagem interpretada por Jon Seda). Produzida pela HBO, Seven Network Australia e Dreamworks, a série tinha um orçamento inicial previsto de 100 milhões de dólares americanos, mas acabou por custar mais de 150 milhões. Uma nova produção televisiva assinada por Steven Spielberg e Tom Hanks é um grande acontecimento em qualquer parte do mundo.

A grande novidade, para nós, foi ela ter estreado em Portugal, apenas dois dias depois da sua emissão nos Estados Unidos. Um belo esforço do AXN, que saudamos devidamente (em França, por exemplo, só começarão a ver a série daqui a umas semanas). (Entre nós, a série está a ser exibida pelo AXN em HD, às terças-feiras, 23h20).

região. Na ofensiva, o Japão tomaria Hong Kong, Singapura, Tailândia, Birmânia, Malásia, Filipinas, Nova Guiné, Índias Orientais Holandesas, Ilhas Salomão e as bases americanas em Guam e Wake. Esta série de «desastres» convenceu o alto comando americano que tinha que ser ordenada uma acção imediata para travar o avanço japonês. Tudo apontava para Guadalcanal. Esta ilha, situada no meio do Pacífico, deu o nome a uma das grandes batalhas da II Guerra Mundial e protagonizou alguns dos episódios mais violentos nesta região do globo. A partir da batalha de Midway, com a vitória da marinha norte-americana, foi travado o avanço japonês, e a ofensiva passou para os aliados. Em 7 de Agosto de 1942, os marines americanos desembarcaram em Guadalcanal e foi o início de uma luta desesperada contra o exército japonês. Como a série mostra, não foi uma batalha com grandes colunas de blindados e milhares de pára-quedistas a cair do céu, mas ferozes combates a curta distância, e uma luta incessante contra a fome, a fadiga, as doenças e a própria selva. A batalha durou quase seis meses, durante os quais foram afundados 65 barcos de guerra, de ambos os lados. A partir de Guadalcanal, a Guerra do Pacífico, até então sob a iniciativa e o domínio japonês, passou definitivamente para as mãos dos aliados até à rendição do Japão em 1945. Abril 2010 | tvPrime | 25


Viga

à so

rista

H

ustle estreou no passado dia 22 na FOX CRIME. Protagonizada por Adrian Lester, Robert Vaughn, Jaime Murray e Robert Glenister, é uma série repleta de humor e intrigas, passada em Londres, que segue as histórias de um gangue de cinco peritos em burlas. que se deixam perder nas ruas de Londres (são especialistas em roubar grandes quantias aos mais ricos, amorais e injustos). Liderado por Mickey Stone, um ex-presidiário cujo casamento está em perigo, o bando inclui Albert Stroller (Robert Vaughn), um veterano das vigarices e mentor de Mickey, e Danny Blue (Marc Warren), um verdadeiro Dom Juan, jovem e extremamente ambicioso. Ávido por aprender com Mickey, depressa 26 | tvPrime | Abril 2010

Entre Robin dos Bosques e Ocean’s Eleven, uma proposta "simpática"

lta

s

começa a levantar problemas quando mete na cabeça que pode ultrapassar o mestre. Ash Morgan (Robert Glenister), é o cérebro técnico da operação. Cofres, alarmes, computadores e carros são a sua especialidade. Stacie Monroe (Jaime Murray) completa a equipa. Ela é a femme fatale inteligente e confiante que «apimenta» a série, revelando-se uma peça essencial para o sucesso do gangue, ao mesmo tempo que desestabiliza o precário equilíbrio emocional do grupo. Criminosos com consciência, à maneira de bando de Robin dos Bosques, estes simpáticos malandros evocam, de certa maneira, o estilo e ideal do filme Ocean’s Eleven.


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O regresso de calma larry!

Texto: rosa cipriano


figura

‘Curb Your Enthusiasm’ chama-se em Portugal ‘Calma Larry!’. Um título bem apropriado para esta série que já vai na sétima temporada

C

alma Larry! é o título português desta série e é o que dá vontade de gritar quando a vemos. Protagonizada por Larry David, que interpreta uma versão ficcional de si próprio, esta comédia não é aconselhável aos espíritos mais sensíveis ou com uma maior propensão para o enervamento. É que Larry David, com o seu carácter... difícil (para não dizer neurótico), irritante e irritável, consegue transformar a mais banal das situações num campo de batalha. A sua inaptidão para interpretar a mais simples das convenções sociais leva-o a envolver-se constantemente em embaraços inacreditáveis. Os episódios não têm um guião bem definido previamente e funcionam muito na base do improviso. Neles, os aspectos mais triviais da vida são levados ao absurdo. Larry David faz-nos perceber como, no fundo, a nossa harmoniosa convivência em sociedade depende apenas de um conjunto de regras que vamos interiorizando sem as questionar ou sem sequer delas nos apercebermos. Calma Larry! mostra-nos como estas regras são frágeis e muitas vezes sem sentido. Da mesma maneira que Larry David representa uma versão extremada de si mesmo, também os seus amigos são recriados pelos próprios na série. Calma Larry! conta ainda com as participações ocasionais de Ted Danson (Cheers, Aquele Bar; Damages – Sem Escrúpulos) e do famoso comediante Richard Lewis. Charyl Hines representa a mulher de Larry e, à semelhança da sua mulher na vida real, divorcia-se dele na sexta temporada. Na sétima temporada (actualmente a passar no FX), Larry vai tentar reconquistá-la, envolvendo-se para isso no desenvolvimento de um episódio de reunião do elenco de Seinfeld. Larry vai, assim, cruzar-se com os actores da série de sucesso que criou conjuntamente com Jerry Seinfeld. Iremos assistir a leituras, filmagens e, claro, muitas situações embaraçosas. Esta série ganhou em 2003 um Globo de Ouro para melhor série de televisão – musical ou comédia. Após a entrega do prémio Larry David afirmou: «Este é um dia triste para os Globos de Ouro. É, no entanto, um dia bastante bom para Larry David.»

Um caso de políciA Juan Catalan, um morador de Los Angeles, não podia imaginar como Calma Larry!, uma série que desconhecia, viria a ter um impacto fundamental na sua vida. Acusado em 2003 do homicídio voluntário de uma rapariga de 16 anos, Catalan esteve cinco meses preso à espera de julgamento, não tendo como provar que na altura do crime se encontrava a assistir a um jogo de basebol. Até que se lembrou que nesse dia estava a ser filmada uma série de televisão no estádio. O seu advogado conseguiu que a HBO o autorizasse a visionar as gravações do episódio «Carpool Lane», em que Larry contrata uma prostituta para poder ir pela via reservada aos veículos partilhados e evitar os engarrafamentos para chegar ao jogo. O advogado estava quase a desistir quando vê um plano de Juan Catalan a comer um cachorro quente e a ver o jogo com a filha de seis anos. Ilibado de todas as acusações (que lhe poderiam ter valido a pena de morte), Catalan recebeu uma indemnização de 320 mil dólares da cidade de Los Angeles. Ao saber do caso, Larry David comentou ao The New Yorker: «(...) agora já fiz pelo menos uma coisa decente na vida, ainda que inadvertidamente.» Juan Catalan é actualmente um fã incondicional da série.

O verdadeiro Larry David Até que ponto a personagem de Calma Larry! se assemelha ao Larry David da vida real? Esta é, segundo o próprio, a pergunta que mais lhe fazem. O Larry da série era a pessoa que Larry David gostaria de ser: «Eu adoro aquele tipo!». Sempre com um bloco de notas atrás, o comediante baseia-se em acontecimentos do seu dia-a-dia para as ideias que depois desenvolve na série. As respostas e atitudes do Larry da série reflectem, de algum modo, o que gostaria de ter feito na realidade. Quando começou a sua carreira na stand up comedy era um pouco mais irascível, mais parecido com a sua personagem. Num espectáculo em que ia actuar, depois de se dirigir ao palco e de olhar para a plateia, limitou-se a dizer: «Não, não me parece» e foi-se simplesmente embora. Larry David só conheceu o sucesso com a série Seinfeld, que rapidamente se veio a tornar num verdadeiro fenómeno. Antes disso passou pelos mais variados trabalhos – desde motorista a vendedor de sutiãs. Este último trabalho serviu mesmo de inspiração para um episódio de Seinfeld. Em 1987 chegou a ter um pequeno papel no filme Os Dias da Rádio, de Woody Allen. Depois de conhecer o seu trabalho em Calma Larry!, o realizador convidou-o, o ano passado, para protagonizar o seu último filme: Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works). Larry David faz de Boris Yelnikoff, personagem excêntrica e neurótica, à boa maneira das personagens geralmente interpretadas pelo próprio Woody Allen noutros filmes seus.


January Jones (Betty Draper) e John Hamm (o seu marido Don)

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d a M

rodutor de p e ta s ti n e m u g Do ar Weiner, w e h tt a M ', s o n a 'Os Sopr os para n ta r o p s n a tr ' 'Mad Men blicidade u p e d ia c n ê g a a o coração de um nos 60. a s o d e u q r Io a na Nov Deslumbrante!

n E M Texto: Rosa

cipriano


M

ad Men segue as vidas dos homens e mulheres que trabalham, em plena Nova Iorque, numa competitiva agência de publicidade. Don Draper (Jon Hamm), a personagem principal, é o bem sucedido director criativo da Sterling Cooper. Casado com Betty (January Jones), pai de dois filhos, Draper é a figura do anti-herói, um homem discreto e atormentado por um passado problemático que procura ocultar de toda a gente e a todo o custo. A série mostra-nos um mundo, afinal, não tão diferente do nosso, onde tudo é uma criação de marketing, como bem o exprime Don numa das suas falas: «O que chamas amor foi inventado por tipos como eu para vender nylons.» Com três Globos de Ouro consecutivos para melhor série dramática, entre muitos outros prémios, já com a terceira época chegada ao fim nos Estados Unidos, Mad Men parece ter convencido a quase generalidade dos críticos,

Mad MEn

[

]

«O que chamas amor foi inventado por tipos como eu para vender nylons»

mesmo aqueles que inicialmente se mostravam mais cépticos. O desempenho do elenco (na sua maioria quase desconhecido até então) tem igualmente sido aclamado, com Jon Hamm a atingir o estatuto de galã. A madmenmania chegou a um ponto tal que no site do canal que lançou a série, a AMC, é possível encontrar de tudo: desde aplicações para o iPhone (com vídeos, entrevistas e conteúdos exclusivos) a um dossier exclusivamente dedicado ao guarda-roupa da série. Através deste site podemos ainda criar um avatar: Mad Men yourself!.

Uma série de época Não há «heróis» e «vilãos» em Mad Men. Todas as personagens, por mais bem-intencionadas que sejam, têm as suas falhas. Muita da complexidade das personagens da série joga-se não no que dizem, mas nos silêncios que alimentam. Numa sessão de Betty com o seu psiquiatra, por exemplo, esta explica-lhe que sempre lhe disseram ser má educação falar de si própria. E a verdade é que as personagens não falam muito de si ou dos seus sentimentos ― estes são percebidos num olhar ou num gesto, adivinhados naquilo que fica por dizer, o que confere uma certa aura melancólica à série. Nenhum aspecto foi descurado para tornar Mad Men o mais realista possível em relação à época em que tem lugar. Não é apenas o guarda-roupa que está em causa. Do argumento, ao trabalho de actores, à foto-

m John Hamm

John Slattery co

O "staff" da Sterling Co

oper

no primeiro lta à vista logo mo para sa e qu as is Uma das co ocante (mes torna quase ch o de praticamente ct episódio e se fa o te veterados) é em praticamen fumadores in em ar m fu s en há ag ― on e rs nt ra pe todas as evador, restau r (escritório, el durante qualquer luga médico fuma um e qu rã em na ce ma conta do ec mesmo uma co). O fumo to a gi ló rid co ge in ne gi ol e co um exam tidade de ál an qu a e a, rg e não mais o la s personagens. pelo fígado da faz-nos temer

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«Mad men» era o ter mo pelo qual se design avam os quadros do mu publicitário, jogando com ndo o título de «Ad Men» e com o local onde se encontra vam sediadas as princi pais empresas deste ram o, a Madison Avenue.


Nenhum aspecto foi descurado para tornar esta série o mais realista possível em relação à época em que tem lugar

grafia que recria a linguagem visual da altura, ao geral da série, tudo aqui é superlativo e concorre para recriar, ao pormenor, a sociedade norte-americana de há cinquenta anos. Neste período de tempo muita coisa mudou e Mad Men relembra-nos isso constantemente. O papel da mulher na sociedade de então consistia basicamente em casar, ter filhos e ir ignorando as constantes infidelidades do marido. As raparigas ainda solteiras que vemos trabalhar nos escritórios da Sterling Cooper têm de sujeitar-se a ser vistas como potenciais presas fáceis e as cenas de assédio sexual são recorrentes. Mesmo Peggy (Elisabeth Moss), cujas ambições vão para além das restantes secretárias, luta com estes fan-

tasmas, nos outros e em si própria. As personagens de Mad Men são machistas, homofóbicas, anti-semitas, racistas, apologistas da violência física sobre as crianças como forma de disciplina. É este o principal motivo pelo qual se torna tão difícil simpatizarmos com elas num primeiro momento. À medida que a série se desenrola, porém, vamos conseguindo identificar os traços profundamente humanos destas personagens cínicas e trágicas. As tensões que se vão desenvolvendo ao longo da narrativa dão-nos alguns indícios das enormes transformações sociais que viriam a ocorrer a partir dos anos 70. (A 3ª temporada de Mad Men está a passar na Fox Next).

