INSÂNIA - Nathalia Santos

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à alguém que me inspirou muito, que cuidou de mim, e que ao seu modo me mostrou uma nova perspectiva. Alguém que, infelizmente, não poderá prestigiar este momento junto à mim.


x x AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente aos meus pais, meus grandes amores que se desdobraram para que eu alcançasse este objetivo. Ao príncipe Pedro que deveria estar formando junto comigo, minha dupla do TCC e da vida. Agradeço de maneira muito especial à minha segunda casa, família Gonzaga, meu porto seguro, meu acalanto. À Welber e Bruna pelo grande apoio. Agradeço também com muito carinho meus familiares que tanto me apoiaram e me deram forças. À minha alma gêmea e colaborador Victor Iglesias, à princesinha e também colaboradora Keiny Paiva. Ao meu grupo maravilhoso de todos os trabalhos: Gisele Letícia, Grazielle Damasceno e Vinicius Vetorazzi. Aos meus lindos amigos do NUMO (meia escala e agregados), o “cangaceiras Una”, pessoas que eu gostaria que morassem pra sempre na minha vida, e aos meus grandes amigos do coração Ieda Carvalho e Icaro José. Agradeço também um dos maiores colaboradores e parceiros desta conquista, meu orientador e amigo Aldo Clécius, alguém que me acrescentou muito, que acreditou no meu potencial e que me acompanhou em todos os momentos do trabalho, um grande profissional que serei grata para sempre! <3


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“A liberdade, ainda que apavorante, de seus sonhos e os fantasmas de sua loucura têm, para o homem, mais poderes de atração que a realidade desejável da carne” (Foucault, 1964)


x x RESUMO

Este trabalho tem como objetivo a fundação de uma marca de moda voltada para o público jovem com estilo dramático e moderno, onde foram realizados todo o trabalho de identidade visual e DNA de criação e de público. A marca criada, de nome Insânia, produzirá uma coleção inspirada no tema da loucura dentro do campo dos transtornos mentais que mais afetam a geração Y. Para isto foram realizadas pesquisas tanto de campo como imagéticas, onde cada família contará uma história diferente de uma mesma perspectiva. Uma característica do DNA da marca é a excentricidade e materiais diferenciados, desta forma, a coleção inaugural trará peças de plástico, acetato, cordas eimpressões 3d. Moda. Loucura. Excentricidade.


x x ABSTRACT

This work aims at founding a fashion brand aimed at the young audience with dramatic and modern style, which were carried out all the work of visual identity and DNA creation and public. The brand created in Insânia name, produce a collection inspired by the madness of the theme within the field of mental disorders that most affect the generation Y. For this research was carried out both field as imagistic, where each family will tell a different story of the same perspective. A DNA characteristic of the brand is the eccentricity and different materials in this way, the inaugural collection will bring plastic parts, acetate, strings and prints 3d. Fashion. Madness. Eccentricity.


x 01 02 03 04 CURRÍCULO

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BRIEFING DE NEGÓCIOS

PÚBLICO ALVO

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IDENTIDADE VISUAL


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05 06 07 08

BRIEFING DE COLEÇÃO

COLEÇÃO

REFERÊNCIAS

APÊNDICE

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2011 APRENDIZADO INDUSTRIAL EM CONFECÇÃO E MODA – SENAI EXPOSIÇÃO DE PEÇA MTP

2012 APRENDIZADO INDUSTRIAL EM CORTE E COSTURA- SENAI ALTERNATIVA UNIFORMES

2013 GRADUAÇÃO EM MODA- UNA COMUNIDADE VIVA ST PATRICKS DAY VIVA PRAÇA, INCLUI 5 EDIÇÕES AXÉ BRASIL VIDEO EVENTO VIRADA CRIATIVA UNA PROJETO DE PESQUISA DE TENDENCIAS

2014 BAZAR CIDA DESFILE E PROJETO FASHION STUDENT

2015 CENTRO DE REFERENCIA DA MODA. MINAS PENSA MODA 2016 MINICURSO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA IMPRESSORA 3D NA MODA. MINAS TREND PREVIEW ESTAGIO COMO FASHION BUSINESS, INCLUI 3 EDIÇÕES.


CURRÍCULO

NATHÁLIA EDUARDA



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BRIEFING DE NEGÓCIOS


DESCRIÇÃO GERAL DA MARCA

ESTILO ELEMENTOS DE ESTILO


A marca visa em suas coleções enobrecer características temíveis e audaciosas do humano. Busca apresentar através de suas peças o furor e a desfaçatez de seu público, defendendo a idéia de que destacar suas nuances é também reconhecer o que há de mais belo no indivíduo, é considerar suas contradições como uma dualidade, ao ponto que, a partir de seu lado negativo é que conheceremos o sentido de seu lado positivo. Suas peças apresentam características do estilo dramático, criativo e moderno. ara isto utiliza-se de um leve toque do minimalismo e da desconstrução, atrelados ao conceito de geometrismo. Busca-se contrastar seus conceitos através da assimetria, silhuetas retangulares e materiais rústicos de pouca recorrência nas vestimentas como plásticos, emborrachados, madeira, não tecidos e afins.

Dominante: Dramático Complementar: Criativo E Moderno Estilo de Criação: Sociô

Atributos Espirituais

Atributos Físicos

A palavra desfaçatez define muito do que a marca significa npara seu público, visando deixar de lado os pudores, o medo de exagerar e de extravasar. Exibindo sempre um ar de renovação, de criatividade e jovialidade.

A marca pretende utilizar de materiais de pouca rerorrência na moda como plásticos, cordas, vinil, juta, mantas entre outros aliados à tecidos leves como organza, algodão, crepes darão as peças da marca à personalidade forte que pretende afirmar em seu produto. Outra característica é a transparência que sempre estará presente, usando para isso recortes tecidos tranparentes dentre outros.

Suas Peças exalam um espírito de liberdade de expressão, de liberdade do ser.

Peças trabalhadas com o intuito de chocar e ao mesmo tempo de se diferenciar em qualquer lugar, para isto, utiliza-se muito de excessos, volumes, camadas e recortes

Roupas para ir a qualquer lugar reafirmando sua estranheza mesclada a sua característica moderna e dramática. Visa utilizar de recursos e manipulações de materiais para reafirmar sua característica dramática.

A marca trabalha macramé, impressora 3D, entrelaçamentos, corte a laser e modificação de texturas através do calor e da tinturaria.


CONCORRENTES

Fundação em 1 de setembro de 2014, dirigida pelo designer Célio Dias trás em suas peças a liberdade de expressão e de escolha, através de seu design sem gênero definido complementando um street style jovem e despojado mantendo a postura elegante sem abrir mão da casualidade.

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A Black Camel teve inicio no dia 10 de Janeiro de 2015, a marca de Minas Gerais, carrega em seu DNA um olhar contemporâneo e prático que se traduz em coleções urbanas e descomplicadas para quem busca funcionalidade ao se vestir. Adicionamos às nossas peças elementos que somam design, modernidade, e conforto, oferecendo à nosso público um estilo casual e elegante com tons e materiais escolhidos detalhadamente para se destacarem na unidade de uma peça, ou na possibilidade de sobreposições harmônicas e ecléticas.


CONCORRENTES

Fundada em 1 de janeiro de 2007, o fundador e estilista da grife, Shane Oliver, subverte estereótipos de gênero com estampas marcantes e silhuetas ousadas. Seus designs audaciosos de um sportwear quase dramático fazem da marca uma das mais comentadas de Nova York.


ASPIRACIONAIS

Iris van Herpen trás em suas peças uma junção entre o artesanato e a inovação em técnica e materiais. Ela cria uma visão moderna sobre a Haute Couture, que combina técnicas de trabalhos manuais finos com tecnologia digital .Seu estilo dramático aplica a suas peças uma certa contradição entre beleza e regeneração. É a sua maneira única de reavaliar a realidade e, assim, expressar e sublinhar a individualidade.


