•••palavra da direção GERSON ROLDO
O
Colégio Friburgo chega aos 50 anos. Mas esta data não é o motivo de nossa maior comemoração. O importante é reconhecer que, neste tempo, a escola tornou-se uma referência em educação. O diferencial é colocar na prática a nossa natureza do ensino, um projeto pedagógico voltado não apenas à assimilação de matérias, mas também à formação de um indivíduo completo, que aprenda a pensar, criticar, discutir, participar, ter responsabilidade frente ao mundo em que vive. Ontem, como hoje, a preocupação não é apenas transmitir conteúdos, mas qualificar o aluno para ser um agente transformador do mundo. Nosso aluno é preparado não para ser mais um, mas para fazer a diferença, para encarar a universidade como uma continuação de sua escola. Não é por acaso que nossas disciplinas interagem entre si para dar ao estudante a base e o incentivo para a criação de projetos de pesquisa que culminam no desenvolvimento de monografias tão elaboradas quanto aquelas produzidas em faculdades.
cacional, a educadora Maria Nilde Mascellani, principal idealizadora dos ginásios vocacionais foi chamada. Era a semente do ensino crítico, da formação integral e da visão de que o jovem estudante deve interferir com seus conhecimentos no mundo que o rodeia. E continuou viva mesmo durante os anos de chumbo, nos quais houve a invasão de escolas públicas e o fechamento compul-
sório daquelas que praticavam o modelo vocacional. Desde então a discussão de projetos construtivistas deu voz aos alunos. A plena realização dessa proposta se dá por meio das instalações diferenciadas da escola, dispostas em 14 mil m² de área com árvores centenárias, pássaros e pequenos animais, nascente, lago e horta, além de outros 6 mil m² da Casinha Pequenina, onde as crianças convivem com pônei, cabritos, coelhos, patos, galinhas, tartarugas, ovelhas, horta e muito verde. Tudo isso a serviço do projeto pedagógico não somente complementando-o, mas sendo parte dele e despertando o aprendizado, a co-
Tanto a data de 8 de outubro de 1959, quando saiu a autorização para o início de nossas atividades, quanto os primeiros dias de 1960, quando, efetivamente, começamos nosso trabalho, são momentos importantes. Mas não seriam lembradas se o Friburgo não tivesse seus olhos voltados para frente, para o futuro. Aliando nossa proposta educacional a uma visão de mundo que prima pela formação integral da pessoa, não comemoramos a história, mas a escrevemos, dia a dia na sala de aula e fora dela. NARCOS STEFANO
2 • JORNAL DO FRIBURGO
Enquanto a maioria das pessoas ainda pensava que aquecimento global fosse coisa de filme de ficção científica, a preservação do meio ambiente era assunto da maior importância no colégio desde a sua fundação. Tão importante que o Friburgo mantém uma área de preservação ambiental de 400 mil m² na Serra do Japi chamada de Estação Natureza do Ensino onde os alunos desenvolvem, em projetos interdisciplinares, diversos estudos do meio com o objetivo de estimular ações positivas e tornar o coletivo tão forte quanto o indivíduo.
Ontem e hoje, a educação que transforma a vida
GERSON ROLDO
Como será o estudante na universidade, no mercado de trabalho e na vida? Ser apenas mais um ou alguém que faça a diferença?
O Friburgo oferece um ensino contextualizado e atraente e que expressa a demanda da juventude. Aqui, trabalhamos com filosofia do comportamento, promovemos pesquisas e incentivamos a leitura, a escrita e o pensamento lógico. Essas atividades são essenciais e constituem a base de nosso currículo. Ao desenvolvermos as artes plásticas, a música popular e o teatro entre os estudantes, a cultura nacional é resgatada.
C IRO F IGUEIREDO
EXPEDIENTE | C OLÉGIO F RIBURGO | www.colegiofriburgo.com.br | D IREÇÃO C IRO FIGUEIREDO A V . J OÃO D IAS , 242. S ÃO P AULO, SP. C EP 04724-000. T ELEFONE (11)2148-0150. D IRETORA P EDAGÓGICA E D E A SSUNTOS C OMUNITÁRIOS Iracy Garcia Rossi • C OORDENAÇÃO - E DUCAÇÃO I NFANTIL Rosimari Ussifati - E NSINO F UNDAMENTAL 1 Eni Spimpolo - E NSINO F UNDAMENTAL 2 Cintia Siqueira - E NSINO M ÉDIO Vera Márcia Barreto - P ERÍODO A MPLIADO Amélia Gaulez - D EPARTAMENTO DE C OMUNICAÇÃO Anahi Monteiro Rodrigues e Ana Morgado J ORNAL DO F RIBURGO é uma publicação do Colégio Friburgo editada por Ucha Editorial (uchaeditorial@gmail.com) E DIÇÃO Francisco Ucha R EDAÇÃO Sibele Oliveira e Marcos Stefano C OLABORAÇÃO Gabriel Araújo e Gerson Roldo ( Fotografia ), Desirée Azevedo ( Revisão ), Rita Braga ( Reportagem ). Capa: fotos de Gerson Roldo.
GERSON ROLDO
Desde quando o colégio foi criado e estruturado, esse caminho já começou a ser trilhado. Ao projetar a escola no final de 1959 para iniciar suas atividades em 1960, o casal Affonso e Jacy Vívolo já tinha em mente o atendimento individualizado, dentro de um projeto coletivo. Para dar suporte ao programa edu-
municação, os relacionamentos e a consciência.
•••projeto educacional A área destinada ao Ensino Fundamental 1: amplos espaços e salas de aula cercadas de muito verde facilitam o aprendizado e a integração do aluno.
A
FRANCISCO UCHA
ntes de escolher a escola de seus filhos, muitos pais se perguntam sobre o que deve ser considerado na hora de buscar qualidade em uma instituição. “A pergunta sobre o que é uma boa escola deve ser respondida com outra pergunta: boa para qual perfil de família? Os diferenciais são valorizados e mais valiosos à medida que são mais difíceis de copiar. O projeto pedagógico pode ser um diferencial, assim como a infra-estrutura e o corpo docente. Mas tudo isso precisa ter grande valor para as famílias de quem estuda na instituição e obter um desempenho superior ao dos concorrentes”, observou Maurício Berbel, da consultoria Alabama, de São Paulo, em entrevista recente para a revista Educação. Em outras palavras, o peso deve recair naquilo que se espera para a vida. Apenas passar no vestibular? Ou, somado a isso, também ter uma formação completa, calcada em valores sólidos em um ambiente de amizade, que permita também o crescimento integral do estudante como ser humano? Em última instância, a resposta a essa questão fará toda a diferença. “Além de preparar o estudante para ingressar numa universidade, a educação de qualidade o prepara para a vida. Sua formação não pode estar apenas voltada ao tecnicismo. Isso é o que muitos procuram fazer. O diferencial é despertar vocações, estabelecer uma postura crítica diante do mundo, tratar a diversidade e fortalecer a capacidade empreendedora. As diversas áreas da formação humana devem estar presentes e o aluno deve ser preparado para encarar com maturidade a vida acadêmica”, afirma o professor Ciro Rodrigues Figueiredo, Diretor-Geral do Colégio Friburgo. Fundado em 1960, o Friburgo tem como proposta ser inovador desde seu começo, quando a educadora Maria Nilde Mascelani trouxe os mesmos princípios da educação vocacional para a escola. Há 50 anos, o colégio oferece atendimento individualizado aos alunos, acompanhando de perto suas necessidades e evolução. Mas eles também são integrados ao projeto coletivo, de forma que o grupo seja valorizado.
