CASEAR - Cristiane Duque

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Casear upcycling


INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

KINTSUGI – A ARTE JAPONESA DA RESTAURAÇÃO DE CERÂMICAS QUEBRADAS APLICADA À MODA UPCYCLING.

Portfólio de conclusão de curso apresentado à disciplina de Projeto Experimental como requisito para obtenção do grau de bacharel em Moda do Centro Universitário Una. Aluna: Cristiane Érica Duque Professor Orientador: Aldo Clécius Área De Pesquisa: História, Imagem e Cultura Linha De Pesquisa: Criação – Coleção Vestuário Produto final TCC: Coleção Feminina BELO HORIZONTE 2017/2



Dedicatória Eu, Cristiane Duque, dedico este trabalho para: Carlos, meu amigo, meu companheiro, meu maior incentivador do meu crescimento pessoal e profissional. Felipe e Thaís, que me deram o maior presente da vida: ser mãe deles. Por eles vou até o céu. Victor, meu enteado, que é parte da minha motivação em fazer o melhor que posso. Meus pais, José e Maria, que com extrema dificuldade, conseguiram com calma e paciência nos fazer enxergar toda beleza que reside na existência. Silvano, Wellington, Leandro e Elisângela, meus irmãos, com quem brinquei e aprendi o amor mais puro.


"Quando os japoneses consertam objetos quebrados, eles exaltam o dano preenchendo as rachaduras com ouro. Eles acreditam que, quando algo jĂĄ sofreu danos e tĂŞm portanto uma histĂłria, torna-se mais bonito." Billie Mobayed


Agradecimentos Primeiramente, meu obrigado a minhas amigas, Shantal, Ludmila, Gabi e Malu, a razão para eu buscar caminhos para o desafio de conciliar os estudos com a maternidade. Quero agradecer a todos os mestres que me fizeram melhor. Foram vocês que me inspirou e me incentivou para que eu chegasse até aqui. Obrigado, Aldo Clécius, pela disponibilidade de fazer sugestões e colaborar para que este trabalho fique do jeito que eu desejei. Finalmente, sou grata de coração ao Eugênio dos Santos, o qual, desde o início, com sua dedicação e experiência, me inspirou e encorajou para que eu buscasse meus sonhos.


Resumo Esta coleção é inspirada no Kintsugi, tendo como influência a cultura japonesa com foco no Wabi-Sabi. O Kintisugi, é uma arte da reconstrução de porcelanas, uma rica fonte de inspiração e de novas possibilidades para o campo da moda. Assim, objetivou-se nesta coleção fazer uma ponte entre o Kintsugi com a moda upcycling. A coleção terá quarenta e cinco looks que serão divididos em cinco famílias, sendo elas: Sol Nascente, A Beleza da Imperfeição, Leque de Gueixa, Templo de Ouro e Outra Vida. Para que o tema proposto tenha coerência com a coleção, o desenvolvimento da coleção apresentará trabalhos com práticas mais sustentáveis. Portanto, o reaproveitamento de resíduos têxteis, pinturas a mão, aplicação de retalhos e bordado japonês fazem parte da coleção. A coleção reflete as mudanças do comportamento da sociedade que usa a moda como expressão do desejo de uma moda mais ética. Assim, a moda Upcycling é uma saída para práticas mais sustentáveis. O Resultado desta coleção traz o debate para o desenvolvimento de produtos que estejam em harmonia com as necessidades de mudança de paradigma, a partir da consciência social e ambiental, que é totalmente incorporada pela antiga tradição de Kintsugi. Palavras-chaves: Moda. Kintsugi. Upcycling.

This collection is inspired by Kintsugi, influenced by Japanese culture with a focus on Wabi-Sabi. Kintisugi is an art of porcelain reconstruction, a rich source of inspiration and new possibilities for fashion. Thus, it was aimed in this collection to bridge the Kintsugi with fashion upcycling. The collection will have forty-five looks that will be divided into five families, being: Sol nascente (Rising Sun), A Beleza da Imperfeição (Beauty of Imperfection), Vaso de Gueixa (Vase of Geisha), Templo de Ouro (Golden Temple) and Outra Vida (Other Life). In order for the proposed theme to be consistent with the collection, the collection's development will present works with more sustainable practices. Therefore, the reuse of textile waste, hand painting, patchwork and Japanese embroidery are part of the collection. The collection reflects the changing behavior of society that uses fashion as an expression of the desire for a more ethical fashion. Thus, Upcycling fashion is an outlet for more sustainable practices. The result of this collection brings the debate to the development of products that are in harmony with the needs of paradigm change, from the social and environmental consciousness, that is totally incorporated by the old tradition of Kintsugi. Key-words: Fashion. Kintsugi. Upcycling.

Abstract


Sumário

Curriculum Briefing de negócio Descrição geral da marca Concorrentes Canais de distribuição Margem de preço Diferenciais da marca no produto Painel de Estilo da Marca Público-Alvo Painel de público-alvo Identidade da marca Briefing de coleção Release Painel de inspiração Macrotendência Tendências da estação Cartela de cor Cartela de tecidos Cartela de matérias Cartela de Aviamentos Processo criativo das famílias Mapa de Coleção Formas e Silhuetas Processo de desenvolvimento de coleção Apresentação final Coleção Fichas técnicas Painel de segmentação Painel artístico Fontes bibliográficas Apêndice 1 Apêndice 2

09 10 11 13 16 16 17 18 19 21 22 33 34 36 37 39 42 43 45 47 49 50 53 54 55 56 107 113 114 115 116 125


Curriculum Cristiane Duque Nascida em Juiz de Fora / MG Curso: Bacharelado em Moda 2010 a 2013 - Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Uni versidade Federal de Juiz de Fora. 2013 - Curso básico de modelagem pelo SENAI-MODATEC. 2013 - Curso de Vitrinista pelo SENAC. 2014 - Estágio com estilista Eugênio Santos. 2015 - MBA em Direção Criativa em Moda pelo Centro Universitário UNA. 2014 a 2017 – Graduação em Moda pelo Centro Universitário UNA Ressignificar! Foi o que eu fiz com a minha história com a moda. Aos 12 anos a minha relação com ela era de trabalho escravo. Nem sabia o que era moda. Eu trabalhava como costureira em uma pequena fábrica de roupas íntimas. E foram muitos anos trabalhando como forma de sobrevivência e não por amor. Desenvolvi uma indiferença com a moda. Mas o amor nasceu, eu descobri e venho buscando a moda que eu sonho: que abraça as diferenças, que respeita à natureza e valoriza quem nela está.


Briefing de Negócios


Descrição Geral da Marca A Casear Upcycling, é uma marca de criação e reconstrução de roupas a partir de matérias alternativas oriundas de descartes. Dentro do conceito upcycling, a marca promoverá coleções anuais em parceria com cooperativas. O espaço físico contará com um brechó/atelier e um ambiente com café aconchegante para discussão e troca de ideias sobre os novos horizontes para a moda sustentável. As roupas da Casear são pensadas para serem peças atemporais feitas a partir de materiais de qualidade e enriquecidas com trabalhos manuais, como bordados e pinturas. Além da qualidade nos materiais empregados, a coleção anual, contará com peças mistas das duas principias estações. As peças são inspiradas no universo da arte com elementos que remetem os ideais da marca. Produzidas no Brasil por cooperativas de costureiras bem remuneradas, o DNA principal da marca é o respeito à vida, às novas gerações e ao ecossistema.


Estilo:

• Dominante – Esportivo Natural • Complementar – Criativo e Contemporâneo

Descrição Geral da Marca

Elementos de Estilo: Espiritual/Intangível

Físico/Tangível

Sustentável

Tecidos reaproveitados

Sofisticada

Trabalhos manuais

Minimalista

Modelagem atemporal e cores neutras

Nicho:

• Pret-à-porter e Brechó Segmento: • CIty wear: Roupas no estilo urbano e informal. • Casualwear: Roupas menos formais e mais práticas • New Classic Wear: Roupas clássicas renovadas. • Recycled Wear: Roupas antigas de brechó, retrabalhadas ou reproduzidas em pequena série.

