A Igreja Autêntica

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Traduzido por lUCY HIROMI KONO YAMAKAMI


A IGREJA AUTÊNTICA Categoria: Igreja / Liderança / Vida cristã

Copyright © John R. W. Stott, 2007 Publicado originalmente por Inter-Varsity Press, Nottingham, Reino Unido Título original em inglês: The Living Church Primeira edição: Dezembro de 2013 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Tradução: Lucy Hiromi Kono Yamakami Preparação e revisão: Claudete Agua de Melo Diagramação: Bruno Menezes Capa: Ana Cláudia Nunes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Stott, John A Igreja autêntica/ John Stott; [tradução Lucy Hiromi Kono Yamakami]. — 1. ed. — Viçosa, MG: Editora Ultimato; São Paulo: ABU Editora, 2013. ISBN 978-85-7779-101-9 978-85-7055-081-1 Título original: The living Church. 1. Cristianismo 2. Igreja 3. Teologia pastoral I. Título. CDD-262

13-12720 Índices para catálogo sistemático: 1. Igreja: Eclesiologia: Cristianismo

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Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 Fax: 31 3891-1557 www.ultimato.com.br

ABU Editora Av. Pedro Bueno, 1.831 Parque Jabaquara 04342-011 São Paulo, SP Telefone: 11 5031-6278 www.abub.org.br

A marca FSC é a garantia de que a madeira utilizada na fabricação do papel deste livro provém de florestas que foram gerenciadas de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, além de outras fontes de origem controlada.


A Michael Baughen, Richard Bewes e Hugh Palmer, que me sucederam como reitores da All Souls Church, Langham Place, Londres, e que se colocaram e se mantêm na mesma tradição evangélica.



Agradecimentos

Agradeço a Michael Baughen, Richard Bewes e Hugh Palmer, meus sucessores como reitores da All Souls Church, pela amizade e liderança e por me permitirem dedicar-lhes este livro. Também agradeço a Frances Whitehead, minha secretária há muito tempo e com grande paciência, que tem me servido sob todas as três reitorias e digitou este manuscrito. E, por fim, agradeço a Tyler Wigg Stevenson, meu atual assistente de pesquisas, que leu muito sobre “igreja”, fez sugestões e me ajudou a escrever o prefácio.


As passagens da Bíblia citadas nesta obra são da Nova Versão Internacional, salvo quando outra versão é indicada. Abreviaturas ARA – Almeida Revista e Atualizada ARC – Almeida Revista e Corrigida NEB – The New English Bible (NT 1961; AT 1970) NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje REB – The Revised English Bible (1989) RSV – The Revised Standard Version of the Bible (NT 1946; segunda edição 1971; AT 1958)


Sumário

Prefácio: “Igrejas emergentes”

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1. Elementos Essenciais: A visão de Deus para sua igreja

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2. Adoração: Gloriar-se no santo nome de Deus

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3. Evangelismo: Missão por meio da igreja local

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4. Ministério: Os Doze e os Sete

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5. Comunhão: As implicações da koinonia

83

6. Pregação: Cinco paradoxos

95

7. Oferta: Dez princípios

109

8. Impacto: Sal e luz

127

Conclusão: À procura de Timóteos no século 21

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Três apêndices históricos Um esboço autobiográfico 1. Por que ainda sou membro da Igreja da Inglaterra

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2. Sonho com uma igreja viva

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3. Reflexões de um octogenário

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Notas 173



prefácio

“igrejas emergentes”

“ Se a atual renovação evangélica na Igreja da Inglaterra deve

exercer um impacto duradouro, então deve haver uma atenção mais explícita à doutrina da igreja.” Assim falou Robert Runcie, arcebispo de Cantuária, durante sua visita ao terceiro Congresso Nacional Anglicano Evangélico, chamado de “Celebração”, em Caister-on-Sea, Norfolk, em 1987. As palavras de Robert Runcie nos dividiram. Alguns concordaram, temendo que a censura dele estivesse correta. Mas outros protestaram com vigor, tendo já “abandonado o individualismo intransigente pelo qual éramos conhecidos”.1


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A Igreja Autêntica

O que fica claro é que em anos recentes tem havido uma proliferação extraordinária de livros sobre a igreja. Estou pensando, por exemplo, em A Igreja do Outro Lado (Palavra, 2008), The McDonaldization of the Church (2000), Changing World, Changing Church (2001), Church Next (2001), The Provocative Church (2002), Liquid Church (2002), The Prevailing Church (2002), Mission-Shaped Church (2004), A Igreja Emergente (Vida, 2008), The Church Invisible (2004), God’s New Community (2005), The Responsive Church (2005) e Emerging Churches (2006). E isso é só uma amostragem da esmagadoramente grande biblioteca de eclesiologia popular de hoje. Pode-se continuar a lista com referências a igrejas ao gosto do consumidor, igrejas com propósito e outras. O que precipitou essa avalanche de livros é a sensação de que a igreja está cada vez mais fora de sintonia em relação à cultura contemporânea e que, a menos que se resolva em relação às mudanças, está fadada à extinção. É claro que ela não vai morrer, pois Jesus prometeu que nem os poderes da morte a vencerão. No entanto, estatísticas alarmantes nos alertam quanto à crise atual e a linguagem da mudança “sísmica” reforça a situação.

