Jornal do Friburgo 2

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2 Jornal do FOTOS GABRIEL ARAUJO E FRANCISCO UCHA

Agosto Setembro 2008

Alunos como XXXXXX e YYYYYY, fazem lanche ao ar livre, tĂŞm contato com animais da fazenda e cuidam da horta sem sair da escola.


•••notas

•••evento ANAHI MONTEIRO

Uma festa para ficar na memória Com uma decoração muito especial feita pelos próprios alunos e voltada para as tradições da região sul do Brasil, o Friburgo recepcionou mais de 2.000 mil pessoas para sua tradicional Festa Junina, que aconteceu no dia 21 de junho. Nem mesmo a rápida chuva que caiu no final da tarde estragou a alegria do evento. A fogueira, com mais de 4 metros de altura, aqueceu a noite e reuniu grupos de amigos sentados ao seu redor. Bandeirinhas de todos os tipos e todas as cores, inspiradas em Alfredo Volpi, estavam espalhadas por todos os lados. Meninos e meninas de papelão, em tamanho real, recortados e pintados pelos alunos do 2º ano, representavam os personagens típicos do sul do País. E foram estes bonecos que deram um colorido todo especi-

al para o palco montado para a Banda Dona Zaíra, quinteto pé-de-serra especializado em forró e música brasileira, que animou a festa. As barracas de comidas foram enfeitadas com a ajuda de pais voluntários e das professoras responsáveis pela decoração. Nessas barracas, aliás, foram servidas dezenas de quitutes típicos. Estava tudo uma delícia! Um dos momentos marcantes da festa foi a apresentação dos alunos na quadrilha e nas coreografias da turma de jazz, do Período Ampliado. Apesar de alguns períodos de chuva, nada interferiu no entusiasmo de todos que estavam presentes. A animação era tanta que tivemos a maior quadrilha de todos os tempos e, no final da festa, aconteceu um emocionante show pirotécnico. Vale lembrar que a renda foi revertida para os projetos de responsabilidade social do Colégio Friburgo, como a Educação de Jovens e Adultos e o Projeto Mudando a História, que trabalha com a Ong Gotas de Flor com Amor, entidade que lida com crianças de cortiços e favelas da zona sul de São Paulo.

Um grande evento que confraterniza toda a família Friburgo com brincadeiras e comidas típicas: essa é a nossa Festa Junina. 2 • JORNAL DO FRIBURGO

Leia mais no Blog do Friburgo acessando: www.colegiofriburgo.com.br

Prova de competência Desde o primeiro semestre, alunos de 6º ao 9º ano estão sendo colocados a toda prova, literalmente. É que, em abril eles começaram a participar dos testes multidisciplinares, uma grande novidade para essa turma, já que somente o Ensino Médio participava dos habituais simulados. Os testes ou provas multidisciplinares são compostos de questões de múltipla escolha, envolvendo diversas disciplinas. Enquanto os alunos de 6º e 7º ano respondem 30 questões, os alunos de 8º e 9º têm a tarefa de resolver 40 questões. "A prova é um de nossos instrumentos para avaliar nossas competências internas e preparar os alunos para outros exames do tipo, muito comuns daqui para frente na vida deles”, explica a professora Iracy Garcia Rossi, Diretora Pedagógica e responsável pela aplicação do teste aos estudantes. “Nosso objetivo é melhorar a qualidade do ensino". Depois das provas que aconteceram em abril e agosto, os alunos já começaram a se preparar para a próxima, que acontece no mês de outubro.

Vestibular à vista! Pressão, correria, insegurança e muitas dúvidas. Não tem jeito: em tempos de preparação para encerrar o Ensino Médio e fazer vestibular para tentar uma boa Universidade no Ensino Superior, a vida do aluno pode virar de cabeça para baixo. Como nesse momento uma boa preparação é essencial, além de aplicar periodicamente simulados – provas de múltipla escolha que preparam o aluno para a jornada do vestibular –, o Friburgo promoveu em junho a palestra Tendências do Vestibular, ministrada pelo professor Silvio Soares Moreira Freire, do cursinho Atrium. Durante quase três horas, Silvio esmiuçou alguns dos principais vestibulares do país, esclareceu dúvidas sobre carreiras e faculdades e explicou a importância de tirar uma boa nota no Enem, além de dar preciosas dicas aos nossos estudantes. Como se vê, essa foi uma palestra nota dez!

Marcos da Bossa Nova Dando continuidade ao projeto Marcos do Século XX, desenvolvido desde o primeiro semestre, alunos do 5° ano estão sendo apresentados a nomes como Vinícius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto. É que eles estão se aprofundando na história da Bossa Nova e descobrindo toda a influência que este importante movimento musical trouxe para o País. A visita à exposição Bossa na Oca, no Parque Ibirapuera foi uma das atividades ligadas a esse tema. O evento traz para São Paulo todo o clima carioca do final dos anos 50, quando surgiu o clássico Chega de Saudade, com direito até mesmo à areia e à famosa calçada de Copacabana.

Patchwork biográfico Conhecer a vida de grandes personalidades é o que atraiu a atenção dos alunos do 6° ano para a produção de um livro de biografias. A grande vantagem desse novo projeto é que, além de conhecer um gênero literário de grande importância, a garotada também terá contato com histórias de pessoas notáveis como Albert Einstein, Cecília Meireles, Anita Malfati, Van Gogh, Chaplin, Leonardo da Vinci, Drummond, Airton Senna e Machado de Assis, cujo centenário é comemorado neste ano. Além disso, as ilustrações do livro serão produzidas nas aulas de artes pelos próprios alunos, que pintarão o retrato de seu biografado. No final, a capa será confeccionada com retalhos coloridos que justificarão plenamente o nome do livro, escolhido pelos próprios alunos: Biografias em Retalhos. EXPEDIENTE COLÉGIO F RIBURGO | www.colegiofriburgo.com.br | DIREÇÃO Ciro Figueiredo DIRETOR A DMINISTRATIVO Wilson Emerick • DIRETORA PEDAGÓGICA E DE A SSUNTOS COMUNITÁRIOS Iracy Garcia Rossi • DIRETORA DA EDUCAÇÃO INFANTIL Maria Beatriz Telles • C OORDENAÇÃO - EDUCAÇÃO INFANTIL Rosimari Ussifati - ENSINO FUNDAMENTAL 1 Eni Spimpolo - ENSINO FUNDAMENTAL 2 Cintia Siqueira - ENSINO M ÉDIO Vera Márcia Barreto - PERÍODO AMPLIADO Amélia Gaulez JORNAL DO F RIBURGO é uma publicação editada pelo Departamento de Comunicação do Colégio Friburgo. EDIÇÃO Francisco Ucha REDAÇÃO Marcos Stefano COLABORAÇÃO Anahi Monteiro, Gabriel Araújo ( Fotografia ), Eni

Spimpolo ( Revisão ). Av. João Dias, 242. São Paulo/SP. Cep 04724-000. Telefone (11)2148-0150.


•••meio ambiente O A NO DO P LANETA T ERRA

CAROLINA, 5°B

Mãos à obra pela sustentabilidade Com diversas ações práticas, o Friburgo atende ao chamado da Unesco e amplia seu trabalho de base pela conscientização ecológica e em defesa do Meio Ambiente

A

Natureza não pode mais esperar! Foi com esse lema que o Colégio Friburgo aproveitou o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, para conscientizar alunos e funcionários e lançar iniciativas que incentivem o consumo consciente e a mudança de atitudes da comunidade. Para tanto, durante todo o dia a professora Maria Júlia Labate, integrante da Associação Recicla Morumbi, realizou diversas palestras nas quais falou sobre como pequenos detalhes podem fazer toda a diferença na hora de produzir menos lixo. Ainda apresentou a situação dramática dos aterros sanitários em grandes cidades como São Paulo e mostrou como é possível produzir uma camiseta a partir da fibra de três garrafas do tipo Pet recicladas. No final do expediente, foi a vez dos funcionários do Friburgo e da Casinha Pequenina se reunirem para um Happy Hour ecológico. Após um lanche bem natural, discutiram com Maria Júlia o Projeto Ambiental e diversas iniciativas

que começam a ser lançadas pelo Friburgo, como novas formas de reciclagem e estratégias para economizar energia. “Se cada um fizer a sua parte, as chances de conseguirmos bons resultados são maiores. Ainda mais em um ambiente como esse do Friburgo, que naturalmente inspira à preservação”, comemorou a professora. A OS PERDEDORES : AS BATATAS !

ANAHI MONTEIRO

Algumas mudanças de comportamento, principalmente entre os alunos da escola, foram tão imediatas que surpreenderam até os professores. Durante as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente, pais, alunos, professores e funcionários foram convidados a trazer apenas uma embalagem vazia de algum produto à escola. Logo, tudo foi amontoado em muitos montes de lixo e usado pela professora Maria Júlia para mostrar o grande volume produzido quando cada um joga fora uma única embalagem. “A boa notícia é que quase todos esses materiais podem passar pelo processo de reciclagem”, alertou a palestrante. Quase todos? Isso mesmo, pois segundo ela, alguns produtos são fabricados com materiais não recicláveis, como por exemplo, os salgadinhos e petiscos tão apreciados por todas as idades e vendidos nos supermercados em pacotes de todos os tamanhos. “Quer dizer que batatinhas e outros salgadinhos são vilões da Natureza?”, apressaram-se a questionar alguns alunos mais decepcionados. Diante da resposta positiva, o melhor exemplo do dia partiu de uma pequena menina em um dos cantos do auditório: “A partir de hoje não como mais batata frita de saquinho!”.

Maria Júlia Labate: pequenos detalhes podem fazer toda a diferença na hora de produzir menos lixo.

