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Educação

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Decoração

Decoração

Por: Gabriela Sanches Alves Varela Graduada em Pedagogia Diretora Geral do Colégio Bilíngue Hipercubo

Empatia na educação dos filhos

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Você sabe por que, por diversas vezes, é difícil seu filho obedecer? Ou por que seu filho tem dificuldade de emprestar um brinquedo?

Para saber a resposta, primeiro preciso te apresentar a empatia.

A empatia não é um traço genético ou um dom, não se nasce com ela. É uma habilidade que cada pessoa pode desenvolver. Empatia é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Basicamente, empatia é colocar-se no lugar do outro com a visão do outro.

Por exemplo, alguém que acabou de tirar a carteira de motorista está estacionando em uma vaga de supermercado e está com dificuldades, entra e sai diversas vezes, e quando ela termina de estacionar, o carro ainda está torto. Se apenas nos colocássemos no lugar do outro, nós poderíamos pensar “é só ficar calma, é fácil, vira mais para a direita, dá ré, depois endireita o volante e vai reto, não precisa ficar nervosa”. Mas a grande diferença é quando enxergamos pela visão do outro “poxa, ela deve estar muito nervosa, para mim isso é muito fácil, mas para ela é muito complicado estacionar nessa vaga, vou sair do carro e ajudá-la”. Empatia não é apenas a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, mas sim nos colocarmos no lugar do outro juntamente com a visão do outro.

Ter empatia é a chave para uma educação mais leve e pacífica. Com ela podemos entender por que a criança tem tais comportamentos, e com isso aprendermos a ter uma comunicação mais efetiva e lidar de uma forma mais compreensiva, fazendo com que o momento de obedecer seja mais tranquilo, sem choros e sem perder a paciência.

Portanto, por que uma criança chora quando precisa emprestar o seu brinquedo para outra criança? Para descobrir usaremos a empatia. Se imagine emprestando algo que é muito importante para você, como, por exemplo, o seu carro, já se imaginou sendo obrigada a emprestá-lo? Como você se sentiria? Com raiva? Frustrada? Triste? Então, com a criança não é diferente, um brinquedo que ela tanto gosta tem o mesmo valor sentimental que um carro pode ter para nós.

Deu para entender como a criança se sente quando você a obriga a emprestar seu brinquedo? Pois é, não é fácil, mas isso não quer dizer que não precisamos ensinar as crianças a dividir, nós devemos sim, porém a diferença é como vamos fazer isso. Podemos dizer: “Filho(a), você empresta seu brinquedo um pouco para seu colega, por favor? Eu entendo que é difícil, mas já pensou se o colega não te emprestasse algum brinquedo que você quisesse brincar? Você não iria ficar triste? Já, já, ele vai te devolver, tá bom?” Ele ficará feliz.

Fazer com que a criança compreenda o motivo do seu pedido faz o processo ficar mais fácil, e entender o porquê do comportamento do seu filho faz o clima ficar mais leve, pois sabemos que não é malcriação, e sim que ele está apenas expondo seus sentimentos.

Não reprima os sentimentos de uma criança, nunca diga “não chore” ou “você não tem motivo para chorar”. Quando uma criança chora, ela está expondo seus sentimentos que estão intensos no momento, afinal, por vezes nem nós sabemos lidar com nossos sentimentos, não é mesmo? Quando choramos não queremos que alguém nos fale que não podemos chorar ou que não precisa chorar, nós queremos que alguém nos acolha e às vezes só fique do nosso lado.

Quando um brinquedo quebra, nós temos a tendência de falar “tá tudo bem, não chora, não precisa ficar assim”, e na verdade, não, não está tudo bem para a criança, seu brinquedo quebrou e ela está triste por isso. E mesmo que aos nossos olhos “não tenha motivo” ou “que isso não é motivo para chorar”, não desvalide os sentimentos de seu filho, mas sim o acolha nesse momento que é tão difícil para ele. Quando mandamos nosso filho fazer algo nós esperamos que ele, com muita alegria, pare tudo o que está fazendo e nos obedeça na hora, certo? Mas, nem sempre é assim que funciona. Imagine você na parte mais interessante de uma série que você tanto gosta e, de repente, desligam a TV e te obrigam a tomar banho, agora. Como você se sentiria? Nós iríamos ficar no mínimo muito bravos, mas não é isso que fazemos com nossos filhos? E através da empatia nós podemos entender que seu filho não é mal educado, preguiçoso ou birrento, você poderá entender que ele está apenas expressando os seus sentimentos, e nesse caso você pode comunicar para o seu filho antes que será o último desenho que ele irá assistir e depois que acabar ele vai precisar tomar banho, porque é necessário para nossa higiene.

Quando surge alguma situação que não sabemos lidar ou quando estamos com raiva e sem paciência, é difícil ter empatia, portanto, nesses momentos é importante retirar-se do ambiente, respirar fundo, levar ar aos pulmões e pensar: como eu gostaria que me tratassem se estivesse nessa situação (sem esquecer) com a visão que meu filho tem hoje? Então assim o faça.

“Filhos não são uma distração que nos impedem de fazer um trabalho importante. Eles são o trabalho importante”, C.S. Lewis.

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