Uiara Melo
Zafhira Quando o amor acontece.
2014
SUMÁRIO
Prólogo
1. O novo ............................................................................................................ 5 2. O inesperado ................................................................................................ 20 3. Ansiedade ..................................................................................................... 37
PRÓLOGO Quinta-feira, o dia foi normal como sempre, acabei lanchando no escritório mesmo, e não fui ao restaurante. A Laura entrou em minha sala e me disse que ontem logo após que sai, entregaram um envelope destinado aos meus cuidados. Peguei o envelope e fiquei com medo de abrir, pois tem tanta gente doida por aí, nunca se sabe. E ao abrir, tirei um papel com os seguintes dizeres: “Sei que está tudo muito confuso, para você. Mas como não estou podendo estar com você agora, eu preciso que você me faça um favor, mas ainda não posso pedi-lo”. - Nossa, quem será que escreveu isso? Não tem remetente. O que será que estão querendo comigo, o que eu faço com esse bilhete? - Peguei o bilhete e o guardei dentro da minha agenda. Ao sair do trabalho o meu celular tocou, atendi era Otávio, perguntando se eu poderia ir ao seu encontro. Peguei o endereço e fui até ele. Chegando ao local onde ele estava, era um lugar muito bonito, era um barzinho que dava de frente a uma praia reservada. Estacionei o carro, e fui até lá. - Oi, Otávio. Tudo bem? - Olá, Júlia. Estou bem e você? - Estou ótima. Mas me diz, por que me chamou? Aqui é muito bonito, nunca tinha vindo a este lugar e o por do sol ajuda muito. – falei observando o ambiente. - Então, Júlia. Chamei-te aqui, porque, aquela casa ali de cor verde, com as árvores na frente é onde nós morávamos e ainda moro. Por isso que te chamei, e como iremos falar sobre ela, não pensei em outro lugar melhor do que se não aqui. - Otávio, que linda casa! – Exclamei- E que bom que você aceitou fazer o livro. Semana passada eu sonhei com ela e com o Davi, ela me disse que estavam bem.
O NOVO
Me chamo Júlia Welask, tenho 23 anos, sou publicitária, vivo numa cidade boemia, cheia de encantos e também desencantos. Ultimamente venho observando uma moça que não sei bem a sua idade porque nunca a perguntei, ela seduz tudo que a rodeia, a qual liberta a luxuria dos homens que passam por ela, e a ira das mulheres que gostaria de ser como ela. Hoje eu a encontrei no parque, como acostumamos fazer todos os domingos, eu levo alguns livros para ler e ela aparece com algumas revistas. Neste domingo à tarde apareceu muito contente, estava simples e muito bonita. Seus cabelos castanhos avermelhados sempre soltos e os seus olhos que pareciam duas pérolas negras estavam impecáveis, porém, ela nunca olhou para mim e sequer sabe o meu nome. Ela veio em minha direção, me cumprimentou e se apresentou. – Bom dia, me chamo Zafhira. Você se importaria se eu te contasse uma história? Preciso compartilha-la com alguém e como sei que tens me observado, acredito que seria uma ótima oportunidade. – disse ela - Claro que não. – respondi e imediatamente ela começou a falar. - Oi, desculpe... Com licença? Nossa como está cheio aqui hoje? Com esse sol, eu daria de tudo para estar numa praia agora e você? - Disse o rapaz Ela disse que apenas sorriu e nada falou. - Bem, estou aqui puxando conversa e nem me apresentei, me chamo Otávio. Qual é o seu nome? – Completou. - Zafhira. - respondeu - Que nome bonito. Seguiram a viagem um ao lado do outro, entre um empurra daqui e outro de lá. - Quando poderei vê-la novamente? Podemos marcar um encontro, o que acha? Zafhira novamente nada disse. - Ok, quando sentires vontade de conversar com alguém, aqui está o meu número. É só ligar, estarei esperando. Foi um prazer conhecê-la. – despediu-se ele Zafhira então pegou o papel com o número de Otávio, colocou-o na bolsa, e no terminal seguinte, ela desceu do vagão e rumou para casa. Ao chegar em casa, colocou a sua
bolsa encima da mesa, fechou a porta, acendeu a luz, ligou a televisão para ouvir o noticiário, e foi para o quarto. Despiu-se indo para o banheiro, preparou o banho, entrou no box, e enquanto se ensaboava, "Otávio" veio a mente. Zafhira não media os detalhes ao descrever para mim, cada momento que havia passado. Então, aos poucos em que se ensaboava, imaginava como seria se Otávio a tocasse naquele momento. Mas logo se absteve desse pensamento, e percebeu que sentia uma forte atração por ele. Ela terminou o banho, pegou a toalha e foi para o quarto. Sentou-se na beira da cama, pensou em ligar para saber como estava, mas não o fez. Desligou a televisão, apagou a luz e foi dormir. Continuando, Zafhira disse que no dia seguinte quando voltava para casa após um dia cheio no trabalho, ela enfim conseguiu pegar um trem próximo ao seu trabalho, um pouco mais vazio a qual ela pode seguir sentada. Algum tempo depois em outra estação, Otávio pegou o mesmo trem, e acabou entrando no mesmo vagão onde havia se encontrado com Zafhira. Otávio avista Zafhira e vai ao seu encontro. - Olá tudo bem, como você está? Fiquei esperando a sua ligação. Zafhira olhou surpresa para Otávio, o retribuiu com um belo sorriso e respondeu: - Eu estou bem e você? Otávio que não se conteve, fez novamente o pedido a ela. - E hoje, sexta-feira? Podemos dar uma volta pela praia, ou até mesmo sair para jantar? O que você acha? Porém, deixo bem claro que só tenho boas intenções com você. Zafhira relutou, mas por fim aceitou o convite de Otávio. - Então como faço para te encontrar, e a que horas? - Te espero às vinte horas enfrente a padaria Trevo da Sorte, que fica na rua principal do bairro Jardim do Éden.- Disse Zafhira. Otávio pegou um papel e uma caneta para anotar o endereço quando disse: - Então está marcado, até às vinte horas. Zafhira olhou fixamente para Otávio e com um simples gesto confirmou o encontro.
