UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO TOCANTINS- CAMETÁ FACULDADE DE LINGUAGEM
LUCIANA LOPES TAVARES
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A ORALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ- PARÁ
Cametá- Pará Janeiro de 2015
LUCIANA LOPES TAVARES
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A ORALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ- PARÁ
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Letras Língua Portuguesa do campus Universitário do Tocantins- Cametá- UFPA-, como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura pleno em Letras (Habilitação em Língua Portuguesa) Universidade Federal do Pará.
Orientadora: Profª MSc. Helane de Fátima Gomes Fernandes
Cametá- Pará Janeiro de 2015
LUCIANA LOPES TAVARES
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: A ORALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ- PARÁ
Trabalho de conclusão de curso aprovado em nota _____ como requisito parcial para obtenção de grau de licenciado (a) em Letras (Habilitação em Língua Portuguesa). Julgado pela banca Examinadora formada pelos professores.
Aprovada em _____ de ___________________ de ________. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________________ Profª. MSc. Helane de Fátima Gomes Fernandes, UFPA (Presidente- orientador)
________________________________________________________ Profª. Dr. Odete da Cruz Mendes
(Membro)
Cametá, janeiro de 2015.
AGRADECIMENTOS Foram muitos que me ajudaram a chegar até aqui, a todos meus sinceros agradecimentos, A Deus, pelo dom da vida, saúde e força, principalmente nos momentos mais difíceis; À professora MSc. Helane Fernandes pela dedicação prestada durante toda orientação, dando grande contribuição para a realização deste trabalho; Aos meus professores do curso de Letras, por todo ensinamento pelas críticas e imensamente contribuições para minha formação e principalmente pela profissional em que me transformei obrigada pela arte de ensinar que me fez cada vez mais segui nesta profissão. Aos, meus pais Sr. Domingos de Castro Lopes e a Sra. Lucinede Magno Lopes, pelas palavras de encorajamento, e por terem creditado que chegaria aonde chegue, por terem me ajudado nos momentos em que eu mesma pensei que não conseguiria, deixo meu imensamente obrigada pois, sem meu pai não poderia me dedicar diariamente aos estudos e a minha mãe fico até sem palavras, pois a lágrimas rolam no rosto e travam toda e qualquer forma de carinho e de agradecimento que poderia oferecer a minha mãe, pessoa que diariamente e incansavelmente contribuiu para minha formação durante esses quatro anos, essa vitória também é sua; Ao meu esposo Denison Tavares, por todo apoio e compreensão, pelo carinho, por me motivar e por me amar, por ter estado ao meu lado sempre, por ter me escolhido como esposa, e principalmente por me dar o maior presente o de ser mãe. Aos meus irmãos Leidy Dayana, Lana Paula e Diego pelos momentos de alegrias vividos e principalmente por sempre acreditarem em mim por estarem ao meu lado e por nunca terem desistido durante essa árdua caminhada; Aos amigos que tive a oportunidade de conhecer e está compartilhando conhecimento durante os quatro anos do curso, Paloma, Glaucileny, Mª Valdinélia e José Wilson, com vocês vivi momentos alegres, tristes, mas que foram e serão momentos jamais esquecidos. Que nossa amizade continue duradoura e que ultrapasse os murros da universidade a vocês meu muito obrigada.
DEDICATÓRIA
Dedico este estudo: Ao meu pai Domingos Lopes ; À minha mãe Lucinede Lopes ; Aos meus irmãos Leidy, Lana e Diego Lopes; Ao meu esposo Denison Tavares e ao meu filho Daniel.
EPÍGRAFE
“A língua, a palavra, são quase tudo vida de um homem” (Bakhtin)
RESUMO: Este estudo buscou descobrir se as práticas educativas para ensinar a Língua Portuguesa no ensino fundamental e médio das escolas públicas do município de Cametá – Pará valorizam o trabalho com a oralidade, possibilitando o desenvolvimento das competências comunicativas dos alunos. Para isso apresentamos como objetivo geral do trabalho compreender como se dá o tratamento da oralidade nas aulas de língua portuguesa no ensino fundamental e médio. O método utilizado para a investigação foi predominantemente pesquisa de campo, feita por meio da convivência no espaço de estudo e aplicação de questionários e entrevistas para obtermos respostas necessárias. Tudo isso relacionado aos estudos teóricos sobre oralidade em que foi lido CASTILHO, (1998); DOLZ e SCHNEUWLY, (2004); FÀVERO, (2005); MARCUSCHI, (1998), (2002), (2004); NUNES, (2006); RAMOS, (1997) e nas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 1998). No que se refere aos resultados, após a análise das observações e entrevistas, obtivemos como respostas as nossas indagações que o ensino de Língua Portuguesa ainda não valoriza como deveria as práticas educativas voltadas para o ensino de oralidade em sala de aula. Não possibilitando ao aluno o desenvolvimento das suas capacidades de expressão oral. Levando a escrita a continuar responsável por carregar consigo toda a tradição do ensino de Língua Portuguesa.
PALAVRAS- CHAVE: Ensino- aprendizagem de Língua Portuguesa. Oralidade. Ensino Fundamental e Médio.
ABSTRACT: This study sought to discover whether the educational practices to teach the Portuguese language in primary and secondary public schools in the city of Cameta - Para value the work with orality , enabling the development of communication skills of the students. For this we present the general objective of our work Understanding how is the treatment of orality in the Portuguese language classes in elementary and high school. The method used for the research was predominantly search field , made by living in the study of space and questionnaires and interviews to obtain necessary answers . All this is related to theoretical studies on oral CASTILHO that has been read (1998 ); DOLZ and SCHNEUWLY (2004 ); Favero , (1999); Marcuschi (1998 ) (2002) (2004); Nunes , (2006) RAMOS (1997 ); SCHNEUWLY (2004 ); and proposals of the National Curricular Parameters for Portuguese Language . Elementary school (MEC , 1998). With regard to the results , after analyzing the observations and interviews , we obtained as answers to our questions that the Portuguese language teaching should not valued as educational practices focused on the oral teaching in the classroom. Failing , enable the student to develop their capacities for oral expression . Taking writing to remain responsible for carrying with them all the tradition of teaching Portuguese.
KEY WORDS: Teaching and learning Portuguese. Orality . Primary or Secondary Education
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Gêneros privilegiados para a prática de escuta e leitura de textos.................21
TABELA 2- Meios não linguísticos da comunicação oral...........................................22
TABELA 3- Recursos não verbais................................................................................23
TABELA 4- Dados realizados com a pesquisa de EALP I..........................................30
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11 CAPITULO I ................................................................................................................ 13 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 13 1.1.
