Teologia para o Cotidiano | SÉRIE ULTIMATO 50 ANOS

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TEOLOGIA PARA O COTIDIANO SÉRIE ULTIMATO 50 ANOS


SÉRIE ULTIMATO 50 ANOS • • • •

Deixem que elas mesmas falem História da evangelização do Brasil Súplicas de um necessitado Por que (sempre) faço o que não quero?

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A pessoa mais importante do mundo Sou eu, Calvino Não perca Jesus de vista Para (melhor) enfrentar o sofrimento

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Práticas devocionais Teologia para o cotidiano De hoje em diante Conversas com Lutero

A série ULTIMATO 50 ANOS celebra meio século de publicação da revista Ultimato, bem como a vida e a obra do seu fundador, o pastor Elben César, autor dos volumes da série.


ELBEN M. LENZ CÉSAR

TEOLOGIA PARA O COTIDIANO A SABEDORIA BÍBLICA PARA A VIDA DIÁRIA

SÉRIE ULTIMATO 50 ANOS


TEOLOGIA PARA O COTIDIANO – A SABEDORIA BÍBLICA PARA A VIDA DIÁRIA Categoria: Devocional / Espiritualidade / Vida cristã

Copyright © 2014, Elben M. Lenz César Copyright desta edição © 2018, Editora Ultimato Ltda

Primeira edição: Fevereiro de 2014 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Preparação e revisão: Natália Superbi Diagramação: Bruno Menezes Capa: Angela Bacon

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) César, Elben M. Lenz, 1930-2016. Teologia para o cotidiano : a sabedoria bíblica para a vida diária/ Elben M. Lenz César. —Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2014. ISBN 978-85-7779-103-3 1. Citações bíblicas 2. Conduta de vida 3. Espiritualidade 4. Teologia doutrinal 5. Vida cristã I. Título. CDD-230

13-13976 Índices para catálogo sistemático: 1. Teologia cristã

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PUBLICADO NO BRASIL COM TODOS OS DIREITOS RESERVADOS POR: EDITORA ULTIMATO LTDA Rua A, no 4 - Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 www.ultimato.com.br


Sumário

Apresentação

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• Parte 1 Teologia do desejo Teologia da decepção Teologia da demora Teologia da distância Teologia dos tranquilizantes Teologia do íntimo

10 14 17 20 24 28

• Parte 2 Teologia da confissão Teologia do perdão Teologia da gratidão Teologia da consagração Teologia do louvor

34 37 41 44 47

• Parte 3 Teologia dos degraus Teologia do desenvolvimento Teologia da interferência Teologia da transformação

52 55 59 63


• Parte 4 Teologia dos limites Teologia do risco Teologia das nulidades Teologia dos imprevistos Teologia do refúgio

68 71 75 79 83

• Parte 5 Teologia da abertura Teologia do esforço Teologia da reclamação Teologia da repercussão

88 92 96 100

• Parte 6 Teologia da faxina Teologia da contenção Teologia da aproximação Teologia da restauração

AbreviaTURAs BV – A Bíblia Viva NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje

106 109 112 115


Apresentação

Teologia é uma palavra que inspira respeito. Teólogo é aquele que estuda e ensina teologia. Nenhuma das duas palavras aproxima o cristão comum das Escrituras. Parece coisa só de eruditos, de acadêmicos, de doutores. Teologia, com ou sem razão, tem fama de ser algo frio que pode produzir conhecimento e cultura, mas não calor espiritual e entusiasmo. Ela fala mais com a mente do que com a alma, quando deveria se dirigir a ambas com igual ênfase. A verdadeira espiritualidade precisa tanto de conhecimento quanto de calor. O pecador arrependido e convertido precisa conhecer a Deus cada vez mais e também ter comunhão cada vez mais com ele. Para isso, ele precisa tanto de livros teológicos como de livros devocionais. Se os textos devocionais tivessem mais teologia e os textos teológicos tivessem mais devocionalidade, chegaríamos ao equilíbrio desejável. A teologia certinha, na ponta da língua, sem emoções, faz pouco. O fogo espiritual que depende só de emoções e não dos fundamentos que deveriam produzi-lo faz mal.


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Teologia para o cotidiano

Teologia para o Cotidiano tem esse título exatamente porque pretende unir o zelo doutrinário com o zelo espiritual, a mente com a alma, a fé com as obras, a ortodoxia com a ortopraxia, o estático com o dinâmico, a bagagem doutrinária com a bagagem da vivência espiritual. Em benefício do crente, em benefício do lar cristão, em benefício da igreja, em beneficio da missão integral, em benefício do reino de Deus. Podemos dizer que é um livro de teologia prática. Aborda, por exemplo, a teologia do íntimo, a teologia dos imprevistos, a teologia do refúgio, a teologia da reclamação, entre outros.


parte um


Teologia

do desejo

O homem é um ser que deseja, que tem vontade própria e que se realiza à medida que seus desejos se satisfazem. Alguns de seus desejos, porém, são tão sem fundamento como os desejos de uma mulher grávida, que tem vontade exacerbada de comer e beber determinadas coisas. Há desejos fortes e desejos fracos. Há desejos permanentes e desejos passageiros. Há desejos nobres e desejos vis. As pessoas que mais se destacam tanto na virtude como na maldade têm, em geral, desejos muito fortes e derrubam todos os obstáculos para alcançá-los.

