Jornal da ABI 347

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Órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa

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Jornal da ABI

NOVEMBRO 2009

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200 Anos da Imprensa no Brasil

Jornal da ABI 347 Novembro de 2009


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DECORRERAM QUASE DOIS SÉCULOS PARA que se concedesse ao Correio Braziliense o reconhecimento de que foi ele, por uma diferença de uns poucos meses, o precursor da imprensa no Brasil, o veículo que afinal pôde ser considerado como o primeiro criado no País, embora editado e impresso no exterior. Desde setembro de 1999, por força da Lei nº 9.83l, o lº de junho que assistiu ao aparecimento do jornal de HIPÓLITO é celebrado como o Dia Nacional da Imprensa, que faz justiça àquele que durante 14 anos, sobrevivendo do comércio em território londrino, colocou em letra de forma, com regularidade e nitidez, a ambição de ver sua pátria livre e próspera.

COMO SE VERÁ NAS PÁGINAS que se seguem, estão presentes nesta longa caminhada da imprensa traços que vêm dos seus primeiros anos, como a defesa da autonomia nacional nas lutas da independência; a coragem de jornalistas de enfrentar a repressão e a brutalidade do poder; a pregação incessante em favor da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão; a preocupação com o desenvolvimento econômico e o progresso cultural do País; a renovação permanente de contribuições decisivas para a formação e a preservação da nossa identidade nacional. Ver-se-á, também, que a caminhada se fez com tropeços, com violentos e prolongados momentos de repressão, desde os enfrentamentos que opuseram os defensores do partido brasileiro – a esquerda de que fala Nélson Werneck Sodré – aos arrebatamentos discricionários de Dom Pedro I, ele próprio jornalista, às privações impostas a jornalistas e jornais pela intolerância que se seguiu à Revolução de 30, pelo arbítrio transformado em doutrina de Estado pelo Estado Novo e pela ditadura militar 19641985, pela incompreensão de segmentos da sociedade de que não existe jornalismo a favor. Como disse Millôr Fernandes: jornalismo é oposição; o resto é armazém de secos e molhados

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OS DOIS VEÍCULOS TINHAM PERFIL editorial e gráfico distintos e também cumpriam papéis diferentes nas comunidades a que se destinavam. A Gazeta era a folha oficial da Corte, dedicada à publicação de notícias e informações de interesse da administração colonial, incluindo as transações das monarquias européias para ampliar ou consolidar seu poder, através dos casamentos de conveniência que seus hierarcas concertavam. O Correio de Hipólito tinha ambições políticas e institucionais de largueza maior, pois se devotava à causa da independência do Brasil e mantinha forte engajamento nas questões que pudessem resultar, num futuro próximo, no fortalecimento econômico do Brasil soberano com que se sonhava.

A LEMBRANÇA DESSES PRIMÓRDIOS É necessária quando se cuida, como faz a presente edição do Jornal da ABI, de reproduzir e atualizar informações acerca da evolução da imprensa no Brasil ao longo destes dois séculos. Em inúmeros momentos, a imprensa feita no País oscilou entre o oficialismo transmitido longinquamente pela Gazeta do Rio de Janeiro, a que não se negam virtudes agora reconhecidas por destacados estudos históricos, e oirredentismo, a ânsia de autonomia que marcou o jornalismo engajado de Hipólito da Costa. A despeito desse pecado original, a imprensa pôde plasmar o Brasil que temos hoje, contribuir de forma vigorosa para a definição do Estado e da sociedade que seríamos e somos, com nossas grandezas e nossas misérias, nossos motivos de orgulho e, também, de frustração e vergonha pela existência de injustiças sociais e desigualdades econômicas, regionais e sociais que o esforço coletivo não logrou atenuar ou eliminar.

A COMEMORAÇÃO DOS 100 ANOS DA ABI, transcorridos em 7 de abril de 2008, coincidiu com a celebração dos 200 anos da criação da imprensa no Brasil, a qual teve dois marcos que agora foram evocados com a ênfase devida – o surgimento de A Gazeta do Rio de Janeiro, que veio à luz em 10 de setembro de 1808 e que durante quase dois séculos foi festejada como o primeiro órgão de imprensa aparecido entre nós, e o lançamento do Correio Braziliense, que o gaúcho Hipólito José da Costa Furtado de Mendonça passou a editar em Londres a partir de l de junho desse ano marcante da vida nacional.

PRESIDENTE DA ABI

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MAURÍCIO AZÊDO

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Nosso jornalismo, desde 1808

EDITORIAL

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Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

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Após a Corte portuguesa deixar o Brasil em 1821, instaura-se um processo que levará D. Pedro a declarar a independência em 7 DE SETEMBRO DE

1822

Luís Augusto May funda, em 18 de dezembro, no Rio de Janeiro, A Malagueta. Político, ao estilo pasquim, aparecia uma ou duas vezes por semana e, em geral, trazia um único artigo. A luta política acirrava-se.

No dia 15 de setembro, é publicado na capital o primeiro jornal político brasileiro, o Revérbero Constitucional Fluminense, de Gonçalves Ledo. De oposição e clamando por um governo liberal contra os “interesses dinásticos lusitanos”, o veículo se tornaria o órgão doutrinário da independência brasileira.

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Em 4 de agosto surge na Bahia o Diário Constitucional, que mais tarde se transforma em O Constitucional. Junto com outros jornais locais, trava a primeira campanha eleitoral brasileira.

Em 1º de junho surge o Diário do Rio de Janeiro, fundado e redigido pelo português Zeferino Vito de Meireles. Ao trazer relatos criminais, movimentação portuária, publicidade, leilões, venda e fuga de escravos, sendo omisso em questões políticas, torna-se o primeiro jornal informativo a circular no Brasil. Sairá até 1878.

Defendendo “a causa do rei e da nação”, é lançada em 27 de março, em Pernambuco, a Aurora Pernambucana.

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A censura no Brasil é implacável. A situação começa a melhorar em 28 de agosto, quando, sob efeito da Revolução Portuguesa do Porto e das Cortes Constitucionais de Lisboa, em defesa das liberdades públicas, o Príncipe Regente Dom Pedro decreta o fim da censura prévia, tornando livre a palavra escrita.

1821

A 6 de março eclode a Revolução Pernambucana ou Revolução dos Padres. Motivada pela crise econômica da região e o absolutismo monárquico português, e inspirada pelas idéias do Iluminismo, pela primeira vez no Brasil se fala em uma Constituição republicana e em liberdade de imprensa.

1817

Divulgando discursos, extratos de História antiga e moderna, viagens, trechos de autores clássicos e anedotas, entre outros ensaios de cultura, surge As Variedades ou Ensaios de Literatura, que dura dois anos e é considerada a primeira revista brasileira.

1812

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Londres, de O Investigador Português, depois sucedido por O Contemporâneo. Em 1814, outros jornais independentes seriam editados no exterior e dirigidos também ao Brasil, como O Português ou Mercúrio Político, Comercial e Literário e O Campeão Português.

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Com a finalidade de se contrapor ao Correio Braziliense, lido no Brasil e no exterior, o governo de D. João estimula a publicação, a partir de

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Em Salvador, antiga capital colonial, surge A Idade d’Ouro do Brasil, o primeiro publicado na Bahia. Escrito pelo bacharel Diogo Soares da Silva e pelo padre Inácio José de Macedo, ambos portugueses, o jornal circulava às terças ou sextas, tinha quatro páginas e formato in 4º .

1811

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Depois de deixar Portugal para escapar das tropas napoleônicas que se aproximavam de Lisboa, a esquadra portuguesa chega a Salvador, na Bahia, no dia 22 de janeiro. Transporta 15 mil pessoas, dentre as quais a Família Real. Em 28 de janeiro, o Príncipe Regente D. João assina o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas. Com a chegada da Corte no mês de março ao Rio de Janeiro, a capital do Estado do Brasil torna-se também capital do Reino de Portugal. Entre outras disposições, são abertas

1808

Três meses depois, em 10 de setembro, é publicada a GAZETA DO RIO DE JANEIRO (ao lado), primeiro periódico oficial impresso no Brasil. Diferente do Correio Braziliense, uma brochura densa, de capa azul escuro, preço mais alto e muito mais doutrinário que informativo, a Gazeta se parecia mais com um embrião dos jornais modernos, saindo com periodicidade mais curta, formato peculiar aos órgãos impressos daquele tempo, poucas páginas e preço menor. Mais do que doutrinar, informava sobre a vida administrativa e a movimentação social do Reino. Era censurada pela Corte e dirigida por um funcionário do Ministério das Relações Exteriores, Frei Tibúrcio da Rocha. Ao todo, são publicadas 32 edições normais e 19 extraordinárias, com vendas avulsas em livrarias e assinaturas com entrega domiciliar. Os anúncios, a princípio, eram gratuitos, mas com o tempo passam a ser pagos. Sua última edição circulou em 31 de dezembro de 1821, quando foi sucedida pelo Diário do Governo.

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Em 1º de junho é lançado o Correio Braziliense ou Armazém Literário, primeiro periódico publicado por um brasileiro, HIPÓLITO DA COSTA (à direita). Apesar de ser considerado o marco inicial do periodismo no Brasil, o jornal era feito e impresso em Londres, na Inglaterra. Mensal, tinha de 96 a 150 páginas, formato in 8º. Abaixo do título, trazia os versos de Camões: “Na quarta parte nova os campos ara / E se mais mundo houvera lá chegara”. Na seção de Política, publicava documentos oficiais, nacionais e estrangeiros; em Comércio e Artes, vinham informações sobre negócios do Brasil e internacionais; Literatura e Ciências continha textos com informações científicas e literárias, livros e críticas; Miscelânea apresentava matéria variada, informações do Brasil e de Portugal e polêmicas; Reflexões, novidades do mês e comentários; e Correspondência, a comunicação recebida, assinada geralmente por anônimos, estranhos ou gente usando pseudônimos. Em seus 175 números, o Correio só falou sobre questões da Inglaterra quando diziam respeito a Portugal e ao Brasil. Em dezembro de 1822, com a independência, Hipólito da Costa deu sua missão como concluída e deixou de editar o jornal.

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escolas, instaladas fábricas em Minas Gerais e São Paulo e autorizado o funcionamento de tipografias com a criação da Imprensa Régia, em maio. Estavam dadas as condições básicas para o início da imprensa no Brasil, mesmo que a censura e o oficialismo continuassem a varrer a sociedade.

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Desde esse ano, a Gazeta de Lisboa já circulava na América portuguesa, inclusive no Rio de Janeiro. Antes disso, há notícia de que o mesmo já ocorria durante o governo do Marquês de Pombal (17501777) com os 15 periódicos existentes em Portugal.

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1778

Os primeiros passos da palavra impressa no Brasil aconteceram no século XVIII. Há registro de mais de 300 obras de autores nascidos em território brasileiro, incluindo não apenas livros, mas impressos anônimos, relatando festejos e acontecimentos, antologias e índices, além de alguns manuscritos inéditos de autores clássicos. Entretanto, grande parte desse material veio de fora. A censura prévia aos impressos era exercida de forma drástica pelo poder civil (Ordinário e Desembargo do Paço) e pelo eclesial (Santo Ofício). E oficinas e prelos eram proibidos. Em 1706, instalou-se no Recife uma pequena tipografia para impressão de letras de câmbio e orações devotas. A Carta Régia de 8 de junho do mesmo ano logo tratou de liquidar a tentativa. Quarenta anos depois, nova tentativa, dessa vez no Rio de Janeiro. Antônio Isidoro da Fonseca, impressor em Lisboa, transferiu-se à colônia, trazendo na bagagem o material tipográfico com o qual montou sua pequena oficina. Imprimiu alguns trabalhos, mas a metrópole rapidamente abortou o empreendimento. Além dessas experiências, os jesuítas instalaram, no começo desse século, quatro tipografias na região das Missões, próximas aos Rios Paraná e Uruguai, em territórios hoje pertencentes à Argentina e ao Paraguai, contíguos com o Brasil.

1706

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Depois de acirrados debates, começam a funcionar os cursos jurídicos de São Paulo e de Olinda.

1828

1829

Também no Rio de Janeiro, em 21 de dezembro, começa a circular a Aurora Fluminense.

Dom Pedro I usa o Diário Fluminense como seu mais forte Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

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Em 1 de outubro, o mesmo Pierre Plancher funda o JORNAL DO COMMERCIO do Rio de Janeiro (ao lado), em circulação até hoje.

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É lançada no Rio a primeira publicação feminina do Brasil, o Espelho Diamantino – Periodico de Política, Literattura, Bellas Artes, Theatro e Modas Dedicado as Senhoras Brasileiras. Logo no editorial de seu primeiro número, seu fundador, o francês Pierre Plancher, deixa claro que “manter as mulheres em um estado de estupidez”, “pouco acima dos animais domésticos”, era “uma empresa tão injusta como prejudicial ao bem da humanidade”.

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Em 1º de junho começa a circular no Rio Grande do Sul o oficialesco Diário de Porto Alegre.

São Paulo ganha seu primeiro jornal, desta vez impresso: O Farol Paulistano.

Em tempos de agitação, a imprensa acompanha a cisão política na sociedade e divide-se em direita conservadora, direita

1827

Em Recife, no dia 7 de novembro, é fundado o jornal Diário de Pernambuco, o mais antigo ainda em circulação na América Latina.

1825

liberal e esquerda liberal. A direita conservadora congregará os órgãos da antiga imprensa áulica, agora chamada de absolutista; a direita liberal, aqueles que defenderão a monarquia constitucional; a esquerda liberal congregará boa parte dos mais importantes jornalistas da época. A censura é interrompida e surgem os pasquins, que dominarão a imprensa nacional nas duas décadas seguintes. (Os conceitos de direita e esquerda para a época são de Nélson Werneck Sodré em sua História da Imprensa no Brasil.)

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Em 1º de abril, começa a circular em Fortaleza o Diário do Governo do Ceará, primeiro jornal da então província.

Como reação à política centralizadora e autoritária de Dom Pedro I e à Constituição outorgada por ele, acontece no Nordeste a Confederação do Equador, movimento revolucionário com viés autonomista e republicano.

1824

Ao final do ano, a imprensa liberal e de oposição está praticamente liquidada. Apenas os veículos áulicos sobrevivem.

Em abril, ainda no Recife, o Frei Joaquim do Amor Divino Caneca lança o Typhis Pernambucano, defendendo a liberdade de imprensa, condenando a escravidão e criticando o “jovem príncipe, sem caráter, rodeado de lisonjeiros, inimigos encarniçados do Brasil”. Frei Caneca morreria fuzilado em 13 de janeiro de 1825, no Recife, após a derrota na Confederação do Equador.

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A Constituinte instalada em maio é dissolvida em novembro. A imprensa volta novamente a estar sob censura. Dom Pedro I promulga nesse ano a primeira Lei de Imprensa no Brasil, baseada na lei

1823

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Minas Gerais ganha seu primeiro jornal, O Compilador. Em São Paulo acontece o mesmo. Porém, como não havia prelo na província, O Paulista é feito à mão, com amanuenses pagos por uma sociedade patriótica. Um sistema que lembrava o dos copistas medievais.

portuguesa e punindo a veiculação de material contra a Igreja Católica.

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A influência de Barata foi profunda. Outras Sentinelas surgiram imitando a sua, entre elas a Sentinela da Liberdade à Beira Mar da Praia Grande Refugiada em Buenos Aires, de Grandona, que combatia Dom Pedro I no Rio da Prata; a Sentinela da Liberdade na Guarita ao Norte da Barra de São Pedro do Sul, antimonárquica e incitadora da rebelião farroupilha; a Sentinela Maranhense na Guarita do Pará, de Vicente Ferreira Lavor, o Papagaio, propagadora da Cabanagem, e Sentinela do Serro, de Teófilo Otoni.

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Pioneiro da imprensa libertária no Brasil, Cipriano Barata de Almeida lança em abril, no Recife, o Sentinela da Liberdade, primeiro jornal republicano brasileiro. É preso, mas continua editando da cadeia a publicação, que passa a se chamar Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, Atacada e Presa na Fortaleza do Brum por Ordem da Força Armada Reunida. Transferido para a Bahia e depois para o Rio, Barata editava a Sentinela por onde fosse. Assim vieram a Sentinela da Liberdade à Beira Mar da Praia Grande, Na Guarita do Quartel General de Pirajá na Bahia de Todos os Santos, Presa na Guarita de Villegagnon no Rio de Janeiro e diversas outras. Republicava o jornal e era preso novamente.

No dia 10 de abril, o português naturalizado João Soares Lisboa lança o Correio do Rio de Janeiro, destacando “a convocação de uma Assembléia Constituinte”. Preso em outubro e exilado por oito anos em Portugal, Lisboa ainda voltaria ao Rio para relançar seu jornal. Depois de outra prisão, acaba em Pernambuco, lutando na Confederação do Equador.

REPRODUÇÃO

1822. O ano da independência ficou marcado pela grande tensão política vigente. Isso levou também ao surgimento de um grande número de periódicos, na capital e nas províncias.

1706~1829

O ano da independência marcou o surgimento de um grande número de periódicos, na capital e nas províncias.

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REPRODUÇÃO

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Em 1842 surgira em Pernambuco o Partido Nacional de Pernambuco, uma dissidência do grupo liberal local, que se coloca contra os desmandos das famílias Cavalcânti e Rego Barros, que comandavam a política na província. Nos dois anos seguintes, o jornal do grupo, o Diário Novo, do qual faz parte José Inácio de Abreu e Lima, trava uma guerra de idéias contra o conservador Diário de Pernambuco. Localizado na Rua da Praia, o Diário Novo defendia medidas como a liberdade de imprensa, a extinção do poder moderador, o fim do monopólio comercial dos portugueses, mudanças econômicas e sociais e o voto universal. É uma época de grande crescimento da imprensa local. A partir de então, o Partido da Praia toma a frente, elege deputados e

1848

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A primeira impressora rotativa é patenteada por Richard March Hoe. No ano seguinte August Applegath desenvolve uma impressora capaz de realizar 12 mil impressões por hora, baseado nos estudos de Hoe, William Bullock e Ippolito Marinoni.

1845

Lanterna Mágica, que trazia em seu subtítulo Periódico Plástico-Filosófico, e circula no Rio, marca o início das publicações ilustradas, com caricaturas e desenhos.

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A circulação de jornais é estimulada com o trabalho dos Correios, que começam a entregar correspondências nos domicílios.

1844

Depois da maioridade, com a monarquia restabelecida e os conservadores consolidados pela repressão das rebeliões regenciais, o último reduto liberal passa a ser Pernambuco. Ali, encontraria a imprensa um cenário bastante favorável à sua expansão. Não apenas em órgãos conservadores, como o Diário de Pernambuco, mas principalmente liberais, como o Diário Novo. Além deste, na chamada Imprensa Praieira destacam-se os pasquins de Borges da Fonseca, O Sete de Abril, do padre e político Miguel do Sacramento Lopes Gama, e O Progresso, do jornalista doutrinário Antônio Pedro de Figueiredo, precursor das idéias socialistas no Brasil.

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Em julho de 1840, encerrando longo processo de confrontos regenciais, o Senado antecipa a maioridade de Dom Pedro II ao proclamá-lo

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imperador aos 14 anos. Para uns, foi a reafirmação do “pragmatismo parlamentar” e da força das Câmaras; para outros, uma manobra política – o golpe parlamentar da maioridade.

D. PEDRO II AOS 12 ANOS. ÓLEO DE LILIA MORITZ SCHWARCZ.

1840

Louis Jacques Mandé Daguerre patenteia o daguerreótipo e passa a divulgá-lo na Europa. Surge assim a primeira forma popular de fotografia.

1839

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Desta vez a revolta acontece no Maranhão: é a Balaiada, que se espalha depois pelo Piauí. De caráter popular, o movimento lutava contra os desmandos das autoridades.

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1838

As agitações durante o Período Regencial continuam ocorrendo. No mês de novembro, na Bahia, eclode a Sabinada, pela autonomia política da província e contra a centralização monárquica.

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1837

Samuel Morse desenvolve o Código Morse.

Sob a liderança de personalidades como o padre João Batista Gonçalves Campos e o jornalista Vicente Ferreira Lavor, o Papagaio, negros, índios e mestiços se insurgem contra a elite política e tomam o poder no Pará. A revolta é uma reação contra a extrema pobreza das populações ribeirinhas e a irrelevância à qual a província fora relegada após a independência.

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Na província de São Pedro do Rio Grande do Sul começa a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, que durará até 1845, com caráter republicano e contrário ao governo imperial. Neste, como em outros movimentos que o seguiriam, a imprensa das províncias teria importante papel na preparação das revoltas, mas seria quase que totalmente aniquilada durante os conflitos.

1835

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A Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional publica, logo no começo do ano, a revista O Auxiliador da Indústria Nacional. Dentro do significado amplo que indústria tinha na época, tratava dos mais diversos assuntos, sempre com análises críticas: “No vasto, rico e importantíssimo Império do Brasil, uma máquina é exótica; não existe uma estrada perfeita; não se navega por um canal”, dizia um de seus números, que ainda comparava o transporte de açúcar entre o Rio e Campos. Enquanto um barco a vela demorava 60 dias para fazer o percurso, aquele a vapor vencia a distância em um único dia. A revista ainda trazia artigos traduzidos de publicações francesas, inglesas e norte-americanas.

1833

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Em 5 de novembro, Evaristo Ferreira da Veiga, redator da Aurora Fluminense, sofre atentado, sendo atingido por tiro de pistola.

1832

Em outubro é publicado no Rio de Janeiro o Semanário Político, Industrial e Comercial, a primeira revista exclusivamente econômica do País.

Aparece no jornal humorístico Carcudão, de Recife, a primeira caricatura impressa no Brasil.

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Observa-se a multiplicação dos pasquins na imprensa brasileira. Caracterizados por um estilo panfletário e extremamente engajados na vida política, esses jornais, em geral, eram pequenos e traziam nomes bastante estranhos como o Republico e o Pirilampo Popular. Com vida um tanto efêmera, usavam se fosse preciso de linguagem virulenta e até de calúnias. Guiados pela onipresente paixão doutrinária, depois do período regencial, passariam a defender causas como o abolicionismo e a República. “Se os progressos da imprensa fossem os degraus certos dum termômetro para o adiantamento da civilização, podíamos nos felicitar do nosso avanço, pois que de quatro anos para cá o número das publicações periódicas tem quadruplicado no Brasil. Em 1827, eram 12 ou 13. Hoje, já são 54; destas, 16 pertencem à Corte”, analisava O BeijaFlor, em seu quarto número.

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Depois de ser hostilizado em fevereiro, em uma viagem a Minas Gerais, Dom Pedro I volta à capital, em março, e é recebido por forte oposição popular. Os conflitos entre apoiadores e opositores têm seu auge no dia 13, com a Noite das Garrafadas. Sem condições de manter o poder, Dom Pedro I abdica do trono no dia 7 de abril.

1831

No dia 20 de novembro, às 22 horas, quando voltava para sua casa, LÍBERO BADARÓ (à esquerda) é interpelado por quatro alemães que queriam lhe entregar uma correspondência que traria provas contra o ouvidor Cândido Ladislau Japiaçu. Sem suspeitar de que se tratava de uma cilada, Badaró ouve o grupo, recebe forte tiro de bacamarte e tomba mortalmente ferido. Em seu leito de morte, proferiria uma frase que ficaria famosa: “Morre um liberal, mas não morre a liberdade”.

1830

O médico italiano Giovanni Baptista Líbero Badaró cria em São Paulo, em 23 de outubro, o jornal O Observador Constitucional, revolucionando a cidade, hostilizando o bispo, o ouvidor e o presidente e entrando logo na luta pela liberdade de imprensa.

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Em agosto, Luís Augusto May, redator de A Malagueta, é agredido de forma brutal no Rio e recebe o apoio de outros jornais de mesma linha, como a Aurora Fluminense, a Astréia e a Nova Luz Brasileira.

canal de manifestação. Nele, denunciava supostos crimes de imprensa daqueles que o combatiam e também utilizava e excedia as mesmas armas e linguagem para atacar seus adversários. “Temos razões bem fortes para clamar aos nossos concidadãos que se ponham em guarda contra as sugestões desses gritadores Universais, Astros de pestífera influência, Faróis que só conduzem a estuosos cachopos, Astréias sem justiça, sem pejo e sem tino, e outros cometas de mau gosto”, disse o Diário certa vez, referindo-se aos jornais que não paravam de surgir e crescer.

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O jornal Atualidade é lançado na capital por Lafaiete Rodrigues Pereira, Pedro Luís e Flávio

1858

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Depois de publicar crônicas no Correio Mercantil, José de Alencar agora vai para o Diário do Rio de Janeiro, jornal em que publica, entre fevereiro e abril, o romance O Guarani.

