EZZA - Lívia Aparecida Costa

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Instituto de Comunicação e Artes

BUARQUEANAS: AS MULHERES SEGUNDO AS CANÇOES DE CHICO BUARQUE, MULHERES DE CHICO Lívia Aparecida da Cruz Costa

Portfólio de conclusão de curso Apresentado â disciplina de Portfólio como requisito para para obtenção de grau dem bacharel em moda Professor: Aldo Clécius Área: Criação: Coleção feminina e masculina

Belo Horizonte 2015


DEDICATÓRIA

Agradeço de todo coração a Deus por colocar obstáculos superáveis e pessoas boas durante a superação de cada um deles. Dedico este trabalho e todo meu esforço a minha mãe Élina e meu pai Olímpio, que sempre presentes e positivos tornaram esta conquista possível. A toda minha família, em especial a minha avó Gredes, minha grande paixão, a quem agradeço pelo carinho e cada oração, minha tia Nina por todo esforço e colaboração, aos meus tios Liliane e Anderson por estarem sempre presentes e me fazerem sempre me sentir acolhida. Agradeço também ao meu namorado Lucas pela companheirismo, paciência e incentivo. Ao meu irmão Alex por apagar meus trabalhos exigindo de mim fazê-los novamente e melhor. Ao quarteto, Ana Carolina, Sayuri e as amigas do lar doce lar agradeço a amizade e as boas gargalhadas. Vocês são sem duvida alguma a soma da minha conquista. Obrigada!

A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem. Lennon, John


AGRADECIMENTOS

RESUMO

Este trabalho aborda e explora a personalidade da mulher Buarqueana, personagem presente na música do Cantor Chico Buarque de Holanda, mostrando a forte presença feminina nas composições do cantor e o fato deste ser reconhecido com um dos artistas que melhores expressam a essência do gênero em questão. As conclusões expostas foram concluidas por meio de pesquisas teóricas, audiovisuais e pesquisa de campo com ouvintes e não ouvintes das músicas do cantor. A fim de captar a essência da lírica do cantor e produzir a partir disto uma coleção do vestuário exaltando as relações afetivas eo comportamento das buarqueanas. Palavras Chave: Buarqueanas, Lirismo Feminino, Personalidade Por todo carinho e paciência agradeço novamente aos meus pais Élina e Olímpio, ao meu namorado aos amigos e a família. Aos professores pelos ensinamentos e em especial ao professor Francisco pela dedicação e confiança em meu trabalho.

This paper discusses and explores the personality of Buarqueana woman character This music singer Chico Buarque de Holanda , showing the strong female presence in the singer’s compositions and the fact that this is recognized as one of the artists who best express the essence of the genre in question . The above findings were completed through theoretical research, audiovisual and field research with listeners and not hearers of the singer’s songs. In order to capture the essence of the singer’s lyrical and produce from it a clothing collection extolling the emotional relationships and behavior of buarqueanas . Keywords : Buarqueanas , Lyricism Female, Personality


SUMÁRIO

09- Curriculum Lívia Costa 10- Curriculum Lívia Costa 11- Briefing de Negócios 12- Descrição e estilo, Elementos de estilo, Nicho, Estilo de Criação, Segmento e Gênero. 13- Concorrentes, Osklen 14- Canais de distribuição, Margem de preço e Diferencial do Produto 15- Painel de Identidade da Marca 16- Público Alvo 17- Descrição do Público Alvo 18- Painel de Público Alvo 19- Identidade da Marca 20- Logomarca e Nome 21- Cor e Monocromia 22- Fonte e Tipografia 23- Escala de Cores, Área de Proteção e Redução Mínima 24- Malha de Proteção e Usos indevidos 25- Tags 26- Cartão de Visitas, Envelope e Papel Carta 27- Embalagens 28- Brindes 29- Briefing da Coleção

30/43- Artigo: Buarqueanas: As mulheres segundo as Canções de Chico Buarque, Mulheres de Chico. 44/45- Considerações finais 46/47- Processo Criativo 48/49-Painel de Inspiração 50- Macrotendências 51-Painel de Macrotendências 52- Tendências da Estação 53-Painel de Tendências 54-Cores 55-Cartela de Cores 56- Tecidos 57- Cartela de Tecidos 58- Matérias 59- Cartela de Matérias 60- Remodelagem 61- Cartela de Remodelagem 62-Beneficiamento 63-Cartela de Beneficiamento 64- Aviamentos 65- Cartela de Aviamentos 66/67-Famílias 68/69- Mulheres de Atenas 70/71- Mulheres Órficas 72/73- Mulher Dionisíaca 74- Mapa de coleção 75-Silhuetas

CURRICULUM

76- Processo de desenvolvimento criativo e apresentação final. 77/87- Mulheres de Atenas/croquis 88/108- Mulheres Órficas/ Croquis 109/124- Mulheres Dionisíacas/ Croquis 125/132- Fichas Técnicas 133- Painel de Segmentação 134/135- Painel Artístico 136- Referências 137- Anexos, croquis execultados. 138/139- Fotos

LÍVIA APARECIDA DA CRUZ COSTA liviadacruzcosta@yahoo.com.br Rua Lavras, 497 / apto 21 –Belo Horizonte – MG Telefone: (31) 882448622/ (31) 98531039 Idade: 21 Estado Civil: Solteira RESUMO Em especial, a compreensão e a criatividade são à base do meu perfil profissional. Comunicação clara e objetiva que me permite lidar adequadamente com trabalhos em equipe e ter a percepção para conquistar a satisfação do público alvo. Criação de peças e customizações exclusivas e desenhos técnicos e/ou artísticos são áreas em que atuo com maior visibilidade. Atualmente cursando o último período curso de graduação em Moda pelo Centro Universitário UNA, e simultaneamente desde setembro de 2014 atuo no design e estilo da empresa CALF executando e acompanhando desde a pesquisa de tendências até a finalização e produção das peças produzidas. EXPERIÊNCIA Assistente de estilo na CALF : Desenvolvimento de layouts e peças gráficas, Newsletter, emails mkt, catálogos, banners, organização do book técnico e fichas. Preenchimento de fichas técnicas, acompanhamento de provas de roupas,atendimento de fornecedores de tecidos e escolha e compra dos materiais para a produção (aviamentos), desenvolvimento de croquis e customizações, acompanhamento do processo de estamparia e participação atuante em desfiles e catálogos. Elaboração e apresentação do Workshop de tendências de mercado por temporada- Apresentando e explicando o tema e produtos da coleção para a equipe de vendas. Vendedora, Elisa Atheniense março de 2014 - junho de 2014 (4 meses): Vendedora durante os showroons temporários da marca.


Vendedora, GIG Brasil abril de 2014 - abril de 2014 (1 mês): Vendedora no stand da marca durante toda a realização do Minas trend Prevew. Assistente de estilo,Grupo Bandeirantes de Comunicação setembro de 2013 - setembro de 2013 (1 mês): Assistente de estilo da Miss Paraná durante o evento, Miss Brasil 2013. Estagiária, UNA Dm Jovem abril de 2013 - abril de 2013 (1 mês) : UNA DM jovem/ DM produções, projeto Axé Brasil 2013 - Criação e confecção de acessórios e customização de abadás durante o evento. Reconhecimentos e prêmios Exposição coletiva “Diálogos transversais”, no Museu da Cemig 2013 junho de 2013 Exposição Coletiva “Sincretismo Urbano”, Ponteio lar Shopping- 2014 junho de 2014

Inglês (Nível intermediário) Português (Fluente ou nativo)

IDIOMAS:

COMPETÊNCIAS E ESPECIALIDADES: Adobe Photoshop Corel Draw Estilismo de moda InDesign Modelagem Vestuário Mídias sociais Desenho Moda Planejamento estratégico Direção criativa Negociação Análise de tendências FORMAÇÃO ACADÊMICA : Centro Universitário UNA Bachelor of Arts (BA), Moda, 2012 - 2015 Atividades e grupos: Desenvolvimento de coleções de acessórios, peças do vestuário, elaboração de projetos gráficos e eventos, desenvolvimento de artigos e produções de moda. Senac BH Assistente de Projeto visual gráfico, Design Gráfico, 2014 - Atividades e grupos: Elaboração de Projetos gráficos, sendo estes, tratamento e modificação de imagens, elaboração de revistas e jornais. Bellomo: Curso profissionalizante em Gestão Administrativa, industrial e ambiental, 2009 - 2010.