A marca criada pela estilista Rei Kawakubo, fundada em 1973 no Japão, a Comme Des Garçons mescla o real e o subjetivo. Com traços dramáticos, trás em suas coleções japonistas a expressão artística e subjetiva da moda. Marcada por seus excessos e volumes, a marca tras consigo a cada coleção a ressignificação da palavra excentricidade.

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NICHO SEGMENTO GÊNERO CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

DIFERENCIAIS DA MARCA MARGEM DE PREÇO


Prêt-à-porter premium

Casual - Nightwear Não definido

Instagram

Facebook

Website

Utilização de materiais de pouca recorrência no vestuário e excentricidade.

Vestidos- Macacões: de R$110,00 a R$2500,00

Vestidos curtos: De R$90,00 a R$400,00

Calças: De R$150,00 a R$800,00

Camisetas- Croppeds: De R$90,00 a R$190,00

Saias: De R$100,00 a R$600,00

Camisetas- Croppeds: De R$90,00 a R$190,00

Camisetas- Croppeds: De R$90,00 a R$190,00

Shorts- Bermudas: De R$100,00 a R$350,00


ESTILO


O



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PÚBLICO ALVO




SOBRE O PÚBLICO ALVO


O Público da INSÂNIA está entre atores, cantores performistas, artistas plásticos e profissionais da moda. Seu estilo é reflexo da vida agitada e da forte presença cultural e artística que os envolvem. São pessoas que se importam muito com a aparência e que tendem a optar por um visual único e muitas vezes excêntrico. Um público conectado, que costuma questionar e se manifestar por aquilo que acreditam, pessoas que participam de eventos artísticos, teatros, performances, exposições, baladas, bares boêmios, dentre outros. O publico da marca está entre a classe B2 a C2, com a renda familiar entre R$8.050,68 a R$2.405,04, pessoas de 20 a 35 anos, se inserindo ou já inseridas no mercado de trabalho, que gastam seu dinheiro principalmente com beleza e diversão. Ídolos: Cocorosie, Jaloo, Johny Hocker, Lady Gaga, Willow Smith e Bjork.



04

IDENTIDADE VISUAL


LOGO E MONOGRAMA Justificativa do nome: O nome Insânia, remete não só a palavra insanidade, mas faz-se também uma alusão à palavra insônia, com o objetivo de causar certa confusão ao pronunciar e trazer para sua essência uma breve conexão à uma noitada, a uma ideia de não ter dormido ainda, fator que se que se relaciona ao segmento marca; nightwear. A palavra foi escolhida também por seu significado remeter também à uma ação insana, um momento de devaneio, que refere-se também ao estilo dramático e ao espírito de subjetividade e juventude que a marca carrega. Justificativa da logo: Os olhos e os cílios em traços retos e geométricos trazem para a insânia o tom misterioso, quase místico que fazem parte de sua identidade, tendendo para a subjetividade da marca e consequentemente realçando o formato triangular que cortam tais traços, remetendo ao geometrismo e seu tom de modernidade e jovialidade que a marca carrega.

CORES Primária

Pantone

Black

O preto, trasmite não só a sobriedade da marca, mas também, refere-se ao seu estilo dramático, combinado à sua identidade moderna e sofisticada em que a mesma transmite.

Secundária

Pantone

P 179 - 12C

O cinza vem para a insânia como um ponto forte para a identidade da marca, ela vem não só para complementar a força do preto, mas também para trazer para a marca o complemento que faltava, a falta de emoção e movimento da cor, reafirma o estilo da marca.


TIPOGRAFIA NOME DA FONTE:

小塚ゴシック Pr6N

Kozuka Gothic Pr6N

A fonte longa e fina, traz a ideia de uma marca dramatica, as linhas da fonte se misturam com as linhas da logo, causando assim um efeito moderno e dramatico transmitido pela marca.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z W Y a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z w y ESPECIFICAÇÕES: RETIRAR O TRAÇO DA LETRA A E AUMENTAR O A CENTRAL 2X

MONOCROMIA (P&B)

ÁREA DE PROTEÇÃO E REDUÇÃO MÍNIMA 4cm

3mm


MALHA DE AMPLIAÇÃO (GRADE) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

USOS INDEVIDOS


APLICAÇÃO PAPELARIA

Cartão de Visita: Papel couche 300g fosco com verniz localizado 9cm x 5cm e faca especial

Envelope: Papel couche 150g fosco com laminação localizada 30cm x 21cm

Papel de carta: A4 80g 30cm x 21cm

Envelope pequeno Papel couche 150g fosco com laminação localizada


Sacola: Plástico com Alça

Caixa: Papelão com laminação localizada

Capa CD e Bolacha

Papel de seda


BRINDES APLICAÇÃO PAPELARIA

Bolsa de mão

Pingente porta pílulas

Máscara de sono



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BRANDING DE COLEÇÃO


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x TRANSTORNE-SE A coleção Transtorno Y visa representar os transtornos da geração Y de acordo com as sensações que o corpo social exprime sobre cada transtorno, buscando transmitir para indivíduo o questionamento da palavra normalidade na sociedade, o que é ser normal afinal? A coleção inspira-se em 5 transtornos que afetam a geração em questão, sendo elas: ansiedade, depressão, histeria coletiva, claustrofobia e sintomas de sociopatia. Para isto, a marca explora materiais como cordas, manta paraná, plástico e aplicações de impressão 3d. Materiais que, a marca pesquisou estrategicamente para que se se relacionassem com os sintomas. Utiliza-se a corda simbolizando as amarras ao peso e ao incômodo. a organza, que trata da transparência, do exibir-se, e ao mesmo tempo do sufocar-se. O plástico representa a singularidade, as multi-possibilidades do ser, a renovação e o aceitar-se. Transtorno Y significa para a INSÂNIA, libertar-se do pudor que permeia a palavra loucura, visa com suas peças impactar e libertar seu público dos conceitos de transtorno que serão trabalhados. A inspiração veio do aumento significativo nos transtornos mentais na geração Y, e da sensação de que estamos todos em um grande devaneio. E em resposta a isto, a marca crítica:

A modernização nos tornou doentes e temos de conviver com isso.

RELEASE


INSPI

A principal inspiração da coleção está diretamente relacionada a palavra Loucura, nela, busca-se as sensações que a palavra emitiu durante toda a história, exibindo assim as percepções individuais de loucura. Relata-se com isso, o impacto que essa percepção causa no corpo social. Sendo assim, encontra-se no painel de inspiração, imagens do museu da loucura, de esculturas que remetem a historia da mesma em contraponto às sensações atuais de loucura, exprimindo assim as formas e as sensações da percepção de loucura que se faz presente na nossa atualidade e sobre o que ela significa pra geração que o sente.


IRAÇÃO


MACROTENDÊNCIA FEELING DOWN A macrotendência que nos leva a repensar a fatores sobre a existência, sentido da vida, morte e loucura. Sobrepondo toda a pulsão de morte que possa existir dentro de cada um e exaltando a beleza do drama e da destruição. Feeling Down trata-se do sentimento negativo e agressivo resultante do momento de tensão em que se vive nos tempos atuais. Dentro disto a macrotendência compõem cores sóbrias, sobreposições, geometrismo e um toque de exagero dramático


Mundo em crise financeira, emocional e existencial. Acontecimentos negativos, crise e tensão ao redor do mundo nos leva a repensar todo o sistema em que vivemos e aponta para um vetor existencialista, ocasionando em discussões sobre o real sentido das coisas, da vida e do momento em que vivemos, e tudo que temos como respostas tem sido o silêncio, o negativismo e a agressividade. Um resultado imagético de tal movimento, pode ser relacionado a uma estética dos anos 80 e 90 em uma mescla geométrica e dramática repleta de toques de minimalismo, obscuridade, loucura e subjetivismo com tendências a irrealidade negativa associadas a um certo desligamento do mundo. A macro tendência de ENCARAR AS COISAS, nela assuntos existencialistas serão constantemente tratados, tais como: doenças psíquicas como depressão, ansiedade e afins . Morte, individualismo, loucura e aceleração. Busca pelo sentido das coisas, possivel ausência de respostas e finais não tao felizes.


