INVERNO 2018
Centro universitário UNA Instituto de Comunicação e Artes
A SIMBOLOGIA DOS CINCO ELEMENTOS SOB O OLHAR DA FILOSOFIA VÉDICA Ludmila Souza Armond
Trabalho de conclusão de curso apresentado a disciplina de Portifólio como pré-requisito para obtenção de título de bacharel em Moda. ORIENTADOR: Aldo Clécius ÁREA: Criação PRODUTO: Moda feminina
Belo Horizonte 2017/1
ERRO DE PORTUGUÊS
Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português.
Oswald de Andrade, Pau Brasil, 1926
Por todo carinho, apoio, paciência e dedicação durante essa longa etapa gostaria de agradecer aos meus pais Rosana e Sérgio, ao meu irmão Arthur, à minha avó Márcia e aos demais familiares e amigos que compartilharam tantos momentos comigo. Aos professores pelos ensinamentos, com destaque ao meu orientador Aldo Clécius, pelo suporte nos últimos meses. Um agradecimento especial à querida Lenny - e sua equipe -, que nos momentos em que precisei de ajuda, me presenteou com seu imenso conhecimento e carinho. Minha eterna gratidão à todos vocês!
Esse portifólio se trata da apresentação do processo e criação da marca Lu Armond e de uma coleção de moda no segmento praia, de acordo com o artigo intitulado “A simbologia dos cinco
elementos da natureza sob o olhar da filosofia védica”, que propõe uma reflexão sobre a relação estreita entre o homem e a natureza. Palavras-chave: Moda; Desenvolvimento de marca; Coleção; Moda Praia; Natureza
This portfolio is about the presentation of the brand Lu Armond creative process and the development of a beachwear collection, according to the article: The five elements simbology under the gaze of vedic philosophy, wich proposes a reflection about the strict releation between man and nature. Key words: Fashion; Brand’s development; Collection; Beachwear; Nature
Ludmila Souza Armond Idade: 21 anos Natural de: Belo Horizonte/MG Estado Civil: Solteira Curso: Bacharelado em Moda OBJETIVOS: Criação/Equipe de Estilo Abertura da marca própria/Diretora de estilista FORMAÇÃO ACADÊMICA: Graduação em Moda pelo Centro Universitário UNA. 2014 à 2017/2 (Incompleta) Graduação em Design de Ambientes pela Universidade Estadual de Minas Gerais UEMG. 2014 à 2015 (Matrícula trancada) Formação em Aprendizagem Industrial em Confecção e Moda pelo Senai/MG EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: Minas Trend Verão 2018 em Abr. 2017/Inverno 2017
em Out.
2016– Assistente de compras Estagiária como parte da equipe do corretor de moda Chico Santoro Auxiliar clientes durante as compras dentro do salão de negócios durante o evento Minas Trend Verão 2017 em Abr. 2016 – Backstage
A marca Lu Armond tem como principal objetivo levar a elegância, aliadas ao conforto e à praticidade para as areias, através da criação de peças de praia e pós-praia versáteis, atemporais, e inspiradas pelo lifestyle carioca, que acompanhem a mulher desde o dia até a noite,
podendo ser usadas diversas ocasiões. A sofisticação, qualidade e conforto são os três pilares que sustentam a marca.
Predominante: Elegante – A elegância e sofisticação são marcas registradas no estilo pessoal das clientes da marca Complementar: Esportivo/Natural – O conforto é essencial para as mulheres que vestem a marca. Já o despojamento e a naturalidade desse estilo são característicos também do lifestyle carioca.
Elementos espirituais: Elegância; Luxo; Sofisticação; Conforto; Carioca Elementos físicos: Modelagens atemporais; Cartela de cores sóbrias; Escolha de tecidos sofisticados; Tecidos (específicos moda praia) diferenciados; Estamparia exclusiva; Aviamentos criativos
Nicho: Prét-à-portêr de difusão Segmento: Beachwear, complementado por peças que se enquadram no segmento casual chic (pós-praia) Gênero: A marca será direcionada a atender o público feminino
LENNY NIEMEYER Criada em 1991 pela estilista Lenny Niemeyer, santista radicada no Rio de Janeiro, a marca Lenny Niemeyer é referência mundial no segmento de moda praia. Além das peças de praia e pós praia, a marca desenvolve também uma linha de acessórios que incluem bolsas, lenços, bijuterias, calçados, etc, e uma linha infantil. Hoje a marca exporta para diversos países como Estados Unidos, França, Itália, entre outros. A marca é também conhecida pela criação de peças sofisticadas para o pós-praia. A modelagem elegante e impecável, o uso de tecidos sofisticados e diferenciados, a forte presença da estamparia e a ligação com o estilo de vida carioca, fez com que a marca se tornasse pioneira do beachwear de luxo. A marca é a concorrente inspiracional da Lu Armond, que busca produzir peças com a mesma sofisticação, à um preço menor. Margem de preço: R$ 129,00 à 2.000,00 aproximadamente
ÁGUA DE COCO A marca cearense Água de Coco, fundada em 1985 pela estilista Liana Thomaz, é uma marca de moda praia feminina e masculina (que desenvolve paralelamente sua linha de acessórios e homewear), fundada com o objetivo principal de criar peças que aliassem a qualidade e o conforto, objetivo este alcançado com sucesso, fazendo com que a marca se tornasse referência no segmento nacional e internacional. A Água de Coco traz suas raízes cearenses em seu DNA, valorizando as paisagens brasileiras – principalmente as nordestinas – e o artesanato, forte diferencial dessa região. A marca hoje está presente em vários países, como Estados Unidos, Caribe, França, etc. Inspirada pela forte presença
da estética tropical da marca,
a Lu
Armond busca oferecer referências tropicais de uma forma menos literal, através de estampas mais minimalistas. Margem de preço: R$ 139,00 à 1.500,00 aproximadamente
ADRIANA DEGREAS
A marca fundada por Adriana Degreas apresenta uma estética diferenciada da maioria das outras marcas de moda praia. Com peças mais minimalistas, sem muitas referências do tropicalismo comumente visto nas coleções de outras marcas brasileiras, traz uma estética mais clean e vanguardista, com muitas modelagens bastante diferenciadas. A modelagem e os materiais diferenciados, e a estamparia original se
configuram como DNA da marca. A marca também é considerada uma das produtoras do beachwear de luxo. Adriana Degreas cria peças minimalistas com forte apelo sexy e ousado,
diferentemente
da
marca
Lu
Armond
que
propõe
minimalismo e a sensualidade de uma forma mais sofisticada. Margem de preço: R$ 260,00 à 1.380,00
o
A marca Lu Armond terá inicialmente dois canais de distribuição: através de multimarcas que atendam o público desejado pela marca, nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, além da venda de peças através do e-commerce no site da marca. À longo prazo, o objetivo é abrir lojas próprias da marca – no varejo nas principais capitais brasileiras: todas do estados do Sudeste, Bahia, Fortaleza, Brasília e Santa Catarina. Endereço online: http://www.luarmond.com
TIPO DE PEÇA
VALOR
Biquínis
R$ 149,00 à 399,00
Maiôs
R$ 249,00 à 699,00
Pós praia
R$ 129,00 à 999,00
Respeitando o DNA da marca, os produtos criados pela mesma seguirão uma estética mais limpa, com foco na modelagem,
priorizando a elegância e o conforto, sem deixar perder o estilo leve e despojado, trabalhando as estampas coloridas e referências tropicais, de uma maneira diferenciada.
A marca foi pensada para atender mulheres modernas e dinâmicas, que prezem pela elegância e sofisticação, sem perder o conforto. São mulheres entre os 30 e 40 anos – não sendo este fator restringente ao uso das peças -, de classe B (com renda familiar entre R$ 9.370,01 e R$ 18.740,00, segundo o IBGE), que assumem altos cargos nas funções que desempenham profissionalmente, e estão bastante ligadas aos meios artísticos e criativos, como designers, produtoras, fotógrafas, empresárias, etc.
Muitas dessas mulheres são mães, que gostam de estar com a família e amigos, mas que se preocupam em ter um tempo para elas. Vaidosa, gostam de estar bem consigo mesmas, mas não são reféns disso, valorizando e apreciando uma beleza mais natural e simples. São bastante urbanas no seu dia-a-dia, mas gostam de estar em contato com a natureza sempre que possível, principalmente em seu tempo livre, priorizando atividades ao ar livre. Buscam ter hábitos de vida saudáveis e se interessam pelas causas ambientais e animais. Além do contato com a natureza, gostam de frequentar ambientes como museus, happy hours, shows, restaurantes, etc. A escolha por esse tipo de lazer se deve ao grande interesse dessas mulheres pela arte, arquitetura e música. Em relação aos hábitos de consumos, o público da marca são mulheres que valorizam mais os momentos em si, e investem seu dinheiro em viagens, em shows, em idas à restaurantes ou outros ambientes que lhe agradem. Gostam de conhecer o mundo, de viajar para lugares variados, desde Nova York e Paris, até lugares paradisíacos como Grécia, Capri, Indonésia e outras áreas com belezas naturais. Já em questão de consumo de bens materiais, preferem comprar produtos de boa qualidade e duráveis. Gostam de investir em acessórios, perfumes, cosméticos, etc.
O público alvo da marca admira mulheres como Gisele Bündchen, sinônimo de mulher bem sucedida em todas as áreas de sua vida, se mantendo fiel aos seus valores pessoais, buscando viver uma vida mais natural, mais despojada e engajada em causas
ambientais. Além de Gisele, atrizes como Carolina Ferraz e Letícia Spiller, também são referências para as mulheres da marca quando o assunto é o lifestyle carioca e exemplo de mulheres dinâmicas que conseguem aliar vida pessoal e profissional de uma maneira leve, sem perder o estilo. No cenário musical, são bastante ecléticas, optando por músicas de acordo com cada situação, porém apreciam em especial o som de músicos brasileiros, como Tom Jobim, Celso Fonseca, Cássia Eller, entre outros demais artistas. O público alvo da marca sonha com poder viver com uma boa qualidade de vida, fazendo o que amam, conhecendo cada vez mais novos lugares e novas culturas. Sonham também com um mundo mais pacífico, com melhorias em problemas sociais mundiais, com um mundo que seja mais consciente em relação ao
meio ambiente e aos animais, com a preservação, valorização e o respeito adequado à natureza.