BRIEFING DE NEGÓCIOS (DNA DA MARCA)

Personal Stylist , Sandra Boechat janeiro de 2014 - junho de 2014 (6 meses): Venda e elaboração de looks para clientes específicas ( atuando como personal stylist), controle de entrada e saída de Mercadorias e assistência administrativa.


DESCRIÇÃO DA MARCA A marca é a identidade da mulher e do homem contemporâneos e retrô numa mesma pegada. Ousados, sofisticados e autênticos. Valoriza a cultura brasileira em suas temáticas, assim como a visão integrada da natureza e da sociedade que é apaixonada pela vida. E uma marca fruto do conceito de slowfashion, básica, é uma mescla irreverente do suave, desleixado e do detalhista.

ESTILO DOMINANTE: Casual SECUNDÁRIO: Criativo

CONCORRENTES OSKLEN

(DIRETO)

A marca OSKLEN se inspira no dinamismo da metrópole e na exuberância da natureza brasileira, dando vida a um estilo baseado na harmonização dos contrastes, unindo sofisticação e despojamento. A marca representa o estilo de vida da mulher e do homem contemporâneos, em um mundo onde convivem o urbano e a natureza, o global e o local, o orgânico e o tecnológico. Por tudo isso, a OSKLEN é apontada nos dias de hoje como a primeira marca brasileira de luxo global.

ELEMENTOS DE ESTILO ATRIBUTOS ESPIRITUAIS: inovação, ecologia, Brasilidade, autenticidade e cultura. ATRIBUTOS FÍSICOS: Design, exclusividade, sustentabilidade.

NICHO Demi- Cuture e Prêt-à-porter de difusão

ESTILO DE CRIAÇÃO Etno Socio

SEGMENTO E GÊNERO Casual e Chic Feminino e Masculino

CYCLE_LAND (INDIRETO) EXPERIMENTALISMO E ESPONTANEIDADE A Cycle, formada pela designer de moda Naly Cabral e o designer gráfico Rafael Afonso, nasceu como uma reflexão sobre o lifestyle urbano e a mobilidade. É uma marca jovem que promove a interação entre o estilo de vida contemporâneo e a expressão individual. Endossamos o uso da bicicleta no cotidiano por que acreditamos que ela materializa conceitos fundamentais como a independência, a consciência ecológica e o bem estar. Toda coleção é limitada a poucas unidades, isso permite que o processo de criação e execução seja acompanhado de maneira muito próxima e resulte em peças de design autêntico

RICHARDS

(INDIRETO)

Para a RICHARDS a preocupação não é ser moda. A marca está solidamente estabelecida como estilo. Já existe hoje este estilo RICHARDS, com tudo o que a palavra simboliza. Atualmente, os produtos da marca RICHARDS são todos feitos com tecidos naturais, RICHARDS é não estar sujeito a tendências. Significa saber, estar à vontade, confortável, cômodo, bem vestido.


CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Loja física conceito na avenida Nossa senhora de Copacabana, bairro copacabana, RJ/ Brasil Showroom em São Paulo e Rio de janeiro, onde são disponibiladas as novas coleções para os lojistas franqueados. Loja online, www..ezzabrasil.com.br, e containner intinerante (mini coleções e ponta de estoque) .

MARGEM DE PREÇO MAIOR: R$1700.000,00 - Vestido longo com detalhes em couro de pirarucu e bordado rechilie Menor: R$59,90 T-shirts 100% algodão

DIFERENCIAIS DO PRODUTO

O design, que mescla o minimalista e o cuidado com os pequenos detalhes, exclusividade e conforto são os diferencias do produto oferecido pela marca. Além do desenvolvimento de forma sustentável.

PAINEL DE IDENTIDADE DA MARCA


DESCRIÇÃO DO PÚBLICO ALVO

PÚBLICO ALVO

O cliente EZZA tem de 25 a 35 anos. Pertencente a classe média ganha de 3 a 10 salários mínimos e residem em sua maioria na região sudeste do país. Gostam de arte, frequentando sempre museus e exposições e tem um estilo forte marcado pela mescla inusitada do minimalismo e dos pequenos detalhes. São também independentes e priorizam o conforto e o design. Encontram na marca uma identidade visual e reconhece nela seu lifestyle sendo assim um cliente fiel. Tem uma brasilidade aflorada e gosta de tudo que esteja ligado a cultura de seu país. Curte MPB, Bossa nova, Pop rock... Sendo musicalmente eclético e está sempre interessado nos assuntos e discussões políticas e de ordem social, sobressaindo-se nas discussões por ser adepto também a leitura de livros (assuntos culturais, políticos e ou fantasiosos),e jornais (o globo, meia hora...), são também adeptas as facilidades que a tecnologia tem a oferecer. Frequenta desde requintados restaurantes da zona sul até os botecos do subúrbio, e vê na simplicidade muitas vezes uma forma mais leve e atrativa de “levar a vida”. Gostam de praticar exercícios e cuidam do físico , do mental e do espiritual com uma mesma impotância. É uma pessoa que se preocupa com o meio ambiente e mantém hábitos de consumo consciente procurando passar para a sociedade sua verdadeira imagem sempre. Gosta de viajar, conhecer pessoas e o exótico que cada cultura tem a oferecer, está muitas vezes voltado para profissões que exijam de sua criatividade, como designer gráfico, jornalista, artista plástico, publicitário e etc. Sente-se bem em participar de ações sociais e tem como ídolo pessoas com histórias de superação, como Bill Gates. Não abrem mão de estar com a família sempre que possível e buscam diariamente não se deixar viver de forma rotineira.


PAINEL DE PÚBLICO ALVO

IDENTIDADE DA MARCA


LOGOMARCA

COR

Com uma dissonãncia e imagem de fácil leitura, o nome pode ser pronunciado facilmente. Teoria das cores: • Preto: é a ausência de cor pode determinar tudo o que está escondido, velado e pode expressar separação, tristeza, morte, noite. Também possui sensações positivas como seriedade, nobreza e pesar. Cromoterapia: O preto é a ausência da forma. Representa a decomposição simbólica do barro (solo fértil) e a imensidão do útero universal. É condutor e portador da luz, guardando-a. É o mistério da vida. É a estrutura cósmica sem delimitação. Representa o caos com ordem. É o princípio elétrico, ausência de forma, é o aquecedor da vida, morte e o renascimento espiritual. É o vácuo, mas também a matriz aonde vai se formar a luz

O NOME

“O nome criado remete a ideia de conscîência da marca. EZZA é por sua vez uma derivação da palavra natureza, de onde retirei as três últimas letras e acrescentei um z a mais por motivo estético”

MONOCROMIA


FONTE

ESCALA DE CORES

A fonte escolhida possui forma limpa e esguia, transmitindo por sua vez a ideia de simplicidade e formas limpas traduzidas pela marca.

TIPOGRAFIA

C:100 K:100 R:0

M:100 G:0

Y:100 B:0

ÁREA DE PROTEÇÃO E REDUÇÃO MÍNIMA

Fonte minimal nature

1,5 cm

BCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789

A área de proteção se constitui na utilização da letra O em maiúscula, tipografia arial tamanho 26.

Apenas aceita redução unificada, sendo que a lateral da marca possua no limite máximo de redução 1,5 cm.

