MAYARA AMORIM DE OLIVEIRA NICOLY SILVA DINIZ
TENANGO DE DORIA: A retratação do cotidiano em bordados
Orientadora: Maria Adircila Starling Sobreira
Belo Horizonte, 2017/1.
Mayara Amorim Formação Acadêmica Centro Universitário Una Curso: Bacharelado em Moda Período: 2014/2017
Experiência Profissional Boê Lingerie Cargo: Direção Criativa Período: Maio/2016 - Atual
Escola Superior Dom Helder Câmara Curso: Bacharelado em Direito Período:2009/2013
C&A Modas BH Shopping Cargo: Vendedora e Maquiadora Período: Abril/2014 – Outubro /2014
Instituto Educacional Barreiro Grande Pitágoras Ensino Médio Conclusão: 2008
Fragata e Antunes Advocacia Cargo: Estágio em Direito Período: Dezembro/2011 – Julho/2012
Cursos Curso de Modelagem básica e avançada de lingerie- Modelle- 2016 Congresso SENAC Minas (empreendedorismo) – 2008 Curso SENAC Minas - Maquiagem profissional - Setembro/09
Eventos Una TrendSetters Cargo: Coordenadora de beleza Edições: 9, 10 e 11 Minas Trend Preview Cargo: Corretora - Equipe Chico Santoro Edição: 19
Nicoly Diniz Experiência Profissional
Formação Acadêmica Centro Universitário Una Curso: Bacharelado em Moda Período: 2014/2017 Colégio Padre Eustáquio Ensino Médio Conclusão: 2013 Cursos Curso Branding da Farm com Carlos Mach Alfaiataria, corte e costura Curso de Vitrinista pela agência Fhouse ICBEU - Inglês intermediário
K9 (10/02/14 – 09/01/15) Cargo: Caixa, Vendedora, Gerente adjunta Período: Galerie (12/01/15 – 30/06/15) Vendedora responsável GAM (Freelancer) Vitrinista Tiata (Freelancer) Produção de catálogo Ander Duarte Estagiária Minas Trend Estagiária Minas Trend Preview Cargo: Corretora - Equipe Chico Santoro Edição: 19
BRIE FING
s o i c รณ g e n de
Estilo Dominante: Romântico / Natural Complementar: Sexy Estilo de criação: Sociô / Retrô
Segmento Underwear e loungewear
Elementos de estilo Nicho Prêt-à-porter de difusão
Gênero Feminino
Atributos Espirituais: A marca pretende trabalhar o conforto, a praticidade e a sensualidade de forma sutil, sem perder a feminilidade. Atributos Físicos: Tecidos de toque macio e confortável, peças sem bojo fáceis de vestir e usar, bordados diferenciados e estruturas maleáveis.
Concorrentes
Se diferencia por ser a primeira marca a criar lingeries colecionáveis no país e por oferecer acessórios. É concorrente da BOÊ por utilizar peças sem bojo, prezando o conforto e também por conter estampas.
Concorrentes
A marca se torna concorrente da Boê devido ao fato de apostar em peças românticas, mas que prezam o conforto das peças, que variam entre R$14,00 e R$135,00.
Concorrentes
Rendas importadas e bordados à mão são alguns dos destaques dos produtos, além de campanhas elaboradas. Os preços variam de R$15,90 para algumas calcinhas á R$469,00 para a linha de lua de mel.
Canais de distribuição E-commerce e Instagram (@boelingerie).
Margem de preço Calcinha à partir de R$ 29,00 Sutiã à partir de R$ 39,00 Sleep Dress à partir de R$ 99,00 Body à partir de R$129,00 Corselet à partir de R$239,00
Diferenciais da marca A marca proporciona o conforto e a versatilidade na lingerie, são peças que podem ser usadas não apenas como underwear, mas também como peças aparentes, compondo os looks.
PÚ BLI o v al CO
IDEN l a u s TI i v DADE
Logotipo
Justificativa do nome, fonte e cor O nome BOĂŠ foi inspirado na boemia, no luxo e glamour dos anos 1920l. A logo traz a sensualidade em suas curvas, o romantismo no anagrama de seta e o luxo em sua forma linear, A escolha de cores foi pensada para um melhor uso papelaria.
