UALGZINE / Doutoramentos
A Arqueologia permite salvaguardar uma memória que muitas vezes é muda na História.
Quem somos, de onde viemos e o que temos feito até ao momento presente são algumas das perguntas a que o trabalho de Patrícia Monteiro, à semelhança de outros arqueólogos, procura dar resposta. A trabalhar numa área cada vez mais multidisciplinar, a investigadora assegura que contributos como os da geologia, da química, da zoologia, da genética ou da antropologia são cada vez mais importantes para constituir “as diversas peças de um puzzle que é essencial para conhecer uma história”. A título pessoal admite que o doutoramento lhe trouxe mais autonomia, maior capacidade de adaptação e resolução de problemas e também a capacidade de não se resignar:
O doutoramento ensinou-me a não desistir, mesmo em momentos difíceis, em que colocamos em questão se vale a pena continuar, porque, no fim, sem dúvida, vale tudo a pena. Hoje, com o doutoramento terminado e a trabalhar num domínio que se interliga, diariamente, com a sua área
de investigação, Patrícia Monteiro mantém uma certeza: a de que “este país ainda não é para doutores”. Fatores como o desinvestimento público na ciência e na cultura e a precariedade sistémica são, na sua opinião, falências que têm trazido à superfície a “enorme capacidade de adaptação e resiliência dos investigadores”.
valorizadas em qualquer tipo de trabalho”. No seu, em particular, e enquanto especialista em arqueobotânica, Patrícia Monteiro sente a importância de aliar a investigação científica ao conhecimento da sociedade.
Considerando que “um país não pode prosperar com a ciência montada em pés de barro”, Patrícia Monteiro destaca a capacidade de reinvenção dos doutorados como a chave para o sucesso: “Acredito na crescente absorção de doutorados pelo tecido empresarial, pela mais-valia e alto rendimento que constituem enquanto quadros”. Perspetivando um futuro mais risonho para milhares de recém-doutorados, a investigadora, que nos seus tempos livres gosta de ler, de escrever e de cozinhar, não duvida da vantagem que representa, para qualquer empresa, ter um doutorado nas suas fileiras. “O desenvolvimento do espírito crítico, a análise de problemas, o trabalho em equipa, a organização de projetos ou o hábito de procura constante por financiamento, são características
As amostras de carvões permitem compreender a relação dos seres humanos com o meio ambiente e a importância dos recursos vegetais na economia do passado.
Do doutoramento, terminado em 2018, ficou um ensinamento: “Quando enfrento novos desafios na vida e no trabalho, relembro-me sempre que se fui capaz de concluir o doutoramento, sou capaz de qualquer coisa, por isso sinto que me serve sempre como uma inspiração.” P. 51