De quem é a Terra Santa?

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De quem é a

Terra

Santa?



De quem é a

Colin Chapman

Terra

Santa?

O CONTÍNUO CONFLITO ENTRE ISRAEL E A PALESTINA

tradução Valéria Lamim Delgado Fernandes


DE QUEM É A TERRA SANTA? Categoria: Ética / História / Vida cristã

Copyright do texto © 1983, 1992, 2002, 2015 por Colin Chapman Copyright © 2015 por Lion Hudson, Oxford, Inglaterra Título original em inglês: Whose Promised Land? Primeira edição: Fevereiro de 2017 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Tradução: Valéria Lamim Delgado Fernandes Revisão: Claudete Água de Melo Diagramação: Bruno Menezes Capa: Lucas Gonçalves

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Chapman, Colin, 1938De quem é a terra santa? : o contínuo conflito entre Israel e a Palestina / Colin Chapman ; tradução Valéria Lamim Delgado Fernandes. — Viçosa, MG : Ultimato, 2017. Título original: Whose promised land? ISBN: 978-85-7779-160-6 1. Bíblia - Crítica e interpretação 2. Conflito árabe-israelense 3. Israel - História 4. Palestina História 5. Posse de terra - Aspectos religiosos 6. Posse de terra - Ensino bíblico I. Título.

16-00360 Índices para catálogo sistemático: 1. Conflito árabe-israelense : História

CDD-956.94 956.94

Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 www.ultimato.com.br


Para Anne, Jeremy, Andrew e Sarah


Legenda ARA – Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. Versão on-line do site: www.sbb.org.br. BJ – Bíblia de Jerusalém. 1ª ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1981. NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. Versão on-line do site: www.sbb.org.br. TB – Tradução Brasileira. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. Versão on-line do site: www.sbb.org.br. As citações bíblicas não seguidas de indicação foram retiradas da Nova Versão Internacional, da Editora Vida (2001).


Sumário

Prefácio à edição de 2015 Introdução

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Parte um • Entendendo a história 1. A terra na história: Fatos básicos e sua interpretação

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2. As sementes do conflito: Chame a próxima testemunha

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3. Questões fundamentais hoje: Fazendo as perguntas certas

143

Parte dois • Interpretando a Bíblia 4. A terra antes de Cristo: “A terra que mana leite e mel”

169

5. A terra depois de Cristo: “Os humildes receberão a terra por herança”

203

6. Outros temas bíblicos: “Há alguma palavra da parte do Senhor?”

249


Parte três • Encontrando modos de avançar 7. Realidades e possibilidades hoje: “O que traz a paz”

329

Conclusão: De quem é a terra?

385

Apêndice 1: Princípios de interpretação cristã das profecias do Antigo Testamento

401

Apêndice 2: Exemplos de interpretação cristã das profecias do Antigo Testamento

411

Notas 423 Índice de passagens bíblicas

449

Índice geral 457


Prefácio à edição de 2015

Como um livro publicado pela primeira vez em 1983 e reeditado mais recentemente, em 2002, pode merecer uma versão mais atual e uma nova publicação em 2015? Ao que parece, ele supriu a necessidade de uma introdução ao conflito entre israelenses e palestinos de uma perspectiva cristã. É diferente de outros livros sobre o tema no sentido de que procura discutir tanto a história e a política quanto questões de religião – com um foco especial nos diferentes modos pelos quais os cristãos interpretam a Bíblia. Esta nova edição reflete tanto o que mudou quanto o que não mudou desde 2002. Assim, a primeira parte, Entendendo a história, foi atualizada com o objetivo de explicar por que o chamado “processo de paz”, iniciado em 1991, chegou a um impasse e por que parece haver tão pouca esperança de qualquer solução permanente. Tivemos a guerra no Líbano em 2006, e três ataques destrutivos em Gaza em 2008–2009, 2012 e 2014, e neste momento Israel/Palestina estão envolvidos nos outros conflitos importantes ocorrendo na região. As raízes do conflito, explicadas com detalhes na primeira edição, não mudaram, mas podem ser esclarecidas adicionalmente por vários outros estudos recentes – sendo grande parte deles de escritores israelenses judeus.


