VERÔNICA BUSATO by Una Trendsetters

A História sem fim & A moça tecelã A relação entre os devaneios e a criatividade Verônica Busato de Resende

CURSO DE MODA

Verônica Busato de Resende

A História sem fim e A moça tecelã A relação entre os devaneios e a criatividade

Trabalho de conclusão de curso apresentado à disciplina de Projeto Experimental para a obtenção de título de bacharel em Moda do Centro Universitário UNA. Professor orientador: Izabel Haddad Área: Criação Produto: Coleção

Belo Horizonte 2017/01 3

Agradecimentos Acima de todos os agradecimentos, primeiro a Deus, por ter me dado forças nas horas difíceis, muitas vezes me carregando no colo quando minhas pernas já não aguentavam mais caminhar. Agradeço aos meus pais, que durante toda minha vida foram minhas bases edificadas na rocha, que nunca desistiram e me ensinaram a nunca desistir dos meus sonhos, meu pai com seus conselhos e infinita paciência, minha mãe com sua imensa determinação e força para ajudar a família e que juntos, se dedicaram a participar de cada etapa do curso, com tantas ideias para que cada projeto viesse a ser realizado. Também agradeço a Gabriel que sempre teve paciência em participar desses mesmos projetos demonstrando interesse, além de companheirismo, que sempre que eu precisei pude contar com sua ajuda e carinho. Também à Stephanie que também me ajudou em vários projetos. Agradeço também aos demais familiares que de forma direta ou indireta me ajudaram durante a caminhada. À minha Tia Terezinha e minha prima Maria Eliza por tantas modelagens, costuras e dicas sobre a profissão. Muito obrigada aos colegas da faculdade, em especial a Walter, Bárbara, Livia e Nayara, por tornarem a caminhada mais leve, Eugênio e Marlon que tanto me ensinaram nas costuras e modelagens, além de ótimas dicas para projetos. Muito obrigada também à Shara, que tanto me ajudou com o portfólio. Meus amigos de longa data que me motivaram durante esta etapa. Obrigada aos mestres por seu conhecimento passado a nós alunos, não poderia nomear apenas alguns dos mestres aqui, pois todos foram parte essencial do meu aprendizado. Quero também agradecer a minha avó Penha, a mulher que me inspirou a seguir nesta profissão, a qual sempre vi numa máquina de costura, escolhendo tecidos e fazendo as mais belas roupas para ajudar financeiramente a família e mesmo com todo seu trabalho sempre cuidou de mim e me motivou, muito obrigada por seu lindo exemplo. 44

A História sem fim e A moça tecelã A relação entre os devaneios e a criatividade

Resumo: Este projeto propõe trabalhar toda a construção teórica desenvolvida a partir da pesquisa do tema proposto, os devaneios e a criatividade. Foi montada uma base a partir do estudo do texto de Freud, Escritores criativos e devaneios, onde o foco foi falar sobre a criatividade em duas fases da vida de um indivíduo, a infância e a fase adulta, que foram exemplificadas em dois contos, a História sem fim e a Moça tecelã, para que pudesse ser feito um estudo dos personagens principais destes contos. Neste projeto está o desenvolvimento da marca Verônica Busato, e o briefing de coleção inspirado no tema.

Abstract: This project proposes an approach to the area of theory developed from the research of the proposed theme, daydreams and creativity. It was set up a base from the study of Freud’s text, Creative Writings and Daydreams, where the focus was on a two-stage creativity in the life of an individual, a childhood and adulthood, which were exemplified in two short stories, Without end and weaver girl, so that could be made a study of the main characters these tales. This project is the development of the brand Verônica Busato, and the collection briefing inspired by the theme.

Sumário Currículo ................................................................ 7

Cartela de cores................................................... 44 Artigo..................................................................... 115

Briefing de Negócio.............................................. 9

Cartela de tecidos............................................... 46

Resumo................................................................. 117

Cartela de matérias........................................... 49

Sumário................................................................ 118

Superfícies.............................................................. 50

Introdução........................................................... 119

Cartela de Aviamentos...................................... 53

1.Fantasia e Devaneio...................................... 120

Painel de estilo................................................ ..... 18

Descritivo de processo criativo famílias......... 55

2.Exemplos.......................................................... 124

PúblicoAlvo........................................................... 19

Coleção................................................................... 60

2.1 A fantasia na infância............................... 124

Painel de Público................................................ 21

Família Nuvens..................................................... 61

2.2 A Moça Tecelã............................................ 126

Gênero.............................................................................................. Elemento de estilo........................................................................ Concorrentes.................................................................................. Concorrente Aspiracional........................................................... Margem de preço......................................................................... Diferenciais da marca no produto..........................................

12 13 14 16 17 17

Identidade Visual............................................... 22 Família Imperatriz............................................... 69 3.O Bordado....................................................... 129 Logomarca.................................................................................. Símbolo......................................................................................... Justificativa do nome, cor e fonte......................................... Tipografia.................................................................................... ocromia ....................................................................................... Malha de Ampliação............................................................... Escala de Cores.......................................................................... Área de Proteção..................................................................... Redução Máxima..................................................................... Usos Indevidos...........................................................................

24 25 26 26 27 28 28 29 29 30

Família Vilões........................................................ 76

3.1 Definição........................................................ 129

Família Pedras..................................................... 83 3.2 História Geral.............................................. 130 Família 1 Etapa da Moça Tecelã..................... 88

4.Aplicação do Tema ...................................... 132

Família 2 Etapa da Moça Tecelã................... 101

5.Considerações Finais...................................... 133

ficha tecnica.......................................................... 110

Abstract................................................................ 134

Aplicação em papelaria................................. 31

Painel de Segmentação..................................... 111

Briefing de Coleção.......................................... 34

Painel Artístico...................................................... 112

Release................................................................. 35

Bibliografia............................................................ 113

Macrotendência................................................. 37

Capa do Apêndice.............................................. 114 6

CurrĂculo

Objetivos e pretensões Abranger as áreas possíveis da moda e colocar em prática os conhecimentos adquiridos na faculdade e trabalhar na área de moda como, criação, fotografia e produção de moda, etc.

Formação Acadêmica Bacharelado em Moda pelo Centro Universitário UNA (BH) [7 período]

Curso de Aprimoramento Informática empresarial; Digitação Windows, Word, Excel, Power Point, Corel Draw, Photoshop (Básico), Photoscape, Internet. Idiomas: Inglês: escrita, comunicação e leitura avançados, Italiano (básico)

Atividades Profissionais Verônica Busato de Resende

Solteira, Brasileira, 21 anos Rua R – 93 Bairro Jardim Vera cruz - Contagem/MG CEP 32265350 Tel. residencial: (31) 25656296 Celular: (31) 99893-4410 / 987246343 E-mail: veronicabresende@gmail.com

Chefe de estoque e controle de equipamentos e acessórios na empresa Conexão Informática (Mar/2013 Dez/2013). Pintura em tecido (Jan/2016). Bordados manuais (diversos pontos). Confecção própria de bordados e pinturas em toalhas e acessórios para bebês e crianças desde Jun/2015. Assistente de fotografia, produção de cenário e figurino na empresa Nilo Fonseca Fotografia / 2015. Ministração de aulas particulares de corte e costura em 2015. TrendHunter desde Jun/2016 Bordadeira no ateliê Filha Única Abril/2016 Fabricação e modelagem de bolsas 2016 8

