NETA - Keiny Paiva

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Centro Universitário UNA Instituto de Comunicações e Artes

Neta Xica da Silva: Senhora de Si

Keiny Paiva

Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de Projeto Experimental como requisito para obtenção do grau de bacharel em Moda. Professor orientador: Aldo Clécius Área: Criação Produto final: Coleção

Belo Horizonte 2018 / 1° Semestre


Dedico esse trabalho à minha mãe, por me encorajar em cada ideia maluca, por despertar em minha a vontade de seguir os meus sonhos, por me ensinar os caminhos certos e errados, por acreditar que eu seguiria os certo, por me esperar todas as noites quando eu chegava tarde do trabalho, por escutar meus problemas e minhas vitórias, por investir em mim enquanto eu quisesse estudar e para a sua alegria eu estudei muito. Dedico à mulher que foi a melhor mãe que ela poderia ser.

Eu te amo.


Agradeço aos meu pais, tios e Jonathan Hughes por me apoiarem em cada decisão (certa ou errada) de minha vida, por acreditarem em meus sonhos, por me fazerem alegre em dias tristes e por sempre estarem lá quando eu precisei de alguém para abraçar, por investirem em mim. Aagradeço ao meu orientador, professor e grande amigo, Aldo Clécius, por dividir o seu conhecimento comigo, por confiar em meu potencal e acreditar que eu sou capaz e, além de tudo, por ser um mentor para toda a vida.

Agradeço à Cedro por apoiar eesse projeto e disponibilizar os recidos que foram utilizados na confecção da coleção. À Rafaela Requeijo por me ajudar com seus abrangentes conhecimentos na confecção de bolsas e por ser uma grande amiga. À pequena Beatriz por suas hablidosas mãozinhas que me ajudaram a colorir os criquis. Walter Velleda, por ter sido um grande amigo e conselheiro durante a faculdade e principalmete por ter desenvolvido um incrível portifolio que carregarei comigo em minha carreira. À Ligia Compagno e Isabella Candida por terem sido minhas companheiras durante a jornada universitária e com certeza minhas melhores amigas na vida, Paulo por me emprestar sua confecção aos finais de semana para utilizar as maquinas que eu ainda não possuo. Lisandra, Victória Fernandes e Carlos Henrique que me ajudaram no desenvolvi mento das modelagens e me suportarem todos os dias nos laboratórios do Núcleo de Moda da Una!

Agradeço à Neuza Oliveira por ter sido um mentora rigorosa e por ter me passados seus mais preciosos conhecimentos. Ana Paula e Ana Carolina por agreditarem em mim e por me ensinatem várias das técnicas que apresento neste trabalho, por serem minhas amigas e conselheiras. Agradeço aos amigos que me ensinaram algo durante a faculdade e que sempre estarão em meu coração; Bruno Pimenta, Eduardo Guedes, Grazielle Damaceno, Marlon Mendez, Barbara Penaforte, Mayara Amorim e Nathalia Francisca. Agradeço aos meus Professores do curso de moda Centro Universitario Una por serem mestres dedicados, atenciosos e pacientes, por estarem sempre dispostos me ajudar e solucionar problemas, por serem fontes de inspração e conhecimento; Renata Canabrava, Maria Augusta (Guta), Maria Adircila (Didi), Geanneti Tavares, Francisco Batista, Mariana Rodrgues, Jane Leroy, Fabiana Almeida, Fabricia Figueiró, José Fernandes e Izabel Haddad. Sempre serei grata a vocês e sempre os lembrarei com carinho. Por fim, agradeco todos àqueles que participaram direta ou indiretamente deste trabalho.


NETA / abstract

Palavras-Chave: Moda; Desenvolvimento de Coleção; Xica da Silva; Século XVIII

NETA / resumo

Este trabalho apresenta a marca de moda slow Neta, assim como sua coleção de estréia, 'Xica da Silva: Senhora de Si', baseada no artigo honônimo cujo objetivo é introduzir uma nova perspectiva acerca da vida de Xica da Silva e seu impacto na sociedade tijucana do século XVIII.

This work presents the slow fashion brand Neta, as its debut collection 'Xica da Silva: Senhora de Si', based in ahononimous text which aims to introduce a new perspective on Xica da Silva's life and its impact on 18th Century tijucan society. Keywords: Fashion; Collection Developing; Xica da Silva; 18th Century

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Keiny Paiva

experiência Assistente de Produção Executiva de Moda FHouse (Aldo Clécius) – 2016 / 2018

+55 31 9 9308 3196 +1 781 5881721 keinycarvalho@gmail.com Rua Francisco Passos, 630, Nacional, Contagem

Reporter Fotográfica de Moda FHouse – 2016 / 2018 Coordenadora de Comunicação FHouse – 2016 / 2018 Embaixadora Fashion Revolution – 2017 / 2018 Comunicação e Redes Sociais Movimento MCM – 2017 / atual Aipum Magazine – 2017

aptidões • Idioma português fluente e inglês avançado;

Web Designer Movimento MCM – 2017 It’s Me – 2017 Distrito da Moda – 2017

• Conhecimentos em manipulação e costura em peças finas, estamparia artesanal, produção de moda e fotografia, design gráfico e web design;

Trend Hunter NuP, Centro Universitário Una– 2016

• Conhecimento em software de edição e design, tais como Corel Draw, Illustrator, Photoshop, InDesign, After Effects e Premiere Pro.