Henrique Fleiuss lança na Corte a SEMANA ILUSTRADA, que se notabiliza pelas caricaturas e

1857

O Brasil Ilustrado inaugura a publicação regular de revistas de caricaturas no Império, trazendo pela primeira vez ao lado dos textos retratos e vistas do Brasil e desenhos humorísticos e de costumes.

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1860

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Timidamente e prestando homenagem ao Imperador, como era de bom tom na época, o jovem Machado de Assis começa sua carreira jornalística em A Marmota.

1855

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Farnese, com colaboração de Teófilo Otoni. É o primeiro jornal avulso vendido nas ruas. Negros, escravos e ex-escravos foram os primeiros jornaleiros cariocas.

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Começa a ser publicado O Constitucional, primeiro jornal diário de São Paulo.

1853

Se o período anterior, entre 1830 e 1850, pode ser considerado fraco em técnica, artesanal na produção, com distribuição restrita e emprestada, sua influência era enorme com os pasquins e seu tom político. Agora, no entanto, o jornalismo político entra em declínio. As melhores condições estruturais, econômicas, sociais e técnicas permitem o lançamento de novos veículos, vinculados especialmente à literatura e à cultura. As publicações e revistas literárias tomam seu lugar e os jornais publicam obras de grandes

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escritores em capítulos, os folhetins. Jornalistas versados nas letras, como Justiniano José da Rocha, tornam-se muito influentes. O Correio Mercantil publica entre junho de 1852 e julho de 1853 Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, que, desconfiado, preferiu assinar o texto como “Um brasileiro”, omitindo seu nome como autor.

Em São Luís, no Maranhão, João Francisco Lisboa lança o Jornal de Timon.

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Tons mais feministas, em textos escritos por mulheres, são encontrados com o lançamento do Jornal das Senhoras, na Bahia, comandado pela primeira mulher jornalista do Brasil, Cândida do Carmo Souza Menezes. Por “cooperar com todas as forças para o melhoramento social e para a emancipação moral da mulher”, como a publicação mesmo dizia, sofreu grande represália masculina sob a forma de cartas indignadas que chegavam à Redação.

1852

assume a presidência da província. Isso, até 1848, quando o conservador Herculano Ferreira Pena é nomeado na província com a missão de sufocar o movimento. Incontrolável, a Revolução Praieira explode em 7 de novembro. A insurreição é finalmente sufocada em 1850.

1829~1860

O jornal O Observador Constitucional revoluciona São Paulo, hostilizando o bispo, o ouvidor e o presidente e entra na luta pela liberdade de imprensa.


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No primeiro dia do ano começa a circular no Rio a REVISTA ILUSTRADA, que logo atingiria a tiragem de

1876

Com direção de Rangel Pestana e Américo de Campos, apoio de um grupo de republicanos e abolicionistas, é criado o jornal Província de S. Paulo, com uma tiragem de 2 mil exemplares, mas que rapidamente se multiplicaria.

1875

Até então, notícias do exterior, somente por cartas. Nesse ano, instala-se no Rio a primeira sucursal da agência telegráfica Reuter-Havas, futura FrancePresse. Na edição de 1 de agosto de 1877, o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro publica os primeiros telegramas, revolucionando o noticiário. Logo, todos os jornais teriam sua página de notícias internacionais, mesmo que fosse para dar a cotação do café no exterior ou falar sobre o tempo em Paris.

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1874

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Jornais e revistas começam a ser vendidos em quiosques nas ruas centrais de São Paulo e Rio de Janeiro, juntamente com livros, flores, doces, frutas, charutos, cigarros, café e refrescos.

A 3 de dezembro, também na Corte, começa a

1872

1870

Em 28 de setembro é aprovada a Lei do Ventre Livre.

Surge a revista O Mosquito, de Rafael Bordalo.

1871

Começa a circular em 12 de maio, no Rio, Reforma. Dirigido por Francisco Otaviano, torna-se o jornal mais prestigioso da época.

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1869

À medida que a guerra contra o Paraguai vai se aproximando do fim, crescem as inquietações no País. A imprensa começa a dar seus primeiros passos no sentido de romper com a estagnação imperial e voltar a ter maior ardor político. “Paz, paz! É o brado íntimo de um povo oprimido. A guerra converteu-se em desastre, a sua prolongação trará o cataclismo”, declara a Opinião Liberal, na Corte, em 28 de fevereiro.

circular A República, jornal do Partido Republicano Brasileiro. Logo, torna-se diário e passa a reunir os melhores elementos da literatura e da imprensa. Em dois anos, surgem no País mais de 20 jornais republicanos, sem contar as folhas já existentes que aderem à nova linha política.

1868

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Com as ferrovias e o telégrafo, principalmente no interior do Rio e de São Paulo, a imprensa se beneficia e se desenvolve.

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Joaquim Nabuco funda em São Paulo a Tribuna Liberal para defender idéias inquietantes, como a abolição da escravidão.

1867

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Ao lado de Luís Gama, Sizenando Nabuco, Américo e Bernardino de Campos, Ângelo Agostini funda em outubro, em São Paulo, o Diabo Coxo. Nele, além de mostrar seu estilo artístico, Agostini declara abertamente suas posições libertárias e, com muito humor e ironia, provoca governantes e religiosos.

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Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

Começa em dezembro a Guerra do Paraguai. Depois de mais de cinco anos de batalhas e 300 mil mortos, Argentina, Uruguai e Brasil derrotam os paraguaios, tomando parte de seu território e obrigando-os a pagar pesadas taxas a título de indenização pelo conflito.

1864

William A. Bullock obtém a patente da primeira rotativa para impressão de livros em papel contínuo, base para as futuras impressoras rotativas.

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1863

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O primeiro Diário Oficial do Brasil é impresso. Continha editorial, atos oficiais, artigos sobre comércio e política internacional e noticiário sobre os acontecimentos de interesse geral.

1862

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Ressurge o Diário do Rio de Janeiro, que rapidamente se torna um dos mais jornais populares da cidade. Agora dirigida por Saldanha Marinho, Quintino Bocaiúva e Henrique César Muzzio, a publicação é bem redigida, tem feição combativa e é forte em literatura. Entre seus repórteres está Machado de Assis, que começa a cobrir o Senado.

litogravuras que publica e pela colaboração dos mais conhecidos jornalistas e escritores da época: Quintino Bocaiúva, Pedro Luís, Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, Joaquim Nabuco, Bernardo Guimarães – além daqueles que seriam seus correspondentes na Guerra do Paraguai: Joaquim José Inácio, futuro Visconde de Inhaúma, Antônio Luís Von Hoonholtz, que se tornaria o Barão de Teffé, e Alfredo d’Escragnolle Taunay.

ÂNGELO AGOSTINI PUBLICOU SÁTIRAS SEQÜÊNCIAIS DESDE 1865. SEU TRABALHO É CONSIDERADO UM DOS PRECURSORES DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS.

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200 Anos da Imprensa no Brasil


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Novembro de 2009 Jornal da ABI 347

São lançados nos Estados Unidos os primeiros suplementos dominicais coloridos que acompanham os jornais. O YELLOW KID, de Richard Fenton Outcault (ao lado), passa a ser publicado no New York World.

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Surge em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o Correio do Povo, de Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior. Junto com A Federação, que saiu em 1884 e é dirigida por Júlio de Castilhos, o veículo tem papel de grande importância, abordando em suas páginas a chamada Questão Militar e suas conseqüências.

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Ângelo Agostini funda a revista D. Quixote. mas não consegue obter o sucesso de sua publicação anterior. A revista dura até 1903.

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Surgem diversas inovações técnicas na imprensa brasileira, que começa a se definir com uma estrutura mais empresarial. O primeiro prelo Derriey, italiano, para impressão de 5 mil exemplares por hora, aparece nesse ano. Também os primeiros clichês obtidos por zincografia. A produção do jornal – já se pode usar esse termo sem incorrer na heresia da mercantilização – é assim descrita na época: “Preparado assim, o jornal vai para as prensas, onde se tira a matriz; obtida esta, coloca-se o molde, em que se despeja o chumbo quente, formando o bloco de cada página. Pronta esta primeira parte, a estereotipia, entra a folha nas prodigiosas máquinas rotativas Marinoni, máquinas que, montadas no fundo do térreo do edifício, ao lado da Rua do Ouvidor, além de imprimir, contam e dobram, um por um, todos os exemplares, que saem aos milheiros”. Ainda assim, a distribuição continua sendo feita em carroças.

1895

Com o a impressão litográfica e a art nouveau amplia-se o conceito de cartaz moderno. Alphonse Mucha ganha notoriedade ao criar um cartaz da atriz Sarah Bernard em tamanho natural.

Os irmãos Auguste e Louis Lumière inventam o cinematógrafo.

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Com Rui Barbosa como seu redator-chefe, o JB

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Landell de Moura realiza a transmissão de sons do alto da Avenida Paulista para o alto de Santana, em São Paulo, cobrindo uma distância de 8 km em linha reta.

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O paulista Prudente de Moraes é o primeiro civil a ser eleito Presidente do Brasil.

1893

O padre gaúcho Roberto Landell de Moura inicia em Campinas, interior de São Paulo, as primeiras experiências com a radiodifusão no Brasil. Utilizando uma válvula amplificadora com três eletrodos, fabricada por ele mesmo, transmite e recebe a voz humana através do espaço.

Surgem as primeiras bancas de revistas e jornais.

1892

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É promulgada a primeira Constituição republicana do Brasil.

1894

A mudança do regime não altera o desenvolvimento da imprensa, pelo menos de imediato. Os grandes jornais continuam os mesmos, com mais prestígio e força os republicanos, com mais combatividade os monarquistas. Só aos poucos surgem grandes jornais mais voltados para o lado empresarial. No Rio de Janeiro, Rodolfo Dantas funda o Jornal do Brasil, que assume a condição de livre e independente, sem vínculos partidários. Após a morte de Dom Pedro II e de sérios conflitos com os republicanos, o jornal transforma-se em sociedade anônima.

1891

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Em artigos publicados no jornal A Tribuna, Eduardo Prado desfere ferinos ataques ao Marechal Deodoro da Fonseca. No dia 29 de novembro, a sede da publicação, no Rio de Janeiro, é apedrejada. O protesto da imprensa é imediato e total: independentemente de orientação e partido, todos os grandes veículos assinam o repúdio ao crime.

1890

Após a proclamação da República, o jornal Província de S. Paulo passa a se chamar O Estado de S. Paulo. Dois anos depois, JÚLIO MESQUITA (ao lado) destaca-se em suas páginas como um dos principais cronistas políticos da época; por fim, assume a propriedade da empresa e a direção da publicação.

O nome e o famoso logotipo da Coca-Cola são

Eclode a Revolta Federalista no Rio Grande do Sul.

Em 15 de novembro a República é finalmente proclamada no Brasil.

1889

Depois de ser vinculado às agitações na Escola Militar na defesa do sistema republicano, Euclides da Cunha é contratado para ser correspondente de A Província de S. Paulo.

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É aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe, ou dos Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 60 anos, mediante compensação financeira aos proprietários.

assume clara postura antiflorianista. A publicação, no dia 31 de agosto, do habeas corpus impetrado por Rui em favor do Almirante Wandenkolk faz irromper a ira dos florianistas, que atacam o jornal. No dia 6 de setembro, depois de mais um artigo, é a vez de a Armada se revoltar. A edição de 1 de outubro é apreendida e a crise ecoa pelos Estados: diversos jornais são compulsoriamente fechados.

Em 13 de maio, o governo imperial rende-se às pressões e a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, que acaba oficialmente com a escravidão no Brasil.

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1888

Os órgãos da imprensa republicana se multiplicam por todos os lados. No Brasil já são 74 jornais, sendo 20 no Norte e 54 no Sul. Mesmo assim, os grandes jornais da capital são a Gazeta de Notícias e O Paíz.

1885

George Eastman lança o filme fotográfico em rolo com base de papel e gelatina.

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Ottmar Mergenthaler cria a linotipo, máquina de composição de tipos de chumbo em linhas mediante um teclado. Essa técnica revoluciona as artes gráficas e substitui a composição manual, letra a letra.

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1887

Surge, em São Paulo, o Diário Popular, fundado por José Maria Lisboa e Américo de Campos.

1884

A revista ilustrada e humorística O Besouro, fundada em março pelo chargista português Rafael Bordalo Pinheiro, no Rio de Janeiro, publica no dia 20 de julho as primeiras fotos da imprensa brasileira, retratando crianças abatidas pela seca do Nordeste. As fotos foram foram tiradas pelo jornalista José do Patrocínio, então redator do jornal Gazeta de Notícias.

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1878

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Thomas Edison inventa o microfone e o fonógrafo.

1877

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Num episódio que gerou muita controversia, Alexander Graham Bell vence uma acirrada disputa e consegue registrar a invenção do telefone num escritório de patentes no dia 14 de fevereiro, pouco antes de seu rival, Elisha Gray.

4 mil exemplares, um recorde para uma revista ilustrada na América do Sul. Mas não seria apenas com a qualidade da publicação que Ângelo Agostini inovaria. Suas charges na revista se tornariam um marco na campanha pela libertação dos escravos, tanto que a revista foi chamada de “A Bíblia da abolição daqueles que não sabem ler”.

criados por Frank Mason Robinson, contador e sócio da empresa.

1860~1895

O jornal de Eduardo Prado é apedrejado por atacar Deodoro. Independentemente de orientação e partido, todos os grandes veículos assinam o repúdio ao crime.

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Surge a Revista da Semana.

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10 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

O Jornal do Brasil instala suas oficinas de fotografia e galvanoplastia. Também cria, pelas mãos de Álvaro de Teffé, seu suplemento ilustrado, a Revista

1900

Primeira gravação magnética de som.

1899

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JOÃO DO RIO (à direita) publica na Gazeta de Notícias As religiões do Rio, considerada por muitos a primeira grande reportagem da imprensa brasileira. Di Cavalcânti qualifica João do Rio, na verdade João Paulo Alberto Coelho Barreto, como “o tipo exemplar de repórter”.

O Governo brasileiro concede a Roberto Landell de Moura a patente de número 3.279 para “um aparelho apropriado à transmissão de palavras a distância, com ou sem fios, através do espaço, da terra e da água”. Ele se muda para os Estados Unidos, onde em 1904 conseguirá construir e patentear o transmissor de ondas, o telefone sem fio e o telégrafo sem fio. De volta ao Brasil, não consegue apoio e desiste de suas invenções.

Passado quase um século após a sua criação entre nós, a imprensa brasileira ganhou formas que a tornaram essencial para grandes camadas da população, que encontravam nos diferentes veículos a informação essencial para o comportamento no dia-a-dia de suas vidas: nas relações familiares, nas atividades necessárias à sua subsistência, na aquisição de conhecimentos indispensáveis à formação de mentes arejadas pela introdução do saber. Além de prestigiar-se no meio social, a imprensa do nascente século 20 vai experimentar modificações que alteram radicalmente a face e o conteúdo dos jornais e revistas que então se produziam. A atividade jornalistica começa a deixar de ser um exercício do mero beletrismo, em que varões ilustres marcavam a sua superioridade intelectual, seu refinamento cultural, e ganha contornos de produção destinada a influir em todos os campos da vida coletiva. Os grandes quadros que ocupam as colunas oferecidas ao público não perdem sua expressão, mas pouco a pouco vão cedendo espaço a figuras profissionais até então desconhecidas no fazer jornalístico: o repórter, o editor, ainda que sem essa designação, o chefe de reportagem, o secretário – este dotado de poder invejável e que definia, com sua competência, com mestria ou não, o perfil, a cara com que a publicação chegaria às mãos do leitor. É nas primeiras décadas desse século 20 que o jornalismo dá origem a uma indústria poderosa, aquela que hoje conhecemos. Não incorre em impropriedade nem em deslize histórico quem sustenta, como nós, que a ABI e outras instituições de jornalistas tiveram um papel fundamental na criação dessa imprensa, graças à consciência de militantes sociais do porte de Gustavo de Lacerda, fundador desta Casa, que cultivaram sempre a idéia de que o jornalista é um agente não de si próprio, mas um profissional especializado a quem cabe a missão de trabalhar pelo bem coletivo.

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da Semana, e inaugura novos métodos fotoquímicos: o fotozinco e a fotogravura. A 2 de abril, o JB passa a ser o primeiro jornal brasileiro a tirar duas edições no mesmo dia. A vespertina circula às 15 horas. Com isso torna-se o jornal de maior tiragem da América do Sul, com mais de 50 mil exemplares, superando o argentino La Prensa, de Buenos Aires.

O novo século e o fundador da ABI

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O desenhista Rudolph Dirks cria os Katzenjammer Kids, conhecidos no Brasil como SOBRINHOS DO CAPITÃO (ao lado), iniciando uma longa tradição de crianças peraltas nos quadrinhos.

1897

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porém, em 1902, assombra e comove o País com Os Sertões, em que relata como um crime o massacre promovido pelo Exército.

REPRODUÇÃO

No dia 5 de outubro o povoado de Canudos é destruído pelo Exército. Morrem 15.000 pessoas. Na chamada Guerra de Canudos dá-se o início da cobertura jornalística por enviados especiais. O Estado de S. Paulo reivindica para si a criação da figura do correspondente de guerra, pois mandou EUCLIDES DA CUNHA (abaixo) para Canudos. O escritor expede telegramas e relatórios, que serão reunidos em livro póstumo. Antes,

DESENHO DE ANGELO AGOSTINI PUBLICADO NA REVISTA ILUSTRADA: ANTÔNIO CONSELHEIRO RECHAÇA A REPÚBLICA.

No sertão baiano, irrompe a Guerra de Canudos, travada pelo Exército brasileiro contra os seguidores do beato Antônio Conselheiro. A grande imprensa admite a hipótese de grande conspiração monarquista. A Gazeta de Notícias clama contra o “monarquismo revolucionário”. Em O Estado de S. Paulo, o correspondente Euclides da Cunha fala em “restauração” e “conspiração”. O clima de exaltação republicana cresce; no Rio, jornais como A Liberdade, o Apóstolo e a Gazeta da Tarde são empastelados e exemplares são queimados na rua, com a conivência da Polícia. O jornal O Paiz, do Rio de Janeiro, dirigido por Quintino Bocaiúva, apelida Conselheiro de “o monstro de Canudos”.

1896

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Na noite de 22 de novembro o marinheiro João Cândido lidera a Revolta da Chibata.

Surge no dia 6 de junho a revista

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O Presidente Hermes da Fonseca toma posse a 15 de novembro.

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1910 João Dunshee de Abranches Moura foi empossado na Presidência da ABI no dia 13 de maio de 1910, prometendo defender a liberdade de pensamento a qualquer custo. Em 1911, foi reeleito para mais dois anos de mandato. Durante sua administração foram tomadas várias providências, como a reforma estatutária e a mudança de nome para Associação de Imprensa dos Estados Unidos do Brasil. Constava do novo estatuto a criação da biblioteca e do cargo de bibliotecário, para o qual foi escolhido Victor da Veiga Cabral; dos congressos de jornalistas a serem promovidos a cada cinco anos no Rio de Janeiro e de um tribunal de imprensa destinado a julgar conflitos da categoria. Também foram instituídos a carteira de jornalista, como instrumento de identidade e do exercício efetivo da profissão; o distintivo de sócio, desenhado por Raul Pederneiras, e um fundo de auxílio-funeral. A Associação ganha uma sede modesta no primeiro andar de um prédio da Avenida Central – atual Rio Branco.

Gertie The Dinosaur, de Winsor McCay, é o primeiro desenhoanimado em capítulos.

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Com a morte de Gustavo de Lacerda, seu vice, Francisco Souto, assume a Presidência da ABI para completar o mandato do colega, num momento em que a associação passava por uma crise de prestígio e sofria boicote de quase todos os donos de jornais.

1909

É criada por GUSTAVO DE LACERDA (acima) e mais oito companheiros a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA. A reunião aconteceu numa sala do terceiro andar do edifício do jornal O Paiz. Sobre Gustavo Lacerda, o jornalista Dunshee de Abranches que o sucedeu na presidência da instituição, o definiu assim: “Homem de imprensa, amando sinceramente a sua profissão e reputando o jornal a força mais poderosa e eficiente para o progresso das sociedades civilizadas, Gustavo de Lacerda vivia obcecado pelo ideal generoso e nobre de tornar a sua classe próspera, feliz, prestigiosa e útil”.

1908

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A imprensa dividiu-se desde o momento em que, enfrentando o poderio das forças dominantes, Rui Barbosa decidiu desencadear a campanha civilista. Ficaram com ele o Correio da Manhã, o Diário de Notícias, O Século, A Notícia e A Careta; tomaram posição em favor de Hermes da Fonseca o Jornal do Commercio, o Jornal do Brasil, O Paiz, A Tribuna, a Revista da Semana e O Malho. Júlio de Mesquita coloca O Estado de S. Paulo ao lado da candidatura de Rui: é a fase de seus melhores editoriais políticos.

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A Gazeta de Notícias, do Rio, é o primeiro jornal a introduzir cores em suas edições.

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Em janeiro, começa a circular a revista Fon-Fon. Entre seus colaboradores estão grandes desenhistas como Nair de Teffé, J. Carlos, Raul Pederneiras e Kalixto.

1907

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Começam a surgir os sintomas preliminares da luta que, com a derrota do movimento civilista, encabeçado por Rui Barbosa, terminaria por desembocar no turbulento período presidencial do Marechal Hermes da Fonseca.

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Com o 14-Bis, Alberto Santos Dumont consegue decolar, voar e pousar por seus próprios meios com um equipamento mais pesado do que o ar no dia 23 de outubro no campo de Bagatelle em Paris, na França.

O Jornal do Brasil empreende reforma gráfica inspirado no The Times e traz os classificados para a primeira página.

Surge a Revista de Cultura Vozes.

Criada pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e Silva, começa a circular no dia 11 de outubro a revista O Tico-Tico, que foi a primeira a publicar histórias em quadrinhos no Brasil. Entre seus famosos personagens, estão Reco-Reco, Bolão e Azeitona, criados pelo ilustrador e caricaturista Luiz Sá, e Chiquinho, cópia não autorizada do personagem Buster Brown. A revista fez grande sucesso não só entre a garotada, mas também entre

humorística Careta, criada por Jorge Schmidt. O grande desenhista J. Carlos foi seu diretor e principal ilustrador até 1921.

Fundada pelo jornalista Adolfo Campos de Araújo, A Gazeta passa a circular em São Paulo. Depois de um início de muitas dificuldades, o jornal passa a ser comandado pelo jornalista e empreendedor Cásper Líbero, que assumiu o seu controle em 14 de julho de 1918. Cásper promoveu uma série de mudanças no vespertino, como a valorização de temáticas regionais, culturais, esportivas e sociais e investiu na criação de suplementos até então inéditos na imprensa brasileira, como a Gazeta Esportiva e A Gazetinha, voltado ao público infanto-juvenil e que publicou pela primeira vez no Brasil as histórias do Super-Homem.

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1906

Winsor McCay cria uma obra-prima dos quadrinhos publicada nos suplementos dominicais dos jornais: Little Nemo in Slumberland.

1905

É desenvolvido o sistema de impressão ofsete, que é utilizado até hoje.

O Correio da Manhã condena a vacinação obrigatória: “o monstruoso projeto” de Osvaldo Cruz.

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1904

Richard Fenton Outcault passa a desenhar as aventuras de Buster Brown nos EUA.

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intelectuais como Monteiro Lobato e Carlos Drummond de Andrade. Ela foi publicada durante 60 anos.

UCHA

No dia 20 de setembro surge O MALHO, revista humorística criada por Crispim do Amaral. Entre seus colaboradores, ilustradores de renome como J.Carlos, Angelo Agostini, Max Yantok, K.Lixto e Theo.

1902

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Guglielmo Marconi transmite mensagens através do Atlântico pelo rádio-telégrafo.

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Em 15 de junho sai o primeiro número do Correio da Manhã. Surge num momento em que o jornalismo do Rio é acusado de estar quase todo a serviço do Governo, sem independência e sem voz. O Correio toma posição contra as oligarquias, contra as forças governamentais que se distanciavam dos direitos do povo. Editorial de Edmundo Bittencourt, seu fundador, na primeira edição do jornal: “Compromisso com a verdade” / “Um jornal de opinião” / “Poucas palavras e muita sinceridade, porque desta coluna estamos escrevendo para o povo” / “O Correio da Manhã não tem nem terá jamais ligação nenhuma com partidos políticos” / “Jornal que propõe, e quer, deverá defender a causa do povo, do comércio e da lavoura; entre nós, não pode ser um jornal neutro. Há de, forçosamente, ser um jornal de opinião, e, neste sentido, uma folha política” / “Mas desta política, desapaixonada e nobre, só uma imprensa francamente independente pode se ocupar”. Em seu quadro de colaboradores estão Medeiros e Albuquerque, Carlos de Laet, José Veríssimo, Alberto de Oliveira, Leão Veloso, Afonso Celso, Coelho Neto, Evaristo de Morais, Artur Azevedo, grandes expressões da intelectualidadade da época.