Briefing de Negรณcios

Descrição geral da marca A ideia da marca surgiu da necessidade pessoal da criadora, de estatura baixa, de produzir roupas que fossem especialmente voltadas para pessoas que também fossem baixas, por ser um mercado consumidor relativamente grande, porém com pouca atenção, pois geralmente, as peças pequenas encontradas estão no público infantil, ou que precisem ser ajustadas. Assim, desejamos oferecer peças adequadas para cada tipo de corpo das mulheres mais baixas, com um cuidado na modelagem e na qualidade das peças feitas à mão, para que se sintam confortáveis com seu corpo e com seu estilo. A marca não busca restringir o público por faixa etária. Buscamos abranger o setor feminino e linhas de acessórios como bolsas. O foco da marca será na qualidade e conforto dos produtos, priorizando um relacionamento de confiança com seus consumidores. Nosso objetivo geral consiste em criar produtos que garantam a satisfação pessoal, equilibrando a delicadeza, sofisticação e um toque de romantismo nos dias atuais. Com caráter jovem terá o papel de transmitir confiança, tranquilidade e autoestima. Terá uma identidade atemporal, porém sempre ligada aos desejos do consumidor e pesquisas na área da moda. Reforçando a característica do slow fashion, sempre priorizando a política consciente, com a sociedade, funcionários, meio ambiente etc. Trabalhando duas coleções por ano, não necessariamente seguindo estações. Além de peças sob medida seguindo desejos diretos dos clientes. Identidade

Valores A marca busca ser inovadora para o mercado alvo, que são as Valorizamos o relacionamento com o cliente, para que saiba que mulheres de baixa estatura, ou seja, menores que 1.60 e está sendo compreendido e respeitado, mostrando que não precisa quebrar os padrões de que é preciso ser alta para ser poderosa. ter medo de usar as peças de seu estilo e que valorizam seus corpos. Mostrando um cuidado com cada cliente para que se sintam Nosso cliente estará confiante o suficiente para não se importar valorizadas e confiantes. com julgamentos externos. Missão Visão A marca tem como missão levar confiança e segurança para Tornar a marca referência na moda, para o público de estatura mulheres que se sentem pouco atendidas pelas atuais ofertas baixa, sendo reconhecida nacional, e internacionalmente pela de mercado, atendendo aos seus tamanhos e o estilo romântico. modelagem especializada, design, e trabalhos manuais. Mostrando que uma mulher pode ser delicada sem o estereótipo de fragilidade. 10

Estilo

Nicho

O estilo predominante da marca é o romântico voltado especialmente para contraposição do masculino, ou seja, a mulher mais feminina que aprecia os detalhes e a delicadeza, com os estilos criativo e clássico como complementares, pois é uma marca que explora as cores e a diversão para as roupas e mantém um estilo mais clássico pela sofisticação das peças.

A marca trabalhará o Demi couture, que utiliza mão de obra especializada, no caso da marca, os profissionais são especializados em trabalhos manuais, com peças sob medida direto para o cliente, ou vendidas em lojas e na internet. Além de acessórios como bolsas. As peças serão pensadas para várias ocasiões.

Estilo de Criação Dominante

Gênero

Retrô

Feminino e masculino

Segmento

O segmento de interesse da marca é o casual chic, em um modelo próximo de um ateliê, onde serão feitos estudos especiais para os tipos de corpos e estaturas do público pretendido, onde cada artesão presente na empresa faz todos os processos das peças. Serão lançadas duas coleções por ano, vendidas online e no próprio espaço do ateliê, tornando a compra mais simples.

Elemento de estilo

12 12

Concorrentes Fethie A Fethie é uma marca criada pelas irmãs mineiras Kamila e Karina Pucci em 2014 e vem sendo usada por celebridades no Brasil. A grife é reconhecida pelos detalhes handmade (feito à mão). A marca desenvolve peças para qualquer ocasião, desde um casual ao casual chic. As coleções tem elementos modernos, com o tradicionalismo dos já famosos bordados mineiros. Em 2014 escolheram a cidade de São Paulo para sua primeira loja própria. Em 2015 em Minas Gerais, abriram uma loja na sua cidade natal, Uberlândia. Além das suas lojas próprias, a Fethie está presente em mais de 60 lojas multimarcas do país. A marca é concorrente pois os bordados nunca saem de moda e são um ótimo recurso para sofisticar peças básicas. Esta grife oferece peças casuais que chamam atenção justamente pela delicadeza dos detalhes, todos feitos à mão, característica principal por ser concorrente. Além de ser uma marca nova no mercado.

PatBo PatBo é uma marca criada em 2012 com intenção de ter uma característica mais autoral de Patrícia Bonaldi, tem o mesmo espírito sofisticado da marca original da criadora que leva seu nome. A marca traz coleções que transitam entre o casual chic, roupas para noite e o casual, com um design que atende a diferentes personalidades e ocasiões, que são as principais propostas da marca a serem concorrentes. A primeira loja PatBo foi inaugurada em novembro de 2013, em São Paulo. Hoje em dia a marca é encontrada em mais de 121 pontos de venda em todo o Brasil, 17 no exterior, sendo 5 lojas próprias. A marca é concorrente principalmente por seus bordados que estão presentes nas roupas de qualquer ocasião, seja para noite ou para o dia a dia, além de motivos florais muito presentes. Tem uma característica jovem mas que atende a várias idades.

Concorrente Aspiracional Elie Saab Devido aos trabalhos manuais, o estilo romântico e sofisticado, ao fato de as peças serem sob medida e o contato especializado com seu cliente, Elie Saab, estilista libanês, é tido como concorrente aspiracional da marca. Atua com seu ateliê em Paris na alta costura, atendendo celebridades e mulheres da classe A.

Canais de distribuição A marca estará funcionando em um espaço especial, como um ateliê, onde receberá os clientes que desejarem comprar peças das coleções ou marcar para serem feitas peças sob medida. Terá um e-commerce, que atenderá o Brasil inteiro e trabalhará com vendas pessoais, com funcionários que atenderão nas casas, marketing direto, com registros coletados de clientes e interessados para estarem sempre conectados à marca através de emails e SMS Mais posteriormente haverão representantes de vendas em outros estados e multimarcas para fortalecerem o nome da marca.

Margem de preço As peças no varejo serão na faixa de: Blusas: R$79,90 a R$150,0 Casacos: R$120,0 a R$450,0 Calças: R$150,0 a R$350,0 Shorts/bermudas: R$89,90 a 250,0 Vestidos curtos: R$90,0 a 350,0 Vestidos longos: R$500,0 a R$2.000 Saias: R$89,90 a R$250,00.

Diferenciais da marca no produto O diferencial está na forma como as peças são desenvolvidas, com estudo especializado de modelagem. Prioriza os trabalhos manuais como bordados. Trabalha tecidos e materiais de melhor qualidade para garantir uma alta durabilidade, conforto e uma estética agradável e desejada pelo público. As peças da marca criam opções que possam ser utilizadas para o dia a dia e eventos noturnos, levando sempre delicadeza e elegância a todas as ocasiões. 16

Painel de estilo

PÃºblicoAlvo

A marca atenderá o público feminino e posteriormente ao masculino, principalmente profissionais, que gostam de aliar seu estilo pessoal tanto ao local de trabalho, quanto a outras ocasiões do dia, no casual e casual chic, tanto dia quanto noite. Dentre esses profissionais, podemos citar professores de instituições de ensino privada como é o caso da UNA, advogados, artistas, jornalistas, fotógrafos, músicos, dentre outas empresas ou corporações que não exigem uniforme. Devido aos trabalhos manuais presentes nas peças que agregam valor à marca os valores serão de acordo com a complexidade do trabalho, assim, o público selecionado está dentro da classe média (B e C). Acredito que todos que se identificarem com a marca possam se sentir confortáveis nas peças e satisfeitos independente da idade. São pessoas mais românticas, a viagem dos seus sonhos é basicamente ir para Paris ou Veneza com o namorado, marido ou para encontrar o amor lá e ter diferentes experiências românticas, profissionais, ou pessoais. Viagens com os amigos são sempre bem vindas, principalmente para lugares mais calmos, como sítios, praias, visitar a família, cidades históricas pois gostam de aprender, como o Festival de cinema de Tiradentes, festivais de gastronomia, festas mais tradicionais, sempre buscando se divertir seja com pessoas mais chegadas ou até mesmo sozinhas. Vão ao shopping para passear e encontrar amigos, gostam de cinema e leituras que possam incentivar seus sonhos, motivar sua caminhada e relaxar a mente, cafés nas cidades e shows. Suas aspirações na vida são juntar experiências, vivendo aventuras e ter uma boa bagagem cultural e pessoal. Além de sempre estarem melhorando em suas vidas profissionais.