Assistente (Estágio) NuMo, Centro Universitário Una – 2016

formação Bacharel em Moda Centro Universitário Una – 2015 / 2018 Ilustração Casa dos Quadrinhos – 2017 Visual Merchandising FHouse – 2016 Estamparia Manual (Mary Prates) – 2016 Técnico em Vestuário Senai Modatec – 2014 / 2016 Modelagem Senai – 2013 / 2014 Auxiliar Administrativo Senac – 2013 Adobe Phososhop e Autodesk Maya Saga – 2012 Treinamento Profissional em Informática Cedaspy – 2011 / 2013

Assistente de Estilo Filha Única – 2016 / 2016 Martielo Toledo – 2014 12 / Briefing de Negócios

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s io c รณ g e n e d g n briefi


NETA / moda com afeto

Neta é a personificação de boas memórias de uma infância interiorana, brincando com retalhos ou comendo os quitutes da vovó, passeando pelo pomar ou se divertindo na lama. A marca levanta a bandeira da sustentabilidade e do slow fashion, trabalha com peças atemporais, para que possam ser transmitidas por diversas gerações, incentivando cada vez mais o consumo consciente e a diminuição do impacto ambiental produzido pelo mercado de moda.

A marca nasceu a partir de um sonho da criadora de materializar suas lembranças da infância, homenagear seus avós e trazer o interior onde cresceu para a cidade onde vive em forma de vestuário. A Neta acredita que o mundo já possui muitas roupas, por isso as pessoas precisam de algo que realmente importa e faça diferença em suas vidas, que tenha histórias, que inspire e que, acima de tudo, esteja ciente de sua responsabilidade social.

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À seguir, painel de estilo da marca.

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Painel de Estilo

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nicho / segmento / gênero /

Demi-Couture, Prêt-à-Porter Casual Chic

Feminino

ELEMENTOS DE ESTILO

MODERNO Estilo Complementar: CRIATIVO Estilo Dominante:

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memória

Detalhes, técnicas, bordados, acabamentos, embalagem, aroma.

artesanal

Processos manuais em estamparia, tingimentos, beneficiamentos e bordados.

rural

Modelagens, tingimentos naturais, uso de couro, uso de juta, mistura do rústico com o delicado.

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MARGEM DE PREÇOS

Calças 400,00 a 3.000,00

Vestidos e Macacões 900,00 a 8.000,00

T-Shirts 300,00 a 1.000,00

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Saias e Shorts 300,00 a 1.000,00

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DIFERENCIAIS

/ produto A Neta trabalha com coleções atemporais inspiradas em histórias regionais, trazendo para seus consumidores cultura, história e memória. As peças são trabalhadas manualmente, bordadas, tingidas e estampadas com carinho, tentando agredir menos possivel o meio ambiente.

/ serviços A Neta trabalha prêt-a-porter e demi-couture. Uma modelista vai até a casa do cliente para tirar medidas e provas os modelos. A marca também possui um site com um lookbook das coleções.

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CONCORRENTES

1

/ Rodarte Rodarte foi fundada em Los Angeles, Califórnia em 2005 por Kate e Laura Mulleavy. Criada no interior dos EUA a marca trabalha com memória e elementos que lembram o interior, modelagens elaboradas, tecidos finos e elementos que contrastam o rústico e o delicado.

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CONCORRENTES

2

/ Paula Raia A marca recebe o nome da arquiteta responsável por sua criação, em 2010. Raia apresenta em suas coleções uma ligação emocional com o natural e a fluidez do cotidiano, além de levar em seus desfiles uma imagem do seu universo poético na qual é transmitido pelo uso de tecidos leves e materiais simples mas sofisticados.

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CONCORRENTES

3

/ Benedito Benedito, marca mineira de moda que foca na criação de roupas atemporais, e tem como identidade trabalhar a “cor local”, buscando o resgate afetivo de suas origens em suas coleções. A marca tambem tem apelo sustentável, no sentido de trabalhar com resíduos têxteis e upcycling.

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pĂşblico-alvo


NETA / público-alvo

Ao delinear um público consumidor, a marca busca ser relacionada com mulheres de personalidade forte, independentes, intelectuais e seguras de si. Possuem visão critica do mundo e não se contentam com o comum. A busca pelo conhecimento e crescimento intelectual são o que as tornam cada vez mais mulheres mais fascinantes Nos momento de lazer esse público costuma frequentar eventos culturais em suas cidades como festivais de música e gastronomia e estão sempre abertas à novas experiências. Em suas viagem não importa aonde forem, procuram explorá-lo ao máximo, pois buscam sentir a singularidade de cada lugar que visitam. Mas sobretudo estão cercadas de familiares e amigos porque valorizam as relações interpessoais. À seguir, painel de público-alvo.

