SPERANTO - Luisa Gobbo

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A l b i n i s m o



As informações seguintes estarão inseridas na lombada do livro: Speranto - Outono/Inverno 2014 - Luisa Penido Gobbo (ESTA PÁGINA NÃO SERÁ IMPRESSA NO BOOK FINAL)



Centro Universitário UNA Luisa Penido Gobbo

O ALBINISMO NA TANZÂNIA: As dificuldades enfrentadas pelos portadores de albinismo e suas famílias no continente africano.

Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Moda do Instituto de Artes e Comunicação do Centro Universitário UNA como requisito par­cial à obtenção do título de designer de moda.

Professor Orientador: Mariana Rodrigues

Belo Horizonte 2012

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Dedico este projeto a todos os portadores de albinismo que precisam de auxĂ­lio ao redor do mundo.



Resumo / Palavras Chave Resumo O trabalho em questão busca a problematização de eventos desumanos que vêm ocorrendo contra portadores de albinismo na África. Sendo o tema ainda pouco conhecido, o objetivo do trabalho é buscar divulgar a violência praticada contra essas pessoas, assim como conhecer quais as consequências da condição para o corpo humano. A moda, assim como todo instrumento de expressão artística, pode encontrar sua inspiração em qualquer tema, e representa um forte instrumento para dar apoio à causas sociais. PALAVRAS CHAVE Tanzânia, Violência, Mitos, Condição Genética, Albinismo.

ABSTRACT The work in question seeks the questioning of inhuman events that are taking place against people with albinism in Africa. The subject it’s not very known, and the objective of this work is to try to expose the violence that is happening against these people, as well as knowing what are the consequences of the disease to the human body. In fashion, like every instrument of artistic expression, you can find your inspiration in any topic, and it represents a strong tool to support the social causes. KEY WORDS Tanzania, Violence, Myths, Genetic Condition, Albinism.

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Sumário Currículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Briefing de Negócios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Público Alvo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Identidade da Marca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Briefing de Coleção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Inspiração - Painel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Macrotendência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Tendências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Cartela de Cores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Tecidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Aviamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Maquetes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Descritivo de processo criativo das famílias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 Mapa de coleção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Formas e Silhuetas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Descritivo do processo e tipo de apresentação final. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 Família 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Família 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Família 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Família 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Segmentação - Painel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 Painel Artístico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 Anexos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

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Currículo Meu nome é Luisa Gobbo, sou natural de Belo Horizonte e tenho 21 anos. Aos dois anos de idade, ganhei um estojo de canetas e aprendi a desenhar. Desde esse dia meu interesse foi crescente, nunca parei de desenvolver minhas habilidades e de aprender a usar diferentes materiais. Desenhava por horas personagens de filmes, desenhos e desfiles de moda. Durante o ensino médio, quando me deparei com a escolha do curso para o vestibular, acabei optando por ciências biológicas, pois sempre tive uma ligacão muito forte com animais e acreditava que a moda seria apenas um hobbie. Assim, resolvi fazer o vestibular também para artes plásticas na UEMG - Guignard. Quando descobri que havia sido aprovada na Guignard, resolvi abandonar a idéia de cursar ciências biológicas, e cursei artes plásticas durante seis meses. Porém, sentia falta de me envolver com roupas, e por isso optei por fazer o vestibular para moda na UNA. Durante o curso, a cada semestre, fui percebendo que trabalhar apenas com a moda em si não me realizaria profissionalmente, e que eu precisaria encontrar uma alternativa para conseguir me envolver paralelamente com algum projeto social. Agora que cheguei ao final do curso, busco uma maneira de unir minha paixão por roupas com meu desejo de contribuir positivamente para a vida de pessoas e animais. Enquanto estava na Guignard, realzei no SENAC o curso de Desenho Técnico de Moda. O objetivo do curso era desenvolver as técnicas de desenho necessárias para se trabalhar com a parte técnica e artística em empresas de moda. Ainda na Guignard, realizei um estágio na área de estilo da empresa DTA – Disritmia por, aproximadamente, dois meses, onde pude conhecer todos os processos da fábrica, desde a criacão ao desfile. Durante os dois primeiros períodos de moda, trabalhei para a rede de escolas COLEGUIUM, desenvolvendoe restaurando pecas de figurino para o festival de teatro infantil. No quarto período fui sorteada pela UNA para participar de uma oficina realizada pelo estilista Mário Queiroz, onde, por dois dias, aprendi a identificar macrotendências, pesquisar e destrinchar diferentes temas e a desenvolver colecões