Painel de PĂşblico

Identidade Visual

Logomarca

SĂmbolo

Justificativa do nome, cor e fonte O nome da marca é o nome da criadora, Verônica Busato. A fonte mostra nas curvas o estilo romântico da marca. Sem muitos excessos, com traços fortes contrapondo os suaves, que caracterizam o equilíbrio da marca, representados em linhas grossas mostrando seriedade e comprometimento, com linhas mais finas que mostram sua delicadeza. A asa representa a frase: “Dar asas à imaginação”, tendo em mente que a marca trabalha com histórias, contos e tem sempre elementos que remetem á magia de se criar uma obra de arte, que no caso são as roupas. A cor da fonte e das asas foi selecionada devido ao significado do azul, que simboliza a confiança e lealdade. É considerado benéfico para o corpo e a mente, pois produz um efeito calmante. A cor está associada à tranquilidade e serenidade.

Tipografia Parte importante para comunicação com o público, que se for usado de forma incorreta prejudica tal comunicação. Para uso da tipografia na logo foi escolhida a fonte Melancholight. Para os textos é recomendado a fonte Berlin Sans FB. Pois mostra um toque clássico um pouco encurvado, para lembrar a logo da marca.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ Italic: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z

Regular:

Regular: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z Bold: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z Italic: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X W Y Z

25 25

Monocromia

Escala de Cores

Malha de Ampliação

27 27

Área de Proteção

Redução Máxima 1,5cm 5cm

28 28

Usos Indevidos Não esticar

Não usar com o mesmo tom da fonte

Não usar sobre tons muito vívidos vermelhos Não comprimir

Não distorcer

Não usar sobre tons muito vívidos verdes

Aplicação em papelaria

Cartão de Visita Impressão: Off Set ou Digital Papel couché/Gramatura 180g - Acabamento fosco

Tag Impressão: Off Set ou Digital Papel paraná/gramatura 300g 30

Envelope Impressão: Off Set ou Digital Papel OffSet/ Gramatura 120g

Papel de Carta Impressão: Off Set ou Digital Papel OffSet/ Gramatura 120g 31

Embalagem Papel chambril premier 180g Silk-screen

Brinde necessaire Tecido: Oxford

Brinde XĂcara de porcelana 32

Briefing de Coleção

Release Devido a importância da criatividade no mundo da moda, principalmente nos dias atuais, para suprir as necessidades desenfreadas do mercado, o tema da coleção foi escolhido para mostrar a criatividade em termos gerais e como ela se manifesta nas fases da vida de um indivíduo, mostrando que muitas vezes, ela não é apenas sua, mas também quando passa a ter que atender várias outras pessoas. Esse tema está explicado no texto de Freud, Escritores criativos e devaneios, e exemplificado por dois contos, a História sem fim e A moça tecelã. Nos contos, os protagonistas não usam sua criatividade apenas para si, mas para ajudar, ou suprir necessidades de outras pessoas e principalmente preencher os vazios que cada um tem. A escolha dos tecidos e silhuetas foram inspirados nos personagens dos contos, que contrapunham a leveza e a rigidez, caimentos mais fluidos e volumosos. Foi calculado também o custo benefício dos materiais e como cada um se adequava aos contos apresentados, na coleção o enfoque está nas matérias utilizadas, que são remodelagens, bordados em linha e com pérolas, estampas referentes ao tema etc. As cores foram inspiradas nos personagens e nos ambientes que se formaram nos contos, como por exemplo, adamascado para representar sofisticação das imperatrizes e paetê para mostrar seu brilho. O dourado, o prata e as rendas bordadas para representar as riquezas dos palácios. O cinza para mostrar as características de alguns personagens e a tristeza de outros. A organza e o pêlo para representar as escamas e os pêlos dos animais, o degradê de cores que representa as transições das etapas da vida da personagem na moça tecelã, etc. Para dar coerência à coleção, as famílias foram divididas de acordo com os personagens que tinham elementos que conversassem entre si, assim, surgiram as seis famílias que serão apresentadas. A marca pretende levar o cliente/espectador a um mundo de sonhos e mostrar o quanto é importante a imaginação. Através das peças mostramos os elementos que ligam o mundo real ao imaginário, fazendo a pessoa dar asas à imaginação.

Verônica Busato de Resende

verônicabresende@gmail.com

Macrotendência A macrotendência da marca está ligada a uma nova abordagem ecológica, que hoje vem sendo princípio básico esperado pelo consumidor. Isto traz novas fontes de valor, além de formas de eliminar o desperdício de recursos através da criatividade. Já faz algum tempo na moda que as pessoas vem valorizando o feito à mão, peças que não são simplesmente substituídas, mas que as pessoas aprenderam a guardar e consertar, o que ajuda a reduzir o consumismo e logo, a poluição, contribuindo para preservar o meio ambiente e terem roupas mais duradouras, de melhor qualidade, evitando também o desperdício de matérias, usando materiais menos poluentes com todos os processos realizados no ateliê executados de forma mais sustentável. Na marca Verônica Busato, valorizamos esse feito à mão, com trabalhos como bordados, que são passados de geração a geração, agregando valor às peças, que nunca estarão fora de moda para o público, sendo assim, estarão presentes em todas as coleções, de formas mais simples ou mais chamativas, sempre, aliado ao charme que as mulheres possuem.

Painel de MacrotendĂŞncia

Tendências da Estação A coleção é pensada para o inverno de 2018. A partir da pesquisa imagética dos principais desfiles de moda pelo mundo, foram selecionadas as tendências de pêlo devido o inverno, as saias com um volume maior em suas formas, bordados e o ombro a ombro. Tais tendências foram distribuídas pelas famílias de toda a coleção, onde a saia com mais volume entra representando alguns animais e flores, o uso de pêlos que são principalmente para representar alguns dos personagens do conto da História sem fim e o inverno na Moça tecelã, os bordados que são característicos da marca e o ombro a ombro.

Bordados

Dolce&Gabanna

Elie Saab

Marchesa

Valentino

Saias Volumosas

Armani

Channel

Uliana Sergeenko

Zuhair Murad

PĂŞlos

Dolce&Gabanna

Lanvin

Marc Jacobs

Versacce

Ombro a Ombro

Dior

Elie Saab

Giambattista Valli

Valentino

Cartela de cores A cartela de cores foi inspirada nos contos apresentados no tema que é trabalhado neste portfólio. A cartela é dividida entre as cores dominantes, intermediárias e tonalizantes. Dominantes

Nimbley Gmork Branco Nome pantone:164702 TPX Nome pantone: 194203 TPX Nome pantone: 110601 TPX CMYK: C 75% M 68% Y 67% K 90% CMYK: C 47% M 39% Y 41% K 4% CMYK: C 0% M 0% Y 0% K 0%

Nimbley Sul Nome pantone:174540 TPX Nome pantone:144522 TPX CMYK: C 41% M 3% Y 4% K 0% CMYK: C 47% M 39% Y 41% K 4%

Intermediárias

Morla Tear Sol Xayde Torre Nome pantone:180538 TPX Nome pantone:161462 TPX Nome pantone:140957 TPX Nome pantone:181550 TPX Nome pantone:141119 TPX CMYK: C 0% M 72% Y 84% K 0% CMYK: C 1% M 16% Y 99% K 0% CMYK: C 12% M 100% Y 76% K 2% CMYK: C 47% M 12% Y 71% K 0% CMYK: C 13% M 27% Y 38% K 0%

Tonalizantes

Palรกcio Prata Nome pantone:150927 TPXNome pantone:145002 TPX CMYK: C 31% M 41% Y 100% K 6% CMYK: C 47% M 39% Y 41% K 4%

Cartela de tecidos Os tecidos da coleção foram escolhidos tendo em mente que as mulheres que vestirem as roupas irão parecer bem femininas, o que vem muito aliado às roupas com caimentos leves e que possam armar para dar impressão de roupas de princesas. Para os homens, a ideia é trazer inovação para o vestuário através de modelagens e trabalhos manuais, mantendo um ar mais discreto e elegantes.

