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“Por ser de lá do sertão, lá do cerrado, lá do interior do mato, da caatinga, do roçado...” Quem bebe da mesma sede que o sertão dá, caminha desde cedo a procura de mergulhar. Deixa a terra e os seus, na esperança de encontrar o que nem sabia existir. Caminha léguas com brilho no olhar, e a fé que um dia vai prosperar. Mas na cidade aprende, que a seca perdura por onde quer que vá. E bebe a vida toda, na busca do saciar. E lembra lá da casa, quase que muito longe, quase que bem distante. E aprende na distância o valor que a terra tem. Chão rachado traz feridas abertas, amor é poeira. O concreto é vazio, o bonito é sem forma. O cinza que anuncia benção, aqui só faz doer. Cai o sonho, cai a luz, cai a máscara, cai, cai, cai... Desapareceu. A falta de sol, gela o coração No breu da pra ver as sombras. “Sertanejo chora, tem saudade do seu bem É uma dor que ninguém tem, Dor de quem foi-se embora.” E pisa sempre devagar, e corre sempre sem parar. E ama sempre sem pensar e vive sempre a esperar. Voa longe, depois desce, e ajoelha pra rezar. Busca amor no seu andar e faz figa pra aguentar. É preciso caminhar, se perder, pra se encontrar. O caminho sempre mostrará, o que ficou ao sair pra navegar. Mas no regressar encontrará, um cais de amor pra descansar. Necessário é lembrar, da raiz que te dá, asas pra flutuar.” 21/03/2017 Jéssica Rolemberg


INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

GLAUBER ROCHA: TRANSGRESSÃO, REVOLUÇÃO E DELÍRIO

ALUNA: Jéssica Rolemberg Oliveira

PROFESSORA ORIENTADORA: Geanneti Tavares Salomon

ÁREA DE PESQUISA: COMUNICAÇÃO E ARTES LINHA DE PESQUISA: HISTÓRIA, IMAGEM E CULTURA

BELO HORIZONTE 2017 / 1


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Esse portfólio é uma proposta profissional de Jéssica Rolember Oliveira,formanda em Moda, pelo Centro Universitário UNA 2017.2, de contar uma história baseada em um tema, através d criação de uma coleção com conceito upcycling e da execução d campanha e material imagético da mesma para uma marca. O se trabalho de conclusão de curso tem como objetivo realizar um coleção para a marca O Jambu, e a produção de áudio visual d uma campanha de moda, da mesma. Contará com fotos diagramada em um editorial e também com um ashion film. O tema do projet é, éGlauber Rocha:profissional Transgressão, e Delírio. Glaube Esse portfólio uma proposta de Revolução Jéssica Rolemberg foi um cineasta brasileiro, conterrâneo, transgressor inserid Oliveira,formanda em Moda, pelo Centro Universitário UNA, no conceito do cinema novo, em queummostrava atravésdada sua arte 2017.2, de contar uma história baseada tema, através um olhar social crítico e político com uma estética própria criação de uma coleção com conceito upcycling e da execução da Inspiradoimagético nesse olhar, foi para feitoumauma pesquisa campanha e material da mesma marca. O seude campo e da de curso tem como objetivo realizar uma trabalho de Vitória conclusão Conquista Bahia, terra dede Glauber e Jéssica, mai coleção para a marca O – Jambu, e a produção áudio visual de no bairro ela cresceu. Ess uma campanhaespecificamente de moda, da mesma. Contaráperiférico com fotos onde diagramadas olhar para esse lugar inspirou a criação de uma coleção d em um editorial e também com um ashion film. O tema do projeto upcycling e remodelagem com peças da marca Glauber O Jambu e uma min é, Glauber Rocha: Transgressão, Revolução e Delírio. coleção de roupasconterrâneo, também no conceito do upcycling, foi um cineasta brasileiro, transgressor inseridousando peça de brechó, que compõe o styling da produção. no conceito do cinema novo, que mostrava através da sua arte,

RESUMO

um olhar social crítico e político com uma estética própria. Palavras Chave: Criação,de Imagem, Inspirado nesse olhar, foi Transgressão, feito uma pesquisa campo Upcycling em Vitória da Conquista – Bahia, terra de Glauber e Jéssica, mais especificamente no bairro periférico onde ela cresceu. Esse olhar para esse lugar inspirou a criação de uma coleção de upcycling e remodelagem com peças da marca O Jambu e uma mini coleção de roupas também no conceito do upcycling, usando peças de brechó, que compõe o styling da produção. Palavras Chave: Transgressão, Criação, Imagem, Upcycling


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currículo 07

briefing de negócios

público-alvo 11

identidade visual

briefing de produção 47

plano de Styling 60

fotos 68

fashion film 71

anexos


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Eu busco encontrar um sentido na minha profissão e no que produzo no mundo e para a sociedade. Tento trabalhar no viés da produção sustentável, do reuso, da ressignificação, do consumo consciente, do olhar social e político e do que me toca e me inspira como ser criador. Penso em moda como ferramenta de comunicação e linguagem, como um transporte para memórias e arte.

Curso Corte e Costura- Sesc

Jéssica

Rolemberg

Oficina de fuxico – Prefeitura de Belo Horizonte Oficina de bordado – Prefeitura de Belo Horizonte Fashion Revolution- Belo Horizonte Produção e Styling 1 ano e meio (Assitência) Pedro Moura / David Souza (trabalhos: Jornal O Tempo, Revista Diversos, Made in Brazil,) (Marcas: Auá, Trash, Iorane, Fatima Schofield, Maracujá, Fedra, Flash Door, Skunk, Thamara Capelão, Plural, Fernanda Torquetti) Produção, Styling e Edição de arte -

Revista: Ansuz

Marca: Lewis Co. Trabalho Voluntário: Nossa Comunidade – Empresa: Junior Achievement Empreendedorismo para transformar


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BRIEFING DE

NEGÓCIOS


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D e s c rição geral da marca

Maria Candida

Jéssica Rolemberg, design, editora, produtora e styling de moda. Trabalha com marcas e lojas de street style, produção de editoriais para revistas e na produção de figurino de artistas e clipes que conversam com a estética do universo urbano.