Principais autores que discutem oralidade........................................................... 13
1.2.O que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa sobre ensino de língua, oralidade e escolarização dos gêneros orais. ...................................... 14 a-
Ensino de língua ...................................................................................................... 14
b- Oralidade ................................................................................................................. 15 1.3. c-
Escolarização dos gêneros orais .......................................................................... 19 Gêneros orais na escola ........................................................................................... 20
CAPITULO II ............................................................................................................... 24 METODOLOGIA........................................................................................................... 25 2.1. Tipo de estudo ......................................................................................................... 25 2.2. Instrumentos e procedimentos ................................................................................. 26 2.3. Critérios de inclusão e exclusão .............................................................................. 27 2.4. Tempo de estudo ...................................................................................................... 27 2.5. Cenário da pesquisa ............................................................................................... 28 Escola do Ensino Fundamental: .............................................................................. 28 Escola do Ensino Médio:......................................................................................... 28 2.6. Participantes ............................................................................................................ 29 2.7. Análise dos dados .................................................................................................... 30 CAPITULO III ............................................................................................................. 31 Resultados, análises e discussão. .................................................................................... 32 3.1- Dados obtidos .......................................................................................................... 32 3.2 Entrevistas com professores do ensino médio .......................................................... 34 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41 5- REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 43 6- APÊNDICES ............................................................................................................. 45
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1- INTRODUÇÃO Os estudos realizados neste trabalho discutem o ensino de Língua Portuguesa voltado para o espaço e o tratamento dado a oralidade no ensino fundamental e médio de escolas públicas no município de Cametá- Pará. Entendemos que a linguagem oral define o homem como um ser único dentro do reino animal. Sendo pela linguagem oral e as demais formas de comunicação que o homem comunica-se e expressa suas ideias, emoções e opiniões, partilha de conhecimentos e principalmente interage com o mundo. Desse modo, a linguagem torna-se também uma poderosa ferramenta para toda e qualquer socialização para transmissão ou não de conhecimento, seja ela oral ou escrita. Justifica-se esse estudo, devido se perceber durante pesquisas nas aulas de língua portuguesa do ensino fundamental e médio, o espaço reduzido ao ensino e prática de oralidade. Sendo que este resultado foi obtido através de pesquisas realizadas nas disciplinas de ensino e aprendizagem do português I e II, sendo possível vivenciar no âmbito das aulas de Língua Portuguesa e a partir de questionários e entrevistas com professores. Diante desse contexto, acreditamos que esse estudo seja de grande relevância, tanto para o professor quanto para o aluno para poder refletir, pois o que nós nos questionávamos antes da pesquisa era: será que as práticas educativas valorizam o ensino da oralidade, possibilitando aos estudantes o desenvolvimento de suas capacidades de expressão oral?. Com isso, podemos levar aos professores propostas de como desenvolver trabalhos mediados pela oralidade e dessa forma, poder contribuir para o aprendizado do aluno. Temos como objetivo geral Compreender como se dá o tratamento da oralidade nas aulas de língua portuguesa no ensino fundamental e médio. Em termos mais específicos, objetiva-se: Compreender teoricamente como os estudiosos propõem o ensino e prática da oralidade no contexto da sala de aula. Participar no âmbito da escola, a fim de perceber como se apresentam as práticas educativas para o ensino do oral. Analisar a partir da pesquisa de campo como vem sendo introduzida oralidade nas aulas de língua portuguesa e como esta é considerada levando em consideração o conceito e uso. Mostrar a importância e prática do ensino e aprendizagem de oralidade nas aulas de língua portuguesa, que se estende para além do âmbito da escola.
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No primeiro capítulo, apresentamos os pressupostos teóricos que envolvem estudos a cerca de oralidade, seu conceito e suas principais características, a partir de estudos de CASTILHO, (1998); DOLZ e SCHNEUWLY, (2004); FÀVERO, (2005); MARCUSCHI, (1998), (2002), (2004); NUNES, (2006) RAMOS, (1997) e nas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (MEC, 1998). No segundo capítulo, mostraremos os passos que foram necessários para a realização desse estudo, sendo a metodologia dividida em sete etapas: tipo de estudo, instrumentos e procedimentos, critérios de inclusão e exclusão, tempo de estudo, cenário da pesquisa, participante e análises dos dados. No terceiro capítulo, trataremos dos resultados, análises e discursão que conseguimos obter durante a pesquisa apresentando possíveis propostas para o trabalho com a oralidade em sala de aula. Por fim, concluímos este estudo com as considerações finais.
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CAPITULO I REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Principais autores que discutem oralidade
É inegável a existência de avanços ocorridos no ensino de oralidade e sobre o próprio conceito do que vem a ser oralidade. Seja em estudos de diferentes pesquisadores como: Castilho, (1998); Dolz e Schneuwly, (2004); Fàvero, (2005); Marcuschi, (1998), (2002), (2004); Nunes, (2006); Ramos, (1999); entre outros, seja também nas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. (MEC, 1998). Marcuschi (2003) conceitua oralidade como:
Uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais, fundados na realidade sonora, ela vai desde uma realização mais formal, a uma mais informal nos mais variados contextos de uso. (2003, p. 25)
Nesse fragmento, Marcuschi nos mostra que a oralidade está inserida no nosso dia a dia, apresentando-se sob variadas formas ou gêneros. Acreditando-se que, ser competente comunicativamente significa também saber usar adequadamente a língua na modalidade oral, considerando que as diversas situações de comunicação irão exigir um determinando comportamento, e mudando dependendo dos interlocutores e contextos de uso. Por isso, Nunes (2006), enfatiza a importância da oralidade:
A oralidade é sem dúvida a mais importante forma empregada pelo homem quando ele se expressa em sociedade, quer como propósito de estabelecer contato com o outro, quer a fim de se manifestar ante a questões pertinentes aos relacionamentos humanos. (2006, p. 12).
Pode-se entender a partir da citação de Nunes, que a forma de comunicação expressada pelo homem na sociedade é uma relação em que ambos os interlocutores adaptam seu diálogo as necessidades do outro. Para Nunes (2006 apud GAMA, 2010) “A transmissão oral dos saberes de um povo ocorre, em primeira instância, por meio da
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interação humana, logo, a fala como expressão da oralidade consiste em uma atividade eminentemente social, devido ao seu caráter interativo”. Podemos dizer ainda que, a interação humana pode ser responsável por inúmeras alterações em contextos comunicacionais, como uma forma de processo circular, em que cada ação determina um retorno de um falante para o outro, ou para os demais sujeitos da ação. Daí a importância de compreensão da oralidade como prática social. Porém, Marcuschi (2003, p.26) nos alerta que, “não se deve confundir a oralidade [que são práticas sociais] com a fala [que é uma modalidade de uso da língua], como obstáculo para o pleno desenvolvimento da habilidade oral”. Para este autor oralidade é uma prática social usada para transmitir informação sendo que, quando usada é necessário adequá-la a situação. No entanto, quando comparada à fala existe diferença entre si, pois a fala é uma forma de usar a língua a qual se constitui de duas modalidades uma para o oral e outra para a escrita.
1.2. O que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa sobre ensino de língua, oralidade e escolarização dos gêneros orais.
É importante tratar os princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa do ensino fundamental (doravante PCNs BRASIL, 1998) que se referem ao ensino de língua, oralidade e escolarização dos gêneros orais como o primeiro passo, para a compreensão da importância dessa modalidade da língua na escola. a- Ensino de língua
Do ponto de vista teórico, os PCNs (BRASIL, 1998) adotam a concepção de língua na perspectiva da interação humana e define língua como: Um sistema de signos específico, histórico e social, que possibilita a homens e mulheres significar o mundo e a sociedade. Aprendê-la é aprender não somente palavras e saber combiná-las em expressões complexas, mas apreender pragmaticamente seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. (BRASIL, 1988, p. 20).
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Língua seria para os PCNs (BRASIL, 1998) a forma pela qual os homens conseguem entender a si mesmo e interagir uns com os outros em uma determinada sociedade. Mostraremos agora os fatores que permitiram segundo os PCNs (BRASIL, 1998, p. 17) a emersão de um corpo relativamente coeso de reflexões sobre as finalidades e os conteúdos do ensino de língua materna, o qual ainda é bastante criticado pelos PCNs, por:
A desconsideração da realidade e dos interesses dos alunos;
A excessiva escolarização das atividades de leitura e de produção de texto;
O uso do texto como expediente para ensinar valores morais e como pretexto para o tratamento de aspectos gramaticais;
A excessiva valorização da gramática normativa e a insistência nas regras de exceção, com o consequente preconceito contra as formas de oralidade e as variedades não-padrão;
O ensino descontextualizado da metalinguagem, normalmente associado a exercícios mecânicos de identificação de fragmentos linguísticos em frases soltas;
A apresentação de uma teoria gramatical inconsistente – uma espécie de gramática tradicional mitigada e facilitada.
É necessário segundo os PCNs (BRASIL, 1998) refletirmos sobre os conteúdos para o ensino de Língua Portuguesa, pois estes precisam ser relacionados com a realidade vivenciada pelos alunos, e que os textos usados em sala de aula busquem sobretudo ensinar valores aos alunos e não um pretexto para se trabalhar elementos gramaticas ou apenas leitura e escrita.
b- Oralidade Os princípios dos PCNs (BRASIL, 1998) que se referem ao ensino de Língua Portuguesa quando se trata de oralidade e prática de oralidade, propõem que o conteúdo de Língua Portuguesa seja articulado por meio de dois eixos considerados básicos, como: o uso das modalidades da língua oral e escrita e a reflexão a respeito da língua e linguagem, propondo-se uma perspectiva de “uso-reflexão-uso”.