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Currículo a partir desses temas. Durante o quinto período, realizei diversos trabalhos de desenho de colecão de roupas e acessórios e desenhos tëcnicos para alunos formandos da faculdade UNA. Neste processo, por desenvolver diversos trabalhos, aprimorei minhas técnicas no software Corel Draw. Trabalhei no início de 2013 como assistente de estilo da empresa Push Pull, onde acompanhei o desenvolvimento de colecão, acessórios e estampas, além de acompanhar a producão de peças piloto, provas de roupas e catálogos. Através do meu trabalho acadêmico, pretendo colocar em prática meus conhecimentos adquiridos ao longo do curso e outras experiências, sendo que este engloba todos os aspectos realcionados ao desenvolvimento e producão de uma colecão. Meu objetivo profissional é conseguir trabalhar para uma ou mais empresas de moda na área de criacão, pois gosto de desenvolver pecas de diversos estilos. Com o tempo e experiência, gostaria de dar início a minha própria empresa, que seria construída com base em meus valores pessoais. O projeto final possui como finalidade o desenvolvimento de uma colecão. Será realizado durante o primeiro semestre de 2013, e envolve as seguintes disciplinas cursadas: modelagem, alfaiataria, pesquisa de moda, desenvolvimento de colecão, tecnicas de desenho, design textil e composicão da cor. As atividades se resumem á finalizacão do trabalho escrito, criacão da empresa, desenvolvimento de sessenta croquis artísticos, execucão de oito pecas selecionadas, desenvolvimento de fichas técnicas e execucão do book que registrará todo o trabalho final e seu processo. Meu projeto final consiste na criacão de uma marca que se dedicará a apoiar diversas causas sociais. De seis em seis meses, cada colecão será desenvolvida tendo como tema alguma causa social, seja esta relacionada a poluição, condições de vida de pessoas, animais, entre outros. Assim, a empresa utilizaria os desfiles para divulgar as causas, juntamente com ongs e outros orgãos de apoio. A colecão busca inspiração nas texturas e cores que estão presentes nos traços físicos dos portadores de albinismo, assim como nos aspectos sociais da vida de um portador no continente africano.

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Briefing de Negรณcios (DNA da Marca)

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Briefing de Negócios A Speranto surgiu de uma proposta que vai além de comercializar roupas. A marca possui como principal objetivo a utilização da moda para divulgar causas sociais através do mundo. Para atingir esse objetivo, cada coleção da Speranto é inspirada por alguma dessas causas, para que se atraia a atenção necessária de pessoas que se sintam motivadas a oferecer algum tipo de ajuda. A Speranto também destina parte dos lucros de eventos e vendas para ONGs e outras organizações relacionadas à causa em questão. Existe também um projeto de se desenvolver mini-coleções para marcas grandes de prêt-à-porter de difusão ao redor do mundo, para que outras marcas possam contribuir com doações. A marca é voltada para publico feminino, e trabalha com o prêt-à-porter de luxo. Assim, a mulher que consome Speranto busca peças diferenciada de materiais e acabamentos de qualidade, e sabe que encontrará modelos clássicos que valorizam as formas de seu corpo. A característica principal de suas criações é a união de modelos clássicos com algumas peças mais ousadas, que explorem a sensualidade da mulher sem vulgaridade. A marca possui uma linha de peças mais trabalhada, que engloba diferentes trabalhos manuais e alfaiataria, e outra linha mais casual para a rotina do dia-a-dia. Assim, aliando estes fatores ao total comprometimento da empresa em apoiar diversas causas sociais, a Speranto tornou-se uma marca diferenciada. As variações de preço da Speranto ficam entre R$ 80/200,00 para as peças mais básicas, como regatas, e vestidos e peças de alfaiataria que estão entre R$ 500/3.500,00. A principal concorrente de estilo da Speranto é a marca Le Lis Blanc, pois ela também trabalha com o prêt-à-porter de luxo, e possui uma ampla linha de peças que seguem modelos clássicos e femininos. A Osklen vem tendo iniciativas sustentáveis na utilização de tecidos naturais, e o estilista Ronaldo Fraga se envolve com diferentes projetos sociais. Essas duas marcas não possuem um estilo tão semelhante com o da Speranto, mas praticam ações que motivariam mulheres que integram seu público alvo a consumirem.

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Briefing de Negócios

A Speranto trabalha com lojas próprias na rua e em shoppings, e precisa de bastante espaço graças ao volume de peças produzidas. Não trabalhar com franquias garante um controle maior e a certeza do atendimento diferenciado que a marca propõe. O espaço da loja é voltado para expor a causa social trabalhada na coleção e a divulgação de ONGs e outros órgãos relacionados, e os funcionários são treinados para que possam esclarecer dúvidas de clientes em relação aos temas explorados e ao propósito da marca. O plano de comunicação desenvolvido atua principalmente na internet, já que o objetivo é fazer com que o conceito diferenciado da Speranto seja divulgado e se transforme em um forte atrativo. Uma outra maneira importante de divulgação da marca são os desfiles. Os desfiles acontecem dentro de um evento de caridade que envolve doações, onde ocorre o contato do consumidor com a causa em questão. A divulgação da empresa sempre estará aliada à divulgação dos órgãos de ajuda à causa em questão.

