Informativo OFICIAL DA UNIÃO NACIONAL DE ANALISTAS TRANSACIONAIS - BRASIL
N° 84 dezembro DE 2015
EAD UNAT-BRASIL Uma nova forma para conectar conhecimentos
DEPOIMENTOS SOBRE O SED EM CURITIBA
AT PELO BRASIL E PELO MUNDO
UNAT 30 ANOS DEPOIMENTOS
ARTIGO: PSICOSSOMÁTICA E AT
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EDITORIAL Comunicar é o mais completo dos atos pertencentes à condição humana. Envolve uma variedade tão grande de vetores de influência, que ao examinar o processo temos pouca esperança de que dê certo. Dentre outros aspectos relevantes, o significado. Pois só poderemos facilitar a interpretação do nosso interlocutor se entendermos, minimamente, os significados oriundos da sua experiência. Ao refletirmos em tal significado amplamente, poderemos encontrar os significados subjacentes associados aos pensamentos, sentimentos e ações do nosso interlocutor. E cumprir a missão essencial do comunicar que é sair de si mesmo para ir ao encontro do outro. A presente edição do Opções tem a intenção de fazer este movimento. De ir ao encontro do associado da UNAT-BRASIL, de entender seus significados e experiências no âmbito da Análise Transacional. Várias fontes participaram da rede colaborativa que produziu esta edição do Opções. Desta rede vieram matérias, depoimentos, artigos, homenagens e notícias. Nós da Diretoria de Comunicação percebemos várias nuances espetaculares ao longo da preparação do nosso informativo. Os Analistas Transacionais estão protagonizando ações sensacionais de disseminação do conhecimento transacional de várias formas e estratégias. Em sala de aula, informando e
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formando. Nas ações voluntárias minimizando a dor e expandindo o comportamento compassivo. Nas corporações, facilitando a costura de relacionamentos emocionalmente equilibrados e outras tantas atividades envolvendo a AT. No Brasil, há trinta anos que se caminha com esta teoria e filosofia de vida e aqui será possível ler um pouco desta história. A Análise Transacional pode ser o esteio da construção de pontes de entendimento entre pessoas, pode ser o fator de descomplexificação da comunicação humana. E é possível fazer isto de forma capilarizada: para tanto, incorporamos mais uma mídia, EAD – Educação à Distância, para expandir o número de pessoas que podem acessar este conhecimento. É assim, construindo pontes nos processos de comunicação e informação é que vislumbramos 2016. Nossa gratidão a todos que direta e indiretamente colaboraram para a concretização deste número do Opções. Maku Almeida e Michelle Thomé Diretoria de Comunicação
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ÍNDICE 02
Editorial
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Fala da Presidente
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ead unat-brasil
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sed em curitiba
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at pelo brasil e pelo mundo
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depoimentos at303
DIRETORIA DE ÉTICA MARILIA S. PEREIRA (DF) MDF etica@unat.org.br DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO MAKU MÖLLMANN (PR) MDF comunicacao@unat.org.br DIRETORIA ADMINISTRATIVA JÁCI DUARTE (PR) MCO administrativo@unat.org.br
DIRETORIA TRIÊNIO 2014-2017 PRESIDENTE KÁTIA RICARDI ABREU (SP) MDF presidente@unat.org.br VICE-PRESIDÊNCIA LAUCEMIR SILVEIRA (PR) MD vicepresidente@unat.org.br DIRETORIA DE DOCÊNCIA E CERTIFICAÇÃO REGINA SILVA (SP) MD docencia@unat.org.br DIRETORIA CIENTÍFICA ALBERTO JORGE CLOSE (AR) MD cientifica@unat.org.br
DIRETORIA FINANCEIRA IVANA A. ZANINI (PR) MDF financeiro@unat.org.br CONSELHEIROS TRIÊNIO 2013-2016 PRESIDENTE DO CONSELHO VITOR MERHY (RJ) MDFC Conselho@unat.org.br MEMBROS Vanessa Mara De Carlis (MG) MDFC Miriam Cibreiros de Souza (DF) MDFC Ercília Silva (PR) MDFO Maila Flesch (SP) MCC Andréa Lindner (PR) MDFO Andreia Cechin (PR) MCE Maria Inês Corso Silveira (PR) MCO Jeffersonn Moraes (PR) MCO
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novos membros certificados unat 30 anos depoimentos artigo científico mensagem da diretoria
OPÇÕES Informativo da União Nacional dos Analistas Transacionais UNAT - BRASIL Av. Getúlio Vargas, 489 sala 204 PortoAlegre - RS CEP 90160-003 Fone/Fax: (51) 3233-6355 email: unat@unat.com.br www.unat.org.br CONSELHO EDITORIAL Maku Möllmann & Michelle Thomé EDIÇÃO E PRODUÇÃO Market! Comunicação Av. Carlos Gomes, 141/1202 Porto Alegre - RS - Brasil CEP 90480-003 55 XX 51 2102 0320 market@marketcomunicacao.com.br www.marketcomunicacao.com.br Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião da UNAT-BRASIL. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores.
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FALA Da PRESIDENTE Prezados Associados da UNAT-BRASIL,
Kátia Ricardi de Abreu
Finalizando 2015, esta edição do OPÇÕES reúne notícias dos associados e para os associados. Após o CONBRAT realizado em Curitiba, nossa gestão introduziu mais um canal de comunicação entre a Diretoria e associados: o Boletim Informativo online, com notícias enxutas e pontuais. Outra ferramenta virtual que está “bombando” entre nós é o WhatsApp, no grupo criado para Membros Didatas e Didatas em formação, ideia esta, veiculada na nossa última reunião de Membros Didatas e Didatas em Formação em Curitiba-PR. A Diretoria da UNAT-BRASIL encerra este primeiro ano de gestão “com a língua de fora”, pois foi uma carga de trabalho intensa para todas as diretorias. Trabalho este que diz respeito principalmente à estrutura de funcionamento da Associação. Estamos investindo na organização e procedimentação principalmente das Diretorias Administrativo e Financeiro. Estamos preparando a revisão do Código de Ética para apresentar ao Conselho e Assembleia em 2016.
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Tivemos Seminário de Endosso de Didatas (SED) em Curitiba-PR e Módulo 303 em Porto Alegre-RS, cujos depoimentos dos participantes vocês poderão conferir nesta edição. Trabalhamos o início da preparação do Fórum 2016, com as primeiras informações sobre data e local, veiculadas na edição anterior deste Jornal. E o Projeto Educação a Distância segue avante, tendo na Coordenação Renata Tannus e Luiz Tiradentes, ambos acompanhados pela Diretoria de Docência e Certificação, na fase atual de treinamento Moodle e Camtasia para os associados que se interessaram e se inscreveram para fazê-lo. Aguardem o Curso 101 online para 2016. Esta edição conta com o trabalho entusiasmado e criativo da Diretoria de Comunicação. Desejo a vocês uma deliciosa leitura encerrando com as mensagens de cada membro da nossa Diretoria. Minha gratidão a todos, em especial, à Diretoria e Conselho Deliberativo. Juntos sonhamos e realizamos! Kátia Ricardi de Abreu Presidente
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SEMINÁRIO DE ENDOSSO DE DIDATAS Foi realizado em Curitiba (PR), o Seminário de Endosso de Didatas (SED), conduzido pelos MD Regina Silva, MD José Silveira Passos e MD Luiz Ferrari. Todos os participantes foram endossados. A seguir depoimentos de participantes e orientadores.
“O SED representou um ritual de passagem para mim. Um pouco antes, a fase de conduzir os Cursos AT-101 me direcionou naturalmente para a decisão de ser Didata em Formação. Este era meu foco e o SED me parecia
apenas um procedimento para chegar lá. Mas foi mais que isto. Foi uma oportunidade de autoconhecimento através das atividades realizadas, da troca de feedbacks, das orientações cuidadosas dos coordenadores.