Assim que Otávio desceu, ela ficou muito contente, pois nunca havia sentido aquilo antes, um sentimento bom, que a queimava de desejo, e tudo o que mais queria naquele momento, era tê-lo em seus braços, sentir o calor do seu corpo, e o sabor do seu beijo. Ela queria ser tocada, desejada por ele. Zafhira foi rapidamente para casa, pois os minutos corriam muito rápidos. Assim que chegou, a primeira coisa que fez foi correr para o guarda-roupa, e começar a escolher a roupa para aquela ocasião. - Será uma ótima noite! Tenho que escolher alguma peça que me valorize, mas qual desse eu irei colocar?- falou Zafhira analisando as suas roupas no armário. Ela me contou que tirou todas as roupas que havia no armário e colocou-as encima da cama, vestiu todas, e enfim, escolheu um vestido clássico de cor preta que só houvera sido usado uma vez quando foi a um aniversário. Depois dessa difícil tarefa, Zafhira ligou o cd player, e foi se produzir. Tomou um banho maravilhoso, secou o cabelo com um secador velho, foi para frente do espelho começou a se maquiar, espirrou um perfume com uma fragrância atraente em sua pele, escolheu brincos, pulseiras, e uma sandália que havia comprado na semana anterior E por fim, vestiu o vestido, sentindo-se a mulher mais bonita do mundo. Otávio queria impressionar no primeiro encontro então, chegou ao local com meia hora de antecedência. Zafhira por sua vez com quinze minutos de atraso, e com a sua beleza estonteante deixou Otávio sem ação, não sabendo o que falar assim que a viu. Assim que ela se aproximou, Otávio a cumprimentou e deu-lhe um doce e delicado beijo no canto dos seus lábios. Zafhira agradeceu com o seu lindo sorriso e Otávio a conduziu até o carro. Zafhira me contou que conversaram sobre vários assuntos, e perceberam que tinham muitas coisas em comum. Otávio levou-a a um restaurante aconchegante, onde passaram a noite saboreando belos pratos, bebendo um magnífico vinho do Porto, trocando olhares, sorrisos e carinhos. E por volta da meia noite, Otávio insistiu em deixá-la na porta do prédio onde morava, pois já era tarde. E ao chegar, Otávio parou o carro e ficaram alguns minutos trocando olhares. - Chegamos ao seu castelo. – disse ele - Sim, moro no quarto andar.
Otávio desceu do carro e foi até Zafhira, abriu-lhe a porta e a conduziu até a entrada do prédio. - Gostaria que esta noite se repetisse mais vezes, porque adorei estar com você. Você é linda, simpática e simples. Espero que você também tenha gostado de estar comigo hoje. - Também gostei dessa noite. Você já sabe onde moro. - Comentou Zafhira - Nos veremos em breve, beijos! – disse Otávio lhe dando um beijo próximo a sua boca. Zafhira estava tão encantada, que o beijo que Otávio lhe deu no canto dos lábios, a deixou loucamente instigada. Mas como era o primeiro encontro, não quis se precipitar, visto que, o sentimento que estava nutrindo por Otávio era verdadeiro e não queria estragar. - Tchau, Otávio. Até breve! – Despediu-se, sorrindo. Otávio retornou ao carro, e foi embora. Zafhira entrou no prédio. - Nossa... como à hora passa tão rápida! - Pensei vendo ela ali, deitada olhando para o por do sol. É a primeira vez que conversamos, entretanto, tudo o que fazia antes, era somente sentar-se perto de mim, ler algumas revistas e ficar apreciando as pessoas no parque. Então depois dessa pequena pausa, Zafhira retornou ao assunto. Disse que assim que entrou no flat, tomou um banho gelado e foi direto para a cama. E no dia seguinte quando acordou, tomou um café, abriu as janelas, trocou de roupa, e foi correr pelo quarteirão. De volta para casa, passou na locadora e alugou alguns filmes. Já em casa, tomou um banho, preparou alguma coisa para comer, e ficou ali de frente para o telefone, esperando a ligação do Otávio. - Mas como Otávio te ligaria, se ela não lhe deu o seu número? Mas ele sabia onde ela morava e poderia aparecer a qualquer momento. – pensei Entre um filme e outro nada do telefone tocar e nada dela ligar. Minutos depois o seu telefone tocou, ela atendeu muito empolgada, mas não era Otávio e sim a sua amiga convidando-a para uma balada, e depois de uma longa conversa, ela aceitou o convite. Anoiteceu Zafhira se produziu, desceu as escadas e ficou esperando Ágata na porta do prédio, que chegou logo depois. Mas todas àquelas horas perto de pessoas bonitas, atraentes, não fizeram com que ela esquecesse Otávio, mesmo assim curtiu a noite.