Natureza na Rede No final de abril, entrou no ar o mais novo site do Friburgo, o Ano do Planeta Terra (www.anodo planetaterra.com.br). Constantemente atualizado, este novo endereço na internet traz as últimas notícias sobre o meio ambiente, dicas de como preservar a Natureza no dia-a-dia, artigos de especialistas sobre geopolítica, desenvolvimento sustentável e outros assuntos atuais e polêmicos, além de mostrar atividades e projetos desenvolvidos por professores, alunos e funcionários do colégio. De quebra, os internautas ainda podem participar das campanhas desenvolvidas, inclusive, baixando opções de fundo de tela para enfeitar o computador e promover a defesa do ambiente. O site é mais uma iniciativa para apoiar as atividades ligadas ao tema 2008, o Ano Internacional do Planeta Terra, promovido pela Organização para a Educação, Ciência e Cultura da ONU, a Unesco, com a qual a escola mantém parceria por meio do Programa de Escolas Associadas. “O site Ano do Planeta Terra foi criado para ser um instrumento pedagógico, pois irá concentrar num só lugar as principais notícias publicadas pela mídia a respeito das questões ambientais e divulgará o trabalho que o Friburgo está desenvolvendo internamente”, explica Francisco Ucha, criador do projeto. “Nossa proposta é fazer com que o site não apenas permita aos alunos adquirirem uma nova consciência sobre sua responsabilidade em relação ao futuro, mas também desenvolver projetos concretos”, complementa a Anahi Monteiro, editora de conteúdo da publicação.

JORNAL DO FRIBURGO • 3


MARCOS STEFANO

BEATRIZ G. 5°A

A turminha do 3° ano B mostra suas garrafas, que dispensam o uso de copos plásticos.

JULIA F. 5°B

Os mascotes da Ecologia

M OSTRANDO O CAMINHO

RAFAEL, 5°B

As turmas do Ensino Fundamental também estão dando o exemplo e mostrando o caminho quando o assunto é o lixo descartável. Copos e embalagens plásticas são apontados como os grandes vilões do meio 4 • JORNAL DO FRIBURGO

A professora Maria Claudia Giopatto envolveu alunos e familiares numa verdadeira aula de conscientização para reduzir a quantidade de lixo no lanche das crianças.

napos de papel, se podemos diminuir a quantidade de lixo que produzimos, embrulhando tudo em um de pano? Trazer um sanduíche feito em casa no lugar dos salgadinhos industrializados é outra atitude que além de ser ecológica, faz um tremendo bem para a saúde”, garante Maria Claudia Giopatto, professora do 3º ano. Uma rápida olhada pelas tabelas, que ficam expostas em um canto da lousa, é suficiente para mostrar que a iniciativa tem dado frutos. Mas o que chama mais a atenção são as garrafinhas de água ou suco nas carteiras onde sentam as crianças. Maria Claudia explica: “Aposentamos de vez os copos descartáveis. Cada aluno traz sua garrafinha de casa e sempre a usa para beber”. No começo, se os pais não se lembrassem, as crianças também se esqueciam. Mas agora, todas fazem questão de lembrar e trazer as garrafinhas, que vêm fazendo enorme sucesso. De todos os tipos e cores, algumas já estão sendo até personalizadas e acabam revelando um pouco da personalidade da criança. É uma verdadeira aula de consciência e compromisso para com o futuro do planeta. LUIZA, 5°B

ambiente, já que não costumam ser biodegradáveis e até a reciclagem é altamente custosa por causa do gasto de energia. Com a ajuda dos professores, os alunos montaram tabelas em cada sala para contar a quantidade de material descartável que cada criança traz em seu lanche diariamente. O objetivo, com a ajuda dos pais, é diminuir ao longo do tempo a quantidade desse tipo de material. “Envolvemos também as famílias e a comunidade, levando à conscientização. Para que usar guardaMARCOS STEFANO

Para preservar o verde, a criatividade tem se mostrado a melhor arma dos alunos de sete a onze anos do Friburgo. Com ela, esses econautasmirins levam tudo o que aprendem na teoria à prática. Logo no começo do ano, as turmas de 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental montaram murais nas salas com compromissos assumidos pelos alunos e por suas famílias, como apagar a luz ao sair da sala e diminuir o consumo de descartáveis. Depois, foi a vez do 4ºB juntar restos de papel para reciclar e fazer cartões para o dia das mães. Eles também criaram slogans para serem colados acima dos interruptores de luz da escola para conscientizar colegas, funcionários e professores sobre a importância de economizar energia. Junto às frases estará a mascote da campanha, desenhada e escolhida em votação pelos próprios estudantes.


Comandadas pela talentosa professora Glaucia, as crianças do Coral do Friburgo deram um show no Shopping Jardim Sul.

Música para celebrar a nossa natureza Como reciclar não é tudo, uma autêntica sinfonia verde foi organizada na sexta-feira, 6 de junho, e fechou as comemorações da Semana Mundial do Meio Ambiente. Sob a batuta da professora Glaucia Machado, dezenas de crianças dos corais da Casinha Pequenina e do Friburgo se apresentaram no Atrium do Shopping Jardim Sul para centenas

de pais e convidados. “Procuramos despertar a sociedade para a importância de preservação da Natureza”, disse aos presentes Glaucia, introduzindo os coristas. O repertório foi escolhido com muita criatividade e um toque bem brasileiro. O da Casinha Pequenina, que reúne crianças de até seis anos, apresentou algumas poesias

de Cecília Meireles, musicadas pela própria Glaucia. Os alunos mais velhos, do Coral do Friburgo, cantaram Estórias da Floresta (de Milton Nascimento) e Nozaniná (uma antiga canção tupi-guarani recolhida junto aos índios por Roquette Pinto). Outros três poemas de Cecília Meireles também receberam os arranjos da professora e foram apresentados por todas as crianças: Mistério do Sem Fim, Leilão de Jardim e Colar de Carolina. Os diversos instrumentos musicais escolhidos para acompanhar a apresentação dos corais foram uma

verdadeira atração à parte. Além do tradicional violão, os alunos tocaram a medieval ocarina e o bongô, tamborim típico africano. Também não faltaram os mais caseiros. De vários tamanhos e espessuras, algumas crianças batiam no chão tubos de PVC cheios de furinhos, cada um emitindo um som diferente. Eram os idiofones. Ao lado delas, outras tocavam o ganzá – improvisado com uma lata de Nescau – e chocalhos feitos com tampas de garrafa pet amarradas com barbantes. Até a música ensina que, na Natureza, nada deve ser desperdiçado.

Parceria comunitária no Projeto Estação Natureza do Ensino lidades 2 (HP2), apresentou à secretária de educação nosso projeto que pode beneficiar mais de 700 alunos do 4º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas de Cabreúva. A idéia é capacitar estudantes do Ensino Médio do Friburgo para servirem como instrutores e guias dos alunos das escolas municipais em atividades educativas e pedagógicas desenvolvidas nas trilhas da Estação Natureza. Além disso, outras atividades conjuntas como um reflorestamento com árvores nativas na região e a criação de um Núcleo de Educação Ambiental, que ofereça palestras, cursos e faça um levantamento da fauna e da flora locais, também estiveram na ordem do dia. “Para Cabreúva, essa parceria com uma instituição tão tradicional e respeitada como o Friburgo será a grande oportunidade de desenvolver o conhecimento e a consciência de preservação do ambiente. A educação não é simplesmente trabalho, mas missão

MARCOS STEFANO

Todo ano, o Friburgo desenvolve, com alunos do Ensino Médio, projetos ambientais e pedagógicos na reserva ecológica da Serra do Japi, aproveitando uma área de 400 mil metros quadrados que a escola mantém nesse município, a cerca de 80 quilômetros de São Paulo. A Estação Natureza do Ensino – como é chamada – agora poderá servir também a um projeto que integrará estudantes de escolas públicas de Cabreúva. Por conta disso, no dia 2 de abril, representantes do Friburgo estiveram reunidos com a Secretária Municipal de Educação de Cabreúva com a professora Miriam Reining, para discutir parceria inédita entre a cidade e o colégio. A comissão do colégio, que contou com Iracy Garcia Rossi, Diretora Pedagógica e de Assuntos Comunitários, Vera Márcia Barreto, coordenadora do Ensino Médio, Leandro Duarte e Nancy Conceição, professores de Habilidades e Potencia-

Leandro, Iracy, Vera e Nancy Conceição ladeiam Míriam Reining (de vermelho), Secretária de Educação de Cabreúva.

e vocação que luta pelo futuro”, disse, após o encontro, a professora Miriam. “Essa parceria permitirá melhorias consideráveis em nossa área na Serra do Japi, além de novas possibilidades para alunos do Friburgo e de Cabreúva”, concordou a professora Iracy Garcia Rossi. Os professores aproveitaram a viagem para visitar a

área da Estação Natureza. Ao lado do Gerente Operacional Gilberto Cruz, verificaram a infra-estrutura do local. Além de discutirem melhorias e construções a longo prazo, eles analisaram a possibilidade de contruir novos banheiros, chuveiros e mesas, bem como instalar iluminação para que os alunos possam acampar na propriedade. JORNAL DO FRIBURGO • 5


•••entrevista

SÓ CONSEGUIREMOS EVITAR O AQUECIMENTO GLOBAL COM UMA

REVOLUÇÃO DE COMPORTAMENTO Ex-aluna do Fribur go, a bióloga Marina Friburgo, Telles fala sobr sobree as questões mais polêmicas rrelacionadas elacionadas ao meio ambiente e denuncia o marketing vazio feito pela maioria das grandes corporações.