Monocromia P&B
Pantone e CMYK Fonte de títulos:
Seline A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Fonte de títulos: Arimo
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789
Área de proteção Redução mínima: 2cm x 2.5cm
Grade de ampliação
Aplicação em papelaria
Cartão de visitas, Tag e Adesivos @boelingerie 99999-9999
xxxx@email.com
Cartão de visitas 9x5cm em papel supremo com resina
Adesivo redondo: 6x6cm Adesivo retangular: 8x8cm (acompanha estampa da coleção)
Tag 6x6cm em papel supremo laminado
Brindes
Necessaire Boê: Neoprene 20x20 cm com estampa da coleção
Aromatizador de gaveta: Neoprene e Americano Cru 10x10cm com detalhe em pompom grelot
Chaveiro: Pompom grelot, corda de São Francisco e anel de chaveiro
BRIE FING
õ a ç e l o c e d
Macrotendência: Feito à mão
Tendências da estação
Bordado
Veludo
Transparência
Cartela de cores
Tecidos
Matérias
Corrente bordada
Flor drapeada
Pompom de lã
Bordado de linha
Drapeado
Aplicação de corrente
Pampulha
Tenango
Flores
Silhuetas
XA
TE NAN GO
a i r o D e d
Siete
a i l í m fa
Busca retratar o grande fluxo de movimento e informação contidos na Praça Sete. Para retratar esta diversidade, não possui uma cor específica, tendo apenas o nude e o branco como base para diversos outros tons, bem mais vivos, representados nos pompons da família, reflexo das flores do Tenango. O Pirulito, como marca arquitetônica da praça está presente nas estampas.
Libertad a i l í m fa
A inspiração desta família veio da Praça da Liberdade, cuja flora muito diversificada e colorida ajudou a definir os tons da família, sendo o Ipê-Cor-de-Rosa a principal influência. A praça é cercada por museus históricos, em que formas sinuosas e curvas se mesclam perfeitamente com o ambiente natural e seus detalhes resultaram nos drapeados da família.
Agujas a i l í m fa
A Praça do Papa norteia esta família. O nome veio da avenida onde a praça se encontra, Avenida Agulhas Negras. Por ser uma praça onde a vida noturna é o ponto alto, os tons da coleção são mais sóbrios. O uso de correntes busca refletir o cenário urbano e noturno da praça.
Mercado a i l í m fa
Tem o Mercado Central como tema. As cores principais são o azul riverside e o laranja queimado, uma associação aos tijolos que compõem o prédio do mercado, além dos tons quentes dos temperos, que se mesclam perfeitamente às flores do Tenango. Tem a alfaiataria como base e faz uso do tule para referenciar as formas das janelas do mercado.
Estanque a i l í m fa
Foi inspirada pela Igreja da Pampulha, obra de Oscar Niemeyer. As formas arquitetônicas circulares da igreja e da lagoa dão vida à estampas e formas que, mescladas com o Tenango, incorporam temas vivos e florais. Os tons claros remetem à paleta de cores da Igreja, além da transparência leveza transmitida pela água.
EXECU TADOS
a c n a b a a r pa
DES FILE l a fin
INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA
TENANGO DE DORIA: A retratação do cotidiano em bordados
ALUNOS: Mayara Amorim de Oliveira Nicoly Silva Diniz
PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): Geanneti Tavares Salomon ÁREA DE PESQUISA: Comunicação e Artes LINHA DE PESQUISA: História, imagem e cultura
BELO HORIZONTE 2016/ 2 Mayara Amorim de Oliveira Nicoly Silva Diniz
TENANGO DE DORIA: A retratação do cotidiano em bordados
Artigo apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina TIDIR VI (PRÉTCC). Professora: Geanneti Tavares Salomon Produto final TCC: Coleção de Lingerie
BELO HORIZONTE 2016 / 2 TENANGO DE DORIA: A retratação do cotidiano em bordados
Mayara Amorim de Oliveira1 Nicoly Silva Diniz2
RESUMO
O objetivo do presente artigo é apresentar a cultura da cidade mexicana Tenango de Doria com ênfase nos bordados originados da região. Será explicado como o bordado Tenango de Doria tem impacto no cotidiano, cultura e economia da cidade baseado em pesquisas a artigos, documentários e entrevistas feitos com os moradores locais. O resultado será a criação de uma coleção de lingeries para vestuário feminino.