C o n correntes

Designer e Stylist Trabalhos: Cause Magazine, Nephew, Diwo Collab

David Souza

Serviços

Desing de Moda Produção de Moda Edição de Arte Styling de Moda Editor de moda e Stylist especializado em moda masculina Trabalhos: Made in Brazil, W Model Group, Victor Magazine Men

Preço Pedro Moura

Editor de moda, de arte e Stylist especializado em moda feminina Trabalhos: Fátima Schofield, Fedra, Essenciale

De R$ 3000,00 - 15000,00


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PÚBLICO-

ALVO


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de s i a i r o it d e , a. e c l i y s t Ăş s m et de e r s t e s p i e l e c da d o s m e m e l d i f e d o Marcas n i gur i f , s a revist


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IDENTIDADE

VISUAL


EDIÇÃO PRODUÇÃO STYLING DESIGN

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L o g o E Monogramas

Tipografia

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A marca homônima da Jéssica Rolemberg, tem como referência um carimbo, com simplicidade e objetividade, ela estampa seus trabalhos como se fosse uma assinatura, e usa seus auxuliares abaixo para designar qual tipo de projeto foi desenvolvido.

Prestige Elite Bold

A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V a b c d e f g h i j l m n o p q r s t u v

EDIÇÃO EDIÇÃO

PRODUÇÃO PRODUÇÃO

STYLING STYLING

DESIGN DESIGN


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Ár e a De Proteção E Redução Mínima

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M a l h a de Ampliação

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C a n ais de Divulgação

Instagram

Aplicativo de Imagens que portfólio e é acessível e rápido.

Peças Publicitárias elevante Canal mais r Outdoor / Busdoor

possibilita

usar

de

Facebook

Possibilita escrever textos, releases e postar outros conteúdos para além das imagens. Os vídeos podem ser postados completos, independente do seu tempo de duração. Também consegue aproximar o cliente da empresa, seja com comentários, avaliações e trocas de conteúdos.

Tumblr

Possibilita uma liberdade de postar referências imagéticas que completam as imagens produzidas, é possível contar uma história mais livre e solta com imagens, até chegar as imagens produzidas.

Site Instagram

www.jessicarolemberg.com jessicarolermberg

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Permite uma credibilidade profissional maior a empresa, é possível criar um design próprio que complementa e remete ao estilo que quer ser vendido e também possibilita uma qualidade maior das imagens.

Facebook


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P l a n o de Visual Merchandising


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BRIEFING DE

PRODUÇÃO


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MACROTENDÊNCIAS


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E v o l ução, não revolução Nomes grandes e pequenos do mundo da moda irão se aventurar em coleções que promovem versatilidade, longevidade e, principalmente, sustentabilidade. A ideia central é trazer elementos do passado para o presente, criando visuais atemporais com referências de décadas anteriores. As marcas irão revisitar seus arquivos em busca de peças básicas sofisticadas e itens luxuosos para o dia a dia, estabelecendo parcerias com outros nomes da moda.

F u s ã o Pancultural Na era das mídias sociais, nossas relações com os lugares passam a ser cada vez mais vagas, já que podemos nos conectar a histórias e culturas que não as nossas. Para a moda, isso reflete na criação da ideia do “multilocal”, misturando referências e valorizando ideias sem se apropriar delas. Deve crescer a abordagem do “caçadorcolecionador”, onde temas e tradições de lugares longínquos são retrabalhados com um olhar de admiração, fugindo do óbvio. No mundo interconectado, o global e o local se fundem continuamente, ignorando fronteiras.

Contra a Corrente As mesmas influências globais que proporcionam o surgimento da fusão pancultural irão trazer uma proposta mais pessoal e política para as roupas do dia a dia. Aqui, o vestuário se transforma em uma potente ferramenta para comunicar ideias, crenças e fidelidade a determinadas subculturas. Em meio a um mundo tão dividido, a moda será recriada para ter um propósito: além das roupas, ela deverá se transformar em forma de expressão e opinião.

Nostalgia Jovem A nostalgia sempre exercerá um papel importante na moda, porém nas próximas temporadas o passado receberá releituras com propostas menos rígidas, de modo a criar uma sobreposição de referências. A nova abordagem do passado ganha aspecto mais jovial e menos sentimental, indo além das reproduções óbvias e buscando criar um estilo livre, que reflete o entusiasmo das subculturas jovens. Detalhes e materiais atuais modernizam o passado, criando peças familiares mas com um novo twist.


RELEASE

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“O que não é visto, não é lembrado” Revisitar lugares que trazem lembranças e nostalgia, nos fazem ressignificar e compreender os símbolos que existem na nossa história e sempre fizeram parte do dia a dia. Num movimento de encontro com as raízes, entendemos o que toca a alma e prende o olhar. A coleção para a marca O Jambu, vem do encontro entre nostalgia e atualidade. A lembrança da infância com o olhar atual, resumidos em bolsas modernas e style. Inspiradas no universo da periferia, desde as cores aos modelos criados fazem referência as logos de cerveja e refrigerante, placas de salão de beleza, marmita, game, pneu de caminhão que cerca e rede do campo de futebol da esquina, traduzidos na coleção: Quebrada. São 10 bolsas, que trazem os modelos que são marca registrada do Jambu, como pochetes, mochila e outras.