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Público Alvo

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Para se consumir roupas por idealismo e para que parte do lucro da empresa possa ser doado, o público da Speranto está entre as classes A e B, pois a marca, apesar de trabalhar com tecidos finos, procura desenvolver algumas peças de preço mais acessível. O público da Speranto é composto por mulheres que têm vontade ou que já contribuem de alguma maneira para diversas causas sociais. Muitas são vegetarianas, veganas, não acreditam na tortura de animais para utilização de peles ou testes cosméticos. Nas atividades do dia-a-dia, elas reciclam lixo, preocupam-se com o consumismo em excesso, optam por alimentos mais saudáveis, praticam algum exercício físico por saúde e apreciam tempo com a família e com seus animais de estimação. São mulheres que gostam de viajar para conhecer culturas e religiões diferentes, pois não se conformam com o radicalismo de algumas religiões e sentem a necessidade de entrar em contato com crenças diferentes. O maior ídolo das consumidoras da Speranto é a atriz Angelina Jolie. Angelina possui uma vida ativa que consegue aliar à uma família estruturada, sendo que 3 dos seus 6 filhos foram adotados. Além disso, a atriz está sempre envolvida em trabalhos filantrópicos. Já atuou juntamente com as Nações Unidas Para Refugiados, e foi promovida pela ONU por suas boas ações em países desfavorecidos. A atriz Julianne Moore representa bem o estilo do publico alvo da Speranto. A atriz sempre opta por roupas que valorizem sua silhueta, arriscando-se a usar peças mais ousadas apenas quando se sente confortável com o seu corpo. Essas mulheres podem trabalhar nos mais variados ramos, desde que sejam compatíveis com seu idealismo. A cliente da Speranto jamais trabalharia com algo que prejudicasse o mundo de alguma maneira; o meio ambiente, pessoas ou animais. São assistentes sociais, advogadas, médicas, nutricionistas, veterinárias, designers, estilistas, dentre outras profissões, que possuem em comum a vontade de respeitar e contribuir para esse mundo. As clientes da Speranto se preocupam com sua saúde física e mental. Não buscam um corpo que se encaixa nos padrões de beleza da sociedade atual, mas se preocupam com sua alimentação e praticam exercícios físicos, como yoga e pilates. Em Belo Horizonte, o público alvo da Speranto reside nos bairros Bandeirantes, Lourdes, Belvedere, Mangabeiras, Serra, Sion. A renda mensal das consumidoras é mínima de, aproximadamente, R$ 12.000, e estas consumidoras não se limitam a fazerem compras em shoppings. Muitas vezes, buscam as lojas que são compatíveis com seus ideais, e por isso não se importam com o deslocamento demandado. Esse público aompanha festivais de teatro, shows de MPB e eventos no Palácio das Artes.


Público Alvo - Painel

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Identidade da Marca

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Briefing de Coleção

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Centro Universitário UNA Luisa Penido Gobbo

O ALBINISMO NA TANZÂNIA: As dificuldades enfrentadas pelos portadores de albinismo e suas famílias no continente africano.

Belo Horizonte 2012

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Introdução Sabe-se que no continente africano acontecem inúmeros conflitos políticos e religiosos. Recentemente, vêm sendo divulgada uma onda de ataques aos portadores de albinismo no continente, principalmente na Tanzânia, onde, de acordo com dados retirados do site oficial da UNDER THE SAME SUN ASSOCIATION¹, existe uma parcela numerosa da população com a anomalia genética. Os repórteres da ABC News Juju Chang e Joseph Diaz relataram que a perseguição contra esse grupo de pessoas se intensificou a partir de 2007 graças a mitos disseminados entre a população, que tornaram os portadores de albinismo alvo de assassinatos e desmembramentos. A condição social em que os portadores de albinismo estão inseridos na Tanzânia vem sendo divulgada pela mídia cada vez mais, pois estes, além de sofrerem com os próprios efeitos da condição, agora correm risco de vida. O site da UNDER THE SAME SUN ASSOCIATION¹ disponibiliza uma relação atualizada de mortes e desmembramentos de corpos que já ocorreram no país, onde constam 116 ataques a indivíduos portadores, de recém- nascidos a mulheres grávidas. Esse quadro faz com que a exposição do assunto se torne necessária para tentar chamar atenção das autoridades responsáveis, que pouco fizeram para tentar reverter essa situação.

¹Associação fundada pelo empresário canadense Peter Ash, portador de albinismo, que volta seus esforços para trazer conscientização às pessoas sobre o albinismo e angariação de doações.

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1 - Albinismo 1.1 OCULOCUTÂNEO E OCULAR De acordo com a bióloga Norma Cleffi (1986), o albinismo é uma condição genética, transmitida apenas pelos pais através de genes defeituosos. Existem duas classificações gerais: oculocutâneo, que afeta pele, pelos e olhos, e ocular, que afeta apenas os olhos. O artigo COMO FUNCIONA O ALBINISMO, de Susan Nars (2012), explica que o albinismo oculocutâneo é transmitido através de genes recessivos, o que significa que cada um dos pais portadores do gene transmitiria para o filho o gene defeituoso. Em síntese, a criança pode receber de um dos pais um gene defeituoso sem ser afetada, é preciso que receba o gene dos dois. PESSOA NORMAL AA PESSOA PORTADORA DO GENE Aa PESSOA ALBINA aa (sendo A o gene normal e a o gene defeituoso) Ainda de acordo com Susan Nars (2012), o albinismo ocular está ligado ao cromossomo x, o que significa que apenas uma mãe com o gene afetado pode transmitir a condição para os filhos. Como o homem possui apenas um cromossomo x e a mulher dois, os homens são muito mais afetados pela condição. MULHER NORMAL XX HOMEM NORMAL XY MULHER PORTADORA DO GENE Xx MULHER ALBINA xx HOMEM ALBINO xY (sendo X o gene normal e x o gene defeituoso) 1.2 CARACTERÍSTICAS E CONSEQUÊNCIAS De acordo com a bióloga Norma Cleffi (1986), o albinismo se traduz na deficiência da falta de melanina no corpo. A melanina é uma proteína responsável pela pigmentação no corpo, e sua produção é resultado de um processo intracelular que envolve diferentes e complexos processos e elementos celulares. O portador de

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1 - Albinismo albinismo possui uma deficiência nesse processo. Assim, a pele do portador de albinismo, ainda de acordo com Cleiff, não possui proteção conta o sol, pois a melanina funciona como uma barreira para os raios solares prejudiciais. Em seu artigo, Susan Nars (2012) deixa claro que, nos olhos, a melanina possui um papel essencial durante sua formação e proteção. A ausência da proteína leva à uma formação defeituosa do formato dos olhos, o que compromete a visão, e deixa o olho exposto à luz, causando fotofobia. A dificuldade em se formar imagens pode gerar movimentos involuntários dos olhos, distúrbio chamado de nistalgismo. O resultado destas alterações é uma pele e pelos extremamente brancos, e olhos claros e de formação diferenciada. O grande problema do albinismo é que, independente das características físicas do portador, este apresenta pele e olhos muito claros, o que gera uma grande sensação de deslocamento e os torna alvo de preconceito quando inseridos em culturas pouco receptivas.