–
O estilo da marca foi pensado para atender uma mulher sofisticada e contemporânea, que valoriza a praticidade
e
a
versatilidade
em
suas
roupas,
buscando peças que a acompanhem do dia à noite.
–
Logo
A marca possui nome homônimo ao da estilista, e essa escolha foi feita levando em consideração que a marca traz em seu DNA muito do estilo e das referências pessoais e profissionais da designer. A logo foi criada através da assinatura da estilista, por acreditar que a assinatura é um dos aspectos mais pessoal e único de cada indivíduo.
A fonte utilizada na logo foi a Dosis leve, que possui uma estética bastante limpa, condizente com o minimalismo proposto pela marca. Por ser fina e alongada, as letras transmitem a idéia de elegância e sofisticação, e com suas curvas sutis quebram um pouco da rigidez e transmite uma leveza, combinada às curvas da logo, proporcionando um visual harmônico.
As cores escolhidas para a identidade visual da marca foram o preto e o branco, símbolos do minimalismo. A paleta acromática transmite também a idéia de sofisticação e modernidade.
Fonte Dosis (leve) abcdefghijklmnopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ 1234567890
Lu Armond Tel: (x) xxxx – xxxx www.luarmond.com.br
Papel Couché 300 g fosco com verniz localizado Tamanho: 9 cm x 5 cm Papel Couché 300 g fosco com verniz localizado Tamanho: 8 cm x 5 cm
Envelope A4 com verniz localizado (logo) 24 cm x 34 cm
Papel Sulfite A4 75g 210 mm x 297 mm
Impressão Off Set Papel Couché 300 g Verniza local aplicado 25 cm x 39 cm x 7 cm
Impressão Off Set Papel Couché 300 g Verniza local aplicado 25 cm x 18 cm x 12 cm
Porta Biquíni revestido com material impermeabilizante
Lenço 100% poliéster com estampa da coleção 46 cm x 50 cm
A coleção de Inverno 2018 da marca Lu Armond foi inspirada na
simbologia dos cinco elementos da natureza, sob o olhar da filosofia védica. Essa filosofia milenar nasceu na Índia e foi difundida principalmente nos países orientais. Para os védicos, a natureza e tudo que a compõe, incluindo o homem, surgiu através da combinação entre os cinco elementos: fogo, água, terra, ar e o éter. Cada um desses elementos apresentam características particulares, interferindo de maneiras diferentes em todos os aspectos da vida humana: mental, física e espiritual. Por se tratar de um tema bastante subjetivo, foi necessário buscar inspiração também nas nos aspectos físicos e palpáveis dos elementos a fim de traduzir tais características em formas, silhuetas, cores, etc. A cartela de cores da coleção aparece predominantemente sóbria, com tons mais fechados, como o azul marinho na família da Água. Também predominam os tons acromáticos. A coleção começa em preto e terminam com looks brancos. As estampas foram desenvolvidas em
tons mais abertos, porém de forma discreta. Além dos tecidos com lycra, foram usados crepes, musseline, gazar, linho e neoprene. As silhuetas mais usadas foram a H e A. A marcação na cintura apareceu em muitos looks, valorizando as curvas do corpo feminino. Um dos destaques da coleção são os acessórios criados artesanalmente com bambu para a família Terra. Zíperes também aparecem com destaque fazendo referência à trajes surfistas na família do Fogo.
Na primeira família, do Fogo, as matérias utilizadas foram recortes estratégicos, zíperes, corte a laser e a estampa, inspirada no pôr-dosol na praia. Nessa família o fogo foi também simbolozado pelo sol por terem as mesmas características, como calor e luz. Na família da Terra foram usadas tiras de courino e detalhes feitos com peças de bambu. Além desses detalhes, remodelagens e estamparia inspiradas no bambu e nas folhas foram trabalhadas. A família da Água apresenta como diferencial os drapeados, referenciando as ondas do mar. Plissados e duas estampas foram criadas para a família. Na família do Ar, foram trabalhadas nervuras em curvas representando o movimento característico do elemento. Foi usado tingimento para criar um leve tie dye. Por último, a família do Éter aparece toda acromática. Por ser a família mais minimalista da coleção, técnicas de acabamento como corte à laser e modelagem
inspirada na alfaiataria foram utilizadas para trazer sofisticação as peças. Essa coleção foi pensada para mulheres contemporâneas, que valorizam o conforto e a elegância, e buscam peças atemporais, versáteis e praticas que possam ser acompanhá-las do dia à noite, em diversas ocasiões.
“O tema da coleção tem como objetivo fazer as pessoas refletirem um pouco sobre a nossa relação com a natureza, e nos conscientizarmos de que somos parte dela.” Diz a estilista da marca “Espero que as pessoas entendam um pouco dessa filosofia, e se inspirem na importância que os védicos dão à natureza. Acredito que isso deva
ser exemplo pra todos nós.” Estilista: Ludmila Armond Contatos: (31) 97543-2076 Email: ludmila.armond17@gmail.com
A terra, segundo a filosofia védica, está presente em toda a estrutura do próprio corpo humano. Os ossos, muscúlos, e tudo que nos dá
sustentação é derivados no elemento terra. Além do corpo físico em si, a terra também se faz presente na mente, na forma do que chamamos de Ego. Ambos são estreitamente ligados. Resistência e inércia são seus principais atributos.
O fogo tem como principal característica a energia e o calor, sendo então o elemento transformador de todas as coisas, inclusive dos outros elementos. O fogo/luz é o responsável pela iluminação da mente, nos tornando capazes de perceber e entender as coisas, e então sermos racionais. No corpo humano, o fogo se apresenta na forma da visão.
O ar é o elemento presente na mente que nos permite ter a capacidade de nos relacionarmos, nos identificarmos e nos sentirmos vivos. É esse elemento que nos faz agir como seres conscientes. Assim como a mente, o ar tem a capacidade de mudar, de agir e reagir. A mente se assemelha ao vento
quando se trata de movimento, sendo o elemento mais veloz. Outra característica é a mobilidade e leveza.
A água é o elemento em maior quantidade no corpo humano, e na mesma está relacionada à nossa natureza emocional, sendo responsável por todos nossos sentimentos e emoções, nossa empatia, nossas memórias e o apego, que se configura como o “mal do elemento”. É pelo elemento água que conseguimos reunir e reagir à impressões externas, pela atração ou repulsão.
A mente é a principal criação do elemento éter na natureza. É o princípio e o equilíbrio de tudo. O éter é o próprio espaço onde tudo é criado. É através desse elemento em nossa mente que nos tornamos conscientes de nós mesmos enquanto almas. Como características principais do elementos estão a claridade e a transcendência.
A cada ano novos hábitos de comportamento e consumos surgem e desaparecem, mudando de acordo com os acontecimentos sociais,
histórico e principalmente com os avanços tecnológicos. Tamanho avanço pode significar uma corrida contra o tempo, nos dando a sensação de estarmos com o tempo cada vez mais curto e uma lista mais longa de tarefas à serem cumpridas. Segundo a WGSN, empresa que pesquisa profundamente tendências e comportamentos, apontou para o Inverno 2018 a tendência intitulada por eles como “Vida Terrena”, que propõe a busca pelo contato com a natureza, o aprendizado de ofícios mais minuciosos que requerem mais tempo e trabalho manual como cozinhar, aprender crochê, pintura, meditação, etc. Essa vontade de aprender e se dedicar à determinada tarefa vem da vontade de ser mais independente, e não precisar de celulares para “pensar” ou guardar qualquer tipo de memória por nós. A vontade agora será fazermos nós mesmos. Essa admiração pelo natural, acaba fazendo com que as pessoas busquem hábitos de vida mais saudáveis, priorizando produtos mais naturais e artesanais. Quando se trata de lazer, as atividades ao ar livre
se tornam as principais opções, com preferências de lugares distantes, em
que
possam
oferecer
algum
tipo
de
conhecimento
ou
aprendizagem. Portanto, essa tendência se enquadra bem ao DNA e ao público da marca, que são mulheres que estão sempre em uma busca constante por esse contato com a natureza. Essa afinidade e o desejo por uma qualidade de vida cada vez maior, faz com que essa tendência se encaixe perfeitamente ao estilo de vida dessas mulheres.
Durante as semanas de moda internacionais, diversas marcas fizeram suas apostas para o Inverno 2018. Algumas cores, silhuetas e modelagens foram utilizadas por diversos designers, cada um trabalhando de uma maneira diferente, respeitando o DNA na marca. O azul marinho, o branco e os tons terrosos estiveram presentes nas passarelas da Dior, Chanel, Ralph Lauren, entre outros. Esses três tons,
juntamente com o verde e o vermelho se configuram como ponto forte da estação. Em questão de modelagens, a silhueta H e A predominam nas coleções, a primeira sendo bastante trabalhada em modelagens mais slim, muitas com cintura marcada trazendo mais feminilidade à essa silhueta mais reta e dura. Já a silhueta A foi bastante usada em looks confeccionados com tecidos mais finos, deixando os looks mais leves. A feminilidade além de se fazer presente na cintura marcada, foi bem representada
em
fendas
e
em
decotes
profundos
como
os
apresentados por Mugler, Brandon Maxwell e Versace. Porém o foco da estação ficou mesmo nos ombros, que ficaram em evidência através de ombreiras e recortes estratégicos à fim de valorizar essa área, remetendo à estética dos anos 80. Outro detalhe que remete à décadas passadas foram os drapeados, que apareceram de forma discreta em diversas peças.
