Dança educativa loreta renzi

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LORETA MARJORY RENZI

A DANÇA EDUCATIVA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: DA TEORIA À PRÁTICA

Universidade Nove de Julho São Paulo 2012


LORETA MARJORY RENZI

A DANÇA EDUCATIVA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: DA TEORIA À PRÁTICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Educação da Universidade Nove de Julho – Uninove, como exigência parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física. Sob a orientação metodológica do Prof.° Ms Antônio Sergio Milani Gomes.

São Paulo 2012


AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à Deus, por sempre me colocar em situações que me proporcionam maiores aprendizados, para que eu tenha a oportunidade de crescer como Ser Humano, evoluindo à cada minuto de minha vida. Agradeço à minha mãe Sonia, por sempre ser carinhosa e atenciosa comigo, sempre me incentivando e principalmente por ter me fornecido pequenas oportunidades de conhecimento da arte em diversos âmbitos, e também, por me incentivar e ajudar a iniciar o presente curso de Educação Física. Por fim, agradeço imensamente às orientações do professor de dança da Universidade Nove de Julho, e também, como orientador do presente estudo, Antônio Sérgio Milani Gomes, pela sua didática e atenção, para que eu pudesse realizar um bom trabalho de conclusão de curso.


RESUMO

Este estudo analisa, primeiramente, a dança desde sua concepção até os dias de hoje. De acordo com alguns autores, a dança pode ajudar no processo ensino-aprendizagem, sendo de influência para a integração de vários aspectos abordados pelo profissional, e a dança educativa é melhor abordada nas escolas. Por meio de pesquisa bibliográfica, o presente estudo tem como objetivo investigar e comparar a dança e sua abordagem educativa nas aulas de educação física como uma importante ferramenta para o desenvolvimento integral do aluno. Analisaremos os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais do conteúdo dança relacionando com a abordagem da cultura corporal de movimento. Palavras – Chave: Dança na escola, Dança – Educação, Dança e a Educação Física.


ABSTRACT

This study examines, first, the dance from its conception to the present day. According to some authors, the dance can help in teaching-learning process, and to influence the integration of various aspects addressed by the professional, educational and dance is best addressed in schools. Through literature research, this study aims to investigate and compare the dance and its educational approach in physical education as an important tool for the development of the student. We will review the conceptual, procedural and attitudinal content relating dance with the approach of body culture movement. Key Words: Dance school, Dance – Education, Dance and Physical Education.


SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1

2. METODOLOGIA ........................................................................................................................... 3

3.1 A DANÇA NO CONTEXTO HISTÓRICO ................................................................................. 4

3.2 EDUCAÇÃO FÍSICA E A TEORIA DANÇA-EDUCAÇÃO. .................................................... 8

3.3 A CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO E A DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ....................................................................................................................................... 14 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 20

5. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 22


1. INTRODUÇÃO Desde os primórdios de acordo com as pinturas rupestres, o homem se move, a critérios ritualísticos, com expressões corporais e ritmicamente. Podemos entender que o negar a dança, conforme Fontanella (apud GARIBA 2005), é o mesmo que separar o intelecto do corpóreo. Para Steinhilber (2008 apud FERNANDES 2009), são criados novos neurônios por meio da dança, e na escola, a dança pode preparar o aluno para a alfabetização e assimilação dos conteúdos (FERREIRA 2005 apud FERNANDES 2009). Fernandes (2001) cita que as formas imaginativas são pré-expressivas na infância, podendo interferir na expressividade, na fase adulta. A dança-educação visa, além dos seus desenvolvimentos diversos que pode oferecer, além do lazer, uma forma de sensibilização dos alunos. E com isso, influiria numa população mais sensível. Entendemos conforme Nanni (2002) que a dança educação não visa técnicas, mas sim, a técnica parte da dança educativa. A aprendizagem motora enquanto transferência é observada diante das técnicas das danças e também pode ser utilizada por outros métodos, estratégias, modalidades, efetuando um misto de conteúdos, os quais visem uma amplitude de conhecimentos, podendo nortear o profissional para com suas aulas, e trazer o desenvolvimento aos seus alunos com maior qualidade, preparando-os para

posteriores desenvolvimentos. Um

destes

seria

o

desenvolvimento interoceptivo, citado por Claro (1995), o qual o aluno poderá desenvolver e com isso, evitar posteriores e possíveis lesões por mau uso muscular durante qualquer movimentação diária, como exemplo. Dentre os desenvolvimentos citados por Achcar (1998 apud FERNANDES 2009) são estes: tátil, visual, auditivo, afetivo, cognitivo, motor, podendo relacionar-se às Inteligências Múltiplas de Howard Gardner. Estes podem-se também, desenvolver unidos aos quatro fatores de movimento de Laban. Na dança educação em sua teoria e prática, podemos dizer que não se visa técnicas e sim, o desenvolvimento integral do aluno, preparando-o como um Ser Humano consciente corporal e intelectualmente (GARIBA 2005). A dança se integra aos blocos de conteúdo dos Parâmetros Curriculares Nacionais, bloco das Atividades Rítmicas e Expressivas, e, na Educação Física obtemos várias áreas específicas. A utilizada em escola, para Darido e Rangel (2008) é a cultura corporal de movimento, e também é obtido como uma das propostas do Estado de São Paulo. O princípio da inclusão é a base para a escola, como citado por Darido e Rangel (2008). Paulo Filho (apud Darido e Rangel 2008) cita que a educação voltada à cidadania é condição necessária, porém não suficiente, para formação pedagógica do aluno, e entendemos 1


com isso, que a dança educação é vista como um fator de desenvolvimento integral, pedagógico, parte das dimensões conceitual, procedimental, atitudinal. Delors (2000 apud FERNANDES 2009) afirma que a dança desenvolve “os quatro pilares da educação: a) Aprender a conhecer, b) Aprender a Fazer, c) Aprender a viver juntos, d) Aprender a ser”. Entendemos que não há desvantagem ou dificuldades a ser trabalhado com conteúdo dança, de diversas formas se pode aplicar à escola, com música, sem música, com temáticas, objetivos e conteúdos – gerais e específicos – ampliando a cultura do aluno, o moldando a não preconceitos. A vivência profissional fornecida pelo estágio pode agregar informações das quais, o trabalho com o conteúdo dança pode permitir ao profissional a integração da sala, sem competições, e aos alunos, os desenvolvimentos e seus benefícios, sem extinguir as demais especificidades da Educação Física Escolar. De acordo com as análises realizadas no presente estudo, podemos entender que há diversos desenvolvimentos os quais possibilitam a abrangência dos movimentos, tanto para com o contexto histórico da dança, abordada nas aulas, como possibilidade do desenvolvimento corpóreo e intelectual do aluno. Por meio de pesquisa bibliográfica, o presente estudo tem como objetivo investigar e comparar a dança e sua abordagem educativa nas aulas de educação física como uma importante ferramenta para o desenvolvimento integral do aluno. Analisaremos os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais do conteúdo dança relacionando com a abordagem da cultura corporal de movimento.