Adamascado Casa das Fábricas Poliester R$29,90 Rendimento por metro

Brim Retalhão Menezes 100% Algodão R$14,90 Rendimento por metro

Cetim Importado da China 97% Poliester / 3% Elastano R$9, 90 Rendimento por metro

Crepe iury Litoral Têxtil 100% Poliester R$11,90 Rendimento por metro

Crepe Madame Retalhão Menezes 100% Poliester R$18,90 Rendimento por metro

Chantum Importado da China 100% Poliester R$15,90 Rendimento por metro

Organza Retalhão Menezes 100% Poliester R$9,90 Rendimento por metro

Oxford Retalhão Menezes 100% Poliester R$7,90 Rendimento por metro 46

Pêlo sintético Retalhão Menezes 100% Poliester R$49,90 Rendimento por metro

Paetê Malha Retalhão Menezes 100% Poliester R$12,90 Rendimento por quilo

Tafetá Importada da China 97% Poliester 3% Elastano R$16,90 Rendimento por metro

Tricoline Litoral Têxtil 97% Algodão 3% Elastano R$12, 90 Rendimento por metro

Paetê tela Importado da China 100% Poliester R$39,90 Rendimento por metro

Tule Retalhão Menezes 100% Poliester R$12,90 Rendimento por metro

Prada Importada da China 97% Poliester 3% Elastano R$16,90 Rendimento por metro

Voil Litoral Têxtil 100% Polister R$9,80 Rendimento por metro 47

Cartela de matĂŠrias As matĂŠrias foram pensadas para representar bem a identidade da marca sendo usadas sem exageros, mas sempre trazendo a imagem da mulher delicada e atual. As mesmas foram pensadas de forma que interagissem entre os contos apresentados no artigo seguinte e pudessem trazer o slow fashion.

SuperfĂcies

Renda aplicada em chantum

Corrente de strass aplicada em brim

Bordado de linha

PĂŠrolas aplicada em brim

Bordado de linha aplicada em brim

Bordado de Linha aplicada em brim 49 49

Remodelagens

Entrelaçamento de fita

Patchwork

Viés de algodão

Desfiado

Sobreposição de pregas

Beneficiamentos

Tingimento Natural

Estampa digital

Estampa Digital

Tingimento em Poliester

Cartela de Aviamentos Os aviamentos foram escolhidos para complementar os tecidos e combinar com as matérias, como é o caso do viés de algodão para a remodelagem, botões e pedrarias, correntes de strass, as barbatanas para dar sustentação a determinadas peças e as linhas para os diferentes bordados.

Ziper destacável Fornecedor: Tia Iaia R$: 2,00 Rendimento individual

Bojos com bolha Fornecedor: Tia Iaia R$: 4,50 Rendimento por par

Botões Fornecedor: S.Prochownik R$ 6,29 Rendimento: embalagem com 144 unidades

Pérolas Fornecedor: R$: 1,20 Rendimento 10g

Zíper destacavel invisivel Fornecedor: Almeida Lima R$ 5.00 Rendimento individual

Entretela tecido Fornecedor: Peripan R$ 3,30 Rendimento: por metro

Linhas Drima Corrente para costura Fornecedor: Coats Corrente R$ 2,00 Rendimento individual

Linhas Âncora para bordado Fornecedor: Coats Corrente R$ 2,20 Rendimento individual

Zíper Fornecedor: Zíper Rubinho R$ 0,30 Rendimento individual (unidade)

Colchete de pressão Fornecedor: tia Iaia R$ 0,40 Rendimento: par

Fita de cetim Fornecedor Tia Iaia R$7,0 Rendimento: rolo com 10m

Viés de Algodão Fornecedor: Peripan R$ 12,50 Rendimento: Rolo com 50 metros

Zíper invisível Fornecedor: Zíper Rubinho R$ 1,30 Rendimento individual (unidade)

Fio overlock para costura Linhas Âncora para bordado Fornecedor: Coats Corrente Fornecedor: Linhas Resistente R$ 4,20 R$ 6,00 Rendimento individual Rendimento individual 53 53

Descritivo de processo criativo das famílias Ao preparar a coleção, as famílias foram distribuídas relacionadas aos dois contos apresentados. O conto A história sem fim teve um total de quatro famílias, as quais foram inspiradas nos personagens principais reunindo suas características principais. O conto da Moça tecelã foi dividido entre as duas etapas da vida da moça. A primeira família, Nuvens, tem como inspiração os animais voadores, Falkor e Nimbley do conto. A história sem fim. A segunda família: Imperatriz, junta a personagem Imperatriz Menina e a Torre de Marfim, a qual é sua residência. As duas representam esperança para o povo de Fantasia. A terceira família, Vilões, foca nos principais vilões do conto, que trabalhavam para a destruição da terra de Fantasia A quarta família, Pedras: é inspirada em Bastian, personagem principal da História sem fim e nos demais personagens que ajudaram a enfrentar os vilões. A quinta família, A moça, é relacionada a 1 fase da vida da moça tecelã, até a parte em que ela se casa. A sexta família, é inspirada na segunda fase da vida da moça, onde ela se torna escrava para criar para seu marido.

Descritivo do processo de desenvolvimento da coleção Para a criação da coleção inverno 2018 da marca Verônica Busato, foi imaginado um tema que se relacionasse ao atual cenário da moda e a ligação com a psicanálise. A primeira fase constituiu em uma pesquisa teórica, baseada nos estudos de Freud sobre a criatividade, em seguida a busca por fontes bibliográficas e contos que se relacionassem ao tema para que o mesmo pudesse ser melhor exemplificado. A segunda etapa foi a criação de painéis a partir das imagens referentes aos contos utilizados. O que definiu também as famílias e a cartela de cores. A próxima etapa constituiu em criar modelos a fim de escolher os croquis finais. Feito isso, foram definidas as cartelas de tecidos, matérias e aviamentos. A última etapa foi organizar todas as ideias no portfólio e fazer os looks escolhidos ganharem vida para serem apresentados em nome da marca.

Mapa de Coleção

Silhuetas As silhuetas da coleção foram pensadas para fazer uma contraposição de volumes, umas com mais, outras com menos, sendo mais fluidas e ajustadas, para dar mais conforto ao corpo e criar referencias com os elementos dos contos, como rainhas com roupas fluidas e longas, flores como volumes etc.

Tipo Final O projeto serĂĄ apresentado em forma de editorial dos cinco looks escolhidos da coleĂ§ĂŁo e produzidos

Coleção

FamĂlia Nuvens

FamĂlia Imperatriz

Família Vilões

FamĂlia Pedras

Família 1 Etapa da Moça Tecelã

100

101

Família 2 Etapa da Moça Tecelã

102

103

104

105

106

107

108

109

110

Fichas tecnicas

111

112

113

114

0.10

0.90

115

0.40

116

3.60

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Painel de Segmentação

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Painel ArtĂstico

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Bibliografia ALMEIDA e QUEIROZ. ANOS XX, A moda nos anos 20 representada no bordado. 2015. Artigo acadêmico (trabalho de conclusão de curso) – Centro Universitário UNA, Belo Horizonte. Acesso em agosto de 2016. BIBLIA. Acesso agosto de 2016. BORDE E COSTURE, A história do Bordado. 2013. Disponível em: http://www.bordecosture.com.br/blog/a-historia-do-bordado/. Acesso agosto de 2016. BORDADOS UNIVERSAL, A História do Bordado. 2016. Disponível em: https://www.sites.google.com/site/bordadosuniversal/a-historia-dobordado. Acesso agosto de 2016. COLOSSANTI, Marina, A moça tecelã, 1edição. São Paulo. Editora Global. 2004. FREUD, Sigmund, Escritores criativos e devaneios. 1908. GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, São Paulo: Barsa Internacional. 2005 HOUDELIER, Cláudia. A história do Bordado, 2015. Disponível em: http://houdelier.com/paginas/bordadoshistoria.html. Acesso agosto de 2016. NETO, Mafalda. O Conceito de Herói e Anti-Herói na Televisão. 2013. Disponível em: http://tvdependente.net/2013/02/conceito-de-heroi-antiheroi-na-televisao/. Acesso outubro de 2016.