Palavras-chaves: Tenango de Doria; Bordado; Lingerie; México
INTRODUÇÃO Tenango de Doria é uma cidade no México que tem como base da economia local o artesanato, sendo o bordado Tenango uma das maiores fontes de renda. Os tenangos são um espelho da própria comunidade, na qual homens e mulheres são participativos na elaboração dos bordados. Observando a importância econômica e social que o bordado Tenango de Doria tem nas comunidades tenangas, as pesquisadoras procuram entender ao longo desse
1 * Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação para obtenção do título de bacharel no curso de
__________________________________, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA. Graduando em Moda, no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: mayamorim3m@gmail.com 2 Graduando em Moda no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: nicolydiniz@gmail.com
artigo como este bordado é tratado ao ser agregado a um contexto diferente do original, sendo esse novo contexto, lingeries para o vestuário feminino, produzido em Belo Horizonte, Minas Gerais, com estampas baseadas nos bordados originais da cidade mexicana relacionados ao contexto e dia a dia das pesquisadoras, assim como acontece nos bordados tenangos. Esse trabalho tem como objetivo principal analisar a possibilidade de se inserir elementos culturais específicos em peças do nosso cotidiano, tais como roupas íntimas. Através de pesquisa exploratória a documentários, com entrevistas, textos imagens, reportagens, e artigos acadêmicos foi analisada a concepção e produção dos bordados tenangos e a possibilidade de incorporá-los às peças finas e delicadas. O produto final será o desenvolvimento de uma coleção de lingeries para o vestuário feminino tendo como tema principal o bordado Tenango de Doria e estampas condizentes com o assunto trazendo-o para a realidade da cidade de Belo Horizonte, onde será executado. A relevância dessa pesquisa se faz como contribuição textual e representativa, servindo de material para pesquisa de alunos e profissionais da área da moda, além de referência para futuras produções. O trabalho, por fim, servirá como documentação para a área. A inspiração do tema abordado nesse artigo vem, não somente dos bordados em si, mas também de trabalhos previamente executados baseados nessa arte. A grife francesa Hermès criou em 2008 uma coleção de lenços com os bordados otomi. Na época, foram chamados desenhistas e bordadeiras da cidade de Tenango de Doria para desenvolver juntamente com a marca, as estampas que iriam em seus famosos lenços. A coleção foi lançada com os desenhos originais. Na coleção de lingeries feita a partir desse artigo, as estampas terão desenhos originais, as estampas serão baseadas nas cores e estilos de desenho tenangos, e
também na inspiração, assim como o povo tenango se usa elementos do seu dia a dia, fauna e flora para compor os bordados, as estampas originais desta coleção são contextualizadas na cidade de Belo Horizonte e alguns de seus pontos turísticos. 1 HISTÓRIA DO BORDADO Diferentemente de outras formas de artesanato, o bordado surgiu com uma função puramente estética e não utilitária e por esse motivo se tornou muito atraente para arte popular. Executa-se o bordado a mão ou à máquina, podendo ser usadas várias agulhas diferentes, assim ornamento tecidos com fios, formatos e desenhos diversos. Em sua maioria, os fios usados para bordado são algodão, seda, linho ouro e prata, e algumas vezes fibras sintéticas, sendo elas: náilon, acrílico e celofane. Além dos fios, usa-se também materiais como pedras, pérolas, lantejoulas e em seu formato mais rústico encontra-se até mesmo conchas, palha e madeira. (HISTÓRIA, 2016) Calcula-se que o bordado surgiu logo após a descoberta da agulha, fazendo dele uma das técnicas de arte aplicada mais antiga. O bordado foi bastante utilizado na Grécia antiga e pelos povos hebreus, tendo várias referências em passagens da bíblia, mas foi no século VII que o ocidente passou a se interessar pelo bordado. Desde então, sua prática foi intensificada a ponto de mosteiros se transformarem em oficinas de artesanato para sua execução e logo foram aparecendo bordados como armas, brasões, escudos e pendões em cores, ouro e prata. Mais tarde a Itália veio a se tornar o centro das artes, servindo de modelo para toda a Europa. (HISTÓRIA, 2016) A primeira máquina de bordado foi inventada por um operário francês em 1821 e, apesar de seu aperfeiçoamento e multiplicação, houve um declínio de sua popularidade no final do século XIX. Já no século XX: (...)ocorreu um fenômeno de revalorização dos bordados manuais, a branco ou de aplicações complementares, que se tornaram símbolos de alto nível social. Até a década de 1950, inclusive, era costume o uso de peças bordadas em branco sobre branco: lençóis, toalhas de mesa e lenços. O bordado da ilha da Madeira, executado em fio azul bem claro sobre tecido branco, fazia parte do