Narciso Rodriguez
Lanvin
Y Project
Mara Max
Balmain
BRANCO
Ralph Lauren
TONS TERROSOS
Mugler
Dior
Chanel
AZUL MARINHO
Ralph Lauren
Mugler
Celine
Brandon Maxwell
Versace
OMBROS EM FOCO
Y Project
FENDAS
Elie Saab
Chanel
Mugler
DECOTE PROFUNDO
Ralph Lauren
Brandon Maxwell
Versace
Stella McCartney
Valentino
DRAPEADO
Alexander McQueen
SILHUETA H
N 21
Hermés
Oscar de La Renta
CINTURA MARCADA
As cores presentes na coleção foram inspiradas nos aspectos físicos dos cinco elementos, em sua maioria com tons mais
fechados – seguindo as tendências no que se refere à cores – e acromáticos. Como tons predominantes apareceram o marrom, o azul marinho e o branco. Cada um deles foi usado em maior quantidade em suas respectivas famílias, que são elas: a da Terra, da Água, do Éter. Cada uma dessas cores traz em si uma simbologia característico da família que representam. As intermediárias entram completando as cores dominantes em suas
respectivas
famílias,
portanto
foram
usadas
como
complemento com o intuito de harmonizar a coleção. Essas cores são: o laranja, o verde, o azul em um tom mais aberto que o azul marinho e o areia. Como tonalizante, apenas o preto foi utilizado. As cores presentes nas peças e na composição das estampas tem grande importância para a coesão da coleção, pois são elas quem nos permite enxergar uma transição de maneira mais
clara entre as família.
Dominantes MARROM TERRA MOLHADA
P 18-1248 TPX
BLUES
P 19-3933 TPX
BRANCO AYURVEDA
P 11-0001 TPX
AZUL PROFUNDO
P 19-3933 TPX
Intermediárias LARANJA CHAMAS
P 16-1257 TPX
AZUL MEMÓRIA
P 17-4440 TPX
VERDE VÉDICO
P 18-0121 TPX
AREIA
P 11 – 0605 TPX
Tonalizantes
PRETO SEGREDO
P 19-0303 TPX
A escolha de tecidos para a coleção teve como ponto de partida o que a marca preza: sofisticação, qualidade e conforto. Divididos em tecidos para o segmento praia e pós praia. Para a moda praia foram utilizados tecidos com lycra, como o Suplex Move Stretch, que por sua quantidade de elastano e poliamida, proporciona um conforto ainda maior, ideal para a confecção de biquínis e maiôs. A Malha Dream foi utilizada como tecido de sobreposição nas peças, pois é um tecido mais leve e maleável. Já para as peças estampadas foi usado um tecido com lycra próprio para sublimação.. Todas as peças foram forradas com tecido próprio para o revestimento. Para o pós praia, tecidos como Linho, Cambraia de Linho, Crepes, Gazar, Musseline com toque de seda foram escolhidos com o intuito
de fazer com que as peças se tornassem ainda mais sofisticadas, Dois tipos de Crepe foram utilizados, o Crepe Milano, que possui um brilho interessante para as propostas do tema, e o Crepe Santorini, que remete aos tecidos mais rústicos utilizados na Índia, devido sua textura
mais
áspera.
Essa
referência
foi
feita
levando
em
consideração que o tema da coleção se trata de uma filosofia tradicional indiana. Além desses, o Neoprene também foi utilizado, sendo este um tecido utilizado nos dois segmentos, tanto praia quanto pós praia, feminino e masculino.
Crepe Santorini R$ 39,90 mt / 1,5 m de largura Visual Têxtil TEXTIL E. TREND LTDA 97% Poliéster 3% Elastano
Crepe Milão R$ 39,90 mt/ 1,52 m de largura Visual Têxtil TEXTIL ERIL LTDA 100% Poliéster
Gazar R$ 25,90 mt/1,5 m de largura Visual Têxtil TEXTIL LM LTDA 100% Poliéster
Musseline com toque de seda R$ 19,90 mt/1,5 de largura Visual Têxtil TEXTIL MV LTDA 100% Poliéster
Tecido com lycra para sublimação R$ 72,90/Kg (rende 2,8 m) Bazar da Cida ADVANCE SP 84% Poliéster 16% Elastano
Suplex Move Stretch R$ 81,90/Kg (rende 2,2 m) Bazar da Cida ADVANCE SP 84% Poliamida 16% Elastano
Neoprene R$ 34,90/Kg (rende 1,65 m) Retalhão Barro Preto SOUTEX IND. TEXTIL 92% Poliéster 8% Elastano
Malha para forro beachwear R$ 64,60/Kg (rende 3,2 m) Bazar da Cida 100% Poliamida
Malha Dream R$ 69,90/Kg (rende 3,3 m) Bazar da Cida DOUTEX 80% Poliamida 20% Elastano
Cambraia de Linho R$ 89,90 mt/ 1,5 de largura Visual Têxtil TEXTIL VBT LTDA 100% Linho
Linho R$ 129,90 mt/ 1,5 de largura Visual Têxtil TEXTIL VBT LTDA 100% Linho
Na coleção foram usados no total 11 matérias, sendo 5 remodelagens, 3 superfícies e 3 beneficiamentos. Como remodelagem foram usados os plissados aplicados em tecidos transparentes e drapeado, remetendo ao movimento da Água. Também remetendo ao movimento, porém na família do Ar e de uma maneira diferente, foram trabalhadas as nervuras. Outra remodelagem utilizada foi o entrelaçamentos de tecidos da própria peça formando o conhecido “Bamboo Shoot”. E por último, foram trabalhados recortes em diversas peças, como elemento estético. Para as matérias de superfície foram criadas 6 estampas digitais que foram estampadas através do processo de sublimação, tanto nas peças de praia quanto do pós praia. Essas estampas remetem aos elementos à serem trabalhados em cada família. Além das estampas, foram aplicados argolas e placas feitas com peças de bambu, utilizados na família da Terra. Para beneficiamentos foram utilizados o tingimento artificial, com a
utilização de corantes vendidos no mercado. Outra técnica envolvendo tingimento que será trabalhada é o Tie Dye. E por fim, o corte a laser foi utilizado com a finalidade de acabamento nas peças, principalmente da família do Éter, na qual a família é toda acromática, fazendo detalhes como acabamentos se tornarem ainda mais importantes devido à limpeza estética das peças.
REMODELAGENS
PLISSADO EM TECIDO COM TRANSPARÊNCIA
RECORTES
NERVURAS
DRAPEADO
BAMBOO SHOOT
BENEFICIAMENTOS
ESTAMPARIA DIGITAL (SUBLIMAÇÃO)
SUPERFÍCIE
CORTE A LASER
APLICAÇÃO DE ARGOLAS DE BAMBU
APLICAÇÃO DE PLACAS DE BAMBU
Os aviamentos mais usados na coleção foram os básicos para o processo de costura e confecção das peças, como linhas para máquina doméstica e overloque. Além das linhas foram utilizados zíperes normais e invisíveis, elástico com larguras variadas, sendo o mais fino específico para a confecção de calcinhas e o mais largo para peças em geral. Para as peças de praia foram necessários também aviamentos específicos como bojos removíveis, tiras de couro e passadores para detalhes nas alças. Para as demais peças além dos aviamentos já citados foram usados entretela termocolante e botões confeccionados artesanalmente.
Linha para Overloque R$ 10,50 rolo/ 1.829m
Zíper R$ 5,00 um./ 20cm
Linha Comum R$ 4,20 rolo/100m
Elásticos tamanhos variados (1 cm de larg./ 1,5 cm de larg.) R$ 7,90 e 10,90 un./5m (respectivamente)
Zíper Invisível R$ 2,20 un./ 20cm R$ 5,00 um./60 cm
Entretela termocolante R$ 0,20 folha/ A4
Botão de pressão R$ 1,50 par Boa Prenda Armarinho
Bojo removível R$ 5,00 un.
Passador de alça R$ 5,40 / 10 un. Altero
Colchete R$ 1,00/par Boa Prenda Armarinho
Botões de madeira Confeccionados artesanalmente
A coleção foi dividida em cinco famílias, cada uma representando através de modelagens, estampas e tecidos as características dos elementos propostos. Cada família é composta por 8 looks femininos, e 1 masculino, totalizando 45 peças dentro da coleção. Por se tratarem de elementos que possuem cores, simbologias e características bem distintas uns dos outros, além de serem bastante abstratas, foi necessário misturar referências simbólicas com outras materiais, à fim de possibilitar o desenvolvimentos de elementos estéticos palpáveis para a coleção.
Inspirada pelo calor e energia característicos do elemento, as peças da família Fogo foram desenvolvidas pensando em uma estética mais esportiva, voltada para mulheres que costumam praticar esportes na praia. Referências de trajes surfistas foram inclusos na família, como um maiô de manga longa com zíper frontal.
O Neoprene utilizado como tecido completar nessa família, remete ao esportivo,
além
de
ser
resistente
e
estruturado.
A
estampa
desenvolvida em degradê com tons de laranja tiveram como inspirações: as cores do próprio fogo e o pôr-do-sol na praia, representando o fogo através do sol. A opção por começar a família com looks em preto total e ir ganhando cor até o fim da mesma, faz referência à racionalidade humana, onde o fogo se faz luz e tira o ser humano da escuridão da ignorância.
A família da Terra foi inspirada na resistência e força do elemento. Foi feita então uma analogia entre essas características com o Bambu. A planta foi escolhida para representar a família por se tratar de uma planta que se desenvolve primeiramente sua raiz, buscando força e sustentação para depois crescer para fora da terra. Esse processo de crescimento interno e depois externo está muito ligado à questão da espiritualidade proposta pela fisolofia védica, que é evoluirmos dentro de nós mesmos para depois buscarmos e espelharmos as coisas exteriores. Na família foram utilizados tecidos em tons terrosos e verde, com destaque para o Crepe Santorini que trouxe uma textura mais rústica
à
família.