Gênero: Feminino


Concorrentes • Re-Roupa: É uma marca de criação de roupas novas a partir de matérias primas que eram consideradas resíduo: fins de rolo de tecido, retalhos, roupas com pequenos defeitos. A Re-Roupa também busca valorizar a mão de obra local e capacitar costureiras para o processo criativo. A diferencial da marca Casear para a Re-Roupa é o trabalho manual desenvolvido nas peças, como bordados.


• Comas: A marca utiliza produtos descartados que não passam pelo processo de qualidade. Assim, a marca trabalha a peça e a transforma em uma nova peça. O diferencial da marca Casear em relação a esse concorrente, é recriar novas peças assim como a Comas, mas também criar coleções com resíduos têxteis como retalhos e restos de tecidos de coleções antigas.

Concorrentes


• Reet Aus: Criada pela estilista estoniana Reet Aus, trabalha através de uma cooperação com uma fábrica em Bangladesh, que produz para grandes varejistas de fast fashion. A Marca utiliza os resíduos têxteis para fazer a coleção. Diferencial da Casear para esta marca, é a criação a partir de resíduos também mas com peças mais criativas.

Concorrentes


Canais de Distribuição A Casear contará com uma loja física em um casarão tradicional de Belo Horizonte, onde venderá as coleções anuais e roupas usadas em ótimo estado. Com espaço aconchegante para consertar, reformar e reconstruir roupas. Uma loja atelier que também trabalhará com parceiros para expor coleções de estudantes de moda e exposições de fotografia e trabalhos diversos para discutir e debater ideias sobre o futuro da moda. Peças Camisetas de malha Blusas Calças Bermudas e Shorts Macacões Pantacourt Jaquetas Vestido (preço máximo)

Preços (Varejo) R$ 90,00 R$ 120,00 a R$ 220,00 R$ 290,00 a R$ 450,00 R$ 120,00 a R$ 170,00 R$ 120,00 a R$ 170,00 190,00 a R$ 390,00 R$ 240,00 a R$ 490,00 R$ 1.200,00 a R$ 2.900,00

Margem de Preço


Diferenciais da Marca

O diferencial da Casear é o trabalho manual aplicado sobre os retalhos e tecidos descartados pelas fábricas. Assim, as roupas Casear são peças únicas. O uso de técnicas de bordados como “sashiko” e outras de designer de superfície enriquecem as peças, deste modo, a Casear sustenta a abordagem da moda ética dentro do conceito upcycling que a marca acredita.


Painel de Estilo


Público-Alvo


Pessoas com a mente aberta às novas ideias, comportamento, valores e formas alternativas de consumo mais consciente. É um público que pensa no amanhã das futuras gerações. São pessoas questionadoras, que respeitam individualidade de toda forma de ser. Os ídolos deste público são David Bowie, Maria Bethânia, Marisa Monte, entre outros. O gosto musical é baseado no sentimento que a música transpassa. Gostam muito de músicas instrumentais. Este público gosta de filmes de drama, documentários e séries que narram a complexidade humana. Alguns dos favoritos são: Enigma de Kaspar Hausen, Moonlight, Farol da Orcas, Palmeras em la Nievi, e O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Autores de Livros: Fernando Pessoa, Florbela Espanca, José Samago, Etc Gostam de fazer viagens de autoconhecimento para lugares como a Índia. Outra forma de viajar muito frequente por esse grupo é para Circuitos culturais, como a FLIP. O consumo deste público é baseado no consumo consciente. São pessoas que pagam a mais por peças de roupas e acessórios desde que estas casem com o que eles esperam de como devem ser o processo de produção. Este público consome muito espetáculos de arte, livros, livros em formato de E-books, tecnologia, exposições e saraus. A renda familiar está em torno de R$ 6.000,00, pertencem a classe média de acordo com IBGE.

Público-Alvo


Painel de PĂşblico


Identidade da Marca


Logomarca

Casear upcycling

A Casear foi desenvolvida pela aluna de moda Cristiane Duque, que acredita em um mundo mais justo. Portanto, o uso da moda com base no consumo sustentável. A Casear defende que Designers de moda, têm o poder de impactar os consumidores e, assim, mudar o mundo. Para tanto, é necessário desenvolver produtos que estejam em harmonia com as necessidades de mudança de paradigma, a partir da consciência social e ambiental Com esse princípio, a marca pretende criar produtos que transmitam ideias, empoderamento para quem usar. A palavra Casear, segundo o dicionário Arélio, significa “abrir casas e ponteá-las para os botões do vestuário”. Portanto, esse termo usado na costura, casa com a ideia da marca, que é abrir novas possibilidades e formas de de se criar. Assim, abre-se uma possibilidade diferenciada e ainda pou-co compreendida para relação moda-sustentabilidade.


Casear Casear upcycling

upcycling

Casear Casear upcycling

upcycling

A marca permite sua aplicação em qualquer fundo sólido, Respeitando-se a aplicação em negativo para fundos escuros e as cores originais para fundos claros.

Monocromia


Tipografia Logotipo

Manksa

Fonte no estilo brush, traz ousadia, renovação. Facilidade de leitura

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWYXZ abcdefghijklmnopqrstuvwyxz Assinatura

Opficio Neue A tradicionalidade das fontes Sans-Serif, com um toque de modernidade

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWYXZ abcdefghijklmnopqrstuvwyxz


Pantone 561C C94 M35 Y66 K26 Pantone 3295U C87 M26 Y50 K11

Casear

Verde significa vigor, renovação, frescor. Representa as forças da natureza e sua capacidade de adaptação. Simboliza fertilidade e confiança.

Escala de Cores


Área de Proteção

A área de proteção deve ser respeitada para dar respiro e leitura à logomarca.

Casear upcycling

2,5 cm

Redução Mínima


Malha de Ampliação


Uso na Horizontal

Casear upcycling

Casear upcycling

Sempre que se fizer necessário, a marca poderá ser utilizada na horizontal, respeitando o padrão acima e a área de proteção da logo.


Usos Indevidos

Casear

Casear Casear upcycling

r a e Cas g n i l c y upc

Casear upcycling

Casear upcycling


Papelaria Envelope Saco

CartĂŁo de Visitas

TAG

Papel Timbrado


Embalagem

Brindes

Sacolas

Papelaria


Briefing de Coleção


Release Inspirada no Kintsugi, tendo como influência a cultura japonesa Wabi-Sabi, o tema da coleção verão 2018, "A Beleza da Imperfeição" surgiu como uma rica inspiração para apostar no defeituoso essencialmente belo. O kintsugi como é conhecido no Japão, significa “marcenaria dourada”. É uma técnica japonesa de restauração de cerâmica que consiste em reparar peças que são quebradas naturalmente. Durante o processo, o objeto é colado com uma resina de laca com pó de ouro ou prata, para que as rachaduras ganhem destaques. Na cultura japonesa, as peças que recebem esta restauração comumente são mais valorizadas do que as que são intactas. Justamente por carregar todo um sentido para esta cerâmica, e cada rachadura forma um desenho único. O Kintsugi é o renascimento de algo que poderia ser descartado, a técnica enfatiza a ideia da memória e história como valor de caráter que pode ser inovado para ser apreciado e celebrado no presente. Desta forma, para a primeira coleção da Casear, o ponto de partida para criação é a escolha de matérias-primas, como o uso de tecidos com defeitos ou de coleções antigas, resíduos têxteis, e a reconstrução de peças. A marca também busca trabalhos artesanais que valorizem as peças, essencialmente presente na moda upcycling. Para esta coleção, as cores usadas são: branco, bege, areia, preto e dourado com alguns tons terrosos para os detalhes, estarão presentes o uso de cores quentes, como dourado. Os tecidos usados são tecidos planos como sarja, linho, tricoline, viscose, organza. E as silhuetas H e Y trazem para coleção a harmonia do wsabi-sabi.