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2. METODOLOGIA

Este estudo tem como metodologia a pesquisa bibliográfica. Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 44), a mesma se baseia na escolha do tema; elaboração do plano de trabalho; identificação; localização; compilação; fichamento; análise e interpretação; redação, sendo essas últimas, oito fases distintas. A mesma autora informa que “não há necessidade de duplicação de estudos, uma vez que há uma vasta gama de temas a serem pesquisados”, pois isso dificultaria um bocado, o procedimento da pesquisa e objetivação. De acordo com Lakatos e Marconi (1991, p. 227), após o projeto de pesquisa definido, possuímos tentações de iniciar a pesquisa de imediato, como informado em sua obra, após o conhecimento de todos os procedimentos de metodologia científica. De acordo com a mesma autora, é realizada a coleta de dados primeiramente - no caso de pesquisa bibliográfica, o levantamento dos autores. Para Traina e Junior (2009), podemos encontrar e realizar pesquisas bibliográficas em sites renomados, como Scielo, Capes, entre outros, bibliotecas digitais diversas e, livros, obviamente.

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3.1 A DANÇA NO CONTEXTO HISTÓRICO

A dança possui um contexto oculto aos olhos de qualquer indivíduo que não obteve em nenhum momento, algum acesso a alguma área da dança, incluindo a história. O profissional sem o acesso comentado se predispõe ao Senso Comum. Com isso, faremos uma breve análise sobre o contexto histórico da dança, que possa nortear o profissional para com algumas informações históricas, realizando citações as quais indicam a importância da dança para o homem. Nanni (2003, p. 7) afirma que “se estudarmos a vida de qualquer povo, das civilizações mais primitivas até nossos dias, encontraremos sempre como expressão de uma cultura e como educação das crianças aos jogos, os desportos e a dança”. Gariba (2002 apud GARIBA 2005) e, Garaudy (1989 apud GARIBA 2005) entendem que a dança não se faz privilégio de algumas pessoas e para a dança, não há necessidade de formação de coreografias com técnicas, existindo a todos como forma e qualidade de vida, de alívios e criatividade, além do conhecimento do próprio corpo e sentidos. Para Sborquia (2002 p. 6) a “dança é uma manifestação do ser humano presente em todos os tempos e em todos os povos.” Cita também que “a dança faz parte da humanidade desde tempos imemoriais”. Para a autora, “o homem desde antes de polir pedra, fazer abrigos, dança batendo suas mãos e seus pés ritmicamente”. Cavasin (2004, p. 2) cita que “para os povos primitivos, esse sentido ritualístico da dança tinha o proposito de trazer a paz, a saúde e a felicidade”. Nos períodos Paleolítico e Mesolítico, a dança esteve ligada à sobrevivência, segundo Langendonck (2009 apud FERNANDES, ROCHA E ALCADES 2011). Os homens com suas tribos isoladas, se alimentavam da caça e da pesca e criavam formas de dança, procurando assim, evitar que acontecimentos naturais inibissem suas práticas. De acordo com Fahlbush (1990 apud GARIBA 2005), “a dança é em sua forma mais elementar, o homem que recorre ao movimento e gesto, manifestando suas emoções”. Oliveira V. (2001 apud GARIBA 2005), afirma que “uma das atividades físicas mais significativas para o homem antigo foi a dança. Utilizada como forma de exibir suas qualidades físicas e de expressar seus sentimentos, era praticada por todos os povos, desde o Paleolítico Superior (60.000 a.C.)”. Nanni (2003 apud GARIBA 2005) cita que as danças em todas as épocas ou povos seriam as representações de suas manifestações, modos de emoções. Gariba (2005) afirma que 4


“a dança sempre visou o mesmo fim”, quanto à características sociais, políticas e religiosas, estabelecendo a diversidade. Fernandes (2009, p. 1) diz que “não é possível ouvir uma música sem que seu corpo a traduza em movimentos. Antes de o homem falar ele dançou. (...) A dança ligada à música foi a primeira manifestação humana. Ela foi na pré-história uma forma de comunicação, religião, divertimento (...)”. Para Nanni (2003, p. 9), a história da dança na China Antiga, citando a “dinastia Chou (1.122-255 a.C.)”, a qual “uma cultura com sistemas verticais (hoje correspondendo ao sistema atual) onde se praticavam lutas, desportes e dança”. Dentre as educativas, a dança com espadas, afirma a autora, obtinha “forma de dar forças e vigor físico, e desenvolver coragem e o destemor”. Cavasin (2004 p. 2) cita que “os gregos utilizavam a dança para educação dos guerreiros como forma de preparação para as lutas. Afirmavam que os melhores dançarinos se tornavam os melhores guerreiros”. Diz Fontanella (1985 apud FERNANDES 2009), que a dança nega a educação, uma não podendo manter-se ligada à outra, pois “a dança unifica o homem, a educação precisa dividilo (...), a dança une os homens, a educação os separa”, e com isso entendemos que para Fontanella, a dança não visa produção. Cavasin (2004) reflete sobre as mudanças da dança e para a mesma autora, a dança é um fator de continuidade que se mantém sofrendo as mudanças e diversas adaptações, atualizações. A mesma faz referência análoga quanto à história da dança observando-a como imprescindível em todos os povos e culturas, citando o encontro da dança com o ritmo, relacionando a importância da expressividade por meio das crenças religiosas pertinentes à cultura dos mesmos povos. A dança tornou-se teatro; macabra, com interpretações terroristas a critério de imposição de medo e, com isso, Cavasin (2004) afirma, de acordo com seus estudos, que a Igreja Renascentista reprimiu essas manifestações entendidas como demônios que a utilizavam como forma de culto aos mesmos. Afirma Sborquia (2002 p. 9) que a Igreja Católica realizou tal repressão, porém não foi toda a humanidade que a realizou. Isso foi ocorrido no século IV, porém, os camponeses se mantinham com a cultura da dança a critério de crenças pagãs, se referindo a utilização da dança como forma de expulsão das doenças. Sborquia (2002 p. 9) afirma que o balé “nasceu do cerimonial da corte e dos divertimentos da aristocracia”. Para a autora, na secularização do Renascimento, as artes restringiram-se à Igreja, tornando-se “símbolo de riqueza e poder”. Afirma sobre o balé clássico, seu surgimento diante de “necessidades da classe feudal decadente” desenvolvendose “como resposta” e “espalhando-se por toda Europa”. 5