“Minha vivência no SED foi única e agregadora na minha caminhada dentro da AT. Pude experimentar três dias de okeidade full time, tanto dos participantes como dos docentes que conduziram o seminário, Ferrari, Regina e Silveira. Feedbacks pontuais, condicionados, amorosos que contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional. Ao participar
Auxiliou ter mais clareza do processo amplo de evolução em AT e na UNAT, além de identificar qual é o meu lugar atual neste caminho. Foi esclarecedor também quanto às nuances do Treinamento para Analistas Transacionais, mas desta vez, do ponto de vista do orientador. Saí de lá grata por tudo o que vivi, aprendi, experimentei e pelas pessoas preciosas com quem convivi naqueles dias. Um ciclo novo se descortina e graças ao SED estou pronta para esta vivência!” Andreia Cechin
de mais este evento da AT/UNAT, consolidei definitivamente a minha escolha e paixão pela Análise Transacional. Obrigada colegas e docentes”. Ivana Zanini
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“Foi um encontro com troca de experiências, aprendizados, feedbacks e orientações pertinentes sobre o caminho para me tornar um Analista Transacional Didata, o qual trouxe crescimento pessoal, profissional e estímulo para continuar estudando e aplicando a AT no ambiente organizacional, bem como contribuir com a formação de Analistas Transacionais”. Luiz Tiradentes
“Ao me preparar para o SED imaginei que enfrentaria mais uma avaliação de muita tensão. No entanto, quando as atividades se iniciaram, me surpreendi. O ambiente era muito acolhedor. A banca, composta pela Regina, Ferrari e Silveira, além de muito competentes, assertivos e com uma percepção aguçada, foram amorosos e nutridores. Aprendi muito com os feedbacks que recebi, assim como com as apresentações e feedbacks
que meus colegas receberam. O momento mais marcante dessa experiência toda foi quando, após minha última apresentação, depois de ter recebido todos os feedbacks e momento em que me encontrava ainda bem sensível, recebi um abraço do Ferrari. Naquele momento foi uma experiência profundamente curativa para mim. Senti uma alegria indescritível. Sou grata por essa experiência tão especial de amor incondicional”. Josiane Pelles:
“O SED representou para mim um momento de aprendizagem rico e produtivo. O ambiente criado pelos facilitadores e pelo grupo foi OK e acolhedor, encorajando ainda mais o desejo de aprimoramento pessoal e de continuar estudando a teoria aprofundada da AT”.
“O encontro do SED em Curitiba foi uma experiência fantástica. A equipe de didatas preparou um ambiente seguro e acolhedor. Além disso, os temas trabalhados enriqueceram nosso aprendizado sobre a AT e foi possível refrescar algumas ideias que revisamos através das apresentações. Fiquei satisfeita com o resultado de todos os participantes, pois estamos 100% endossados para seguir o processo. Parabéns a todos, didatas e colegas participantes! E a UNAT agradecemos pela compreensão quanto ao local de realização e a indicação dos nossos mestres”. Abraço a todos!
Jeffersonn Moraes
Marta Schumacher
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Foi realizado em Curitiba, nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2015, o Seminário de Endosso de Didatas. Josiane Ida Pelles, Jeffersonn Moraes, Ivana Zanini, Luiz Tiradentes, Andrea Cechin, Marta Schumacher foram endossados e poderão abrir contrato de membro didata em formação. O SED foi coordenado por mim juntamente com Luiz Ferrari e José Silveira a quem agradeço a disponibilidade de doação de seu tempo e o cuidado e entusiasmo como conduziram as atividades. Agradecemos também a Maku Almeira o carinho e cuidado com que fomos acolhidos em seu espaço e a Ede Lanir que cuidou com muita eficiência de toda a comunicação e envio de documentos que possibilitaram a realização do SED. Como Diretora de Docência e Certificação é sempre uma alegria o crescimento do número de pessoas
comprometidas com ensino da Análise Transacional. Parabéns aos endossados e gratidão a todos que colaboraram com este SED! Regina Silva, MD “Foi um momento prazeroso e científico para todos os participantes deste SED em Curitiba, onde os endossados abriram um novo ciclo de sua formação e vida profissional. Estão todos de parabéns por mais esta etapa magnífica rumo ao sacerdócio de ser um Didata em AT.”
experiência muito gratificante. O trabalho foi harmônico, descontraído, muito produtivo e todos nós aprendemos juntos e agregamos valor a nossa participação na UNAT”. Luiz Ferrari, MD
José Silveira Passos, MD Participar deste grupo foi uma
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Educação a Distância UNAT-BRASIL
A UNAT-BRASIL tem se desenvolvido muito nos últimos anos. Conseguimos instituir os Cursos de Especialização, publicar vários livros e artigos e recebido muitos associados com interesse em se qualificar como Membros Certificados, Membros Didatas em Formação (com número recorde de participantes) e Membros Didatas. Sim... a Análise Transacional está crescendo muito com a participação de cada um dos associados. E agora, a UNAT-BRASIL dá mais um importante passo em direção à inovação com o Projeto de Educação a Distância (EaD). Este projeto EaD foi iniciado na
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gestão 2011-2014 e contou com a Coordenação de Ercília Silva, tendo continuidade na gestão atual através da Diretoria de Docência e Certificação da UNAT-BRASIL com o objetivo de levar a Análise Transacional de maneira ética e consistente a qualquer lugar do mundo. O projeto está em desenvolvimento e atualmente conta com a coordenação de Renata Tannus e Luiz Antônio Tiradentes Está implementada a estrutura técnica e estão abertas as aulas online que são gratuitas para os associados que se inscreveram para participar. Estas aulas estão
direcionadas para associados nas categorias de Membros Certificados, Membros Didatas em Formação e Membros Didatas que têm interesse em participarem da equipe que vai trabalhar na elaboração do Curso EaD AT 101 como conteudistas ou tutores. Estes são apenas os primeiros passos do crescimento que a Análise Transacional poderá alcançar com esta inovação. É a AT entrando no mundo digital. Faça parte dessa história.
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AT PELO BRASIL E PELO MUNDO Em ações de formação, informação e voluntariado, nossos associados levaram a teoria de Eric Berne a pessoas de diversas localidades e interesses. Celebramos a dedicação e o alinhamento à teoria de Eric Berne destes profissionais, que ao mediar este conhecimento, possibilitaram a tantos conhecer ou se apropriar de instrumentos que facilitam a compreensão de si, do outro e das relações. AT em São Paulo (SP) Roy Abrahamian, médico da prefeitura de São Paulo (SP), Membro Didata em Formação da área Clínica da UNAT-BRASIL, proferiu no último dia 4 de dezembro, uma palestra a pais e professores da rede municipal de ensino de São Paulo, com o tema “Comunicação entre pais e filhos”, baseada na AT. A palestra faz parte do Programa Saúde na Escola, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação. Como médico da prefeitura, Roy foi convidado a colaborar com palestras de AT para pais, alunos e professores.
AT202 em Cascavel (PR) Em junho de 2015 iniciou-se a 1a turma do Programa de Formação em Análise Transacional, área Organizacional (AT202) em Cascavel, região oeste do Paraná. Os encontros mensais ocorrem na
sede do Sebrae. A turma, aglutinada por Márcio Gomes, conta com 20 participantes oriundos não só de Cascavel, mas também de cidades vizinhas como Toledo, Marechal Cândido Rondon e Foz do Iguaçu. Entre eles estão consultores, empresários, profissionais de RH, gestores e professores. Os participantes são Claiton Claudir Leske, Claudio da Silva Carrasco, Daiane Apolinário, Dirlei Zanatto, Fabiana Weiz, Giancarlo Ceron, Graziela Antunes, Heladio Balerini, Kelen Gaffuri, Maria Erni Geich, Michele Turatto, Oneide Pick, Osvaldo Cesar Brotto, Paulo Cezar Zatti, Rosana Martins Galvani, Simone Zamin, Sirlene Ines da Costa, Stela Dalla Vecchia, Tamires Santos, Valéria Przyzbyszewski. A turma é coordenada pelas Analistas Transacionais Andréa Lindner (MDF - Foz do Iguaçu) e Laucemir Silveira (MD - Curitiba), tendo como convidadas Rosa Krausz (MD – São Paulo) e Ercília
Silva (MDF – Curitiba). A turma conta também com workshops de desenvolvimento conduzidos por Maila Flesch (Analista Transacional, MC Clínica – São Paulo). O curso é o primeiro passo para a formação de Analistas Transacionais certificados pela UNAT-Brasil e tem por objetivo preparar o profissional para aplicar a AT em seu campo de atividade.
AT em Foz Do Iguaçu De 17 à 20 de agosto de 2015 ocorreu em Foz do Iguaçu, no Hotel Golden Tulipp, nova turma do Curso Introdutório de Análise Transacional (AT101), ministrada por Andréa Lindner (Analista Transacional e Membro Didata em Formação, área Organizacional, pela UNAT-Brasil). Organizada por Meriete Cardoso e Geonice Zibetti, a turma contou com 27 participantes, foram eles: Ademar Luciano Gomes, Alexandre de Andrade, Arthur Rocha Junior, Carla Falcão, Christina Rinaldi,
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AT PELO BRASIL E PELO MUNDO AT202 em Criciuma No Curso 202 de Análise Transacional em Criciúma encerrando 2015 com a aula de Reconhecimento Humano. Cada participante recebeu, ao fim do
módulo, uma plantinha e a missão de cuidar dela, de si e de seus pacientes. Percebe-se pelos semblantes a energia gerada pelo tema e pela iniciativa do facilitador, o MDF Eduardo Burigo. Parabéns Eduardo!