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De quem é a Terra Santa?

Por exemplo, o livro Minha Terra Prometida, de Ari Shavit, um conhecido jornalista israelense, é um exemplo notável da reflexão de um judeu israelense. The Bride and the Dowry – Israel, Jordan and the Palestinians in the Aftermath of the June 1967 War [A noiva e o dote – Israel, Jordânia e os palestinos depois da guerra de junho de 1967], de Ravi Raz, lança uma nova luz no modo como a política israelense desenvolveu-se nesse período fundamental e continua a afetar a situação hoje. E Israel and Palestine – Reappraisals, Revisions, and Refutations [Israel e a Palestina – reavaliações, revisões e refutações], de Avi Shlaim, é uma análise admiravelmente lúcida da história recente. As questões básicas são ainda mais claras do que antes e explicadas num novo capítulo intitulado “Questões fundamentais hoje: Fazendo as perguntas certas” (capítulo 3). A segunda parte, Interpretando a Bíblia, discute as mesmas questões que antes, mas inclui um novo material que ilustra como os debates avançaram. O mundo cristão ainda está dividido ao meio em sua reação ao conflito, uma vez que há uma grande divisão entre aqueles que veem a criação do Estado de Israel em 1948 como o cumprimento de promessas e profecias bíblicas, e aqueles cujo ponto de partida é o de que a vinda do reino de Deus na pessoa de Jesus, o Messias, deve determinar o modo como os cristãos interpretam o Antigo Testamento. O capítulo sobre “Outros temas bíblicos” parece ser tão relevante hoje quanto o foi em 2002, e algumas questões como o antissemitismo e o islamismo parecem ainda mais urgentes do que antes. Na terceira parte, Encontrando modos de avançar, o capítulo 7, “Realidades e possibilidades hoje: ‘O que traz a paz’”, foi atualizado, examinando também algumas das questões apresentadas no capítulo 3. A conclusão apresenta uma reflexão pessoal sobre a natureza do conflito e o estágio a que ele chegou em meados de 2015 e os modos pelos quais os cristãos tentam responder e dar sentido ao que está acontecendo diante dos nossos olhos. Sou extremamente grato a Katharine von Schubert, Jeremy Moodey, Munther Isaac, John Angle, Salim Munayer, Alex Awad, Sami Awad, Chawkat Moucarry e Ben White, que leram partes desta edição ou toda ela e deram muitas sugestões úteis. Foi um prazer trabalhar com Alison Hull, Jessica Tinker e a equipe editorial da Lion Hudson, em Oxford.

Colin Chapman


Introdução

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O conflito entre israelenses e palestinos é um dos mais amargos, prolongados, violentos e aparentemente irremediáveis dos tempos modernos.1 Avi Shlaim

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Eles e nós queremos a mesma coisa. Ambos queremos a Palestina.2 David Ben-Gurion

A essência do conflito entre Israel e a Palestina é a reivindicação de dois povos à posse do mesmo pedaço de terra.3 Alan Dowty

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Uma terra – duas nações. Essa é a essência do problema de Israel e dos palestinos.4 Noam Chomsky

Teologicamente falando, o que está em jogo hoje no conflito político a respeito da terra da Cisjordânia e de Gaza é nada menos que o modo como entendemos a natureza de Deus.5 Naim Stefan Ateek

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As crenças que as pessoas têm sobre o significado da Terra Santa são parte do problema, mas também são parte da solução.6 Mark Braverman


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De quem é a Terra Santa?

