Contando e Cantando

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Henriqueta Rosa F. Braga

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Contando e cantando Categoria: História / Igreja / Vida cristã

Copyright © 2017 Associação Basileia Primeira edição: Junho de 2017 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Revisão: Natália Superbi Diagramação: Bruno Menezes Capa: Ana Cláudia Nunes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Braga, Henriqueta Rosa F., 1909-1983 Contando e cantando : conhecendo as histórias de hinos cristãos / Henriqueta Rosa F. Braga. — Viçosa, MG : Ultimato, 2017. ISBN 978-85-7779-164-4 1. Hinos religiosos 2. Hinos religiosos - História I. Título. 17-04180 Índices para catálogo sistemático: 1. Hinos cristãos : Cristianismo

CDD-264.23 264.23

Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 www.ultimato.com.br


Sumário

Apresentação

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1. A história e o desenvolvimento dos hinos

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2. Sei que Cristo me quer bem

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3. Mui longe o monte verde está

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4. Morri na cruz por ti

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5. Comigo habita, ó Deus!

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6. Amor, que por amor desceste!

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7. Benditos laços são

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8. Avante, avante, ó crentes

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9. Quão bondoso amigo é Cristo

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10. Deus salve o rei

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11. Noventa e nove ovelhas há

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12. Rocha Eterna 42 13. Bendita a hora de oração

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14. Conta-me a velha história

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15. Um pendão real 16. Apenas rompe a aurora

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17. A última hora

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18. Careço de Jesus 58 19. Preciosas são as horas 20. Deus cuidará de ti

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21. Chuvas de bênçãos

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22. A Deus, supremo Benfeitor

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23. Meia-noite, cristãos!

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24. Oh! Dia alegre!

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25. A Marselhesa da Reforma

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26. Descansa, ó alma!

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27. Saudai o nome de Jesus!

28. Deus vos guarde pelo seu poder 29. Sol da minha alma

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30. Enquanto, ó Salvador, teu livro ler

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31. Mais perto quero estar, meu Deus, de ti!

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32. Quão linda é a história do bom Salvador!

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33. Ano bom 98 34. Triste estás, cansado e aflito

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35. Tuas obras te coroam

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36. Ao Deus de Abraão louvai!

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37. Tal qual estou

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38. Camaradas! A divisa mostra-se nos céus!

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39. Eis dos anjos a harmonia!

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40. Louvemos ao Senhor

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41. Qual suspira a corça inquieta

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42. Justo és, Senhor!

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43. No celeste porvir

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44. Vigiar e orar

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45. A mensagem da cruz

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46. Quão suave é teu nome, Jesus

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47. Momentos preciosos 138 48. No presépio de Belém

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49. Um hino abençoado 143


50. Tudo dás 147 51. Ei-lo à porta! 150 52. Grandioso és tu!

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53. Um hino ao Senhor

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54. Com tua mão segura bem a minha

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55. Pequena vila de Belém

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56. Ó fronte ensanguentada

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57. Proclamai 170 58. Suprema aspiração

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59. Dormindo no Senhor

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60. Jesus sendo meu, sou muito feliz

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61. A terra semeamos 182 62. Guia, ó Cristo, a minha nau!

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63. Jesus me guia, que prazer!

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64. Consagração 191 65. Na manjedoura 195 66. Tu és minha esperança Índice 1