Participantes do AT101 em Foz do Iguaçu Diana Santoro, Diegon Neves, Elaine Tezza, Elisandra de Mendonça, Fernando Luiz Capinos, Florida Schierholt, Irene Capinos, Janine de Almeida, Kátya de Freitas, Lays Amaral, Liliane de Oliveira, Louglas Tonini, Lucélia dos Santos, Marlei Ribeiro, Marizete Pantoja, Mônica Corrêia, Morena Paula Silveira, Patrícia Wetzel, Suelen de Moura, Suzanna Martins, Tânia da Silva, Thaise de Souza. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer os princípios da Análise Transacional e partilhar experiências de suas áreas profissionais. Entre eles estavam educadores sociais, empresários, líderes, analistas de RH, profissionais de saúde, Direito, professores, profissionais de reprografia, turismo entre outros. Mais uma bela oportunidade de divulgar a AT na região oeste do Paraná.
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Turma em Criciuma
Participantes do curso vivencial
AT na periferia de Buenos Aires
AT em Uberlândia
AT Em Buenos Aires
Curso vivencial que uniu as abordagens da AT e Constelações Familiares. Foi realizado na UNITRI em Uberlândia 03/10/2015, pela MDF Aniângelis Guimarães. Eventos como este comprovam que as possibilidades geradas pelo diálogo da Análise Transacional, com outras linhas da psicologia e mesmo outras teorias do conhecimento, são amplas.
Eis aqui nosso MD Jorge Close dialogando com mães na periferia de Buenos Aires. Segundo Close: ”Todos podemos contribuir com AT para combater a simbiose e contribuir com a saúde das relações”.
AT Em Uberlândia Especialização Em Análise Transacional A MDF Mary Melazzo traduziu assim a finalização de mais uma turma de especialização em Análise Transacional: “É com muita alegria que finalizo a minha primeira turma de pós-graduação Lato Sensu em Análise Transacional. Foram
momentos de muito crescimento e desenvolvimento para mim. Cada aluno foi fundamental para o sucesso do projeto. Agradeço a todos que estiveram de alguma forma envolvidos. Estou muito animada para o início próxima turma em 2016”. Parabéns à Mary e aos alunos que defenderam seus artigos nas bancas! É a Análise Transacional se fortalecendo no meio acadêmico. comissões: • Realização do RelacionAT em Curitiba
IIIo.
• Realização de eventos abertos para a comunidade, com o objetivo de compartilhar conceitos da AT; • Realização de eventos para o próprio grupo, com objetivo de aprofundamento do conhecimento de AT; Turma de especialização conduzida Por Mary Melazzo
• Serviço voluntário para a comunidade da região. O Grupo conta com 28 participantes. São MD, MDF, MC, alunos AT 202.
AT no Paraná Em 18 de novembro último, o Grupo de Estudos de AT do Paraná celebrou
os resultados do CONBRAT e efetuou o planejamento das ações para 2016. O Grupo está propondo a atuação em frentes de trabalho, com seus integrantes distribuídos em
Na foto estão: em pé: Renata Monteiro, Leila Novak, Ercilia Silva, Jeffersson Moraes, Rachel Caldeira, Jaci Duarte, Maria Helena de Souza, Ivana Zanini, Ana Paula Simões, Regina Ferreira. Sentados: Karla Fritzen, Adelaide Strapasson, Andreia Cechin e Therezinha Jorge. Integrantes do Grupo que não aparecem na foto: Andrea Figueiredo, Carolina Feltrin, Elisabeth Heinzelmann, Joanita Plombon, Kerley Fistarol, Marcia Krambeck, Maria Imaculada G de Möllman (Maku), Maria Inês Corso, Michelle Thomé, Mozar De Ramos, Renata Gava, Rosana Benine, Viviane Wazlawick.
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AT PELO BRASIL E PELO MUNDO AT em Salvador
AT no Rio de Janeiro
Na Bahia, o MD Antônio Pedreira e a MDF Sonia Pedreira ministram, há 12 anos, de 10 a 11 palestras abertas e gratuitas por ano. Para o décimo terceiro ano da ação voluntária já foi firmado convênio com a Associação Baiana de Medicina.
AT202 (clinica e organizacional) ministrado por MD Laucemir Silveira e MD José Silveira Passos.
Segundo Sônia e Pedreira: “ É um prazer poder doar nosso tempo para quem precisa!. Além destas ações que fortalecem a AT na comunidade, Sônia foi eleita presidente e Pedreira, Diretor Financeiro da da ALAT – Associação Latino-americana de Análises Transacional.
AT em São José Do Rio Preto (SP) Kátia Ricardi de Abreu, Psicóloga CRP 06/15951-5,Membro Didata em Formação pela UNAT-BRASIL e Membro Certificado Clínico pela ALAT, realiza palestras na Ego Clínica, em São José do Rio PretoSP, todas as primeiras quartas-feiras de cada mês, com temas enfocando a abordagem criada por Eric Berne, Análise Transacional. As palestras
A turma com Silveira, Rubens, Andressa, Carla Amoedo, Luci (em pé atrás), Patrícia Cardoso, Dylmar, Patrícia Binda, Lauce, Sérgio, Severina e Claudio Reis (agachado em baixo). são gratuitas, abertas ao público que levam, cada um, 1kg de alimento não perecível, doados para a Instituição Fé, Amor e Caridade. O objetivo dos eventos é divulgar Análise Transacional e realizar o trabalho social. O público é pequeno, pois as acomodações da sala são para 20 pessoas, mas ao longo deste ano, muitos puderam conhecer AT através desta ação.
Participantes da palestra gratuíta ministrada por Kátia abreu
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AT em Curitiba Palestra proferida pela MDF Maku de Almeida, Dra. Taisa e o filósofo Luís Gustavo Severiano em evento realizado pelo Espaço Saúde Integral. A Análise Transacional de mãos dadas com a saúde e a filosofia clareando os aspectos relacionados à ansiedade. O tema foi bem recebido pela comunidade, que solicitou continuação, realizada través de uma roda de diálogo bem humorada e com construções de conhecimento fantásticas.
AT em Curitiba
AT no Rio De Janeiro
Turma de AT 202 conduzida por MDF Maku Almeida e MD Rosa Krausz, com apoio da MDF Ivana Zanini e participações confirmadas de MDF Sônia Pedreira, MDF Marilia Pereira. Junto com o bom humor, este grupo (Suelen, Monika, Rubens, Melissa, Beatriz, Nery, Daniel) tem como característica forte a capacidade de aprofundamento e a disciplina para estudar AT.
AT 101 in company, para gestores da empresa Parmê, conduzido pelos MDF Vitor Merhy e Adriana Montheiro
AT 101 na Clínica São Vicente, conduzido pelos MDF Vitor Merhy e Adriana Montheiro.
AT 101 realizado no Espaço da PsycAtiva Biopsicologia e Treinamento pelos MDF Vitor Merhy e Adriana Montheiro.
Os MDF Vitor e Adriana com as alunas que já assinaram contrato: Patricia, Débora, Priscila, Érica. Belo trabalho desta dupla de MDF, Adriana e Vitor: dedicação e entusiasmo! Parabéns.
AT202 em Curitiba
AT Em Uberlândia Mini curso sobre Análise Transacional na Semana Científica de Psicologia na Faculdade Pitágoras, Uberlândia MG, facilitado pela MDF Flavia Testa Bernardi. Depoimento de uma participante: “Compartilhar um conhecimento que tenho adquirido e tem feito tanto sentido para minha vida, foi muito especial. Os alunos da faculdade, que variavam do segundo ao oitavo período, não conheciam a AT e ficaram encantados e curiosos para saberem mais.” Lílian de Oliveira Silva. Psicóloga e aluna do curso 202 At 202 facilitado pela MDF Flavia
Testa Bernardi, com as participações especialíssimas da MD Ede, MD Ferrari e MDF Renata.
. Mais uma vez a AT se aliando a outro conhecimento para expandir as possibilidades!
Os mestres Ferrari e Ede
Entrando na sua fazer final, o Curso PNL e AT, conduzido pela MD Regina Berard, terá o seu 4º. e último modulo em março de 2016
Curso PNL e AT
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AT PELO BRASIL E PELO MUNDO AT em Curitiba Esta turma concluiu o Curso Introdutório de Análise Transacional 101 em Curitiba no final de novembro. A coordenação do curso foi da analista transacional certificada para a área organizacional, Michelle Thomé.
