Portfolio de Moda
INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA
A INFLUÊNCIA DA FEMINILIDADE NA VESTIMENTA DO CANGAÇO: De que maneira a mulher cangaceira influenciou o estilo de vestimenta masculina no cangaço.
Eduardo Antonio Olszewski
Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de Projeto Experimental do Instituto de Comunicação e Artes/ Centro Universitário UNA, como prérequisito para obtenção do título de bacharel em moda.
PROFESSORA ORIENTADORA: Gabriela Ordones Pena ÁREA: Criação de Moda PRODUTO: Desenvolvimento de coleção
BELO HORIZONTE 2018 / 2
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Agradecimentos
Nosso caminho é cheio de surpresas e intercessões. Nestes últimos quatro anos comecei uma nova jornada para vivenciar novas experiências e obter um conhecimento mais profundo do mundo fashion... conheci muitas pessoas que me ensinaram e me ajudaram muito as quais sou grato das mais diferentes formas. Um obrigado especial a Renata, minha competente e disposta coordenadora, que sempre me ajudou tão pontualmente quando precisei.. ou seja, em todos os semestres. A minha orientadora Gabi, obrigado por ouvir meus áudios com mais de 3 minutos e por sempre acreditar e acrescentar tanto durante esse processo, foi muito bom compartilhar esse tempo com você! O clássico pedido de desculpas aos amigos por sumir e sempre ter a mesma desculpa, a Camila Lopes, por ser presente nesses últimos semestres e ser a melhor amiga, costureira, modelista e todos os apoios. Ao incentivo de casa, que sempre acreditam que seremos um famoso estilista reconhecido mundialmente, mãe e irmãs, obrigado. Vocês todos são demais!
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Resumo O presente trabalho tem como objetivo a criação de uma coleção de moda masculina tendo como base o movimento do cangaço e de que maneira as mulheres tiverem influência com seu toque feminino nas vestimentas dos homens do grupo. Para isto, propõem-se um breve estudo bibliográfico sobre o movimento e suas vertentes para entender como e porque a feminilidade e as mulheres devem ser notadas nos bandos não só como as companheiras afetivas ou coadjuvantes de um movimento, mas sim como atuantes principais que deixaram suas marcas, mesmo que de uma maneira sutil e para muitos, imperceptível. Desta maneira, podemos perceber o real papel desta mulher cangaceira, a sua importância para o grupo e para seu parceiro como uma representante do sexo feminino, da força delicada e da pretensão de sair das sombras e serem atuantes nas lutas travadas por seus bandos. PALAVRAS CHAVE: CANGAÇO, FEMININO, VESTIMENTA, SERTÃO
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Abstract
The present work aims to create a collection of men’s fashion based on the movement of “cangaço” and how women have influence with their feminine touch in the clothing of the men of the group. For this, a brief bibliographical study on the movement and its aspects is proposed to understand how and why femininity and women should be noticed in the groups not only as the affective or auxiliary companions of a movement, but as main actors that left its marks, even if in a subtle way and for many, imperceptible. In this way, we can perceive the real role of this woman, her importance to the group and her partner as a female representative, the delicate force and the pretension to leave the shadows and to be active in the struggles fought by their gangs KEY WORDS: CANGAÇO, FEMALE, CLOTHES, SERTÃO
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Sumario
14 / CURRÍCULO 82 / COLEÇÃO BRIEFING DE NEGÓCIOS / 18 32 / PÚBLICO ALVO
LOOKS SELECIONADOS / 134
MANUAL DE IDENTIDADE VISUAL / 36 136 / ANEXOS 49 / BRIEFING DE COLEÇÃO
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Curriculo
EDUARDO ANTONIO OLSZEWSKI
Brasileiro, solteiro, 34 anos Rua Cônsul Walter, número 425 - 202 Buritis – Belo Horizonte – MG Telefone: (31) 991055072 E-mail: eduardoolszewski@gmail.com.br
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PRETENÇÃO Atuar em áreas de criação e desenvolvimento no mercado de moda
FORMAÇÃO • Graduado em Publicidade e Propaganda – Enfase em Marketing. ESPM – RS – Escola Superior de Propaganda e Marketing, conclusão em 2009. • Graduando em Moda, 6° período. UNA, Previsão para conclusão em dezembro de 2018.
QUALIFICAÇÕES E ATIVIDADES COMPLEMENTARES
• Curso Criação Versus Negócios da Moda, 2016. Casa de Criadores – SP. • Inglês – Avançado (The English Studio, 6 meses, conclusão em 2013). • Experiência no exterior – Residiu em Londres durante 6 meses (2013). • Curso Complementar em Marketing, Central Saint (2013).
Fashion Martins
• Cursos Basicos de Photoshop e Corel Draw (2005).
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL • 2018 - atual: Patrícia Bonaldi – Cargo: Comercial. Principais Atividades: Atendimento a clientes, vendas, prospecção, pós vendas, contato empresa/fábrica. • 2017: Elisa Atheniense – Cargo: Comercial. Principais Atividades: Atendimento a clientes de todo estado de MG, vendas, prospecção, pós vendas, contato empresa/fábrica, participação em feiras internacionais. • 2016/2 – Plural – Cargo: Comercial – Minas Trend Principais atividades: vendas diretas, captação, montagem de looks para apresentar ideias aos clientes, controle e fluxo de vendas. • 2014-2016 – B.Bouclé – Cargo: Comercial Principais atividades: Atendimento a clientes, vendas, acompanhamento de compras de aviamentos, tecidos e acompanhamento na criação e desenvolvimento de peças de vestuário feminino. • 2013/2 – Pink Elephant Porto Alegre – Cargo: Colaborador Principais atividades: Idealizador das festas temáticas, responsável pela compra e confecção de uniformes/fantasias de todo o staff, recepção de artistas e cantores, realização e promoção de eventos. • 2009-2012 – Le Fou - Cargo: Socio Proprietário Principais atividades: Compras, controle financeiro, criação de eventos e gerencia de funcionários. • 2004-2008 – Fabrika Agencia de Ideias Cargo: Analista de Redes Sociais e Atendimento. Principais atividades: Análise de dados para empresas terceirizadas para estudo do comportamento do consumidor. Análise de estudos de mercado. Atendimento de clientes, criação de Briefing, ligação entre cliente e agência. • 2001-2003 – Festival de Bonecos de Brasília. Cargo: Estagio nas áreas de Atendimento e Criação. Principais atividades: Atendimento a clientes e criação e coordenação de eventos na área cultural.
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Briefing de negocios
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OSZ – Eduardo Olszewski é uma marca de roupa masculina, predominante de alfaiataria e suas vertentes contemporâneas sendo elas principalmente os ternos, compostos de calça, jaqueta, paletó e blusa, jaquetas, coletes, t-shirts.