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MALHA DE AMPLIAÇÃO

TAGS

Tag 1 - tag criado para a coleção Buarqueanas

USOS INDEVIDOS 1

4

2

5 Tag 2 - Tag padrão da marca

3

1 - não reduzir horizontalmente 2 - não alongar desproporcionalmente 3- não distorcer de forma ondulada

COMP: papel branco 250g, detalhe em craft. DIMENSÕES: 60 mm x 40 mm.

6

4 - náo alongar desproporcionalmente 5- não alongar verticalmente 6- não inverter horizontalmente


CARTÃO DE VISITA

EMBALAGENS

COMP: Cartão horizontal papel craft 250g. DIMENSÕES: 80mm x 40mm

ENVELOPE E PAPEL CARTA

COMP: Envelope em papel craft 250g Papel carta folha A4 tamanho universal. DIMENSÕES.: 29cm x 22

COMP: Sacolas em papel craft 90g DIMENSÕES: Sacola com alça: 297mm x 420mm x 160mm Sacola sem alça: 210mm x 297mm x 110mm Caixa: 30cm x 20cm


BRINDES

CD MP3 contendo composições do cantor Chico Buarque; 13cm x 13cm Sacola de tecido, americano cru, 30cm x 40cm

BRIEFING DE COLEÇÃO


ARTIGO

BUARQUEANAS: As mulheres segundo as canções de Chico Buarque, Mulheres de Chico. Lívia Aparecida da Cruz Costa1

RESUMO Este trabalho apresenta a mulher Buarqueana, figura presente na poesia de Chico Buarque de Holanda, como representação da feminilidade e poesia, ambas carregadas de subjetividade e rupturas do tradicional discurso social sobre o gênero feminino. O artigo tem como objeto de estudo as canções do compositor que utilizam a mulher de duas formas diferentes, uma por meio de um eu lírico feminino que conduz a obra, e outra através do feminino como objeto que é conduzido e delatado por um eu lírico masculino a fim de traduzir a realidade estética e cultural da mulher Buarqueana. . Palavras-chaves: feminino, eu lírico, Buarqueana.

INTRODUÇÃO “BUARQUEANAS As mulheres segundo as canções de Chico Buarque: Mulheres de Chico”

Esta pesquisa tem como problemática a seguinte questão: Chico Buarque através de suas composições conseguiu definir com veemência a mulher Buarqueana e sua personalidade? Como hipótese se sugere a perspectiva feminina do cantor em ver e analisar as situações. E o objetivo principal deste estudo é fazer a ponte entre os protótipos de feminilidade Buarqueanos e os protótipos da figura feminina em uma coleçao de moda . Pretende-se ainda caracterizar o contexto, social e cultural dessas mulheres personagens descritas na poesia, sob uma análise semiótica, sendo que o ponto norteador deste trabalho é o estudo das canções, como uma forma de explorar e entender o sentido do “feminino embutido em Chico”. Para a realização deste artigo foram utilizadas como metodologia pesquisas bibliográficas sobre a poesia de Chico Buarque, sua expressão política e a feminilidade. Além disso, foram explorados arquivos audiovisuais sobre as obras do autor e também foram feitas pesquisas de campo com homens e mulheres a fim de melhor entender a forma como a lírica do cantor é compreendida pela sociedade atual. No primeiro capítulo será abordado brevemente a bibliografia do artista e o início

de sua trajetória musical. A segunda parte é destinada ao estudo do lirismo feminino das composições do artista e à explicação da ordem de estudo feita sobre as “Buarqueanas”, sendo dividida em três partes: Mulheres Órficas, Dionisíacas e de Atenas. 1 * Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação pra obtenção do título de bacharel no curso de Moda, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA.

Graduando em Moda (curso), no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: liviadacruzcosta@yahoo.com.br


Na terceira e última parte o intuito é averiguar se o conteúdo de suas obras, já apresentadas e analisadas, se relacionam de fato com comportamento feminino. Assim, se espera o melhor entendimento da estética e vida dessa mulher “Buarquena” em questão, e dessa visão feminina do trabalho de Chico Buarque de Holanda.

1.CHICO BUARQUE, BIOGRAFIA E TRAJETÓRIA MUSICAL. Como afirma FERNANDES (2004) em seu livro Chico Buarque do Brasil, o cantor, Francisco Buarque de Holanda, nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1944, é filho de Sérgio Buarque de Holanda, historiador e sociólogo, e de Maria Amélia Cesário Alvim. Mudou-se para São Paulo aos dois anos e desde cedo conviveu com diversos artistas, amigos de seus pais e da irmã Heloísa, entre os quais, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Baden Powell,

Tom Jobim, Alaíde Costa e Oscar Castro Neves. Posteriormente, teve o restante de sua infância decorrida em Roma, na Itália onde o pai foi lecionar. 2 Dois anos depois já de volta ao Brasil, estudou no Colégio Santa Cruz, novamente em São Paulo, onde destacava-se entre os colegas pelo amor ao futebol, pelas crônicas, chamadas de “Verbâmidas”, que escrevia para o jornalzinho da escola, e pela participação constante nas batucadas que ocorriam no ambiente escolar. Nessa época, escreveu suas primeiras composições, “Canção dos olhos” e “Anjinho”.3 Ainda no Colégio Santa Cruz, pisou num palco pela primeira vez, num espetáculo no qual cantou a “Marcha para um dia de sol”, de sua autoria4. Já ingressado na vida universitária em 1963, ainda sem decidir pela música, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FAU, Chico, em meio à emergência dos movimentos populares, aflora diante da vida universitária sua euforia protestante. Como afirma o próprio: “Quando entrei na Faculdade de Arquitetura, São Paulo novamente se transfigurou aos meus olhos. As universidades, a Rua Maria Antônia, os sonhos políticos, as frustrações, a profissão, o tijolo, o pedreiro, o engenheiro. São Paulo vista de dentro. As longas noites paulistas e o violão entrando em cena. E foi aí que eu encontrei a fonte do meu samba urbano, cheirando a chaminé e a asfalto. É, portanto, sem receio que confesso que Pedro Pedreiro espera o trem num subúrbio paulista, Juca é cidadão relapso do Brás, Carolina é a senhorita da janela da Bela Vista e a banda passou, por incrível que pareça, no Viaduto do chá, em clara direção ao coração de São Paulo.” (BUARQUE, entrevista O Globo,1979) 5

2 Texto extraído do site dicionariodaMPB.com.br; acessado em 13/09/2014 3 Idem, item ¹ 4 Idem item ¹ 5 C.f Discurso proferido por Chico Buarque, na Câmara Municipal de São Paulo, quando lhe foi conferido o título de Cidadão Paulistano, em 1967. (Jornal da Tarde, 29/12/67)

Como afirma Menezes (1982), a faculdade servia, muitas vezes, como catalisador para muitos desses projetos de participação social que integravam estudo-arte-povo. Sua ação formadora se desenvolvia tanto nas aulas quanto nas conversas dos corredores, e também nos barzinhos, botecos e, sobretudo nos grêmios. Porém, no terceiro ano de curso, Chico Buarque abandonou a faculdade como também afirma o próprio: “Dentro da Faculdade a coisa se sentia muito forte em 64, tanto que de certa forma eu larguei os estudos. O desinteresse pela política e pela arquitetura vem daí; a Faculdade ficou uma chatice. Evidentemente eu não era nenhum aluno destacado, mas me interessava pela vida universitária: e isso incluía a música e a política dentro da Universidade” 6 Ainda segundo FERNANDES (2004), com sua música ‘A Banda”, vencedora do II Festival de Música Popular Brasileira, proporcionado pela TV Record, Chico passa a ter reconhecimento musical. Assim, com 23 anos, ele conquistava o título de cidadão honorário de São Paulo e conquistou também o terceiro lugar do III Festival de Música Popular Brasileira, em1967. O cenário cultural se baseava no regime a mãos de ferro da ditadura, e Chico, por sua

vez, declamava uma alegria contagiante. Dessa forma, foi classificado como “Alienado”, e sua música ‘Bom tempo’, vencedora do I Lugar da Bienal do Samba da TV Record (1968), começou a ser vaiada por transparecer o oposto do que era vivenciado na história do país naquele momento. (FERNANDES,2004) Foi quando, então, o músico promoveu seu autoexílio na capital italiana, Roma. Lançou dois discos que não fizeram sucesso e, em 1970, musicalmente amadurecido, voltou ao país e lançou seu quarto LP7. Deixou de lado sua lírica descompromissada e ingênua e passou a transmitir um protesto político claro e duro contra o regime militar ao qual o Brasil estava submetido. Como ele mesmo afirma: “Eu vim realmente começar a entender o que estava acontecendo quando cheguei de volta em 1970. Era uma barra muito pesada, vésperas de Copa do Mundo. Foi um susto que eu não imaginava. Em um ano e meio de distância dava para notar. Aqueles carros entulhados com os ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’ ou ainda ‘ame-o ou morra’ nos vidros de trás. Mas não tinha outra. Eu sabia que era o novo quadro, independentemente de choques ou não. ‘Muito bem, é aqui que eu vou vier’. Que realmente eu já estava de volta. Então fiz o “Apesar de você.” 8 A música ‘Apesar de você’ registra a nova fase de inconformismo do autor: “Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar

6 Grifos feitos por MENEZES, Adélia Bezerra em Desenho mágico, poesia e política em Chico Buarque, 1982 pg.22 7 Texto extraído do site chicobuarque.com.br; acessado em 20/09/2014 8 O Globo, 15/07/79 Apud MENEZES, Adélia Bezerra de. Desenho mágico poesia e política em Chico Buarque. São Paulo: Hucitec, p. 36 1982


Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando Sem parar”

Muitas de suas obras então começaram a serem barradas pela censura. Como afirma FERNANDES (2004), “Chico passa a ser um dos artistas mais perseguidos pela censura. Na primeira metade da década de 70, é várias vezes intimado a comparecer ao exército e à Polícia Federal.” Ainda segundo FERNANDES (2004), para burlar a repressão, o compositor criou o codinome Julinho de Adelaide e nesse momento já se tornou reconhecido como uma espécie de símbolo de resistência à ditadura. Assim, chamado de alienado e logo após denominado como ‘a voz dos exilados brasileiros’, o compositor é, além de como veremos posteriormente, uma referência em citações que representam a aura feminina, também uma referência na música popular brasileira e na história da luta contra a ditadura no Brasil.

2. LIRISMO FEMININO, A SEMIÓTICA DAS MULHERES EM CHICO. A metodologia da Semiótica utiliza a linguagem como objeto de análise, e este estudo, através de tal metodologia, utiliza a linguagem artística para a caracterização e construção do sentido da Mulher Buarqueana. Sobre isto: Na contramão dos métodos que escravizam, há métodos que libertam [...] Uma das características mais marcantes do método semiótico é o respeito e a inclusão produtiva de sistemas de organização e sistematização do conhecimento em formatos por vezes imprevistos porque multiplanares e multidirecionais. O resultado costuma ser uma ampliação das possibilidades explanatórias do objeto. (IASBECK, 2005, p. 193).

Ainda: [...]Como analisar significa dividir, a análise do discurso é, na verdade, a desconstrução do texto em discurso, ou seja, em vozes. A técnica consiste em desmontar para perceber como foi montado”. (MANHÃES, 2005, p. 305)

A mulher, como comportamento e personalidade, sempre foi um “objeto” de mistério e curiosidade. E Chico Buarque sempre foi reconhecido por captar e expressar tão sensivelmente a figura feminina, seu jeito e toda a profundidade de sentimentos que a envolve. Através de seu trabalho ele define a mulher de diversas formas e em contextos diferentes, deixando sempre claro essa possibilidade de personalidade variável e sua admiração pelo gênero em questão. Sobre isto: Eu estava dizendo que ele sabe “o que quer a mulher” porque reconhece seus desejos e isto porque é capaz da experiência do encontro da sua própria contraparte feminina, como se soubesse que ser homem e ser mulher são possibilidades imanentes de um todo ao mesmo tempo masculino e feminino. Busca novos nexos, fluxos, figuras melódicas presentes na fluidez de uma outra ordem, na lógica dos sentimentos. Vai atrás de possibilidades ainda não exploradas, com a virilidade ativa de um homem, mas com a doçura sentimental e receptiva da mulher. (LABRIOLLA, Isabel Ferreira da Rosa, XIV Moitará – SBPA, novembro de 2000)

Como afirma BEZERRA (2000), a poesia de Chico se mostra ao espectador como uma

ruptura do discurso tradicional sobre a mulher. E é também em sua maioria um protesto subjetivamente sociológico, com uma brasilidade aflorada. Definindo não somente a personalidade, como os desejos, misticismos e marginalidade da mulher, muitas vezes expressada por um eu lírico masculino mostrando que esta se desvenda também na relação afetiva. As décadas de 60 e 70, destacam-se pela fundamentação ideológica e social brasileira. A música neste mesmo período, pela voz de Chico Buarque foi mais um dos movimentos de afronte à ditadura e uma exaltação dos marginalizados: “É inegável que a canção de Chico privilegia a fala da mulher, assim como na galeria das suas personagens sobressai o marginal como protagonista” (BEZERRA, Adélia de Menezes,2000 pág. 41)

Por isso o estudo de seu trabalho é de extrema influência na formação da notoriedade da mulher brasileira, que se encaixa no termo marginalizado diante sua limitação social imposta pela sociedade. O seu discurso dá voz àqueles que em geral não têm voz. Assim, encontramos o tema das mulheres vinculado ao tema da marginalidade social. Ainda segundo BEZERRA (2000), sua produção oferece: de um lado uma visão muito masculina do feminino, numa lírica entranhadamente corporal9, e por outro lado inúmeras vezes apresenta um eu lírico espantosamente feminino. Desta forma reitero as palavras de LABRIOLLA (2000) que diz: “É da preciosidade dos encontros e desencontros homem-mulher, presentes na obra musical de Chico Buarque de Holanda, que pretende-se ocupar a minha fala. Mais precisamente, dos deslocamentos possíveis do feminino e do masculino presentes em nossa cultura, e na obra de Chico 9 Dentro da fêmea Deus pôs/ Lagos e grutas, canais, Carnes e curvas e cós/ Seduções e pecados infernais/ Em nome dela, depois/ Criou perfumes, cristais/ O campo de girassóis/ E as noites de paz (Tororó, 1988)


Buarque, que resultam em formas variadas e determinadas do vir a ser “mulher”. Então, e já esclarecendo o título, pretendo localizar sim as mulheres na obra do Chico mas quero também ousar afirmar que ele constrói as possibilidades de emergência de um certo tipo de mulher, que eu chamaria de “as mulheres do Chico”.

mulher “serva da espécie”. O que é perceptível nas estrofes da canção: “Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas Quando eles embarcam, soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos Querem arrancar violentos Carícias plenas Obscenas”

3. AS MULHERES DO CHICO, DE ATENAS, ÓRFICAS E DIONISÍACAS Atenho-me aqui ao estudo das personagens femininas do poeta/cantor, de forma a esclarecer quais são e quem são os “objetos” de estudo deste artigo. A divisão proposta é a mesma definida por LABRIOLLA (2000): “ser uma mulher”, implica em localizar, dentro de um discurso masculino que constrói a feminilidade, alternativas para “que mulher se pode ser”. Numa posição passiva do feminino, as opções oferecidas em geral situam-se entre “mãe” (ou “santa”) e “histérica” (ou “puta”). Em geral caminhamos entre personagens da adolescente ingênua e romântica (Perséfone), da esposa virtuosa (Hera) ou da amante apaixonada (Afrodite). Assim, para melhor desenvolver o trabalho, traço uma linha tênue entre a mulher do Lar (a submissa e oprimida Mulher de Atenas), a mulher Órfica (da vida trágica e das relações afetivas torturantes), e a mulher que se mantém fora dos padrões sociais, festiva e sem pudores, a marginalizada Mulher Dionisíaca.