Nanni (2003 p. 15) estudou a trajetória da dança, numa síntese analítica, como se refere no titulo do capitulo de sua obra. Cita sobre “John Weaver, que em 1721, ao descrever Anatomical and Mechanicals Lectures upon Dancing”, forneceu “os primeiros fundamentos para que a dança se beneficiasse dos conhecimentos do corpo humano”. De acordo com Capra (1992 apud SBORQUIA 2002 p. 10), a história sempre obteve grandes pensadores, filósofos, matemáticos,

os

quais

em

seus

fundamentos

separavam

o

corpo

da

mente,

“descorporalizando” o homem, mecanizando-o, ou, humanizando-o, quando os filósofos últimos, invertiam suas reflexões e respostas. No presente fundamento, a autora cita René Descartes, o qual realiza tal separação refletida na dança, surgindo o pensamento mecanicista e academizando o balé: “levando o corpo ao desprezo em toda humanidade”. Para Nanni (2003 p. 15), “a dança já transforma-se em dança teatral para espetáculos, estabelecendo então, um hiato entre a dança/educação e a dança/arte. (...)Após a definição do academismo, o ballet se desenvolveu acrescido de novos estilos e influencias no estilo”. Sborquia (2002 p. 10) afirma que no século XIX (Revolução Industrial) ocorre a “idade de ouro do balé, como arte de evasão da realidade (...). Traduziu-se no simbolismo pueril de uma dança em que a preocupação essencial parecia ser a negação da terra e da gravidade”. Nanni (2003, p. 16) cita que a partir do século XIX, “começa um movimento contra a formalização do aprendizado da dança”. O balé moderno surgiu pelas necessidades expressivas que caracterizam o ser humano no século XIX para XX. Sborquia (2002) também afirma que surgiram métodos, ideias, mudanças as quais, baseadas em sentimentos e experiência de vida dos repercursores, de acordo com seus próprios estudos, passando isso a refletir este contexto histórico que o balé pode obter. Nanni (2003, p. 16) afirma que no mesmo século, “inovadores estudiosos da área, destacam 3 principais repercursores deste movimento de dança”, sendo eles: “Jacques Dalcrose com a criação da „Eurritmia‟ - descoberta da reprodução dos sons e ritmos que reproduzimos no corpo” facilitando a liberdade da criatividade dos alunos - ; Isadora Duncan com a inspiração filosófica em Platão”, cujo ideal era o “bem estar comum através da arte” e em uma ideologia americana pertinente à época; com bases no naturalismo de Rousseau, com o propósito de “a dança com movimentos partindo do interior de cada ser de forma impressionista (...)”; “Rudolf von Laban” que por sua vez, integra a dança a outras artes, com estudos sobre domínio dos movimentos criando um sistema de anotações, incluindo ao processo de ensino da dança, elementos interpretativos.

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De acordo com Mommensohn e Petrela (2006) os quatro fatores de movimento de Laban, foram pensados e baseados em noções arquitetônicas, anatômicas, cartográficas, e Laban sentia-se com a curiosidade desperta para filosofar sobre questões do movimento nestes níveis de amplitude, grau, nível, espaço, direções, profundidades. Scarpato (2001) cita que para Laban e Freinet, a tecnologia influiria posteriormente, em uma geração de pessoas sedentárias, as quais poderiam obter dificuldades com relação aos seus movimentos e, com isso, surgiu a dança educativa de Laban e Freinet. No Brasil, de acordo com Bogéa (2002 apud FERNANDES, ROCHA E ALCADES 2011), devemos identificar que a dança surgiu com os Índios que dançavam ao som dos atabaques à critério ritualístico. Obtemos uma diversidade cultural imensa no Brasil, de acordo com os autores citados neste parágrafo, sendo então, como exemplo, o Caximbó e o batuque (Norte); Frevo e Xaxado, além da Capoeira (Nordeste); Catira (Centro – oeste); Calango Mineiro (Sudeste); Chula (Sul); e todas as regiões possuem diversos outros tipos de danças. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, a dança é reconhecida junto à arte, integrada aos blocos de conteúdo junto às Atividades Rítmicas e Expressivas, nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física - 1997 (MILANI et all. 2009). É chegado o momento no qual a dança é obtida como conteúdo importante nos dias de hoje para as aulas de Educação Física. Rangel (2002 p. 17) reflete sobre as questões a critério de estudos em sua obra - o que é relevante e entra para história -, para com a preocupação do ensino da dançaeducação na escola, para com o desenvolvimento do ser humano integralmente. Cita qualidades de ensino da dança para com as aulas de Educação Física. Encontramos hoje, alguns problemas com relação à mídia versus dança: por meio da mídia, a dança acaba sofrendo deturpações e preconceitos citados por Correia (2006). Entretanto, há algo análogo e divergente com relação à dança. Ao mesmo tempo em que há a realidade da mídia e o pouco conhecimento da maioria, conforme investigados em estudos quantitativos diversos e de acordo com o mesmo autor, obtemos uma vasta bibliografia, história, influências que a dança causa positivamente - de acordo com todos os trechos citados no presente estudo -, e poucos obtêm todo esse conhecimento, e, se atualizam sempre que possuam oportunidades, que são os profissionais da área. A cultura e a mídia transmitem ou omitem o conhecimento e informações. O desinteresse e a alienação são causados pela mídia (CORREIA 2006), e de certa forma, o governo estaria no caminho certo, se incentivasse à dança educativa. Betto (2002 apud 7


CORREIA 2006) ressalta que a mídia deseduca e deforma, deturpando a visão da dança. Segundo o autor, a cultura busca a evolução humana e o entretenimento - o que se pode entender por mídias -, busca o divertimento, que acaba levando à hipnose não permitindo que os indivíduos conheçam o outro paradigma da dança, e pode levar ao desinteresse de participações, e buscas pelo novo. Podemos verificar com a análise e comparação dos autores e os trechos citados, que todos possuímos visões diferentes, mas a dança pode ser comparada com alguma frase filosófica, comparada a um magnetismo, comparada à crenças de situações que possam transcender, como informa Nanni (2002) em sua obra. E pergunto, porque não? A dança é antiga e nova ao mesmo tempo. Foi passível de exclusão por algumas épocas da história povos, e hoje é passível de mais aprendizados. Por que não podemos aprender com a Dança, que nos ensina com a sua história, e como analisado, podemos entender, esta visa sempre o mesmo fim? Podemos citar que hoje, a dança pretende alcançar o desenvolvimento da criança. Mas isso não irá interferir de colocar em prática esse aprendizado na fase adulta, no caso da não vivência da dança em sua infância, porém, a utilização da dança educativa na infância, implica em desenvolvimentos citados detalhadamente no próximo capítulo.