Como
detalhes
de
superfícies,
foram
desenvolvidos detalhes (argolas e placas) feitos do próprio bambu. Para a estamparia, foram criados duas estampas: uma inspirada nos bambus e a outra inspirada num mix de folhas, sendo essa a estampa mais tropical da coleção.
A terceira família da coleção é a da Água. A família foi inspirada pelo contraste entre a instabilidade e efemeridade das emoções e sentimentos e a estabilidade característica do elemento. A partir daí foram desenvolvidas duas estampas, a primeira delas com vários tons de azul (em referência ao mar) que se mesclam e representam
as sensações e sentimentos constantemente mutáveis. A segunda é uma estampa geométrica, com linhas retas bicolor deslocadas remetendo à uma “estabilidade incerta.” Foram
trabalhadas
modelagens
que
se
cruzem
no
corpo,
representando o apego característico da água. Foram usados também drapeados e plissados, remetendo ao movimento da água. O uso de cores claras se contrapondo com cores escuras representa o contraste entre as simbologias desse elemento.
A família do Ar foi representada de uma forma mais minimalista, inspirada pelo ar, pelo vento, pelo movimento e principalmente pela liberdade. Para essa família foi desenvolvida uma estampa de pássaros
em
movimento,
além
de
trabalho
de
remodelagem com nervuras, algumas delas em curva representando o movimento do elemento. Foram usadas apenas duas cores dentro da família: o pérola, puxado para um tom de areia, substituiu o branco para se diferenciar da quinta família da coleção. O preto foi usado como referência aos pássaros vistos à longa
distância no céu.
A quinta família representa o elemento Éter. O Éter é o começo e o equilíbrio de tudo, o espaço onde tudo se desenvolve e tudo se neutraliza. Portanto essa família foi desenvolvida toda em branco, com toques de alfaiataria para remeter ao equilíbrio. Essa é a família mais clean da coleção, como se cada peça fosse uma tela onde tudo se desfez, se neutralizou e se equilibrou harmonicamente. Foi a família na qual se valorizou ainda mais o corte e a modelagem em detrimento à elementos estéticos. O corte a laser entra como acabamento forte nessa família.
Tingimento/Tie Dye
Seguindo a aposta do que será tendência para o Inverno 2018 segundo as passarelas internacionais, duas silhueta foram predominantemente utilizadas na coleção: H e A. A silhueta H aparece como unificadora da coleção, presente em todas as famílias. A silhueta A é a segunda mais utilizada na coleção, devido a peças com volume na parte inferior, ainda que pouco. A silhueta X também foi usada, porém em apenas alguns looks. Algumas peças da coleção aparecem com uma leve marcação na cintura, valorizando o corpo feminino.
HA X
Quando surgiu a proposta de desenvolver uma coleção e uma marca, a primeira coisa pensada foi o tema. Busquei algo que refletisse a essência da marca e que me inspirasse, daí veio a questão da natureza e seus elementos. Como a natureza em si é um tema muito abordado e trabalhado inclusive por diversos estilistas, busquei uma forma de trabalhar com o tema por uma perspectiva diferente. Durante
as pesquisas, encontrei um pouco sobre Filosofia Védica e a simbologia dos cinco elementos da natureza para os védicos. O fato de essa filosofia aliar a natureza e a espiritualidade foi o ponto chave para me fazer decidir trabalhar esse tema. A partir daí estudos e pesquisas foram feitas para tentar materializar de alguma forma significados tão subjetivos em texturas, cores, estampas, modelagens, etc. Foi um desafio traduzir os cinco elementos em roupas, ainda mais no caso da moda praia onde é preciso trabalhar em peças menores e que precisam ser práticas e confortáveis (proposta da marca para as peças).
Comecei então a pensar em modelagens, e buscar conhecer mais sobre a modelagem específica de moda praia. Em janeiro fui para o Rio de Janeiro, onde passei alguns dias no ateliê/fábrica da marca Lenny Niemeyer, à convite da própria estilista, a qual eu conheci em 2016. Fiz diversos croquis com as propostas iniciais da coleção e levei para a viagem. Lá fui orientada e ajudada pela Lenny e sua equipe em relação à diversos assuntos, principalmente modelagem. A partir de então, começaram as orientações com meu orientador Aldo Clécius, e me foi pedido para que mudasse a
estética da coleção, buscando um pouco da influência dos anos 80 que é a tendência atual. Assim busquei e descobri referências de biquínis e maiôs da década e optei por trabalhar algumas peças com drapeados, estética que faz referência também anos 80. Pensei em criar também peças de pós praia que fossem práticas e que permitisse a combinação com as peças de praia criando uma nova proposta. Todas as peças da coleção foram pensadas para poder combinar entre si, criando assim várias possibilidades de uso. O desenvolvimento das peças praia e do pós praia foram feitas simultaneamente.
Com a aprovação das peças para a coleção (tanto as de praia quanto pós praia) passei para a etapa de desenvolver as estampas. Nas
estampas
referências
e
busquei
colocar
simbologias
do
o maior meu
número de
tema,
através
principalmente das cores e formas. As cores das peças era
algo que eu tinha em mente desde o princípio do processo criativo. As cores que decidi trabalhar vinham dos elementos físicos da natureza. Em relação as cores, procurei uma forma de harmonizá-las usando uma paleta mais sóbria e ousando um pouco mais na coloração das estampas, respeitando ao estilo mais minimalista do meu público. Quando a toda a proposta estética da coleção foi aprovada, e os looks a serem apresentados foram selecionados, comecei o processo de pesquisa de tecidos (algo que eu havia previamente pensado e já estava quase totalmente definido, modelagem, corte e costura. Procurei fazer eu mesma fazer todas as partes do processo criativo, desde a criação até a produção, até o dia da banca. Depois da apresentação aos jurados, recebi o retorno do meu
orientador e a partir de então algumas peças que tínhamos pensado em confeccionar foram substituídas por outras, sugestão essa conjunta, entre mim, o orientador e a banca.
Como recebi o feedback de que o acabamento não estava adequado levando em consideração o meu público-alvo, refiz as peças e busquei melhorar o acabamento. Procurei então a ajuda de costureiras uma especializada em moda praia e a outra em peças de tecido plano e juntas fomos refazendo as peças já apresentadas e produzindo as outras que precisariam ser entregues no dia 26/06/2017. À pedido da banca, o produto final que apresentarei será um Fashion Film, com todas as peças desenvolvidas.
Look Confeccionado (Kimono e calça) Nesse look o maiô foi substituído por outro modelo
Look confeccionado juntamente com kimono e calรงa
Look confeccionado
Look confeccionado
Look confeccionado
Look confeccionado
COSTANZAWHO. Wgsn aposta: quatro macrotendências para 2018. Disponível em < http://costanzawho.com.br/business/wgsn-4-tendencias2018/> Acesso em 08 mai. 2017 FASHION BUBBLES. Wgsn aposta: quatro macrotendências para 2018. Disponível em <http://www.fashionbubbles.com/trends/macrotendencias2018-19-conheca-as-grandes-ideias-que-vao-influenciar-ouniverso-da-moda-nos-proximos-anos/> Acesso em 08 mai. 2017
THIAGORODRIGO. Faixas salariais x Classe Social – Qual sua classe social?.Disponível em https://thiagorodrigo.com.br/artigo/faixas-salariais-classesocial-abep-ibge/ Acesso em 23 jun. 2017
INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA
A SIMBOLOGIA DOS CINCO ELEMENTOS SOB O OLHAR DA FILOSOFIA VÉDICA
ALUNOS: Ludmila Souza Armond
PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): Geanneti Tavares Salomon
ÁREA DE PESQUISA: Comunicação e artes LINHA DE PESQUISA: História, imagem e cultura
BELO HORIZONTE 2016 / 2º
Ludmila Souza Armond
A SIMBOLOGIA DOS CINCO ELEMENTOS SOB O OLHAR DA FILOSOFIA VÉDICA
Artigo apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina TIDIR VI (PRÉ-TCC).
Professora: Geanneti Tavares Salomon
Produto final Praia/Pós praia
BELO HORIZONTE 2016 / 2º
TCC:
Coleção
moda
A SIMBOLOGIA DOS CINCO ELEMENTOS SOB O OLHAR DA FILOSOFIA VÉDICA*
Ludmila Souza Armond1
RESUMO
Esse trabalho tem como objetivo entender e materializar os aspectos simbólicos dos cinco elementos da natureza pela visão da filosofia védica, tradição Indiana milenar. Através do estudo do Ayurveda e de suas vertentes, compreender como o homem védico se relaciona com a natureza, e como estes acreditam que a natureza seja parte fundamental de todos os aspectos da vida humana. Dessa forma, aspectos da semiótica dos cinco elementos, subjetivos e não palpáveis, foram traduzidos em uma coleção de moda praia/resort, através de modelagens, texturas, cores e estampas. A escolha por esse segmento deve-se à vontade de valorizar ainda mais um mercado no qual o Brasil é referência mundial.
Palavras-chaves: Moda. Natureza. Simbologia. Elementos. Ayurveda.