Abril 2010 | tvPrime | 33


Apaixonante retrato de uma mulher com múltiplas personalidades, numa série produzida por Spielberg

A

s Taras de Tara centra-se na figura de uma mulher (interpretada por Toni Colette) que sofre de transtorno dissociativo da identidade, ou seja, tem múltiplas personalidades. Com uma profissão artística na área do design de interiores que lhe permite alguma flexibilidade e independência, Tara vive nos subúrbios, é casada com Max (John Corbett, ex-namorado de Sarah Jessica Parker em O Sexo e a Cidade) e tem dois filhos adolescentes. A filha mais velha, Kate (Brie Larson), é a típica adolescente revoltada em busca do seu espaço. Já Marshall (Keir Gilchrist) é um rapaz inteligente e sensível que se apaixona por um colega da escola. No início da primeira época, Tara decide confrontar a sua doença e deixar de tomar a medicação. A partir daí começam a surgir os alter egos em que Tara se transforma nas alturas de maior stress: «Alice» é uma dona de casa dedicada, imagem perfeita da mãe de família americana dos anos 50; «T» é uma adolescente provocadora e extravagante; «Buck» é o típico machão que justifica o facto de não pos-

suir uma genitália masculina com um acidente de guerra que teria sofrido no Vietname. Estes são os que se conhecem no início da série, mas outros poderão surgir no desenrolar da história. Nesta família, que no fundo é uma família normal numa situação disfuncional, nunca se sabe quem vai aparecer para o pequeno-almoço. O Washington Post descreve As Taras de Tara como «o equivalente televisivo do livro que não conseguimos largar». A partir do segundo ou do terceiro episódio pode mesmo tornar-se viciante. À semelhança de outras séries da Showtime, como Weeds (Erva) e Nurse Jackie, As Taras de Tara inscreve-se no género de comédia dramática que tem vindo a ganhar um espaço considerável no universo das séries televisivas. Estas séries e outras como Dexter e Breaking Bad (Ruptura Total) têm vindo a pôr em causa o conceito de normalidade, mostrando-nos personagens pouco convencionais, subversivas, com defeitos de carácter óbvios, mas com os quais inevitavelmente nos identificamos.

s a r a T As Texto: rosa cipriano

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a r a T e d s


Diablo Cody E assim foi a partir daí. Esta aventura antropológica levou-a a iniciar um blogue («Pussy Ranch») onde descrevia as suas aventuras enquanto dançarina exótica. Este blogue pode ainda ser consultado em http://blogs. citypages.com/dcody/. Aquele que viria a ser o seu agente propôs-lhe então escrever um livro a partir das

suas experiências: Candy Girl: A Year in the Life of an Unlikely Stripper. Depois do lançamento do livro começou a colaborar com diversas publicações como jornalista e escreveu o argumento do filme Juno, pelo qual ganhou um Oscar. Steven Spielberg telefonou-lhe dizendo que tinha uma ideia para uma série e que

Múltipla personalidade Ao contrário de outras conhecidas abordagens desta patologia, como o filme As Três Faces de Eva (1957) e o controverso telefilme Sybil (1976), As Taras de Tara é, antes de mais, uma comédia, o que faz com que exista um risco acrescido de se cair no estereótipo e na ridicularização de um problema de saúde mental, já de si alvo de diversas polémicas e pouco compreendido pelo público em geral. Mas aquilo que parece ser uma “simples” comédia vai ganhando intensidade dramática à medida que as personagens e as relações que estas estabelecem entre si se vão tornando mais complexas. A linha narrativa também é a inversa do habitual: a série começa já com um diagnóstico feito e é a partir desta etiqueta que Tara e a sua família vão tentar descobrir o que está por detrás, qual o episódio traumático que deu origem à situação em que se encontram. Para a segunda época, que irá estrear em breve nos Estados Unidos, os produtores prometem manter a essência da série enquanto comédia, recuperar o equilíbrio que a deriva mais dramática do final da primeira série parecia estar a comprometer. 36 | tvPrime | Abril 2010

(A primeira temporada de ‘As Taras de Tara’ está a passar na Fox Life).

gostaria que ela escrevesse o episódio piloto, nascendo assim As Taras de Tara. Diablo Cody não se deixa deslumbrar com o rápido sucesso que obteve até agora. «Se esta história de escrever não der em nada, volto imediatamente para o varão», afirmou ela.

«Se esta história de escrever não der em nada, volto imediatamente para o varão»

Diablo Cody, a criadora de As Taras de Tara tem causado furor em Hollywood com o seu passado sui generis. Trabalhava numa agência de publicidade até que decidiu tornar-se stripper. Como contou numa entrevista com David Letterman, estava um belo dia no escritório quando pensou: «Isto é uma treta, preferia estar nua».


Toni Colette

A carreira desta actriz australiana começou cedo. Consta até que, com apenas 11 anos, conseguiu fingir uma apendicite de forma tão convincente que os médicos lhe retiraram o apêndice, apesar deste não aparentar qualquer problema. Toni Colette é mais conhecida pelos papéis que desempenhou em O Sexto Sentido (The Sixth Sense), de 1999, e Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos (Little Miss Sunshine), de 2006, tendo sido nomeada para os Oscar como melhor actriz secundária pelo primeiro. Casada com o músico Dave Galafassi, Collette gravou com ele em 2006 o seu primeiro álbum, Beautiful Awkward Pictures, no qual canta e compõe. As Taras de Tara (United States of Tara, no original) é a primeira série televisiva em que participa e a sua prestação valeu-lhe, este ano, um Globo de Ouro como melhor actriz em série de TV - comédia/ musical. Abril 2010 | tvPrime | 37


Texto: raquel flor neto

Começou a ser rodada a terceira temporada de uma das melhores séries dos últimos anos

O

nome talvez não lhe diga nada, mas Vince Gilligan é o criador de Ruptura Total (Breaking Bad), uma série que pode não ter encontrado um grande público (quando comparada com um Perdidos ou uma Anatomia de Grey), mas que alguns happy few não dispensam. Para quem conhece o seu trabalho, Gilligan, actualmente com 43 anos é, com David Simon (The Wire) e Matthew Weiner (Mad Men), um dos mais interessantes argumentistas em actividade nos EUA. Nascido no dia 10 de Fevereiro de 1967, em Richmond, na Virgínia, Gilligan começou a sua carreira com um dos co-argumentistas de Ficheiros Secretos, uma série de culto no seu tempo. A ideia para Ruptura Total, surgiu-lhe quando Gilligan passava por um período sem trabalho. «Estava a falar com um antigo colega da faculdade, também ele argumentista no desemprego quando, de repente, ele me disse que devíamos embarcar numa viagem através da América com uma caravana. E pelo caminho, íamos fabricando metanfetaminas». Foi assim, no meio de uma conversa delirante, que lhe veio a ideia para esta história absolutamente louca, centrada na figura de um professor de química chamado Walter H. White que, um belo dia, descobre que tem cancro pulmonar e está condenado a morrer em

breve. Preocupado com a situação finaceira da família (a mulher está grávida e tem um filho com paralisia cerebral), mete na cabeça usar os seus conhecimentos de química para criar uma metanfetamina quimicamente pura. (ver caixa) Para a comercializar, recorre a um ex-aluno que está mais ou menos metido no submundo e, a partir daí, começam todo o tipo de problemas. A violência de algumas cenas pode não ser recomendável para todos, mas quem tem o estômago forte apreciará, sem dúvida, o realismo com que a América profunda está retratada nesta série tão crua como dramática. Talvez por causa desta violência, mais emocional ainda do que física, no início, ninguém queria a série. O FX, a HBO e a Showtime recusaram-na e acabou por ser a AMC a agarrar a oportunidade, ainda antes de terem lançado Mad Men. Assim, em 2008, Vince Gilligan viu-se subitamente, pela primeira vez na vida, à frente de uma produção importante. Valeu-lhe a experiência adquirida durante as filmagens de Ficheiros Secretos, ao lado de Chris Carter, sobre o qual, diz: «Foi ele quem me ensinou tudo o que sei. Ele foi a minha escola». A terceira temporada de Ruptura Total começou a ser rodada no dia 21 do mês passado. O seu autor afirma: «Estou cada vez mais fascinado por este personagem

Um mal nunca

ador Vince Gilligan, o cri

eaking Bad) de 'Ruptura Total' (Br

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absolutamente comum que se vê confrontado com a transgressão e a mortalidade. Pela primeira vez, na minha vida de autor, posso conceber cinco ou seis páginas do argumento sem ter que introduzir diálogo. Isso não acontece com frequência em televisão e é muito estimulante para um argumentista». Afirmando inspirar-se permanentemente nas séries e filmes de que gosta, Gilligan cita O Padrinho como um dos filmes da sua vida. «Revejo-o todos os anos, pelo menos duas ou três vezes», afirma quase com orgulho. Por sua vez, o protagonista de Ruptura Total, o genial actor Bryan Cranston (actualmente com 54 anos) assegura: «Breaking Bad é uma viagem que acompanha a deriva radical de uma pessoa comum. Mas o professor comedido e banal do princípio da série transforma-se, pouco a pouco, num ‘dealer’ possuído pelo mal. Sinto-me profundamente agradecido a Vince Gilligan por tê-lo imaginado e por me ter convidado para o incarnar». Também nós ficamos agradecidos. Não apenas ao autor, mas também ao actor que encontrou aqui o grande papel da sua vida, tendo recebido, o ano passado, o Emmy para melhor actor dramático pelo seu desempenho nesta série absolutamente recomendável.


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F a m i l y Guy

Esta série de anim ação já foi cancelad a três vezes, mas o de vendas das ediç sucesso ões em DVD, e do fi lm e la com que fosse reto nçado em 2005, fez mada outras tantas vezes. Neste mom já na oitava tempora ento vai da, passando entre nós na FOX Texto: rosa cipriano

A

família Griffin é composta por Peter e Lois, os seus três filhos e um cão (um dos elementos mais inteligentes da família). Peter Griffin é o pai disposto a tudo pela sua família desde que possa continuar a ver televisão, soltar gazes e, ocasionalmente, pôr-se nu em público. Peter tem uma excessiva propensão para envolver-se em esquemas disparatados, o que faz com que a sua mulher, Lois, habitualmente até demasiado tolerante, volta e meia se veja à beira de um ataque de nervos. Chris, o filho de 16 anos que não prima pela inteligência, idolatra o pai, ao contrário de Stewie, bebé maquiavélico de sotaque inglês e orientação sexual ambígua. Há ainda Meg, a adolescente complexada e pouco popular, e Brian, o cão falante e liberal que gosta de martinis. Sempre provocadora, a série tem-se tornado mais política nos últimos tempos. Em Fevereiro deste ano, no episódio 12 da oitava temporada, apareceu uma personagem com trissomia 21 que, a determinada altura, afirma ser filha da antiga governadora do Alasca. Esta referência óbvia a Sarah Palin, cujo filho mais novo sofre da doença, gerou grande polémica.

Uma série a que poucos ficam indiferentes

A antiga candidata à presidência dos Estados Unidos pelo partido republicano criticou duramente esta abordagem que apelidou de «pontapé no estômago», mas Andrea Fay Friedman, a actriz que deu voz à personagem em causa (e que tal como a personagem é portadora de trissomia 21), respondeu-lhe à letra: «Os meus pais educaram-me para ter sentido de humor e viver uma vida normal. A minha mãe não andava comigo debaixo do braço como um pedaço de pão francês como a antiga governadora Palin faz com o seu filho Trig, procurando simpatia e votos.» Seth MacFarlane, o criador da série (que também dá voz a três das personagens principais), começou a fazer banda desenhada para um jornal local com apenas nove anos. Como tese de mestrado da Escola de Design de Rhode Island concebeu o filme de animação The Life of Larry, que funcionou de algum modo como um protótipo do que viria a ser Family Guy. Amada por uns, odiada por outros, esta é uma série a que poucos ficam indiferentes. (A quarta temporada de Family Guy está a passar na Fox) Abril 2010 | tvPrime | 41


Saiba o destino de algumas das séries internacionais que preenchem as grelhas nacionais Texto: pedro andrade

policiais O futuro de 'Lie To Me' está tremido, assim como o de 'Casos Arquivados'. Em contrapartida, a série 'Núm3ros' parece definitivamente condenada

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Apesar de ainda não terem sido oficialmente renovadas, o facto de serem das séries mais vistas em território norte-americano faz com que CSI, O Mentalista, Mentes Criminosas (Criminal Minds) e NCIS – Investigação Criminal tenham praticamente garantida nova temporada. Investigação Criminal: Los Angeles (NCIS: Los Angeles), que ganhou um enorme interesse do público português por ser protagonizada pela jovem actriz Daniela Ruah, já foi renovada para uma segunda temporada. Ossos (Bones) já tinha sido renovada por duas épocas o ano anterior. Castle, CSI: Miami, CSI: Nova Iorque, Lei & Ordem e Lei & Ordem: Unidade Especial, apesar de não estarem verdadeiramente seguras, têm regresso esperado. Lie to Me e Casos Arquivados (Cold Case) são aquelas que neste momento têm o futuro mais incerto. Núm3ros ainda não foi cancelada oficialmente, mas vai sê-lo em breve, sendo a sua sexta temporada a última.


ficção científica e acção A ficção científica é um género malfadado, é certo, e as séries que nela embarcam muitas vezes não têm oportunidade de contar a sua história convenientemente. Dollhouse, de Joss Whedon, que ainda teve oportunidade de fazer 13 novos episódios de uma segunda temporada, não terá uma terceira. Melhor sorte coube a Fringe, que apesar de péssimos resultados de audimetria, conseguiu assegurar um regresso para uma terceira temporada. Sobrenatural, Diários do Vampiro (The Vampire Diaries) e Smallville também têm regresso agendado para uma sexta, uma segunda e uma décima temporadas, respectivamente. V e FlashForward estão dependentes dos resultados de audiências que conseguirem na recta final desta temporada (Março/Abril/ Maio). O futuro de Heroes está dependente das modificações que ocorrem neste momento no interior da NBC. Chuck também, apesar de estar bem mais segura este ano que no ano passado, já que as manifestações de apoio por parte dos fãs se revelaram fundamentalis para a continuação da aposta na série. Em Contacto (Ghost Whisperer) deverá ser renovada para uma sexta temporada, mas a continuidade de Medium ainda está indefinida. Stargate Universe, que acabou de arrancar no MOV, já tem uma segunda temporada garantida. Sons of Anarchy está a produzir uma terceira temporada. Sangue Fresco (True Blood) também. Espião fora-de-jogo (Burn Notice) prepara uma quarta. Apanha-me se Puderes (White Collar) tem uma segunda garantida. Psych uma quinta certa. A Lenda do Guerreiro (Legend of the Seeker) poderá não regressar para uma terceira temporada. Apesar de ter surgido um rumor que a mesma havia sido cancelada, na altura do fecho da edição deste número ainda não tinha sido feito qualquer anúncio oficial sobre a questão. 24 é um dos casos que mais estão a dar que falar no momento. A FOX poderá não querer renovar a série, mas existe sempre a possibilidade do estúdio que a produz a vender a outro canal. Para além da série poder passar para o grande ecrã. Nada é certo neste momento.

A continuação de 'FlashForward' não está ainda assegurada, para desespero dos fãs. Melhor sorte teve 'Sangue Fresco'


Dramas e adolescenteS Os dramas, bem como as séries mais direccionadas para um público mais adolescente, são geralmente bem recebidos, sobretudo pela audiência do sexo feminino. Séries bastante populares como Anatomia de Grey (Grey’s Anatomy), Clínica Privada (Private Practice), Donas de Casa Desesperadas (Desperate Housewives), House ou Irmãos e Irmãs (Brothers & Sisters) já foram renovadas. 90210 e Gossip Girl também e regressam para uma terceira e quarta temporadas, respectivamente. Glee é o fenómeno do ano e já tinha garantida a continuidade há bastante tempo. Sextas sob Pressão (Friday Night Lights) e Terapia (In Treatment) estão a trabalhar naquelas que deverão (certo no caso da primeira; provável no caso da segunda) ser as suas últimas temporadas, uma quinta e uma terceira, respectivamente. Big Love e Dexter já têm uma quinta temporada agendada, enquanto Ruptura Total (Breaking Bad) está prestes a estrear uma terceira. Mad Men prepara uma quarta. Indefinidas estão as séries médicas Mercy e Trauma, que não devem passar da sua época de estreia. Sem Escrúpulos (Damages), que exibe neste momento a sua terceira temporada, pode voltar ou não, dependendo da vontade dos envolvidos (ainda que seja do conhecimento público que tanto Glenn Close como Rose Byrne, as principais protagonistas da série, tenham assinado contratos com uma duração de seis anos). One Tree Hill está na berlinda, mas espera-se que regresse para uma oitava época. Southland está dependente dos resultados da sua segunda temporada no canal para onde se mudou, o TNT (antes estava na NBC). Quem não teve a mesma sorte foi Betty Feia (Ugly Betty) que terminará ao fim de quatro temporadas. O canal em que a série é exibida anunciou a decisão aos criadores da mesma para lhes dar oportunidade de concluírem a história convenientemente. 44 | tvPrime | Abril 2010

As 'Donas de casa Desesperadas' têm boas razões para estar contentes: pelo menos mais uma temporada está assegurada


Comédias e animação

A série 'Dois Homens e Meio' tremeu, mas aguentou-se, apesar dos precalços de Charlie Sheen

Nem todas as comédias têm razões para sorrir. Satisfeitos podem ficar os fãs de O Escritório (The Office), Rockefeller 30 (30 Rock), A Teoria do Big Bang (The Big Bang Theory), Foi Assim que Aconteceu (How I Met Your Mother), Hung, As Taras de Tara (United States of Tara), Californication, Nunca Chove em Filadélfia (It’s Always Sunny in Philadelphia), American Dad, Os Simpsons e Family Guy pois todas elas foram renovadas para novas temporadas. Dois Homens e Meio (Two and a Half Men) também, mesmo que nos últimos tempos tivesse tido alguns precalços resultantes do último escândalo que envolveu Charlie Sheen, que entretanto voltou ao trabalho depois da passagem por uma clínica de reabilitação! Entourage está a produzir a sua sétima temporada neste momento, enquanto Tim em Nova Iorque (The Life & Times of Tim) tem a sua segunda em exibição. Modern Family, comprada recentemente pela TVI, é outra das sensações do momento e tem já uma segunda temporada garantida. Gary Descasado (Gary Unmarried) e As Novas Aventuras de Christine (The New Adventures of Old Christine) ainda estão em dúvida, apesar da renovação de ambas ser mais provável que o seu cancelamento. O Génio de Ted (Better Off Ted) e Médicos e Estagiários (Scrubs), apesar de ainda não terem sido canceladas oficialmente, é praticamente certo que não irão além da segunda e nona temporadas, respectivamente.