TENDÊNCIAS DA ESTAÇÃO

MEIAS A VISTA Mary Katrantzou

Simone Rocha

Alberta Ferretti

Dsquared2

VERMELHO Lacoste

Akris


Ryan Lo

VOLUME NOS OMBROS Delpozo


BABADOS Marchesa

Zimmerman

Anne Demeulemeester

Carven


Altuzarra

AMARRAS E FIVELAS Dior


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CARTELA DE CORES As cores da coleção foram pesquisadas através não só do painel de inspirações, mas também através de visitas realizadas à hospícios abandonados, sobre a descoberta das historias por trás de cada detalhe, sobre cada minúcia que permaneceu em evidencia em relação ao tempo. Foi também realizada uma breve pesquisa com pessoas que sofrem dos transtornos para que descrevessem qual sentimento cada cor lhes traziam, e assim reafirmou-se as cores necessárias para representar cada família da coleção.

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PRIMÁRIAS #A32623 Vermelho Paranóia

#111111 Preto Delírio

#9395A2 Cinza Desatino

#FFFFFF Branco Desatino

SECUNDÁRIAS #98C2B0 Verde Devaneio

#985F1E Marrom Quimera

#433630 Marrom Desvário


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CARTELA DE TECIDOS A insânia buscou para a coleção transtorno Y, a representação dos tecidos adequados, tecidos que exibem os significados necessários para descrever as sensações de cada família. O linho representa o que há de rústico e nobre, aquilo que tem dois lados, como os conceitos de loucura. A organza trata da transparência, do exibir-se, e ao mesmo tempo do sufocar-se e do ato de se isolar. O crepe, traz a leveza, e a fluidez da vida, do ser. A sarja representa a rigidez, da adequação que se é necessária para se manter no meio social.

LINHO 100% linho natural. R$ 99,80 – metro Peso: 215 gr/m² - 322gr/ml Centerfabril

ORGANZA CRISTAL 100% Poliéster R$ 12,90 – metro Largura: 147cm Eur Fabrex

ORGANZA SEDA 100% Seda R$ 128,00 – metro Largura: 140cm Têxtil Vevetex

CREPE 96% Poliester/4% Elastano R$ 29,80 - metro Largura:150cm Peso:136gr/m² - 204gr/ml Centerfabril

SARJA 100% Algodão R$ 19,80 – metro Largura: 160cm Peso: g/m²=260, oz/yd²=7.60 Tear Têxtil

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CARTELA DE NÃO-TECIDOS O plástico representa a singularidade, as milhares possibilidades de ser, a renovação e o aceitar-se. O emborrachado simboliza a imobilidade, a dificuldade de se aceitar, de se conhecer e de se encaixar. A corda representa as amarras, aos conceitos pré-estabelecidos sobre a loucura, sobre o peso da existência.

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A manta representa o abandono, a solidão e medo.

PLÁSTICO R$ 11,50 - metro

EMBORRACHADO R$ 49,80 - kg

CORDA R$ 02,80 - metro

PLA - 3D PROCER R$ 160,00 - Kg

ACETATO R$ 08,90 - Kg

MANTA R$ 16,50 - Kg

FLEX - 3DLAB R$ 130,00 - 500g

LAMINADO SINTÉTICO R$ 12,00 - metro

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MATÉRIAS REMODELAGENS:

Pence Externa

Entrelaçamento De Corda

Corte A Laser

Teia Sociopata

BENEFICIAMENTOS:

Tingimento Artesanal

Puído na malha

Alvejamento artesanal SUPERFÍCIE:

Estampa

Aplicação 3D

Bordado no plástico

Pintura de superfície no plástico

Aplicação de Acetato

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CARTELA DE AVIAMENTOS

Esponja de poliuretano R$250,00 kg

Ziper visível comum R$0,60 m

Vidrilho R$100,00 kg

Linha de algodão R$00,00

Zíper visível Grosso R$1,60 2m

Viés de tecido R$4,70 20m

Zíper invisível R$0,60 u

Spray Colorgin R$15,00 u

Linha de Nylon R$15,60

Argolas ônix R$3,00 50u

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SILHUETAS

A

V x

H x

O



06 COLEÇÃO



TRANSTORNO Y A Coleção transtorno Y foi dividida em 5 famílias, dentre elas : Ansiedade, Depressão, Histeria coletiva, Claustrofobia e Sociopatia. Foi realizado uma pesquisa com base na percepção de cada transtorno para com a sociedade, para que fosse transmitido nas peças o sentimento de cada um. Um outro método de pesquisa, foram as visitas realizadas a antigos hospitais psiquiátricos, onde um caso de cada transtorno foi estudado, direcionando assim para novas perspectivas sobre o conceito de cada transtorno. A coleção visa representar os transtornos da geração Y, e para isso a marca pesquisou não só no presente, mas também o passado, sobre o que poderia ter mudado na percepção de cada caso.

FAMÍLIAS ANSIEDADE DEPRESSÃO HISTERIA COLETIVA CLAUSTROFOBIA SOCIOPATIA


PROCESSO CRIATIVO Fotos da visita realizada na cidade de Igarapé, em uma antiga clínica psiquiátrica abandonada. Um dos processos criativos de maior impacto na criação da coleção.



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A

família

ansiedade transmitir

pretende as

sensações

do

transtorno através de suas formas, de suas sobreposições e excessos. Os aspirais impressos em 3d, faz alusoes ao tempo a aceleração e aos multiversos de cada pessoa. Seus excessos e sobreposiçoes representam o acumulo de sentimentos, sua transparencia representa o íntimo de cada um, exalatando assim suas diferenças e buscando atraves desta a quebra de pudor, não só sobre quem você é, mas também a quebra de pudor sobre o que você sofre.

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Cores

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Vermelho Branco Preto

Matérias Corte A Laser Aplicação de Impressão 3d Recortes Pregas Sobreposições Pintura De Resina Tingimento Corte a Laser Estampa

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Silhuetas O, V e H

Tecidos Organza Crepe

Não Tecidos Manta Flex PLA Laminado Sintético Espuma


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x

x x

A

família

histeria coletiva trata principalmente de uma histeria coletiva

implícita

na

sociedade,

nela

refere-se a movimentos considerados comuns no corpo social mas que, quando se observa com cuidado, percebe-se uma alteração de coerencia no raciocinio social. Desta maneira, a família trás capsulas de remedio como uma representação do uso desenfreado de remedios e de produtos quimicos para uma sensação de bem-estar. Representa-se nos volumes e nos acumulos as necessidades que são impostas ás gerações e a aceleração desmedida que é representada também

através do

plastico, que representa não só a aceleração

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mas também a desumanização que permeia a geração y.

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Cores Vermelho Branco Preto Cinza

Matérias Aplicação de Acetato Queimado Aplicação de Vidrilho Aplicação de 3d Entrelaçamento Recortes Aplicação de Fivelas Tingimento Artesanal

Silhuetas A, H e O

Tecidos Organza Tule Crepe Sarja

Não Tecidos Acetato Laminado Sintético PLA Manta Espuma


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x A família depressão visa representar de certa forma a não aceitação do transtorno e os problemas de convivência com o mesmo. A proposta da família é de conscientização sobre um transtorno que afeta milhares de pessoas a cada ano e que vem sendo ignorado por grande parte delas, por isso para representar o preconceito que permeia a palavra

‘depressão’ trabalha-se algumas silhuetas semelhantes ao de um fechamento da camisa de força que também simboliza o sentimento de prisão de quem vive o transtorno as escondidas e por isso fivelas e camadas de tecidos aliados a uma silhueta um pouco mais justa se repetem nos looks desta família.

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abordado na coleção é a grande recorrência de suicídio nesses casos e por isso é representado também a corda e as pinturas de superfície na cor vermelha.