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2 - África 2.1 VIOLÊNCIA E IMPUNIDADE A África vem sendo palco de inúmeros conflitos civis durante as últimas décadas. O JOURNAL OF AFRICAN ECONOMIES defende a idéia de que as desavenças entre tribos e religiões diferentes foram potencializadas pelos motivos principais que geraram esse cenário: extrema pobreza, governos impotentes e muitas vezes corruptos, e a dependência econômica em recursos naturais. Esses três fatores transformaram a África em um ambiente de desespero, exploração e violência, onde roubos, assassinatos, homicídios e outros crimes estão diariamente presentes no cotidiano de seus habitantes. O site GLOBAL PEACE INDEX (2012) analisa detalhadamente variados índices de todos os países, listando-os entre mais e menos pacíficos, entre outras classificações. De acordo com o site, quatro entre os dez países mais violentos do mundo estão localizados no continente africano, o que confirma a idéia de que o cenário de violência na África já se tornou comum à ponto de garantir a impunidade de diversos crimes, de furtos pequenos furtos à dizimação de vilas. 2.2 TANZÂNIA De acordo com o site oficial da CIA, a Tanzânia é um país africano que surgiu da união dos territórios Zanzibar e Tanganica na década de 60, após deixarem de ser colônias da Grã-Bretanha. Localizado na costa leste do continente, o país possui praias paradisíacas e savanas habitadas por animais selvagens. Porém, esse cenário entra em contraste com os diversos problemas enfrentados pelos habitantes do país, como a falta de educação e saneamento básico, que atingem grande parcela da população. Hoje, o país se encontra entre os mais pobres do mundo, e vem sendo alvo de episódios de violência, que se estendem graças a um sistema político fraco e corrupto.

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3 - O albinismo na Tanzânia 3.1 MITOS SOBRE A CONDIÇÃO A associação UNDER THE SAME SUN ASSOCIATION surgiu com o objetivo de conscientizar a população mundial sobre os mitos populares sobre a condição e ajudar a orientar e conscientizar as pessoas sobre o albinismo. De acordo com o site oficial, essas informações não possuem nenhum fundamento científico, e foram disseminadas propositalmente, sustentadas pela falta de informação. Os principais mitos citados são: - Os portadores de albinismo nunca morrem, apenas desaparecem. - Os portadores de albinismo não são humanos; são fantasmas. - Os portadores de albinismo são filhos de mulheres negras que dormiram com homens brancos ou com um fantasma europeu. - A condição é uma maldição dos deuses/ancestrais: um portador pode trazer azar, doença e morte. O voluntário ativista Oscar Otindo, sediado no Quênia, afirma também a existência de outros mitos: - Fazer sexo com uma mulher albina cura o HIV. - Partes de corpos de albinos, como pernas, braços, línguas e até mesmo órgãos genitais, usados como ingredientes para poções, rituais ou amuletos, podem trazer sorte. Estes mitos falsos e contraditórios acabaram gerando um clima hostil para os portadores da condição na África. Porém, a Tanzânia possui um numero muito elevado de albinos, e por isso, atualmente, representa o local onde vêm ocorrendo um numero alarmante de ataques brutais. 3.2 A VIDA DOS PORTADORES NOS PAÍSES Após a explosão de ataques aos albinos e a divulgação da mídia, é possível encontrar diversas histórias e depoimentos de albinos e suas famílias, que foram cruelmente assassinados ou sofreram graves amputações, como no documentário ALBINO ISLAND: MY SHOCKING STORY, produzido e dirigido por Tom Peppiatt. No documentário, é possível perceber que, além dos problemas contra a violência, a falta de recursos para um albino também acarreta graves problemas para sua

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3 - O albinismo na Tanzânia saúde. O clima do continente africano é extremamente hostil para os portadores da condição, que precisam ficar na sombra e abusar de cremes, filtro solar e diversos artifícios para melhorar sua visão, necessidades impossíveis de serem supridas graças aos limitados recursos de grande parte das famílias africanas. Assim, inúmeros portadores de albinismo, que sofrem com perseguição, isolamento, medo da morte, violência, também estão suscetíveis a dores intensas nos olhos, dificuldade de enxergar e queimaduras graves na pele, que levam ao desenvolvimento de câncer em idades precoces. O documentário ALBINO ISLAND retrata a busca do professor Murray Brilliant, que faz parte do corpo decente da Universidade de Arizona, por respostas à respeito da grande incidência da condição na Tanzânia. Assim, ao visitar vilas e famílias com portadores de albinismo, é possível perceber a situação crítica em que estes africanos estão inseridos. As irmãs albinas Shida e Semeni nasceram em um vilarejo pequeno e isolado, onde os fatos científicos a respeito da condição não são conhecidos. Filhas de dois africanos de pele negra, foram vistas como mau presságio e, assim, rejeitadas pela família. Mary Mathias, a mãe, mora atualmente em um local isolado com as filhas, pois foi exilada pela comunidade, o que deixa a família suscetível a possíveis ataques. Recentemente, uma das filhas de Mary foi assassinada. Homens invadiram sua casa e a raptaram, na frente de suas irmãs, que guardam lembranças sobre o evento que, de acordo com elas, as assombram todas as noites. O documentário relata que o pai da família foi preso, pois suspeita-se de sua participação no crime. Em uma realidade onde o próprio pai assassina a filha por dinheiro, os albinos estão correndo risco de vida apenas por existirem, e estão fadados a viverem isolados ou em comunidades fechadas para garantir sua proteção.