Natural de Juiz de Fora, Zona da Mata de MG, Cristiane Duque é Bacharel Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Juiz de Fora, possui MBA em Direção Criativa em Moda pelo Centro Universitário Una, e está concluindo o último ano do curso de Moda pela mesma instituição. Sua paixão pela moda herdou de uma tia muito querida que desde muito cedo a ensinou a costurar. O irmão Silvano Duque é designer em Joias, uma inspiração para a futura Designer em Moda. Informações: Cristiane Duque email: crisduquejf@hotmail.com email Casear : casear.contato@outlook.com Rede Social: http://instagram.com/casear_upcycling Telefone: (31) 99910-8533

Release


Painel de Inspiração


Ressignificar Essa macrotendência é baseada na filosofia japonesa, wabi-sabi, que epresenta uma visão da estética voltada para a beleza da imperfeição, uma visão que busca a contemplação coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas. Essa macrotendência valoriza a beleza das coisas não convencionais. Portanto, instiga o olhar e questiona a estética vigente do que é o belo. A imperfeição é bem mais atraente, especialmente porque ela é única. O conceito Wabi-Sabi é também percebido em cores, formas e materiais. Cores da terra, formas orgânicas, materiais naturais é a aposta em tons neutros e terrosos, tecidos naturais, materiais rústicos e finalizações inacabadas.

Macrotendência


Painel de MacrotendĂŞncia


Como pode-se observar nos desfiles internacionais de Primavera/Verão 2018, as tendências para esta estação chegaram com muitas misturas inusitadas e releitura dos anos 80'. Recortes e transparências propostas inovadoras também tiveram destaque nas semanas de moda. Ombros Estruturados Um dos focos das peças desfiladas nas passarelas internacionais ficou nos ombros com mais estruturação. As antigas ombreiras, tiveram destaques por trazer o perfume dos anos 1980, veio como uma proposta de novas releituras nas passarelas. Transparência A tendência que mais ganha destaque para esta estação é a transparência. Trabalhada com discrição, ou então abusando da sensualidade, é um elemento muito usado pelas marcas.

Tendências da Estação


Tendências da Estação Casacos Os casacos que antes compunham os looks clássicos e em estações de baixa temperatura, agora eles ganham força. Cada vez mais usados nas passarelas mesmo em estações de alta temperatura. Essa tendência além dos casacos clássicos veio também na versão com tecidos mais leves. Patchwork Dentro do conceito de reaproveitamento, a tendência do patchwork está cada vez mais presente nos desfiles mais importante, pois, além de ser atual e urgente, o uso de resíduo têxtil da própria coleção e sobras de tecidos de coleções passadas, contribui para legitimar a mudança de paradigma para uma moda mais sustentável.


Painel de Tendências da Estação Casacos

Alexander McQueen SS 2018

Chanel SS 2018

Recortes

Valentino SS 2018

Dior SS 2018

Ombreiras

Chanel SS 2018

Givenchy SS 2018

Prada SS 2018

Salvatore Ferragamo SS 2018

Transparências

Versace SS 2018

Dior SS 2018

Mugler SS 2018

Yoji Yamamoto SS 2018


Cartela de Cores A escolha da cartela de cores dessa coleção foi inspirada no Kintsugi, com influência no minimalismo. São elas: o Branco, Areia, Dourado, Beje, Preto, e o Rosa Seco. O Branco, Areia, Beje e Dourado entram na coleção cores dominantes. O preto e o Rosa Seco entram como cores tonalizantes.

Jiki Pantone 12-0304 TPX C= 0 M= 4 Y= 11 K=11 Kin Pantone 16-0928 TPX C= 0 M= 17 Y= 44 K=26

Geisha Pantone 15-0309 TPX C= 0 M= 4 Y= 16 K=31

Intermediárias

Dominantes

Jinsei Pantone 11-4202 TPX C= 0 M= 0 Y= 0 K=6

Taiõ Pantone 15-0927 TPX C= 0 M= 24 Y= 48 K=28

Utsukushi Pantone 15-1306 TPX C= 0 M= 7 Y= 18 K=29 Tsuki Pantone 14-1106 TPX C= 0 M= 4 Y= 11 K=24 Shi Pantone 19-0508 TPX C= 2 M= 0 Y= 2 K=75

Tonalizantes Sakura Pantone 17-1927 TPX C= 0 M= 50 Y= 41 K=18

Fan Pantone 16-1626 TPX C= 0 M= 43 Y= 40 K=12


Tecidos

Para a coleção “Kintsugi - A Beleza da Imperfeição”, optou-se o uso de tecidos planos, naturais e sintéticos, como sarja, linho, tricoline, viscose e organza. Os principais tecidos usados foram cedidos pela Cedro Têxtil em parceria com a marca Casear. São tecidos de coleções antigas da Cedro para que o uso destes tivessem aproveitamento dentro do conceito da marca Casear, que utiliza tecidos com defeitos ou de coleções antigas e resíduos têxteis para reconstrução de peças. Outro parceiro que cedeu marca de roupas femininas Rogério Costa também cedeu seus resíduos têxteis para coleção.


Cartela de Tecidos

Sarja 98% Algodão/2% Elastano Fornecedor: Cedro Textil

Musseline Dior 100% Poliéster R$19,99 Fornecedor: Casa das Fábricas

Organza 100% Poliéster R$ 7,99 Fornecedor: Casa das Fábricas

Tricoline 100% Algodão 29,98 Fornecedor: Casa das Fábricas

Brim 100% Algodão Fornecedor: Cedro Textil


Matérias

Para que o tema proposto tivesse originalidade, optou-se pelo uso de design de superfície, benefi-ciamentos e remodelagens, como: Design de superfície: uso de aplicação de flores de cerejeira cortadas a laser, uso de aplica-ção de trançados de fios Cordonê 100% Poliamida e bordado sashiko. Beneficiamentos: estampa sublimação, tingimento e pintura à mão. Remodelagem: Uso de viés, aplicação de leques de tecido e aplicação de cadarço com bor-dado de linha


Cartela de Matérias

Trançados com fios Cardonê

Bordado com cordão de cetim

Estampa Sublimação

Patchwork

Aplicação de cordão de cetim

Duplo cordão de cetim com pespontos

Corte a laser

Bordado Sashico

Pintura à mão

Bordado Sashico

Leque com pespontos


Para a coleção A Beleza da Imperfeição, os aviamentos usados foram cuidadosamente escolhidos para evidenciar o trabalho. Com destaque para o fio Cardonê que está presente em quase todas as peças. O fio foi usado para os bordados sashico, trançados e trabalhos em cima do cadarço. O cardaço utilizado foi o Merita. Junto com o Cardonê ele representa o ouro usado na técnica Kintsugi. Já as entretela compõe a base para estruturar o ombro e moldar os leques aplicados nos looks. O uso de barbatanas e ombreiras foi usado para que os ombros tivessem forma, E por fim, o uso de zíper invisível.