197 200

Índice 2 203



apresentação

As biografias da Rosa1 Lyndon de Araújo Santos 2

Henriqueta Rosa Fernandes Braga nasceu no Rio de Janeiro,

então Distrito Federal, no dia 12 de março de 1909, numa família de imigrantes portugueses da cidade de Braga, que vieram para o Brasil na segunda metade do século 19. Seu avô, José Luiz Fernandes Braga, e seu pai, José Luiz Fernandes Braga Júnior, eram os proprietários da Fábrica de Chapéus Mangueira, sediada nos subúrbios do Rio de Janeiro e uma das mais importantes unidades fabris do estado. Os Fernandes Braga representavam o começo do protestantismo carioca, convertidos pelo médico e missionário pioneiro Robert Reid Kalley e sua esposa, Sarah Kalley, fundadores da Igreja Evangélica Fluminense em 1858, da qual eram membros. José Luiz Fernandes Braga Júnior casou-se com Henriqueta Fernandes Braga em cerimônia celebrada pelo pastor presbiteriano Eduardo Carlos Pereira em 1902.3 O casal teve cinco filhos: em 1903, nasceu José Luiz Fernandes Braga (neto); em 1905, Remígio de Cerqueira Fernandes Braga; em 1909, Henriqueta Rosa Fernandes Braga; em 1914, Christina Fernandes Braga; e, em 1917, Domingos Godofredo Fernandes Braga. Henriqueta Rosa4 nasceu e cresceu ligada à Igreja Evangélica Fluminense, nunca casou e sempre se dedicou à música, especialmente à pesquisa, conservação e publicações de


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contando e cantando Salmos e Hinos. A revista Ultimato, na edição de setembro/ outubro de 1983, referiu-se a ela como a “madrinha de Salmos e Hinos”, dado o zelo para com esse conjunto de hinos e cânticos que formou gerações de protestantes no Brasil desde as suas primeiras edições organizadas por Sarah Kalley. Em 1983 publicou no Rio de Janeiro pela Igreja Evangélica Fluminense a obra Salmos e Hinos – Sua origem e desenvolvimento. Como musicista, professora e musicóloga, concluiu os estudos secundários no Colégio Pedro II e colecionou diplomas e títulos expedidos pela Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), sendo a detentora do primeiro diploma universitário de música conferido no Brasil. Foram os títulos: professora de piano (1934), doutora em música (com defesa de tese em 1937), livre docente em história da música (1939), maestro (composição e regência em 1941) e professora catedrática de história da música (1958). Foi uma pesquisadora metódica e rigorosa, além de palestrante e conferencista. A sua erudição ampliou-se para outras instituições, como o Conservatório Brasileiro de Música e o Conservatório de Música do Distrito Federal, o Instituto Villa-Lobos e a Escola de Música Villa-Lobos, lecionando disciplinas como pedagogia musical, história da música, história das artes e apreciação musical. Integrou comissões, conselhos e sociedades ligadas à música, dentro e fora do país, como na Alemanha (International Society of Music Education), na Suíça (Internationale Gesellschaft für Musikwissenschaft), na França (Association Internationale de Bibliothèques Musicales), no Uruguai (Instituto Interamericano de Musicologia) e no Canadá (International Folk Music Council). Em 1974, recebeu reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Escola de Música da UFRJ. Ocupou a cadeira número 24 da Academia Nacional de Música e integrou o Conselho de Cultura do Estado da Guanabara, no período de 1966 a 1968. No contexto religioso evangélico atuou como regente de corais,


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professora em instituições de ensino teológico na área musical e revisora de um dos principais hinários evangélicos da história protestante brasileira, os Salmos e Hinos. Os campos de atuação eram, portanto, múltiplos e demonstram os diferentes universos de pertencimentos de Henriqueta Braga, enfim, as suas biografias. Rosa foi uma mulher metódica, estudiosa e erudita. Essa erudição se constituiu por uma série de fatores. O primeiro veio da própria formação familiar e religiosa, cujo ambiente era favorável aos estudos e à formação intelectual, compreendidos como instrumentos de glorificação a Deus no mundo e de expressão da fé. Os recursos da família construíram outras condições para essa formação, com possibilidades de viagens ao exterior, compra de livros estrangeiros e formação de uma vasta biblioteca, além de contatos com centros musicais e religiosos na Europa. Essa mentalidade e prática são remetidas a um calvinismo puritano letrado, que foi repassado para o protestantismo brasileiro e reelaborado pelos ambientes familiar e eclesiástico. O tipo de protestantismo do período de 1920 a 1960 estava caracterizado pelo pensamento liberal progressista, pelo evangelho social e pelo ecumenismo expresso na Confederação Evangélica do Brasil. Embora outros movimentos de reação estivessem em formação, como o fundamentalismo teológico, a geração das décadas de meados do século 20 articulava as perspectivas dessas correntes teológicas e sociais. Henriqueta traduziu e escreveu artigos, proferiu palestras, cursos e conferências em programas radiofônicos, editou verbetes para enciclopédias e publicou cerca de dezessete obras voltadas, na maioria, para a música sacra evangélica. Uma das obras foi publicada em audiovisual e foi assim descrita pela autora: Série de quatro aulas de história da música gravadas em fita magnética, intercaladas de ilustrações musicais e acompanhadas de diafilmes, um para cada aula: I. Origens da música. Divisão