AT101 conduzido por Michelle Thomé
Faleceu Juan José Tapia Fortunato, o criador da Ecologia Humana (EH) Juan José Tapia Fortunato, argentino de origem boliviana, faleceu em Buenos Aires em novembro último. A UNAT-BRASIL enviou mensagem de condolências à família e a associada da UNAT-BRASIL Analista Transacional Didata Clínico Mônica Levi, teceu algumas palavras sobre ele, que reproduzimos abaixo. Grande nome para a Análise Transacional. Médico, Psiquiatra e Psicoterapeuta, Professor e Consultor na área Clínica e Educacional em instituições oficiais e privadas na maioria dos países latino-americanos. Membro Didata da International
José Silveira e Juan Tapia
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Transactional Analysis Association (ITAA), desde1981 e Membro Didata da Associação Latino-Americana de Análise Transacional (ALAT) desde 1977. Clínico e Educacional. Master em Programação Neurolingüística (PNL) - USA., Fundador da Escola de Ecologia Humana. Ex-Presidente da ALAT (1984-86), autor de diversos livros e artigos. Conheci Juan Tapia em 1978 durante um Congresso em Buenos Aires” O associado da UNAT-BRASIL José Silveira Passos, Membro Didata Clínico, enviou-nos a foto na qual ele, Silveira, aparece com Juan Tapia e caso os leitores queiram conferir a relação das obras publicadas de Juan Tapia, podem acessar o link http:// w w w.josesilveira.com/novosite/ index.php?option=com_content&ta sk=view&id=22&Itemid=34
depoimentos AT 303 | Programa de Formação de Didatas em Análise Transacional Em outubro de 2015, mais um módulo do Programa de Formação de Didatas em Análise Transacional foi realizado em Porto Alegre (RS). Conduzido pelas didatas Regina Silva e Margarete de Boni, que atuaram com sintonia, cuidado e carinho uma com a outra e com o grupo, o módulo tratou dos Grupos e Organizações. O que se destacou do encontro, além da leveza, foi a disposição para o aprendizado. Uma das atividades executadas ao ar livre, propiciou a experiência da interligação entre os participantes de um grupo e foi encerrada com a seguinte frase do Martin Luther King: “Todos os homens estão interligados numa teia inescapável da mutualidade, entrelaçados no tecido singular do destino. O que quer que afete a um diretamente, afeta a todos indiretamente. Não posso nunca ser o que deveria ser até que você seja o que deveria ser. Você não pode nunca ser o que deveria ser até que eu seja o que devo ser.” Alguns dos participantes nos contam sua experiência: Mazinha Ventura “Os módulos do 303, são experiências únicas. Imagine um ambiente acolhedor, amoroso e riquíssimo em aprendizado – é assim. Este último teve uma característica especial
para mim. O tema foi Grupos e Organizações, coordenado pela Didata Regina Silva. Por se tratar de um tema que não domino, as aulas tiveram sabor de novidade. Foi muito interessante ouvir sobre as empresas e suas organizações, e como o Analista Transacional atua nesta área. Pude observar o quanto que a Análise Transacional dispõe de ferramentas valiosas para o trabalho dentro das organizações. E todo esse aprendizado dentro de um clima agradável e harmonioso. Só resta agora esperar pelo próximo encontro, que acredito será mais uma oportunidade de partilha e encontro”. Renato Morandi “Participei no 303 de outubro/2015 que teve como foco os Livros “Princípios de Tratamento de Grupos” e “Estrutura e Dinâmica das Organizações”. A coordenação de Regina Silva e Margarete De Boni foram de uma saborosa e exemplar harmonia. O espírito do grupo de participantes manteve-se alinhado com a prática de trabalhar a integração do Adulto. O conjunto criou condições para aprendizado efetivo acontecer.
perspectivas (clínica, educacional e organizacional) e aprender com a prática do outro. Então, surgem uma compreensão mais profunda e detalhes que se apresentam quase como vistos pela primeira vez. “Sentir, Agir e Pensar” na prática e durante o encontro a teoria que está sendo revisitada possibilita uma experiência intensa e de alto aprendizado, pois ela torna-se visceral (fisiológica, emocional e comportamental além de cognitiva)”. Marialba Gomez Como estive afastada da AT durante alguns anos retornar e encontrar um grupo receptivo e acolhedor foi muito gratificante. Gostei do nível de conteúdo teórico e aprendi bastante sobre grupos. O que mais me chamou atenção foi a liberdade de participação onde cada um dentro do seu tempo e ritmo pôde se expressar. O clima do grupo, de suavidade e o bom relacionamento entre os participantes, resultou em desejo de continuar a participar”.
O 303 tem sido uma experiência rica para trocar compreensões, perceber detalhes, fazer conexões, olhar a teoria de diferentes
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unat 30 anos depoimentos Por Márcia Bertuol Fato é que, depois de ardorosas discussões e vários embates – que os tempos eram assim! surgiu nossa Associação como a conhecemos hoje.
1985... Ano do nascimento de minha filha; da eleição de Tancredo Neves para a presidência do nosso país e da tragédia de sua morte precoce; o primeiro ano de liberdades politicas após os longos e tenebrosos anos de ditadura; ano do CONBRAT na Bahia que não fui por ter uma bebê pequeninha; ano em que a UNAAT deixa de existir para dar lugar à UNAT-BRASIL. O que mudou naquele ano para o mundo dos analistas transacionais brasileiros? Por que mudar de União Nacional das Associações de Análise Transacional (UNA-AT) para União Nacional dos Analistas Transacionais do Brasil (UNATBRASIL)? Mudamos de uma organização que reunia Associações regionais para uma organização que reúne profissionais independentes de todo o país. Talvez um reflexo do movimento nacional de liberdade para os indivíduos, do poder expressar-se como pessoa e cidadão.
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Na época eu me preparava para prestar os Exames de Certificação ainda segundo os critérios da UNA-AT e da ALAT (Associação Latino Americana de AT). Tempos de transição e de mudanças de critérios nas bancas de exame oral, o que rendia - novamente – muitas discussões, desentendimentos, Jogos e rompimentos. Como tudo o que está em processo de crescimento, luz e sombra se alternando. Destes tempos, lembro do entusiasmo, da alegria, do desejo intenso de fazer acontecer. Além, é claro, das inúmeras vezes em que minha colega, parceira e supervisora Jane Costa, teve que ouvir que “assim não dá! Vou sair da UNAT”. Dormia “saída” da associação e acordava de volta... O que até hoje rende brincadeiras entre nós! Muito por fazer, criando uma associação que sustentasse o desenvolvimento da teoria da Análise Transacional, sua prática ética e responsável. Que se tornasse uma referencia séria de boa formação profissional e que encontrasse meios de auto-sustentação e de promoção de todas as atividades pertinentes
à formação, pratica, divulgação e crescimento desta teoria e deste método de trabalho com indivíduos, grupos e organizações. Nestes 30 anos, vivi todos os espaços dentro da nossa Associação. Sinto um carinho e um orgulho maternal pela UNAT. E tenho um processo em especial do qual me alegro enormemente: nosso curso 303. Penso que fomos muito felizes em criar esta etapa do processo de formação do analista transacional brasileiro. E somos muitos os idealizadores e responsáveis pela implementação do curso 303. Vejo o quanto esse espaço tem permitido a partilha de conhecimentos e experiências e tem sido um processo fomentador do crescimento que a UNAT-BRASIL vem tendo desde que a formação passou a ter todas as suas etapas organizadas e orientadas pela associação. 30 anos! Tempo da adultez, do já ter uma forma constituída e um padrão de estar no mundo. Que possamos seguir em frente, com maturidade, flexibilidade e abertura. Parabéns, UNAT-BRASIL. Parabéns a cada um de nós que a constitui e faz ser o que é, uma associação que age na direção de sua Missão e Visão, com Valores que buscamos honrar e que apoiam nossa ação no mundo.
unat 30 anos depoimentos Por Mônica Levi Quando entrei em contato com AT o que me fascinou foi o objetivo da Terapia: alcançar a AUTONOMIA, minha decisão de criança. A análise do Script “A psicologia do destino”, citando Berne, e a comunicação. Continuo fascinada até hoje, após tantos anos, tantos cursos ministrados, alunos formados, tantos pacientes atendidos e todos os cursos que fiz me tornei Didata e depois Especialista.
Lembro que com cinco anos meu herói mítico era Cinderela, com a qual me identificava e não queria seguir o modelo, por isso fui me queixar com minha mãe: “Eu sou como a Cinderela, ela era obrigada a trabalhar e eu sou obrigada a estudar” O nível de exigência de perfeição era altíssimo e sem discussão. Então tomei minha decisão de vida: vou crescer e ter autonomia. Com doze anos, andando na rua e pensando como sentia falta de poder conversar num nível mais profundo, colocar minhas dúvidas e que muitas pessoas podiam sentir essa falta, decidi que seria terapeuta. Jovem adulta, outro livro me marcou profundamente: A Mulher Desiludida de Simone de Beauvoir. Com este livro percebi meu Script e redecidí. Só que desconhecia a nomenclatura “Script”.