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Estilo da marca ESTILO DOMINANTE:
ELEMENTOS ESPIRITUAIS:
ARTESANATO HISTORICIDADE BRASILEIRA CONTEPORANEIDADE
Conteporaneo
ELEMENTOS FÍSICOS: ESTILO COMPLEMENTAR:
Criativo
Evidenciando o novo masculino e retratando a cultura brasileira e para o brasileiro.
TRABALHOS MANUAIS TRICOT E BORDADO ESTAMPARIA
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Concorrentes
NICHO:
Casual
SEGMENTO:
Pret a porter
GÊNERO:
Masculino
João Pimenta
– A marca João Pimenta trabalha muito bem a alfaiataria, traz elementos da moda feminina e reinventa ternos e peças clássicas a cada coleção. Ele utiliza diferentes materiais e cria uma combinação com os tecidos que fazem um diferencial para a marca. O uso de tecidos mais leves traz essa novidade para a alfaiataria, tradicionalmente trabalhada com tecidos mais pesados.
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À La Garçone
– A Marca À La Garçone tem uma pegada mais urbana, mas não deixa de apostar em peças clássicas como as tradicionais parkas. O grande diferencial da marca é fazer um upcycling com roupas usadas e dar uma cara nova com pinturas feitas à mão, tornando as peças únicas e exclusivas, dando assim um novo valor as peças.
Gucci
– A marca Gucci vem se reinventado quando se trata de moda masculina. As novas coleções apostam em uma alfaiataria descontraída, estampada e “divertida”, com um vislumbre dos anos 70, na utilização de tecidos e nos shapes das roupas.
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Canais de distribuicao A marca terá um ponto em uma loja galeria, parceira da marca. Nesta loja serão comercializadas obras de arte, objetos de decoração e roupas, além de ter um café/restaurante. Além disso, as vendas serão feitas por canais virtuais, com loja virtual (site) própria e redes sociais.
Estrategia de preco
O preço da marca será calculado não só pelo custo, mas por todo o diferencial que uma peça pode trazer com seu valor agregado. Por conta da diferente estamparia, dos cortes, modelagens e tecidos, o estilista acredita que o preço deve ser calculado além dos custos físicos, colocando ao preço o valor agregado que as peças têm. Contudo, a marca se propõem a seguir uma média do preço de seus concorrentes diretos para poder entrar justamente na concorrência.
PALETÓ –
350,00 A 500,00
CALÇA –
250,00 A 350,00
CAMISA BOTÕES –
Diferenciais Os diferenciais serão o uso da estamparia, que será o dna da marca, na aplicação em peças de alfaiataria que até pouco tempo atas seguia um padrão de cores e modelagens e o uso de novos tecidos, para dar uma cara moderna aos tão conhecidos ternos, calças e paletós.
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TSHIRT –
250,00 A 350,00
150,00 A 250,00
CASACO CURTO (BOMBER E OUTROS TIPOS) – 350,00
A
500,00
CASACO LONGO – COLETE – SHORT –
600,00 A 750,00
200,00 A 350,00 180,00 A 300,00
BERMUDA –
200,00 A 300,00
Painel de estilo da marca
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Publico alvo O público da marca vive em grandes metrópoles e cidades de grande porte ou capitais do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte entre outras. Trabalham em áreas criativas como publicidade, televisão, moda, cinema, fotografia, música, artes, museu, vida noturna, são proprietários de lugares como boates, clubes e bares, que ele considera ou pode considerar hobbies, caso não seja seu trabalho. Ele circula muito bem em vários ambientes, vai a festas da moda em grandes e conhecidas casas noturnas e também frequenta os bares e boates do centro da cidade, que são considerados “alternativos”. Gosta de bons restaurantes e lugares que podem ver e serem vistos. Viajam com certa frequência para lugares que possam unir todos estes gostos e encontrar tudo que procuram, pelo menos uma vez por ano para o exterior, preferencialmente para cidades grandes ou cidades históricas. Tem uma filosofia de vida que se adapta aos dias atuais, não pensam em guardar dinheiro ou ter a própria casa, constituir família de uma maneira tradicional ou ter um trabalho totalmente fixo, diferente das gerações anteriores. Eles querem aproveitar a vida e gastar seu dinheiro em bons restaurantes, com os amigos e em momentos de prazer, viagens e roupas. Não têm uma religião definida, mas não são agnósticos, acreditam em várias religiões e absorvem um pouco de cada uma. Podem não ter um salário fixo, porque seu estilo de vida e seu trabalho pode variar e ser em áreas criativas ou podem ser autônomos, mas isso não significa que não ganhem dinheiro, muito pelo contrário. Além de terem uma média salarial de cinco a oito mil reais, gastam e aplicam seu dinheiro em produtos ou serviços que deem prazer. Sua renda vai de 5 a 10 salários mínimos, o que coloca segundo o IBGE na classe social B.
O estilo do consumidor da marca é de uma pessoa que gosta de andar arrumado, mas de uma maneira descolada, por isso a maioria tem empregos que são considerados descolados e da moda. Tem esse ideal de usar roupas que além de estarem na moda, elas podem passar uma mensagem através das estampas ou fazes de efeito, da modelagem, do ideal da própria marca, que pode ser semelhante aos seus. Para recarregar sua energia, o público da marca se encontra com amigos em bares ou restaurantes, nos finais de semana frequenta museus e exposições de artes e fotografias, podem fazer festas e jantares em casa ou na casa de amigos e alguns podem recorrer a natureza, como trilhas e cachoeiras, apesar de não ser o tipo de atividade que ele goste de praticar. Os ídolos podem ser de diferentes áreas. Eles podem ser cantores pop, rock, folk ou MPB, podem ser pessoas ligadas ao meio profissional, como fotógrafos importantes, escritores e cineastas, além de atores, pintores e pessoas que fizeram e fazem história e deixam sua marca no mundo de diversas maneiras.
Painel de publico alvo
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Manual de identidade visual
OSZ – Eduardo Olszewski
é o nome da marca, que carrega o nome do próprio estilista que acredita em suas raízes e que seu sobrenome marcante será uma boa maneira para os clientes identificarem a marca. OSZ, a abreviação do sobrenome tem a ideia de facilitar a memorização e criar uma espécie de apelido, para criar um vínculo de proximidade com o cliente, como se ele estivesse se referindo a um amigo ou conhecido quando se refere a marca. OSZ é uma marca de roupa masculina, predominante de Alfaiataria e suas vertentes contemporâneas sendo elas principalmente os ternos, compostos de calças de diferentes modelos, jaquetas, paletós e blusas, coletes, t-shirts.
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Cores A marca OSZ, utiliza em sua identidade visual o Branco – Pantone Bright White – como cor principal, que deverá ser aplicada sempre em fundo preto. Para fundos claros, preferencialmente branco, deve ser aplicado sua versão negativa utilizando o Preto – Pantone Black 6. A fidelidade na reprodução das cores é fundamental para a identidade visual. Porém algumas exceções podem ser consideradas para se adequar ao material dos produtos (papel, metal, películas adesivas, etc.) Nesses casos deve-se utilizar uma versão aproximada, tomando-se a escala Pantone como base de comparação.