F

uracões, secas e enchentes catastróficas, terremotos freqüentes e mudanças trágicas no clima. Ultimamente o aquecimento global é o grande vilão da grande maioria dos desastres naturais. Mas não está havendo muito exagero? Para que preservar a Floresta Amazônica, se ela não é – como se pensava no passado – o “pulmão do mundo”? É possível nações como o Brasil alcançarem o mesmo nível de consumo dos Estados Unidos sem comprometer a vida na Terra? Foi para esclarecer dúvidas como essas, que a bióloga Marina Telles Marques da Silva esteve no começo do ano no Friburgo. Na ocasião, ela fez uma palestra para professores e funcionários da escola sobre as grandes questões ambientais da atualidade, ajudando os docentes a montar o planejamento pedagógico com foco na preservação da Natureza, de acordo com a parceria que o Friburgo estabelece com a Unesco. “A sala de aula é um ambiente maravilhoso para tratarmos desses assuntos”, justifica ela. Ex-aluna do Friburgo, aos 26 anos Marina é uma profissional altamente requisitada para dar consultoria em empresas e escolas sobre questões ambientais. Mais que à formação – ela é Mestre em Ecologia e Recursos Naturais e atualmente faz o doutorado na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) – isso se deve à paixão pela Natureza. Amor que nasceu na escola, por meio de seus antigos professores, e foi construída no dia-a-dia de seu trabalho com aves do Cerrado. “Apesar de bem divulgadas, as questões ambientais ainda são tratadas sem a devida profundidade pela mídia”, critica a bióloga. E esta é apenas uma das ressalvas que Marina faz nesta entrevista ao Jornal do Friburgo. “É um erro pensar que reciclar é tudo que podemos fazer pelo meio ambiente. Em alguns casos, pode ser ainda mais danoso à Natureza”. 6 • JORNAL DO FRIBURGO

Este ano é considerado pela Unesco como o Ano Internacional do Planeta Terra. Como você vê a questão do meio-ambiente no Brasil?

A questão ambiental no Brasil ainda é tratada de forma insatisfatória. Talvez, isso se deva à enorme riqueza em termos de biodiversidade e recursos naturais que existe no país, que faz com que as pessoas tenham a falsa impressão de que estes bens são inesgotáveis. É o que acontece com a Floresta Amazônica e seu desmatamento sem limites. Entretanto, a questão ambiental tem aparecido cada vez mais na mídia. O grande problema é que a causa acaba virando “fachada” das empresas, que conseguem atrair a atenção dos consumidores e, portanto, conseguem vender mais. É claro que existem as que estão realmente interessadas em minimizar seu impacto sobre o meio ambiente, mas a maioria delas acaba fazendo esse tipo de publicidade porque acabam lucrando mais. O meio ambiente ainda não é uma prioridade no Brasil e nem no mundo. Mas isso é uma questão de tempo. É até difícil falar para uma criança sobre a importância da preservação em grandes cidades como São Paulo. Como tratar desse assunto e envolver as novas gerações urbanizadas nessa tarefa?

O primeiro passo é mostrar às pessoas que nós somos completamente dependentes do meio ambiente e até mais que isso: o meio ambiente é tudo o que temos. Sem ele não há vida! Todo o alimento e água que ingerimos, ar que respiramos, materiais que usamos na construção de casas e automóveis vieram do ambiente. Isso, sem falar de coisas menos fáceis de percebermos, como o equilíbrio entre as espécies e o equilíbrio do planeta como um todo. Quem atrapalha esse equilíbrio é o homem. É importante mostrar também que ambiente saudável é sinônimo de qualidade de vida e que preservar é do interesse de todos. Tudo sem muita teoria, colocando as novas gerações diante do ambiente e dos fatos. Nunca houve tanta preocupação com o meio-ambiente quanto agora. Mesmo assim, pouco tem sido feito. Como você vê o desencontro de informações, especialmente na mídia?

Antes de mais nada, nem mesmo as pessoas que veiculam as informações – no caso a mídia – têm a real consciência do problema. Afinal de contas, são


seres humanos que vivem em grandes cidades e como a maioria dos cidadãos acabam por ver o meio ambiente como algo distante. Infelizmente, ainda não temos um jornalismo especializado em questões ambientais. Além disso, nossa política e economia são baseadas no lucro e no “desenvolvimento”, que são vistos como coisas contrárias às questões ambientais. Não que o desenvolvimento não seja importante, mas ele deveria gerar riquezas para o país e não apenas para uma minoria. Além de não haver o combate à fome e à miséria, essa ganância explora mal o ambiente, destruindo aquilo que é fundamental para a humanidade. Pouco se tem feito na prática porque as pessoas simplesmente desconhecem a real importância do meio ambiente para a vida com qualidade. Dá para desenvolver e crescer preservando, com sustentabilidade. Mas não conciliar isso com grandes e fáceis lucros. Ou seja, precisamos mudar a mentalidade e as políticas públicas. Nesse caminho da preservação do meio ambiente, o carro-chefe tem sido a reciclagem, que todos falam e propagam. Apenas isso basta?

De jeito nenhum! A reciclagem é importante sim, mas não pode funcionar sozinha. Isso porque é um processo que gasta água, energia e, além disso, o resíduo, mesmo sendo reciclado, já foi gerado, e poderia ter sido, talvez, evitado. Portanto, antes da reciclagem devemos pensar em outros dois “R”, importantes nesta ordem: Redução e Reutilização. A reciclagem, na maioria das vezes, é apenas um artifício para “tranqüilizar” a nossa consciência de consumidores. Sabendo que uma certa embalagem pode ser reciclada um dia, eu acabo comprando aquele produto. O problema é que se compra mais e mais vezes e o lixo vai aumentando. Muito fica sem reciclar. Portanto, devemos fazer um esforço no sentido de minimizar ou reduzir o lixo gerado. Há um consenso de que apenas criar leis e fiscalizar não bastam para preservar o ambiente. Que valores devem ser mudados na sociedade para que a Natureza seja poupada?

As leis e a fiscalização não adiantam porque as pessoas não vêem sentido em preservar. A preservação acaba sendo algo imposto e não natural. Com o sistema político-econômico baseado no lucro e no consumo desenfreado, fica difícil a manutenção da natureza. Para

que as coisas sejam conciliadas, precisamos trocar os valores supérfluos que foram construídos pela sociedade capitalista, tais como as “necessidades” de luxo, de bens materiais, do consumo em excesso, pelos valores que realmente importam para a felicidade e bem estar das pessoas: lazer, relações pessoais e outros. Com isso, automaticamente, a natureza passa a ser poupada, uma vez que estes valores realmente necessários têm relação direta com o ambiente íntegro e saudável. Hoje não se fala mais em desenvolvimento sustentável, mas em sociedade sustentável. O que muda na prática?

meiro mundo. O que acontecerá se países como China, Brasil, Índia e outros se tornarem tão consumistas quanto os Estados Unidos, por exemplo?

Se todas as nações tivessem os padrões de consumo dos estadunidenses, japoneses e europeus, precisaríamos de vários planetas Terra para sobrevivermos. Isso em relação ao espaço físico, para que fosse gerada energia e alimento para todos, fora o espaço para a deposição de lixo de todo o mundo. Se as nações em desenvolvimento, portanto, alcançarem esses padrões, o planeta e seus recursos não agüentarão e a humanidade será afetada diretamente. Ou melhor, já vem sendo. Não acho certo também nos conformarmos com as enormes diferenças entre os países. O correto e mais ético seria que todos os homens, independentemente de suas nações, repensassem os padrões de consumo que adotaram e mudassem de postura. Trata-se de uma revolução de valores.

cultivo do alimento – a agropecuária –, para a produção de energia – o plantio de cana, por exemplo –, para a deposição do lixo... É com base na pegada ecológica que é feito aquele cálculo de quantos planetas Terra teríamos que ter para todos do planeta viverem com os padrões dos países mais ricos do mundo. Como escolas como o Friburgo podem contribuir nesse processo de preservação do meio-ambiente? O próprio espaço físico pode ser maravilhosamente aproveitado em uma série de projetos, desenvolvidos com a finalidade de sensibilizar, chamar a atenção para a questão ambiental. Mas acho que, acima de tudo, por ser uma escola, e uma escola preocupada com a formação pessoal e não só profissional, o Friburgo tem o dever de tratar com muita seriedade este assunto. A questão ambiental não pode ser encarada como uma das disciplinas a

O conceito de “desenvolvimento” na linguagem político-econômica atual pressupõe uma série de bases que nada têm a ver com o conceito de sustentabilidade, tais como o lucro e a acumulação de riquezas, acabando com recursos e prejudicando o futuro da própria sociedade. O termo “desenvolvimento sustentável” acaba se tornando um oxí“O lixo gerado por pessoa por dia é enorme! Imagine então, a moro: enquanto o quantidade de lixo gerado por 7 bilhões de habitantes no mundo. desenvolvimento prega a extração/ E quem tem o poder de mudar esse padrão? Cada um de nós!” produção em enormes quantidades, em períodos de tempo muito curtos, a Quais são as maiores preocupações da ser dada. A consciência ecológica deve sustentabilidade trabalha com o uso Ecologia na atualidade, dentro e fora ser algo que aparece de forma natural moderado dos recursos para que as pró- de nosso país? E quais são os concei- e com o tempo. A questão deve permeximas gerações tenham acesso aos mes- tos mais modernos na defesa do meio- ar todo e qualquer tipo de atividade mos. “Sociedades sustentáveis” são ambiente? desenvolvida. Sendo o homem uma entre as miaquelas preocupadas acima de tudo com a questão do consumo conscien- lhões de espécies que habitam o pla- E como pais e alunos no seu dia-a-dia te como forma de impedir a redução e neta, a ecologia pode ajudar a pensar podem fazer o mesmo? em formas de evitar o esgotamento o esgotamento dos recursos. Uma das ações mais fáceis e que tem dos recursos através de medidas cri- uma enorme importância atualmente O recorde de desmatamento da Flo- ativas e menos prejudiciais ao Plane- é a questão do lixo. O lixo gerado por resta Amazônica ganhou grande des- ta e ao próprio homem. Entre alguns pessoa por dia é enorme! Imagine entaque nos noticiários. Por que tanta dos conceitos que têm sido recente- tão, a quantidade de lixo gerado por 7 preocupação se a Amazônia não é o mente levantados pela ecologia po- bilhões de habitantes no mundo. E “pulmão do mundo” como se dizia an- dem ser mencionados a emergia e a quem tem o poder de mudar esse patigamente? pegada ecológica. O primeiro trata da drão? Cada um de nós! É só consumir A Amazônia é uma das últimas flo- soma da energia que cada ser huma- com consciência. Cada pessoa deve restas do mundo. A floresta detém gran- no usa para viver em um dia. Este cál- fazer uma avaliação sobre o lixo que de parte da biodiversidade mundial e é culo leva em conta desde a energia do produz. Com o tempo, as pessoas vão um patrimônio. Além disso, a Amazô- alimento que ingerimos, as tais 2 mil percebendo que uma enorme quantinia tem uma influência enorme no cli- quilocalorias diárias, e mais todo e dade deste lixo poderia ser evitada ou ma de várias regiões do planeta. Exis- qualquer tipo de energia que, na mai- reaproveitada. E mais adiante ainda, as tem cálculos que prevêem que se mais oria das vezes de forma indireta, uti- pessoas passam a perceber que a reduum pouco da floresta foi retirada, o pla- lizamos. Por exemplo, a energia que ção do lixo tem implicações práticas neta passará a sofrer drasticamente com foi gasta na confecção das roupas, re- bem bacanas, por exemplo, na qualio clima. Teremos regiões extremamente lógio, casa, automóveis. O objetivo é dade da nossa alimentação. Uma alichuvosas e regiões com secas prolonga- não desperdiçar energia. A pegada mentação saudável e com menor condas, por exemplo. ecológica é um conceito que trata do sumo de produtos industrializados espaço físico ocupado pelas pessoas. produz menos lixo. É natural que o brasileiro deseje o Bra- Não só o espaço utilizado diretamensil como um país desenvolvido, que te- te para morar, trabalhar e ter lazer, Leia a entrevista completa no site www.anodoplanetaterra.com.br nha o mesmo padrão de países de pri- mas também o espaço usado para o