No dia seguinte Zafhira acordou, foi tomar um café, abriu as janelas, ligou a televisão, ficou assistindo aqueles programas chatos de domingo, decidiu então, trocar de roupa e descer para comprar um jornal. Ela deu um tempo na banca, viu algumas revistas, e depois seguiu para o apartamento. Entrou, colocou o jornal encima da mesa e viu que na sua secretária eletrônica havia um recado, e quando ela ouviu, era do Otávio. - Oi, como você esta? Demorei a ligar por que estava faltando coragem, pois aquela noite foi tão boa que eu não estava nem acreditando. Temos que nos ver novamente, o que acha? Cai a ligação... Zafhira ficou radiante com aquele recado e logo retornou para ele, mas o celular do Otávio só dava desligado. Algumas horas depois tocaram a campainha e Zafhira que tivera acabado de sair do banho, enrolada em uma toalha foi até a porta atender, ao abrir, ela levou um susto ao ver Otávio parado ali, na sua frente. A sua boca ficara seca, pois o calor que vinha de dentro do seu corpo era muito forte. Ao vê-la vestida daquele jeito, não se conteve de desejo e a abraçou, deu lhe um beijo, e a desejou intensamente. Zafhira se entregou aos carinhos e as vontades encantadoras e indecentes de Otávio. Otávio sussurrava em seu ouvido, coisas que jamais conseguiria esquecer. Com a sua boca macia, acariciava a sua barriga lhe causando arrepios. Zafhira por sua vez queria provar todas as delícias lascívia, que poderia encontrar no corpo sedento de paixão do Otávio. As horas se passavam Zafhira e Otávio sequer se importavam, porque o que os dois mais queriam naquele momento, era saciar os seus desejos. Otávio tocou o seu corpo para dele extrair o máximo de desejo, sentindo-se entregue a ela. Zafhira disse que ficaram a tarde e a noite toda ali. Esqueceram-se de tudo, pois o momento estava tão bom, tão gostoso, que pareciam os deuses do amor, pois todo o universo conspirava a favor dos dois, proporcionando uma grande alegria àqueles corpos sensíveis. Trocaram beijos loucos, intensos, e que para cada ação, os seus corpos tinham uma reação. E depois de se saciarem, Otávio e Zafhira deitaram-se abraçados no chão da sala, que neste momento encontrava-se com pouca luz, a única luz que havia, era da rua que refletia dentro do seu flat. Cansados e exaustos, porém satisfeitos, ficaram os dois ali deitados trocando apenas caricias. - Antes de te conhecer, eu nunca havia me entregue a alguém com tanta naturalidade e tanta loucura. –comentou Otávio.
O silêncio por sua vez tomou conta do ambiente. Zafhira estava tão quieta que Otávio pensou que ela estivesse dormindo, mas ela escutou aquelas palavras com muita atenção, e dentro de si a angustia e a alegria disputava o seu coração. Ela percebeu que naquela noite, estava loucamente apaixonada por ele.
O INESPERADO
Ao amanhecer, assim que acordou não viu Otávio, pensou que ele poderia estar tomando um banho, foi até o banheiro e não o encontrou, então voltou à sala e no sofá tinha um bilhete dizendo assim: “Meu querida, ficará em mim eternamente este momento maravilhoso que passamos juntos, desejo que sejamos felizes pra toda eternidade. Beijos apaixonados. Otávio Rodrigues”. Para Zafira tudo aquilo não passava de um sonho, e que em algum momento iria acordar e o encanto se desfazer. Então tomou um banho, comeu alguns biscoitos, bebeu um copo de leite e foi para o trabalho. Durante todo o dia não deixava de pensar em Otávio decidiu então, ligar par ele e deixar um recado. - Oi tudo bem, estou ligando para agradecer o belo bilhete que me deixaste. E também dizer que foi louca, insana, selvagem... Nossa como você tem esse poder de me dominar, pois consegue em um só momento... Fazer-me sorri... Fazer-me chorar... Fazer-me sonhar... Fazer-me desejar-te... Fazer-me sentir prazer... – suspirou - Como você consegue me dominar? Tento me desligar, te esquecer, -pausou – mas o meu corpo suado, meus batimentos acelerados, só você consegue deixá-los assim. Estou com saudades, espero verte novamente, beijos. Depois de muitas tentativas Zafhira enfim, teve noticias de Otávio. Como era de costume comprar jornal aos domingos, ela foi ler algumas noticias daquele dia, e na página quatro do jornal, havia uma reportagem falando sobre pessoas que eram voluntárias no movimento em combate a soro positivo na África. Para Zafhira aquela informação era interessante, mas naquele momento não lhe chamava atenção. Porém, ao chegar à metade da reportagem, havia um nome muito conhecido. Ela continuou lendo para saber do que se tratava. No final da reportagem, havia uma foto da equipe então, Zafhira foi olhar cuidadosamente, pois se fosse Otávio, ele estaria nela. E ao olhar a tal foto, ela levou um grande susto, pois realmente era ele. Zafhira começou a acompanhar todas as reportagens que falavam dos voluntários brasileiros na África. Sentia-se parcialmente satisfeita, porque o seu interesse era saber a volta da equipe para o Brasil. Só que Zafhira não contava com um contratempo do destino, ao se passar alguns meses, ela não tinha mais noticia do paradeiro de Otávio. Não estavam mais divulgando reportagens sobre os voluntários. Até que em uma noite ao assistir um noticiário, a repórter