A vontade nem sempre é própria

Da infância até a morte o homem está sujeito à vontade alheia e dela recebe constante bombardeio. A vontade alheia usa a propaganda subliminar e ostensiva, a literatura e as artes, o discurso e a persuasão, a insistência e a saturação, a mentira


Teologia do desejo

e a manipulação. Para se proteger dessas investidas, o homem precisa catalogar e disciplinar seus desejos. Antes de tudo, porém, é necessário que ele trace o seu rumo: se ele quer uma caminhada ao lado de Deus e em direção a Deus ou se ele quer uma caminhada em sentido contrário. Tanto o bem como o mal se detêm diante da vontade humana e tentam atraí-la e dobrá-la. No Éden, por exemplo, tanto Deus como a serpente respeitaram a vontade da mulher: Deus não pôs uma grade eletrificada em torno da árvore da ciência do bem e do mal nem a serpente enfiou o fruto proibido na boca da mulher (Gn 3.1-7). A vontade é uma barreira tremenda ora para as forças do bem ora para as forças do mal. O desejo de acertar

O desejo de acertar encontra sérios obstáculos. O primeiro é a vontade da carne, o segundo é o curso deste mundo e o terceiro é o príncipe da potestade do ar. Os três aparecem na Carta de Paulo aos Efésios (2.1-3). Agem independentemente ou juntos. Todos os três têm uma força tremenda e são responsáveis por todo o mal que há no mundo. O desejo carnal é um problema interno, como Jesus mesmo explicou aos seus discípulos: “Todos estes males (prostituição, furtos, homicídios, adultérios, avareza, malícia, lascívia, inveja, blasfêmia, soberba etc.) vêm de dentro e contaminam o homem” (Mc 7.21-23). Graças a essa fúria interior, o homem é capaz de fazer o que ele condena e não o que ele aprova (Rm 7.15). Esse é, talvez, o maior estrago provocado pelo chamado pecado original. O curso deste mundo é um problema externo. É o nome que se dá à estrutura pecaminosa da sociedade humana, na qual se nasce, vive-se e morre-se. Ela está de tal modo contaminada e envolvida pelo pecado que João assevera: “Tudo que há no mundo não procede do Pai, mas do mundo” (1Jo 2.15-17).

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Teologia para o cotidiano

O príncipe da potestade do ar é um problema extraterreno e refere-se à atuação do diabo e dos demônios: “O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5.8). O desejo de errar

Em compensação, o desejo de errar também encontra uma enorme barreira. A maior delas é a atuação do próprio Espírito de Deus: “O Espírito, [milita] contra a carne” (Gl 5.17). Não é só a carne que milita contra o Espírito. Muitos outros elementos se juntam ao Espírito para dificultar, embaraçar ou impedir o completo desvario do pecado: o temor do Senhor, o não conformismo da nova natureza implantada em virtude da regeneração, os compromissos anteriormente assumidos com a luz, o respeito pela Palavra de Deus, a consciência devidamente alimentada, a visão mais profunda e mais sábia da vida, a lembrança das miragens anteriores, o patrimônio moral e espiritual até então acumulado, o medo da doença e da morte, o pavor do inferno, a repreensão da igreja e dos irmãos. A oposição é tanta que o permanente e obstinado desejo de errar pode provocar alguns traumas de certa gravidade. As inúmeras tentativas de acabar com a lei e a ordem estabelecidas pelo próprio Deus serão sempre infrutíferas. Deus não solta as rédeas. O governo é dele. A boa, agradável e perfeita vontade de Deus

De um lado, há o grande desejo de comer as comidas do Egito, o repentino desejo de se deitar com a mulher de Urias, o forte desejo de estrangular o ofensor, o romântico desejo de ser amada pelo marido de outra mulher, o desejo de espalhar informações falsas, o desejo de não levar desaforo para casa, o


Teologia do desejo

desejo de não servir a ninguém e de não repartir coisa alguma, o desejo de ajuntar tesouros exclusivamente sobre a terra, o desejo de soltar palavrões e muitos outros desejos da mesma linha e do mesmo peso. Do outro lado, há o desejo de pagar o mal com o bem, o desejo de perdoar até setenta vezes sete, o desejo de ser sal da terra e luz do mundo, o desejo de ser limpo de coração, o desejo de crucificar o eu e espancar a carne, o desejo de seguir a Jesus até a prisão ou até a morte, o desejo de se alimentar espiritualmente e muitos outros desejos da mesma linha e do mesmo peso. São desejos opostos entre si. Satisfaz-se um ou outro; depende da formação religiosa, do caráter, do ideal a ser alcançado. Não vale a pena abrir a porta aos desejos pecaminosos. É melhor abrir a porta aos desejos comunicados ou impostos pelo Santo Espírito de Deus. Então, haverá um perfeito alinhamento de seus desejos com “a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

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Teologia

da decepção

A decepção é uma experiência humana bastante desagradável.