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JORNAL DO FRIBURGO • 7


•••educação

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Leitura cidadã

MARCOS STEFANO

m caso de paixão está surgindo entre os alunos do 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Friburgo. Mas, antes de imaginar algum namorico entre fulana e beltrano, é preciso enpara a garotada. Tem sido também tender que os romances de que esta- Projetos de Português despertam a paixão importante aspecto de integração, mos falando e que têm feito a cabeça pela leitura e levam alunos do Fundamental troca de experiências e de conhecidos alunos são outros. Isso porque, mento e ação social. “Normalmense para muitos estudantes brasileiros, a questionar e tentar mudar a sociedade te, os alunos nessa faixa etária coler não passa de enfado, para essa garotada tornou-se algo irresistível. Al- Desde que os projetos começaram a te, o pessoal de 7º ano escreve reda- meçam a firmar as amizades nas folguns não desgrudam de suas obras ser aplicados, cada aluno vem len- ções analisando certos aspectos das gas da escola e se identificam nas prediletas nem nos finais de semana do mais de 12 livros durante o ano obras. Um dos pontos mais trabalha- baladas. Agora, a leitura divide com e elas são o principal assunto quan- escolar, o que dá mais de um por dos nas aulas é em relação aos níveis os momentos de diversão essa resdo estão fora das aulas, com os ami- mês, já que os três meses de férias de linguagem adotados pelos auto- ponsabilidade. Eles comentam enres de literatura. O 8º e 9º ano traba- tre si, trocam livros e estimulam uns gos. Motivadas por certas obras, al- não estão inclusos na conta. Aliás, as obras não devem ser ape- lham mais a estrutura dos livros, es- aos outros a pegar títulos novos e gumas turmas estão tirando importantes lições da ficção para transfor- nas lidas, mas entendidas, debatidas tudando a temática, abordagem, nar- não desanimar caso a leitura pareça meio chata ou cansativa no comemar a realidade com campanhas so- e criticadas. Para tanto, mensalmen- rativa e enredo dos mestres. Desde maio, além ço”, diz a professora Trindade. ciais desenvolvidas das tradicionais avaliaJulia T., 12 anos, aluna do 8º ano, por elas mesmas. ções, os alunos estão foi uma das que experimentou essa Tudo graças a dois escrevendo breves rese- vantagem extra da boa literatura. projetos aplicados na nhas comentando pelo Recentemente, leu O Senhor dos Laescola há quatro menos uma das obras drões, de Cornelia Funke. O livro, anos. No primeiro, o que leram. De acordo que já virou filme e é um grande Leitura Compartilhacom Paula, hoje já são sucesso em todo o mundo, foi inda, o professor indimais de 150 títulos ana- dicado por uma amiga e serviu para ca uma obra, que é lisados e indicados pe- que as duas aprofundassem ainda lida e estudada por los estudantes: um rico mais a amizade. “Ela me disse que toda a classe, com acervo de crítica literá- se divertiu demais quando leu, esdebates e apoio do ria, que será publicado pecialmente com os rumos inespedocente durante as no site do Friburgo. rados que a história toma quando aulas. Já o Leitura de dois órfãos vão para Veneza e viEscolha Pessoal ou I NTEGRAÇÃO vem aventuras mágicas. Também LEP, como preferem Mas ler Lima Barreto, achei muito legal e, desde então, o os estudantes, perClarice Linspector e que estamos lendo se tornou um mite que os próprios Machado de Assis não dos assuntos preferidos quando alunos escolham as serve apenas como conversamos”, garante a apaixonaobras que desejam exercício intelectual da leitora. ler. E é aí que surgem Paula Trindade: desenvolvendo o gosto pela leitura. as surpresas. Não são apenas best-sellers do universo pop dos adolescentes de hoje, como Harry Potter. Também fazem sucesso, clássicos da literatura brasileira e mundiOs projetos Leitura Com- turo, relatando os dilemas de ele traz é fantástica e mostra vo? Ela gostaria de pedir ao al, como Vidas Secas, de Graciliano Rapartilhada e Leitura de Esco- seu presente. Depois que li, como a população é maltrata- literato que mudasse o final mos, O Alienista, de Machado de Aslha Pessoal caíram no gosto passei a compreender coisas da e a cegueira da sociedade de seu inesquecível Capitães sis, Vastas Emoções e Pensamentos Imdos alunos. Há até quem ar- que estão acontecendo comi- contribui para isso. Às vezes, da Areia. O livro conta a hisrisque dar uns pitacos mais go agora”, comenta Laís, 13, coisas simples e éticas que no tória de um grupo de crianperfeitos, de Rubem Fonseca, e Ensaifuturo prejudicarão todos são ças de rua de Salvador, na ousados nas obras dos gran- do 8º ano. os sobre a Cegueira, do português José Já seu colega João Rafael, ignoradas”, fala ele, com sur- Bahia. Quando comecei a ler, des mestres da literatura, suSaramago. Ressalte-se que foram os gerindo mudanças nas histó- também de 13 anos, ficou preendente conhecimento e não pensava que a história próprios alunos quem escolheram esfosse tão envolvente e que rias ou debatendo como acon- “empolgadíssimo”, como ele propriedade. ses livros para ler. A pouca idade, definitiva- aqueles meninos e meninas tecimentos da ficção se desen- mesmo conta, quando iniciou rolam e repercutem também a leitura de Ensaio sobre a Ce- mente, não é motivo para que teriam atitudes tão adultas. “Esse é um trabalho que não cria no mundo real. “Quando co- gueira, do Nobel José Sarama- os jovens leitores se sintam Porém, agora que estou no fiapenas o hábito da leitura, mas tammecei a ler A Poderosa 2, fi- go. “Peguei o livro por indica- acanhados na hora de tecer nal, fiquei indignada, pois bém o gosto por ela”, explica Paula quei impressionada pela for- ção da professora e logo su- comentários. Tatyane, 12, parece que o Pedro Bala, o Trindade, professora de Português ma como o autor trata do uni- perei um monte de suspeitas, nem esperou a aula terminar chefe dos capitães, vai more idealizadora dos projetos. Os reverso feminino. O livro conta desconfianças e preconceitos para chegar na professora e rer. Isso não pode acontecer”, a história de uma menina que que tinha em relação ao livro. lamentar que Jorge Amado protesta a garota, apoiada sultados não são apenas subjetivos tem o poder de mudar o fu- A crítica política e social que não esteja mais vivo. O moti- pelas colegas. ou qualitativos, mas quantitativos.

“Se eu pudesse, falaria com o autor para mudar o final de Capitães da Areia”

8 • JORNAL DO FRIBURGO


Iracy Garcia Rossi, ao lado de Sonia Vitullo (e), coordenadora administrativa e Camila Tinoco, coordenadora pedagógica da Ong Gotas de Flor com Amor.

um carrossel mambembe e a luta pela sobrevivência ao se deparar com a chegada da mortal varíola. Uma realidade muito parecida com a vivida por cerca de 500 menores atendidos mensalmente pela Gotas de Flor com Amor. Oriundas de famílias desestruturadas e vivendo em situação de risco em lugares de muita violência, essas crianças encontram na instituição uma espécie de “porto seguro” no qual podem ancorar diante do turbilhão que as castiga no dia-a-dia. Ali, recebem tratamento contra os traumas, educação e apoio por meio das aulas no prédio da própria Gotas ou nos atendimentos realizados em seu ônibus

ça. “Não temos dúvidas de que a visita à instituição será mais uma etapa, pois tudo isso é um processo, um aprendizado para nós”, testemunha Beatriz. De fato, mais que o arroz, o feijão, o açúcar, o leite em pó, os sabonetes e os livros, os 42 estudantes do Friburgo que foram ao Gotas na manhã de 4 de junho na companhia dos professores Iracy, Paula Trindade, Bruno e da bibliotecária Daniela, levaram às crianças amor e carinho. “Esse tipo de atividade é muito importante. Todos aprendem o que significa respeito e conhecem a diversidade e as diferentes realidades que existem. Mais importante ainda, formam vín-