Tratamos aqui de uma questão de herança de hierarquia de gêneros: o homem com a força e coragem, e a mulher valendo-se apenas do belo. As protagonistas, eu lírico, de Sem açúcar, e de Com Açúcar, com afeto, são também duas das mulheres de Atenas.11

3.1 AS MULHERES DE ATENAS É onde se encaixam as que “não tem gosto ou vontades”: aquelas a quem falta a consciência do próprio desejo. É o tipo que corresponde ao modelo estrutural da sociedade patriarcal, o mais comum, encontradiço a cada esquina. Não age, é apenas objeto das ações masculinas e reativa apenas a essas ações, se encasulando na privação e dependência exclusiva da soberana vontade do macho. Se cala sempre. Visto em (BEZERRA, p. 52,52, 2000).

[...]Na Grécia antiga as mulheres tinham função essencialmente doméstica, por isso, a posição feminina foi deslocada. Se as mulheres não eram reconhecidas politicamente, ao menos no espaço ficcional elas recuperam a paz com suas armas brancas; a força masculina derrotada pela sua virilidade, a perspicácia feminina expressa na habilidade da linguagem e igual domínio no jogo da sedução.10

Sobre tais mulheres, temos a música “Mulheres de Atenas” sobre a qual em uma entrevista cedida para a TV Cultura, Chico Buarque quando questionado sobre o pensamento das feministas da época, disse: “Elas não entenderam muito bem. Eu disse: ‘mirem-se no exemplo daquelas mulheres, que vocês vão ver no que vai dar’. A coisa é exatamente ao contrário.” Estas mulheres, ainda segundo BEZERRA, Adélia de Menezes, vivem para seus maridos, enfeitam-se quando amadas, não choram quando fustigadas, sofrem por seus maridos, esperam-nos em suas aventuras tanto guerreiras quanto eróticas, geram-lhe filhos, e, quando viúvas ou abandonadas, se encolhem, secam; não fazem cena. É a 10 CAETANO, Adriano Luna de Oliveira, ZANDONÁ, Jair. As listradas brasileiras e o período militar: diálogos entre Literatura e História. Seminário Internacional Fazendo Gênero 8: Corpo, Violência e Poder.2008. p2.

[...]

Com açúcar, com afeto Fiz seu doce predileto Pra você parar em casa Qual o quê Com seu terno mais bonito Você sai, não acredito Quando diz que não se atrasa Você diz que é operário Vai em busca do salário Pra poder se sustentar [...] Quando a noite enfim lhe cansa Você vem feito criança Pra chorar o meu perdão Qual o quê Diz pra eu não ficar sentida Diz que vai mudar de vida Pra agradar meu coração

[Com Açúcar, com Afeto, 1996] [...] Dia ímpar tem chocolate Dia par eu vivo de brisa Dia útil ele me bate Dia santo ele me alisa Longe dele eu tremo de amor Na presença dele me calo Eu de dia sou sua flor Eu de noite sou seu cavalo [...]

[Sem açúcar, 1975]

11 BEZERRA, Adélia de Menezes, Figuras do Feminino nas canções de Chico Buarque, 200, p.46 e 51, 52


Visto na canção: “Dia útil ele me bate, Dia santo ele me alisa”. No trecho a cima citado, vemos claramente algo que se relaciona quase que de forma unânime às mulheres de Atenas: a agressão doméstica. Aqui ela não é marcada apenas pela frustrante rotina de sua vida, mas também pela brutalidade da figura masculina presente. Situação esta, que também é vivenciada ainda nos dias atuais, e que é a demonstração legítima do medo e submissão feminina. Sobre isto:

Comecemos pelo amor materno, primário. Aqui através de Angélica, Objeto, Chico traduz o ápice da dor movida pelo afeto, a perda de um filho:

[...] Quem é essa mulher Que canta sempre o mesmo arranjo? Só queria agasalhar meu anjo E deixar seu corpo descansar

De 1980 a 2010, foram assassinadas no país perto de 91 mil mulheres, 43,5 mil só na última década. O número de mortes nesses 30 anos passou de 1.353 para 4.297, o que representa um aumento de 217,6% – mais que triplicando – nos quantitativos de mulheres vítimas de assassinato. De 1996 a 2010 as taxas de assassinatos de mulheres permanecem estabilizadas em torno de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres. Espírito Santo, com sua taxa de 9,4 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa do Piauí, estado que apresenta o menor índice do país. (Mapa da Violência 2012 – Instituto Sangari (abril de 2012))

Temos também neste mesmo contexto a mulher de Quotidiano, objeto do eu lírico masculino, que como apontado por BEZERRA, Adélia de Menezes, tem uma implacável previsibilidade de suas ações, com sua disciplina horária e amorosa, com seus beijos pontuais, “Todo dia ela faz tudo sempre igual”. [...]Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã Me sorri um sorriso pontual E Me beija com a boca de hortelã [...]

[ Quotidiano, 1971]

Uma mulher formulada pela posição de gênero imposta pela sociedade, e ensinada na instituição familiar, religiosa e política. O dia da mulher aqui consiste exclusivamente em pensar no marido. Com a comparação das canções relacionadas acima, percebemos a essência das mulheres de Atenas, que cuidam do lar e são submissas, sempre vinculadas ao meio familiar, sobrepondo as necessidades masculinas e do lar acima da sua.

3.2 AS MULHERES ÓRFICAS Vinculadas à tragicidade, e ainda com um “quê” de mulher de Atenas, a mulher órfica é a personificação do essencial ao universo da mulher Buárquica, vividas quase que de dependência amorosa. O foco torna-se os afetos e desafetos.

Quem é essa mulher Que canta como dobra o sino? Queria cantar pro meu menino Que ele já não pode mais cantar[...]

[Angélica 1977]

Sobre isto: Essa mãe é Zuzu Angel, que lutou ainda segundo BEZERRA (2000) desesperadamente para deslindar o caso do desaparecimento e morte de seu filho. Angélica: um papellimite feminino. Paradigma da função mulher, de denunciadora da injustiça e da repressão máxima ao instinto de vida, que é a tortura e o assassinato. Articulando a memória do profetismo.12

No mesmo contexto temos a mãe de Meu Guri (1981), que mostra através da simplicidade e ingenuidade a interação mãe-filho. Que como afirma BEZERRA, Adélia de Menezes, na sua ingenuidade tudo ignora, inclusive, e sobretudo, a sua morte de menor infrator, que vira notícia de jornal (“Ele disse que chegava lá”). Partimos então para o outro lado das relações afetivas, voltado aqui para a relação entre os gêneros masculino e feminino de forma a serem vistos e tratados como casal. Inicio analisando uma das personagens do poeta, Beatriz, tratada por um eu-lírico masculino, de música intitulada com o mesmo nome (1982): Olha Será que ela é moça Será que ela é triste Será que é o contrário Será que é pintura O rosto da atriz Se ela dança no sétimo céu

12 Trata-se de profetismo no sentido etimológico ( do grego profemi: femi= falar; pro= em lugar, de diante de). O profeta é aquele que fala em lugar de quem não pode falar, do fraco e indefeso; e que fala diante do poderoso, apontando-lhe os crimes. (BEZERRA, Adélia de Menezes, p56, 2000).


[...] Olha Será que é uma estrela Será que é mentira Será que é comédia Será que é divina A vida da atriz [...]

Evidentemente, nessa canção em que no nível do significante explora-se a palavra atriz, ali embutida, no nível do significado evoca-se (e com que força) a mulher que conduz o poeta ao céu, Beatriz, musa-guia de Dante na Divina Comédia. (BEZERRA, 2000). Porém aqui, como afirma BEZERRA (2000), já podemos visualizar um eu lírico feminino aflorado através da vida dos afetos, vejamos na canção Pedaço de Mim, em que surge com grande intensidade o sentimento feminino de perda, privação e falta: Oh pedaço de mim Oh metade arrancada de mim Leva o vulto teu Que a saudade é o revés de um parto A saudade é arrumar o quarto Do filho que já morreu.