PANTONE BLACK 6 Preto CMYK: 75% 68% 67% 90% RGB: 0R 0G 0B #000000
Tipografia A família tipográfica escolhida para a marca foi a MANIFESTO, uma tipografia jovem de características únicas e boa legibilidade. O uso dessa família está previsto para títulos e textos de destaque.
manifesto abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
1234567890 PANTONE BRIGHT WHITE Branco CMYK: 3% 1% 4% 0% RGB: 244R 245G 240B #f4f5f0
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Area de protecao A consolidação da marca requer o uso correto de todos os elementos da identidade. Para aplicar a marca OSZ em qualquer meio é necessário solicitar o arquivo eletrônico. Para otimizar a leitura, à partir do padrão criado e manter uma proporção harmônica, deve sempre haver um espaçamento mínimo entre a marca OSZ e outros elementos presentes na comunicação. Os diagramas a seguir representam essa proporção.
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Reducao A redução mínima deve ser respeitada a fim de manter a legibilidade da marca. Para a OSZ, 25 mm é o tamanho mínimo aceitável. Caso haja a necessidade de maior redução deve ser utilizado apenas as iniciais.
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Formas de uso EXEMPLOS INCORRETOS:
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Papelaria
TAGS:
7x7cm papel couchĂŞ 220gr
Sacolas:
Envelope A4, papel couche 110gr cartĂŁo de visitas 8x5cm, couche 220gr Agenda personalizada Adesivos 100mm 15x30cm, 220gr
40x30cm, 220gr
14x27cm, 220gr
Brindes
Lambe-Lambe Tamanho A3 personalizado OSZ
Lenรงo de musseline com estampa exclusiva
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Briefing de colecao
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RELEASE
O feminino cangaco
O Estilista Eduardo Olszewski lança sua primeira coleção assinando para marca OSZ com inspirações na feminilidade da mulher cangaceira e suas influências na vestimenta masculina, ancorada na desconstrução da maneira de vestir do homem contemporâneo. A marca OSZ traz a passarela e a sua primeira coleção a mulher cangaceira em forma de alfaiataria masculina. Com muita bossa, o estilista estreante Eduardo Olszewski, busca inspiração no cangaço, trazendo um produto diferenciado quando se trata de vestimenta masculina. Com cortes e modelagens assimétricos e diferenciados, em busca de um homem moderno e despojado, OSZ usa materiais não usuais para a alfaiataria, como o moletom, o couro, os tecidos sintéticos e remodelagens e cortes a laser. Com cores marcantes, que lembram o sertão, as arvores retorcidas e o céu multicolorido, as formas resgatam o cangaço de uma maneira divertida e estamparia exclusiva, uma parceria com o Designer Rodrigo Baba, um ponto extra da marca, não deixam de ficar fora das tendências atuais. OSZ, abreviação do sobrenome do estilista é uma marca mineira e quem assina suas coleções é Eduardo Olszewski, erradicado em Belo Horizonte a mais de 4 anos. Nascido no Rio Grande do Sul, Eduardo também formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM, inicia sua jornada no universo da moda após uma temporada de estudos em Londres, onde especializou-se com um curso de Fashion Marketing pela universidade Central Saint Martins, abrindo assim, as portas de um desejo já antigo de se aprofundar no campo criativo da moda. Como criador traz o cangaço, um universo muito distante de sua realidade, mas motivo de muita curiosidade e interesse, para a passarela e sua loja virtual. A marca corre em busca de um homem moderno e divertido, que entenda a moda como algo que possa ser mais do que uma maneira de se vestir, e com isso busca fazer um diferencial quando se trata da até então comportada e tradicional alfaiataria masculina. O lançamento das peças será semestral. Se misturam as peças chaves da marca um mix de calças de alfaiataria, paletós, jaquetas, camisas e t-shirts. Suas peças estarão disponíveis em seu website e loja virtual da marca junto com o lançamento e também em suas redes sociais.
OSZ – Eduardo Olszewski @eduolszewski @oesseze www.osz.com.br
Painel de inspiracao
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Macrotendencia O NOVO MASCULINO Após anos discutindo sobre o empoderamento feminino, a sociedade se volta à definição do masculino. Quando o homem não se ocupa mais dos lugares tradicionais de pai, marido, provedor e se abre a novas identidades e estilo de vida o que seria então o masculino? A algum tempo o homem tem sido visto e identificado com múltiplas facetas, do vaidoso e sensível ao rústico e tem recebido alguns títulos e apelidos como metrossexuais identificando essa gama de personalidades. Segundo estudos do grupo Leo Burnett, essa gama de rótulos é necessária para entender o novo masculino. Desta maneira, quando este homem não ocupa mais as posições tradicionais a que é colocado na sociedade se abre um novo e amplo nicho. Um homem que não se preocupa com as maneiras tradicionais de comportamento, realizações pessoais quando o assunto é trabalho, buscando a felicidade e priorizando o tempo e a qualidade com a qual ocupam seus dias. A religião está presente, mas não de uma maneira rotulada, assim como a família e suas constituições. Levando em conta todas essas quebras de paradigmas, o vestir se torna um prazer para este homem, um ato de representatividade, de mostrar seus ideais e seu estilo de vida.
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TENDÊNCIA: Tons terrosos e laranjas
TENDÊNCIA: Mix and Match de estampas
Valentino SS-19
Etudes SS-19
Hermes Paris SS-19
Tom Browne SS-19
Acne Studios SS-19
White Mountaineering SS-19
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TENDÊNCIA: Sobreposições
Fendi SS-19
Hed Mayner SS-19
MSGM SS-19
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Cartela de cores A cartela de cores da coleção teve como inspiração tudo que fez parte da vida das mulheres e dos grupos do cangaço, em especial tudo que permeia a natureza e as belezas da flora e fauna do Nordeste. As cores do céu e suas variantes dos vermelhos, laranjas e amarelos do pôr do sol, o azul do céu escuro da noite, os tons terrosos da maior parte da paisagem, o verde da flora e o rosa, associada ao feminino e a delicadeza.