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As propostas dos PCNs (BRASIL, 1998) em relação ao trabalho com a oralidade apontam para:
O texto oral e escrito deve ser a unidade básica para o ensino de língua materna;
A atividade de ensino da língua deve concentrar-se na produção de textos orais e escritos e na escuta de textos orais e compreensão de textos escritos em seus mais diversos aspectos e gêneros;
A linguagem tem de ser compreendida em seu aspecto interlocutivo ou dialógico, quando se trata de produção de textos orais;
O contexto interacional escolar deve concorrer para que o aluno seja um usuário competente da linguagem e capaz de adequá-la em instância pública dialógica diversificada e complexa, a qual envolve inúmeras situações do exercício da cidadania sujeitas a avaliações.
A escola deve assumir para si a tarefa de promover a aprendizagem de procedimentos apropriados de fala e de escuta de textos orais em contextos públicos dos mais variados.
Essa sumarização nos permite esclarecer que o texto como unidade de ensino de língua não deve partir de segmentos descontextualizados, pois, para que a língua seja usada adequadamente é preciso que o falante esteja inserido em um determinado ambiente, o qual irá ser o responsável pela forma em que será usada a língua na modalidade oral. Em acordo com estas ideias, os PCNs (BRASIL, 1998, P 56) afirmam que:
A linguagem oral deve ser trabalhada na escola no interior de atividades significativas, como: debates, seminários, realização de entrevistas, dramatização de textos teatrais, simulação de programas de rádio e televisão, de discursos políticos, defesa de opiniões, pois mediante elas.
É possível dar sentido e função ao trabalho com a oralidade em seus mais amplos aspectos, tais como: entonação, dicção, gestos e postura que, no caso da linguagem oral, tem papel complementar para conferir sentido à mensagem e desempenhar sua competência discursiva (falar, escutar, ler e escrever) nas diversas situações de interação.
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Para os PCNs (BRASIL, 1998), “[...] a questão não é de correção da forma, mas de sua adequação às circunstâncias de uso, ou seja, de utilização eficaz da linguagem: falar bem é falar adequadamente, é produzir o efeito pretendido”. Diante do exposto, o referido documento propõe objetivos bem definidos para o trabalho com a oralidade, apontando práticas de escuta e produção de textos orais e um tratamento didático dos conteúdos. Entre os objetivos gerais dos PCNs (BRASIL, 1998) existe, Utilizar a linguagem na escuta e produção de textos orais e na leitura e produção de textos escritos de modo as atender a múltiplas demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos, e considerar as diferentes condições de produção do discurso. (1988, p. 32)
Entender a oralidade como uma prática social, quando usada no âmbito escolar, irá depender da situação em que o aluno se apresenta e o meio social frequentado por este, é conseguir alcançar um dos objetivos de trabalho com a oralidade. Além do objetivo de ensino de oralidade, os PCNs (BRASIL, 1998) propõem como resultado do trabalho com a oralidade que não deixaria de ser um objetivo de ensino de Língua Portuguesa “que o aluno planeje a fala pública usando a linguagem escrita em função das exigências da situação e dos objetivos estabelecidos”. (BRASIL, 1988, p. 51). Para que essa meta aconteça é preciso que, o aluno consiga identificar que cada situação exige dele enquanto falante da Língua Portuguesa uma maneira adequada de uso, principalmente as que são em público, para isso o aluno contará com a organização das falas na escrita, para que, facilite sua compreensão durante a realização da oralidade. Magalhães (2006) assinala que, nas últimas décadas, no tocante estudo da língua falada, tivemos avanços, embora se tenha desestabilizado a tradição escolar, a começar pelo discurso oficial com os PCNs, (BRASIL, 1998) que apontam a necessidade do desenvolvimento da língua oral na escola, à medida que os alunos forem avaliados na hora de responder a diferentes exigências de fala e de adequação às características próprias de gêneros orais diferentes. Assim, diz o documento:
18 Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral não significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apoiam a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo.” (PCNs, BRASIL, 1998, p. 67).
Cabe à escola ampliar as possibilidades de conhecimento de uma linguagem mais formal e contextualizada, para que o aluno consiga perceber o quanto é importante possuir um “certo domínio” da oralidade, principalmente em esferas sociais públicas que este estiver inserido. Sendo que o trabalho com a oralidade em sala de aula significa, também, desenvolver no aluno maneiras de usar os gêneros textuais que estão em todos os contextos de uso tanto formal quanto informal, escolar e público. Os PCNs (BRASIL, 1998) afirmam que “a escola deve preparar o aluno para ele utilizar a linguagem oral no planejamento, em apresentações públicas, como entrevistas, debates, seminários e apresentações teatrais” entre outros, propondo, situações em que essas atividades façam sentido, envolvendo, além do mais, regras de comportamento social. Além dos princípios que regem os PCNs (BRASIL, 1998) como objetivos, estratégias e sugestões de abordagem embasados na diversidade de gêneros do oral e nas situações de uso público da fala. Propõem-se também, práticas pedagógicas que organizem as exigências de formalização e de usos planejados da fala, a partir do conceito de gêneros do discurso. O fragmento abaixo exemplifica o papel atribuído à escola para o ensino da oralidade (PCNS, BRASIL, 1998, p. 25):
[...] cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral no planejamento e realização de apresentações públicas: realização de entrevistas, debates, seminários, apresentações teatrais etc. Trata-se de propor situações didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato, pois é descabido treinar um nível mais formal da fala, tomado como mais apropriado para todas as situações. A aprendizagem de procedimentos apropriados de fala e de escuta, em contextos públicos, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para si a tarefa de promove- la.
A escola precisa ensinar ao aluno a adequação da língua falada e maneiras de utilizar a oralidade em esferas públicas como em entrevistas, palestras, debates dente
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outros. Usando formas didáticas para que o aluno possa sentir interesse e perceba a importância da atividade. Os documentos oficiais orientam as escolas para focarem os gêneros orais públicos Os PCNs (Brasil, 1998, p 55) apresentam um quadro com os gêneros privilegiados para a prática da escuta: “[...] literários, de imprensa, de divulgação científica e publicidade.” Avançam sugerindo atividades com esses gêneros, a exemplo da “escuta de textos orais”. Para contribuírem no ensino da linguagem oral na escola, os PCNs (BRASIL, 1998) apresentam as atividades de leitura e produção de textos orais como modelo para atender as diversas demandas sociais, além de responder a propósitos diferentes comunicativos e expressivos e, ainda, considerar as condições diferentes de produção do discurso.
1.3. Escolarização dos gêneros orais
A noção de gênero tomada nesse trabalho é o da teoria Bakhtiana. Esta conceitua os gêneros como “formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura que se caracterizam devidos a elementos relacionados ao conteúdo temático, estilo e construção composicional” (BAKHTIN, 2000, p. 99). Os gêneros existem em uma quantidade quase infinita, é claro que variam dependendo de época, cultura e principalmente de finalidade social. Os PCNs (BRASIL, 1988, p. 24) explicitam que, “mesmo que a escola se impusesse a tarefa de tratar de todos, isso não seria possível”. Dessa forma, existem vários conceitos referente a gêneros textuais, que acontece, devido ás praticas sociais, apresentarem a todo momento um gênero novo para uma dada interação, o que favorece cada vez mais o surgimento de novos gêneros. Bakhtin (2000 apud, GAMA 2010, p 279).
A riqueza e a variedade dos gêneros são infinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade comporta um repertorio de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa.