enxoval dos bebês. (HISTÓRIA, 2016)
O bordado de cor é bastante representado e valorizado em trabalhos folclóricos pelo mundo. No carnaval brasileiro, na tapeçaria artesanal, tapeçaria de parede e usado até por artistas plásticos, como Genaro Antônio Dantas de Carvalho, fazendo com que o bordado se elevasse à categoria de obra de arte. Esse bordado, apesar de ainda usado em tons claros para peças infantis, caiu em desuso para fins além do folclore. (HISTÓRIA, 2016) O bordado teve força novamente no vestuário a partir da década de 1970 quando a tendência de peças extravagantes e ainda assim ecológicas fizeram surgir peças em tricô e com bordados e aplicações de conchas, miçangas, sementes e plaquinhas de metal. O que prova a capacidade de renovação do bordado através dos séculos. (HISTÓRIA, 2016) O bordado costuma ser confundido com a renda, mas a renda é feita com a própria trama do tecido, já o bordado é uma aplicação por cima dos tecidos e pode ser dividido em três tipos: bordado a branco, bordado de cor e bordado sobre tela. O bordado branco possui as linhas e o fundo da mesma cor, mas também abrange peças tom sobre tom. O bordado de cor utiliza fios tintos e diferentes cores e tons, incluindo o ouro e a prata e foi muito empregado por povos orientais. Já o bordado sobre tela é executado sobre um tecido de trama frouxa e serve de guia para contar os pontos e, assim que é finalizado, a tela é desfiada deixando apenas o bordado sobre o tecido. (HISTÓRIA, 2016) 2 HISTÓRIA DA CIDADE A cidade de Tenango de Doria localiza-se no estado de Hidalgo, no México. A região, localizada a leste do México, possui pouco mais de 16 mil habitantes divididos em várias comunidades. Devido à globalização, que teve rápida ascensão por todo o México, as comunidades mais afastadas e marginalizadas têm ainda mais dificuldade de se manter economicamente. A comunidade de Tenango de Doria é o centro de políticas da região, mas ainda assim a comunidade tenanga faz parte da
parcela da população mexicana que continua abaixo da linha da pobreza, após o desenvolvimento do restante do país. Com menos de 600 habitantes, a cidade vive do trabalho artesanal desenvolvido pelas mulheres, que são 70% da população e da agricultura realizada pelos homens. (ENCICLOPEDIA, 2015) A palavra Tenango é de origem Nahuatl e significa “No lugar das paredes” e Doria é o sobrenome do primeiro governador do estado. A variedade climática da região permite que a fauna e flora sejam diversificadas, dando aos artesãos elementos de inspiração para criação dos bordados. (ENCICLOPEDIA, 2015) 2.1 BORDADO TENANGO DE DORIA Os bordados realizados pela comunidade tenanga são inspirados em figuras mitológicas e fantasias registradas em cavernas da região, além de serem uma representação da fauna e da flora que rodeia a comunidade, bem como eventos de seu cotidiano, que ao serem expressados em tecido pelos artesãos, ganham vida e representam a luta diária de um povo para manter suas tradições. Os desenhos constantemente representam animais como galinhas, coelhos, cavalos ou cães, sempre com adornos lembrando pétalas de cores vibrantes. Mesmo em fundos escuros, como o preto ou marinho, é possível visualizar o bordado. As técnicas desse bordado foram passadas de geração em geração. Ele se caracteriza pelo colorido e pelo formato que começa com um desenho de lápis sobre o tecido e logo após o espaço é coberto com fio colorido. (POBREZA, 2011) De início, apenas toalhas eram feitas com o bordado da região; já atualmente são feitas roupas, cobertas e até quadros decorativos. Os bordados podem durar meses para serem finalizados e ainda assim a renda gerada pela venda das peças bordadas é a maior fonte de renda de grande parte das famílias tenangas. (POBREZA, 2011). O comércio dos bordados tenangos nasceu nos anos 60 como uma alternativa para a manutenção da economia enquanto as comunidades Otomi passavam por uma