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Um outro ponto

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Cores Cinza Branco Preto Vermelho Creme

Matérias Bordado de corda Entrelaçamento de corda Pences Externas Recortes Aplicação de fivelas Pintura Superficial do Plástico Pintura de superfície Macramé

x

Silhuetas

x

V, H e O

Tecidos Organza Crepe Linho

Não Tecidos Manta Laminado sintético Plástico maleável Corda Espuma


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x

A família claustrofobia transmitir

visa

as

sensações

claustrofobicas aliadas a uma critica sobre uma “claustrofobia social” onde os moldes

para se encaixar nesta sociedade não se encaixam, sufocam e agridem assim como o transtorno que se refere. Para isto, usa-se a repetiçao de plastico maleável, cobertura do rosto com materiais como plastico e emborrachados e silhuetas mais justas. Nesta familía usa-se também acessorios nos pés, onde os pés são presos

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x

um

a

outro

representando

imobilidade e a sensação de prisão.

a


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Cores Branco Cinza Verde

Matérias Alteração e Forma do Plástico Através do Fogo Aplicação de 3d Pregas Pences Externas Aplicação de Fivelas

Silhuetas A, V e H

Tecidos Organza Crepe

Não Tecidos Manta Plástico maleável PLA Emborrachado Espuma


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x A

família

sociopatia pretende introduzir

as

nuances

de

personalidade de um sociopata através de suas formas e de suas matérias, para isto, usa-se de uma teia de tecidos que se assemelha ao jogo de sedução e a 'teia' que um sociopata usa para atrair seus adoradores. Outro elemento utilizado é a impressão de olhos em 3d que símboliza a observação e o estudo q o sociopata faz em suas vítimas, aliado ao corte reto das peças q símboliza o poder e o distanciamento

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sentimental do sociopata para com os outros.

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Cores Preto Vermelho Cinza

Matérias Recortes Pintura de superfície Camadas Aplicação de 3D Teia Estampa Alvejamento Artesanal

Silhuetas VeH

Tecidos Tule Organza Sarja Crepe

Não Tecidos Manta Flex Plástico maleável Emborrachado Espuma




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FAMÍLIA DEPRESSÃO

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Cores Cinza Branco Preto Vermelho Creme

Matérias

x

Bordado de corda Entrelaçamento de corda Pences Externas Recortes Aplicação de fivelas Pintura Superficial do Plástico Pintura de superfície Macramé

Silhuetas V, H e O

Tecidos Organza Crepe Linho

Não Tecidos Manta Laminado sintético Plástico maleável Corda Espuma















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MAPA DE


COLEÇÃO


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FAMÍLIA ANSIEDADE

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Cores Vermelho Branco Preto

Matérias

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Corte A Laser Aplicação de Impressão 3d Recortes Pregas Sobreposições Pintura De Resina Tingimento Corte a Laser Estampa

Silhuetas O, V e H

Tecidos Organza Crepe

Não Tecidos Manta Flex PLA Laminado Sintético Espuma













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MAPA DE


COLEÇÃO


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FAMÍLIA CLAUSTROFOBIA

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Cores Branco Cinza Verde

Matérias

x

Alteração e Forma do Plástico Através do Fogo Aplicação de 3d Pregas Pences Externas Aplicação de Fivelas

Silhuetas A, V e H

Tecidos Organza Crepe

Não Tecidos Manta Plástico maleável PLA Emborrachado Espuma















x


MAPA DE


COLEÇÃO


x

x

x

FAMÍLIA HISTERIA COLETIVA

x


Cores Preto Vermelho Cinza

Matérias

x

Recortes Pintura de superfície Camadas Aplicação de 3D Teia Estampa Alvejamento Artesanal

Silhuetas VeH

Tecidos Tule Organza Sarja Crepe

Não Tecidos Manta Flex Plástico maleável Emborrachado Espuma














MAPA DE


COLEÇÃO


x

x

x

FAMÍLIA SOCIOPATIA

x


Cores Vermelho Branco Preto Cinza

Matérias

x

Aplicação de Acetato Queimado Aplicação de Vidrilho Aplicação de 3d Entrelaçamento Recortes Aplicação de Fivelas Tingimento Artesanal

Silhuetas A, H e O

Tecidos Organza Tule Crepe Sarja

Não Tecidos Acetato Laminado Sintético PLA Manta Espuma















x


MAPA DE


COLEÇÃO




PAINEL DE SEGMENTAÇÃO COMERCIAL

FASHION

IIIII

II

SHORTS

I

IIIII

IIIIII

MAXI COLETE

III

I

II

CALÇA

III

II

I

IIIIII

I

BLUSA

MACACÃO SHORTS -SAIA

CONCEITUAL

I

CROPPED

IIIII

II

IIII

VESTIDO

IIIII

III

III

SAIA

IIIII

MAXI CAMISA

I

I I

III




07

REFERÊNCIAS


REFERÊNCIAS http://vogue.globo.com/moda/moda-tendencias/noticia/2016/09/meia-vista-verao-2017-pede-ela-visivel-sob-qualquer-tipo-de-sapato.html http://vogue.globo.com/moda/moda-tendencias/noticia/2016/10/deu-louca-na-moda-desfiles-apostam-em-amarras-para-o-verao.html CAMPOS, Marcelo Rodrigo. O Cordeiro da Moda. Blumenau: Nova Letra, 2013. FOUCAULT, Michel. Historia da Loucura. São Paulo: Perspectiva S.A, 2007. FREUD,Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Editora Schwardz S.A, 2011. G1, Disponível em: <http://g1.globo.com/mg/zona-damata/noticia/2016/05/museu-da-loucura-e-reaberto-com-objetivo-deconscientizarsociedade.html> acesso em: 24 de maio de 2016. G1, Profissão Repórter. Disponível em: <http://g1.globo.com/profissaoreporter/noticia/2016/06/cinco-milhoes-de-brasileiros-tem-algumadoencapsiquiatricagrave.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_camp aign=prep> acesso em: 24 de maio de 2016. Glamurama. Disponível em: <http://glamurama.uol.com.br/mary-design-trazcolecao-inspirada-na-loucura-no-minas-trend-commuito-sangue/#2> acesso em: 03 de junho de 2016. HOLZMEISTER, Silvana. O estranho na moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2014. IG, Último Segundo, Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/mg/2014-01-09/museu-da-loucura-levavisitantes-a-reflexao-sobre-holocausto-brasileiro.html> acesso em: 29 de maio de 2016. NAVARRI, Pascale. Moda e Inconsciente. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010. O Globo, Disponível em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/um-emcada-tres-adolescentes-no-pais-sofre-de-transtornosmentais-comuns-19356875> acesso em: 24 de maio de 2016.




08 APÊNDICE


INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

MODA E LOUCURA: Percepções e influências da loucura na moda.

ALUNA: Nathalia Eduarda Santos PROFESSORA ORIENTADORA: Luiza Oliveira

BELO HORIZONTE 2016 - 1 Semestre


Nathalia Eduarda Santos

MODA E LOUCURA: Percepções e influências da loucura na moda.

Artigo apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina TIDIR I. Professora: Luiza Oliveira Produto final TCC: Coleção

BELO HORIZONTE 2016 – 1 Semestre

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MODA E LOUCURA: Percepções e influencias da loucura na moda.

Nathalia Eduarda Santos 1

RESUMO O presente trabalho tem como objetivo abordar a análise das percepções da loucura em relação a moda. Considerando a evolução do tema e suas consequências na sociedade, a fim salientar a similaridade entre os assuntos moda e loucura, de acordo com seus encadeamentos e pontos em comum. Este trabalho apresenta uma reflexão histórica e social do tema frente aos movimentos atuais da sociedade e da moda. Tal análise foi elaborada com a pretensão de criar uma coleção de vestuário inspirada na temática aqui desenvolvida, e por meio dessa representar nas peças o entrelaçamento das proposições de forma que se componham referências parra um resultado imageticamente coerente com o estudo desenvolvido.

Palavras-chaves: Moda. Loucura. Sociedade.

ABSTRACT

The present work aims to address the analysis of the perceptions of madness in relation to fashion. Consider the evolution of the theme and its consequences in society, in order to emphasize the similarity between the issues fashion and folly, according to their threads and points in common. This work presents a historical reflection and social issue facing the current movements of society and fashion. This analysis was made with the intention to create a collection of garments inspired by the theme here, and through this represent parts in the interweaving of propositions that compose references for an imagetically result consistent with the study developed.