Cores intermediarias:
ROSA DELICADEZA Pantone 131529 TCX CMYK: 49-12-85-28
NEVOEIRO Pantone 13-0607TCX RGB: 208-197-177
CÉU DA NOITE Pantone 3597C RGB: 28-55-117
Cores dominantes:
CÉU DA TARDE Pantone 3588UP RGB: 236-148-68 CMYK: 0-37-98-0
FAUNA SERTANEJA Pantone 13-1106TCX RGB: 222-205-190
Tonalizantes: VERMELHO SERTÃO Pantone 17-1463TCX RGB: 221-65-36
EXERCITO DO CANGAÇO Pantone 2472UP RGB: 115-99-77 CMYK: 34-48-70-37
FLORA DO NORDESTE Pantone 3508UP RGB: 113-128-74 CMYK: 49-12-85-28
CACAU AO LEITE Pantone 5Y01SP RGB: 201-173-149
POR DO SOL Pantone 3514U RGB: 244-180-61
TERRA VERMELHA Pantone 2443C RGB: 142-58-34
NOITE ESCURA Pantone 2479CP RGB: 47-37-29 CMYK: 52-63-64-75
CREPÚSCULO Pantone 2478C RGB: 76-54-58
CHÃO DE TERRA Pantone 2471CP RGB: 167-136-111 CMYK: 23-38-49-17
LONAS E BARRACAS Pantone 11-0606TCX RGB: 242-232-218
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Cartela de tecidos Os tecidos escolhidos para desenvolver a coleção são materiais com em sua maioria com uma gramatura maior, adequados para alguns cortes de alfaiataria. Os tecidos com uma pequena fluidez foram escolhidos para fazer um contraponto na coleção e para dar leveza as peças. a composição da maioria é o poliéster, uma vez que a marca trabalha com a estamparia digital. Também deve ser colocado que as escolhas foram feitas tendo em consideração as condições climáticas e de temperatura do Brasil assim como as associações com o tema da coleção.
LINHO 100% poliéster Rio comércio importação e exportação Origem China Largura 1,50 Gramatura 160g/m Preço 25,00
LINHO CARTAGENA 100% poliéster Femix comércio e decoração Ltda Origem China Largura 2,80 a 3m Gramatura Preço 20,00
LINHO ESTOCOLMO 23% ALGODÃO 70% POLIÉSTER FENIX COMÉRCIO E DECORAÇÕES LTDA LARGURA 3M PREÇO 20,00
SARJA PALETIZADA 100% algodão Cytex Largura 1,60 Gramatura 200g/m Preço 39,00
OXFORDINE 100% poliéster E cima importação e exportação Origem China Largura 1,50 Preço: 10,00
BRIM 100% algodão Vicunha têxtil Largura 1,60 Gramatura 260g/m Preço 22,90
GABARDINE 100% poliéster Comércio de tecidos Silva e Santos Ltda Origem Taiwan Largura 1,50 Gramatura 197g/m Preço 19,80
MALHA DE ALGODÃO 92%algodao 8 elastano Alvim têxtil Ltda Largura 1,80 Gramatura 504g/m Preço 22,00
ECO COURO 10 elastano 90% poliéster Cirre Largura 1,40 Gramatura 240/260g/m Preço 18,00
CETIM 100% poliéster EXCIM IMPORT.EXPORT S/A Origem China Largura 1,50 Preço 9,90
LA MERINO 100% la natural Gramatura 200g Preço 76,00/ 200g
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Cartela de materiais
As remodelagens foram pensadas com materiais que fazem uma conexão com o tema desenvolvido e proposto para esta coleção. A utilização de um elemento que lembre o couro foi diretamente linkado com os acessórios do cangaço. A remodelagem “cactos” foi feita desenvolvida com referências a vegetação do sertão, que são cactos retorcidos e espinhosos, fazendo também uma referência as dificuldades da vida das mulheres dos grupos do cangaço. A remodelagem “quadrado”, teve a mesma inspiração para os materiais. A estamparia foi toda desenvolvida a partir do tema e faz busca mostrar o amor das mulheres por seus companheiros através de desenhos em formato cordel, também uma tradição cultural do sertão. As mesmas trazem referencias mais uma vez a vegetação do sertão com as listras e poás, buscado de uma primeira imagem estudada da mesma. A estampa baile perfumado, traz casais de animais dançando, fazendo referências aos bailes e a diversidade de uma maneira geral, do grupo como um todo.
ESTAMPA Linho, gabardine e oxfordine
ESTAMPA
ESTAMPA
Linho, gabardine e oxfordine
Linho, gabardine e oxfordine
ESTAMPA
ESTAMPA
Linho, gabardine e oxfordine
Linho, gabardine e oxfordine
REMODELAGEM
REMODELAGENS
REMODELAGEM
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Cartela de aviamentos ILHÓS METÁLICO Marca nove54 pacote com 100 – 4mm Fabricante Dutra Máquinas $ 5,19
LINHA SETTA XIK 100% poliéster 4,20/unidade. Fabricante setta.
ZÍPER NYLON FINO 20CM Fabricante zíper Rubinho pacote 10 unidades - 3,99 80 cm pacote com 5 15,69
ENTRETELA LARGURA 150cm 22,90 Fabricante
EM TECIDO 100% poliéster metro freudenberg
ELÁSTICO 80MM Rolo 20 metros 59,57 – fabricante São José 59% poliéster 41% látex
BOTÃO 4 FUROS. 13mm Pacote com 140 unidade 7,89. Fabricante cooper botões
LINHA PARA BORDAR 10 unidades sortidas 9,99 Fabricante polycron 100% poliéster
CORDA DE ALGODÃO 10mm Pacote com 24 metros $35,00 Fabricante casa das cordas
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Processo criativo das familias Baile perfumado A família Baile Perfumado faz uma referência aos bailes nos sítios, os quais não faltavam moças para as danças com os cangaceiros e tudo era regado com paz e a principal intenção era o divertimento. Esses bailes ficaram muito famosos e costumavam durar a noite inteira e eram embalados ao som de sanfonas que tocavam forró e xaxado. Com a chegada das mulheres, os bailes se tornaram ainda mais divertidos e alegres. A ideia da estampa é essa representatividade destes bailes fazendo uma ligação também com a fauna do nordeste brasileiro, trazendo animais típicos dançando, representado a diversidade de um modo geral.
Protecao A ideia desta família é representar os amuletos, símbolos de proteção para os cangaceiros. Os bandos acreditavam que carregar alguns símbolos junto ao corpo, em suas vestimentas, lhes concediam uma espécie de blindagem mística. Entre os símbolos estão a Estrela de Salomão, que era o símbolo mais importante. Com várias interpretações, este símbolo era muito popular como elemento de proteção no sertão, suas pontas podem representar entre outras coisas a união de todos os elementos que formam o universo. A cruz de malta, era muito aplicada em chapéus e adornos, foi utilizada pelos cangaceiros para representar os quatro pontos cardeais, para lembrar que a habilidade de conduzir os homens entre a geografia do sertão era uma habilidade imprescindível para um líder cangaceiro. A flor de lis, representa as virtudes da planta: a resistência e vitória sobre a morte. As flores e os motivos florais, apareciam com 4, 6 4 8 pontas e nunca em números impares, eram usados como forma de proteção, principalmente em peças de vestimenta como boinas e pederneiras.
Artesania Aqui temos a artesania, as artes manuais do sertão representada de uma maneira delicada e GROSSEIRA com as diferentes formas com que os trabalhos em tricô aparecem. A delicadeza aparece com um tom de rosa, uma cor que é conhecida como um signo do feminino e com os delicados pontos de um trabalho manual como o tricô, que aparece com três diferentes pontos e fios, desde o menor e mais delicado até o ponto gigante que é confeccionado de uma maneira ainda mais manual e com um material que leva pouco tratamento, dando um ar de rusticidade as peças.