crise. A iniciativa não obteve grande sucesso porque ninguém queria pagar o preço real pelo trabalho feito. (BORDADOS, 2015) Em 2009, a grife francesa Hermès iniciou um projeto, idealizado por Marie Therese Arango, ex presidente e fundador da Associação dos Amigos do MAP e Christine Duvigneau, diretor de estúdio de design gráfico da Hermès Internacional, que utilizaria os bordados tenangos chamando-os de “melhores artesãos do México”. Por meio do Museu de Arte Popular (MAP) a grife conseguiu contatar a bordadeira Elia Tolentino e também um dos últimos artesãos da região que dominava a técnica do desenho para os bordados, Ezequiel Vicente José, que fez o desenho adaptando ao estilo clássico da grife, fundiu os tradicionais desenhos otomi aos quatro cantos diferentes do lenço e o cavalo, animal emblemático da marca francesa. Ambos aceitaram realizar o projeto ao lado da marca afim de promover melhorias para a comunidade. Os artesãos viajaram para a cidade do México para comparecer à uma apresentação sobre desenhos onde mostraram suas habilidades para desenhos e bordados na sede da Hermès Mexico. (BORDADOS, 2011) A partir da parceria, a grife apresentou estampas coloridas que, assim como a arte local, são inspiradas na fauna, flora e rituais da região tais como os da colheita, semeadura, da chuva, casamento e o carnaval. Além disso, nove cores do bordado com desenho denominado “Din tini yä zuë”, que significa “encontro do homem com a natureza”, que é formado por dois tipos diferentes de bordados tenangos, foram desenvolvidas. Com esse projeto a Hermès homenageou os habitantes da localidade em seus lenços de seda e se planejou para a criação de projetos que utilizassem o artesanato de outras regiões no México e de outros países, o que beneficia as comunidades tenangas que vivem marginalizadas. (BORDADOS, 2011) Apesar da popularidade que o bordado ganhou ao redor do mundo, ainda não foi suficiente para tirar a população da situação de desigualdade. A pirataria dos bordados tenangos é recorrente mesmo em lojas de artesanato locais que se vangloriam pelo artesanato de seus indígenas, que também lucram um valor muito mais alto do que o valor de custo ao comercializarem as peças originais:
“Nos organizamos como una forma de enfrentar el coyotaje (intermediarismo). Anteriormente bordábamos para otras personas pero nos pagaban muy poco por nuestro trabajo” (...) explica Mariela Espinosa, una de las iniciadoras del proyecto Uehdi Di Pehni arcoíris (bordadoras unidas); un grupo de mujeres que ante su situación de vida bordaron a partir de su creatividad, sus sueños y sus tradiciones para poder vivir por su propia mano. 3 (TENANGO, 2015)
A marca chegou a oferecer às artesas instalações de oficinas e a compra de cobertores para a execução dos bordados, mas elas preferiram continuar com o trabalho feito em suas casas e o dinheiro recebido foi doado para melhorias na escola local. (DISEÑOS, 2011) 3
HISTÓRIA DA LINGERIE A roupa íntima, desde os primórdios da humanidade, proporciona higiene,
proteção, além de modelar o corpo. A tanga foi a primeira forma de roupa de baixo e era usada em climas quentes para proteção e em climas frios era a base para capas de pele grotescas. No Egito, 3000 a.C., a tanga era feita de tecido, enrolada no corpo e presa por um cinto. Foram encontradas 150 peças desse tipo na tumba de Tutahnkamon. A tanga egípcia era feita de couro e lã e com o passar dos anos, foi usada apenas como traje cerimonial pelas classes altas. Tem-se o primeiro registro do que mais se assemelha a uma calcinha em Roma, 40 anos a.C., algodão linho e lã amarrados como fraldas e faixas nos seios como sutiãs. Mais à frente, no século XII, a roupa íntima feminina era apenas uma túnica sem nada por baixo. (HISTÓRIA, 2015) Nos séculos XVIII e XIX, calças curtas eram utilizadas como calcinhas, e tinham uma abertura na virilha, para facilitar o uso na hora de urinar, já que eram peças difíceis de tirar. Por esse motivo, calcinhas eram vistas como inconveniências, afinal todas as mulheres usavam saias compridas e não usar nada por baixo era mais prático. O uso de calções foi adotado por mulheres da aristocracia no início de 3“Estamos organizados de forma a enfrentear os coyoaje (intermediários). Anteriormente bordávamos
para outras pessoas, mas nos pagam muito pouco pelo nosso trabalho” (...) Diz Mariela Espinosa, uma das percursoras do projeto Arcoiris Uehdi Di Pehni (juntas bordadeiras); um grupo de mulheres que enfrentam a sua situação de vida bordando sua criatividade, seus sonhos e suas tradições de como a viver por suas proprias mãos.