Key-words: Fashion. Insanity. Society. * Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação pra obtenção do título de bacharel no curso de Moda, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA. 1

Graduanda em Moda , no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: nathaliahastingss@gmail.com

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................4 2. BREVE HISTÓRIA DA LOUCURA...................................................6 3. A LOUCURA E A ATUALIDADE....................................................10 4. PERCEPÇÕES DE LOUCURA NA MODA.....................................13 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................18 6. APÊNDICES.....................................................................................19 7.1 Apêndice A – Painel de inspiração.........................................20 7.2 Apêndice A – Painel de público..............................................21 7.3 Apêndice B – Briefing de coleção...........................................22 7. REFERÊNCIAS................................................................................23

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O abismo da loucura em que estão mergulhados os homens é tal que a aparência de verdade que nele se encontra é simultaneamente sua contradição. (Foucault, 1964)

1. INTRODUÇÃO

A moda é entendida e estudada como linguagem por diversos autores. Através dela, podemos analisar quem somos, como somos e de onde viemos. Moda e loucura são constantemente relacionadas ao longo dos anos, seja por seus traços de subjetividade seja por traços de veemência. Percebe-se em ambas, uma sequência de contradições e expressividade que as envolvem e apontam uma ligação histórica entre estes dois fenômenos da nossa atualidade. Tal relação pode ser feita de acordo com o pensamento de que a moda é também entendida como expressão inconsciente do indivíduo, em que através do seu vestir, podemos também expor parte de nossos desejos e loucuras. Pode-se questionar ainda sobre o que, é de fato, interpretado como loucura na sociedade atual. E através dessa questão pode-se encontrar uma diversidade de respostas de acordo com o tempo e a cultura em que o individuo se encontra. É a partir daí, que se reconhece o conceito de percepção de loucura, àquele que se assemelha ao espírito de cada tempo. Neste contexto, pretende-se identificar na história a influência da loucura enquanto herança comportamental e suas percepções positivas e negativas, observando as assimilações de loucura presentes no mercado da moda e identificando a interpretação que é reproduzida pela mesma. Para isto, busca-se analisar o impacto da loucura na moda e suas manifestações atuais. De forma que seja apontada a evolução da loucura na história, desmistificando o entendimento daquela ao longo dos séculos, de acordo com as mudanças de percepções sobre o assunto. Nesse sentido, também será apresentada a postura renascentista frente à temática da loucura

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vista de modo positivo contrária à visão negativa de que carregava a idade média. Este artigo será relevante para entender a dicotomia entre a repulsa e o desejo da loucura. Tema abordado por numerosos séculos de maneira marginalizada e hostilizada pela sociedade, se tornando para a civilização símbolo de repudio. Por outro lado, ao longo da história, a sociedade passa também a perceber a loucura como algo sensorial e artístico, se estendendo para diversas áreas como objeto de desejo. Neste âmbito, a loucura já não é mais temor, neste momento ela se torna também, parte do indivíduo, onde transtornos e psicopatologias se tornam mais que comuns, passam a compor a individualidade de cada um. Hoje, pode-se notar a presença de ambas as percepções sobre a loucura na moda, e pretende-se identificar e analisar como elas atuam e quais suas decorrências na atualidade. Visto isto, será estudado os pensamentos de Michel Foucault, em seu livro História da Loucura (1964), para a fundamentação histórica, apresentando as percepções de loucura e suas primeiras movimentações na sociedade; para a fundamentação na moda pretende-se extrair no livro Moda e Inconsciente (2010) de Mauro Pergaminik Meiches e Pascale Navarri, no livro O cordeiro da Moda (2013), de Marcelo Rodrigo Campos, a análise de moda como objeto do inconsciente; e também, compreender as discussões de estética em O estranho na Moda (2014) de Silvana Holzmeister, relacionando também ao entendimento de Sigmund Freud sobre a sociedade e o movimento da subjetividade em seu livro O Mal estar na Civilização (2011). A relação de tais bibliografias será essencial para a compreensão e fundamentação do entrelaçamento da moda e loucura. A metodologia da pesquisa é exploratória, com analise de textos e também, pretende-se produzir uma coleção de vestuário inspirada na temática aqui desenvolvida.

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2. BREVE HISTÓRIA DA LOUCURA

A loucura costuma ser entendida e observada de maneira distante e amedrontada. O afastamento, a negação e suas consequências apenas reproduzem aquilo que foi ensinado na história. Diante disso, pode-se perceber que, atualmente, quando confrontados com um louco, há uma tendência de hostilizá-lo e marginalizá-lo da sociedade. Isso ocorre justamente pelo incessante reconhecimento da loucura como um fator absoluto. Trata-se de um acontecimento de alcance ilimitado ao humano. Nessa perspectiva, é natural que o indivíduo exclua de si a chance de se tornar insano também e afasta-se de qualquer vestígio de transtorno, por medo ou preconceito. Sabe-se que dificilmente haverá conhecimento empático da loucura sem antes conhecer de perto a insanidade, caso contrário, perpetuará o estranhamento àqueles que não se enquadram nos padrões de normalidade. Uma possível explicação para este fenômeno pode ser dada à cultura que se formou ao longo dos anos ao se tratar de algum desvio de conduta social. Na idade média, que se deu entre os séculos V ao XV, puderam ser percebidos os primeiros sinais de tal condição, mantendo, porém, sua assiduidade até nos dias atuais, segundo Foucault (1964).Processo decorrente de uma cultura de segregação estabelecida inicialmente através da lepra, posteriormente nas doenças venéreas se estabelecendo mais tarde, no que se reconhecia como loucura.De acordo com Foucault (1964), neste momento, nasce o indivíduo segregado. O medo e a repugnação tomam conta do tempo, e os próprios doentes apresentam hostilização e horror aos sinais de suas doenças. Os símbolos negativos da época ganham um foco específico e configuram essas doenças como os piores castigos que a humanidade poderia alcançar. Cada uma em determinado momento do período medieval, onde foram compreendidas como uns dos maiores temores da sociedade, deixando, porém, perpassar por cada uma com um grau de intensidade diferente. A Lepra deu início ao processo. O medo que cercou a doença resultou na criação de casas de recuperação direcionadas para o isolamento dos leprosos. Foucault (1964) ressalta o fato de que, nessas casas, os doentes

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eram abandonados e muitas vezes passavam o resto de suas vidas no local, os tratamentos para a doença não surtiam efeito diante dos experimentos da época, e assim convinha seguir isolando-os. Em concordância com Foucault em sua obra A História da Loucura (1964), sobre o papel exercido inicialmente pelo leproso e mais tarde pelo louco: Aquilo que sem dúvida vai permanecer por muito mais tempo que a lepra, e que se manterá ainda numa época em que, há anos, os leprosários estavam vazios, são os valores e as imagens que tinham aderido à personagem do leproso; é o sentido dessa exclusão, a importância no grupo social dessa figura insistente e temida que não se põe de lado sem se traçar à sua volta um círculo sagrado. (FOUCAULT,1964, p.6)

Foucault retrata neste trecho o momento em que se percebe pela primeira vez o segregado na civilização, e afirma com isso a continuidade da segregação e seu crescimento gradual na história. Outro fator a ser exposto é a posição da igreja em relação às doenças citadas. Conforme descrito por Foucault (1964), tais doenças eram explicadas aos fieis como uma punição de Deus em forma de enfermidade, a fim de purificar os doentes pelos pecados cometidos. Neste sentido, também se justificava o abandono dos mesmos de forma que, quem os abandonava estava contribuindo para a salvação deles. No final do século XV, a Lepra, havia deixado de assombrar o continente, e com isso as casas de recuperação foram gradativamente perdendo sua finalidade. No entanto, mais tarde, com o desenvolvimento das doenças venéreas, tais estabelecimentos recuperaram seu papel social, dando abrigo aos novos doentes, onde eram isolados a mercê da solidão e submetidos à cura pelo suor1. É também importante ressaltar, que, algumas vezes em casas de recuperação conhecidas anteriormente como leprosários, tais como Saint-Germain da periferia de paris, os loucos, doentes e qualquer outro tipo de grupo segregado da sociedade eram confinados no mesmo ambiente sem qualquer tipo de restrição ou tratamento, mesmo após a descoberta das práticas corretas para cada caso. Aos poucos as doenças venéreas passaram a ser estudadas e por meio de experimentações científicas descobrem-se curas. Desta forma, essas 1

Tratamento utilizado na Idade Média, que consistia em deixar que o paciente sofresse e suasse até que a doença fosse curada “naturalmente”.