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ApĂŞndice

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Artigo

INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE GRADUAÇÃO EM MODA

A História sem fim e A moça tecelã A relação entre os devaneios e a criatividade

Verônica Busato de Resende

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): Geanneti Tavares Salomon ÁREA DE PESQUISA: Comunicação e artes LINHA DE PESQUISA: História, imagem e cultura

BELO HORIZONTE 2016/2 127

Verônica Busato de Resende

A História sem fim e A moça tecelã A relação entre os devaneios e a criatividade

Artigo apresentado como requisito de avaliação do Curso de Graduação em Moda do Centro Universitário Una para aprovação parcial na disciplina TIDIR VI (PRÉ-TCC). Professora: Geanneti Tavares Salomon Produto final TCC: Desenvolvimento de coleção

BELO HORIZONTE 2016/2 128

A História sem fim e A moça tecelã A relação entre os devaneios e a criatividade

Verônica Busato de Resende

RESUMO O objetivo da pesquisa é explicar os temas da psicanálise freudiana sobre devaneios e criatividade, ilustrados por personagens de contos, como o filme A História Sem Fim e em A Moça Tecelã, bordado pelas Irmãs Dummond. Onde e como através da metodologia do texto Escritores Criativos e Devaneios, de Freud se aplica. Como ligação direta à execução, o conto bordado da Moça Tecelã, que também faz referência à criatividade que Freud cita, além de contar um pouco sobre a história do bordado. O resultado final será uma coleção unindo os dois contos apresentados como exemplos para ilustrar modelagens, bordados e outras decorações de superfície.

Palavras-chave: Pscicanálise. História sem fim. Moça Tecelã. Bordado. Criatividade.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 4 1. FANTASIA E DEVANEIO............................................................................................................ 5 1.1 Escritores Criativos e Devaneios.............................................................................................. 5 2. EXEMPLOS.................................................................................................................................... 8 2.1 A História sem fim: A fantasia na infância......................................................................... 8 2.2 A Moça Tecelã............................................................................................................................ 10 3. O BORDADO................................................................................................................................ 14 3.1 Definição ....................................................................................................................................... 14 3.2 História Geral............................................................................................................................. 14 4. APLICAÇÃO DO TEMA............................................................................................................. 16 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................ 17 6. REFERENCIAS............................................................................................................................. 18 APÊNDICE........................................................................................................................................ 19 1. DESCRIÇÃO GERAL DA MARCA........................................................................................... 20 2.ESTILO (DOMINANTE - COMPLEMENTAR)....................................................................... 22 3. NICHO........................................................................................................................................... 22 4. SEGMENTO.................................................................................................................................. 22 5. GÊNERO........................................................................................................................................ 22 6. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO.................................................................................................... 23 7. MARGEM DE PREÇO................................................................................................................ 23 8. DIFERENCIAIS DA MARCA NO PRODUTO....................................................................... 23 9. PAINEL DE ESTILO.................................................................................................................... 24 10. PÚBLICO-ALVO....................................................................................................................... 24 11. BRIEFING DA COLEÇÃO......................................................................................................... 27

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INTRODUÇÃO Neste artigo é abordada a temática da fantasia, procurando analisar como os devaneios do psiquismo influenciam no desenvolvimento de um indivíduo, em sua vida e consequentemente na hora de criar um produto. A pesquisa é importante, pois mostrará na teoria e por meio de exemplos, como a criatividade é influenciada pela fantasia e pelo devanear, e como isso pode ser importante na vida para a construção de um indivíduo e nas coisas que ele produz. O mundo da moda necessita de tais influências, pois é uma área que exige constantes novidades e atrativos, direcionadas a cada público, com o objetivo de atingir uma esfera específica e global. Através de momentos de devaneios as pessoas criam não apenas para si, mas para outras pessoas. Dentre os objetivos específicos estão análises sobre a criatividade e devaneios segundo estudos de Freud, buscando fazer um paralelo entre o filme a História sem fim e o conto da Moça Tecelã. Mostar como a fantasia e a criatividade influenciam na criação, individual e para o coletivo. Pretende-se ainda abordar a história do bordado em termos gerais que, será usado como fonte um trabalho acadêmico. E por fim explicar como o tema será usado no desenvolvimento de coleção. A Metodologia se deu por meio do texto de Freud, Escritores Criativos e devaneios (1908) que discute o devaneio e a criatividade. O artigo feito por Almeida e Queiroz, de 2015, sobre a história geral dos bordados; o conto A Moça Tecelã, que aborda de uma forma direta a importância da criação na vida de uma pessoa. E o filme A História sem fim, que exemplifica bem o estudo de Freud. O produto final será uma coleção que irá mostrar nos bordados e outras decorações de superfície, como a criatividade e o devaneio são importantes no processo de criação da moda, através de recursos imagéticos dos contos propostos.

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1.FANTASIA E DEVANEIO Este capítulo aborda a temática dos devaneios e criatividade, no texto Escritores Criativos e Devaneios, em que Freud explica a relação entre a necessidade de devanear e criar, em diferentes etapas da vida de um indivíduo e as diferenças entre a criatividade em cada uma dessas etapas, e o executar dessas imaginações do ponto de vista teórico apresentada no texto. Em seguida o texto será exemplificado com dois contos, A história sem fim e a Moça tecelã. 1.1 Escritores Criativos e Devaneios Segundo Freud (1908), os leigos sempre sentem curiosidade em saber de que fontes o escritor criativo, retira seu material, e como consegue impressionar e despertar emoções. Se ao menos pudéssemos descobrir em nós mesmos ou em nossos semelhantes uma atividade afim à criação literária! Uma investigação dessa atividade nos daria a esperança de obter as primeiras explicações do trabalho criador do escritor [...] os próprios escritores criativos gostam de diminuir a distância entre a sua classe e o homem comum, assegurando-nos com muita frequência de que todos, no íntimo, somos poetas, e de que só com o último homem morrerá o último poeta. (FREUD, 1908)