3.2 EDUCAÇÃO FÍSICA E A TEORIA DANÇA-EDUCAÇÃO.

Na perspectiva escolar, a dança educativa – ou dança educação - pode auxiliar nos conteúdos do profissional, e ao desenvolvimento do aluno. Com isso, realizaremos análises e identificações sobre a Dança-Educação como conteúdo das aulas dos professores, num âmbito escolar, como benefício aos alunos e aos indivíduos que dela participam. Claro (1995) afirma que existem profissionais conceituados, e muitos, porém “excessivamente ortodoxos e unilaterais”, porém, é importante a abordagem da interdisciplinaridade. Muitos fazem determinados cursos e especificam-se, tornando suas metodologias com uma perspectiva tecnicista, porém, não estamos mais na década de 70, como diz o autor Both (2002). Marques (2007 apud FERNANDES, ROCHA e ALCADES 2011, p.1) afirma que alguns professores sentem-se despreparados para realizar o ensino da dança na escola. Para o mesmo autor, admite-se que: 8


“As propostas pedagógicas na área de dança-educação deverão propiciar metodologias não diretivas que possibilitem aos alunos à expressão corporal, a criatividade, a autonomia, a fim de que possam a partir da vivência desta manifestação, compreender e ampliar seus conhecimentos sobre a realidade em que vivem”.

Cavasin (2004) também afirma o mesmo que Marques (2007 apud FERNANDES, ROCHA e ALCADES 2011), sendo de importância que haja planejamento cauteloso e consciente dessas aulas, com todos os objetivos a serem alcançados, com a utilização de estratégias pluridimensionais, estabelecendo assim, “relação com as demais matérias”. Isso permite uma organização das aulas do profissional para o aluno; conhecer a si mesmo, através do comportamento corpóreo consciente, realizado ao longo dos anos, para que ocorram efeitos positivos posteriormente neste aluno, que possam refletir em suas vidas futuramente. Nanni (2002) afirma que, com a dança, o profissional pode desenvolver aspectos tanto para com suas aulas quanto para com seus alunos, atingindo seus objetivos. Pode-se uni-la realizando a interdisciplinaridade, com as demais áreas da área da Educação Física Escolar, e utilizada para com os alunos desde a infância, na escola, podendo permitir o desenvolvimento do individuo como um todo. Para Cavasin (2004 p. 3) a escola tem papel fundamental na realização do trabalho de fundamentação de métodos, ideias, ações educacionais “devendo dar sustentação ao professor e aos alunos”, pois a oportunidade aqui é a “sociabilização do saber, permitindo o aprendizado de todas as formas possíveis”. E para Scarpato (2001), a dança educativa de Laban e Freinet se enquadram, na sociabilização do saber. De acordo com Santos (2005), a dança tem sido incluída cada vez mais nos currículos escolares e, de acordo com o que podemos observar atualmente, quase sempre extracurriculares. Com métodos e processos livres utilizados pela dança educativa, as crianças podem aprender com o seu próprio corpo, agir livremente no espaço o qual se encontram inseridas, interagindo com as pessoas que as cercam. Para Cavasin (2004), “o ensino da dança visa o processo criativo, devendo estar professor e aluno sempre motivados para as aulas”. Camargo e Finck (2009) defendem que “O trabalho com o corpo possibilita o conhecimento de si e dos outros, gera na pessoa que dança, maior estabilidade na relação dor e prazer, conhecendo os limites de seu corpo”, e, 9


conforme Marques (2003 apud MILANI et all, 2009 p. 3), os “nossos alunos não mais aprendem por meio de palavras, mas principalmente das imagens e dos movimentos (...)”. Para Scarpato (2001 p.60), a “educação deve integrar corpo e mente, ensinando a pensar em termos de movimento para dominá-los e não apenas se preocupar com o domínio da escrita, do raciocínio lógico e da linguagem”. Sabemos que estes últimos são importantes, mas, unido o intelecto ao corpóreo, não como restrição, ou relevância de alguma especificidade de aprendizado, mas integralmente, unindo todos os aspectos, para o desenvolvimento do aluno. A pré-expressividade e a expressividade estão contidas não somente na dança, mas na perspectiva da Cultura Corporal de Movimento, partindo de que tudo o que o homem faz desde sua concepção é movimento. Assim, Fernandes (2001) afirma que, nos pequenos gestos, obtemos, com a própria Cultura Corporal de Movimento, junto à base da imaginação, o favorecimento a este indivíduo, quando trabalhada, de variadas formas. A dança nos proporciona conhecimento pessoal, de acordo com os diversos embasamentos que a mesma possibilita (RAMOS 1998 apud GARIBA 2005). De acordo com Garaudy (1980 apud MILANI et all. 2009) podemos entender que a dança situa a criança e pode fazer com que ela possua capacidade de sentir, expressar, além de outros fatores que interferem positivamente, do contrário, se não há boa utilização da dançaeducação, estabelecer-se-ia uma relação que discorda das bases, entre uma destas, a perda do sentido da dança para os indivíduos, tanto pelo seu desconhecimento, e pré-conceito, quanto pela má utilização. De acordo com Scarpcato (2001, p.63), devemos possibilitar ao aluno, a chance da “ação-sensação-reflexão” para que a criança tenha oportunidade de se tornar crítica, refletindo sobre o contexto teórico-prático. Para Ferreira, (2009 apud FERNANDES, ROCHA e ALCADES 2011, p.1), a “dança na escola aparece como facilitadora de momentos de prazer, espontaneidade e criatividade, respeitando a individualidade e limitações de cada um, e estimulando o desenvolvimento dos alunos de forma consciente e integral”. Rangel (2002 p. 27) cita que “a dança não representa apenas uma atividade a mais no currículo, mas suscita maiores esclarecimentos nesta área. Como centro de nossas indagações, procuramos convergir para a seguinte reflexão: „qual seria a compreensão que temos da dança? ‟”. Por mais que conheçamos muitas coisas, tudo se encontra sempre em divergências e expansões, necessitando da sabedoria básica da informação para alguns indivíduos e, para outros, da atualização, para que nossas esquematizações psicológicas não se acomodem. Essa 10