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contando e cantando histórica; II. A música dos povos primitivos. III. A música nas antigas civilizações orientais; IV. A música na Antiguidade clássica: Grécia e Roma (Centro Audiovisual de Ensino Especializado – Rua Visconde de Cairu, 189 – Rio de Janeiro, GB, 1969).

Suas atividades de pesquisa estiveram voltadas não somente para a música sacra, mas também para o “folclore musical infantil”, tendo realizado pesquisas de campo em escolas municipais do Rio de Janeiro. Esse trabalho desdobrou-se pelas preocupações pedagógicas relativas ao ensino da música para o público infantil por meio dos “cânticos populares”. Seu pensamento articulava a dualidade entre o erudito e o popular, entre a cultura erudita e o folclore, recolhendo e analisando as cantigas populares como meios de ensino da música para crianças. Um dos cursos proferidos revela a inserção social de Henriqueta Rosa e deu-se na Sala Cecília Meireles sob a Promoção da Universidade Federal do Rio de Janeiro em colaboração com o Governo do Estado da Guanabara – Secretaria de Educação e Cultura: Curso de Extensão Universitária sobre “A Filosofia dos Séculos e a Música de Câmara”. 4ª. Aula – Música Romântica Brasileira. Ilustrações musicais: Quarteto Oficial da UFRJ. (28/07/69)

No campo artístico, Henriqueta dirigiu concertos musicais e gravações de conjuntos vocais para gravadoras, como a RCA Victor e a Odeon entre os anos de 1932 e 1948, e para a “etiqueta Atlas” em 1950. Toda a sua produção foi marcada por um rigoroso uso de fontes que foram organizadas de acordo com os interesses da autora. A extensão da produção de Henriqueta Braga revela uma pesquisadora metódica e rigorosa, detalhista e informada, além de afinada com as tecnologias de seu tempo e muito bem relacionada. As atuações nos campos religioso e secular não tinham diferencial de valor ou dicotomia. Sua trajetória desfaz


conhecendo as histórias de hinos cristãos

a construção da imagem feminina evangélica voltada para a submissão ao poder masculino, a docilidade ingênua, a redução ao espaço doméstico, a invisibilidade na instituição e a não participação na sociedade. Dentro da sua versatilidade deparamos com o veio de historiadora que se manifestou na sua vasta produção e na maneira como organizou suas fontes, encontradas na sua biblioteca e no seu acervo particular de documentos. A precisão de suas anotações e o cuidado com que registrava cada detalhe das informações colhidas nas fontes, sempre situadas com data e lugar, são traços que compõem a figura da historiadora. Além disso, os seus arquivos foram criteriosamente organizados em temas, biografias, partituras, obras de referência e outros registros. Com base nesse acervo, ela escreveu a série de artigos que a revista Ultimato publicou na seção “Música Sacra” de janeiro de 1968 até o ano de 1984, que constitui o conteúdo deste livro. Outro excelente resultado desse acervo é a obra Música Sacra Evangélica no Brasil – Contribuição à sua história, publicada no Rio de Janeiro em 1961 pela Kosmos Editora – Erich Eichner & Cia Ltda. A epígrafe descreve a relação que a autora tinha para com a música desde uma visão pietista e puritana: “A quantos têm dedicado suas energias à música sacra no Brasil usando-a como expressão de fé e para a glória de Deus”. Henriqueta Rosa faleceu aos 74 anos no dia 21 de junho de 1982, tendo sido enterrada no cemitério São Francisco Xavier. Deixou textos e projetos inacabados, como o Manual Para Salmos e Hinos, o que demonstra a vitalidade com que ainda produzia. Como todo sujeito histórico, Henriqueta construiu uma trajetória de vida repleta de escolhas e de caminhos que nos apontam para as suas biografias.