Abril 2010 | tvPrime | 45


Pol铆cias

pop Texto: marco ant贸nio reis

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mes vive u t s o C e d a d a ia da Brig c lí o p nvolvido E m . o U c . fi 0 á 8 r t e o d c r a a d ndo do n mi. Déca u ia m M o e rantes, n d b , e e m r d p a lu s m id e e C d s s e e d r e o de mulh u parceir o e s d a o e d m o o r c , , iro é s o e o c d s r a s a e p c x u e e infiltr s e d o , a o id a missã va uma v m u le , e ” t que n io a e e r r u r u q o r D c . Io “ o a o ã v ç o c a N com a e polícia d as e muit id m p u á a r e s s a r in a u li q a á m or riminoso p c a o b m a s c e a , m o o d a d lt s ão evo assassinado. R r a morte do seu irmão, às m procura vinga

Miami Vice

M

iami Vice, série produzida nos anos 80 por Michael Mann para a NBC, marcou a diferença pela forma como integrava a música nas imagens, em sequências de grande intensidade e beleza, assimilando uma forte influência da New Wave. Entre 84 e 89, marcou o seu espaço na televisão americana, apresentando como personagens principais dois polícias infiltrados, representados por Don Johnson e Philip Michael Thomas. Vendida para todo o mundo, a série tornou-se uma incontornável referência, ao ponto da revista People declarar: «[Miami Vice]foi a primeira a parecer verdadeiramente nova e diferente desde o aparecimento da televisão a cores». Criação de um conceito Versão oficial: A ideia original é atribuída a Anthony Yerkovich, que trabalhava na altura como escritor e produtor da famosa série policial Hill Street Blues (A Balada de Hill Street). Conta Anthony que a ideia lhe surgiu de uma notícia que apresentava a utilização, por polícias infiltrados, da proprieda-

de confiscada nas apreensões de droga, como carros e barcos de alta cilindrada, roupas de alta-costura e relógios de ouro maciço, entre outros artigos de luxo. Inicialmente pensou fazer um filme que se intitularia Gold Coast, que posteriormente alterou para Miami Vice. O apelo do Sul da Florida no episódio piloto de duas horas, com o clima e as pessoas que por ali paravam, opondo-se de forma soberba à cinzenta cidade de Nova Iorque, emprestou o toque final na redefinição do panorama das séries policiais. Versão “popular”: Consta que em plena década de 80 e no auge da MTV e do Pop, Bandon Tartikoff – chefe da divisão de entretenimento da NBC – terá escrito um memorando com um brainstorm de uma série com o nome MTV Cops (Polícias MTV). O mesmo memorando, que teria como ideia principal a vida de dois polícias com uma estreita ligação à moda e a grandes festas, terá sido mostrado a Anthony Yerkovich, que o terá transformado e reclamado como seu. Quando a música voltou a ser importante Aproveitando o facto de ser a primeira série de televisão captada com som estereofónico, o cuidado com o som e a integração da banda sonora nas histórias tornou-se numa imagem de marca da série. Com Abril 2010 | tvPrime | 47


parada de estrelas os, uma Em todas as décadas existe, pelo men rtância impo a ra série de referência que demonst Estes to. imen eten entr do stria da televisão na indú eu mus de s pedaços de história televisiva, peça a ectiv resp sua na comportamental, servem costumes, época como barómetro de moda e idados e conv apresentando sempre um rol de pessoas por as post com participações especiais uns serve Para ria). maio sua na res, (acto famosas ento de çam relan de de consagração, para outros : os goria cate ira terce a num do carreira, terminan . Foram elato estr o para polim tram o com que usam ar pela série muitos os nomes importantes a pass e Nelson, Willi on, East ena She icos como os mús ns e Miles Colli James Brown, Leonard Cohen, Phil Davis. nomes De resto, a série teve aparições de kwell, Pam Grier Stoc n consagrados como os de Dea es mais ou nom os ém tamb mas , e Brian Dennehy Bruce son, menos “desconhecidos” de Liam Nee e erts Rob Julia on, Paxt Willis, John Turturro, Bill Johnson). Don de liceu de a orad (nam ith Melanie Griff opor tunidade Alguns comediantes também tiveram John de s caso os foram de se mostrar, como . Rock s Chri e r Stille Ben o, Leguizam

a música do sintetizador de Jan Hammer e a “carta branca” de Michael Mann, a acção entrava pelas casas com personalidade única e era reconhecida como tal. A acompanhar todo este cuidado estava a escolha de temas do panorama musical. Grandes montantes eram pagos para que os temas estivessem em exclusivo nas histórias, sendo 10 mil dólares um valor comum – por episódio – para este fim. Phil Collins, Peter Gabriel, Dire Straits e Tina Turner foram alguns dos nomes que ajudaram a criar momentos únicos e inesquecíveis. Para quem viveu esse tempo, são pedaços de céu que podemos revisitar em DVD ou aproveitar a reposição do canal FOX.

Polícias

po Personagens principais A densidade das personagens foi crescendo ao longo dos tempos. Don Johnson (James “Sonny” Crockett/Brunnet) foi-nos revelando aos poucos o seu passado, justificando um lado mais melancólico e solitário, com o sonho de estrela de futebol desfeito por uma lesão, que o empurrou para o Inferno do Vietname. Esse é, de resto, o momento que o define como «homem de armas»,

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mas também como leal companheiro. Quando estava infiltrado, tornava-se em Sonny Brunett, um conceituado “correio” de droga ao volante do seu magnífico Ferrari Daytona, ou ao leme do veloz Chris Craft Stinger 390. Phillip Michael Thomas (Ricardo «Rico» Tubbs/Cooper) era o parceiro de Crockett, mas também o seu alterego. Bem-disposto e extrovertido, vivera sempre em Nova Iorque, por isso estava constantemente fascinado pela cidade de Miami com toda a sua cor, alegria, calor e gente bonita. Depois de aliar-se a Crockett para se vingar do assassinato do seu irmão, acaba por pedir transferência, passando a estar grande parte do tempo infiltrado como Rico Cooper, um abastado comprador de droga.


Os cinco momentos mais marcantes

Surgindo com uma presença incontornável, Edward James Olmos (Tenente Martin Castillo) marcou definitivamente a carga dramática da série. Chefe da secção, é ele quem coordena as operações. Muito reservado e de trato aparentemente difícil, o homem severamente marcado pela guerra (onde perdeu o amor da sua vida) acaba por revelar-se solidário e generoso, dando sempre protecção aos heróis perante burocratas da CIA e FBI. Histórias dos castings Para o papel de Crockett foram considerados Nick Nolte e Jeff Bridges, que recusaram liminarmente por, na altura, a televisão não conseguir assumir pagamentos ao nível do cinema. Passaram então a nomes mais modestos, como Don Johnson que foi posto de imediato em causa pelos executivos da NBC pelos seus anteriores insucessos. No entanto, Don, na altura com 35 anos, teve bons resultados nos testes do episódio piloto e acabou por tornar-se no grande ícone da série. Série Premiada Ao longo dos cinco anos, Miami Vice foi estando sempre na lista de favoritos para os diversos prémios televisivos, destacando-se o ano de arranque. 1985 foi um ano pródigo em prémios, sendo galardoada com quatro Emmy (melhores fotografia, direcção de arte, edição de

Acção em Miami teve o condão de traçar muitos dos sonhos e comportamentos de uma geração

1. No episódio piloto da série, os dois heróis têm um encontro improvável, com um alvo em comum. Desse encontro iria nascer uma parceria que daria cinco anos de aventuras. 2. Após apaixonar-se e casar com uma cantora pop interpretada por Sheena Easton, Crocket vê um dos seus maiores inimigos sair da prisão e assassiná-la por ving ança. No início do declínio moral, ele persegue-o e faz justiça pela s próprias mãos. 3. Após um acidente de barco, Brun net (Crockett infiltrado) perde a memória e assumindo a identidad e do seu disfarce, tornase num impiedoso assassino. 4. dia em que Crockett recebe o seu novo Ferrari Testarossa. Depois de ter ficado sem o seu Dayt ona, persegue um novo carro que lhe permita infiltra-se com o “correio”, só terminando no dia em que lhe é dada a chave do novo “cavalo branco”. 5. O momento final do último epis ódio e a triste «separação» dos dois heróis.

som e actor secundário – Edward James Olmos), dois Grammy (melhores performance e composição instrumental) e o People Choice para melhor série em estreia. No ano seguinte, Edward James Olmos repetiu a vitória, desta vez nos Globos de Ouro. Na companhia de Don Johnson, receberam os prémios de melhor actor secundário e principal, respectivamente. A moda Ainda mal se falava no homem metrossexual e já Don Johnson marcava uma forte tendência de moda, com a introdução da t-shirt sob o casaco desportivo Armani. Aproveitando o clima, o herói desfilava com fatos de tecidos muito leves, com uma t-shirt e uns sapatos (sem meias), tornando o look descontraído, mas arrumado, num ícone dos anos 80, prolongando-se até ao final do século. Outras introduções feitas nos hábitos dos homens de todo o mundo foram a barba de dois dias (five o’clock shadow), os tons pastel nos fatos de homem (até aí reservadas às senhoras) ou os óculos Ray-Ban Wayfarer. De resto, e apercebendo-se da influência da série, estilistas como Armani, Gianni Versace e Hugo Boss tornaram-se colaboradores assíduos. Esta foi a época da afirmação do conceito product placement que hoje conhecemos bem. O Filme de 2006 Corria o ano de 2006 e Michael Mann voltava a trabalhar com o título. Recriando o tema do narcotráfico no novo milénio, muniu-se de dois actores de referência: Jamie Foxx (Óscar de melhor actor com o filme Ray) e Colin Farrell. No entanto, o filme caiu muito facilmente em “terra de ninguém”. Os nostálgicos da série não se reviram no upgrade dado e os mais novos não encontraram motivos de interesse. Neste caso, nem podemos dizer que a repetição da fórmula não obteve bons resultados, porque os traços mais representativos da série – fascínio dos ícones de moda e estilo de vida boémio, tratado num ambiente por vezes a tocar o místico – simplesmente não estavam lá ou, se estavam, estavam muito mal tratados. Abril 2010 | tvPrime | 49


Batdaaslha

séries

Policiais

Miami m e o ã ç Ac

A Balada de Hill Street

Twin Peaks

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Lançamos aqui as nossas 1

Acção em Miami (Miami Vice) – Uma série única que inovou o panorama das produções televisivas. Marcando o género com um estilo próprio, deu ainda a conhecer o início de conceitos actuais como o product placement ou o homem metrossexual. Adicionalmente à presença do incontornável Don Johnson, distinguia-se sobretudo o talento de Edward James Olmos. E, claro, as mulheres bonitas, as praias e as máquinas (quem não ficou fã da Ferrari?).

A tvPRIME lança mais um desafio aos seus leitores. Vamos eleger as melhores séries da televisão portuguesa. Começamos com as policiais. Todos os meses vamos publicar os cinco melhores textos de séries sugeridas pelos nossos leitores, através da morada redaccao@tvprime.pt

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Twin Peaks Começou como um projecto para um filme e acabou como uma série de culto. A morte de Laura Palmer prendeu espectadores em todo o mundo, entrelaçados em personagens exóticos que popularizaram David Lynch. Para cada mistério que íamos vendo solucionado, novos mistérios surgiam, com novas personagens.

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A Balada de Hill Street (Hill Street Blues) Quem não se lembra da música de entrada desta série? E da variedade de personagens que a compunham? Entre excêntricos detectives à paisana e polícias de uniforme problemáticos, ficámos a conhecer melhor o seu dia-a-dia na rua e o reflexo nas suas vidas particulares.

Modelo e De tective

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sugestões:

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Modelo e Detective (Moonlighting) O papel que trouxe Bruce Willis para a ribalta, apresentou-nos uma eterna e divertida comédia romântica em formato de série. Ao lado da bela Cybill Shepherd, resolveram casos misteriosos, separados pelo estilo de vida e hábitos culturais antagónicos e ligados pela inevitável atracção dos opostos.

O desafio é muito simples. Façam-nos as vossas sugestões acompanhadas de um texto com o máximo de 400 caracteres. Entretanto, poderão acompanhar o top das votações online, no site da tvPRIME (www.tvprime.pt).

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24 Uma série de culto que relançou a carreira de Keifer Sutherland. Com uma forma inovadora, tivemos pela primeira vez uma série em tempo real, apenas possível pelo controlo dos tempos de publicidade desta nova era de televisão. Por lá já passaram grandes nomes da televisão e do cinema, com especial destaque para o português Joaquim de Almeida, no papel do vilão Ramon Salazar.