E o que é realmente notável, é que nessa canção- que se desenvolve como um diálogo, entre um homem e uma mulher, num momento de despedida (desafeto) mesmo tendo a fala atribuída ao personagem masculino revelando uma posição feminina (BEZERRA,2000, p. 20):

Oh pedaço de mim Oh metade amputada de mim Leva o que há de ti Que a saudade dói latejada É assim como uma fisgada No membro que já perdi.

Ainda segundo BEZERRA (2000), é no contexto de uma relação afetiva que se flagra o fundamental do feminino, [...] desdobrando-se desde a ingenuidade rendilhada de romantismo juvenil da irremediável lírica Até Pensei à explicites ousada de Meu Amor(1997):

O meu amor Tem um jeito manso que é só seu De me deixar maluca Quando me roça a nuca E quase me machuca com a barba mal feita E de pousar as coxas entre as minhas coxas Quando ele se deita, ai.

Assim como há também o erotismo refinado (e velado) dessa fremente súplica de amor, que é Sobre todas as coisas (1993): Ou será que o Deus Que criou nosso desejo é tão cruel Mostra os vales onde jorra o leite e o mel E esses vales são de Deus. Uma metáfora - “vales onde jorra o leite e o mel” – que, dado o contexto, mais que a um Eldorado, aludem a um geografia corporal, um registro inequivocadamente erótico. (BEZERRA, pág. 25, 2000)

Diante do contexto dos afetos e desafetos como afirma BEZERRA, Adélia de Menezes, Chico Buarque cria uma linha que vai de uma relação feliz (afetos) - vista na canção Mulher, Vou dizer Quanto eu te amo (1968) - à separação mutiladora, flagrada nos “detalhes” de um cotidiano partilhado, signos pungentes de uma vida (perdida) a dois:

Aquela esperança de tudo se ajeitar Pode esquecer Aquela aliança, você pode empenhar Ou derreter, Mas devo dizer que não vou lhe dar O enorme prazer de me ver chorar [...]

[Trocando em Miúdos, 1978]

A mulher aqui tanto consome, quanto é consumida psicologica e fisicamente diante dos amores.

PenseiJunto a mim morava minha amada Com olhos claros como o dia Lá o meu olhar vivia De sonho e fantasia E a dona dos olhos nem via

Meu amor-

3.3 AS MULHERES DIONISÍACAS A mulher fora dos padrões sociais, que vaga entre o trágico e a liberdade condenada.


É vista quando Chico Buarque opera aguçando a sua vertente crítica, uma verdadeira desmitificação da mulher, do amor e da relação entre sexos. (BEZERRA, p. 67, 2000). Pode-se vincular à transgressão, perversão, desvio, vista sob os personagens: a prostituta - livre (mesmo que ilusoriamente) das amarras sociais, as lésbicas e os demais marginalizados. Desta forma, podemos analisar como BEZERRA (2000) expõe a mulher de Se Eu Fosse Teu Patrão que atem-se ao discurso da simulação, da perfídia insidiosa, que sob o beijo destila o veneno, e sob o afago oculta o desprezo. Há também o amor entre duas mulheres, nas canções Bárbara e também em Mar e Lua onde o tema é tratado com extrema sensibilidade e delicadeza. E como ápice, temos a protagonista de Uma Canção Desnaturada, mostrando a raiva e o egoísmo, arrancando a máscara que cobre o rosto social. Por que crescestes, Curuminha [...] Se fosse permitido Eu revertia o tempo Pra reviver o tempo De poder Te ver, as pernas bambas, Curuminha Batendo com a moleira Te emporcalhando inteira E eu te negar meu colo Recuperar as noites, Curuminha

Alienação: uma palavra-chave na relação entre os seres humanos, seja no nível social, seja no sexual. É assim que várias canções de Chico Buarque tematizam a prostituta, como a Ana de Amsterdam, da peça Calabar (1972) (BEZERRA, p. 75, 2000). Sou Ana do dique e das docas Da compra, da venda, da troca das pernas Dos braços, das bocas, do lixo, dos bichos, das fichas, Sou Ana das Loucas Até amanhã Sou Ana Da cama, da cana, fulana, sacana Sou Ana de Amsterdam

Diante o conceito de prostituição coloco aqui, Geni, ainda que não mulher de gênero, é travestida das facetas femininas. Sobre isto: Embora Geni pertença, biologicamente, ao gênero masculino, a sua opção, aparência e expressão discursiva é feminina: todos os elementos discursivos que a ela se referem encontram-se marcados pelo feminino (ela, donzela, namorada, rainha, menina, na, feita, boa, maldita, “aquela formosa dama”, “essa dama”, coitada, singela, dela, bendita e, inclusive, o seu nome próprio). (PAULA, Luciane, FIGUEIREDO, Marina Haber de, p.3, 2010)

É um pouco esse “infeliz privilégio” que comparece numa canção como Tango de Nancy, (1985).

Quem sou eu pra falar de amor Se o amor me consumiu até a espinha Dos meus beijos que falar Dos desejos de queimar E dos beijos que apagaram os desejos que eu tinha Quem sou eu pra falar de amor Se de tanto me entregar nunca fui minha

No entanto, é em Folhetim que se evidencia a relação de poder que está à base do fenômeno da prostituição. Mas aqui, significativamente, com seu sinal invertido ao fim, é a mulher - uma dessas “que só dizem sim”, que “aceitam uma prenda” - quem vai manipular o homem, ludibriando-o com meias verdades, e finalmente o descartando: E eu te farei as vontades Direi meias verdades Sempre à meia-luz E te farei, vaidoso, supor Que és o maior e que me possui. Mas na manhã seguinte Não conta até vinte Te afasta de mim Pois já não vales nada És página virada Descartada do meu folhetim.

Na ordem da festa passando pela personagem feminina de Ela Desatinou, temos a mulher que desafia o princípio de realidade e continua sambando, num carnaval continuado - é a mulher que encarna, muitas vezes, o elemento dionisíaco13. Ela desatinou Viu chegar quarta feira Acabar brincadeira Bandeiras se desmanchando E ela ainda está sambando

Efetivamente, em Ela Desatinou, é a mulher que, raça de Dionísio, opõe-se a Prometeu, Deus da civilização, do trabalho, da cultura... e da repressão [...] É a mulher que representa o princípio do prazer. (BEZERRA, p. 43, 2000)

Ainda segundo BEZERRA (2000) excluída da esfera da produção, alijada do mundo do poder: eis o lugar social da mulher na sociedade patriarcal. Restar-lhe-ia exclusivamente o papel de contestadora de tal ordem de coisas. É esse, o caso de Logo Eu (1967), cuja protagonista vai minando a boemia do marido: A minha amada Diz que é pra eu deixar de férias Pra largar a batucada

13 O dionisismo se dirige sobretudo àqueles que estão fora da vida política, àqueles que estão à margem da ordem social reconhecida e sacralizada pelo culto cívico que era a religião da polis. BEZERRA, Adélia de Menezes, 2000, p. 41.


E pra pensar em coisas sérias E qualquer dia Inda vem pedir, aposto Pra eu deixar a companhia Dos amigos que mais gosto

Em todas elas, empreende-se uma crítica radical e desesperada dos valores sancionados pela moral burguesa. Desmascaramento: [...] Assim, nem sempre a mulher é vítima de uma situação de opressão: ela também sabe ser opressora. (BEZERRA, p. 74, 2000).