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ca r a m e d e d a id t iden


NETA / identidade de marca

40 / Identidade de Marca

O logotipo foi criado de forma à transmitir a sensação de ter em mãos um produto artesanal e único. Foi usada a caligrafia da criadora da marca, em lugar de uma fonte propriamente dita, para transmitir a ideia de assinatura autoral. O uso de cores foge do padrão em logotipos, preto e branco, e busca trasmitir os valores da empresa. O cinza representa a neutralidade e praticidade da cliente Neta, que gosta de estar sempre pronta pra qualquer ocasião. Representa a capacidade de se adaptar facilmente, entre o preto e o branco. O rosa faz referência à feminilidade. Este não foi usado de forma infantil ou romântica, mas sim de forma madura e profunda, aludindo ao poder feminino, consciente e empoderado desta mulher moderna, mas sempre afetiva que compõe o público da marca.

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MONOCROMIA A marca possui versões monocromáticas da logotipo, em fundo escuro e claro. Estas, entretanto, devem ser usadas exclusivamente em caso de restrição de cores.

MALHA DE AMPLIAÇÃO A malha de ampliação é usada para se obter ampliação acerca da posição dos elementos existentes na marca e deve ser usada caso haja necessidade de ampliação do logotipo. Caso não haja possibilidade de usar meios de reprodução digital da marca, deve-se usar a malha para a construção manual.

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ÁREA DE PROTEÇÃO A marca possui uma área de proteção que deve ser rigorosamente respeitada. Sua finalidade consiste em priorizar legibilidade e organização dos elementos ao redor. Por conseguinte, nenhum elemento gráfico deve ultrapassá-la. O tamanho da área de proteção se dá pela altura na curva interna da letra T, na proporção estabelecida.

REDUÇÃO MÁXIMA A redução excessiva de um logotipo pode dificultar sua leitura, compreensão e reconhecimento, podendo prejudicar a marca financeiramente ou socialmente no meio empregado. Recomenda-se usa as medidas ao lado como limite de redução.

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9 x 1 cm

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USOS INDEVIDOS Qualquer alteração no logotipo da marca é totalmente proibida, devendo ser aplicada apenas nas versões disponibilizadas neste documento. Aqui estão disponibilizados exemplos de usos incorretos que podem ocorrer: fundos que dificultem a leitura; elementos sobrepostos, efeitos inadequados; proporções distorcidas; tipografia diferente; cor diferente. Para efeitos de divulgação da marca, é extremamente proibido a utilização de seu logotipo em materiais não autorizados pela empresa.

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FAMÍLIA TIPOGRÁFICA

modelica /

arno pro /

ABCDEFGHIJKLMN OPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmno pqrstuvwxyz 123456789 ABCDEFGHIJKLMN OPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmno pqrstuvwxyz 123456789

Foram utilizadas na identidade visual da marca as fontes "Arno Pro" para os textos, por seu aspecto clássico e sua legibilidade. Já para os títulos, foi escolhida a família "Modelica" por sua simplicidade. modernidade e versatilidade, contando com várias variações, variando expessura e espaçamento.

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FAMÍLIA CROMÁTICA

Cinza RGB - R208 G197 B193 CMYK - C18 M20 Y20 K0

Rosa RGB - R162 G40 B71 CMYK - C27 M96 Y62 K16

Preto RGB - R16 G160 B16 CMYK - C73 M67 Y66 K83

Branco RGB - R243 G242 B243 CMYK - C3 M2 Y2 K0

A marca buscou formular uma família cromática que atendesse suas principais teses. Foi utilizado o preto para a logo e como terceiro tom, bem como o branco, para sua correspondente monocromia. Já a identidade visual da marca gira em torno dos tons rosa e cinza, referenciando sua essência natural, feminina e prática.

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brinde 2 lunch bag 25x20x15 cm

brinde 1 bloco de anotaçþes 15x9 cm

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envelope de cartas papel offset, 180 g 10x20 cm

cartĂŁo de visitas papel duplex, 280 g 5x8 cms

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tag papel duplex, 280g 4x8 cm

papel de cartas papel offset, 120g tamanho A4

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envelope de cd papel craft, 250g 12x12 cm

embalagem maior papel craft, 45x30 cm

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embalagem menor cartĂŁo craft 350 g 25x20 cm

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NETA / xica da silva: senhora de si

62 / Briefing de Coleção

O ateliê Neta, marca slow estreará coleção com tecidos naturais e técnicas artesanais e princípios sustentáveis inspirados no universo da personagem Xica da Silva, negra que teve um raro processo de ascensão social no período da escravatura brasileira. Xica da Silva construiu um estilo único que habita o imagináriobrasileiro. O fato de ter sido uma mulher forte, à frente de seu tempo, representa muitos valores regionais que a marca pretende resgatar ao longo da sua história. Para o desenvolvimento da coleção serão utilizados, principalmente tecidos naturais como linho e algodão. A cartela de cores apresenta tons inspirados na vida da personagem, tais como vermelhos, amarelos, tons terrosos e rosa, todas obtidas a partir de tingimentos naturais. As formas são em linha A e I, marcados por babados, volumes e técnicas artesanais que conferem exclusividade e modernidade às peças.