Mobilidade Esta família representa a vida quase nômade dos grupos do cangaço. A mobilidade e a necessidade de carregar tudo que era necessário em sua vida e dia a dia é representado aqui pela quantidade e tamanho dos bolsos, que representam em sí sua vida, seus pertences e a maneira que elas lidavam com o fato de não ter um ligar fixo e terem que carregar tudo que possuíam a cada movimentação de seu bando.
Amor Família com estampa com desenhos no estilo cordel, para evidenciar a tradição e a representatividade da cultura do norte e nordeste brasileiro. A estampa conta e representa as histórias de amo das mulheres do cangaço por seus companheiros. Com essa estampa a ideia é mostrar que existia o amor dentro dos grupos do cangaço, mesmo que algumas mulheres tenham sido forçadas a fazerem parte dos grupos. É importante ressaltar que algumas foram inseridas pela própria vontade. Sendo assim, a ideia é representar a tão conhecida história do casal mais conhecido do cangaço Lampião e Maria Bonita, que representam até hoje, o amor controverso.
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FAMÍLIA 3
Mapa de colecao FAMÍLIA 1
CORES
1- Casaco + camisa + calça 2- Camisa + calça 3- Macacão jardineira + camisa - Cacau ao leite 4- Casaco curto + calça - Terra 5- Casaco + colete + camisa+ vermelha calça 6- Casaco longo + colete + blu- - Lonas e barracas sa + calça - Fauna 7- Camisa + short sertaneja 8- Camisa + colete + calça 9- Colete + camisa + calça
FAMÍLIA 2
CORES
1- Macacão recortes 2- Blusa manga longa + calça - Cacau ao recortes leite 3- Blusa cava deslocada + calça Flora do ilhós frente patuá nordeste 4- Blusa patuá + calça ilhós - Chão de lateral terra 5- Jaqueta cordas + short - Nevoeiro 6- Casaco Ilhós + calça - Lonas e 7- Casaco bordados + camisa + barracas calça 8- Casaco longo bordado + calça 9- Casaco manga curta + camisa + calça
FORMAS
Y + H
FORMAS
Y + H
TECIDOS
MATÉRIAS
- Linho - Moletom - Sarja Remodelagem pletizada + - Gabardine Remodelagem + - Eco couro - Malha de Estamparia - algodão - Oxfordine - Brim
TECIDOS
MATÉRIAS
- Linho estocolmo - Linho - Cartagena - Moletom Remodelagem - Eco Couro ilhós - Sarja Pa+ letizada Bordado - Malha de + algodão Remodelagem - Cetim Patuás - Linho
CORES
1- Tricô ponto gigante + camisa + calça alfaiataria - Rosa 2- Tricô ponto gigante manga Delicadeza curta + camisa + short - Por do 3- Blusa tricô capuz + camisa Sol + calça 4- Blusa manga curta tricô + - Nevoeiro - Lonas e camisa + calça barracas 5- Blusa tricô mix ponto + short - Fauna 6- Mini paletó tricô + blusa sertaneja alongada + calça alfaiataria -Chão de 7- Poncho ponto gigante + calça terra bi color 8- Malha tricô franjas + calça alfaiataria 9- Casaco tricô alongado + calça + camisa
FAMÍLIA 4
CORES
1- Blusa gola alta + casaco bolso + calça bi color 2- Casaco 4 bolsos + calça de- - Vermelho sertão talhe perna Por do 3- Macacão bolso + camisa bi Sol color Céu da 4- Camisa pochete + calça pertarde nas color - Cacau ao 5- Macaquinho bi color leite 6- Maxi bomber + short + blusa -Chão de gola alta terra 7- Bomber paletó + blusa gola alta + calça alfaiataria 8- Terno bolso + blusa de malha 9- Terno pochete
FAMÍLIA 5
CORES
1- Casaco cactos + camisa + calça alfaiataria 2- Paletó manga curta + bermuda + blusa 3- Casaco detalhes + blusa malha + bermuda 4- Maxi blusa + maxi blusa 2 + camisa ml + calça 5- Maxi colete + camisa + calça 6- Agasalho gola alta cores + short 7-Macacão manga longa 8-Casaco faixa + calça + blusa malha 9-Camisa + calça
- Por do Sol - Céu da tarde - Terra Vermelha -Lonas e Barracas
FORMAS
Y + H
TECIDOS
- Lã merino - Linho - Oxfordine - Moletom - Malha de algodão - Sarja paletizada
FORMAS
TECIDOS
Y + H
- Sarja paletizada - Brim - Gabardine - Vinil - Malha de algodão
FORMAS
TECIDOS
Y + H
MATÉRIAS
MATÉRIAS
MATÉRIAS
- Sarja pa- Remodelagem letizada cactos - Brim + - Gabardine Estamparia - Vinil - Malha de algodão
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Formas PARA A COLEÇÃO FORAM PENSADAS EM FORMAS H E Y.
yh
Desenvolvimento A idea para esta coleção surgiu no início do ano através do filme nacional “Entre irmãs” qual a realidade do grupo do cangaço è retratada pela ótica feminina de duas irmãs que são separadas no início da vida adulta, uma indo viver com um grupo de cangaçeiros e outra saindo do sertão. A partir deste primeiro passo, os estudos e pesquisas foram intensificados com documentários, livros e artigos, em busca de conhecimento da estética destes grupos. Como resultado, foram descobertas diferentes formas de ver este tão conhecido movimento, saindo da ótica de violência e buscando entender quais eram as motivações destas mulheres, que deram uma nova estética a um movimento tão fechado. As inspirações surgiram das diferentes formas e cores de tudo que permearam e fizeram parte da vida, como a fauna e a flora, as cores ricas do pôr do sol e o próprio meio de vida nômade dos grupos. Foi possível perceber que o sexo feminino trouxe um novo viés, com toques de delicadeza em pequenas coisas e mesmo acontecendo apenas no final do movimento, foi marcante o suficiente para elas não permanecerem apenas como coadjuvantes de um movimento que marcou a história brasileira.