Relato esta história porque pensando o que colocaria neste artigo me dei conta que, sem saber, sempre fui Analista Transacional. Conheci a teoria quando fui convidada a participar de um 101, em 1978, com um didata que vinha da Argentina, Cecilio Kerman, que se tornou meu querido mestre, terapeuta e supervisor. Kerman, junto com Kertész, após fazerem sua formação na ITAA, fundaram a ALAT, a associação latino-americana de AT em 1974. Na época eu tinha escolhido a psicanálise e estava fazendo um curso de especialização em terapia de casais e sexual. Mesmo assim fiz o 202 e só no meio do 202 assumi AT. Gostava muito da teoria psicanalítica, mas sentia que na prática não me preenchia.
Em 1977 foi fundada a UNAAT, pois já tínhamos analistas formados no Brasil. O primeiro presidente foi Alberto R. Tavares. Em 1985 mudando regulamento surgiu a UNAT-BRASIL. Participei ativamente da diretoria, ocupando alguns cargos: diretora científica, diretora de ética, secretária, membro do conselho deliberativo e membro da comissão de docência. Em 1986 fui sócia fundadora e presidente da Sociedade Paulista de Análise Transacional. Participei ativamente de todos os congressos e fóruns, fui diretora científica de congressos. Todo esse trabalho e participação foi minha maneira de retribuir tudo o que AT me deu, para a vida profissional e pessoal. Muito obrigada.
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artigo PSICOSSOMÁTICA E A ANÁLISE TRANSACIONAL Por Cláudia Soares INTRODUÇÃO É percebido na área da saúde a existência de inúmeras doenças que exigem tratamentos contínuos, que geram um esforço para sanar o desequilíbrio físico, mas que muitas vezes, apenas atenuam o sofrimento do paciente, que enfrenta inúmeras dificuldades e insatisfações na convivência com uma doença, muitas vezes crônicas ou recorrentes
Psicóloga, CRP 04/30683, Analista em Psicossomática Sistêmica, Terapeuta Sistêmica Familiar e Especialista em Análise Transacional. Psicóloga clínica no atendimento à adultos e supervisão.
Na minha experiência, como Psicóloga Clínica, em vários atendimentos de pacientes com queixas relacionadas à saúde – sintomas não diagnosticados ou doenças já instaladas – ou pacientes os quais a queixa principal não era a doença, mas quase sempre elas estavam presentes de alguma forma, me interessei pelo assunto, buscando estudar a Psicossomática, pois fui percebendo que a medida que iríamos trabalhando as situações apresentadas e demandas emocionais os sintomas físicos da doença também indiretamente eram trabalhados. E estudar e me especializar no assunto, foi consequência de um encantamento que surgiu nos atendimentos no consultório. Nesse contexto, aponta-se aqui, para essa compreensão, a abordagem
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da medicina Psicossomática, um estudo teórico, realizado por meio de consultas à literatura sobre o assunto, parte de uma breve revisão histórica a respeito do significado da saúde e da doença, do corpo, da alma e do processo de adoecer e da Psicossomática em si. Essa abordagem, atualmente, possui um entendimento abrangente do fenômeno do processo saúde e doença, considerando o ser humano na sua integralidade, nas suas dimensões biopsicossocial. E como contribuição, para compreender a linguagem da doença e de que forma ela pode se traduzir no ser humano, expõe-se a Análise Transacional com alguns conteúdos muito interessantes que para a Psicossomática são de grande valia. Neste artigo, são apresentados os Estado de Ego, o Ciclo de Desenvolvimento criado por Pâmela Levin, Script e o Sistema de Disfarces. O presente artigo tem como objetivo abordar concepções da Psicossomática buscando esclarecer a subjetividade de sintomas que propiciam um quadro orgânico, interligando, assim, aos conteúdos da Análise Transacional.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
que diminua a temperatura corporal. (FREITAS, 2010, p 3).
Na Antiguidade o processo de adoecimento era considerado uma manifestação de forças sobrenaturais, sendo a cura procurada em rituais religiosos. O poder vinha dos deuses e os doentes ficavam passivos em relação a doença e diante dos representantes religiosos terrenos (VOLICH, 2001).
Para Hipócrates, o ser humano era um todo, sendo impossível tocar apenas uma parte. O corpo refletia a alma, ele dizia “a mente afeta o corpo assim como o corpo afeta a alma”. Eis então, a essência do que hoje denominamos de Psicossomática.
Hipócrates, (460 a 377 a.C.), o pai da Medicina, traz uma transformação: o paradigma do poder divino foi mudado para o poder do indivíduo. Portanto o foco passa a ser o doente e não mais a doença. O médico passa a ter papel fundamental como parte do processo, e não como fonte de poder de cura, como os deuses (VOLICH, 2001). O médico seguia três princípios: 1. Vis medicatrix naturae – relacionado ao poder de cura da natureza. A força vital (“ignis subitilissimus”) pulsa entre as polaridades de forma equilibrada. O desequilíbrio gera a doença. 2. Similia similibus carantur – a cura pelo semelhante é o princípio básico utilizado pela homeopatia. Acentuar a polaridade para que a busca do equilíbrio venha de dentro para fora. Por exemplo: se houver febre dar algo que aumente a temperatura corporal. 3. Contraria contrariis curantur – a cura pelo contrário que é o princípio básico da alopatia com o “anti”. Antibiótico, Antiinflamatótio, antidepressivo, etc. Aqui se busca o equilíbrio de fora para dentro. No caso da febre se dá uma substância
Porém a medicina atual não é mais baseada no pai da medicina Hipócrates. A partir de Galeno, a alma e o corpo foram separados, o todo foi dividido em partes e a atenção é voltada para a parte doente. O poder de cura passa para o médico e o doente fica passivo neste processo (FREITAS, 2010). Psicossomático significa toda perturbação somática resultante de uma questão psicológica que intervém de modo constante na constituição da doença. Atualmente, o estudo da Psicossomática tem como finalidade integrar a doença à dimensão psicológica, propiciando um melhor entendimento do paciente e uma ação terapêutica mais abrangente e significativa (MELLO FILHO, 2002). Segundo Avila (2000), o termo doença psicossomática tem sido utilizado para definir doenças que são produzidas como resultado direto ou indireto de emoções ou desordens psíquicas. Atualmente, podemos observar duas correntes teóricas dominantes: a medicina psicossomática e a psicossomática psicanalítica. A medicina psicossomática investiga as doenças
orgânicas e a causa pode ser claramente identificada cientificamente, com base no modelo positivista, com referência a causas psicogênicas, principalmente tensões, estresse e emoções. Já a Psicossomática Psicanalítica estabelece que existe um sentido no sintoma, muitas vezes interligado ao inconsciente ou a um simbolismo que transcende os supracitados. PSICOSSOMÁTICA Em 1917, Groddeck publica “Condicionamento psíquico e tratamento de moléstias orgânicas pela psicanálise” no periódico Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse, sendo este considerado o marco da medicina psicossomática. Neste texto já aparece o conceito de Isso, “por quem somos vividos”, ao qual atribui poder de ação sobre todo o organismo. Groddeck define a doença como uma das expressões do Isso, como uma manifestação de vida, e não como um mal a ser combatido de qualquer maneira. O Isso é o que está ligado a manifestação da vida, definindo a saúde ou a doença (CASETTO, 2006). Assim sendo, segundo D’Epinay (1988), o sintoma é uma manifestação do Isso, e a doença tem um simbolismo e um sentido próprio para o indivíduo. O papel do analista é o de intermediar a retomada de consciência sobre o que fez com que a pessoa desenvolvesse tal sintoma, para que ela possa ser curada. Isto é, em vez de se fazer o diagnóstico tradicional da medicina (nosológico), que se faça um diagnóstico do ser humano. Portanto, um diagnóstico que contenha além dos sintomas, aspectos psicológicos, relacionados a história de vida deste paciente. Para Groddeck, sintoma é sinônimo de linguagem que
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artigo o Isso utiliza para expressar e que o Isso do médico ou analista é capaz de compreender. A doença não provém do exterior, o próprio ser humano a produz; o homem só se serve do mundo exterior como instrumento para ficar doente, escolhendo em seu inesgotável arsenal de acessórios ora a espiroqueta da sífilis, ora uma casca de banana, depois uma bala de fuzil ou um resfriado. (GRODDECK, 1923, p. 219). Em outras palavras a somatização é a proteção da dor da alma, a criança fala através do corpo e a doença é a linguagem utilizada para mostrar ao adulto as suas necessidades. A criança se protege da dor emocional através da dor física. E é opção de alguns doentes manterem suas doenças. Curar qualquer doença tem uma etapa fundamental: tornar-se adulto. (FREITAS, 2012). Para Groddeck, curar a doença pura e simplesmente, não significa que o doente tenha sido tratado, pois não se percebeu a função que a doença desempenhava. É fato que o caminho mais fácil e curto, aparentemente, seja o de atacar a doença, mas lembrando que esta é apenas uma linguagem, possivelmente ela insistirá em ser “ouvida” novamente da mesma forma ou por outras vias – doença diferente – (D’EPINAY, 1988). O desenvolvimento de outra doença, foi observado por Hipócrates, o qual ele denominou de Princípio da Alternância Somática (FREITAS, 2012). Groddeck, não nega a relevância do diagnóstico, mas um diagnóstico