Para os PCNs, (BRASIL, 1998, p.21) O discurso manifesta-se por meio de textos orais ou escritos, sendo o texto, “uma sequência verbal constituída por um
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conjunto de relações que se estabelecem a partir da coesão e da coerência”. O discurso sempre se relacionará com os que já aconteceram nunca se manifestará no vazio. “Como os textos são resultados do discurso, estes por sua vez, estão sempre relacionando uns com os outros ocorrendo à intertextualidade”. Sendo que, em cada discurso usamos uma forma de gênero tanto oral quando escrito. E como cada texto se relaciona por meio de um determinado gênero, levando em consideração sua função comunicativa, e social. Os PCNs (BRASIL, 1998, p. 21) afirmam que, “Os gêneros são, portanto, determinados historicamente, constituindo formas relativamente estáveis de enunciados, disponíveis na cultura”. São caracterizados por três elementos:
Conteúdo temático: o que é ou pode tornar-se dizível por meio do gênero;
Construção composicional: estrutura particular dos textos pertencentes ao gênero; Estilo: configurações específicas das unidades de linguagem derivadas, sobretudo, da posição enunciativa do locutor; conjuntos particulares de sequências que compõem o texto etc.
c- Gêneros orais na escola
Os mais recentes estudos acerca dos gêneros nos revelam o aumento considerável de estudos sobre o tratamento de gêneros orais. Partindo das considerações de Bakhtin (2000), analisando e reelaborando esses estudos apresentando como enfoque a sala de aula, muitos pesquisadores, vem ampliando o conhecimento científico nessa área. O gênero passa a ser reconhecido como instrumento ou como Dolz et al. (2004) afirmam: “megainstrumentos, que concedem aos alunos a ampliação das capacidades de comunicação”. Os PCNs (BRASIL, 1998) apontam que um dos conteúdos de ensino de Língua Portuguesa são os gêneros orais, em que se espera que, a escuta dos textos orais seja responsável segundo os PCNs (BRASIL, 1988, p 55) pela:
Compreensão dos gêneros do oral previstos para os ciclos articulando elementos linguísticos a outros de natureza não-verbal;
Identificação de marcas discursivas para o reconhecimento de intenções, valores, preconceitos veiculados no discurso;
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Emprego de estratégias de registro e documentação escrita na compreensão de textos orais, quando necessário;
Identificação das formas particulares dos gêneros literários do oral que se distinguem do falar cotidiano.
A partir dos conteúdos de ensino os PCNs (BRASIL, 1998) apresentam uma tabela que organiza os gêneros privilegiados para o trabalho em sala de aula com leitura e escuta de textos. Tabela 1: Gêneros privilegiados para a prática de escuta e leitura de textos Linguagem oral LITERÁRIOS:
Linguagem escrita
DE IMPRENSA
Cordel, causos LITERÁRIOS: e Similares; Texto dramático; Canção.
Conto; Novela; Romance; Crônica; Poema; Texto dramático;
Comentário Radiofônico; Entrevista; Debate; Depoimento.
Notícia; Editorial; Artigo; Reportagem; Carta do leitor; Entrevista; Charge; Tira;
DE IMPRENSA
DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Exposição; Seminário; Debate; Palestra;
DE DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA
PUBLICIDADE
Propaganda.
PUBLICIDADE
Verbete enciclopédic o (nota/artigo); Relatório de experiências; Didático (textos, Enunciados de questões); artigo;
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Fonte: PCNs (BRASIL,
Propaganda.
1988).
Ensinar a língua na modalidade oral para os alunos é ensinar a desenvolver as práticas necessárias para a utilização dos diversos gêneros orais que estão inseridos no âmbito da sala de aula e fora dela. Haja vista que, para os PCNs (BRASIL, 1988, p. 68),
Já que os alunos têm menos acesso a esses gêneros nos usos espontâneos da linguagem oral, é fundamental desenvolver, na escola, uma série de atividades de escuta orientada, que possibilitem a eles construir, progressivamente, modelos apropriados ao uso do oral nas circunstâncias previstas.
Apresentar novos gêneros aos alunos é uma forma de prepará-los para saber usar adequadamente cada situação de comunicação, levando em consideração a especificidade do gênero usado. Sobre isso, os PCNs, (BRASIL, 1988, p. 74, 75) nos mostra alguns exemplos: Elaboração de esquemas para planejar previamente a exposição; O professor pode organizar em um cartaz as etapas de apresentação de um seminário, por exemplo, colocando os passos necessários para uma boa apresentação desde o momento de apresentação inicial até os agradecimentos. Como uma forma de fazer o aluno. Preparação de cartazes ou transparências para assegurar melhor controle da própria fala durante a exposição; Logo com o cartaz de etapas de elaboração esses cartazes iram ajudar os alunos durante as apresentações em sala de aula, garantindo mais segurança no ato da apresentação. Elaboração de roteiros para realização de entrevistas ou encenação de jogos dramáticos improvisados;
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Uma outra forma de ajudar os aluno em outras atividades de oralidade é a elaboração de roteiros, pois estes são indispensáveis durante uma entrevista por exemplo Preparação prévia de leitura expressiva de textos dramáticos ou poéticos; Os alunos precisam se organizar sempre antes das apresentações por isso, é preciso que façam leituras de forma, mas expressiva, como se estivessem na frente da plateia. Memorização de textos dramáticos ou poéticos a serem apresentados publicamente sem apoio escrito. Por fim, a memorização da apresentação, que nesse momento é muito importante, pois se trata de uma encenação e cabe ao aluno memorizar sua fala para que a exposição tenha sempre um sentido real naquele momento da apresentação.
A elaboração de esquemas de aprendizagem dos gêneros por meio de cartazes, pequenas apresentações teatrais entre outras são variadas formas que ajudam na aprendizagem da função dos gêneros dentro ou fora do ambiente escolar pelo aluno.
Além dos exemplos mostrados na tabela, temos também como exemplos de gêneros orais que usamos em esferas sociais diversificadas: seminário, debate, entrevista etc. Não podemos esquecer que os gêneros orais apresentam características muito importantes como os recursos paralinguísticos e extralinguísticos, sendo assim, Dolz & Schneuwly (2004, p. 160) organizam e citam da seguinte maneira estes recursos.
Tabela 2: meios não linguísticos da comunicação oral Meios
Meios
Posição de
Aspecto
Disposição de
Paralinguísticos cinésicos
locutores
exterior
lugares
Qualidade de
Atitudes
Ocupação de
Roupas;
Lugares;
voz;
corporais;
lugares;
Disfarces;
Ocupação.
Melodia;
Movimentos;
Espaço
Penteados;
Elocução de
Gestos;
pessoal;
Óculos;
pausa;
Troca de
Distância;
Limpeza.
Respiração.
olhares;
Contato físico.
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Risos;
Mimicas
Suspiros.
faciais.
Fonte: DOLZ e SCHNEUWLY, (2004)
Tabela 3: Recursos não- verbais Paralinguagem
Cinésia
Proscêmica
Tacênica
silêncio
Sons emitidos
Gestos;
A distância
O uso de
A ausência de
pelo aparelho
Postura;
mantida entre
toques durante
construções
fonador, mas
Expressão
os
a interação.
linguísticas de
que não fazem
facial;
interlocutores.
parte do sistema Olhar; sonoro da
recursos da paralinguagem.
Risos.
língua usada.
Fonte: STEINBERG, (1988)
Com a apresentação dos quadros acima podemos constatar que para que a oralidade aconteça é necessário uma série de fatores, sejam eles linguísticos ou não linguísticos, paralinguísticos, cinésicos entre outros que estão entrelaçados ao ato da comunicação. Sendo a oralidade uma modalidade da língua extremamente rica quanto a seus aspectos ensináveis, podendo ser facilmente trabalhada em sala de aula.