TIPO DE APRESENTAÇÃO: DESFILE
Memorial descritivo A ideia principal do tema para este trabalho teve início ainda no final do ano de 2017, quando já começaram os preparativos para a jornada TCC. Mesmo não tendo tanta familiaridade e proximidade com o assunto tema, a ideia de ser desafiado ainda mais a fazer uma pesquisa mais intensa sobre o assunto foi motivadora. Foi preciso buscar tanto em bibliografias quanto em materiais paralelos como filmes, documentários e fotografias tudo que pudesse contar um pouco mais da história das mulheres do cangaço, tendo como certeza que todo o material encontrado mostraria essa mulher como coadjuvante em todos os registros, que enfatizam o homem e os personagens principais dos grupos cangaceiros. Um fator que contribuiu muito para a escolha do tema foi o filme brasileiro Entre Irmãs, do diretor Breno Silveira. Este mesmo, conta a história de duas irmãs separadas no início da vida adulta, uma sequestrada e levada por um grupo cangaceiro e outra que acaba seguindo os rumos da vida e virando uma mulher da sociedade na capital, mostra um pouco das dificuldades, dos amores e da vida de uma maneira geral de uma mulher que não escolheu tudo aquilo para si, mas que acaba tomando o estilo de vida como seu e se apaixonando por tudo aquilo que acontecia a sua volta. Partindo desse ponto, pode-se perceber que havia uma outra vertente das famosas histórias de Lampião e isso foi o grande começo da coleção. Partindo deste ponto da escolha do tema, a pesquisa bibliográfica, ainda no projeto de TCC foi muito importante, pois nela houve um embasamento teórico necessário para seguir em frente além da parte pratica da criação da empresa, como logomarca e papelaria, que dão sentindo a tudo aquilo que começa a ser criado e pode-se começar a encaixar, como um quebra cabeça. Outra parte do processo muito importante, que também acontece neste processo é a criação e identificação de painéis de público alvo e de marca, pois ajudam a identificar para quem se está criando e filtrar mais as informações.
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No semestre atual, de fato o TCC começa a tomar forma como um todo com as orientações do professor escolhido e da matéria de criação do portfólio. O processo todo, nesta parte, foi de certa maneira tranquilo. Tudo deve ser muito bem programado e com uma agenda criada, os prazos e datas são muito importantes, então um cronograma é parte essencial para que tudo dê certo no final. A primeira parte dessa etapa, foi a criação dos desenhos e croquis baseados em tudo que foi estudado até então, o que foi tranquilo dentro de um todo. Partindo desse ponto, algumas ideias para a criação de um portfólio que converse com toda ideia do que está sendo apresentada e com a identidade da marca que está sendo criada tem que ser feito. De uma maneira geral, foi tudo tranquilo nesta parte também. Foi preciso apenas delegar algumas funções ao que estava sendo terceirizado sempre cumprindo os prazos de todas as etapas para não atrasar nenhuma outra, pois todas as partes estão ligadas umas as outras. Os próximos passos foram a criação das estampas e matérias. Apareceram algumas dificuldades no processo de execução da matéria pois ela exigiu corte a laser, então além do tempo maior que teve que ser dedicado no laboratório maker da UNA, a parte da costura foi bastante demorada e cansativa também. Algumas idas ao barro preto e lojas de tecidos foram necessárias para encontrar os tecidos certos que melhor se encaixassem nos looks idealizados. O dia da banca é de bastante nervosismo, mas tudo acontece muito rápido e de maneira tranquila. O pós banca tem sido muito bom, o trabalho continuou e os looks restantes estão sendo confeccionados para a apresentação final, que será um desfile. Para ocorrer tudo como o planejado, o trabalho continua, com escolha de música, modelos, styling e fotografia. Foi e está sendo muito tranquilo e muito prazeroso executar todas as ideias que a pouco tempo estavam no imaginário e é muito legal vê-las saindo do papel e se tornando algo físico que pode ser seu trabalho futuro. Tirando algumas noites não dormidas, o trabalho extra e muita correria, o TCC é uma parte muito importante da vida acadêmica que traz muita satisfação ao final.
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Familia 1:
Baile perfumado
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Familia 2:
Protecao
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100
101
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Familia 3:
Artesania
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108
109
110
111
112
Familia 4:
Mobilidade
113
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116
117
118
119
120
121
122
Familia 5:
Amor
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124
125
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130
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Painel de seguimentacao
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Casaco Curto
03
06
01
TIPO
CONCEITUAL
FASHION
COMERCIAL
Calça
04
10
16
Trico
02
04
03
Camisa
02
07
09
Macacão Curto
00
02
01
Camiseta/ Blusa
02
03
11
Macacão
01
03
00
Bermuda
01
00
02
Colete
00
03
01
Short
00
02
03
Terno
02
00
00
Casaco Longo
03
01
01
Paletó
01
00
00
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Looks selecionados
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O feminino cangaco
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Anexos
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Ensaio TÍTULO: A Influência da feminilidade na vestimenta do cangaço. Subtítulo: De que maneira a mulher cangaceira influenciou o estilo de vestimenta masculina no cangaço.
1 - INTRODUÇÃO O proposto trabalho apresentado tem como objetivo estudar e pesquisar de que maneira a mulher cangaceira teve influência sobre a maneira de vestir dos homens pertencentes ao mesmo grupo, além da pesquisa sobre esta mulher e a forma que a delicadeza das mesmas se mostram presentes em detalhes da vestimenta masculina. Tendo em vista que o cangaço foi um movimento de luta que aconteceu no nordeste brasileiro e se baseava na justificativa da luta por empregos, alimento e cidadania empregados por um grupo de homens, que utilizavam da violência, medo e banditismo para conseguir seus objetivos, a proposta do estudo do tema é trazer toda esta história e contar através da roupa, como este grupo se comportava e como a chegada das mulheres, que até então não eram aceitas por serem consideradas um empecilho, mudou o modo de vida destes, quando falamos em comportamento e na maneira em que eles usavam a vestimenta, que passa a ser não só para os fins de proteção e passa a aceitar adornos e enfeites feitos por essas novas integrantes. Esse tema não é novidade e já foi retratado na moda diversas vezes. A estilista Helo Rocha, trouxe ao SPFW 41 para sua coleção verão 17 uma coleção inspirada no cangaço e o resultado foi uma mulher cangaceira sensual, com muita transparência e cores suaves, com muitas referências nas medalhinhas e no couro. Na década de 70, Zuzu Angel apropriou-se da estética para recriar o cangaço e criar sua moda. Já o renomado estilista mineiro Ronaldo Fraga, que é muito engajado na promoção da cultura e identidade brasileira, em seu desfile da coleção de inverno de 2014 recriou a estética cangaceira com sandálias de Erika Marent, bolsas de Rogerio Lima e muitas roupas handmade de tricô e couro. Atualmente, Espedito Soleiro, filho do criador dos calçados e adornos que Lampião e Maria Bonita usavam, usa o couro e recria essa mesma estética fazendo bolsas e sandálias e faz muito sucesso revivendo os feitos do pai para o cangaço.
Desta maneira, o produto final do estudo será uma coleção de roupas masculina, onde o objetivo será mostrar, através das pesquisas tanto bibliográficas quanto imagéticas a cultura do cangaço através de uma releitura moderna, de alfaiataria desconstruída, assim como a marca se propõem. O uso da estampa será feito através da riqueza da cultura, cores e formas tanto da própria indumentária, quanto das crenças e da natureza do sertão. Através de bordados e peças com um viés mais artesanal, a ideia é trazer esse mundo para a passarela. A cartela de cores é baseada na natureza da arvores secas e retorcidas usando o verde, da terra e da poeira e até mesmo das casas de pau a pique usando o marrom e tons terrosos, e o azul e branco para representar o céu, a casa dos cangaceiros. O uso de bordados coloridos e peças de metais trazem a mulher cangaceira a coleção e sua influência na maneira de vestir destes homens. Os tecidos serão sintéticos de couro, linho, sarja e prada.