visão é da teoria da Psicologia Associacionista de Edward Thorndike (ALMADA 2008). Conforme Ferreira (2005 apud FERNANDES 2009) a “aprendizagem dos movimentos complexos da dança e de outros esportes faz com que cresçam mais conexões entre neurônios, aprimorando a memória: assim ficamos mais aptos a processar informações e aprender”. Steinhilber (2008 apud FERNANDES 2009) afirma que “uma criança que participava de aulas de dança (...) se adapta melhor aos colegas e encontra mais facilidade no processo de alfabetização”. Podemos intercalar a dança com outras especificidades, por exemplo, a transferência de aprendizagem motora: “A aprendizagem é um fenômeno observável indiretamente, podendo ser inferida a partir do comportamento ou desempenho de uma pessoa” (MAGILL 2000 apud SILVA et. all 2011). Com isso, a aprendizagem motora, no quesito de transferência bilateral de aprendizagem, auxilia na abrangência desses movimentos. A criança poderá obter a capacidade de realizar movimentos corpóreos e conscientes, amplos, caso o corpo caloso possibilite-a – se um hemisfério não estiver tão distante do outro em seu cérebro, porém, mesmo com a distância dos hemisférios, o treino realizado por meio sutil pode auxiliar. Utilizar formas de movimento diferenciadas das demais, ou parecidas, tanto do lado esquerdo, quanto do lado direito (SILVA et all. 2011). E com a dança, pode-se realizar tais “treinamentos” de com esta forma sutil. Entendemos com isso, que se existem problemas com o desenvolvimento motor do aluno, ele pode ser auxiliado a realizar um treinamento, e como exemplo, consciente de seus movimentos, sem que necessite de treinamentos rígidos, mas sim, explorado com a dança. Citado por TANI et. all (2011), essa aprendizagem motora poderá ser baseada também em demonstração e observação. Mas a prática propicia o benefício ao aluno, e com mais chances do aprendizado ocorrer com mais facilidade. A partir disto, ela poderá retornar à atividade anterior e colocar em prática este possível aprendizado, adquirido junto a dança. Magill (2000 apud SILVA et all 2011) cita que “pode ser considerada a capacidade determinada pela experiência de desempenhar uma habilidade em nova situação”. Magill (1984 apud SILVA et All 2011) diz que a transferência de aprendizagem diz respeito à influência de uma habilidade motora adquirida sobre aprendizagem de uma nova habilidade. E por que não fazer com que a dança auxilie neste trabalho, provocando o lúdico para o indivíduo, que deseja o aumento da capacidade motora? Normalmente, é utilizado como treinamento, a transferência de aprendizagem, em danças específicas, como exemplo, a dança do ventre, ou balé, vemos como exemplo claro, nas obras de Nanni (2003). 11


Podemos certamente, nessa alusão à aprendizagem motora, citar Schimidt & Wrisberg (2001 p. 104) “a principal entre as fontes de informação êxteroceptiva é certamente, a visão”. Moura, (2006 p. 20) cita que a visão nos oferece uma base para antecipação de eventos, afirma sobre o “movimento de objetos no ambiente (...)”. Para Moura (2006), a audição também é fonte, “apesar de não estar envolvida no processamento de informações”. Scarpato (2001, p. 62) cita Laban e Freinet, os quais afirmam que a dança educativa objetiva o aprendizado teórico e prático, com ênfase no aprendizado junto à movimentação. Ambos acreditavam que a dança educativa tem como propósito desenvolver: a) aprendizagem, b) compromisso, c) cidadania, d) responsabilidade, e) interesse, f) senso crítico, g) criatividade, h) envolvimento, i) socialização, j) comunicação, k) livre expressão, l) respeito, m) autonomia, n) cooperação. A mesma autora cita que “tal proposta procura levar o aluno à ação-sensação-reflexão, contribuindo” para os fatores constituintes dos quatro pilares da educação (SCARPATO 2001, p.63). Claro (1995) cita sobre a informação interoceptiva, êxteroceptiva e proprioceptiva caracterizam-se da seguinte forma: sensações profundas, como exemplo respiração, sensações externas, como exemplo dor, e sensações com relação ao corpo num geral, respectivamente. Claro (1995) pode detectar em si próprio, bloqueios causados pela falta dessa consciência e utilização corporal. Descoberto isso, aprofundou seus estudos. A fundamentação acima baseada em Claro (1995) é para identificar o quão vasto e proveitoso pode ser utilizar a dança para a aprendizagem motora, e vice versa, além das múltiplas áreas que compõem a Educação Física. Esta última, para Gonçalves (1994 apud RANGEL 2002) obtém como forma educativa, relacionando à corporeidade e ao movimento. Para Rangel (2002), a Educação Física abrange todas as artes-movimento, como ginásticas, danças, lutas e desportos. Para esta autora, a dança completa a Educação Física e a Educação Física, à dança. É como um fator universal. Tudo se pode incluir na dança, desde técnicas da mesma, até trabalho que desenvolva a capacidade motora, corpórea e consciente de acordo com os objetivos do profissional e das necessidades do aluno. Podemos entender de acordo com a afirmação dos autores, tanto quanto sobre a teoria da aprendizagem motora enquanto transferência (SILVA et. All 2011) e de acordo com Gardner (1995 apud FERNANDES 2009), que a dança contribui para o desenvolvimento das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner (GARDNER 2002). Para este ultimo, todos possuem potenciais diferenciados. O indivíduo nasce com capacidade para o desenvolvimento

