Setembro, 2014 Curitiba/PR
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C738 O compromisso da Cidade do Cabo: uma declaração de fé e um chamado para agir – Curitiba : Encontro/Ultimato, 2011. 12,5x18 cm. ; il. ; 148p. ISBN 978-85-86936-81-4 1. Religião. 2. Fé. 3. Igreja. CDU 248
Catalogação na publicação: Leandro Augusto dos Santos Lima – CRB 10/1273
Sumário Apresentação............................................................. 5 Prefácio....................................................................... 9 Introdução.................................................................. 13 PARTE 1 – Para o Senhor que amamos: o nosso compromisso de fé................. 19 1. Nós amamos porque Deus nos amou primeiro....... 21 2. Nós amamos ao Deus vivo...................................... 25 3. Nós amamos ao Deus Pai........................................ 29 4. Nós amamos ao Deus Filho..................................... 33
5. Nós amamos ao Deus Espírito Santo........................ 37 6. Nós amamos a Palavra de Deus............................... 41 7. Nós amamos o mundo de Deus.............................. 45 8. Nós amamos o Evangelho de Deus.......................... 53 9. Nós amamos o povo de Deus................................. 59 10. Nós amamos a Missão de Deus............................... 65 PARTE 2 – Para o mundo que servimos: o chamado à ação da cidade do cabo................................. 71 Introdução.............................................................. 73 1. Testemunhando a verdade de Cristo em um mundo globalizado e pluralista..................... 75 2. Construindo a paz de Cristo em nosso mundo dividido e ferido.......................... 85 3. Vivendo o amor de Cristo
entre pessoas de outras crenças.............................. 99 4. Discernindo a vontade de Cristo para a Evangelização Mundial................................... 109 5. Chamando a Igreja de Cristo de volta à humildade, à integridade e à simplicidade.................................. 121 6. Formando parcerias no Corpo de Cristo pela Unidade em Missões........................................ 131 Conclusão................................................................... 139 Notas........................................................................... 143
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Prefácio – à versão brasileira
Apresentação “Toda a igreja levando todo o evangelho para o mundo todo.” Esta é uma fantástica e significativa declaração que o Movimento de Lausanne tem abraçado desde os seus inícios, no ido ano de 1974. O Movimento nasceu em torno do compromisso com a evangelização mundial e tem procurado entender esse mandato e ser fiel a ele em cada etapa da sua história. É por isso que se enfatiza a missão em termos geográficos, indo para onde nunca ou pouco se foi. Outra ênfase é fazer missão levando em conta cada contexto e cada nova geração. Daí a importância de se enfatizar a missão como a ampla vocação da igreja para viver e proclamar o evangelho em todas as áreas da vida e com todas as suas consequências, sejam pessoais ou comunitárias, morais e éticas, espirituais e emocionais, políticas, socioeconômicas e amplamente culturais.
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Assim é o evangelho: ele é para todos, para sempre e permeia todas as áreas da nossa vida. Quando aconteceu na Suíça, em 1974, o Congresso Mundial de Evangelização, conhecido como Lausanne I, os participantes levaram consigo um pacto que, para surpresa de muitos, andou mais rápido que muitos participantes, tornou o evento mais conhecido do que se imaginava e veio a ser o verdadeiro representante do que passou a ser chamado “o espírito de Lausanne”. Este foi o Pacto de Lausanne. Um pacto que marcou a caminhada evangélica mundial das últimas décadas do século passado, tornando-se, inclusive, um pacto de conversa com outros setores da igreja em nossos dias. Lausanne I havia cumprido o seu objetivo, colocando a evangelização de volta na agenda de grandes setores do cristianismo mundial. O ano de 1974 já faz parte de um passado distante, e muita coisa aconteceu desde então. O Pacto de Lausanne é insubstituível, nós sabemos, mas ele também ganha idade e já tem dificuldade de falar com a presente geração e dialogar com os desafios e oportunidades de hoje. É por isso que saudamos o Compromisso da Cidade do Cabo. Um documento que, a partir do Pacto de Lausanne, confessa a fé evangélica uma vez mais e o faz marcado por um compromisso de amor. Um compromisso que escuta e conversa com os desafios maiores dos nossos dias e busca entender a missão