INTRODUÇÃO
O trabalho à seguir foi desenvolvido com o intuito de compreender a relação do homem com a natureza, e vice-versa, sob o olhar da filosofia védica indiana. Buscando aprofundar na simbologia dos cinco elementos da natureza, segundo a mesma ótica, o trabalho busca traduzir, em aspectos materiais, a * Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação para obtenção do título de bacharel no curso de Moda, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA. 1
Graduando em Moda, no Instituto de Comunicação e Artes - ICA. E-mail: ludmila_floribella@hotmail.com
semiótica desses elementos. A escolha desse tema partiu da vontade de analisar aspectos da natureza tão presente na cultura brasileira - de uma maneira diferente, com um novo significado. Além do aprofundamento em uma cultura tão diferente da brasileira, a proposta de voltar o olhar da moda para o campo da espiritualidade e da subjetividade é outro aspecto de interesse desse trabalho. Para guiar as pesquisas foi necessário levantar um questionamento, para então poder buscar respostas para o mesmo. E sintetizando a essência da pesquisa, a pergunta direcionadora foi "Segundo o olhar védico, como o homem se relaciona com a natureza, e como a natureza interfere nos diversos aspectos da vida do homem?" À partir dessa indagação, as respostas foram buscadas. Como objetivo geral, a pesquisa pretende aplicar as conclusões encontradas na produção de uma coleção moda praia/resort, na qual toda a simbologia e características dos cinco elementos será traduzida em modelagens, estampas, cores e texturas. Já os objetivos específicos, que darão embasamento para os capítulos do trabalho, abordam primeiramente o que é e em quais princípios e tradições se baseiam o Ayurverda, ou Filosofia Védica como também é conhecida, assim como suas vertentes. No segundo capítulo, o foco é no próprio estudo na relação do homem-natureza, da simbologia e representatividade dos cincos elementos, tratando também, um pouco da astrologia védica. Como capítulo final, a explanação da coleção e de suas características físicas são apresentadas. A pesquisa foi realizada se baseando na leitura de diversos de livros sobre o assunto, sendo o principal deles, a obra Uma visão Ayurvédica da mente: a cura da consciência, de Frawley (1996), além de diversos artigos acadêmicos de autores como Marino (2004); Dambry (2004), Carneiro (2009), dentre outros especialistas no tema. Para a parte escrita, a pesquisa foi explanatória, sem a utilização de instrumentos para coletas de dados. Na parte da criação, pesquisas imagéticas e a utilização das informações coletadas dão embasamento para a
criação e o desenvolvimento da coleção. Ao longo do tempo, e principalmente das últimas décadas, a natureza e espiritualidade têm sido temas abordados por diversos artistas, cada um à sua maneira. É o caso de Lenny Niemeyer, que na coleção de verão 2002/2003 relacionou a mulher aos cinco elementos da natureza, em uma visão ocidental. Ou do estilista Luiz Cláudio, à frente da marca Apartamento 03, que em sua coleção Verão 2016, se inspirou nas escrituras de diversas religiões e na espiritualidade em si. Já o fotógrafo Cal Redback cria imagens que mesclam humanos com a natureza, como se ambos fossem uma coisa só. Cada um a seu modo cria a própria interpretação da natureza e seus significados, porém, durante esse trabalho, não foram encontrados artistas que trabalharam estritamente com a filosofia védica, nem com a simbologia dos cinco elementos. O trabalho mais próximo foi o editorial realizado pela Vogue Brasil, na edição de maio de 2015, no qual, à pedido da modelo Gisele Bündchen que estrelou o editorial, foram criadas imagens fazendo referências aos quatro elementos - apenas quatro são considerados na cultura ocidental -, entre eles: água, ar, terra e fogo. O editorial fez parte da edição de comemoração do aniversário de 40 anos da revista de moda brasileira.
1. AYURVEDA
Diversos estudos ao longo dos anos buscaram compreender melhor e de forma mais aprofundada a filosofia e espiritualidade da Índia, complexa por abranger diversas áreas do conhecimento, desde a religiosidade assídua do país até aspectos relacionados à ciência e à medicina, que se distanciam bastante da medicina ocidental que conhecemos.
Intimamente ligada às crenças e à espiritualidade indiana está o Ayurveda, que Frawley (1996, prefácio) define como:
Um sistema de cura natural e tradicional da Índia, datado a cerca de cinco mil anos, sendo um dos sistemas medicinais mais antigos do mundo. (...) O Ayurveda se sustenta nos pilares védicos, oriundos das antigas escrituras sagradas da Índia.
Segundo o mesmo, o Ayurveda também é conhecido como "Ciência da Vida", e foi estruturado sobre os Vedas, antigas escrituras do período da Índia Védica de 2000 a 1000 a.C. De acordo com Marino; Dambry (2004) a civilização Indiana descrita nas escrituras dessa época, é profunda e intimamente ligada aos seus fundamentos religiosos, e se guiam através destes à vida, estudos e descobertas. Deveza (2013, p. 158), que também discorre sobre a origem e as raízes do Ayurveda, afirma que: O Caraka Samhita, um dos mais respeitados e antigos textos clássicos de Ayurveda, define vida (ayus) como "a perfeita conjunção entre o corpo, os órgãos dos sentidos, a mente e a consciência." Assim, o homem só pode ser totalmente compreendido e considerado na plenitude de sua vida se estiverem em harmonia a sua dimensão física (corpo físico), mental (corpo sensorial e mental) e espiritual (corpo do intelecto e da Consciência.)
Frawley (1996, p. 17) defende que "Trata-se de uma sabedoria da própria Vida, além de quaisquer opiniões e dogmas." Em estudos sobre as crenças e a essência da filosofia védica - como o Ayurveda também pode ser chamado -, Deveza (2013, p. 158) diz: O Ayurveda acredita que toda a forma de existência, animada ou inanimada, é composta por uma Consciência Absoluta (a presença do Criador em cada criatura) ou o corpo espiritual, pela Consciência Individual (fruto do desejo e que representa o papel de cada um na história da criação), pelo Intelecto (inteligência racional com capacidades de discernimento entre o certo e o errado), pelo Ego (memórias de experiências vividas em cada existência e instinto de sobrevivência), pela Mente Pensante (responsável pelas emoções, dúvidas, fantasias e desejos), pelos orgãos dos sentidos (percepção do cinco sentidos) e
finalmente pelo corpo físico (responsável pelas ações).
A filosofia védica, pautada em pilares religiosos e espirituais tem nessa característica sua maior diferença em relação à ciência ocidental que temos mais conhecimento. Simon (1996, Prefácio), na obra de Frawley (1996) explica que o que difere a psicologia védica da psicológica ocidental é o fato de a ciência védica não manter a dicotomia entre o corpo e a mente, como faz a ciência ocidental tratando-os de maneira separada. Para a psicologia Ayurveda, corpo e mente se interagem como uma coisa só, sendo assim algo inseparável: A mente é um campo das idéias, o corpo, um campo de moléculas, mas os dois são expressões da inconsciência, em ação mútua com ela mesma.
No caso da medicina indiana, que crê na fusão de mente e corpo como algo único, métodos de descoberta e tratamento de doenças também apresentam suas peculiaridades Enquanto a medicina ocidental tem por objetivo a doença (através da identificação das patologias) e por objetivo o combate e a eliminação das doenças, a medicina homeopática, tradicional chinesa e Ayurvédica tem como objeto o sujeito desequilibrado ("doente") e por objetivo o restabelecimento de sua saúde, ou mesmo sua ampliação. (PELIZZOLI; 2011, p. 159)
Segundo Pelizzoli (2011, p. 159) afirma que a medicina védica se caracteriza como "a arte de curar". Sabendo que a filosofia e a medicina védica têm como objetivo reestabelecer o bem estar do indivíduo, e que para isso o mesmo deve estar em sintonia entre seu corpo e mente, algumas técnicas foram desenvolvidas ao longo do tempo para auxiliar na conquista desse equilíbrio. Segundo Frawley (1996) "O Ayurveda tem uma visão derivada da doutrina da Yoga, sobre a consciência e suas técnicas para tratamento da mente." e afirma "A visão ayurvédica da mente deriva da filosofia da Yoga e de sua compreensão dos diversos níveis de consciência." (1999 , p. 18) Frawley (1999, p. 18) define a Yoga como "O aspecto espiritual do
Ayurveda (...) tendo como seu objetivo principal o desenvolvimento espiritual visando a autorrealização, a descoberta de nossa verdadeira natureza além do tempo e do espaço." Segundo o mesmo "O Ayurveda vale-se dos métodos yogues, como as posturas da Yoga e os exercícios de respiração, para tratar as doenças físicas." Outros autores complementam a visão de Frawley e comparam métodos usados no tratamentos médicos segundo os védicos "O Yoga é a ciência da autorrealização e a Meditação é a ciência do autoconhecimento." (CARNEIRO, 2009) Frawley (1999, p. 20) então afirma que "O Ayurveda fornece uma solução real a nossos problemas de saúde, e isso implica voltar à união com o universo e com o Divino dentro de nós." e dessa maneira, De Luca (2009) complementa dizendo que "Ele [Ayurveda] nos ensina que, para ter saúde, é preciso que o ser humano viva totalmente integrado com a natureza e conectado com os ritmos naturais." Sobre o passado da Índia e o início desse pensamento filosófico, Carneiro (2009) afirma que: À época em que o Ayurveda se desenvolveu, o contato com a natureza era direto e intenso, e as manisfestações dos elementos e seres da natureza eram inspirações para muitos exemplos e ensinamentos práticos da filosofia e da medicina daquela época.
De acordo com Deveza (2013, p. 157), a Índia tem como forte característica cultural sua relação com as questões e valores espirituais, e suas práticas místicas sempre fizeram parte dessas manifestações culturais. Na medicina indiana clássica, porém, esse misticismo foi rejeitado, enquanto a espiritualidade foi mantida como um dos principais pilares, inseparável quando se trata de conhecer e compreender o homem. A relação do misticismo com a cultura indiana é bastante antiga, desde os tempos da Índia Védica, e esse misticismo esteve muito atrelado às crenças em
deuses e suas manifestações na natureza, ou até mesmo na natureza como personificação de algum desses deuses. "A ligação com a natureza era muito forte, já que os mais antigos deuses Vedas eram elementos ou forças dela - o céu, o sol, o fogo, o vento, a água, etc." (MARINO; DAMBRY; 2004) De acordo com Frawley (1999), o ser humano, através da percepção e do Ayurveda, torna-se capaz de descobrir que carrega dentro de si todas as forças da Natureza, reconhecendo-se assim como parte de algo maior e transcedentor que é o próprio cosmo. Frawley (1999) defende que existe um universo dentro de nós, repousando em nós, e que todo o universo faz parte do nosso Ser Superior. Sendo assim, cada um carrega em si um microcosmo, que necessita estar em equilíbrio com o macrocosmo para alcançarmos a saúde e a felicidade plena nos vários níveis de nossa existência. Sob a visão de Frawley (1999, p. 20), O Ayurveda professa a harmonia com a Natureza, a simplicidade e o contentamento como chaves para o bem-estar. (...) Ele nos liga às fontes da criatividade e da felicidade na nossa própria consciência, para que possamos superar continuamente nossos problemas psicológicos.