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CAPITULO II METODOLOGIA
2.1. Tipo de estudo Esta pesquisa teve origem durante a realização das disciplinas de ensino aprendizagem I e II (doravante EALP I e II), nos períodos de 03 de junho a 02 de julho de 2013 (1ª etapa) e 26 a 23 de junho de 2014 (2ª etapa) disciplinas realizadas na turma de Letras Língua Portuguesa 2011 UFPA campus Cametá, ministradas pela professora MSc. Helane de Fátima Gomes Fernandes. As disciplinas tinham como objetivo construir a interação entre pesquisa e ensino, apresentando como objetivos específicos na primeira etapa: alimentar atitudes emancipatórias, formando sujeitos com autonomia responsáveis pela construção de seus conhecimentos; Confirmar que existe o diálogo entre teoria e prática; Verificar a existência ou não de um “professor suposto” (presente nas reflexões teóricas) e “um professor real” (o que vive o cotidiano da sala de aula), nas escolas da rede pública de ensino do Município de Cametá. Na segunda etapa de investigação, os objetivos específicos eram de: observar o cotidiano escolar; investigar sobre a concepção social de ensino de língua materna; analisar questões relativas a ensino da leitura, da oralidade e da escrita enfatizando relevância social dessas práticas; promover uma reflexão sobre as exigências atuais e contextuais para o ensino de língua. Diante disso, nos baseamos somente nos objetivos da segunda pesquisa das disciplinas de EALP I e II que fossem voltadas para a modalidade oral da língua para a realização do nosso estudo, que se propõem em investigar e analisar como está sendo realizado o trabalho com a oralidade nas aulas de língua portuguesa no ensino fundamental e médio município de Cametá. Diante disso, é importante que haja uma pesquisa para diagnosticar o ensinoaprendizagem de Língua Portuguesa entrelaçado a oralidade que hoje se instaura em sala de aula das escolas públicas, tanto as do ensino fundamental como do ensino médio. Acreditamos que as práticas de oralidade não são apenas uma transmissão de informações de um emissor a um receptor, e sim um lugar de interação humana, em que por meio da linguagem oral os sujeitos conseguem praticar suas ações que não conseguiria se não as falasse e desse modo, o falante passa a desenvolver competências de produção cooperativa em que uma pergunta leva a uma resposta e consequentemente
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a interação só se realiza quando o receptor consegue compreender a mensagem, que muitas vezes está relacionada com sua vivência social dentro e fora da escola. Assim, analisamos o âmbito da sala de aula do ensino fundamental e médio público e entrevistamos professores de Língua Portuguesa que atuam 20 anos no ensino fundamental e médio no município de Cametá. Com isso, entender a pesquisa muitas vezes requer vivenciá-la e participá-la ativamente, como forma de obter conhecimento e experiências que estarão interligadas e inseridas no ensino. Dessa forma (PRODANOV 2013, p. 73) nos diz que é preciso que a “pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: a existência de uma pergunta a que desejamos responder; a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.”. Só completando todas essas etapas é que podemos afirmar que a pesquisa foi realmente realizada
2.2. Instrumentos e procedimentos
Para início da pesquisa, realizamos da fundamentação teórica, lendo principalmente FÀVERO (2005); MARCUSCHI, (1998, 2002, 2004) e as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (MEC, 1998) a fim de desenvolvermos conhecimento teórico para poder realizar a pesquisa. A coleta dos dados foi feita pelo método de pesquisa de campo que, segundo o PRODANOV, (2013, P. 59) é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisálos.
Realizada essa apresentação, o modelo que adotamos é de contato direto entre o pesquisador e a situação que será estudada, logo ir a campo para poder coletar os dados é o momento de inteira dedicação. O interesse da pesquisa foi de investigar a frequência e como está sendo realizado o trabalho com a oralidade em sala de aula.
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Acreditamos que nossa pesquisa foi possível devido se observar o modo como os professores realizam suas aulas e o que os próprios professores dizem sobre as práticas orais e como estas estão sendo apresentadas aos alunos. Como instrumento de coleta de dados, usamos o gravador de áudio do celular. O gravador foi necessário não apenas para ajudar durante a transcrição dos dados coletados, mas também como forma de podermos ter em mão detalhes da entrevista que se não fossem gravados poderiam passar despercebidos.
2.3. Critérios de inclusão e exclusão
No que se refere a selecionar os participantes da pesquisa, optamos por: No primeiro momento da pesquisa, aplicar questionário com professores de Língua Portuguesa, essa etapa contou com a colaboração de 15 profissionais da área. No segundo momento da pesquisa, realizamos entrevistas, no entanto selecionamos apenas duas professoras dos 15 que participaram da primeira etapa. O critério uado nesse momento foi de, selecionar dois professores que realmente quisessem colaborar no processo de coleta de dados e que atuassem no ensino fundamental e médio.
2.4. Tempo de estudo
O tempo de coleta dos dados ocorreram de 03 junho a 03 novembro de 2014, sendo observadas 12 aulas de Língua Portuguesa, 06 no ensino fundamental e 06 no ensino médio. Do ensino fundamental foram analisadas 06 aulas da turma do 9º ano sendo que a professora responsável atua nas turmas do 5º ao 9º ano com a mesma metodologia segundo ela. Do ensino médio foram 06 aulas com as turmas do 1º, 2º e 3º ano, da mesma professora. Todas as aulas tanto do ensino fundamental como as do ensino médio foram de grande importância, pois são realidade e escolas diferentes.
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2.5. Cenário da pesquisa
O cenário da pesquisa foi o espaço a ser estudado logo, a sala de aula assim como a escola passou a ser o local em que a pesquisa passou a se concretizar. Deste modo, duas escolas foram visitadas durante o período da pesquisa. Escolas diferentes em bairros diferentes e com realidades diferentes. Como será descrito a seguir:
Escola do Ensino Fundamental:
A escola do ensino fundamental é localizada na Travessa Floriano Peixoto sem número e atende crianças, adolescentes e adultos nas séries do 1º ao 9º ano nos turnos da manhã, tarde e noite e quatro turmas da EJA também a noite. A escola possui como espaço físico: 13 salas de aula, biblioteca que funciona também como sala de informática, 04 banheiros, secretaria, direção, sala dos professores dois depósitos uma cozinha uma rádio escola e uma sala de leitura. O espaço das aulas em que se desenvolveram as atividades de observação é todo climatizado, com quadro branco, mesas e cadeiras novas. Este espaço é frequentado apenas por alunos do 9º ano, pois as demais salas não são climatizadas e as outras turmas são menores em números de alunos. Os alunos sentam-se em fileiras e o comportamento de todos é de muita agitação: falam muito, mas na maioria das vezes é conversa paralela que acaba de alguma forma atrapalhando o trabalho da professora. Os alunos ocupam os lugares pela ordem de chegada e a professora dá aula de pé, utilizando o livro didático, pincel e apagador para ministrar sua aula. Durante as atividades realizada com a turma a professora sempre está atenta indo de carteira em carteira verificar se os alunos estão produzindo.
Escola do Ensino Médio:
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A escola do ensino médio é localizada na Rua Adilson Machado. Atende jovens e adultos com turma do 1º ao 3º ano nos turnos da manhã, tarde e noite e duas turmas da EJA que funcionam também à noite. A escola possui 08 salas de aula, uma biblioteca que funciona também como sala de informática, copa, quadra para realizar as atividades de educação física, um pequeno auditório, três banheiros uma sala de ciências, secretaria para o uso administrativo, diretoria, sala dos professores e sala da coordenação pedagógica. O espaço das aulas em que se desenvolveram as atividades de observação não são confortáveis, tanto para os alunos como para os professores, pois as paredes são abertas e qualquer barulho atrapalha o professor e tira a atenção dos alunos, a sala possui seis ventiladores . As cadeiras e mesas são novas e ficam todas enfileiradas, por isso é preciso que os alunos cheguem cedo para poder sentar a frente, quem não consegue senta atrás na sala de aula e fica com bastante dificuldades pelo fato da turma ser muito numerosa e o barulho de fora da sala atrapalhar muito. A professora é muito dedicada com os alunos e pontual, mas não suporta segundo ela graças de aluno desinteressado em sua aula. Suas aulas são todas baseadas no livro didático e poucas vezes fica de pé sempre dá sua aula sentada e o contado com os aluno é bem restrito.