como um chamado de Deus para este tempo e esta geração. Uma missão sintonizada com o coração de Deus e a serviço do seu Reino em nossos dias. O Compromisso da Cidade do Cabo (CCC), que aqui publicamos, é fruto do III Congresso Mundial de Evangelização e tem, como veremos, duas partes. A primeira é uma convocação para a confissão de fé em espírito de adoração. Aqui se reafirmam as bases da fé evangélica na significativa linguagem do amor. Um amor que nasce de Deus, nos chama-nos para o encontro com ele e nos convida a viver a nossa fé marcados por esse mesmo amor: Nós amamos porque Deus nos amou primeiro. A segunda parte do CCC é um convite à obediência evangélica. Aqui encontramos um plano de ação que responde às ênfases e aos desafios levantados e abordados por Lausanne III. Nesta parte, os grandes temas do nosso tempo são identificados e esboçados como desafio e oportunidade para a nossa tarefa missionária. Uma tarefa que envolve a todos nós, como igreja de Jesus Cristo, requer uma prática evangélica que reflita a unidade da igreja e deve ser feita com a marca da humildade e do serviço – algo que nem sempre se vê. Por isso o CCC nos convoca, não só à ação, mas também ao arrependimento e a uma nova consagração ao evangelho de Jesus Cristo sob a marca da graça de
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Deus, da qual tanto necessitamos. Ainda é cedo para dizer o quanto o CCC será abraçado pelas novas gerações, pelas forças missionárias que capitalizam o crescimento da igreja em setores da África, Ásia e América Latina e também pelas igrejas do Norte que procuram reencontrar o tom adequado de uma necessária conversa com sua sociedade e o seu tempo. Os primeiros sinais, no entanto, são alvissareiros. E nós, ao publicarmos o documento em língua portuguesa, queremos dar a nossa contribuição no objetivo de que “toda a igreja leve todo o evangelho para todos os povos”. A igreja brasileira carece do CCC e o saúda em espírito de gratidão. Com ele podemos afirmar a identidade evangélica, tão confusa em nossos dias; e com ele podemos nos sintonizar com uma agenda missionária que seja relevante e contextual. O CCC nos ajuda a enxergar o mundo no qual vivemos e convoca os cristãos a se unirem em torno do objetivo da missão mundial. Nós, como brasileiros, queremos e necessitamos fazer a nossa parte. Soli Deo gloria! Valdir Steuernagel Membro da diretoria internacional de Lausanne
Prefácio
Prefácio O Terceiro Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial (Cidade do Cabo, 16-25 de outubro de 2010) reuniu 4.200 líderes evangélicos de 198 países e se estendeu a outras centenas de milhares de líderes que participaram de reuniões, locais e online, realizadas em todo o mundo. Seu objetivo? Trazer um novo desafio à igreja global a fim de que ela testemunhe de Jesus e de todo o seu ensinamento, em todas as nações, em todas as esferas da sociedade e em todos os campos de reflexão. O Compromisso da Cidade do Cabo é fruto desse esforço. Ele se posiciona em uma linha histórica, tendo como base tanto o Pacto de Lausanne quanto o Manifesto de Manila. Está dividido em duas partes. A Parte I estabelece as convicções bíblicas, transmitidas a nós nas Escrituras, e a Parte II ecoa o chamado para ação. Como a Parte I tomou forma? Ela foi discutida pela primeira vez em Minneapolis, em dezembro de 2009, num encontro entre 18 teólogos e líderes
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evangélicos trazidos de todos os continentes. Um grupo menor, liderado pelo Dr. Christopher J. H. Wright, presidente do Grupo de Trabalho Teológico Lausanne, foi convidado para elaborar o documento final, a ser apresentado ao Congresso. Como a Parte II tomou forma? Um extenso processo de pesquisa iniciou-se pouco mais de três anos antes do Congresso. Cada um dos Diretores Internacionais do Movimento Lausanne organizou consultas em suas regiões, nas quais foi solicitado aos líderes cristãos que identificassem os principais desafios enfrentados pela igreja. Seis questões principais surgiram. Essas questões (i) definiram a programação do Congresso e (ii) deram forma à estrutura do chamado à ação. Esse processo de pesquisa prosseguiu durante o Congresso, enquanto Chris Wright e o Grupo de Trabalho da Declaração trabalhavam para registrar fielmente todas as contribuições. Um esforço hercúleo e monumental. O Compromisso da Cidade do Cabo atuará como um roteiro para o Movimento Lausanne durante os próximos dez anos. Esperamos que o seu chamado profético para o trabalho e para a oração leve igrejas, agências missionárias, cristãos em seus locais de trabalho e alianças estudantis em universidades a abraçar o chamado e a encontrar o seu papel nesse trabalho.