1901

1896~1910

Um século depois de os primeiros jornais começarem a circular no Brasil, um pobre e visionário jornalista funda, em 1908, a Associação Brasileira de Imprensa.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 11


REPRODUÇÃO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Em abril, é empastelado pela Polícia, em Belém, o jornal local O

A Voz do Trabalhador, quinzenário, atinge tiragem vultosa para a época e gênero: 4.000 exemplares. Entre seus colaboradores, Isaías Caminha, pseudônimo de Lima Barreto, que depois dará esse nome ao personagem de uma de suas obras mais importantes: Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

Fundado o jornal A Rua.

É criada a Revista do Brasil, que se mantém até 1944.

Surge S. Excelência, que circula apenas este ano.

Em 6 de março, Gelásio Pimenta coloca em circulação A Cigarra, revista ilustrada.

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Começa a Primeira Guerra Mundial, em que haverá massacres de combatentes em escala de milhões.

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Com apenas 27 anos de idade, o jornalista BELISÁRIO DE SOUZA (à direita) substitui Dunshee de Abranches

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1914

Surgem as revistas Caricatura, A Semana e O Rio-Ilustrado, que só duram este ano.

1913

O primeiro S.O.S. radiofônico acontece a partir do Titanic, já naufragando. A mensagem foi recebida pelo transatlântico Carpathia e simultaneamente pelo escritório de Marconi em Nova York. David Sarnoff, assistente de Marconi que recebeu as mensagens, passou todos os informes em primeira mão ao jornal The New York Times, que fez do assunto uma alavanca para seu crescimento.

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Charlie Chaplin assina contrato com a Keystone, produtora cinematográfica do lendário Mack Sennett. Em seu primeiro filme, Making a Living, (no Brasil, Carlitos Repórter), Chaplin faz o papel de um jornalista inescrupuloso. A produção foi lançada nos Estados Unidos em fevereiro de 1914.

Assalto a O Paiz, de João Laje.

Dois jornais polarizam no Rio as correntes de opinião: O Paiz, que defende o Governo, e o Correio da Manhã, que capitaneia a oposição.

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12 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

na Presidência da instituição que, por sua iniciativa, ganhou o nome atual: Associação Brasileira de Imprensa.

A reação popular é tão violenta, após a saída de Hermes, que se torna incontrolável.

As forças dominantes não têm contemplações com seus adversários. A imprensa anoitece sob censura. Jornalistas da primeira linha de combate são encarcerados: Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã, J. E. de Macedo Soares, de O Imparcial, Vicente Piragibe, da Época, e Leônidas de Resende. Inúmeros civis e militares são presos; muitos têm de fugir para locais não atingidos pelo sítio.

UM DOS FILMES MAIS POPULARES DE CHAPLIN, SHOULDER ARMS (CARLITOS NAS TRINCHEIRAS), DE 1918, MOSTRA AS DESVENTURAS DE UM SOLDADO DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL.

Em 2 de fevereiro Plínio Barreto lança em São Paulo a Revista dos Tribunais, quinzenário que logo conquista prestígio.

Surge O Imparcial, com José Eduardo de Macedo Soares liderando um grupo de bons jornalistas.

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1912

O fotógrafo Augusto Malta, funcionário da Prefeitura do Distrito Federal, registra cenas do Carnaval carioca, tornando-se o primeiro fotojornalista brasileiro.

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Surge Faceira, que dura até 1917.

A 18 de julho, Irineu Marinho faz circular A Noite. Com o reduzido capital de 100 contos de réis, lança um jornal moderno, bem diagramado, feito por profissionais competentes; em menos de um ano,

1911

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Os grandes jornais do Rio e de São Paulo instalam ou ampliam escritórios para os seus correspondentes em Londres, Paris, Roma, Lisboa, Nova York, Buenos Aires, Montevidéu e Santiago do Chile. O livro ainda influi poderosamente no estilo do jornal e da revista. Eça de Queirós, Rui Barbosa e Joaquim Nabuco assinam correspondência do exterior ou textos locais.

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Surge a revista O Filhote da Careta, que dura só este ano.

Em Pernambuco, o Palácio do Governo é tiroteado; a Redação do Diário de Pernambuco, atacada a bala, mas pode funcionar, e as edições são queimadas nas ruas. Os partidários do chefe político Rosa e Silva, adversário do Governador Dantas Barreto, são obrigados a emigrar.

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É criada a revista O Riso, que se mantém até 1912.

Na noite de 9 para 10 de dezembro, novo movimento militar alarma a cidade: na Ilha das Cobras, marinheiros e fuzileiros rebelam-se. Agora, entretanto, as reações são diferentes: a ilha é bombardeada e o Governo decreta estado de sítio: vai ajustar, de uma só vez, as contas com os participantes das duas revoltas. Nas solitárias Ilhas das Cobras e a bordo do navio Satélite, a maioria dos cabeças ou supostos responsáveis pelas sublevações é exterminada, por ordem do Comandante Marques da Rocha, na Ilha, e do Tenente Francisco de Melo, naquele navio, em pleno mar. A imprensa nada publica a respeito.

CORRESPONDENTES DOS JORNAIS DE S. PAULO NA CAPITAL FEDERAL ESTÃO INCLUÍDOS NO ROL DOS PERIGOSOS. A POLÍCIA VIGIA-LHES TODOS OS PASSOS, PRONTOS A DEITAR-LHES AS GARRAS, NA PRIMEIRA OPORTUNIDADE.”

ENCARCERADOS, BEM COMO OS FATOS DO DIA. OS

está em condições de comprar novas máquinas de impressão, linotipos, montar oficina de gravura bem aparelhada, fazer a distribuição em automóveis.

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DE VEICULAR PARA SUAS COLUNAS OS NOMES DOS INÚMEROS

SOBRE A REVOLTA DA CHIBATA E O MOVIMENTO MILITAR DA ILHA DAS COBRAS, O JORNAL A GAZETA, DE SÃO PAULO, PUBLICOU UMA SÉRIE DE NOTÍCIAS EM VÁRIAS EDIÇÕES SOB O TÍTULO O RIO SOBRE UM VULCÃO, ONDE DENUNCIA A RIGOROSA CENSURA À IMPRENSA IMPOSTA PELO GOVERNO: “A SUSPENSÃO DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS PESA TAMBÉM SOBRE A IMPRENSA, QUE NÃO TEM LIBERDADE DE EXTERNAR-SE SOBRE A SITUAÇÃO,

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Em dezembro, começa a circular O Cosmopolita, órgão sindical dos empregados na indústria hoteleira.

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Com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, O Debate deixa de circular.

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Por sua posição contra a guerra, a Semana Social, de Maceió, é fechada pela Polícia.

Acontece a Revolução Russa em dois tempos: em fevereiro o Czar Nicolau II é deposto e toda a sua família é executada. Em outubro, LÊNIN (à direita) lidera o Partido Bolchevique para derrubar o governo provisório e instalar o socialismo na futura União Soviética.

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Na segunda quinzena de julho de 1917 começa a circular no Rio O Debate, com a colaboração de Lima Barreto, Fábio Luz, A. J. Pereira da Silva, Théo Filho, Maurício de Lacerda, Agripino Nazaré, Teodora Magalhães, José Saturnino de Brito, Adolfo Porto.

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Surge a revista Rio-Chic.

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João Guedes de Melo assume a Presidência da ABI, dedicando-se à fundação do Retiro dos Jornalistas e à concretização de dois projetos de seu antecessor – o Congresso Brasileiro de Jornalistas e a Escola de Jornalistas – sem descuidar de outros temas importantes, como o desenvolvimento do serviço de auxílio e assistência aos sócios. Durante sua administração, o Governo Federal isentou a ABI de “todos os impostos, emolumentos e contribuições municipais, relativos não só ao seu funcionamento, como também à aquisição de qualquer título, construção e manutenção de imóveis”, como sua sede, ou qualquer outro estabelecimento concernente aos propósitos da Associação.

1917

Surge o jornal A Razão.

1916

Nesta época é lançada a clássica garrafa da Cocacola – um dos ícones mundiais do design – projetada pela Glass Company, de Tene Haute.

Aparecem os jornais O Rio e A Luta, que só circulam nesse ano.

Começa a circular um escandaloso semanário: O Parafuso, de Benedito de Andrade.

Surge Na Barricada, dirigida por Orlando Correia Lopes.

Em 26 de outubro o Brasil entra na Primeira Guerra Mundial.

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Com a renúncia de Belisário de Souza, RAUL PEDERNEIRAS (ao lado, numa autocaricatura) assume o cargo de Presidente da ABI. Com o cartunista a instituição adquiriu sua personalidade jurídica, publicando e registrando diversos atos administrativos. Pederneiras pleiteou aos Governos Municipal e Federal o título de utilidade pública, que somente foi conferido à ABI na gestão seguinte e investiu em melhorias para a nova sede, na Rua Treze de Maio, 58, no último andar do prédio da Diretoria do Liceu de Artes e Ofícios. Regulamentou também o funcionamento da Biblioteca e a obtenção da carteira de jornalista; deu forma ao projeto para a Escola de Jornalistas; convocou o primeiro congresso nacional da categoria; conseguiu a diminuição da taxa telegráfica para os serviços de imprensa e incrementou a área de assistência social.

1915

Em 23 de outubro o Correio da Manhã tem as edições suspensas em virtude do estado de sítio, mas obtém decisão judicial favorável que lhe garante indenização por danos sofridos.

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Hermes da Fonseca termina seu mandato a 15 de novembro.

Em 30 de setembro começa a circular no Rio o mensário A Vida, redigido pelo engenheiro e jornalista gaúcho Orlando Correia Lopes.

O Debate de 15 de setembro publica protesto do Comitê de Defesa dos Direitos do Homem, acusando o Governo de São Paulo, presidido por Altino Arantes, de ter mandado invadir casas, altas horas da noite, maltratando mulheres e crianças; de ter mandado assaltar as oficinas de A Plebe, jornal anarquista, e de ter feito prisões ilegais.

Em Manaus, em outubro, aparece A Luta Social, redigida por Tércio Miranda.

Imparcial, por ter tomado a defesa de operários ali em greve.

REPRODUÇÃO

1910~1917

O jornal O Imparcial, de Belém, é empastelado pela Polícia por ter tomado a defesa de operários em greve.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 13


14 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

Sai de circulação o jornal A Razão.

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1922 Surge a revista ilustrada A Maçã, fundada e dirigida por Humberto de Campos, que se assina Conselheiro

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O jornalista Assis Chateaubriand compra O Jornal, com o auxílio de Epitácio Pessoa, Alfredo Pujol e Virgílio de Melo Franco e com o beneplácito de Artur Bernardes. A partir daí Chateubriand começa a construir o seu império jornalístico. Sob sua direção, O Jornal toma feição nova, moderna, arejada, e conta com excelentes colaboradores no exterior e no País.

O Dia, jornal partidário do Presidente Artur Bernardes, começa a circular em 24 de fevereiro, com Redação na Rua do Rosário, próximo à Rua Gonçalves Dias, sob a direção de Azevedo Amaral, Virgílio de Melo Franco e Tristão da Cunha. O jornal deixará de circular em agosto de 1922 com 300 contos de dívidas.

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Começa a circular em Recife em 13 de setembro o Diário do Povo, fundado e dirigido por Raul Azêdo e Joaquim Pimenta.

Surge em São Paulo em 19 de fevereiro a Folha da Noite, jornal de propriedade da empresa Folha da Manhã e que vai revelar um caricaturista excepcional: BELMONTE, criador do imortal JUCA PATO (abaixo).

Lima Barreto critica duramente a Lei Adolfo Gordo em A Careta de 5 de agosto.

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Tramita no Congresso o projeto de lei, transformado na Lei Adolfo Gordo, que limita os direitos civis e, entre outras coisas, a liberdade de imprensa.

Em setembro, partindo do meio intelectual, surge a revista Clarté, versão brasileira da publicação francesa.O grupo fundador reúne Nicanor do Nascimento, Evaristo de Morais, Maurício de Lacerda, Luís Palmeira, Agripino Nazaré, Antônio Correia, Alcides Rosas, Pontes de Miranda, A. Cavalcante, Teresa Escobar,Vicente Perrota, Francisco Alexandre, Everardo Dias e cerca de trinta dirigentes sindicais. A tiragem chega a 2.000 exemplares, mas o movimento militar de 1922 e o estado de sítio liquidam a iniciativa, inspirada na França, onde surgira sob a liderança de Henri Barbusse e se espalhara por vários países.

Aparece o Almanaque do Eu Sei Tudo, da empresa Editora Americana, ilustrado.

A Hora Social, como Alba Rossa, e Vanguarda, de São. Paulo, publicam documentos do movimento revolucionário russo e internacional.

É relançado Figuras e Figurões, semanário ilustrado de Amadeu Amaral, que começara a circular em 1913. Entre seus colaboradores, Raul Pederneiras, Kalixto, Vasco Lima, Seth e outros caricaturistas.

No Jornal do Brasil, dirigido por Aníbal Freire, Osório Duque Estrada faz o registro literário e o jovem jornalista pernambucano Barbosa Lima Sobrinho é o novo repórter político.

1921

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Raul Pederneiras assume novamente a Presidência da ABI.

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Surge A Pátria, de Paulo Barreto, nome civil de João do Rio.

Passa a circular em São Paulo a Gazeta Mercantil.

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Em janeiro, surge em Aracaju A Voz Operária, órgão do Centro Operário Sergipano.

1920

O Jornal é fundado por Renato Toledo Lopes.

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A Voz do Povo tem suas edições apreendidas pelas maltas de agentes da polícia secreta, postadas dia e noite nas imediações da Redação; seus gráficos e redatores são presos, um a um; finalmente, o jornal tem de cessar sua publicação: não é empastelado, mas estrangulado.

Em novembro aparece no Recife o diário Hora Social, que dura apenas três meses e acaba empastelado pela Polícia.

Empastelamento de A Plebe, em São Paulo, em 28 de outubro.

No Rio, a Federação Operária, com a ajuda das grandes uniões de trabalhadores de tecidos, construção civil, culinária, padarias, transportes terrestres e marítimos, metalúrgicos e outras corporações, subscreve ações e funda um jornal diário, A Voz do Povo, com oficinas próprias e um corpo de redatores recrutado entre os militantes que lideram o movimento operário e têm reconhecidas qualidades como dirigentes. Só esse jornal protesta contra as violências antioperárias, enquanto na Câmara o Deputado Maurício de Lacerda luta sozinho contra nova lei de repressão aos trabalhadores.

Aparece o semanário proletário Spartacus.

Surge o jornal A Folha.

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CAPA DA REVISTA SEMANAL PARA TODOS, DE 12 DE JUNHO DE 1926, ILUSTRADA PELO GENIAL DESENHISTA J.CARLOS.

Surge a revista Para Todos, que nesta sua primeira fase circula até 1932.

É criada a revista A Atualidade, que dura até 1927.

O primeiro jornal a ser publicado em formato tablóide é o New York Daily News, nos Estados Unidos.

Surgem as revistas Guanabara, A Rajada, Zum-Zum e a Revista Nacional.

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1919

No dia 10 de setembro a ABI instala o 1º Congresso Nacional de Jornalistas. Entre outras reivindicações, são aprovadas pelos presentes estas decisões, algumas sob a forma de recomendações: tratar cada vez mais o trabalho de maneira impessoal e profissional, não sucumbindo aos exageros de linguagem; o jornalismo deve ser visto como um apostolado, sempre com ética; defesa e apoio à imprensa operária; evitar o sensacionalismo no jornalismo policial; nacionalismo; luta pela carteira de jornalista profissional; abertura de curso superior de Jornalismo; livre exercício da crítica, mediante a liberdade de imprensa; regulamentação do direito de resposta nos moldes da legislação francesa; cuidado com os anúncios publicitários feitos nos veículos; combate à censura. Esta só seria reconhecida em casos extremos, que envolvessem assuntos de ordem diplomática ou militar.

Em fevereiro, circula o primeiro folheto defendendo a Revolução Russa: A Revolução Russa e a Imprensa, assinado por Alex Pavel, que mostra como o noticiário sobre o movimento de outubro de 1917 na Rússia czarista vinha sendo deturpado pelos jornais. Em vão a Polícia procura o “perigoso agitador”, presumidamente estrangeiro, que o escrevera. Tratava-se do pseudônimo de jornalista Astrojildo Pereira, que seria quatro anos depois um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil-PCB.

Surge o Rio-Jornal.

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Surge O Pasquim, revista de curta duração, que deixaria de circular neste mesmo ano.

1918

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Em 2 de outubro, ASSIS CHATEAUBRIAND, aos 32 anos, registra o êxito de importantes

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Irrompe a Coluna Prestes, em Mato Grosso, começando a sua longa peregrinação pelo interior

Surge A Manhã.

Em 1 de julho surge a Folha da Manhã, fundada por Pedro Cunha e Olival Costa.

A 7 de janeiro começa a circular o Diário da Noite, que passa a integrar a rede de jornais de Assis Chateaubriand.

ASSIS CHATEAUBRIAND EM FOTO DE JEAN MANZON TIRADA EM 1948.

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As revistas modernistas Papel e Tinta e Revista do Brasil, do Rio de Janeiro, surgem e duram até 1926.

Primeiro órgão do Partido Comunista, A Classe Operária, começa a circular em maio de 1925, com tiragem de 5.000 exemplares. Em seu número 12 é proibido de circular.

Aparece no Rio a revista modernista Estética.

Sai de circulação o Rio-Jornal.

Em 20 de abril surge a primeira estação de rádio no Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Fundada por Edgard Roquette-Pinto e Henrique Morize, tinha uma programação educativocultural e sobrevivia das doações de seus sócios. Mais tarde foi doada ao Ministério de Educação e

1925

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Em 31 de agosto, por decisão do Presidente Artur Bernardes, o Correio da Manhã é fechado sob o pretexto de que estaria imprimindo em suas oficinas um folheto clandestino, o Cinco de Julho, para divulgar propostas dos rebeldes do levante dos 18 do Forte. O Correio da Manhã é impedido de circular até 20 de maio de 1925, quando consegue na Justiça a manutenção de posse. Não era a liberdade de divulgar, porém apenas a de circular, conforme deixa claro o despacho do juiz: “Procede a justificação. Expeça-se o mandado na forma requerida, assegurando ao Governo o direito de censura prévia das publicações do jornal dos suplicantes e dos impressos de suas oficinas; prejudiciais à ordem pública segundo o “prudente arbítrio” das autoridades, excetuados os debates parlamentares e judiciários, devidamente autenticados, nos termos da jurisprudência que tem definido a extensão da liberdade de imprensa e do exercício das profissões industriais na vigência do estado de sítio”.

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“O certo é que O Paiz estava morto. Mas não porque sua colaboração literária tivesse baixado de qualidade ou porque o seu noticiário já não fosse tão bem arranjado. O Paiz morrera... e quem o matou... foi o estado de sítio... (...) Com os adversários cancelados da vida cívica, na cadeia, ou de boca tapada pela censura, não tendo a quem responder, não há órgão defensor de situação que se possa agüentar.” (Gilberto Amado, Presença na Política, citado por Nélson Werneck Sodré, História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999).

1924

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Surge a revista Frou-Frou, que circulará até 1935.

Em novembro entra em vigor a Lei de Imprensa, a truculenta Lei Adolfo Gordo, senador por São Paulo.

1923

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Realiza-se no dia 7 de setembro a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, como parte das comemorações do centenário da Independência. A Westinghouse Electric, junto com a Companhia Telefônica Brasileira, instala no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estação de 500 W, inaugurada com um discurso do Presidente Epitácio Pessoa. Seguem-se emissões de música lírica, conferências e concertos, captados pelos 80 aparelhos de rádio distribuídos pela cidade. Após as festividades, as transmissões são interrompidas.

É criada a revista Beira Mar.

Ressurge A Maçã, que dura até 1929.

Surge a revista KLAXON, ligada ao movimento modernista, lançado um ano antes no Teatro Municipal de São Paulo por um grupo que reúne, entre outros, Mário de Andrade, Osvald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Manuel Bandeira, Heitor Vila-Lobos. A publicação começa a circular a 15 de maio e dura até janeiro de 1923. Organizada por Guilherme de Almeida, Tácito de Almeida e Couto de Barros, conta com a colaboração de Manuel Bandeira, Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Mário de Andrade, Sérgio Milliet, Victor Brecheret e Sérgio Buarque de Holanda.

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Rádios amadoras surgem em várias partes do País, como a Rádio Clube Paranaense, a Rádio Clube de Pernambuco, a Rádio Sociedade RioGrandense, a Rádio do Maranhão, a Rádio Sociedade Educadora Paulista e a Rádio Clube de Ribeirão Preto. Todas nascem como clubes e sociedades e, como a legislação proibia a publicidade, são sustentadas por seus associados.

inovações em O Jornal, em cuja presidência figura Epitácio Pessoa. Ele imprime ao jornal uma orientação de inspiração liberal, com simpatia por investidores estrangeiros e pela abertura da economia do País ao capital internacional. Contrata estrangeiros para a Redação. Para atrair anunciantes, abre um departamento de publicidade, substitui longos artigos por reportagens e separa informação de opinião. Passa, também, a publicar quadrinhos. Em pouco tempo, aumenta as vendas de 5 mil para 30 mil exemplares, de terça a sábado, e 70 mil aos domingos. Faz oposição ao nacionalismo de Artur Bernardes, motivo pelo qual Epitácio Pessoa se demite da presidência. Em represália, o Governo Federal atrasa a liberação das matérias pela censura. O Brasil está sob estado de sítio, que se prolonga por todo o Governo Bernardes.

JEAN MANZON

Em 5 de julho ocorre a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, a primeira das ações armadas que se destacariam no contexto do chamado tenentismo.

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O Diário do Povo reaparece a 2 de julho, trazendo o retrato de José Martins, um dos operários assassinados nos dias de violência militar, de que se queixaria até mesmo o órgão da arquidiocese, a Tribuna Religiosa, protestando contra “a invasão de suas oficinas por soldados do Exército”.

Em maio de 1922, dá-se a ocupação militar da capital pernambucana; a Redação do Diário do Povo é atacada a bala, a circulação do Diário de Pernambuco e do Jornal do Recife é suspensa, o bacharel Tomás Coelho é assassinado por uma patrulha. Os órgãos governistas A Província e Jornal do Comércio recebem garantias militares para o privilégio de circular.

Cultura e recebeu o nome de Rádio Mec. Em sete anos, o País terá 80 estações de rádio. Durante os anos Vargas, as comunicações radiofônicas alcançam grande importância. Em 1943 o número de emissoras se eleva a 120.

Passa a circular o mensário Movimento Comunista, que dura até julho de 1923.

XX. A publicação é de frascarices, mas tem excelente apresentação gráfica, ilustrada por artistas do porte de Kalixto, Romano e Andrés Guevara.

1918~1925

Finalmente, o jornal A Voz do Povo tem de cessar sua publicação: não é empastelado, mas estrangulado.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 15


Aparece o São Paulo Jornal, dirigido por Oduvaldo Viana e Quadros Júnior, que passam depois a

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A Classe Operária reaparece.

Surgem em São Paulo as revistas modernistas Terra Roxa e Outras Terras.

De janeiro a abril, circula impresso o jornal clandestino, antes mimeografado, Jovem Proletário.

Sai de circulação A Folha.

Ainda no Recife surge O Libertador, também fundado e dirigido por Raul Azêdo e dedicado à defesa da causa da Aliança Liberal.

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Aparece no Recife O Tacape, fundado por Raul Azêdo, Joaquim Pimenta, Metódio Maranhão e João Barreto de Menezes, quinzenário de crítica social que circula de 1º de janeiro de 1928 a 1º de janeiro de 1930.

Segundo o jornalista Edmar Morel, biógrafo da ABI, a eleição de Manuel Paulo Filho foi um dos pleitos mais disputados da instituição, pois aconteceu num momento em que a classe jornalística se encontrava desunida, após um período de paz na gestão de Barbosa Lima Sobrinho. Ele não conseguiu promover novamente a união da classe, como não era bem-visto pelo Governo Federal. As dificuldades para edificar a sede definitiva da Associação numa área do antigo Morro do Castelo, doada pelo Conselho Municipal, prejudicaram ainda mais seu trabalho à frente da ABI. Mesmo assim, sua administração teve iniciativas relevantes, como a intervenção junto ao Congresso para a organização das Caixas de Pensões e Aposentadorias, que funcionariam como seguro social para os trabalhadores da imprensa.

Surge em São Paulo a modernista Revista de Antropofagia, de Osvald de Andrade.