Devemos procurar já na infância os primeiros traços de atividade imaginativa. A ocupação favorita da criança é um brinquedo ou seus jogos, levando esse mundo muito a sério, colocando na brincadeira toda a sua emoção. Ao brincar, toda criança se comporta como um escritor criativo, reajustando os elementos de seu mundo de uma nova forma que lhe agrade. (FREUD, 1908) Apesar da emoção com que a criança fantasia seu mundo, ela o distingue da realidade e liga suas situações imaginadas às coisas tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’. (FREUD, 1908) Esta primeira parte do estudo de Freud que fala sobre a criança será apresentado em um exemplo no filme A história sem fim. O escritor criativo faz o mesmo que a criança quando brinca. Cria um mundo que ele leva muito a sério, no qual investe uma grande quantidade de emoção, enquanto mantém uma separação entre o mesmo e a realidade. (FREUD, 1908) no filme que virá como exemplo no próximo capítulo é representado exatamente a parte em que um menino se porta como escritor criativo. Um adulto pode comparar suas ocupações do presente, com seus jogos de criança, podendo se livrar da pesada carga imposta pela vida e conquistar o prazer proporcionado pelo humor. Ao crescer parecem renunciar ao prazer que tinham quando brincavam. Da 132

mesma forma, a criança em crescimento quando pára de brincar só abdica do elo com os objetos reais; em vez de brincar, ela agora fantasia. Constrói castelos no ar e cria o que chamamos de devaneios. (FREUD, 1908) Porém, as fantasias das pessoas são menos fáceis de observar do que a brincadeira de uma criança. A criança brinca sozinha ou estabelece um sistema psíquico fechado com outras crianças, mas mesmo que não brinque em frente dos adultos, não lhes oculta seu brinquedo. O adulto envergonha-se de suas fantasias e as esconde dos outros. Acalenta suas fantasias como seu bem mais íntimo e preferiria confessar suas faltas do que confiar aos outros suas fantasias. (FREUD, 1908). Esta parte, onde vemos que o adulto prefere esconder sua imaginação é representada no conto da História sem fim, onde a humanidade parou de sonhar, e o mundo que dependia de tais sonhos entrou em colapso. Algumas características do fantasiar podem partir da ideia de que somente a pessoa insatisfeita fantasia, que as motivações são os desejos insatisfeitos e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória. Os produtos da atividade imaginativa – fantasias e devaneios - se adaptam às impressões mutáveis que o sujeito tem da vida, alterando-se a cada mudança de sua situação e recebendo de cada nova impressão ativa uma espécie de ‘carimbo de data de fabricação.’ A relação entre a fantasia e o tempo é, em geral, muito importante. É como se ela flutuasse entre três tempos -passado, presente e futuro- os três momentos abrangidos pela nossa ideação. (FREUD, 1908). Tanto no conto da História sem fim, quanto na A moça tecelã, podemos ver que quando os protagonistas resolvem usar a imaginação para criar escapes e novos elementos da realidade é devido ao vazio, a insatisfação de alguma área ou situação da vida. O trabalho mental vincula-se a uma impressão atual, a alguma ocasião no presente que foi capaz de despertar um dos desejos principais do sujeito. Dali, retrocede à lembrança de uma experiência anterior (geralmente da infância) na qual esse desejo foi realizado, criando uma situação referente ao futuro que representa a realização do desejo. O que se cria então é um devaneio ou fantasia, que encerra traços de sua origem a partir da ocasião que o provocou e a partir da lembrança. Dessa forma, o passado, o presente e o futuro são entrelaçados pelo fio do desejo que os une. (FREUD, 1908). Veremos este exemplo muito claro em A história sem fim, quando o protagonista teve uma infância traumatizada devido a perda da mãe. Um exemplo que Freud deu sobre sua teoria:

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Um pobre órfão que se dirige a uma firma onde talvez encontre trabalho. A caminho, permite-se um devaneio adequado à situação. Em sua fantasia talvez ele consegue o emprego, conquista as boas graças do novo patrão, torna-se indispensável, é recebido pela família do patrão, casa-se com sua encantadora filha, é promovido a diretor da firma, primeiro na posição de sócio do seu chefe, e depois como seu sucessor. Nessa fantasia, o sonhador reconquista o que possui em sua feliz infância: o lar protetor, os pais amantíssimos e os primeiros objetos do seu afeto. Esse exemplo mostra como o desejo utiliza uma ocasião do presente para construir, segundo moldes do passado, um quadro do futuro. (FREUD, 1907/1908)

O jovem teve uma experiência de sua infância (passada) que foi levada durante sua vida e surgiu a necessidade de fantasiar como seria seu futuro, onde ele poderia reaver o acolhimento familiar há muito tempo perdido e consequentemente, se tornar mais feliz e completo. Hoje, a neurociência explica essa teoria de forma mais palpável. Não podemos ignorar a relação entre as fantasias e os sonhos. Nossos sonhos noturnos nada mais são do que fantasias dessa espécie. Mas à noite também surgem em nós desejos de que nos envergonhamos; que ocultamos de nós mesmos, e consequentemente os reprimimos. Tais desejos reprimidos e seus derivados só podem ser expressos de forma muito distorcida. (FREUD, 1908). Veremos também em A moça Tecelã, que tudo que ela sonhava, era tecido e assim, executado, um dos desejos mais profundos que poderiam vir a preencher seu vazio era um marido, assim ela sonhou com ele, e o teceu. É válido comparar o escritor imaginativo ao ‘sonhador em plena luz do dia’, e suas criações com os devaneios. Nas criações desses escritores, todas possuem um herói, para quem o autor procura dirigir a nossa simpatia, e que parece estar sob a proteção de uma Providência especial. Se ao fim de um capítulo deixamos o herói ferido, o encontraremos no próximo bem perto da recuperação. Se o primeiro volume termina com o naufrágio do herói, no segundo logo o veremos milagrosamente salvo, senão a história não poderia prosseguir. (FREUD, 1908). No conto da História sem fim, o protagonista se faz um herói, pois ele tem amigos e todo um universo para poder salvar usando de suas fantasias e criatividade. Hoje, temos a imagem de um novo personagem literário, o anti-herói, que, segundo Mafalda Neto (2013), é o que mais se aproxima do humano, que representa uma pessoa com defeitos e problemas, que nos chama mais atenção que o herói perfeito por nos identificarmos mais com ele, este fato o torna mais próximo da atual realidade. Partindo do estudo das fantasias, o indivíduo que devaneia oculta cuidadosamente suas fantasias dos demais, porque sente ter razões para se envergonhar das mesmas. Mesmo que ele as revelasse, o relato não nos causaria prazer. Permaneceríamos indiferentes ao tomar conhecimento de tais fantasias. Mas quando um escritor criativo nos apresenta suas peças, ou nos relata o que julgamos ser seus próprios 134

devaneios, sentimos um grande prazer. (FREUD, 1908). Veremos esta característica em ambos os contos que serão apresentados, pois eles nos despertam interesse, curiosidade e torcemos para que resolvam determinados problemas, pois os protagonistas são os escritores criativos que nos cativam, pois estão fazendo suas histórias. A verdadeira satisfação que usufruímos de uma obra literária procede de uma libertação de tensões em nossas mentes. Talvez até grande parte desse efeito seja devido à possibilidade que o escritor nos oferece de nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem autoacusações ou vergonha. Isso nos leva ao limiar de novas e complexas investigações. (FREUD, 1908).

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2.EXEMPLOS 2.1 A História sem fim: A fantasia na infância Trazemos um exemplo para a etapa da imaginação das crianças, citada por Freud em A História sem fim. Um filme que conta a história de um garoto chamado Bastian, apaixonado por livros de aventura, encontra um livro que tem a capacidade de mudar a história todas as vezes que alguém o lê; isso já explica o título da obra. Uma história que sempre estará trazendo novidades, se relacionando de diferentes formas com o leitor. Esta característica do livro lhe desperta o interesse e descobre uma terra de nome Fantasia, com lugares vistos apenas em sonhos e criaturas fantásticas que neles vivem. Porém, essa terra está sendo destruída e a imperatriz Menina doente, doença que estava diretamente ligada à destruição de Fantasia e apenas um guerreiro indígena de nome Atreyu, poderia achar a cura e para isso, vive muitas aventuras, conquista novos amigos, descobre novas terras e vive muitos perigos, pois, era perseguido por Gmork, um lobo que trabalha para o real vilão, o qual vinha destruindo a terra e consequentemente matando todos os seres, que Atreyu deveria vencer. Com a ajuda do velho Morla, uma tartaruga gigante, ele descobre que pode encontrar as respostas com o Oráculo do Sul. Chegando lá, o Oráculo conta que o que vinha destruindo sua terra era o Vazio, o Nada e a cura deveria ser achada nos limites de Fantasia; com a ajuda de um dragão da sorte, Falkor, ele voa contra o tempo procurando este lugar. Após um longo caminho percorrido, Atreyu cai em uma ilha. Lá ele se encontra com Gmork, que lhe diz que nunca poderia encontrar os limites de Fantasia, porque aquela terra, era feita da fantasia humana e dos sonhos das pessoas, que estava em colapso, pois a humanidade havia há muito parado de sonhar. E foi onde entrou Bastian, o menino que estava lendo e acompanhando todas as aventuras dos personagens, pois só ele poderia salvar a terra de Fantasia, por ser uma criança humana cheia de imaginação e sonhos, sendo este o ponto culminante da história, porque aqueles personagens precisavam de sonhos para sobreviver. Assim, Bastian foi transportado para dentro da história e uma vez lá, a partir de seus sonhos e imaginação, ele salvou Fantasia tornando-a ainda mais bela. Podemos perceber em Bastian o que Freud fala sobre a infância, onde procuramos os primeiros traços de atividade imaginativa. Quando a criança fantasia e leva seus sonhos para seu mundo, colocando nele toda a sua emoção, assim se torna um escritor criativo, reajustando os elementos de seu mundo de forma que lhe agrade. (FREUD, 1908). Bastian havia perdido a mãe muito cedo e sentia uma imensa falta dela, além de não ser aceito pelos colegas na escola. Ele se escondia 136