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de todas as inteligências, realizando-as naturalmente – claro, de acordo com o contexto escolar e social o qual o individuo se encontra. De acordo com Delors (2000 apud FERNANDES 2009), o aprendizado da dança se integra ao conhecimento intelectual e a criatividade do aluno, desenvolvendo os quatro pilares da educação: a) Aprender a Conhecer; b) Aprender a Fazer; c) Aprender a Viver Juntos; d) Aprender a Ser. “A dança-educação é um referencial para as questões que permeiam a educação de nossos tempos, apresentam novos olhares para o ser humano, mostra o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar, ser educado também pela dança”. (FERNANDES 2009 p. 1). Achcar (1998 apud FERNANDES 2009) afirma que a “dança desenvolve estímulos como: a) Tátil; b) Visual; c) Auditivo; d) Afetivo; e) Cognitivo; f) Motor, inter-relacionando às Inteligências Múltiplas que são desenvolvidas por este meio, e pode inter-relacionar-se também à atividades com base nesses desenvolvimentos, unidos aos quatro fatores de movimento de Laban – Espaço, Força ou Peso, Tempo ou Ritmo e Fluência, como exemplo (LABAN 1978). Santos e Souza (2010 p. 1) afirmam que “a dança se constitui em uma linguagem com sentido e significado marcante e profundo, pois mais que ele perceber o corpo como um agente habilidoso, o aluno se abre para a percepção das sensações (...)”. Os mesmos autores citados, afirmam, e isso se torna óbvio que a dança na escola não é somente a critério de festas comemorativas. É educação, ensino, planejamento, alcance de objetivos. É o pensar no desenvolvimento integral do aluno. Não somente em aprendizados de técnicas de academicismos, e sim, trabalho com o potencial criativo da criança, além da corporeidade. Sborquia (2002) afirma que a dança também pode ser entendida como arte por este processo criativo, unido às possíveis técnicas. Na escola, se o aluno tem interesse pelo conhecimento básico das técnicas de dança como Xaxado e Frevo, ele poderá obter, mas a proposta não é restringir a técnicas, mas colocar em prática a teoria. Entendemos que a dança educação é importante e pode e deve ser utilizada com meios diversos de interdisciplinaridade, combinando métodos e temáticas. Com a contextualização do ensino, com referencial teórico, embasado, sendo este fora do Senso Comum, com análises profissionais do professor, a dança passa a ser educação por este ponto de vista, os quais os movimentos são o contexto para as reflexões, ou seja, com base nos estudos – conceitual – o profissional passa para o aluno bases a serem utilizadas

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como referência na prática – procedimental e atitudinal -, e por fim contextualiza, para que os alunos possam refletir sobre a dança educativa, e também, sobre as temáticas (Scarpato 2001). O objetivo da dança educativa na escola é mais do que ensinar técnicas, mas não que estas se tornem reprimidas, ou substituam o esporte (MILANI et. All. 2009), e sim, uma proposta de alternância de conteúdos, os quais possam ser mesclados aos temas transversais, à formas imaginativas citadas por Fernandes (2001) com relação à pré-expressividade, procurando provocar o lúdico, utilizado um tema proposto pelo profissional, como exemplo, uma modalidade esportiva. De acordo com as obras analisadas, uma das intervenções e planejamentos de aula do profissional pode-se fazer com a história da Dança como conteúdo, e, para a prática, o profissional poderá, como exemplo, observar o repertório de movimentos do aluno, realizando intervenções, inserções, ampliando esse repertório, para que a criança coloque o mesmo em prática, de acordo com o tema, visando a movimentação, mesclando este tema com a dança e, de acordo com Laban (1978), criando formas de apresentar o maior número de movimentos possível por meio dessa atividade, diante dos quatro fatores de movimento. Não é necessário que a criança represente a técnica em si, mas o que sabe fazer, e o que imagina ser (FERNANDES 2001). A dança pode desenvolver o indivíduo de forma integral: unindo intelecto e corpóreo, tornando o indivíduo conhecedor de seus aspectos corporais e desenvolvendo o próprio cognitivo, interagindo com a sociedade, a qual se encontra inserido (GARIBA 2005). Todo esse processo é bem sucedido de acordo com a dedicação do profissional que media o ensino corretamente. Entendemos com isso, que, um profissional que não se possibilita e não realiza as mediações das informações aos alunos, das educações pertinentes, alusão ao novo, pode prejudicar indiretamente uma boa parte dos indivíduos que com este profissional tiveram aulas, remetendo-os às mesmices e ao medo do novo, além de é claro: preconceitos (Correia 2006).

3.3 A CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO E A DANÇA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Podemos entender sobre a Educação Física Escolar, de acordo com Savani (1994) apud Nunes e Couto (2006 p. 6), que “trata-se de uma matéria curricular com conteúdos próprios, 14


onde deve estar ligada a um conjunto de conhecimentos originados no domínio acadêmico de Educação Física”. A Educação Física precisa ser integrada à objetivos, conteúdos, métodos de ensino e de avaliações para que se implique em bom conteúdo educacional (NUNES E COUTO 2006). A atual Educação Física Escolar obtém abordagens pedagógicas utilizadas, tais como Desenvolvimentista; Construtivista-interacionista; Crítico-superadora; Crítico-emancipatória, e obtemos a Cultura Corporal de Movimento – se trata de abordagem da Educação Física, do tratamento com o movimento corpóreo cultural individual, e as citadas anteriormente podem ser utilizadas dentro da perspectiva da Cultura Corporal de Movimento (DARIDO E RANGEL 2008). Darido e Rangel (2008, p. 25) afirmam que: “a Educação Física precisa ser compreendida de três maneiras diferentes: como um componente do currículo das escolas; como uma profissão caracterizada por uma prática pedagógica no interior da escola ou fora delas; e como uma área em que são realizados estudos científicos”. Para Darido e Rangel (2008), a cinesiologia estuda o movimento humano; a Motricidade Humana, que, estuda as inter-relações culturais e biológicas (ontogênicas e filogênicas) no Movimento humano; Cultura corporal de Movimento, que se baseia em fundamentação para as aulas do profissional; Ciências do Esporte, a qual se volta para com as atividades esportivas; Aptidão Física, que visa qualidade de vida, bem-estar e boa saúde – e diversos outros fatores - aos indivíduos. De acordo com Nunes e Couto (2006 p. 8), a área de estudo da Educação Física é muito ampla e, com isso, pode-se obter o nome de Cultura Corporal. As mesmas autoras citam que “o homem incorpora sua cultura corporal, dispondo de intencionalidade do conceito produzido pela consciência corporal”. A Educação Física pode abranger a relação dos jogos, ginásticas, esportes, danças e problemáticas sociais relacionadas. De acordo com Darido e Rangel (2008), a cultura corporal de movimento abrange as atividades citadas acima por Nunes e Couto (2006), citando os jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e capoeira – esta última, por ser brasileira. A cultura corporal de movimento é numa visão mundial, para Darido e Rangel (2008), tida como cultura humana, que relacionase à cultura geral. Nunes e Couto (2006) afirmam que a Educação Física pode ser trabalhada com as demais especificidades da área, além da Cultura Corporal de Movimento. Entretanto, focaremos na última citada.