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1928

Na segunda quinzena de dezembro, ocorre o encontro, em Puerto Suarez, na Bolívia, entre Astrojildo Pereira, representante do Partido Comunista, e Luís Carlos Prestes, chefe do movimento tenentista, ali asilado com participantes de sua Coluna desde o ano anterior. Do encontro resulta a adesão de Prestes ao marxismo-leninismo.

A Nação fecha em 11 de agosto, com a vigência da Lei Celerada.

É fechado o jornal A Rua.

Começa a circular no Recife, em 16 de abril, o jornal oposicionista Diário da Manhã, fundado por Carlos de Lima Cavalcânti.

1927

Suspensão do estado de sítio, a 31 de dezembro

Em Londres, o inventor escocês John Logie Baird faz a primeira demonstração da televisão no mundo.

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Surge a revista Vida Nova.

Barbosa Lima Sobrinho assume pela primeira vez a Presidência da ABI e logo convoca uma assembléiageral para reformar os estatutos. Nesta gestão ele regulamenta a concessão da carteira de jornalista e título de sócio e estabelece intercâmbio com as associações de imprensa dos Estados, proporcionando a integração dos jornalistas em todo o País. Foi incansável nas negociações junto à Prefeitura do antigo Distrito Federal para que a ABI conseguisse a posse definitiva do terreno no Castelo doado pelo Conselho Municipal. Também promove um inquérito nacional a respeito da lei de imprensa, cognominada “Lei Infame”

Em 3 de janeiro passa a circular o jornal comunista A Nação, dirigido por Leônidas de Resende e que orienta a campanha do Bloco Operário e Camponês no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nas eleições de 24 de fevereiro de 1927, o Bloco alcança excelente resultado, elegendo dois vereadores à Câmara do Distrito Federal, Otávio Brandão e Minervino de Oliveira, este um dos fundadores do PCB.

1926

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16 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

Para promover seu jornal, Casper Líbero realiza a Corrida Internacional de São Silvestre no dia 31 de dezembro. O evento se torna a mais famosa corrida de rua do Brasil e passa a acontecer anualmente na cidade de São Paulo.

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Em 25 de julho IRINEU MARINHO funda O GLOBO. Menos de um mês depois, no dia 21 de agosto, sofre um ataque cardíaco fulminante. Naquela mesma noite, a edição das 17 horas de O Globo publica a notícia de sua morte na primeira página: “Há mais de quinze minutos que estamos

No Rio, Mário Rodrigues rompe com Edmundo Bittencourt e funda A Manhã, matutino vibrante, versátil, bem paginado, com excelente colaboração, contando com o talento do caricaturista Andrés Guevara, responsável por sua apresentação gráfica.

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com a pena imobilizada sobre o papel, sem que nos acuda ao espírito a palavra ou frase com que havemos de iniciar o noticiário do descompassado sofrimento a que nos veio atirar a morte de nosso grande amigo e único mestre.”

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Em 20 de maio o Correio da Manhã é reaberto. Como Edmundo e Paulo Bittencourt encontram-se presos, o Senador Moniz Sodré assume a direção do jornal. Em nova aparência o jornal valoriza fotos e ilustrações.

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Em 1 de março é fundado em Porto Alegre o Diário de Notícias.

do País durante os anos de 1925 e 1926, até internar-se na Bolívia, a 3 de fevereiro de 1927.

propriedade a Sílvio de Campos e Marcondes Filho. A direção no final é assumida por Alberto de Sousa.

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ALTO COMANDO DA COLUNA MIGUEL COSTA-PRESTES NUMA FOTO DE OUTUBRO DE 1925, EM PORTO NACIONAL, GOIÁS: 1- DJALMA DUTRA; 2- SIQUEIRA CAMPOS; 3- LUÍS CARLOS PRESTES; 4- MIGUEL COSTA; 5- JUAREZ TÁVORA; 6- JOÃO ALBERTO; 7- CORDEIRO DE FARIAS; 8- JOSÉ PINHEIRO MACHADO; 9- ATANAGILDO FRANÇA; 10- EMÍDIO DA COSTA MIRANDA; 11- JOÃO PEDRO; 12- PAULO KRÜGER DE CUNHA CRUZ; 13- ARI SALGADO FREIRE; 14- NÉLSON MACHADO; 15- MANUEL LIMA NASCIMENTO; 16- SADI VALE MACHADO; 17- TRIFINO CORREIA; 18- ÍTALO LANDUCCI.

REPRODUÇÃO

200 Anos da Imprensa no Brasil


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O Diário Carioca apóia o movimento. Dias antes da eclosão, um encontro de líderes da Aliança Liberal é realizado na própria Redação do jornal. Dele participam, entre outros, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, Carlos Lima Cavalcânti, Café Filho, Getúlio Vargas e Juarez Távora.

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O movimento que ficaria conhecido como Revolução de 30 estoura no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, no dia 3 de outubro; no Nordeste, sob o comando de Juarez Távora, no dia 4 de outubro. Em 5 de outubro, Osvaldo Aranha e Flores da Cunha tomam com apenas 50 homens o quartel-general de Porto Alegre. Dentre os fatores que levam à Revolução de 30 está em primeiro lugar a emergência de uma classe média, do tenentismo, de uma incipiente burguesia e do movimento operário, todos insatisfeitos com a República Velha. Além disso, os demais Estados da Federação não aceitam a exclusão imposta por São Paulo e Minas Gerais. Os outros setores econômicos – charqueadores, produtores de açúcar, de cacau, de borracha, de arroz, os industriais, etc. – não vêem com bons olhos a política de priorização do café, já que consideram que os incentivos oferecidos pelo Governo são pequenos.

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Em 26 de julho é assassinado o Governador da Paraíba, João Pessoa.

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Os secretários e diretores de todos os jornais, convidados a comparecer ao Gabinete do Chefe de Polícia, recebem instruções quanto ao noticiário permitido. Alguns jornais deixam de circular.

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Com a derrota da Aliança Liberal nas eleições, Assis Chateaubriand passa a conspirar para a Revolução de 30.

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Em 1º de março. Júlio Prestes vence as eleições contra Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal. Em 2 de março o Diário Carioca publica: “O povo se convenceu de que só há um meio de vencer o despotismo: a revolução. E é esta a causa verdadeira do não comparecimento de votantes às seções eleitorais.”

A indicação do paulista Júlio Prestes como candidato à Presidência da República por Washington Luís põe fim à política do café-comleite, que alternava na Presidência da República um paulista e, sucedendo-o, um mineiro. O País se divide e forma-se a Aliança Liberal, com força principal em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

Estimulado pelo sucesso cinematográfico Barro Humano, de 1929, Adhemar Gonzaga funda os Estúdios da Cinédia, no Rio de Janeiro. O projeto era inspirado nos estúdios de Hollywood que tinham uma produção regular de filmes.

A perseguição continua: redatores e operários de A Batalha, A Esquerda, Diário Carioca, O Jornal e Diário da Noite são detidos.

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No fim do seu mandato, Alfredo Neves indicou Barbosa Lima Sobrinho para substitui-lo na Presidência da ABI. Em seu segundo mandato Barbosa empenhou-se outra vez na reivindicação da aquisição do terreno — que acabou sendo cedido pelo Prefeito Pedro Ernesto na administração de Herbert Moses, em 1932. Preocupou-se igualmente com a unidade da classe, que se encontrava dividida entre a ABI, o Clube da Imprensa e a Associação da Imprensa Brasileira. A proposta de unir todas numa só incluía sua renúncia. Plano aceito, um protocolo foi redigido e Herbert Moses foi escolhido para substituí-lo.

1930

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Circula A Manha, jornal humorístico de Aparício Torelly, depois BARÃO DE ITARARÉ (caricatura ao lado, desenhada por Guevara).

Sai de circulação o jornal A Manhã.

Ainda no primeiro semestre o Diário de Notícias, do Rio Grande do Sul, passa a integrar a rede dos Diários Associados.

Em 7 de março é fundado o Estado de Minas, que em 12 de maio passa a integrar os Diários Associados.

Assis Chateaubriand lança o Diário de São Paulo, que conquista o público com distribuição gratuita, por um mês, a assinantes potenciais.

Assis Chateaubriand apóia a candidatura de Vargas, que o apoiou na fundação e incorporação de novos veículos à rede dos Diários Associados. A corporação Diários é oficializada.

A Redação de A Classe Operária é invadida e depredada, assim como numerosos sindicatos. Daí por diante, e durante quinze anos, é heróica a luta para mantê-la: tipografias são empasteladas pela Polícia, às dezenas, gráficos e redatores são presos, torturados, mortos; o jornal reaparece sempre, sob aspectos gráficos variados, em conseqüência da repressão e da clandestinidade.

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Saem de circulação O Imparcial e a revista A Maçã.

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Com 49 anos, Alfredo da Silva Neves acumulava as funções de jornalista, médico, político e funcionário público quando recebe de Paulo Filho o cargo de Presidente da ABI. O período era agitado e a imprensa estava dividida entre os que apoiavam a Aliança Liberal e os que apoiavam o Governo de Washington Luís. Foi difícil manter a ABI neutra num episódio que agitava todo o País, mas ele conseguiu organizar uma comissão de juristas para defender os associados ameaçados, ao mesmo tempo em que se manteve firme na luta para recuperar o fôlego financeiro da instituição. Fez também reformulações no Estatuto, introduzindo, entre outras, modificações que privilegiavam as necessidades sociais.

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Em fevereiro, O Cruzeiro, com dois meses apenas, já é a maior revista nacional.

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Com a quarta edição da Corrida de São Silvestre, Casper Líbero lança, em dezembro, a Gazeta Esportiva, um dos primeiros periódicos dedicados exclusivamente ao esporte.

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1929

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Em 5 de dezembro panfletos são jogados de aviões e do alto de arranha-céus: “Compre amanhã O CRUZEIRO, em todas as bancas, a revista contemporânea dos arranha-céus...” / “...que tudo sabe, tudo vê”. Banda de música nas ruas. Cartazes anunciando que a revista sairia todos os sábados. Empregando “a moderníssima técnica da rotogravura”, no dia seguinte, O CRUZEIRO está nas bancas de todas as capitais e grandes cidades do Brasil e nos principais pontos de venda de Buenos Aires e Montevidéu e sua tiragem se esgota em poucas horas. Fundada por Carlos Malheiros Dias, posteriormente, passaria a integrar com A Cigarra o grupo jornalístico de Assis Chateaubriand. A revista tem circulação nacional, no que é pioneira.

É criado o jornal A Esquerda, órgão tenentista.

Passa a circular o jornal A Critica, de Mário Rodrigues, que apóia a candidatura oficial de Júlio Prestes à Presidência da República.

De oposição, circula em Belém a Folha do Norte, de Paulo Maranhão, que guardava o prestígio muito antes desfrutado pela A Província, incendiada quando da queda de Antônio Lemos, chefe político local.

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Aparece no Rio, no dia 17 de julho, o Diário Carioca, fundado por José Eduardo de Macedo Soares, que, em 1912, fundara também O Imparcial. Sua finalidade é fazer oposição ao Governo Washington Luís. Seria um dos órgãos principais da campanha da Aliança Liberal.

No dia 14 de julho começa a circular o Diário Nacional, tendo como superintendente Joaquim Sampaio Vidal, principal acionista da empresa. Como diretores funcionam Paulo Nogueira Filho e José Adriano Marrey Júnior.

A revista Movimento Brasileiro, também modernista circula de 1928 a 1930.

1925~1930

Secretários e diretores de todos os jornais, convidados a comparecer ao Gabinete do Chefe de Polícia, recebem instruções quanto ao noticiário permitido.

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18 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

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A GAZETA, DE SÃO PAULO, É OUTRO JORNAL QUE APÓIA A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932: ACIMA AS EDIÇÕES DE 9 E 11 DE JULHO E 7 DE AGOSTO, QUE TÊM FORTE APELO PATRIÓTICO E MUITAS FOTOS QUE ILUSTRAM O AVANÇO DO EXÉRCITO REBELDE.

A crise desencadeada pelo empastelamento do Diário Carioca é grande. Como repulsa à depredação do Diário Carioca, todos os jornais param de circular por 24 horas. Maurício Cardoso, Ministro da Justiça, que tinha conseguido pôr fim à censura à imprensa, e Batista Luzardo, Chefe de Polícia do Distrito Federal, protestam, solidários

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Macedo Soares participa da fundação do Clube 24 de Fevereiro, criado em 16 de fevereiro para defender a reconstitucionalização do País e se opor ao Clube 3 de Outubro, a mais importante organização tenentista. O Diário Carioca assume severa oposição ao Governo Provisório. A represália é rápida: no dia 25 de fevereiro, um grupo de oficiais e três caminhões de soldados, chefiados pelo filho de Pedro Ernesto Batista, então interventor no Distrito Federal, depredam a Redação do Diário Carioca, situada na Praça Tiradentes. O jornal é forçado a suspender sua circulação por um tempo.

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Em janeiro Horácio de Carvalho Júnior assume o cargo de diretorpresidente do Diário Carioca. Macedo Soares, seu fundador, fica com a orientação política do jornal.

1932

Inauguração da Rádio Record, em São Paulo.

HERBERT MOSES (à direita) assume a Presidência da ABI. O seu bom relacionamento com as autoridades transformou a sede da ABI, que era na Rua do Passeio, em ante-sala do Itamarati. No primeiro ano de sua administração, apesar da censura à imprensa e das prisões de jornalistas, a instituição passou por uma grande reformulação, quando foi oficializada também a doação do terreno do Morro do Castelo. Bom negociador, Herbert conseguiu que Getúlio Vargas prometesse substancioso auxílio financeiro para o início da construção da sua sede própria, fizesse uma doação inicial de 13 mil contos de réis e criasse os primeiros cursos de Jornalismo. No entanto, mesmo correndo o risco de abalar essas boas relações, em nenhum momento de sua administração Herbert Moses consentiu que a ABI se intimidasse e deixasse de se pronunciar a respeito da violação dos direitos de jornalistas e da liberdade de imprensa. O período é considerado a grande fase construtiva da instituição e ele, na visão de amigos e colaboradores, figura como o consolidador material e espiritual da Casa do

1931

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Assis Chateaubriand, por sua defesa da abertura da economia ao capital internacional, tem atritos com Vargas.

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Pára de circular o jornal tenentista A Esquerda.

No dia 13 de março começa a circular no Rio de Janeiro o Jornal dos Sports.

Em 12 de outubro a revista O Cruzeiro realiza cobertura da inauguração da estátua do Cristo Redentor.

Cásper Líbero inaugura em São Paulo o edifício Palácio da Imprensa. Projetado para ser sede de A Gazeta, era único no País, com características apropriadas para redação, gravura, composição, impressão e distribuição de um jornal.

Também o Jornal do Comércio do Recife passa a integrar a cadeia dos Diários Associados.

Surge em Porto Alegre o Diário de Notícias, dirigido por Leonardo Truda.

A Crítica deixa de circular.

Jornalista. Nos registros da própria ABI, ele aparece como o homem que “tornou a fundação de Gustavo de Lacerda conhecida e respeitada dentro e fora do País. Arrancou-a, por fim, dos apertados limites das salas de aluguel para lhe dar uma sede imponente, bela, confortável, moderna como poucas nestas Américas. Tudo isso, obra da sua dedicação, do seu entusiasmo, da sua energia”.

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Surge o Diário de Notícias, fundado por Orlando Ribeiro Dantas, Nóbrega da Cunha

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A redação do Diário Nacional, que hostilizava o interventor de São Paulo, é invadida; sua edição, apreendida.

O Correio Paulistano é tomado e apossado pelo Governo de São Paulo, que em suas oficinas funda O Tempo, em 1931.

O Jornal do Brasil, que tivera sua Redação invadida nos dias tumultuosos da Revolução e fora forçado a ficar uma semana sem circular, reaparece com a substituição de Aníbal Freire por Brício Filho em sua direção. Brício faz a autocensura, examinando toda matéria a ser publicada.

No princípio de dezembro, o Diário Carioca rompe com a situação, criticando a gestão do Governo Provisório: “Uma administração incompetente e uma política mesquinha”. Dias depois, a edição que publica o editorial Balaio de caranguejos é impedida de sair. Mesmo assim, circula pela cidade.

Em novembro, José Eduardo de Macedo Soares, no Diário Carioca, conclama o Governo Provisório a seguir seu programa e a cumprir suas promessas: “O Governo deve agir de acordo com o préestabelecido, a Nação o espera, impacientemente”.

Em 3 de novembro Vargas recebe o poder. O movimento liquida praticamente a imprensa que apoiava a situação anterior.

O Diário da Noite estampa a primeira página com a manchete: “Viva o Brasil! Viva a República Nova e Redimida!”.

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Em 24 de outubro, a guarnição do Rio de Janeiro depõe o Presidente Washington Luís. O Diário Carioca estampa na primeira página: “A redenção brasileira – vitoriosa em todo o país a cruzada santa da liberdade nacional”.

PÁGINA DA REVISTA O CRUZEIRO, QUE APOIOU OSTENSIVAMENTE A REVOLUÇÃO DE 30 E A POSSE DE GETÚLIO VARGAS.

e Alberto Figueiredo Pimentel Segundo.

ARQUIVO ABI

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Entra no ar a Rádio Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro.

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O jornalista Macedo Soares é eleito senador pelo Estado do Rio de Janeiro.

Surge A Ofensiva.

Deixa de circular a Folha de Minas.

Instituição do programa oficial do Governo de Getúlio Vargas, A Voz do Brasil, transmitido até hoje.

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Começa a circular o Jornal de Notícias, dirigido por José Carlos Pereira de Sousa.

Vargas declara estado de sítio e impõe a censura à imprensa, a proibição de novos jornais e o fechamento de outros.

Com a insurreição, o Diário Carioca aproxima-se da situação.

Em 27 de novembro é deflagrada em Natal, RN, Recife, PE, e Rio o levante da Aliança Nacional Libertadora, liderado por Luis Carlos Prestes.

Em extenso editorial intitulado Em defesa da Democracia, O Jornal mostra-se favorável à Lei de Segurança Nacional: “(...). O governo, armado dos poderes que lhe vai dar a Câmara, defenderá a segurança do regime. Não lhe aconselharíamos excessos criminosos, que só serviriam para criar Mártires. Mas de certo, a repressão aos maus elementos, aos agitadores, aos terroristas deve ser inflexível e enérgica”.

Em 4 de abril é editada a Lei de Segurança Nacional.

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1935

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Getúlio Vargas é eleito Presidente da República pelo Congresso para um mandato de quatro anos.

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Inauguração da Rádio Mayrink Veiga, líder de audiência por vários anos no Rio de Janeiro, até ser fechada em 1964.

Depois de uma viagem aos Estados Unidos, onde conhece os suplementos semanais de quadrinhos que são a grande sensação da imprensa local, o jornalista Adolfo Aizen lança, encartado no jornal A Nação, o Suplemento Infantil que publica pela primeira vez no Brasil personagens recém-lançados nos EUA, como Flash Gordon, Príncipe Valente, Mandrake, Jim das Selvas, Dick Tracy e muitos outros, além de dar espaço para artistas brasileiros. Na capa da primeira edição, uma ilustração de J.Carlos.

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Surge o primeiro sindicato dos jornalistas no Brasil, em Juiz de Fora, MG. No ano seguinte surge outro no Rio de Janeiro.

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Com uma diagramação bem ilustrada, passa a

Cresce a radicalização política. De um lado, Plínio Salgado, pelo Partido Integralista, e de outro a Aliança Nacional Libertadora, de Luís Carlos Prestes.

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É fundada a Folha de Minas.

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Com caráter estritamente educacional, RoquettePinto funda a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro.

Surge em São Paulo a Revista do Arquivo Municipal.

1934

Em 10 de dezembro é decretada a falência da empresa que editava O Jornal.

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DUAS EDIÇÕES DE O DIA: 9 E 29 DE JUNHO DE 1933, FOTOS, DESENHO E TIPOLOGIAS DIVERSAS.

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Aparício Torelly, o popular Barão de Itararé, à frente de valente equipe, no Jornal do Povo, anuncia dez reportagens sensacionais sobre a vida de João Cândido, o líder da Revolta da Chibata. Saem duas. Na terceira, Torelly é seqüestrado por oficiais da Marinha e conduzido para a inóspita Barra da Tijuca, onde é submetido a vexames.

1933

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Waldo de Abreu cria os primeiros anúncios de rádio no Esplêndido Programa, da Rádio Clube do Brasil do Rio de Janeiro. Locutores paulistas usam o rádio como instrumento para conseguir a adesão popular à Revolução Constitucionalista de 1932.

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A Assembléia Constituinte, finalmente instalada em 1933, promulga a Constituição de 1934, substituindo a Lei de Organização do Governo Provisório.

Assis Chateaubriand toma o partido dos constitucionalistas de São Paulo e se torna alvo da repressão. O Governo toma posse de O Jornal, prende e exila os diretores e mostra a intenção de destruir os Diários Associados. O prédio de O Jornal, com todo o equipamento, é desapropriado. Em suas oficinas o Governo funda e edita A Nação, dirigida por J. S. Maciel Filho.

Em 9 de julho irrompe a Revolução Constitucionalista de São Paulo. O movimento tem o apoio integral do Diário Carioca e acaba derrotado.

Surge em São Paulo o mensário Política, dirigido por Cândido Mota Filho.

Em junho o Diário Carioca manifesta-se contra o “asfixiamento da liberdade de imprensa” e promove novo ataque ao tenentismo, afirmando que Vargas patrocina “uma política militarista... contrária à consciência cívica do povo brasileiro”.

Em 5 de abril o Diário Carioca volta a circular e acusa o Governo da República pelo empastelamento.

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circular no dia 5 de abril em São Paulo o jornal O DIA (Nome completo: O Dia dos Esportes e de Outros Assumptos).

Surge o Correio de São Paulo, dirigido por Rubens do Amaral.

Macedo Soares, fundador do Diário Carioca, candidata-se a deputado estadual pelo Estado do Rio de Janeiro e se elege.

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Vargas não dá mais que respostas evasivas. Tenta reconciliar-se com os gaúchos, oferecendo o Ministério da Justiça a Flores da Cunha, interventor no Rio Grande do Sul, que recusa o convite.

Tentativas de conciliação: um Heptálogo preparado por Assis Brasil pede o retorno à Constituição de 1891 no tocante aos direitos dos cidadãos, para que sejam punidos os autores do empastelamento. Segue-se um Decálogo, enviado a Vargas por Borges de Medeiros e Raul Pilla, no qual são pedidos, entre outras coisas, a abertura de inquérito sobre o atentado ao Diário Carioca, o afastamento de Pedro Ernesto da Prefeitura do Distrito Federal, a realização de eleições para a Assembléia Nacional Constituinte até 31 de dezembro de 1932 e a liberdade de imprensa.

com o jornal. O Ministro da Guerra, José Fernandes Leite de Castro, e o próprio Vargas, apoiado por líderes tenentistas, defendem o retorno à censura. Os gaúchos João Neves da Fontoura, Maurício Cardoso, Batista Luzardo e Lindolfo Collor, todos políticos ligados ao Governo Provisório, são contra a medida. O impasse força-os a renunciar coletivamente em 3 de março.

1930~1935

A crise desencadeada pelo empastelamento do Diário Carioca é grande. Como repulsa à depredação do Diário Carioca, todos os jornais param de circular por 24 horas.

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200 Anos da Imprensa no Brasil

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Em 9 de dezembro é publicado um manifesto contra a censura. Assinam: Elmano Cardim, do Jornal do Commercio; Austregésilo de Athayde, do Diário da Noite; Paulo Bittencourt, do Correio da Manhã; Roberto Marinho, de O Globo; Orlando Ribeiro Dantas, do Diário de Notícias.

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É criada em 15 de maio a revista Planalto, quinzenário paulista editado pelo Departamento Estadual de Imprensa.

Referência na arquitetura moderna mundial, o PRÉDIO DA ABI é inaugurado oficialmente no dia 13 de maio. O jornal Correio da Manhã noticia o fato com grande destaque.

Depois de assinar contrato com o empresário Lee Shubert, CARMEM MIRANDA (ao lado) parte de navio para os Estados Unidos no dia 4 de maio.

1939

O Decreto nº 910, de 30 de novembro, regulamenta a profissão de jornalista.

Em maio, sob o comando do Tenente Severo Fournier, os integralistas tentam tomar de assalto o Palácio Guanabara, residência do Presidente da República, para assassinar Vargas e tomar o poder. A Intentona Integralista, como ficou conhecida a ação, foi esmagada em poucas horas; seus participantes são presos, processados e condenados.

1938

Assis Chateaubriand inaugura a Rádio Tupi, de São Paulo. A cantora Linda Batista é eleita Rainha do Rádio.

Em 1º de setembro irrompe a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, com a invasão e ocupação da Polônia pelas tropas do líder nazista Adolfo Hitler, Chanceler da Alemanha. Com o inicio da Segunda Guerra Mundial, o totalitarismo se fortalece no Brasil. A censura é dura.