O chamado da igreja é para desenvolver uma contracultura cristã

Não é que o chamado da igreja seja para imitar o mundo, pois ela é chamada, pelo contrário, para desenvolver uma contracultura cristã. Ao mesmo tempo, precisamos ouvir as vozes do mundo para sermos capazes de responder de maneira sensível a elas, embora sem fazer concessões. Por exemplo, na Igreja da Inglaterra, os arcebispos de Cantuária e de York têm patrocinado o desenvolvimento de “expressões novas da igreja”2


“Igrejas emergentes”

em parte para proclamar o evangelho de maneira relevante numa população cada vez mais pós-moderna, que vê a igreja como uma relíquia. O mundo pós-moderno

Analistas sociais perspicazes ainda estão tentando resumir o que está envolvido na mudança cultural na transição do modernismo do Iluminismo para a chegada do pós-modernismo. O prefixo pós na palavra não significa simplesmente “depois”. Antes, insinua um protesto contra os anos do Iluminismo e o colapso das estruturas sociais e intelectuais do modernismo. Na verdade, o pós-modernismo é essencialmente parasítico em relação ao modernismo, como a rêmora se apega a um tubarão. Basta alistar um conjunto de antíteses para reconhecer que tanto o modernismo como o pós-modernismo são fenômenos extremamente variados. Em geral, o modernismo proclama a autonomia da razão humana, especialmente na objetividade fria da ciência, enquanto o pós-modernismo prefere o calor da experiência subjetiva. O compromisso do modernismo é com a busca da verdade, crendo que é possível chegar à certeza; o compromisso do pós-modernismo é com o pluralismo, afirmando a igual validade de todas as ideologias e a tolerância como a virtude suprema. O modernismo declara a inevitabilidade do progresso social; o pós-modernismo estoura a bolha dos sonhos utópicos. O modernismo exalta o individualismo autocentrado, mas o pós-modernismo busca estar junto da comunidade. O modernismo é extremamente autoconfiante, muitas vezes culpado daquela ambição arrogante a que os antigos gregos chamavam hubris, enquanto o pós-modernismo é humilde o bastante para questionar qualquer coisa, pois carece de confiança em tudo. Algumas características do pós-modernismo na sua crítica ao modernismo devem ser aplaudidas e oferecem oportunidades para

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o evangelho, enquanto outras devem ser rejeitadas. É preciso discernimento para determinar qual é qual. Quais seriam então as características de uma igreja numa cultura pós-moderna, ou seja, de uma “igreja emergente”? A maioria concorda que o que está ocorrendo por enquanto é mais uma conversa do que um movimento, sendo suficientemente modestos para não se arrogarem demais, uma vez que a situação está em contínuo desenvolvimento. No momento em que escrevo, a análise mais completa dessas igrejas é Emerging Churches [Igrejas emergentes] de Eddie Gibbs e Ryan Bolger, professores do Fuller Theological Seminary, que tem por subtítulo creating Christian community in postmodern cultures [“criando comunidades cristãs em culturas pós-modernas”] (SPCK, 2006). Trata-se do fruto de cinco anos de pesquisas, durante os quais os autores ouviram mais de cinquenta líderes de igrejas inovadoras, deixando-os contar suas histórias. Seguir Jesus, rejeitar o dualismo e desenvolver uma comunidade deveriam caracterizar toda igreja

Com base nessa pesquisa extensa, Eddie Gibbs e Ryan Bolger identificaram nove “padrões” ou “práticas” que apareceram com frequência, três das quais eram práticas “centrais” comuns às outras seis. Cada uma, pois, recebe um capítulo no restante do livro. A primeira é identificar-se com a vida (ou os modos) de Jesus, ou seja, tanto seu exemplo como seu ensino segundo verbalizado no Sermão do Monte. A segunda é transformar o espaço secular, ou seja, rejeitar a divisão sagrado-secular promovida pelo modernismo. A terceira é viver como comunidade, de fato como um reino ou comunidade familiar. 3


“Igrejas emergentes”

Não há dúvida de que essas três práticas centrais não parecem ser muito novas, uma vez que seguir Jesus, rejeitar o dualismo e desenvolver uma comunidade deveriam caracterizar qualquer igreja. No entanto, o que deveria ser padrão muitas vezes difere do que de fato é. E assim, porque muitas estruturas eclesiásticas na realidade inibem essas práticas centrais, as igrejas emergentes as estão redescobrindo e lhes dando uma nova ênfase. Parece-me que igrejas tradicionais e emergentes precisam ouvir-se mutuamente com atenção, procurando aprender umas com as outras. Aquelas precisam reconhecer que muito do que entendemos por tradicional hoje já foi revolucionário e até mesmo emergente e, portanto, estar abertas para o pensamento criativo de hoje. Estas precisam estar alertas para não amar as novidades apenas pelo fato de serem novidades. Ambas poderiam ser menos suspeitosas e menosprezar menos, bem como se respeitarem mais e serem mais abertas em relação à outra; isso porque, como escreveu o arcebispo Rowan Williams, “há muitas maneiras pelas quais a realidade da ‘igreja’ pode existir”.4 No entanto, há certas marcas essenciais que sempre caracterizarão uma igreja viva e autêntica. Tenho dito com frequência que precisamos de mais igrejas “CR”, já não significando igrejas Católicas Romanas, mas igrejas Conservadoras Radicais – conservadora no sentido de conservar o que a Escritura exige de maneira clara, mas radical em relação àquela combinação de tradição e convenção a que chamamos cultura. A Escritura é imutável, a cultura não. O propósito deste livro é reunir uma série de características do que chamarei de igreja autêntica ou viva, quer ela se considere emergente, quer não. Espero mostrar que essas características, por serem claramente bíblicas, devem ser preservadas de algum modo.5

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