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4 - Ensaio fotográfico: Gustavo Lacerda O fotógrafo mineiro Gustavo Lacerda atua na área de fotografia publicitária em São Paulo. Em 2009, o fotógrafo deu início ao ensaio fotográfico “Albinos”, interessado em divulgar a beleza dos portadores de albinismo. A revista Veja, ao divulgar seu trabalho através do artigo online “Albinos, de Gustavo Lacerda”, ressalta sua fala: “O objetivo do projeto era retratar o diferente. Queria destacar a beleza singular dos albinos. Embora aprecie a fotografia documental, não queria que o trabalho tivesse um viés de crítica social.” O artigo afirma que o ensaio, em 2010, passou a fazer parte de coleções como Pirelli/Masp e Porto Seguro de Fotografia, e que tornou-se importante para a história da fotografia brasileira. É possível perceber através das fotos, que retratam diversas idades e etnias, como a anomalia destaca os portadores das demais pessoas

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4 - Ensaio fotogrรกfico: Gustavo Lacerda

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4 - Ensaio fotogrรกfico: Gustavo Lacerda

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4 - Ensaio fotogrรกfico: Gustavo Lacerda

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Conclusão O albinismo ainda é uma condição genética incompreendida e desconhecida, que leva os portadores a viverem isolados graças a suas características físicas destoantes. Conseqüentemente, essa falta de conhecimento vêm afetando, nos últimos anos, a vida de portadores inocentes no continente africano. Para reverter esse processo violento, é preciso levar ao conhecimento da população os verdadeiros motivos da anomalia. É importante também que o governo seja mais rígido e encontre uma maneira de auxiliar os portadores e suas famílias. O albinismo é uma condição que já prejudica o estado físico dos portadores, e a onda de ataques a estes na África passou a prejudicar também o estado psicológico dessas pessoas, que temem por suas vidas diariamente. Para o projeto final, pretendo desenvolver uma marca que terá como objetivo divulgar acontecimentos negativos ao redor do mundo, como desastres naturais, guerras, condições de miséria, preconceito, poluição, desmatamento ou qualquer outro tema que cause danos ás pessoas ou animais. Cada coleção da marca seria inspirada em algum acontecimento recente que necessite de visibilidade para conseguir ajuda, assim, seria possível angariar fundos através de eventos e da venda de peças de vestuário, que seriam voltados para instituições específicas. A situação dos portadores de albinismo na África seria o primeiro tema escolhido pela marca, onde poderei explorar as cores contrastantes e as ricas texturas relacionadas à condição genética. O tema será utilizado para o desenvolvimento de uma coleção de 60 looks, sendo que oito destes serão executados. Gostaria de transmitir a importância de se estar sempre oferecendo algum tipo de ajuda aos que precisam, e que essa ajuda pode vir de diferentes maneiras.

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Inspiração - Painel

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Macrotendência LIVING DESIGN A macrotendência Living Design une elementos da natureza e da tecnologia aliada ao design . Assim, engloba diferentes silhuetas orgânicas e texturas, explorando a utilização de materiais como peles, couro, bordados e diversas técnicas de texturização de superfície dos tecidos. Nesta macrotendência, a cartela de cores explorada conta, principalmente, com diferentes tons de marrom e tons de pele, que entram em contraste com cores vibrantes e quentes.

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MacrotendĂŞncia - Painel

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Tendências cintos afivelados A cintura marcada por cintos afivelados foi uma tendência forte, sendo utilizada para compor desde peças mais pesadas, como trenchcoats, à blusas e vestidos mais leves. A fivela também apareceu como decoração, de diversos tamanhos e formas. Aparecem na coleção diversos cintos e detalhes nas roupas com tiras e fivelas que não são funcionais, e sim decorativas. Fazem alusão à sensação de prisão e sufocamento enfrentadas pelos portadores de albinismo e suas famílias no continente africano. tons de nude ao marrom Os tons de nude ao marrom estiveram muito presentes nas coleções, utilizados em combinações monocromáticas ou contrastando-se em uma mesma composição. Aparecem na coleção em um degradê entre as cores nude, caramelo e marrom. O nude vem da pele dos portadores de albinismo, e o marrom da pele negra.

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TendĂŞncias - Painel (1) Fivelas e Cintos

tons terrosos

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Tendências v neck O v neck foi marcante, e apareceu em diversos looks com muita profundidade. Foi utilizado em diferentes tipos de peça, de forma simples ou com algum tipo de detalhe. Aparecem nos looks conceituais como uma referência à exposição enfrentada pelos portadores de albinismo e suas famílias no continente africano. Vermelho e vinho As duas cores estiveram muito presentes nas coleções. Inúmeras marcas apresentaram alguma peça nessas tonalidades; a marca D&G apresentou um desfile inteiramente trabalhado com o vermelho e vinho. O tema da coleção se encaixa nessa macrotendência pois também utiliza uma cartela de cores totalmente voltada para tons terrosos que contrastam com o vinho e vermelho vivo. Estas cores simboliza o sangue, representam a violência praticada sem impunidade na África.