informou que alguns dos voluntários teriam sofrido um acidente de automóvel ao passar por cima de uma mina, e que possivelmente o líder da equipe poderia estar no acidente. Ficou chocada. Depois desse dia, Zafhira só pensava em Otávio e nos momentos felizes que passaram juntos, e nos que possivelmente poderiam passar. Já estávamos cansadas, sugeri que fossemos comer alguma coisa. Ela relutou, mas aceitou. Fomos até um bistrô que ficava perto do parque, escolhemos uma mesa, sentamos e fizemos o pedido. Ela prendeu o cabelo e comentou que gostaria que eu escrevesse sobre a sua história. Conversamos sobre vários assuntos. O pedido chegou, comi uma deliciosa lasanha acompanhada de um suco de uva, ela nem tocou na comida e muito menos no suco, disse que iria terminar de contar o que houvera acontecido.
Disse então, que não aguentava mais a ausência de Otávio. Mesmo com toda a sua rotina, de ir para o trabalho e sair com as amigas, ela não conseguia esquecê-lo. Portanto, começou a buscar mais informações sobre Otávio e não obteve bons resultados. Meses se passaram e Zafhira foi se conformando com aquela perda, embora nunca tenha deixado de pensar nele. Certo dia, a campainha do seu flat soou e ela estava tão triste, que nem deu importância e não atendeu. Passou-se um ano, quando a sua campainha soou novamente, perguntou quem era, e uma voz cheia de saudades e expectativas disse: Otávio! Zafhira não acreditou e demorou em abrir a porta. Tomou coragem, abriu, e realmente era Otávio, que no momento tinha em mãos um buquê de flores e uma bolsa. - Oi, ainda lembra-se de mim? - Disse ele Ela não entendeu nada, e a única coisa que fez, foi lhe dar um beijo e abraçá-lo para sentir que realmente ele estava ali. Ela chorou e questionou porque ele nunca mandou noticias. Otávio disse que tentou por várias vezes falar com ela, mas o sinal telefônico a onde estava era muito ruim, e que depois ficou envolvido com a viagem. Quando chegou à África, e viu de perto a situação lastimável daquelas pessoas, ficou muito sensibilizado e quis fazer alguma coisa para contornar aquela situação. E quando ele e alguns membros de sua equipe foram em direção ao jipe, só escutou um estouro e depois não viu mais nada. Horas depois quando acordou, percebeu que algo tivera acontecido e que estava com o um dos pés
fraturado e os braços também, e que por sorte não morreu. A mídia não sabia dele, porque foi socorrido por moradores da aldeia onde aconteceu o acidente. Zafira ficou tão feliz em tê-lo ali, que o abraçou novamente, e pediu para que ele nunca mais a abandonasse, pois o amava muito. Otávio a abraçou e a beijou apaixonadamente. No dia seguinte na janela do meu quarto, fiquei pensando na história que a Zafhira havia me contado. O que será que aconteceu com o Otávio? Onde ele esta hoje? Será que estão juntos? Foram tantos os questionamentos, que eu fiquei atônita. Decidi pesquisar sobre o assunto, conectei-me na internet e em um site de pesquisa, coloquei “Voluntários AIDS Brasil”, foram tantas as informações que de primeira, não achei nada de interessante. Pois então, especifiquei mais, “Voluntários AIDS Otávio Rodrigues Brasil”, e achei o que queria. Havia um site com informações sobre voluntários. Tinham fotos das viagens por onde passavam, e fotos individuais dos integrantes. Cliquei na foto do suposto Otávio Rodrigues. Era um rapaz bem apanhado, e bonito. Em baixo da foto tinha algumas informações pessoais, como: Nome: Otávio Rodrigues da Silva; Idade: 26 anos; Viúvo. Hem, como assim viúvo?- Entrei na página de contatos e anotei em uma folha, os telefones e o endereço. Sai da internet, e ligue para o primeiro número. - Alô? - “Anjos Sentinelas”, bom dia? – disse a atendente - Oi, gostaria de uma informação, como faço para falar com o Otávio Rodrigues? - Senhora, o senhor Otávio não se encontra no momento, ele esta em uma reunião fora da empresa, e não deve voltar mais hoje. Gostaria de deixar algum recado? - Não, obrigada. - Tenha uma boa tarde. A semana se passou. Chegou o domingo, fui até o parque para ver se a Zafhira iria aparecer naquela manhã. Passou horas e mais horas e nada de Zafhira aparecer. O que será que aconteceu? Ela era tão pontual. Fui embora, mas os meus questionamentos aumentavam cada vez mais. Algum tempo depois, liguei novamente para Otávio na tentativa de conversar com ele. Tentativa frustrada, Otávio não estava e deixei o número do meu celular, para que ele pudesse retornar a ligação. Gostaria de procurar Zafhira, mas aonde? Como? Eu não sei o seu endereço e nem telefone.