2.6. Participantes
Nesse momento é necessário que descrevamos as pessoas que contribuíram para a realização da pesquisa. Assim como a escola é um importante cenário dentro da pesquisa os professores de Língua Portuguesa foram também de grande importância para obtermos as informações necessárias para esse estudo. A professora observada do ensino fundamental atua também no ensino médio das escolas públicas do município de Cametá possui formação em Letras Língua Portuguesa. Já trabalha a quase 20 anos como professora no ensino fundamental. Sua postura em sala de aula é de companheirismo com os alunos e dedicação com o trabalho. Durante as observações em sala e as entrevista ela se mostrou prestativa e
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disposta a contribuir para a pesquisa. Foi aluna do ensino fundamental e médio de escola particular e vê a realidade das escolas públicas de modo a querer intervir como professora. Quanto á professora do ensino médio que também atua no ensino fundamental possui um curriculum respeitado e reconhecido no município de Cametá, é formada em letras Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará- Belém, Pós- graduada também pela UFPA. Contribuiu imensamente para a pesquisa nos ajudando e mostrando a realidade do ensino médio público. Já atua a quase 20 anos como professora de Língua Portuguesa na escola que foi investigada.
2.7. Análise dos dados
Nas coletas realizadas nas disciplinas de EALP I e II, investigamos sobre diferentes problemas, nesta pesquisa, utilizaremos apenas os dados obtidos no segundo passo da de investigação, no que se refere à oralidade, portanto não utilizaremos todos os dados coletados. Abaixo segue uma descrição dessa etapa:
No primeiro momento foram realizados questionários com 15 professores de Língua Portuguesa, após esse passo entrevistamos apenas duas professoras que trabalham em sala de aula do fundamental e do médio. Nossa entrevista girou em torno de questões de oralidade, fomos em busca de saber com as professoras questões centrais conforme roteiro no apêndice 1 deste trabalho.
Agora apresentaremos a tabela com os dados usados na investigação como os 15 professores que se apresenta por: temas investigados, número de participantes, frequência em que cada um dos temas são trabalhados em sala de aula e como se trabalha cada um deles.
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Tabela 4: Dados realizados com a pesquisa de EALP I Temas
Numero de
Frequência em
Como trabalha
investigados
participantes
sala de aula
Escrita
15
Não tem
Diversidade de
regularidade (12)
gêneros (9)
Todo dia (1)
Como tá no livro (6)
ORALIDADE
Não tem
Não conseguiram
regularidade (14)
responder
Todo dia (1) Leitura
Não tem
Diversidade de
regularidade (7)
gêneros (9)
Todo dia (5)
Planejamento
Uma vez por
próprio (4)
semana (3)
Como tá no livro (2)
Gramática
Não tem
Diversidade de
regularidade (6)
gêneros (12)
Todo dia (7)
Planejamento
Uma vez por
próprio (4)
semana (2) Fonte: turma de letras Língua Portuguesa 2011- UFPA Cametá
Usamos para a realização da pesquisa quatro temas como nos é apresentado na tabela, entretanto, vamos tratar apenas da oralidade. Essa tabela apresenta os dados da pesquisa feita por meio de perguntas realizadas com 15 professores. Além dos questionários de investigação usamos como material de estudo entrevistas com duas professores de língua Portuguesa, como já apresentamos no momento de tratar da inclusão e exclusão dos participantes da pesquisa.
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CAPITULO III Resultados, análises e discussão. 3.1- Dados obtidos
Apresentamos os resultados dos questionários em forma de gráfico que trata da frequência de atividades desenvolvidas em sala de aula sobe os temas: Escrita, Oralidade, leitura e gramática. A tabela com os dados da pesquisa foi apresentada no capítulo II desse trabalho.
Gráfico 1 - Frequência de atividades desenvolvidas em sala de aula escrita
oralidade
leitura
gramática
14% 41%
4%
41%
Fonte: turma de letras Língua Portuguesa 2011- UFPA Cametá
Com a leitura do gráfico podemos descrever que: Dos 15 professores de língua portuguesa que foram entrevistados 14 disseram que não trabalham com a oralidade em sala de aula, pois além do tempo da aula ser bastante curto eles preferem trabalhar gramática juntamente com leitura e escrita, por perceberem que os alunos possuem maiores dificuldades nessas atividades. No entanto, admitem saber da importância da oralidade tanto em sala de aula como fora dela, por isso tentam buscar uma veze ao mês na sobra do tempo da aula trabalhar oralidade, sendo na maioria das vezes por meio do livro didático ou por algum gênero o que não abrangem resultados satisfatórios,
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segundo os professores. Em outros momentos não conseguem adequar o ensino de oralidade ao tempo e ao conhecimento prévio dos alunos acerca da modalidade oral. Em outros termos afirmamos que, a frequência de atividades desenvolvidas em sala de aula do ensino fundamental e médio no município de Cametá é de 41% para leitura e gramática, 14% para escrita e apenas 4% para as atividades voltadas para a oralidade. O que configura a triste realidade do espaço limitado para se desenvolver práticas que envolva os conhecimentos orais dos alunos. Assim, a oralidade não deve ser vista pelo professor, apenas como um mero instrumento utilizado em sala de aula para o repasse de conhecimento do professor para o aluno, mas sim, como um objeto de estudo que precisa ser pesquisado a fim de poder proporcionar aos alunos desenvoltura diante da produção ou recepção de qualquer gênero oral, e consequentemente melhorar a capacidade dos alunos em outros aspectos do ensino em sala de aula. A sala de aula e todos os eventos que a constituem são representações sociais, pois quando o professor trabalha o ensino dos gêneros orais e se preocupa com a oralidade esse professor estará responsável para formar alunos leitores e escritores competentes e que saibam utilizar suas habilidades tanto de leitura, escrita quanto de oralidade em outros contextos que não são apenas os da sala de aula. Assim, (FARIAS, 2009, P. 40) afirma, que na medida em que o trabalho com a oralidade vai sendo intensificado em sala de aula, como por exemplo, o ensino e a prática do gênero oral seminário por sua vez, acaba passando da categoria de:
Evento de natureza expositiva, constituído apenas de um oral formal utilizado para repassar um conteúdo aos ouvintes; Para: Gênero constituído de 1semioses diversas que implicaram diretamente na competência do expositor e na construção de conhecimentos de todos que estão inseridos (interactantes) nesta prática utilizada frequentemente como tarefa escolar.
1
Usamos o termo semiose, para referir- se as diversas formas utilizadas em todo ato comunicativo, em que o interlocutor constrói o sentido da linguagem por meio de gestos, olhares expressões faciais em que os interactantes estão envolvidos.
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Ao explorar a prática de trabalho com a oralidade em sala de aula usando gêneros orais (escolar- seminário, exposição de trabalhos: jornalísticos, televisivos, entrevista, debates, programas expositivos, reuniões). O professor estará realizando um direcionamento social ao aluno quando se trata de adequar a linguagem ao contexto de uso. Assim, o professor poderá contribuir para o enquadramento social do aluno em situações comunicativas diversas. Porém, é preciso que seja explicito que cada gênero possui a sua função comunicativa. Diante disso, podemos dizer também que não á um oral e sim os orais, dependendo da situação e principalmente do contexto em que cada individuo estará inserido.
3.2 Entrevistas com professores do ensino médio
Durante a realização da segunda etapa da pesquisam, tivemos a oportunidade de entrevistar duas professores de Língua Portuguesa do ensino fundamental e médio, que no ato da entrevista deixaram explicito que o ensino e prática de oralidade está muito restrito em sala de aula, estando na maioria das vezes ausente neste âmbito. Para dar continuidade a pesquisa foram gravadas entrevistas com as professoras para podermos relacionar o que os professores dizem sobre o ensino de oralidade em sala de aula. Os primeiros registros em que analisamos se referem ao professor A. professor este, que atua a mais de 20 anos em sala de aula do ensino médio público e usamos a letra B para identificar a professora do ensino fundamental. As entrevistas realizadas com as professoras encontram-se em apêndice neste trabalho. A primeira pergunta feita ao professor A foi, o que ele entende que seria oralidade. Tivemos como resposta:
Quadro 1- Entrevista com o professor A
TRANSCRIÇÃO 1: Oralidade é a aplicação de uma determinada língua.. é usar a fala... é o seu uso particular. Algo mas informal.