Os estudos de Frawley (1999, p. 21) apontam que "todos os nossos problemas humanos decorrem da falta de percepção real" e de uma "certa incapacidade de compreender o nosso lugar no universo." Para ele, os nossos problemas são sintomas de um desequilíbrio em nossas vidas, em um ou mais aspectos. Para Frawley (1999, p. 18), "qualquer colapso numa função corporal tem suas raízes no processo da percepção e é consequência do mau uso dos sentidos." Segundo o autor: A verdadeira percepção é o reconhecimento da unidade por meio de que transcedemos os limites pessoais e compreendemos o Eu Superior como Tudo. Esse é o objetivo máximo do Ayurveda (...) Libertar-nos da dor e do sofrimento. A verdadeira percepção é a cura máxima de todas as
doenças psicológicas. (FRAWLEY; 1999, p. 21)
Desse modo, Frawley (1999, p. 21) nos dá uma visão geral da nossa relação de pertencimento com a natureza e com tudo que está a nossa volta, afirmando que "Os seres humanos fazem parte do nosso Eu Superior. Todas as criaturas são apenas formas diversas de quem somos." Frawley (1999) afirma que o Ayurveda reconhece o verdadeiro Eu Superior e a verdadeira essência levando em consideração aspectos mais amplos que o complexo físico e mental. Segundo o mesmo "O Ayurveda compreende o corpo, a mente e o espírito numa única visão." (1999, p. 18) Por fim, visto todos os aspectos envolvidos desde a construção do pensamento védico até algumas formas como essa filosofia se aplica ao cotidiano indiano e dos adeptos do Ayurveda e de suas ramificações ao redor do mundo, Frawley (1999, p. 11) conclui que "O Ayurveda, como ciência da vida, não é uma ciência estática, mas se desenvolve com o movimento da vida em si, do qual essa ciência partilha." e De Luca (2009) complementa a definição afirmando que "O Ayurveda, porém, é imutável em sua essência. Continua o mesmo há milhares de anos."
2. A SIMBOLOGIA DOS CINCO ELEMENTOS
A capacidade de compreender e traduzir aspectos da natureza em manifestações e ações que afetam todo o universo ao nosso redor e a nós mesmos é a chave para o entendimento da filosofia védica e todas suas ramificações. O Ayurveda fornece uma linguagem especial para a compreensão das forças fundamentais da Natureza e nos mostra como trabalhar com elas em todos os níveis. Em conformidade com a Yoga e o Ayurveda, a Natureza consiste em três qualidades básicas, que são as principais forças da Inteligência Cósmica que determinam o nosso desenvolvimento espiritual. Essas forças são chamadas de gunas.(FRAWLEY; 1996, p. 36)
Para entendermos qual é a visão do Ayurveda sob os elementos da natureza é necessário entender a hierarquia de toda essa estrutura filosófica a cerca das forças e energias da própria natureza. É preciso ter como ponto de partida: os três Gunas, SATTVA, RAJAS e TAMAS, que Frawley (1996; p. 37) define como São as qualidades mais sutis da Natureza, e fundamentam a matéria, a vida e a mente. Elas são energias por meio dos quais não apenas a mente superficial, mas também nossa consciência mais profunda funcionam. (...) Os gunas pertencem à própria Natureza na forma de seu potencial para a diversificação.
Segundo o mesmo, a combinação os três Gunas é a base de formação de tudo que existe no universo. Os Gunas nos permite “conhecer mais à fundo nossa natureza e o funcionamento de nossa mente e espírito” (FRAWLEY; 1996, p. 37) Carneiro (2009) explica o primeiro Guna da seguinte forma “Sattwa é a base para uma realidade plena de harmonia e da perfeição, que proporciona o desenvolvimento do máximo equilibrio no mundo material. Sattwa concebe a percepção da felicidade e do amor universal.” O Raja, Carneiro (2009) também explica como sendo “a força vital ativa que move o universo em direção a sattwa ou a tamas. É o princípio da energia, do movimento, da ação e da motivação. A manifestação de Rajas cria emoções (...)” Por último, Frawley (1996; p. 37) se refere ao Tamas como “a qualidade da inércia, da escuridão e do embotoamento (...) causa a decadência e da desintegração; traz à tona a ignorância e a ilusão (...)” A combinação entre dos três Gunas dá origem aos cinco grandes elementos: água, ar, terra, fogo [ou luz] e éter. Conhecidos como pancha mahabuthas, segundo os sânscritos, estes elementos são a base de todas as coisas do mundo físico. (CARNEIRO, 2009) Para Verma (2006; p. 43) “Estes cinco elementos básicos estão misturados entre si de maneira especial e específica para formar a diversidade do mundo físico.”
Todos os cinco elementos de Prakrtì (susbstancia cosmica) – terra,fogo, água, ar e espaço eram deuses, assim como as estrelas, planetas, árvores, rios. Posteriormente na evolução, estes deuses adquiriram formas humanas ou algumas vezes misturaram com animais. Animais e plantas, rios, lagos e mares, montanhas e pedras, sol, lua, estrelas, planetas etc., eram todos integrados na vida humana. (VERMA, 2006; p. 28)
Para Carneiro (2009) as características e qualidades de cada uma das coisas é dada pela predominância de um ou mais elementos (dentro dos cinco citados) em sua composição. De acordo com Carneiro (2009) “Segundo o Ayurveda, os cinco grandes elementos estão presentes em todos os constituintes do corpo dos seres vivos e dentro dele organizam-se e materializam-se formando os doshas.” (...) os modelos constitutivos do homem se enquadram em categorias gerais, e não ocorrem por acaso (...) Há três constitutivos principais, em conformidade com os três humores biológicos, que são as forças fundamentais da nossa vida física. (FRAWLEY, 1996; p. 23)
“O conceito de fisiologia orgânica introduzido pelo sistema tridoshas baseia-se na concepção de que o organismo é formado pelos elementos da natureza, e portanto, é parte integrante dela.” Defende Carneiro (2009), e complementa afirmando que “Os cinco grandes elementos, (...) manifestam-se na fisiologia humana sob a forma de três princípios governantes fundamentais, ou três princípios vitais – vata, pitta e kapha -.” Porém, há um diferencial entre os doshas e os cinco elementos. O primeiro é encontrado unicamente nos seres vivos, enquanto o segundo está presente em criações animadas ou inanimadas. Com isso, o autor define os doshas como “representações biológicas dos cinco elementos no „corpo humano‟ (...)”. Frawley (1996; p. 23) explica que os humores categorizados dentro da filosofia védica são chamados de Kapha, Pitta e Vata e correspondem respectivamente aos três grandes elementos: Água, Fogo e Ar. Kapha, segundo Frawley (1996; p. 25) é o humor biológico relacionado ao
elemento Água, e tem como significado literal a expressão “o que se molda.”. “Kapha rege a forma e a substância, e é responsável pelo peso, pela coesão e pela estabilidade. Kapha é a solução fluida (...) em que se movem os outros dois humores. E constitui a principal substância do corpo.” De acordo com Frawley (1996; p. 25) “Kapha rege o sentimento, a emoção e a capacidade que a mente tem de se apegar à forma. Transmite serenidade e estabilidade. (...) O desejo e o apego são seus desequilíbrios emocionais mais comuns.” Frawley (1996; p. 24) afirma que o segundo dosha, Pitta, está relacionado ao elemento fogo. “Pitta, o humor que “digere” e que transforma, é responsável por todas as mudanças mentais, metabólicas e químicas que ocorrem no corpo.” (DEVEZA; 2013, p. 159) Segundo Frawley (1996, p. 24), “Pitta rege a transformação no corpo e na mente.” Além disso, ele complementa caracterizando o humor como “responsável por todo o calor e luz (...) rege a razão, a inteligência e o entendimento – a capacidade iluminadora da mente.” De acordo com Frawley (1996, p. 24), Vata é o humor biológico associado ao elemento Ar, e tem como significado literal “o que sopra”. Segundo o mesmo “Vata é a força que guia os outros humores, porque a própria vida deriva do ar. (...) Seu poder nos anima e nos dá a sensação de vitalidade e entusiasmo.” O Vata é o humor regente do movimento e responsável pelas descargas de todos nossos impulsos, como afirma Frawley (1996, p. 24). Além disso está associado também aos sentidos do tato e da audição, que correspondem aos elementos do ar e do éter. Segundo Frawley (1996, p. 24), o Vata “energiza todas as funções mentais desde os sentidos até o subconsciente. (...) O medo e a angústia são seus principais desequilíbrios emocionais.”