Chloë Sevigny Pela sua participação na série Big Love, Chloë Sevigny ganhou o Globo de Ouro para melhor actriz secundária em televisão. No entanto, a sua presença no pequeno ecrã é recente. Texto: Rosa cipriano

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perfil

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etentora de um estilo muito próprio, desde pequena que Chloë Stevens Sevigny cria as suas próprias roupas. Este seu interesse pelo mundo da moda levou-a a colaborar com revistas da especialidade e a fazer alguns trabalhos como modelo. Só mais tarde vem a participar no seu primeiro filme, Kids (1995) de Larry Clark, que acabou por marcar a primeira de várias polémicas que a têm acompanhado. O filme segue um grupo de adolescentes e aborda, de forma directa e sem moralismos, temáticas como a sexualidade e o consumo de drogas. A personagem de Chloë Sevigny neste filme (Jennie) é uma jovem nova-iorquina que descobre que é seropositiva. A partir desta estreia, Sevigny fez o essencial do seu percurso no cinema independente, meio em que é considerada um ícone. Segundo a própria, a única vez que fez um filme motivada pelo dinheiro foi em If These Walls Could Talk 2 (2000), sequela do telefime de sucesso da HBO conhecido em Portugal pelo título Perseguidas (1996) e no qual aceitou participar porque precisava de pagar a hipoteca da casa da mãe. De resto, basta olharmos para a filmo-

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A actriz considera o seu papel de mulher polígama na série 'Big Love' o mais exigente da sua carreira

grafia da actriz para percebermos que o que a move não é o cachet. O único filme mais mainstream em que entrou até agora foi o recente Zodiac (2007), de David Fincher. O reconhecimento público viria com o papel que desempenhou em Os Rapazes Não Choram (1999). Dirigida por Kimberly Pierce, faz de Lana Tisdel, uma rapariga que se apaixona pelo transexual Brandon Teena, representado por Hilary Swank. O argumento baseia-se nos factos reais que levaram à violação e assassínio de Brandon, que ocorreu no estado do Nebraska em 1993. Com este filme, Hilary Swank ganhou o Óscar de melhor actriz principal enquanto Chloë Sevigny, com um desempenho muito aclamado pela crítica, foi nomeada para melhor actriz secundária. Também Kimberly Pierce, a realizadora, confessou o seu fascínio por Chloë, tendo afirmado: «A partir do momento em que a câmara começava a rolar, ela

transformava-se numa outra criatura, numa coisa pela qual a câmara se apaixonava.» Continuando a trabalhar no cinema, Sevigny entra, entre outros, em Dogville (2003) de Lars Von Trier e em Melinda e Melinda (2004) de Woody Allen. Nova controvérsia viria a rodear a sua participação em The Brown Bunny (2003), o polémico filme de Vincent Gallo. Nunca ficou totalmente esclarecido se a cena final, em que a actriz pratica sexo oral ao realizador e actor, seria real ou simulada. O certo é que, aquando da sua apresentação em Cannes, centenas de pessoas abandonaram a sala e as que ficaram até ao fim não se coibiram de vaiar o filme abertamente. Conta-se que Chloë Sevigny saiu da sala em lágrimas e que mais tarde afirmou: «É uma pena que as pessoas escrevam tantas coisas sem sequer o ter visto [o filme]. Quando se vê o filme ele faz mais sentido. É um filme artístico. Devia ser projectado em museus. É como os filmes do Andy Warhol.» A polémica fez com que a agente da altura deixasse de a representar, por considerar que a carreira dela se encontrava arruinada. Porém, não foi isso que aconteceu e Chloë Sevigny conseguiu importantes papéis em diversos filmes logo de seguida, entre os quais o Broken Flowers (2005) de Jim Jarmusch. Foi em 2006 que conseguiu o importante papel que desempenha na série da HBO, Big Love (na foto da esquerda), sobre uma família polígama, onde Sevigny é Nicolette, segunda mulher de Bill Henrickson e filha de um «profeta» mórmon. Segundo a própria actriz, este é um dos papéis mais exigentes da sua carreira. Para o desempenhar, teve que fazer muita investigação sobre o tema,

y n g i v e S ë Chlo Polémicas

Lana Tisdel, a personagem de Chloë Sevigny em Os Rapazes Não Choram (Boys Don’t Cry), é igualmente o nome da rapariga que, na vida real, foi a namorada de Brandon Teena. Antes da estreia do filme, Tisdel colocou um processo em tribunal contra os produtores e os estúdios Fox Searchlight por invasão de privacidade e pelo uso não autorizado do seu nome e aparecência física. Na altura tentou ainda, sem sucesso, impedir a distribuição do filme. No processo, Tisdel argumentou que o filme continha elementos ficcionais que lhe eram prejudiciais, uma vez que ela surge na cena do crime, quando tinha dito à polícia estar ausente do local. Para além disso, a personagem de Chloë Sevigny mantém a relação com Brandon mesmo depois de saber que este era fisicamente uma mulher, algo que Tisdel também rejeita. Já depois da estreia do filme, Lana Tisdel acabou por chegar a um acordo com os estúdios. Quanto ao filme The Brown Bunny, não há volta a dar: será sempre famoso graças à cena explícita em que Chloë faz sexo oral a Vincent Gallo. O realizador representa o papel de Bud Clay, um motociclista que atravessa os Estados Unidos sem conseguir livrar-se da obsessão pela antiga namorada, Daisy (Chloë Sevigny). É já nos momentos finais do filme que surge a tão criticada cena. Vincent Gallo filmou-a recorrendo a câmaras operadas remotamente – ele e Chloë eram os únicos presentes na sala. A actriz procurou sempre desvalorizar a questão como algo de perfeitamente normal, tendo em conta que ela e Gallo tinham tido um relacionamento amoroso. 54 | tvPrime | Abril 2010


procurando entender este universo tão particular, e estas mulheres, apesar de opor-se frontalmente à forma como elas são subjugadas nestas comunidades. Nos Estados Unidos são frequentes os processos judiciais mediáticos que envolvem as seitas defensoras e praticantes da poligamia. Por este motivo, assim que se soube que a HBO iria lançar uma série sobre o tema, exaltaram-se os ânimos da crítica. Muitos criticaram, com efeito, o facto de Big Love humanizar esta realidade que, mesmo nos Estados Unidos, é para a maior parte das pessoas distante e incompreensível. À margem do projecto Big Love, Chloë Sevigny tem continuado a trabalhar em cinema e chegou a desenvolver uma linha de roupa vintage com a loja nova-iorquina «Opening Ceremony». Para terminar, refira-se ainda que, em 2006, protagonizou o videoclip de uma música de Beck, «Gamma Ray».

Entre dois mundos

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Chloë desenvolveu uma linha de roupa 'vintage' para uma loja de Nova Iorque

A acção de Big Love desenrola-se em torno da família Henrickson. Bill Henrickson (Bill Paxton) nasceu no seio de uma comunidade fechada de mórmones fundamentalistas que praticam a poligamia ― comunidade da qual foi expulso na adolescência. Procurou a partir daí integrar-se na sociedade e acabou por tornar-se num empresário de sucesso. Bill é casado com Barb (Jeanne Tripplehorn), Nicolette (Chloë Sevigny) e Margene (Ginnifer Goodwin), e tem oito filhos. Nesta terceira temporada, Bill envolve-se com Ana (Branka Katic) e vai tentar que Barb, Nicki e Margene a aceitem como quarta mulher. A família de Barb, que nunca aprovou o seu estilo de vida, volta a aparecer, fazendo-a reviver velhas angústias e ambiguidades. Entretanto, a comunidade de Juniper Creek, onde Bill e Nicki ainda têm família, continua a ser um foco de tensão constante, com o irmão de Nicki a tentar tomar o poder do próprio pai, o profeta Roman Grant (Harry Dean Stanton). A verdade é que a família Henrickson, encontrando-se entre estes dois mundos, acaba por não pertencer verdadeiramente a nenhum deles.

(A 3ª temporada passa actualmente na Fox Next)

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entrevista 56 | tvPrime | Abril 2010


A criadora

de vampiros Aproveitámos a sua passagem por Lisboa para conversar com a “mãe” de Sookie: uma senhora de 59 anos, simpática e tímida, que vive no Arkansas e confessa ser medrosa. Texto: jorge lima alves

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«Quando comecei a escrever sobre ela, fiz esta promessa aos meus leitores: Sookie nunca se tornará vampiro»

S

ei que nasceu em Tunica, no Mississipi. Pode falar-me um pouco da sua infância e juventude? Cresci numa zona rural, muito pobre. O meu pai era agricultor e a minha mãe trabalhava numa biblioteca. Tinha um irmão e vivíamos bastante longe da cidade. Tanto o meu pai como a minha mãe liam muito e havia sempre muitos livros lá em casa. Habituei-me a ler, logo em criança. Quando lemos muito, vem a vontade de escrever, não é assim? É isso mesmo. Lembra-se da primeira história que escreveu? Claro. Teria uns 11 anos quando comecei a escrever pequenas histórias sobre dinossauros e fantasmas. Coisas de criança. Mas ainda hoje gosto de dinossauros e fantasmas. Que sentiu quando foi publicado o seu primeiro livro? Já lá vão quase 30 anos. O meu primeiro romance era uma história policial chamada Sweet and Deadly. Escrevi-o quando estava a frequentar um curso de escrita criativa na Universidade de Missouri. A professora tinha trabalhado para a Houghton Mifflin, uma editora importante de Boston, e como gostou do meu trabalho, recomendou-me que enviasse o manuscrito para eles. E publicaram-me a história! Tive muita sorte. Ver um livro escrito por mim nas livrarias foi uma experiência incrível. A melhor sensação do mundo. Começou por escrever histórias policiais, mas acabou por sentir-se atraída pelo sobrenatural... Foi há cerca de 12 anos. Comecei a pensar em dedicar-me a outros géneros literários. E foi assim que me surgiu a ideia de escrever um livro sobre uma rapariga que namora um vampiro. Comecei a escrever a história da frente para trás e de trás para a frente, para criar o estranho mundo em que ela vive. Ou seja, atrás dos dragões e dos fantasmas da sua infância vieram os vampiros? Sempre me interessei por seres extraordinários como vampiros, lobisomens, o abominável homem das neves ou o monstro de Loch Ness. (risos) No caso concreto dos vampiros, acho que a minha atracção advém do seu simbolismo erótico. Hoje em dia, as pessoas querem parecer eternamente jovens e os vampiros são um bom modelo visto que não envelhecem… Por ou58 | tvPrime | Abril 2010

tro lado, em tempos sombrios como os que vivemos, as pessoas viram-se sempre para uma literatura de escape, mais fantasiosa. As estatísticas demonstram-no. Não tem medo que um dia lhe apareceça pela frente um verdadeiro vampiro? (Risos) Morreria de medo, como qualquer pessoa. Há pessoas que são atraídas pelo perigo, como Sookie, por exemplo... Não é o meu caso. Sou muito medrosa. Gostaria de ler o pensamento das pessoas, como o faz a sua heroína? Não, de modo nenhum. Acho que seria terrível. Ao dar-lhe essa capacidade, fiz à Sookie a pior coisa que se pode fazer a alguém. Não lhe acontece imaginar o que pensam realmente as pessoas que a rodeiam? Sim, acontece. (Risos) E não é muito lisonjeiro. Não parece ter muito boa opinião das pessoas de um modo geral. Infelizmente, é verdade. O ser humano é capaz das coisas mais terríveis. É capaz do melhor e do pior, toda a nossa história o demonstra. Sei que é cristã e vai à missa, pelo que deve acreditar... ... acredito na redenção, sim. Acredito no arrependimento e no perdão. Como concilia o facto de ter uma participação activa na igreja da cidade onde vive e, ao mesmo tempo, escrever sobre coisas tão ímpias como vampiros e lobisomens? Não tenho problema nenhum com isso: o que escrevo é puro entretenimento, não é para levar a sério. Sabe, recebo muitas cartas de pessoas que me dizem coisas do género: «Quando a minha mãe estava a morrer, os seus livros ajudaram-me a suportar essa fase», ou «Enquanto estava a fazer quimioterapia, as suas histórias faziam-me esquecer os meus problemas». Depois de ler dezenas de cartas como estas, acho que estou a fazer algo de bom. Quantos livros mais pensa escrever desta série dedicada à Sookie? Sei que vou escrever 13, porque é o que está no con-


De resto, adoro o que faço, considero-me uma privilegiada por ter este ofício. Gosto de ligar o computador, de manhã, para começar a escrever e não saber que direcção a história vai tomar. Gosto de me surpreender. Como é que surgiu a ideia de criar a personagem de Sookie? Eu ia fazer 50 anos e já escrevia há muito tempo, sem grande sucesso. Por isso, pensei que talvez fosse divertido parar de escrever histórias convencionais e fazer algo que há muito desejava fazer: escrever histórias com um elemento sobrenatural. Escrever livros que contivessem mistérios, mas que fossem mais além. No fundo, acho que queria escrever algo mais sexy, por isso lembrei-me de escrever sobre uma rapariga que namorasse com um vampiro. Para além de Sookie, quem é a sua personagem favorita? Gosto de todas, porque todas foram criadas por mim. Mas se tivesse que escolher uma, seria Pam, porque é sempre tão sarcástica. Divirto-me sempre quando ela entra em cena. Que pensa da série televisiva? Adoro-a. É impossível não gostar. Alan Ball tem imenso talento. trato que assinei. Depois disso, não sei. Se achar que a inspiração secou, que já disse tudo o que tinha para dizer sobre Sookie e os seus amigos, não seria justo para os fãs eu insistir na fórmula. Se ainda tiver prazer no que estou a fazer, continuarei, provavelmente. Neste momento, comecei a escrever o décimo-primeiro livro da série. Por isso, veremos. Pode falar acerca do décimo livro? Sairá em breve nos Estados Unidos. Chama-se Death in the Family e é acerca de várias famílias, a começar pela de Sookie. Acho que é um livro muito forte, estou muito contente com ele. Cada livro que escrevo é como se fosse o primeiro. Ou o último. Estou sempre à procura da melhor maneira possível para o fazer. Onde vai buscar a inspiração? Esse é um tema difícil. Acho que a minha inspiração advém do facto de eu saber que preciso de levar o livro até ao fim, para receber o dinheiro. (Risos) Por outro lado, sou escritora, por isso tenho que escrever.

Já convivia com estas personagens antes de Alan Ball pegar nelas para criar ‘Sangue Fresco’. Quando se viu confrontada com os actores que desempenham papéis criados por si, que sentiu? Na sua cabeça, eles deviam ser diferentes, não? Sim, tem razão. Todos eles, a começar pela Sookie, são muito diferentes na minha cabeça. Dito isto, admiro muito Anna Paquin e todo o elenco. Acho que eles fazem um trabalho extraordinário. Colabora de alguma maneira com o Alan Ball? Não, de todo. Sei que Alan gosta dos meus livros e confio nele plenamente. Ele tem sido fantástico, pois mantém-me sempre informada do que se está a passar na série televisiva. Ele é extremamente criativo e está a fazer um trabalho magnífico. O que ele faz na série dá-lhe ideias para o seu trabalho como escritora? Não. Seguimos linhas de trabalho muito diferentes. Eu concentro-me na personagem de Sookie, ele tem que desenvolver as outras personagens também. Abril 2010 | tvPrime | 59


«Muitos escritores ficam infelizes com as adaptações que fazem das suas obras. No meu caso, não tenho razão de queixa»

Sabendo que já está a escrever o décimo-primeiro livro da série, acredita que vão fazer muitas temporadas mais? Neste momento estão a filmar a terceira temporada e já assinámos um contrato para a quarta temporada. É tudo o que lhe posso dizer.

Para além de ‘Sangue Fresco’, vê outras séries na televisão? Adoro Perdidos. Michel Emmersom, que faz de Ben, é casado com Carrie Preston que faz de Arlene em Sangue Fresco. Conheci-os na festa da estreia de Sangue Fresco. São um casal simpatiquíssimo.

A Charlaine aparece na segunda temporada. Que me pode contar da sua experiência nas filmagens? Suponho que foi a primeira vez que participou em filmagens... Já tinha visitado o set de Los Angeles, quando ainda o estavam a construir, mas foi a primeira vez que vi os actores a trabalhar. Fiquei impressionada com a quantidade de gente e de trabalho que é necessário para filmar cenas que duram poucos minutos. Não imaginava que fosse tão difícil e demorado. Vi os técnicos das luzes, do som, o realizador, os assistentes e muita gente que nem cheguei a perceber qual era a sua função. Todos a trabalhar em equipa, como um todo. Foi uma grande lição. E também uma sensação poderosa, porque pensava: eu estou por detrás disto tudo. Na verdade, todo o processo tem sido compensador. Muitos escritores ficam infelizes com as adaptações que fazem das suas obras. No meu caso, não tenho razão de queixa, pelo contrário.

Sendo escritora, tem alguma teoria sobre o que se passa em ‘Perdidos’? Não, não entendo nada do que se passa, mas acho fascinante na mesma. Estou mortinha por saber como tudo aquilo vai acabar. Para além de Perdidos, vejo House, Ossos e CSI. De resto, passo mais tempo a escrever ou a ler do que a ver televisão.