Uma escola como poucas Desde o começo do Ensino Fundamental, o período é semi-integral, mas a escola também oferece o Período Ampliado, em que o aluno pode optar entre um leque de disciplinas que completam a sua formação nas mais diversas áreas, como esportes, informática, habilidades manuais e artes, entre outros. No Ensino Médio, também há disciplinas diferenciadas. Os destaques ficam por conta da produção de uma
monografia com vistas à vivência aca- pam voluntariamente dos projetos dêmica do aluno, e do Programa de sociais, como a Educação de AdulFormação para o Trabalho e Cidada- tos e Mudando a História. Funcionia (PFTC) que tem diversos núcle- nários e professores também colaboram, sempre em caráter voluntário. os optativos de estudo. Esse dinamismo só é possível graAlém disso, a rotatividade de professores é pequena, o que permite ças a dois fatores. O primeiro é o espaço e a infra-estrutura melhor planejamento, maior acompanhamento O aluno deve ser dos quais dispõe a escola. O Friburgo está locae menor perda de aulas preparado para lizado em um espaço de e de conteúdos. Tam- encarar com 14 mil metros quadrados bém é decisivo para o maturidade a na região sul da cidade cumprimento do proje- vida acadêmica. de São Paulo, em meio to pedagógico estabelecido por trabalhos interdisciplinares, a muitas árvores, animais e espaço tanto em sala de aula como nos Es- para integração. Sua escola de Edutudos do Meio realizados no Parque cação Infantil, a Casinha Pequenina, Ecológico Guarapiranga e no Parque não é diferente. Nela, crianças de zero Estatual Turístico do Alto Ribeira (Pe- a seis anos têm amplo contato com animais, hortas e com o verde em uma tar), no interior paulista. Toda essa atenção ao meio ambi- área de 6 mil metros quadrados. O segundo é a atenção com que ente não é coincidência. A escola tem tradição em trabalhar nas suas dis- cada aluno é tratado. Com menos de ciplinas questões de grande relevo, mil estudantes entre a Educação Insempre com orientação e supervisão fantil e os Ensinos Fundamental e especializadas. Assim está sendo com Médio, qualquer crescimento é anos trabalhos interdisciplinares que tes pensado e planejado, de forma comemoram o Ano Internacional da que eles continuem recebendo o Astronomia, proclamado pela Unes- mesmo tratamento diferenciado. No co, entidade à qual o Friburgo é vin- Friburgo os alunos são tratados pelo culado. Os alunos também partici- nome e sobrenome. JORNAL DO FRIBURGO • 3
•••educação infantil
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nome pode ser Casinha Pequenina, mas tanto as instalações quanto o carinho dispensado às crianças não têm tamanho. Construída no lugar de uma antiga chácara, a escola de educação infantil preserva a fauna e a flora nos seus mais de seis mil metros quadrados. No espaço de natureza generosa, os pequenos convivem com periquitos, tartarugas, patos, ovelhas, coelhos, macaquinhos e até pavões. Além disso, podem colher verduras e legumes frescos da horta e frutas dos pés de amoreiras, jabuticabeiras, pitangueiras e muitas outras árvores. Entretanto, não é somente o contato com o verde e com os animais que tornam a Casinha Pequenina especial. A metodologia de ensino adotada contribui para a formação intelectual e humana dos alunos, por meio da imersão na cultura brasileira e de exemplos de respeito ao próximo e ao planeta. Em meio ao clima permanente de brincadeiras, as atividades pedagógicas aplicadas às cerca de 200 crianças são um convite aos sentidos. Mas antes de pensar no aprendizado em si, os professores e coordenadores fazem questão de conhecer os alunos pelo nome, história de vida e outras peculiaridades, com o objetivo de estabelecer um laço mais próximo com eles e estimular de forma plena o potencial de cada um. Por outro lado, os pequenos são ensinados a abandonar o individualismo e pensar no grupo. “Por mais que a escolarização seja predominante nessa convivência, no sentido de aprender regras, temos um foco no respeito ao coletivo. Eles sabem, por exemplo, que se sujarem a escola, todos serão prejudicados. Então mostramos a eles como não esbarrar no direito do outro, não desrespeitar o espaço dos colegas”, sintetiza a diretora da Casinha Pequenina, Rosimari Ussifati. É comum que crianças pequenas se sintam como estranhas no ninho quando estão longe da família. Para desfazer essa sensação, de modo que elas vejam a Casinha Pequenina como a extensão de suas casas, os pais têm livre acesso à escola, podendo levar os filhos até a sala de aula e buscá-los nas dependências do colégio após o término das aulas. E não 4 • JORNAL DO FRIBURGO
É tempo de crescer Num ambiente aconchegante e acolhedor, as crianças aprendem brincando lições que levarão para toda a vida FOTOS GABRIEL ARAÚJO
é só isso. Em alguns eventos especiais, como a Festa Junina, a família é convidada para passar o dia com a criançada, em que há, inclusive, atrações para os mais crescidos. A Casinha Pequenina ainda promove encontros familiares nos dias dos pais, das mães e dos avós. Nessas ocasiões, além das homenagens prestadas pelos pequenos, os adultos contam histórias de suas infâncias e compartilham com eles suas canções e brinquedos favoritos. COMO SE FORA BRINCADEIRA DE RODA
Na Casinha há um amplo espaço para o desenvolvimento de atividades com a criançada, desde brincadeiras monitoradas até uma horta ( abaixo ), onde cada turma tem o seu canteiro e pode acompanhar cada etapa, do plantio à colheita.
Se uma pessoa leva para o resto da vida o que aprende na infância, porque não investir nessa fase? A resposta para esta pergunta está na proposta pedagógica da Casinha Pequenina, que consiste em promover o contato das crianças com o mundo da cultura. O projeto de Língua foca a oralidade. Além disso, os alunos mergulham no universo de renomados artistas plásticos, conhecem obras famosas em visitas a museus e realizam atividades sobre cantores e compositores de clássicos da MPB. Mesmo os menores, do sensório-motor (leia quadro maior na página 5), começam a desenvolver o gosto por canções de boa qualidade ouvindo cantigas de roda. E é também nesta fase que os pequenos têm as primeiras noções de Matemática e Inglês. Depois de aprender a se expressar, é hora de a criança desenvolver a percepção de mundo e incorporar novos valores. Esses assuntos são tratados no módulo Natureza e Sociedade, quando os alunos passam a conhecer a realidade de diferentes culturas, como a dos índios ou de artistas de circo, por exemplo, e
as comparam com a realidade deles. No que diz respeito à socialização, durante as aulas, há um momento em que a turma forma uma roda para contar as novidades, esboçar sentimentos, conversar sobre as atividades realizadas, entender os limites do espaço de cada um e, de forma simplificada, a importância e o resultado de um trabalho em equipe. O bate-papo é mediado pela professora para que ocorra de forma or-
Divisão de turmas
fessora responsável por projetos ambientais, Rosana Moreira. Os estudantes nem sonham com o significado de sustentabilidade, mas, na prática, estão deixando o mundo melhor para as futuras gerações, no caso, as Simbólico 1 ( 2 a 3 anos) turmas que os sucedeVivência do imaginário, do rão. No segundo sefaz de conta. Primeiros mestre, alguns plantamovimentos de independência. ram árvores no jardim localizado na entrada Simbólico 2 ( 3 a 4 anos) da escola, seguindo o Interesse pela escrita e oralidade. Fase de exemplo de alunos do comparações com 7º ano do Friburgo que os amigos. fizeram o mesmo anos Intuitivo (4 a 5 anos) atrás e, recentemente, Desejo de pertencer ao voltaram à Casinha Pegrupo e desempenhar quenina para compartipapéis nesse ambiente. lhar a experiência com Além da auto-aceitação os pequenos. As criane da aceitação do outro, inicia a fase da escrita ças ainda participaram espontânea. do projeto Flora Brasileira, parte do módulo 1º ano (6 a 7 anos) Marco da primeira infância Natureza e Sociedade, e da sistematização da cujo objetivo foi consAs crianças da Casinha Pequenina aprendem a respeitar o espaço um do outro, a viver em sociedade leitura e escrita. e experimentam práticas ambientais simples através do convivio com os animais da fazenda. cientizá-las do quanto é vital preservar o meio ciclável, cuidam da horta e dos ani- ambiente. Durante uma caminhada ganizada, e também com o objetivo E M SE PLANTANDO , TUDO DÁ de fornecer bases para a construção Desde cedo os alunos da Casinha mais, entre outras ações. “As crian- pelo Parque Severo Gomes, elas obda autonomia. Pequenina aprendem lições de cida- ças aprendem de diferentes manei- servaram árvores e flores e o seguranDesde pequenos, embora ainda dania. Mesmo não tendo uma com- ras, vivenciam na prática. O foco ça do parque foi bombardeado por não estejam alfabetizados, já são es- preensão profunda de conceitos principal da aprendizagem é a in- perguntas. Ele falou sobre a importimulados a conviver com o mundo como responsabilidade socioambi- corporação