Aviamentos


Cartela de Aviamentos Cordão de Cetim 50 Metros R$9,50 Fornecedor: Mundo Dos Armarinhos

Zíper Invisível 50 Centímetros 4,50 Forcenedor: Casa das Fábricas

Ombreiras R$5,00 o par Fornecedor: Casa das Fábricas Entretela Cavalinho R$29,90 Metro Fornecedor: Mundo dos Armarinhos

Fio Cardonê 90 metros R$23,80 Fornecedor: Tricoarte

Linha para costura 1.900 metros Fornecedor: Casa das Fábricas

Barbatanas de Metal 20 centímetros R$2,00 Unidade Fornecedor: Loja Das Lãs


Processo Criativo das Famílias Para a coleção Wabi-Sabi: A Beleza da Imperfeição, o processo criativo das famílias foi pautado no conceito de moda upcycling. Foram criadas cinco famílias, todas com tecidos com defeitos, de coleção antiga cedidos pela Cedro e retalhos fornecidos pela marca Rogério Costa. Assim, a diretriz principal para criação foi aliar o tema com as técnicas executadas. Família Sol Nascente: Para esta família, buscou-se retratar nas peças algumas características do Japão, como arquitetura dos templos, as flores das cerejeiras e o Kintsugi. O corte a laser, aplicação de bordados e modelagem desconstruída deram forma a família. Família A Beleza da Imperfeição: O uso de recortes diferentes e junção de retalhos com destaque para aplicações de bordado sashiko, trouxe para esta família formas desconexas, mas harmoniosa. Família Leque de Gueixa: O uso de modelagem com inspiração no quimono usado por gueixas é a inspiração para esta família. E para enriquecer a família, usou-se estampas exclusivas inspirada no kintsugi e leques de tecidos aplicados nas peças. Família Templo de Ouro: Esta família traz trançados com fios de cartonê, dando um visual de alto relevo nas peças. A transparência contribui para o olhar nas formas desconstruídas da modelagem aplicada. Família Outra Vida: Para esta família, objetivou-se fazer uma analogia com a filosofia do wabi-sabi. Para tanto, as peças desta família foram todas oriundas de Bréchos. Assim, buscou-se valorizar a vida que já havia nas peças, mas aplicando a elas os trabalhos manuais e beneficiamentos utilizados nas famílias anteriores.


Mapa de Coleção Família

Peças

Cores

Tecidos

Formas

Matérias

Elemento Unificador

Sol Nascente

1 Vestido (Conceito) 1 vestido (conceito) 1 Macacão + 1 Cropped (Fashion) 1 Blusa + 1 Calça esquine (Fashion) 1 Vestido Longo (Fashion) 1 Saia longa + 1 Resgata (comercial) 1 Blusa + 1 saia curta (comercial) 1 Macacão + 1 Cropped (comercial) 1 calça pantalona + 1 cropped (comercial)

Branco Preto Bege

Sarja Brim-acetinado Algodão Linho

H A

Bordado Corte a laser

Bordado dourado H A

Beleza da Imperfeição

1 Vestido (Conceito) 1 Vestido (Conceito) 1 Macacão (Fashion) 1 Saia + 1 Regata (Fashion) 1 Chamise + 1 Calça capri (Fashion) 1 Blusa Longa +1 Calça Capri (Comercial) 1 Blusa + 1 saia (comercial) 1 Macacão + 1 Cropped (comercial) 1 calça pantalona + 1 cropped (comercial)

Branco Preto Bege

Sarja Brim-acetinado Algodão Linho

H A

Bordado de sashiko

Bordado cor dourado Viés H A


Mapa de Coleção Família

Peças

Cores

Tecidos

Formas

Matérias

Elemento Unificador

Leque de Gueixa

1 Macacão +1 Top Bardot (Conceito) 1 Vestido (Conceito) 1 Blusa + 1 Saia Midi (Fashion) 1 Blusa + 1 Saia (Fashion) 1 Pantacourt + 1 Regata (Fashion) 1 macacão + 1 Cropped (Comercial) 1 Blusa + 1Pantacourt (comercial) 1 Macacão + 1 Cropped (comercial) 1 calça pantalona + 1 cropped (comercial)

Branco Preto Bege

Sarja Brim-acetinado Algodão Linho

H A

Leque de tecidos Estampa digital

Bordado dourado Viés H A

O Templo de Ouro

1 blusa + saia (Conceitual) 1 Macacão (Conceito) 1 Vestido (Fashion) 1 Macacão + Blusa (Fashion) 1 vestido (Fashion) 1 saia midi+ 1 Regata (Comercial) 1 Blusa + 1 saia curta (comercial) 1 Macacão + 1 Cropped (comercial) 1 calça pantalona + 1 cropped (comercial)

Branco Preto Bege

Sarja Brim-acetinado Algodão Linho

H A

Trançados com fios cartonê

Bordado cor dourado Viés H A


Mapa de Coleção

Família

Peças

Cores

Tecidos

Formas

Matérias

Elemento Unificador

Outra Vida

1 Casaco + saia e blusa (Conceito) 1 Saia + 1 Blusa (conceitual) 1Macacão (Conceitual) 1Vestido (Fashion) 1 Vestido (Fashion) 1Calça + 1Croped (Comercial) 1 Calça +1 calça (comercial) 1 Macacão (Comercial) 1 Vestido (Comercial)

Branco Preto Bege Rosa Seco

Sarja Brim-acetinado Algodão Linho

H A Y

Corte a laser Bordados Sashico Desbotamento Tigimento

Bordado dourado


Formas e Silhuetas As silhuetas apresentadas nesta coleção é a Y e H. A escolha destas teve como princípio retratar através do contorno das peças a inspiração da coleção e o conforto das peças. A silhueta Y apresenta os ombros volumosos e vai terminando reto ao corpo, para esta coleção, faz referência Japão, lembrando a arquitetura tradicional através da modelagem dos ombros. A silhueta H com medida de busto, quadril e cintura muitos próximas cria estrutura tubular, o que dá um toque longilíneo e solto no corpo, oferece conforto e amplitude para as roupas.

H Y A


Processo de Criação da Coleção

A primeira etapa do processo de criação dessa coleção começou com a pesquisa feita para a elaboração do tema do artigo, “Kintsugi - A arte japonesa da restauração de cerâmicas quebradas aplicada a moda Upcycling.”. O segundo momento foi reservado para a busca de parceiros para a captação de resíduos têxteis e tecidos. A Casear fechou parceria com a marca mineira Rogério Costa para a captação de resíduos têxteis, e com a Cedro Têxtil para tecidos. A partir daí foram feitas pesquisas imagéticas para os painéis de inspiração, deu-se inicio a pesquisa de tecidos, matérias e aviamentos. A construção dos croquis e a elaboração de matérias para compor a coleção.


A apresentação final ocorrerá em forma de Modalidade Desfile, no dia 12 de dezembro de 2017, a partir das 19:30h, no Mineirão. Será a 13ª edição do Unatrendsetters, onde serão expostos os trabalhos de graduação em Moda deste Semestre. A infraestrutura do evento será disponibilizada pelo Centro Universitário Una, bem como os serviços de maquiagem e cabelo. As modelos que atuarão no desfile serão da agência The Agent. O plano de style conta com cabelos presos em coque com hashi de forma que lembre as gueixas, bem como a maquiagem, que deverá ser com olhos bem marcados, pele clara com foco no batom de cor cereja, ilustrando a ideia do universo da cultura japonesa que inspirou a coleção. Serão apresentados cinco looks da coleção A Beleza da Imperfeição, sendo um de cada família.