Todos os três doshas contêm os cinco elementos em sua composição. Todavia, as combinações em proporções diferentes das qualidades desses cinco elementos em um dosha específico conferem a ele as qualidades próprias desse dosha. (CARNEIRO; 2009)
Para Frawley, a mente tem em si todos os grandes cinco elementos em sua composição. “A mente é uma formação da Natureza, e foi criada de acordo com a inteligência orgânica soberba que pertence à Natureza. A mente apresenta a mesma estrutura básica do universo, além de seguir as mesmas leis imutáveis.” (FRAWLEY; 1996, p. 56) Frawley (1996; p. 57) explica sobre a mente e suas três camadas fundamentais em sua obra, são estas camadas: a interior, a intermediária e a exterior e todas se assemelham ao modelo no qual estão categorizadas a Vata, Pitta e Kapha – ou ar, fogo e água, respectivamente -. E ao descrever sobre cada uma delas, Frawley define a mente exterior como a parte dominada pelas emoções e sentimentos, responsável pela capacidade de atuação e expressão no mundo. A mente intermediária, diferentemente da exterior, tem a capacidade de absorver as impressões exteriores e de expressar o que há de interior no mundo exterior. A razão e a percepção é a forma como a mente intermediária se expressa, nos permitindo fazer juízos e tomar decisões. E por fim, a terceira e última camada da mente, a interior, Frawley define como “o cerne profundo do sentimento e do conhecimento.” Assim como o corpo, sua fisiologia e os sentidos, a mente também é estritamente ligada aos cinco grandes elementos. Frawley (1996; p. 57) afirma que “A mente apresenta uma qualidade relacionada com a água, típica da emoção, da empatia, com os sentimentos em geral. Por fim, ela traz em si certo peso característico da terra, da memória, do apego.” A Água existe na mente como a natureza emocional, nossa capacidade de nos ligar ao mundo exterior (...) Isso inclui nossa capacidade de reunir impressões sensoriais e de reagir a elas por meio da atração e da repulsão, do medo e do desejo. (FRAWLEY, 1996; p. 59)
“A água é o aspecto formador da mente, o qual nos permite imaginar, figurar e construir a nossa realidade. Ela é a base da vontade, da motivação e da ação no mundo exterior.” (FRAWLEY, 1996; p. 59) “O elemento água (...) é composto pela combinação de rajas e tamas, e por isso alterna as qualidades de inércia e movimento.” (CARNEIRO, 2009) O fogo segundo Carneiro (2009) “é gerado por rajas, e sua característica é a energia e o calor.” Esse elemento apresenta forte influencia sobre a mente, e grande ligação com a razão. Frawley (1996; p. 57) explica essa relação da seguinte forma “A mente tem o elemento fogo ou luz por meio dos quais é-lhe dado perceber as coisas. Isso confere a mente certa qualidade de iluminação e a capacidade do entendimento.” Frawley (1996; p. 58) define a presença do elemento ar na mente da seguinte forma “O ar é a capacidade que a mente tem de se relacionar, de se identificar e de se sentir viva. Por meio dele nos movemos, agimos e funcionamos como seres conscientes.” No que tange ao movimento, contudo, a mente é como o vento. O ar é seu elemento secundário. Nada há que seja mais veloz que a mente em movimento. (...) Esse movimento progressivo ocorre por causa da ligação entre a mente e o elemento ar. (FRAWLEY, 1996; p. 57)
Segundo Frawley (1996; p. 58) a mente e o ar apresentam características semelhantes no fato de que ambas tem a capacidade de mudança, ação e reação. “O elemento ar (...) é gerado pela combinação de sattwa e rajas, e suas principais qualidades são a mobilidade e a leveza.” (CARNEIRO, 2009) De acordo com Frawley (1996; p. 57) “A mente é a criação principal do elemento éter na Natureza. Em substância, a mente semelha o espaço” Segundo o autor o éter existe também como “a capacidade fundamental para todas as funções, vibrações e impressões mentais.” (Frawley, 1996; p. 60) Frawley (1996; p. 60) afirma que “Refletidos nesse éter da mente, descobrimos nossa identidade superior na forma de uma alma”. “O elemento éter
(...) é gerado a partir de sattwa e manisfesta como principal característica a claridade e a transcendência.” (CARNEIRO, 2009) O eu exterior se define de acordo com o corpo, nossa identidade física. Por outro lado, o eu interior é nosso sentido de subjetividade pura, ou o puro “eu sou” além de toda identidade corpórea. Eles podem ser compreendidos de acordo com o modelo da terra e do éter. (FRAWLEY, 1996; p. 59)
“A terra existe na mente na forma do ego. (...) O ego nos liga ao corpo físico e nos permite cumprir suas funções como se elas nos pertencessem.” Diz Frawley (1996; p. 59), e complementa definindo a consciência do ego como “a consciência objetificada.” O elemento terra apresenta características como resistência e a inércia, sendo estas os principais atributos da mesma. Esse elemento é gerado pelo guna Tamas. (CARNEIRO, 2009) Assim como ego ou o eu isolado nos separa das outras criaturas, a alma ou o eu interior a ela nos une. (...) O Eu interior está com seu valor pessoal e encontra a paz em sua própria identidade. Não necessita buscar coisa alguma no mundo exterior, que se lhe afigura apenas uma sombra. (FRAWLEY, 1996; p. 60)
Ao entendermos o significado de todos os elementos e como cada um destes afeta diretamente dentro de nós mesmos e em tudo a nossa volta, compreendemos o olhar do Ayurveda sob a natureza. Compreendemos a sua importância e influência em todos os níveis da existência humana, tendo a consciência de que tudo é interligado e que cada indivíduo é a própria natureza em manifestação. A busca pela plenitude proposta pela filosofia védica é intrínseco à natureza.
3 – A COLEÇÃO
A partir do estudo e da coleta de informações sobre a natureza e os cinco elementos na filosofia védica, foi pensado a criação de uma coleção de moda praia/pós praia que traduzisse aspectos simbólicos e subjetivos em peças através da escolha de materiais, texturas, cores, estamparia, modelagens e caimentos. A preferência pelo segmento praia se deve ao fato de o beachwear no Brasil ser sinônimo de qualidade e reconhecimento nacional e mundial, configurando o país como referência e principal exportador do segmento, além de ter sua história intimamente ligada á evolução e crescimento da moda brasileira, como visto no livro O biquíni made in Brazil, de Lilian Pacce (2016). O intuito da coleção é focar principalmente nas peças de praia, como biquínis, maiôs, saídas de praia, que também podem ser usados em outras ocasiões, e ampliar o mix de produtos com peças do segmento casual chic, pensadas para ambientes litorâneos, como macacões, chemises, casacos, etc. Com foco principal na modelagem e com tecidos com lycra sendo a matéria prima unificadora da coleção, uma vez que é um dos tecidos mais adequados para esse segmento que precisa com que as peças fiquem moldadas ao corpo, e principalmente de maneira confortável devido o contato direto como a pele, cada uma das cinco famílias que compõem a coleção, carregam o nome de um dos cinco elementos e apresentam suas características. Foram desenvolvidas também, estampas com característica particulares para cada família de acordo com o elemento e a simbologia que representam. A família da Água apresentará algumas peças, entre elas maiôs e biquínis com modelagens cruzadas envolvendo o corpo de maneira a aprisioná-lo delicadamente, referenciando o apego característico desse elemento. A cintura marcada também faz referência à esse apego. Serão criadas duas estampas, uma mais abstrata e a outra geométrica, a primeira fazendo uma analogia à subjetividade dos sentimentos e emoções, e a segunda remetendo à estabilidade
característico desse elemento. A paleta de cores dessa família será tons de azul, com grande presença do azul marinho, branco, e pérola. Os materiais escolhidos para essa família são a lycra, musseline com toque de seda, linho e o crepe. Sobre as peças serão trabalhados drapeados e plissados, remetendo ao movimentos das ondas no mar. A família do Ar também apresentará modelagens mais amplas e fluidas representando o movimento, e serão trabalhadas nervuras – algumas delas em curvas - fazendo referência à inquietude e à liberdade. O plissado, a assimetria e o apelo atemporal também serão elementos de destaque entre as peças. A estampa dessa família foi inspiradas nos pássaros, simbolizando a liberdade, e trabalhada de uma maneira bem discreta em tons claros, predominando o branco e o preto, assim como a paleta de cores. Os materiais da família serão a lycra, a musseline e o Crepe Milano. A terceira família, intitulada Fogo, foi pensada em peças que possibilitem a realização de atividades físicas ao ar livre, principalmente aquelas em contato com a água, como stand up paddle ou surf, por exemplo. Essa ideia surgiu a partir da referência da prática de esportes com a energia e o movimento característicos do elemento fogo. As peças dessa família são mais ajustadas ao corpo e com silhueta H, assimétricas, trazendo maiôs e biquínis mais confortáveis e versáteis, que transitam bem entre a praia e a terra. O ponto forte dessa família será a estampa degradê em tons quentes referenciando o fogo e o nascer do sol na praia, elemento que também inspirou a família, associando o sol como representante do fogo. Recortes trazem para as peças uma estética mais descontraída e despretensiosa. Os materiais propostos para essa família são a lycra, o neoprene, e o Crepe Milano. Foram usados também zíperes, inspirados pelos trajes de surfistas. Para a família Terra, a inspiração veio do bambu. Essa escolha foi pensada pela relação da planta com a ideologia da filosofia védica. O bambu cresce primeiro para baixo da terra, criando raízes firmes e profundas, para então se desenvolver para cima, atingindo grandes altitudes. Essa característica se
assemelha ao Ayurveda, que propõe o desenvolvimento do auto conhecimento para então crescer em todos os aspectos da vida. Assim como o bambu, a terra apresenta como uma das principais características a resistência. Foram criadas duas estampas: uma inspirada no próprio bambu e a outro em um mix de folhas, sendo essa a estampa mais tropical da coleção. Como detalhes foram criados artesanalmente placas e argolas feitas de bambu. A paleta de cores dessa família é composta por marrom e tons de verde. Em relação aos tecidos, foi utilizado o Crepe Santorini, que por sua textura rústica remete aos trajes védicos. Por fim, a última família, do Éter será inteira acromática, sendo o branco a cor escolhida para representar o início e o equilíbrio de tudo. Por ser a família mais minimalista da coleção, foi priorizada a modelagem com toque de alfaiataria e acabamento de corte à laser. A opção pela estética clean das peças busca representar equilíbrio, a harmonia e a clareza. Os materiais utilizados serão a lycra, o neoprene, o crepe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de uma vasta pesquisa sobre a doutrina Ayurveda e todo o pensamento védico ao redor das relações humanas com o meio ambiente, foi possível compreender que de fato, a natureza e a vida do homem são inseparáveis. Expressas através dos cinco elementos, a natureza age e influencia diretamente aspectos físicos, espirituais e mentais dos seres vivos, principalmente o homem. Além disso, a visão védica sobre a natureza e a vida se apresentam de maneira bastante diferenciada da visão ocidental sobre as mesmas, sendo valorizada de maneira igualmente diferente e de forma mais respeitosa e íntima. Essa questão nos leva à reflexão da real importância que deveria ser dada e como de fato agimos em relação à natureza, quais as nossas atitudes sobre ela e os impactos que nossas ações provocam no mundo exterior e em nós mesmos.