de atitudes simples de tância de não jogar lixo no chão, endas letras a partir do contato com li- ental, eles semeiam pequenos gestos práticas ambientais. Aqui, eles tre outras coisas. vros, histórias e letras de músicas e que podem frutificar no futuro. Em aprendem que o cuidado não deve Solidariedade também é uma papoesias. “Embora não sejam leitores vez de copos descartáveis, usam ca- se restringir à escola, mas acontecer lavra que ganhou sentido no dia-aconvencionais, eles leem de outras for- necas, separam o lixo orgânico do re- em todos os ambientes”, diz a pro- dia dos alunos do 1º ano. No projemas, através das imagens e das palato Indicação Literária, eles leem alvras-chave que eles conhecem”, expliguns livros infantis da biblioteca e ca a diretora. As crianças também são pedem para os pais comprarem os Entre versos, sons e ritmos incentivadas a trazer os títulos prefeque mais gostaram. O passo seguinridos de casa para compartilhar com te é doá-los para crianças da organiCom melodias emanadas de um piano e palmas que ecoam no ambienos colegas e, quando menos se espera, zação não-governamental Lar das te, os alunos realizam movimentos livres ou pré-determinados. A sensio ato de ler e ter preferências por deCrianças. “O que a gente ensina não bilidade das crianças é aflorada à medida que ouvem músicas de compoterminados tipos de histórias torna-se é o assistencialismo, mas a questão da sitores de peso como Braguinha, Noel Rosa e Vinícius de Moraes. O reum hábito. “É bacana por que eles acatroca. O projeto ainda está no início, pertório, especialmente selecionado para as crianças, dá origem a exerbam tendo comportamento de leitores no momento eles apenas doam os cícios que, além de estimular a coordenação motora, facilitam o promesmo. Um dia desses, eu entrei na livros. Mas a nossa ideia é que, fucesso de alfabetização. “Priorizamos músicas do folclore brasileiro, do escola carregando um livro que tinha turamente, eles também possam cancioneiro popular. No segundo semestre, estamos apresentando a contracapa cinza, quando um aluno aprender com as crianças da instituique passava por mim se reportou a alção algo que seja da realidade delas”, músicas do Toquinho, pois, nessa época, sempre escolhemos um comguma coisa. Ele perguntou: O que conclui Rosimari. positor brasileiro. Para trabalhar a postura vocal e corporal e o repertóvocê está lendo? Assim que eu mosrio, formamos um coral com as turmas do intuitivo e do 1º ano. Musiquei trei, ele disse: Ah! Não é o mesmo que poemas da Cecília Meireles que eles vão apresentar na Mostra Cultural Visite o Blog da Casinha Pequenina: o meu. Eu estou lendo Vinícius de no Friburgo Friburgo”, antecipa a professora de Música, Gláucia Machado. blogdacasinhapequenina.wordpress.com Moraes”, relata Rosimari. Sensório motor (1 ano e 3 meses a 2 anos) Fase de adaptação. Desenvolvimento da linguagem e exploração corporal através de experiências sensoriais e motoras. É quando as crianças percebem texturas, sabores, cheiros, etc.
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JORNAL DO FRIBURGO • 5
•••fundamental 1
E
les ainda são pequenos, mas se comportam como gente grande quando o assunto é conhecimento. Os estudantes do 2º ao 5º ano são estimulados a transformar a curiosidade natural acerca do mundo em interesse por aprender. Para que isso aconteça, além de mestras, as professoras assumem o papel de facilitadoras, apontando caminhos para os alunos buscarem informações que desejam obter. Em outras palavras, a proposta pedagógica não é apenas ensinar, mas favorecer a construção da autonomia. Ao contrário do que se possa imaginar, a rotina de estudo das crianças está longe de ser cansativa. Elas são incentivadas a assistir a filmes e documentários, fazer pesquisas na internet, participar de atividades lúdicas, ler os livros de que gostam e contar suas histórias preferidas nos textos produzidos em sala de aula, ou seja, aprendem brincando. E a brincadeira vira coisa séria quando os alunos colocam em prática os conhecimentos adquiridos nas disciplinas ou nos módulos de metodologia de projetos, que englobam História e Geografia. “O produto final é escolhido por eles e, portanto, mais valorizado. Eles dizem o que querem saber e a gente cruza com o que quer ensinar. Só então montamos o índice do projeto”, explica a coordenadora do Ensino Fundamental 1, Eni Spímpolo. Os alunos do 2º ano mergulham
O mundo mágico do saber No Friburgo Friburgo, as crianças fazem bonito escrevendo livros e encartes publicitários, gravando CDs e DVDs, criando jogos e organizando exposições
no universo do aprendizado a partir de conteúdos produzidos pela própria experiência de vida. No projeto Trabalhando com a Memória, eles acessam sua história individual e a da família, fazendo uma análise de toda a árvore genealógica. Em seguida, aprendem a importância dos documentos e da memória para uma pessoa, um povo, uma nação. Por fim, procuram a origem de seus ascendentes com o auxílio do mapa do mundo. No segundo semestre, o tema é o Rio Amazonas e os pequenos estudam desde a localização e a geo-
Em visita à Toca da Raposa, os estudantes do 3º ano conhecem de perto o modo de vida dos índios Kuikuros, da reserva do Alto Xingu
grafia humana do lugar até a influên- cobrimento do Brasil até hoje. Lá, eles cia do rio na vida das pessoas, sobre- fazem perguntas para o pajé da tribo tudo das populações ribeirinhas. Além e esclarecem dúvidas. Assim que fidisso, aprendem quem nalizam o projeto sobre foi e qual a importância a vida indígena, São Os temas de de Chico Mendes para a vira objeto de esestudo saem do Paulo região amazônica. tudo. Os alunos estabepapel e ganham lecem um contraponto Os temas saem do pavida nas saídas pel e ganham vida nas entre o novo e o antigo, pedagógicas. Saídas Pedagógicas. Na o passado e o presente Toca da Raposa, em Juda cidade em que viquitiba, interior paulista, os estudan- vem. Já o 4º ano atravessa fronteiras tes do 3º ano conhecem o modo de para compreender a história e a culvida dos índios Kuikuros, da reserva tura da população da América do Sul, do Alto Xingu, desde a época do des- mais precisamente dos povos pré-colombianos, e termina o ano estudando a formação da nação brasileira.
FOTOS: GERSON ROLDO
U M SÉCULO EM UM ANO
Uma ideia simples, porém eficiente. Como estudar a história de cem anos com facilidade? A resposta é simples: destacando os acontecimentos mais marcantes. É assim que os alunos do 5º ano ampliam o olhar sobre o século em que nasceram. No projeto Os Grandes Marcos do Século XX, eles respondem a questões como: “A divisão política do início do século é a mesma que observamos na atualidade?” ou “O que aconteceu durante este tempo para que o mapa mudasse tanto?” Nesse processo, as artes exercem uma contribuição significativa, por meio das mensagens de músicas de protesto, expressão da moda, artes plásticas e invenções que 6 • JORNAL DO FRIBURGO
GABRIEL ARAÚJO
•••fundamental 2 ARQUIVO FRIBURGO
al que viveu em Budapeste e Viena, no período de 1939 a 1945, próximo de um campo de concentração nazista. L ER É O MELHOR REMÉDIO
revolucionaram o modo de vida das gerações passadas, além dos acontecimentos históricos em si, como a ditadura e as guerras, que refletem o espírito daquela época. Com o objetivo de reconstituir melhor os fatos históricos, professores do Ensino Médio são chamados para contextualizarem os acontecimentos de maior importância. Testemunhas desses acontecimentos também são convidadas, com o objetivo de aproximar história e realidade. Em junho deste ano, por exemplo, os alunos receberam a visita de Kyra Siliverstov, uma sobrevivente da Segunda Guerra Mundi-
“Uma casa sem livros é um corpo sem alma”, já dizia o filósofo italiano Marco Túlio Cícero. Esse pensamento norteia a filosofia de ensino do Friburgo, tanto que o colégio desenvolveu práticas de incentivo à leitura. Uma delas é a leitura autônoma, realizada por alunos que conseguem ler sozinhos, apropriando-se das ideias do texto. Eles têm à disposição uma extensa relação de livros na biblioteca, previamente selecionados pela bibliotecária. Como ler é um exercício que deve ser encarado como um ato de prazer, eles podem devolver as obras que porventura não gostarem e pegar outras no lugar. Se o estudante ainda não tem condições de ler sozinho e compreender determinados títulos ou autores, a leitura compartilhada é uma alternativa eficaz. Nesse caso, os alunos podem acompanhar a leitura em voz alta feita pela professora, com as devidas explicações e exercícios de compreensão de texto, até que não precisem mais de ajuda. “As crianças avançam na escala da leitura em termos de fluência, repertório, vocabulário e estilos de linguagem dos autores. Ler para se divertir existe e é muito importante. Além de agradável, nos leva a outros mundos, a outras dimensões”, conclui Eni. GERSON ROLDO
Para os alunos do Ensino Fundamental, os projetos de leitura autônoma despertam o prazer da leitura.