Meu celular começa a tocar e quando eu olho, era um número restrito, - Quem será? – pensei. - Alô? - Sim, pois não? - Eu gostaria de falar com a Júlia por gentileza. - Quem fala? - Otávio, você ligou para mim duas vezes e deixou o seu número, em que posso ajudar? - Otávio, você não me conhece, e esta conversa é de interesse seu tanto quanto meu. - Sim. - Então... Você conhece a Zafhira? – Foi direta ao assunto. - Como? - Silêncio. - Zafhira, uma moça, jovem, bonita. Ela comentou sobre você, e depois nunca mais a vi. - Não sei o que te falar, mas conheço sim. Porém, gostaria de marcando um almoço, para conversarmos melhor. Pode ser? - Sim, tudo bem. - Então, amanhã às onze horas te esperarei no Mundi Restaurant, que fica no bairro Jardim do Éden, sabe onde é? - Sim sei. Comparecerei lá amanhã. Até mais. - Ok. - O que será que o Otávio tem para me dizer sobre a Zafhira. – falei para mim mesma. Estou sentada às dez horas e quinze minutos da manhã, na mesa do restaurante Mundi, aguardando Otávio. Sou muito britânica em questão de horários, mas pelo visto, Otávio nem tanto. São exatamente onze horas e dezesseis minutos, Otávio acabara de chegar. Ele vem em direção à mesa, eu me levanto e o cumprimento. - Olá, tudo bem? - Tudo, vamos nos sentar e pedir alguma coisa. - Sim, claro. - Então, como você conheceu a Zafhira? - Eu a conheci no parque, onde nos víamos todos os domingos na parte da manhã. Ela chegava, sentava-se perto de mim e lia algumas revistas. - E faz tempo isso? - Não a última vez que a vi, foi há um mês. Ela me falou de você. Que vocês se amavam muito. E como perdi o contato com ela, resolvi procurar por você na internet para ter mais informações e porque também, ela me pediu para escrever sobre ela. - Olha, nem sei como te dizer isso, eu e a Zafhira nos casamos há uns três anos atrás, e ela veio a falecer há um ano. Eu a conheci no metrô quando vínhamos do trabalho. Demorou um pouco para nos conhecermos melhor. E quando isso aconteceu, foi mágico. Tudo foi muito intenso. - Nossa estou pasma. Não entendo, a Zafhira faleceu? Eu estive com ela e não faz muito tempo. - Sim, eu posso garantir a você que a Zafhira veio a falecer quando ela foi ter o nosso bebê... É nos casamos e alguns meses depois, a Zafhira me deu uma grande notícia de que nós iríamos ter um bebê, a felicidade não poderia ser maior. - Otávio, mil desculpas. Não sei o que dizer, pois estou estarrecida, mas me diz onde está o bebê? Está com você?
- Não. Ela teve uma gravidez super tranquila, mas no dia em que fomos para o hospital ter o bebê, eu não sei o que houve, aconteceram muitas coisas ao mesmo tempo. Demos entrada no hospital, e alguns minutos depois ela começou a passar mal e a sua pressão a cair. Chamei o médico, ele logo veio, e a encaminhou para a sala de parto, eu não pude entrar, tive que ficar esperando no corredor. Aquele momento foi atormentador para mim, e para os nossos familiares. Uma hora depois, veio em minha direção o médico que a havia levado-a para sala de cirurgia, com a face triste, e me perguntou se eu era o esposo dela, disse que sim, foi então, que ele me disse que tivera feito de tudo, mas infelizmente não conseguiram salvar a Zafhira e o bebê. Pois a Zafhira passou mal teve complicações porque o bebê faleceu ainda em seu ventre. O chão se abriu e me perdi de mim, não sabia o que fazer. - Me desculpe em tocar no seu passado, estou muito sensibilizada. Mas mudando de assunto, Otávio você me permitiria a escrever sobre ela? - Me desculpe, mas não nos apresentamos como se chama? - É verdade. Chamo-me Júlia. - Nome bonito, Júlia. Vou pensar um pouco sobre essa ideia, pois será voltar ao passado. E até agora eu não entendi, porque você me procurou para me dizer que esteve com a Zafhira. Não entendo, mas vou pensar no assunto e te retorno. - Ok. Você tem o tempo que quiser para decidir, porque eu também não sei o que aconteceu, mas eu realmente estive com ela e conversamos muito. - Esta bem, preciso ir agora. - Tchau Otávio, ficarei aguardando a sua ligação. Saímos do restaurante e cada um seguiu o seu caminho. Eu fui caminhando pela calçada, até que em um momento senti um arrepio, mas não entendi o porquê, pois estava sol, e não ventava. Continuei, cheguei em casa, sentei-me na poltrona, peguei um papel e um lápis, comecei a rascunhar, sobre como era a Zafhira e o que ela havia me contado, só para não esquecer. Nesse meio tempo, a noite caiu, a fome chegou peguei o telefone disquei para uma pizzaria e fiz o pedido. Liguei a televisão e fiquei esperando a pizza chegar. Meia hora depois soou a campainha, fui atender paguei e recebi a pizza, fui até a cozinha, fiz o meu lanche e voltei novamente para o sofá, deitei-me e dormi. Que lugar é esse, onde estou? - olho para os lados e, por algum momento