E por último, temos a Mulher Dionisíaca que engloba as marginalizadas, à margem da sociedade, fora dos padrões burgueses impostos. Mulheres que ganham a vida nas ruas, que se relacionam fisicamente com pessoas do mesmo gênero, ou são homens travestidos do feminino. Apesar da distinção durante o estudo, é impossível não relacionar cada definição de mulher, que vagam entre os afetos a submissão e o prazer incansavelmente. Chico consegue traduzir a mulher, sendo ela sujeito ou objeto na canção, através de opostos, demonstrando sua simplicidade e complexidade de sentimentos, subjetividade e clareza ao demonstrar seu íntimo e suas vontades. Através de todo o processo de pesquisa realizado durante o desenvolvimento deste projeto, a proposta de desmistificar e definir a mulher Buárquica foi alcançado com êxito e poderiam ter sido analisadas mais diversas canções do cantor, porém visto que não necessário, considerando que elas são uma continuidade de pesquisa externa ao artigo. Foi possível definir quais e quem são estes personagens, suas personalidades e

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho, a análise semiótica das canções de Chico Buarque foi feita a fim de captar a essência da mulher Buarqueana. A dificuldade maior durante o processo foi ser imparcial enquanto analisadora e comparadora dos assuntos que envolvem o feminino, para que assim pudesse estudar as questões do gênero com maior clareza. Na Primeira Parte, encontra-se brevemente o contexto histórico e formação artística do cantor, algo que julguei importante quanto a sua formação de caráter, o que afeta diretamente no nível e formato de suas composições. E onde é visto o aflorar da subjetividade das composições do cantor, que é sua aliada contra a liberdade de expressão, e também ao retratar o feminino em suas obras. Em seguida, temos também brevemente a explicação do que é substancialmente o lirismo feminino do cantor, e a forma metodológica em que ele será estudado. Nota-se nas referências que o cantor é publicamente reconhecido por captar e traduzir de forma bastante sensível e peculiar o universo da Mulher. A partir daí, subdivide-se as Mulheres de Chico em: Mulheres de Atenas, Mulheres órficas e Dionisíacas. Sendo a primeira, definição da mulher do lar, submissa e, segundo uma das referências, “o tipo mais encontradiço a cada esquina”. Aquela que coloca sempre as necessidades do homem e do lar a cima das suas. Que não tem voz ou vez diante da sociedade. A segunda, Órfica, é a mulher que, regida pelas relações afetivas, é vítima da tragicidade dos afetos e desafetos, com relacionamentos conturbadores, sejam eles do âmbito carnal ou maternal.

entender também o fator implícito utilizado para a definição da figura feminina. Concluindo que, através de personagens e personalidades criadas pelo cantor e de fatos do cotidiano feminino, é possível definir a mulher Buárquica como várias mulheres simultaneamente que se desvendam na vida afetiva, no amor materno, e na ruptura sobre seu estereótipo social imposto pela sociedade.

SUMMARY This work presents the Buarqueanas woman, figure present in the poetry of Chico Buarque de Holanda, like a representation of feminineness and poetry, both with subjective and breaking of traditional social discourse about female gender. The article has the study object the composer’s songs that use the woman by two different ways, one by a female lyrical that guides the job, and another by the female like a object that is directed and revealed by the male lyrical to traduce the esthetics and the cultural reality of Buarqueana woman.

Keywords: female, lyrical, Buarqueana.


O Processo criativo deste trabalho consiste na tradução da essência das Buarqueanas em tecidos, formas, texturas, silhuetas e etc. Para isso as referências foram buscadas em suas personalidades e na forma como são afetadas, fisica e piscologicamente pelo meio.

PROCESSO CRIATIVO


PAINEL DE INSPIRAÇÃO

PAINEL DE INSPIRAÇÃO


MACRO TENDÊNCIAS

BRASIL: Ainda com os “olhos do mundo” voltados para os aconteciimentos esportivos no Brasil, temos então nossas cores, arquitetura e cultura como grande percursor de tendências. Internamente diante de uma crise financeira e instabilidade política o consumidor torna-se por sua vez cada dia mais consciente ao consumir, o que afeta drasticamente o mercado da moda movido em sua maioria pela obsolescência programada. Isto faz com que as marcas se adequem a oferecer exclusividade e novidades dentro do conceito de slow fashion e a valorização do produto nacional. AMOR: Com as relações afetivas cada vez mais afetada por assuntos políticos e econõmicos, as pessoas passam a refletir então essa carência de afeto no consumo, nas artes... SUSTENTABILIDADE: Diante de uma crise hídrica no país, creio que as pessoas se tornarão mais consci entes quanto ao consumo buscando saber como e por quem foi feita o produto que consomem e se este afetou ou não de forma negativa o meio ambiente. Importando-se cada vez mais em saber até que ponto uma simples compra pode prejudicar o meio em que se vive. SUBJETIVIDADE “COMER COM OS OLHOS”: Desencadeado por questões de gênero, as pessoas estarão mais receptivas as questões “do que se parece mas não é”, difusão e distorção são uma ótima referência a esta macrotendência.

PAINEL DE MACROTENDÊNCIAS


USO DAS TENDÊNCIAS

PAINEL DE TENDÊNCIAS DA ESTAÇÃO TRANSPARÊNCIA ESTAMPADA/ BORDADA Armani Privé Irisvanherpen

Busquei nestas duas tendências ( transparência e fluidez) explorar o movimento e a delicadeza desta mulher Buarqueana. Que se desvenda aos poucos pro expectador. Com o uso dos tecidos fluidos temos uma forma sutil de descobrir a silhueta do corpo e com a transparência estampada, uma forma também sutil de mostrá-lo. E no uso das formas e peças do vestuário masculino no vestuário feminino a ideia é expressar esta mescla de gêneros subjetivamente implícita no tema.

Valentino

TECIDOS FLUIDOS Irisvanherpen

MODELAGENS MASCULINAS NO VESTUÁRIO FEMININO VivieneWestwood

Eliesaab

ElieSaab


CORES: EXPLICAÇÃO

Predominantemente temos as cores PRETO CURUMINHA, AZUL MÁGOA e BRANCO BEATRIZ. Como cores intermediárias temos: AZUL JOANA, LARANJA GENI e AMARELO ANA. E como tonalizantes temos: MARROM ANGÉLICA E BEGE MARIA. A cartela é é uma mescla de tendências, de pesquisa temática e do inverno brasileiro carregado de tropicalismo.


TECIDOS: EXPLICAÇÃO DO USO

CARTELA DE TECIDOS

Brim leve: Fornecedor: Lealtex omposição:100% AlgodãoRendimento:Metro Valor: R$ 7,90

Musseline Fornecedor:Excim Imp. e Exp. S/A Composição:100% Poliéster Rendimento:Metro Valor: R$ 17,0 mt

Sarja de algodão: Lealtex tecidos Composição: 73% alg. 27% Poliéster Valor: R$27,80 mt

Tule Branco: Gj tecidos 92% poliamida 8% elastano R$24,90 mt

A coleção foi composta por um número baixo de variações de tecido. Diferenciando-os apenas na coloração e demais formas de beneficiamento. As escolhas que variam desde a fluidez da musseline à rigidez do Brim, atenderam perfeitamente as necessidades de execulção das peças. As variações de cores ficam por conta da aplicação de estampa digital nas peças.

Indiano Gj tecidos 100% alg. R$17,90 mt

Malha stretch Gj tecidos 92% poliéster 08% algodão


MATÉRIAS

CARTELA DE MATÉRIAS

Costura com laçadas aparentes

costura com laçadas aparentes sob o tecido fazem referência a cicatriz deixada pelas relações desta mulher. Aplicações de bordado também serão utilizados, de forma a trabalhar o hand made e os detalhes que serão também mais uma das formas de exclusividade da peça. A aplicação de botoes tem aqui uma utilização unicamente funcional

Aplicação de botões

Bordado Manual


REMODELAGEM

CARTELA DE REMODELAGEM

Aplicação de Pregas macho

Sobreposição de tecidos, transparência torcida sob tecido.

Na remodelagem, temos as pregas, que nesta coleção foram utilizadas de forma expassada (pregas macho) a fim de remeter, pelo nome da remodelagem, a presença masculina na saia por exemplo que é uma peça marcante no vestuário feminino.