A Influência da feminilidade na vestimenta do cangaço. Falar sobre o tema cangaço pode ser um tanto difícil, levando em conta a quantidade de estudiosos que buscam no tema sempre algo ainda não falado e também pelo fato do próprio tema dar uma ideia preconceituosa sobre o assunto, uma vez que ao falarmos no cangaço os ideais de bandido, lampião e norte/nordeste vem a nossa mente automaticamente. Sempre que as pessoas são levadas a pensar sobre o tema, o banditismo vem à cabeça como primeira definição, uma vez que os cangaceiros se organizavam em grupos e desta maneira praticavam uma série de crimes, como roubos e assassinatos espalhando o medo entre os moradores das áreas em que atuavam. Sendo assim, sobre o significado da palvra cangaço “Na etimologia da palavra, cangaceiro se configura em “bandido do sertão nordestino, que anda sempre fortemente armado”, ou seja, um “bandoleiro”. O termo cangaço caracteriza o “gênero de vida dos cangaceiros”, ou seja, destes indivíduos que vivem da prática do crime. Esta denominação o caracteriza como um fenômeno regional, específico dos sertões nordestinos e compõem a percepção do senso comum em relação ao tema.” FREITAS, Ana Paula Saraiva de. A presença feminina no cangaço: práticas e representações (1930-1940). 2005. P 15.
A utilização dos termos cangaço e cangaceiro, para a sociologia, começaram a ser utilizados para definir os homens que andavam armados nas regiões áridas do nordeste do Brasil. Fazia referência os que se apresentavam muito armados “de chapéu de couro, clavinotes, cartucheiras de pele de onça-pintada, longas facas enterçadas batendo nas coxas”, conforme descreveu o escritor Airton de Farias, em seu livro Histórias do Ceará, 2015.
Para alguns autores e pensadores, o cangaço é um movimento que tem um tempo e espaço bem delimitados, pois aconteceu no sertão entre o final do século XIX e 1940, podendo ser dividido entre dois subgrupos. O dos cangaceiros que eram financiados por grandes fazendeiros, que em troca de proteção, cediam a estes homens alimentação e abrigo. Segundo Maria Isaura P de Queiroz, este modelo de grupo esteve presente em todo o país e continua existindo. O segundo grupo era formado por homens armados que não possuíam moradia fixa e praticavam assaltos e violência sob a liderança de um chefe, não tendo subordinação alguma a qualquer líder com maior poder aquisitivo. Estes grupos, inicialmente formados somente por homens, passam a ser integrados de mulheres, com maior força na época do grupo de Lampião, que foi quem deu início a este processo de introdução da figura feminina. Estas mesmas mulheres, sempre ficaram em segundo plano, até mesmo quando falamos historicamente de seu papel dentro do bando e como isso afetou o andamento de um movimento que até então seguia um padrão. Seguindo a história da mulher e como ela aparece em registros, podemos perceber que historicamente, em geral, as classes mais altas ganharam destaque por seus feitos e desta maneira foram associadas à movimentos de reivindicação e lutas por direitos, como educação e cidadania. Já as mulheres de classes mais baixas geralmente são associadas a prostituição e marginalismo, como eram e ainda são identificadas as mulheres do cangaço, desconsiderando todo funcionamento do ingresso no grupo, uma vez que nem todas as mulheres pertencentes ao cangaço eram de uma classe mais pobre, e sim, vinham de famílias com condições financeiras favoráveis. A introdução, seja ela voluntária ou involuntária da mulher aos grupos, aconteceu por volta dos anos 30 e 40 e teve várias representações e transformações durante este período, e de início mostrava uma divisão de papeis entre homem e mulher muito explícito e rigoroso, onde a mulher tinha uma clara subordinação ao homem. Ao mesmo tempo que acontece esse estado de subordinação, a chegada da mulher ao cangaço mostra uma ligação com as mudanças sociais e culturais que aconteciam no país na mesma época. De uma maneira mais geral, essa foi uma década em que as mulheres lutaram por seus direitos, surgindo os movimentos feministas liderados por mulheres de famílias da elite brasileira, causando uma nova relação p com os significados de homem e mulher e seus direitos civis. Utilizando-se desta vertente do social e fazendo uma leitura do comportamento feminino da sociedade da época, podemos notar algumas diferenças para com as mulheres do cangaço. Enquanto a sociedade de elite do sertão contava com uma hierarquia muito definida entre o papel masculino e feminino, onde o homem fazia aparições públicas e tinha o dever de sustentar a casa, no cangaço, as mulheres apesar de ter a subordinação ao sexo masculino, contavam com outro tipo de organização, também pelo fator nômade, uma vez que foi descontruída a ideia de que a mulher deveria exercer um papel apenas de dona de casa, mãe e uma pessoa que fazia os afazeres domésticos.