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com o intuito de apenas reconhecer a doença é simplista, pois não abrange outros pontos essenciais para o tratamento do paciente: o modo como profissional da saúde e paciente se relacionam, a maneira como o paciente estabelece seu processo de melhora/cura, qual compreensão o paciente tem da função da doença, quais ações e mudanças de padrão ele pode ter, dentre outros. Portanto, retira-se o padrão tradicional do diagnóstico puramente nosológico, para um diagnóstico do ser humano – sinais, sintomas, aspectos psicológicos, sociais e história de vida (SANTOS, MARTINS, 2013). A DOENÇA COMO LINGUAGEM DA CRIANÇA E A ANÁLISE TRANSACIONAL Para compreender a linguagem da Criança, é necessário teorizar sobre esta Criança para que a compreensão fique mais assertiva. A Análise Transacional empregando uma linguagem simples e compreensível, divide didaticamente a personalidade em três componentes denominados Estados do Ego, que são Pai, Adulto e Criança (PAC). Esses Estados de Ego agem e interagem, continuamente dentro de nós. Os Estados de Ego representam 3 modos de ser, de pensar, de sentir e de atuar. Não são construções teóricas invisíveis, mas sim realidades concretas, observáveis e mensuráveis. Podem ser diagnosticadas ou identificadas pela observação do vocabulário, tom de voz, gestos e expressão corporal do indivíduo;
enfim, pela expressão verbal e nãoverbal do sujeito (KERTÉSZ, 1987). Para Berne (1988), o Estado de Ego Pai, representa a influência à assimilação na infância de condutas, pensamentos e sentimentos das figuras parentais: pais (ou substitutos), professores, familiares mais velhos, babás e mesmo mensagens impessoais de TV, rádio, tradição, costumes e outros. Representa nosso conceito ensinado da vida, o que se deve fazer. Já Estado de Ego Adulto é a parte do Ego que raciocina objetivamente, analisando a realidade e decidindo entre o adequado e inadequado, atuando como um computador. Atua no aqui-agora, anuncia o que convém. E o Estado de Ego Criança é o componente infantil da nossa personalidade, representando nossas emoções como alegria, amor, prazer, tristeza, raiva, medo e tudo o que se refere ao nosso corpo. Fala e age como o fazia na infância. Age também sob o impacto de emoções, faz o que quer. Berne (1988), ressalta que é fundamental que o indivíduo entenda sua Criança, pois além desta acompanha-lo durante toda sua vida, ela é também a parte mais preciosa da personalidade de cada um. E frente a tamanha importância, Freitas (2014), nos aponta que as necessidades infantis não satisfeitas, os traumas e os conflitos ficam registrados, pois naquele momento não puderam ser reconhecidos pelos adultos que estavam à sua volta. A maneira adequada de expressar essas necessidades foi alterada, e, passa a ser manifestada por sentimentos, pensamentos e ações contrários
ao fluxo natural e saudável. O corpo registra a história e expressa os conflitos até que possam ser compreendidos e solucionados da melhor maneira possível. Groddeck dizia que a doença é a nossa melhor amiga, pois conta-nos tudo que precisamos ouvir e é muito verdadeira em suas mensagens. Pede uma alteração na forma de vida, impõe mudanças radicais na forma doentia que vivemos. Faz com que o adulto que hoje desenvolvemos possa estar em contato com nossas reais necessidades e com nosso self. A doença é o sinal de aviso quando nos distanciamos de nós mesmos. Nos coloca em contato com nossos traumas. Ao adoecermos temos uma série de reações: de como nos relacionamos com nossas dores, do valor exagerado ou negligente, dos medos associados, da forma como tentamos nos cuidar ou nos livrar desses incômodos, de como buscamos ajuda adequada ou não, de como confiamos nas pessoas. Cada aspecto citado descreve e coloca à tona a nossa história, à flor da pele, podendo sentir e compreender como os adultos (figuras parentais) lidaram com essa criança e com suas dores. A doença além de ser uma linguagem da criança, ela também pode ser m mecanismo de proteção, que impede o cliente de entrar em contato com seu trauma. Caso o cliente fique em contato somente com a somatização ou sintoma de sua doença, ele não entra em contato com a função desta linguagem. Muitos pacientes ficam na dor física para não entrar em contato com a dor da alma. Lembrando que em cada somatização
há uma história emocional dolorosa vivenciada pela Criança que ela não conseguiu enfrentar sozinha e também não obteve ajuda satisfatória de seus pais, possivelmente porque eles também não sabiam o que ou como fazer. Neste caso nota-se um fato interessante em muitas famílias: a tendência à repetição nas próximas gerações de histórias dolorosas muito parecidas. Sendo assim, Georg Groddeck, evidenciou que todo doente traz a sua Criança à tona e que precisa de um Adulto para retirá-la de seu sofrimento (FREITAS, 2012). E para perceber e auxiliar o cliente a traduzir a linguagem deste conflito, a teoria do Ciclo de Desenvolvimento criado por Pâmela Levin (1984) é de fundamental importância para compreender todo o processo de estímulo e desenvolvimento do cliente e a influência dos pais no processo, e avaliar de que forma a somatização tem ligação com o que não foi adequado ao longo de sua vida, nas etapas propostas nesta teoria. Para Pâmela Levin, o crescimento humano é um ciclo de desenvolvimento composto de estágios que começam na infância e se repetem durante toda a vida adulta, sendo estes estágios divididos em sete: a) poder de ser – primeiros seis meses de vida –, b) poder de fazer – 6 meses a 18 meses –, c) poder de pensar – 18 meses a 3 anos –, d) poder de identidade – 3 a 6 anos –, e) poder de ser habilidoso – 6 a 12 anos –, f) poder de regeneração – 13 a 18 anos –, g) poder de reciclagem – acima dos 19 anos –. Nós crescemos através de mudanças físicas e emocionais, típicas de cada estágio infantil, e retornamos a eles repetidamente. A fase do poder de ser é a etapa das
necessidades orais, de ser cuidado, alimentado e tocado. Quando uma pessoa retorna a esta fase, quer somente comer e dormir com mais frequência e pode vivenciar uma sensibilidade oral. É o momento em que se procura reconhecimento, não pelo que fazemos, mas pelo que somos nesse estágio. A pessoa quer ser nutrida, quer estar fisicamente perto e desenvolver um laço afetivo, muito mais emocional com outra pessoa. Nessa fase, é importante que se recebam mensagens, sejam elas verbais ou não, que digam a importância de sua existência, que mostrem o quanto ela é bem-vinda, que é prazeroso estar com ela, que respeitam o seu ritmo e suas limitações (LEVIN, 1984). Para Levin, (1984) a fase do poder de fazer, refere-se à necessidade de explorar o mundo e alimentar os sentidos. É uma fase de muita curiosidade para desenvolver o poder de fazer. Nessa etapa, tem-se a necessidade de levantar e andar, mover, cheirar, experimentar, tocar, ver e explorar, com todos os sentidos: tato, visão, audição, paladar e olfato. A pessoa ou o bebê quer uma variedade de estimulações, pois o mundo parece novo e precisa ser explorado para desenvolver a consciência sensorial. Nesse momento, também são importantes as mensagens, verbais ou não, que mostrem ao outro o quanto é bom ter iniciativa, ser curioso e intuitivo e, receber apoio por isso. A terceira fase é a do poder de pensar, em que se necessita estabelecer um novo sentido de independência, individualidade e separação. Aparece a necessidade de ser independente,
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artigo ser alguém diferente, mostrar que pode ser único e, com isso, pode vir a rebeldia. As frases mais utilizadas são “não vou” e “não e não”. A realidade é testada e pode se contrapor em relação aos outros, enquanto cada novo nível de pensamento é desenvolvido. Quer descobrir os limites dentro de si e das situações. A preocupação central é sobre o quanto de controle se tem sobre nós mesmos ou sobre uma situação ou relacionamento. Sendo interessante receber mensagens que apoiem a necessidade de se demonstrar insatisfação e raiva e assim, poder pensar por si mesmo e que é normal testar, encontrar limites e se tornar um ser individual (LEVIN, 1984). A próxima fase é a do poder de identidade, quando se quer descobrir de uma nova forma quem somos e o que significa sermos do sexo que somos. É testado o poder para ver o que acontece. A pessoa se torna fascinada de novo com a habilidade em afetar as outras pessoas. Querse mudar totalmente a organização interna. Sendo apropriado receber mensagens que digam o quanto pode se sentir poderoso e, ainda assim, ter necessidades e poder ser cuidado quando precisar, de que tudo bem descobrir quem é você e testar seus próprios comportamentos e poder fantasiar sem medo de que essas fantasias se tornem realidade (LEVIN, 1984). Para Levin (1984), a quinta fase é o poder de ser habilidoso, em que se desenvolvem os valores e, assim, precisa desenvolver novas ferramentas, aprender habilidades que condizem com os objetivos.