Se depender deles, a história não se repetirá

A

s aventuras e a luta pela sobrevivência de Pedro Bala, Dora, Volta Seca, Gato, SemPernas, Pirulito e João Grande não apenas acirraram os ânimos e causaram grandes discussões gramaticais e de enredo nos alunos do 8º ano. Após a leitura da obra, eles decidiram agir também fora da sala de aula para que histórias como a de Capitães da Areia – mais comuns na atualidade do que eles imaginavam – possam algum dia ser conhecidas apenas nas páginas de obras ficcionais e não mais nas ruas das grandes metrópoles brasileiras. Com isso em mente, eles fizeram folhetos, prepararam cartas para serem enviadas aos pais e passaram nas salas de aula do colégio, conscientizando a comunidade sobre a dura realidade infantil do país e pedindo a doação de alimentos não perecíveis, materiais de higiene pessoal e livros. Finalmente, na quarta-feira, 4 de junho, foram até a Ong Gotas de Flor com Amor não apenas para levar as doações, mas para dar carinho e amor às crianças atendidas pela instituição. “O Friburgo apoiou desde o começo a iniciativa, mas tudo foi feito pelos alunos. Mantemos uma parceria com a Gotas há alguns anos por conta de outros projetos sociais como o Mudando a História. Sensibilizado com a leitura, o pessoal viu a carência da instituição e por isso decidiu trabalhar com ela”, explica a profes-

A turma do Friburgo levou doações e atenção às crianças da Ong Gotas de Flor com Amor.

sora Iracy Garcia Rossi, Coordenadora Pedagógica e Diretora de Assuntos Comunitários da escola. Publicado em 1937, Capitães da Areia retrata a vida de menores abandonados, os verdadeiros “capitães da areia”, nome pelo qual eram conhecidos os meninos de rua de Salvador daquela época. Mostrados em alguns momentos como atrevidos, violentos e malandros, em outros como famintos e carentes de instrução e comida, os personagens de Jorge Amado vivem o contraditório ao experimentar os bons momentos da infância em

biblioteca, que circula por regiões carentes da cidade. Justamente por causa de tantas necessidades, os alunos do Friburgo precisaram dar o melhor de si. E não pouparam esforços, fazendo verdadeiros debates nas salas de aula. Para facilitar a conscientização, alguns grupos fizeram folders. Já as alunas Beatriz S., 13, Giovanna M., 12, e Julia N., 13, produziram um vídeo, no qual explicam a campanha, entrevistam dirigentes e alunos do Gotas e acompanham o trabalho do ônibus-biblioteca em uma pra-

culos e mostram que a união pode passar por cima de qualquer parede de separação”, elogia Camila Campos Tinoco, Coordenadora Pedagógica da Gotas de Flor com Amor. Integração e interação também foram os pontos altos para todos os que participaram da visita. Os alunos contaram histórias com máscaras para as crianças, brincaram, leram livros e tomaram lanche. Para eles, não foi a conclusão da campanha, mas apenas mais um passo da saga, já que pretendem manter o contato e trocar correspondência com os novos colegas. “Isso anima muito a garotada aqui. É um exemplo para nós adultos, não?”, questiona com muita pertinência a bibliotecária da Gotas, Rosemary Franzoni. Ao seu lado, o pequeno Douglas, 13, não tira os olhos do livrinho sobre dinossauros trazido pelos visitantes e que folheia avidamente, com muito interesse. Certamente, ele voltará para casa nesse dia mais feliz. Por quê? “Agora sei que tem gente que se importa comigo”, diz, soltando um largo sorriso. JORNAL DO FRIBURGO • 9


•••nossos pais

Elas são o espetáculo Em comum, duas mães apaixonadas pelo Teatro e pelo ofício do ator

A

tualmente, ela interpreta uma mulher de classe média consumista e superficial, cuja noção de liberação feminina é poder mandar no marido e gastar dinheiro à vontade. Inquieta e agressiva, prende a atenção do público, hora arrancando gargalhadas, hora deixando olhos arregalados e bocas abertas. Um desafio e tanto, mas que é tirado de letra, com muito talento e habilidade por ESTER LACCAVA, a intérprete de Beverly na peça A Festa de Abigaiu. Aos 42 anos, a atriz diz estar atravessando o melhor momento da carreira. Não apenas em cena, mas também fora dela. A intimidade com os palcos começou cedo. Aos cinco anos, já fazia balé, dança que cresceu ao seu lado, assim como o sonho do pai, de que cada um dos nove filhos tocasse um instrumento. Porém, foi com 11 anos que descobriu o desejo por outro tipo de apresentação. “Sempre gostei de ler antes de dormir. Certa vez, enquanto lia deitada na parte de baixo da beliche uma biografia do Caetano Veloso, chamei papai e perguntei: ‘Existe faculdade de atriz? É isso que eu quero fazer’. Foi como o despertar de uma paixão”, conta ela. O sonho começou a se tornar realidade quando ganhou a chance de participar da peça O Senhor das Almas, de Martins Pena, dirigido por Petronio Nascimento. “Ele exigiu muito de mim, mas o resultado foi maravilhoso”, garante Ester. Em 1983, a atriz, então com 17 anos, ingressou na Escola de Teatro Macunaíma. Mas logo em seguida, partiu para o exterior. Durante quase cinco anos fez parte de uma companhia e realizou apresentações em cidades como Chicago e Paris. “Foi uma experiência que me deu a visão de mundo de que precisava. Foi então que decidi retornar ao Brasil”, diz. De volta, ainda cursou a Escola de Artes Dramáticas (EAD) da USP. Para Ester, é difícil lembrar-se de 10 • JORNAL DO FRIBURGO

Ester, mãe de Pedro e Sofia: a educação vinculada à cultura faz a diferença e dá senso de justiça e elaboração crítica.

quantos trabalhos já fez. Com experiência no cinema, tanto em longas quanto em curtas, televisão – participou de novelas e produções independentes na Bandeirantes e no SBT – e em leituras públicas e preparo de palestras e apresentações de executivos, ela está sempre atrás de parcerias para novas produções. Por suas contas, A Festa de Abigaiu é sua 21ª peça.

Considerado pela crítica especializada um dos melhores em cartaz na cidade, o espetáculo é baseado na obra do inglês Mike Leigh, venceu o 11º Cultura Inglesa Festival e levou Ester a ser indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz. A história se passa em Londres, no ano de 1977, quando Beverly e Lawrence recebem a visita de Angela, Tony e Susan, mãe da adolescente Abigaiu, que dá uma festinha para os amigos na casa ao lado. Enquanto tomam um drinque, os cinco adultos revelam angústias e conflitos típicos da classe média. “A peça tem Mauro Baptista Vedia, na direção, e conta com um elenco formado por mim, pela Ana Andreatta, Eduardo Estrela, Fernanda Couto e Marcos Cesana. A produção é minha e de meu irmão Alexandre”, diz Ester, acrescentando tratar-se de uma peça para a família, que traz reflexão e diversão ao retratar o drama do diaa-dia de pessoas comuns, atormentadas pela decadência familiar. Apesar do sucesso da peça que está em cartaz há mais de um ano, não é apenas profissionalmente que Ester comemora. Mãe de Pedro, aluno do 5º ano do Ensino Fundamental do Friburgo, e Sofia, da Casinha Pequenina, ela dá toda atenção aos filhos. Aliás, foi na escola que conheceu Hélcio Hardt, pai de Gustavo, também do 5º ano, a quem pediu para fazer a tradução da peça do inglês para o português. “O Friburgo traz uma formação humanista importante para o jovem. O que faz realmente diferença é a educação vinculada à cultura. Isso dá senso de justiça, elaboração crítica e um olhar aprofundado que transpõe a superficialidade da vida diária”, explica a atriz, garantindo que, nesse papel, não dá para interpretar. Tem que ser real. Serviço A F ESTA DE A BIGAIU comédia, 90 minutos, 14 anos. Teatro Augusta (Rua Augusta, 943, Cerqueira César. Mais informações pelo telefone (11) 3151-4141.

P

ara algumas pessoas, aquilo que fazem é quase como um sacerdócio. Mas isso nada tem a ver com fanatismo. Na verdade, a paixão e a identificação que mantêm com suas profissões mostram não apenas que acreditam em seus esforços, mas que, com eles, o mundo pode ser melhor. Uns chamam isso de ilusão, mas outros de idealismo e ainda outros de fazer a diferença no mundo. Coincidência ou não, é geralmente através desses exemplos que as mudanças acontecem. YARA DE NOVAES é uma dessas pessoas. Diretora e atriz premiada e de grande experiência, ela diz não entrar em um espetáculo apenas para ganhar dinheiro. “Ainda que hoje a arte seja tratada por muitos como produto, se a única motivação é financeira, o trabalho torna-se uma tortura. Não é uma mera questão de ideologia. Ser artista é uma opção quase missionária”, acredita ela. Os valores e a identificação vêm de família. O pai sempre escrevia contos e adorava contar histórias em linguagem infantil para os filhos pequenos. Com essa influência, Yara decidiu aos 15 anos que seria atriz. Mas cursou Letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Mesmo naquele tempo, o sonho não desapareceu. Por isso, procurei voltar meus estudos para a literatura dramática, o que me daria bagagem maior”, conta. Ainda em Belo Horizonte, ela fez o curso de teatro e começou a carreira em 1982, com a peça Um Tango Argentino, de Maria Clara Machado. Apesar de ser pouco mais que uma adolescente na época, ela encarou logo na estréia o papel de uma cantora cinqüentona. Quando relembra sua trajetória, Yara ri. “Já peregrinei muito na vida”, reconhece. Antes de vir para São Paulo, morou em outras cidades como Recife e Buenos Aires. Acumulou experiências e também participações em longas, curtas, minisséries e no-