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Em 30 de novembro o Diário Carioca anuncia: “Vão ser extintos os partidos políticos existentes no País”.

Surge o Correio da Noite.

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Em 10 de novembro, Vargas dissolve o Congresso e outorga nova Constituição, que fica conhecida como Polaca, por se assemelhar à Constituição da Polônia fascista. Tem início o Estado Novo.

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Alegando a existência do Plano Cohen, que denunciava uma suposta insurreição comunista, o Governo Vargas convence o Congresso a aprovar o estado de guerra e pôr fim ao processo sucessório.

1937

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DIVULGAÇÃO

20 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

ASSIS CHATEAUBRIAND FALA AO MICROFONE DA RÁDIO TUPI, PERTENCENTE AOS DIÁRIOS ASSOCIADOS.

ARQUIVO ABI

No Reino Unido, surge em 1936 o BBC TV Service, o principal canal da BBC, com uma programação variada, permeada por notícias, arte e documentários.

Começa a operar a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. A emissora é criada com uma estrutura inédita para a época. Possui seis estúdios, um auditório com 500 lugares, transmissores de 25 kW e 50 kW, para ondas médias, e dois de 50 kW, para ondas curtas. Suas transmissões alcançam todo o território brasileiro e algumas partes da América do Norte, da Europa e da África. Para colocar a emissora em funcionamento há um corpo de funcionários igualmente grande: dez maestros, 124 músicos, 33 locutores, 55 radioatores, 39 radioatrizes, 52 cantores, 44 cantoras, 18 produtores, 13 repórteres, 24 redatores, quatro secretários de Redação e aproximadamente 240 funcionários administrativos.

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Em março de 1936, o escritor Graciliano Ramos, acusado – sem que a acusação fosse formalizada – de ter conspirado para o levante comunista de novembro de 1935, é demitido, preso em Maceió e enviado para o Recife, onde é embarcado no navio Manaus, com outros 115 presos, com destino ao presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro.

1936

Aparecem os primeiros ídolos do rádio: Linda Batista, Araci de Almeida, Francisco Alves, Carmem Miranda, Orlando Silva, Sílvio Caldas, entre outros.

O CRUZEIRO

A Rádio Kosmos, de São Paulo, cria os primeiros programas de auditório, que permitem a participação do público.


Inauguração da Rádio Globo, do Rio de Janeiro.

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Em agosto, o Diário Carioca, pioneiro na modernização do jornal impresso no País, publica uma série de artigos sob o título Cartas a um Foca, em que se divulgam os princípios do lide e regras para redatores e repórteres.

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O jornal tablóide O Globo Expedicionário é enviado para os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira-Feb que estavam participando da II Guerra Mundial na Europa.

É eleita nova Assembléia Constituinte, incumbida de elaborar a Constituição que substituirá a do Estado Novo.

Começa a circular no Rio a Folha Carioca, dirigida por Andrés Guevara.

Em 2 de dezembro Dutra vence as eleições.

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Apesar de deposto, Vargas apóia a candidatura de seu antigo Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, responsável militar pela instauração do Estado Novo. Dutra concorre pelo Partido Social Democrático (PSD), formado por antigos integrantes dos dois Governos Vargas.

Em 29 de outubro um golpe militar depõe Getulio Vargas, põe fim ao Estado Novo e entrega a Presidência da República ao Ministro José Linhares, Presidente do Supremo Tribunal Federal, a quem caberá presidir as eleições de 2 de dezembro, convocadas pelo próprio Vargas.

Com o apoio de Mário Lago e Oscar Niemeyer, é lançada a Tribuna Popular, jornal de orientação comunista.

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O vespertino Folha da Tarde começa a ser publicado pela Folha de S. Paulo.

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Surge o Digesto Econômico, órgão da Associação Comercial do Estado de São Paulo, dirigido por Rui Blóem, Rui Fonseca e Rui Nogueira Martins e depois por Antônio Gontijo de Carvalho.

Surge a Revista Industrial, órgão da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, dirigida por Honório de Sylos.

1944

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Em um acidente aéreo no Rio de Janeiro que também vitimou o Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar d’Afonseca, morre o jornalista Cásper Líbero, em 27 de agosto, aos 54 anos.

1943

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O jornalista Adolfo Aizen funda a EDITORA BRASIL-AMÉRICA, que mais tarde seria conhecida também como Ebal. Especializada em quadrinhos, a casa publicadora passa a ser uma das principais do País a divulgar a oitava arte e a dar espaço para os desenhistas nacionais.

Nesse mesmo ano, nos EUA, uma cooperação entre americanos, ingleses e alemães inicia o desenvolvimento do computador eletrônico.

Em 22 de agosto o Brasil declara guerra às chamadas potências do Eixo: Alemanha, Itália e Japão, em represália ao torpedeamento de navios mercantes nacionais no litoral do País.

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Em 22 de fevereiro, já em fins da Segunda Guerra Mundial, o Correio da Manhã desafia a censura e publica entrevista de Carlos Lacerda com JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA (esquerda), ex-Ministro da Viação de Getúlio Vargas e candidato à Presidência da República na eleição frustrada pelo golpe estado-novista de 1937. A entrevista desencadeia a reação contra a ditadura e pelo restabelecimento da ordem democrática e marca o começo do fim do Estado Novo. A matéria é suficiente para liquidar o Dip, restaurando a liberdade de Imprensa, e lançar a candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes à Presidência da República pela nascente União Democrática Nacional-UDN, principal partido de oposição a Vargas.

A revista O Cruzeiro contrata o fotógrafo francês Jean Manzon para valorizar a imagem jornalística. Manzon passa a compor com David Nasser a primeira dupla de repórter e fotógrafo na imprensa do Brasil.

Em 1 de abril deixa de circular a revista Planalto.

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Surge no Rio o jornal governista A Manhã, dirigido por Cassiano Ricardo.

1945

Surge em São Paulo o jornal governista A Noite, dirigido por Menotti del Picchia.

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1942

Em 28 de agosto vai ao ar pela primeira vez na Rádio Nacional o Repórter Esso, programa que iria marcar o telejornalismo brasileiro. O programa é apresentado por Heron Domingues.

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No contexto da guerra na Europa, a Marinha da GrãBretanha apresa o navio Siqueira Campos, que transporta carga de material bélico da Alemanha para o Brasil.

Sai de circulação a revista Beira Mar.

Em 20 de março, dois investigadores prendem Monteiro Lobato no escritório da União Jornalística Brasileira. Ele é mantido incomunicável vários dias num presídio em que se misturam presos comuns e presos políticos.

1941

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Em 5 de maio, Monteiro Lobato escreve a respeito da política de petróleo até então seguida pelo Governo.

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Em 25 de março, a Redação de O Estado de S. Paulo é ocupada pela Polícia Militar: acusando os proprietários e diretores de terem ali armas escondidas, o Governo do Estado se apossa do jornal, tomado da família Mesquita, sua proprietária, e suspende a sua circulação. O jornal reaparece sob a direção de Abner Mourão, nomeado pelo interventor Ademar de Barros e que vinha do Correio Paulistano, e fica subordinado ao Governo do Estado. A expropriação se estenderá até o fim do Estado Novo.

1940

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Em setembro de 1941 é fundada a Atlântida Cinematográfica, que passa a produzir o cinejornal Atualidades Atlântida.

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Durante sua existência, o Dip veta o registro de 420 jornais e 346 revistas. Apenas publicações ligadas politicamente ao Presidente são autorizadas a circular. Apesar da censura, Vargas emprega altos recursos governamentais na publicidade dos atos oficiais de seu Governo, o que acaba garantindo a expansão industrial da imprensa no período.

Em 27 de dezembro, Vargas cria o Departamento de Imprensa e Propaganda-Dip, chefiado por Lourival Fontes, seguindo o modelo nazista de Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda de Hitler. O Dip controla a imprensa e o rádio, fixa e libera as quotas de papel de imprensa, então importado, e baixa listas de assuntos proibidos.

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Depois de enfrentar muitos problemas durante sua produção, CIDADÃO KANE, de Orson Welles (esquerda), é lançado nos cinemas. O magnata da mídia William Randolph Hearst tentou impedir a todo custo que o filme fosse lançado, pois considerava que o roteiro denegria sua imagem.

AGENCI O GLOBO

REPRODUÇÃO

A maioria dos jornais toma o partido dos países que combatem o nazifascismo.

1935~1946

O Dip controla a imprensa e o rádio, fixa e libera as quotas de papel de imprensa, então importado, e baixa listas de assuntos proibidos.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 21




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Desaparece A Pátria, fundado por Paulo Barreto, o João do Rio.

1952

Em 18 de março, surge a edição paulista de Última Hora.

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Surge o videotape, mas sua popularização acontece somente a partir do final dos anos 60.

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Assis Chateaubriand passa à oposição contra o nacionalismo de Vargas, especialmente quanto à questão do petróleo.

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É lançado nos EUA o primeiro computador comercial, Univaci.

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Entra em operação a TV Tupi do Rio de Janeiro.

Inauguração da TV Excelsior.

Em 31 de janeiro Vargas assume o mandato constitucional de Presidente da República, após derrotar as tentativas da UDN de impedir a sua posse, sob a alegação de que ele não obtivera maioria absoluta nas eleições de 3 de outubro.

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Início da televisão comercial, com a TV Difusora (Canal 3, São Paulo), mais tarde TV Tupi, Canal 4.

O Diário Carioca inaugura sua nova sede na Avenida Rio Branco, 25. O diretor Danton Jobim convida Luís Paulistano para ser o chefe de Reportagem e, com Pompeu de Souza na chefia da Redação, inaugura um novo estilo de apresentar a notícia. O jornal chega a vender 45 mil exemplares nos dias úteis e 70 mil aos domingos.

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Em 4 de novembro, Rubem Braga, correspondente do Correio da Manhã na Itália, publica reportagem sobre o aumento da imigração para o Brasil de europeus dos países derrotados na Segunda Guerra Mundial.

1951

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Em setembro, Última Hora alcança a circulação diária de 18 mil exemplares.

Em 3 de outubro, Vargas é eleito Presidente da República pelo voto popular, derrotando o candidato da UDN Brigadeiro Eduardo Gomes, que concorrera pela segunda vez à Presidência.

É lançada em São Paulo, no dia 18 de setembro, a primeira emissora de televisão do Brasil, a TV Tupi. No dia seguinte vai ao ar o programa Imagens do Dia, o primeiro telejornal brasileiro, recebido pelos cerca de cem aparelhos de tv existentes no País.

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Ressurge o Jornal de São Paulo.

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Em 12 de julho de 1950 surge a primeira publicação da Editora Abril: O Pato Donald. Com ela é também fundada a editora de VICTOR CIVITA (acima). Os poucos funcionários trabalhavam num pequeno escritório na Rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo.

1950

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Em 12 de junho surge o vespertino ÚLTIMA HORA, fundado por Samuel Wainer, com apoio de Getúlio Vargas. Divulgador do ideário varguista, o jornal procura refletir em suas páginas o reconhecimento das classes populares urbanas como interlocução legítima em face do poder governamental. De acordo com os Cadernos de Comunicação, “Última Hora dirigia-se especialmente às classes populares, mas não exclusivamente a elas – precisava dispor de temas capazes de atender a diversos tipos de interesses, refletindo desse modo a ambigüidade que marcava a prática populista”. O jornal mantém-se vinculado ao Governo Federal, defendendo as medidas tomadas por Getúlio e adotando uma linha editorial nacionalista, antifascista e de busca de justiça social. Para conferir status social ao jornal, Wainer convida Luís Fernando Bocayuva Cunha, Carlos Holanda Moreira, Armando Daudt de Oliveira e Padre Antônio Dutra para serem vice-presidentes da empresa que edita a publicação.

A Companhia Cinematográfica Vera Cruz é fundada em São Paulo.

Surge a Revista do Rádio, editada por Anselmo Domingos, que retratou a era de ouro do rádio brasileiro. Inicialmente tinha periodicidade mensal, mas seu sucesso a tornou semanal a partir de 1950.

24 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

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Em entrevista ao jornalista Samuel Wainer e publicada em O Jornal, Getúlio Vargas anuncia seu retorno. “Eu voltarei como líder das massas”.

CARLOS LACERDA (esquerda) funda o vespertino Tribuna da Imprensa.

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1949

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Neste período, os meios de comunicação evoluem rapidamente e a pesquisa tecnológica recebe um novo impulso com a publicação da Teoria da Informação, de Shannon e Weaver. Entre os inventos que marcaram época nesse período está o surgimento do disco long play, chamado simplesmente de lp.

FOLHA IMAGEM

O Governo Dutra rompe as relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética, estabelecidas logo após o fim da Segunda Guerra.

Surge o Jornal de São Paulo, dirigido por Guilherme de Almeida e que desaparece no mesmo ano.

1948

O nacionalismo, presente na campanha que se inicia em defesa do monopólio estatal do petróleo, é apresentado como movimento criado pelo PCB e igualmente reprimido.

O Governo Dutra põe na ilegalidade o PCB. Parlamentares do partido, entre eles o Senador Luís Carlos Prestes, eleito pelo Distrito Federal, são cassados. Dezenas de sindicatos sofrem intervenção. É fechada a Confederação dos Trabalhadores do Brasil-CTB, primeira central sindical constituída no País.

Na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo, é aberto o primeiro curso de Jornalismo de nível superior do Brasil.

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1947

J.Mauchly e J. Eckert constroem ENIAC, o primeiro computador totalmente eletrônico.

Sai de circulação a revista Vida Nova.

No dia 20 de setembro é criada a Federação Nacional dos Jornalistas-Fenaj.

Em 18 de setembro é promulgada a nova Constituição, a qual estabelece que as empresas jornalísticas devem ser de propriedade de brasileiros natos e veda a presença estrangeira no domínio das empresas editoras de jornais e revistas.

Para homenagear seu fundador, o Prefeito Henrique Dodsworth muda o nome da Rádio Escola, que passa a se chamar Rádio RoquettePinto.

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ME M ÓR IA AB R IL

Para terminar as obras da sede da ABI, Herbert Moses consegue que o Presidente Dutra autorize o Ministério da Justiça a abrir um crédito de 2 milhões de cruzeiros para os serviços de acabamento do prédio.

1946

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Em outubro, a chapa Juscelino Kubitschek-João Goulart, da coligação PSD-PTB, vence as eleições presidenciais, derrotando os candidatos Juarez

É criado o periódico nacionalista O Semanário, fundado por Osvaldo Costa e inspirado na ideologia nacional-desenvolvimentista do Iseb.

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Em 14 de julho, no Governo Café Filho, é criado o Instituto Superior de Estudos Brasileiros-Iseb, orgão do Ministério da Educação e Cultura, com o objetivo de estudar, ensinar e divulgar as ciências sociais, cujos dados seriam aplicados à análise e à compreensão crítica da sociedade brasileira. Da congregação do Iseb fazem parte, entre outros, Hélio Jaguaribe, Guerreiro Ramos, Álvaro Vieira Pinto e Nélson Werneck Sodré.

Caio Prado Junior funda a Revista Brasiliense, de discussão teórica, dirigida por Elias Chaves Neto.

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1955

A Rio Gráfica e Editora lança, em dezembro, a revista Filmelândia.

A Editora Abril publica uma edição comemorativa dos 400 anos da cidade de São Paulo: REVISTA DO IV CENTENÁRIO.

Em 1954, ocorre a primeira transmissão de tv em cores nos Estados Unidos.

Inauguração da Rádio Bandeirantes, em São

O Brasil tem 120 mil aparelhos de tv, número que sobe para 6 milhões do início da década de 70. Atualmente são mais de 45 milhões.

Paulo, a primeira a divulgar notícias durante toda a programação.

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Com a morte de Vargas, o Vice-Presidente Café Filho assume a Presidência e a UDN ocupa os principais cargos da administração federal.

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Em 24 de agosto Getúlio Vargas se suicida. Última Hora publica: “Ele cumpriu a promessa”. Multidões exasperadas atacam os grandes jornais hostis a Vargas, bloqueando suas saídas às ruas. Não só os jornais da capital são depredados: em Porto Alegre, o povo triste e indignado ataca o Diário de Notícias. No Rio o único a circular é a Ultima Hora, que vende quase 800 mil exemplares. A oficina não parou de trabalhar: foram 20 horas rodando edições sucessivas. O povo nem sequer esperava que os exemplares chegassem às bancas – arrancava-os dos caminhões, distribuidores, ávidos por notícias sobre a tragédia.

Última Hora publica: “Getúlio ao povo: ‘Só morto sairei do Catete’”

Em 5 de agosto morre o Major da Aeronáutica Rubens Vaz num atentado contra o jornalista Carlos Lacerda quando este chegava à sua residência, na Rua Tonelero, em Copacabana. O atentado deflagra uma crise incontrolável pelo Presidente Vargas. que é ameaçado de deposição ou compelido a renunciar por militares da Aeronáutica reunidos na chamada Republica do Galeão, em cuja Base Aérea se realizava o inquérito para apurar a morte do oficial.

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Em maio morre no Rio de Janeiro o jornalista Nestor Moreira, repórter de A Noite, brutalmente assassinado dentro de uma delegacia policial, a 2ª DP, em Copacabana, por um guarda municipal alcunhado de Coice de Mula.

Em 13 de março, em Belo Horizonte, jornalistas do Jornal do Povo, também vinculado ao PCB, sofrem violência; dois jornaleiros são presos e espancados. Em Salvador, Bahia, são presos os jornalistas Aristides Nogueira e Altamirando Simão Schinitman em invasão, saque e depredação da redação de O Momento, também editado pelo PCB.

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Em março é desencadeada violência policial contra a Imprensa Popular, diário do PCB. O jornalista João Batista de Lima e Silva, um de seus principais redatores, é preso ao sair da Redação e conduzido à Delegacia de Ordem Política e SocialDops, órgão permanente de repressão aos adversários do sistema político e social.

1954

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Chega à vitória a campanha O Petróleo é Nosso: em 3 de outubro é sancionada pelo Presidente Getulio Vargas a Lei nº 2.004, que institui o monopólio estatal do petróleo e cria a empresa Petróleo Brasileiro S. A.-Petrobrás.

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Lacerda acusa Última Hora de dumping e conquista o apoio de Chateaubriand e Roberto Marinho, que difundem campanhas contra SAMUEL WAINER (abaixo) pela TV Tupi e pela Rádio Globo. Uma rumorosa Comissão Parlamentar de Inquérito é instalada na Câmara dos Deputados para investigar a origem dos recursos que permitiram a fundação do jornal. É instaurado processo criminal contra Samuel Wainer, acusado de não ser brasileiro e, por isso, não poder presidir e dirigir um jornal. Wainer é preso, exila-se no Paraguai, perde nominalmente a propriedade de Última Hora, mas sobrevive ao ódio dos concorrentes.

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Em 12 de novembro entra em vigor nova Lei de Imprensa.

Em abril é lançado o primeiro grande jornal semanário brasileiro: Flan, editado pela Última Hora de Samuel Wainer. Flan logo alcança a tiragem de 180 mil exemplares e desperta a ira de Chateaubriand, Adolpho Bloch e Carlos Lacerda. O jornal sofre dura represália dos adversários; em cinco meses perde qualidade e desaparece.

1953

Continuando a linha de quadrinhos da Disney, a Editora Abril lança a revista mensal Mickey.

É fundado em Belo Horizonte O Binômio, tablóide de sátira política, um dos precursores da imprensa alternativa dos anos 70, editado por José Maria Rabelo e Euro Arantes.

A 4 de maio, o Repórter Esso passa para a TV Tupi, na qual permanece até 31 de dezembro de 1970.

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A revista quinzenal Visão, cujo slogan é O sentido das notícias, chega às bancas.

Surge a revista Cinelândia.

JORGE AUDI/O CRUZEIRO/ARQUIVO ESTADO DE MINAS

O Cangaceiro, dirigido pelo cineasta paulista Lima Barreto, ganha no Festival de Cannes o prêmio de Melhor Filme de Aventura e de Melhor Trilha Sonora com a música Olê Muié Rendeira, interpretada pela atriz Vanja Orico.

Victor Civita lança Capricho, uma revista de fotonovelas importadas.

Manchete, revista semanal ilustrada da Bloch Editores, é lançada no dia 26 de abril.

1946~1955

Em 24 de agosto Getúlio Vargas se suicida. Última Hora publica: “Ele cumpriu a promessa”. Multidões exasperadas atacam os grandes jornais hostis a Vargas.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 25


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Chega às bancas Turma do Pererê, do Ziraldo, a primeira série de revistas em quadrinhos brasileira feita por um só autor. Ela também foi a primeira história em quadrinhos a cores totalmente produzida no Brasil.

É lançada a revista Manequim com fotos fornecidas por agências estrangeiras.

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Em agosto, chega a revista Quatro Rodas, da Editora Abril, de olho no crescimento do turismo e da indústria automobilística.

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Brasília é inaugurada em 21 de abril. A revista MANCHETE, da Bloch Editores, publica uma edição especial sobre a a nova Capital Federal.

ALBERTO KORDA tira, no dia 5 de março, o retrato de CHE GUEVARA (abaixo) em Havana, Cuba, durante um memorial dedicado às vítimas da explosão de La Coubre. A foto, que recebeu o nome de Guerrilheiro Heróico, se transformou num dos maiores símbolos do século XX.

É suspensa a publicação do Boletim da Associação Brasileira de Imprensa, criado em 1952.

Em fevereiro, Assis Chateaubriand é acometido por uma dupla trombose cerebral e fica quadriplégico.

1960

Em 14 de novembro, o Ministro da Guerra, General Henrique Teixerai Lott, pede o enquadramento do Diário de Notícias na Lei de Segurança Nacional.

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Chega aos cinemas o Canal 100, jornal cinematográfico semanal dirigido por Carlos Niemeyer.

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1959

Surge o semanário comunista Novos Rumos;

O PCB lança a revista Estudos Sociais, sob a direção de Astrojildo Pereira e com circulação trimestral.

Com mais de 51 anos de existência, deixa de circular em agosto a revista Fon-Fon.

Pára de circular O Dia.

A Rádio Eldorado, de São Paulo, começa suas transmissões.

1958

A Noite pára de circular. .

1957

Inicia-se o primeiro serviço de telefone via cabo através do Atlântico.

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Deixa de circular A Manha, jornal humorístico de Aparício Torelly.

Lançada pela Abril a revista semanal feminina Você, publicada até abril de 1959.

Em junho, o Boletim da ABI publica matéria com a seguinte manchete: “Mensagem ao Presidente Kubitschek no Dia da Imprensa: Anistia aos jornalistas, presos e processados pela Lei de Segurança, no Período Getúlio”.

Em março surge a revista SENHOR, que marcaria época na imprensa brasileira.

Ultima Hora volta ao centro do poder. É o único jornal a apoiar sem restrições a criação de Brasília, onde instala uma sucursal antes da inauguração da nova capital.

Em 31 de janeiro, tomam posse o Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira e o Vice-Presidente João Goulart.

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Estréia na TV Tupi o programa Rancho Alegre, apresentado por Abelardo Barbosa, o Chacrinha, um dos maiores comunicadores da televisão brasileira. Nesse programa ele começou a fazer a Discoteca do Chacrinha.

1956

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Entre os avanços da tecnologia, a Sony lança o primeiro rádio transistor.

Atentado contra Vieira Moe, diretor de O Combate, de Fortaleza.

26 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

No dia 21, a situação volta a ficar tensa em razão da melhoria do estado de saúde de Café Filho e seu possível retorno à Presidência. Para neutralizar a reação da UDN, Nereu Ramos, em articulação com o General Lott, decreta estado de sítio por 30 dias e susta a volta de Café Filho à Presidência. Assim fica

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Em 23 de novembro Samuel Wainer é absolvido por unanimidade. As sucessivas investidas jurídicas contra Última Hora não surtiram efeito.

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O Presidente da ABI, Herbert Moses, faz apelo a Nereu Ramos, no dia 11 de novembro, pela preservação dos direitos democráticos e a suspensão da censura à imprensa.

No dia seguinte, no movimento que ficou conhecido como o 11 de Novembro, o Exército assegura a manutenção de Lott no cargo e, com os tanques nas ruas, a Câmara dos Deputados impede Carlos Luz de continuar na Presidência, na qual é empossado o Senador Nereu Ramos (PSD-SC), Presidente do Senado Federal. No poder, Nereu Ramos devolve o Ministério da Guerra ao General Lott.

Em 10 de novembro, o General Henrique Teixeira Lott demite-se do cargo de Ministro da Guerra, após ser destratado numa audiência na Presidência da República, no Palácio do Catete. O agravo que sofrera gera reação dos chefes militares, que decidem mantê-lo no cargo e assegurar a posse do Presidente eleito.