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Nesse primeiro fragmento da entrevista, conseguimos entender que para o professor de Língua Portuguesa oralidade é apenas aplicar a língua de uma forma particular, é o uso da fala. Por isso podemos entender o porque do espaço reduzido em que o professor trabalha com práticas orais em sala de aula, pois para ele oralidade é aplicar uma determinada língua.
Sobre a primeira pergunta o professor B responde
que Quadro 2- Entrevista com o professor B
TRANSCRIÇÃO 2: A oralidade seria tipo ... a fala do dia a dia o que você pensa sobre um determinado assunto eu acredito que seja isso
O professor B vê a oralidade apenas como a fala que usamos para nos comunicar no dia a dia, ou mais ainda o que pensamento sobre um assunto. Fica bem evidente que tanto o professor A quanto o B acreditam que a oralidade é apenas a fala ou o uso que fazemos dela. Sobre isso Crescitelli e Reis (2010 apud, GAMA 2011.) nos explicitam que, “é necessário que o docente da área de língua portuguesa domine pressupostos teóricos e metodológicos que lhes permitem refletir sobre o ensino da língua materna”. Por isso, quando o próprio professor apresenta desconhecimentos teóricos sobre oralidade por exemplo, isso acaba se tronando um empasse para a produção de informações ao alunos no âmbito da sala de aula. A segunda pergunta feita ao professor A foi sobre a frequência com que ele trabalha a oralidade em sala de aula, este nos respondeu que:
36 Quadro 3- Entrevista com o professor A
TRANSCRIÇÃO 3: Como professor de Língua Portuguesa eu sei da importância de se trabalhar a oralidade, mas... com um numero elevado de alunos esse trabalho fica muito difícil ... geralmente faço perguntas ... mas geralmente quem responde são os alunos que mais gostam de falar... os alunos mais ativos.. eu faço apresentação de trabalho um trabalho por semestre... as vezes é difícil esse trabalho porque as vezes as apresentações levam quase um mês e agente não tem todo esse tempo, por isso eu trabalho pouco apesar de achar importante.
O professor de Língua Portuguesa afirmar saber o quão importante é para o aluno conhecer as práticas de oralidade em sala de aula. No entanto, para ele acaba tornando-se uma tarefa quase que impossível, devido ao número de alunos da turma e o tempo de aula, por isso acha melhor realizar as apresentações de seminário uma vez por semestre ou duas vezes por ano. Para o professor A trabalhar a oralidade é uma tarefa muito difícil haja vista, que os alunos do ensino médio não possuem o hábito de falar em público, e muitas vezes quando é realizado o seminário cada aluno estuda apenas o que vai apresentar, deixando de lado todo o conteúdo que poderia ser estudado. Por isso o professor A acredita ser mais produtivo ele apresentar o assunto ao invés da turma, pois assim ele consegue alcançar um número maior de alunos que compreenderão o assunto. Quando perguntado sobre a frequência que trabalha a oralidade em sala de aula o professor B responde que, Quadro 4- Entrevista com o professor B
TRANSCRIÇÃO 4: Eu trabalho frequentemente a oralidade... pois eu gosto que os meus alunos leiam até mesmo atividades eu gosto que eles leiam e aproveito todas as oportunidades ... usando a leitura, de livros, as atividades letras de música tudo isso eu utilizo para que os alunos posam está praticando a oralidade.
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O professor B acredita que com o uso de leitura em sala de aula frequentemente é como se estivesse praticando a oralidade com seus alunos, no entanto, atividade de leitura em sala de aula usando gêneros como a letra de música, como o professor cita são atividades de oralização quando damos voz ao texto escrito, por isso não devemos confundir práticas orais e oralização em sala de aula. A terceira pergunta ao professor A foi, como este trabalha a oralidade em sala de aula ele nos diz que: Quadro 5- Entrevista com o professor A
TRANSCRIÇÃO 5: Acho a oralidade importante... mas eu tenho dificuldade de trabalha-la em sala de aula, não com todos.. mais coma alguns alunos... acredito que ... quando eu ouço meus alunos já estou trabalhando a oralidade.
Analisando a fala do professor podemos compreender que este sabe da importância do ensino de Língua Portuguesa ter espaço para as atividades que envolva o ensino de oralidade, todavia, apresenta dificuldade de fazer com que os alunos tenham acesso a essas atividades e que os próprios alunos se interessam pela aula, por isso acaba deixando de lado novas propostas de se inserir o ensino de oralidade na aula, e acredita que ouvindo os alunos já é o suficiente. Para finalizar perguntamos ao professor A se ele acredita que a oralidade ou ensino de oralidade sofreu mudanças ao longo do tempo da época que ainda era estudante, para hoje, já que se encontra no papel de professor. Tivemos como resposta:
38 Quadro 6- Entrevista com o professor A
TRANSCRIÇÃO 6: O ensino de língua portuguesa sofreu uma transformação muito grande, desde os anos 80 para cá.., pois quando eu estudava não existia o trabalho com a oralidade o ensino era voltado para a gramática. E hoje como professora eu também passei a trabalhar muito a gramática assim como na minha época... mas é claro que diferente ..aplicando ao texto... pois hoje o próprio livro didático nos ajuda.. pois alguns momentos de nossas vidas deveremos saber usar a língua e podemos usar a língua dependendo do ambiente social e isso esta presente no nosso dia a dia na sala de aula.
Conseguimos perceber na entrevista que o professor A que atua a mais de 20 anos no ensino médio publico, acredita na importância de se trabalhar oralidade, paralelo a leitura e escrita em sala de aula, no entanto, não consegue ainda relacionar o tempo de aula aos conteúdos a serem trabalhados no livro didático, pois como vimos este professor é muito adepto do livro em sala de aula. Acreditamos que falta a este professor, estratégias de como trabalhar os gêneros orais que circulam na sociedade e que fazem parte da realidade do aluno. E que o professor possa relacionar os gêneros orais as diversas situações que o aluno possa estar inserido dentro ou fora da escola, tanto para se ter resultados positivos no ensino de leitura como de escrita e oralidade pois são modalidades da língua que se intercalam, sendo quase impossível trabalhar uma sem relacionar a outra Feita a mesma pergunta ao professor B a resposta foi a seguinte: Quadro 7- Entrevista com o professor A
TRASNCRIÃO 7: Bom... da escola onde eu estudava para que essa que nós temos hoje eu no caso estudei em escola particular toda minha vida... e com os anos foi mudando foi mas não foi tanta mudança... pois eu credito que o professor sempre deu oportunidade para o aluno falar é claro que mudou principalmente em escolas públicas.
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O professor B que atua assim como o professor A à aproximadamente 20 anos no ensino público diz que, o ensino de oralidade da época que estudava em escola particular para hoje não ocorreu tanta mudança, pois acredita que sempre os professores deram oportunidades para os alunos falarem, porém, entende que oralidade é apenas deixar o aluno ler talvez por esses fato acredita que não ocorreram tantas mudanças. É necessário afirmarmos que a linguagem oral e as práticas orais emergem não só como uma necessidade de aprendizagem mais também como uma necessidade social, de comunicar, de informar e ser informado, de interagir com os pares e com a sociedade. Autores como BENTES (2004 apud ELIAS, 2011, p. 41- 42) propõe como trabalho com a oralidade em sala de aula pelo professor “não só, os princípios fundamentais presentes na declaração universal dos direitos humanos (DUDH) quando da orientação e do exercício das práticas orais na sala de aula”. Em vista disso, precisamos pensar que, é preciso que os professores possam levar ao acesso dos alunos textos que falem de cidadania, solidariedade e direitos iguais entre outros direitos à educação para que os alunos possam refletir e se posicionar por meio por meio de discussões com a turma diante do que lhes é apresentado. Pois os envolvidos nesse processo educacional de pensar a educação com uma visão de compartilhamento de ideias e direitos iguais é sobretudo da escola, dos funcionários em geral e o professor.. BENTES (2004 apud ELIAS, 2011, p.45), acrescenta que, Dois aspectos são importantes quando se trata de discutir a natureza pública de linguagem oral na escola: o primeiro é sobre o que falar; o segundo é como falar. Os dois aspectos encontram-se entrelaçados e nas aulas de Língua Portuguesa eles podem e devem ser objeto de constante reflexão por parte dos alunos e dos professores conjuntamente.