•••educação

Os ìatô dos kuikuros Estudantes do Friburgo passam um dia inteiro em tribo e descobrem como vivem os índios brasileiros

velas para a televisão. Também se especializou na preparação de atores para o cinema. Ainda assim, continua com o mesmo pensamento da época em que fazia movimento estudantil na capital mineira. “As artes trazem consigo grande possibilidade de avanço humano e mudança na sociedade. Por isso, temos que tratá-las com carinho”. Aos 41 anos, a vida anda agitada para ela. Recentemente ela teve que se desdobrar na direção de duas peças que estavam em cartaz na cidade – O Caminho Para Meca, que foi encenada até 30 de agosto, e A Serpente – e as aulas de teatro que ministra no curso de Direito da FAAP, para que os estudantes aprendam a se expressar e a falar bem em público. Inspirada na história real da artista plástica Helen Martins, O Caminho Para Meca mostra como a escultora, que nasceu em uma comunidade branca na África do Sul, encontrou nas artes uma forma de se manifestar contra o apartheid. Com grandes interpretações de Cleyde Yáconis – uma das mais talentosas atrizes do teatro brasileiro –, Lúcia Romano e Cacá Amaral, a escolha do texto de Athol Fuggard não é mera coincidência para Yara. Já A Serpente, um drama de Nelson Rodrigues, esteve em cartaz havia mais de dois anos. Na trama, duas irmãs interpretadas por Cyn-

thia e Débora Falabella – irmãs também na vida real – e seus maridos dividem o mesmo apartamento. Enquanto uma vive feliz, a outra desespera-se diante das dificuldades sexuais do esposo. Solidária, essa irmã satisfeita oferece o companheiro para a outra por uma noite. É o começo de uma crise de repercussões que os quatro não poderiam imaginar. “São as crônicas do dia-adia, que tantas vezes preferimos varrer para baixo do tapete e depois voltam para nos atormentar”, comenta a diretora. Mesmo com a correria, Yara de Novaes procura ser uma mãe tradicional e sempre bem presente, acompanhando de perto os filhos Pedro, 16, do 2º ano do Ensino Médio e Rafael, 10, do 5º ano do Ensino Fundamental. Leva e traz o mais novo da escola, passeia com eles de bicicleta pelas ruas da Granja Julieta e é capaz de acompanhar o mais velho, louco por futebol, ao estádio. Entretanto, encontra tempo para assistir a filmes no cinema com “linguagem e pensamento”, como O Beijo Roubado. Qual é o seu segredo? “Quando nos mudamos para cá, optamos pelo bairro por ser um oásis na selva de pedra. Aqui temos qualidade de vida e de educação, já que o Friburgo oferece convivência mais próxima e pessoalidade”, destaca.

ANAHI MONTEIRO

Yara, mãe de Pedro e Rafael: em busca de qualidade de vida e educação personalizada.

Nos últimos meses, os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental têm experimentado bem de perto os costumes, a cultura e um pouco da história dos descendentes dos primeiros habitantes do Brasil. Eles estão realizando um completo trabalho de pesquisa sobre os índios do Alto Xingu. Primeiro, a garotada foi até o sítio Toca da Raposa, em Juquitiba, onde passaram um dia inteiro com representantes da tribo dos Kuikuros, uma das 14 etnias que vivem no Parque Indígena do Xingu. Membros dessa tribo são convidados a passar, anualmente, uma pequena temporada no local (45 dias) para fazer intercâmbio com estudantes. Depois nossos alunos foram visitar o Museu do Índio - Centro de Informação da Cultura Indígena, em Embu das Artes, na Grande São Paulo. Aqui, a idéia foi descobrir um pouco mais sobre as diferentes tribos, seus costumes, crenças, rituais, hábitos alimentares e relação com o ambiente. Um índio da tribo dos Meninako ensinou aos pequenos algumas danças típicas, tocou flauta e contou histórias. Na companhia dos Kuikuros, os alunos do Friburgo conheceram alguns hábitos indígenas, participaram de atividades da aldeia e experimentaram sua comida. Assim que chegaram à Toca da Raposa, presenciaram uma demonstração de como são feitas as tintas usadas na pintura corporal. Sementes de urucum, jenipapo, óleo de pequi, tabatinga um tipo de argila branca retirada do fundo de rios - foram alguns dos ingredientes utilizados. A maioria das crianças não quis só ficar olhando e aceitou o convite para fazer pinturas no rosto como os índios. Diferentemente de nossa cultura, os homens são os que mais demoram a se arrumar para as festas, pois usam diferentes pinturas, com variados significados e se enfeitam com colares, cocares e cintos. Os alunos tiveram também uma noção de como é a "casa" dos anfitriões, já que as ocas originais são

Frente a frente com os Kuikurus: alunos viveram uma experiência inesquecível.

três vezes maiores. Poucos, no entanto, estavam preocupados com esse detalhe. Queriam mesmo era experimentar o prato do dia: peixe, biju, verduras e legumes. Depois, ainda acompanharam a apresentação da luta hukahuka e entraram na roda para tocar instrumentos, cantar músicas, fazer coreografias e dançar com os Kuikuros. "Estou impressionado com vocês, que sabem tudo sobre o Parque do Xingu e a importância do trabalho dos irmãos Villas Boas", elogiou o cacique kuikuro Afukaka, entrevistado pela garotada. "Tratamos os animais e a natureza como se fossem nossos irmãos. Estamos preocupados com o futuro do meio ambiente, principalmente dos rios, pois a poluição pode matar os peixes e nos matar de fome", explicou o líder indígena, enquanto a garotada atenta concordava balançando a cabeça. No final, apesar de não terem se tornado membros dos Kuikuros – ou "peixinho bicudo", como aprenderam que o nome significa –, eles tinham uma certeza: mais que fazer um belo trabalho, queriam ter o sentimento daqueles índios. Serem chamados sempre, como foram na língua karibe, durante uma das saídas pedagógicas, de “ìatô”, ou, em bom português, “amigos”.

W

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•••retrospectiva

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Serra do Japi e Cabreúva são temas de pesquisa

Viva a estátua! Ao receber pais e alunos logo no primeiro dia de aulas no Friburgo, a estátua viva de Atlas, figura mitológica grega representada por um homem segurando o mundo, mostrava que 2008 seria realmente cheio de surpresas, promessas e responsabilidades. A performance aconteceu em dois momentos – na entrada da manhã e na da tarde – e foi realizada para chamar a atenção de todos para o compromisso de preservar o planeta. Cada um reagiu a seu modo ao titã prateado. Uns observaram, outros aproveitaram para tirar fotos. Teve até gente meio distraída que levou o maior susto ao perceber que não se tratava de uma estátua, mas de uma pessoa de carne e osso. O estatuísmo – nome que se dá a esta arte, curiosamente surgida na Grécia – fez sucesso e abriu as portas para um ano repleto de novidades.

A primeiro grande evento No sábado, 15 de março, aconteceu o primeiro grande evento do ano, a Festa da Interação, que reuniu pais, alunos e professores. Mesmo com o tempo nublado prevaleceu o bom clima do evento, que teve aulas de street-dance, yoga e muito esporte. As brincadeiras, como canibal e queimada, também caíram no gosto de jovens e adultos. Para quem preferiu algo menos agitado, foram realizadas apresentações especiais de danças circulares e as estripulias do palhaço Popó, que arrancou gargalhadas com suas esculturas feitas com bexigas. Animação também entre a galera do Tangram e de Pintura no Azulejo. Mesmo quando os azulejos acabaram, eles não pararam e usaram o papel disponível. Para fechar o dia, a Rádio Metropolitana promoveu uma autêntica balada com Djs no Teatro Grande Otelo.

Uma noite de reinações

Um violinista na escola A última aula de Música do primeiro semestre foi surpreendente. Alunos do Ensino Fundamental receberam a visita de Leandro Correia, violinista de 21 anos que desde os 15 se dedica ao aprendizado do instrumento. Depois de um breve histórico sobre o violino, suas principais características quanto à fabricação, componentes e técnicas de execução, os alunos experimentaram tocar algumas notas, orientados quanto à postura ideal e utilização do arco, que é feito com crina de cavalo. Foi uma aula diferente e muito divertida! 12 • JORNAL DO FRIBURGO

No dia 15 de abril as crianças da Casinha Pequenina lotaram a livraria Casa dos Livros, na Granja Julieta, para uma autêntica noite de reinações – o nome que se dava no tempo dos avós para as estripulias infantis. Ali, a livraria e o Colégio Friburgo realizaram o lançamento do novo livro do escritor e empresário José Mindlin, Reinações de José Mindlin por Ele Mesmo, a primeira incursão do veteraníssimo autor no universo infanto-juvenil. Apaixonado por livros – Mindlin é dono da maior biblioteca particular da América Latina, com mais de 50 mil volumes, e membro da Academia Brasileira de Letras –, esse senhor de 93

anos estava à vontade no meio da garotada. As crianças pareciam ser as anfitriãs da festa com suas perguntas. Cada vez que uma falava ou quando Mindlin respondia, o clima de alegria tomava conta do lugar, empolgando também os grandões – pais dos baixinhos. José Mindlin foi homenageado pelo poeta Thiago de Mello e por Ciro Figueiredo, Diretor-geral do Friburgo e fechou a noite autografando sua obra ao lado das vitrines da loja, que foram especialmente decoradas pelos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental do Friburgo, com textos e desenhos inspirados na obra do quase centenário escritor.

As turmas do 1º ano do Ensino Médio viajaram, no final de maio e início de junho, para a Serra do Japi e Cabreúva com o objetivo de desenvolver uma pesquisa para o projeto de Habilidades e Potencialidades 2 (HP2). Os temas escolhidos para a Serra do Japi foram fauna, flora, relevo e hidrografia, além de Legislação Ambiental. Para a cidade de Cabreúva foram selecionados população, economia, história e urbanismo. Os alunos irão se aprofundar em cada um dos oito assuntos escolhidos e deverão desenvolver um projeto de pesquisa consistente. O maior objetivo da primeira viagem foi fazer um reconhecimento do local, com atividades específicas. Os estudantes percorreram algumas trilhas, confeccionaram placas de identificação e fizeram o lançamento de um livro de visitas, onde, a partir de agora, todos os que passarem pela Estação Natureza poderão deixar registrada a sua impressão. Já o foco da segunda viagem foi a cidade de Cabreúva. A turma saiu de São Paulo e percorreu o roteiro dos Bandeirantes, passando por Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba, antes de chegar ao destino. Assim, aproveitaram para analisar a situação ambiental do rio Tietê (foto abaixo) e fazer um levantamento do perfil da população. Os alunos entrevistaram diversos moradores e coletaram dados sobre a população, a exploração econômica e a história da região para o desenvolvimento dos projetos relacionados à área urbana. Um dos ciclos econômicos de Cabreúva foi o da cana-de-açúcar. Por isso, a garotada também foi visitar um alambique que produz aguardente artesanal.