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contando e cantando Notas 1. Este ensaio biográfico foi baseado em SANTOS, Lyndon de Araújo. Os protestantes no alvorecer dos anos 60; um ensaio historiográfico a partir da obra de Henriqueta Braga. In: SILVA, Elizete; ALMEIDA, Vasni; SANTOS, Lyndon de Araújo. Fiel é a Palavra; leituras históricas dos evangélicos protestantes no Brasil. Feira de Santana: Editora da UEFS, 2011. 2. Pastor da Igreja Evangélica Congregacional em São Luís, historiador e professor do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão. 3. Henriqueta era oriunda da família Cerqueira Leite, ligada à Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), e Eduardo Carlos Pereira foi o principal líder do movimento que criou a Igreja Presbiteriana Independente (IPI), com a cisão ocorrida na IPB em 1903. 4. O nome Rosa foi atribuído também a outras mulheres da família como homenagem a Rose Edith (1839–1860), que fora esposa do político e matemático maranhense Joaquim Gomes de Souza (1829–1864), também conhecido como Souzinha. Rose Edith era de origem inglesa, filha de um pastor anglicano (rev. Humber) e casouse com Souzinha em 1857. No círculo familiar sempre foi lembrada pela bondade com que tratava as pessoas em suas relações e pelo falecimento precoce com 21 anos, de febre tifoide. Fontes: Jornal Pequeno, 2 de junho de 2007, artigo da professora doutora Marize Helena de Campos; ARAÚJO, Irene Coelho de. Joaquim Gomes de Souza (1829–1864); a construção de uma imagem de Souzinha. São Paulo: PUC, 2012. Tese de Doutorado; artigo de Ubiratan D’Ambrosio, “Joaquim Gomes de Souza, o ‘Sou-zinha’ (18291864)”, em: https://bibliotecaquimicaufmg2010.files.wordpress. com/2012/02/61-ubiratan-d-ambrosio.pdf. Acesso em 7/5/2016.


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A história e o desenvolvimento dos hinos*

No sentido lato, denominam-se hinos os poemas cantados que

expressam louvores aos deuses e heróis. Particularmente os hinos cristãos são peças versificadas, divididas em estrofes de estrutura idêntica, a princípio cantados alternadamente por dois coros, e de largo uso nas igrejas cristãs orientais e latinas. Por extensão, o termo também designa, genericamente, todo cântico, salmo e composição similar de uso eclesiástico. Mateus 26.30 assinala que Cristo depois da Ceia cantou um hino com os seus discípulos antes de se retirarem para o Monte das Oliveiras. Pensam os estudiosos que tenha sido entoado na oportunidade o Salmo 114: “Quando saiu Israel do Egito, e a casa de Jacó do meio de um povo de língua estranha...”. São Paulo, em Efésios 5.19, exorta os fiéis a cantarem salmos e hinos e cânticos espirituais. Plínio, no ano 113, escreveu a Trajano que os cristãos tinham costume de se reunirem para cantar hinos em coros alternados. São estes os mais antigos testemunhos da prática de hinos pelos cristãos. Provavelmente, estes cantares não correspondiam, quanto à estrutura, ao que atualmente se designa por *Ultimato, jan. 1968, p. 6.