Ela nos deixa subitamente vazios e pode levar-nos ao álcool, às drogas, à agressão e, em casos extremos, ao suicídio. Mas há o lado bom da decepção: ninguém se arrepende do mal cometido se primeiro não tiver uma forma qualquer de decepção. O remédio mais seguro contra a decepção é seguir à risca as placas de sinalização que Deus coloca à margem da estrada da vida. Deus não se decepciona

A decepção é uma experiência humana. Deus nunca se decepciona. Não se decepciona porque o seu conhecimento não tem limites. Ele pode se entristecer com a multiplicação da maldade do homem na terra (Gn 6.5-8). Ele pode se aborrecer ao extremo com a vinha cuidadosamente preparada que produz uvas bravas


Teologia da decepção

no lugar de uvas boas (Is 5.1-2). Ele pode até se maravilhar da falta de reação contra o sumiço da verdade e o predomínio da injustiça (Is 59.16). Mas, a rigor, Deus não se decepciona. Ele conhece a natureza humana. Jesus pode ter sofrido com a tríplice negação de Pedro e a vil traição de Judas, todavia não se decepcionou. Ele sabia de antemão que esses escândalos se dariam e até preveniu os culpados (Mt 26.20-25,31-35). Decepcionado ficou Pedro por ter ido tão longe. A decepção é amarga e perigosa

O homem é diferente. Ele se decepciona com a sociedade, com a política, com a religião, com o progresso, com a prosperidade, com a ciência, com as pessoas e com os acontecimentos. O homem é muito complicado: ele se decepciona quando não encontra o que busca e quando não se realiza com o que encontra. O pior de tudo é quando ele se decepciona consigo mesmo. Podemos imaginar a decepção de Adão e Eva quanto ao fruto proibido, a decepção de Esaú quanto ao prato de lentilhas, a decepção de Davi quanto ao adultério com Bate-Seba e a decepção de Pedro quanto à tríplice negação. A decepção é amarga e perigosa. Ela nos deixa subitamente vazios e pode levar-nos ao álcool, às drogas, à prática de agressão e até o suicídio, como aconteceu com Judas. O lado bom da decepção

A decepção tem o seu lado bom. É um dos ingredientes do arrependimento. Ninguém se arrepende se primeiro não tiver uma forma qualquer de decepção. O filho pródigo só voltou à casa paterna depois de se decepcionar com a terra distante e a dissolução à qual se entregou. Embora amarga, a decepção convence, dobra e humilha o indivíduo.

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Teologia para o cotidiano

Se bem entendida e aproveitada, a decepção fecha certas portas e abre outras. Altera substancialmente o modo de pensar, de interpretar a vida e de fazer escolhas. A decepção tem a capacidade de virar o leme para a direção certa. O temor da decepção sugere cautela e submete o homem à construtiva soberania de Deus. Daí a conhecida palavra de Salomão: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os dias maus, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer” (Ec 12.1). O remédio mais seguro contra a decepção

É a falha humana que causa decepção. Pode ser a falha alheia, a falha própria ou a soma de ambas. A decepção ocorre porque o homem é ingênuo, orgulhoso, afoito, desobediente e incapaz de conhecer os próprios segredos e as artimanhas dos outros. O remédio mais seguro contra a decepção é seguir à risca as placas de sinalização que Deus coloca à margem da estrada da vida, por meio de uma consciência ainda não corrompida, por meio da pressão do Espírito e por meio da Palavra revelada. É preciso tomar todo cuidado com os ímpetos pecaminosos, com a informação errada, com o próprio raciocínio falaz, com os espíritos enganadores e com a pressa. Os sentidos devem ser cuidadosamente preservados: a decepção de Davi começou quando ele viu acidentalmente uma mulher da vizinhança tomando banho (2Sm 11.2). Os reclamos desordenados da carne são os construtores de uma posterior decepção.