•••educação infantil

As muitas histórias de uma Casinha Pequenina Um lugar cercado de natureza onde a maior aventura, a do descobrir e do aprender, acontece parlendas, regras de jogos e contos orientais. Existe uma idéia um tanto quanto generalizada de que as crianças muito novas não pensam. É exatamente o contrário. Entre zero e seis anos, idades com as quais a escola infantil trabalha, a pessoa pensa o tempo todo, especialmente sobre objetos concretos do conhecimento. E como estão numa fase da vida em que a potencialidade Bia: a curiosidade e a imaginação da criança para o aprendizado e a asdevem servir de estimulo similação está multiplicapara a pesquisa através de projetos criativos. da, trabalhar com artes, música, outras culturas e idéia é que todos participem, obser- história é fundamental para a formavem e comentem. O que não quer ção delas. A cada semestre, as turmas dizer ausência de regras. Se a criança estudam dois artistas plásticos, geralsai do tema, a professora a interrom- mente, um brasileiro e um estrangeipe para que não “viaje” em suas von- ro. Fazem o mesmo com a música, petades pessoais”, explica Bia. gando, por exemplo, um compositor Segundo ela, os projetos existem de MPB e outro de música clássica. para que a escola aproxime o co- Neste ano, alguns dos escolhidos fonhecimento o máximo possível de ram o pintor Alfredo Volpi e a escricomo ele ocorre na vida real. As- tora Cecília Meireles. sim, as crianças mais novas trabaTambém a cada ano, eles estudam lham com os Animais da Escola e uma cultura milenar, para que posos mais velhos com outros temas, sam comparar com a que vivem e como Brinquedos doTempo da Vovó, observar as transformações. NormalComo Viviam os Dinossauros e No mente, as escolhidas acabam sendo País do Sol Nascente, todos monta- a grega ou a romana, mas este ano dos e aplicados no primeiro semes- foi diferente. Devido ao aniversário tre de 2008. De forma interdiscipli- de 100 anos da imigração japonesa, nar, os alunos acabam recebendo os pequenos estão conhecendo a culoutros conhecimentos. No episódio tura nipônica, refazendo a viagem de narrado no primeiro parágrafo, eles centenas de famílias de Kobe, no Jativeram as primeiras noções de pão, ao porto de Santos, conhecencomo escrever uma mensagem para do os motivos que os levaram a deiesclarecer dúvidas. Porém, outros xar sua terra natal e que novidades gêneros de linguagem também es- trouxeram para cá. Trabalhos manutão sendo trabalhados nas diferen- ais como pipas, origamis e ikebanas tes faixas etárias: cantigas, bilhetes, fazem a alegria de todos. FRANCISCO UCHA

“C

rianças, vamos procurar uns animaizinhos?” O convite da professora é a deixa para a empolgação da turminha. Mesmo com apenas três anos, não há choro, resmungos ou caras amarradas entre os pequeninos. Afinal de contas, eles estão indo para um lugar quase mágico, viver a aventura do dia. Passando por árvores e animais, chegam à horta, plantada e cuidada por eles mesmos. É lá que começam a busca. Logo, ouvem-se os primeiros gritinhos, um misto de surpresa e euforia. Não é para menos: eles acabam de encontrar uma minhoca. “Quem quer segurá-la?”, propõe a professora. “Não, ela é perigosa, morde”, responde o tenso grupinho. “Mas para morder, precisa do quê?”, continua a professora. “Dentes”, dizem. Mas, espere aí: e minhoca tem dentes? Juntos, todos vão para a sala, conferir com a ajuda de uma lupa. Como nessa idade a imaginação anda a mil, eles dizem ver milhões de dentes. Mas como não convencem a professora, agora todos vão para o computador, escrever um e-mail para uma bióloga amiga e esclarecer a questão. Outra mensagem logo chega e não deixa dúvidas: minhoca come, mas não tem dentes. O que eles viram foram outras estruturas. Curiosidade satisfeita, é hora de se preparar para a próxima dúvida, que não demora muito. “Minhoca faz cocô?”, pergunta uma menina. Que curiosidade de criança não tem limites, todos sabem. A diferença é que com situações como essas, as dúvidas são satisfeitas. E da melhor forma possível: aprendendo. Na Casinha Pequenina, a escola infantil do Friburgo, aprender é sempre divertido, mas levado a sério. Trabalhando com projetos como

o Pequenos Animais de Jardim, a criança se torna pesquisadora e não mera receptora de informações. “Geralmente falamos de prazer e dever como coisas antagônicas. Porém, é responsabilidade da escola mostrar à criança que estudar é algo realmente muito bom”, diz Maria Beatriz Telles, a Bia, Diretora Pedagógica da Educação Infantil. I NTERAÇÃO

O trabalho por projetos desenvolvido na Casinha Pequenina, no entanto, é muito diferente daquele que está na moda em grande parte das escolas atualmente. Enquanto na maioria dos estabelecimentos de ensino, o projeto já vem todo formatado, na Casinha há a total interação da criança, que pode manifestar seus interesses, formular hipóteses – sempre anotadas pelo professor – e direcionar o trabalho com novos comentários e perguntas. “Quando o trabalho já chega todo apostilado e previsível, perde a graça nessa idade. A

JORNAL DO FRIBURGO • 13


GABRIEL ARAÚJO

A LAGARTA QUE VIRA DRAGÃO E O LIVRO DAS DESCOBERTAS Desta vez, as crianças que observavam as árvores pegaram uma lagarta do maracá. A professora já havia combinado com eles que não poderiam mexer em qualquer bichinho sem antes saber se pica, queima ou morde. Ao descobrirem que aquela ali era inofensiva, a professora sugeriu que construíssem um lagartário para ver o que aconteceria a ela. Durante os dias que tiveram de aguardar, surgiram dúvidas. “Ela não precisa comer?”, perguntou uma das crianças. “Precisa”, respondeu a professora. Mas podia ser qualquer folha? A princípio, a turma achava que sim, mas depois perceberam que assim como eles mesmos não podiam comer qualquer coisa, a lagarta também não poderia. Então, foram à árvore onde o bichinho morava e resolveram pegar aquelas folhas. Mais alguns dias se passaram e as crianças não conseguiram mais encontrar a lagarta. Em seu lugar, havia um casulo preto. “Mas o que é isso? Alguém roubou a lagarta ou ela fugiu?”, questionaram. Para que os pequenos não se acomodem com o senso comum, a professora os levou a uma enciclopédia. Avisou que leria um trecho e que nessa parte estaria a informação de que elas precisavam. Quando ela passou pela palavra “casulo”, um dos alunos logo se manifestou: “Você falou, você falou!”. Ali, aprenderam que a lagarta se transformaria por meio daquele casulo em uma linda borboleta. Como era ver para crer, esperaram. Dito e feito: a

14 • JORNAL DO FRIBURGO

borboleta apareceu e a turma registrou passo a passo a experiência em um diário chamado de O Livro das Descobertas. A idéia é que nada seja perdido ou esquecido. E assim, quando, na oportunidade seguinte, encontraram uma lagarta verde, toda peluda, deram asas à imaginação. Claro, primeiro chamaram o jardineiro, seu Paulo, para perguntar se podiam segurála. “De jeito nenhum, ela queima”, foi a resposta que receberam. Assombradas, as crianças não demoraram para especular: “Então, ela vai se transformar em um dragão?”. Na lógica infantil, se uma vira borboleta porque não queima, a que queima só pode virar dragão, oras bolas! Mas a professora não corrigiu de cara. Tirou foto da lagarta e levou a turma para o computador. A ordem era enviar a foto e perguntar à bióloga o que aconteceria. “Vocês já viram um monte de dragões voando por aí? Mas já encontraram várias lagartas, não? Então não devem se transformar em dragões, senão eles estariam nos céus queimando tudo por aí”, dizia a bióloga, em reposta. E dessa forma aprenderam que lagartas ou se transformam em borboletas ou em mariposas, mas não em dragões. Depois dessa, agora os curiosos pesquisadores-mirins já começam a se preparar para a próxima aventura do descobrimento. Qual vai ser? Bem, agora só aguardando para saber, pois essa já é uma outra história...

Exemplo para o Brasil

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onsiderada como uma escola que “não é de verdade”, a educação infantil começa a perder o rótulo de “pré-escola” através de trabalhos como o que é desenvolvido na Casinha Pequenina. “Realmente neste período da vida a essência do trabalho não deve ser voltada apenas para pré-requisitos como o desenvolvimento da coordenação motora. Já passou da hora de o Brasil superar de vez essa visão. Valorizar a cultura da infância, permitindo que ela possa interagir com outros, brincar e, ao mesmo tempo, desenvolver habilidades como matemática e de leitura é fundamental no decorrer do aprendizado futuro”, garante a educadora Débora Vaz, uma das referências em educação infantil no Brasil. Atualmente, dirigindo a Escola Castanheiras, em Tamboré, Grande São Paulo, essa pedagoga formada pela PUC-SP, com mestrado pela Université René Descartes Sorbonne, da França, e especialização pela USP, diz que trabalhos como o da Casinha Pequenina são exemplos para fortalecer a educação infantil no país. Ela sabe o que fala. Entre 2005 e 2006, Débora deu consultoria à escola, ajudando a reorganizar o currículo e aprimorar a formação dos professo-

res. “A Casinha é um espaço progressista quando o assunto é educação infantil, sempre um passo à frente das demais. Um exemplo é o da diversidade. Crianças especiais foram integradas com as demais muito antes que isso se tornasse lei”. Tão importante quanto essa identidade, aponta Débora, é o ambiente físico da escola, sempre destacado e muito elogiado por todos. A Casinha Pequenina conta com um espaço de 6 mil m² com árvores frutíferas, horta, pássaros, pavões, ovelhas, cabras, coelhos, patos, pônei e vaca. Desde pequenas, as crianças interagem diariamente com todo este meio, aprendendo a cuidar das plantas e alimentar os bichinhos. De forma privilegiada, em uma das maiores metrópoles do mundo, recebem uma educação ambiental que se realiza na prática. A hora de cuidar da horta é uma das mais comemoradas. A criançada planta, rega, cuida de cada canteiro. De uma forma muito mais ampla do que em sala de aula; aprendem a trabalhar de forma coletiva e solidária para preservar o espaço. E também a controlar toda a empolgação, já que descobrem que quando chove, jogar mais água na plantinha pode matá-la. É a tática – ou


Débora Vaz: a essência do ensino infantil deve valorizar a cultura da criança, que precisa de espaços como os da Casinha Pequenina.