E dos actores, o que achou deles como pessoas? Todos eles são excelentes pessoas, e tão bonitos na vida real como na série. Alexander Skarsgard, Stephen Moyer, Sam Trammel… mas também Aunjanue Ellis, que é o oposto da personagem que encarna no ecrã. Ficou surpreendida com a recepção dos fãs portugueses? Comovida. Nesta minha pequena digressão passei por Inglaterra, Itália, Polónia e Portugal e por todo o lado tenho fãs fantásticos, devo dizer. Fiquei surpreendida por verificar que, de um modo geral, os meus fãs europeus são mais jovens que os americanos. Sei que gosta muito de cinema. Que tipo de filmes gosta mais? Vi muito recentemente Estado de Guerra, da Kathryn Bigelow e adorei. Fiquei contente por ter ganho o Oscar, pois bem mereceu. Quis muito ver o filme porque o meu filho está na tropa neste momento. Fiquei fascinada. 60 | tvPrime | Abril 2010

Que conselhos daria a quem quer ser escritor? A única maneira de aprender a escrever é lendo. E escrevendo. Sentem-se à mesa e não saiam de lá até ter escrito. É preciso muita determinação e muita dedicação. É um trabalho muito solitário e é preciso gostar de estar só. Por mim, começo a escrever todos os dias às oito da manhã e acabo por volta das quatro da tarde. Tirando as visitas da minha assistente, que vem duas vezes por semana ajudar-me com o correio e os contratos, trabalho sozinha como todos os escritores do mundo. Porque é que acha que os seus romances têm mais sucesso do que outros que também falam de vampiros? Penso que o que faz a força dos meus livros, são as personagens secundárias. Procuro que todas elas sejam interessantes e se comportem de maneira original. O facto de Sookie estar tão enraizada no mundo real também ajuda. Como qualquer outra pessoa, ela tem contas para pagar, tem que trabalhar para viver. Penso que são características que ajudam as pessoas a identificar-se com o que lêem. Alguma vez Sookie se tornará vampiro? Nunca. Foi uma promessa que fiz aos meus leitores quando comecei a escrever sobre ela: Sookie nunca se tornará vampiro. A HBO anunciou que vai estrear, nos Estados Unidos, a terceira temporada de Sangue Fresco (True Blood) no próximo dia 13 de Junho.


Para «beber» à saciedade A primeira temporada de ‘True Blood’ (Sangue Fresco) está agora disponível em DVD. Bon Temps, Louisiana. Sookie Stackhouse (Anna Paquin) é uma doce e inocente empregada de mesa, mas o mundo em que vive não é um mundo comum. Nele, as criaturas da noite ganham vida e tentam levar uma vida singela entre nós. No seguimento da revelação de que os vampiros existem e querem viver em paz junto dos humanos – isto graças a sangue sintético produzido, claro está, pelos japoneses, o que faz com que já não precisem de sangue humano para sobreviver –, Bill Compton (Stephen Moyer), um vampiro de 173 anos, volta a casa. Ao regressar, conhece Sookie e uma atracção instantânea nasce entre os dois. O mundo simples de Sookie transforma-se em algo que ela nunca antes teria imaginado. Para completar o pitoresco quadro que as personagens de Sangue Fresco

compõem, temos ainda o irmão de Sookie, Jason (Ryan Kwanten), um mulherengo que não consegue evitar meter-se em sarilhos; a irreverente Tara (Rutina Wesley), melhor amiga de Sookie; Sam (Sam Trammell), o dono do Merlotte, o bar onde Sookie trabalha, que tenta esconder a sua afeição por ela; e o extrovertido Lafayette (Nelsan Ellis). Sangue Fresco (True Blood) é, sem dúvida,

um caso peculiar no que toca a séries de televisão que surgiram nos últimos anos. O primeiro contacto com a série deixa uma sensação estranha e não se sabe bem que reacção ter perante o que se acabou de ver. O episódio-piloto, o primeiro, aquele que dá início à saga, pode facilmente deixar um ligeiro sabor amargo a desilusão – quando se tem nos créditos um nome como o de

Alan Ball as expectativas são sempre elevadas – mas a série, à medida que se vai desenrolando, consegue transformar--se num sério caso de viciação. Numa altura em que as histórias de vampiros ganharam um impulso impressionante em todo o mundo, muito por culpa da saga Twilight, Sangue Fresco surge como abordagem mais

adulta ao género, uma lufada de ar fresco para quem não consegue ganhar interesse pelos dramas resultantes de paixões adolescentes vividas pelos personagens criados por Stephenie Meyer. E tal como é muito fácil cair no encanto de um vampiro, também é com alguma simplicidade que se cede aos apelos de Sangue Fresco. A edição em DVD da primeira temporada chega agora ao mercado português através da Zon Lusomundo. São cinco discos que contêm os 12 episódios, bem como alguns – poucos, à semelhança de outras edições de Região 2 – conteúdos extra, entre os quais se contam seis comentários áudio com o elenco e a equipa de produção e um mockumentary (um documentário fictício) sobre a presença de vampiros nos EUA. Pedro Andrade

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cinema na tv Textos: josé vieira mendes

FILME DO MÊS

ESTADO DE GUERRA

A guerra do Iraque vista de uma forma estilizada e microscópica abriu caminho à grande vitória nos Oscar 2010

Realização: Kathryn Bigelow n Interpretação: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Ralph Fiennes, Guy Pearce, David Morse n Género: Acção n Nacionalidade: EUA, 2008 n Disponível 1 de Abril n Exibição: Zon e Meo videoclubes

SINOPSE: Um novo sargento, James (Jeremy Renner), vai assumir o comando de uma equipa de especialistas treinada e equipada para neutralizar bombas e explosivos, em Bagdad no Iraque. No meio de todas as situações violentas do dia-a-dia do esquadrão, James vai surpreender os seus dois companheiros, Sanborn (Anthony Mackie) e Eldridge (Brian Geraghty), mergulhando à sua maneira num jogo mortal de combate urbano e de indiferença perante a morte. James tem tanto de valente como de viciado na guerra. Com seis Oscar da Academia, (incluindo Melhor Filme e Melhor Realizador), Kathryn Bigelow entrou no Olimpo dos mais valorizados artistas cinematográficos de Hollywood. Estado de Guerra (The Hurt Locker), uma pequena produção, fez história na História do

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cinema. Na verdade, a filmografia de Bigelow há muito tempo que impressiona uma pequena multidão de admiradores fiéis. O seu valor atingiu finalmente dimensão devida, mesmo que continue a manter a sua postura de cineasta independente com fortes ambições artísticas. Desde Ruptura Explosiva, com Patrick Swayze e Keanu Reeves, um filme de referência de todos os surfistas e dos admiradores da acção e adrenalina pura, passando pelo cenográfico ecossistema futurista de Estranhos Prazeres, por onde deambula um alucinado Ralph Fiennes, que quase sempre esteve incrivelmente fora do grande púlpito dos especialistas mediáticos da 7ª Arte. E não se percebe o porquê, já que os seus filmes são emocionantes histórias que nos levam aos limites do humano como é o caso de K 19 ou deste Estado de Guerra, ambientados num clima violento de conflitos bélicos,


vistos a uma dimensão muito localizada. Foi talvez por isso que Bigelow não hesitou em rodar com tanta elegância este excelente filme que arrebatou o aparente domínio avassalador de Avatar. Trata-se de um argumento baseado na reportagem do jornalista Marc Boal, para a Playboy, sobre uma elite de homens que tem a difícil tarefa de neutralizar bombas nos cenários da Guerra do Iraque. No entanto, Estado de Guerra não é nem um filme documental como Redacted, de Brain de Palma, já que não procura denunciar nada, mas apenas reportar minuciosamente os processos e as tensões que vive este pequeno esquadrão. Nem um filme de guerra no sentido clássico das grandes batalhas e das grandes produções, pois é desprovido de grandes artifícios narrativos e técnicos sobre os homens em situação de guerra. Estado de Guerra remete, por um lado,

para um certo companheirismo viril de O Sargento da Força 1 de Samuel Fuller ou de Barreira Invisível de Terrence Malick; e por outro para os viciados na guerra inspirados em Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola. Pode dizer-se que Estado de Guerra é o Apocalipse Now do século XXI, não na dimensão épica mas na dimensão realista da guerra. Não fosse ainda as palavras de dedicação de Bigelow, aos soldados americanos nos cenários de guerra de todo o mundo, no seu discurso dos Oscar, dir-se-ia que a realizadora escapou intencionalmente ao risco de cair num posicionamento crítico, político ou ideológico sobre a Guerra do Iraque. O seu registo é puramente documental e hipnótico ao nível das imagens e do trabalho de som. Os Oscar técnicos também foram bem entregues, neste sofisticado e estilizado registo microscópico sobre a guerra.

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cinema

na tv MEO & ZON VIDEOCLUBEs

TAKING WOODSTOCK

Baseado numa autobiografia de James Schamus, trata-se da história de Elliot Tiber, um aspirante a designer de interiores que regressa à casa de família nos arredores de Nova Iorque. Elliot, o principal responsável pela realização do Woodstock, debate-se com a sua homossexualidade não assumida e uns pais judeus e conservadores durante o mais famoso festival de música dos anos 60. Realização: Ang Lee n Interpretação: Emile Hirsch, Liev Schreiber, Demetri Martin, Kelli Garner, Paul Dano e Jeffrey Dean Morgan n Género: Comédia n Nacionalidade: EUA, 2009 n Disponível a 1 de AbriL

MICHAEL JACKSON THIS IS IT

Um olhar único e nostálgico sobre os bastidores dos famosos ensaios para a tournée que iria ter lugar na O2 Arena, em Londres, com o grande ídolo da pop entretanto falecido. Realização: Kenny Ortega n Interpretação: Michael Jackson n Género: Documentário n Nacionalidade: EUA, 2009. Disponível a 10 de Abril

MALDITO UNITED

Este filme decorre em Inglaterra, nos anos 60 e 70, e conta a história do famoso treinador de futebol Brian Clough e da sua breve e falhada carreira (44 dias) como treinador do Leeds United. Treinador de sucesso no Hartlepool e Derby County, com o seu fiel adjunto Peter Taylor, Brian aceita o convite para treinar o Leeds United, antes orientado pelo seu rival Don Revie. No entanto, as coisas não correm da melhor maneira e os resultados não aparecem... Realização: Tom Hooper n Interpretação: Michael Sheen, Jim Broadbent, Bill Bradshaw e Colm Meaney n Género: Drama n Nacionalidade: Reino Unido, 2009. Disponível a 10 de Abril

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NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Um filme fantástico, onde a realidade e os sonhos se cruzam. Phoebe é uma menina rejeitada pelos colegas da escola que ao mesmo tempo quer participar na peça Alice no País das Maravilhas. Mas o seu comportamento piora, criando uma grande pressão nos pais, que fazem tudo para a compreender e ajudar. Mas ela esconde-se nas suas fantasias, confundido a realidade com o sonho.

Realização: Daniel Barnz n Interpretação: Elle Fanning, Patricia Clarkson, Bill Pullman e Felicity Huffman n Género: Drama n Nacionalidade: EUA, 2009. Disponível a 22 de Abril

PARA A MINHA IRMÃ

Sara e Brian Fitzgerald são pais de duas crianças e formam uma família feliz. No entanto, as suas vidas mudam para sempre quando descobrem que a sua filha de dois anos, Kate, tem leucemia. A única esperança é conceberem outra criança, destinada a salvar a vida da irmã. O resultado é Anna. Kate e Anna partilham laços muito mais próximos do que a maioria das irmãs: embora Kate seja mais velha, ela depende da sua irmã. Na verdade, a vida dela depende de Anna. Mas quando Anna chega aos 11 anos, diz «não», e contrata o seu próprio advogado para obter a emancipação médica. Começa então um processo judicial que divide a família e poderá deixar o futuro de Kate nas mãos do destino... Realização: Nick Cassavetes n Interpretação: Cameron Diaz, Abigail Breslin, Alec Baldwin, Jason Patric e Joan Cusack n Género: Drama n Nacionalidade: EUA, 2009. Disponível desde 9 de Março

DISTRITO 9

É o grande filme de ficção científica da temporada cinematográfica. Há 20 anos, uma nave extraterrestre apareceu sobre a Terra. Os Humanos esperavam um ataque hostil ou observar grandes avanços tecnológicos. Em vez disso, encontraram um grupo de não-humanos refugiados, possivelmente os últimos sobreviventes da sua espécie. Enquanto as nações de todo o mundo discutiam sobre o que fazer com eles, as criaturas foram relegadas para um gueto – Distrito 9. A Multi-National United (MNU), uma empresa de segurança privada, e também a maior fabricante de armas do Mundo, foi contratada para supervisionar os visitantes. O verdadeiro objectivo da MNU é descobrir o segredo para a activação das armas mais poderosas, que requerem o DNA dos não-humanos. O clima de tensão entre os não-humanos e os humanos surge quando um agente de campo da MNU, Wikus van der Merwe, contrai um vírus misterioso que começa a converter o seu próprio DNA. Wikus rapidamente se torna o homem mais procurado em todo o Mundo, bem como o mais valioso – ele é a chave para desvendar os segredos da tecnologia não-humana. Sem ajuda de ninguém, há apenas um lugar onde ele se pode esconder – Distrito 9. Realização: Neill Blomkamp n Interpretação: Jason Cope, Robert Hobbs, William Allen Young e Sharlto Copley n Género: Ficção Científica n Nacionalidade: Africa do Sul/EUA, 2009. Disponível desde 13 de Março


EM VERSÃO

HD

MILLENIUM 1: OS HOMENS QUE ODEIAM AS MULHERES

Era mais ou menos natural que a trilogia best-seller de Stieg Larsson, acabasse por chegar ao cinema e estrear nesta ‘janela’ VOD, precisamente quando Millenium 2 chega às salas de cinema. Mikael Blomkvist é um jornalista de meia-idade, divorciado que tem passado a sua vida a denunciar a corrupção do mundo dos negócios de Estocolmo na sua revista Millenium. Quando Henrik Vanger, um poderoso empresário, o convida para um trabalho de investigação, Mikael tem nas mãos material irrecusável. Para sua surpresa descobre que, desta vez, esse material não tem nada a ver com escândalos financeiros mas com o desaparecimento da sobrinha do empresário, Harriet, 36 anos antes, num encontro de família. Com a ajuda da sua nova e rebelde parceira, Lisbeth Salander, uma hacker de alto nível com problemas de comportamento social, irão desvendar muitos segredos da família de Henrik, até então escondidos na penumbra. Realização: Niels Arden Oplev n Interpretação: Peter Andersson, Noomi Rapace, Michael Nyqvist e Sven-Bertil Taube n Género: Thriller n Nacionalidade: Suécia/França/Dinamarca, 2009 n Disponível a 11 de Abril

FAMA

Talento, dedicação e trabalho árduo é o que todos os alunos da New York City High School of Performing Arts precisam de ter para procurar a fama no mundo do espectáculo, na segunda versão cinema-

OS SUBSTITUTOS

tográfica da famosa série de televisão da década de 80. Numa incrível atmosfera competitiva, atormentados por dúvidas interiores, a paixão de cada estudante vai ser posta em causa. À medida que cada aluno luta pelo seu momento de glória, eles irão descobrir quem, entre eles, tem talento inato e a disciplina necessária para ser bem sucedido. Com o amor e a ajuda dos amigos e colegas artistas, eles descobrirão quem alcançará a Fama.