da realidade nos livros, ressaltando que a ideia de que a pessoa insatisfeita fantasia e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade, assim, poderia ser o personagem que quisesse. Bastian estabelece os dois primeiros tempos citados por Freud, onde a impressão atual de sua vida retrocede a algo marcante na infância, o que ocorreu após a morte de sua mãe, resultando na necessidade de reajustar elementos de seu presente, criando os devaneios, a partir de uma ocasião da lembrança, ligando o passado, presente e futuro. O filme ressalta a importância da fantasia e da criatividade, que fica claro quando Bastian salva a história, sem ter medo de que os outros descubram, ao contrário do adulto que oculta suas fantasias, pois, havia entrado em um mundo que necessitava de tal capacidade, lá, ele pôde criar um mundo fantástico, enquanto mantinha uma separação entre o mesmo e a realidade, pois depois de viver lá dentro, ele precisou voltar para casa. Bastian se comporta como o escritor criativo de Freud, escrevendo novas histórias para aqueles personagens. Além disso, eles se tornaram amigos e viveram aventuras juntos, o que é uma característica da fantasia infantil, deixando que seus amigos participem de suas fantasias. O que também era o que ele precisava, pois era excluído dos grupos da escola. Bastian estabelece a relação da criatividade com o fazer, o que ele fantasiou, foi criado para a história. No segundo capítulo do filme, Bastian, estando maior, se afastou do livro e dos amigos de Fantasia, que novamente precisavam de ajuda, pois, o mesmo mal, o Vazio, havia voltado, agora com novos agentes, como Xayde e Nimbley. Bastian ganha o Auryn, colar que lhe concede desejos para lutar contra o mal, além de contar com a ajuda de Atreyu e Falkor. Aqui a história mudou; surgiram novos personagens e aventuras. A prova de que a história é sem fim. No final do episódio, Bastian salva a história com sua criatividade, porém, precisa vencer seus medos para voltar para casa e ao conseguir, ganha uma nova relação com seu pai, que havia pegado o livro e estava lendo as aventuras do filho. Outra característica interessante é que nos filmes os atores também mudam, nunca são os mesmos. Observar as fantasias de Bastian nos dá satisfação, pois, segundo Freud, ao usufruímos de uma obra, libertamos tensões e grande parte desse efeito é devido à possibilidade que o escritor nos oferece de nos deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem autoacusações ou vergonha. Nos levando a novas investigações.

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2.2 A Moça Tecelã O Conto da Moça Tecelã foi escrito por Marina Colasanti, e bordado pelas Irmãs Dummont, lançado em 2004, que narra a história de uma moça, já na idade adulta, que tecia sua própria história através do poder do tear. Tudo que sonhava e imaginava ela tecia; até que alguém descobriu tal poder e obrigou-a a trabalhar como escrava, porém ela percebeu que poderia mudar sua história. O conto faz ligação com os estudos de Freud e com a arte do bordado, a arte do fazer. Ele inicia com a moça acordando ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear; usava linha clara para começar o dia, ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. (COLASANTI, 2004) Depois usava lãs mais vivas, que iam tecendo hora a hora, em longo tapete que não acabava. Se era muito forte o sol e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos de algodão felpudo. Em seguida, trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. (COLASANTI, 2004) Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus fios dourados o sol, para que voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear, a moça passava os seus dias. (COLASANTI, 2004) Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um peixe e eis que estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. (COLASANTI, 2004) Percebemos a teoria de Freud, sobre a criação de um escritor criativo. A moça escrevia sua história tecendo no tear. Ela criava tudo o que precisava, fazia tudo através da criatividade e da fantasia. Aqui a moça criava para ela própria. Mas tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha e pensou em como seria bom ter um marido. Não esperou o dia seguinte; começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos, seu desejo foi aparecendo, com chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado e sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta. (COLASANTI, 2004) 138

Podemos fazer um paralelo com o filme A história sem fim, pois aqui a moça sentiu um vazio e buscou algo através da criatividade para preenchê-lo. Assim como podemos ver também as características dos sonhos que se ligam às fantasias, citadas por Freud. Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu e foi entrando em sua vida. Naquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar a sua felicidade. Foram felizes durante algum tempo, mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu, porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. (COLASANTI, 2004) Nada lhe parecia suficiente e a forçou a tecer um palácio, ordenando que fosse de pedra com arremates em prata. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, pátios e escadas, salas e poços. (COLASANTI, 2004) A neve caía lá fora e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira. Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre, para que ninguém soubesse do tapete. (COLASANTI, 2004) A moça passou a criar não só para ela, mas para outra pessoa, ironicamente, a pessoa que foi fruto de sua própria imaginação. Podemos perceber isto na moda, quando alguém usa sua criatividade para atender seus próprios desejos e também os desejos de terceiros. Vemos também que na moda, o tempo necessário para se trocar coleções vem sendo muito pequeno, a busca pela novidade se torna cada dia mais desesperada e não há tempo para encerrar um ciclo, que já necessitamos abrir outro o quanto antes. O consumo vem ficando cada dia maior e chega um ponto que as pessoas que criam não aguentam suprir a demanda por tantas novidades. Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo. (COLASANTI, 2004) Só esperou anoitecer e levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. Descalça, para não fazer barulho, subiu a escada da torre, sentou-se ao tear, segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu o palácio e todas as maravilhas que continha. Novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. (COLASANTI, 2004) 139

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou e, espantado, olhou em volta. Ela já desfazia os sapatos e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o vazio subiu-lhe pelo corpo. (COLASANTI, 2004) Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte. (COLASANTI, 2004) A moça, em seu ato de destecer, se comporta novamente como escritora criativa, pois, destencendo o marido e os luxos exigidos, apagou o que havia de ruim em sua história. Uma forma de se tornar sua própria heroína, pois derrotou o vilão da solidão mas também do sofrimento. Ela descobriu que não precisava daquele homem para se sentir completa. Aqui, a jovem pôde se livrar de seu sofrimento e recomeçar sua vida. Tal ato pode ser conectado à libertação que a mulher vem buscando nos dias atuais, mostrando que não precisam de um marido ou um homem para serem bem sucedidas e realizadas, são capazes de coisas maravilhosas por si mesmas. O conto é construído de uma forma figurada, porém, é possível estabelecer a relação com a criatividade e a necessidade de sonhar e devanear, pois, tudo que a moça fazia, vinha de tais momentos de fantasia. Podemos observar na moda essa relação além de que não criamos para nós mesmas, mas também para outros grupos e indivíduos, então ter criatividade é essencial para se destacar. O conto foi bordado pelas Irmãs Dummond, o que traz a relação direta com o fazer, pois, no bordado é necessário que se crie coisas atrativas e interessantes, além do fato que se conecta perfeitamente com a história da moça que no tear, criava sua história. Também porque o bordado é sempre presente no mundo da moda.