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Para isso se discute a moral e o método dos outros querendo agir de maneira própria e não seguir a dos outros. Nessa fase precisa vivenciar diferentes formas de atuar e cometer erros também e, dessa forma, descobre-se o que funciona para nós. As mensagens que precisam ser passadas são: pode se ter um jeito próprio de fazer as coisas e ter a sua moral e, com isso, poder pensar antes de fazer, guiando-se pelos sentimentos e podendo discordar dos outros. A próxima fase é o poder de regeneração. Manifesta-se no começo da adolescência, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento, não somente relacionado ao físico, mas em competência cognitiva e social, como por exemplo, questões relacionadas à autonomia, autoestima e intimidade. E esse período também é propício para trazer riscos, pois alguns jovens podem ter dificuldades em lidar com tantas mudanças de uma vez e precisam de ajuda para vencer os perigos ao longo do caminho (LEVIN, 1984). A última fase é a do poder de Reciclagem, é quando entramos na vida adulta e a personalidade está formada. Essa fase, por ser uma nova situação, pode deixar as pessoas incertas e inseguras, sem discernir se as regras são as mesmas ou se esta vai ser uma nova jornada fácil ou difícil. Nesse período, precisamos de pessoas, companheiros, a quem possamos nos ligar emocionalmente para dar suporte a um novo período de crescimento. É sentido, nessa etapa, que são como crianças de novo, sentindo o mundo pela
primeira vez. A repetição pelos ciclos tem a sua própria qualidade e assume um ritmo individual, pois o modelo básico já foi formado na infância e eventos externos podem ser acionados para aprimorar certos estágios vivenciados no passado. Quando adulto, se pode assumir diferentes papéis na medida em que há reciclagem. Em cada reciclagem, podemos amadurecer e crescer de forma diferente, dependendo dos estímulos que podem ser encontrados pelo caminho (LEVIN, 1984). Para exemplificar a linguagem da Criança e de que forma a teoria do Clico de Desenvolvimento pode auxiliar nos atendimentos em consultório, apresento um caso que atendi em meu consultório de maneira resumida. Paciente A, com queixa de Psoríase que é caracterizada como uma “doença dermatológica descamativa e pruriginosa, que pode manifestar-se de diversas maneiras e graus” (JORGE et al., 2004, p. 23). Relatou muita vergonha, usava roupas que cobriam todo o seu corpo, processo depressivo presente e nitidamente falava com nojo e raiva de seu próprio corpo. Problemas de sobrepeso, tinha sucesso em seu trabalho mas não sabia o que fazia com o dinheiro, e o casamento estava ruim, pois sentia muito ciúme e achava que seu marido a qualquer momento iria abandoná-la. Doenças que tenham sua manifestação na pele, em sua maioria, para a Psicossomática tem uma simbologia, a pele é a proteção do corpo, separa o meio externo do meio interno e está ligada ao contato/relação. Podemos perceber a linguagem se estabelecendo, vindo à tona, pois
o primeiro contato a se estabelecer com o indivíduo é sua mãe. Se existe uma linguagem através de um sintoma expressando que existe alguma questão para ser resolvida no que se refere a proteção e contato/ relação, a primeira investigação feita neste caso foi relação mãe/paciente. Ela relatou que a mãe era bipolar, pai desconhecido, e quando nasceu a mãe teve uma crise e precisou ser internada, sendo assim a relação mãe/bebê não se estabeleceu. Após 3 meses a mãe retornou para casa, mas com receio de cuidar da filha, então a relação continuou prejudicada. Esta mãe teve outras crises durante o desenvolvimento desta cliente, ela presenciou cenas de violência, gritos, a mãe quebrando objetos em casa e sendo levada para internação. A cliente tinha 15 anos quando sua mãe morreu assassinada em um assalto no trânsito. Neste caso fica evidente que a paciente não conseguiu passar pelas etapas do Ciclo de Desenvolvimento de forma tranquila. Ela recebeu muitas influências, sua Criança vivenciou situações muito dolorosas e que somente em sua fase adulta, esta Criança utilizou seu corpo como linguagem por meio da Psoríase para que o Adulto possa fazer o que não foi feito no passado, se proteger e estabelecer contatos e relações saudáveis com as pessoas. O trabalho realizado com esta paciente passou por toda a ressignificação de cada situação vivida com sua mãe, e obviamente passando pelas etapas do Desenvolvimento. A dificuldade de se tocar era muito grande, e doenças de pele “pedem toque”, principalmente de si mesmo. Ela iniciou um processo
de redescobrir seu corpo, tocar cada linguagem, cada descrição expressa em seu corpo chamada Psoríase. O banho rápido e as olhadas rápidas no espelho começaram a ser modificadas, aumentando o tempo pouco a pouco. Contato doloroso, a cada toque era uma lembrança carregada de emoção que “parecia explodir”, como ela mesma dizia. Muitas manchas foram tocadas em consultório, em que sua Criança colocava toda a emoção a disposição para o trabalho psicoterapêutico, e aos poucos ela conseguia fazer em casa, acolhendo o sintoma e a dor, com seu Adulto. Atualmente as manchas diminuíram 80%, e muitas dificuldades ligadas ao processo complicado de seu Desenvolvimento, ela conseguiu agir diferente. Passou a cuidar de seu corpo e de sua alimentação de maneira saudável, continuou bem em seu trabalho e conseguiu se planejar financeiramente para viajar que sempre foi seu sonho, mas nunca conseguia, e no casamento ela percebeu que se relacionar e confiar estava intimamente ligado com sua primeira relação estabelecida (mãe), e a medida que trabalhamos esta questão, seu casamento foi influenciado. Ratificando uma frase de Freitas (2010), o corpo registra a história e expressa os conflitos até que possam ser compreendidos e solucionados da melhor maneira possível. E diante de todo o contexto já apresentado, é interessante também abordar a Teoria de Script. Pois, sendo ela um plano de vida baseado em decisões feitas na primeira infância
que inibe espontaneidade e limita a flexibilidade em resolução de problemas e em relacionamento com outras pessoas, ou seja, decisões importantes já foram tomadas (BERNE, 1988), vamos imaginar uma decisão ligada à uma doença. Para Erskine e Zalcman (1982), quando a pessoa sente emoções semelhantes àquelas sentidas no tempo da decisão do Script, suas crenças podem ser estimuladas. As crenças do Script fornecem um Quadro de Referências distorcidos para visualizar a si próprio, a qualidade de vida e o outro. Enquanto as emoções e crenças do Script permanecerem como contaminações do Adulto, elas não estão disponíveis para serem atualizadas com novas experiências e informações. Como essas crenças são Contaminações do Adulto pela Criança e pelo Pai combinados, qualquer informação contraditória será rejeitada. Sendo assim, o Ciclo de Desenvolvimento e o Script são muito importantes para um olhar mais abrangente para um paciente doente e a linguagem de seu sintoma, pois como pudemos observar, a Criança passa por tantas necessidades, vivências, estímulos, crenças, emoções, durante todo o seu desenvolvimento que seria uma grande perda não aproveitar tanto conteúdo para ser utilizado como material de trabalho no processo do que o Adulto vivencia em seu momento atual, principalmente no que se refere as queixas físicas e/ou emocionais.. Seja para primeiro formar a nossa personalidade na infância, ou enriquecer no período adulto o que
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artigo já foi formado, precisamos de certas forças fundamentais, adquiridas através dos relacionamentos com outras pessoas para se desenvolver a segurança, a confiança e a estimulação necessárias para executar as tarefas que estão próximas. Essas Transações chaves, que correspondem às mensagens, com as permissões necessárias para que a criança passe de forma segura para as novas fases, proporcionam os nutrientes essenciais para o crescimento sadio, da mesma maneira que os aminoácidos fornecem os nutrientes essenciais para o crescimento das células do corpo (LEVIN, 1984).
e que significado ele tem para cada indivíduo. A doença por si só, é uma consequência de várias questões emocionais, vindas principalmente da criança. A Análise Transacional veio muito a acrescentar, trazendo toda a teoria do Ciclo de Desenvolvimento Humano, mas principalmente quando interliga a decisão do Script e o Sistema de Disfarce a Psicossomática.