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NETA / xica da silva: senhora de si

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O diferencial da coleção é o desenvolvimento de técnicas como entrelaçamento de palhinha indiana, bordado em linha, tela encolada, estampas pintadas a mão, nervuras e moulage. A marca neta busca resgatar o valor atemporal das roupa, a memória local, regional e o desenvolvimento do artesanato aplicado a moda. “O nome Neta é uma homenagem aos meus avós que me ensinaram princípios, e técnicas que só se aprende em ambiente rural, rico em processos artesanais e de sabedoria popular.” Diz Keiny Paiva, estilista da Marca. Para mais informações: Keiny Paiva keinycarvalho@gmail.com +55 (31) 9308-1306 +1 (781) 588-1721

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MACROTENDÊNCIA

/ contato Devido à falta de tangibilidade da vida virtual, tem-se observado um novo apreço pela realidade física. Na internet pode-se ter quase tudo o que se deseja, mas algo que o digital falha em oferecer é o sentimento de afeto ligados aos sentidos. Assim, quando pessoas se envolvem em uma atividade social fora da vida online, elas vem buscando ressaltar essa realidade através de experiências que valorizem os sentidos humanos, como o trabalho manual envolvido no artesanato, a emoção de uma nova viagem ou simplesmente o desfrute de uma refeição com amigos.

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TENDÊNCIAS SAZONAIS

/ inverno 2019 Para o outono inverno de 2019, percebe-se a presença de babados nos desfiles de Chanel, Molly Goddard e Undercover. O color blocking se fez presente nos looks de McQueen, Marni e Marc Jacobs. Chanel novamente se faz presente entre as grifes que usaram volumes nos ombros, assim como McQueen e Chalayan.

babados

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color blocking

volume nos ombros

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/ dominantes

CORES Sangue tingimeto de carmim / pau brasil

Especiaria tingimento de açafrão

Ouro tingimeto de açafrão

/ intermediárias

Rouge tingimento de carmim

Empoado tecido cru

/ tonalizantes

Rococó tingimento de feijão preto

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Liturgia tingimento de pau brasil

Todas as cores idealizadas para a coleção são produzidas a partir de tingimentos baseados em corantes naturais como o pau brasil, o carmim, o açafrão e o feijão preto. Esse procedimento é complexo e nem sempre as cores são reproduzidas com fidelidade em diferentes tipos tecido. Sempre que um novo tingimento é realizado, obtem-se um resultado diferente, fazendo com que cada peça seja unica.

Terra tingimento de terra

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TECIDOS

Os tecidos utilizados para essa coleção são, em sua maioria, tecidos naturais ou resíduos industriais, escolhidos pelo toque suave e delicadeza. Os algodões Cedro fazem parte importante desse processo, o tecido de elastano new duo, produzido a partir de garrafas pet e o new splash, que por ser impermeável, se suja menos e, logo, requer menos lavagens. O design das peças foi pensado desde o processo de confecção das matérias primas até o descarte, fazendo assim com que estes produtos gerem o mínimo possível de resídos no meio ambiente.

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Cambraia 100% algodão refugo ds indústria R$ 19,90 mt.

Linho 100% linho Casa Martins R$ 37,00 mt.

Musseline 100% poliester refugo da indústria R$ 19,90 mt.

Voil Texturizado 100% poliester refugo da indústria R$ 20,00 mt.

New Splash 98% algodão 2% elastano Cedro fornecido pelo fabricante

Neo Duo 88% algodão, 9% poliester 3%elastano Cedro fornecido pelo fabricante

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couro vermelho Viivatex R$ 81,15 meia peça

couro amarelo Viivatex R$ 81,15 meia peça

entretela colante Roma Aviamentos R$ 81,15 90cm X 50 mt.

zíper invisível Roma Aviamentos R$ 2,80 10 unidades 15 cms

tiras de couro Natural Joias R$ 2,80 mt. 4x2 mm

linha amarela de algodão para bordado Bazar Horizonte R$1,60 unidade meada 40m

linha amarela de algodão para costura Armarinhos 25 500. mt unidade R$ 17,50

linha branca de algodão para costura Armarinhos 25 500. mt unidade R$ 17,50

linha metalizadada Armarinhos São José R$ 36,99 unidade 1000 mts

botões garimpeiro Armarinhos São José R$ 0,50 unidade 30 unidades

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linha de nylon Armarinhos São José 200 mt. unidade R$ 7,49

AVIAMENTOS

Os aviamentos foram pensados para agregar valor e detalhe às peças, como os botões de garimpeiro e os botões de madeira. As linhas de algodão foram escolhidas pensando no descarte final dessas peças, além de serem ideais para os tingimentos naturais.

botões café Armarinhos São José R$ ,50 unidade 30 unidades

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MATÉRIAS

As matérias fazem são compostas, em sua maioria, por técnicas artesanais. Seu design incorpoda o dna sustentável e slow da marca através de processos menos prejudiciais possíveis ao meio ambiente, como os tingimentos, sempre naturais. Suas formas e elementos estéticos remontam ao período Rocócó, época em que Xica da Silva viveu. Um exemplo é o entrelaçamento de couro e o maquinetado diagonal, inspirado nos entrelaçamento das cadeiras de palhinha indiana.

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beneficiamento tingimentos naturais feijão preto, carmim, pau brasil

beneficiamento tingimentos naturais açafrão

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superfície bordado floral

remodelagem entrelaçamento de couro

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beneficiamento estampa marmorizado floral

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remodelagem nervuras

superfície maquinetado diagonal

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FORMAS E SILHUETAS

As formas da coleção são derivadas de inspiração histórica, se baseando nas silhuetas populares do século XVIII, época em que Xica da Silva viveu. A linha A faz referência ao Robe à la Française, estilo de vestido mais famoso da época, com uma grande quantidade de volume na saia, criando uma silhueta triangular. A segunda silhueta é a linha I, aludindo ao Vestido Império, surgido no final do século, durante seus últimos anos de vida.