O conflito entre israelenses e palestinos era um conflito local que começou em um lugar do Império Otomano na década de 1880. Ele se intensificou no século 20 e transformou-se num conflito internacional que ameaça a paz na região e no mundo. A pequena comunidade judaica que havia se consolidado na terra durante séculos multiplicou-se graças a colonos judeus que vieram de fora e, inevitavelmente, ameaçaram a comunidade maior de árabes palestinos, que também estava consolidada na terra havia séculos. O que se criou foi um choque de nacionalismos – com dois povos reivindicando o mesmo pedaço de terra por razões que se desenvolveram por causa das suas histórias diferentes. O conflito tornou-se cada vez mais complexo, envolvendo todo o Oriente Médio e todas as grandes potências mundiais. Tendo começado como um problema puramente político, religião e política estão agora completamente entrelaçadas. Se perguntarmos: “A quem pertence a terra?”, que tipo de pergunta estamos fazendo? Estamos falando a linguagem da lei internacional e dos direitos humanos e perguntando sobre fronteiras, soberania e condição de Estado? Ou estamos usando a linguagem da religião e perguntando se qualquer grupo em particular pode reivindicar um direito à terra com base nas suas crenças religiosas? Ben-Gurion, ex-primeiro-ministro de Israel, não tinha dúvidas quanto à importância da Bíblia para o movimento sionista quando disse: “A Bíblia é nosso mandato”. E muitos judeus nos assentamentos na Cisjordânia baseiam sua reivindicação de viver lá na promessa de Deus, registrada no livro de Gênesis, de dar a terra a Abraão e aos descendentes dele “como propriedade perpétua” (Gn 17.8). Por causa do modo como interpretam a Bíblia, muitos cristãos apoiam essa reivindicação. Portanto, para muitos judeus e cristãos, a crença religiosa pode preceder quaisquer argumentos baseados na história ou em ideias comumente aceitas sobre justiça. Então, como podemos começar a desenredar a história e a política de um lado e a Bíblia e a teologia de outro? A abordagem adotada neste livro é começar com a história, uma vez que é importante ter no mínimo uma compreensão básica da natureza do conflito antes de recorrermos à Bíblia para tentar encontrar sentido nesses acontecimentos históricos. Assim, a parte 1, Entendendo a história, procura explicar as reivindicações históricas de judeus e árabes baseadas na ocupação anterior da


INTRODUÇÃO

terra e entender os acontecimentos que levaram à criação do Estado de Israel em 1948 e aos avanços mais significativos nas primeiras décadas da sua existência. O capítulo 1, A terra na história: Fatos básicos e sua interpretação, é um breve estudo histórico dos diferentes povos que governaram a terra do século 20 até os dias atuais, descrevendo em particular a escalada do conflito nos últimos anos. O capítulo 2, As sementes do conflito: Chame a próxima testemunha, tenta explicar com mais detalhes a natureza do conflito, usando citações de uma grande variedade de fontes para permitir que as pessoas que se envolveram no conflito ou escreveram sobre ele falem com suas próprias palavras. O capítulo 3, Questões fundamentais hoje: Fazendo as perguntas certas, procura articular algumas das questões fundamentais em todos os debates na era presente. A parte 2, Interpretando a Bíblia, examina o que a Bíblia tem a dizer sobre o tema da terra. O capítulo 4, A terra antes de Cristo: “A terra que mana leite e mel”, concentra-se na terra do Antigo Testamento. O capítulo 5, A terra depois de Cristo: “Os humildes receberão a terra por herança”, examina como Jesus entendia a ideia da terra e como seus discípulos acreditavam que ele havia redefinido as ideias dos judeus em relação à terra. Este estudo contesta a ideia de que o recente retorno dos judeus à terra e a criação do Estado de Israel em 1948 deveriam ser vistos pelos cristãos como o cumprimento da promessa feita a Abraão e das predições bíblicas de um retorno à terra. O capítulo 6, Outros temas bíblicos: “Há alguma palavra da parte do Senhor?”, examina outros temas na Bíblia que são relevantes para o nosso entendimento do conflito hoje. A parte 3, Encontrando modos de avançar, baseia-se na análise da história na primeira parte e no estudo da Bíblia na segunda. O capítulo 7, Realidades e possibilidades hoje: “O que traz a paz”, discute algumas das principais áreas nas quais é possível ter esperança de encontrar algum tipo de solução para o conflito. A conclusão descreve uma resposta pessoal à pergunta: “De quem é a Terra Santa?”.

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De quem é a Terra Santa?

Os apêndices 1 e 2 discutem com mais detalhes a interpretação cristã da profecia no Antigo Testamento.