Numa área de proteção ambiental mantida pelo Friburgo na Serra do Japi, os alunos desenvolvem projetos de observação e pesquisa do meio.
De malas prontas para aprender Para os alunos do Friburgo Friburgo, estudar não é sinônimo de obrigação. Aqui, rotina não tem vez
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ransformações físicas, psicológicas, conflitos, descobertas e muita sede de aprender. Não é fácil viver a ebulição de sentimentos experimentados pelos préadolescentes, mas existe um lugar onde é possível encontrar respostas para os porquês que permeiam esta fase: a escola. Além do currículo acadêmico que é mais exigido nessa fase, os educadores do Colégio Friburgo utilizam como estratégia projetos interdisciplinares por série, que visam, ao mesmo tempo, potencializar o processo de aprendizagem e sanar os questionamentos levantados pelos alunos do 6º ao 9º ano. Pode parecer uma tarefa complicada despertar o interesse dos estudantes diante de conteúdos que exigem racio-
cínio crítico, mas não é o que acontece no Friburgo. Algumas atividades dos projetos são realizadas longe dos muros do colégio, nos locais onde os fatos acontecem, o que lhes permite relacionar teoria e prática de forma natural. “Procuramos temas que de alguma maneira propiciem a articulação de várias disciplinas, alavancando questões cotidianas”, afirma a coordenadora do Ensino Fundamental 1, Cíntia Siqueira. A ideia é, além de estimular o desenvolvimento da capacidade reflexiva e argumentativa, preparar o aluno para o Ensino Médio. É só pegar a estrada, que os alunos entram no espírito do projeto e as discussões em torno do tema proposto começam a acontecer. No caso JORNAL DO FRIBURGO • 7
ARQUIVO FRIBURGO 2009 GERSON ROLDO
A preparação para a vida acadêmica é uma das prioridades do Friburgo Cananeia: alunos viajam para vivenciar o aprendizado da sala de aula.
do Projeto Origens do de estudo. Lá, pen7º ano, por exemplo, O estudo objetiva o sando nas característio objetivo é entender desenvolvimento cas do local, em como as origens da Terra, da de uma atitude os seres das cavernas vida, do homem, dos crítica do aluno. resistem naquele amconflitos, chegando à biente, como os quiorigem de cada estudante. Neste ano, lombos próximos ao Vale do Ribeira eles viajaram para Brotas, no interior têm resistido à construção de barrade São Paulo, com o intuito de estu- gens que vão alagar toda a região, acudar todos esses temas apoiados por mulamos experiências”, conta a coatividades na Fundação Ceu. E o que ordenadora. O estudo objetiva o deera para ser obrigação virou diversão. senvolvimento de uma atitude crítiUtilizando telescópios, eles observa- ca, que possibilite ao aluno posicioram constelações, planetas, categori- nar-se diante dos temas propostos. E zaram sistemas e, descontraidamente, esse conceito é reforçado no 9º ano, participaram de um jogo de metáfo- quando os alunos trabalham com o ras sobre as constelações formadas na tema Contradições que fornece subturma. Mas o aprendizado não parou sídios para fazer escolhas, construir por aí. Ao estudarem uma réplica de argumentos consistentes e reconheStonehenge, os alunos refletiram so- cer as contraposições possíveis dianbre as diferenças entre ver o céu com te da posição que ele está defendene sem o auxílio do telescópio. O exer- do, possibilitando uma atitude crícício resultou num debate pontuado tica frente a vários conceitos . por analogias sobre o que se vê de perto e de longe, também no que diz respeito aos relacionamentos interpessoais. Para os alunos do 8º ano, o desaJovens aprendem sozinhos tudo fio é aprender a lidar com a resistênsobre sexo, certo? Não é bem assim. cia em relação às mudanças que viAs estatísticas sobre gravidez venciam nesta etapa da vida. Nesse indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e a própria Aids sentido, foi criado o projeto Desvelansempre provaram o contrário. Mas, do resistências, revelando possibilidafelizmente, essa é uma realidade que des, por meio do qual os alunos são começa a mudar. É o que revelam estimulados a refletir sobre as resistêndados do projeto Saúde e Prevenção cias enfrentadas pelas sociedades ao nas Escolas, do Ministério da Saúde. longo da História, traçando um paDe acordo com a última pesquisa ralelo com suas próprias resistências. sobre os hábitos sexuais dos “Recentemente utilizamos o Petar brasileiros, divulgada em junho deste ano pelo ministério, a (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira) e suas cavernas como lugar 8 • JORNAL DO FRIBURGO
Habilidades e Potencialidades sem segredos Uma avalanche de acontecimentos diários, notícias a perder de vista, e-mails com todo tipo de mensagens, publicidade e convites. Não é fácil saber o que fazer com tanta informação. Pensando nisso, o Friburgo desenvolveu as disciplinas Habilidades e Potencialidades (HP1 e HP2), um método de ensino que correlaciona diversos conteúdos. E é na HP1 – Leitura da Mídia – que os alunos exercitam a leitura crítica dos jornais, debatem sobre os temas atuais divulgados pela mídia, além de refletirem sobre as especificidades de cada veículo de comunicação, com base nos questionamentos éticos das aulas de Filosofia. Os alunos do 7º ano adquirem noções gerais sobre Rádio e TV, o 8º ano estuda especificamente a mídia televisiva, e o 9º ano analisa o universo das mídias digitais (internet,
Sexo também se aprende na escola população jovem é a que mais se protege nas relações sexuais. O uso de camisinha na primeira relação aumentou em 20 pontos percentuais nos últimos dez anos, passando de 48% para 68%. Ciente de sua responsabilidade em relação ao desenvolvimento humano dos alunos, o Friburgo abre espaço para discussões relacionadas à Educação Sexual, módulo da disciplina Fisiologia e Comportamento, oferecida aos
orkut, msn, myspace, facebook e twitter). Às vésperas do ingresso no Ensino Médio, os alunos do Friburgo começam a ser preparados para os desafios da última etapa da vida escolar. A HP2 é a disciplina que ensina os primeiros passos para a metodologia de projetos científicos. Já no 7º ano, os alunos aprendem a selecionar informações na internet, direcionadas à atividade de pesquisa. A exigência aumenta no 8º ano, quando os temas passam a ser adequados à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), respeitando regras como citação de fontes, enfoques, adequação da linguagem, comentários reflexivos e bibliografia. Por fim, no 9º ano, o aluno prepara uma mini-monografia sobre um tema de seu interesse, aplicando toda a metodologia.
estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio. Além da questão sexual, os professores e alunos tratam de assuntos como mudanças físicas e comportamentais, uso de drogas, gravidez na adolescência, nutrição e saúde, consumo de anabolizantes, bulimia, anorexia e demais temas relacionados ao corpo e à autoaceitação. A prática de reflexões coletivas tem culminado em escolhas conscientes nos diferentes âmbitos da vida.