A partir desse conhecimento, é possível entender qual era o papel desta mulher dentro do bando do cangaço e sua regularidade das tarefas que exercia, inclusive no manuseio de armas de fogo, assim como é possível entender de que maneira elas não fogem do universo feminino, mesmo estando a margem da sociedade, identificando algumas práticas como a utilização de vestidos diferentes para situações como festas, comemorações e dia a dia, o uso de acessórios, joias e a preocupação com o embelezamento em geral. Fazendo, desta maneira, uma análise sobre como este homem e esta mulher eram representados e vistos nas décadas de 30 e 40, sobre o aspecto da literatura de cordel, meio de comunicação muito popular utilizado para difundir assuntos sertanejos na época, estes contavam a história de Maria Bonita e Lampião, as principais figuras do cangaço, alguns colocando Maria Bonita como heroína valente e destemida, outros como uma mulher apaixonada e frágil, dando ideia da visão que o povo tinha sobre o cangaço. As representações através de imagem, mostram a mulher com uma indumentária que era adaptada ao seu estilo de vida, segundo Freitas,
“A indumentária cangaceira destaca-se pelo uso do couro (inspirada na vestimenta dos vaqueiros e tinha a função de protegê-los contra a vegetação espinhosa), de bordados, de desenhos e de cores fortes, inovações introduzidas por Lampião” (FREITAS, Ana Paula Saraiva de. A presença feminina no cangaço: práticas e representações (1930-1940). 2005. 242 f. p 48) E este estilo era aplicado tanto ao homem quanto a mulher. Ambos usavam adornos, joias, pequenas medalhas e artefatos dourados, fruto dos roubos e assaltos organizados e efetuados pelo bando, assim como os detalhes bordados, que foram incorporados à vestimenta masculina com a chegada desta mulher ao grupo. As poucas imagens fotográficas que existem do cangaço e das mulheres cangaceiras também devem ser analisadas, pois nela existe um claro significado, segundo estudiosos, de como essa mulher gostaria de aparecer e de que maneira sua imagem seria perpetuada. Para Kossoy,
“...as imagens fotográficas podem ser lidas e interpretadas a partir de duas perspectivas de análise: a iconográfica e a iconológica. A primeira consiste na reconstrução do processo que gerou o artefato fotográfico, além de uma leitura minuciosa dos detalhes icônicos que compõem seu conteúdo, e a segunda, no resgate do próprio assunto registrado e na compreensão da representação fotográfica nas entrelinhas. ” (KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo. Ed.Ática, 1989)
Com essas imagens é possível então identificar momentos do grupo, comportamentos e imagens desta mulher. O estilo das fotografias em meio a caatinga, algumas mulheres reproduziam poses de senhoras da elite nordestina, em outras aparecem sozinhas, junto a companheiras de grupo ou ao lado de seus companheiros, os quais nem sempre estavam presentes e algumas delas imitam poses de modelos femininas que apareciam em revistas e ilustrações da época. É importante mais uma vez ressaltar os papeis vividos por cada gênero dentro do cangaço e como a chegada da mulher faz uma quebra nestes paradigmas. No filme Baile Perfumado (1997), uma cena específica mostra claramente essa quebra, onde a chegada de um cinegrafista, para retratar a vida do bando, mostra Lampião sentado na máquina de costura e Maria Bonita em pé ao lado dele, junto com mais pessoas do bando. Mostrar um homem, líder de um bando que é conhecido por praticar atrocidades, sentado à uma máquina de costura e sua companheira ao seu lado, mostra uma quebra nos papeis de gênero, uma vez que a costura era ligada ao feminino e quem se posicionava em pé era o homem, ao lado da mulher. Essa cena mostra não só a desconstrução de gênero, mas também evidenciam que antes da chegada das mulheres ao grupo, eram os próprios homens que faziam se não toda, boa parte das vestimentas e indumentárias que era usada como proteção, contra o clima austero e contra as adversidades da fauna e flora, assim como as próprias atividades exercidas. Foi Lampião, que fez a indumentária cangaceira da maneira que conhecemos atualmente, e a mulher deu a riqueza estética com os bordados, tecidos coloridos, detalhes e aplicações, e essa passa a ser uma atividade feminina depois da entrada ao bando. O tempo todo, a mulher pode aparentar ter uma posição de quadjuvante na história, mas seu papel é muito maior do que esse. Ela é importante na tomada de decisões mesmo quando permanece sem falar nada, quando se coloca como companheira do homem e toma suas decisões como sendo dela. Para a realização deste trabalho, foi muito importante a análise de fotografias, filmes e documentários que retratam a época, assim como as pesquisas bibliográficas. Podemos perceber com este estudo, que a mulher teve uma participação efetiva no movimento do cangaço, mesmo que apenas no final. A maneira de vestir da mulher tanto influenciou os homens do bando, da mesma maneira que ela tomou as vestimentas que estes homens usavam e adaptou aos seus gostos e necessidades. Fica claro que sempre que o movimento do cangaço é discutido, percebe-se a importância que ele teve e como ele se moldou e se fundiu através dos acontecimentos históricos do país na mesma época. Quando falamos em mulheres nesse movimento, ainda existem poucas informações e algumas delas são divergentes e discordantes. Alguns lugares e meios de comunicação colocam estas mulheres a margem do esquecimento ou de rótulos e alguns a retratam como heroínas. É interessante perceber como houve uma troca entre gêneros e sexos, quando se fala em cangaço. Como os comportamentos e a maneira de viver foram adaptadas depois que as mulheres foram incorporadas aos bandos, de como o homem lidou com essas mudanças e de que maneira a própria mulher se adaptou a uma vida que era mutante e inconstante.
Atualmente, podemos perceber que a estética cangaceira está presente em diversos meios, entre eles artes e moda, em pinturas, filmes, e em grandes desfiles dando nome a coleções de famosos estilistas que fazem o mundo da moda. Ronaldo Fraga, conhecido estilista mineiro, utiliza com frequência dos regionalismos e se apodera da estética do cangaço e do sertão para recriar suas coleções, roupas, sapatos e bolsas. Expedito Soleiro, filho do cangaço, coloca em prática a arte do trabalho com o couro em roupas e acessórios, técnicas que aprendeu com o pai, que prestava serviços ao grupo fazendo os mesmos ornamentos. Desta maneira, este trabalho se propõem a enriquecer ainda mais este tema, dando voz as mulheres, figuras muito importantes para o movimento, mostrando de que maneira elas foram essenciais para a formação de um novo olhar para um antigo movimento.
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Bibliografia
A Morte Comanda o Cangaço , Walter Guimarães Motta 1961 , Inglês título: “Deus Branco, Black Devil” Glauber Rocha 1963 O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro , de Glauber Rocha 1968 O’ Cangaceiro (no Brasil, Rebelião dos Brutos), Itália-Espanha, filme inspirado no cinema de faroeste italiano (western spaghetti), 1970[12]
DOS SANTOS, Dalila Carla; RUBIM, Lindinalva Silva Oliveira. Vivendo no Baile Perfumado - as relações de gênero presentes no filme Baile Perfumado (1997). Revista ComSertões, [S.l.], v. 1, n. 2, set. 2014. Disponível em: <https://www.revistas.uneb.br/index.php/comsertoes/article/view/732>. Acesso em: 02 maio 2018. MENEGUCCI, Franciele; DOS SANTOS, Joice Vieira. A valorização cultural por meio do design: um estudo sobre a aplicação de signos e símbolos do cangaço em produtos de moda brasileiros. Contexmod. , [S.l.], v. 1, n. 2, set. 2014. Disponível em: http://www.contexmod.net.br/index. php/segundo/article/view/171 FREITAS, Ana Paula Saraiva de. A presença feminina no cangaço: práticas e representações (1930-1940). 2005. 242 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Assis, 2005. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/93408>. ARAÚJO, A. A.C. de. Lampião as Mulheres e o Cangaço. São Paulo:Traço, 1985 Documentários: O cangaceiro, roupas e apetrechos e A estética do Cangaço, produzidos pelo historiador Frederico Pernambucano de Mello através da Fundação Joaquim Nabuco. O Cabeleira, de Franklin Távora Jurisdição dos Capitães – A História de Januário Garcia Leal e Seu Bando - Editora Del Rey, Belo Horizonte, 2001, Marcos Paulo de Souza Miranda. Lampião e Maria bonita de Liliana Iacocca, Editora Ática Flor de Romances Trágicos, de Luís da Câmara Cascudo, Editora Cátedra. Lampião: herói ou bandido, de Antonio Amaury Correa de Araújo e Carlos Elydio Correa. São Paulo: Editora Claridade, 2009. Feminino Cangaço, Manoel Leto e Lucas Viana, 2013 O Cangaceiro , de Lima Barreto 1953 (trilha sonora original por Riz Ortolani )
Baile Perfumado , Paulo Caldas e Lírio Ferreira 1997