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TendĂŞncias - Painel (2) V neck

vermelho e vinho

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Cartela de Cores O preto, vermelho e vinho são cores mais fortes, impactantes, e representam o sofrimento (vermelho/vinho) e o medo (preto), sentimentos comumente vivenciados pela maioria das famílias e pelo próprio portador. A cor principal escolhida para desenvolver a coleção foi o nude, referente aos tons de pele dos portadores de albinismo. O marrom vêm da pele negra, já que a maioria dos portadores da condição na áfrica possui traços físicos de descendência negra, combinados com a pele clara. O caramelo aparece como intermediário entre essas duas cores. O azul claro, cor que caracteriza os olhos sem melanina, é uma característica física freqüentes nos portadores de albinismo. É uma cor suave e que traz tranqüilidade, e entra na coleção para representar a beleza exótica e única dos portadores.

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Cartela de Cores Dominantes

Nude Albino PANTONE: Nude 12-0911 TCX

Marrom Negro PANTONE: Friar Brown 19-1230 TCX

Vinho Sangue PANTONE: Red Ochre 18-1442 TCX

Intermediรกrias

Caramelo Misto PANTONE: Sheepskin 14-1122 TCX

Vermelho Vivo PANTONE: Mandarin Red 17-1562 TCX

Azul ร ris PANTONE: Starlight Blue 12-4609 TCX

Preto Morte PANTONE: Jet Black 19-0303 TCX

Tonalizantes

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Tecidos - Musseline de seda: Tecido 100% seda. A musseline é muito maleavel, possui transparência e é um pouco áspera. Será utilizada em peças mais volumosas, como saias e vestidos rodados ou em drapeados. A textura com ranhuras e a transparência são interessantes, pois fazem alusão à pele do portador de albinismo que é delicada e, consequentemente, danificada pelo sol. - Organza de seda: Tecido 100% seda. A organza é ransparente e fina, muito leve. Pela estrutura do tecido, tem o toque levemente áspero. Será utilizada para fazer detalhes em camadas nas peças. : A transparência é utilizada para ressaltar a exposição dos portadores de albinismo. também é utilizado para ressaltar a beleza e delicadeza dos portadores. - Veludo alemão: Tecido 100% acetato, 22% poliamida e 15% viscose. O veludo alemão é um tecido apropriado para países onde as estações frias não são tão rígidas. É muito macio, mais estruturado, possui o toque aveludado e emite um leve brilho. Será utilizado nas coleções em saias, calças, blusas e casacos. Entra na coleção para compor peças de denúncia mais agressivas. - Chiffon de seda: Tecido 100% seda. O chiffon é interessante por possuir uma textura de ranhuras em sua superfície. É um tecido transparente, super macio e leve. É fácil de manusear, e por isso será utilizado para fazer camadas de drapeados em vestidos e blusas. A transparência é utilizada para ressaltar a exposição dos portadores de albinismo. - Sarja acetinada: Tecido 100% algodão. A sarja acetinada é um tecido que emite um leve brilho, e é elástica e, consequentemente, confortável. Será utilizada em peças mais comerciais, como calças e shorts. - Cetim bucol: Tecido 100% poliéster. O cetim bucol é um tecido de poliéster de boa qualidade.. Possui uma superfície brilhante, mas não tanto quanto o cetim. Por ser mais grosso, será utilizado para fazer peças como calças, vestidos e blazers; possui pouca elasticidade. O cetim bucol entra na coleção por ser mais grosso, podendo ser utilizado para compor as peças de patchwork onde cada retalho representa uma tonalidade de pele diferente. - Cetim de seda: tecido 100% seda. O cetim possui brilho e tem um toque agradável. Pouco elástico, será utilizado principalmente em blusas e vestidos confortáveis. - Malha com stretch: Tecido 88% poliamida e 12% elastano. Por ser elástico, será utilizado apenas para a produção luvas conceituais, não entra na coleção.

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Tecidos

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Aviamentos - Botão de metal p: Utilizado em blazers, camisas e vestidos. - Botão de metal m: Utilizado em blazers, shorts e calças. - Botão de plástico: Utilizado em camisas sociais. - Colchete grande: Utilizado em vestidos, saias e shorts. - Enfeite de metal Altero: Utilizado nas peças conceituais da terceira família câncer de pele. Se assemelha às manchas provocadas pelo câncer de pele. - Fivela de metal Altero: Utilizada em cintos e para decorar calças, shorts e saias fashions e conceituais. Fivela grande e chamativa, utilizada em grandes quantidades para causar impacto. - Fivela de metal Sevilha: Utilizada em cintos e para decorar calças, shorts, e saias comerciais. - Ilhós de metal: Utilizado nos cintos. - Linha 100% algodão: Utilizada para os tecidos naturais. - Linha 100% poliéster: Utilizada para os tecidos sintéticos. - Zíper invisível de metal: Utilizado em saias, calças, vestidos e shorts. - Zíper de metal para calça. Utilizado em calças e shorts. - Zíper de metal para jaquetas: Utilizado em casacos.