GERSON ROLDO
•••ensino médio
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madurecimento. Essa é a palavra que melhor define os últimos anos da vida escolar. É o momento de aprofundar conhecimentos, dissipar questionamentos e consolidar responsabilidades. Para os jovens do 3º ano, depois de uma longa jornada, é chegada a hora de definir a profissão, passar incontáveis horas estudando para o vestibular e o Enem, realizar os preparativos da formatura, tudo ao mesmo tempo. Nesse momento de transição, o Colégio Friburgo assume o compromisso de preparar os adolescentes para a universidade, o mercado de trabalho e os mais variados desafios que os esperam. “Trabalhamos para que o aluno esteja preparado para a vida e saiba fazer escolhas”, afirma a coordenadora do Ensino Médio, Vera Márcia Barreto. É fato que a carga horária destinada aos projetos, exercícios e testes é superior a dos anos anteriores, mas o Friburgo organiza a grade curricular de forma que essa rotina não seja extenuante. Mesmo o núcleo comum, que contém as disciplinas tradicionais, ganha um ar de leveza quando abre espaço para a utilização de linguagens artísticas, como teatro, dança, música, artes plásticas, cinema e fotografia. Por outro lado, a parte diversificada, idealizada para desenvolver habilidades específicas de outras áreas do conhecimento e
Rumo ao futuro Simulados, orientação vocacional, monografia e uma visão global do mercado de trabalho. No Friburgo, o aluno dá o primeiro passo em direção a uma carreira de sucesso
estimular o desenvolvimento crítico e criativo, enfoca temas mais subjetivos. E, ao final do 2º ano, a bagagem adquirida a partir desses conteúdos resulta em uma monografia. O universo dos sonhos, aliás, serviu de inspiração para a monografia de Mariana Frignani, do 2º ano. A aluna, que está decidida a cursar Gastronomia, havia pensado em pesquisar a origem do pão, mas acabou optando por fazer uma contraposição entre a ciência e as representações do inconsciente, a partir da visão do criador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung. Alguns estudantes aproveitam o trabalho GERSON ROLDO
Amanda (à direita), ao lado dos amigos Júlia e Pedro, concorda que a experiência adquirida na produção de sua monografia irá ajudá-la na Universidade.
para discutir temas atuais, como no faculdade, vai ser mais tranquilo porcaso do aficionado por esportes, Vic- que já tenho uma experiência, não tor Penteado, do 2º ano. O adoles- na mesma intensidade de um TCC, cente, que pretende ser jornalista es- mas muito válida. A facilidade será portivo, aliou conhecimento ao gos- maior, sem dúvida”, acredita. Mas nem tudo se restringe a estuto pessoal para produzir um estudo sobre a Copa do Mundo de dos teóricos no Ensino Médio do Friburgo. As atividades de campo, 2014, que será sediada no Brasil. O projeto final das disciplinas de sempre festejadas pelos alunos, acontecem até o 2º HP1 e HP2 também visa antecipar desafiNo final do 2º ano, a ano. Pegando carona na onda ambienos da vida universibagagem adquirida talista que se propatária. Quando ainda a partir de diversos ga mundo afora, os cursava o 2º ano, a conteúdos resulta estudantes do 1º ano aluna Amanda Feem uma monografia. viajam para Santos/ chter, atualmente no Cubatão, litoral pau3º ano, fez uma monografia intitulada Inclusão X Inte- lista, no segundo semestre, para tragração dos portadores da Síndrome de tar de assuntos como urbanização, Down. Embora já estivesse decidida desenvolvimento sustentável e poquanto ao tema, as disciplinas de for- luição ambiental. Por outro lado, os mação humanística foram úteis para alunos do 2º ano rumam para o Vale a condução do seu trabalho. Durante do Paraíba, interior de São Paulo, o projeto, ela conversou com porta- onde debatem temas relacionados à dores da Síndrome de Down, inclu- demografia e crescimento industrisive alguns alunos do Friburgo e al, entre os quais se destacam a forseus pais. “As aulas de metodologia mação das megalópoles, focando o me ajudaram bastante. Li textos lon- eixo Rio/São Paulo e as cidades morgos, selecionei o que era importan- tas e a industrialização de ponta, inte, enfim, pesquisei os dados neces- cluindo uma visita à Companhia Sisários. Sei que, quando eu chegar à derúrgica Nacional (CSN). JORNAL DO FRIBURGO • 9
FOTOS GERSON ROLDO
De corpo e mente na Universidade
GABRIEL ARAÚJO
De nada adianta mostrar o caminho para a entrada na universidade se o aluno não tiver uma formação humana bem sedimentada e capacidade de empreender, além de conhecer a realidade da carreira que pretende seguir. E é por esta razão que o Friburgo criou o Programa de Formação para o Trabalho e Cidadania (PFTC) que, por meio de três centros de interesse – Tecnologias da Comunicação e Artes, Ciências e Meio Ambiente e Gestão e Responsabilidade Social – o ajuda a desenvolver competências e cristalizar princípios éticos e de cidadania. “O aluno precisa se perceber como agente de suas ações, lembrar que sempre existe o diálogo e que, para cada ato, uma consequência”, reitera Vera Márcia Barreto, Coordenadora do Ensino Médio. No que diz respeito à escolha profissional propriamente dita, o objetivo é ampliar o olhar do estudante sobre o mercado de trabalho. Para tanto, o Friburgo faz uma ponte entre ele e profissionais que são convidados a vir ao colégio com a finalidade de falar sobre o dia-a-dia
de cada área. Na parte prática, o PFTC é constituído de diferentes módulos, entre eles a produção de um jornal, conhecimentos sobre primeiros socorros, orientação sexual, orientação vocacional e artes, que inclui fotografia, desenho, expressão e poesia. V OCAÇÃO ORIENTADA
No Ensino Médio, foco total no Enem, no Vestibular e na vida acadêmica.
Além de promover o autoconhecimento do aluno, as aulas de Orientação Vocacional oferecidas no Ensino Médio se preocupam com a apresentação das possibilidades de formação profissional e a realidade de cada profissão. No caso de Elisa, a orientação vocacional foi importante para eliminar dúvidas, o que a ajudou a bater o martelo sobre a faculdade que irá cursar. “O meu objetivo é entrar em Biologia na USP ou em alguma outra universidade pública. Antes, eu tinha uma ideia que queria Biologia, mas estava na dúvida se faria Biologia ou Medicina Veterinária. A orientação vocacional me ajudou a decidir. Os orientadores mostram como é o dia-a-dia de cada profissão e aconselham a gente a optar pelo que gosta e o quer levar como profissão. Eles nos ajudam a perceber a diferença entre gostar de fazer uma coisa e querer fazer essa coisa para o resto da vida”, finaliza.
Na trilha do vestibular Se o ritmo do Ensino Médio como um todo já é frenético, no 3º ano fica ainda mais acelerado devido ao Enem e ao vestibular. Para que os jovens estejam aptos a enfrentar os exames mais importantes de suas vidas até então, os professores aplicam em média oito simulados ao longo do ano, a fim de que o aluno fixe o conhecimento, controle o nervosismo, treine linguagens diversificadas e interpretação dos enunciados. Os simulados, que acontecem sempre aos sábados pela manhã, têm participação maciça dos estudantes, totalizando quase 100%. Eles resolvem as provas elaboradas por diferentes organizadores, inclusive a do Sistema Uno de Ensino, que produz as apostilas adotadas pelo colégio. Elisa Ventura, do 2º ano, é uma das alunas que já sentiram os benefícios dos simulados. A adolescente fez sete provas e pretende participar de todas até o término do 3º ano, pois seu índice de acertos aumentou 20% em relação à primeira. “Ao longo desses dois anos em que eu faço simulados, aprendi a controlar melhor o tempo que tenho para resolver cada questão. E, como recebo a folha de respostas e o gabarito, dá para refazer as questões”. 10 • JORNAL DO FRIBURGO
•••opinião
Com a palavra, nossos alunos No primeiro semestre de 2009, diversos alunos do Colégio Friburgo participaram espontaneamente de um vídeo no qual explicavam em curtos depoimentos porque gostam da escola. Ele fez tanto sucesso, com declarações tão autênticas, que decidimos publicar aqui algumas das respostas dadas. Quem se interessar, pode assistir ao vídeo em nossa página no YouTube (www.youtube.com/colegiofriburgo).
que faz um ser humano – você sai daqui muito mais ser humano do que você entrou. E as aulas de monografia e de filosofia são coisas que ajudam muito na vida. São necessárias e muitos colégios não atendem a isso. É por isso que eu escolhi o Friburgo.
A MANDA FECHTER 3° ano – Ensino Médio
2° ano – Ensino Fundamental
te: as aulas diferenciadas que temos aqui. Por exemplo: HP1, quando estudamos as mídias, como TV, rádio, essas coisas, e HP2, quando aprendemos a fazer projetos. Meu pai trabalha em uma empresa onde precisa fazer projetos o tempo inteiro. Se ele tivesse essas aulas, teria sido bem melhor para ele. Então, eu vejo o quanto é importante para mim este tipo de aula. Outra coisa que eu gosto aqui também é que esta escola ensina mais do que o básico, mais do que a matéria na lousa. Ela ensina a gente a ser pessoa.