Em novembro, Café Filho alega problemas de saúde e se afasta da Presidência. Carlos Luz (PSDMG), aliado da UDN e Presidente da Câmara dos Deputados, assume interinamente.

Em 22 de outubro, a revista O Cruzeiro publica reportagem de Mário de e Ubiratan de Lemos sobre os paus-de-arara (acima), vencedora do primeiro PRÊMIO ESSO DE JORNALISMO.

Em outubro, Samuel Wainer é preso, acusado de falsidade ideológica.

Em setembro, é invadida pela Polícia a Gazeta Sindical, ligada à revista Movimento Sindical Mundial, publicação da Federação Sindical Mundial-FSM, ambas dirigidas por Jocelyn Santos, conhecido sindicalista e respeitado sócio da ABI.

assegurada a posse de JK e Jango e, com esta, o respeito à decisão das urnas.

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Távora, da UDN, e Ademar de Barros, do PSP. Como JK não a vencera por maioria absoluta, a UDN, tal como fizera na eleição de Vargas, contesta a eleição e passa a pregar a impugnação da posse do Presidente eleito.

200 Anos da Imprensa no Brasil


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A TV Excelsior leva ao ar a primeira telenovela diária brasileira, 2-5499 Ocupado¸ com Tarcísio Meira e Glória Menezes. Transmitida no horário das 19h, tem duração de três meses.

É lançado o semanário católico Brasil Urgente, dirigido pelo frade dominicano Frei Carlos Josaphat. A publicação chega à tiragem de 40 mil exemplares e conta entre seus editores com o jornalista e psicanalista Roberto Freire.

No dia 15 de outubro começa a circular o jornal Notícias Populares.

Leonel Brizola lança vigorosa campanha radiofônica a respeito de empréstimos privilegiados de instituições oficiais de crédito a jornais, particularmente aos Diários Associados e a O Globo.

É criada na Câmara dos Deputados a chamada CPI do Ibad, destinada a apurar a corrupção eleitoral que ensejou a eleição em outubro de 1962 de dezenas de deputados em inúmeros Estados. O Ibad é a sigla do Instituto Brasileiro de Ação Democrática, criado pelas correntes adversárias do Presidente João Goulart, com recursos de doações empresariais, para promover uma conspiração destinada a depô-lo.

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Com o aumento e popularização da programação televisiva, a Editora Abril lança em janeiro a revista semanal Intervalo, especilizada em tv.

1963

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O videoteipe é introduzido no Brasil. Ele dinamiza e melhora a qualidade das produções, até então realizadas ao vivo, ao permitir gravar e editar as

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É lançada pela União Nacional dos EstudantesUne a revista estudantil Movimento, editada por Arnaldo Jabor.

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Deixa de circular o Diário da Noite, vespertino dos Diários Associados editado no Rio de Janeiro.

1962

Através da Rede da Legalidade, constituída por emissoras do Rio Grande do Sul e outros Estados, o Governador Leonel Brizola lança movimento de resistência ao golpe militar e mobiliza a Brigada Militar do Estado e o povo gaúcho para enfrentar os golpistas até no terreno militar. Sua pregação é vitoriosa, com a derrota dos golpistas e a posse a 7 de setembro do Presidente João Goulart, embora com os poderes reduzidos por uma emenda que instituiu o parlamentarismo no País.

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Jornais contrários ao golpe são censurados pelo Governador da Guanabara, jornalista Carlos Lacerda, que aciona o Chefe da Censura de Diversões Públicas, jornalista Ascendino Leite, para impedir a publicação de matérias acerca da resistência ao golpe militar.

Surge a revista Claudia.

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Os Diários Associados apóiam a posse de Goulart. Depois voltam-se contra ele, acusando-o de esquerdismo e nacionalismo.

Em 25 de agosto o Presidente Jãnio Quadros renuncia. Os Ministros Odilo Denis, do Exército, Gabriel Grun Moss, da Aeronáutica, e Sílvio Heck, da Marinha, tentam um golpe de Estado e vetam a posse do sucessor constitucional do renunciante, o Vice-Presidente João Goulart, que se encontra em visita oficial à República Popular da China e é convocado às pressas para assumir a Presidência.

Em janeiro, ZÉ CARIOCA ganha sua revista, a primeira com um personagem Disney totalmente produzida no Brasil.

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O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, com Leonardo Villar e Glória Menezes, ganha a Palma de Ouro no Festival de Cannes. É o primeiro filme em língua portuguesa a receber o principal prêmio do festival.

1961

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O Diário Carioca apóia o Presidente Jango durante todo o seu Governo. Segundo depoimentos, o Presidente teria ensejado auxílio material ao jornal, que se encontrava em crise financeira e com a circulação em queda.

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Em 5 de dezembro CARLOS LACERDA é empossado como primeiro governador do recémcriado Estado da Guanabara e inicia uma ampla reforma administrativa (foto abaixo, à direita).

Vinte emissoras de tv estão espalhadas pelas capitais brasileiras e as transmissões são captadas por cerca de 1,8 milhão de aparelhos. É tempo de sucesso de programas infantis como Gincana Kibon¸ Rin-Tin-Tin, Sabatinas Maizena e Sessão Zás-Trás.

imagens antes da exibição. O telejornalismo, que era feito em película cinematográfica, ganha mais agilidade.

AGÊNCIA O GLOBO

O jornalista Amado Ribeiro, repórter policial de Ultima Hora, investiga a morte de um grupo de mendigos, atirados às águas do Rio da Guarda. Ele descobre que a Polícia determinara a matança de miseráveis, após receber do Governador a ordem de “limpar o Rio de Janeiro”. O jornal publica repetidas reportagens sobre o caso e passa a se referir a Lacerda, inimigo histórico de Samuel Wainer, com o título de “Governador Mata-Mendigos”.

A Abril lança a revista Diversões Escolares, que traz atividades para crianças em idade escolar.

Em dezembro é criada pela Bloch Editores a revista Fatos & Fotos, de periodicidade semanal.

O Jornal e os Diários Associados apóiam a candidatura do General Henrique Teixeira Lott, candidato da coligação PSD-PTB à Presidência da Repúbnlica, na disputa com Jânio Quadros, candidato da UDN, nas eleições de 3 de outubro.

1955~1963

Vinte emissoras de tv estão espalhadas pelas capitais brasileiras e as transmissões são captadas por cerca de 1,8 milhão de aparelhos.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 27


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Millôr Fernandes passa a publicar PIF-PAF, antes uma seção da revista O Cruzeiro e agora independente. O Pif-Paf é fechado no oitavo número.

Dezenas de jornalistas são presos, torturados, exilados, privados de seus direitos políticos por atos de cassação. Dois jornalistas são expressamente proibidos de exercer a profissão: Antônio Callado, que fora do Correio da Manhã, e Léo Guanabara, da Sucursal do Diário de São Paulo no Rio de Janeiro.

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Instala-se rigorosíssima censura no rádio e na televisão. A grande imprensa, com raríssimas exceções, adota a autocensura e posições de apoio e defesa da situação dominante

Desaparece a revista Publicidade e Negócios, veículo de posições nacionalistas, de Genival Rabelo.

Na clandestinidade e em condições adversas de distribuição continuam a ser publicados, com periodicidade irregular, os jornais de partidos de esquerda: Libertação, da Ação Popular; A Classe Operária, do PCdoB; Voz Operária, do PCB, Unidade Proletária, do Movimento Revolucionário Oito de Outubro- MR-8.

Cessa a publicação da revista Estudos Sociais.

É interrompida a coleção Cadernos do Povo Brasileiro, editados pela Editora Civlização Brasileira, de Ênio Silveira, e que chegou a vender 50 mil exemplares.

É suspensa a circulação da Revista Brasiliense.

Panfleto, criado pela Frente de Mobilização Popular, ligada a Brizola, e dirigido pelo jornalista Tarso de Castro, registrava tiragens crescentes desde fins de 1963. Às vésperas do golpe, chegara a vender quase 200 mil exemplares.

O diretor de Binômio, José Maria Rabelo, segue para o exílio. Repórteres e redatores de seu jornal são presos.

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Com a vitória do golpe militar de 1964, são invadidos pelos órgãos de repressão os jornais vinculados aos partidos e movimentos de esquerda, os quais logo deixam de ser editados e circular: Binômio, de José Maria Rabelo e Euro Arantes; Novos Rumos, do PCB; Liga,órgão das Ligas Camponesas, lideradas pelo Deputado Francisco Julião (PSB-PE); Movimento, da União Nacional dos Estudantes; Brasil Urgente, dos frades dominicanos; O Semanário, de Osvaldo Costa; Panfleto, periódico vinculado ao Deputado Leonel Brizola, eleito pelo Estado da Guanabara após deixar o Governo do Rio Grande do Sul.

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Esgotam-se sem aprovação dos relatórios finais os prazos de funcionamento da CPI do Ibad e da CPI da Imprensa, constituída na mesma época. Os parlamentares com mais destacada participação nas duas CPIs perdem seus mandatos: são cassados pelo Ato Institucional nº 1, o primeiro editado pela ditadura militar.

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No dia 2, o Correio da Manhã publica a primeira crônica política de Carlos Heitor Cony, com condenação ao golpe militar: A salvação da pátria, um texto repassado de ironia.

Antes de se declarar a vitória dos golpistas, Samuel Wainer pede asilo antecipado à Embaixada do Chile, já temendo violências contra ele e sua família. Seu jornal deixa de circular nos dias 1 e 2 de abril, por falta de segurança. No dia 1º, turba insuflada pelo apresentador de televisão Flávio Cavalcânti tenta destruir os equipamentos gráficos do jornal; como não conseguem chegar à oficina, no térreo, pelas medidas de segurança adotadas pela empresa, seus integrantes sobem ao primeiro e ao segundo andares, onde funcionavam a Redação e a administração, e destruíram o que puderam: máquinas de escrever, arquivos, ventiladores, telefones, mesas, cadeiras.

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É extinto o Iseb.

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Mourão Filho e vitorioso no dia 1º de abril, com a recusa do Presidente João Goulart de um enfrentamento militar, para evitar derramamento de sangue, e a declaração da vacância do cargo do cargo de Presidente da República, quando ele ainda se encontrava no País, pelo Presidente do Senado, Senador Auro de Moura Andrade.

28 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

Os Diários Associados e os veículos da grande imprensa, à exceção de Última Hora e do Diário Carioca, apóiam o golpe militar, deflagrado em 31 de março em Minas Gerais pelo General Olímpio

O Correio da Manhã, um dos mais sólidos e prestigiosos formadores de opinião do País, publica às vésperas do golpe três editoriais exigindo o afastamento de João Goulart: “Basta!”, “Fora!” e “Não pode continuar”. É também o Correio a primeira voz na grande imprensa a se opor à nova ordem resultante do golpe militar. Sua posição é definida no editorial A liberdade é um dogma.

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Amigo de Herbert Moses, Celso Kelly é seu sucessor na Presidência da ABI. Com o golpe militar, a Comissão de Defesa de Liberdade de Imprensa teve muito trabalho e a todo instante eram enviados ofícios às autoridades do Governo pedindo a liberdade de jornalistas presos. Kelly conseguiu promover três concursos jornalísticos e realizar um seminário em que foram debatidos os problemas do ensino do Jornalismo. Nomeado diretor-geral do Departamento Nacional de Ensino do Ministério da Educação, Celso Kelly renunciou ao cargo de Presidente da ABI em 9 de fevereiro de 1966, a três meses de completar seu mandato. Elmano Cruz assime a Presidência para completar o mandato de Kelly.

1964

Em dezembro chega às bancas o Almanaque Tio Patinhas, que em 1970 passa a ser chamado simplesmente de Tio Patinhas.

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Entra em vigor o regulamento dos serviços de radiodifusão no País, elaborado pelo Conselho Nacional de Telecomunicações.

Lançada a revista Contigo.

SILVA, CHEFE DA CASA MILITAR DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E JAIR DANTAS RIBEIRO, DO I EXÉRCITO.

E À SUA ESQUERDA, OS GENERAIS OSVINO ALVES, DO I EXÉRCITO; AMAURI KRUEL, DO II EXÉRCITO; ALBINO

DIREITA OS GENERAIS CASTELO BRANCO, CHEFE DO EME, E PERI BEVILACQUA, COMANDANTE DO III EXÉRCITO;

Os eleitos pelo Ibad ganham merecida recompensa: tornam-se os árbitros da situação, feitos ministros, porta-vozes da ditadura, líderes nas duas Casas do Congresso Nacional.

NO DIA 16 DE ABRIL DE 1963, NO PALÁCIO DAS LARANJEIRAS, O PRESIDENTE JOÃO GOULART TEM À SUA

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ARQUIVO - JOÃO GOULART

200 Anos da Imprensa no Brasil


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O Correio da Manhã publica, camuflada como matéria paga, carta do advogado Sobral Pinto ao Ministro da Justiça, Gama e Silva, protestando contra a cassação de JK.

Eleito Presidente da ABI, Danton Jobim luta com determinação pelos direitos dos jornalistas, busca formar uma frente única de combate à Lei de Imprensa imposta pelo Governo Castelo Branco e retoma a edição do Boletim da ABI, que havia sido interrompida. Com ele, a ABI volta a ser constantemente visitada por personalidades internacionais.

1966

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ILUSTRAÇÃO PUBLICADA NA CAPA DA REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA N°1.

Fundada a TV Globo, Canal 4 do Rio de Janeiro, que logo assume a liderança de

Em 1965, o filósofo e sociólogo Ted Nelson expõe conceitos como hipermedia e hipertexto, a partir de suas experiências com o computador e comenta as expectativas quanto à “democratização da informação”.

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A TV Record leva ao ar O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, abrindo caminho para a realização dos famosos Festivais de Música Popular Brasileira.

audiência no País, investindo em telenovelas, programas de auditório, de humor e jornalísticos. Uma CPI é aberta na Câmara dos Deputados para investigar as relações entre a emissora e o grupo norte-americano Time-Life.

Início das transmissões de televisão via satélite pela Empresa Brasileira de Telecomunicações-Embratel. Quatro anos depois, a Embratel se consolida inaugurando Tanguá I, primeira estação terrestre para comunicação por satélite do Brasil.

Em 31 de dezembro o Diário Carioca publica a sua última edição.

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É fundado em São Paulo o jornal Brasil Semanal, dirigido por Eusébio Rocha, participante da campanha pelo monopólio estatal do petróleo.

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É estabelecido boicote à publicidade em

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Surge a REVISTA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, bimestral, criada e dirigida por Ênio Silveira, presidente da editora que dá nome à publicação.

Ultima Hora, por combater a linha dura do Exército, denunciar torturas, condenar a abertura ao capital estrangeiro, defender redistribuição de renda. Apesar da falta de anúncios, o jornal alcança grande tiragem e com as vendas em bancas se recupera financeiramente.

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No dia 2 de setembro, começa a circular no Rio, com circulação nacional, o jornal Folha da Semana, criado pelo PCB e dirigido por Alfredo Tranjan, que renuncia à direção da publicação por temer ser cassado. Arthur Poerner, que o substitui, é cassado por ato do Presidente Marechal Castelo Branco. Anderson Campos, que assumira a direção, mantém-se à frente da publicação até seu fechamento por portaria do Ministro da Justiça Carlos Medeiros Silva em 13 de dezembro de 1966.

Em agosto, a edição paulista de Ultima Hora é vendida ao Grupo Folha.

A Bíblia Mais Bela do Mundo, primeira coleção em fascículos publicada no Brasil, chega às bancas em maio, pela Editora Abril.

Por considerar que o Governo Castelo Branco adota uma linha estatizante, Assis Chateaubriand e os seus Diários Associados passam a lhe fazer oposição.

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Em 27 de outubro o Presidente General Castelo Branco baixa o AI-2, que lhe permite violar a liberdade de imprensa.

1965

O campo da teoria da comunicação recebe novas considerações e leituras a partir de Marshall McLuhan, que além de cunhar a expressão “Aldeia Global” no livro Understanding Media, alimenta reflexões sobre a relação entre mídia e ideologia.

Em maio é fundado o jornal Zero Hora, no Rio Grande Sul, para substituir Última Hora, jornal que havia sido fechado com o golpe militar. É o maior veículo da mídia impressa da Rede Brasil Sul e o jornal de maior venda avulsa do Sul do País.

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Sai de circulação a revista Senhor.

Surge a revista Cadernos de Jornalismo e Comunicação, criada e editada por Alberto Dines, Diretor de Redação do Jornal do Brasil.

1963~1966

Instala-se rigorosíssima censura no rádio e na televisão. Dezenas de jornalistas são presos, torturados, exilados, privados de seus direitos políticos por atos de cassação.

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É editado em 13 de dezembro o Ato Institucional nº 5, celebrizado tristemente como AI-5, que fecha o Congresso Nacional, oficializa a censura, suspende as prerrogativas da magistratura e o direito de habeas corpus para crimes de natureza política e restabelece o poder do Presidente da Republica de cassar mandatos e direitos políticos. Simultaneamente à leitura do texto do ato numa rede nacional de emissoras de rádio e televisão, jornalistas são presos, redações e oficinas de jornais são invadidas, edições apreendidas, censores militares ocupam redações e oficinas. O Correio da Manhã e o Jornal do Brasil, entre os grandes veículos da imprensa do Rio, deixam de circular, seus diretores são presos. Em São Paulo, a edição do dia 14 de O Estado de S. Paulo é confiscada por publicar o editorial Instituições em Frangalhos, redigido por seu Diretor, Júlio de Mesquita Filho.

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Em 7 de dezembro é detonada uma bomba na agência de classificados do Correio da Manhã localizada na Avenida Rio Branco.

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Com a PASSEATA DOS CEM MIL (foto baixo), o Correio da Manhã dá destaque à morte do estudante Edson Luís. Dentre todos os jornais, o Correio pagou o mais alto preço por resistir à ditadura. Mal financeiramente, mas com um terço do mercado de classificados do Rio, o jornal sofre um bloqueio tão forte que as empresas deixam de anunciar temendo retaliação.

CAMPANELLA NETO

Em dezembro, sai de circulação a Revista Civilização Brasileira.

Em 11 de setembro é lançada a revista VEJA, com o jornalista Mino Carta à frente da Redação.

É fundada a revista Brasil Cinema.

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Em janeiro, O Sol deixa de circular.

1968

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O Governo Federal institui a Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa, visando à produção e distribuição de material audiovisual educativo. A Fundação é a responsável pela criação da TV Educativa do Rio de Janeiro, a primeira desse caráter no País.

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Luís Fernando Veríssimo lança o alternativo Exemplar.

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Em julho são lançadas pela Editora BrasilAmérica três revistas com os primeiros personagens da Marvel Comics no Brasil: Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk e Namor, o Príncipe Submarino, faziam sua estréia apoiados numa grande campanha publicitária patrocinada pela Shell, que trazia também uma série de desenhos animados lançada pela TV Bandeirantes com os mesmos personagens.

Em maio surge a ENCICLOPÉDIA BLOCH, revista mensal de cultura. Na equipe dirigida por José-Itamar de Freitas, os jornalistas Moacir Japiassu, Marcos de Castro, Lucas Mendes, Alberico de Souza Cruz, José Inácio Werneck, Walter Firmo entre outros.

Surge a revista Exame.

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Quinze dias antes de deixar o cargo, o Presidente Castelo Branco assina decreto-lei reduzindo a cinco o número de emissoras de televisão que podem pertencer a um grupo privado. É um golpe mortal nos Diários Associados.

Assis Chateaubriand apóia a escolha do General Artur da Costa e Silva para suceder ao Marechal Castelo Branco na Presidência da República.

Entra em vigor a Lei nº 5.250, que regula a imprensa no País sob uma ótica punitiva e cerceadora da liberdade de expressão.

O jornalista Raimundo Rodrigues Pereira funda o tablóide Amanhã.

É criado o Conselho de Segurança Nacional e instituida a Lei de Segurança Nacional.

1967

Em setembro é lançada a enciclopédia em fascículos Conhecer, o maior sucesso editorial do gênero.

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No dia 21 de setembro o jornal O Sol chega às bancas como encarte do Jornal dos Sports.

Samuel Wainer retorna ao Brasil em 1968 e retoma o controle de Última Hora, que se encontrava sob a direção do jornalista Jânio de Freitas. Wainer convida para substituí-lo Danton Jobim, que fora eleito senador. O jornal modera os ataques diretos ao regime, substituindo-os por provocações sutis, como Eleições, só para concurso de Miss.

É fundada no Rio de Janeiro a primeira agência de notícias nacional, a Agência JB, do grupo Jornal do Brasil.

Sob a coordenação de Mino Carta, O Estado de S.Paulo lança o Jornal da Tarde.

O filme Terra em Transe, de Gláuber Rocha, recebe o Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cannes.

Primeira série em fascículos sobre culinária, Bom Apetite é lançada com recorde de vendas: 1 milhão de exemplares em apenas uma semana.

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Em abril, a Editora Abril lança a revista REALIDADE, passando a concorrer com O Cruzeiro. A revista era um marco do jornalismo de grandes reportagens e de qualidade gráfica. Preocupado com a concorrência, Assis Chateaubriand escreve: “Civita é um apátrida, está no Brasil para ganhar dinheiro, e não passa de outro tentáculo do Time-Life”.

Sob o regime militar, o Serviço de Censura de Diversões Públicas restringe a transmissão de programas estrangeiros e divulga os critérios para a censura prévia de filmes, programas e videoteipes, baseados na Lei de Segurança Nacional.

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Surge a revista Comunicação e Artes.

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Em fevereiro começa a circular a revista esportiva PLACAR, da Editora Abril.

Luiz Carlos Maciel lança Flor do

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É lançado em São Paulo um jornal de linhagem existencialista: O Bondinho. O jornal e seu sucessor, Ex, contam com o apoio de Thomas Farkas, dono da Fotóptica, e do Grupo Pão de Açúcar, que distribui a revista à sua clientela, gratuitamente, em sua rede de supermercados. Revista sofisticada, em quatro cores, com uma equipe de grandes profissionais e uma tiragem quinzenal de 100 mil exemplares, com matérias sobre serviços e consumo em São Paulo, O Bondinho faz sucesso editorial, mas não encontra boa programação na área comercial. Em 1972 a publicação entra em crise. Procurando uma saída, passa a publicar reportagens e ser vendida em bancas. Dois grandes depoimentos, com Chico Buarque e Walmor Chagas, motivam a apreensão da edição pela censura, mas a revista começa a ter sucesso. Mesmo ganhando o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 1971, parou de circular.

Em outubro, a Editora BrasilAmérica (Ebal), do jornalista Adolfo Aizen, lança a revista O JUDOKA, um herói brasileiro. Com roteiro de Pedro Anísio e desenhos de Eduardo Baron, o

A revista infantil Recreio, para crianças em idade escolar, chega às bancas.

Comemorando a chegada do homem na Lua, a Bloch Editores lança uma edição especial da revista FATOS & FOTOS. A revista Veja presenteia seus leitores com uma série em fascículos sobre o tema encartada na revista: A Conquista da Lua.

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1970

No Brasil, o Decreto-Lei nº 972 torna obrigatório o diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista. Com isso, diversos anseios históricos dos jornalistas brasileiros são atendidos e há uma grande evolução na regulamentação e valorização da profissão.

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Em 20 de julho de 1969, o mundo vê imagens do astronauta Neil Armstrong como o primeiro a pisar na Lua.

Nos Estados Unidos, a Arpanet conecta de maneira descentralizada os computadores do Instituto de Pesquisas de Stanford e das universidades da Califórnia - Santa Bárbara, Califórnia - Los Angeles e Utah. Inicia-se a internet.

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A Rede Globo leva ao ar a primeira operação em rede do País com o Jornal Nacional, que em três anos se torna o principal telejornal brasileiro.

Inaugurada a TV Bandeirantes, Canal 13 de São Paulo.

Em junho, é fundado o jornal alternativo O PASQUIM, tendo à frente nomes como Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ziraldo. Grande sucesso, a publicação se torna um fenômeno na imprensa brasileira nos anos seguintes.

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Pela primeira vez, uma série de fascículos é totalmente produzida no Brasil: Grandes Personagens da Nossa História.

personagem se tornaria o mais destacado superherói brasileiro dos quadrinhos e ganharia um filme com Pedro Aguinaga e Elisângela.

O Governo do Estado de São Paulo institui a Fundação Padre Anchieta, concedendo-lhe a TV Cultura, Canal 2, com finalidade educativa.

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Surge a revista Desfile, da Bloch Editores.

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Em 11 de março, o Correio da Manhã ingressa na Justiça com pedido de concordata preventiva, propondo o pagamento de suas dívidas em dois anos. Logo depois o jornal é arrendado ao Grupo Ecos, do empresário Maurício Nunes de Alencar, proprietário da Empresa Metropolitana de Construções, poderosa empreiteira. O objetivo da transação, diz-se, é promover a candidatura do Coronel Mário Andreazza, Ministro do Interior, à Presidência da República, no sistema de eleição indireta adotado pelo regime.