Os humanos estão a viver a vida remotamente, no conforto das suas casas, através de robôs substitutos – sexy, fisicamente perfeitos, representações mecânicas deles próprios. Bruce Willis regressa ao grande ecrã com este filme.

Realização: Jonathan Mostow n Interpretação: Bruce Willis, Radha Mitchell, Ving Rhames, Michael Cudlitz e Rosamund Pike n Género: Acção n Nacionalidade: EUA, 2009 n Disponível a 25 de Abril

SACANAS SEM LEI

Realização: Kevin Tancharoen n Interpretação: Kay Panabaker, Anna Maria Perez de Tagle, Naturi Naughton, Megan Mullally e Kelsey Grammer n Género: Musical n Nacionalidade: EUA, 2009 n Disponível a 4 de Abril

No primeiro ano da ocupação da França pelos alemães, Shosanna Dreyfus testemunha a execução da sua família pela mão do Coronel Nazi Hans Landa. Shosanna escapa por pouco, fugindo para Paris onde falsifica uma nova identidade como proprietária e operadora de um cinema. Noutro local da Europa, o Tenente Aldo Raine organiza um grupo de judeus americanos, soldados, para executar investidas rápidas e chocantes de retribuição. Conhecidos pelos seus inimigos como «os sacanas», o bando de Raine une-se à actriz e agente infiltrada alemã Bridget von Hammersmark numa missão para destruir os líderes do Terceiro Reich. O destino de todos eles converge sob um letreiro de cinema, onde Shosanna está determinada em criar o seu próprio plano de vingança.

O DELATOR

Em que estava a pensar Mark Whitacre, uma figura importante dentro da sua empresa, Archer Daniels Midland (ADM) – indústria agrária – que de repente vira delator? Ele pensa que se denunciar ao FBI os acordos ilegais de preços que a sua empresa faz, que será saudado como um herói e promovido. Mas antes de tudo isto poder acontecer, o FBI precisa de provas, pelo que Whitacre concorda em levar um gravador escondido na sua pasta, imaginando-se como uma espécie de agente secreto. No entanto, as constantes mudanças de comportamento de Whitacre ameaçam o processo contra a ADM porque os agentes do FBI começam a não conseguir decifrar o que é real e o que é produto da imaginação de Whitacre.

Realização: Quentin Tarantino n Interpretação: Brad Pitt, Christoph Waltz, Eli Roth e Diane Kruger n Género: Acção n Nacionalidade: EUA/França, 2009 n Disponível Desde 10 de Março

Realização: Steven Soderbergh n Interpretação: Matt Damon, Patton Oswalt, Melanie Lynskey, Scott Bakula, Frank Welker n Género: Comédia n Nacionalidade: EUA, 2009. Disponível a 18 de Abril

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O SILÊNCIO DE LORNA O tema da emigração clandestina é tratado neste

excelente e inesperado ‘filme policial’, da dupla de realizadores belgas Jean-Pierre & Luc Dardenne. T.O.: Le Silence de Lorna n Argumento e realização: Jean-Pierre & Luc Dardenne n Interpretação: Artà Dobroshi, JÉrÉmiE Renier, Fabrizio Rongione n Género: Drama n Distribuidora: Valentim de Carvalho Multimédia

SINOPSE: Lorna (Arta Dobroshi), uma jovem albanesa, emigra para a Bélgica, movida pela esperança de uma vida melhor com o namorado Sokol (Alban Ukaj). No entanto, casa-se com Claudy (Jérémie Renier), um toxicodependente, para assim conseguir a legalização. Considerados cineastas da realidade social, Jean-Pierre e Luc Dardenne introduzem neste filme uma inovação à sua obra, traçando um retrato negro de «uma mulher que arrisca mudar de vida perseguindo o sonho de obter a cidadania num país europeu e que vê a sua vida dilapidada por um conjunto de acontecimentos trágicos». A história é altamente apelativa para o grande público, sendo mesmo a mais ‘comercial’ destes realizadores, já que é um verdadeiro film noir com todos os ingredientes do género (máfias, papéis falsos, casamentos de conveniência e assassínios). Mesmo assim, não escapa à temática social, permanecendo «aberta a janela sobre o real», como confirma o próprio Luc Dardenne: «Um dos elementos mais importantes do filme é que tanto Lorna como Fabio colam perfeitamente à imagem estereotipada da heroína do film noir e do gangster. Lorna e o namorado são apenas imigrantes à procura de uma vida melhor, e portanto não a podemos identificar com a mulher fatal, já que o seu quotidiano é muito banal. No entanto, há efectivamente elementos do género policial: noite, cidade, chuva…» 66 | tvPrime | Abril 2010


A VALSA COM BASHIR um filme baseado em factos reais, que

combina a animação com o documentário, sobre os conflitos israelo-árabes. T.O.: Waltz with Bashir n Realização e argumento: Ari Folman n Vozes: Ari Folman, Ron Ben-Yishai, Ronny Dayag n Nacionalidade: Israel/Alemanha/França/EUA, 2008

SINOPSE: O realizador, que em 1982 combatia por Israel na Guerra do Líbano participando então no brutal massacre de Sabra e Shatila, conta a sua traumatizante experiência. A Valsa Com Bashir é a prova de que a animação pode ultrapassar os limites da linguagem infantil e passar para os domínios do documental. O grande mérito do filme é reunir essas características numa obra sobre os horrores de guerra e a forma como as experiências traumáticas afectam a memória e a vida. A acção decorre nos dias de hoje, com o cineasta a tentar recordar esse período taumático, e a lançar-se numa série de encontros com outros soldados que estiveram em Beirute. Quase todas as personagens que surgem no filme são reais. O mais impressionante é como tudo resulta num filme poderosíssimo.

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ZIDANE UM RETRATO DO SÉCULO XXI T.O.: Zidane, Un Portrait du Siècle XXI n Realização: Douglas Gordon, Philippe Parreno n IntErpretação: Zinédine Zidane n Género: Documentário n Nacionalidade: França, Islândia.

Com o objectivo de registrar os movimentos do craque francês Zinedine Zidane durante uma partida inteira, a dupla de artistas plásticos, na sua primeira longa-metragem, colocaram 17 câmeras – duas de alta definição – para filmar o jogo entre Real Madrid e Villareal ocorrido no dia 23 de Abril de 2005. Ao contrário de uma transmissão normal de futebol, todas as 17 câmeras ficaram focadas apenas em Zidane. O documentário-arte começa com a câmera aproximando-se totalmente da tela de um monitor que transmite o jogo. Não há narração, a não ser o som do estádio. Quando Zidane toca na bola ouvem-se as ovações dos espectadores, entrecortadas com algumas frases do jogador. Dirigido por Douglas Gordon e Philippe Parreno, Zidane, um Retrato do Século XXI é totalmente diferente de qualquer documentário realizado no mundo do futebol.

MARADONA BY KUSTURICA T.O.: Maradona by Emir Kusturica n Realização: Emir Kusturica n Interpretação: Diego Armando Maradona, Lucas Fuica, Emir Kusturica n Género: Documentário n Nacionalidade: Espanha/França, 2008.

Mais do que um documentário com uma vertente desportiva, trata-se do retrato sociológico, cultural e político da figura do grande astro do futebol. E para quem não se incomoda com excesso de egos e se interessa pela carreira do ex-jogador argentino Diego Maradona, estamos perante um curioso objecto documental. É pena que o cineasta bósnio Emir Kusturica faça questão de dividir com Maradona o seu nome no título, coloque referências a si próprio e aos seus filmes, parecendo querer ilustrar uma ideia ou situação ou algo de comum entre os dois, que não corresponde de todo à realidade. No final, talvez não se saiba mais sobre Maradona do que já se sabia antes. Gosta-se é talvez menos de Kusturica e do seu enfatuado ego. Mesmo assim, vale a pena ver este documentário que condensa a exuberância do realizador sérvio com muita música e a vida destas duas excêntricas figuras. Ao mesmo tempo é um filme triste e controverso, ao estilo de Emir Kusturica e da vida de Maradona.


SERBIS

Realização: Brillante Mendoza n Nacionalidade: Filipinas, 2008, 94’

O cineasta filipino Brillante Mendoza estreou--se aos 40 anos na realização de filmes, mas a sua obra tem sido bastante premiada e elogiada pela crítica nos grandes festivais internacionais. Os seus filmes são uma reinvenção do drama social realista com o melodrama e outros géneros populares do cinema Filipino dos anos 60 e 70. Utilizando um discurso narrativo directo, os filmes de Mendoza abordam de uma forma contemporânea, o seu país, as questões sociais, políticas, religiosas e de género, como por exemplo o questionamento das identidades sexuais. Em Serbis, a família Pinela dirige e habita um velho e degradado cinema pornográfico no centro de Manila que já conheceu melhores dias. Enquanto decorre a actividade diária das sessões, espectadores, prostitutas e elementos da família cruzam-se nos corredores e átrios do cinema.

GOMORRA Realização: Matteo Garrone n Nacionalidade: Itália, 2008, 137’

Baseado no livro de Roberto Saviano e realizado por Matteo Garrone, Gomorra é um mergulho brutal e violento, com uma crua e incrível precisão, nos meandros infernais da Camorra napolitana. Poder, dinheiro e sangue são os únicos «valores» com que os habitantes de Nápoles se confrontam no seu quotidiano. A única linguagem é a das armas e o sangue o vício maior dos mafiosos. Viver uma vida normal não é facil para os napolitanos. Neste cenário de guerra de clãs, tráficos, negócios escuros de toda a espécie, cruzam-se cinco histórias em redor das vidas de Toto, Pasquale, Don Ciro e Maria, Franco e Roberto, Marco e Ciro. Uma Camorra ficcionada, mas profundamente enraizada na realidade italiana.


ciclos rtp memória Sábados e domingos às 21h00

A FÉ

Quo Vadis de Mervyn LeRoy, 1951

Demétrio, o Gladiador de Delmer Daves, 1954,

Este tema alimentou muitos filmes da era de ouro de Hollywood e da história do cinema. São conhecidos como filmes religiosos de túnica e sandálias, populares principalmente na década de 50. Quo Vadis é uma superprodução centrada na história de Roma e na época de Nero, o imperador que mandou incendiar a cidade, numa manifesta reacção contra as primeiras comunidades de cristãos. No fundo, trata-se de uma bela história de amor protagonizada por Robert Taylor, Debora Kerr e Peter Ustinov, complementada por uma magistral reconstituição histórica da cidade, que recebeu oito Oscar da Academia. Demétrio, O Gladiador, de Delmer Daves não é uma grande produção, mas uma obra simbólica dentro do género. Trata-se de uma sequela de A Túnica, de Henry Koster, com o musculoso Vitor Mature, no papel de Demétrio. A fé do gladiador é posta à prova quando na arena tem de enfrentar poderosos adversários, as feras e a loucura de Calígula, Imperador de Roma. Dias 3 e 4 de Abril.

MARILYN MONROE

Niagara

de Henry Hathaway, 1953

Os Homens Preferem as Loiras de Howard Hawks, 1953

Figura inigualável na história do cinema, Marilyn Monroe é a perfeita evocação do estrelato de Hollywood. Marylin é um ícone e um símbolo sexual, reconhecido em todo o mundo há mais de meio século. Niagara, um retrato negro e sinistro da sexualidade humana, é talvez a obra que melhor justifica a sua

capacidade e polivalência interpretativa, por vezes algo menosprezada, em relação à sua invulgar beleza. Marilyn personifica uma sexy e calculista mulher que seduz o seu amante para a ajudar a assassinar o marido durante um fim-de-semana romântico nas cataratas de Niágara. Os Homens Preferem as Loiras, é uma das suas mais populares comédias. Marilyn, quase ‘incendeia’ o ecrã no papel de uma deslumbrante loira decidida a casar-se com um milionário, descobrindo que afinal os diamantes são mesmo os melhores amigos que uma rapariga pode ter! Dias 10 e 11 de Abril.

(a filha da negra é branca). À excepção da mulher negra, todos os outros perseguem uma aparente felicidade: imitam a vida. Sirk disse várias vezes que teria feito este filme apenas por gostar do título. As questões raciais sobrepõem-se aos elementos melodramáticos e Sirk arranca desempenhos excepcionais a Juanita Moore, Susan Kohner e Lana Turner. Dias 17 e 18 de Abril.

DOUGLAS SIRK

Casablanca

Escrito no Vento 1956

Imitação da Vida 1959

Escrito no Vento é o mais delirante e apocalíptico filme da obra de Sirk. O delírio manifesta-se em primeiro lugar na insólita trama: dois irmãos texanos de uma família de milionários, um bêbedo e imp otente, e uma ninfomaníaca (Robert Stack/ Dorothy Malone), por oposição a um outro par formado por Rock Hudson/Lauren Bacall, como exemplos de altruísmo e honestidade; ao nível da realização, o filme é marcado por cores antinaturalistas e cenários superdimensionados numa história em que a ironia de Sirk manifesta-se na sua forma mais cáustica. Escrito no Vento é considerado um dos filmes-monumento que melhor representa o género melodramático do cinema americano dos anos 50. Imitação de Vida é o adeus de Sirk a Hollywood: um melodrama absoluto onde convergem todas as linhas da sua obra. É um "filme de espelhos": duas mulheres, uma branca e uma negra, uma que enriquece e a outra que continua pobre, e as suas duas filhas

GRANDES CLÁSSICOS DO CINEMA

E Tudo o Vento Levou de Victor Fleming, 1939 de Michael Curtiz, 1942

E Tudo o Vento Levou é considerado por muitos como o melhor filme de todos os tempos. É uma obra grandiosa em muitos aspectos, incluindo como vencedor de dez Oscar da Academia. Trata-se de uma produção de David O. Selznick, a partir de um romance de Margaret Mitchell, vencedora de um Prémio Pulitzer. Uma história de amor arrebatadora, passada durante a Guerra Civil Americana, onde os seus imortais personagens Scarlett (Vivien Leigh), Rhett (Clark Gable), Ashley (Leslie Howard), Melanie (Olivia de Havilland), Mammy (Hattie McDaniel) e Prissy (Butterfly McQueen) acabaram por popularizar uma obra épica que marcou várias gerações. Casablanca é igualmente um dos filmes mais famosos do mundo. Rick Blaine (Humphrey Bogart), é um cínico americano que não arrisca o pescoço por ninguém na cidade de Casablanca, entreposto de espiões e fugitivos, nem pela mulher de Victor (Paul Henreid), a bela Ilsa (Ingrid Bergman), a sua ex-amante. Inspirado, repleto de suspense e emoções fortes é considerado uma das obras-primas da história do cinema. Dias 24 e 25 de Abril.


cinema nas salas

UM LUGAR PARA VIVER Depois do ambicioso ‘Revolutionary Road’, o realizador Sam Mendes regressa ao cinema independente novamente com uma história familiar.