ABSTRACT
This work aims to understand and realise the symbolic aspects of the five elements of nature by the sight of the Vedic philosophy, ancient Indian tradition. Throught the study of Ayurveda and its aspects, understand how the Vedic man relates to the nature, and as these believe that nature is a fundamental part of all aspects of human life. Thus, aspects of the semiotics of the five elements, subjective and unpalpable, have been translated into a collection of swimwear/resort, throught modeling, textures, colors and prints. The choicefor this segment is due to the desire to enhance further a market in wich Brazil is a world reference.
Key words: Fashion. Nature. Simbology. Elements. Ayurveda.
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VERMA, DRA. VINOD. Ayurveda: A medicina indiana que promove a saúde integral. 2 ed. Nova Era, 2006.
APÊNDICE
1. Briefing de negócio (DNA da marca) 1. Descrição geral da marca A Lu Armond é uma marca de moda praia, que valoriza principalmente a elegância e o conforto, e apresenta uma estética mais clean, tanto na modelagem quanto na estamparia. A marca traz peças que transitam bem entre a areia e o ambiente litorâneo, apresentando além de maiôs e biquínis, peças como macacões, saias, calças. O mix de produtos variado, tem o intuito de que as peças se complementem, podendo ser usadas em diversas ocasiões. A escolha do nome homônimo à estilista se baseou no fato da estética da marca estar muito ligada ao gosto pessoal da designer e ter inspirações bastante pessoais também, como a natureza, fonte de inspiração constante para a designer e para as coleções. A marca se inspira na mescla entre estilo de vida praiano e urbano, e uma cidade que caracteriza bastante essa diversidade é o Rio de Janeiro, portanto a marca traz um pouco desse lifestyle carioca em seu DNA.
2. Estilo (Dominante - Complementar) O estilo predominante da marca é o elegante, visto que o público são mulheres que procuram se manter sofisticadas ao longo do dia. Já o estilo complementar é o esportivo/natural, pois essas mesmas mulheres prezam pelo conforto, principalmente nas roupas que usam na praia, por ser um lugar onde precisam se sentir confortáveis e seguras com seu corpo e ter dinamismo para realizar as atividades diárias necessárias. A naturalidade e o despojamento característicos desse estilo refletem tanto o lifestyle carioca como o perfil das consumidoras da marca.
3. Elementos de estilo (Subjetivos/ espirituais e objetivos/ físicos – 3 de cada em relação à marca) Elementos subjetivos/espirituais Elegância
Elementos objetivos/físicos A elegância se apresentará através das modelagens
e
das
cartelas
de
cores,
predominantemente sóbrias Luxo/Sofisticação
Opção pelo uso de tecidos finos junto aos específicos para esse segmento
Conforto
Modelagens mais amplas e práticas
4. Nicho O nicho de mercado que a marca irá atender será o de moda praia feminina.
5. Segmento O segmento principal da marca será o beachwear, complementado por peças que se enquadram no segmento casual chic.
6. Gênero A marca será direcionada a atender o público feminino.
7. Concorrentes da marca
Lenny Niemeyer - A marca Lenny Niemeyer é a principal concorrente direta da Lu Armond. Criada em 1991 pela estilista Lenny Niemeyer, paulistana radicada no Rio de Janeiro, a marca é referência mundial no segmento de moda praia. A marca hoje exporta para diversos países como Estados Unidos, França, Itália, entre outros. A marca é conhecida também pela criação de peças sofisticadas para o pós-praia. A modelagem elegante e impecável, o uso de tecidos sofisticados e diferenciados, a estamparia e a
ligação com o estilo de vida carioca, fez com que a marca se tornasse pioneira do beachwear de luxo.
Adriana Degreas – A marca fundada por Adriana Degreas apresenta uma estética diferenciada da maioria das outras marcas de moda praia. Com peças mais minimalistas, sem muitas referências do tropicalismo comumente visto nas coleções de outras marcas brasileiras, traz uma estética mais clean e vanguardista, com muitas modelagens bastante diferenciadas. A modelagem e os materiais diferenciados, e a estamparia original se configuram como DNA da marca. A marca também é considerada uma das produtoras do beachwear de luxo.
Água de Coco – A marca cearense Água de Coco, fundada em 1985 pela estilista Liana Thomaz, é uma marca de moda praia feminina e masculina, fundada com o objetivo principal de criar peças que aliassem a qualidade e o conforto, objetivo este alcançado com sucesso, fazendo com que a marca se tornasse referência no segmento nacional e internacional. A Água de Coco traz suas raízes cearenses em seu DNA, valorizando as paisagens brasileiras – principalmente as nordestinas – e o artesanato, forte diferencial dessa região. A marca hoje está presente em vários países, como Estados Unidos, Caribe, França, etc.
8. Canais de distribuição A marca Lu Armond terá inicialmente dois canais de distribuição. O objetivo inicial, à curto prazo, é colocar o produto à venda em algumas multimarcas que atendessem um público similar ao da marca, nas cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, e também vender as peças através do e-commerce no site da marca. E a longo prazo, abrir lojas próprias da marca – varejo - nas principais capitais brasileiras – todas do estados do Sudeste, Bahia, Fortaleza, Brasília e Santa Catarina -.
9. Margem de preço (maior e menor preço praticado e tipo de peça) A margem de preço da marca varia entre R$ 149,00 (biquíni básico) à R$ 999,00 (Peças pós-praia. Ex: Kimonos).
10. Diferenciais da marca no produto Respeitando o DNA da marca, os produtos criados pela mesma seguirão uma estética mais limpa, com foco na modelagem, priorizando a elegância e o conforto, sem deixar perder o estilo leve e despojado, trabalhando as estampas coloridas e referências tropicais, de uma maneira diferenciada.
2. Público-Alvo
A marca foi pensada para atender mulheres modernas e dinâmicas, que prezem pela elegância e sofisticação, sem perder o conforto. São mulheres entre os 30 e 40 anos – não sendo este fator restringente ao uso das peças -, de classe B (com renda familiar entre R$ 9.370,01 e R$ 18.740,00, segundo o IBGE), que assumem altos cargos nas funções que desempenham profissionalmente, e estão bastante ligadas aos meios artísticos e criativos, como designers, produtoras, fotógrafas, empresárias, etc. São mulheres, muitas delas mães, que gostam de estar com a família e amigos, mas que se preocupam em ter um tempo para elas. São mulheres vaidosas, que gostam de estar bem consigo mesmas, mas que não são reféns disso, valorizando e apreciando uma beleza mais natural e simples. Essas mulheres são bastante urbanas em seu dia a dia, mas gostam estar em contato com a natureza sempre que possível, principalmente em seu tempo livre, priorizando atividades ao ar livre. Essas mulheres buscam ter hábitos de vida saudáveis e se interessam pelas causas ambientais e animais. Além do contato com a natureza, gostam de frequentar ambientes como museus, happy hours, shows, restaurantes, etc. A escolha por esse tipo de lazer se deve ao grande interesse dessas mulheres pela arte, arquitetura e música. Em relação aos hábitos de consumos, o público da marca são mulheres que valorizam mais os momentos em si, e investem seu dinheiro em viagens, em shows, em idas à restaurantes ou outros ambientes que lhes agradem. Gostam de conhecer o mundo, de viajar para lugares variados, desde Nova York e Paris, até lugares paradisíacos como Grécia, Capri, Indonésia e outras áreas com belezas naturais. Já em questão de consumo de bens materiais, preferem comprar produtos com boa qualidade e
duráveis, pra que a compra dos mesmos não precisem ser tão frequentes. Gostam de investir em perfumes, além de acessórios sapatos, bolsas, lenço, cosméticos, etc. O público alvo da marca admira mulheres como a modelo Gisele Bündchen, sinônimo de mulher bem sucedida na vida profissional e particular, que consegue aliar a vida privada com a pública se mantendo fiel à seus valores pessoais, procurando viver uma vida mais natural, mais despojada. Além disso, a modelo é engajada em causas ambientais, se tornando porta-voz das mesmas mundialmente. Esse engajamento também faz com que o público alvo da marca Lu Armond se identifique e a admirem. Além de Gisele, essas mulheres admiram atrizes como Meryl Streep e Angelina Jolie, além de músicos estrangeiros e brasileiros, como Tom Jobim e Celso Fonseca. O público alvo da marca sonha com poder viver com uma boa qualidade de vida, fazendo o que amam, conhecendo cada vez mais novos lugares e novas culturas. Sonham também com um mundo mais pacífico, com melhorias em problemas sociais mundiais, com um mundo que seja mais consciente em relação ao meio ambiente e aos animais, com a preservação, valorização e o respeito adequado à natureza.
REFERÊNCIA THIAGORODRIGO. Faixas salariais x Classe Social – Qual sua classe social?.Disponível em https://thiagorodrigo.com.br/artigo/faixas-salariais-classe-social-abep-ibge/ Acesso em 23 jun. 20
PAINÉL PÚBLICO ALVO
PAINÉL DE INSPIRAÇÃO: TEMA