Apresentação Final


Coleção


FamĂ­lia Sol Nascente











Família A Beleza da Imperfeição











Família Leque de Gueixa











FamĂ­lia Templo de Ouro











FamĂ­lia Outra Vida











Fichas Técnicas


Fichas Técnicas


Fichas Técnicas


Fichas Técnicas


Fichas Técnicas


Fichas Técnicas


Painel de Segmentação Conceituais

Fashion

Comerciais

Vestido Macacão Saia Longa

5 3 1

Saia Curta

1

Blusa

2

Cropped Casaco Vestido Macacão Saia Longa Saia Midi Pantacout Calça Capri Calça Skinny Regata Cropped Vestido Macacão Saia Longa Saia Midi Pantacout Calça Capri Calça Pantalona Calça Skinny Cropped Blusa Blusa Manga Longa Regata Cropped

1 1 4 3 2 1 1 1 1 2 1 2 6 4 1 1 1 4 2 7 3 1 1 6

Total Vestido Macacão

11 12

Saia Longa

6

Saia Midi

2

Pantacout Calça Capri Calça Pantalona Calaça Skinny Blusa Blusa Manga Longa Regata Cropped Casaco Total Conceituais Fashion Comerciais

2 2 4 3 11 1 3 9 1 14 16 39


Painel ArtĂ­stico


BHATIA, Sanjana. Golden Scars: An Analysis of Kintsugi as a Designed Object. Diponívem em: <https://static1.squarespace.com/static/56a1d654ab2810f339a5e692/t/574d15fb1d07c0e0856e3ed6/1464669693314/finalpaper.pdf>. Acesso em 25 mai. 2017. BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das Letras e Cores; 2012. DE CARLI, Ana Mery Sehbe; DE ROSS, Gilda Eluiza; SILVA, Flávia Parente da. Transformando resíduo em benefício social Banco do Vestuário. In: DE CARLI, Ana Mery Sehbe; MANFREDINI, Mercedes Lusa (Org.). Moda em sintonia. 1. ed. Caxias do Sul: Educs, 2010. ENCYCLOPEDIA, Word Heritage. Ashikaga Yoshimasa. Disponível em: <http://worldheritage.org/article/WHEBN0000234755/Ashikaga%20Yoshimasa>. Acesso em 01 jun. 2017. FLETCHER, Kate. GROSE, Linda. Moda e Sustentabilidade, design para mudança. Editora Senac. São Paulo, 2011 GOPNIK, Blake. Golden Seams: The Japanese Art of Mending Ceramics' at Freer. The Washington Post. Washington, D.C.. 3 Mar. 2009. Disponível em: <http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/03/02/AR2009030202723.html>. Acesso em: 27 mai. 2017. JOHNSON, Ken. A Craft Polished to the Lofty Heights of Art. The New York Times, New York, 4 abr. 2008. Disponível em <http://www.nytimes.com/1985/09/22/travel/shopper-s-world-japan-s-ancient-art-of-lacquerware.html>. Acesso em 18 abr. 2017. KWAN, Pui Ying. Exploring japanese art and aesthetic as inspiration for emotionally durable design. Disponível em: <http://www.designedasia.com/2012/Full_Papers/Exploring%20Japanese%20Art%20and%20Aesthetic.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017. RAMOS, Maria Lúcia Bueno. A dinâmica da moda na mundialização: da distinção social aos estilos de vida. Faculdade de Moda de São Paulo, 2006. Disponível em: < h t t p : / / w w w. b v. f a p e s p . b r / p t / b o l s a s / 8 0 0 8 7 / m o d a - e - a r t e - a l t a - c o s tura-e-alta-cultura-a-dinamica-da-moda-na-mundializacao-da-distincao-social-aos-/>. Acesso em: 28 mar. 2017. ROCHA, Maria Alice Vasconcelos. MODA E SUSTENTABILIDADE: COMBINAÇÃO POSSÍVEL?. In: VI Encontro Nacional de Estudos do Consumo, II Encontro Luso-Brasileiro de Estudos do Consumo Vida Sustentável: práticas cotidianas de consumo. Rio de Janeiro. 2012. Disponível em: <http://www.estudosdoconsumo.com.br/artigosdoenec/ENEC2012-GT02-Hennigen-O_lado_avesso_do_sistema_consumo-credito.pdf> Acesso em: 03 mar. 2017.

Fontes Bibliográficas


ApĂŞndice 1


KINTSUGI - A arte japonesa da restauração de cerâmicas quebradas aplicada a moda Upcycling.*

Cristiane Erica Duque¹

RESUMO

As relações do homem com o meio ambiente modificaram-se muito ao longo do século XX. O avanço dos estudos sobre a degradação ambiental tem sido importante para que ocorram estas mudanças. A moda como expressão do comportamento da sociedade se torna um fenômeno que reflete tais mudanças. Assim, a moda Upcycling é uma saída para práticas mais sustentáveis. Nesse contexto, o Kintisugi, a arte da reconstrução de porcelanas, se torna uma rica fonte de inspiração e busca de novas possibilidades para o campo da moda. Objetivou-se neste artigo fazer uma ponte entre o Kintsugi com a moda upcycling. Estudo descritivo, exploratório, de caráter analítico, realizado através do estudo sobre a técnica japonesa, Kintsugi, bem como busca bibliográfica sobre práticas sustentáveis na moda. A análise deste artigo traz o debate para o desenvolvimento de produtos que estejam em harmonia com as necessidades de mudança de paradgma, a partir da consciência social e ambiental, que é totalmente incorporada pela antiga tradição de Kintsugi. Palavras-chaves: Moda. Kintsugi. Upcycling. ABSTRACT The relationship between man and the environment has changed dramatically throughout the 20th century. The advancement of studies on environmental degradation has been important for these changes to occur. Fashion as an expression of society's behavior becomes a phenomenon that reflects such changes. Thus, Upcycling fashion is an outlet for more sustainable practices. In this context, Kintisugi, the art of porcelain reconstruction, becomes a rich source of inspiration and search for new possibilities in the field of fashion. This article aimed to bridge the Kintsugi with fashion upcycling. A descriptive, exploratory, analytical study carried out through the study of the Japanese technique, Kintsugi, as well as a bibliographical search about sustainable practices in fashion. The analysis of this article brings the debate to the development of products that are in harmony with the necessities of change of paradigm, from the social and environmental conscience, that is totally incorporated by the old tradition of Kintsugi.

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da Revolução Industrial, pouco se questionava sobre a efemeridade da moda. A cultura do consumo exacerbado, e por consequência, a moda, andam de contramão com as necessidades de preservação do ecossistema. São muitos os impactos negativos do atual sistema de moda, principalmente, os danos causados à natureza e ao ser humano com o uso de agrotóxicos nos cultivos de algodão e a utilização de produtos químicos durante todo o processo de fabricação de uma roupa, além de outros problemas, como o uso de mão-de-obra infantil e semiescrava. No entanto, nos últimos anos, alterações vêm acontecendo no campo da moda. A abordagem sobre práticas sustentáveis ainda é recente, mas já mostra os novos caminhos a serem percorridos. Pois, os consumidores têm assumido uma postura de consumo cada vez mais consciente sob a ótica da sustentabilidade. Dentro desse novo cenário da moda, a moda Upcycling vem ganhando força.


Em todas as cadeias de produção e consumo são gerados impactos ambientais, principalmente se os produtos forem descartados de forma errônea se transformando em lixo, ou seja, um problema ambiental que deve ser minimizado e revertido. Nesse contexto, a moda Upcycling ganha um papel importante para suprir as perspectivas conscientes das demandas atuais. O investimento em conhecimento para melhorar a forma de criar e reconstruir através de aproveitamentos de resíduos como tecidos “defeituosos”, geram menos impactos, e ganhos inimagináveis, como a mudança cultural. Estas atitudes fazem com que as empresas ganhem destaque como uma empresa consciente, adequando-se as novas exigências do mercado. Hoje, se sabe que os recursos naturais são finitos, e é muito importante estabelecer uma cultura de preservação. Pensando nisso, a técnica japonesa de restauração de cerâmica, o Kintsugi, tem uma filosofia muito pertinente as demandas atuais: valorizar e preservar o objeto através da restauração. No kintsugi, quando a porcelana é quebrada, ela não é descartada, e sim, reconstruída. Assim, a filosofia do kintsugi, agrega valor à cultura da preservação na moda Upcycling. Diante de tantos problemas, não é mais possível ignorar as adversidades geradas pelo excesso de produção e consumo na área da moda. Com base nessa premissa, a justificativa para o presente artigo, é apresentar os possíveis caminhos para a moda mais sustentável sob a ótica da restauração e o uso de materiais alternativos. Minimizando assim, os resíduos gerados pelo descarte de matérias e roupas em bom estado que possam ser restauradas. Tendo como base o Kintsugi, a arte japonesa da restauração de cerâmicas quebradas, aplicada a moda Upcycling, esse artigo, através da revisão bibliográfica, pretende fazer uma ponte entre a moda Upcycling com o Kintsugi. Com o objetivo e analisar o cenário da moda Upcycling, o trabalho é respaldado em autores como Débora de Oliveira Vilaca, Lilyan Berlim e Elena Salcedo. E para conhecer a técnica japonesa, o Kintsugi e ao mesmo tempo fazer um paralelo entre o Kintsugi e a moda, autores como Ken Johnson, Pui Ying Kwan e Sanjana Bhatia, permeiam este artigo. Por ter o objetivo claro de agregar conhecimento sobre o tema proposto, os métodos a serem utilizados são: pesquisa qualitativa, que busca o aprofundamento do tema sem se preocupar com números e quantidades e pesquisa teórica, pois utiliza embasamentos teóricos para explicar a pesquisa em questão. E para a elaboração e execução deste trabalho, serão necessários o uso de livros, revistas e acesso à internet para a busca de informações sobre o tema e elaboração da pesquisa bibliográfica.