É nesse momento de discussão em sala de aula que professor deve apresentar aos alunos estratégias de como usar adequadamente a fala no contexto em que se encontram e por meio do assunto que será tratado. Seria necessário fazer o aluno refletir sobre o que fala e como falar, assim o professor estará contribuindo ao aprendizado do aluno quando se trata de questões voltadas para a oralidade sendo ela pública ou particular dependendo de quem diz e para quem está se dizendo. Exercitar a palavra pública em sala de aula é uma tarefa extremamente significativa e não se deve pensar que esse tipo de exercício é apenas para quem vai
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falar, pois é preciso que os alunos saibam também ouvir, pois só é possível ouvirmos e compreendermos o que o outro diz quando estamos a tento a fala, logo é preciso que se possa desenvolver também o exercício do silêncio da escuta pública, atenta para uma reflexão sobre o que o que foi dito. Desse modo BENTES (2004 apud ELIAS, 2011, p.48), diz que, para se contrapor aos “valores de plástico” que estão na base dos comportamentos violentos perpetrados por indivíduos de todas as classes sócias, a escola e mais precisamente o professor de Língua Portuguesa, precisaria se comprometer mais exclusivamente com o exercício da palavra cidadã.
A partir do que nos foi apresentado por BENTES (2004 apud ELIAS, 2011) podemos entender que incluir as diversidades de temas de questões sociais nas aulas de Língua Portuguesa pelo professor pode representar em primeira instancia que sejam temas difíceis, mas há inúmeras formas de poder enfrenta-las. Como por exemplo, o professor proporcionar conhecimento aos alunos de diversas experiências consideradas de sucesso no que se refere à educação capaz de envolver os sujeitos a diversas práticas orais de natureza pública. Assim, podemos pensar que o ensino de oralidade nas aulas Língua Portuguesa pode contribuir para uma importante construção de consciência de valores sociais, culturais e políticos que estejam presentes na DUDH.
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4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo culminou na constatação de que o ensino de Língua Portuguesa no ensino fundamental e médio de escolas públicas do município de Cametá ainda não valoriza como deveria as práticas educativas voltadas para o ensino de oralidade em sala de aula. Não conseguindo, possibilitar ao aluno o desenvolvimento das suas capacidades de expressão oral. Em contrapartida a isso, comprovamos que as intervenções dos professores em relação a esta problemática são bastante relativas, pois baseiam-se em suposições que não retratam a realidade vivida pelo aluno. Diferentemente da escrita, que ainda é vista como a responsável por carregar consigo toda a tradição do ensino de Língua Portuguesa, a oralidade desafia os professores a tentar buscar formas mais eficientes para ensinar o oral, pois ler o texto escrito não é praticar oralidade. No decorrer da pesquisa, passamos a perceber que são vários os fatores que envolvem a problemática do espaço ao ensino do oral na sala de aula apesar dos PCNs (BRASIL, 1998) proporem o ensino de Língua Portuguesa que seja sustentado na consideração da realidade do aluno e criticando a excessiva escolarização das atividades de leitura e de produção de texto, os professores ainda veem o ensino do português como um entrelace entre leitura e escrita apenas. Com os dados da pesquisa fica evidente que a modalidade escrita juntamente com leitura e gramática são consideradas pelos professores de suma importância para a aprendizagem do aluno em aulas de Língua Portuguesa. Contudo, não podemos esquecer que a oralidade é indispensável para a comunicação e interação entre os indivíduos. E apesar dos próprios professores na maioria das vezes não perceberem a oralidade está presente em sala de aula por meio dos enquadres comunicativos, sendo estes responsáveis pela compreensão dos gêneros orais e escritos e principalmente pelo conteúdo repassado através da fala do professor em sala de aula.
Com este estudo, foi possível chegarmos á uma resposta de que é necessário que os envolvidos no processo educacional sejam responsáveis também por pensar a educação com uma visão de compartilhamento de ideias e direitos iguais é, sobretudo a escola juntamente com os funcionários e principalmente os professores que nessa tarefa são formadores de opinião que busquem levar ao alcance dos alunos o saber da cidadania e dos direitos que lhes é necessário, não apenas o saber ler e escrever mais
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tambÊm saber se comunicar em esferas que nãos sejam apenas o da sala de aula ou a familiar, mas sim poder circular nas esferas sociais de comunicação com o conhecimento de poder interagir nos mais diferentes contextos de uso da oralidade sendo esta formal ou informal.
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5- REFERÊNCIAS
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6- APÊNDICE
Perguntas feitas durante a entrevista com os 15 professores que trabalham em sala de aula do ensino fundamental de escolas públicas do município de Cametá- Pará.
1- Para você o que é oralidade? 2- Você trabalha a oralidade? Como? 3- Com que frequência os alunos praticam oralidade em sala de aula? 4- Que estratégias (recursos, métodos) são utilizados para trabalhar oralidade em sala de aula? 5- Você percebeu mudanças no ensino de oralidade em sala de aula da época enquanto aluno para hoje? Quais?
Transcrição da entrevista com o professor A Perfil: Professor do ensino médio que atua a mais de 20 nos no ensino médio de escolas públicas do município de Cametá.
1- Para você o que é a oralidade? Oralidade é a aplicação de uma determinada língua.. é usar a fala ...é o seu uso particular. Algo mas informal. 2- Você trabalha a oralidade? Como? Com que frequência os alunos praticam a oralidade em sala de aula?
Como professor de língua portuguesa eu sei da importância de se trabalhar a oralidade, mas... com um numero elevado de alunos esse trabalho fica muito difícil ... geralmente faço perguntas ... mas geralmente quem responde são os alunos que mais gostam de falar... os alunos mais ativos.. eu faço apresentação de trabalho um trabalho por semestre... as vezes é difícil esse trabalho porque
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as vezes as apresentações levam quase um mês e agente não tem todo esse tempo, por isso eu trabalho pouco apesar de achar importante. 3- Que estratégias (recursos, métodos) são utilizadas para trabalhar oralidade em sala de aula? Acho a oralidade importante... mas eu tenho dificuldade de trabalha-la em sala de aula, não com todos.. mais coma alguns alunos.... acredito que ... quando eu ouço meus alunos já estou trabalhando a oralidade. 4- Você percebeu mudanças no ensino de oralidade em sala de aula da época enquanto aluna para hoje? Quais? O ensino de língua portuguesa sofreu uma transformação muito grande, desde os anos 80 para cá.., pois quando eu estudava não existia o trabalho com a oralidade o ensino era voltado para a gramática. E hoje como professora eu também passei a trabalhar muito a gramática assim como na minha época... mas é claro que diferente ..aplicando ao texto... pois hoje o próprio livro didático nos ajuda.. pois alguns momentos de nossas vidas deveremos saber usar a língua e podemos usar a língua dependendo do ambiente social e isso esta presente no nosso dia a dia na sala de aula.
Entrevista com o professor B Perfil: professor do ensino Fundamental que atua a mais d 20 anos no ensino fundamental de escolas públicas do município de Cametá
1- Para você o que é a oralidade? A oralidade seria tipo... a fala do dia a dia o que você pensa sobre um determinado assunto eu acredito que seja isso 2- Você trabalha a oralidade? Como? Com que frequência os alunos praticam a oralidade em sala de aula? Eu trabalho frequentemente a oralidade... pois eu gosto que os meus alunos leiam até mesmo atividades eu gosto que eles leiam e aproveito todas as oportunidades ... usando a leitura, de livros, as atividades letras de música tudo isso eu utilizo para que os alunos posam está praticando a oralidade.
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3- Você percebeu mudanças no ensino de oralidade em sala de aula da época enquanto aluna para hoje? Quais? Bom... da escola onde eu estudava para que essa que nós temos hoje eu no caso estudei em escola particular toda minha vida... e com os anos foi mudando foi mas não foi tanta mudança... pois eu credito que o professor sempre deu oportunidade para o aluno falar é claro que mudou principalmente em escolas públicas.