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MAPA DE COLEÇÃO famílias

Ama de Leite

Católica

Rainha

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looks

cor

tecidos

3 Chales 4 Calças 1 Macacão 4 Saias 6 Vestidos 9 Blusas

Vermelho Nude Marron Verde

Seda Linho Viscose Musseline Chifon

4 Capas 5 Calças 2 Macacões 4 Saias 4 Vestidos 9 Blusas 3 Calças 2 Macacões 6 Saias 4Vestidos 9 Blusas

Azul Roxo Marron

Viscose Linho Musseline Chifon

Vermelho Nude Amarelo Azul

Musseline magnetada Microtule Linho Seda Cambraia

silhuetas

matérias

A

Estamparia Artesanal

unificador

Maquinetado

AeI

AeI

Bordado Ferrugem Babado Nervuras Tingimento

Tingimento Natural Estamparia Artesanal

Pint. a mão Tingimento Nervuras apli. flores

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DESENVOLVIMENTO Para a execução deste trabalho, foi executada uma pesquisa teórica, presentes no artigo "Xica da Silva: Senhora de Si", e também pesquisas de campo para compreender as minúcias da vida de Xica da Silva, mulher tão complexa. Conhecer Diamantinae e seus arredores foi essencial para a pesquisa. Entender onde Xica Parda creceu e foi criada e conhecer onde Xica da Silva morou enquanto "Rainha". Ver de perto as ricas e imponentes igrejas, e seuss ornamentos, ajudaram a compreender como a entrada no "Reino de Deus" era crucial na vida cotidiana da sociedade ocidental no século XVIII, sendo também de grande importância para Xica. Compreensão que e tornou mais abrangente após uma segunda viagem, à Tiradentes, rumo ao Museu da Liturgia onde foi possível conhecer nos mínimos detalhes vestes eclesiáticas e artefatos históricos que remontam os últimos três séculos da religião católica no bBasil. Conversar com artesãos locais, especializados em ofícios que remontam épocas passadas, como a escultura e o entrelaçamento de palinha, trouxe uma compreensão do ponto de vista técnico da construção dos ornamentos da época. A leitura dos Livros "Cinderela Negra" e "Chica da Silva e o Contratador dos Diamantes, o Outro Lado do Mito" trouxe uma visão teórica de como eram as vestimentas das escravas e das senhoras e sobre comportamento da epóca, oferecendo uma visão feminina das ações de Xica. Por fim, foram desenvolvidas uma série de técnicas artesanais, como o tingimento natural, bordados e entrelaçamento à fim de traduzir fielmente a grandiosidade desta mulher em uma coleção de moda.

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FAMÍLIAS

1

/ ama de leite Aborda a relação entre as escravas e “suas” crianças brancas, cujas verdadeiras mães lhes incubiam a criação. A família fala sobre a imposição cultural e o fenômeno da escravidão no contexto familiar. Xica foi mãe quando nova e ainda escrava, além de amamentar seu proprio filho com o seu senhor, teve de amamentar e cuidar de outras crianças, filhos de senhores brancos. Cores vivas, estampas manuais, tecidos fluidos, volumes, babados e o entrelaçamento de couro buscam representar a exuberância desta mulher. À seguir, painel de inspiração da família.

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FAMÍLIAS

2

/ católica Após a sua chegada ao país, todo escravo era obrigado a abandonar suas tradições e crenças religiosas, sofrendo uma conversão forçada ao catolicismo. Esta família busca representar a religião católica do ponto de vista dos escravos, sua rigidez, suas regras e tradições e como Xica aproveitou dessa condição para quebrar paradigmas na sociedade. A família foca nos ricos trabalhos manuais presentes do catolicismo e trabalha com bordados, maquinetados e sobreposições. À seguir, painel de inspiração da família.

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114 / Xica da Silva: Senhora de Si

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FAMÍLIAS

3

/ rainha negra Xica foi uma mulher descrita como bonita e maliciosa. Essa familia representa as facetas e desejos de uma mulher poderosa, independente, mulher de negócios, abastada, deslumbrante e desalmada. Ainda que tenha conseguido substituir a vida de escrava pela de senhora livre, Xica nunca esqueceu seu passado e as dores da vida de servidão. Buscou-se explorar a sensualidade desta mulher multifacetada através dos tons vermelhos, dourado e o contraste entre delicadeza e rusticidade, como nos tecidos leves e couro entrelaçado. À seguir, painel de inspiração da família.