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Aviamentos

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Aviamentos

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Maquetes Superfícies - Palha de seda em camadas sobrepostas: Os pedaços de palha de seda foram cortados e costurados de forma a construírem uma sobreposição. Em grande escala, essa sobreposição resulta em uma imagem, que pode ser da mesma cor ou em tons de degradê utilizando-se tecidos de diferentes cores. Simbolizam camadas de pele. - Tiras de organza 100% seda aplicadas por cima do mesmo tecido: As tiras de organza foram costuradas parcialmente sobrepostas, de maneira que o desenho ficasse semelhante a uma trança. Aparece em grande quantidade na coleção, pois é muito utilizada na primeira família - denúncia. As tranças representam cordas utilizadas em amputações forçadas realizadas conta albinos no continente africano. - Tira de cetim 100% seda aplicada por cima do mesmo tecido: A tira de cetim foi recortada e costurada por cima do mesmo tecido. As tiras fazem alusão à sensação de prisão e sufocamento enfrentadas pelos portadores de albinismo e suas famílias no continente africano. Remodelagens - Nervuras em musseline 100% seda: As nervuras consistem em uma pequena dobra de tecido pespontada. Aparece na coleção para dar uma textura diferente às blusas. - Tafetá 100% seda plissado: O tafetá é colocado em uma base de papel com as divisórias idênticas riscadas. Após dobrar o tecido entre o papel e amarrar, como uma sanfona, molhar o tecido e passar a ferro quente . - Organza 100% seda drapeada: O drapeado consiste em dobras de tecido costuradas em uma base de tecido. Foi utilizado em blusas. Beneficiamentos - Tingimento de cetim 100% seda e chiffon 100% seda com corante: O tingimento é feito colocando-se o tecido em água quente juntamente com o corante. - Estampa digital em cetim bucol 100% poliéster. A Estampa representa um degradê em camadas entre a pele clara dos albinos e a pele escura dos negros, por isso, utiliza-se nude, caramelo e marrom escuro. Entre essas cores, existe o vermelho e o vinho, que representam tons de sangue que simbolizam o sofrimento pelo qual os portadores de albinismo passam. O tecido é colocado juntamente a um papel com a estampa, assim estes são prensados e aquecidos para que a estampa se fixe no tecido por sublimação. O tecido deve ser de poliéster, por isso a estampa deve ser feita no cetim bucol.

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Maquetes

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Maquetes

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Maquetes

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Descritivo de processo criativo das famílias DENÚNCIA A primeira família tem como objetivo fazer uma denúncia aos abusos praticados contra os portadores de albinismo. A utilização de várias tiras e tranças fazem alusão às amarrações utilizadas para a realização de amputações. Esses dois itens combinados fazem com que a roupa fique pesada, e traz a sensação de sufocamento. Combinado ao tema, as principais cores utilizadas foram o vinho e vermelho, que remetem ao sangue, e o preto, que simboliza o sofrimento. O veludo passado a ferro possui uma aparência de couro, e também foi utilizado para trazer peso as peças. TONS DE PELE A segunda família explora o contraste da pele dos portadores de albinismo com a pele dos negros. Na África, muitos portadores são excluídos socialmente por possuírem a exótica combinação de traços negros e pele clara. Os tecidos serão trabalhados em camadas em degradê de tons de marrom, para simbolizar as diferentes colorações das peles. Misturados a essas cores, estarão também o vermelho e vinho, já que essa exclusão potencializa as chances de que os portadores sejam atacados. CÂNCER DE PELE A terceira família destaca uma doença que é uma possível consequência de se portar o gente do albinismo. A falta de melanina requer cuidados constante de proteção com a pele, já que o portador não possui nenhuma defesa contra o câncer de pele. A constante exposição ao sol na África, somada à falta de conhecimentos e de recursos, faz com que a maioria dos portadores de albinismo do país sofram gravemente com o câncer de pele. Para simbolizar as manchas do câncer na pele, foi utilizada a aplicação de uma peça escura em tecido nude. Os cortes e formas irregulares significam a perda e a deformação de partes da pele provocadas pelo câncer. ALBINISMO A última família fecha a coleção destacando a beleza exótica dos portadores de albinismo. A cor da pele e dos cabelos e os olhos azuis foram explorados através do nude, tons de azul, e cinza, e a organza aplicada em detalhes suaves simboliza

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Descritivo de processo criativo das famílias essa beleza delicada. O decote em v e as peças de um ombro só estão distribuídos ao longo da coleção. Ambos simbolizam a exposição ao qual os portadores estão submetidos.

Mapa de coleção Família Gênero

1 - Denúncia Feminino

Bermuda

Masculino

2 - Tons de Pele Feminino

Feminino

2

Masculino

4 - Albinismo Feminino

1

Masculino 1

Blazer

2

2

1

2

Blusa Comprida

4

4

3

2

Calça

5

4

3

1

5

1

3

1

2

2

4

Camiseta Casaco

1 3

Colete

1

1

Macaquinho

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Masculino

3 - Câncer de Pele

1

Regata

4

4

3

6

Saia

3

4

3

3

Short

2

2

1

2

Vestido

4

5

4

3


Formas e Silhuetas

SILHUETA AMPULHETA: Silhueta rente ao corpo, com cintura bem definida, deixando expostas as curvas dos seios e quadril.

SIilhueta Ampulheta: Badgley Mischka

SILHUETA X: Silhueta com cintura marcada e volume nas partes superior e inferior.

SIilhueta X: Burberry Prosum

SILHUETA V: Silhueta um pouco mais volumosa na regiĂŁo dos ombros e justa na pare inferior.