MARCOS STEFANO

funcionamento a Escola de Educação Infantil Casinha Pequenina, na Granja Julieta, em São Paulo. Logo, a nova escola fez sucesso, principalmente por causa do modelo pedagógico, considerado revolucionário na época, ao combinar as teorias construtivistas com a psicanálise das crianças. Melhor explicando: ao colocar os pequeninos em contato com a natureza e promover o desenvolvimento das relações humanas. Era um tempo de mudanças inadiáveis de comportamento e nas famílias. Certa vez, durante as aulas, reuniram uma das turmas em roda para conversar. Era um momento em que as crianças tinham liberdade para falar e se abrir. Foi aí que uma delas disse ter um problema. Todos ficaram muito curiosos para saber do que se tratava, até que ela falou que o pai iria morar em uma casa e a mãe em outra. “E eu, para onde vou?”, questionou. O episódio nunca mais saiu da mente de Cláudio Saltini. “Até por causa das características do nosso tempo, acredito que esse modelo pedagógico foi tão bem sucedido. Digo mais: até hoje continua atual e até revolucionário. A Casinha, desde sua criação, é um lugar onde o aluno não apenas vê a ovelha. Trata dela, tira a lã e ainda vai fazer um tecido rústico com os fios. Pode presenciar o nascimento de um bezerrinho e conversar sobre aquilo, percebendo suas emoções”. O psicanalista já deu palestras em diversos países do mundo, inclusive na França, onde teve aulas com o próprio Jean Piaget anos antes. Hoje, passados 30 anos desde que iniciou seu projeto, ele tem

certeza de ter feito a escolha certa. “Hoje a educação infantil no Brasil é muito voltada para a visão tecnicista. Busca, desde cedo, preparar a criança para ser um bom técnico e não para o vestibular da vida, para ser pensante”. L IÇÕES QUE PERMANECEM

Talvez, por tudo isso, pouca gente consegue se lembrar daquilo que aprendeu na pré-escola. Mas segundo levantamento do próprio Saltini, o mesmo não ocorre por quem passou pela Casinha Pequenina. As marcas são indeléveis e cerca de 80% das crianças que por lá passaram decidiram fazer ciências humanas ou alguma das áreas da biologia na universidade. Coincidência? De forma algu-

ma, tanto que vários deles estão montando – veja só – uma associação de ex-alunos, para lutar pela educação de qualidade e mais humanizada. Por tudo isso também, quando decidiu passar a escola para outro proprietário há 15 anos, teve certeza de ter encontrado a pessoa certa no professor Ciro Figueiredo e no pessoal do Friburgo. Afinal, com eles a educação ali permaneceria avançada, uma vez que o projeto teria continuidade e as premissas de que a criança deve construir o próprio pensamento, precisa ter interesse no mundo que a circunda e a educação deve desenvolver o pensar e o amar, formando caráter e dignidade, permaneceriam norteando o trabalho desenvolvido. GABRIEL ARAÚJO

Cláudio Saltini idealizou um modelo pedagógico revolucionário na Casinha .

GABRIEL ARAÚJO

MARCOS STEFANO

pedagogia – de fazer a criança raciocinar diante dos problemas. E, no final, não existe melhor recompensa do que colher uma boa quantidade de verduras, tirar o fresquinho leite da vaca e, na aula de culinária, ajudar a preparar uma deliciosa torta, que pode ser apreciada durante o lanche, levada para casa como presente para os pais ou ainda saboreada em qualquer das festinhas realizadas durante o ano – do Dia das Mães ao Dia dos Avós. Mas antes que alguém fique com água na boca, é preciso esclarecer uma coisa: tudo isso é muito diferente do modismo que tomou conta de muitas instituições em anos recentes. “Muitas escolas acreditaram que apenas colocando alguns animais próximos às salas de aula, desenvolveriam o mesmo método bem sucedido que é aplicado na Casinha Pequenina. Claro que não tiveram êxito”, comenta o psicanalista Cláudio Saltini. Em 1978, ele criou o Centro de Estudos e Práxis Jean Piaget. Foi a partir dele, que idealizou e durante dois anos preparou professores para trabalhar com crianças com foco em afetividade e inteligência. Finalmente, em 1980, colocou em prática suas teorias: entrava em

Cada criança tem responsabilidade sobre uma parte da horta, da qual cuida com carinho. JORNAL DO FRIBURGO • 15


•••comunicação

Nosso mundo em destaque N o primeiro semestre, o Friburgo foi destaque em diversos veículos de comunicação. Além das aulas do PFTC serem tema de reportagem do site Comunique-se (leia abaixo) o lançamento do Jornal do Friburgo ganhou destaque no site da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), uma das entidades mais importantes do país, conhecida historicamente pela luta em favor da liberdade de imprensa. No primeiro semestre, uma equipe de reportagem do programa Globo Esporte veio ao colégio para fazer uma matéria com os alunos de futebol do Período Ampliado. Mas, a reportagem que mais deu atenção às nossas iniciativas de responsabilidade social foi a do programa Um Mundo pra Chamar de Seu. O programa estreou em julho no GNT, canal a

cabo da Globosat, que buscou nesse trabalho voluntário a pauta para um de seus episódios. Produzido pela Mutante Filmes, a idéia em Um Mundo pra Chamar de Seu é dar dicas de ações de sustentabilidade ecológica e responsabilidade social – ao melhor estilo de Supernanny ou de Você é o Que Come – ensinando ao espectador como a mudança de hábitos é fundamental para a preservação do planeta. A cada semana, a equipe visita uma família, um condomínio ou algum lugar onde seja possível dar sugestões de como reduzir o desperdício e ganhar dinheiro com o lixo. “A proposta é fazer um programa leve e divertido, que trate de viagens de férias, convivência, festas ou o cuidado com animais domésticos. Mas também queremos mostrar iniciati-

Thomas, da equipe do GNT, recolhe imagens em nosso colégio.

vas que estão dando certo na defesa do meio ambiente, principalmente voltadas à educação”, explica Thomas Miguez, produtor, que no mês de maio esteve no Friburgo entrevistando professores e alunos envol-

vidos com as diversas iniciativas sócio-ambientais desenvolvidas pela escola, além de acompanhar algumas aulas, tanto do Ensino Fundamental e Médio, quanto de Alfabetização e Supletivo.

Quem não se comunica... Aulas de jornalismo e ações de responsabilidade social fazem a diferença no Friburgo

É

apenas pouco mais de 9 horas da manhã de uma terçafeira e os alunos sobem apressados para não perder a aula. Ouviram falar que o professor é um tanto quanto rigoroso. Porém, quando a atividade começa com um debate, logo percebem que ali algo diferente está acontecendo. E a empolgação dos alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio com as aulas do Programa para Formação do Trabalho e Cidadania (PFTC) é visível. Pudera: no primeiro semestre o Friburgo colocou em sua grade horária aulas de Televisão, Cinema, Vídeo e Jornalismo. Nesses encontros, que aconteceram semanalmente, os alunos recebem uma visão crítica dos meios de comunicação, conhecem a história da imprensa, desenvolvem técnicas de escrita e de comunicação, treinam a elaboração de roteiros e a produção 16 • JORNAL DO FRIBURGO

de vídeos, trabalham com fotografia, discutem as relações entre cultura e televisão e aprendem a editar e trabalhar com diversas tecnologias e programas de computador. Enquanto as aulas de Introdução ao Jornalismo estão a cargo dos jornalistas Francisco Ucha e Marcos Stefano, a também jornalista Fernanda Furquim dá o curso A Televisão e a Influência da Sociedade Contemporânea em sua História, em que fala sobre os seriados televisivos produzidos na terra de Tio Sam. Com propriedade, diga-se de passagem, já que Fernanda é considerada a maior especialista sobre o assunto hoje no Brasil. As aulas sobre Cinema e de Vídeo ficam a cargo de Giuliano Ronco e da jornalista Anahi Monteiro, respectivamente. Vale lembrar que, apesar de ser algo pioneiro em nível de Ensino Médio, não é a primeira vez que o Friburgo investe em

aulas de comunicação. Em 2006, Ucha deu o primeiro curso na escola, com ênfase em Jornalismo e Publicidade, cujo trabalho final se transformou num jornal feito pelos alunos. A iniciativa deu tão certo, que se tornou o embrião do projeto deste primeiro semestre e foi tema de reportagem de capa do portal Comunique-se, especializado em notícias As aulas de jornalismo no PFTC ganharam para imprensa, que destaque no portal Comunique-se. conta com milhares de leitores, principalmente gente da Escritora desde os sete e fascinada mídia. Assinado pela repórter Car- por fotografia, ela explicou à reporla Soares Martin, o texto elogia a ter do Comunique-se, como difereniniciativa do Friburgo, descreve ciar o gênero jornalístico de outros. uma aula e ouve a opinião dos alu- E acrescentou: “Quero fazer jornanos. Alguns já pensam até em se- lismo porque tenho muito a dizer. guir na profissão. É o caso da alu- Afinal, o mundo não precisa ser na Beatriz B., 15 anos, do 1º ano. quadrado como muitos acham”.


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