1800 porque permitiam andar a cavalo sem preocupações, mas a peça era condenada pela igreja por dar liberdade de movimento às mulheres. Os calções eram feitos de algodão e linho e haviam se tornado de uso geral, mas acabaram sendo substituídos em 1900 por peças conhecidas como pantalettes, uma espécie de macaquinho. (HISTÓRIA, 2015) A lingerie passou por inúmeras transformações que acompanharam mudanças culturais vindas de antes até da Idade Média, passando pelos séculos XVII e XVIII quando um arsenal de acessórios era usado por baixo de grandes vestidos e a beleza da mulher era sujeita apenas à satisfação masculina. Os espartilhos, que causavam vários problemas à saúde por serem muito apertados, foram usados por mais de 400 anos. As calcinhas também foram peças que sofreram várias mudanças ao longo dos séculos. Usava-se ceroulas com o comprimento abaixo do joelho no século XIX até que com o surgimento da lycra e do nylon foi possível modernizar a peça. No ano de 1907, a americana Mary Tucek desenvolveu uma peça de bojo e alças que servia para a sustentação dos seios, a invenção chegou à revista vogue e foi denominada brassière. Logo depois, em 1914 Mary Phelps Jacob, uma jovem moradora de Nova Iorc criou uma peça que unia lenços de seda e laço de fita para ser usada embaixo do vestido que não comportava o espartilho. Após fazer algumas cópias para as amigas, a jovem decidiu patentear e comercializar sua invenção e vendeu o registro para a Warner Bros que faturou milhões com a peça nos anos posteriores. A cinta-liga, considerada um acessório bastante sensual, foi bastante usada na década de 1920, foi criada para segurar meias finas 7/8 e foi usada com frequência até os anos 1940, quando o nylon foi inventado e juntamente com ele, as meias-calças. Ainda hoje, muitas mulheres são adeptas à espartilhos, meias de seda 7/8 e cintas-ligas, mas não mais por imposição social, pois esses elementos se tornaram fetiches e indicadores de estilo, erotismo e sensualidade. (100 ANOS, 2013) Foi a partir do século XX que a evolução da tecnologia permitiu que a lingerie se tornasse confortável e durável, com a utilização de novos materiais. E foi também
nessa época que as calcinhas começaram a ficar mais curtas, quando senhoras elegantes recebiam em suas casas catálogos de lingerie que continham inúmeras peças para escolher, feitas inteiramente à mão, enquanto mulheres mais pobres continuavam sem usar nada por baixo das roupas, a não ser que elas mesmas produzissem. (HISTÓRIA, 2003) A lingerie acompanha mudanças de comportamento, e se a moda era de roupas justas e cinturas marcadas existiria uma lingerie para ser usada de acordo. A preocupação com a funcionalidade do sutiã teve início em 1930 quando foi criado o modelo com bojos fundos e pespontos circulares, ganhando assim formas mais atraentes. O enchimento de espuma surge nos anos 1940, mas só em 1950 é que a lingerie se tornou realmente sedutora. O bojo, o nylon e os modelos com enchimentos, que eram lançamentos permitiram que as mulheres investissem na sensualidade. Ícones como Marilyn Monroe marcaram época a explorar os limites da sensualidade feminina como uso dos novos modelos de sutiã. ‘’As calcinhas ainda eram bem grandes, mas isso não interferia no conforto da peça. Ganharam prestigio com a participação das divas do cinema americano, que colaboraram a divulgar e dar um toque mais atraente e sedutor para a peça. E foi em 1959 que surgiram os primeiros collants que fizeram sucesso na década de 60 com as minissaias’’. (SIMÕES, 2011).
Nessa época também é comum ligar as lingeries às pin ups e a estética que moda na época, seios bem erguidos, chamados seios-globo, essas mulheres, junto a ícones do cinema glamourizaram e deram a ele caráter erótico. O sutiã chegou a ser símbolo de revolução nos anos 1960 ao serem queimados na praça num ato pela liberdade feminina. O cinema e as revistas tiveram grande influência nas transformações de conceito pela qual a lingerie passou ao longo dos anos, eles despiram as musas de cada época, deixando-as apenas em suas roupas íntimas, roupas essas, cada vez mais bonitas e elaboradas. A simples aparição de peças íntimas no cinema e em revistas já conseguiu incrementar a forma com que ela era vista na sociedade, além de marcar gerações e eternizar momentos como as cenas de Jeane Harlow em “Jantar às Oito”(1933) usando lingerie estilo camisola, e