Parte um

Entendendo a história

Quem viveu na terra e quem a governou no passado? Como o Estado de Israel veio a existir? Quais foram os vários estágios no conflito entre Israel e os palestinos? O que podemos aprender com a história dos últimos 130 anos? Antes de recorrermos à Bíblia na Parte 2, é possível entendermos do que se trata o conflito? O capítulo 1, A terra na história: Fatos básicos e sua interpretação, não é uma história completa sobre a terra, mas um esboço dos fatos básicos sobre quem governou a terra de meados do século 20 a.C. aos dias atuais, com foco especial no processo que levou à criação do Estado de Israel em 1948 e nos diferentes estágios do conflito desde então. O capítulo 2, As sementes do conflito: Chame a próxima testemunha, é uma espécie de antologia de citações. Em vez de tentar discutir um caso particular, ele apresenta diferentes tipos de fontes primárias que permitem aos leitores chegarem a uma conclusão sobre a história recente da terra. O capítulo 3, Questões fundamentais hoje: Fazendo as perguntas certas, procura examinar as áreas de divergências fundamentais entre as duas principais partes no conflito e entre aqueles que observam a situação de fora. Neste ponto da história, a natureza do conflito mudou e há novas perguntas que precisamos fazer?



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A terra na história Fatos básicos e sua interpretação

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Apenas quando lidamos com a história confusa e dolorida deste conflito é que podemos entender o que está acontecendo.1 Avi Shlaim

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Quando dizemos que os árabes são os agressores e nos defendemos, isso é apenas metade da verdade. Com relação à nossa segurança e vida, nós nos defendemos [...] Mas a luta é apenas um dos aspectos do conflito, que na sua essência é político. E, em termos políticos, nós somos os agressores e eles se defendem.2 David Ben-Gurion, 1938

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Sem dúvida David Ben-Gurion tinha razão. O sionismo era um movimento e uma ideologia de colonização e expansionismo.3 Benny Morris

1.1 Os patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó (c. 2000-1700 a.C.)

Em algum momento depois de 2000 (é difícil saber exatamente quando), Abraão, o chefe de uma pequena tribo, ou talvez apenas uma família estendida, migrou de Harã, na Síria, para a região montanhosa da Palestina. Ele não se estabeleceu definitivamente num único lugar, mas moveu-se entre Siquém (perto da atual cidade palestina de Nablus), Berseba e Hebrom. Os habitantes da terra naquela época, que eram de descendência semita e outras, são citados pelo escritor de Gênesis como “queneus, quenezeus, cadmoneus, hititas, ferezeus, refains, amorreus, cananeus, gorgaseus e jebuseus” (cf. Gn 15.19-21).


De quem é a Terra Santa?

Durante um período de fome Abraão viveu no Egito, e, numa ocasião posterior, refugiou-se em Gerar, no norte do Neguebe. O único pedaço de terra que ele comprou foi o campo que tinha a caverna em que sepultou sua esposa Sara (veja 3.1). É possível que Isaque, filho de Abraão, tenha se estabelecido de modo mais permanente num lugar na região montanhosa. Mas durante outra grande fome, Jacó, filho de Isaque, mudou-se para o Egito com toda a família a convite do seu filho José, que nessa ocasião havia se tornado o primeiro-ministro de fato do Egito. Seus descendentes permaneceram no Egito por mais de quatrocentos anos. 1.2 O êxodo e a conquista da terra sob a liderança de Josué (c. 1280-1050 a.C.)

Depois de um período de terrível opressão durante o governo de um dos faraós no Egito, as doze tribos de Israel fugiram sob a liderança de Moisés. Depois de atravessarem o mar Vermelho, passaram quarenta anos em diferentes partes da península do Sinai. Por volta de 1280, Josué liderou-as na travessia do rio Jordão. Dã Quedes Monte Hermom Hazor Mar de