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Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, de acordo com Darido e Rangel (2008 p. 18) a Educação Física na escola visa a promoção do “princípio da inclusão, com inserção e integração dos alunos à Cultura Corporal de Movimento” por meio de problematizações associadas às vivências críticas dos conteúdos dos blocos da cultura corporal de movimento – jogos, lutas e esportes; atividades rítmicas e expressivas; conhecimento sob o corpo. Cita Paulo Filho (1998 apud DARIDO e RANGEL 2008) que a Educação voltada à cidadania é condição necessária, mas não suficiente para a formação crítica dos alunos. Com isso, entendemos que a Educação Física não se pode formar apenas por uma base pedagógica, mas sim, por várias, se possível, todas, durante todo o seu desenvolvimento escolar. Nunes e Couto (2006 p. 11) afirmam que a dança faz parte do bloco atividades rítmicas e Expressivas, como sendo “uma expressão representativa por meio da linguagem corporal é possível transmitir sentimentos, emoções ocorridas no nosso cotidiano”. Miranda (1991 apud RANGEL 2002) afirma que a dança tem sido utilizada em Institutos de Ensino Superior, embora alguns estudos obtém posições imparciais relacionadas à sua inserção nos cursos de Educação Física do Brasil. Claro (1995) afirma que não há como separar a Educação Física e a dança, por mais que a última seja vista pelo paradigma artístico, a dança precisa dos termos técnicos da Educação Física, e a Educação Física, da complexidade da dança. Zonta (1994 apud NUNES E COUTO 2006) afirma que os movimentos do dia a dia podem se transformar em dança quando assumimos nova postura, diferenciando quando ao se unir à expressividade, pode transformar o movimento corpóreo em conjunturas poéticas, visualizadas e demonstradas como arte. Rangel (2002) afirma que “a dança como disciplina obrigatória, como eletiva, como parte do conteúdo de determinadas disciplinas do curso de Educação Física e até mesmo, integrante dos programas de Educação Física na escola”. Brasil (2001 apud NUNES E COUTO 2006) cita que a “Dança é um bloco de conteúdo que inclui as manifestações da cultura corporal, orientada por estímulos sonoros que visa à expressão e comunicação por meio do movimento do corpo”. Müller e Daniel (2010, p.1) se apoiam na metodologia crítico-superadora é como uma proposta pedagógica que “sugere meios didático-pedagógicos que viabilizem, ao se tematizarem as formas culturais do movimentar-se humano, propiciar um esclarecimento crítico a seu respeito, apresentando suas ligações com os elementos atuantes, desenvolvendo simultaneamente, as competências para tal: a lógica dialética”. 16


Brasil (1998, apud FERNANDES 2011, p. 1), afirma que “atualmente a dança na perspectiva da cultura corporal de movimento é promotora do desenvolvimento e da autonomia corporal, que, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN‟s – Educação Física – a dança classifica-se como um de seus conteúdos, possibilitando o desenvolvimento da cultura corporal na comunidade escolar”. Bertazzo (1998 p. 19) cita que “o homem possui um sistema de refinamento, a ponto de poder guiar-se na maior parte do tempo, apenas por seu „piloto automático‟”. Também cita que “assim como nós, os animais possuem padrões gestuais aos quais se encontram subordinados, mas, ao contrário do homem, parecem conservar uma integridade gestual, preservando suas possibilidades de movimento por quase toda a vida”. A citação de Bertazzo (1998) complementa os fatores do „por que‟ a dança estar relacionada à Educação Física, assim como Nanni (2002) descreve. A dança guia a Educação Física, mesmo que não seja específica e obtenha objetivos complexos. Scarpato (2004 apud GOMES 2007 p. 135) cita sobre os alunos nas aulas de Educação Física na maioria possuindo dificuldades de expressão e integração com a música, a critério de improviso de movimentos, por não serem copiados, sendo os alunos citados “tímidos e travados”. Entendemos com isso que a cultura corporal de movimento do aluno é baseada em timidez. Gomes (2007, p. 135) aponta que “os significados e as experiências que o Dançar proporciona, podem trazer para o „mundo-vida‟ do sujeito, uma luz, um resgate de este ser humano tão fragmentado, isolado por uma „intelectualização‟ que gera muitas vezes, o medo de se expressar, medo de sentir seu corpo”. Barreto (2004 apud GOMES 2007, p. 137) afirma que a dança discute relações e temas abordados pela Educação Física, como a corporeidade e a motricidade humana, aspectos que podem ser trabalhados em complexidade na escola, de acordo com a cultura corporal de movimento. Gomes (2007 p. 137) faz alusão à dança e à arte, afirmando: “a Dança é objeto de estudo tanto da Educação Física como das Artes, ao interpretar o corpo que Dança, como expressão criativa, libertadora e essencial à formação humana”. O corpo que se move, no ambiente ou, no espaço o qual se encontra, com sua fluência direcionada ou não, com o peso característico e referente ao silêncio, do som corpóreo ou, da música que o acompanha (LABAN 1978).

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Nunes e Couto (2006, p. 8) cita que “os temas abordados nas escolas expressam um sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente”. Essa dialética trabalhada numa visão dançante, além de promover todos os fatores citados no capítulo anterior do presente estudo, ainda integra e sociabiliza o indivíduo, o aluno. Tolocka e Verlengia (2006) estudam sobre a diversidade humana junto à dança. Trabalhar os indivíduos conjuntamente, diante da dança, os permite uma capacidade de aceitação maior, de si mesmos, em complexidade, maior aceitação de suas individualidades. Com a dança sendo trabalhada na escola, unimos mais um fator aos seus benefícios: a inclusão – multiculturalismo -, as quais podem ser trabalhadas na Educação Física, auxiliando no objetivo geral e/ou específico do profissional. Requer estudos, todo o tipo de trabalho na escola, pois são fatores de influência aos alunos. Bertazzo (1998) cita que muitos indivíduos possuem padrões mecânicos sem amplitude dos movimentos, prendem-se no “contexto social” sem ao menos perceber e, com isso, entendemos que a infância destes se foi baseada numa história mecanicista, tecnicista ou somente sem a liberdade de movimentação corpórea. A dança-educação se encontra como dança na Educação Física, as duas abordam basicamente a mesma situação, estratégia, caso a dança proporcione a reflexão colocada em prática pelos alunos. Gomes (2007 p. 135) afirma que “a dança deve ser objeto de estudo na Educação Física como arte do movimento corporal, essencial à formação humana”. Ainda hoje, obtemos algumas situações tecnicistas nas aulas de Educação Física. Both (2002, p. 62) afirma que o principal conteúdo aplicado pelo professor nas aulas de Educação Física escolar, são esportes - muitas vezes, o futebol. O mesmo autor cita que “Essa visão de esporte é uma herança dos sistemas de ensino da década de 70”. Betti (2006) afirma que ultimamente a Educação Física não ultrapassava a visão desportiva. Queiroz et al (2006) afirma que na Educação Infantil a brincadeira – ou podemos chamar de recreação – obtém sua utilização nas aulas de Educação Física Escolar, interferindo positivamente . É possível ressaltar diante dos autores citados que a Educação Física é ampla e a dança ajuda no contexto. Podemos incluir as formas imaginativas, os fatores de movimento de Laban, a aprendizagem motora enquanto transferência, tornar os alunos críticos e com sensibilidade, interagindo com as pessoas que os cercam, dinamizá-los, otimizando o anseio pelo novo, até mesmo tornando-os adaptáveis à mudanças, utilizando como exemplo, até mesmo a brincadeira, unida à dança educativa, a fim de provocar o lúdico. 18