percebo que estou em minha casa, mas as mobílias estão diferentes, ando pelos cômodos, como se eu nunca estivesse passado por aqui, que estranho. Vejo que a luz do meu quarto está acesa, caminho até lá. Abri a porta, e vi uma mulher sentada na cama de costa para mim, e perguntei - Quem é? - Ela se virou, e antes mesmo que falasse alguma coisa, eu me surpreendi – Zafhira, você? O que faz aqui? Não estou entendendo nada, este é o seu bebê? Enfim, dei-me um tempo para que ela pudesse falar. Zafhira olha para mim, e segurando o bebê me disse que estava bem e que aquele bebê era o Davi seu filho com Otávio. De repente aparece uma luz e abri os meus olhos. Ainda continuei deitada no sofá, já era de manhã, - O que foi que aconteceu? - Corri para o meu quarto e não tinha nada lá. Será que estou ficando louca com
essa história, que até estou sonhando coisas. Peguei o meu rascunho, escrevi o que sonhei e como a Zafira estava. Antes eu me encontrava com ela e agora ela aparece em meus sonhos. Tive um dia tranquilo, mas aquela cena dela sentada em minha cama, não saia da cabeça. Fui para a varanda e olhando a rua, a alguns metros do meu prédio, vejo uma plaqueta escrita assim: “Reuniões espíritas todas as quartas e sextas-feiras as 17h00min e as 20h00min”. Interessante, quando eu era pequena, a minha mãe me levava para tomar passe, mas eu nunca tive o interesse de frequentar. Bateu-me uma vontade de ir até lá para ver se estava tudo bem comigo. Fui até o banheiro tomei o meu banho, segui para o quarto, troquei de roupa e desci para dar uma volta. Peguei o meu carro e fui andar por aí. Parada em um cruzamento esperando o sinal abrir, fiquei observando as pessoas que passavam por ali, e de repente á alguns metros de onde eu estava, havia uma mulher sentada no banco da praça, brincado com um bebê que me lembrava a Zafhira, hesitei em chamá-la. O motorista que estava atrás de mim, cambiava o farol e eu distraída não percebi que o sinal tinha aberto, dei partida e fui fazer o retorno na praça, para estacionar o carro e ir até lá. Estacionei e corri até aquele banco, mas quando cheguei, não havia ninguém, olhei para os lados, e aquela moça tinha sumido misteriosamente. Voltei entrei no carro e fui para casa. No meio do caminho o meu celular tocou, parei o carro no acostamento e atendi.
ANSIEDADE
- Alô? - Júlia, é a Fernanda. Onde você está? Vamos dar uma volta com o pessoal? - Oi Fernanda, estava indo para casa, mas vou aceitar o convite. Fui ao encontro deles, fomos a um barzinho com música ao vivo e ficamos por ali durante duas horas. Despedi-me do pessoal e voltei para casa, estacionei o meu carro na garagem, fechei-o e entrei para o prédio. Entrei em casa, liguei a televisão, tomei um banho, e voltei para a sala. Via a programação, e retornei para o meu quarto, deitando-me na cama pensando se iria ou não sonhar com ela de novo, loucura. Na manhã seguinte, fui para o escritório, resolvi alguns problemas, e retornei as ligações dos clientes finalizando alguns projetos. Sai para almoçar, e como eu estava perto do restaurante Mundi fui até lá. Entrei, escolhi uma mesa, sentei e o garçom veio me trazer o cardápio, olhei e fiz o pedido. E sentada ali enquanto esperava o meu almoço, lembrei-me do dia em que estive com Otávio naquele mesmo restaurante, e da nossa conversa. Tive vontade de ligar para saber como ele estava. Então peguei o celular e nesse meio tempo em que digito os números, chegou o meu almoço. Começou a chamar, e chamou várias vezes até que a secretária atendeu. - Alô? Boa tarde. - Sim, em que posso te ajudar. - Gostaria de falar com Otávio, ele se encontra? - Não, senhora. O senhor Otávio saiu para o almoço. Deseja deixar um recado para que ele retorne a ligação. - Diz a ele que a Júlia ligou, ele sabe o que é. - Ok senhora, darei o seu recado. - Obrigada. Tchau! Liguei, mas não deu certo, - será que ele me achou louca, ou que eu estava querendo tirar aproveito disso? Até eu, se aparecesse alguém me dizendo que esteve com uma pessoa que faleceu faz tempo, eu ficaria desconfiada, e não saberia o quê fazer. - Que horror, vou almoçar que é melhor. - pensei