Jéssica Rolemberg, 27/11/2017 - Belo Horizonte


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A m arca O Jambu

São os poderes de uma planta brasileira, das mais cheias de brasilidades, o que inspira e dá nome à marca O Jambu. É a diversidade da flora deste país o que guia a sua missão: oferecer bolsas e mochilas para todxs! E, se a planta homônima tem o poder de adormecer freneticamente os lábios de quem a experimenta, o que nos impulsiona é a possibilidade de oferecer uma experiência sinestésica aos nossos clientes. Amamos corações, almas e vibrações diversas, e isso faz com que nossas influências também sejam fortemente atreladas ao contexto urbano e às suas manifestações culturais. Guiados pela liberdade inerente à própria existência, provemos ao consumidor os meios para ir aonde queira, resgatando também a sua memória afetiva, a qual está envolta de paladares, de aromas, de tatos, de imagens, enfim, de sensações, de sentimentos. Vibramos os valores cosmopolitas, mas corações e mentes se mantêm enraizados nas nossas origens nortistas. É essa mistura o que melhor define a alma d’O Jambu. E essa miscelânea não vem por acaso: Carol Maqui, diretora criativa e sócia da marca, é norte-mineira, e seu sócio, Swami Cabral, é paraense. Assim nasce o design da marca, que se alimenta das memórias, do lifestyle, das almas e dos valores de seus criadores. O jambu treme!! As mochilas e as bolsas O Jambu são fabricadas, basicamente, a partir de sintéticos e de tecidos de décor. Couro natural, apenas o de descarte da indústria, que é utilizado para poucos detalhes em algumas peças. Os puxadores são porcas e conexões hidráulicas com banhos especiais. Nos bordados manuais, fórmicas amadeiradas e frescas de uso comum do mobiliário. Os produtos são confeccionados em escala reduzida, feitos à mão, calma e amorosamente. São 100% autorais. Sim! O Jambu propõe a mistura entre referências, pessoas, culturas, almas e corações. Acreditamos na diversidade. Acreditamos na importância de a gente se permitir conhecer o novo. O nosso mantra é que a gente sempre experimente: MÉZCLESE!


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Pra onde o seu olhar te leva? Recortes e enquadramentos carregam memórias, interesses e traz na imagem o que toca. Fotos de Jéssica, que trazem seu olhar para o seu bairro natal, onde passou a infância e parte da adolescência. Urbis VI, Pé Inchado, Quebrada. Vitória da Conquista – Bahia, joia do sertão baiano. Terra de Glauber Rocha, Elomar Figueiredo, Família Gil, e tantos outros artistas. Tem sertão e cidade, tem arte e política, tem transgressão e raízes, tem periferia e amor.


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RELEASE

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Pensando na estética e na imagem como um todo, desenvolvi uma mini coleção de roupas complementar às bolsas. As peças unem a minha identidade como designer, no segmento de streetwear, ao conceito de upcycling, que utiliza peças compradas em brechó que são descosturadas e desconstruídas e a partir dessas peças e tecidos, são confeccionadas novas roupas. Nessa coleção acontece mais uma vez a brincadeira com a logo das marcas, que retrata bastante a minha primeira relação com a moda e como eu a enxergava. Na periferia existe uma cultura de cultuar a marca, pois ela te proporciona uma espécie de poder e status. Quem está a margem e sonha em sair desse “lugar”, e que percebe a roupa como uma forma de linguagem, e como a maneira de comunicar com o “asfalto”, costuma dar valor ao nome das marcas. Percebo o movimento que eu fiz desde quando comecei a me interessar por moda e desde que eu achava que a moda eram apenas roupas. A cartela de cores e o estilo das roupas foram inspirados mais uma vez nas imagens e no meu olhar para esse bairro que vivi. Um encontro do sertão, seja no clima ou nos sertanejos, com o urbano periférico e toda sua caricatura. Glauber Rocha me inspira a mostrar o retrato da nossa sociedade de forma real e explícita, e nada melhor do que ter propriedade e verdade ao contar a minha própria história, com o que eu tenho e o que acesso, seja pelas ferramentas ou pelo meu senso estético. Essa coleção traz minha identidade e une a nostalgia do que foi vivido e do que é lembrado, com o que me toca hoje em dia e prende o meu olhar. Jéssica Rolemberg, 27/11/2017 - Belo Horizonte


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Old is cool, é uma marca de upcycling que utiliza peças compradas em brechó para a produção dos seus produtos. Tanto na utilização dos tecidos, como na customização e reconstrução de novas peças, a matéria prima são peças que já existiam e foram garimpadas. Uma marca que traz na sua identidade, inovação e sustentabilidade, traduzidos em peças de street style, que conversam com o cenário urbano e trazem temas atuais e de comportamento, para a moda por meio de suas coleções. Busca ressignificar clássicos de outros décadas em peças atuais, únicas e originais. Se enquadra num processo de produção sustentável e faz parte do slow fashion.


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PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING PLANO DE STYLING


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Olhar PerifĂŠrico


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O projeto busca englobar a rotina e as atividades cotidianas que acontecem na periferia. O olhar para o periférico, e pra quem nunca está em foco. Glauber Rocha trazia para o cinema o olhar pra quem não é visto e nem lembrado, de forma que sua arte era política. Ele defendia que fazia "cinema de 3 mundo, para o 3 mundo, com o suporte e equipamentos que tinha acesso. Numa pesquisa de campo em Vitória da Conquista- Bahia, terra de Jéssica e Glauber, que resultou em várias fotos que trazem referência as memórias de Jéssica desde a infância e o seu olhar atual que se mistura com sua referência urbana do meio onde vive, inspirou o cenário, a locação, o roteiro, o casting de modelos, e o mood do projeto. Será num campo de futebol de terra localizado no Canão, na Serra em Belo Horizonte. As principais locações são o campo de futebol que terá um cenário pensado para o projeto, que mistura pixo e grafite com tecido de sacola de feira e um bar.