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3.O BORDADO Neste capítulo abordamos a parte da criação ligada diretamente à execução. No caso da moda, sempre vemos a necessidade de renovação e também a ligação do antigo com o novo, com um elemento clássico e ao mesmo tempo que nunca perde lugar no campo da moda, que são os bordados, área esta, que tem relação direta com os devaneios, pois em momentos de criação, as bordadeiras precisam fantasiar e devanear para que saiam obras que chamem atenção. 3.1 Definição O bordado é a arte de decorar utilizando fio e agulha, podendo ser manual ou na máquina, que são computadorizadas e comandadas por um software. (A HISTÓRIA DO BORDADO, 2016). Com o passar do tempo, as técnicas foram aperfeiçoadas e novas foram surgindo, como por exemplo, hoje temos bordados não apenas com linhas, mas com vários tipos de pedrarias e etc.

Os bordados, além dos fios complementam-se com outros elementos que vão de materiais preciosos como ouro, prata, pérolas, lantejoulas, até os mais rústicos como sementes, conchinhas, palhas, contas de vidro, ou de madeira, etc. o bordado pode ser plano ou em relevo, que por vezes o torna semelhante a uma escultura. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005, p 51)

3.2 História Geral O bordado teve início na pré-história, quando os homens das cavernas faziam o “ponto cruz” para remendar as vestes feitas de pele de animal. (A HISTÓRIA DO BORDADO, 2016) Na civilização antiga, o bordado era uma arte desenvolvida às margens do Eufrates. Em algumas passagens da bíblia a arte de bordado é referência. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005, p 51). Como por exemplo nas vestes dos sacerdotes de Israel: “Estas pois são as vestes que farão: um peitoral e um éfode e um manto e uma túnica bordada, uma mitra e um cinto; farão, pois, santas vestes para Arão, teu irmão, e para seus filhos, para me administrarem o ofício sacerdotal ”. Êxodo 28:4. Existem também, exemplos

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nos monumentos da Grécia antiga, mostrados nas túnicas das esculturas, forradas de bordados. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005, p 51) Segundo Houaiss (1995) citado por Almeida e Queiroz (2015), determinados bordados necessitam de bastidores, que consistem em molduras de madeira. Os tecidos devem ser esticados e acoplados ao bastidor, que podem ser apoiados com os pés no chão ou em uma mesa, o que deixa as mãos das bordadeiras livres. Os Imperadores nipônicos do século VII vestiam roupas de seda bordadas com imagens do Sol, da Lua, das estrelas, montanhas e dragões, design muito semelhante aos trajes dos imperadores chineses. (A HISTÓRIA DO BORDADO, 2016) Na China surgiu o bordado de aplicação ou pedraria, por volta de 5.000 a 6.000 a.C. Os escudos eram confeccionados com pontos e traços decorativos. Na era bizantina os mosaicos que datam de 500 d.C, apresentam bordados em roupas com pedras preciosas, linhas de seda e pérola. (ALBRETCH, 2009 citado por Almeida e Queiroz, 2015). Tempos depois as damas da corte e as rainhas começaram a dedicar-se ao bordado, como exemplo Catarina de Aragão, esposa de Henrique VIII, em 1509. Depois apareceram em armas, brasões e escudos em ouro e prata. (HOUDELIER, 2015)

Na Idade Média, o bordado era utilizado para retratar cenas históricas. A rainha, companheira de Guilherme, o Conquistador, bordava cenas da época em tapeçaria, que permanece no museu Bayeux, na França, do ano de 1066. (GRANDE ENCICLOPÉDIA BARSA, 2005, P 51)

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Entre o fim do século XII e do século XV os bordados italianos serviam de modelo para toda a Europa, que até então era plano ou em relevo, tornou-se recortado e rendado, dando origem às rendas. (HOUDELIER, 2015) Devido a procedimentos de manufatura no ano de 1800, fez com que o vidro permitisse a produção da miçanga em grande escala. Nesta época se iniciou o ornamento em bolsas, com detalhes em pedraria, crochêt, e apliques com diferentes técnicas. Passou a ser produzida em diversas cores e de uso contínuo em 1950, popular entre os estilistas e também em Alta Costura. (ALBRETCH, 2009, citado por Almeida e Queiroz, 2015). Nos anos de 1950 surgiu a máquina de costura que fazia bordados em ziguezague, que aumentou a produtividade e era costume o uso de peças bordadas em branco sobre branco, como lençóis, toalhas de mesa e lenços. (HOUDELIER, 2015) Na década de 1980, surgiram as primeiras máquinas de bordados eletrônicas, comandadas por softwares, usadas na prática industrial e profissional, em grandes escalas, que deu uma alavancada na procura por bordados personalizados. (BORDE E COSTURE, 2013) Uma das técnicas mais utilizadas atualmente, é o bordado de aplicação, por ser relativamente uma das formas mais fáceis de aplicar e dar efeito, também serve para decorar usando matérias de grande dimensão. (SCHWETTER, 1958, citado por Almeida e Queiroz, 2015).

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4.APLICAÇÃO DO TEMA O projeto final será em forma de desenvolvimento de coleção, na qual será produzida uma coleção de seis looks. As referências serão os contos, para criar bordados e outros tipos de aplicações e ornamentos. A ideia central de cada conto também será traduzida nas modelagens, por exemplo, a História sem fim, o conto está sempre mudando, em uma peça de roupa será visto como roupas que mudam, através da modelagem, ela pode ser desmontada e montada, virada e desvirada, assim poderá ser usada de diferentes formas. A moça tecelã, por exemplo serão feitas peças com entrelaçamentos que se conectam com a forma como é feito um tecido no tear. As famílias serão de acordo com as características dos personagens e fases de suas vidas. As estampas e cores serão tiradas de painéis imagéticos e as silhuetas irão ajudar a traduzir a ideia central dos contos auxiliando na modelagem.

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5.CONSIDERAÇÕES FINAIS Tanto no conto da História sem fim quanto a Moça tecelã, os personagens estavam em busca de algo para preencher um vazio. A partir do momento que o homem do conto cresceu e deixou de fantasiar na vida, a terra começou a ser destruída, por isso Bastian foi tão importante, por sua criatividade. A Moça buscou um companheiro para preencher o vazio, mas percebeu que sua imaginação e criatividade que vinham do devaneio lhe eram suficientes. Vemos que o homem busca um preenchimento através da criatividade que vem da fantasia e dos devaneios, por isso são tão importantes na vida de um indivíduo. Assim como a execução, que aqui foi ligada à arte da criação, que são os bordados.

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ABSTRACT The objective of the research appears to explain the studies of Freudâ&#x20AC;&#x2122;s daydreams and creativity showing examples of tales of characters like the movie The Neverending Story and the Weaver Girl, embroidered by Dummond Sisters, where and how through the text Writers Creative methodology and Reveries, Freud applies. As a direct link with the implementation, embroidered tale of the Weaver Girl, which also refers to the creativity that Freud quotes, will be told some of the history of embroidery. The end result will be a collection uniting the two stories presented as examples by modeling, embroidery and other surface decorations.

Key words: Daydream. Neverending story. Weaver Girl. Embroidery. Creativity.

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Colaboradores Shara Souza Diagramação do portfolio Contato: sharassouza@gmail.com

Nilo Fonseca Fotografias e Editorial Contato: nilo_fonseca@yahoo.com.br

Norma Ribeiro Bordado com pérolas Contato: (31) 99727-4695

Nayara Ramira Make/Hair Contato: (31)99445-5912

Isaías Reis Logomarca e Identidade visual Contato: isaiasreis@live.com

Walter Lopes Logomarca Contato:walterlopes3@gmail.com

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Estampas A moรงa tecelรฃ

A Histรณria sem fim

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Editorial

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