E como eu estava sem companhia, peguei uma revista dentro da minha bolsa, para terminar de lê-la. Entre uma página e uma garfada, eis que surge na porta do restaurante Otávio acompanhado de mais duas pessoas. Nossa é muita coincidência ou ele já frequentava aquele restaurante faz tempo. Peguei a revista e coloquei-a enfrente ao meu rosto, mas por que está fazendo isso? Pra quê se esconder? Isso não tem cabimento. E nesse momento de loucura feminina, quando abaixo a revista, quem esta em minha frente. - Oi Júlia, a reportagem deve estar muito interessante, eu não quis atrapalhar a sua leitura e fiquei aqui aguardando você terminá-la. - Oi Otávio, tudo bem? Vim almoçar, e liguei para a empresa, mas você já tinha saído. E aí, tens novidades para mim? - Ah, sim. Estive pensando sobre aquele assunto e já me decidi, mas este não é o momento certo para falarmos sobre isso, esta semana eu te ligo, para conversarmos. Pode ser? - Sim, claro. Ficarei esperando, tenha um bom almoço. - Ok. Vejo que já está de saída, se não a convidaria para se juntar a nós. Foi um prazer em revê-la. Levantei-me e Otávio veio até a mim para se despedir, ele apertou a minha mão e me deu um beijo no rosto. Logo depois ele seguiu para outra mesa se juntando as duas pessoas que o acompanhavam e eu caminhei até à saída. Voltei para o trabalho, e fiquei pensando, “eu tenho que escrever uma história e não fazer parte dela”. Não posso fazer isso, eu tenho que parar de pensar no Otávio dessa forma, não é certo. Fui para casa no final da tarde, era uma quarta-feira, passei enfrente ao centro espírita parei e fiquei olhando ainda era cedo para a segunda sessão, mas mesmo assim entrei e fui conhecer o local. Haviam quatro pessoas, o local estava muito tranquilo, os ambientes tinham cores claras, até que uma dessas pessoas veio até a mim e se apresentou e me perguntou se eu estava procurando alguém. Eu disse que já havia ido a algumas sessões de passes quando era pequena, pois a minha mãe me levava, mas que eu nunca havia me interessado a frequentar, de uns dias para cá, a plaqueta me chamava muita atenção, como se houvesse alguma coisa querendo que eu fosse até lá. Um rapaz me falou que eu poderia ficar aguardando até o início da sessão e que durante a reunião eles davam passe. Eu como não tinha nada para fazer, resolvi ficar e aguardar. São exatamente vinte horas, as pessoas começaram a chegar, todas simpáticas e comunicativas. Eu continuei quieta, uma senhora dá boa noite a todos, e as pessoas começaram a cantar músicas, que eu já tinha ouvido antes, e os acompanhei na cantoria, aquilo foi me dando uma paz, um conforto. Chegou o momento do passe e me chamaram, levantei-me e caminhei até lá. Este momento é tudo, é onde trocamos as energias ruins pelas energias boas quando terminou voltei a sentar no mesmo lugar. Assim que terminou a sessão,
aquela senhora que presumo que seja a coordenadora do centro espírita veio em minha direção e me perguntou se alguém tivera me indicado a ir até lá. Eu disse que não, mas senti que deveria estar ali, então eu fui. Ela me disse para voltar mais vezes, e que seria bem vinda. Despedi-me e fui para casa. Sai daquela reunião, muito tranquila, e sabia que eu tivera feito à coisa certa. Quinta-feira, o dia foi normal como sempre, acabei lanchando no escritório mesmo, e não fui ao restaurante. A Laura entrou em minha sala e me disse que ontem logo após que sai, entregaram um envelope destinado aos meus cuidados. Peguei o envelope e fiquei com medo de abrir, pois tem tanta gente doida por aí que nunca se sabemos o que esperar. E ao abrir o envelope, tirei um papel com os seguintes dizeres: “Sei que está tudo muito confuso, para você. Mas como não estou podendo estar com você agora, eu preciso que você me faça um favor, mas ainda não posso dizê-lo”. - Nossa, quem será que escreveu isso? Não tem remetente. O que será que estão querendo comigo, o que eu faço com esse bilhete? - Peguei o bilhete e o guardei dentro da minha agenda. Ao sair do trabalho o meu celular tocou, atendi era Otávio, perguntando se eu poderia ir ao seu encontro. Peguei o endereço e fui até ele. Chegando ao local onde ele estava, era um lugar muito bonito, era um barzinho que dava de frente a uma praia reservada. Estacionei o carro, e fui até ele. - Oi, Otávio. Tudo bem? - Olá, Júlia. Estou bem e você? - Estou ótima. Mas me diz, por que me chamou? Aqui é muito bonito, nunca tinha vindo a este lugar e o por do sol ajuda muito. – falei observando o ambiente. - Então, Júlia. Chamei-te aqui, porque, aquela casa ali de cor verde, com as árvores na frente é onde nós morávamos e ainda moro. Por isso que te chamei, como iremos falar sobre ela, não pensei em outro lugar melhor do que se não aqui. - Otávio, que linda casa! – Exclamei- E que bom que você aceitou fazer o livro. Semana passada eu sonhei com ela e com o Davi, ela me disse que estavam bem. - Davi? Como assim, está bem? Eu não acredito muito nessas coisas. Fizemos a missa de sétimo dia porque os seus pais são católicos, eu sou uma pessoa que acredito no meu Deus, não tenho uma religião especifica. Vou pedir algo para comermos, aceita? - Sim, aceito. Ela estava com o bebê em seus braços e disse que se chamava Davi. Davi é o nome do bebê de vocês. Otávio começou a chorar, eu fiquei muito sensibilizada, levantei e o abracei, para confortá-lo. Depois que tudo se acalmou, mudamos de assunto e ficamos apreciando o mar.
