Page 1 of 3
Aula 01
Considerações sobre ensino musical no Brasil Professor convidado: Maestro Abel Rocha “Os educadores musicais do início do século XX constituem-se em pioneiros no ensino da música. Como se viu, num período histórico não muito distante, não havia preocupação específica em cuidar do desenvolvimento e do bem-estar da criança, ou mesmo do jovem e do adulto. A intenção do ensino variava a cada época, de acordo com a maneira pela qual a criança e o jovem eram vistos em determinada sociedade, bem como com a visão de mundo e os valores eleitos por essa sociedade. No século XIX que findava, essa intenção concentrava-se, antes de mais nada, na produção de bons intérpretes musicais; no âmbito acadêmico, o que se buscava era excelência no conhecimento técnico/instrumental e científico.” (FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: Um ensaio sobre música e educação. São Paulo, Edunesp, 2005, p.190 ) Podemos citar os jesuítas como os pioneiros no ensino de música no Brasil. Porém, esse ensino não visava a musicalização enquanto finalidade artística ou profissional, mas a catequização para a igreja cristã. Assim, entende-se o porquê de o ensino no país, inclusive o ensino musical, ter se iniciado nos colégios religiosos, que trouxeram esse costume das práticas europeias, através dos coros de igrejas. No século XIX, após a expulsão dos jesuítas e uma grande reforma no ensino realizado pelo Marques de Pombal, o ensino da música foi minimizado dentro do ambiente escolar e transferido para outros espaços – conservatórios, academias, aulas particulares –, o que propiciou o aparecimento de estilos diferenciados, tanto na produção de música sacra quanto a secular. O ensino de música passou a ser oferecido nos conservatórios, que propunham-se a formar, em sua maioria, intérpretes dos mais variados instrumentos. Vários e importantes conservatórios e escolas de música foram fundados no Brasil (Rio de Janeiro, Belém do Pará), responsáveis pela formação de uma imensa legião de instrumentistas e compositores, que por sua vez, buscavam aprimorar seus estudos e sua carreira profissional em centros musicais importantes na Europa. No século XX, uma grande disseminação do estudo da música, ou mais especificamente, da prática de execução de música vocal em conjunto, veio com o Canto Orfeônico, implantado em 1930 pelo maestro Heitor Villa-Lobos. Para ele, o canto orfeônico continha e oferecia “todos os elementos fundamentais para uma verdadeira função musical, como a educação rítmica, a percepção auditiva, a formação de acordes e o conhecimento de repertório”. O projeto foi apoiado pelo então presidente da época, Getúlio Vargas, também com objetivos mais populistas que educacionais. Com o fim da era Vargas, em 1945, e a morte de Villa-Lobos em 1959, as iniciativas musicais na educação básica nacional foram praticamente enterradas. Em 1971, o governo militar instituiu a obrigatoriedade da Educação Artística, juntando os conteúdos de artes cênicas, plásticas e música em uma única matéria. Muitos teóricos modernos consideram essa junção uma das razões pelo enfraquecimento da formação musical e artística como um todo.
http://campus10.unimesvirtual.com.br/eduead/mod/resource/view.php?inpopup=true&i... 26/4/2011