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RFERÊNCIAS DE LOCAÇÃO


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roteiro

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1º Momento: Yago quando aparece os Depois eles vão transportados para

e Dudu jogando vídeo game paralisam modelos modelando e sonham estar lá. no bar comprar coca cola e são o cenário das fotos.

2º Momento: Transição dança do Dudu do bar para o campo de terra +Todos os modelos no campo parados. 3º Momento: Modelos juntos no cenário.

História: Take 1: Yago e Dudu estão jogando vídeo game, até que o vídeo game dá interferência e entra a imagem dos modelos no cenário das fotos, modelando. Take 2: Dudu e Yago estão no bar quando Dudu dança e eles são transportados pro campo de futebol. Um take de todos os modelos parados completa a cena. Take 3: Intercalar modelos modelando juntos + imagens das bolsas.

Edição: • Durante todo o vídeo fotos recorrentes da campanha e da pesquisa de campo em Vitória da Conquista. • 1º momento imagem analógica e imagem da TV alta resolução. • 2º momento Dudu dançando, efeito de glitch ou datamosh. • Abertura do programa do Glauber e imagem dele dentro da TV, antes do filme começar.


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ular pelo seu cel e d o C R Q o cessando shion Film a a F o a t s i s s A

Direção de arte/ Styling: Jéssica Rolemberg Pós Edição: Victor Iglesias Fotógrafo: Lucas Pietro Vídeo: Pixado Filmes Videomaker: Antônio Gumi Assistente vídeo: Déborah Rhuama e Mariana Haddad Beleza: Cecília Abreu Corte cabelo: Afrokong Cenário: Lucas Teixeira Modelos: Yago Marra, Eduardo Souza, Jonas Júnior, Lara Lisboa, Jussara


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ANEXOS


INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

GLAUBER ROCHA: TRANSGRESSÃO, REVOLUÇÃO E DELÍRIO

ALUNA: Jéssica Rolemberg Oliveira

PROFESSORA ORIENTADORA: Geanneti Tavares Salomon

ÁREA DE PESQUISA: COMUNICAÇÃO E ARTES LINHA DE PESQUISA: HISTÓRIA, IMAGEM E CULTURA

BELO HORIZONTE 2017 / 1


Jéssica Rolemberg Oliveira

GLAUBER ROCHA: TRANSGRESSÃO, REVOLUÇÃO E DELÍRIO

Artigo apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina TIDIR V (TCC PROJETO). Professora: Geanneti Tavares Salomon Produto final Moda/Vídeo

TCC:

Produção

de

BELO HORIZONTE 2017 / 1 1


GLAUBER ROCHA: TRANSGRESSÃO, REVOLUÇÃO E DELÍRIO

Jéssica Rolemberg Oliveira1

RESUMO

Pretende-se buscar compreender o lugar de partida das pessoas como um ponto de origem no qual o retorno pode ser revelador. O percurso da vida do ser humano é compreendido metaforicamente como uma caminhada no qual há um ponto de partida, um trajeto, que permite uma expansão que pode ser expressada, por meio da arte. Esse trabalho conta com uma metodologia de pesquisa científica focada inicialmente em análise bibliográfica, na qual os levantamentos das informações são feitos em literaturas específicas, livros, revistas, periódicos e acervos e posteriormente analisados. A abordagem trabalhada é qualitativa objetivando responder sua indagação principal que é: de que maneira o ambiente gerador corrobora para o movimento do ser humano, pautado em seu objetivo principal que é compreender o movimento feito e o fruto produzido, a partir de uma análise do ambiente gerador? Esse artigo será fonte de inspiração para a produção de um fashion film.

Palavras-chaves: Delírio. Movimento. Transgressão. Cinema Novo. Impulsionar.

INTRODUÇÃO

O artigo busca observar o movimento do ser humano que, voltando à sua origem, vai encontrar o ambiente de onde partiu, e como o mesmo influenciou e influencia no produto gerado. Abordando a vida de Glauber Rocha (cineasta brasileiro e conterrâneo da autora), pretende-se buscar compreender o lugar de partida deste até a expansão que se alcança na arte e na vida.

* Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação para obtenção do título de bacharel no curso de Moda, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA. 1

Graduanda em Moda, no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: nome@email.com

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É necessário para o ser pensante se encontrar no lugar que ocupa e compreender o seu papel nesse ambiente. Almeja-se estudar o movimento – que por sua vez entende-se como o lugar de onde a pessoa sai e o que a impulsiona, suas motivações, cultura, e até mesmo fatores socioeconômicos, e o porquê do mesmo –, para se localizar e assim ser possível achar uma espécie de conforto com relação ás imparidades que a vida traz, por meio da forma de percepção do sujeito e do produto gerado por ele. Nessa perspectiva este trabalho justifica-se em duas instâncias que se diferem, a primeira é compreender a moda como arte comunicadora, e parte do movimento transgressor do ser pensante por meio da visão de Glauber Rocha, fazendo um paralelo com a observação da necessidade do ser de se movimentar; e em segunda instância para os acadêmicos e profissionais de moda, visto que Glauber Rocha não apenas modificou o cenário do cinema em âmbito brasileiro e internacional. Mas também se justifica por enaltecer elementos tipicamente brasileiros, como por exemplo, elementos e características da cultura baiana por diversos parâmetros estéticos. Esta pesquisa justifica-se também pelo interesse pessoal da autora, considerando que o projeto envolve uma análise do processo do movimento e existe uma identificação da autora desse artigo com o cineasta Glauber Rocha, também no que diz respeito ao movimento migratório da terra natal (Vitória da Conquista- Bahia); são levados em conta aspectos históricos, sociais, psicológicos e perceptivos da relação entre os mesmos. No que tange aos objetivos deste artigo o objetivo primário busca compreender o movimento transgressor na visão de Glauber Rocha, a partir de uma análise do ambiente gerador; desta forma surge ainda os objetivos de segunda instância que darão os desdobramentos do trabalho como, por exemplo, analisar características transgressoras e poéticas nas obras do cineasta. Como produto final de TCC será realizada a produção do editorial artístico de moda (fashion film). No que diz respeito à aplicação na produção final, o trabalho retratará a compreensão do movimento feito por Glauber Rocha, tanto na vida como na expressão de sua arte, com o cinema novo. Esse estudo inspirará o tema da 3