Quero ler um poema de Luís Vaz de Camões, chamado Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades.(...) Aqui no Friburgo, vivi experiências inesquecíveis. E com vocês, em 15 anos de convivência e vivência, consegui ultrapassar todos os meus obstáculos, fases, missões e passagens, conseguindo conciliar a dor da saudade do passado, a vontade e a felicidade do momento presente, e curiosidade e paciência pelo futuro que viria. Digo com certeza que não seria assim em nenhum outro lugar.
O que eu mais gostei no Friburgo é que aqui tem coisas novas.
C AROL IVES
E MIL Y DOMINGUES MILY
1° ano – Ensino Médio
3° ano - Ensino Médio
Estudei no Friburgo na primeira e na segunda série (do Ensino Fundamental). Saí porque procurei um colégio mais perto da minha casa, e agora eu voltei, porque eu sempre gostei daqui, de estar em contato com a natureza. Sempre gostei do Ensino e dos professores também – o jeito como eles ensinam é bem bacana.
Eu estudo no Friburgo desde a primeira série, fiz o Ensino Fundamental inteiro aqui. O que eu acho muito importante aqui é a abertura que a escola dá para a opinião dos alunos, que eles levam muito em conta. Dá para ver isso nos projetos como a Liverdade, por exemplo. E a relação professor/aluno, porque o professor sabe o nome do aluno, conversa com ele, e sabe das suas dificuldades.
FOTOS: REPRODUÇÕES
G IULIA LEONALDO 2° ano - Ensino Fundamental
Gosto do Friburgo porque aqui tem desafios, tem biblioteca e eu adoro ler! Tem vários livros! Gosto de todas as aulas! Não dá nem para saber de qual eu mais gosto.
L AÍS ABUD
M ARIA LUÍSA ESPÍRITO SANTO 4° ano - Ensino Fundamental
Eu adoro esta escola! Tem muito verde, tem muito professor legal! E também, no recreio, todo mundo fica alegre quando a gente brinca... É superlegal! Tem muita gente aqui, e a gente conhece muitas coisas novas.”
A LEXANDRE IUSIM 6°ano - Ensino Fundamental
Entrei aqui na primeira série e gosto muito do Friburgo. Acho que o ensino está evoluindo cada vez mais. Aqui eu aprendi muito.
J ULIA ABREU
T HAÍS IMAMURA 1°ano – Ensino Médio
T ARSILA ANSALDO
Gosto muito do Friburgo porque ele foca no problema que você tem e ajuda a resolver. É isso.
3°ano – Ensino Médio
8° ano - Ensino Fundamental
Desde o sexto ano, os alunos do Colégio Friburgo participam da prova multidisciplinar, que é uma prova de múltipla escolha envolvendo todas as matérias, e você não precisa exatamente “estudar para a prova”, porque nela só vão cair coisas de conhecimentos gerais ou assuntos que você já deveria saber, sem precisar estudar.
B EA TRIZ SPALDING EATRIZ 9° ano – Ensino Fundamental
“Gosto de duas coisas principalmen-
B EA TRIZ BUCCOLO EATRIZ 2°ano – Ensino Médio
Escolhi o Friburgo para estudar porque é um colégio completamente diferente dos outros. É um colégio que não te vê como o número da matrícula e o pagamento todo mês. É um colégio que te vê muito mais humano do que máquina, e isso para mim é fantástico. É um colégio
Estudo no Friburgo desde o Ensino Fundamental e aqui temos uma base muito forte relacionada à nossa autonomia. Desde pequeno, a gente aprende a mexer com agenda, organizar nossas tarefas e isso ajuda muito agora, no 3°ano do Ensino Médio, quando passamos duas tardes tendo aula de reforço e revisão das matérias para o vestibular. Fiz a prova do Enem e tive um bom resultado e eu credito isso à preparação que temos no Friburgo com vários simulados durante o ano. Agora eu me sinto segura para prestar a prova no final do ano. JORNAL DO FRIBURGO • 11
GERSON ROLDO
•••período ampliado
U
Um espetáculo de sons, movimentos e expressões. No núcleo cultural, enquanto algumas turmas produzem 12 • JORNAL DO FRIBURGO
Alunos que passam o dia no colégio desfrutam de um ambiente que combina arte, esportes, conhecimentos diversos e muita descontração
No Período Ampliado, além de almoçar na companhia dos amigos, os alunos complementam seus estudos e podem participar dos núcleos cultural e esportivo GABRIEL ARAÚJO
L APIDANDO TALENTOS
Questão de habilidade GERSON ROLDO
m espaço que abriga o moderno e o clássico, tecnologia e práticas milenares, sensibilidade e expressão. O que, à primeira vista, pode passar a ideia de uma mistura de escola de artes, academia desportiva e instituição de cursos profissionalizantes faz parte da grade curricular do Período Ampliado, cujas atividades acontecem nas dependências do Colégio Friburgo. Os alunos do Ensino Fundamental que permanecem na escola após o término das aulas podem estudar teatro, música, dança, circo, diversas modalidades esportivas e áreas derivadas da informática, além de treinar inglês e ter à disposição professores que tiram dúvidas e ajudam na lição de casa. “Trabalhamos o desenvolvimento de potencialidades individuais, que são espontâneas, naturais de cada estudante, e que ele, às vezes, nem se dá conta que tem. A gente consegue despertar aptidões que estão escondidas ou melhorar o desempenho das habilidades que já estavam sendo trabalhadas”, garante a coordenadora dos projetos, Amélia Gaulez. Logo no início do ano letivo, os alunos conhecem os cinco núcleos de atividades e são incentivados pelos professores a participar de cada um antes de decidir o que querem fazer. “O que a gente espera é que, dentro desse processo educativo, as aprendizagens estejam relacionadas com as áreas de conhecimento, mas sem o caráter academicista, comum no ensino regular. Apresentamos a grade e oferecemos quinze dias para que os alunos passem por todas as atividades e depois façam suas escolhas”, explica a coordenadora. Não existem critérios de seleção ou obrigatoriedade de participar de um ou outro módulo, a não ser no caso das crianças do Fundamental 1 que, além das atividades escolhidas, devem frequentar o Free English e o apoio aos estudos. Mas até as aulas de inglês do Período Ampliado são divertidas, voltadas para a expressão oral, com muita música e jogos no lugar dos tradicionais exercícios.
obras de arte, outras declamam poesias, ensaiam peças teatrais e apresentações circenses e o coral repassa diferentes melodias buscando a perfeição. Já nas quadras e salas do núcleo esportivo, alunos executam movimentos acrobáticos e precisos na ginástica olímpica, praticam capoeira e jogam futebol, futsal, vôlei e basquete. A criatividade também é uma marca nos laboratórios de tecnologia, de onde surgem trabalhos como histórias em quadrinhos na web e protótipos que representam os movimentos do planeta Terra nas aulas de Robótica. Quem confere o desempenho dos artistas, atletas e cientistas tem a impressão de estar diante de profissionais. Entre os espetáculos apresentados no final do primeiro semestre, numa reunião especial de pais, o coral entoou versões em português de trilhas sonoras de desenhos da Disney. Uma das cantoras, a soprano Julia Fioretti, do 5º ano, mostrou sua potência de voz ao som de No meu coração você sempre vai estar, tema do filme Rei Leão. “Fiz um solo dessa música na apresentação. Gosto muito de música, desde pequena eu já cantava e tocava flauta. Penso em ser veterinária um dia, mas também quero ser cantora”, sonha. Ainda na área musical, no segundo semestre, integran-
FOTOS GERSON ROLDO
GABRIEL ARAÚJO
Ginástica Olímpica (na outra página), Informática, música, artes plásticas, futebol e circo são algumas das atividades oferecidas aos alunos durante o Período Ampliado.