T.O: Away We Go n Realização: Sam Mendes n Interpretação: John Krasinski, Maya Rudolph n Género: Comédia n Nacionalidade: EUA, 2009 n Duração: 97 minutos n Distribuidora: Valentim de Carvalho Multimédia

SINOPSE: Quando Burt (John Krasinski) e Verona (Maya Rudolph) descobrem que vão ter um bebé, entram em pânico. Eles odeiam a pequena cidade onde vivem, e agora os pais de Burt estão de partida para Bruxelas, deixando-os sem qualquer tipo de apoio. Decidem, então, fazer-se à estrada em busca de um lugar para viver, criar raízes e constituir uma família. Pelo caminho visitam uma série de velhos amigos ou familiares, porém, ou se deparam com famílias excêntricas, ou casais histéricos, ou então com gente extremamente inspiradora, transformando esta viagem numa experiência de partir o coração, cheia de graça e que ao mesmo tempo os encaminha para o mais inesperado lugar para viver e os faz perceber que, afinal, só precisam um do outro para construir algo muito valioso. Foi há cerca de dez anos que Sam Mendes fez Beleza Americana, o demolidor retrato da família americana que lhe valeu uma inesperada consagração com o Oscar de Melhor Filme. Já em 1999 este filme não deixava qualquer fio de esperança para os valores da família americana, já que Revolutionary Road (2008), demonstrava que as suas disfuncionalidades já vinham de muito longe. No entanto, com Um Lugar Para viver parece que este ponto de vista se adocicou um pouco. Mas só um pouco, pois esta história trata de um casal muito jovem, inseguro e hesitante que procura o seu equilíbrio e estabilidade, já que aguarda a chegada do seu primeiro filho. Estruturado em cinco capítulos e um epílogo, descreve a viagem de um casal de trinta anos que espera um filho e que busca incessantemente o lugar ideal para o criar e ver crescer. Só que a sua insegurança é tal que chegam a pôr a possibilidade de abortar a sua paternidade. Só que desta vez, Sam Mendes e os seus argumentistas não parecem estar dispostos a cair na habitual falta de esperança e a dar uma oportunidade a Burt (John Krasinski) e a Verona (Maya Rudolph) e proporcionando-lhes esse tal lugar real para uma vida melhor. O filme, em episódios uns mais bem conseguidos que outros, oscila entre um certo exagero por vezes grotesco das personagens mais velhas (Catherine o’Hara e Jeff Daniels) e bons momentos de diálogos e intimidade entre Krasinski e Rudolph, relativamente às suas dúvidas e às suas incertezas quanto ao futuro. Um filme algo terno e tocante, mas muito longe das garndes obras que revelaram o brilhante e culto realizador britânico, actual marido de Kate Winslet. ESTREIA PREVISTA: 1 de Abril

Um filme terno e tocante, mas longe do brilhantismo de outras obras do realizador Abril 2010 | tvPrime | 71


cinema

nas salas

Carregada de sexo e dogmas religiosos, esta obra corrosiva termina em delírio total

ESTE É O MEU SANGUE Mais um filme arrepiante, de pôr os nervos em franja, dirigi-

do pelo grande cineasta coreano de culto que surprendeu tudo e todos com ‘Oldboy – Velho Amigo’. T. O.: Thirst n Realização: Park Chan-Wook n Interpretação: Kang-Ho Song, Ok-Vin Kim n Género: Terror n Nacionalidade: Coreia/França, 2009 n Duração: 133 minutos n Distribuidora: Ecofilmes/Vitória Filmes

SINOPSE: Um padre católico (Kang-ho Song) estava em África à procura da cura para uma grave doença. Contagiado, acaba aparentemente por morrer. Uma transfusão sanguínea fá-lo regressar à vida, tornando-se num sedento bebedor de sangue. Este novo e obscuro despertar vai acentuar uma forte atracção sexual contida que tinha por uma mulher casada (Ok-vin Kim) com um amigo seu, e que representa uma espécie de vampiro virgem, voraz e impoluto. As coisas não vão acabar bem… Este é o Meu Sangue (Thirst, de sede, no original) é um magnífico filme de vampiros ao melhor estilo oriental, que foi apresentado primeiro na Competição do Festival de Cannes (Prémio do Júri) e mais recentemente no Festival de Cinema de Sitges (Espanha), onde foi muito bem acolhido. Tratando-se, obviamente, de um grande festival de culto no género terror. De qualquer modo, Este é o Meu Sangue rompe com os estereótipos tradicionais do vampirismo, pois o protagonista é um sacerdote católico em conflito com os seus dilemas morais e que tenta conciliar a sua ética e fé com as suas pulsões de “chupador-de-sangue”. Esta história louca de um padre católico convertido em vampiro (que não foge quando lhe apontam crucifixos), combinada com um forte ambiente de elementos eróticos e bizarros não foge ao incontornável estilo, de Park Chan-wook para criar uma 72 | tvPrime | Abril 2010

violência desenfreada e um universo plasticamente inexcedível e atraente. Não é por acaso que mesmo para aqueles para quem o cinema coreano passa um pouco ao lado, este cineasta não lhes é indiferente. É o mais reconhecido dentro e fora das suas fronteiras (sobretudo fora) e provavelmente quem viu Oldboy - Velho Amigo, nunca mais o esqueceu. Não obstante também e à partida, as primeiras cenas de Este é o Meu Sangue façam pensar que vamos assistir a um “festival vermelho” a um ritmo louco de punk hardcore, o filme acaba por ser bastante mais épico e comedido que os anteriores do realizador. Este está igualmente carregado de sexo e de dogmas religiosos, numa conjugação algo irreverente e estranha, que vai marcando os dilemas morais em que vive o protagonista, ao mesmo tempo que vai extrapolando esses conflitos interiores para toda a sociedade e para as outras personagens: bem e mal, pecado e redenção. Em Este é o Meu Sangue, a selvajaria acaba por ceder terreno ao absurdo e ao humor corrosivo, tornando-se num filme delirante, com situações surrealistas e que se passam, basicamente, no seio da família coreana, do marido da rapariga. Loucura e delírio total como já nos vem habituando o incansável realizador coreano. O filme é protagonizado por Kang-Ho Song, um grande actor e uma estrela coreana, que interpretou filmes soberbos como, por exemplo, o policial Memories Of Murder (infelizmente inédito em Portugal) e Host, e que tem agora a oportunidade de experimentar a temática dos vampiros. ESTREIA PREVISTA: 1 de Abril


GREENBERG T.O.: Greenberg n Realização: Noah Baumbach n Interpretação: Ben Stiller, Greta Gerwig n Género: Comédia n Nacionalidade: EUA, 2010 n Duração: 107 minutos n Distribuidora: Castelo Lopes Multimédia

SINOPSE: Roger Greenberg (Ben Stiller) é um early-40’s que resolveu dar um tempo à sua vida após passar uma temporada numa clínica de repouso. Ao regressar a Los Angeles para cuidar da casa do irmão que parte de férias com a sua linda família para o Vietname, Roger conhece a jovem Florence (Greta Gerwig), uma baby-sitter com a qual vai estabelecer uma relação de “toca e foge”. Apesar de ter sido mal recebido pela imprensa na última Berlinale – Festival de Cinema de Berlim, a crise existencial de Ben Stiller em Greenberg, num filme realizado pelo nova-iorquino Noah Baumbach (A Lula e a Baleia), tem qualquer coisa de delicioso, quanto mais não seja porque vemos um Stiller sério e taciturno, incapaz de envolver-se numa relação amorosa, apesar da disponibilidade de Florence (Greta Gerwig). «Foi bom ter feito este filme muito diferente daquilo que tenho feito», admitiu Stiller. «Tem muitos elementos de uma comédia romântica mas é, sobretudo, uma história sobre duas pessoas que enfrentam problemas em determinado período da sua vida. A maneira como eles se afectam um ao outro está na forma brilhante como o filme foi escrito», conclui. O filme tem ainda uma excelente banda sonora composta por James Murphy que ajuda, de alguma forma, a caracterizar as personagens e marca o ritmo de grandes momentos do filme. Estreia prevista: 29 de Abril

Greta Gerwig e Ben Stiller, aqui num papel muito diferente do habitual

CONFRONTO DE TITÃS T.O: Clash of the Titans n Realização: Louis Leterrier n Interpretação: Sam Worthington, Liam Neeson n Género: Acção e Aventura n Nacionalidade: Reino Unido/EUA, 2010 n Distribuidor: Columbia Tristar Warner

SINOPSE: O velho mito grego de Perseo (Sam Worthington) que vai enfrentar a Medusa para libertar Andrómeda (Alexa Davalos). Este filme é apenas a ponta da lança de um ano aparentemente com vários peplums, um subgénero de acção e aventura (túnica e sandálias) que caiu na decadência e parece querer regressar em força. O realizador Louis Leterrier (O Incrível Hulk) recupera um clássico, Fúria de Titans (1981), de Desmond Davis, com uns efeitos especiais rudimentares de Ray Harryhausen, agora com todos os provimentos técnicos do digital e muita testosterona como em 300, de Zack Snyder (2006). A fazer companhia a Sam Worthington (Avatar), que se arrisca a tornar-se uma espécie de herói do ano, estão Liam Neeson, Gemma Arterton e Ralph Fiennes novamente no papel de um malvado. Estreia prevista: 15 de Abril

Sam Worthington envolvido em mais uma guerra Abril 2010 | tvPrime | 73


cinema

nas salas

COMBATE PELA VERDADE T.O.: Green Zone n Realização: Paul Greengrass n Interpretação: Matt Damon, Amy Ryan, Jason Isaacs, Greg Kinnear, Brendan Gleeson n Género: Acção n Nacionalidade: França/EUA/Espanha/ Reino Unido, 2010 n Duração: 117 minutos n Distribuidora: Zon Lusomundo

O novo filme de Paul Greengrass, que volta a juntar o realizador e Matt Damon, (que já tinham trabalhado juntos na saga Bourne), é uma adaptação do livro Imperial Life In The Emerald City: Inside Iraq`s Green Zone, de Rajiv Chadrasekaran, jornalista do Washington Post. O actor Matt Damon encarnará no filme um oficial que, em colaboração com a CIA, busca provas da existência de armas de destruição maciça. A existência de tais armas – nunca comprovada – foi um dos argumentos utilizados pelo presidente norte-americano, George W. Bush, para ordenar a invasão do Iraque. Mesmo assim, segundo o realizador. não é um filme com uma mensagem política, mas antes um thriller que decorre em Bagdad, um local extremo onde há muitas coisas em jogo. O realizador desmarca-se do tom político de outros filmes feitos no Iraque: «As mensagens são para os políticos e para os líderes religiosos», continua Greengrass, «o objectivo de um filme é explorar a complexidade do mundo, com o 11-S ou não, e sem tomar partido de um lado ou de outro». Além de Matt Damon, também Amy Ryan, Jason Isaacs, Greg Kinnear e Brendan Gleeson fazem parte do elenco. Estreia prevista : 11 de Abril Matt Damon num “thriller” trepidante que decorre em Bagdad

AMO-TE, PHILLIP MORRIS T.O.: I Love You Phillip Morris n Realização: Glenn Ficarra E John Requa n Interpretação: Jim Carrey, Ewan McGregor, Rodrigo Santoro, Leslie Mann n Género: comédia n Nacionalidade: EUA/França, 2009 n Duração: 102 minutos n Distribuidora: Ecofilmes/Vitória Filmes

SINOPSE: Steve Russel (Jim Carey), um polícia texano, casado e pai de filhos decide finalmente “sair do armário”. Mas descobre rapidamente que ter uma vida dupla exige bastante dinheiro. Por isso, mete-se em trapaças e fraudes para lhe permitirem manter um padrão de vida e as aparências. Mas acaba por ser descoberto e preso. Na penitenciária vai encontrar Phillip Morris (Ewan McGregor), um sensível companheiro de cela e aparentemente o amor da sua vida. Numa busca incansável, Russell enceta fuga após fuga da prisão (por quarto vezes), dando um golpe atrás do outro, forjando identidades, tudo em nome do amor, para encontrar deseperadamente Morris. O filme é baseado no livro Houston Chronicle, escrito pelo jornalista Steve McVicker. Estreada no Festival de Sundance 2009, esta comédia é dirigida e escrita pela dupla Glenn Ficarra e John Requa, e tem como protagonistas os actores Jim Carrey, Ewan McGregor, Rodrigo Santoro (é difícil imaginar os três a interpretar personagens de gays), e ainda Leslie Mann. Polémica à parte, é um filme que diz a sorrir muitas coisas sérias, abrindo-se às mais diversas interpretações e diálogos sobre a identidade sexual e a moral vigente, sobretudo numa sociedade conservadora. Estreia prevista: 1 de Abril Ewan McGregor e Jim Carey numa comédia “gay”que aborda questões bem sérias 74 | tvPrime | Abril 2010


Aaron Johnson é Dave Lizewski, um fã de banda desenhada que decide combater o mal

KICK ASS T.O.: Kick-Ass n Realização: Matthew Vaughn n Interpretação: Aaron Johnson, Christopher Mintz-Plasse, Nicolas Cage n Género: Acção/Aventura n Reino Unido/EUA, 2010 n Duração: 117 min n Distribuidora: Ecofilmes/Vitória Filme

SINOPSE: Dave Lizewski (Aaron Johnson) é um adolescente normal, fã de BD, com poucos amigos, e que vive só com o seu pai. A sua vida não é difícil, e os seus feitos são medianos. Contudo, um dia, resolve tornar-se um super-herói e combater o crime, apesar de não ter qualquer treino ou poder. Kick-Ass não tem um termo correspondente em português. Em tradução literal, é algo como ‘o pontapés no cu’. O filme é um dos mais aguardados do ano é uma adaptação dos comics de Mark Millar e John Romita Jr. Dirigida por Matthew Vaughn (Nem Tudo É o que Parece, Stardust) o filme conta a histórioa improvável de um adolescente chamado Dave Lizewski (interpretado por Aaron Johnson), que se torna um guardião das ruas, fazendo justiça com as suas mãos. O elenco é composto por Christopher Mintz-Plasse (o McLovin de Superbad), Nicolas Cage, Chloë Moretz, Lyndsy Fonseca, Clark Duke e Mark Strong. Estreia prevista: 22 de Abril com/


Já viu o novo filme de Tim Burton? Olhe que vale a pena, sobretudo em 3D. Se já viu, saiba que agora pode ler os livros e ouvir os discos

livros&discos

Eterna

Texto: RAQUEL FLOR NETO

J

á viu o filme? Ouça agora os discos. Há dois, ambos lançados pela EMI. Um corresponde à banda sonora do filme. É assinado por Danny Elfman, o compositor preferido do realizador (e vencedor de um Grammy pelo seu trabalho em Batman). Como é normal nestes casos, a música resiste mal à ausência das imagens e só mesmo os incondicionais das bandas sonoras se interessarão por elas. Todos os outros preferirão Almost Alice, uma colectânea que propõe 16 canções inspiradas pelo imaginário de Lewis Carroll. Como é típico neste tipo de empreendimento, há de tudo: do muito bom ao sofrível. Os adolescentes gostarão, sobretudo, de ouvir Avril Lavigne e Tokio Hotel aqui numa colaboração com Kerli, uma 76 | tvPrime | Abril 2010