Muitas declarações doutrinais afirmam o que a igreja acredita. Gostaríamos de ir além e unir crença e prática. O modelo que usamos foi o do apóstolo Paulo, cujo ensinamento teológico foi substanciado em instruções práticas. Por exemplo, em Colossenses, sua profunda e maravilhosa representação da supremacia de Cristo resulta num ensinamento prático do que significa estar enraizado em Cristo. Podemos distinguir entre o que está no cerne do evangelho cristão, ou seja, as verdades básicas sobre as quais devemos estar unidos, e as questões secundárias, nas quais há divergência entre cristãos sinceros no que se refere à interpretação do que a Bíblia ensina ou exige. Trabalhamos aqui para formular o princípio Lausanne de “liberdade dentro dos limites” e, na Parte I, esses limites estão claramente definidos. Durante todo este processo, tivemos o prazer de trabalhar em conjunto com a Aliança Evangélica Mundial. Os líderes da AEM estão de pleno acordo tanto com a Confissão de Fé quanto com o Chamado à Ação. Embora falemos e escrevamos a partir da tradição evangélica dentro do Movimento Lausanne, afirmamos a unidade do Corpo de Cristo e, de bom grado, reconhecemos a existência de muitos outros seguidores do Senhor Jesus Cristo no contexto de outras tradições. Na Cidade do Cabo, recebemos, com alegria, representantes respei-
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tados de igrejas históricas de outras tradições, ali presentes no papel de observadores, e confiamos que o Compromisso da Cidade do Cabo seja útil para igrejas de todas as tradições. Nós o oferecemos em espírito de humildade. Qual é a nossa expectativa em relação ao Compromisso da Cidade do Cabo? Cremos que ele será comentado, discutido e valorizado como uma afirmação uníssona dos evangélicos em todo o mundo; que definirá pautas no ministério cristão; que fortalecerá formadores de opinião na arena pública; e que iniciativas e parcerias arrojadas surgirão a partir dele. Que a Palavra de Deus ilumine nosso caminho e que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com cada um de nós. S Douglas Birdsall Lindsay Brown Presidente Executivo Diretor Internacional
Introdução
O compromisso da Cidade do Cabo Introdução Como membros da igreja mundial de Jesus Cristo, com alegria, nós firmamos nosso compromisso com o Deus vivo e com os seus propósitos de salvação por meio do Senhor Jesus Cristo. Por ele, renovamos nosso compromisso com a visão e os objetivos do Movimento Lausanne. Isso envolve dois pontos: Primeiro: mantemos nosso compromisso com a tarefa de testemunhar de Jesus Cristo e dos seus ensinamentos em todo o mundo. O Primeiro Congresso Lausanne (1974) foi realizado visando à tarefa da evangelização mundial. Alguns dos principais benefícios desse congresso para a igreja mundial foram: o Pacto de Lausanne; uma nova consciência do número de grupos de povos não alcançados; e uma nova descoberta da natureza holística do evangelho bíblico e da missão cristã.