KINTSUGI, A ARTE JAPONESA DA RESTAURAÇÃO DE CERÂMICAS QUEBRADAS

kintsugi ou Kintsukuroi como é conhecido no Japão, significa “marcenaria dourada”. É uma técnica japonesa de restauração de cerâmica que consiste em reparar peças que são quebradas naturalmente. Durante o processo, o objeto é colado com uma resina de laca com pó de ouro ou prata para que as rachaduras ganhem destaques. Na cultura japonesa, as peças que recebem esta reparação comumente são mais valorizadas do que as que são intactas. Justamente por carregar todo um sentido para esta cerâmica, e cada rachadura forma um desenho único. Assim,

O produto de Kintsugi torna um item inteiramente novo que tem uma função renovada, bem como valor estético e monetário. (...). Suas fissuras e cicatrizes são mantidas juntas com costuras brilhantemente douradas, é muito mais encantadora, valiosa e descritiva do que nunca esteve em seu estado original. Linhas naturais gotejam através da porcelana como rios que marcam o mundo, e protrusões brilhantes irrompem nessas linhas como o terreno assimétrico da Terra. Este objeto projetado é o resultado de um trabalho de função originalmente perfeito e o curso natural da vida, sua linguagem artística uma narrativa completa de sua história. (BHATIA, 2015, p.1)


Segundo Gopnik (2009), a história de kintsugi pode ter começado no final do século XV. A hipótese se baseia na lenda de um reparo mal feito a uma tigela de chá chinês do Xogun (imperador japonês) Ashikaga Yoshimasa. “A peça voltou com reparos de grampos feios, levando os artesãos japoneses em busca de uma nova forma de reparo que poderia fazer uma peça quebrada parecer tão nova quanto melhor.” GOPNIK, 2009). Corroborando com a afirmação acima, há estudos que evidenciam que a cultura do Wabi-sabi (beleza das coisas imperfeitas) surgiu no império de Ashikaga Yoshimasa. Durante o reinado de Yoshimasa, que o Japão viu o crescimento da Cultura Higashiyama (Higashiyama bunka), famoso pela cerimônia do chá (Sado), arranjo de flores (Kado ou Ikebana), drama de Noh e pintura de tinta indiana. A cultura de Higashiyama foi fortemente influenciada pelo budismo zen e viu o surgimento da estética japonesa como Wabi-sabi e a harmonização da cultura da corte imperial (Kuge) e do samurai (Bushi). (HERITAGE, 2017).

O Kintsugi enfatiza a ideia da memória que cada objeto carrega. Em certo sentido, Kintsugi é um renascimento de algo que poderia ser descartado. O valor afetivo dado a peça correlaciona com todos os outros aspectos que ela carrega, como a sua história, assim como quem o fez e quais materiais foram empregados. Os japoneses quando consertam objetos quebrados preenchendo as fendas com ouro, simbolizam uma reverência ao dano que esta peça sofreu. A partir desse pensamento, é possível entender a valorização dada ao curso natural dos objetos, e ao mesmo tempo, a inserção de elementos duradouros como o ouro e a laca para que o objeto continue “vivo”. Pois, tudo e todos tem uma história a ser contada, e as marcas a tornam ainda mais bela. Assim,

Enquanto na filosofia ocidental geralmente se esconde os sinais de destruição e tempo através da ocultação ou eliminação, pois percebe o velho como dilapidado, os japoneses destacam esta marca de vida natural e ocorrência como uma medida de antiguidade e honra. O ideal japonês de "Wabi-Sabi" é esta beleza essencialmente defeituosa, na qual aceitamos as falhas do mundo físico e nos afastamos da expectativa da perfeição. (BHATIA, 2015, p.2)

Assim, como no propósito Zen Budista, a aceitação das rachaduras da vida, o desapego do que não serve mais e a valorização da estética imperfeita, fazem com que esta arte ganhe uma sentindo ainda mais profundo. O Kintsugi trabalha com questões como a transitoriedade e a impermanência do que com a beleza propriamente dita. Dessa forma, o belo está na história que cada peça carrega. E cada objeto é único e especial, assim como cada vida e sua história.

A INDÚSTRIA DA MODA

A moda como fenômeno social surge na sociedade do século XIX. E de acordo com a autora Ramos (2006, p. 2) “com a emergência do modo de vida urbano e a extinção dos privilégios aristocráticos, o desenvolvimento de uma cultura das aparências estende-se para todos os segmentos sociais”. A moda no século XX se democratiza, principalmente por causa da difusão feita pelos meios de comunicação, como os jornais, as revistas, o cinema e a televisão. (SENAC, 2005, p. 10). E com o aperfeiçoamento da industrialização, a moda se torna acessível, produzir roupas em grande escala faz com que seja possível usar uma multiplicidade de vestimentas. Nesse momento a moda se modifica, se reestrutura como sistema de linguagem não verbal, e é aperfeiçoado para o pertencimento social. Com o surgimento do prêt-a-porter, a moda foi influenciada pelo desejo de livre expressão que a população possuía. Nos anos 70 busca-se um estilo pessoal de vestir. “Foi um período em que os adolescentes exigiam uma revolução na moda.” (SENAC, 2005, p. 190). O período entre 1970 e meados dos anos 80 é caracterizado por uma tentativa de reorganização das múltiplas e tumultuadas ideias lançadas nos anos 60.(SENAC, 2005 p. 234). De certa maneira, a moda tentava fazer andar, lado a lado com as conquistas dos anos 60.


É interessante observar que a década de 70 assistiu ao momento de apogeu do jeans, sobretudo pela sua adoção por grupos e que se encadeiam na desobediência civil ao stablishment: negros, mulheres, hippies, estudantes contra a guerra do Vietnã e finalmente homossexuais. Foi-se fazendo assim um símbolo de resistência à dominação derivada da idade, do sexo, do poder político e econômico e das normas e estilos de vida. (CIDREIRA, 2008, p. 41)

“Se a fase I começou por democratizar a compra dos bens duradouros, a fase II concluiu este processo colocando à disposição de todos, ou quase todos, os produtos emblemáticos da sociedade de afluência: automóvel, televisão, aparelhos eletrodomésticos. ” (LIPOVETSKY, 2007; p. 28 apud GOMEZ, 2012 p. 117). A moda, nessa sociedade, se tornou o ethos da valorização do novo, da efemeridade, do tempo presente e dos prazeres. Ela se utiliza dos objetos como valores de significação, não somente como pertencimento social, mas como signo que remeterá a sua própria personalidade e individualidade. As pessoas querem sentir prazer e emoções ao consumir, e a partir dessas sensações, reafirmar a sua identidade no mundo.