- Ela adorava esse pôr do sol. Ela vinha de traje de banho, colocava a toalha na areia e deitava para ficar apreciando o sol. Eu ficava daqui só admirando-a. Ela era linda. - Realmente, um dia estávamos conversando, ela se deitou na grama do parque, e ficou apreciando o pôr do sol, de uma forma com se nunca mais tivesse visto aquele momento. Agora sei o por que. - Mas, me diz, e você Júlia, o que você faz? É escritora? - Eu me graduei em publicidade e propaganda, trabalho em um escritório, com mais quatro profissionais de profissões diferentes, onde ajudamos pessoas que não tem condições financeiras a conseguir dar entrada a uma ação judicial, a abrir uma pequena-empresa, a divulgação de novos estabelecimentos, eventos, profissionais liberais, coisas desse tipo. Eu já publiquei um livro, mas não obtive muito sucesso, então estou me dedicando a escrever esse, porque esse será de coração e também porque me identifiquei com a história de vocês. E você Otávio, ainda continua viajando, para salvar vidas? - Eu? Não. Agora fico na empresa, organizado, auxiliando os grupos que viajam. Agora eu só faço a parte burocrática. Depois que eu sofri um acidente, não quis mais viajar. - Sei, a Zafira me contou. Nossa, que momento difícil que você passou. - Como você sabe disso, ela realmente te contou, o que mais ela disse? - Ela me disse que vocês se viram muito pouco, até você viajar para África ficando totalmente incomunicável. Falou-me dos dias que passou sem você, sem ter noticias sua, falou também do dia em que você apareceu no flat de surpresa, e que pediu para você nunca mais abandonála, etc. - Sério! Não pode ser verdade. A noite foi chegando, e Otávio me convidou para ir até a sua casa, para conhecê-la, mas não aceitei o convite. - Otávio, preciso ir, adorei o final de tarde, mas já está escurecendo. Qualquer coisa me ligue. - Ok, Júlia. Adorei por você ter vindo, e pode deixar que ligarei sim. Despedi-me de Otávio e fui embora. E ao chegar em casa fui para o quarto e deitei na cama. Otávio, Otávio, Otávio, esse nome não sai mais da minha cabeça, o que farei agora? Estou começando a me sentir culpada, por estar gostando dele de verdade, eu não quero me envolver dessa forma. Troquei de roupa de fui dormir. Mais uma semana que esta se acabando, no meio do caminho indo para o trabalho, vi uma propaganda na vitrine com a imagem de uma moça, essa moça por sua vez me fez lembrar a Zafira, me aproximei do cartaz para ver se tinha o nome da modelo, mas não tinha, pois a propaganda vende o produto e não a modelo. Olhei em seus olhos pareciam que eles estavam olhando para mim, como se quisesse me dizer alguma coisa. Estou ficando louca. Fui para o escritório, o trabalho foi tranquilo durante todo o dia. Fim de expediente, arrumei as minhas coisas e voltei para casa, no meio do caminho a senhora do centro espírita, acenou para mim e veio em minha direção.
- Olá, tudo bem? - Sim. - Espero que não tenhas ficado assustada pelo o que falei. Mas eu preciso que você volte mais vezes lá. Tem alguém querendo falar com você. - Não, não fiquei. E confesso que nesses últimos meses, têm acontecido coisas estranhas, e até posso imaginar quem possa estar querendo falar comigo. - Você, tem irmã? - Não, sou filha única. - Apareça lá amanhã, pois preciso conversar com você. Até mais. - Ta, aparecerei. Fui para casa terminar o meu dia vendo televisão. Quando cheguei, liguei a tv, troquei de roupa, comi alguma coisa e deitei-me no sofá. E meia hora depois ouviu o meu celular vibrar. Peguei-o e havia uma ligação perdida, era de Otávio, não retornei e fui dormir. Sexta-feira, não fui trabalhar, fiquei a manhã toda arrumando algumas coisas, até que no meio da papelada apareceu um rascunho que tinha feito sobre a Zafhira. Não tinha como eu me desligar dessa história, já estava envolvida. Com o papel na mão, sentei-me na varanda, fiquei olhando as pessoas na rua, cada uma delas com os seus problemas e suas vidas. Pequei o telefone e pensei em ligar para Otávio, para saber o que ele queria na ligação passada. Mas não consegui, pois agora eu o via como um homem, e o queria como um também. Está ficando cada vez mais confusa essa história, vou dormir que é o melhor que eu posso fazer neste momento. Acordei e tudo pareceu estar bem naquele sábado, levantei-me da cama, abri a janela, - que sol maravilhoso, talvez eu vá à praia, mas, tenho muitas coisas para fazer, e nem sei por onde começar – falei para mim mesma.