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Em 26 de fevereiro, o Governo suspende por cinco dias a circulação do Correio da Manhã.

Em 7 de janeiro todos os administradores, o diretor de Redação e a Diretora-Presidente do Correio da Manhã, Niomar Moniz Sodré Bittencourt, são presos e punidos com a cassação dos seus direitos políticos por dez anos. É apreendida toda a edição do jornal desse dia.

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1969

A Bloch Editores lança a revista Pais & Filhos.

Continuando a inventir no lançamento de fascículos, Victor Civita apresenta a série Grandes Compositores da Música Universal. Pela primeira vez uma publicação periódica vem acompanhada de um disco a cada número.

Outra série de sucesso, Arte nos Séculos, em fascículos, é lançada pela Abril.

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Fim do Repórter Esso no rádio. Surgimento das primeiras emissoras de freqüência modulada (FM).

É fundado o jornal alternativo Carapuça, de Alberto Graça, que daria origem a O Pasquim.

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Gláuber Rocha é destaque novamente no Festival de Cannes. Desta vez recebe o prêmio de Melhor Diretor por O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro.

1966~1970

Simultaneamente à leitura do texto do AI-5 numa rede nacional de emissoras de rádio e televisão, jornalistas são presos, redações e oficinas de jornais são invadidas, edições apreendidas, censores militares ocupam redações e oficinas.

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Em 11 de setembro, morre o presidente chileno Salvador Allende. O Jornal do Brasil, sob censura, é proibido de dar manchete. Sai então com um texto em quatro colunas na primeira

É fundado o periódico Politika, editado por Sebastião Nery.

A Editora Três lança a revista História.

Ressurge o Jornal de Debates, que tenta retomar a trajetória do jornal com esse título que teve participação destacada ma campanha O petróleo é nosso no fim dos anos 40 e começo da década de 50.

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Surge o jornal Ex, da mesma editora de O Bondinho, que saiu de circulação. Mais tarde Ex é substituído por Mais Um, para driblar a perseguição. Na segunda edição de Ex, a capa reproduzia um pôster americano em que Henry Kissinger, por meio de montagem fotográfica, aparecia deitado num lânguido nu. A ordem de apreensão não chegou a revista porque o endereço estava errado. A capa do número 3 trazia o busto de Nixon – em pleno Watergate – de roupa de presidiário. Mas a ordem de apreensão desta vez chegou e o editor, Sérgio de Souza, ficou três horas detido.

1973

Também em novembro surge a revista GERAÇÃO POP, precursora das publicações destinadas ao público adolescente.

Em novembro surge OPINIÃO, semanário de oposição criado por Fernando Gasparian.

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Em outubro, a Enciclopédia Bloch pára de circular no número 66.

A revista Intervalo pára em agosto.

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32 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

A revista EXAME ganha autonomia e é lançada em março pela Abril, deixando de ser um suplemento de revistas técnicas.

Em 27 de abril, o jornal Ultima Hora é vendido por 1,5 milhão de dólares para um grupo de empreiteiros, liderados por Maurício Nunes de Alencar, que já mantinha o controle do Correio da Manhã.

Começa a circular Fradim, do cartunista Henfil. Sua primeira edição traz um histórico do antológico personagem e se torna um enorme sucesso.

1971

A Universidade São Paulo-Usp inaugura o primeiro computador brasileiro, o Patinho Feio.

Começa a circular a revista alternativa de quadrinhos O BALÃO, criada nos corredores da Usp e que se tornou um ícone dos anos 70, lançando artistas como Luiz Gê, Angeli, Laerte, os irmãos Paulo e Chico Caruso, Edgar Vasquez entre tantos outros.

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Eleito Presidente da ABI, o romancista Adonias de Aguiar Filho, que também pertencia à Academia Brasileira de Letras, é pouco acostumado às lutas políticas enfrentadas pela Casa do Jornalista, mas nem por isso deixou de cumprir suas obrigações administrativas e chegou ao final do seu mandato com uma atuação considerada relevante na defesa dos jornalistas presos e dos jornais censurados.

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A TV em cores entra oficialmente em funcionamento no Brasil com a transmissão da abertura da Festa da Uva de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

1972

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O Bondinho deixa de circular.

Em Porto Alegre, Luís Fernando Veríssimo lança o Pato Macho.

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São fundados os jornais alternativos GRILO, de quadrinhos, e Já.

Em novembro é presa toda a Redação de O Pasquim. Seus diretores, editores e articulistas passam o Natal reclusos na Vila Militar e o Pasquim continua a sair através do esforço de uma equipe reduzidíssima comandada por Henfil (abaixo).

Começa a ser lançada em julho a História da Música Popular Brasileira, uma nova série em fascículos quinzenais com discos.

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Também em maio é lançada a revista Setenta, procurando um enfoque mais moderno nas publicações femininas.

Em maio, os personagens de Maurício de Sousa chegam às bancas de todo o País através da revista MÔNICA E SUA TURMA, da Editora Abril.

Inauguração da TV Gazeta, pela Fundação Cásper Líbero, em São Paulo.

Mal, jornal alternativo que valoriza a “liberdade da loucura de cada um”. Por falta de anunciantes, Flor do Mal não passou do quinto número.

200 Anos da Imprensa no Brasil


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É suspensa a edição da revista Cadernos de Jornalismo e Comunicação.

Em agosto é lançada a revista Status.

Acontece I Salão de Humor de Piracicaba.

Em agosto, um grupo de 77 jornalistas funda a Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre, primeira e mais importante experiência brasileira no gerenciamento O COVARDE ATENTADO CONTRA A ABI, QUE DESTRUIU GRANDE PARTE DO 7° ANDAR, FOI autônomo de uma empresa de CLASSIFICADO POR PRUDENTE DE MORAIS, NETO COMO UMA PROVOCAÇÃO AO GOVERNO. comunicação. Três anos mais tarde, a cooperativa adquirirá equipamento Uma nova tentativa de lançar quadrinhos gráfico moderno para editar o Coojornal e mais absolvidos por falta de provas. Jornalistas, nacionais: a revista CRÁS! chega às bancas em onze publicações, tirando 142 mil exemplares. O entretanto, continuaram sendo perseguidos pelo fevereiro pela Editora Abril, mas só é publicada até Coojornal é um dos veículos de oposição ao regime regime. Nas reuniões do Conselho Administrativo, dezembro de 75. militar e fecha as portas em 1983, por causa de Prudente abordava esses episódios e dava conta de boicote publicitário e de problemas suas intervenções junto às autoridades sobre a Prudente de Morais, neto foi eleito Presidente administrativos. situação de cada jornalista preso. Foi incansável da ABI em 30 de setembro de 1975 e exerceu o nessa postura, tanto que, depois de a ABI ter sido cargo com uma dignidade invulgar. Foi em sua A Embratel implanta o Sistema Brasileiro de invadida por fuzileiros navais, uma bomba de gestão que aconteceu o episódio do assassinato do Telecomunicações por Satélite (SBTC). grande potência destruiu parte do 7º andar do jornalista Vladimir Herzog. edifício-sede. O atentado Prudente viajou para visitar o Com projeto gráfico e nome que copiava a provocou reação indignada da Sindicato dos Jornalistas do National Geographic, dos Estados Unidos, a sociedade em geral e Estado de São Paulo e afirmar Bloch Editores lança a R EVISTA G EOGRÁFICA discursos contundentes no a solidariedade da ABI contra N ACIONAL em outubro. Congresso Nacional. o ato criminoso praticado Solicitado por um repórter 1975 pelos órgãos de segurança para falar sobre o assunto, paulistas. Teve também firme O conselheiro Líbero Osvaldo de Miranda foi Prudente de Morais foi breve, atuação, em março de 1976, indicado para substituir Elmano Cruz depois que mas incisivo: “A provocação quando foram presos Maurício este renunciou no dia 27 de agosto. Tinha então 73 não é à ABI, é ao Governo.” Azêdo e Luiz Paulo Machado. anos de idade e não chegou a presidir uma reunião Segundo relato de Edmar Em 28 de abril, seis anos sequer, pois morreu de infarto 10 dias depois de ser Morel, o episódio aconteceu após a morte de Assis empossado, fato que causou muita consternação no ao mesmo tempo em que Chateaubriand, O Jornal deixa de meio jornalístico. Fichel Davit Chargel e mais 20 circular para sempre. jornalistas eram convocados a Grande sucesso nos anos 60, A Turma do depor pelos órgãos de Em 8 de junho é o Correio da Pererê, revista em quadrinhos com os personagens segurança. Prudente de Morais Manhã que deixa de circular. de Ziraldo, retorna pela Abril mas só é publicada conseguiu quebrar a até dezembro. incomunicabilidade dos A conceituada revista de presos, que, mais tarde, foram Em julho é fundado o jornal M OVIMENTO , humor Mad, publicada nos ○

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Estados Unidos desde 1952, finalmente é lançada no Brasil pela Editora Vecchi, editada por Otacílio D’Assunção, o Ota, que lançou diversos desenhistas e redatores de humor brasileiro em suas páginas.

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Elmano Cruz é considerado um dos líderes mais resolutos da ABI. Se faltava dinheiro para o cumprimento das despesas administrativas, não se furtava a recorrer aos amigos para concluir seus projetos na Presidência da ABI. Muitas vezes pagou despesas do próprio bolso. Mesmo quando adoeceu, manteve-se como um presidente lutador, até seu estado de saúde se agravar demais. Combatido por uns e elogiado por outros Elmano renuncia ao cargo em 1975, numa das mais agitadas sessões do Conselho Administrativo.

1974

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A revista Nova, editada com material da Cosmopolitan, dos Estados Unidos, é lançada em outubro pela Abril.

página sobre o “assalto ao Palácio de La Moneda”.

1970~1975

O atentado à ABI provocou reação indignada da sociedade em geral e discursos contundentes no Congresso Nacional.

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UCHA ARATANGY/FOLHA IMAGEM

BARBOSA LIMA SOBRINHO (ao lado) é novamente eleito Presidente da ABI e fica no cargo até o ano 2000.

1978

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Após ocupar a cadeira de Presidente da ABI de dezembro de 1977 a fevereiro de 1978, durante licenciamento de Prudente de Morais, neto por motivos de doença, Fernando Segismundo foi eleito para permanecer no cargo até maio de 1978

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Nos Estados Unidos, entre outras inovações tecnológicas, Steve Jobs e Steve Wozniak lançam o primeiro computador pessoal comercial: o Apple II.

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Inauguração da Rádio Cidade FM, no Rio de Janeiro, líder de audiência na década de 80.

É inaugurada a sede da Representação da ABI em Brasília.

Também em novembro passa a rodar a revista Repórter, trazendo em seu primeiro número longa entrevista com o dirigente da Anistia Internacional, na época entidade maldita no Brasil.

Em novembro é fundado Em Tempo.

Em julho, morre assassinado numa discussão fútil de bar, no interior do Estado, o jornalista José Castelo, redator do Jornal dos Sports e Presidente da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro-Acerj. Castelo publicou no JS antológicas reportagens feitas na arquibancada e na geral do Maracanã e apresentadas na edição de segundafeira do jornal sob o título O jogo da torcida.

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Em manifesto à Nação e dirigido ao Ministro da Justiça, 1.046 jornalistas, intelectuais e artistas de diferentes áreas dizem basta à censura. Um dos articuladores da iniciativa é o jornalista Hélio Silva, Presidente do Conselho Administrativo da ABI e historiador que criou a expressão Ciclo de Vargas.

Em abril deixa de circular o jornal Opinião, cuja circulação foi gravemente prejudicada pelos atentados terroristas contra as bancas de jornais que vendiam publicações de resistência à ditadura militar.

Pára de circular a revista Brasil Cinema.

Março: apreensões de edições e censura na Tribuna da Imprensa.

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No dia 23 de janeiro é lançado o suplemento dominical de cultura da Folha de S.Paulo, Folhetim, criado e dirigido por um dos fundadores do Pasquim, o jornalista Tarso de Castro. Publicado como sendo uma “revista a cores”, o tablóide teve entre seus colunistas Paulo Francis, que escrevia de Nova York. O assunto da primeira capa foi uma reportagem com Tom Jobim feita pelo editor.

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Em Porto Alegre, são lançados Posição, Informação e CooJornal, criado pela Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre. “Após divulgação de documentos sobre as guerrilhas do Araguaia e do Vale do Ribeira, os anunciantes começaram a ser pressionados pela Polícia Federal e as vendas, que

Surgem duas publicações direitistas: O Expresso e A Carta, tentativas de rearticulação da linha dura militar, que estava sendo deslocada de poder pelo esquema da distensão lenta e gradual iniciada no Governo Geisel. Ambos de vida curta.

Com carta datada de 13 de outubro, Hélio Fernandes encaminha à ABI cópia de tudo o que foi censurado na Tribuna da Imprensa durante a ditadura militar.

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Passa a circular o Jornal da ABI, que dá continuidade, após períodos de interrupção da edição, sob nova denominação, ao antigo Boletim da Associação Brasileira de Imprensa e, mais recente, Boletim ABI.

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1977

O Jornal do Brasil de 11 de abril apresenta uma novidade aos leitores: a REVISTA DE DOMINGO passa a acompanhar semanalmente a publicação. Impresa em papel de melhor qualidade, a revista começa com 48 páginas e traz na capa a atriz Charlotte Rampling.

É fundada a revista Ficção.

Sai de circulação a revista Realidade.

Em março, passa a circular a revista IstoÉ, dirigida por Mino Carta.

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chegaram a atingir 35 mil exemplares, despencaram”, informa o jornal em uma de suas edições.

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1976

34 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

Em novembro, o jornalista Adolfo Aizen, diretor da Editora Brasil-América (Ebal), recebe o prêmio Yellow Kid durante o 11º Congresso Internacional de Histórias em Quadrinhos, de Luca, Itália, pelo seu trabalho em prol das histórias em quadrinhos no Brasil.

No dia 25 de outubro, o jornalista VLADIMIR HERZOG é assassinado nas dependências do DoiCodi em São Paulo. As autoridades armam o cenário para fazer crer que ele teria se enforcado, mas tal versão logo cai por terra e a morte do jornalista torna-se um símbolo na luta pela democracia, pelas liberdades e pela justiça. Na segunda-feira, dia 27, o Jornal da Tarde publica matéria de página inteira com chamada de capa sobre o crime, além de dar os nomes dos jornalistas que ainda estavam presos: "Na noite de sexta-feira, foi presa Egger Moellward, mulher do jornalista George Duque Estrada. Além deles, continuam presos no II Exército, os seguintes jornalistas: Sérgio Gomes, Marinilda Marchi, Paulo Sérgio Markum, Ricardo de Moraes Monteiro, Luiz Paulo da Costa, Anthony de Christo, Frederico Pessoa da Silva, Rodolfo Konder e Luiz Pola Galé.”

Em julho, sai de circulação a revista O Cruzeiro.

O cartunista Fortuna edita pela Codecri a revista O Bicho, que lança diversos cartunistas.

É lançada a REVISTA DO HOMEM, que deveria se chamar de Playboy, mas esse nome foi vetado pela censura militar.

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criado e dirigido por Raimundo Rodrigues Pereira, que deixara a direção do semanário Opinião.

200 Anos da Imprensa no Brasil


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À DIREITA, DELFIM

GRÁFICA E EDITORIAL.

GRANDE IMPACTO VISUAL E QUALIDADE

(RESPECTIVAMENTE) DO JORNAL DA REPÚBLICA:

DOS NÚMEROS 1 E 4

PRIMEIRAS PÁGINAS

À ESQUERDA, AS

Em março é publicada pela Codecri a segunda edição do primeiro número de FRADIM, relançado agora em formato revista horizontal e sem censura. No editorial, Henfil explica que “a 1a edição tinha sido bem tesourada e muitas historinhas praticamente perderam o sentido. Nesta 2a edição tá tudo direitinho, com todas as letras, todos os Top-Tops! Com liberdade é outra coisa, meu irmão.” Nesse novo formato, a revista passa a republicar todas as edições de Fradim.

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O jornalista Tarso de Castro e o cartunista Fortuna revivem a revista Careta, que é lançada pela Editora Três.

1980

Em 16 de agosto, é fundada a Associação Nacional de Jornais-ANJ.

No dia 23 de maio, jornalistas de São Paulo entram em greve. Pedem 25% de aumento e imunidade para os representantes sindicais nas Redações. Impressionante na capacidade de mobilização, o movimento revelou-se desastroso em sua organização e em seus resultados.

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O jornalista Tarso de Castro, um dos fundadores do Pasquim, cria o jornal alternativo Enfim.

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Deixa de ser editada a revista Ficção.

Em dezembro cessa a circulação do Diário de Notícias de Porto Alegre.

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Chega às bancas no dia 27 de agosto uma publicação exemplar: o JORNAL DA REPÚBLICA, editado por Mino Carta. Dirigido por Raymundo Faoro, o conselho de direção do diário era composto pelos jornalistas Armando V. Salém, Cláudio Abramo, Hélio de Almeida e Tão Gomes Pinto. A publicação dava destaque para fotos e desenhos e sua diagramação era limpa e moderna. O desenhista Jayme Leão abrilhantava as páginas com suas caricaturas. O grande repórter Joel

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Silveira assim descreveria sua satisfação em ler o jornal: "Não tenho como escapar ao lugar comum: São Paulo ganhou o jornal que lhe faltava – um jornal sem censura e também, o que é importante, sem autocensura, esta última infinitamente mais ignominioso do que a primeira.”

É lançada a revista Comunicação e Sociedade.

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Também passa a circular a Revista Nacional, criada pelo jornalista Mauritônio Meira para circular como encarte dominical de outras publicações, como o Jornal do Commercio de Rio de Janeiro.

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Em setembro é fundado o jornal Hora do Povo.

Em abril começa a circular o jornal Companheiro.

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1979

Surgem no Rio de Janeiro Lampião da Esquina, defendendo direitos dos homossexuais; Companheiro, do Movimento de Emancipação do Proletariado, e Convergência Socialista e Trabalho, ambos de orientação trotsquista.

Em outubro, o Jornal da ABI publica o texto completo da sentença de condenação da União como responsável pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog em 25 de outubro de 1975 numa masmorra do Departamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna-Doi-Codi de São Paulo. O texto ocupa quatro páginas inteiras da edição, em formato standard.

Seqüestros, prisões e torturas de jornalistas no Paraná, relata o Jornal da ABI.

Sai de circulação O Fradim, do cartunista Henfil.

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Com uma censura mais branda, finalmente em julho, a revista PLAYBOY pôde estampar seu verdadeiro nome nas bancas. Desde então, a publicação tornou-se uma das revistas de maior vendagem no mercado brasileiro.

Em janeiro, começa a ser distribuída a revista Meio e Mensagem, especializada em mídia e publicidade.

É fundada a revista Cadernos do Terceiro Mundo, do jornalista Neiva Moreira, que criara a publicação no exterior, durante seu exílio, e agora, com o seu retorno, passa a ter edição no idioma nacional.

Passa a circular a revista Comum, publicação trimestral da Faculdade de Comunicação Hélio Alonso-Facha.

Em julho é lançada a revista Encontros com a Civilização Brasileira, criada por Ênio Silveira para retomar a linha de reflexões iniciada pela Revista Civilização Brasileira.

NETO, POR JAYME LEÃO.

1975~1980

A morte de Vladimir Herzog torna-se um símbolo na luta pela democracia, pelas liberdades e pela justiça.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 35


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Bomba terrorista é detonada na Tribuna da Imprensa no dia 26 de março (fotos acima).

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É lançado o jornal Fala Paraná, braço do jornal Movimento, de Londrina.

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Bancas que vendem O Pasquim passam a sofrer atentados a bomba.

Em dezembro deixa de circular o jornal Companheiro.

Em novembro deixa de circular o semanário Movimento, de Raimundo Rodrigues Pereira.

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A partir dos estudos de Philip Estridge e sua equipe, a IBM lança o computador IBM CXT, que popularizou a produção de computadores pessoais no mundo.

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36 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

A revista VIP EXAME é lançada pela Abril, que também edita a Playboy. A nova revista possui mais conteúdo jornalístico com textos mais leves e as mulheres aparecem um pouco mais recatadas. Na

capa de estréia, o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. Mais tarde a revista passaria a ser chamada simplesmente de Vip.

Silvio Santos inaugura sua televisão, a TVS, que mais tarde ganharia o nome de Sistema Brasileiro de Televisão-SBT.

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1981

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Multiplicam-se os atentados a bombas contra bancas que vendem jornais alternativos de resistência.

Em dezembro deixa de rodar a revista Repórter.

A revista BRASIL SÉCULO 21, que tenta discutir o futuro do País, é lançada em maio. Da primeira edição participam Samuel Wainer, Severo Gomes, Laerte Setúbal, Aloysio Biondi, Cirne Lima.

Em abril, é fundada A Voz da Unidade, semanário do PCB.

DO BISPO DE NOVA IGUAÇU, DOM ADRIANO HIPÓLITO, QUE RODOU A TRIBUNA NA GRÁFICA DA DIOCESE.

CONTINUAR, O JORNALISTA CONTOU COM A SOLIDARIEDADE

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JAMAIS FOI APURADO. PARA

UM ATENTADO TERRORISTA QUE

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COMPLETAMENTE DESTRUÍDA PELO PODER DOS EXPLOSIVOS DE

HÉLIO FERNANDES CHEGA À SEDE DA TRIBUNA DA IMPRENSA

200 Anos da Imprensa no Brasil


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Novos avanços aceleram os meios de comunicação: a Apple lança o Macintosh. Embratel lança a Renpac (Rede Nacional de Comunicação de Dados por Comutação de Pacotes).Telesp lança o serviço de videotexto, que fornece informações por meio de um terminal eletrônico.

Começa a circular o jornal Folha Dirigida.

Pára de circular a revista Fatos & Fotos, da Bloch Editores.

É fundada a revista Afinal.

Passa a circular a revista Opção.

No dia 25 de abril , três meses depois da grande manifestação na Praça da Sé, em São Paulo, a emenda Dante de Oliveira que pretendia a volta das eleições diretas inclusive para Presidente da República foi derrotada na Câmara dos Deputados numa seção que entrou pela madrugada. Eram necessários 320 votos, mas apenas 298 deputados votaram a favor das Diretas Já.

Em uma ampla reforma, a Folha de S. Paulo coloca em prática o “Projeto Folha”, adotando uma série de medidas com o objetivo de “modernizar” o veículo sob uma ótica “empresarial”. Entre outras, a Folha adota o Manual da Redação, racionaliza procedimentos jornalísticos e a divisão de cadernos, com extensivo uso de gráficos e tabelas e muito maior controle da produção. Em pouco tempo, quase todos os grandes jornais seguem pelo mesmo caminho. Por uma série de fatores, a Folha se tornará o jornal de maior circulação no Brasil.

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No dia 25 de janeiro, comício na Praça da Sé, em São Paulo, reúne 300 mil pessoas na defesa das Diretas Já. Enquanto alguns jornais como a Folha de S. Paulo encampam a campanha, a Rede Globo é criticada por dar a entender em sua cobertura que se tratava de um simples show pelo aniversário da cidade.

Cresce o Movimento Diretas Já, lançado na ABI em ato sob a presidência do Senador Teotônio Vilela (Arena-AL). A denominação do Movimento resulta de uma indagação do cartunista Henfil ao Senador, a quem ele pergunta para quando serão as diretas. “Já”, responde o Senador. Henfil acrescentou: “Então, Diretas Já?” Teotônio confirmou: “Diretas Já!” Em abril, 1 milhão de pessoas reúnem-se num comício na Candelária, no Rio.

1984

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A Editora Brasil-América lança a revista

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Inauguração da Rede Manchete de Televisão.

Fecha as portas a Revista Nacional.

Em janeiro surge a revista Em Foco.

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1983

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Também deixa de ser editada a revista Encontros com a Civilização Brasileira.

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Em julho é fundada a revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC.

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Começa a rodar a revista Comunicarte.

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Em julho pára de circular a revista Em Tempo.

O desenho animado Meow, de Marcos Magalhães, é consagrado na França ao receber o prêmio de Melhor Curta-Metragem de Animação no Festival de Cannes.

O Jornal da ABI publica lista de jornalistas enquadrados na Lei de Segurança Nacional.

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1982

A FOLHA DE S.PAULO DÁ GRANDE DESTAQUE AO COMÍCIO DA PRAÇA DA SÉ, ENQUANTO O ESTADO DE S.PAULO (ACIMA, À ESQUERDA) É MAIS CONTIDO. AO LADO, A EDIÇÃO DE 17 DE ABRIL REGISTRA “O MAIOR COMÍCIO JÁ FEITO EM SÃO PAULO” E ABAIXO A MANCHETE ESTAMPA A DECEPÇÃO DA DERROTA DAS DIRETAS JÁ.

bimestral Cinemin, editada por Fernando Albagli.