Mas quando há algum problema nessas fases do desenvolvimento ou um padrão de Script determinado, pode ser que seja demonstrado através de um sintoma ou uma doença, como uma linguagem dessa criança. Freitas (2014) ressalta que nossos pais e nossa família fizeram grande parte do trabalho, agora a responsabilidade compete a nós. O encontro com nossa criança, e a(s) etapa(s) do desenvolvimento que tenha(m) sido falha(s) é a dádiva da doença segundo Groddeck, e quando pudermos “ouvir” esse sintoma não precisaremos mais dessa comunicação, ao invés de ficarmos interruptamente repetindo a história traumática sem uma reciclagem assertiva.
Há muito pouco sobre Análise Transacional no campo da Psicossomática, portanto deixo também este artigo como algo a instigar outros profissionais a também pesquisar, acrescentar, trazer estudos de casos para que cada vez mais esse campo fique conhecido e seja tratado da forma que acredito e exponho para os leitores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Começando com uma breve revisão histórica e posteriormente teórica sobre a Psicossomática, foi possível perceber o quanto é importante um olhar para si mesmo e para o sintoma
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Para o trabalho com pacientes, este artigo tem muito a agregar no campo da Psicossomática, no sentido de mais ferramentas para diagnóstico e no decorrer do trabalho com o paciente.
Que o trabalho com estes pacientes possa auxiliá-los a seguir a vida a partir da visão que cada um tem sobre si mesmo e sobre a doença, compreender como pensar, sentir e agir, olhar para a doença para entender e não mais ignorar ou livrar-se dela por si só, assim a mudança de padrões pode acontecer e principalmente o amor próprio passar a existir que é essencialmente cuidar e ouvir a criança interna, estar cada vez mais conectado com ela. Como já dizia Hipócrates: “devemos tratar o doente e não a doença
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNE, E. O que você diz depois de dizer olá. São Paulo: Nobel. 1988. CASETTO, S. J. Sobre a importância de adoecer: uma visão em perspectiva da psicossomática psicanalítica no século XX. Psyche (São Paulo), São Paulo v. 10, n. 17, jun. 2006. Disponível em <http://pepsic. bvsalud.org/s cielo.php?s cript=s ci_ar ttext&pid =S141511382006000100008 &ln g=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 Fev. 2015. Debray, R. O equilíbrio psicossomático. São Paulo: Casa do Psicólogo. 1995. D’EPINAY, M.L. Groddeck: a doença como linguagem. São Paulo: Papirus, 1988. ERSKINE, R. G.; ZALCMAN, M. J. Sistemas de disfarce: um modelo para análise dos disfarces. In: Prêmios Eric Berne 1971 – 1997. Porto Alegre: UNAT Brasil. P. 155-168. FREITAS, J. F. Memória Emocional e Doença: A Possibilidade do Encontro Com Nossa Criança Ferida. 2014. Disponível em: <http://www.libertas.com.br/ libertas/>. Acesso em: 10 Mar. 2015. FREITAS, J. F. A ilusão dos adoece e a realidade nos cura. O enigma da doença e da cura. In: ENCONTRO PARANAENSE, CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, XVII, XII, Anais Curitiba: Centro Reichiano. 2012. Disponível em: <www.centroreichiano.com.br/artigos>. Acesso em: 02 Fev. 2015. FREITAS, J. F. A linguagem simbólica da doença: o corpo revelando os conflitos da alma. In: ENCONTRO PARANAENSE, CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, XV, X, Anais, Curitiba: Centro Reichiano. 2010. Disponível em: <www.centroreichiano.com.br/artigos>. Acesso em: 10 Fev. 2015. GRODDECK, G. O livro dIsso. São Paulo: Perspectiva. 1988. JORGE, H.Z.; MÜLLER, M.C.; FERREIRA, V.R.T.; CASSAL, C. Pacientes portadores de dermatoses: Relações iniciais e auto-agressividade. PSIC – Revista de Psicologia da Vetor Editora, 5 (2), 22-25. 2004. KERTÉSZ, R. Análise Transacional ao vivo. São Paulo: Summus. 1987. LEVIN, P. O Ciclo do Desenvolvimento. In: Prêmios Eric Berne 1971 – 1997. Porto Alegre: Sulani Editografia Ltda, p.181-200. 1984. MELLO FILHO. J. Concepção Psicossomática: visão atual. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2002. SANTOS, L.N.; MARTINS, A. A originalidade da obra de Georg Groddeck e algumas de suas contribuições para o campo da saúde. Interface - Comunic., Saude, Educ., v.17, n.44, p.9-21, 2013. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/icse/v17n44/a02v17n44.pdf>. Acesso em 30 Set. 2015. VOLICH, R. M. Psicossomática: de Hipócrates à psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo. 2001.
Informativo OPÇÕES | UNAT-BRASIL N° 84 Dezembro DE 2015
mensagens de final de ano da diretoria Estamos às portas de um novo ano! Vamos reacender nossos sonhos ainda não realizados e acreditar que iremos concretizálos. Externar nosso amor pelos nossos entes queridos. Nos aproximar dos nossos amigos. Aprendemos com os erros do ano já ido e brindamos o ano bem-vindo com um sorriso. Vamos correr ao encontro daquele amor ainda não perdido ou surpreender mais uma vez o amor já conquistado. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir. Todas as músicas que puder emocionar. Somos vencedores, conseguimos superar mais um ano, enquanto tantos ficaram pelo caminho. FELIZ 2016! Vitor A. Merhy, Presidente do Conselho Deliberativo “Findado mais um ciclo é hora de refletirmos e fazermos o balanço dos objetivos traçados. É tempo de agradecer, de celebrar e de recomeçar! O Novo Ano nos brinda com mais uma chance de vivermos plenamente! E neste momento, a Diretoria Administrativa quer compartilhar os melhores votos de felicidade, de paz, de amor e de realização com vocês que fazem parte da UNAT-Brasil!” Jáci Duarte, Diretora Administrativa “Durante todo esse ano que agora se encerra tive a satisfação de conviver com os queridos colegas e amigos da UNAT que me influenciaram e transformaram, e sinto-me profundamente grata. Desejo retribuir trazendo sementes que produzam frutos, tragam vida e renovem nossas relações a cada novo dia de 2016”. Marília Pereira, Diretora de Ética “Caros colegas, desejo que cada um possa desfrutar neste ano que vem do amor pleno e total. Desejo, ainda, que este manto de amor cubra nossos lares e entes queridos e a paz e felicidade inerentes de este estado seja nossa única recompensa. Carinho a todos”. Alberto Jorge Close, Diretor Científico
“ Desejamos que todos os corações sejam tocados pelos sinos do natal e iluminados pelas luzes do novo ano. Feliz Natal, feliz novo ano”. Ivana Zanini, Diretora Financeira
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mensagens de final de ano da diretoria 2015 foi um ano de desafios, superação e conquistas. O ponto alto é o aumento significativo de sucesso na capacitação de novos analistas transacionais. No CONBRAT tivemos 11 analistas transacionais certificados, 100% de aprovação nos Exames Orais de Certificação da UNAT-BRASIL. Em novembro 6 analistas transacionais foram endossados para abrir contrato de Membro Didata em Formação engrossando a lista dos 28 didatas em formação que participam do 303. Agradeço a todos que ao longo deste ano contribuíram para que estas metas fossem alcançadas! Desejo que 2016 reflita essas conquistas e que cada vez mais possamos crescer ainda mais em competência, okeidade e comprometimento com a Análise Transacional e com a UNAT-BRASIL. Feliz 2016! Maria Regina Ferreira da Silva, Diretora de Docência Quando penso nos desejos para 2016, penso em Rubem Alves. Diz-nos Rubem: “Todo jardim começa com uma história de amor: antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles.” Que cada um de nós plante jardins dentro da alma! Que ao passear nos jardins do mundo, neste ano novinho em folha que já está quase chegando, possamos nos maravilhar e com o encantamento de uma criança, degustar cada momento que se apresenta! Maku Almeida, Diretora de Comunicação Votos de que a passagem de ano seja momento de celebração das conquistas de 2015 e abertura para oportunidades de realizações em 2016! Que a Análise Transacional continue abrindo portas para desenvolvimento pessoal e profissional! Laucemir Silveira, Vice-Presidente
“Final de ano para mim, tem sabor de família, abraços, risos, encontros, reencontros. A UNAT também tem este sabor, quando nos encontramos nos eventos, congressos. Não há distância que nos impeça de investir no envolvimento e afeto. Desejo a todos os associados e em especial, a esta diretoria, paz e luz! Que possamos nos aproximar ainda mais no ano vindouro e somar nossas competências para transformar e amar. Gratidão. Feliz 2016!” Kátia Abreu, Presidente
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