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contando e cantando hinos, embora sem dúvida alguma seu conteúdo objetivasse exatamente o que hoje com eles se pretende alcançar: louvar a Deus, glorificá-lo e humildemente confessar os desacertos e implorar a bênção e misericórdias divinas. Os gnósticos (que pretendiam possuir um conhecimento sublime da natureza e dos atributos divinos) celebrizaram-se pelo uso que faziam dos hinos para difundir suas doutrinas, a ponto de cobri-los de descrédito levando a igreja a subestimá-los, razão pela qual a maior parte dos hinos cristãos dos séculos 1º ao 3º não foi conservada. Só na segunda metade do século 4º, novamente valorizados pela igreja cristã do Oriente, lograram os hinos penetrar na igreja cristã do Ocidente por mão de Santo Ambrósio, cuja vasta influência propiciou sua rápida divulgação. Este grande vulto da música sacra foi o primeiro a empreender uma reforma do cântico eclesiástico, selecionando o que deveria ser realmente cantado no ofício religioso, proibindo o uso das peças profanas que paulatinamente haviam penetrado na igreja, e estabelecendo normas litúrgicas. Nascido em Treves, França, e dedicado à jurisprudência, exerceu Santo Ambrósio (c. 340–397) em Roma funções de curador de administrações, alcançando o elevado posto de governador ou procônsul do norte da Itália, fixando-se em Milão. Vivendo num período de lutas e dificuldades, quando os bárbaros desciam os Alpes para atacar o Império Romano e a heresia ariana ameaçava a Igreja, precisou usar de toda a sua energia para defender um e outra. Como o bispo de Milão houvesse perfilhado as doutrinas divulgadas por Ário, previram-se, por ocasião de sua morte, sérios distúrbios ao ensejo da eleição do seu sucessor. Para evitar possíveis desordens, dirigiu-se Ambrósio à basílica e usou de sua abalizada palavra para aconselhar calma e ponderação. Respeitável e respeitado, foi poderoso em seus argumentos, sendo aclamado pela multidão, que o escolheu para bispo, apesar de ser ele apenas catecúmeno. Aceitou comovido. Renunciou ao cargo


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que exercia, recebeu o batismo e dedicou o resto da vida às suas novas responsabilidades, desincumbindo-se delas de maneira brilhante e fecunda. Sofreu perseguições inclusive de Justina, mãe do imperador Valentino e adepta de Ário. Refugiado na basílica, ali foi acompanhado por muitos amigos que se mantinham em vigília para protegê-lo, contando-se entre eles Mônica, mãe de Aurélio Agostinho. Nessas circunstâncias é que Ambrósio, não só para veicular a doutrina evangélica, senão também para manter acordados os que vigiavam, começou a escrever, a musicar e a estimular o cântico de hinos, com isso logrando neutralizar a influência dos cânticos de Ário. Adotou, para melhor popularizá-los, o ritmo da marcha dos soldados, que corresponde, nos nossos hinários, ao metro LM ou 8.8.8.8, de que são exemplo os seguintes hinos de Salmos e Hinos: “Os povos que na terra estão” (20), “Ó Deus, com infinito amor” (17), “No santo dia do Senhor” (19), “Ó Deus, tu me sondaste aqui” (27). O número de estrofes para cada hino podia ir até oito; cada estrofe apresentava quatro versos, e cada verso reunia pequeno número de sílabas facilitando a memorização e favorecendo a sua popularidade. Fáceis de cantar, incisivos, os hinos de Santo Ambrósio atingiram plenamente o seu objetivo. Tal como os dele, os que hoje usamos, de grande variedade do ponto de vista da métrica, continuam a veicular as grandes verdades bíblicas dentre as quais a maior é o grande amor de Deus, que por meio de seu bendito filho – Jesus Cristo – oferece salvação eterna ao pecador contrito, redimindo-o das suas culpas.

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