também a cena de Natalie Portman dançando usando um micro conjunto, quando interpretou uma stripper em “Closer – Perto Demais” (2004) (FRUIT, 2015) Em 1970 foi o ano em que as costuras no meio do bojo já não eram mais necessárias e as transparências ganharam espaço fortalecendo ainda mais a ideia de que a lingerie é um instrumento de desejo e liberação sexual para as mulheres. Em 1980 a lingerie passa a ser complemento da roupa principal, tornando-se moda com artistas transgressoras como Madonna e Cyndi Lauper, que apareceram em público com roupas íntimas por cima das roupas. Em meados dos anos 80 mulheres afirmavam não usar roupas íntimas, mas com o avanço da tecnologia em tecidos para peças intimas, ainda nesta década, mulheres passaram a gastar mais com roupas de baixo do que qualquer outro item do guarda roupa. Em 1990 a moda hiphop trazia calcinhas aparecendo, com calças largas e de cintura muito baixa. (HISTÓRIA, 2015) A cultura pop causa grande impacto na sociedade, e a partir do século 21, além da influência já notável do cinema e revistas como grande influência no conceito das roupas íntimas, conta-se também com o surgimento de artistas voltados para a imagem, o universo fashion decretou tendências como o sutiã a mostra e as hot pants. Estimulando assim o surgimento de grifes especializadas nessas peças e com olhar mais apurado sobre modelagens e acabamentos dessas que são além de peças para sustentação, ícones de estilo e fundamentais no guarda roupa feminino pela função, beleza, conforto e sensação de sedução e poder. (100 ANOS, 2013) A indústria da lingerie não para de crescer e atualmente é possível encontrar das peças mais antigas, como espartilhos, até modelos modernos e todos com componentes que permitem que seja confortável, durável e ainda assim com estilo. Quase todas as peças continuam a exercer a mesma função mesmo vindos em modelagens diferenciadas. (HISTÓRIA, 2003) 3.1 LINGERIE BORDADA
Desde o início da existência da lingerie, ela traz a função estética, e também uma conotação sexual. No século XVIII já existiam corseletes mais sofisticados e com bordados, mas foi no fim do século XIX, início do século XX, que as chemises e calçolas usadas por baixo do espartilho, ganharam bordados e aplicações em renda. (MODA, 2016) Também no século XVIII as lingeries começaram a diminuir e ficarem mais confortáveis e femininas, os decotes ficaram maiores e os bordados, laços e tecidos com textura tornaram-se parte das lingeries. Dois séculos depois, os tecidos usados em lingeries foram substituídos por tecidos mais flexíveis, deixando a lingerie mais natural embaixo das roupas e torneando melhor o corpo, e sem perder a sensualidade dos bordados e aplicações. (HISTÓRIA, 2015) As calcinhas chamadas de
calcinhas de
estilo
francês,
são
peças
confeccionadas em chiffon de seda e feitas à mão, se popularizaram nos anos 1930, elas tinham um toque de luxo em seus bordados que mostravam cavaleiros caçando lebres com falcões. Eram peças raras pertencentes a Lady Betty Holman, casa com um diplomata em Bagdá e fabricadas por uma confecção de lingeries russa, chamada Hitrova que fornecia roupas íntimas a Wallis Simpson, mulher que foi a razão pela qual o rei Eduardo 8º abdicou do trono britânico. (FEMINISMO, 2016) Atualmente, encontra-se uma infinidade de modelagens e tecidos de lingeries, e ainda assim quase todas trazem a sensualidade e feminilidade dos bordados, em seus mais diversos desenhos, rendas e aplicações. O bordado traz sofisticação e delicadeza para a peça íntima agregando não só valor de mercado, mas também valor afetivo por ser um trabalho feito quase sempre a mão em peças delicadas (HISTORIA, 2015)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se através da análise feita sobre a história dos bordados tenango, história da lingerie e história do bordado em si que a lingerie sofreu inúmeras mudanças desde que começou a ser utilizada e esse tipo de artesanato agrega valor às peças do vestuário, principalmente peças deliciadas como as do vestuário íntimo feminino. A roupa íntima feminina não é apenas para sustentação, ela se tornou parte do estilo de cada um além de ter outras funções como a higiene da região íntima e até mesmo como fetiche. Sendo assim, quanto mais trabalhada e peça for, mais valor e estilo está representado nela. Os bordados de Tenango de Doria são a inspiração para a criação da coleção de lingerie desenvolvida pelas autoras deste artigo. As estampas trazem flores inspiradas no bordado tenango e representações de pontos turísticos de Belo Horizonte como a Praça da Liberdade e o Coreto, e a Igreja da Pampulha. As cores, traços e desenhos abstratos são inspirados, mas ao serem inseridos no contexto da cidade de Belo Horizonte, formam uma estampa original. A junção dos pontos turísticos Belo Horizontinos com flores tenangas traz novidade e originalidade, diferentemente da grife Hermès que, em sua coleção teve desenhos e bordados originais da cidade de Tenango de Doria.
ABSTRACT The following article presents Tenango de Doria, the city located in Mexico and it has emphasis in it’s embroidery. After being explained how Tenango de Doria embroidery has an impact over the daily life, culture and economy of the city based on research, articles, documentaries and interviews with the locals, the goal is to create a lingerie line
for
Key-words: Tenango de Doria; Embroidery; Lingerie; Mexico
women.