tes do módulo Prática de Conjunto apresentaram um repertório de sucessos no Intervalo-Arte, entre eles Meu Erro, dos Paralamas do Sucesso, Já sei Namorar, dos Tribalistas e Aquarela,
plo é o jogador de basquete, Arthur Romani, do 8º ano, que começou a treinar no Período Ampliado e hoje integra a categoria mini da divisão de basquete do São Paulo Futebol Clube. “Sempre quis ser profissional em algum Desenvolvemos as potencialidades tipo de esporte. Como naturais de cada estudante. A gente eu jogava basquete bem, consegue despertar aptidões que comecei a me interessar estão escondidas ou melhorar as muito. No final do camque já estavam sendo trabalhadas. peonato do ano passado, o Esdras, técnico do do Toquinho, atraindo a atenção de colégio, chamou um olheiro do alunos de todo o colégio. Para o even- SPFC que viu o nosso jogo e ficou to do fim do ano, o grupo de jazz fará interessado porque eu sou alto e forte um tributo a Michael Jackson e o e eles precisavam de alguém assim coral transformará músicas regionais no time. Então, comecei a jogar por em autos natalinos. volta de março e continuo lá até No núcleo de esportes, também já hoje”, conta. E a tendência é que ousurgiram grandes talentos. Um exem- tros atletas sejam descobertos, pois os
times do Friburgo participam periodicamente de campeonatos esportivos, inclusive em outras escolas. S ABOR DE CASA
Um dos principais benefícios do Período Ampliado é a integração entre os alunos. O almoço é um desses momentos em que a turma se reúne. A refeição é elaborada por uma nutricionista e é preparada com alimentos que agradam ao paladar dos estudantes. Preocupada com a qualidade da alimentação e a saúde dos alunos, a coordenadora convida profissionais para ministrarem palestras sobre o assunto. Neste ano, o primeiro tema debatido foi saúde bucal e as próximas palestras já têm
temas definidos: nutrição e postura. No entanto, como toda criança e adolescente que se preze, os alunos gostam mesmo é de uma festa. Para agradá-los, a cantina prepara uma homenagem para os aniversariantes na última quarta-feira de cada mês. Neste dia, além dos parabéns, todos ganham um pedaço de bolo e os aniversariantes ainda são brindados com um sorvete.
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Acompanhe as novidades do Período Ampliado do Friburgo pela internet: www.periodoampliado.wordpress.com JORNAL DO FRIBURGO • 13
•••tecnologia GERSON ROLDO
O
segundo semestre reservou grandes surpresas na área tecnológica do Friburgo e, agora, o que era bom, ficou muito melhor. A começar pelo Laboratório de Informática que recebeu um upgrade de tirar o fôlego: além de um ambiente mais bem planejado com bancadas ergométricas, todos os computadores foram substituídos por novos modelos com grande capacidade de processamento, aumentando, e muito, as possibilidades de produção de material didático.
A lousa digital ( ao lado ) traz recursos interativos ue despertam o interesse do aluno para as disciplinas tradicionais. Já nas aulas de Robótica ( abaixo ), os estudantes exercitaram toda a sua criatividade na montagem de elevadores, montanhas russas, rodas gigantes, portões automáticos, carros, aviões e helicópteros.
O corpo docente do colégio está elaborando projetos diferenciados a fim de utilizar as novas tecnologias.
14 • JORNAL DO FRIBURGO
Friburgo high tech
ARQUIVO FRIBURGO
As novidades que foram implementadas permitem um suporte ainda maior às disciplinas, incluindo aquelas nas quais a tecnologia é indispensável, como nas aulas de Robótica, do Período Ampliado. Nelas, os alunos já montaram carros, elevadores, montanha russa, roda gigante, portão automático, helicópteros, aviões. Com motores e lads, a proposta é criar maquetes de parques de diversão, pistas automobilísticas e aeroportos. “Vamos trabalhar com uma placa e software especializado, para criar o ‘cérebro’ dos robôs. Os próprios alunos desenvolverão a programação, a interface, que permitirá a funcionalidade de suas criações e a inserção de vontades pré-programadas”, explica o professor Eduardo Luiz Georges, coordenador de Informática Educacional. Mas é apenas o começo. Contando com a alta performance das máquinas, o corpo docente do colégio está elaborando projetos diferenciados em disciplinas tradicionais. Os alunos podem, entre outras coisas, criar podcasts com remixagem dos áudios em mp3 e montar sites e blogs alimentados diariamente e com soluções de animação em 3D. Com novos notebooks, máquinas digitais, projetores multimídia, filmadoras e uma rede wireless, pela qual os professores podem acessar a internet e a rede interna da escola a qualquer momento, as aulas vão ficar muito mais interativas.
Novas tecnologias, computadores de ponta e a lousa digital de última geração promovem mais interatividade em sala de aula. I NTERATIVIDADE DIGITAL
Mas, quando o assunto é interatividade, nada tem fascinado mais a moçada do que a lousa digital, na Sala de Áudio e Vídeo. Considerada um dos mais modernos recursos pedagógicos no mundo, a lousa fez com que o Friburgo entrasse para um grupo seleto de escolas brasileiras, afinal poucas contam com essa ferramenta. Não é para menos que os alunos gostam tanto de ter aulas com ela. A lousa permite passar animações em Power Point, exibir filmes, acessar sites e registrar anotações. Tudo ao mesmo tempo. Além disso, todas as aulas podem ser salvas num computador em arquivos digitais. “Não se trata somente de facilitar a exposição de conteúdo ou embe-
lezar as apresentações. Pedagogicamente, os recursos são importantíssimos. A atenção e o interesse dos alunos são despertados. Afinal, é o mundo deles, da interatividade, da velocidade”, afirma Georges, responsável pelo treinamento e capacitação dos professores no uso das novas tecnologias. Um dos melhores exemplos daquilo que vem sendo facilitado no trabalho escolar são as lições de casa. Desde agosto, as tarefas do Fundamental II e do Ensino Médio podem ser acessadas no site do Friburgo. Basta clicar em um ícone na página inicial e verificar as postagens feitas
diariamente. Em breve, a novidade será estendida também ao Fundamental 1, afinal a tecnologia é boa para todos. E será ainda mais, com o total aproveitamento dos novos recursos e de outros que o Friburgo pretende adquirir. A começar pela implantação de lousas digitais nas salas de aula. Pode ser prematuro falar em fim do giz, da poeira e do tradicional quadro-negro, mas não em falar sobre aulas dinâmicas e criativas, das quais os alunos participam integralmente.
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Acompanhe as novidades tecnológicas do Friburgo pela internet: www.friburgotecnologia.wordpress.com
FOTOS GABRIEL ARAÚJO
•••projetos sociais
‘‘D
epende de nós, se esse mundo ainda tem jeito, apesar do que o homem tem feito, se a vida sobreviverá”... O trecho da composição de Ivan Lins traduz a consciência social e ambiental que o Colégio Friburgo procura passar aos alunos por meio da sua filosofia de ensino, que consiste em desenvolver um olhar mais atento às desigualdades e despertar o espírito solidário diante das diversas causas defendidas pela escola. “Fazemos uma divulgação geral falando sobre os projetos e, a partir do interesse dos alunos, preparamos uma listagem com os encaminhamentos. Normalmente eles estão preocupados com a questão da disparidade social. E as famílias dão muito valor a esse tipo de trabalho”, afirma a diretora de assuntos comunitários, Iracy Rossi. Uma das iniciativas abraçadas por alunos do 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio é o Programa de Educação de Adultos, no qual eles transmitem o conhecimento a quem, por falta de oportunidade, não pôde frequentar uma escola. No período noturno, o colégio abre suas portas para os cerca de 80 alunos que cursam os três núcleos de alfabetização – Alfa I, II e III – e Telecurso. E, na empreitada de erradicar o analfabetismo, os estudantes contam com o apoio dos pais, professores e funcionários do Friburgo e até de ex-alunos. Em cada sala há um responsável pelo trabalho pedagógico e um monitor. Os jovens atuam como monitores e têm a função de preparar os materiais e esclarecer dúvidas, seja individualmente ou em pequenos grupos. Em geral, o curso, ministrado em até 2 anos, alfabetiza pessoas que trabalham na região, como domésticas, cabeleireiras, manicures, babás, seguranças, zeladores e profissionais que prestam serviços de manutenção. E o esforço desse mutirão da solidariedade já rendeu frutos. Um exemplo é o da dona de casa, Maria Ivanês Carvalho, matriculada no Alfa III. “Mesmo quando o meu marido estava no hospital, eu nunca faltei”, conta. Com os conhecimentos adquiridos, ela planeja o futuro. “Gosto de matemática, dos números. Brinco com eles”, diz, sonhando ser professora de matemática ou proprietária de uma doceria. Maria Ridelma, aluna de outra turma, exprime a alegria de aprender. “Ver meus filhos crescerem, se formarem e eu, parada no tempo? Não. Percebi que pre-
Por um país muito melhor Crianças e jovens esbanjam comprometimento em prol de uma nação mais justa e igualitária Alunos e funcionários são voluntários no Programa de Educação de Adultos.