1.2 O êxodo e a conquista da terra

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A terra na história

A conquista da terra começou com a tomada de Jericó e continuou com várias campanhas na região montanhosa ao sul e ao norte. Os limites da terra que Josué acreditava ter sido prometida por Deus aos filhos de Israel iam (aproximadamente) da costa do Mediterrâneo ao leste até o monte Hermom, depois ao extremo sul do mar Morto e ao oeste do Mediterrâneo. A margem oriental do Jordão foi dada a pedido especial a duas tribos e meia (veja Seção 3.2). Contudo, é um tanto incorreto falar da “conquista da terra”, uma vez que os israelitas não conquistaram nada que se assemelhasse à terra toda. Uma tribo após outra tentou ocupar o território que lhe coube, mas nem todas as tribos foram bem-sucedidas, e grandes áreas permaneceram sob o controle dos cananeus e outros que já estavam vivendo na terra (veja Seção 3.3). Em seguida, veio um período de declínio durante o qual as tribos passaram para o controle de povos vizinhos, como os filisteus, mas de vez em quando elas conseguiam estabelecer sua independência durante o governo dos seus próprios líderes ou “juízes”. 1.3 O reino sob Saul, Davi e Salomão (1050-931 a.C.)

Saul, o primeiro rei (cerca de 1050-1011 a.C.), reuniu muitas das tribos na tentativa de repelir os filisteus que ocupavam a maior parte da planície costeira e controlavam a maior parte da região montanhosa. Quando foi morto em batalha, foi sucedido pelo rei Davi (por volta de 1011-971 a.C.), que teve mais êxito. Depois de acabar com o poder dos filisteus na costa, ele se concentrou na área ao leste do Jordão, onde derrotou três reinos menores: Edom, no sul; Moabe, ao leste do mar Morto, e Amom, ao norte do mar Morto. Em seguida, ele derrotou os governos de Arã, mais ao norte. Durante o reinado do seu filho, o rei Salomão (971-931 a.C.), o reino desfrutou de um período de paz e prosperidade, e seu poder estendeu-se mais do que em qualquer outro período de sua história (“de Dã até Berseba [...]”).

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Jerusalém Berseba

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1.3 Israel durante a monarquia unida

1.4 Os reinos de Israel e Judá (931-587 a.C.)

Depois da morte de Salomão, por volta de 931, as dez tribos do norte revoltaram-se contra o sucessor dele, o rei Roboão, e dois reinos separados surgiram: o reino do norte com sua capital em Samaria (Israel) e o reino do sul com sua capital em Jerusalém (Judá). O reino do norte continuou sob o governo dos seus próprios reis por duzentos anos, até que foi ameaçado pelo crescente poder da Assíria, no norte. Finalmente, chegou ao fim em 722 quando Samaria foi tomada e uma grande parte da população foi deportada. Essa deportação foi muito rigorosa, e um grande número de imigrantes de outros territórios conquistados foi trazido para ocupar o lugar dos deportados. Aqueles que se estabeleceram na província de Samaria acabaram adotando a religião dos israelitas que haviam permanecido na terra. Contudo, essa comunidade, mais tarde conhecida como “os samaritanos”, era desprezada pelo povo de Judá, ao sul, por causa da sua descendência mista e porque sua religião já não era considerada pura.


A terra na história

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Os israelitas deportados foram estabelecidos em diversos lugares dentro do Império Assírio, na atual região nordeste da Síria, no sudeste da Turquia e na parte ocidental do Iraque. Isso fazia parte de uma política deliberada destinada a fazer com que eles perdessem a identidade e se assimilassem com mais facilidade à população local. A maioria dos historiadores parece aceitar que a política assíria provavelmente alcançou seu objetivo, e que a grande maioria dos exilados foi totalmente absorvida nas comunidades nas quais eles haviam sido estabelecidos e nunca mais voltou à sua terra.

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Mar de Quinerete

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Jerusalém

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Berseba

1.4 O reino dividido: Israel e Judá

1.5 O exílio babilônico (597-539 a.C.)

Quando o reino do norte de Israel foi absorvido pelo Império Assírio, o reino do sul de Judá conseguiu defender-se e manter certa medida de independência. No início do século 6º, no entanto, os babilônios assumiram o controle de toda a área dos assírios e, nesse momento, ameaçaram o pequeno reino de Judá na sua fronteira sudeste. Em 597, Nabucodonosor da Babilônia tomou Jerusalém, devastou o templo e deportou a nata da população para a Babilônia.

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