marcos botelho
vida cristã fora da caixa Categoria: Ética e comportamento / Liderança / Vida cristã
Copyright © 2013, Marcos Botelho Primeira edição: Março de 2013 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Preparação e revisão: Fernanda Moreira Diagramação: Bruno Menezes Capa: Ana Cláudia Nunes
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Botelho, Marcos Vida cristã fora da caixa / Marcos Botelho. — Viçosa, MG : Editora Ultimato, 2013. ISBN 978-85-7779-087-6 1. Espiritualidade 2. Fé 3. Palavra de Deus 4. Reflexões 5. Vida cristã I. Título. 13-03091 Índices para catálogo sistemático: 1. Vida cristã
CDD-248.4
248.4
Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 Fax: 31 3891-1557 www.ultimato.com.br
A marca FSC é a garantia de que a madeira utilizada na fabricação do papel deste livro provém de florestas que foram gerenciadas de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, além de outras fontes de origem controlada.
Para Jasiel Fausto Botelho, por ser meu pai, pastor, exemplo e inspiração para ousar e alcançar o impossível.
Agradecimentos
A Deus, que me deu a vida, a salvação e o ministério com que sempre sonhei. A minha amada, Natália, que me apoiou, lendo, corrigindo e criticando todos os textos. A minha mãe, Ivone Botelho, que me incentivou na leitura e nos estudos, mostrando com sua própria vida que sem educação não há futuro. À missão Jovens da Verdade e a todos os seus missionários, por incentivarem os jovens a fazerem diferença, acreditando sempre que Deus usa as pessoas independente da idade. À amiga Taciana Trigo, pela ajuda na coletânea dos textos, tornando possível o projeto do livro. À Igreja Presbiteriana em Alphaville, que me apoia e incentiva a produzir conteúdo para a internet e, assim, alcançar outras pessoas e igrejas.
Sumário Apresentação
9
Parte 1 Eu, Deus e um monte de perguntas
11
A culpa não é da sua falta de tempo
13
A razão da fé
15
Excelentíssimo Senhor
17
E os outros feios que não cantam?
19
O que fazer nas férias?
21
Vencedores que não ganharam
23
Conselhos para quem tem menos de trinta
26
A morte nos acelera!
29
Parte 2 Sexo, namoro e casamento – não necessariamente nessa ordem
31
Deus, este ano eu quero uma namorada!
33
Apaixonando-se pela mulher Frankenstein
36
Atração sexual
39
A Bela e a Fera se separaram!
41
A posição papai e mamãe do sexo
43
A matemática do sexo
45
Um afrodisíaco chamado santidade
47
Bodas de prata no namoro
49
Você está pronto para se casar?
52
Parte 3 Vocação, talento e outras coisas de gente grande
55
Qual é o seu chamado?
57
Por que alguns de nós viram assassinos?
60
A síndrome do vampiro e os líderes de jovens
63
Um dia a casa cai!
65
O contrato social para o desencargo de consciência
67
Missão de imposição, transcultural e transgeracional
69
Palhaços, evangelho e Igreja
72
Fantasiar não é pecado
74
Peça não é pregação
76
Parte 4 Igreja e outras coisas esquisitas Estou cansado de me cansar
79
81
Liderança não tão corajosa
83
Eu mudo para continuar o mesmo
86
Entre balidos e latidos
88
O cavalete de pintura e a liturgia
90
Igreja criativa ou evangelização criativa?
92
Uma igreja para quem não gosta de igreja
94
Os urubus gospel da internet
96
Fizeram um fake dos evangélicos
98
O pecado capital evangélico
100
Marcha para Jesus ou marchar com Jesus?
103
Faz chover, abre as comportas do céu?
105
Não quero colocar os pés no chão!
107
Parte 5 Tudo ao mesmo tempo agora
109
A ignorância é prazerosa
111
Meus heróis morreram de “overego”...
113
Geração fragmentada em tribos
116
Nossa luta é contra principados, potestades e celulares
118
Geração conectada com o mundo e ligada a ninguém
120
Troco cem recados na internet por um abraço
122
Socorro, entrei em mais uma rede social!