132 / Xica da Silva: Senhora de Si

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134 / Xica da Silva: Senhora de Si

Xica da Silva: Senhora de Si / 135









PAINEL ARTISTICO


PAINEL DE SEGMENTAÇÃO

segmento

conceitual

fashion

comercial

Tops

9

8

10

Bottons

6

7

4

outwear

2

2

0

one piece

4

5

4


LOOKS ESCOLHIDOS

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Xica da Silva: Senhora de Si / 155


anexos


LOOKS FINAIS





FICHAS TÉCNICAS











ARTIGO


INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

PROJETO DE PRODUTO PRÁTICO TCC XICA DA SILVA: Senhora de si

ALUNOS: Keiny Carvalho de Paiva

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): Geanneti Tavares ÁREA DE PESQUISA: Comunicação e artes LINHA DE PESQUISA: História imagem e cultura

188 / Anexos

Anexos / 189


3 BELO HORIZONTE 2017/1º Keiny Carvalho de Paiva

XICA DA SILVA: Senhora de si

Projeto de produto prático apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina TIDIR VI (TCC PROJETO). Professora: Geanneti Tavares

Produto final TCC: Coleção

4

BELO HORIZONTE 2017/ 1º

190 / Anexos

Anexos / 191


5

“Isso foi lá para os lados Do Tejuco, onde os diamantes transbordavam do cascalho.” Cecília Meireles Romanceiro da Inconfidência

192 / Anexos

Anexos / 193


6

RESUMO Este presente trabalho apresenta um estudo sobre Xica da Silva, as diferentes versões, que historiadores escreveram sobre ela e como seu comportamento afetava a sociedade Tijucana do século XVIII. Em contraponto, traz diversas falas de autoras femininas para desmistificar a imagem da Xica da Silva, tão popular na literatura e imaginário brasileiro mostrar um outro lado desta mulher. O resultado final desta pesquisa é o desenvolvimento de uma coleção de moda inspirada no universo deste importante personagem histórica.

Palavras-chaves: Xica da Silva, Escrava, Diamantina, Rainha Negra, Inspiração de Moda

194 / Anexos

Anexos / 195


7

XICA DA SILVA: SENHORA DE SI

Este ensaio tem como objetivo estudar como o comportamento de Xica1 da Silva diante da sociedade branca que fez com que ela se tornasse uma personalidade tão discutida na contemporaneidade. A análise de livros e artigos escritos por mulheres traz para este presente trabalho uma visão feminina diante de tal personalidade tão importante para a história mineira e brasileira.

8 XICA PARDA

A menina Francisca “parda” nasceu no arraial do Milho Verde entre os anos de 1731 e 1735, filha da escrava Maria Mina e do capitão dos Auxiliares Antônio Caetano de Sá, homem branco português. Xica herdou sua condição de escrava de sua mãe; ambas escravas de Domingos da Costa. (FURTADO, 2003). No século XVIII, a “beleza ideal para os europeus era a proporção entre as

Embora muito popular no imaginário brasileiro, não possuem muitos estudos

partes do corpo acompanhada de graciosidade e com uma cor de pele agradável.”

sobre Xica da Silva, mas sim vários romances e versões ficcionais sobre Ela.

(BLUTEAU, 1728, p 91). Segundo Miranda (2016), quando Xica floresce em moça

Portanto, esta pesquisa é importante para fazer um apanhado de informações

era robusta, corpulenta, graciosa, alta, possuía peitos empinados, nádegas tesas,

históricas e coletar fatos mais próximos do real.

formas arredondadas e atraentes cobertas por uma pele morena. “Chica da Silva,

A metodologia escolhida para desenvolver este projeto foi revisões bibliográficas através de livros escrito por mulheres, adotando um outro ponto de

cujas características físicas, ao mesmo tempo exóticas e conhecidas, correspondiam à noção de beleza que tinham os europeus.” (FURTADO, 2003, p 115).

vista, contendo a pesquisa de historiadoras. Os livros principais são: Xica da Silva:

No decorrer dos anos vários historiadores trouxeram para a literatura suas

Cinderela Negra da escritora Ana Miranda (2016) e Chica da Silva e o contratador

visões de quem era Xica da Silva. O primeiro a tirá-la do esquecimento foi Joaquim

dos diamantes – O outro lado do mito escrito pela historiadora Júnia Ferreira

Felício dos Santos (1868) em seu livro Memória do Distrito Diamantino que a

Furtado.

descreve tal qual as outras senhoras ricas e distintas daquela sociedade a remedar

Pretende-se discorrer sobre quem foi Xica da Silva, o que diferentes

o comportamento da nobreza europeia.

historiadores escreveram sobre ela e como seu comportamento afetava a sociedade

Mas sobre sua aparência, Santos (1868) a descreve como:

tijucana do século XVIII.

De feições grosseiras, alta, corpulenta, trazia a cabeça raspada e coberta com uma cabeleira anelada em cachos penteados, como então se usava; não possuía graça, não possuía beleza, não possuía espírito, não tivera educação, enfim não possuía atrativo algum que pudesse justificar uma forte paixão. (SANTOS, 1868, p 123-4)

O tema deste ensaio será materializado em forma de uma coleção que pretende utilizar tecidos socialmente responsáveis, a pintura manual, bem como a redução de resíduos têxteis reutilizando resíduos de coleções passadas em novas coleções; criando uma coleção de moda responsável. Os looks conceito serão inspirados em uma mistura de referências africanas e portuguesas, estampas exclusivas produzidas pela estilista inspiradas na cidade onde Xica cresceu.