Teologia

da demora

Deus parece demorado nas suas manifestações de justiça,

poder e graça. A pressa ou a impaciência do homem é a causa dessa impressão errada. Deus nunca falha e nunca se atrasa. Deus não precisa correr porque não está dentro do tempo. Ele age na hora certa. Deus não está sujeito à pressão de uma folhinha. Ele não tem falta de tempo, nem imprevistos, nem impedimento, nem indisposição, nem a mania de procrastinar. Ele é Deus e não homem. Raciocínio humano

Tanto Marta quanto Maria disseram a Jesus: “Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11.21, 32). Em outras palavras, elas estavam dizendo que Lázaro morreu porque Jesus, embora avisado da grave enfermidade do amigo, “ainda se demorou dois dias no lugar onde estava” (Jo 11.6). Mas Jesus


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Teologia para o cotidiano

não se atrasou nem deixou de arrancar Lázaro da putrefação e da sepultura. Ele mostrou às duas irmãs a glória de Deus. É por isso que as Escrituras Sagradas tomam todo o cuidado ao afirmar que a demora de Deus é apenas uma questão de aparência: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (Lc 18.7). É preciso esperar

Entre a promessa de um filho e o nascimento de Isaque, Abraão e Sara esperaram vinte e cinco anos. O pai da nação judaica uma vez se queixou: “Senhor Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos?” (Gn 15.2). O próprio Isaque orou por sua mulher que, à semelhança da sogra, também era estéril, mas ela só concebeu vinte anos depois de casada (Gn 25.19-26). Quantos filhos de Deus têm orado por esta e aquela situação constrangedora e ainda continuam sem resposta. É Deus preguiçoso, ou ocupado demais, ou insensível ao clamor e ao sofrimento do seu povo? Faltam-lhe temporariamente bênçãos para distribuir? Os pedidos são tantos que há uma quebra no estoque? Na sua pressa e no seu imediatismo, o homem chega a pensar que a mão do Senhor está encolhida ou surdo o seu ouvido, o que não é verdade (Is 59.1) Uma demora educativa

As doações de Deus são inteligentes. O propósito de Deus não se limita a suprir as nossas necessidades e a quebrar os nossos galhos. Deus tem um programa educativo. E para alcançar esse objetivo, ele não se transforma em uma máquina cheia de botões que o homem aperta de acordo com as suas necessidades, para receber em seguida o que solicitou. Nem sempre Deus dá ao homem o que ele pede. Ele modifica as orações, torna-as mais


Teologia da demora

justas. Ele não se assemelha ao pai que satisfaz todos os caprichos de seu filho, em nome de um falso amor e por comodidade. A “demora” de Deus disciplina, corrige, treina e habilita o homem para responsabilidades maiores. Veja-se o exemplo de Abraão – depois de tanta espera, depois de algumas cabeçadas, depois de várias concessões, depois de vinte e cinco anos, o homem está maduro, aprovado e disposto até a sacrificar o próprio e custoso filho. O Senhor mesmo lhe declara: “Agora sei que temes a Deus” (Gn 22.12). Uma das maiores bênçãos de Deus é exatamente aquilo de que o homem se queixa: a sua aparente demora. A demora não é de Deus

O mais sensível de todos os profetas angustiava-se com a demora da cura espiritual de Sião: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jr 8.20). Deus não é o culpado por essa demora. Ele é o Salvador, é verdade, mas o paciente encontra-se amarrado demais, teimoso demais, cego demais, orgulhoso demais. A salvação exige a participação do pecador e este é demorado. Para não ser destruído com Sodoma e Gomorra, Ló foi retirado de lá quase à força: “Como se demorasse, pegaram-no os homens pela mão, a ele, a sua mulher e as duas filhas, sendo-lhes o Senhor misericordioso, e o tiraram e o puseram fora da cidade” (Gn 19.16). O próprio Saulo foi apressado por Ananias em Damasco: “Por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados” (At 22.16). O filho pródigo precisou sair de casa, desperdiçar todos os seus bens com meretrizes, passar fome e humilhação, para, depois de tudo, confessar-se pecador e voltar para casa (Lc 15.11-24). Israel gastou alguns séculos para curar-se da idolatria e da poligamia. A demora nunca está em Deus – é quase sempre ocasionada pela resistência humana.

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Teologia

da distância

A distância que separa o homem de Deus e que separa o

homem da salvação é muito relativa. Os que estão longe podem vir para perto e os que estão perto podem ir para longe. Alguns estão perto ou longe só aparentemente. O que importa é que todos acabem de chegar e deixem de ficar longe ou perto, pois o perto é apenas uma aproximação que pode dar em nada. O que vale é uma adesão corajosa e definitiva. No final das contas, o que está sempre perto não tem vantagem alguma sobre o que está sempre longe. O louco e o bonzinho

O filho mais novo da parábola de Jesus rompeu com a educação recebida em casa. Foi para uma terra distante, livre dos olhares, da vigilância e do falatório da sociedade conservadora na qual vivia até então. Gastou tudo que levou da herança paterna com




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