produção de moda, e vídeo. Na produção do editorial será utilizado como cenário para a fotografia e inspiração, o sertão e o urbano presentes em Vitória da Conquista - Bahia. O movimento transversal, o olhar invertido, o caminho avesso, também inspiram o tema do editorial. Tudo isso diz muito da relação da moda e a maneira com que se faz moda. A revolução, o transgressor, o delírio e a utopia. O método científico ou a metodologia cientifica é compreendida como todos os processos intelectuais utilizados para se construir o conhecimento. A modalidade específica da pesquisa é a bibliográfica que busca recuperar e acumular todo o conhecimento científico acerca do assunto estudado. Partindo deste pressuposto foram escolhidas as fontes de dados pesquisados para o embasamento teórico. A abordagem de pesquisa que mais se aplica é uma abordagem qualitativa, possibilitando contribuições para o campo da pesquisa científica e comprobatória da problemática. A meta de trabalho se deu em três etapas: a primeira etapa consiste num estudo teórico sobre Glauber Rocha e foi realizada uma pesquisa de campo da autora em Vitória da Conquista- Bahia, sobre o ambiente, cenário e vida do cineasta, a segunda etapa foi o desenvolvimento do artigo e a terceira etapa será a realização da produção de moda em formato de vídeo.

GLAUBER ROCHA: ESTILOS E CAMINHOS

Em meados dos anos de 1960, uma época onde o cinema era pouco explorado e o mercado cinematográfico cada vez mais era encarado como algo inviável, surge a figura de um dos ícones revolucionários do cinema novo. Segundo Grande (2005) Glauber de Andrade Rocha, ou como é conhecido nacionalmente e mundialmente Glauber Rocha, foi um ator, escritor e cineasta brasileiro, nascido em 14 de Março de 1939 em Vitoria da Conquista, estado da Bahia, falecendo em 22 de Agosto de 1981, no estado do Rio de Janeiro.

Glauber Rocha era o mais velho de quatro irmãos, possuindo afiliação de Adamastor Bráulio Silva Rocha e Lúcia Mendes de Andrade, sendo educado para seguir a 4


religião da Família que por sua vez era protestante, fazendo parte do corpo de membros da Igreja Presbiteriana.

Foi batizado na Igreja Presbiteriana, teve três irmãs, Ana Marcelina de Andrade Rocha (1940-1952), Anecy (1942) e Ana Lúcia (1952), a mais nova, que seria sua confidente por toda vida. Aos sete anos de idade, já alfabetizado pela mãe, Glauber é matriculado num colégio católico, Padre Palmeira, em Vitória da Conquista, para cursar o primário, hoje ensino fundamental. (GRANDE, 2005)

Na década de 1940 mudou-se para Salvador com toda a sua família, mudando ainda de instituição educacional que na época era dirigida pela igreja Presbiteriana, permeando na década de 1950 Glauber perde uma irmã devido a leucemia o que causou grande abalo e tristeza em toda a família, Glauber ficou muito abatido e pensou até em largar os estudos. (GRANDE, 2005)

Ainda estudando no Colégio Dois de Julho em Salvador na Bahia, desperta-se então o interesse de Glauber pelas artes, onde iniciou escrevendo e atuando em uma peça, seu talento começou a ser revelado participando de diversos eventos programas de rádio e televisão. (GRANDE,2005)

Segundo Bentes (2007) a peça escrita por Glauber foi El Hijito de Oro, onde o papel principal era interpretado pelo próprio Glauber. Na década de 1950, Glauber iniciou da Universidade Federal da Bahia seus estudos no curso de direito, que por sua vez acabou abandonando para dar prosseguimento em uma carreira jornalística que também não se sustentou por muito tempo, visto que seu foco e paixão eram as artes cinematográficas.

Ainda na década de 1950, especificamente em 1959, de maneira concomitante com os estudos de direito na Universidade Federal da Bahia, Glauber iniciou sua carreira como documentarista bem como seus processos de critico de cinema; contudo seu primeiro trabalho como diretor foi no curta-metragem “O pátio”, filmado em 1950, e posteriormente, “Uma Cruz na Praça”, em 1960. (BENTES, 2007)

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Glauber conseguiu a plenitude em sua carreira na década de 1960, especificamente em 1962, quando trabalhou em seu primeiro longa-metragem denominado “Barravento”, onde por sua vez foi premiado na antiga Tchecoslováquia, hoje denominada República Checa. (BENTES, 2007)

Rocha (1968) afirma que foi em 1963 a primeira edição de livro de Glauber, uma revisão critica do cinema brasileiro, uma obra de suma importância para sua carreira, publicado no mais alto escalão da imprensa de Salvador; contudo, sabe-se que Glauber foi e sempre será um Ícone do cinema novo, ou seja, um ícone que construiu parâmetros e referências para o movimento da cinematográfica. Foi na obra “Deus e o diabo na terra do sol, 1964” que Glauber se consagrou como ícone do cinema novo, visto que está obra foi consagrada e premiada na Itália e no México, sendo referência como reinventor da literatura de cordel, transgressor, gerando movimento e poesia. (ROCHA, 1968)

No final da década de 1960, especificamente em 1967 e 1969 Glauber teve dois grandes marcos importantíssimo em sua carreira, sua obra “Terra em Transe” feita em 1967 foi considerada pela critica como sua maior obra prima, ou seja, um divisor de águas em sua carreira, ascendendo-o à posição de mestre, e em 1969 recebendo o premio de melhor diretor do Prêmio Internacional de Crítica no festival de Cannes. (BENTES, 2007)

Glauber Rocha sempre foi um cineasta controvertido, não linear, sempre pensou e escreveu cinema de maneira engajada; entendia e pregava uma estética e estilística diferenciada, focada no movimento, na não linearidade; fazia sempre releitura crítica da realidade a qual ele estava inserido, sendo visto não muito bem pela ditadura militar devido a sua forma de trabalhar sempre a frente de seu tempo. (PIERRE, 1987).