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doenças passam a ser tratadas gradativamente em hospitais nos centros das cidades, chegando também a gerar a necessidade da fundação de hospitais específicos para estas doenças. Com isso, as casas de recuperação vão reafirmando seu papel de segregação ao receber, desta vez, os loucos que vagavam pela cidade. Nesta época, a loucura ganha destaque na sociedade medieval de forma negativa superando até mesmo a visão preconceituosa relacionada a doenças como a lepra e doenças venéreas. Fato curioso a constatar: é sob a influência do modo de internamento, tal como ele se constituiu no século XVII, que a doença venérea se isolou, numa certa medida, de seu contexto medico e se integrou, ao lado da loucura, num espaço moral da exclusão. De fato, a verdadeira herança da lepra não é aí que deve ser buscada, mas sim num fenômeno muito complexo, do qual a medicina demorará a se apropriar. Esse fenômeno é a loucura. (FOUCAULT,1964, p.8)

A segregação apresenta a loucura, e dela herda-se muito mais do que a simples representação do termo, herda-se um sentido histórico inteiro, que atropela a todos aqueles que não se fazem iguais ao plano social de quem se deve ser. Aquilo que pode ser percebido também como a face negativa da loucura, parte do que perdurou por séculos sem ao menos ser questionado na sociedade.

As percepções do meio social mudam de acordo com o tempo em que vivemos. Dentro deste viés, pode-se analisar a alteração na assimilação social da loucura, a partir do período do movimento cultural denominado Renascimento, que marcou a transição do medieval para uma mentalidade diferente, voltada ao uso da razão e ao Homem. Isso se deu entre o fim do século XIV até o fim do século XVI. Para Foucault (1964), neste momento se pôde perceber, pela primeira vez a dualidade da loucura, e que se constata não só a concepção negativa do louco, mas também o início de uma nova concepção. Neste novo contexto social, após a ditadura do medo e da morte, o Homem deixa para trás o receio de questionar e se coloca no centro do universo. Nesta conjuntura a loucura passa a ser compreendida sob a ótica de uma nova perspectiva. A renovação do humano, a explosão subjetiva da criatividade e da arte. Segundo Foucault (1964), a loucura é descoberta de

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maneira inovadora, ela se apresenta como parte da razão, onde é preciso daquela para que esta se faça verdadeiramente presente. Com isso, a loucura se torna como que parte essencial do humano, e os pontos que os diferenciam passam a ser exaltados e desejados por todos, expostas

e

apreciadas

como

excentricidades

e

particularidades

que

anteriormente eram encaradas com horror e certo medo. Para Foucault (1964) dentre as significações do renascimento surge a relação de loucura e sabedoria, conceitos opostos que ganham um significado grandioso, muito utilizado até então. Onde se buscava na subjetividade da arte, da criação e das pesquisas encontrar cada vez mais a verdade das coisas, buscava-se através da loucura desvendar a verdadeira razão.

A era do renascimento embriagou-se da loucura e expulsou o seu negativismo e a morte, trazendo o questionamento e as novas experiências para o tempo. Contribuindo assim, com a vinculação de razão e loucura, fomentando a ciência e contribuindo para que um mercado da criatividade ganhasse força e se instalasse na história da humanidade. Sendo assim, podese dizer que com o renascimento recupera-se também o culto ao ato da criatividade relacionado ao conceito de insanidade. Neste sentido deve-se a subjetividade do novo tempo e a consecutiva saturação do tema da morte, parte do que preservamos até então como percepção positiva da loucura, a qual venera-se até hoje, a eminente insanidade. As primeiras percepções de loucura apresentam os inicias questionamentos sobre a realidade do tema. A história exprime dois lados de uma mesma questão, onde se pode perceber o nascimento de uma visão negativa e outra positiva sobre o mesmo assunto. Resultando desta maneira, a dualidade que se prosseguiu na percepção da loucura nos séculos seguintes até a atualidade.

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3. A LOUCURA E A ATUALIDADE O tema loucura evoluiu e hoje é possível embater-se com diversos significados para tal palavra, porém, destes significados tiramos resquícios das traduções do tempo, onde pode ser percebida a descendência Medieval ou Renascentista de cada concepção. A busca pela definição atual da loucura relata sobre o passado e aponta para o futuro; seria possível encontrar uma visão atual diferente do que já foi conhecido? Uma recente pesquisa publicada pelo O Globo (2016)1 apresenta dados onde 1 a cada 3 adolescentes sofre de transtornos mentais comuns, dentre eles tristeza frequente, dificuldade para se concentrar ou para dormir, falta de disposição para tarefas do dia a dia, entre outros sintomas. E afirma, se não tratado, um problema desse tipo pode evoluir para transtornos mais sérios. A quantidade de jovens na linha entre loucura e a sanidade assusta, e indica um novo questionamento, será que o humano já nasce propenso a loucura? Será que a forma de vida é que adoece? Ou melhor; a loucura já não faz parte da espécie antes que se reconheçam conceitos como normalidade e loucura? O fato é, que um transtorno menor, próximo do que se conhece como normalidade, pode sim evoluir para um transtorno maior próximo do que hoje se entende como loucura. A pesquisa do O Globo (2016), revela uma versão de pesquisa sobre o futuro das gerações, e como estará a saúde mental das pessoas daqui um tempo, feita em jovens de 12 a 17 anos, busca conscientizar sobre doenças psíquicas e suas demais consequências, visando um avanço nas pesquisas e nas prevenções de maiores transtornos. No mesmo âmbito, outra pesquisa apresentada em uma matéria do programa Profissão Repórter fala sobre o tema de uma maneira mais drástica, apontando para dados atuais de transtornos mais sérios, e trás a seguinte chamada:

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http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/um-em-cada-tres-adolescentes-no-pais-sofre-de-transtornos-mentaiscomuns-19356875

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Cinco milhões de brasileiros têm alguma doença psiquiátrica grave. Lei que determina fim dos manicômios no Brasil já tem 15 anos. Muitos pacientes psiquiátricos passam a vida internados em instituições.(G1, 2016). 2

A matéria questiona a situação de milhares de doentes que mesmo após a lei de proibição, permanecem sendo tratados em instituições que as privam do convívio social. Tal questionamento ressalta o fato de que, apesar da loucura parecer ser tratada de maneira adequada e pertinente, ainda se veem tratamentos privativos e hostis. Dentro deste contexto, analisa-se também o fato de que, no dia 18 de maio de 2016, a Luta Antimanicomial (1987)3, movimenta as cidades em oposição a esse tipo de confinamento e ganha espaço significativo no cenário cultural, tornando-se notícia em diversos estados do país. Em BH, o slogan “Nós passarinho e eles passarão” representa a luta, e junto com ela traz subjetivamente a recolocação do eu dentro do conceito da loucura, atentando para o fato que não só eles, mas o eu também pode estar a qualquer momento incluído no grupo denominado como transtornados mentais. Amenizando com isso o distanciamento da sociedade entendida como normal e a compreendida como louca. A aproximação entre os temas da loucura e a sociedade é clara. Pesquisas relatam sobre o quão próximo se está da loucura, e designa-se um momento em que a hostilização do tema parece não ser mais tolerada. Em uma narrativa exposta na matéria do G1, percebe-se a influência da loucura na atualidade e a necessidade de tratar do assunto de um novo modo, e aponta para um importante dado:

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. http://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2016/06/cinco-milhoes-de-brasileiros-tem-algumadoenca-psiquiatrica-grave.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=prep “O Movimento da Luta Antimanicomial teve seu início marcado em 1987, em continuidade a ações de luta política na área da saúde pública no Brasil por parte de profissionais de saúde que contribuíram na própria constituição do SUS. Naquele ano a discussão sobre a possibilidade de uma intervenção social para o problema da saúde mental, especificamente, dos absurdos que aconteciam nos manicômios ganhou relevância, permitindo o surgimento específico deste movimento. Desde então a participação paritária de usuários de serviços e seus familiares se tornou característica deste movimento. Em 1987 estabeleceu-se o lema do movimento: "Por uma sociedade sem manicômios", e o 18 de maio foi definido como o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, data comemorada desde então em todo o país.” ASSOCIAÇÃO DE VOLTA PARA CASA: http://www.assdevoltaparacasa.org.br/page9.htm 3

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No Brasil, 24 milhões de pessoas precisam de atendimento de saúde mental e cinco milhões sofrem de transtornos graves, como depressão, bipolaridade e esquizofrenia. A esquizofrenia é uma doença que atinge cerca de 1,3 milhão de pessoas no país. A cada ano, são diagnosticados cerca de 40 mil casos. (G1, 2016).

Os números denunciam uma proporção muito maior do que se imagina, e leva ao espectador uma questão até então pouco trabalhada, a loucura pode estar mais próximo do que se imagina. Dentro deste viés, o tema passa a ser retratado por diversas linhas artísticas. Com destaques no teatro, cinema, artes plásticas dentre outros, a fim de discutir o assunto na sociedade contemporânea e de externar o novo momento que está por vir. Trata-se da anunciação de uma ressignificação do louco, onde como na era renascentista, a loucura e a razão se alinham e apresentam uma nova compreensão de loucura, que hoje pode ser qualquer um em qualquer lugar indiferente de sua patologia. Nas artes, peças de teatro como Nos porões da Loucura (2016) de Luiz Paixão, que trata sobre o hospital psiquiátrico de Barbacena, baseado no livro de Hiram Firmino, questiona e impacta a sociedade sobre a realidade cruel de ser considerado segregado na época. Na obra, percebe-se a intensidade com que se vive a loucura e os conflitos sociais que as permeiam. Nela são citados casos de segregação que nem sempre estão de fato relacionados com transtornos mentais. Trata-se de uma análise social sobre como a loucura foi utilizada para um fim segregativo, com o intuito de livrar o corpo social de tudo aquilo que não lhes fossem agradáveis aos olhos. A peça ficou em cartaz durante 3 dias, ultrapassa o público esperado e lota as apresentações do teatro do SESC Paladium de Belo Horizonte. A obra de Luiz Paixão (2016) se passa em um dos hospitais psiquiátricos mais importantes da historia de Minas Gerais, Colônia de Barbacena (1903). Atualmente, o espaço abriga o Museu da Loucura (1996), e teve no dia 18 de maio de 2016, dia da luta antimanicomial, a reinauguração oficial do espaço, com a finalidade de conscientizar a sociedade. O museu é também um compromisso social, e nele busca-se a quebra de preconceitos através da defesa da cidadania de doentes psíquicos, conforme afirma o curador do museu, Edson Brandão, para uma matéria do G1 (2016).

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No cinema, filmes como Nise o coração da loucura (2015) de Roberto Berliner e A loucura entre nós (2015) de Fernanda Fontes Vareille ganham destaque dentre os filmes disponíveis nos espaços culturais da cidade, representando com isso a popularidade do tema que pode se fundamentar na necessidade das pessoas de entenderem a loucura e se expressarem mais sobre ela. Neste sentido, encontram-se nas manifestações atuais sobre a temática e no grande destaque do tema, a consecutiva identificação do eu para com a insanidade, visto que, a partir deste momento a barreira da loucura e da sanidade passa a ser fortemente questionada na sociedade, o que acaba por afetar todo um sistema criativo e cultural.

4. PERCEPÇÕES DE LOUCURA NA MODA. A moda e a loucura se entrelaçam no decorrer dos anos, e encontramos nessa relação, a grande significação do tempo. Os sentimentos da atualidade não são suficientemente expressados em palavras, o mundo das imagens se torna cada vez mais significativo que a demanda da expressividade falada. Tanto os loucos quanto os criativos, estão a todo tempo buscando pela cura ao gritar em forma de exteriorizações e criações sobre aquilo que percebem do mundo. A criação é nada mais que fantasiar a realidade que se vive, como afirma Marcelo Rodrigo Campos (2013) A insatisfação tende a ser reconhecida como a exclusiva condição da fantasia. Dentro deste contexto Campos (2013) remete ao ponto inicial do criar e expõe a sensibilidade do criador ao representar temas do mundo exterior de acordo com suas experiências. Neste sentido, o pensamento da moda enquanto protesto e questionamento social remete a uma idealização de um objeto melhor frente à insatisfação apresentada. A moda representa a sociedade de cada tempo, e junto disso, representa também suas vivências, seus questionamentos e suas mazelas. Segundo Holzmeister (1967), ao enfrentar o caos e o desconhecido, é possível

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repensar o humano. Sobre isso, aponta a moda não só como um fim estético, mas como outra possibilidade de crítica, remetendo assim a diversos nomes da moda que trazem às passarelas criticas vestíveis, como Vivienne Westwood1, estilista inglesa, que em 1981 levou a causa punk e seus ideais ao mundo da moda. Conquistando assim todo o cenário fashion e iniciando um longo processo de desconstrução de padrões anteriormente fixados a moda. De acordo com Navarri (2010), através da moda, temos a possibilidade de nos representar entre o antes e o agora, e neste momento a sociedade se manifesta na moda, cada vez mais como uma representação de suas quebras de padrões. Navarri (2010) exemplifica em seu livro a mudança de padrões através da moda e seus consecutivos impactos no corpo social, o fato de ter na moda o poder de expressão faz com que esse mercado impulsione também novas formas de pensar, de agir e de se relacionar com determinados temas. Neste sentido, aponta a utilização do dress code2 em decadência, e as tendências à modificação do corpo através de intervenções médicas ou estéticas demonstrando assim a necessidade de se diferenciar e de apresentar um novo lado no mercado dos corpos e das imagens. Assim como na arte e no cinema, a crítica na moda pretende repensar padrões pré-estabelecidos no corpo social, e visa alcançar tais quebras de padrões para situações que já não suprem as necessidades da vida. A moda e a loucura se encontram para tratar de uma crítica vestida de desejo, mistura do pensamento de morte, loucura, insanidade e intento; tradução que a moda apresenta sobre a palavra loucura, e que vem para acrescentar no corpo social com sua ambição pela expressividade de suas questões, visando externar o grito da identidade e da autenticidade da sociedade atual. Neste sentido, tema loucura foi tratado por criativos de diversos campos. Na moda, os estilistas Alexander Mcqueen, Alexandre Hercovitch e Mary Arantes, representam em coleções suas percepções de loucura, e impactam o 1

Vivienne Westwood, estilista inglesa responsável pela moda punk e new wave .

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Regras de como se vestir de acordo com a ocasião.