Em 1976, seu sobrinho-bisneto em seu romance Xica da Silva descreve-a como uma mulher satírica, alegre, graciosa, pueril, devassa e explosiva. Em 2003, a historiadora Júnia Furtado traz uma visão feminina sobre Xica descrevendo-a como uma mulher sólida, obstinada, leal, mãe, dedicada e intensamente caridosa e

Neste artigo a autora escolheu por escrever Xica da Silva com X, pois o primeiro autor a escrever sobre esta personagem escolheu esta gra ia. Outros autores escolheram escrever com CH, por este motivo sã o encontrados ambas as formas durante a leitura do texto. 1

196 / Anexos

religiosa.

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Todavia, as nossas imagens de Xica não apagam as imagens antigas, assim como a maturidade não apaga nossa infância; apenas apresenta mais fascínio e mistério a essa lendária mulher que representa um traço forte na história do nosso rosto, feita de luta e sonho. (MIRANDA, 2016, p 20)

10 Em uma sociedade hierárquica com o Tejuco tudo que era usado nas

vestimentas anunciava a posição social de cada um. O governador das Minas escandalizava-se com a audácia das vestimentas de mulheres forras. Estas mulheres procuram se vestir com luxo, “roupas e adereços antes exclusivamente de

Em agosto de 1753, Xica “parda, que pertencia a Manuel Pires Sardinhas, foi

vendida ao contratador João Fernandes de Oliveira e dois meses após a aquisição

senhoras brancas, as negras e mulatas forras provocavam inversão na ordem social.” (FURTADO, 2003, p 137).

dirigiu-se a comarca do Serro e lá registrou a carta de alforria de Xica. Segundo

O espetáculo começava quando Chica e as outras mulheres do Tejuco, livres ou libertas, vestida com luxo e pompa, assentadas em cadeirinhas, dirigiam-se para a igreja acompanhadas de um séquito (comitiva) de escravos. (FURTADO, 2003, p 138)

Miranda (2016) a concessão da liberdade foi precipitada. Julga-se que ambos possuíam uma relação amorosa anterior à compra da escrava; essa prática não era comum a proprietários mineiros, que davam alforria a seus escravos nos testamentos, ou seja, apenas após a morte do proprietário que escravos importantes para eles ganhavam a liberdade. O relacionamento de Xica e José Fernandes durou dezessete anos, entre 1753 e 1770, período em que o contratador viveu no Tejuco. (FURTADO, 2003, p 121) Do fruto deste relacionamento estável nasceram 13 crianças, entre elas nove meninas e quatro meninos.

Para ilustrar que este comportamento de mulheres mulatas ‘ativistas’ não era incomum no século XVIII Freyre traz em seu livro Casa grande e senzala (1996) uma carta pastoral escrita em 1726 pelo bispo dom frei José Filho que denunciava a indecência com que certas mulheres entravam na igreja em serpentinas ou redes, trajando roupas diabólicas e profanas. Xica almejava fazer parte do modo de vida da nobreza de Lisboa e o fazia com sua postura e atuação, vestida como uma mulher da corte, reservasse o seu

FRANCISCA DA SILVA DE OLIVEIRA

lugar. Corrêa (2002) disse que Xica da Silva foi a mulher “mais exageradamente bizarra que houve no Brasil, pela época do Pombal. [...] Foi a mulher que, no Brasil, mais ouro teve, naquele tempo, para gastar”.

O concubinato fez com que Xica tivesse uma ascensão social, algo que não era aceitável na época. Segundo Santos (1868), ela se vestia como as senhoras ricas e distintas daquela sociedade a remedar o comportamento da nobreza

Para entender o comportamento de Xica, Miranda (2016) traz uma reflexão através de sua “não educação” dentro de uma sociedade patriarcal.

europeia.

Não era controlada por pais, irmãos, maridos, padres e toda autoridade masculina, tampouco pela mãe, por avós ou tias. Ninguém exercia controle sobre sua sexualidade [...]. Não se esperava que fosse discreta, submissa, silenciosa, iletrada, fervorosa, piedosa, prendada e pura. Tampouco era uma prisioneira da casa, como as brancas de família. Xica da Silva gozava da liberdade dos becos das beiras de rio. (MIRANDA, 2016, p 246)

O comportamento de Xica da Silva e outras mulheres forras não era apropriado para a sociedade tijucana do século XVIII, mas estas mulheres conquistaram sua liberdade, possuíam bens e como as senhoras brancas elas também queriam fazer parte de uma classe social e mostrar sua posição através da indumentária.

198 / Anexos

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ARRAIAL DO TEJUCO

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SOBRE A MARCA NETA

Segundo Miranda (2016) Xica da Silva se vestia como outras mulheres

A Neta é uma marca que trabalha com memória e sentimentos. O tema Xica

brancas dentro da sociedade e em seu guarda roupas ela possuía; “vestidos,

da Silva é lúdico e ao mesmo tempo histórico. Esta personagem já foi romantizada e

anáguas, capas, sapatos, vestes, fivelas, sais de panos finos e coloridos...”.

dramatizada diversas vezes pela literatura e pela televisão; os espectadores habitam

(FURTADO, 2003, p 139).