Fernandes, Rocha e Alcades (2011, p. 3) consideram que “a educação formal como possibilidade de socialização de conhecimentos sistematizados e a dança como conteúdo de Educação Física, expressão da corporeidade de nossos alunos”. Para Rengel e Mommensohn (1992 p. 1) a dança, “enquanto processo de auto-conhecimento (...) e instrumento de efetivação das relações sociais, leva o indivíduo a experimentar novas possibilidades no plano do exercício de criação e de interação de um grupo”. Ossona (1988 apud GARIBA 2005) aponta que a dança obtém uma melhor compreensão deste saber introduzido na escola, e Gariba (2005) afirma que é importante a prática da dança com objetivos educacionais iniciando-se na escola. Pereira et al (2001 apud GARIBA 2005) afirma com suas palavras que “a dança é um conteúdo fundamental a ser trabalhado na escola, com ela pode-se levar os alunos a conhecer a si próprios e/com os outros; a explorarem o mundo da emoção e da imaginação (...)”. Podemos entender que a dança é um fator de interligação da Educação Física, com a finalidade educacional. Com ela, o aluno se abre para o mundo na perspectiva de novos aprendizados. Não se trata de excluir as outras áreas da Educação Física, mas, unir, utilizando „mesclas‟ nos objetivos geral e específico do profissional, para com as aulas na escola (MILANI et all 2009). Rengel e Mommensohn (1992, p. 102) afirmam que a dança “atua como elemento transformador, pois, sem dúvida, promove em quem dela participa, a aceitação de si mesmo e uma maior receptividade nos relacionamentos com os outros, mediante o envolvimento que se estabelece num trabalho prático”. Não há necessidade de representações tecnicistas. A dança é para o homem, comum, porém ainda não o percebeu por seus gestos estarem mecanizados. A perspectiva da dança na escola é para estabelecer um “hiato entre dança – educação” (NANNI 2002), para auxiliar no desenvolvimento geral dos alunos, e até mesmo, situá-los com relação às demais atividades, preparando-os, integrando-os, completando-os.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos perceber que a dança nasce com o homem, caracterizado por seus movimentos. A cultura corporal de movimento engloba isso, pois, é o mesmo que cultura corporal humana, conforme citado por Nunes e Couto (2006). O homem nasce movimentando-se a partir de seus reflexos, e até o respirar obtém seu próprio ritmo. Seria ademais excluir a rítmica do respirar, do pulsar cardiovascular, entre tantos outros fatores anatomicamente falando. Ao que se diga respeito à dança, podemos dizer que obtemos a pré-expressividade (FERNANDES 2001) e a expressividade, citada pela mesma autora. Sublinhamos as necessariedades da dança, de acordo com a própria necessidade humana, na presente pesquisa. Com isso, podemos afirmar que a dança não é somente um fator academista, mas que auxilia e norteia o profissional nos seus objetivos: desenvolvimento sociocultural, sócio afetivo, mas também, integralmente – intelectualmente e corporalmente - diante de novas possibilidades de aprendizados de movimentos, inseridos de acordo com a cultura do indivíduo, do aluno. Isso não se restringe à característica infantil, mas aborda todos os que possam passar pela dança, independente de sua idade, porém, focado na infância, o profissional pode auxiliar as crianças a obterem um desenvolvimento mais complexo de todas as suas capacidades. É de suma importância que os formandos identifiquem essas questões quando realizam o curso de Educação Física. Não há motivo para exclusão de atividades diversas, mas sim, ao menos um trabalho consciente e conjunto que possa realmente interferir na vida da criança, de uma forma positiva, que o faça raciocinar sobre o movimento, que o auxilie nos aprendizados motores, intelectuais, e na consciência corporal. A dança educação visa à sensibilidade, a inteligência corpórea – com isso, a percepção básica dessa consciência corpórea-, a ludicidade, o sentido do movimentar-se, aprendizado e ampliação de movimentos. Tudo pode ser trabalhado, abordado com a dança, com os aspectos conceituais, os procedimentais e atitudinais. A educação física não visa o lazer. É a questão do aprendizado do próprio corpo, reconhecimento deste, para que o indivíduo não se prive numa questão somente intelectual. A movimentação auxilia no processo criativo. Abordado no capítulo 3.2 do presente estudo, neurônios são produzidos de acordo com essas novas movimentações (FERREIRA 2005 apud FERNANDES 2009), e com isso, a criatividade é influenciada, a capacidade de resolução de

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problemas aumenta, o aluno pode se tornar um adulto com capacidades inúmeras para lidar com diversas situações, positivamente, que venham a interferir no seu dia a dia. Com a dança educação, o gesto pode deixar de ser mecânico, sem emoção. E a emoção existe para o homem, assim como o homem para a dança, de acordo com Nanni (2002). Baseado nisso, a dança é parte do homem. Se ele está triste, ele expressa de alguma forma. Se ele está feliz, ele dança. Atividades Rítmicas e expressivas, bloco de conteúdo dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o qual a dança se encaixa, mas a interdisciplinaridade é um fator atual, e pode ser utilizada unida à Cultura Corporal de Movimento, realizando inserções de modalidades da área, diferenciadas. Trabalhado isso, os alunos poderão se tornar sensíveis ao próprio corpo, com uma inteligência maior às suas atitudes, sentimentos, e consciente de valores éticos, morais, inclusos na sociedade, além da inteligência múltipla com chances do desenvolvimento integral.

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