Alice

cantora estoniana, descoberta num programa tipo Ídolos). Os menos jovens preferirão Robert Smith (o já lendário líder dos Cure), que figura em Almost Alice com um notável remake de «Very good advice», canção que figurava no filme original da Disney, de 1951. Esta é, de resto, na minha modesta opinião, a melhor canção do disco, a par de «The lobster quadrille», dos Franz Ferdinand. Embora pelo

meio haja música para todos os gostos – do synth pop dos Metro Station ao hard rock dos Shinedown, passando pela electrónica rock dos 30H!3 e o pop punk dos All Time Now, para referir apenas alguns – gostei especialmente de ouvir «The poison», dos The AllAmerican Rejects, uma banda de powerpop-rock de Oklahoma e «Allways running out of time» dos Motion City Soundtrack, uma ban-

da rock de Minneapolis, que desconhecia, mas vou procurar conhecer melhor. Quanto aos livros, é absolutamente consensual: Alice no País das Maravilhas (juntamente com a sua continuação Do Outro Lado do Espelho) é um clássico absoluto da literatura para crianças. Na verdade, se até as crianças de tenra idade são sensíveis à inteligência de Lewis Carroll, as suas muitas


e

subtilezas só são devidamente apreciadas por adultos muito especiais. Toda a gente já ouviu falar do livro, mas poucos o leram realmente. É o problema dos clássicos que já foram mil vezes adaptados para o cinema e a televisão, que já deram origem a bandas desenhadas, peças de teatro e até folhetins radiofónicos... Não há ninguém que não pense conhecê-los mesmo nunca tendo lido o original. É uma pena, pois Alice é um dos mais belos textos (mais ainda em língua inglesa) que se podem possuir em qualquer biblioteca. As versões de Alice no País das Maravilhas não faltam, até mesmo em português. De resto, há entre nós edições para todos os gostos e bolsas; mais ou menos ilustradas, em formato bolso ou

com capa dura. Isto para não falar dos audio-livros e das versões digitais em várias línguas. No meu iPod Touch, por exemplo, tenho uma versão em inglês que se pode descarregar da iTunes à borla. As Publicações Dom Quixote, que também têm editada a versão original, acabam de lançar um «novo» Alice No País das Maravilhas, com a assinatura da Disney. Tratase, em boa verdade, de uma adaptação que T. T. Sutherland fez do argumento que Linda Woolverton escreveu a pedido do realizador Tim Burton, cujo filme Alice in Wonderland está actualmente nas salas. Na versão em causa (ver capa ao lado), a história não sai, portanto, da imaginação prodigiosa do reverendo Charles Lutwidge Dodgson (mais conhecido pelo seu pseudónimo Lewis Carroll),

pondo antes em cena uma Alice já com 19 anos, que os pais querem casar à força. Quem já viu o filme sabe como tudo começa: durante uma reunião para anunciar o seu noivado, Alice cai pela toca de um coelho e regressa (quase) sem querer ao País das Maravilhas. Nesse lugar mágico, também conhecido como Reino Inferior, vai reencontrar as personagens das suas aventuras infantis: o coelho branco de fraque, os gémeos Tweedles, a Rainha Vermelha, a Rainha Branca, o chapeleiro louco e por aí adiante. De aventura em aventura, Alice acabará por descobrir quem é verdadeiramente e o que quer fazer da sua vida. Leitura escorreita e final feliz, como convém. Em matéria de feel good book seria realmente difícil fazer melhor. Abril 2010 | tvPrime | 77


flashforward O

A televisão em três dimensões está aí! Texto: jorge lima alves

sucesso alcançado pelos primeiros filmes em 3D, com destaque para o campeão de bilheteiras Avatar, fizeram crescer a água na boca aos fabricantes de televisores, numa altura em que este mercado começava a dar alguns sinais de saturação. A tecnologia Full HD 3D proporciona uma experiência de visualização imersiva e com ela entrámos numa “nova dimensão”, a que a indústria televisiva não podia ficar indiferente. Tanto quanto se percebeu até ao momento, ao nível da televisão tridimensional existem várias opções para o consumidor consoante as escolhas dos operadores. Televisores 3D com taxas superiores a 120 Hz combinados com óculos especiais de lentes encarnadas

78 | tvPrime | Abril 2010

e azuis ou televisores 3D com óculos polarizados, são algumas das possibilidades. Mas, enquanto cada marca trabalha no seu próprio sistema, toda a gente espera que nos próximos dois anos a indústria caminhe no sentido da padronização dos equipamentos. Todas as grandes marcas estão na corrida da televisão 3D e já têm modelos específicos no mercado. É o caso da LG, por exemplo, com os modelos das séries LX9500 e LEX6500. Os tamanhos destes aparelhos variam entre 42 e 55 polegadas. Os modelos maiores, com 60 e 72 polegadas, só chegarão ao mercado mais tarde. A TV 3D apresentada funciona com óculos ditos activos, porque recebem um sinal vindo

do aparelho que comanda as suas lentes. Os óculos alternam a opacidade da lente de cada olho, criando o efeito de terceira dimensão. Como o movimento é rápido, o cérebro não percebe que as lentes piscam. Como se trata de um sistema próprio, não vale a pena tentar usar os óculos que se trazem do cinema. Outro detalhe: é preciso ter uma sala espaçosa para gozar plenamente dos efeitos da televisão. A distância entre cinco e seis metros é a ideal. Menor que isso, a imagem aparece com sombras e cansa a vista com facilidade. A Philips, por seu turno, desenvolveu uma tecnologia que simula o 3D nas imagens da televisão sem a necessidade de óculos


especiais ou aparelhos complementares! Para obter os impressionantes efeitos 3D, a TV da Philips utiliza uma tecnologia especial, cuja descrição detalhada só os entendidos compreenderiam. A Sony está um pouco atrasada nesta corrida, mas prometeu lançar os primeiros modelos antes de começar o Campeonato do Mundo de Futebol. Em Junho começam a ser comercializados oito modelos de LCD que exibem imagens em 3D. São aparelhos de alta definição cujos ecrãs irão das 40 polegadas (102 cm) até às 60 (153 cm). No meio desta “corrida”, a primeira marca a colocar um televisor 3D em Portugal foi a Panasonic. Um plasma de 50 polegadas Full HD, que inclui todas as tecnologias da marca como, por exemplo, o Viera Link (sistema para ligação fácil entre equipamentos Panasonic) e o Viera Cast (sistema de Internet na TV). A tecnologia 3D da Panasonic, 3D Full HD, funciona com óculos que têm, também eles, tecnologia.

Testes 3D em Portugal Se comprar um Viera TX-P50VT20 vai receber dois pares de óculos. Se quiser mais um par vai ter de desembolsar mais 150 euros. Quanto à tecnologia utilizada, a Panasonic explica: «Uma vez que a emissão em 3D envolve imagens alternadas para o olho esquerdo e para o olho direito, é essencial reduzir a sobreposição das imagens para se obterem imagens perfeitas em 3D. A série VT20 utiliza um método sequencial de imagens que emite as imagens campo-a-campo com extrema rapidez, fruto dos rápidos tempos de resposta dos plasmas, evitando imagens com ‘fantasma’». Last, but not least, a Panasonic faz questão de sublinhar que «todos os plasmas são fabricados sem utilizar mercúrio ou chumbo, de forma a reduzir o lixo tóxico quando forem destruídos».

Sendo a televisão a três dimensões (3D) uma das inovações tecnológicas mais esperadas pelos consumidores, as operadoras portuguesas de telecomunicações debatem-se já na esperança de liderar o processo a nível nacional. A Zon antecipou-se ao anunciar, em Março, um canal 3D, assim como uma parceria com a Quantel, empresa britânica que forneceu o equipamento para as filmagens do filme Avatar. De resto, existem já actualmente no videoclube da Zon trailers de filmes que permitem a demonstração das capacidades deste canal em matéria de 3D. E os consumidores podem experimentar esta tecnologia em quatro lojas da Zon já equipadas com ecrãs 3D. O problema é que a visualização deste canal de testes requer um televisor especial. Por isso, a Zon vai disponibilizar um equipamento específico para o efeito, que deverá custar entre os oito e os nove mil euros. A tecnologia é ainda cara e não existem muitos conteúdos, mas os primeiros passos já foram dados. Quanto ao Meo, não adianta datas para o lançamento de canais em 3D, mas já lançou uma nova campanha publicitária em três dimensões ― com a participação dos Gato Fedorento ― que foi emitida em simultâneo nas três estações de televisão em sinal aberto (RTP1, TVI e SIC), assim como no Largo Camões, em Lisboa, e na Praça dos Leões, no Porto, em telas gigantes preparadas para a emissão de imagens em 3D. Consta que esse anúncio televisivo foi o mais visto de sempre entre nós.

Abril 2010 | tvPrime | 79


FLASH FORWARD

IPAD vs Kindle

A nova guerra dos gigantes da comunicação Texto: marco antónio reis

Ciclicamente, o mundo digital confronta gigantes da comunicação, numa competição frenética pela imposição de um determinado produto, agarrado a um único e exclusivo formato. Na base destas guerras está o controlo do mercado, tornando hardware e software algo ao serviço da marca e não necessariamente do consumidor. Exemplos dessas guerras foram a dos anos 80 com as cassetes VHS/BETA ou a do princípio de século com os discos Blu-ray/HD DVD. Estas batalhas culminam inevitavelmente com a cedência de posição (por vezes negociada)

de uma das partes em favor da outra. Desta vez, a guerra está a estabelecer-se no mundo da imprensa digital, com os gigantes Apple e Amazon a digladiarem-se por um “lugar ao sol”. Ambos apresentam um leitor portátil de texto digital, com tamanhos de ecrã idênticos (9,7’’). Quer o Kindle (versão DX), quer o iPAD apresentam a possibilidade de aceder a conteúdos online, apresentando o Kindle a vantagem da placa 3G wireless. Mas é nas capacidades dos aparelhos que a Apple faz a diferença. Ao contrário do seu concorrente, permite ao utilizador a visualização de conteúdos com cor e multimédia, com a perspectiva de

apresentar filmes, gráficos e fotos a cores. O Kindle, que apresenta um preço de venda nos Estados Unidos de 260 dólares, contrapõe às limitações de um browser rudimentar, a capacidade de viver duas semanas sem ir à corrente. Além disso, deverá ser possível ler os conteúdos do Kindle no iPAD, da mesma forma que os conseguimos ler no iPhone, se não nos importarmos de ler tudo a preto e branco e com gráficos muito primitivos, num reviver da era do pixel. No meio de toda esta luta, há que considerar ainda o Skiff Reader, aposta muito interessante da Skiff, que com a sua maleabilidade, peso e autonomia promete revolucionar esta guerra (e o mercado).


Heavy Rain Texto: joão vitória

Os videojogos não são só cada vez mais espectaculares de um ponto de vista gráfico ou sonoro. São cada vez mais apelativos para todos os tipos de público, mesmo para aqueles que habitualmente não jogam. Os party games como o Buzz ou os divertidos mini-jogos de Wii Sports são acessíveis mesmo para quem não tem os polegares treinados através de horas sem fim a manipular um controlador. Heavy Rain usa argumentos diferentes para cativar não só os suspeitos do costume, mas para proporcionar uma boa experiência a quem não é um super-herói do controlador: narrativa, exploração e diálogo. Tudo isto num ambiente gráfico soberbo. Em Heavy Rain temos controlo sobre quatro personagens para conseguirmos descobrir quem é o «Assassino do Origami», um assassino em série que usa a chuva para afogar as suas vítimas.

Os jovens rapazes que são raptados e aparecem mortos ao fim de poucos dias têm apenas duas pistas, uma figura de origami e uma orquídea. Shauns Mars é o mais recente desaparecimento que está ligado ao «Assassino do Origami». O seu pai, Ethan Mars, sabe que tem poucos dias para encontrar Shaun antes que ele seja a próxima vítima. A juntar-se a Ethan no leque das personagens jogáveis temos a fotojornalista Madison Paige, o profiler do FBI Norman Jayden e o investigador privado Scott Shelby. Cada acção e cada diálogo pode influenciar o rumo do jogo. Nem mesmo a morte de uma destas quatro personagens é impeditiva do nosso progresso em direcção a descobrir o «Assassino». Mas é bastante provável que com menos personagens podemos não ter acesso a pistas importantes. Depois de chegarmos ao final do jogo

é interessante voltar atrás e recomeçar, pois como as nossas opções, durante o jogo, influenciam o rumo da história, o final poderá ser diferente. Muito se tem discutido se Heavy Rain é um jogo ou um filme interactivo. Seja uma coisa ou outra, temos uma certeza: é uma excelente experiência. Não é o típico jogo onde temos de dar tiros em tudo o que mexe ou andar a acelerar num carro a fugir da polícia. É uma história bem estruturada, com um modelo de jogo acessível que irá proporcionar bastantes horas de entretenimento de qualidade. Um jogo baseado em narrativa pode parecer complicado em particular para quem não domina o inglês. Felizmente, Heavy Rain está totalmente localizado para Portugal e conta com as vozes de Cláudia Vieira, Pedro Lima, Pepê Rapazote, Vítor Norte, Marco Delgado e Leonor Seixas para dar vida às personagens principais.

Disponível para PlayStation 3


6 perguntas a...

NA PRÓXIMA EDIÇÃO Antevisão

Saiba (quase) tudo sobre Game of Thrones, a nova série da HBO, baseada na série de livros «A Song of Ice and Fire, do escritor George R. R. Martin. Criada por David Benioff e D. B. Weiss, a série televisiva conta com os actores Sean Beand (na foto), Mark Addy e Lena Heady entre outros. Para além do episódio piloto, já transmitido nos Estados Unidos, a primeira temporada contará com mais nove episódios, cujas filmagens estão previstas para Junho, na Irlanda.

Tina Fey

O realizador de A Bela e o Paparazzo, é uma presença regular na televisão como comentador desportivo. Da sua filmografia, destacam-se Oxalá (1981), O Lugar do Morto (1984), Os Imortais (2003) e Call Girl (2007). Recorde-se que António Pedro Vasconcelos também foi crítico literário e cinematográfico, nomeadamente na Visão e no Independente. Para este primeiro número da tvPRIME dispôs-se, amavelmente, a inaugurar esta secção, onde todos os meses personalidades do nosso meio cultural responderão a meia dúzia de questões.

ANTÓNIO-PEDRO VASCONCELOS Que séries segue neste momento? Não sigo séries na TV com regularidade, porque a minha vida não permite: normalmente compro os DVD. Dos últimos que vi, gostei particularmente do Deadwood, Roma ou The Wire, por exemplo. Qual a melhor série que se lembra de ter visto em toda a sua vida? A primeira, produzida pelo Steven Boccho, a quem se deve verdadeiramente o (re)nascimento do género: Hill Street Blues e depois o LA Law. Mas creio que a melhor série de sempre foi Os Sopranos. Que outros programas vê na televisão? Os grandes acontecimentos da TV são, além das boas séries, os directos e as entrevistas. Não

82 | tvPrime | Abril 2010

há nada mais exaltante na televisão do que um bom jogo de futebol ou uma conversa com alguém inteligente e que sabe do ofício. O último filme que o marcou? Dos mais recentes, talvez A Troca, do Clint Eastwood, mas acabo de ver Estado de Guerra, que foi uma excelente surpresa. Quais são os seus actores preferidos? Actores, actualmente, são poucos: os «velhos» Jack Nicholson, Al Pacino ou o Tommy Lee Jones. Sem esquecer Nicolau Breyner, Ivo Canelas ou Marco d’Almeida, por exemplo. Das mulheres, Michele Pfeiffer e Julianne Moore. Sem esquecer a Soraia Chaves, a Maria João Luís, a Ana Padrão... E realizadores? Vivos, Clint Eastwood, Paul-Thomas Anderson, James Gray e Tarantino.

Perfil de uma das actrizes e argumentistas mais em voga no momento. Protagonista da série Rockefeller 30, Elizabeth Stamatina “Tina” Fey nasceu em 1970 e tornou-se coargumentista do Saturday Night Live em 1997. Em 2004, foi a actriz principal de Mean Girls (que em Portugal recebeu o nome Giras e Terríveis), filme baseado numa história escrita por si.

Mad Men

Criada por Matthew Weiner (que já nos tinha dado Os Sopranos), Mad Men fala-nos do quotidiano de um punhado de publicitários nova-iorquinos no final dos anos 60. Rosa Cipriano lembrou-se de procurar reconstituir a história dos mad men portugueses na mesma época. O seu artigo é acompanhado de um portfólio que fará as delícias dos mais nostálgicos.

E muito mais…


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