124
A queda da Bolsa: glória a Deus ou misericórdia?
126
Não existem estrelas para abraços Um crente político ou um político crente?
128
130
Quais mulheres são livres da escravidão dos homens?
132
A Bíblia deve ser a imagem ou os óculos no olhar do artista?
134
Da boca de quem?
137
Os melhores da terceira divisão
140
A massificação babilônica da música gospel
142
Não assisto mais a filmes “evangélicos”
145
O evangelho na pós-modernidade
148
Estamos em versão beta
150
Apresentação
L
embro-me de quando me mudei pela primeira vez. Alguns dias antes, segui as dicas de alguns amigos e fui a um supermercado perto de casa pegar algumas caixas. Encontrei caixas de todos os tipos e tamanhos. Peguei várias, pois queria proteger minhas coisas, das quais tanto gosto. Sabia o que poderia acontecer se eu me mudasse sem usar as caixas. Correria o risco de arranhar algumas coisas e até mesmo quebrar outras. Era só possibilidade, mas por que correr riscos naquele momento? Essas caixas têm uma boa semelhança com o cristianismo. Logo que me converti, comecei a perceber que o cristianismo é uma caixa bonita e que a todo momento pessoas, costumes, tradições e regras forçam minha vida cristã a entrar nela. Esta caixa pode aparecer em vários formatos. Algumas vezes encontrava um modelo que era mais confortável que os outros, e outras vezes entrava em um mais bonito e bem acabado. Porém eram apenas caixas. Imagine se, quando eu estivesse mudando, chegasse à minha nova casa, colocasse as caixas cada uma em seu lugar e simplesmente as deixasse lá.
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vida crista fora da caixa
Não faria sentido os livros ficarem dentro da caixa, sem serem lidos; o meu aparelho de som desligado, sem tocar as músicas de que gosto; os quadros pintados pelo meu pai sem enfeitar as paredes; os meus action figures sem decorar minha mesa do escritório. Estar na caixa é mais seguro, mas lá dentro você nunca será em plenitude o que foi chamado para ser. Não estou dizendo que a religião cristã, a caixa, é ruim; ela tem a função de proteger a vida cristã. Dependendo da caixa, é muito bonita, e até as pessoas ficam acomodadas lá dentro. Contudo, não são completas nem devem durar para sempre. Descobri na minha juventude que a vida cristã fora da caixa é mais completa, pois a luz tem de estar fora da caixa para brilhar. Estar fora da caixa faz a vida cristã ter mais sentido, porque o sal só salga fora do saleiro. Estar fora da caixa é arriscado. Enfrentamos mais dificuldade do que se permanecemos protegidos dentro dela. Mesmo assim, descobri que vale a pena buscar uma vida cristã completa, mais significativa. Neste livro você encontrará vários textos e histórias de um jovem – nem tão jovem assim – tentando viver a vida cristã em sua plenitude. Uma Vida Cristã Fora da Caixa.
parte 1
Eu, Deus e um monte de perguntas
A culpa não é da sua falta de tempo
Q
uando vamos conversar sobre vida devocional, hábitos de leitura bíblica e oração, quase sempre ouço a mesma desculpa, a qual também uso: não tenho tido tempo para ler a Bíblia e falar com Deus. Limitamos nossas vidas a orações rápidas em cultos, antes de dormir ou comer e lemos a Bíblia em breves paradas programadas no dia. Porém, há um tempo tomei um susto em uma visita que fiz a um amigo. Ele tinha sofrido um acidente que o deixou em uma cadeira de roda; não saía de casa, não podia fazer o que fazia antes, tinha todo o tempo do mundo. Perguntei como estava este lado de sua vida – de leitura da Palavra e de oração – e ele me falou, triste, que estava ruim. Sempre procrastinava, arranjava outras prioridades e estava percebendo que, no fundo, ele não tinha prazer em se relacionar com Deus. Sei que este meu amigo era um servo de Deus e foi por esta razão que me entristeci.