cisava mudar. Gosto do colégio, das aulas, dos amigos, de tudo”, sintetiza. Apesar de não certificar os alunos, o curso visa prepará-los para os exames de Suplência. L EITURA CIDADÃ
Não são apenas os adultos os contemplados pelas iniciativas sociais do Friburgo. As crianças carentes também têm vez. O projeto Mudando a História conta com a adesão de alunos do 7º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, que são capacitados por multiplicadores da Fundação Abrinq. Neste ano, a instituição beneficiada é o Lar das Crianças da CIP (Congregação Israelita Paulista), locali-
zada no bairro Alto da Boa Vista. “O grande objetivo é levar para essas crianças uma literatura infanto-juvenil de qualidade”, explica Iracy. Mediar leituras pode parecer uma atividade simples, mas requer planejamento, seleção de livros, além de dinâmicas e brincadeiras para estimular a curiosidade e o interesse dos pequenos. Nas salas da ONG, as crianças formam um círculo, onde o mediador faz uma leitura geral. Em seguida, as crianças são convidadas a mexer nos livros e escolher um deles. Depois que os mediadores leem as histórias escolhidas para os que ainda não foram alfabetizados e auxiliam a leitura dos que estão em processo de alfabetização, a ativi-
dade é encerrada. No final do ano, as crianças são recebidas na escola com uma festa e têm a oportunidade de conhecer pessoalmente a biblioteca. Com o projeto, além de fazer o bem, os estudantes aprendem lições importantes de cidadania. “Eu me interessei muito pelo projeto porque adoro crianças. Elas se interessam pelos livros, veem que ler é uma coisa boa. É muito bom ver o sorriso delas quando a gente termina de ler um livro. Até mesmo as que não sabem ler pegam os livros, olham as imagens e ficam inventando histórias. É muito legal ver isso acontecendo, colocar um sorriso no rosto de alguém. Eu sinto a sensação de missão cumprida”, descreve Marina Montalto, do 9º ano. A adolescente ainda destaca a experiência de interagir com crianças carentes. “Elas fazem parte de uma classe social bem diferente da nossa. É uma oportunidade para a gente ver outros mundos. Aprendi a ver um outro tipo de sociedade, de pessoas que não têm os mesmos recursos que eu”, conclui. P ROJETOS COM A U NESCO
NUNCA É CEDO PARA AJUDAR Fora os projetos fixos, os alunos do Friburgo também podem sugerir trabalhos de cunho social. Foi o que as crianças do 4º ano fizeram. Com a ajuda das professoras, elas contataram a Creche Lina Rodrigues, da comunidade de Paraisópolis, com o objetivo de arrecadar agasalhos para o inverno. Elas mesmas espalharam cartazes divulgando a campanha pelo colégio e depois organizaram as roupas doadas. Ao final da campanha, representantes da creche buscaram os donativos. “Os estudantes falam que demora muito para chegar no 7º ano e pertencer a um grupo”, pontua Iracy.
Ainda no que diz respeito ao social, o Friburgo participa do Programa de Escolas Associadas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), desde 1999. Os projetos do tema deste ano – astronomia – estão em fase de conclusão e serão expostos na Liverdade (mostra dos trabalhos acadêmicos e culturais do colégio) em novembro. “Os trabalhos sociais são importantes por serem uma oportunidade para ensaiar a vida de adulto. Além da contribuição no processo de aprendizagem, os alunos trabalham a questão dos valores, de sentir que estão dividindo com os que precisam aquilo que eles já têm. E eles se sentem felizes com isso”, finaliza a diretora de assuntos comunitários. JORNAL DO FRIBURGO • 15
•••entrevista DIVULGAÇÃO
E
m um mundo que passa por constantes transformações, desenvolver nos alunos a capacidade de pensar, aprender, comunicar, relacionar e posicionar o conteúdo recebido é um imperativo para qualquer sistema educacional. Pelo menos na teoria. O fato é que, na prática, a maioria das escolas trata a questão de outra maneira e se volta exclusivamente para a transmissão pura e simples de conteúdos. Esse problema, que interfere diretamente na qualidade da educação, foi o tema de duas palestras realizadas pelo professor Marco Antonio Ferraz, diretor do Núcleo de Sistema de Ensino Ser, ligado ao grupo Abril Educação, e da Prof Assessoria em Educação. A primeira palestra reuniu o corpo docente do Friburgo para discutir os novos rumos da educação e os impactos sobre a prática do ensino. A segunda foi dirigida aos pais, com a proposta de debater o mesmo tema, mas sob o prisma de como a família pode ajudar no aprendizado da criança e do adolescente. “Hoje, precisamos discutir que escola queremos: aquela que se limita apenas a selecionar, simplesmente reprovando o estudante que vai mal, ou a formadora, que dá um tratamento individu-
16 • JORNAL DO FRIBURGO
“A escola deve formar para a vida”
rar suas colocações ou preparam exclusivamente para que seus alunos façam o exame. “Todas essas coisas provocam enormes distorções. Já os estudantes dos últimos anos do Ensino Médio, maior alvo da avaliação, não se preocupam tanto. Fizemos um levantamento e descobrimos que muitos daqueles que prestarão vestibular para a Usp nem sequer se preocupam em fazer a redação do Enem. O resultado é que poucas das grandes escolas ficam entre as primeiras colocadas e a sociedade acaUm dos maiores especialistas em Gestão ba pensando que é por causa de uma Escolar no Brasil, MARCO A NTONIO F ERRAZ pretensa má-qualidade.” falou no Friburgo sobre o que é uma Em suas palestras no Friburgo, educação diferenciada e de qualidade Ferraz aproveitou para orientar os pais sobre a importância de contribuírem com a educação de seus filhos. “Tão importantes quanto uma aula são as experiências culturais, a alizado e leva em consideração as pedagógicos no Brasil. Educador e leitura, passeios e atividades. Escodificuldades enfrentadas pelo alu- biólogo, ele deu aulas em diversas las e famílias precisam reconhecer o no”, explica Ferraz, em entrevista ao escolas e universidades como o Ma- valor e incentivar essas práticas.” Jornal do Fribugo. ckenzie e a Usp, até ser chamado Apesar das dificuldades vividas pela Segundo ele, a discussão pode para desenvolver o Sistema de Ensi- educação no Brasil, o professor diz parecer um pouco filosófica a prin- no da Abril Educação, formada pe- estar otimista quanto ao futuro. Em parte, por caucípio, mas quando se pegam questões las editoras Átisa dos avanços específicas, torna-se essencial. Exem- ca e Scipione. Precisamos discutir que escola conquistados plo é o ranking produzido pela míPara justifi- queremos: aquela que se limita na área nos úldia tomando como única base o Exa- car sua posição apenas a reprovar o estudante timos anos, e me Nacional do Ensino Médio, o e combater o tal que vai mal, ou a formadora, também pelo Enem. “Fazer isso é desvirtuar uma ranking das estrabalho realidas melhores iniciativas da educação colas, ele obser- que dá um tratamento zado por algubrasileira nos últimos tempos e pres- va que não são individualizado e leva em mas escolas. “O tar um verdadeiro desserviço à comu- apenas os alu- consideração as dificuldades pior analfabenidade escolar. Por quê? A prova é nos do 3º ano enfrentadas pelo aluno” tismo é o funvoltada para observar competências e do Ensino Méhabilidades dos alunos, nunca para dio que fazem as provas do Enem. cional, quando o aluno passa anos avaliar sozinha todo trabalho de uma Antigos estudantes, que há anos sa- decorando e se enchendo de conescola”, critica Ferraz. íram da escola, e discentes dos dois teúdos, mas não consegue usar Aos 55 anos e com mais de três primeiros anos do Ensino Médio aquilo para nada. Precisamos comdécadas trabalhando com educação, também tentam a sorte no exame. bater isso e acredito que o FriburMarco Antonio Ferraz é apontado Nem que seja para adquirir experi- go está no caminho, com uma procomo um dos maiores especialistas ência. Algumas escolas ainda mon- posta educacional moderna, eficaz em Administração Escolar e projetos tam turmas específicas para melho- e inovadora”, completa ele.