MODA UPCYCLING: COMO A FILOSOFIA DO KINTSUGI PODE AGREGAR VALOR AO PRODUTO DE MODA. O Kintsugi desde seu surgimento, busca o ideal de objeto permanente, e paralelamente com esta característica, nos dias atuais, a restauração está em consonância com a sustentabilidade. Logo, o objetivo da moda upcycling é utilizar materiais aparentemente inúteis e torná-los algo a serem reinseridos. Pois, O cenário global de exploração e desrespeito ao ambiente e as catástrofes que se ampliam em tamanho e quantidade alertam para a responsabilidade do indivíduo e dos grupos em salvaguardar o planeta. Pesquisadores em muitas universidades, empresários em muitos países compreenderam e integram a ideia do desenvolvimento sustentável, que busca reconfigurar a sociedade e a economia a fim de redimensionar suas necessidades atuais e futuras e, ao mesmo tempo, preservar os ecossistemas naturais, evitando sua exaustão. (DE CARLI; ROSS e SILVA, 2012, p. 70)

A moda em sua relação com a indústria do vestuário segue o que é proposto pelas tendências e nesse sentido incentiva o consumo estimulado pela obsolescência programada, parecendo utópico pensar numa aproximação entre moda e a sustentabilidade, conceito que é pertinente a essência do Kintsugi. Rocha (2012), afirma que enquanto a natureza da moda é ser transitória, a natureza da sustentabilidade é ser perene. “No que diz respeito ao consumo, e não à produção de bens e serviços, a sustentabilidade tende a ser antagônica à moda, havendo um distanciamento de comportamento, e porque não, de atitude.” (ROCHA, 2012, p.18)

Vale lembrar que o ciclo de consumo, quando concluído, gera satisfação ou insatisfação no consumidor, e este resultado influencia os próximos ciclos do consumo, num movimento contínuo de retroalimentação do sistema. E é neste momento que distanciamos moda de sustentabilidade, visto que uma moda tem “prazo de validade” que necessariamente não está relacionada com o desgaste do produto ou a finalização do serviço. Mais do que isso, a essência da sustentabilidade busca impedir o ciclo interminável do consumo efêmero. Nesse sentido, a obsolescência é intrínseca ao termo. (ROCHA, 2012, p. 3)

De acordo com Svendsen (2010) citado por Rocha (2012, p.16), “a maioria dos teóricos enfatizam que a moda é uma sucessão constante de objetos ‘novos’ substituindo aqueles que foram ‘novos’ mas que agora se tornaram ‘velhos’. ” Fletcher e Grose (2011, p. 85) aborda que “90% das roupas são jogadas fora antes do fim de sua vida útil”.

Portanto, o consumo acelerado proporciona a indução do lançamento de novos produtos, que por sua vez, por serem novidades provocam o desejo de consumo e todo o ciclo se retroalimenta. Ou seja, a substituição de objetos em ritmo acelerado, é uma clara demonstração daquilo que Lipovetsky (2007) chama de “ hipermodernidade”. Ele diz que não vivemos um período pós-moderno, pois todas as características da modernidade, na verdade, não foram superadas, mas exaltadas: hipercusumo, hiperviolência e, no contexto da moda, podemos situar hipersignos. Signos que estão cada vez mais presentes em tudo aquilo que se compra ou se faz. (PARODE; REMUS; VISONÁ, 2012, p.71)


Para Rocha (2012), enquanto a indústria do vestuário vende produtos, a indústria da moda comercializa significados. “Por outro lado, o conceito de consumo sustentável também é carregado de intangibilidade, visto que a sustentabilidade está mais próxima da atitude do que efetivamente dos processos.” (ROCHA, 2012, p. 2)

“A moda manipula significados ligados à expressão de indivíduos ou grupos determinados e se apoia neles, adequando o discurso para atrair uma geração após a outra. O apelo recorrente bate na tecla da construção de identidades. Para uma parcela do público jovem sensível a essa conotação, entretanto, a moda que é produzida e comercializada em massa, exatamente a que se encaixa na condição financeira e à qual ela tem acesso fácil, nem sempre garante uma contribuição efetiva na construção desses possíveis identidades.” (MOTTA , 2010 p. 25)

É notório que ao longo das duas últimas décadas, uma razoável variedade de padrões, organizações não governamentais e iniciativas associadas ao tema, tais como produção limpa, ética, responsabilidade e cooperação aparecem neste setor. (GOWOREK, 2011; PEDERSEN; GWOZDZ, 2014). Assim, o slow fashion (moda lenta), enxerga o consumidor e seus hábitos como parte importante da cadeia. Ao contrário do que se poderia pensar, a moda lenta não é um conceito baseado no tempo, e sim na qualidade, que no fim, evidentemente tem alguma relação com o tempo dedicado ao produto. O upcycling dentro slow fashion, tem um papel fundamental nesta nova perspectiva, pois,

O Upcycling é uma das formas de contribuição para se pensar em um novo uso da moda utilizando como base o consumo sustentável. Este procedimento acarreta em um prolongamento do ciclo de vida do produto, que ao invés de ser descartado, terá seu resíduo reutilizado através da criação de novas peças, muitas vezes, com maior valor simbólico, tornando-se objeto de um status mais elevado.(VILACA et al, 2016, p. 4)

No livro “Moda e Sustentabilidade”, a autora Lilyan Berlim apresenta quatro questões sobre o tema moda e sustentabilidade:

“É possível estabelecer uma relação entre consumo e preservação de recursos naturais? Consumo e consciência ética? É possível consolidar uma tendência ecológica e socialmente responsável na moda? A moda poderia colaborar com a difusão e a conscientização do conceito de sustentabilidade?” (BERLIM, 2014, p. 49)

Para responder a estas questões, é necessário partir da premissa de que a moda não pode ser reduzida a uma só definição ou atribuída a uma única escala de valores, como Rocha (2012) argumenta. Mas trata-se também de um fenômeno social que abrange diferentes abordagens, incluindo a compressão de comportamento e construção de identidade. Neste contexto, a moda, por outra perspectiva, se torna um elo para comunicação para práticas e comportamentos mais sustentáveis. Para autora Lylian Berlim,

“…a moda, em toda sua amplitude, dos usuários aos criadores, associada a seu potencial de difusão de informação, pode ser compreendida como um fenômeno revolucionário. Assim, abre-se uma possibilidade diferenciada e ainda pouco compreendida para relação moda-sustentabilidade.”.(BERLIM, 2014, p.50).

Designers de moda, têm o poder de impactar os consumidores e, assim, mudar o mundo. Para tanto, é necessário desenvolver produtos que estejam em harmonia com as necessidades de mudança de paradigma, a partir da consciência social e ambiental, que é totalmente incorporada pela antiga tradição de Kintsugi.


O conceito de Desenvolvimento Sustentável convida-nos a administrar nosso presente, tendo em vista o futuro dos outros, através de uma arbitragem, entre o desejável altruísta e o possível egoísta”. Ai fica evidenciado o paradoxo da nossa sociedade individualista com a urgência de atitudes atendam às necessidades coletivas. (DE CARLI; ROSS; SILVA, 2012, p. 72).

Vezzoli (2008) citado por Alano e Sitta, 2013, afirma que a sustentabilidade deve ser entendida como ato de projetar produtos, serviços e sistemas com um baixo impacto ambiental e uma alta qualidade social.