Glauber sempre fazia seus filmes e peças focados na crítica social, política, submergindo de uma época tragada e pautada em ditadura, onde tudo que fugisse dos parâmetros ditos normais era perseguido, para além disso, Glauber também 6


sempre trabalhava em perspectivas e em cada trabalho fazia uma releitura diferente de uma realidade brasileira, seja focada na cultura de sua origem seja nas diversas culturas brasileiras.. (PIERRE 1987)

Devido a grande visibilidade e critica á realidade social de Glauber Rocha, o mesmo passou a sofrer perseguição política, em 2014 a Comissão estadual da Verdade do estado do Rio de Janeiro entrega á Família de Glauber Rocha, documento inéditos e com altíssimo grau de confidencialidade produzidos pela ditadura na década de 60 até a década de 1980 produzido sobre ele. (BARCELOS, 2014)

Os relatórios descrevem prisões que têm relações diretas com a prisão de Glauber Rocha, devido a sua perspectiva artística a estética de “esquerdismo”, do cinema novo e diversas entrevistas dadas pelo mesmo. (BARCELOS, 2014).

Os diversos relatórios acompanham algumas entrevistas de Glauber a publicações britânicas, onde o autor qualifica a Times e a Times Out, um dos mais turbulentos ataques políticos diretos e de direita ao Brasil(BARCELOS, 2014). Diz ainda que sua obra “Deus e o Diabo” está implicitamente relacionada com os processos discriminatórios políticos e sociais acometidos ao Brasil na época da ditadura, e que o tema acometido a esta filmarem remetia a Política e ideologia temas que outrora se confrontavam. (BARCELOS, 2014).

Glauber Rocha faleceu no dia 22 de agosto de 1981, no Rio de Janeiro, por choque bacteriano provocado por uma broncopneumonia que o acometia há muitos de meses, época na qual ele se preparava para iniciar o trabalho de gravação de um novo filme. (VALVERDE, 2016)

Glauber foi um transgressor, que trabalhava a estilística e a semiótica de maneira a trabalhar a realidade vivida, um cineasta lutador a frente de seu tempo, exilado devido à perseguição e onde eternamente viverá na revolução do cinema novo brasileiro.

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MOVIMENTO TRANSGRESSOR E REVOLUÇÃO

O cineasta coloca em seu horizonte denunciativo temas relacionados à fome, miséria e contradições sociais, neste sentindo Santos e Botaro,(2011, p.119) afirmam que:

como elementos constitutivos e degenerativos dos próprios sujeitos latinoamericanos, em especial do povo brasileiro. Dialeticamente, a escritura de Rocha (1965) se coloca avessa a tais forças, ao passo que se apresenta como fomentadora de peculiares impulsos criativos, como demonstraremos ao longo do desenvolvimento desse trabalho.

Todavia, para Glauber, seria necessária a reversão dos fenômenos negativos em uma atitude artístico intelectiva; evidente: para aqueles que se propusessem a aceitá-la. De antemão, é possível percebermos que tanto sua obra cinematográfica, quanto seu discurso sobre o real, buscam responder a uma pergunta fundamentalmente filosófica, a saber, “O que é o movimento transgressor? ". (SANTOS E BOTARO, 2011) Por transgressão entende-se o conjunto de ações do indivíduo que busca exceder, ultrapassar, enaltecer, atravessar, noções e sensações que pressupõem a existência de uma norma, que estabelece e demarca limites. Transgredir implica romper, quebrar tradições, mas também alicerçar novas tradições, aportar em novos valores e padrões. (QUINSANI, 2010)

Santos e Botaro (2011, p.119) afirmam que: Numa tentativa de arrazoar sobre essa questão polivalente e plausível para o período em que está alocado, Glauber Rocha quer chegar à essência do povo brasileiro e seus elementos de contradição, propondo uma visão de passado e presente, transitando-se politicamente em um movimento de transgressão, um mover cultural geográfico, como contextos homogeneamente alienadores e focos estruturais de injustiça, diante dos quais, a violência do oprimido ganha legitimidade como resposta à violência institucional, muitas vezes maquiada e imputada nos próprios discursos artísticos. (SANTOS E BOTARO,2011, p.119)

A transgressão no contexto de Glauber buscava a igualdade política, justiça em uma época onde quem lutava contra a censura e contra o que era dito “certo” era tido como revolucionário. Ele queria demonstrar às classes subalternas os próprios 8


mecanismos de dominação a que estavam submetidos historicamente, para que assim a massa tomasse consciência de seu estado de dominação, passasse a lutar contra a exploração, e logo pudesse ter condições de construir no Brasil uma cultura “nacional popular”. Uma revolução social, estética, a revolução social pela estética, se proliferaram pela américa latina pelas mãos de Glauber rocha, que explodiam naqueles anos. Contudo não era compreendida pela maioria. (QUINSANI, 2010)