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O Segundo Congresso Lausanne, em Manila (1989), deu origem a mais de 300 parcerias na evangelização mundial, muitas das quais envolveram co-operação entre nações de todas as partes do globo. Segundo: mantemos nosso compromisso com os principais documentos do Movimento – O Pacto de Lausanne (1974) e O Manifesto de Manila (1989). Esses documentos expressam, de maneira clara, verdades básicas do evangelho bíblico e as aplicam à nossa missão prática de formas ainda relevantes e desafiadoras. Confessamos que não temos sido fiéis aos compromissos assumidos com esses documentos. No entanto, nós os reafirmamos e os legitimamos, ao mesmo tempo em que procuramos discernir como expressar e aplicar a verdade eterna do evangelho no mundo da nossa geração, mundo este em constante mudança.
As realidades das mudanças Praticamente todos os aspectos referentes à maneira como vivemos, pensamos e nos relacionamos uns com os outros estão se transformando em ritmo acelerado. Positivo ou negativo, sentimos o impacto da globalização, da revolução digital e da alteração no equilíbrio do poder econômico e político do mundo. Algumas situações que enfren-
Introdução
tamos nos trazem tristeza e ansiedade: a pobreza global, a guerra, a doença, a crise do meio ambiente e a mudança climática. Todavia, uma grande mudança em nosso mundo é motivo de alegria: o crescimento da igreja global de Cristo. O fato de o Terceiro Congresso Lausanne ser realizado na África é prova disso. Pelo menos três quartos de todos os cristãos do mundo vivem hoje em continentes do sul e leste do globo. A composição de nosso Congresso Cidade do Cabo 2010 reflete a significativa transição ocorrida no mundo cristão durante o último século, desde a Conferência Missionária de Edimburgo em 1910. Alegramo-nos com o incrível crescimento da igreja na África e com o fato de que nossos irmãos e irmãs em Cristo africanos sejam os anfitriões deste Congresso. Devemos responder às realidades de nossa própria geração por meio da missão cristã. Devemos também aprender com a combinação entre sabedoria e erros que herdamos das gerações anteriores. Nós honramos o passado e nos engajamos com o futuro.
Realidades inalteradas No entanto, em nosso mundo em constante mudança, algumas coisas se mantêm inalteradas.
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Essas importantes verdades oferecem a lógica bíblica para nosso engajamento missional. • Os seres humanos estão perdidos. A condição básica do ser humano permanece a mesma que foi descrita na Bíblia: estamos em pecado e rebelião, sob o justo julgamento de Deus e, sem Cristo, não temos esperança. • O evangelho é a boa nova. O evangelho não é um conceito que precisa de ideias renovadas, mas uma história que precisa ser contada de uma nova maneira. É a história inalterada do que Deus fez para salvar o mundo, essencialmente nos eventos históricos da vida, morte, ressurreição e reino de Jesus Cristo. Em Cristo, há esperança. • A missão da igreja continua. A missão de Deus continua até os confins da terra e até o fim do mundo. Chegará o dia quando os reinos do mundo se tornarão o reino do nosso Deus e de seu Cristo, e Deus habitará com sua humanidade redimida na nova criação. Até aquele dia, a participação da igreja na missão de Deus continua, em um alegre ritmo de urgência, e com oportunidades novas e empolgantes em cada geração, inclusive na nossa.
A paixão do nosso amor Esta Declaração foi firmada na linguagem do amor. O amor é a linguagem da aliança. As alianças bíblicas, antigas e novas, são a expressão do amor redentor de Deus e da graça que alcança a humanidade perdida e a criação deteriorada. Em troca, elas pedem o nosso amor. O nosso amor se manifesta por meio da confiança, obediência e do compromisso apaixonado com a aliança do Senhor. O Pacto de Lausanne definiu a evangelização desta forma: “toda a igreja levando todo o evangelho para todo o mundo”. Essa continua sendo nossa paixão. Por isso, renovamos essa aliança reafirmando: • Nosso amor por todo o evangelho, como a boa nova gloriosa de Deus em Cristo, para todas as dimensões da sua criação, que tem sido assolada pelo pecado e pelo mal. • Nosso amor por toda a igreja, como povo de Deus redimido por Cristo de todas as nações da terra e de todas as eras da história, para partilhar a missão de Deus nesta era e glorificá-lo para sempre na era por vir. • Nosso amor por todo o mundo, tão longe de Deus, mas tão perto do seu coração, o mundo que Deus tanto amou que deu o