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vida crista fora da caixa
Comecei a ver o quanto nos enganamos neste assunto; sempre mudamos o foco do motivo primário de nosso aprofundamento no relacionamento com Deus. Sempre que converso com pastores amigos de ministério vejo que eles, como eu, também têm este problema. Como é possível? Pregamos isso, vivemos disso, mas não vivemos isso! Culpamos nosso trabalho, ritmo de vida, falta de ambiente, televisão, internet, ou melhor, culpamos a falta de tempo, mas não vemos que o verdadeiro motivo é que não temos prazer nas coisas do Senhor. Não é nossa prioridade o relacionamento com Deus; nosso coração não se importa o suficiente se não está perto de Deus. Contudo, para suportarmos nossa própria incoerência existencial, colocamos a culpa nas coisas externas e não vemos o pecado que está dentro de nós, não vemos quem realmente somos. Entender o verdadeiro motivo pelo qual não nos relacionamos com Deus irá nos humilhar, sim, mas será o primeiro passo para um relacionamento sincero com o Pai. Um passo para uma maior dependência dele.
A razão da fé
Q
uantas vezes encontramos dificuldades para andarmos corretamente de acordo com algo que entendemos, concordamos e buscamos para a nossa vida. Um mandamento como honrar o pai e a mãe não é difícil de entender como algo bom e por meio do qual nossa vida será melhor. Porém, mesmo assim, às vezes desonramos nossos pais por causa das diversas fraquezas que temos. Se é difícil permanecer no caminho de um mandamento que entendemos e com o qual concordamos, imagine um que não entendemos ou do qual discordamos. Fico pensando o que passou pela cabeça de Abraão quando Deus pediu que ele sacrificasse seu único filho, Isaque, o qual tanto amava (Gn 22.2). Temos de lembrar que, para Abraão, tudo é muito novo. Ele está descobrindo pelo caminho o Deus a quem decidiu dar ouvidos. Não tinha mandamentos nem muita ideia de quem era este Deus; apenas sabia que ele existia. Por algum momento, Abraão pode ter pensado: “Este Deus é igual aos outros, pede sacrifício de nossas crianças, é sanguinário como todos os deuses que conheci em Ur dos caldeus”.
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Quem sabe pensou diferente: “Deus desistiu do projeto de fazer de mim uma grande nação. Deve ser por minha incredulidade, ou por ter decidido ter Ismael com outra mulher, ou até mesmo por Sara ter rido quando ele falou que seríamos pais”. Ou, ainda pior: “Acho que não eduquei direito o meu filho Isaque e Deus vai tentar de novo, por isso tenho de matá-lo”. Acredito que muitos pensamentos passaram pela cabeça de Abraão até chegar a hora do sacrifício. Ele poderia justificar a desobediência ao pedido do Senhor com “bons” motivos. Mas não; mesmo não entendendo, foi pela fé até o fim. A fé não é burra, não vai contra o que aprendemos que é sensato e lógico. A fé não é irracional, e sim suprarracional. Ela está em um lugar aonde a razão não consegue chegar. A razão sozinha não é suficiente para trazer sentido ao coração do homem; ela precisa da fé em suas arestas. Quando falamos que Abraão foi até o fim pela fé, a pergunta que devemos responder é: fé em quê? Fé que Deus livraria Isaque na última hora? Acho que, mais do que isso, Abraão teve fé que o Senhor a quem ele estava seguindo tem uma lógica que não podemos compreender a não ser pela fé. Abraão teve fé que o Senhor era bom, mesmo que toda a sua razão mostrasse que o que ele pediu apontava para o mal. Esta fé foi a mesma que Cristo demonstrou na cruz ao perguntar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Naquele momento, em meio a dores insuportáveis, desprezo e humilhação, Jesus estava sendo obediente pela fé em que seu Pai sabia o que estava fazendo e, mesmo não conseguindo entender e sentir, o Pai estava sendo bom e derramando amor. Peço a Deus fé nele, para que eu pare de procurar sentido apenas em minhas lógicas e pensamentos e descanse em paz em seus pensamentos.