Na compreensão do cineasta, segundo Santos e Botaro (2011) A imagem e som, trabalhados de maneira articulada, poderiam apresentar soluções às necessidades provenientes dos planos político, econômico, religioso, social e cultural, imanentes da realidade brasileira dos anos de 1960. Sendo assim, pode-se dizer que sua arte age intelectivamente, levantando “um sistema poético através do qual ele questiona e analisa a realidade social” fazendo uma alusão ao movimento, inquietude, buscando a indignação, incomodando, sacudindo a passividade daqueles que não se sentiam responsáveis pela transformação da realidade brasileira. (SANTOS E BOTARO,2011, p.119)

Foi em 1967 mesmo, que a arte engajada brasileira teve maior repercussão, no teatro, na música, no cinema, etc., para Marcos Napolitano, “a impressão era de que o Brasil todo havia se convertido para a esquerda” (NAPOLITANO, 2006, p.59). Surgindo em 1967, o Tropicalismo, movimento artístico de protesto, o qual atingiu diversas áreas. Pode-se considerar uma síntese do radicalismo cultural. Era uma esquerda militante, queriam mostrar o contraste que havia no Brasil, entre o moderno e o arcaico, o nacional e o estrangeiro, o urbano e o rural, o progresso e o atraso. Não foi apenas na música que o Tropicalismo abordou, no teatro, no cinema, na atitude, na moda. (MOURA et all, 2010) Segundo Vlar (2011), a moda tem o papel de comunicar e nessa época trouxe aspectos revolucionários também, que surgiram de referências oriundas da transgressão e do cinema novo, prenúncio do movimento hippie, o início da década de 1960, começava com a geração beat, a discussão dos valores morais e o modo de consumo da sociedade. Contracultura passou a ser referência para a juventude. A palavra de ordem era transgredir, e se diferenciar era o objetivo. Para os jovens, o visual e o estilo foram a maneira de se expressar. Não havia uma moda a ser seguida, quanto mais irreverente a maneira de se vestir, melhor.

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ARTE, DELÍRIO E POESIA: REFLEXÕES

Arte são manifestações de ordem estética, que trazem uma forma de expressão do ser humano de acordo com suas emoções e percepções. Cada um traz para sua arte e sua criação aspectos que vive e a forma como enxerga o ambiente ao seu redor. O objetivo é que o espectador, consiga captar ou se sentir parte do processo de produção artístico. Assim como Glauber trouxe significado para sua arte, usou a mesma como uma forma de revolucionar o ambiente onde ele vivia, devido a uma necessidade que o mesmo enxergou. A autora deste artigo busca dar significado a maneira de se fazer e pensar moda, visto que a enxerga também como potencial artístico. Como inspiração principal para a produção do vídeo, será utilizado uma das principais obras de Glauber Rocha: “Terra em Transe”. Considerada uma das principais obras do período, “Terra em Transe” (1967) é o filme em que Glauber Rocha (1939-1981) aprofunda o estudo da situação nacional. Põe em cena amplo leque de personagens: militantes, militares, intelectuais, políticos e empresários, todos envolvidos na disputa do poder. Cria a fictícia Eldorado, numa conjuntura pré-revolucionária com reação golpista de um movimento de direita. Refere-se ao Brasil daquele momento e a países latino-americanos que viveram o ciclo das ditaduras militares (ENCICLOPÉDIA ITAÚ, 2017) O protagonista é Paulo Martins [Jardel Filho (1927-1983)], poeta e intelectual ferido de morte no momento do golpe de Estado que põe fim a seus sonhos revolucionários. Ele recapitula a vida política de Eldorado e reavalia a própria trajetória. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ, 2017) De início, liga-se a Porfírio Diaz [Paulo Autran (1922-2007)]1, um líder carismático de direita, sempre vitorioso nos jogos de poder de Eldorado. Em dado momento, juntase ao político emergente Vieira [José Lewgoy (1920-2003)], na província de Alecrim, onde conhece Sara. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ, 2017) 10


Mesmo usando metáforas e mensagens entrecortadas, “Terra em Transe” foi censurado pela ditadura e dividiu opiniões mesmo entre militantes da esquerda, em 1967, ano de seu lançamento. (ENCICLOPÉDIA ITAÚ, 2017)

Considerado pela escritora francesa Marguerite Duras "uma fabulosa ópera cinematográfica", o terceiro longa de Glauber foi inovador em sua linguagem alegórica, lançando as bases para o movimento tropicalista. (TV BRASL, 2015)

O impacto do filme no Brasil e no exterior, refletido no histórico debate no Museu da Imagem o do Som (MIS), após o seu lançamento no Rio (Maio de 67), junto com outros filmes mundiais que foram produzidos com a mesma estética influenciou o movimento estudantil francês e foi tema de teses na Sorbonne que apontam “Terra em Transe” ao lado de “Prima de la Revoluzione” e “A Chinesa, de Godard”, como as obras que mais motivaram os protestos conhecidos como "Maio de 68". (TV BRASL, 2015)

A autora enxerga uma necessidade de revolucionar a moda. Desde a maneira que se pensa em moda até o que se produz. É preciso entender a moda como uma forma de expressão, uma maneira de comunicar comportamentos e tendências do ambiente construído e vivenciado pelo ser humano. Assim como Glauber, teve uma visão transgressora e revolucionária na arte do cinema, trazendo consciência política. A moda precisa de pessoas que entendem o papel e o valor que ela carrega para a sociedade.

A moda é uma extensão artística de expressão do ser, e faz parte da linguagem existente na sociedade, que foi construída pelo ser humano. Ela consegue unir tribos, dividir setores, trazer empoderamento, transmitir mensagens, especificar estilos, carregar memória, mexer com sentimentos. Como qualquer outra arte, seja na criação ou na utilização da mesma, a moda é uma maneira de se expressar. É necessário se pensar em uma produção sustentável, que revolucione o mercado produtivo atual. Tanto no conceito que se cria, como na maneira de confecção dos produtos. 11


A autora busca com esse trabalho se manifestar artisticamente através da produção de um editorial de moda, em formato de vídeo inspirado na estética e história de Glauber no filme “Terra em Transe”, na trajetória do cineasta e na sua própria percepção sobre o movimento que fez e faz para conseguir unir os seus ideias e valores como ser humano com o que ela cria dentro da moda. Se sente um pouco como

Paulo

Martins

(protagonista

do

filme),

quando

seus

“sonhos

revolucionários, mortos”.