1980~1984

Henfil acrescentou: “Então, Diretas Já?” Teotônio confirmou: “Diretas Já!”

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 37


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TANCREDO JÁ.

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TODA A EMOÇÃO

O JORNAL O ESTADO DE S.PAULO FEZ UMA COBERTURA AMPLA DA ELEIÇÃO E DA DOENÇA DE TANCREDO NEVES. DEPOIS DE SUA MORTE PUBLICOU UMA SÉRIE DE CAPAS DE FORTE EMOÇÃO.

A FOTO DE LUIZ PINTO CAPTOU DA CAMPANHA

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Em janeiro Tancredo Neves é eleito Presidente da República pelo colégio eleitoral indireto do Congresso Nacional, tendo como Vice-Presidente o Senador José Sarney. Acometido de uma crise de diverticulite, Tancredo morre pouco mais de um mês após a data da posse, marcada para 15 de março. Assume a Presidência interinamente o Vice-Presidente José Sarney, que é efetivado no cargo com a morte de Tancredo, em 21 de abril, num hospital de São Paulo.

1985

200 Anos da Imprensa no Brasil

38 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009


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ULISSES GUIMARÃES DÁ

No dia 5 de outubro, é promulgada a nova Constituição do Brasil, a chamada “Constituição Cidadã”, que consagra a plena liberdade de expressão.

OS TRABALHOS POR

ENCERRADOS: A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ É UMA REALIDADE.

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1988

Também fecha a revista Status.

Em dezembro pára a revista Em Foco.

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Em outubro é lançada a revista SuperInteressante que se torna um grande sucesso editorial.

Em junho, chega às bancas pela Editora Azul, a revista SET, especializada em cinema. Na capa, Mickey Rourke, “um novo mito nas telas.”

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1987

Começa a ser publicada Informática Exame, inicialmente como um encarte da revista Exame. Com o avanço das novas tecnologias ela se torna independente e muda de nome para Info.

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Começa a ser publicada em março a revista

A revista TRIP chega às bancas.

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Chega a revista NOVA ESCOLA, da Fundação Victor Civita.

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O Canal 100 pára de ser exibido nos cinemas e encerra suas atividades.

No Festival de Cannes, Fernanda Torres recebe o prêmio de Melhor Interpretação Feminina, por Eu Sei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor.

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1986

Em outubro de 1985 começa a circular o Jornal do Vídeo, dirigido por Oceano Vieira de Melo, e que

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Em agosto chega a revista BIZZ, especializada em música.

Em comemoração aos 17 anos da revista Veja, passa a circular como encarte regional da publicação, a VEJA SÃO PAULO.

Deixa de circular o jornal Última Hora, do Rio de Janeiro.

teve entre sua equipe de editores e redatores os jornalistas Daniel Bruin, Paulo Gustavo Pereira, Maria Ângela de Jesus, além do especialista em cinema Paulo de Góes. A publicação era mensal, circulava restritamente entre os profissionais do mercado de vídeo e foi considerada uma referência no setor cinematográfico brasileiro.

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Em maio, o Presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho, é convidado pelo Ministro da Justiça, Fernando Lyra, a elaborar uma proposta de revisão da Lei de Imprensa.

É formada por iniciativa do Ministério da Justiça uma comissão de intelectuais e artistas destinada a definir um projeto de lei dispondo sobre o fim da censura.

1985~1988

Acometido de uma crise de diverticulite, Tancredo morre pouco mais de um mês após a data da posse.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 39


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Comprovado o esquema de corrupção e o envolvimento do Presidente, a CPI apresenta seu relatório ao País. Entidades da sociedade civil, lideradas pela Ordem dos Advogados do Brasil-OAB e pela ABI, dão entrada no pedido de impeachment do Presidente. Depois de se promover pela imprensa como o “caçador de marajás”, é com o apoio desta que a Câmara dos

No final de maio, em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão mais novo do então Presidente, acusa o tesoureiro da campanha, PC Farias, de usar a amizade com Fernando Collor para enriquecer. Ele entregou um dossiê e apontou operações ilegais que envolviam o irmão e o tesoureiro. A partir de maio, a investigação acontece em duas frentes: de um lado, uma CPI, na Câmara; de outro, a imprensa, revelando contínuos escândalos, como no caso das declarações do ex-motorista de Collor, Francisco Eriberto, em entrevista à revista IstoÉ.

Da cooperação entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo-Fapesp, o Ministério das Comunicações e o Centro Nacional de Pesquisas-CNPq surge a Rede Nacional de Pesquisas, para coordenar o processo de montagem do tronco de uma rede que abrangesse todo o território nacional. Conectadas à RNP, criam-se outras redes institucionais voltadas para a comunidade acadêmica. O provedor Alternex, em parceria com a RNP, oferece acesso à internet ao público geral.

1992

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Em novembro cessa de circular O Pasquim.

Em setembro, um novo encarte da Veja é lançado: VEJA RIO.

Com o slogan A rádio que toca notícia, o Sistema Globo de Rádio inaugura a Central Brasileira de Notícias (CBNAM), com 24 horas de informações. A idéia surgiu depois das denúncias de corrupção no Governo Fernando Collor, o chamado Caso PC Farias.

TVA (ligada ao Grupo Abril). Além da diversidade de canais, um dos grandes atrativos da tv por assinatura é a melhoria da transmissão dos canais abertos.

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É implantado no Brasil o sistema de televisão por assinatura. Os canais são distribuídos pela NetMulticanal (ligada às Organizações Globo) e pela

No dia 17 de janeiro começa a GUERRA DO GOLFO, entre Estados Unidos e Iraque. É a primeira vez que uma guerra é transmitida ao vivo pela tv para todo o mundo. O canal por assinatura CNN, dos Estados Unidos, ganha enorme relevância a partir desse evento.

40 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

1991

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O Jornal Nacional, da TV Globo, é acusado de fazer uma edição tendenciosa do último debate

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Na tarde de sexta-feira, 23 de março de 1990, seis fiscais da Receita, dois agentes e um delegado da PF invadiram o prédio da Folha de S. Paulo. Zélia Cardoso de Melo, Ministra da Economia, disse a Collor que a PF faria uma diligência no jornal. O Presidente autorizou que ela fosse levada a cabo. A briga entre Folha e Collor valeu um processo pessoal do Presidente contra a empresa, após uma série reportagens do jornal levantando suspeitas em licitações do Governo junto a agências de propaganda. A Folha de S. Paulo comparou Collor ao ditador fascista italiano Mussolini e publicou um editorial, intitulado Carta Aberta ao Presidente, veiculado na primeira página do jornal, como resposta ao processo ajuizado pelo Presidente.

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Tim Berners-Lee desenvolve o protocolo Hypertext Transport Protocol (http) e cria o código básico da World Wide Web (www). É uma linguagem que define como os programas e os servidores devem atuar, em rede. Serviria inicialmente para que os computadores do laboratório do Centre Européen de Recherche Nucléaire (Cern-Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), em Genebra, pudessem conversar entre si e com outras instituições. Expansão da Internet, que alcança durante a década cerca de 3,2 milhões de computadores em todo o mundo.

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entre os candidatos à Presidência, de forma a beneficiar o candidato Fernando Collor de Melo contra Luís Inácio Lula da Silva. A Globo contestou a imputação de má-fé e justificou que a matéria adotou o mesmo critério de uma partida de futebol: selecionar os melhores momentos de cada time, no caso, dos candidatos. Como o próprio PT admitiu depois, Lula não foi tão bem, e a idéia era deixar claro que Collor havia vencido a discussão. Porém, desde então, a emissora tem como padrão não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo.

Inauguração da MTV Brasil (Music Television), nove anos após a criação da MTV norte-americana. Na época existiam apenas 128 videoclipes de artistas brasileiros disponíveis. Em sete anos, já são realizados mais de 1,2 mil clipes no Brasil com padrão de qualidade internacional.

A Rádio Bandeirantes forma a primeira rede nacional de rádio via satélite.

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Em dezembro pára de circular A Voz da Unidade.

1990

Em 9 de novembro, queda do muro de Berlim. Entra em colapso o sistema socialista do Leste Europeu.

Em março, chega às bancas a revista Grid, especializada em automobilismo.

A Folha de S. Paulo lança a figura do ombudsman na imprensa nacional, ocupando pela primeira vez o cargo o jornalista Caio Túlio Costa.

1989

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O Laboratório Nacional de Computação Científica, com o apoio do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), interliga-se à rede acadêmica norte-americana Bitnet, através da Rede Nacional de Pacotes (Renpac). Outras instituições de pesquisa brasileiras – como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo-Fapesp e a Universidade Federal do Rio de Janeiro também se conectam à Bitnet.

O Conselho de Censura realiza a sua última reunião. Acaba a censura no Brasil.

É lançado em Belém do Pará o Jornal Pessoal, do jornalista Lúcio Flávio Pinto, aguerrido e competente defensor das causas da Amazônia.

Também pára a revista Afinal.

É suspensa provisoriamente a circulação do Jornal de Letras, criado pelos irmãos João e José Condé.

É fundada a revista ELLE, da Editora Abril.

200 Anos da Imprensa no Brasil


Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 41


42 Jornal da ABI 347 Novembro de 2009

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Pára de circular a revista Jornal dos Jornais.

Fernando Segismundo volta à Presidência da ABI.

2000

Entra no ar a Rede TV, no lugar da extinta Manchete.

Em novembro, pára de circular a revista Bundas.

A revista MovieStar, especializada em cinema, é lançada em outubro.

Com o crescimento da internet, a Revista da Web chega em setembro nas bancas.

Em 1998, segundo a pesquisa Ibope, 2 milhões

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Em junho, surge a revista semanal BUNDAS, criada pelo cartunista e escritor Ziraldo.

O Dia é o primeiro jornal totalmente impresso em cores da grande imprensa nacional.

Pára de circular a Folha da Tarde, que é substituída pelo jornal Agora São Paulo, de tom popular.

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A revista National Geographic Brasil chega ao mercado através da Editora Abril.

Começa a circular a revista Jornal dos Jornais, criada em São Paulo pelo jornalista Moacyr Japiassu e dedicada a assuntos relacionados com jornalistas, jornais e publicações e diferentes aspectos da imprensa.

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É lançada em São Paulo pela Editora Bregantini a revista de arte e cultura Cult, que se apresenta, não sem razão, como “a mais inteligente revista brasileira de cultura”.

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Em maio, com a falência da Bloch Editores, desaparecem as revistas Manchete e Desfile.

Em abril chega a revista Você S.A., da Editora Abril. Em maio, é a vez da revista Época chegar às bancas, pela Editora Globo.

Deixa de circular a revista Comunicação e Artes.

Entram em funcionamento os sistemas Sky, da

1999

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O Observatório da Imprensa ganha uma versão na tv produzida pela TVE do Rio de Janeiro e TV Cultura de São Paulo.

1998

Em maio é lançada a PC Player, da Nova Cultural.

de brasileiros estão conectados à rede, no ano seguinte, este número saltará para 7,6 milhões. Em setembro é lançado o Google – atualmente, o serviço de busca mais popular do mundo.

Em outubro surge a revista BRAVO!, dedicada a artes e espetáculos, com circulação em bancas e por assinaturas. Lançada pela Editora D’Ávila, a publicação alcançou tal sucesso e tão elevado nível de qualidade que foi incorporada pela Editora Abril ao seu elenco de revistas.

IstoÉ Dinheiro, revista de negócios, economia e finanças da Editora Três, é lançada em setembro. Na capa, o Ministro da Economia Pedro Malan.

No mundo 16 milhões estão conectados à rede. Neste ano é desenvolvido o desenvolvido o WAP (Wireless Application Protocol), a internet começa a chegar a celulares e palmtops.

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O percentual de domicílios brasileiros com aparelhos de rádio chega a 90,3%, contra 84,9% em 1992, informa o IBGE. Na Região Sul, o índice é de 94,8%; na Sudeste, 94,3%; na Centro-Oeste, 87,2%; e na Nordeste, 83,3%.

Em abril é lançada em São Paulo a revista Caros Amigos, criada e dirigida pelo jornalista Sérgio de Souza, um dos responsáveis pelo êxito, nos anos 60, da revista Realidade, da Editora Abril.

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1997

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O Governo envia ao Congresso projeto de lei que prevê a regulamentação do funcionamento das chamadas rádios piratas.

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Lançamento da CBN-FM, primeira rádio só de notícias em freqüência modulada.

Em abril, numa iniciativa do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, surge na internet o Observatório da Imprensa, um projeto original do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas-Unicamp.

1996

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Chega a revista Viagem & Turismo, pela Editora Azul. Depois passaria para a Editora Abril.

É lançada a versão online da Folha de S. Paulo.

Portaria do Ministério das Comunicações permite a qualquer empresa oferecer serviço de acesso à internet. São 10 milhões de pessoas no mundo conectados à rede; no Brasil, cerca de 120 mil.

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Em agosto de 1996, a Microsoft lança o Internet Explorer, dando início à "guerra dos navegadores". Em novembro, é lançado o comunicador instantâneo ICQ.

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O primeiro periódico brasileiro a entrar em tempo real é o Jornal do Brasil. Mas antes dele estavam na internet a Agência Estado e o Jornal do Comércio do Recife. A eles se seguiram O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de Minas, Zero Hora, Diário de Pernambuco e Diário do Nordeste.

A Igreja Católica forma a Igreja-Sat, maior rádio do País.

Entra no ar o portal Universo On Line (UOL).

Início da campanha das emissoras privadas de rádio pelo fim da obrigatoriedade de transmissão do programa oficial A Voz do Brasil.

É fundada a revista Lugar Comum.

Em março surge a Revista da Criação, que atualmente conta apenas com uma versão online.

1995

Chega às bancas a revista Home PC, para suprir a demanda de informação gerada pela popularização dos computadores pessoais.

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Em agosto é lançada a revista CartaCapital, criada e dirigida por Mino Carta.

1994

A Rede Globo inaugura em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, o Projac, maior centro de produção de tv da América Latina, com 1.300.000 metros quadrados.

Lançamento da revista Caras em novembro.

Inauguração da Central Nacional de TelevisãoCNT, priginada da TV Tropical de Londrina, fundada em 1975.

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Net-Multicanal, e DirecTV, da TVA, que levam o sinal de televisão diretamente do satélite ao domicílio do assinante. O usuário também tem acesso ao sistema pay-perview, no qual paga uma taxa extra para assistir a programas selecionados.

Raimundo Pereira lança o jornal alternativo Política, que ficou no primeiro número.

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1993

Deputados afasta Collor do poder, em 29 de setembro.

200 Anos da Imprensa no Brasil


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COMISSÃO DE LIBERDADE DE IMPRENSA E DIREITOS HUMANOS Orpheu Santos Salles, Presidente; Wilson de Carvalho, Secretário; Arcírio Gouvêa Neto, Daniel de Castro, Germando de Oliveira Gonçalves, Gilberto Magalhães, Lucy Mary Carneiro, Maria Cecília Ribas Carneiro, Mário Augusto Jakobskind, Martha Arruda de Paiva e Yacy Nunes. COMISSÃO DIRETORA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Paulo Jerônimo de Sousa, Presidente, Ilma Martins da Silva, Jorge Nunes de Freitas, José Rezende Neto, Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli e Moacyr Lacerda.

COMISSÃO DE ÉTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Alberto Dines, Arthur José Poerner, Cícero Sandroni, Ivan Alves Filho e Paulo Totti.

COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Jarbas Domingos Vaz, Presidente, Carlos Di Paola, José Carlos Machado, Luiz Sérgio Caldieri, Marcus Antônio Mendes de Miranda, Maria Ignez Duque Estrada Bastos e Toni Marins.

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Conselheiros suplentes 2007-2010 Adalberto Diniz, Aluízio Maranhão, Ancelmo Góes, André Moreau Louzeiro, Arcírio Gouvêa Neto, Benício Medeiros, Germando de Oliveira Gonçalves, Ilma Martins da Silva, José Silvestre Gorgulho, Luarlindo Ernesto, Luiz Sérgio Caldieri, Marceu Vieira, Maurílio Cândido Ferreira, Yacy Nunes e Zilmar Borges Basílio.

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Conselheiros efetivos 2007-2010 Artur da Távola (in memoriam), Carlos Rodrigues, Estanislau Alves de Oliveira, Fernando Foch, Flávio Tavares, Fritz Utzeri, Jesus Chediak, José Gomes Talarico,

Conselheiros suplentes 2008-2011 Alcyr Cavalcânti, Edgar Catoira, Francisco Paula Freitas, Francisco Pedro do Coutto, Itamar Guerreiro, Jarbas Domingos Vaz, José Pereira da Silva (Pereirinha), Maria do Perpétuo Socorro Vitarelli, Ponce de Leon, Ruy Bello, Salete Lisboa, Sidney Rezende,Sílvia Moretzsohn, Sílvio Paixão e Wilson S. J. de Magalhães.

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Conselheiros efetivos 2008-2011 Alberto Dines, Antônio Carlos Austregesylo de Athayde, Arthur José Poerner, Carlos Arthur Pitombeira, Dácio Malta, Ely Moreira, Fernando Barbosa Lima (in memoriam), Leda Acquarone, Maurício Azêdo, Mílton Coelho da Graça, Pinheiro Júnior, Ricardo Kotscho, Rodolfo Konder, Tarcísio Holanda e Villas-Bôas Corrêa.

Conselheiros suplentes 2009-2012 Antônio Calegari, Antônio Henrique Lago, Argemiro Lopes do Nascimento (Miro Lopes), Arnaldo César Ricci Jacob, Ernesto Vianna, Hildeberto Lopes Aleluia, Jordan Amora, Jorge Nunes de Freitas, Lima de Amorim, Luiz Carlos Bittencourt, Marcus Antônio Mendes de Miranda, Mário Jorge Guimarães, Múcio Aguiar Neto, Raimundo Coelho Neto e Rogério Marques Gomes.

Conselheiros efetivos 2009-2012 Adolfo Martins, Afonso Faria, Aziz Ahmed, Cecília Costa, Domingos Meirelles, Fernando Segismundo, Glória Suely Álvarez Campos, Jorge Miranda Jordão, José Ângelo da Silva Fernandes, Lênin Novaes de Araújo, Luís Erlanger, Márcia Guimarães, Nacif Elias Hidd Sobrinho, Pery de Araújo Cotta e Wilson Fadul Filho.

José Rezende Neto, Marcelo Tognozzi, Mário Augusto Jakobskind, Orpheu Santos Salles, Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê), Sérgio Cabral e Terezinha Santos.

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MESA DO CONSELHO DELIBERATIVO 2009-2010 Presidente: Pery Cotta 1º Secretário: Lênin Novaes de Araújo 2º Secretário: Zilmar Borges Basílio

No dia 17 de junho, o STF entende que a necessidade de diploma para exercício do jornalismo pode prejudicar a liberdade de expressão e determina o fim de sua obrigatoriedade. Em sua justificativa, o Ministro Gilmar Mendes compara o trabalho do jornalista ao de um cozinheiro: “Aprende-se na prática”.

Impressão: Taiga Gráfica Editora Ltda. Avenida Dr. Alberto Jackson Byington, 1.808 - Osasco, SP

No dia 30 de abril, o Supremo Tribunal FederalSTF declara inconstitucional a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967), por incompatibilidade com o ordenamento jurídico democrático instituído pela Constituição de 5 de outubro de 1988. Por sete votos a quatro, a lei é revogada na íntegra. Nas sessões em que o assunto foi discutido, há participação direta da ABI.

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CONSELHO FISCAL 2009-2010 Geraldo Pereira dos Santos, Presidente, Adail José de Paula, Adriano Barbosa do Nascimento, Jorge Saldanha de Araújo, Luiz Carlos de Oliveira Chesther, Manolo Epelbaum e Romildo Guerrante.

Associação Brasileira de Imprensa Rua Araújo Porto Alegre, 71 - Rio de Janeiro, RJ - Cep 20.030-012 Telefone (21) 2240-8669/2282-1292 e-mail: abi.presidencia@abi.org.br Representação em São Paulo - Diretor: Rodolfo Konder R. Dr. Franco da Rocha, 137 Perdizes São Paulo, SP - Cep 05015-040 Telefone (11) 3675-0960

2009

CONSELHO CONSULTIVO 2007-2010 Chico Caruso, Ferreira Gullar, José Aparecido de Oliveira (in memoriam), Miro Teixeira, Teixeira Heizer, Ziraldo e Zuenir Ventura.

Diretor Responsável: Maurício Azêdo

A eleição de BARACK OBAMA nos Estados Unidos se transforma num verdadeiro espetáculo midiático: além de uma cobertura global com os mais diversos veículos, a internet é usada efetivamente como uma eficiente ferramenta de divulgação.

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DIRETORIA – MANDATO 2007/2010 Presidente: Maurício Azêdo Vice-Presidente: Tarcísio Holanda Diretor Administrativo: Estanislau Alves de Oliveira Diretor Econômico-Financeiro: Domingos Meirelles Diretor de Cultura e Lazer: Jesus Chediak Diretor de Assistência Social: Paulo Jerônimo de Sousa (Pajê) Diretor de Jornalismo: Benício Medeiros

Publicidade e Marketing: Francisco Paula Freitas (Coordenador), Queli Cristina Delgado da Silva, Paulo Roberto de Paula Freitas.

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No dia 2 de dezembro, acontece na Sala São Paulo, em São Paulo, a primeira transmissão da tv digital no País.

Apoio à produção editorial: Alice Barbosa Diniz, Conceição Ferreira, Diogo Collor Jobim da Silveira, Fernando Luiz Baptista Martins, Guilherme Povill Vianna, Maria Ilka Azêdo, Mário Luiz de Freitas Borges.

A ABI inicia as comemorações de seu centenário de fundação, as quais incluem a edição de publicações que destaquem a contribuição da imprensa para o progresso do País. Da programação consta a publicação pelo Jornal da ABI da Edição Especial do Centenário, a qual se desdobrará em três volumes, com um total estimado de 250 páginas.

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Brasileiros, revista mensal de reportagens, chega às bancas.

2007

Imagens: Acervo ABI/Biblioteca Bastos Tigre, Arquivo Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, Arquivo Público do Estado de São Paulo, Agência Folha, Agência O Globo, Agência Estado, Acervo Edmar Morel, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Acervo Memória Abril, Arquivo Roberto Marinho/Memória Globo.

2008

É criada na internet a rede social Twitter. Uma ferramenta de envio de informação em informação que viria a se expandir entre jornais e outros veículos de comunicação.

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Em outubro, é lançada a revista Piauí, que oferece textos e comentários sobre assuntos variados, além de estampar com freqüência histórias em quadrinhos de artistas nacionais e estrangeiros.

Em junho, Brasil anuncia o padrão japonês para a instalação da tv digital.

2006

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As informações circulam cada vez mais rapidamente na internet, um meio acessado por milhões de pessoas a cada minuto. Neste ano, a morte do Papa entra para a História como o primeiro evento com a maior cobertura virtual.

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2005

Em julho cessa a publicação de O Pasquim 21. Também não circula mais a revista Lugar Comum.

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Editores: Maurício Azêdo e Francisco Ucha Projeto gráfico e diagramação: Francisco Ucha Edição de textos: Maurício Azêdo Pesquisa: André Lima de Alvarenga, Marcos Stefano, Francisco Ucha e Rita Braga

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Numa eleição empolgante, a chapa Prudente de Morais, neto vence as eleições na ABI. Com esse resultado o jornalista Maurício Azêdo é o novo Presidente da ABI, sendo reeleito em 2007.

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Número 347 - Novembro de 2009

Jornal da ABI

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2004

Chega ao fim a circulação da revista Cadernos do Terceiro Mundo.

2002

O jornal Diário Popular muda de nome e passa a se chamar Diário de São Paulo.

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Também pára de circular a revista Comunicarte.

Pára de circular o jornal Notícias Populares.

Em maio chega nas bancas a revista TPM, ou Trip Para Mulheres.

Em fevereiro, surge O PASQUIM 21, publicado semanalmente em formato standard.

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Em novembro, a Revista de Cultura Vozes é cancelada.

2001

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2003

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Os países do Mercosul discutem um padrão comum para a TV digital.

No mundo há 304 milhões de computadores conectados.

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Começam a ter destaque as rádios virtuais, que funcionam como parte de sites.

O provedor IG lança o primeiro jornal concebido e produzido para a internet: Último Segundo, com material de agências e da equipe de repórteres.

É lançado na internet o Portal Estadão.

1993~2009

A ABI inicia as comemorações de seu centenário de fundação, as quais incluem a edição de publicações que destaquem a contribuição da imprensa para o progresso do País.

Novembro de 2009 Jornal da ABI 347 43



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