SIilhueta V: Proenza Schouler

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Descritivo do processo e tipo de apresentação final O processo criativo teve início quando assisti a um documentário que retratava a vida de duas irmãs portadoras de albinismo na Tanzânia. Fiquei chocada com o que vi, e precisava levar essa informação para outras pessoas. Um ano depois, ao iniciar meu pré tcc, tive a idéia de utilizar o albinismo como inspiração. A partir daí, assisti outros vídeos e li diversas reportagens sobre a situação dos albinos na África, principalmente na Tanzânia, além de buscar mais informações em ONGs voltadas para essa causa. Finalizei meu pré tcc voltado totalmente para a divulgação dos abusos praticados contra os portadores de albinismo na África. Ao iniciar a parte de criação do tcc, em primeiro lugar, tive que desenvolver uma empresa que fosse compatível com o meu tema. Optei por criar uma marca que utilizasse seu nome para divulgar causas sociais ao redor do mundo, e que fosse voltada para angariar fundos para essas diversas causas. A partir daí, desenvolvi uma coleção de 60 peças, dividida em 4 famílias, todas inspiradas em aspectos físicos e sociais do albinismo. Juntamente com os desenhos, foi feita uma seleção de tecidos, aviamentos e matérias têxteis que fossem compatíveis com a coleção. Após desenvolver a coleção, oito peças foram selecionadas para serem executadas. A finalização desse processo acontece no final do semestre, onde a faculdade UNA realiza um desfile para divulgar o trabalho de seus alunos como designers de moda.

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Coleção

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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FamĂ­lia 1

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Família 1

Família 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 2

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FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 3

101


FamĂ­lia 3

102


FamĂ­lia 3

103


FamĂ­lia 3

104


FamĂ­lia 3

105


FamĂ­lia 3

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FamĂ­lia 4

107


FamĂ­lia 4

108


FamĂ­lia 4

109


FamĂ­lia 4

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FamĂ­lia 4

111


FamĂ­lia 4

112


FamĂ­lia 4

113


FamĂ­lia 4

114


FamĂ­lia 4

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FamĂ­lia 4

116


FamĂ­lia 4

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FamĂ­lia 4

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Segmentação - Painel

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Painel ArtĂ­stico

120


Painel ArtĂ­stico

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Bibliografia

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Bibliografia AFRICANS WITH ALBINISM HUNTED: LIMBS SOLD ON BLACK MARKET. CHANG, Juju e DIAZ, Joseph. 2010. - Disponível em: <http://abcnews.go.com/2020/africans-al­ binism-hunted-tanzania/ story?id=11446434#.UEyzYLKPU44> Acesso em: 09 set. 2012 ALBINISM. KUGLER, Mary. 2006. - Disponível em: <http://rarediseases.about.com/od/rarediseasesa/a/082704.htm> Acesso em: 09 set. 2012 ALBINOS, DE GUSTAVO LACERDA. BELÉM, Alexandre. 2011. - Diponível em: <www.veja.abril.com.br/blog/sobre-imagens/brasileiros/albinos-degustavo-lacerda/> Acesso em: 24 abr. 2013 ALBINOS, LONG SHUNNED, FACE THREAT IN TANZANIA. GETTLEMAN, Jeffrey. 2008. - Disponível em: < http://www.nytimes.com/2008/06/08/world/africa/08albino.html> Acesso em: 09 set. 2012 ASPECTOS SOCIALES Y EMOCIONALES DEL ALBINISMO. NOAH: The National Organization for Albinism and Hypopigmentation. 2002. - Disponível em: <http://www.albinism.org/publications/sp_social.html> Acesso em: 09 set. 2012 CLEFFI, Norma Maria. BIOLOGIA CELULAR, GENÉTICA E EVOLUÇÃO. São Paulo: Editora Harper & Row do Brasil, 1986. COMO FUNCIONA O ALBINISMO. NARS, Susan. Disponível em: <http://saude.hsw. uol.com.br/albinismo.htm> Acesso em: 09 set 2012 CRACKDOWN VOWED AFTER TANZANIAN ALBINO GIRL KILLED, MUTILATED. CanWest MediaWorks Publications Inc.2008. - Disponível em: <http://www.canada.com/topics/news/world/story.html?id=d9487de6-5eeb-4b6e-b21f-4863db51113c> Acesso em: 09 set. 2012

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Bibliografia - Disponível em: <.https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/ tz.html> . Acesso em: 01 dez 2012 THREE SENTENCED TO HANG FOR MURDER OF AN AFRICAN “GHOST”. HOWDEN, Daniel. 2009. - Disponível em:<http://www.independent.co.uk/news/world/africa/three-sentencedto-hang-for-murder-of-an-african-ghost-1792295.html> Acesso em: 09 set. 2012 WHY ARE THERE SO MANY CIVIL WARS IN AFRICA? UNDERSTANDING AND PREVENTING VIOLENT CONFLICT. ELBADAWI, E, e SAMBANIS, N. 2000. - Disponível em: <http://jae.oxfordjournals.org/content/9/3/244.abstract> Acesso em: 09 set. 2012 - Disponível em: <http://www.underthesamesun.com/news> Acesso em: 09 set. 2012

Imagens: - Disponível em: <www.gustavolacerda.com.br>. Acesso em: 24 abr. 2013 - Disponível em:<www.athenna.com/albinos-%E2%80%93-gustavo-lacerda/athenna/ webd_ esign/teoria de design>. Acesso em: 24 abr. 2013

126


Anexos

127


Anexos

128


Anexos

129


Anexos

130



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