A referência ao filme vem num contexto de perceber que o lugar que a autora ocupa na sua profissão carrega revolução, amor, delírio e utopia. Num primeiro momento desfalecer a ideia de que moda é arte, e se chocar com todo o sistema capitalista e exploratório que existe por trás dela. E num segundo momento ser a revolução e unir ideais e consciência na criação do seu produto. Trazendo amor, poesia e delírio para sua construção artística, e sonhando em um dia atingir um parâmetro utópico de uma moda sustentável.

O editorial será fotografado em estúdio e serão utilizadas as fotos e outras figuras referentes a Glauber e o filme “Terra em Transe” na criação artística de painéis de colagens. Pretende-se fazer uma foto em formato de vídeo 360º, que agrupe as colagens produzidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo retratou a compreensão do movimento, que voltando a origem do ser humano, vai encontrar o ambiente de onde ele surge. Esse estudo falou da vida de Glauber Rocha (cineasta brasileiro e conterrâneo da autora), que utiliza na sua estética e cenário referências da sua região e cidade natal (Vitória da Conquista), que está localizada no sertão baiano. Nesta concepção este artigo plenamente conseguiu compreender de que maneira o ambiente gerador, ou seja, aquele que se constrói, aquele que gera movimento e 12


desejo corrobora para a movimentação do ser humano. Ou seja, a revolução, que gera movimento, e produz o novo. Em segundo momento este trabalho abarcou a vida do Cineasta brasileiro Glauber Rocha, demonstrando como que este mesmo com a censura, trouxe para a sociedade um movimento transgressor de mudança, mesmo que muitas vezes incompreendido e ou ainda não aceito devido a censura político-militar da época. Neste cenário buscou ainda compreender de que maneira, tal transgressão, revolução e poesia pode abraçar a moda, haja vista que Glauber foi um influenciador. Hoje ainda vemos diversas influências do autor seja na moda, como por exemplo através da cultura baiana, as estéticas que o mesmo trouxe de sua cultura, enaltecendo o estado da Bahia, seja características cinematográficas e ou poéticas, contudo nem ao menos sabemos de onde estas surgiram, qual foi o fruto que as produziu.

ABSTRACT It is intended to seek to understand the departed place of people as a point of origin in which the return can be revealing. The course of human life is understood, metaphorically, as a journey in which there is a starting point, a path, which allows an expansion that can be expressed, through art, and an arrival. This work will have a methodology of scientific research focused initially on bibliographical analysis, where the information are in specific literatures, books, magazines, periodicals and collections and later analyzed the environment. The approach will be the qualitative one aiming to answer its main question that is how the generating environment corroborates for the movement to be, based on its main objective that is to understand the movement made and the produced fruit, from an analysis of the generating environment . Keywords: Delirium. Movement. Transgression. New Movie. Boost. REFERÊNCIA BARCELOS, Adriano.Documentos inéditos expõem perseguição da ditadura a Glauber Rocha. São Paulo. Editora Folha. 2016.

BENTES, Ivana. Cartas ao mundo Glauber Rocha. Acervo Tempo Glauber. Disponível em: 13


<http://www.tempoglauber.com.br/glauber/Biografia/vida.htm>. Acesso em: 02 maio 2017.

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MOURA, Gabriele Rodrigues, COSTA, Karine Lima, PRESTES, Roberta Ribeiro. UMA CÂMERA NA MÃO, UMA IDEIA NA CABEÇA: GLAUBER ROCHA E O CINEMA NOVO NA DÉCADE DE 1960.RUniversidade de São Paulo. 2011. PIERRE, Sylvie : Glauber Rocha. Paris, Editions des Cahiers du Cinéma. 1987.

QUINSANI , Rafael Hansen. Transgressões cinematográficas na década de 60 (século XX): entre o cinema novo e o cinema marginal, os indícios da moderna tradição brasileira. Rio Grande do Sul. UFRGS.2010

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STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. 2 ed. Belo Horizonte, 2004.

TV BRASL. Terra em Transe. Disponível em <http://tvbrasil.ebc.com.br/cinenacional/episodio/terra-em-transe> Acesso em 20 de maio de 2017. 14


VALVERDE, Ana Luiza . La cultura y la mitología en el cine brasileño de Glauber Rocha. Argentina. Revista de Estudios Brasileños. 2016.

VLAR, Luciana uchiki. A REVOLUÇÃO CULTURAL QUE MUDOU O CENÁRIO DO FASHION DESIGN. São Paulo. Obvious. 2010.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Fotos da casa de Glauber Rocha

17


APÊNDICE B– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE C– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE D– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE E– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE F– Fotos da casa de Glauber Rocha

22


APÊNDICE G– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE H– Fotos da plana de reconhecimento de Glauber Rocha.

24


APÊNDICE I– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE J– Fotos da casa de Glauber Rocha

26


APÊNDICE K– Fotos do Piso da casa de Glauber Rocha.

27


APÊNDICE L– Fotos da casa de Glauber Rocha

28


APÊNDICE M– Fotos da casa de Glauber Rocha

29


APÊNDICE N– Fotos da casa de Glauber Rocha

30


APÊNDICE O– Fotos da casa de Glauber Rocha

31


APÊNDICE P– Fotos da casa de Glauber Rocha

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APÊNDICE Q– Fotos da casa de Glauber Rocha

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