em um limbo onde não sabem diferenciar real de ficcional. Este estudo não é uma

Chica ostentava um vestuário rico e colorido, que incluía meias brancas e anáguas da mesma cor, para dar volume, e sapatos de seda ornados com fivelas de prata ou pedras coloridas. A saia, de cetim ou de outros tecidos, era sempre se cores vibrantes, listradas ou florais. Para combinar, blusas de chamalote ou algodão em tons de verde, vermelho ou branco. Os acessórios eram variados: chapéu de copa alta, brincos de ouro com pedras preciosas e brilhantes, colares e patuás para a proteção, nas mãos um leque de plumas brancas... A fim de proteger-se da névoa e do frio matinal, usava capa dourada ou colorida... (FURTADO, 2003, p 139)

O mercado de vestuário no Tejuco era bem específico, as mulheres preferiam tecidos mais azuis e esverdeados do que outras cores; isso porque a maioria da

biografia mas um compilado de fatos que nos faz entender um pouco melhor da nossa história e de uma personagem importante que a compõe. Para esta coleção pretende-se trabalhar com manufatura, moda socialmente responsável, tecidos naturais, pintura manual, aplicação de bordado de linha,, a construção de looks conceito inspirados em uma mistura de referências africanas e portuguesas, estampas exclusivas produzidas pela estilista inspiradas na cidade onde Xica cresceu, o Tejuco. Para entender como esse tema é relevante, este ensaio traz alguns projetos

mercadoria era vendida para escravos e eles preferiam cores mais fortes que cores

referentes ao mesmo tema que foram executados esta década.

claras. (FURTADO, 2003, p 139). A vestimenta é uma linguagem escrita não como palavras, mas com imagens, silhuetas e texturas. Um único vestuário pode carregar em si a época, as artes, ciência, religião, os princípios da moralidade e muito mais referente a sociedade e ao

Na edição de 10 anos do Minas Trend foi escolhida como tema para o desfile de abertura a procissão que é um dos mais antigo rituais realizados pela igreja católica.

tempo. (MIRANDA, 2016, p 317). Por meio deste artifício da roupa Xica da Silva

O Minas Trend apostou forte na religiosidade, nas tradições e nas referências culturais mineiras, [...] em elementos que remetiam ao barroco, aos personagens históricos como Chica da Silva, a literatura [...] e, principalmente, à força da mulher através das trabalhadoras rurais. (MINAS TREND, 2017)

impôs seu lugar na sociedade Tejucana e abriu espaço para questionar os hábitos do que era considerado de branco e de negro. Por ser uma mulher marcante pode ser inspiração para coleções de moda e para mulheres reafirmam sua postura enquanto pessoa.

Em maio de 2009, Marcial Ávila, pesquisador da cultura afro-brasileira e artista plástico abriu em Belo Horizonte a loja Chica da Silva onde ele trabalha com

peças que remetem ao universo negro e principalmente do universo da ex escrava.

(O TEMPO, 2009).

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Segundo Bernardo (2016) no anos em que a morte de Xica da Silva completa 220 anos Zezé Motta dirige um documentário que será lançado em 2017. “O projeto

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do documentário inclui desde a exumação da ossada de Chica da Silva, [...] até a reconstrução de seu rosto em 3D.” Tantas inspirações sobre a personagem histórica só reforça a importância de uma coleção de moda sobre ela.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Este ensaio contribuiu para que entendêssemos que Xica da Silva foi muito mais que

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REFERÊNCIAS

BERNARDO, André. A rainha que virou escrava. Rio de Janeiro: BBC, 2016. Disponível em:< http://www.bbc.com/portuguese/geral-36658302> Acesso em: 14 Out. 2016 BLUTEAU, Raphael. Dicionario da lingua portuguesa . 1739. Disponível em < http://dicionarios.bbm.usp.br/pt-br/dicionario/1/beleza> Acesso em: 13 Outubro 2017

apenas uma mulher sexy e sedutora; ela era boa mãe, honrada e cristã. Compreendemos também que ela não foi a única mulher escrava a possuir bens e se portar como a classe alta tijucana do século XVIII. Embora apenas exercesse sua

FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o contratador dos diamantes, o outro lado do mito.São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2003.

liberdade, chocou a sociedade por querer pertencer a um mundo “que não era dela”, segundo a população da época. Alheia a opiniões, viveu sua vida, deixou uma imagem para as gerações futuras. Esta imagem de mulher forte obstinada e interessante para a proposta que a marca Neta pretende apresentar.

MINAS TREND. Desfile comemorativo do 21º Minas Trend aborda as tradições mineiras para mostrar a modernidade e tecnologia de sua indústria de moda. Minas Gerais: 2017. Disponível em:< http://www.minastrend.com.br/aconteceu/detalhe/464> Acesso em: 16 Out. 2017. MIRANDA,Ana. Xica da Silva: a Cinderela Negra.1.ed. Rio de Janeiro: Editora Record,2016.

SANTOS, Joaquim Félicio dos. Memórias dos Distrito Diamantino, São Paulo: Itatiaia/ Edusp, Belo Horizonte, 1976

SOARES, Rodrigues. Xica da Silva é tema de nova loja em Belo Horizonte.O tempo , 2009. Disponível em:<http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/xica-da-silva-%C3 %A9-tema-de-nova-loja-em-belo-horizonte-1.273221> Acesso em: 16 Out. 2017

202 / Anexos

Anexos / 203




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