Recortes no formato de fissuras


BENEFICIAMENTO

CARTELA DE BENEFICIAMENTO

Estampa Ame-se Repele-se

A estampa digital exclusiva é um dos diferenciais da coleção e seus motivos variam relacionados as famílias. Esteticamente remetam a silhueta feminina e as relações afetivas. Duas essências marcartes da mulher Buarqueana. A fim de trabalhar a sutileza e as formas minimalistas, as variações de estampas são três e todas remetem a listras, propondo uma estética de continuidade. A estampa ser em um, destinada a família Mulheres de atenas retrata como essa mulher sem gosto ou vontade própia acaba se tornando apenas aquilo que o parceiro também é. A estampa oposto composto é destinada a família das Mulheres Dionisíacas que com o homem, ou outra pessoa do mesmo gênero, compoe a relação afetiva porém, se diverge nas ideias e vontades. É o oposto do socialmente correto. Ame-se repele-se é a estampa da família Mulheres Órficas. Mostra claramente o desenrolar dos afetos e desafetos no relaciomento, simbolizado pela continuidade das silhuetas do rosto masculino e femino que em momentos se encontram e em outros se repelem. Temos também uma variação de estampas localizada que em sua forma retrata a brutalidade sofida pela mulher.

Estampa Oposto Composto

Estampa Ser em Um


AVIAMENTOS

CARTELA DE AVIAMENTOS

Botões resinados 100% plástico Rendas e fitas Valor estimado: R$0,30 und.

Zíper invisível 100% PES Carvalho/ R$1,10 und 20, 30 e 50 cm. A utilização dos aviamentos é unica e exclusivamente de uso funcional, nenhum deles possui valor simbólico ao tema para o desenvolvimento da coleção, não são excluxivos e/ou customizados.Os zípers de cores variadas, são utilizados em vezes de forma contrastante a cor do tecido a fim de serem um detalhe a mais. Linha Ponto Costura 100% Pes Carvalho/ R$1,70 und.

Linha de Overlock 100% PES Carvalho R$3,40 und/ 6.000 mt


FAMÍLIAS

As buarqueanas são estas, são trêz e mil e todas... e você.


MULHERES DE ATENAS

Esta família direciona-se a mulher que vítima dos padrões sociais não tem voz ou vez. Aquela que “pertence ao outro” e por ele pede a liberdade e o pensar. É a definição da submissão e do encarceramento domiciliar. A mulher que é muitas vezes violada na própria cama e pelo próprio marido, que não se importa com as vontades ou os prazeres desta mulher. As mulheres de atenas são aquelas cuja maior preocupação são as necessidades do parceiro e do lar. Aquelas do tipo ainda, infelizmente, mais encontradiço.

“Miren-se nestas mulheres e vocês verão no que vai dar” Chico Buarque


PAINEL DA FAMÍLIA PAINEL DA FAMÍLIA

É nas relações afetivas de suas canções que Chico Buarque desvenda o feminino. A mulher órfica fazendo juz ao nome escolhido para a denominação, é a mulher que asssim como Orfeu o Deus da mitologia, “sente na pele” a devastação que o amor pode causar. É aquela que marcada pelo sofrimento amorozo, pelas carícias, paixões, desejo, abandono e perda, vê-se ora amada ora sozinha e sem afeto. esta família traduz a essência desta mulher, onde de forma subjetiva temos o uso constante da transparência, delicada, a fim de mostrar cautelosamente o corpo, que é o triunfo e a queda desta mulher. “Pelo corpo é buscada, e pela satisfação do corpo é esquecida” A silhueta marcante e os recortes são também pontos chave e a estampa de codinome “ame-se repele-se” traduz a essência desta Mulher Órfica.

MULHER ÓRFICA


Fora dos padrões sociais a mulher Dionisíaca, faz referência ao Deus dionísio ou Baco, e se desvenda na órdem da festa. Aquela a quem enteressa os prazeres carnais aquela que tem consciência das necessidades prórprio corpo e elas enteressam as luxurias da vida. Sabem ludibriar e enganar, e também como a personagem de “Uma canção Desnaturada”, não se sentem obrigadas a dar afeto e carinho ao filho. Aqui temos as muitas prostitutas de Chico, temos Geni travestida do femino, Bárbara... Intensas, mulheres. Mesmo que julgadas livres, e mesmo que livres enclausuradas.

“Sou perfeita porque igualzinho a você eu não presto”

MULHER DIONISÍACA

“Homens eu nem fiz a soma, de quantos rolaram no meu camarim” “Levantavam as saias e se enluaravam de felicidade” “Sou ana de vinte minutos, sou Ana da brasa dos brutos na coxa”

“ O seu corpo é dos errantes, dos segos dos retirantes, é de quem não tem mais nada”


MAPA DE COLEÇÃO DA FAMÍLIA MULHERES DE ATENAS

MAPA DE COLEÇÃO DA FAMÍLIA MULHERES ÓRFICAS

SILHUETAS

Silhueta reta, esguia e com pouco ajuste corporal.

Silhueta marcada

MAPA DE COLEÇÃO DA FAMÍLIA MULHERES DIONISÍACAS

LINHA I

LINHA X


DESCRITIVO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

FALL WINTER 2016

MULHERES DE ATENAS

Durante a execução deste trabalho, aprendi a superar meus próprios desafios e dificuldades. Por escolha própria decidi fazê-lo sozinha, e assim dupliquei minhas responsabilidades. Creio que meu maior desafio foi lidar com o tempo e com isso me tornei uma pessoa mais organizada. Cada processo de criação exige uma abilidade diferente e com isso, hoje possuo váias. Conseguir transformar lirismo feminino de Chico Buarque em uma coleção não foi fácil, trabalhei muitas vezes apenas com a subjetividade das cançoes e traduzílas em matéria requer um esforço maior, porém acredito que isso consigui com êxito. Consegui com que a coleção fizesse juz ao significado da marca através da escolha dos materiais e da forma de trabalho. Espero que assim, o cliente possa também visualizar o produto, como uma visão integrada de matéria e ideais.







MULHERES ÓRFICAS











MULHER DIONISÍACA









FICHAS TÉCNICAS





PAINEL DE SEGMENTAÇÃO

FEMININO:

MASCULINO:

Saia midi : 7 T.shirt :3 Camiseta: 5 short :2 Calça Pantalona: 2 Casaqueto: 2 Vest. curto: 2 Vest. Midi: 4 Parca: 1 Camisa: 5 Saia longa: 2 Cropped: 1 Pantaccourt: 3 Blusa: 3 Chemise: 3 Saia Curta: 4 Macacão: 2 Vest. Longo: 2 Calça reta: 1 Colete: 3 Macaquinho: 1

Camisa: 3 Bermuda: 3 Short: 2 Tshirt: 3 Camiseta: 2 Colete: 1 Calça reta: 3


PAINEL ARTÍSTICO


ANEXOS

REFERÊNCIAS

PEÇAS EXECULTADAS: CROQUIS

MENEZES, Adélia Bezerra. Figuras do feminino na Canção de Chico Buarque. Ateliê Editorial, 2000 MENEZES, Adélia Bezerra. Desenho mágico: Poesia e política em Chico Buarque, Editora Hucitec, São Paulo, 1982. LABIOLA, Isabel XIV Moitará – SBPA, novembro de 2000

F.

SALOMÃ, Graziela. A vida de Chico Buarque de Holanda. Revista Época Junho/2004 FERNANDES, Rinaldo de. Chico Buarque do Brasil, Garamond/Fundação Biblioteca Nacional, 2004 DICIONÁRIO DO CRAVO ALBIN DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA: Biografia de Chico Buarque de Holanda, Instituto Cultural Cravo Albin, 2002 http://www.dicionariompb.com.br/chico-buarque/biografia. Acesso em: 22/9/2014 CHICO BUARQUE: Chico Buarque, Biografia do cantor. http://www.chicobuarque. com.br/vida/vida.htm. Acesso em: 22/9/2014

R.


LOOKS PRONTOS: FOTOGRAFIAS


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