REFERÊNCIAS 100 ANOS DO SUTIÃ: CONHEÇA A HISTÓRIA DA PEÇA-CHAVE DO VESTUÁRIO FEMININO. 2013. Disponível em: http://alllingerie.com.br/100-anos-dosutia-conheca-a-historia-desta-peca-chave-do-vestuario-feminino/. Acesso em: 01 de dez. de 2016
ALCANTÁRA, Edna. BORDADOS DO MÉXICO SEDUZEM A PRESTIGIOSA GRIFE HERMÈS. 2011. Disponível em: http://exame.abril.com.br/marketing/coloridos-bordados-mexicanos-seduzemprestigiosa-grife-hermes/. Acesso em 25 de out. de 2016.
ALMEIDA, Manoela. MODA: A HISTÓRIA DA LINGERIE, DA GRÉCIA AOS DESFILES DA VICTORIA’S SECRET. 2016. Disponível em: http://revistaglamour.globo.com/Moda/Fashion-news/noticia/2016/03/moda-historiada-lingerie-da-grecia-aos-desfiles-da-victorias-secret.html. Acesso em: 28 de nov. de 2016.
BLANCO, Alfonso. EL TENANGO Y EL BORDADO DE UM MEJOR FUTURO. 2015. Disponível em: https://metascopios.com/2015/02/24/el-tenango-y-el-bordadode-un-mejor-futuro/. Acesso 07 de nov. de 2016
CLIMAGES. A INCRÍVEL HISTÓRIA DA LINGERIE. 2011. Disponível em: http://www.climages.com.br/a-incrivel-historia-da-lingerie/ Acesso em: 30 de nov. de 2016
ENCICLOPEDIA DE LOS MUNICIPIOS Y DELEGACIONES DE MÉXICO. 2015. Disponível em: http://www.inafed.gob.mx/work/enciclopedia/EMM13hidalgo/index.html. Acesso em 30 de set. de 2016
FEMINISMO ATRAVÉS DA LINGERIE. 2016. Disponível em: http://www.criativaonline.com.br/index/noticias/id74649/confira_as_imagens_da_historia_do_feminismo_atraves_da_lingerie. Acesso em: 01 de dez. 2016
FERNANDES, Daniele. A HISTÓRIA DA ROUPA ÍNTIMA FEMININA. 2015. Disponivel em: http://docslide.com.br/documents/a-historia-da-roupa-intimafeminina.html. Acesso em 25 de out. de 2016
FRUIT DE LA PASSION. AS MELHORES CENAS DE LINGERIE DO CINEMA. 2015. Diponível em: http://www.fruitdelapassion.com.br/blog/2015/08/as-melhores-cenas-de-lingerie-docinema/. Acesso em 28 de nov. de 2016
GARCIA, Cláudia. A HISTÓRIA DAS ROUPAS DE BAIXO FEMININAS. 2003. Disponível em: http://almanaque.folha.uol.com.br/lingerie.htm. Acesso em 30 de out. de 2016 GONZÁLES, Pablo Vargas. POBREZA, MIGRACIÓN Y DESEMPLEO: MUJERES EM LA REGIÓN OTOMÍ-TEPEHUA DE HIDALGO. 2011. Disponível em: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?pid=S018506362011000200006&script=sci_arttext. Acesso em 23 de out. de 2016.
GÚZMAN, Trini. BORDADOS TENANGOS (O CÓMO CASI ME MUERO CUANDO LOS CONOCI!). 2015. Disponível em: http://www.cosiobordaotejio.com/bordadostenangos-o-como-casi-me-muero-cuando-los-conoci/. Acesso em 07 de nov. de 2016
HOUDELIER, Claudia. HISTÓRIA DOS BORDADOS. 2016. Disponível em: http://houdelier.com/paginas/bordadoshistoria.html. Acesso em 02 de out. de 2016.
OROZCO, Adriana Vera. DISEÑOS DE MUJERES OTOMÍES INSPIRAN LÍNEA DE MASCADAS HERMÈS. 2011. Disponível em: http://expansion.mx/entretenimiento/2011/05/17/el-artista-otomi-detras-de-lamascada. Acesso em 07 de nov. de 2016.
SIERRALTA, Maggie. BORDADOS DE TENANGO: FLORA Y FAUNA DE MISTERIO Y TRADICION. 2013. Disponível em:
https://www.guioteca.com/manualidades-y-artesania/bordados-de-tenango-flora-yfauna-de-misterio-y-tradicion/. Acesso 07 de nov. de 2016
ZAHER, Mônica. A HISTÓRIA DA LINGERIE. 2015. Disponível em: http://yooup.me/monicazaher/blog/2015/03/25/a-historia-da-lingerie/. Acesso em: 01 de dez. 2016.