UALGZINE / Doutoramentos
As universidades devem estar entrosadas com toda a sociedade, não apenas com as empresas – mas também com elas.
resulta num trabalho muito mais informativo e rico, seja para um público especializado (académico), seja em ambientes mais informais de exibição.”
Participa regularmente em projetos de interceção entre arte, ciência e tecnologia, trabalhando sobre temas como o hactivismo, artivismo e a curadoria de média-arte digital. Para Pedro Alves da Veiga, um dos papéis fundamentais da arte é refletir sobre a sociedade – e fazer pensar a sociedade. “Ao destituir a arte desse papel, transformando-a (apenas) em objeto decorativo, lúdico ou de entretenimento, estamos a ignorar – talvez mesmo a desperdiçar – um potencial de comunicação e intervenção social.” Prefere pensar que “toda a arte se interliga e intervém na sociedade, seja de forma inócua ou conivente, sancionando o status quo, seja de forma ativista e interventiva, questionando-o, e com todos os graus de variação e combinação intermédios”. A título de exemplo refere: “O entretenimento e o ativismo não são mutuamente exclusivos”. P. 60
MÉDIA-ARTE DIGITAL
A título pessoal, o doutoramento em Média-Arte Digital mostrou-lhe que:
é possível mudar de rumo de vida em qualquer idade, bastando paixão e empenho; que a nossa opinião é irrelevante para o progresso científico toda a argumentação deve ser fundamentada e o contraditório deve ser explorado; e que a aprendizagem é um processo ininterrupto... e viciante! Sobre a aplicabilidade do conhecimento produzido nas universidades considera que existe um papel importante dessa aplicabilidade em todos os setores da sociedade – incluindo o empresarial e o industrial, mas sem esquecer o cultural, o educacional ou o da saúde. “O Estado não pode delegar todos os aspetos de desenvolvimento da sociedade nas empresas, nem estas têm a capacidade – ou a obrigação – de o fazer. As Universidades devem estar entrosadas com toda a sociedade, não apenas com as empresas – mas também com elas.”
Na sua opinião, por um lado, «parte do mundo empresarial ainda não se habituou à ideia da contratação de doutorados como sendo uma mais-valia, presumindo que o valor acrescentado pela formação e qualificação não é coberto pelo salário mais elevado. Este segmento continua, assim, a preferir recursos mais baratos, e o “excesso de qualificações” continua também a ser comentado como uma desvantagem, quando deveria ser o exato oposto: uma oportunidade!» Mas, por outro lado, concretiza, “o próprio Estado tem uma política de apoio à investigação e à contratação de doutorados muito limitativa, sendo, uma vez mais, os emblemáticos casos de sucesso ainda uma gota num oceano de precariedade”. Atualmente, é vice-diretor do próprio doutoramento que completou há três anos. Mas, artista, nunca deixa de o ser, quer nos tempos livres, quer quando trabalha. Na opinião de Pedro Alves da Veiga, «a criação artística também ocorre, habitualmente, nesses momentos mais livres, o que me poderia levar a considerálos como “tempos não-livres”». Para este “engenheiro artista e filósofo”, existe a certeza de que “o ato criador é também libertador, e a concretização de uma obra aporta sempre uma sensação de prazer e atingimento, desprovidos da carga de stress que outros feitos laborais possam ter”. Contudo, também gosta de observar o mundo à sua volta, mesmo nos ambientes mais prosaicos do dia-a-dia. “Nunca se sabe de onde virá a próxima inspiração...”.