Manzini e Vezzoli (2002) tratam o ecodesign a partir da metodologia Life Cicle Design, como uma maneira de projetar considerando toda a cadeia produtiva, assim definida pela pré-produção, produto, distribuição, uso e descarte. Nesse sentido a ecodesign está relacionado ao ato de projetar, porém seu foco não está apenas no produto, mas em toda a cadeia produtiva envolvendo uma análise desde a entrada dos recursos necessários para a produção, à verificação do processo produtivo, bem como a análise do resultado que é representado não somente pelo produto, mas pelo que é gerado como rejeito, no caso as sobras de matéria prima.(ALANO e SITTA, 2013, p. 13)

A partir dessa premissa, faz-se necessário rejeitar a ideia de desperdício e consumo excessivo presente em nossa cultura. O Kintsugi transcende essa ideia, tornando um objeto quebrado em um que é mais esteticamente e financeiramente valioso do que antes. Seguindo a filosofia do Kintsugi, é possível desenvolver e aprimorar o conceito de conservação, relacionando com o valor físico e espiritual dos produtos de moda. Valorizar a mão de obra, a energia gasta em todo processo, e, principalmente, materiais que, por alguma falha no processo, eventualmente, saem com “defeito”. Portanto, o kitnsugi representa um exemplo de sustentabilidade em sua forma mais pura. Assim, a habilidade de Kintsugi examina e fortalece a dinâmica de uma relação usuário-objeto, englobando os ideais de sustentabilidade. O designer de moda que se conecta à arte do Kintsugi abandona o impulso econômico vazio para a conexão com seus materiais, de modo que o resultado final pode transcender a função de somente vestir e trazer a reflexão espiritual e a bondade nos seres humanos através do cuidado e respeito para com o processo de criação. A virtude do designer de moda com o olhar no Kintsugi, não reside apenas nos elementos estéticos de materiais terrenos, mas na moralidade consciente do produto de moda. Portanto, mudar os problemas éticos dos seres humanos através da consciência.

ABRINDO IDEIAS – UM NOVO CAMINHO

A partir lacuna no mercado de moda de marcas mais consciente sobre seu papel de difusão da sustentabilidade, e através dos estudos realizados neste artigo, será elaborado um projeto de criação voltado para o desenvolvimento de coleção de vestuário com design sustentável, com foco em materiais de reaproveitamento. Pensada há 3 anos, a Casear Ideias é um projeto de marca com o intuito de sair da academia e seguir para o mercado real. O projeto final se dará na criação da marca Casear Ideias, que oferecerá produtos de moda upcycling. O nome Casear Ideias vem da junção do termo da costura com ideias. A palavra Casear, segundo o dicionário Aurélio Michaelis (2017), significa “abrir casas e ponteá-las para os botões do vestuário”. Portanto, esse nome usado na costura, casa com a ideia da marca, que é “abrir ideias”.


A Casear Ideias, é uma marca de reconstrução de roupas e criação a partir de matérias alternativas oriundas de descartes. Dentro do conceito upcycling, a marca promoverá coleções anuais em parceria com cooperativas. O espaço físico contará com um brechó/atelier e um ambiente com café aconchegante para discussão e troca de ideias sobre os novos horizontes para a moda sustentável. Para o brechó, as peças usadas passarão por uma rigorosa revista com o objetivo de selecionar peças atemporais, artigos de alta qualidade e em ótimo estado de conservação, para, somente então, irem para a área de vendas. As peças que não passarem pela revista serão devolvidas e as que forem aprovadas, ficarão em consignação. A coleção anual terá peças mistas das duas principias estações. Serão peças atemporais feitas a partir de materiais com tecnologia para serem produtos sustentáveis. Além da qualidade nos materiais empregados, serão peças inspiradas no universo da arte, cultura e com elementos que remetem os ideais da marca. Produzidas no Brasil por cooperativas de costureiras bem remuneradas, o DNA principal da marca será o respeito à vida, às novas gerações e ao ecossistema. Sua primeira coleção, inspirada no Kintsugi, tendo como influência a cultura japonesa com foco no Wabi-Sabi, terá quarenta e cinco looks que serão divididos em cinco famílias, sendo elas: Sol Nascente, A Beleza da Imperfeição, Vaso de Gueixa, O Ouro e A Porcelana que Vive.

CONCIDERAÇÕES FINAIS A moda sempre foi um fenômeno que acompanhou o desenvolvimento e as mudanças sofridas e causadas pela sociedade. Assim como a língua, que se altera, extinguindo ou incorporando expressões, a moda muda através dos estilos de cada época, manifestando atitudes de forma não verbal. Nesse sentido, a moda upcycling fortalece uma mudança de paradigma. Pode-se, a partir deste estudo compreender como a sociedade se modificou e está se adaptando as novas formas de conceber a sustentabilidade dentro do universo da moda. Nesse sentido, é notável que a reflexão sobre o tema proposto vem ganhando espaço na nossa atual cultura de consumo, mas ainda há muitos desafios para serem percorridos. O Kintsugi, aqui abordado, enquanto uma antiga arte tradicional japonesa estabelecida no início dos anos 1500, é uma fonte de inspiração para o designer moderno para mudar o cenário de descaso com o meio ambiente. Conclui-se que a elaboração deste artigo resulta na necessidade de se fazer uma reflexão sobre como lidamos com as questões aqui propostas. “Toda e qualquer pesquisa que considere a disseminação e o desenvolvimento de novas racionalidades no modo de vida e de consumo possibilitará um repensar nos vínculos entre o ser humano, seu próximo, seus descendentes e a natureza.” (BERLIM, 2014, p. 149)

REFERÊNCIAS BHATIA, Sanjana. Golden Scars: An Analysis of Kintsugi as a Designed Object. Diponívem em: <https://static1.squarespace.com/static/56a1d654ab2810f339a5e692/t/574d15fb1d07c0e0856e3ed6/1464669693314/finalpaper.pdf>. Acesso em 25 mai. 2017. BERLIM, Lilyan. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das Letras e Cores; 2012. DE CARLI, Ana Mery Sehbe; DE ROSS, Gilda Eluiza; SILVA, Flávia Parente da. Transformando resíduo em benefício social Banco do Vestuário. In: DE CARLI, Ana Mery Sehbe; MANFREDINI, Mercedes Lusa (Org.). Moda em sintonia. 1. ed. Caxias do Sul: Educs, 2010. ENCYCLOPEDIA, Word Heritage. Ashikaga Yoshimasa. Disponível em: <http://worldheritage.org/article/WHEBN0000234755/Ashikaga%20Yoshimasa>. Acesso em 01 jun. 2017.


FLETCHER, Kate. GROSE, Linda. Moda e Sustentabilidade, design para mudança. Editora Senac. São Paulo, 2011 GOPNIK, Blake. Golden Seams: The Japanese Art of Mending Ceramics' at Freer. The Washington Post. Washington, D.C.. 3 Mar. 2009. Disponível em: <http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/03/02/AR2009030202723.html>. Acesso em: 27 mai. 2017. JOHNSON, Ken. A Craft Polished to the Lofty Heights of Art. The New York Times, New York, 4 abr. 2008. Disponível em <http://www.nytimes.com/1985/09/22/travel/shopper-s-world-japan-s-ancient-art-of-lacquerware.html>. Acesso em 18 abr. 2017. KWAN, Pui Ying. Exploring japanese art and aesthetic as inspiration for emotionally durable design. Disponível em: <http://www.designedasia.com/2012/Full_Papers/Exploring%20Japanese%20Art%20and%20Aesthetic.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017. RAMOS, Maria Lúcia Bueno. A dinâmica da moda na mundialização: da distinção social aos estilos de vida. Faculdade de Moda de São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/80087/moda-e-arte-alta-costura-e-alta-cultura-a-dinamica-da-moda-na-mundializacao-da-distincao-social-aos-/>. Acesso em: 28 mar. 2017. ROCHA, Maria Alice Vasconcelos. MODA E SUSTENTABILIDADE: COMBINAÇÃO POSSÍVEL?. In: VI Encontro Nacional de Estudos do Consumo, II Encontro Luso-Brasileiro de Estudos do Consumo Vida Sustentável: práticas cotidianas de consumo. Rio de Janeiro. 2012. Disponível em: <http://www.estudosdoconsumo.com.br/artigosdoenec/ENEC2012-GT02-Hennigen-O_lado_avesso_do_sistema_consumo-credito.pdf> Acesso em: 03 mar. 2017. * Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação para obtenção do título de bacharel no curso de Moda, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário Una. Graduando em Moda, no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: crisduquejf@hotmail.com


ApĂŞndice 2


Peรงas Executadas




Casear upcycling


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