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público ao mesclar loucura e normalidade, demonstrando com isso, a fragilidade do termo “normalidade” na sociedade em que vivemos. Nessa perspectiva, pode-se relacionar as assimilações de loucura e suas conexões com a moda e a atualidade. Mary Arantes, diretora criativa da marca mineira Mary Design, apresenta uma coleção inspirada na loucura no evento Minas Trend Preview na temporada de primavera-verão de 2014/15, e expõe questões sobre sua pesquisa, enraizada no mundo em que os loucos são marginalizados e questiona “Quem são de fato, os loucos desse mundo? (GLAMURAMA 2014)”. Na entrevista para Glamurama3 (2014), Mary afirma que pretendia inserir a loucura no processo criativo e mostrar o limiar entre ela e a normalidade, que na verdade é muito pequeno. Além disso, cita seu processo criativo, onde descreve o sonho que deu vida a coleção de acessórios, apresentando o processo como uma criação inconsciente, retrata a relação da criatividade com o subconsciente e a não relação da sanidade com a criação. Com isso, questiona também a aceleração do cotidiano e a junção de tal aceleração com a incidência da loucura da sociedade. A crítica à aceleração da sociedade, acompanhada de seu possível resultado é representada por Mary de maneira inversamente proporcional. E com isso, acaba por causar um efeito impactante ao público. A loucura se apresenta através de seus acessórios artesanais, que remetem ao sangue, com uso do vermelho, e suas roupas a modelagem a representar camisas de força ligadas à suas referências à imobilidade, dor e insanidade que se misturaram na passarela e causam uma combinação de estranheza e identificação aos olhos do publico. Criação, sonho e realidade. A coleção de Mary retrata a loucura de modo mais completo, a criação subconsciente, além do próprio ato de criar, reflete a influência da loucura e aponta para a criatividade experimentada. Como reflete Campos em sua obra O Cordeiro da Moda: “A irrealidade do mundo imaginativo do criador tem consequências

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http://glamurama.uol.com.br

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importantes para a técnica de sua arte, pois apenas dessa forma é possível que se alcancem alguns resultados.” (CAMPOS, 2013, p.32) Segundo Campos (2013), a não conexão da criação com a realidade é um dos fatores mais importantes para a finalização de um trabalho, afirmando o exercício da loucura na utilização de imaginação a fim de produzir criações artísticas. Sendo assim, a criação através de um sonho, relatada por Mary em sua coleção sobre a loucura, perpassou pela loucura através dela mesma. De outra forma, pode-se também analisar a moda como um fator recorrente das percepções da loucura. Uma vez que, o mercado das tendências e suas previsões decifram sentimentos das pessoas e os entregam àquilo que desejam, o que se pode entender como uma constante leitura das fantasias de massa e a entrega das mesmas a fim de criar um ambiente repleto de significações de alívio diante dos desprazeres da vida. Pode-se então fazer uma comparação com a teoria dos delírios de massa de Freud, onde afirma em sua obra O Mal estar na civilização (1930), a necessidade de tais movimentos para o bem-estar da sociedade. É de particular importância o caso em que grande número de pessoas empreende conjuntamente a tentativa de assegurar a felicidade e proteger-se do sofrimento através de uma delirante modificação da realidade. (FREUD, 1930, p.26)

Freud evidencia as manifestações de delírios em massa, e de certa forma ressalta a necessidade de tais delírios para que o indivíduo e o corpo social suportem a todos os desconfortos que vivem. Dentro deste ponto de vista, é possível relacionar o movimento da moda como uma das ‘modificações de realidade’ que Freud cita, compreendendo a correlação do círculo de sanidade e insanidade em que a moda se insere, revelando e satisfazendo, tudo aquilo que a individualidade e a sociedade vivem em determinado momento. É possível, através deste pressuposto, depreender toda a subjetividade que envolve a moda e as percepções de loucura compreendendo suas respectivas conexões. A mescla de insanidade, desejo e insatisfação reflete na moda muito mais do que entende-se como loucura do que pode-se imaginar. 16


Dentro disso, sobreleva-se a verdadeira relação da loucura e da moda, onde aparentemente uma vive a completar a outra. A moda representa o eu e o todo, que de certa forma é também o louco. E a loucura representa a moda ao direcionar parte de sua força para a criatividade e subjetividade do humano.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Partindo da análise dos diversos conceitos e percepções que carregam a palavra loucura, destaca-se uma importante análise; de que tal termo carrega não só um significado, mas uma mescla de sentidos e subjetividades resultantes de acontecimentos históricos relacionados ao tema. Dentro de desta perspectiva, observa-se também o fato de que há uma grande influência da loucura no mercado criativo, o que faz com que as ligações entre moda e loucura sejam explicadas também através da história. Atualmente a loucura se justifica como importante conceito da atualidade, e arrasta consigo todo um mercado cultural e criativo, tal temática se renovou através dos séculos, chegando a resultar em fruto rentável no corpo social, assegurando sua importância no mesmo e se constatando enquanto um termo difundido como cultura de massas na sociedade contemporânea. Desta maneira, pretende-se utilizar da flexibilidade do tema para representar na coleção a ser desenvolvida as diversas percepções da loucura, utilizando de diferentes texturas e de modelagens rígidas frente a fluidez de alguns tecidos como ferramenta para a construção da imagem da loucura.

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7. APÊNDICES

APÊNDICE A

7.1 Painel de inspiração

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APÊNDICE A

7.2 Painel de Público- Alvo

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APÊNDICE B ROTEIRO PARA DESENVOLVIMENTO DE PRODUÇÃO DE MODA – COLEÇÃO Marca: Desfaçatez Estilo: - Dominante: Criativo -Complementar: Dramático Segmento de Mercado: Feminino / Masculino Segmento de Mercado de Moda: Vestuário Linha: Prêt-À-Porter de luxo. Estação e ano: Primavera / Verão 2017 Tema da Coleção: Percepções de loucura. Referências: Estilo dramático, Movimento Minimalista atrelado aos conceitos de desconstrução crítica e alfaiataria. Conceito: O conceito da marca e da coleção trata das manifestações sociais e das constantes quebras de padrões, visando como ponto principal à liberdade, autoconfiança e certo descaramento. O tema Loucura será tratado da mesma maneira pela marca, onde o mesmo será representado com certa libertação de conceitos anteriores, se tornando para a marca objeto de força e de afirmação de seus principais conceitos. A temática fala também, de forma indireta, das singularidades e da necessidade de serem respeitadas preservadas, apresentando com isso, uma face austera e imponente ao exaltar a originalidade de cada um através do tema. Desta maneira, relacionase também a uma forma de promover a autoaceitação a aqueles que se sentem marginalizados por serem atingidos por tal diferença. Cartela de cores: Tons de cinza, pastéis, lilás, branco, preto e metalizados. Formas e estruturas: Formas rígidas, retas, geométricas e assimétricas, com um leve toque de sobreposições.

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Materiais: Não-tecidos, linho, zíper grosso, linhas de nylon e abotoaduras de metal. Cronograma: Para O inicio de agosto pretende-se executar todo o processo criativo. Em setembro as primeiras confecções como modelagem, fichas técnicas e peças piloto. Início de outubro confecções das peças e croquis artísticos, Em Novembro, intenciona-se em dar sequencia nas criações e no portfólio até o fim do semestre.

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8. REFERÊNCIAS

CAMPOS, Marcelo Rodrigo. O Cordeiro da Moda. Blumenau: Nova Letra, 2013.

FOUCAULT, Michel. Historia da Loucura. São Paulo: Perspectiva S.A, 2007.

FREUD,Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Editora Schwardz S.A, 2011.

G1, Disponível em: <http://g1.globo.com/mg/zona-damata/noticia/2016/05/museu-da-loucura-e-reaberto-com-objetivo-deconscientizar-sociedade.html> acesso em: 24 de maio de 2016.

G1, Profissão Repórter. Disponível em: <http://g1.globo.com/profissaoreporter/noticia/2016/06/cinco-milhoes-de-brasileiros-tem-alguma-doencapsiquiatricagrave.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_camp aign=prep> acesso em: 24 de maio de 2016.

Glamurama. Disponível em: <http://glamurama.uol.com.br/mary-design-trazcolecao-inspirada-na-loucura-no-minas-trend-com-muito-sangue/#2> acesso em: 03 de junho de 2016.

HOLZMEISTER, Silvana. O estranho na moda. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2014.

IG, Último Segundo, Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/mg/2014-01-09/museu-da-loucura-levavisitantes-a-reflexao-sobre-holocausto-brasileiro.html> acesso em: 29 de maio de 2016.

NAVARRI, Pascale. Moda e Inconsciente. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.

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O Globo, DisponĂ­vel em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/um-emcada-tres-adolescentes-no-pais-sofre-de-transtornos-mentais-comuns19356875> acesso em: 24 de maio de 2016.

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